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Referencia:
De acordo com Denis (2002), o conjunto dos três fatores que circundam o
aparecimento do que se está denominando aqui de literatura engajada (a saber, a
autonomia do campo literário, a invenção do intelectual e a revolução de outubro de
1917), ativo desde o final da 1ª Guerra Mundial, “produziu, esquematicamente,
dentro do campo literário, dois tipos de respostas. A primeira é aquela da
vanguarda: ela consiste em postular uma homologia estrutural entre ruptura estética
e revolução política. [...] A vanguarda se percebe portanto como „naturalmente‟
revolucionária, pela sua vontade de ruptura com as formas artísticas anteriores [...] e
como participante daquela subversão generalizada que preludia a revolução.”
(DENIS, 2002, p. 24). A segunda resposta seria aquela da literatura engajada, que
surge no “contra-pé” da vanguarda: “o escritor engajado entendo participar
plenamente e diretamente, através das suas obras, no processo revolucionário, e
não mais sim/bolicamente, pela mediação de uma homologia estrutural. [...] Isto
quer dizer que [...] a posição do escritor engajado questiona a autonomia do campo
literário [...]. Não se trata para ele de abdicar daquela autonomia [...]; é antes uma
questão de se modificar-lhe o sentido, deixando de fazer disso um fim em si para
tentar fazê-la servir (à revolução, as lutas políticas e sociais em geral etc.)
“Para Sartre, com efeito, não haveria literatura „desengajada‟ [...]. Dito de outro
modo, toda obra literária, qualquer que seja a sua natureza e a sua qualidade, é
engajada, no sentido em que ela é portadora de uma visão de mundo situada e
onde, queira ela ou não, se revela assim impregnada de posição e escolha.”
(DENIS, 2002, p. 36)
1
- o que é crítica e o que é sociologia?
2
- Para tanto, foi enumerado em seis modalidades mais comuns de estudos de
tipo sociológico em literatura, feitos conforme critérios mais ou menos
tradicionais e oscilando entre a sociologia, a história e a crítica de conteúdo.
(página 14 e finalizando com a citação da página 17)...em todas nota-se o
deslocamento de interesse da obra para os elementos sociais que formam a
sua matéria, para as circunstâncias do meio que influíram na sua elaboração,
ou para a sua função na sociedade.
- A tais aspectos são capitais para o historiador sociólogo mas podem ser
secundários e mesmo inúteis para o crítico interessado em interpretar se não
forem considerados segundo a função que exercem na economia interna da
obra para a qual podem ter contribuído de maneira tão remota que se tornam
dispensáveis para esclarecer os casos concretos.
- Qual efeito todos sabemos que a literatura como fenômeno de civilização
depende para se constituir e caracterizar do entrelaçamento de vários fatores
sociais mais daí a determinar se eles interferem diretamente nas
características essenciais de determinada obra vai um abismo nem sempre
transposto com Felicidade.
- Não se trata de afirmar ou negar uma de menção evidente do fato literário e
sim de averiguar do ângulo específico da crítica se ela é decisiva ou apenas
aproveitável para entender as obras particulares.
- O primeiro passo que apesar de óbvio deve ser assinalado é ter consciência
da relação arbitrária e deformante que o trabalho artístico estabelece com a
realidade mesmo quando pretende observá-la e transpor a rigorosamente
pois a mim mas é sempre uma forma de poeise.
- Achar pois que basta aferir a obra com a realidade exterior para entendê-la é
correr o risco de uma perigosa simplificação causai.
- Mas se tomarmos o cuidado de considerar os fatores sociais como foi
exposto no seu papel de formadores da estrutura, veremos que tanto eles
quanto os psíq....definir sem uns e outros a integridade.
- Hoje sentimos que ao contrário do que pode parecer a primeira vista é
justamente essa concepção da obra como organismo que permite no seu
estudo levar em conta e variar o jogo dos fatores que a condicionam e motivo
pois quando é interpretado como elemento de estrutura cada fator se torna
um componente essencial do caso em foco não podem dar sua legitimidade
ser contestada nem glorificada a priori.
3
-Hoje sentimos que, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, é justamente
esta concepção da obra como organismo que permite, no seu estudo, levar em
conta e variar o jogo dos fatores que a condicionam e motivam; pois quando é
interpretado como elemento de estrutura, cada fator se torna componente essencial
do caso em foco, não podendo a sua legitimidade ser contestada nem glorificada a
priori.2
2
1. o autor:
2. a configuração da obra:
3. o público:
3
- Se forem válidas, as considerações anteriores mostram de que maneira os
fatores sociais atuam concretamente nas artes, em especial na literatura. Não
desejo insinuar que as influências apontadas sejam as únicas, nem,
sobretudo, que bastem para explicar a obra de arte e a criação, como deixei
claro de início.
- . Mas num plano mais profundo, encontraremos sempre a presença do
meio, num sentido como o que sugeri; e, se for legítimo o estudo
sociológico da arte (o que não sofre dúvida), os traços estudados parecem
ponderáveis.
- Terminando, desejo voltar à relação inextricável, do ponto de vista
sociológico, entre a obra, o autor e o público, cuja posição respectiva foi
apontada. Na medida em que a arte é — como foi apresentada aqui — um
sistema simbólico de comunicação inter-humana, ela pressupõe o jogo
permanente de relações entre os três uma tríade indissolúvel. O público dá
sentido e realidade à obra, e sem ele o autor não se realiza, pois ele é de
certo modo o espelho que reflete a sua imagem enquanto criador. Os artistas
incompreendidos, ou desconhecidos em seu tempo, passam realmente a
viver quando a posteridade define afinal o seu valor. Deste modo, o público é
fator de ligação entre o autor e a sua própria obra.
- Resulta que o escritor vê apenas ele próprio e as palavras, mas não vê o
leitor; que o leitor vê as palavras e ele próprio, mas não vê o escritor; e um
terceiro pode ver apenas a escrita, como parte de um objeto físico, sem ter
consciência do leitor nem do escritor.
- Mas, penso ter ficado claro que o estudo sociológico da arte, aflorado aqui
sobretudo através da literatura, se não explica a essência do fenômeno
artístico, ajuda a compreender a formação e o destino das obras; e, neste
sentido, a própria criação.
TÓPICO 01:
Sobre a barbárie. Quanto mais cresce a riqueza, mais aumenta péssima distribuição
de bens. Todos sabemos que a nossa época profundamente Bárbara embora se
trata de uma barbárie ligada ao máximo a civilização penso que ocontra a qual luta
os homens de boa vontade a busca não mais do estado ideal sonhando pelos
utopistas racionais que nos anteceden Mais do máximo viável de igualdade e justiça
em correlação a cada momento da história
É sabido que houve uma mudança no paradigma: a barbarei deixou de ser vista
como algo a se exaltar.
Houve um progresso no sentimento do próximo, mesmo sem a disposição
corresponde de agir em consonância. Aí entra o problema dos direitos humanos.
TÓPICO 02:
- Pensar nos direitos humanos como um direito de todos é reconhecer que aquilo
que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo.
- Bens incompreensíveis e compreensíveis: debate do que viria a ser essencial ou
não. E a literatura entra como essencial.
- São bens incompreensíveis não apenas os que asseguram a sobrevivência física
em níveis descem mas o que garantem a integridade espiritual. ESTARIA A ARTE E
A LITERATURA NESTA MESMA CATEGORIA?
TÓPICO 03:
TÓPICO 4
- Ainda citando antonio candido (1988), o autor afirma que “A função da literatura
está ligada à complexidade da sua natureza, que explica inclusive o papel
contraditório mas humanizador (talvez humanizador porque contraditório).
- Analisando-a, podemos distinguir pelo menos três faces: (1) ela é uma construção
de objetos autônomos como estrutura e significado; (2) ela é uma forma de
expressão, isto é, manifesta emoções e a visão do mundo dos indivíduos e dos
grupos; (3) ela é uma forma de conhecimento, inclusive como incorporação difusa e
inconsciente.
- O efeito das produções literárias é devido à atuação simultânea dos três aspectos,
embora costumemos pensar menos no primeiro, que corresponde à maneira pela
qual a mensagem é construída; mas esta maneia é o aspecto, senão mais
importante, com certeza crucial, porque é o que decide se uma comunicação é
literária ou não. Pg.77
- SOBRE O PONTO 1 (ELA É UMA CONSTRUÇÃO DE OBJETOS AUTONÔMOS
COMO ESTRUTURA E SIGNIFICADO): [..] quando elaboram uma estrutura, o
poeta ou o narrador nos propõem um modelo de coerência, gerado pela força da
palavra organizada. [..] o caráter de coisa organizada da obra literária torna-se um
fator que nos deixa mais capazes de ordenar a nossa própria mente e sentimentos;
e, em consequência, mas capazes de organizar a visão que temos de mundo”.
- A produção literária tira as palavras do nada e as dispõe como todo articulado.
Este é o primeiro nível humanizador, ao contrário do que geralmente se pensa. A
organização da palavra comunica-se ao nosso espírito e o leva, primeiro, a se
organizar; em seguida, a organizar o mundo.
- Mas as palavras organizadas são mais do que a presença de um código: elas
comunicam sempre alguma coisa, que nos toca porque obedece a certa ordem.
Quando recebemos o impacto de uma produção literária, oral ou escrita, ele é
devido à fusão inextricável da mensagem com a sua organização. Quando digo que
um texto me impressiona, quero dizer que ele impressiona porque a sua
possibilidade de impressionar foi determinada pela ordenação recebida de quem o
produziu. Em palavras usuais: o conteúdo só atua por causa da forma, e a forma
traz em si, virtualmente, uma capacidade de humanizar devido à coerência mental
que pressupõe e que sugere. Pg 178
- as produções literárias, de todos os tipos e de todos os níveis, satisifazem
necessidades básicas do ser humana, sobretudo através dessa incorporação, que
enriquece a nossa percepção e a nossa visão de mundo. Pg 179
- Por este motivo, o autor afirma que isso explica o fato de a Literatura ser uma
necessidade universal imperiosa, e por que fruí-la é um direito das pessoas de
qualquer sociedade, desde o índio que canta suas proezas de caça ou evoca
dançando a lua cheia, até o mais requintada erudito que procura captar com sábias
redes os sentidos flutuantes de um poema hermético. ” Pagina 180
- Antônio Candido (...) vê a função humanizadora da literatura como: O processo
que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício
da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o
afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso
da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do
humor”. Pg 180
- Porém, além do valor latente, há na literatura níveis de conhecimento intencional.
Esses níveis são os que chamam imediatamente nossa atenção e é neles que o
autor injeta as suas intenções: propaganda, ideologia, crença, revolta, adesão etc.
- Ao discorrer sobre a função da literatura Antonio Candido fala sobre uma literatura
social, ela tem o poder de satisfazer a “necessidade de conhecer os sentimentos e a
sociedade, ajudando-nos a tomar posição em face delas”
Disso, segundo o autor, resulta uma literatura empenhada (e por que não
engajada?), que parte de “posições éticas, políticas, religiosas, ou simplesmente
humanísticas”. São casos em que o autor tem convicções e deseja exprimi-las; ou
parte de certa visão da realidade e a manifesta com tonalidade crítica.
TÓPICO 07: Portanto a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de
coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes nívea distinção entre cultura
popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação em
mim como se do ponto de vista cultural a sociedade dividida em sérias in
comunicadas dando lugar 2 tipos incomunicáveis de fluidos uma sociedade justa
pressupõe o respeito dos direitos humanos e a fruição da arte e da literatura em
todas as modalidades em todos os níveis é um direito inalienável.
Referencia:
Estamos circundados de poderes e materiais que não se limitam àqueles que
chamamos de valores espirituais como doutrina religioscuja lei severa sobrevive aos
séculos e aos decretos não só podem estar nem mas mesmo do papa entre esses
poderes arrolei também aquela da tradução literária ou seja do complexo de textos
que a humanidade produziu e produz não para fins prati como manter registros
anota leis e fórmulas científicas baseadas de seções ou providencial horários
ferroviários mas antes grátitalvez por puro passe a tempo sem que ninguém nos
obriga a fazê-lo com exceção das obrigações escolares
- É verdade que os objetos literários são imateriais apenas pela metade pois
encarnou se em veículos que de hábito são de papel.
- Para que serve este bem imaterial que é a literatura? [...] pretendo falar de uma
série de funções que a literatura assume para nossa vida individual e para a vida
social.
- Além era tura mantém exercício antes de tudo a língua como patrimônio coletivo a
língua por definição vai aonde ela quer nenhum pode barrar o seu caminho e fazer a
desviar-se para situações que pretendem pretendam ótimo
- a língua vai pra onde quer, mas é sem se vai sugestões da literatura.
-“A literatura, contribuindo para formar a língua, cria identidade e comunidade [...]
Mas a prática literária mantém em exercício também a nossa língua individual”.
- A obra literária não pode ser lida de todo jeito
- Os textos literários não somente em dizem explicitamente aquilo que nunca
poderemos colocar em dúvida mas a diferença do mundo apara interpretações
livres.
- Algumas proposições não podem ser postas em dúvida.
- Exemplo de chapeuzinho vermelho
- Hipertextos
- Mais densa e mais eloqüente que a vida cotidiana, mas não radicalmente
diferente, a literatura amplia o nosso universo, incita-nos a imaginar outras maneiras
de concebê-lo e organizá-lo.
Ela nos proporciona sensações insubstituíveis que fazem o mundo real se tornar
mais pleno de sentido e mais belo. Longe de ser um simples entretenimento, uma
distração reservada às pessoas educadas, ela permite que cada um responda
melhor à sua vocação de ser humano.
- o passar do tempo, percebi alguma surpresa que o papel eminente por mim
atribuído à literatura não era reconhecido por todos.
- para nelas descobrir uma beleza que enriqueça sua existência; ao fazê-lo, ele
compreende melhor a si mesmo. conhecimento da literatura não é um fim em si,
mas uma das vias que conduzem à realização pessoal de cada um.
ALÉM DA ESCOLA
- Essa mutação ocorreu uma geração mais cedo, nos anos 1960 e 1970
- o ponteiro da balança não se deteve num ponto de equilíbrio, indo muito além na
direção oposta: hoje, prevalecem as abordagens internas e as categorias da teoria
literária.
- Esse estudo era criticado por nunca poder se tornar científico o bastante, sendo
então abandonado a outros res, desvalorizados, a escritores ou a críticos de jornais.
A tradição universitária não concebia a literatura como, em primeiro lugar, a
encarnação de um pensamento e de uma sensibilidade, tampouco como
interpretação do mundo. Pg 38
- Decide-se neste momento (para citar apenas uma entre mil formulações) que "a
obra impõe o advento de uma ordem em estado de ruptura o existente, a afirmação
de um reino que obedece a suas leis e lógicas excluindo uma relação o "mundo
empírico" ou a "realidade" (palavras que só passam a ser usadas entre aspas). Dito
de outra forma, a partir de agora, a obra literária é representada como um objeto de
linguagem fechado, auto-suficiente, absoluto
- Não se pode mais, nesse caso, afirmar que a literatura não descreve o mundo:
mais do que uma negação da representação, ela se torna a representação de uma
negação. que não a impede de permanecer como objeto de uma crítica formalista:
já que, para essa crítica, o universo representado no livro é auto-suficiente, sem
relação o mundo exterior, abrem-se as portas para sua análise sem que se tenha de
interrogar sobre a pertinência das opiniões expressas no livro, nem sobre a
veracidade do quadro que ele pinta. A história da literatura o mostra bem: passa-se
facilmente do formalismo ao ou vice-versa, e podem-se mesmo cultivar os dois
simultaneamente.
- Outra prática literária provém, efeito, de uma atitude complacente e narcísica que
leva o autor a descrever detalhadamente suas menores emoções, suas mais
insignificantes experiências sexuais, suas reminiscências mais fúteis: quanto mais
repugnante, mais fascinante é o mundo! Falar mal de si, aliás, não destrói esse
prazer, já que o essencial é falar de si — o que se diz é secundário. A literatura
(nesse caso, diz-se, preferencialmente, "a escrita") tornou-se apenas um laboratório
no qual o autor pode estudar a si mesmo a seu bel-prazer e tentar se compreender.
- A tese segundo a qual a literatura não mantém ligação significativa o mundo, e que, por
conseguinte, sua apreciação não deve levar em conta o que ela nos diz do mundo, não é
nem uma invenção dos professores de Letras atuais nem uma contribuição original dos
estruturalistas.
- Para começar, deve-se dizer que, dentro do que bastante acerto chamamos de
teoria clássica da poesia, a relação o mundo exterior é afirmada grande força.
Algumas das fórmulas utilizadas pelos Antigos para ilustrar essa idéia são mantidas
e repetidas fartamente, mesmo já se tendo perdido o sentido dado por seus autores,
a saber: segundo Aristóteles, a poesia é uma imitação da natureza, e, segundo
Horário, sua função é agradar e instruir.
A relação com o mundo encontra-se, assim, tanto do lado do autor, que deve conhecer as
realidades do mundo para poder "imitá-las", quanto do lado dos leitores e ouvintes, que
podem, é claro
-Na
Europa cristã dos primeiros séculos, a poesia serve principalmente à transmissão e
à glorificação de uma doutrina da qual ela apresenta uma variante mais acessível e
mais impressionante, mas ao mesmo tempo menos precisa. Ao se libertar dessa
pesada tutela, ela é imediatamente relacionada aos critérios antigos. A partir do
Renascimento, pede-se à poesia que seja bela, mas a própria beleza se define pela
verdade e sua contribuição ao bem. É fácil nos lembrar dos versos de Boileau:
"Nada é mais belo do que o verdadeiro, apenas o verdadeiro é amável." Essas
fórmulas são indubitavelmente percebidas como insuficientes, mas, em vez de
rejeitá-las, nos contentamos em acomodá-las às circunstâncias.espi
-Os tempos modernos vêm abalar essa concepção de duas maneiras distintas,
ambas ligadas ao novo olhar que incide sobre a progressiva secularização da
experiência religiosa e uma concomitante sacralização da arte.
- A idéia de imitação é mantida, mas seu lugar não está mais entre a obra, produto
finito, e o mundo; ela se situa doravante na ação de se produzir, no primeiro caso,
um no segundo, um microcosmo, mas sem qualquer obrigação de semelhança nos
resultados.
-. fato novo, surgido na Europa do século XVIII, será o de isolar esse aspecto
secundário de múltiplas atividades, instituindo-o como encarnação de uma
única atitude, a contemplação do belo, atitude ainda mais admirável por tomar seus
atributos de empréstimo ao amor de Deus.
- Como conseqüência, pedir-se-á aos artistas que produzam objetos que lhe sejam
exclusivamente destinados
- Segunda conseqüência: as artes, que até então se ligavam cada uma à sua prática
de origem, passam a ser reunidas em torno de uma mesma categoria. Poesia,
pintura e música só podem ser unificadas se as situamos na ótica da recepção,
correlativa à mesma atitude desinteressada chamada a partir deste momento de
estética.
- Uma vez adotada a nova perspectiva, o adjetivo "belo" não será mais
indispensável, e a expressão se tornará um pleonasmo, já que a "arte" passa a ser
definida como aspiração ao belo. Os antigos tratados sobre a arte eram
essencialmente manuais de criação, instruções endereçadas ao poeta, ao pintor, ao
músico. A partir de então, a preocupação passa a ser a descrição do processo de
percepção, a análise do juízo de gosto, a avaliação do valor estético.
- A literatura pode muito. Ela pode nos estender a mão quando estamos
profundamente deprimidos, nos tornar ainda mais próximos dos outros seres
humanos que nos cercam, nos fazer compreender melhor o mundo e nos ajudar a
viver. Página 76.
- Não que ela seja, antes de tudo, uma técnica de cuidados para a alma; porém,
revelação do mundo, ela pode também, em seu percurso, nos transformar a cada
um de nós a partir de dentro.
- A literatura tem um papel vital a cumprir; mas por isso é preciso tomá-la no sentido
amplo e intenso que prevaleceu na Europa até fins do século X I X e que hoje é
marginalizado.
- Como a filosofia e as ciências humanas, a literatura é pensamento e conhecimento
do mundo psíquico e social em que vivemos. A realidade que a literatura aspira
compreender é, simplesmente (mas, ao mesmo tempo, nada é assim tão complexo),
a experiência humana. Página 77
-Mas Sand ultrapassa rapidamente esse ponto de partida para centrar o debate em
dois temas mais essenciais: o lugar do escritor na sua própria obra e a natureza da
verdade à q
-Ao evocar essa antiga troca de cartas, podemos ver que, apesar das divergências
de interpretação, uma mesma concepção da literatura continua a afirmar-se nos
dois correspondentes: essa concepção permite uma melhor compreensão da
condição humana e transforma o ser de cada um dos seus leitores a partir de seu
interior.
-Os textos hoje tidos como têm muito a nos ensinar; e, quanto a mim, eu teria de
bom grado tornado obrigatório, em aulas de literatura, o estudo da carta,
infelizmente nada fictícia, que Germaine Tillion escreveu na prisão de Fresnes,
endereçada ao tribunal militar alemão, em 3 de janeiro de Trata-se de uma obra-
prima de humanidade, na qual forma e conteúdo são inseparáveis; os alunos teriam
muito a aprender esse Não "assassinamos a literatura" (retomando o título de um
panfleto recente) quando também estudamos na escola textos "não-literários",
mas quando fazemos das obras simples ilustrações de uma visão formalista, ou
niilista, ou solipsista da literatura.
REFERÊNCIA: MOISÉS, Carlos Felipe. Poesia para quê? A função social da poesia
e do poeta. São Paulo: Editora Unesp, 2019.
a poesia nos ensina a ver como se víssemos pela primeira vez. Não é
uma definição, não é sequer um conceito. A proposição não aponta para a
natureza intrínseca do objeto que almejamos apreender, mas para seus
efeitos.
-[...]a poesia ensina é apenas um modo de ver. A coisa vista, ou por ver,
ficará a cargo de quem lê. Digamos que a ensinança poética está mais
interessada no processo da aprendizagem do que na ampla variedade de
seus resultados
-Para preveni-lo, nada melhor do que aceitá-lo com clareza e insistir: para
lidar com poesia, não dispomos de uma terminologia própria. Não que a
desprezemos, na verdade pugnamos por chegar a esse estágio, mas não
temos uma ciência da poesia, em sentido estrito.
-Não temos um
objeto bem definido, temos vários; não temos um método comprovada e
universalmente eficaz, temos muitos; mas isso não nos deve induzir à
anarquia ou ao império do subjetivismo. Deve, isto sim, estimular-nos a um
esforço de rigor ainda maior, para além do pseudoesforço de adotar uma das
várias terminologias ou “teorias” disponíveis no estoque de plantão e
aplicá-la mecanicamente.
-tanto o poeta quanto o pedagogo ensinam a conhecer ou a compreender.
-Deste ponto em diante, porém, deparamo-nos com um dado novo, o
obstáculo da comparação – o “como se”, que talvez seja, aliás, o obstáculo
poético por excelência, a linguagem dita figurada. A partir do “como se”,
não temos mais cláusulas firmes, que permitam divisar, no nível denotativo,
seu campo próprio de significação
-A partir deste ponto, não podemos contar apenas com a pura intelecção,
somos convidados a “figurar” (formar ou compor a figura de) alguma ideia
que não nos é oferecida diretamente, mas por intermédio de uma sua
imagem refletida no espelho da comparação. Para atinar com a segunda
parte da hipótese que nos ocupa, é preciso que o ato cognitivo se faça
acompanhar de alguma competência imaginativa
Poien e techné
-Vale
dizer toda poesia genuína, e não apenas aquela que explora tematicamente a
denúncia, o protesto, a indignação, é subversiva.
A Utopia maior, a da superação das desigualdades, com a
distribuição uniforme, não seletiva, de todos os privilégios e oportunidades
a todos os cidadãos, implicaria, segundo Sócrates, a absurda eliminação de
toda espécie de governo; implicaria, mais, a assertiva de que todos os
cidadãos são conscientes e livres, e portanto autogovernáveis, prescindindo
pois de qualquer concelho de filósofos, ou sábios de plantão, que lhes ditem
regras.
Words, swords
O homem no mundo
Presente contínuo
Oralidade e tirania