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Revista Ciência Contemporânea

jun./dez. 2017, v.2, n.1, p. 1 - 17


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SUBJETIVIDADES CLANDESTINAS: A ESCRITA CLARICEANA


COMO POSSIBILIDADE DE LIBERDADE

Danila Faria Berto1

RESUMO
Na experimentação na forma de se conceber os textos literários, levando em consideração a relação
dialógica existente entre sociedade e literatura é que se propõe, sob a perspectiva teórico-metodológica
de Michel Foucault, uma leitura dos escritos de Clarice Lispector de forma a esquadrinhar em suas
palavras a possibilidade da escrita ser mais do que uma técnica de governamento, mas uma prática de
composição de subjetividades, onde o elemento social de sua literatura é o próprio ato de escrever. É no
espaço da autora de criação literária que a hipótese desse artigo se encontra, buscando enxergar a sua
escrita, considerada pela crítica como simples literatura feminina, como processo de subjetivação e de
prática de si que autorize que esse indivíduo encontre seu espaço de liberdade/resistência para além
desses poderes disciplinares e biopolíticos de nossa sociedade atual.

PALAVRAS-CHAVE: Escrita. Subjetividades. Literatura. Foucault. Clarice Lispector.

ABSTRACT
Experimentation in the form of conceiving literary texts, taking into account the existing dialogical
relationship between society and literature is that it is proposed, under the theoretical and
methodological perspective of Michel Foucault, a reading of the writings of Clarice Lispector in order
to scan in their words to writing chance to be more than a governamento technique, but a practice of
subjectivities composition, where the social element of its literature is the very act of writing. It is in the
space of literary creation author that the hypothesis of this article is, trying to see his writing, considered
by critics as simple women's literature as subjective process and practice you to authorize this individual
find their space of freedom / resistance beyond those disciplinary and biopolitical powers of our society.

KEYWORDS: writing, subjectivities, literature, Foucault, Clarice Lispector.

Introdução

Este artigo parte do princípio de que a escrita, como parte de uma discursividade, é
compreendida como um procedimento também capturado pelas malhas do poder. Pensando o
conceito de poder sob uma perspectiva foucaultiana, a escrita se prescreve, determina e disciplina,
ou seja, pode ser vista como prática de objetivação dos indivíduos ao se transfigurar em relatórios
e receitas, compreendido como um tipo de saber moderno.

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Danila Faria Berto - Doutoranda em Ciências Sociais – Universidade Estadual Paulista/ Unesp/
Campus de Marília. danilafberto@gmail.com
A partir de Foucault (2004) é possível perceber que a construção do discurso, inclusive o
literário, está imbuída das amarras, quase sempre invisíveis, do poder. Segundo Machado (2000) a
literatura não se mantém fora das engrenagens institucionais, de seus discursos e poderes.
Sendo assim, levantam-se alguns questionamentos necessários: pode-se afirmar que a
escrita, além de disciplinada e normalizada, pode vir a ser um investimento, mais do que
somente biopolítico? Pode-se pensá-la como fruto de relações vividas pelo indivíduo que
possibilitam a formação de uma vivência significativa e uma compreensão da realidade que o
cerca? E mais: como pensar a escrita como uma prática de si que se incide sobre o corpo e sobre
ele confessa, fala, narra?
Ao considerar esses pressupostos, adotamos a escrita de Clarice Lispector com a proposta
de enxergar sua escrita como uma prática de liberdade. Sua escritura escapa todo o tempo dos
ditames da crítica da época que procurava qualificá-la como literatura feminina e, por isso mesmo,
inferior. A autora nos possibilita a leitura de uma escrita livre, decomposta, que recria suas próprias
condições de existência.

A literatura em seu contexto social

O relacionamento entre sociedade e literatura nem sempre se deu de forma tranquila.


Nesse diálogo perdurou-se por muito tempo a ideia, por vezes reducionista, de que a literatura
seria mero reflexo do que se passa no âmbito social que a circunda, como ilustração de uma
realidade. Essa perspectiva analítica pensava a literatura e seus autores a partir de seu contexto
histórico-social (OSBORNE, 1986). Sílvio Romero (1888) já indicava que o estudo da literatura
passaria por seus fatores externos e a personalidade do autor, vinculando a história literária a
uma teoria da sociedade e da cultura.
Não haveria problemas nisso, uma vez que é impossível desvincular as vivências do
autor e o campo social que demarca seus escritos e atravessa suas obras, se não fosse a questão
apontada por Candido (1981) em perceber que esse método reduzia a literatura a simples
documento de um tempo vivido. Essa característica, no domínio da teoria literária, acabou por
tornar-se padrão estético formal, ou seja, as obras eram avaliadas a partir do grau de fidelidade
com a realidade que as mesmas apresentavam.
Se no campo da teoria da literatura isso acontecia, a partir da segunda metade do século
XIX, as contribuições para a compreensão da sociedade pela literatura são consideráveis. A
sociedade interessa-se pela literatura quando enxerga nessa uma possibilidade de compreensão

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do seu próprio movimento (CANDIDO, 1967). Isso não significa afirmar que autores não
possuam liberdade de ação criadora, mas que esse talento transita entre o campo de criação
literária e o campo social, centrais para se compreender as manifestações dos sujeitos.
A escrita literária passa, então, a ser vista como uma apreensão de diversos aspectos
sociais da realidade, seja através da relação autor-público, seja através da veiculação da obra
no meio social, seja por meio da identificação com os personagens ou mesmo da forma narrativa
com que isso é feito. A leitura desses estudos sociológicos no campo da literatura foi a mais
utilizada em análises da relação entre a obra e seu meio social, desde a segunda metade do
século XIX (CANDIDO, 1967). A grande crítica a esse método, denominado de sociologismo
crítico, foi reduzir as possibilidades de análises de obras onde as referências ao fantástico eram
constantes ou, dito de outro modo, não seria suficiente a uma crítica literária relacionar a obra
com sua realidade exterior, sem correr o risco de simplificação causal.
Frente a essas questões foi possível pensar em uma nova forma de a sociedade
compreender a literatura a partir de uma análise que levava em consideração as visões de mundo
transformadas em textos literários, investigando aí tanto as condições de produção quanto a
situação sócio-histórica de seu autor (FACINA, 2004). Dessa forma, as visões de mundo estão
vinculadas em uma criação literária, que não podem ser compreendidas somente como fruto de
um sujeito isolado (o autor) e nem mesmo como mero reflexo de seu contexto social.
Assim, é preciso levar em consideração a relação entre a visão de mundo do grupo social
a qual o autor literário pertence e a estrutura histórica do texto em questão, veiculando-os a
unidades coletivas (GOLDMANN, 1989).
Há também que se realizar uma análise mais complexa do objeto literário, que se baseia
não só na observação das práticas sociais do período, mas também no intuito do autor e dos
diferentes agentes culturais envolvidos na produção do texto literário, de modo a perceber as
interações e influências entre escrita, autor e público, ou seja, entre obra de arte e meio social
há relações dialéticas e recíprocas (CANDIDO, 1967; NORITOMI, 1995).
Assim, ao se pensar a relação recíproca entre o autor e as experiências do grupo social
como constituição do conteúdo de obra literária, pode-se problematizar a forma como as
mulheres são vistas, sejam como autoras, sejam como personagens. É preciso reconhecer que
uma produção literária voltada para esse “público feminino” reforça o arquétipo de que as
mulheres são “sensíveis” ou “sentimentais por natureza”, submetendo-as ao ditame de uma
definição classificatória que, quase sempre, as inferioriza.

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Nessa relação dialógica entre literatura e sociedade o conteúdo estético e o social são
elementos que se complementam e nessa mediação o autor realiza, no campo literário, sua
concepção de mundo, como no caso de autores que se utilizaram do fluxo de consciência e dos
experimentalismos lingüísticos, vide aqui nosso interesse por Clarice Lispector, como forma de
novas vivências entre arte literária e a temporalidade da sociedade moderna.
Como veremos a seguir, a escrita clariceana subverte a literatura ao colocar sob novas
perspectivas a mulher como personagem principal de seus enredos.

O lugar de Clarice Lispector na literatura

Realizamos aqui um recorte histórico necessário, ao nos interessarmos por um período


da produção literária brasileira, qual seja, o modernismo, mais especificamente em sua terceira
fase (1945-1960), movimento esse que possibilitou uma profunda transformação na forma de
se conceber e promover literatura no Brasil. Seus idealizadores caracterizavam-se por
defenderem a liberdade de criação e experimentação, bem como combatiam as formas
convencionais da escrita acadêmica, seus lirismos e suas distinções de gênero, recorrendo à
poesia, ao primitivismo brasileiro e ao regionalismo, de modo a resultar numa produção literária
mais viva e criadora.
Clarice Lispector faz parte dessa terceira fase modernista e surge, com seu livro de
estréia, Perto do coração selvagem (1943), com uma escrita que dá expressividade aos fatos
corriqueiros e cotidianos. A força das palavras torna os detalhes peça central de seus escritos,
com uma sondagem intimista e introspectiva (CANDIDO, 1999).
Para a crítica da época (Cândido, 1970; Milliet, 1945; Lins, 1979) a autora foi recebida
como boa surpresa pelo seu estilo corajoso que rompia com a rotina literária da época, porém
nem mesmo a boa recepção de seu primeiro livro fez com que esse estigma de seus escritos não
fossem atrelados ao universo puramente feminino, como se fosse necessário a autenticação e a
aprovação masculina sobre a escritura feminina ou como se, frente a essa tradição masculina
que predominava no cenário literário da época, a escrita de uma autora feminina não tivesse
tanta importância.
Muitos foram os críticos (Nunes, 1973; Sá, 2000; Waldman, 1992) que já discorreram
a respeito da autora frente ao fato de como a literatura ganhou novas dimensões a partir de seus
escritos, como uma voz feminina, exercendo fundamental posição no desenvolvimento da
literatura moderna. Para além de seu papel de escritora, mãe e esposa de diplomata, papel esse
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de subordinação da mulher na sociedade da época, a autora encontra um jeito próprio de fazer
literatura a partir de uma voz muito particular, voz essa intuitiva e pessoal, onde seu elemento
social é o próprio ato da escrita.
Ainda em textos onde deixa mais explícito seu posicionamento social tão cobrado pela
crítica, seja em seus escritos jornalísticos (1967-1973) compilados em livros como A descoberta
do mundo (1984), seja em seu último livro publicado em vida A hora da estrela (1977) onde
tem como personagem central uma nordestina/sertaneja, órfã e retirante, a autora não abdica de
sua postura estético-literária e é a partir da escrita poética e cotidiana que insere-se no contexto
social de seu tempo e usa a linguagem literária como prática social, apresentando seu
posicionamento frente a uma sociedade controlada e padronizada.

Para pensar a literatura clariceana

Michel Foucault dedicou grande parte de sua vida em estudar as formas como os
indivíduos se transformaram em sujeitos (FOUCAULT, 1984). Através de uma analítica das
relações humanas ele identificou um poder que escapava dos braços da política e do Estado e
percebeu que esse poder é muito mais microfísico. Fez da genealogia seu método de estudo e
buscou na História, quase sempre também fugidia da história contada por grandes personagens,
as técnicas e procedimentos utilizados por esse poder. Caracterizou a sociedade moderna como
disciplinar pelos efeitos causados por um poder que disciplina e normaliza os corpos dos
indivíduos. Porém, Foucault positiva esse poder ao perceber, para além dos corpos objetivados,
ou como um novo lado desses, que há um saber que se produz a respeito desses mesmos
indivíduos e assim, poder e saber produz-se juntos.
A partir de seus estudos sobre a história da loucura (1961) e dos sistemas prisionais
(1977), enxergou esse poder que se compunha em redes, forte o bastante para esquadrinharem
a vida dos indivíduos, poderoso o suficiente para conduzir e normalizar comportamentos,
mesmo sendo um poder que, não necessariamente precisava ser visto, mas sentido, a partir de
suas técnicas de exame e vigilância.
Mas Foucault foi além ao perceber que os olhares vigilantes do poder disciplinar
também se expandiam e complementavam-se. O autor identificou um novo tipo de poder que,
mais do que agir sobre os corpos, enxergava os indivíduos a partir de um novo olhar: eles
compunham uma população. E, dessa forma, novas tecnologias e procedimentos passavam a

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incidir sobre a vida dos indivíduos, regulamentando-os. Assim, Foucault se preocupou em
apresentar quais as características que compunha o que ele denomina de biopoder2.
Hoje, nada mais atual do que uma sociedade esquadrinhada e biopolítica, um lugar onde
tanto os corpos quanto a vida das pessoas são perpassadas por diversas tecnologias cotidianas
e rotineiras com o intuito de normalizar e, ainda mais, produzir saberes. E essa biopolítica
também demarca uma identidade feminina que quase sempre não corresponde com a identidade
real das mulheres, mas as condiciona a comportamentos esperados por elas.
A análise crítica de Foucault não se detém prioritariamente sobre as questões relativas
ao feminino, porém, possibilitam um olhar sobre esse a partir das táticas sociais que fazem do
sujeito-mulher um exercício de poder. Os discursos atuais respaldam processos e relações de
disciplinamento que levam a condição feminina à subordinação e assujeitamento, produzindo,
a partir das diversas tecnologias do poder, uma padronização do que é ser mulher na sociedade,
constituindo corpos ordenados submetidos aos ditames sociais.
Em contrapartida, a noção de um poder disseminado que constitui as relações sociais e
suas identidades abre uma perspectiva de análise dessas representatividades femininas que se
subordinam para um novo olhar que leve em consideração suas resistências (Deveaux, 1994).
Foucault também se dedicou a encontrar os caminhos e possibilidades de uma
resistência a esses poderes, espaços de liberdade de modo que os indivíduos também se
constituíssem em sujeitos. Foi nos gregos que buscou práticas e procedimentos que
produzissem subjetividades, a partir de uma genealogia dos modos de subjetivação.3

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Mesmo reconhecendo que o pensamento de Michel Foucault, radicalmente preocupado com as rupturas históricas
e epistêmicas dos discursos, nunca poderia se apresentar de modo linear, ainda assim utilizaremos aqui de uma
divisão que costuma ser realizada em sua obra, para facilitar a compreensão desse texto para os iniciantes, qual
sejam, as fases, ou mais comumente, os três domínios a que sua obra se divide: "ser-saber", "ser-poder" e "ser-
consigo". A primeira, em que ele chamava seus estudos históricos de arqueologia, é situada em geral nos anos 60:
as principais obras desse período incluem História da loucura na Idade Clássica (1961), O nascimento da clínica
(1963), As palavras e as coisas (1966) e A arqueologia do saber (1969), onde o autor procura realizar uma
arqueologia dos sistemas de procedimentos que objetivam produzir e fazer circular os enunciados, formulando
regras de produção dessas práticas discursivas. A fase genealógica — onde Foucault realiza seus estudos sobre o
poder — situou-se nos anos 70 e abrange suas obras mais conhecidas: Vigiar e punir (1975) e História da
sexualidade, volume 1 (1976). Aqui a proposta é avançar na análise sobre o poder disciplinar, que se exerce e
produz capilarmente, pensando sua relação com os saberes produzidos a partir desses. Assim, disciplinar pessoas
é por sua vez transformá-las em determinados tipos de sujeitos, no sentido de levá-los a agir em concordância com
normas e cânones disciplinares. Com isso ele abre um novo debate, com Segurança, território e população (1978),
onde nos provoca com outra modalidade de poder, o biopoder, que tem na população seu maior interesse. Somos,
assim, colocados na condição de seres viventes, onde a biopolítica é um dispositivo de governo.

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O terceiro domínio que interessa a Foucault diz respeito ao ser-consigo, ou uma fase ética que se deu nos anos
80, onde produziu os dois últimos volumes de História da sexualidade: O uso dos prazeres e O cuidado de si
(1984). Tal domínio trata da relação de cada um consigo próprio e de como se constitui e emerge nossas
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O autor analisa os modos de subjetivação como processo de construção de si mesmo ou
um exercício de si sobre si. É numa estética da existência que as práticas são refletidas e
voluntárias, onde os indivíduos se fixam regras de conduta e transformam-se, fazendo de sua
vida uma obra portadora de valores estéticos (FOUCAULT, 1984; FOUCAULT, 1985).
(...) um conjunto de práticas que, certamente, tiveram uma importância considerável
em nossas sociedades: é o que se poderia chamar ‘artes de existência’. Deve-se
entender, com isso, práticas refletidas e voluntárias através das quais os homens não
somente se fixam regras de conduta, como também procuram se transformar,
modificar-se em seu ser singular e fazer de sua vida uma obra que seja portadora de
certos valores estéticos e responda a certos critérios de estilo. (FOUCAULT, 1984, p.
15)
Em nossa sociedade é preciso uma separação de nós mesmos dessas forças que
subordinam a existência humana à sua vida biológica. Isso só é possível quando nos permitimos
“uma estética existencial que resiste a uma ciência da vida que pretende limitar o espaço para
o pensamento e o agir”. (PONTIM, 2007, p. 68)
Essa estética é compreendida como a produção de nossa subjetividade que vai além das
práticas coercitivas e biopolíticas e dá visibilidade àquelas práticas de formação do sujeito, um
modo de relação que o sujeito mantém consigo mesmo e como esse se constitui em sujeito de
suas próprias ações. (FOUCAULT, 1984; FOUCAULT, 1985; FOUCAULT, 1997;
FOUCAULT, 1987).
Assim, é a possibilidade de percebermos que o sujeito, apesar de constituído e
modificado pelos eixos do poder e do saber, tem condições de questionar seus limites, que são
incertos, percebendo o que há de arbitrário naquilo que nos tem sido ensinado como necessário,
universal e obrigatório. E é a partir da percepção e enfraquecimento dessas tênues fronteiras, e
do que se é possível transpor e transformar, que a liberdade tem condições de existir.
Esse sujeito é constituído pelas experiências que cada um desenvolve consigo mesmo,
como técnicas de constituição de si, um trabalho sobre si mesmo como lugar de uma
experiência, um invento, um ensaio, tentados pelos próprios sujeitos que, tomando a si mesmos
como prova, inventarão seus próprios caminhos.
Essa constituição do sujeito perpassa todas as suas vivências: os sonhos, a alimentação,
a reflexão, o cuidados com o corpo (sono, exercícios físicos, comida, bebida, excreção, relações
sexuais, etc.), a interpretação dos sonhos, a meditação e inclusive, a escrita. A escrita, e no caso

subjetividades. Ou seja, trata da ética entendendo-a como a "relação de si para consigo", onde é necessário uma
análise dos modos de subjetivação que nos transformam em sujeitos. Àqueles que tiverem interesse em realizar
uma primeira leitura foucaultiana a partir desses domínios, sugere-se a leitura do livro de Alfredo Veiga-Neto
(Foucault e a educação (Belo Horizonte: Autêntica, 2003), que realiza esses apontamentos e faz uma relação
desses domínios relacionando-os aos estudos educacionais.
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a escrita literária, também pode ser compreendida como uma forma de prática de si quando
torna-se parte de um exercício de compreensão de si e do mundo que o cerca.
Para Foucault quando a literatura foge às regras da linguagem comum e à literatura
cotidiana, ela passa a ser considerada transgressora (FOUCAULT, 1999; MACHADO, 2000),
subvertendo a escrita em si e essa função transgressiva da literatura tem se perdido na nossa
sociedade.

É como se fazer literatura fosse enlouquecer a escrita, subverter, desmoronar, romper,


transgredir, contestar os limites impostos pela própria linguagem. A literatura não
constitui uma tradição, não leva em conta uma tradição literária anterior ao ato da
escrita, ela tem seu início no próprio escrever, entendido aqui como uma recusa ao já-
dito. Não há nada anterior ao seu ato, por isso a chave para a decifração de seus
enunciados está neles próprios. (ALMEIDA, 2008).

A linguagem transgressiva da literatura recusa a possibilidade de tradição literária e se


recusa em ser a mesma. Assim, é no próprio ato de escrita que se encontra sua liberdade, uma
escrita ativa. A palavra deixa de designar as coisas do mundo, para ter outra função, como
fundação de outro mundo.
Se pensarmos que a literatura perpassa o movimento de interação entre o conteúdo
estético e o social, é na própria escrita, mais do que em seus personagens, conflitos e enredos,
que encontramos em Clarice Lispector seu espaço de criação e reinvenção literária como parte
de um processo de subjetivação que perpassa a escrita.
A partir da constituição de si e de seus personagens, personagens femininas em suas
buscas, confrontos e liberdades consigo mesmo frente a um mundo majoritariamente
masculino, a autora inventa novos modos de existência e contrapõe-se à produção de uma
subjetividade pautada na submissão aos códigos normativos, escapando das formas biopolíticas
de produção do indivíduo, se colocando como mulher e como autora.
Segundo Foucault, na composição do sujeito há um lugar de fala onde se circunscreve
uma prática discursiva. Sendo assim, a prática discursiva produzida pela literatura, com todas
as suas reinvindicações, também se insere nesse movimento de produção de uma subjetividade.
A escrita clariceana aponta para essa análise, e mais do que isso, para a possibilidade de
transformação do papel feminino, e de si mesma como escritora e mulher, na atualidade.

A escrita clariciana como lugar da experiência

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Como interpretar a escrita e suas modificações, uma vez que ela não é objeto estático e
é passível de modificar-se a todo o tempo? Uma escrita que é histórica, ou seja, mutável e
diversa de acordo com o tempo e espaço, e compreendida por sua construção histórica e social.
Como conceber o processo de escrita como componente articulador de análise na relação entre
sociedade e literatura, ao pensá-la tanto como elemento estético quanto social?
Retomando a discussão anterior, é possível perceber algumas técnicas de si encontradas
em nossa sociedade contemporânea que possibilitam que os indivíduos se constituam enquanto
sujeitos, tendo particular interesse ao processo de escrita, de modo a nos inventarmos enquanto
sujeitos. É nesse ponto que se compreende a escritura de Clarice Lispector que em seus textos,
cria sua própria linguagem e reinventa seu processo de escrita, pois, “a autonomia do sujeito na
modernidade é a capacidade de inventar-se a todo o momento.” (PONTIM, 2007, p. 67).
Desde seu aparecimento na literatura brasileira a partir da publicação de Perto do
coração selvagem (1944), a fortuna crítica de Clarice Lispector não é homogênea. As malhas
que compõe suas críticas não chegam a um consenso de como seria possível classificar sua
literatura ou sua prática escrita. São vários os estudos a respeito de seu estilo de escrita bem
como a tentativa de inseri-la em um ou outro movimento literário.
As primeiras críticas sobre a autora se remetem à década de 40 e 50 e marcam a recepção
de Clarice na literatura. Como já foi dito anteriormente, Cândido (1970) confessa que a escrita
clariceana buscava levar a literatura a outros domínios, classificando-a como romancista de
aproximação4. Lins (1963) cobra-lhe a estrutura romanesca moderna própria da literatura da
época, criticando seu excesso de verbalismo ou mesmo Millet (1945) que assim define sua obra
como “literatura para mocinha” por seu excesso sentimental e dessa forma, a grande crítica
incompreendia o estilo da escritura de Clarice.
Durante as décadas de 60 e 70 têm-se estudos mais sistematizados sobre a autora que
circunscrevem seus escritos numa leitura mais filosófica-existencialista e tem nomes como de
Nunes (1973), Sá (2000), entre outros, que enxergavam em sua literatura um diálogo singular
com a tradição literária, bem como as diversas influências filosóficas em seus trabalhos.
A partir da década de 80 sua escrita será descoberta pelo olhar do feminino e do
feminismo, além de ganhar espaço internacionalmente, principalmente com Cixous (1999),
Lucia Helena (1997), e mesmo como uma literatura autobiográfica, onde vida e ficção se
misturam, como nos mostra Nolasco (2004).

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O romance de aproximação se caracterizaria, segundo Cândido (1977) por uma aproximação maior entre autor e
o que se é descrito, onde autor e personagens se misturam, estabelecendo relações entre vida e obra.
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Seu estilo foi descrito de tantas formas, e nenhuma delas definem por completo sua
escritura. Sua escrita já foi classificada com uma estética fragmentária, como escrita híbrida,
uma escrita que cria mundos, de tendências e personagens desestruturantes, que não tem medo
da desarticulação, escrita de um desvelamento do sujeito, entre tantas outras classificações que
já recebeu. A autora mesma resume tudo isso:
Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo não deixando, gênero nenhum
me pega. Estou num estado muito novo e verdadeiro, curioso de si mesmo, tão atraente
e pessoal a ponto de não poder pintá-lo ou escrevê-lo. (LISPECTOR, 19980g, p. 13).

Mas como pensar a escrita clariceana como possibilidade de liberdade? A partir do


referencial teórico foucaultiano utilizado nesse artigo, concebe-se inicialmente a escrita em sua
possibilidade de ser vista como uma técnica disciplinar e biopolítica que vigia, domestica e
normaliza, de modo que é por meio de sucessivos investimentos de poder que o corpo
populacional é trabalhado desde suas mais banais ações, controlado intensamente para ser
esquadrinhado e governamentalizado.
Mas é possível pensar numa escrita que escape às disciplinas biopolíticas. Ainda que a
escrita possa ser vista como algo que se deixa submeter, que se deixa atravessar por relações de
força, é preciso também compreender que esta é uma escrita que resiste e que comunica, como
um elemento ativo. Assim, além de ser uma escrita dócil, é também hábil, rentável porque
constrói e realiza. E de que maneira a incidência do poder sobre a escrita vai produzir modos
de subjetivação? É a partir de uma técnica sobre o sujeito, de uma prática de si que o envolve
de forma a se constituir face a si próprio, ou seja, numa relação de si para consigo.
(FOUCAULT, 1984; FOUCAULT, 1985; FOUCAULT, 1987)
A reinvenção da escrita por Clarice Lispector rompe com as tradições da escrita, tanto
referentes ao estilo quanto mesmo a estrutura coerente dos textos, seja dando treze títulos a eles,
como faz em “A hora da estrela” (1977), seja iniciando seu livro com uma vírgula, num
suspense do que já foi dito, como em “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres” (1998a), ou
mesmo principiando um conto com um pronome relativo que, necessariamente, precisa de um
antecessor, como faz em “A via crucis do corpo” (1974). Ela não se preocupa em adotar o
padrão da gramática normativa, ou seja, não há uma narrativa presa às categorias literárias
tradicionais, pois tem com seus textos outra relação, de existência que se faz na e pela escrita
como construção de novas experiências.
Como diz Gotlib (1988)
Sua literatura manifesta-se, pois, como um exercício de liberdade, projeto de
restauração de energias abafadas por um complô mantido por diversos agentes
repressores, prova de resistência contra o instituído, só possível, naturalmente, por
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uma nova linguagem, que subverta também as ordens de seu próprio sistema de
representação. (p. 162)

Em A descoberta do mundo (1984, p. 97) Clarice diz: “há o desejo intenso de me


confessar em público e não a um padre” e assim pode-se perceber a compreensão que a autora
tem do papel da escrita na produção de sua subjetividade, não no sentido da formação de uma
subjetividade heterônima, produzida por um poder pastoral como nos alerta Foucault (1984),
como um dobrar-se sobre o eu objetivado como um indivíduo culpado e pecador, mas
concebendo a escrita como possibilidade e via da produção de uma subjetividade autônoma. É
pela escrita que Clarice se compõe, ela assume o seu papel de confessionário, como um
exercício pessoal, um cuidado de si.
Foucault em “A escrita de si” (1992) utiliza-se do termo hupomnêmata para caracterizar
os registros escritos feitos com o intuito de levar a um conhecimento maior daquele que escreve
sobre si mesmo, como o estabelecimento de uma relação consigo mesmo. Para o autor
Eles não constituem uma "narrativa de si mesmo"; não têm como objetivo esclarecer
os arcana conscientiae, cuja confissão - oral ou escrita - tem valor de purificação. O
movimento que eles procuram realizar é o inverso daquele: trata-se não de buscar o
indizível, não de revelar o oculto, não de dizer o não-dito, mas de captar, pelo
contrário, o já dito; reunir o que se póde ouvir ou ler, e isso com uma finalidade que
nada mais é que a constituição de si. (p. 149)

A partir da compreensão desse conceito procurou-se ler os escritos de Clarice Lispector,


que fogem intencionalmente dos cânones literários, compreendendo-a como uma escrita onde
a autora se desvela frente ao seu leitor, tese também defendida por Nolasco, que vê “(...) a
escrita (des)arquivista de Clarice aproxima-se, mesmo que pelo avesso, dos hypomnematas
estudados por Foucault em ‘A escrita de si’”. (NOLASCO, 2004, p. 194).
Talvez se possa utilizar como um grande exemplo de uma escrita clariceana
hupomnêmata o livro A paixão segundo G.H (2009) ou mesmo Água viva (1998b), publicado
alguns anos mais tarde. Ainda que apresentem diferenças claras (o que não vem ao caso atentar-
se sobre isso nesse momento), ambos os livros apontam para personagens que escrevem a um
outro, idealizado ou não, e se confessam.
Nesses livros, utilizando-se somente estes como exemplo, tanto G.H. quanto a
personagem-narradora não identificada de Água viva compreendem que escrita e leitura são
processos indissociáveis e por isso, escrevem para um tu indefinido, como um leitor
confessionário.

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A escritura, nesses dois casos, é fragmentária e escapa de uma trajetória linear, são
pedaços de pensamentos que perpassam as personagens que, durante esse processo de escrita e
mesmo por conta dele, procuram ser encontrar.
Tanto num livro quanto no outro o ato de escrever é analisado como atitude
transgressora, como alguma outra coisa que não literatura, pelo menos não essa que se constrói
fixada por uma escola ou tradição, como resistência a uma institucionalização do literário. E a
autora põe a nu essa forma de pensar a função transgressora da linguagem, onde escrever é
sempre algo mais, é um “algo” que salva:
Quando vieres a me ler perguntarás porque não me restrinjo à pintura e às minhas
exposições, já que escrevo tosco e sem ordem. É que agora sinto necessidade de
palavras- e é novo pra mim o que escrevo porque minha verdadeira palavra foi até
agora intocada. (1998b, p. 10)

O que te falo nunca é o que te falo e sim outra coisa. Capta essa coisa que me escapa
e no entanto vivo dela e estou à tona de brilhante escuridão. (1998b, p. 14).

Por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar eu me perderei, e por


me perder eu te perderia. (2009, p. 17).

Essa não é uma escrita qualquer, mas uma escrita que, sob a égide da angústia que toma
a alma humana, anseia-se viver sobre o signo da liberdade. Escrever é dar liberdade para ser o
que se é, como potencialização da vida e aprimoramento da existência. As personagens vão se
desconstruindo ao longo dos textos para só então recriarem suas existências.
A autora também elege o feminino como forma de transgredir o modelo dominante, não
como modelos que representam a realidade, mas ao contrário, problematizam a posição da
mulher numa sociedade patriarcal masculinizada, como “ato de rebeldia e desobediência aos
códigos culturais vigentes”. (Telles, 1989, p. 75).
Pelo ato inerente de escrever, Clarice procura figurar a mulher que perpassa suas
páginas. Suas personagens são donas de casa, mães de família, solteironas, viúvas, entre outras
figuras. Elas são extraídas do senso comum para uma intensa transformação e descoberta de si
mesmas.

É curioso que as grandes personagens de Clarice Lispector sejam sempre mulheres -


Ana, Ofélia, a menor mulher do mundo, GH...E Martim se é homem é porque é
homem, naquilo que a espécie tem também de mulher. E a observação não é gratuita
- justifica-se e, de sobra, explica muita coisa. Sendo tão rigorosa, tão ela mesma, o
mundo da escritora é inevitavelmente um mundo feito a sua imagem e semelhança,
com suas dimensões de mulher (aqui volta o paralelo com Virgínia Woolf). E quando
só de si mesmo é povoado, o mundo pequeno da mulher é o menor mundo do mundo,
na própria imagística da autora. As mulheres de Clarice são sós, mesmo sem estarem
isoladas. (REIS, 1968, p. 228)

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Assim, nos interstícios de suas palavras que a autora nos aponta caminhos para uma
busca de si, num processo ao mesmo tempo complexo e fundamental, um processo onde a
escrita faz-se necessária como um exercício de si. Mas nesse processo ela se coloca como
mulher, como escritora que, pelas palavras, desconstrói o mundo feminino pautado por relações
de poderes e constrói um mundo onde é possível ser livre.

Considerações finais

Este artigo teve a preocupação em conceber a sociedade atual sob um olhar foucaultiano,
definindo-a como disciplinar e biopolítica. Também se pensou as práticas de subjetivação possíveis
ao indivíduo, onde a escrita ganha destaque ao ser compreendida como uma técnica de si por
excelência, ao fazer esse corpo-indivíduo falar.
Nesse contexto é em Clarice Lispector e sua literatura que se encontra a escrita como uma
técnica de si que possibilita novas formas de expressão e constituição dos sujeitos, ao mesmo tempo
em que se possibilita também uma forma de encontrar o lugar da autora na literatura nacional. É na
escrita clariceana que se encontra a possibilidade de compreender a relação entre literatura e o meio
social, a partir de suas práticas literárias.
A leitura sobre a literatura teve o intuito de compreendê-la como instrumento para
pensarmos a escrita como parte do processo de constituição dos sujeitos e prática de uma
relação renovada de si para consigo e também com o outro. É por meio da interação entre
sociedade, discurso e saber literário, entre os laços e pontos de convergências entre essas áreas
de conhecimento que buscamos compreender a escrita como produção de conhecimento sobre
o próprio sujeito que se constitui e a sociedade que o cerca.
O objetivo foi uma discussão da possibilidade da escrita ser compreendida como uma
técnica de produção de subjetividades, de modo a permitir conceber a constituição do papel da
mulher na sociedade contemporânea para além das relações de poder e saber, bem como o processo
de escrita ser apreendido também como elemento de interação e influência entre obra de arte e meio
social na sociedade contemporânea.
Foi na hipótese de que os textos de Clarice Lispector possam ser lidos como escrita de
si que definiu-se seu lugar na literatura nacional e compreender essa relação dialogal entre
literatura e sociedade, e mais, compreender como sua escrita tem lugar fundamental na
discussão sobre o universo feminino e a definição de suas identidades. Buscou-se também
compreender seus escritos como luta das artes de si, numa busca contínua por elaborar sua vida
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como uma obra de arte, busca essa encontrada na produção escrita, perdendo-se de si, recriando
conceitos, pensando o próprio pensamento, relativizando a si mesmo. Ao transvestir-se pela e
na escrita, inventa resistências, reinventa liberdades ao produzir sempre novas subjetividades,
capaz de escapar das tecnologias do dispositivo biopolítico de controle.

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