Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Este artigo pretende estabelecer os pontos de partida iniciais para o estudo sistemático e
metodologicamente justificado da produção autobiográfica, a sua inserção, ou não, no
universo da literatura e a confrontação das chamadas “escritas do eu” diante das questões que
nortearam o debate teórico das últimas décadas nas pesquisas que tenham por objeto a
literatura.
ABSTRACT
This article intends to establish the initial point of departure for the systematic study and
methodologically justified autobiographical production, insertion, or not, the universe of
literature and the clash of so-called "writing of self" on the issues underlying the theoretical
debate of the last decades in research which have as their object the literature.
____________________________________
1
Enaldo Pereira Soares: Mestrando em Literatura pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES-JF);
Professor de História da Rede Municipal de Juiz de Fora; Advogado; Pós-graduado em História Social
(Universidade Federal Fluminense); Pós-graduado em Direito Público (Universidade Cândido Mendes);
Endereço: Rua Izabel Bastos, 25, apt.401. Bairro Alto dos Passos. CEP 36025-050 – Juiz de Fora –MG; Emails:
enaldops@gmail.com; bauhaus_2004@yahoo.com.br; Fones: (32) 32169431, (32) 32126477, (32) 91160988;
Artigos Originais.
Revista Eletrônica
Fundação Educacional São José
8ª Edição ISSN:2178-3098
Definição: narrativa retrospectiva em prosa que uma pessoa real faz de sua
própria existência, quando focaliza sua história individual, em particular a
história de sua personalidade. (LEJEUNE, 2008, p.15)
Revista Eletrônica
Fundação Educacional São José
8ª Edição ISSN:2178-3098
Um autor não é uma pessoa. É uma pessoa que escreve e publica. Inscrito, a
um só tempo, no texto e no extratexto, ele é a linha de contato entre eles. O
autor se define como sendo simultaneamente uma pessoa real socialmente
responsável e o produtor de um discurso. Para o leitor, que não conhece a
pessoa real, embora creia em sua existência, o autor se define como a pessoa
capaz de produzir aquele discurso e vai imaginá-lo, então, a partir do que ele
produz. (Ibidem, p.23)
No final das contas, esse estudo me parece ser antes um documento a ser
estudado (tentativa de um leitor do século vinte para racionalizar e explicitar
seus critérios de leitura) do que um texto 'científico': documento a ser
adicionado ao arquivo de uma ciência histórica dos modos de comunicação
literária. (Ibidem, p.46)
Daí a fascinação que exerceu sobre mim Roland Barthes por Roland Barthes
(1975), que parece ser o anti-Pacto por excelência e propõe um jogo
vertiginoso de lucidez em torno de todos os pressupostos do discurso
autobiográfico – tão vertiginoso que acaba por criar no leitor a ilusão de que
não está fazendo o que, entretanto, está. (...) Dizer a verdade sobre si, se
constituir em sujeito pleno, trata-se de um imaginário. Mas, por mais que a
autobiografia seja impossível, isto não a impede de existir. (Ibidem, p.65-6)
O público espera dos profissionais da literatura que lhe digam quais são os
bons livros e quais são os maus; que os julguem, separem o joio do trigo,
fixem o cânone. (...) Mas as avaliações literárias, tanto as dos especialistas
quanto as dos amadores, têm, ou poderiam ter, um fundamento objetivo? Ou
mesmo sensato? Ou elas nunca são senão julgamentos subjetivos e
Revista Eletrônica
Fundação Educacional São José
8ª Edição ISSN:2178-3098
arbitrários, do tipo “Eu gosto, eu não gosto”? Aliás, admitir que a apreciação
crítica é inexoravelmente subjetiva nos condena fatalmente a um ceticismo
total e a um solipsismo trágico? (COMPAGNON, 2010, p.221)
A grande maioria dos poemas é medíocre, quase todos os romances são bons
para serem esquecidos, mas nem por isso deixam de ser poemas, deixam de
ser romances. (Ibidem, p.223)
Escrever e publicar a narrativa da própria vida foi por muito tempo, e ainda
continua sendo, em grande medida, um privilégio reservado aos membros
das classes dominantes. O “silêncio” das outras classes parece totalmente
natural: a autobiografia não faz parte da cultura dos pobres. (LEJEUNE,
2008, p.113)
O autor de um texto é na maioria das vezes, aquele que o escreveu: mas o
fato de escrever não é suficiente para ser declarado autor. Não se é autor
incondicionalmente. Trata-se de algo relativo e convencional: só se torna
quando se assume, ou alguém lhe atribui a responsabilidade da emissão de
uma mensagem (emissão que implica a sua produção) no circuito de
comunicação (Ibidem, p.124).
Referências bibliográficas:
BARTHES, Roland. Roland Barthes por Roland Barthes. São Paulo: Estação Liberdade,
2003. 215p.
COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria. Literatura e senso comum. 2.ª ed. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2010. 292p
KUNDERA, Milan. O livro do riso e do esquecimento. São Paulo: Companhia das Letras,
2008. 265p.
Artigos Originais
Revista Eletrônica
Fundação Educacional São José
8ª Edição ISSN:2178-3098
02) Titulação: Mestrando em Literatura pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES-JF)
Advogado
03) Endereço:
DECLARAÇÃO
Revista Eletrônica
Fundação Educacional São José
8ª Edição ISSN:2178-3098
Declaro ainda que li e estou de acordo com os procedimentos éticos desta publicação
__________________________________________