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Na obra de Hayden, o autor destaca que as duas correntes centrais para o

desenvolvimento de suas idéias são: A crítica literária do século XX e a filosofia analítica da


história e o grande destaque disso é a forma que o autor conseguiu estruturar esses dois
pensamentos. Corrigindo o que achou de falhas na filosofia analitica da história com a critica
literária e isto fez ele receber elogios e críticas e historiadores de várias áreas.

Crítica Literária

No primeiro capítulo o autor debate os desenvolvimentos da crítica literária no século XX,


área essa que como foi dito, foi de extrema importância para a teoria de Hayden White. A
história literária surge no século XIX, vinda do pensamento romântico e positivista, fundada
nos ideais de causalidade e progresso. E os primeiros movimentos que foram contra esse
ideal foram o formalismo russo que falarei mais a frente e a nova crítica.

O desenvolvimento dessas teses no início do século passado resultou no Estruturalismo,


que a partir ali dos anos 60, constituiu numa nova forma de crítica literária que não parou só
aí, como também atingiu todas as ciências humanas através do papel da linguagem nas
atividades humanas. Demonstrava que os fatos, objetos das ciências humanas, são
principalmente construções linguísticas e não meros dados “reais” esperando para serem
descritos e tirou a fronteira entre “ciência” e literatura. E isso expandiu para diversos
fenômenos culturais que pudessem ser revestidos por “literalidade”. Essa atitude o autor cita
como algo que tinha um viés político e ideológico da tradição literária e dá o exemplo a
representação realista da realidade.

Saussure

Ferdinand Saussure foi talvez a maior influência nas mudanças que


ocorreram na crítica literária no século XX. Suas teorias foram usadas tanto pelo
formalismo russo e pela Escola de Praga, até ser absorvidas pelo Estruturalismo.
O desenvolvimento de sua tese de linguística estrutural foi um dos eventos
mais importantes do pensamento científico no século passado e o autor ainda fala
que uma grande parte dos avanços que tiveram as ciências humanas e que
influenciaram a obra de Hayden White é devido a este conceito criado por Saussure.
O principal conceito que Saussure defendia era a análise sincrônica em que a
linguagem era uma estrutura e não algo naturalmente ligado entre as palavras e os
objetos que elas representavam. Em 1916 Saussure estabeleceu a oposição entre
Langue e Parole, sendo a Langue nada mais que um acordo implícito entre
membros de uma mesma comunidade e que deve ser absorvido para que um
membro possa se comunicar dentro dela e a Parole é a manifestação individual da
langue.
O que ele pretendia com essa ciência linguística era um foco no estudo sobre
a langue (língua), porque essa está fora do indivíduo e isso faz com que ela não
possa nem ser criada e nem modificada por ele, formando um sistema global de
regularidades, como um livro de regras que se segue implicitamente. Ou seja, a
língua deveria ser estudada sem se preocupar com a sua ligação com outros
objetos.
Sendo assim, a linguagem deveria ser estudada em si, passando a ser uma
ciência específica que não tivesse interferência de outras áreas, como a história e a
filosofia. Pois somente através das relações internas entre as coisas que a compõem
é que pode desvendar a estrutura da linguagem.

Formalismo Russo
O formalismo russo teve um curto período de vida na União Soviética, mas causou
um grande impacto e teve muita influência no mundo ocidental, sendo considerado por
muitos precursor do Estruturalismo.
Antes dessa escola existir, a crítica literária russa fazia um papel parecido com o de
propagandistas, os julgamentos dos trabalhos literários partiam principalmente de fatores
ideológicos, julgando conceitos morais e sociais do que propriamente estéticos.
O formalismo buscava formar uma “ciência” através da ênfase nos dados empíricos
ao invés de teorias e grandes sistemas de compreensão, ou seja baseados na experiência e
observação metódica. E para reproduzir isso era necessário livrar a crítica literária de
pensamentos que não pertencem ao terreno dela, como a filosofia, a psicologia ou a
história, por exemplo. O foco devia ser inteiramente na linguística, pois para o estudo da
literatura se tornar uma ciência devia ter o objeto como o centro, pois a poesia não era nem
filosofia, nem psicologia ou moralidade, era a linguagem na sua função estética. Por isso, o
objeto de estudo não é a literatura em si, mas a literalidade que o torna o trabalho verbal em
literário.
A ciência se tornou um ideal contra o misticismo e o didatismo da crítica literária e o
foco na linguística foi inspirado principalmente por Leo Jarubinsky, que foi um formalista que
desenvolveu o princípio do contraste entre linguagem prática e linguagem poética. e esse
contraste surge pois a linguagem prática possuem componentes que não possuem valor e
só servem para meio de comunicação, enquanto a linguagem poética adquire valor
independente do objeto de comunicação. Ou seja, o valor dos sons não está apenas no
conteúdo, mas também na forma que é reproduzido e pronunciado.
Surge dos formalistas o conceito de desfamiliarização que faz com que a arte seja
percebida independente do seu conteúdo. Ou seja o elemento principal da literatura não é
seu conteúdo, o que a constitui é a maneira como ela é escrita e que a diferencia de
qualquer outra narrativa. A forma é o que torna a literatura literária.
Então passaram a estudar os dispositivos literários, técnicas e procedimentos que os
escritores usavam na construção do enredo. Os formalistas russos acreditavam que a
evolução literária podia ser entendida a partir do processo de automatização dos princípios
de construção artística. O uso repetido dos mesmos princípios de construção levava a essa
automatização e perda de efetividade, fazendo os escritores criarem novas ou aplicarem
esquecidas formas de construção de enredo.
E apesar das críticas ao formalismo russo, é possível notar a influência deles em
suas obras, principalmente quando ele faz uso da estrutura binária de estória/enredo. Para
os formalistas, o enredo maximiza os efeitos da história na obra literária. Enquanto o White
defende que a estória é um “elemento primitivo” que representa a disposição dos eventos
em uma hierarquia que expõe sua relação causal que vai ser transformada em uma
narrativa histórica, correspondendo ao enredo na concepção formalista. O enredo na
narrativa histórica tem como objetivo explicar a escolha, disposição e a relação dos eventos,
dando sentido a eles.
E como White nota, é que ao contrário dos textos literários, as obras históricas são
feitas de acontecimentos que existem fora da imaginação do escritor, na narrativa histórica a
crônica a ser contada preexiste, pois é selecionada de eventos existentes e que serão
propriamente narrados.

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