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Crítica Literária
Saussure
Formalismo Russo
O formalismo russo teve um curto período de vida na União Soviética, mas causou
um grande impacto e teve muita influência no mundo ocidental, sendo considerado por
muitos precursor do Estruturalismo.
Antes dessa escola existir, a crítica literária russa fazia um papel parecido com o de
propagandistas, os julgamentos dos trabalhos literários partiam principalmente de fatores
ideológicos, julgando conceitos morais e sociais do que propriamente estéticos.
O formalismo buscava formar uma “ciência” através da ênfase nos dados empíricos
ao invés de teorias e grandes sistemas de compreensão, ou seja baseados na experiência e
observação metódica. E para reproduzir isso era necessário livrar a crítica literária de
pensamentos que não pertencem ao terreno dela, como a filosofia, a psicologia ou a
história, por exemplo. O foco devia ser inteiramente na linguística, pois para o estudo da
literatura se tornar uma ciência devia ter o objeto como o centro, pois a poesia não era nem
filosofia, nem psicologia ou moralidade, era a linguagem na sua função estética. Por isso, o
objeto de estudo não é a literatura em si, mas a literalidade que o torna o trabalho verbal em
literário.
A ciência se tornou um ideal contra o misticismo e o didatismo da crítica literária e o
foco na linguística foi inspirado principalmente por Leo Jarubinsky, que foi um formalista que
desenvolveu o princípio do contraste entre linguagem prática e linguagem poética. e esse
contraste surge pois a linguagem prática possuem componentes que não possuem valor e
só servem para meio de comunicação, enquanto a linguagem poética adquire valor
independente do objeto de comunicação. Ou seja, o valor dos sons não está apenas no
conteúdo, mas também na forma que é reproduzido e pronunciado.
Surge dos formalistas o conceito de desfamiliarização que faz com que a arte seja
percebida independente do seu conteúdo. Ou seja o elemento principal da literatura não é
seu conteúdo, o que a constitui é a maneira como ela é escrita e que a diferencia de
qualquer outra narrativa. A forma é o que torna a literatura literária.
Então passaram a estudar os dispositivos literários, técnicas e procedimentos que os
escritores usavam na construção do enredo. Os formalistas russos acreditavam que a
evolução literária podia ser entendida a partir do processo de automatização dos princípios
de construção artística. O uso repetido dos mesmos princípios de construção levava a essa
automatização e perda de efetividade, fazendo os escritores criarem novas ou aplicarem
esquecidas formas de construção de enredo.
E apesar das críticas ao formalismo russo, é possível notar a influência deles em
suas obras, principalmente quando ele faz uso da estrutura binária de estória/enredo. Para
os formalistas, o enredo maximiza os efeitos da história na obra literária. Enquanto o White
defende que a estória é um “elemento primitivo” que representa a disposição dos eventos
em uma hierarquia que expõe sua relação causal que vai ser transformada em uma
narrativa histórica, correspondendo ao enredo na concepção formalista. O enredo na
narrativa histórica tem como objetivo explicar a escolha, disposição e a relação dos eventos,
dando sentido a eles.
E como White nota, é que ao contrário dos textos literários, as obras históricas são
feitas de acontecimentos que existem fora da imaginação do escritor, na narrativa histórica a
crônica a ser contada preexiste, pois é selecionada de eventos existentes e que serão
propriamente narrados.