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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
BACHARELADO EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

THAYNARA CRISTINNE OLIVEIRA RODRIGUES

A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA


(PDE) NA CIDADE DE NATAL E AS IMPLICAÇÕES DA AUTONOMIA NA
GESTÃO ESCOLAR

NATAL
2019
THAYNARA CRISTINNE OLIVEIRA RODRIGUES

A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA


(PDE) NA CIDADE DE NATAL E AS IMPLICAÇÕES DA AUTONOMIA NA
GESTÃO ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, em cumprimento às exigências legais,
como requisito para a obtenção do título de
Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.

Orientador: Prof.ª Dra. Sandra Cristina


Gomes.

NATAL
2019
THAYNARA CRISTINNE OLIVEIRA RODRIGUES

A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA


(PDE) NA CIDADE DE NATAL E AS IMPLICAÇÕES DA AUTONOMIA NA
GESTÃO ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio


Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais, como requisito parcial
à obtenção do título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.

APROVADA EM:

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof. Dra. Sandra Cristina Gomes
(Orientadora – UFRN/CCHLA/DPP)

________________________________________
Prof. Dr. Anderson Cristopher dos Santos
(Examinador Interno – UFRN/CCHLA/DPP)

________________________________________
Prof. MSc. André Luís Nogueira da Silva
(Examinador Externo – FGV)

NATAL
2019
Dedico este trabalho a Deus. Ele nunca
me abandonou nos momentos de
necessidade. Aos meus pais, avós,
professores e amigos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse ао longo


dе minha vida, nãо somente nestes anos como universitária, mаs que еm todos
оs momentos é o maior mestre qυе alguém pode conhecer.
Aos meus maiores e melhores orientadores na vida, meus pais, Nilvan e
Dalvaci. Agradeço o suporte, as orientações, carinho, amor e paciência, que
juntos enfrentaram tantas dificuldades para que eu pudesse estudar. Todas as
minhas conquistas dedico a vocês.
A minha irmã Thayse, que se fez presente em mais um ciclo, dando-me
o melhor presente de todos, o meu sobrinho Heitor. Ele conseguiu nos
transformar e mudar tudo ao nosso redor.
A minha tia e madrinha Neyla, que sempre esteve ao meu lado me
incentivando e me apoiando em todos os momentos da minha vida, me
orientando para que eu nunca desistisse de meus sonhos, mostrando-me junto
de meus pais que o melhor caminho a ser seguido é o da educação, pois nada
e nem ninguém poderá roubar o conhecimento do próximo. “Conhecimento é
poder” Thomas Hobbes.
Não poderia esquecer dos meus mestres. Dedico este projeto a todos
aqueles que influenciaram a minha trajetória acadêmica. Especialmente, à
professora Sara Raquel que me recebeu em seu grupo de pesquisa “Cidades
Contemporâneas” como bolsista, onde fez as primeiras orientações, o qual
apresentou e mostrou as possibilidades que o universo acadêmico poderia
proporcionar a mim, além de orientar o melhor caminho a percorrer até a
conclusão do curso. Seguido do professor Alexsandro Ferreira, pela
oportunidade, apoio e orientação no segundo grupo de pesquisa “Estado de
Políticas Públicas”. E, por fim, agradeço à professora Sandra Gomes que abriu
as portas do grupo de pesquisa da Educação para mim, auxiliando na
germinação das ideias durante todo o processo de desenvolvimento deste
presente trabalho, sempre com uma presença cheia de otimismo e a
simplicidade de transmitir o conhecimento a todos.
Por fim, honro o fechamento deste ciclo dedicando a minha monografia
aos amigos que sempre estiveram ao meu lado compartilhando suas
experiências de forma construtiva. Lembro-me que foi a partir de uma conversa
com eles que surgiu o interesse pelo curso que estou finalizando agora.
Agradeço também a uma grande amiga que se fez presente em todas as
etapas desse trabalho, onde fez contribuições pertinentes à sua construção.
Tenho certeza que a qualidade deste trabalho não seria a mesma sem a sua
ajuda.
RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso faz uma análise acerca dos efeitos da
implementação do Plano de desenvolvimento da escola (PDE–Escola), bem
como de suas implicações para a autonomia da gestão escolar, tomando como
estudo de caso uma seleção de escolas do município de Natal/RN. Este plano
é uma ferramenta de planejamento estratégico para a melhoria da gestão
escolar. Foi levantado o desenho do PDE–Escola, como as suas etapas,
critérios de participação, objetivos e metas traçados pelas escolas, bem como
uma revisão do quantitativo de unidades escolares participantes, região
administrativa onde estão inseridas, se conseguiram elevar o IDEB ou não,
além de diferenciar o que é o PDE, PDE–Escola e PDDE–Interativo. Foi
disponibilizado pelo MEC/FNDE, através da LAI (Lei de Acesso à Informação),
um banco de dados das escolas do Estado em que receberam os
investimentos. Com isso, houve um recorte territorial contemplando o município
de Natal para que fossem desenvolvidas as análises in loco. Desse modo,
foram realizadas entrevistas semiestruturadas com profissionais inseridos na
gestão escolar para compreender o processo de implementação do PDE –
Escola. A pesquisa verificou a importância da autonomia, da capacitação de
gestão escolar e do apoio técnico no processo de implementação de políticas
públicas educacionais, bem como identificou obstáculos durante a etapa de
implementação do PDE – Escola nas unidades escolares selecionadas.

Palavras-chaves: Implementação de Políticas Públicas, Política Educacional,


Educação Básica, Ensino Fundamental I, IDEB.
ABSTRACT

This paper analyzes the effects of the implementation of the Plano de


Desenvolvimento da Escola (PDE–Escola), as well as its implications for the
autonomy of school management, taking as a study case a selection of schools
in the city of Natal/RN. This plan is a strategic planning tool for improving school
management. The design of the PDE–Escola was raised, as its stages,
participation criteria, objectives and goals set by the schools, as well as a
review of the number of participating school units, administrative region where
they are inserted, whether they managed to raise the IDEB or not, besides
differentiating what is the PDE, PDE–Escola and PDDE–Interativo. It was made
available by MEC/FNDE, through the LAI (Lei de Acesso à Informação), a
database of the state schools in which they received the investments. Thus,
there was a territorial cut contemplating the city of Natal to develop the analyzes
on site. Thus, semi-structured interviews were conducted with professionals
inserted in school management to understand the process of implementation of
the PDE–Escola. The research verified the importance of autonomy, training of
school management and technical support in the process of implementation of
educational public policies, as well as identified obstacles during the
implementation stage of the PDE–Escola in the selected school units.

Keywords: Implementation of Public Policies, Educational Policy, Basic


Education, Elementary School I, IDEB.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CODDE – Coordenação de Execução do Dinheiro Direto na Escola


ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
E-SIC – Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao cidadão
FNDE – Fundo nacional de Desenvolvimento da Educação
FUNDESCOLA – Fundo de Fortalecimento da Escola
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
IQV – Índice de Qualidade de Vida
LAI – Lei de Acesso à Informação
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC – Ministério da Educação
PNE – Plano Nacional de Educação
PP – Projeto Pedagógico
SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica
SEMPLA – Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Estratégica
SEMURB – Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo
UEX – Unidades Executoras
ZAP – Zona de Atendimento Prioritário
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Programas do Plano de Desenvolvimento da Educação...............27


Figura 02 – Etapas para a implementação do PDE............................…….......30
Figura 03 – Responsáveis pelo Comitê de Análise e Aprovação......…....….....35
Figura 04 – Cadeia lógica para o plano de suporte estratégico.......…..............37
Figura 05 – Esquematização da estrutura para a elaboração e implementação
do PDE................................................................................................…...........41
Figura 06 – Programas que o PDDE–Interativo contemplou na época do PDE –
Escola...............................................................................…..............……........43
Figura 07 – Página inicial do PDDE–Interativo para o Diretor........….......….....45
Figura 08 – Critérios para seleção das escolas.................................................50
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Representação linear dos investimentos do PDE – Escola por ano,


para escolas municipais. Município Natal..........................................................55
Gráfico 02 – Representação linear dos investimentos do PDE – Escola por ano,
para escolas estaduais. Município Natal...................................................….....57
Gráfico 03 – Total de habitantes do Município de Natal, divididos por zona
administrativa.....................................................................................................60
Gráfico 04 – Investimentos do PDE – Escola no Município de Natal, dividido por
Zona administrativa............................................................................................61
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Total de investimento realizado por ano........................................51


Tabela 02 – População de Natal distribuída por zona administrativa................60
Tabela 03 – Demonstrativo dos valores recebidos do PDE e número de alunos
na Escola A........................................................................................................64
Tabela 04 – Demonstrativo dos valores recebidos do PDE e número de alunos
na Escola B........................................................................................................75
Tabela 05 – Demonstrativo dos valores recebidos do PDE e número de alunos
na Escola C........................................................................................................77
Tabela 06 – Demonstrativo dos valores recebidos do PDE e número de alunos
na Escola D........................................................................................................80

LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Responsabilidades do Grupo de trabalho.....................................33
Quadro 02 – Responsabilidades do Coordenador.............................................33
Quadro 03 – Responsabilidades do Comitê de Análise e Aprovação...............34
Quadro 04 – Eixos e dimensões a serem identificados no Diagnóstico............36
Quadro 05 – Perfil e atribuições do usuário no PDDE–Interativo....................44
Quadro 06 – Faixas de Financiamento do PAF.................................................47
Quadro 07 – Total de escolas que foram beneficiadas pelo PDE–Escola no RN,
por rede de ensino e ano............................................................................52
Quadro 08 – Quantidade de escolas municipais que receberam os recursos do
PDE–Escola por bairro e ano. Município de Natal...........................................53
Quadro 09 – Quantidade de escolas estaduais que receberam os recursos do
PDE–Escola por bairro e ano. Município de Natal...........................................55
Quadro 10 – Taxa de Distorção Idade – Série (Ensino Fundamental I) na
Escola A entre 2008 e 2010...............................................................................65
Quadro 11 – Taxa de aprovação na escola A entre 2008 e 2010.....................66
Quadro 12 – Síntese da Entrevista realizada na Escola A................................68
Quadro 13 – Síntese da autoavaliação da Escola A.........................................69
Quadro 14 – Problemas, causas prováveis e principais ações a serem
exercidas pela escola........................................................................................70
Quadro 15 – Desdobramento das metas do PDE–Escola, 2009.......................72
Quadro 16 – Taxa de Distorção Idade – Série (Ensino Fundamental I) na
Escola B entre 2009 e 2012...............................................................................75
Quadro 17 – Taxa de aprovação na escola B entre 2009 e
2012...................................................................................................................76
Quadro 18 – Síntese da Entrevista realizada na Escola B................................76
Quadro 19 – Taxa de Distorção Idade – Série (Ensino Fundamental I) na
Escola C entre 2008 e 2010..............................................................................78
Quadro 20 – Taxa de aprovação na escola C entre 2008 e
2010...................................................................................................................78
Quadro 21 – Síntese da Entrevista realizada na Escola C................................79
Quadro 22 – Taxa de Distorção Idade – Série (Ensino Fundamental I) na
Escola D entre 2007 e 2010..............................................................................81
Quadro 23 – Taxa de aprovação na escola D entre 2007 e
2010...................................................................................................................82
Quadro 24 – Síntese da Entrevista realizada na Escola D................................83
SUMÁRIO

1. Introdução......................................................................................................14

1.1. Implementação De Políticas Públicas.........................................................17


1. 2. A autonomia da Gestão Escolar.................................................................23

1.3. Plano de Desenvolvimento da Educação....................................................25

1.4. Plano de Desenvolvimento da Escola.........................................................28

1.4.1. Etapas para implementação do PDE–Escola..........................................30

1.4.2 Primeira Etapa – Preparação....................................................................31

1.4.3 Segunda Etapa (Autoavaliação – Análise situacional ou Diagnóstico)....35

1.4.4 Terceira Etapa (Definição da visão estratégica e do plano de suporte


estratégico).........................................................................................................37

1.4.5 Quarta Etapa (Execução)..........................................................................38

1.4.6 Quinta Etapa (Monitoramento e avaliação)...............................................39

1.5. PDDE–INTERATIVO – Plataforma de gestão integrada............................42

1.6 Plano de ações financiáveis.........................................................................47

2. PDE–Escola nas Unidades Escolares do Rio Grande do Norte e em Natal. 49


2.1 O Rio Grande do Norte.................................................................................51

2.2 Natal/RN.......................................................................................................53

Escolas Entrevistadas........................................................................................63
Conclusão...........................................................................................................85
14

INTRODUÇÃO

No Brasil, a década de 1990 ficou conhecida por desencadear diversas


reformas na estrutura e na organização do ensino escolar, através da
implementação de novas políticas públicas educacionais. Após a promulgação
da Constituição Federal de 1988, surgiu uma nova forma de governança e de
organização político-jurídica, o Estado Democrático de direito, o qual garante
como fundamento maior, a dignidade da pessoa humana.

O dever do Estado se tornou mais abrangente em relação à Educação,


pois de acordo com a CF/88, houve uma garantia em ofertar vagas para a
Educação a todos os cidadãos, fazendo com que os três entes federativos em
atividades conjuntas, promovessem a sua eficiência e efetividade.

A partir disto, o Brasil, seguiu algumas estruturas de organismos


internacionais, como o Banco Mundial. Foram apresentados alguns objetivos,
que entre eles, estava a redução da pobreza nos países periféricos, utilizando-
se da educação como elemento norteador para a redução de desigualdades
sociais, formulando algumas políticas de financiamento.

De acordo com a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância),


ocorreu a Conferência Mundial de Educação para Todos, na Tailândia
(Jomtien), onde as políticas educacionais do Brasil receberam o
direcionamento necessário do Banco Mundial, que evidenciava, principalmente,
a relevância de priorizar a educação básica, a promoção e descentralização
dos sistemas que auxiliam as escolas, além de promover a flexibilização da
gestão.

Após a Conferência Mundial de Educação para Todos, pretendeu-se


utilizar como objetivos iniciais a universalização do acesso à educação, a partir
da década de 2.000. De acordo com o avanço da igualdade de acesso, foram
propostos programas e políticas educacionais voltados para a melhoria da
qualidade da educação, melhoria no desempenho de alunos e capacidades de
ensino e gestão, o qual passaram a receber atenção de diferentes governos.
15

Possuíam como propósito a garantia da educação nos anos iniciais para


as crianças, focando na promoção da equidade e oportunidades de
permanência de estudos para o alunado, tendo como alvo, nos remanescentes
anos, programas nacionais que asseguram uma eficiente oportunidade de
participação dos alunos na escola, como o Programa de Educação Inclusiva,
Mais Educação e o Bolsa Família.

Não são as escolas brasileiras em sua totalidade, nem tampouco os


alunos, que conseguem atingir os resultados estabelecidos pelo governo.
Devido a isso, por iniciativa do governo federal, foram criados programas
direcionados à garantia da igualdade de oportunidades no sistema, ou seja,
alguns recursos específicos são oferecidos através do FNDE/MEC (Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação/ Ministério da Educação), para
escolas que apontam baixos resultados dos índices no IDEB (Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica), por exemplo o PDE–Escola.

Deste modo, objetiva-se neste trabalho de conclusão de curso analisar


os impactos da implementação do PDE–Escola no município de Natal, como
também as implicações da autonomia na gestão escolar, tomando como estudo
de caso uma seleção de quatro escolas do município, utilizando como critérios
de seleção regiões onde elas estão localizadas, sendo uma escola na zona
administrativa norte, outra na zona administrativa sul, outra na zona
administrativa leste e outra na zona administrativa oeste, observando nuances
e particularidades que cada uma possui. O critério de seleção buscou abranger
duas escolas da rede estadual e duas da rede municipal de ensino, visando
contemplar possíveis diversidades.

Justifica-se a escolha do PDE–Escola como objeto de estudo devido


possibilitar a unidade escolar identificar e diagnosticar possíveis falhas no
processo da gestão escolar que necessitam ser corrigidas, fazendo com que
elas proponham alternativas através de um planejamento que é realizado
diretamente pela e escola e não pelas secretarias de educação, tanto estadual,
como municipal. Com isso, será possível identificar como o PDE–Escola foi
formulado a partir da análise das oficinas realizadas nas unidades escolares. A
16

justificativa pelo PDE–Escola surgiu após a pergunta de partida: O PDE–Escola


conseguiu atingir seus objetivos contidos em sua proposta inicial?

O primeiro capítulo apresenta as teorias de implementação de políticas


públicas, bem como teorias da autonomia da gestão escolar. Explana também,
O que é o Plano de desenvolvimento da educação, destacando quais as suas
ações e programas contidos em sua estrutura, como também os eixos
principais de atuação. Ademais, será abordado é o Plano de Desenvolvimento
da Escola (PDE–Escola), descrevendo quando foi implementado, quais seus
objetivos iniciais, sua metodologia, quais foram as mudanças nos critérios de
definição do público-alvo, qual índice foi adotado como parâmetro para inclusão
das escolas no plano, bem como as suas etapas para implementação. Por fim,
para o primeiro capítulo será abordado o que é o PDDE–Interativo,
diferenciando-o do PDE–Escola, apresentando características, ações
contempladas e como ele é utilizado no PDE–Escola.

O segundo capítulo apresenta o estudo e análise de como foi realizada


a implementação do PDE–Escola nas escolas que foram contempladas. A
partir de dados fornecidos pelo FNDE/MEC, foram escolhidas quatro escolas
para uma análise em profundidade, para que fossem identificadas
características como recursos investidos, quantitativo de alunos, região
administrativa onde estão inseridas, ano de investimento, como se deu o
planejamento estratégico, plano pedagógico com suas ações e metas, IDEB,
taxa de distorção idade-série e taxa de rendimento escolar.
17

1. IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

A educação é um objeto de política pública, e é considerada importante


e indispensável para a sociedade, onde o Estado deve manter ações de
qualidade e buscar meios para os aperfeiçoamentos dessas políticas. “A
construção das políticas públicas é resultante de que forma esses problemas
afetam a sociedade, na velocidade em que aparecem entraves 'políticos', ou
seja, as políticas públicas tornam-se as saídas por meio do governo, para
lidarem com os problemas existentes.” (SABATIER E JENKINS-SMITH, 1993,
p. 486).

O objetivo é que as políticas públicas sejam capazes de responder


satisfatoriamente a problemática apresentada. Desse modo, entende-se que as
políticas públicas terão que ser implementadas de forma orientada e
organizada sistematicamente, o que geralmente não ocorre, devido à uma série
de fatores que causam um entrave na implementação ou nas outras etapas do
ciclo das políticas públicas (LOPES, 2015).

Entender como se deu a implementação do PDE–Escola nas escolas do


município de Natal é de suma importância, já que os estudos no campo das
políticas públicas retratou um cenário onde há a necessidade de investigação
devido o estado possuir dificuldades nas etapas e no ciclo das políticas
públicas, que versam entre a formação da agenda, a formulação da política, o
processo de tomada de decisão, a implementação e a avaliação.

A implementação de uma política pública pode vir a ter implicações


bastante adversas dos objetivos originais pensados na formulação. Algumas
razões que desviam os objetivos iniciais são decorrentes de uma nova
concepção da realidade conhecida, o qual não era identificada no momento da
formulação. “Muitas vezes, a política formulada ignora a dinâmica e formas de
interações entre os agentes implementadores e os cidadãos afetados pelas
políticas típicas do cotidiano rotineiro de funções administrativas.” (GOMES,
2018, p. 07). Esses agentes implementadores são chamados de burocratas de
nível de rua no estudo de Lipsky, que estão atuando na “ponta do sistema”
18

recebendo toda a pressão dos cidadãos, governo, falta de dinheiro e a


sociedade em geral.

Pesquisas acerca das políticas públicas indicam quatro fases


primordiais, que são: agenda, formulação, implementação e avaliação. Essas
fases apontam as seguintes ações: a identificação de uma problemática que se
dá na percepção da sociedade acerca desses entraves e que
concomitantemente inquiete os atores sociais ou institucionais, que são
definidos por partidos políticos, agentes políticos, organizações não
governamentais, entre outros; inclusão do tema na agenda governamental
visando a resolução, que poderão tomar forma de um programa de governo ou
até mesmo um planejamento orçamentário, onde serão listados pelos
governantes as prioridades das áreas das suas atuações; formulação da
política e decisão sobre a alternativa de solução, onde serão estabelecidos
objetivos, estratégias e uma análise das potenciais consequências de cada
objetivo proposto bem como os custos e os benefícios de cada ação;
implementação da política; e seguimento, avaliação e correção de rumos
(LABRA, 2002). Essas medidas não seguem um andamento linear e contínuo,
havendo articulações, disjunções e influências entre uma fase e outra
(SABATIER e JENKINS-SMITH, 1993).

A elaboração da agenda governamental é o momento ápice para a


definição das problemáticas e demandas que recebem certa importância e
atenção dos agentes públicos, evidenciando as metas e os valores daqueles
que participaram efetivamente na elaboração da agenda pública bem como
todos os influenciadores envolvidos. Na formulação, o desenho institucional da
política é estabelecido em um espaço político de trocas (LOPES, 2015). O
momento mais delicado de uma política pública é a fase da implementação, já
que as metas e objetivos são colocados à prova e a interação entre os
implementadores pode provocar conflitos e resistências (TREVISAN E
BELLEN, 2008).

A política pública pode ser o produto do longo e intrincado caminho


de um processo de decisão política. Para ir além da correlação entre
19

inputs (demandas de grupos sociais ou heranças históricas


anteriores) e outputs (políticas resultantes), busca-se analisar por que
inputs e outputs se articulam de formas distintas, em diferentes
conjunturas (Immergut, 1992). Há consenso de que a formação e
desenvolvimento das políticas públicas envolvem fases como:
construção da agenda, formulação, implementação e avaliação. Com
a interferência do meio social e político dos atores participantes, das
agências implementadoras e da natureza das políticas, demonstrando
que o ato de se fazer políticas públicas envolve relações entre atores
governamentais e não-governamentais, em um processo contínuo de
interação em todas as suas fases (PIOVESAN, 2002, s/p).

No processo de decisão das políticas públicas, notamos que acontecem


muitos ajustes e desencontros. As propostas iniciais de toda política poderão
ser abandonadas, sofrer alterações em relação ao que foi desenhado
inicialmente ou, até mesmo, instigar conflitos na fase da implementação que
tornam inevitável a reformulação ou o redesenho dessa política pública. Isso
porque, nesse processo, podem surgir “pontos de veto”, espaços pelos quais
os atores tentam bloquear uma proposta, bem como “janelas de oportunidade”,
espaços que permitem mudanças favoráveis no curso do projeto inicial em
favor de seus proponentes. Tanto “vetos” como “janelas” podem surgir
inesperadamente e comprometer o desenho inicial proposto através de nova
eleição de governo, mudança ministerial e alteração de algum cargo-chave
para formulação ou implementação da política, entre outros fatores (LABRA,
2015 apud LOPES, 2002).

O momento da implementação de políticas públicas traz consigo


algumas complexidades. Alguns fatores influenciam diretamente no
desempenho dos agentes implementadores, que na visão macro versam entre
o “desenho institucional de uma política, os instrumentos ou ferramentas
escolhidas, as condições sociais, econômicas ou culturais de uma sociedade” e
até na visão micro possuindo “decisões tomadas por burocratas e outros atores
societais.” (GOMES, 2018, p.3).

Pressman e Wildansky em 1973, identificaram alguns “déficits de


implementação” ou “desvios de rota”. Significa dizer que em que medida o
comportamento de burocratas poderia aderir ou não a política formulada. Essa
é uma visão hierárquica, que vai “de-cima-para-baixo”, onde há uma
20

centralização e um formato enrijecido nas estratégias, tendo o “controle” da


burocracia como o centro das ações. Esses estudos iniciais, indicam que é
comum e frequente haver o “desvio de rota” o qual possuem conclusões
pessimistas em relação à possibilidade de uma política pública com maior
complexidade, conseguir ser implementada como formulado (SABATIER,
1986).

Posterior a Pressman e Wildansky, surgiu a vertente “bottom-up”, o qual


indica onde a implementação da política pública é afetada na prática por um
grupo de agentes que não foram identificados na perspectiva “top-down”,
gerando assim, visões e decisões que possuem alguns elementos políticos,
como os acordos entre os atores e agências (BARRET, 2004), algo que não
fora citado na literatura anterior. Desse modo, os burocratas de rua agiriam
conforme seus interesses e suas motivações, fazendo com que não existisse
uma “burocracia implementadora neutra” e que o “sucesso” de uma política
pública relacionando-se à efetividade e eficácia será mais dependente dos
comportamentos dos agentes implementadores específicos do que de algumas
decisões centralizadas no topo da hierarquia burocrática (HJERN et al apud
GOMES, 2018).

Pergunta-se, portanto, o motivo pelo qual a burocracia se “desviaria” das


ações iniciais que estão desenhadas na formulação da política. As razões são
diversas, onde essas dificuldades ficam em evidência no momento em que a
política é implementada, que engloba desde desenhos institucionais que
continham alguns objetivos, ações e ou metas equivocadas ou por exemplo,
burocratas de rua terem pensamentos e visões de mundo, possuindo a
possibilidade de decidir se irão seguir os princípios e ideais contidos na política
formulada ou não, entre outros. Com isso, a visão “Bottom-up” inverte a
pergunta “por que os burocratas se desviaram dos objetivos definidos na
política formulada” para “como foi implementada na prática a política pública”,
fazendo com que os estudos deixem de ser no nível “macro” e comecem a ter
níveis “micro”, identificando assim, os erros ou acertos na base da
implementação (“de-baixo-para-cima), sendo o indivíduo que está inserido na
“ponta do sistema” o objeto de estudo, em especial os burocratas, identificando
seu contexto de trabalho, visões e decisões acerca da política.
21

Lotta e Santiago defendem que a discricionariedade dos burocratas


ganha uma centralidade e radicalidade com a teoria de Lipsky, onde revela que
os burocratas de nível de rua, aqueles que atuam diretamente na “ponta do
sistema” estão constantemente sob pressão (dos governos, seus superiores,
da sociedade, falta de recursos, muito trabalho e etc), onde precisam tomar
decisões o tempo todo e que necessitam criar procedimentos operacionais de
rotinas para que possam lidar com essas adversidades, escolhendo apenas
atividades prioritárias, fazendo com que escolham procedimentos padrões para
o atendimento de usuários, adotando em alguns momentos formas “cínicas”
(estereótipos) em relação aos usuários, além do favorecimento de alguns em
detrimento de outros.

Devido a essas pressões de diversos agentes, os burocratas de rua


estão constantemente formulando as políticas, fazendo com que seja bem
difícil qualquer desenho institucional alterar essa realidade. Em alguns casos, a
política pública ignora as relações entre os agentes implementadores e
cidadãos atingidos diretamente pela política. Com isso, a política torna-se falha
por não conseguir demonstrar e aplicar o desenho institucional e por conter
expectativas equivocadas acerca do comportamento dos agentes.

As variáveis existem nos resultados de implementação em ações


voltadas para a educação. Ele defende que a agenda de pesquisa deve
produzir conhecimentos comparativos e cumulativos. Através da participação e
de um trabalho em conjunto, deveriam partir do pressuposto “what works under
what conditions” (como funciona e quais são as condições), para que possam
encontrar as complexidades existentes. (HONIG,2006 apud GOMES 2018).

Um modelo de análise que assume três aspectos centrais são: as


políticas, as pessoas e os lugares. Possui, portanto, intenção de apontar uma
revisão geral que envolvem os três elementos descritos, mesmo que sejam
analisados individualmente, propõe-se que aos poucos possam criar alguns
entendimentos acerca da compreensão “do que funciona e em quais
condições”. (HONIG,2006 apud GOMES 2018).

Relacionado ao primeiro elemento - as políticas - existe uma percepção


dos impactos institucionais resultantes na ocasião da formulação da política
22

pública. Há uma existência de variações nos diversos objetivos das políticas


públicas, alguns objetivos amplos e outros objetivos restritos que são
evidenciados na população e em todo território nacional quando a questão é
referente ao tempo, que pode ser perguntada (por quanto tempo é necessário
para obter e observar os resultados?). Uma política formulada apresenta os
atores ou instituições que se tornarão o público alvo das ações. Em linhas
gerais, serão aqueles que irão se mobilizar para a implementação e execução
das ações. Podemos identificar no desenho da política quais ferramentas e
quais instrumentos serão utilizados durante todo o processo, principalmente se
o desenho da política tiver uma configuração mais hierarquizada, ou se tiver
participação dos agentes implementadores e do público-alvo no processo de
execução.

Relacionado ao segundo elemento que será incorporado ao modelo


analítico que Honig defende, são “as pessoas”, aquelas que possuem valores e
princípios que se aproximam da política formulada, onde se envolvem
diretamente na implementação, contribuindo com as suas experiências sobre
determinada política a ser formulada, bem como o seu público-alvo. Essas
pessoas possuem um olhar específico acerca do tema. Há uma probabilidade
grande da consecução de resultados bem próximos ao que foi estipulado na
formulação, quando os agentes implementadores constroem vínculos e
relações de proximidade com o público-alvo da política em questão.

Como terceiro elemento de análise, Honig defende como aspectos


centrais o “contexto” que seriam os “lugares”. A depender das condições do
cenário em que os atores e os burocratas estão inseridos, a política formulada
pode acarretar consigo diversos resultados, com características que são
variadas de acordo com as condições locais.

Em suma, essa breve síntese da literatura de implementação permite


dizer que a análise dessa fase de uma política pública é importante porque irá
identificar se o PDE – Escola foi implementado da maneira como foi formulado
nas oficinas desenvolvidas.
23

1. 1. A autonomia da Gestão Escolar

É a partir da teoria de Honig, que engloba as políticas, as pessoas e o


contexto que se planeja entender como se deu a autonomia da escola na
elaboração do plano pedagógico para a submissão ao programa e como a
escola conseguiu responder à política formulada. Contudo, para
compreendermos essa autonomia das escolas, é necessário criar um
entendimento sobre como se dá essa independência.

Para isso, se faz necessário que regressemos aos anos 90 e


compreendermos que a educação brasileira nas últimas décadas assumiu
alguns modelos educacionais de segmentos internacionais, onde podemos
citar a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, o Banco
Mundial, entre outras políticas educacionais que possuem como objetivos
principais a transferência de responsabilidades para as unidades escolares,
tendo o foco a descentralização, a participação e a autonomia. O processo de
redemocratização do país, favoreceu essa proposição dos organismos
multilaterais, retirando-se o foco dos Entes Federativos e o transferindo para a
escola. Neste escopo, compreende-se que a descentralização se tornou a
engrenagem primordial para as políticas educacionais orientadas pelo Banco
Mundial para países em desenvolvimento.

De acordo com Moraes (2002), a ideia do Banco Mundial foi interpretada


como uma “desobrigação do Estado para com a educação que transfere esta
incumbência para a esfera da comunidade local”. Segundo Fonseca (1998),
houve duas consequências quanto à descentralização defendida por (BIRD),
no ano de 1995. A primeira consequência foi relacionada à participação da
comunidade escolar nos processos de construção de estratégias, como uma
forma garantidora da autonomia, bem como a transparência em todos os
custos financeiros de ensino. A segunda consequência foi referente às variadas
técnicas de ensino, deixando adequadas às características da localidade.
Conforme a autora: “a descentralização contribui para a política de recuperação
24

de custos e para a redução do papel do Estado na oferta dos serviços


educacionais”.

Gadotti e Romão (2000), defendem que “a autonomia pode ser usada,


por exemplo, como álibi pelo Estado para não investir na educação”. Moraes
(2002) complementa que: “A autonomia não deve ser confundida com
desobrigação pela educação básica que é obrigação do Estado”. A autonomia
consiste em a escola ser o espaço de liberdade para a tomada de decisões
coletivas valendo-se da participação efetiva da comunidade escolar e local
sobre o que lhe diz respeito, como: formulação e execução do projeto
educativo. Na escola autônoma a participação deve ser consciente e de
interesse coletivo e não permitida, direcionada, funcionando como mecanismo
de adesão manipulada àquilo que está definido e que necessita apenas de
respaldo para ser operacionalizado.

Com isso, a autonomia possui capacidade de alterar a estruturação do


sistema, podendo fortalecer a escola, descentralizando atributos das esferas
administrativas (NEVES, 1995). A autonomia não é apenas realizar a
privatização da educação, mas sim direcionar o foco onde essa autonomia
deve acontecer, na escola.

Segundo Barroso:

O conceito de autonomia está etimologicamente ligado à ideia de


autogoverno, isto, à faculdade que os indivíduos (ou as organizações)
têm de se regerem por regras próprias. Contudo, se a autonomia
pressupõe liberdade (e capacidade) de decidir, ela não se confunde
com a ”independência”. A autonomia é um conceito relacional (somos
sempre autônomos de alguém ou de alguma coisa) pelo que a sua
ação se exerce sempre num contexto de interdependências e num
sistema de relações. A autonomia é também um conceito que
exprime sempre um certo grau de relatividade: somos mais, ou
menos, autônomos; podemos ser autônomos em relação a umas
coisas e não o ser em relação a outras (2003, p.16).
25

Com isso, entende-se que a escola não é uma ilha, mas sim uma
organização social e com isso está envolvida em diversas relações, influências
e interesses. Com isso, Barroso complementa:

A autonomia da escola não é a autonomia dos professores, ou a dos


pais, ou a dos gestores. A autonomia é um campo de forças, onde se
confrontam e equilibram diferentes detentores de influência (externa e
interna) dos quais se destacam: o governo, a administração,
professores, alunos, pais e outros membros da sociedade local (2003,
p.18).

Já na visão dos formuladores do PDE–Escola, essa autonomia surge


como proposta que altera a relação entre a sociedade e o Estado no campo
educacional e visa melhorar a qualidade do ensino nas escolas. Essa
autonomia é caracterizada como uma estratégia, um instrumento, um meio que
deve ser utilizado para a busca dos objetivos.

A ideia de autonomia da escola pública é baseada na participação e até


mesmo na transferência para comunidades, organizações populares e da
sociedade civil, visando a integração dos usuários na sua manutenção e no
desempenho. Ou seja, as escolas públicas possuem características de gestão
participativa, trazendo pais, mestres e toda a comunidade escolar para a
decisão de diretrizes essenciais para manutenção e evolução dos índices
escolares.

A autonomia da escola é, na maioria das vezes, vista como oposta à


ideia de centralização. Nesse sentido busca-se, ao implementá-la, aumentar o
poder de decisão da unidade escolar e acabar com a sua completa
dependência dos órgãos centrais. Pode-se verificar essas características no
Plano de Desenvolvimento da Escola, já que é a escola que irá elaborar o seu
plano estratégico, bem como realizar outras ações.
26

1.2. Plano de Desenvolvimento da Educação

Para adentrarmos na temática acerca do PDE–Escola é necessário


distinguir o Plano de Desenvolvimento da Educação e o Plano de
Desenvolvimento da Escola. Como Saviani (2007, p.1233), enfatiza o Plano de
Desenvolvimento da Educação surge como um grande “guarda–chuva” em
2007 e abriga consigo todos os programas e ações a serem desenvolvidas pelo
MEC. Os eixos e diretrizes centrais do PDE estão alinhados aos princípios da
Reforma do Estado e às políticas educacionais dos anos 1990. O Ministério da
Educação aproveitando-se da oportunidade, no mesmo ano em 2007, lançou a
proposta do IDEB, agregando nele diversas ações que estavam em andamento
no ministério, ajustando e atualizando outras. Essas ações são aquelas que
contemplam todos os níveis e modalidades de ensino, além de medidas de
apoio e de infraestrutura.

Abaixo, destacamos algumas ações/programas do PDE objetivando


identificar sua estrutura.
27

Figura 01 – Programas do Plano de Desenvolvimento da Educação.

Fonte: Portal do MEC, 2018. (Adaptado pelo autor)


28

Analisando a figura acima, verificamos que, de fato, o PDE não pode ser
intitulado de “Plano”, como Saviani (2009, p. 27) afirma, por conter um rol
extenso de programas em seu conteúdo. Pode-se definir que o PDE possui um
conjunto de ações que, a princípio, se constituem em estratégias para o
cumprimento das metas do PNE (2001 – 2010). Desta forma, identificamos o
PDE–Escola como um programa incluso dentro do Plano de desenvolvimento
da educação.

Os eixos principais que o PDE aborda é o desenvolvimento, ordenação


territorial e educação sistêmica. Como proposta de resultado, o plano cria uma
junção entre o desenvolvimento, território e educação, possuindo como
propósito, a qualidade do ensino, a igualdade e a potencialidade. O plano é
estruturado em cinco eixos principais: Educação Básica; Educação Superior;
Educação Profissional, alfabetização e diversidade. Portanto, a criação do PDE
objetiva a melhoria da qualidade da Educação e a redução de desigualdades
relativas às oportunidades educacionais – resumindo-se na garantia do direito
de aprender.

1.3. Plano de Desenvolvimento da Escola

De acordo com o Portal do MEC, o PDE–Escola foi idealizado no âmbito


do FUNDESCOLA, objeto de acordo de empréstimo firmado em 1998 entre o
Banco Mundial e o Governo Brasileiro, com objetivo de aprimorar a gestão
escolar, a qualidade do ensino e a permanência das crianças na escola. Nesse
momento, o Plano de Desenvolvimento da Escola constituía a ação principal do
programa, pois previa que as unidades escolares realizassem um planejamento
estratégico que subsidiaria outras ações.

Até 2005, o programa era destinado exclusivamente às escolas do


ensino fundamental, localizadas nas “Zonas de Atendimento Prioritário” (ZAP’s)
das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O critério para escolha dessas
zonas prioritárias era aquele com baixos Índices de Desenvolvimento Humano
(IDH) e que abrangiam número restrito de escolas e municípios (em média,
3.800 escolas e 450 municípios, entre 2000 e 2007).
29

Segundo o MEC, o PDE–Escola tinha como objetivo a autonomia, o


alcance de melhores resultados educacionais e a modernização da estrutura,
organização e gestão escolar, através do uso de moldes administrativos
gerencialistas. Com isso, o PDE–Escola trata-se de uma metodologia de
planejamento estratégico que prevê a melhoria e o crescimento da qualidade
do ensino, possuindo como uma de suas premissas a elaboração coletiva de
um Plano de Suporte Estratégico, que proporciona o fortalecimento da
liderança da escola e da gestão pedagógica, a concentração da equipe escolar
em ações eficazes que propiciem a superação de dificuldades e o crescimento
do desempenho do alunado e consequentemente da escola.

O PDE–Escola foi instituído pela Portaria Normativa Ministerial nº 27, de


21 de junho de 2007. Foi No Governo Luiz Inácio Lula da Silva, que esse plano
foi incorporado ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE/2007). Houve
ajustes conceituais e técnicos na metodologia do PDE–Escola, tendo como a
principal alteração a mudança no critério de definição do público-alvo, adotando
o IDEB como parâmetro, o que significou incluir todas as escolas públicas que
se enquadrassem nos critérios definidos. Esta decisão teve como principal
consequência um aumento substancial do público elegível nos anos seguintes.

Assim, a finalidade do PDE–Escola é melhorar a qualidade do ensino


das escolas prioritárias do Brasil, ou seja, escolas públicas com IDEB/2005 de
até 2.7 (nas séries iniciais) e 2.8 (nos anos finais) ou com IDEB/2007 de até 3.0
(nas séries iniciais) e 2.8 (nos anos finais) do ensino fundamental. Foi ainda
considerado público-alvo do PDE–Escola, as escolas públicas não prioritárias,
mas que apresentaram IDEB/2007 abaixo da média nacional de até 4.2 (nas
séries iniciais) e 3.8 (nos anos finais). As escolas cujo IDEB/2009 foi igual ou
inferior a 4.4 (nos anos iniciais) e 3.7 (nos anos finais) também foram
contempladas com o PDE–Escola.

“O PDE–Escola é uma ação de melhoria da gestão escolar


fundamentada centralmente na participação da comunidade. No PDE–Escola,
a comunidade escolar é diretamente envolvida em um plano de autoavaliação,
que diagnostica os pontos frágeis da escola e, com base neste diagnóstico
traça um plano estratégico [...]”. (BRASIL, 2007, p. 25). Ou seja, a participação
30

da comunidade se dá em oficinas organizadas pelo grupo de sistematização,


onde irão identificar quais as dificuldades a escola possuem e o que podem
propor para a melhoria da unidade escolar.

Podemos dizer que a comunidade escolar é composta por professores e


profissionais que atuam diretamente na escola, por alunos matriculados que
frequentam as aulas regularmente e por pais e/ou responsáveis dos alunos.

Desse modo, o planejamento estratégico da escola deve ser elaborado


por toda a equipe escolar, pais de alunos e demais interessados, que
responderão algumas perguntas, como o que é a escola, o que ela pretende
fazer, aonde ela pretende chegar, de que maneira e com quais recursos.

“No Plano de Desenvolvimento da Escola, a escola analisa o seu


desempenho, seus processos, suas relações internas e externas, seus valores,
sua missão, suas condições de funcionamento e seus resultados. A partir
dessa análise, projeta o seu futuro, define aonde quer chegar, que estratégias
adotará para alcançar seus objetivos, que processos desenvolverá, quem
estará envolvido em cada processo e qual o perfil de saída de seus alunos”.
(BRASIL, 2006, p. 21).

Todo o processo de elaboração e implementação do PDE é coordenado


pela liderança da escola, que tem no diretor(a) seu representante máximo. A
comunidade escolar participa da sua elaboração propondo alternativas para
que a escola melhore seus índices que compõem o IDEB, no entanto, não
participa efetivamente de todas as etapas, como por exemplo na etapa de
execução e de monitoramento e avaliação sendo essas atribuições aos outros
grupos definidos.

1.3.1. Etapas para implementação do PDE–Escola

O manual Como elaborar o Plano de Desenvolvimento da Escola


apresenta alguns passos a serem seguidos na elaboração do planejamento da
escola, além do estabelecimento de oficinas a serem desencadeadas pelo
Grupo de Sistematização junto aos integrantes da equipe escolar.
31

Figura 02 - Etapas para a implementação do PDE

1º ETAPA
Preparação

5º Etapa
2º ETAPA
Acompanhamento
Análise Situacional
e Controle

3º ETAPA
4º ETAPA
Definição da Visão
Execução
estratégica e P.S.E

Fonte: Manual Técnico PDE–Escola – FNDE – MEC, 2006. (Adaptado pelo Autor)

1.3.2 Primeira Etapa – Preparação

É a etapa em que a escola se organiza para a elaboração do PDE, define


os passos a serem seguidos, identifica as responsabilidades, promove o estudo
do manual e divulga o processo a toda a comunidade escolar. Sinaliza-se os
dados gerais da escola, mediante questionamentos direcionados às áreas de
desempenho, gestão e qualificação técnico-gerencial da equipe escolar.
Atividade esta que é realizada durante oficinas, por meio de respostas aos
quadros e questionários semiestruturados, durante a reunião pedagógica
escolar.
Em linhas gerais, esta etapa consiste na preparação do ambiente
institucional para o planejamento e requer a adoção de algumas medidas que
precedem o planejamento em si e que são cruciais para o sucesso da gestão.
Os passos iniciais influenciam a forma como o planejamento e o restante do
ciclo de gestão vão acontecer na prática, que consistem em:

A) estudar a metodologia;
32

B) convidar o Conselho Escolar para elaborar o plano ou constituir um


Grupo do Trabalho com a comunidade escolar;
C) indicar o(a) Coordenador(a) do plano;
D) conhecer os membros do Comitê de Análise e Aprovação da
Secretaria de Educação;
E) divulgar junto à comunidade escolar o início do processo de
elaboração do planejamento da escola.

Uma boa preparação da escola eleva as chances de que o plano seja de


fato um instrumento de mudança da realidade da unidade escolar, na medida
em que confere um caráter institucionalizado e democrático para a elaboração
e execução, mobilizando a comunidade escolar em torno dos objetivos.

O modo como essa preparação ocorreu variou em função de como a


elaboração foi conduzida pelo Conselho Escolar ou grupo de trabalho criado
para tal, bem como Comitê de Análise e Aprovação do estado ou município ou
outros técnicos designados para essa função. De certo modo, podem ter
ocorrido casos de escolas que apenas cumpriram formalmente as etapas da
preparação do ambiente institucional que foram elementos obrigatórios para
avanço no preenchimento do sistema e em geral apenas fizeram o
planejamento de forma centralizada, enxergando a elaboração do plano como
mero preenchimento de formulário para a consecução de recursos.

Por outro lado, podem ter ocorrido escolas que se empenharam em


conhecer afinco a metodologia de planejamento, e estabeleceram uma
proximidade com a comunidade escolar e o Comitê de Análise e Aprovação,
mobilizando assim, todas as partes interessadas em torno do processo de
elaboração. Embora a mobilização não tenha sido uma das tarefas mais
simples de se fazer, no entanto, ela é de suma importância pois enriquece o
planejamento e a sua execução, trazendo consigo perspectivas dos variados
segmentos da comunidade escolar, além de garantir uma maior legitimidade e
transparência.

Para que a preparação ocorra como é orientado, sugeria-se que a


unidade escolar seguisse os passos:
33

Passo 01 – Definição do GT (Grupo de trabalho)

A preparação para o PDE–Escola começa com a formação de um Grupo


de Trabalho (GT), composto por pessoas que se dispuseram a participar da
sua elaboração. Sugeriu-se que o GT fosse o próprio Conselho Escolar,
selecionando entre 5 (cinco) e 10 (dez) membros e que estes representassem
os diversos segmentos. Caso a unidade escolar não possuísse Conselho
Escolar, recomendava-se que fosse constituído um GT específico para a
elaboração do PDE–Escola.

Quadro 01 – Responsabilidades do Grupo de trabalho


Responsabilidades do GT
O Grupo de Trabalho foi uma equipe composta, no mínimo, pela liderança formal da escola
(diretor(a), vice-diretor(a), coordenador(a) pedagógico(a), orientador(a), por um(a)
representante dos docentes, um dos pais ou responsáveis e um representante dos
estudantes, de todos os turnos e níveis.

Era preferível que este grupo fosse formado pelos conselheiros escolares e que
divulgassem sistematicamente as suas ações junto à comunidade escolar. O número de
pessoas dependeria da estrutura da escola e da disposição em participar voluntariamente
da elaboração e do acompanhamento do plano. Não se recomendava mais de 10 (dez)
membros, sob o risco de inviabilizar ou retardar a elaboração do PDE –Escola.

Eram responsabilidades do Grupo de Trabalho: convocar reuniões, elaborar o plano,


encaminhar e acompanhar a análise do plano junto à Secretaria de Educação, acompanhar
a implementação e execução do PDE-Escola e promover avaliações contínuas do plano.
Fonte: Manual PDDE–Interativo, 2019. (Adaptado pelo Autor)

Passo 02 – Definição do Coordenador (a) do Plano

Depois de criar o GT, se fez necessário definir quem seria o(a)


Coordenador(a). Foi recomendado que não fosse o(a) diretor(a), pois este
geralmente já possuía muitas atribuições. Em geral, atuaria como líder junto à
equipe.

Quadro 02 – Responsabilidades do Coordenador


Responsabilidades do Coordenador (a)
O(A) Coordenador(a) deveria ser um membro do Grupo de Trabalho, escolhido pelo próprio
GT. Um(a) candidato(a) natural ao cargo de coordenador(a) do PDE –Escola deveria ser
o(a) coordenador(a) pedagógico(a) da escola. Ele(a) possuía a função principal animar o
processo de elaboração, orientar o grupo e coordenar as ações que devem ser tomadas
para a elaboração, a execução, o monitoramento e a avaliação do PDE Escola. Uma
característica essencial do(a) coordenador(a) do PDE –Escola foi que ele(a) conhecesse
34

bem a escola, entendesse os principais indicadores educacionais e soubesse interpretá-los,


ajudando o GT a identificar os principais desafios e definir as ações necessárias para
enfrentá-los
Fonte: Manual PDDE–Interativo, 2019. (Adaptado pelo Autor)

Passo 03 – Conhecimento do Comitê de Análise e Aprovação

Este foi o último passo antes de iniciar a elaboração do Diagnóstico.


Neste momento, a escola conheceu o Comitê de Análise e Aprovação do PDE–
Escola. Este comitê foi criado pela Secretaria de Educação Municipal ou
Estadual, com atribuições de analisar, revisar, aprovar, encaminhar para o
MEC e acompanhar a execução do plano pedagógico da escola. Este grupo
também foi o responsável pelo gerenciamento do cadastro dos(as)
diretores(as) no PDDE–Interativo.

Quadro 03 – Responsabilidades do Comitê de Análise e Aprovação


Responsabilidades do Comitê de Análise e Aprovação
O Comitê de Análise e Aprovação do PDE–Escola foi um grupo de técnicos da Secretaria
de Educação que acompanhou as escolas que desenvolveram o seu Plano de
Desenvolvimento. Suas principais atribuições foram:

I) Prestar assistência técnica na elaboração e execução do PDE –Escola e;


II) Analisar e emitir parecer para o MEC acerca dos planos de todas as escolas de
sua rede (estadual ou municipal) com base em critérios técnicos, pedagógicos e
financeiros.
Era imprescindível que os membros do Comitê visitassem as escolas e conhecessem bem
a metodologia do PDE Escola. Para o MEC, o Comitê de Análise e Aprovação representava
a palavra da Secretaria de Educação, de modo que, ao encaminhar um plano para o
Ministério, entendia-se que ele foi efetivamente aprovado pelo(a) dirigente de Educação.
Por esta razão, recomendava-se que o Comitê fosse formalmente designado pelo(a)
gestor(a) da pasta, por meio de um decreto, portaria ou qualquer outro instrumento que
caracterizasse a criação desse grupo.
Fonte: Manual PDDE–Interativo, 2019. (Adaptado pelo Autor)

Ao analisar o quadro 03, podemos constatar que o Comitê de Análise e


Aprovação foi uma peça fundamental para o sucesso do PDE–Escola, pois
caso ele não realizasse corretamente as suas atribuições, correria o risco de
que algumas escolas não conseguissem participar do programa ou de que
agissem equivocadamente por falta de informação e apoio. E isto não
prejudicaria apenas os alunos e a gestão escolar, mas também a Secretaria de
Educação, que teria deixado de aproveitar as oportunidades de melhorarem os
resultados das escolas. No caso das escolas que não estavam na lista para
35

receberem os recursos federais do PDE–Escola, os técnicos responsáveis por


esta atividade poderiam ser os mesmos que formam a equipe do Plano de
Ações Articuladas (PAR) e deveriam atuar conforme orientações da própria
Secretaria.
Após o conhecimento do Comitê, se fez necessário que fosse montado
uma agenda de trabalhos e de visitas nas escolas. A figura a seguir, apresenta
como o usuário com perfil de Diretor tomava conhecimento dos responsáveis
por este passo.

Figura 03 – Responsáveis pelo Comitê de Análise e Aprovação.

Fonte: Manual PDDE–Interativo, 2019. (Adaptado pelo Autor)

1.3.3 Segunda Etapa (Autoavaliação - Análise situacional ou Diagnóstico)

É a etapa onde foi realizado o levantamento sistemático de dados e


informações sobre a qualidade da escola em seus diferentes aspectos. Nesta
etapa, a escola refletiu sobre o significado desses dados e informações para
obter uma melhor compreensão do que está sendo feito e do que deveria ser
36

feito para melhorar o seu desempenho. A autoavaliação é uma condição


indispensável para que a escola pudesse elaborar a sua visão estratégica e
seu plano de suporte estratégico. São solicitados dados gerais como nome,
endereço, modalidade de ensino ministrado, dependências escolares e
condições de uso, matrícula inicial e matrícula final.

O Diagnóstico é uma das etapas mais importantes de todo tipo de


planejamento, pois representa o momento em que os planejadores se
defrontam com a realidade que pretendem alterar. O principal objetivo do
diagnóstico no PDE–Escola foi de ajudar a escola a fazer o seu "raio X”, ou
seja, conhecer a situação atual e, a cada momento, tentar identificar os
principais problemas e desafios a serem superados. E para que esse
diagnóstico fosse bem elaborado, necessitava da participação de toda a
comunidade escolar.

No caso do PDE–Escola, não se tratou apenas de responder e


preencher os campos, mas de possibilitar a reflexão sobre os dados que estão
sendo inseridos no diagnóstico. Portanto, o Grupo de Trabalho tinha a
responsabilidade de avaliar cautelosamente cada ponto e debatê-los até
chegar a um entendimento comum e aceitável por todos. Para tanto, quanto
mais informações relevantes pudessem ser reunidas no diagnóstico, maiores
as chances de o plano ter sido bem elaborado.

O diagnóstico foi feito a partir de recortes conceituais da realidade que


direcionaram o olhar para aspectos relevantes acerca do funcionamento da
escola. Os recortes foram baseados nos estudos sobre os fatores que são
determinantes para a qualidade da educação oferecida. Um olhar detalhado
sobre o conjunto desses recortes deu uma perspectiva de como funciona a
escola e aponta os aspectos que deveriam ter sido aperfeiçoados pela gestão.

Neste sentido, o sistema PDE–Interativo dividiu o campo diagnóstico em


3 eixos e, em cada eixo, foram incluídas duas dimensões. As dimensões, por
sua vez, subdividiram-se em temas. O quadro abaixo apresentará como foi a
estrutura do Diagnóstico para um melhor entendimento desta etapa.

Quadro 04 – Eixos e dimensões a serem identificados no Diagnóstico.


EIXO DIMENSÕES TEMAS
37

Resultados Dimensão 1 – Indicadores e taxas IDEB


Taxas de Rendimento
Prova Brasil
Dimensão 2 – Distorção e Matrícula
Aproveitamento Distorção Idade-Série
Aproveitamento Escolar
Áreas de Conhecimento
Intervenção Dimensão 3 – Ensino e Planejamento pedagógico
Direta Aprendizagem Tempo de Aprendizagem
Dimensão 4 – Gestão Direção
Processos
Finanças
Intervenção Dimensão 5 – Comunidade Escolar Estudantes
Parcial ou Indireta Docentes
Demais Profissionais
Pais e Comunidade
Dimensão 6 – Infraestrutura Instalações
Equipamentos
Fonte: Manual PDDE–Interativo, 2015. (Adaptado pelo Autor)

Verifica-se que no caso do Eixo 1, as informações expostas estão mais


objetivas e ajudaram a escola a refletir como andava o desempenho da escola
em relação a alguns indicadores relevantes para a Educação, bem como
ajudaram a gestão escolar a localizar problemas em relação às disciplinas
críticas, por exemplo.

O Eixo 2, não por acaso, está no centro do diagnóstico. Refletiu acerca


dos elementos sobre os quais a equipe gestora possuía melhores condições de
intervenção, pois foram questões que dependiam diretamente da sua atuação.
Esse momento exigiu uma maior capacidade de autocrítica da equipe escolar.

O Eixo 3, por sua vez, apresentou fatores que poderiam ser enfrentados
pela equipe gestora, mas exigiu uma maior capacidade de mobilização e
motivação. É muito comum que as escolas concentrem os problemas apenas
nesse eixo, alegando, por exemplo, baixo nível de envolvimento dos
estudantes, dos docentes ou dos pais. Ou acreditando que a simples melhoria
na infraestrutura resolveria todos os problemas, o que raramente acontece.
Resolver os problemas do Eixo 3 exigia certa criatividade, negociação e
perseverança, sobretudo quando se trata da comunidade escolar.
38

1.3.4 Terceira Etapa (Definição da visão estratégica e do plano de suporte


estratégico)

Etapa de elaboração da visão estratégica (valores, visão de futuro,


missão e objetivos estratégicos da escola) e do plano de suporte estratégico
(estratégias, metas e planos de ação), para a implementação dos objetivos
estratégicos.

A figura abaixo, demonstra a sistematização da sequência lógica


proposta:

Figura 04 – Cadeia lógica para o plano de suporte estratégico

Fonte: Manual PDDE Interativo, 2015. (Adaptado pelo Autor)

A elaboração do plano foi dividida em duas etapas. Primeiro foram


definidos os grandes desafios, que foram os objetivos que a escola pretendeu
alcançar nos dois anos de implementação do plano. Os Grandes Desafios
foram construídos a partir dos principais indicadores educacionais abordados
na Dimensão 1 do diagnóstico: IDEB, Taxas de rendimento e Prova Brasil.
Depois de definidos os grandes desafios, foram construídos os Planos de
Ação, um para cada dimensão do diagnóstico.
39

1.3.5 Quarta Etapa (Execução)

Etapa em que os planos de ação estabelecidos pela escola são


implementados.

1.3.6 Quinta Etapa (Monitoramento e avaliação)

Foi a etapa de verificação da execução dos planos de ação, dos


resultados alcançados e de adoção de medidas corretivas, quando necessário.
Deveriam estar presentes todos os envolvidos no processo para que se fizesse
uma verificação dos resultados alcançados e, se necessário, a correção do
percurso. Nesta etapa deveriam estar envolvidos o Comitê Estratégico, o
coordenador do PDE, os líderes de objetivos, os gerentes de planos de ação e
os membros das equipes dos planos de ação.

O manual do PDE Escola informa que “É necessário criar uma estrutura


que garanta a elaboração e a implementação do PDE de maneira organizada e
eficaz”. A estrutura sugerida compõe-se dos seguintes elementos:

I. Grupo de Sistematização do PDE - Equipe composta pela liderança


formal da escola (diretor, vice-diretor, coordenador pedagógico,
orientador, secretário). É aconselhável que o grupo conte também com
representantes dos professores. Esse grupo é liderado pelo diretor da
escola.

II. Comitê Estratégico - Composto pelo Grupo de Sistematização e pelo


Colegiado Escolar (quando existe), é a instância máxima para o
acompanhamento e controle da execução do PDE. Quando não há o
Colegiado Escolar, o Comitê deve incluir, além dos membros do Grupo
de Sistematização, representantes dos pais, dos professores e dos
alunos.

III. Coordenador do PDE - Membro do Grupo de Sistematização, indicado


pelo diretor da escola, com aprovação do Grupo de Sistematização.
Responde diretamente ao diretor e tem por função secretariar o Grupo
40

de Sistematização e coordenar as ações que devem ser tomadas para a


elaboração, a execução, o monitoramento e a avaliação do PDE. Um
candidato natural ao cargo de coordenador do PDE é, geralmente, o
coordenador pedagógico da escola.

IV. Líderes de Objetivos Estratégicos - Pessoas indicadas pelo diretor, em


acordo com o Grupo de Sistematização, para coordenar as atividades
relacionadas a cada objetivo estratégico definido no PDE. Haverá tantos
líderes quantos forem os objetivos estratégicos que a escola pretende
alcançar

V. Gerentes dos Planos de Ação - Pessoas indicadas pelos líderes de


objetivos, com aprovação do Grupo de Sistematização, para gerenciar a
execução dos planos de ação que o PDE estabelecer. Cada objetivo
estratégico pode abrigar várias metas, e a cada meta está associado um
plano de ação (planos concebidos para o desenvolvimento das metas).
Haverá tantos gerentes quantas forem as metas (e seus respectivos
planos de ação) do PDE que a escola desenvolver.

VI. Equipes dos Planos de Ação - Equipes associadas a cada meta/plano


de ação, composta por pessoas indicadas pelos gerentes dos planos de
ação, em acordo com os líderes de objetivos, para atuar na meta/plano
de ação correspondente. O número e o perfil dos membros de cada
equipe variam de acordo com a necessidade do trabalho a ser
executado. As pessoas indicadas para fazerem parte da equipe de um
dado plano de ação devem ser aquelas que estão diretamente ligadas
ao problema a ser solucionado e que têm capacidade técnica para tanto.

A Figura 05 representa esquematicamente a estrutura para a elaboração


e implementação do PDE (Constituição do Grupo de Sistematização).
41

Figura 05 - Esquematização da estrutura para a elaboração e implementação


do PDE.
GRUPO DE COLEGIADO
SISTEMATIZAÇÃO ESCOLAR

COORDENADOR
DO PDE

LÍDER DE LÍDER DE LÍDER DE


OBJETIVO OBJETIVO OBJETICO

GERENTES DOS GERENTES DOS GERENTES DOS


PLANOS DE AÇÃO PLANOS DE AÇÃO PLANOS DE AÇÃO

EQUIPE DO PLANO EQUIPE DO PLANO EQUIPE DO PLANO


DE AÇÃO DE AÇÃO DE AÇÃO

Fonte: Manual Técnico PDE Escola – FNDE – MEC, 2006. (Adaptado pelo Autor)

De acordo com o manual, o processo de elaboração e implantação do


PDE–Escola é coordenado pela liderança da unidade educacional com o apoio
da comunidade escolar. Isso não significa que todos devam participar de todas
as decisões, embora todos possam e devam opinar; é importante e necessário
criar uma estrutura que garanta a elaboração e implementação do PDE–Escola
de maneira organizada e eficaz. (BRASIL, 2006, p. 27).

Ao coletar informações do MEC/FNDE, pode-se constatar que o PDE–


Escola não está mais em funcionamento, sendo seu último ano de vigência
2015. No período entre 2007 a 2015 houve um hiato no programa, momento
em que os recursos do PDE–Escola não beneficiaram as unidades escolares,
sendo este o ano de 2013.

1.4. PDDE–INTERATIVO – Plataforma de gestão integrada

É notório que há certa dúvida a respeito da diferença entre o PDDE–


Interativo e o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE–Escola).
42

De acordo com o portal do MEC, o PDDE Interativo foi um sistema


criado para ser o ambiente de execução do programa PDE–Escola, e por isso,
toda a sua estrutura foi baseada na metodologia e no funcionamento desse
programa. Com a entrada de outras ações de repasse direto às escolas como o
(PDDE–Água e esgotamento sanitário, PDDE–sustentável, PDDE–Acessível e
PDDE–Campo), o sistema PDDE–Interativo se tornou não só o ambiente do
PDE–Escola, mas uma ferramenta de planejamento e gestão da escola
integrado para todas estas ações. O PDDE–Interativo deixou de ser o sistema
de um programa para se tornar uma plataforma de planejamento e gestão de
diversos programas e ações do PDDE.

O PDDE–Interativo surgiu em 2012, como uma resposta às demandas


encaminhadas por diversas secretarias de educação que desejavam utilizar a
metodologia de planejamento do PDE–Escola em toda a sua rede,
independente dos repasses de recursos federais.

Com isso, a principal diretriz adotada pelo MEC para implementar essa
ideia foi oferecer uma ferramenta de fácil acesso e compreensível por todos
aqueles que compõem a comunidade escolar, sem a obrigatoriedade de
realizar formações presenciais. O objetivo do Ministério da Educação foi de
fortalecer a gestão escolar democrática e participativa, envolvendo
efetivamente todos os segmentos da escola que podem ajudar a construir uma
escola pública cidadã.

A construção do PDDE–Interativo contou com a participação direta das


coordenações estaduais do PDE–Escola e das Coordenações do programa
nas capitais dos estados. Após essas contribuições realizadas, verificou-se que
houve um aumento a partir de 2012 de escolas que utilizaram o sistema
PDDE–Interativo, mesmo aquelas que não iriam receber os recursos por parte
do MEC.

Todas as escolas públicas podem utilizar o PDDE–Interativo para outros


programas. No PDE–Escola, algumas telas variavam em função da
participação da escola no programa. Com isso, foram distinguidos dois grupos
para cadastramento:
43

1) Escolas priorizadas pelo PDE–Escola, ou seja, aquelas que, ao


concluírem o seu planejamento receberam recursos financeiros do MEC
para realizar todas ou algumas ações.

2) Escolas não priorizadas pelo PDE–Escola, ou seja, aquelas que não


receberam recursos financeiros desse programa. Neste segundo caso,
as próprias escolas informaram quais recursos financeiros poderiam
dispor no ano de execução do plano.

A próxima figura apresenta o rol de programas que foram contemplados


no sistema PDDE–Interativo.

Figura 06 – Programas que o PDDE–Interativo contemplou na época do


PDE–Escola.

Fonte: Portal do MEC,2018. (Adaptado pelo autor).

O sistema PDDE–Interativo, dividiu o acesso dos usuários, onde varia


em função do perfil da pessoa interessada, que são divididos em um dos sete
perfis abaixo:

Quadro 05 – Perfil e atribuições do usuário no PDDE–Interativo .


PERFIL REQUISITOS DE ACESSO
44

Diretor (a) - Só pode ser solicitado por um(a) diretores(as) de escola em atividade.
- Permite preencher o plano da escola, alterar e salvar informações antes
de enviar para o Comitê.
- O mesmo CPF não pode se cadastrado para mais de uma escola.
- Não permite enviar o plano diretamente para o MEC, só para o Comitê.
- Quem libera o acesso para este perfil é um dos membros do Comitê,
que são técnicos designados pela Secretaria de Educação

Comitê Municipal - Só pode ser solicitado pelos membros dos Comitês das Secretarias
Municipais de Educação.
- Permite visualizar os planos de todas as escolas municipais.
- Permite redigir o parecer de análise de cada plano e devolvê-lo para a
escola ou encaminhá-lo para o MEC.
- Permite cadastrar e gerenciar todos os diretores municipais, incluindo,
excluindo ou modificando informações do cadastro.
- Quem libera o acesso para este perfil é o MEC
Comitê Estadual - Só pode ser solicitado pelos membros dos Comitês das Secretarias
Estaduais de Educação.
- Permite visualizar os planos de todas as escolas municipais e estaduais
da unidade federativa do usuário cadastrado.
- Permite redigir o parecer de análise dos planos estaduais e devolvê-lo
para a escola ou encaminhá-lo para o MEC.
- Permite cadastrar e gerenciar todos os diretores estaduais, incluindo,
excluindo ou modificando informações do cadastro. - Quem libera o
acesso para este perfil é o MEC, a partir do recebimento da portaria ou
ofício e da solicitação de cadastro no sistema
Consulta municipal - Permite apenas visualizar os planos das escolas municipais
Consulta Estadual - Permite apenas visualizar os planos das escolas estaduais
Consulta - Permite apenas visualizar os planos de todas as escolas do país
Equipe MEC - Só pode ser solicitado por servidores ou colaboradores do MEC.
- Permite visualizar os planos, emitir o parecer de aprovação ou devolver
para o Comitê, que solicitará ajustes às escolas.

Fonte: Manual PDDE–Interativo,2019.

No caso do PDE–Escola, o Ministério da Educação gerenciava apenas


os cadastros dos perfis “Comitê Municipal”, “Comitê Estadual” e “Equipe MEC”.
As Secretarias de Educação, por sua vez, se responsabilizavam pelo
gerenciamento dos perfis “Diretor(a)”, “Consulta Municipal” (secretarias
municipais) e “Consulta Estadual” (secretarias estaduais). Isto significou que o
MEC não fazia o cadastramento ou descadastramento dos gestores escolares
nem de visitantes, sendo essa responsabilidade atribuída apenas as
secretarias.

A figura a seguir, demonstra a tela inicial que é visualizada pelo Diretor


da escola e exibe a situação geral do plano de trabalho. Do lado esquerdo,
encontra-se a árvore do plano, ou seja, a lista de telas a serem preenchidas.
Antes do preenchimento, todos os itens possuíam o símbolo de exclamação e,
45

à medida que a escola iria concluindo e salvando cada etapa, o símbolo de


visto surgia.

Figura 07 – Página inicial do PDDE–Interativo para o Diretor.

Fonte: Manual PDDE–Interativo, 2019. (Adaptado pelo Autor)

Nota-se que do lado direito da tela, a escola visualiza a situação do seu


plano, onde deve informar o que deseja fazer. Se ainda não havia iniciado,
46

deveria clicar em “Iniciar plano”; se não havia concluído, deveria selecionar


“Concluir plano” e, se já havia concluído e enviado para o Comitê deveria
selecionar “Visualizar plano”.

Abaixo desses comandos, o PDE–Interativo informa em que situação se


encontra o plano da escola e há quanto tempo. Esta informação é muito
importante para que a escola, a secretaria e o MEC acompanhem o andamento
de cada plano.

1.5 Plano de ações financiáveis

O plano de ações financiáveis – PAF, é um conjunto de metas e ações


financiáveis selecionado pela escola. No PDE–Escola, o PAF tinha o objetivo
de auxiliar a escola na melhoria de aprendizagem dos alunos e do IDEB. O
PAF surgiu para oferecer melhores condições de gerenciamento de todos os
recursos disponíveis na escola, por meio da seleção das metas e ações
financiáveis do PDE–Escola, além de indicar quais eram as metas que deviam
ser financiadas pelo MEC/FNDE, para inserção no sistema.

Com isso, ao submeter seu plano de trabalho no PDDE–Interativo, a


escola teria que identificar quais eram as metas e ações do PDE–Escola que
necessitavam de recursos financeiros para a sua execução, além de indicar a
fonte de crédito para o financiamento de cada ação, e encaminhar o PAF para
o Comitê estratégico da secretaria e, somente após a aprovação, iniciar a
execução dessas ações financiáveis.

A Secretaria de Educação (Municipal ou Estadual) possuía a


obrigatoriedade de prestar o assessoramento técnico às escolas na
constituição do plano de ações financiáveis, analisar, aprovar o PAF, inserir as
ações financiáveis pelo MEC/FNDE no sistema, realizar o monitoramento,
acompanhamento e prestar assistência técnica na execução de todo o PDE–
Escola e não somente das ações que estão no PAF. O quadro abaixo
demonstra os recursos destinados para cada escola, de acordo com o seu
quantitativo de alunos.

Quadro 06 – Faixas de Financiamento do PAF.


47

FAIXA DE ALUNOS VALOR DO DISTRIBUIÇÃO DOS CUSTEIOS


REPASSE CAPITAL (40%) CUSTEIO (60%)
NAS ESCOLAS
Até 99 R$ 10.000,00 R$ 4.000,00 R$ 6.000,00
100 a 499 R$ 16.000,00 R$ 6.400,00 R$ 9.600,00
500 a 999 R$ 31.000,00 R$ 12.400,00 R$ 18.600,00
1.000 a 1.999 R$ 43.000,00 R$ 17.200,00 R$ 25.800,00
2.000 a 2.999 R$ 53.000,00 R$ 21.200,00 R$ 31.800,00
3.000 a 3.999 R$ 65.000,00 R$ 26.000,00 R$ 39.000,00
Acima de 4.000 R$ 75.000,00 R$ 30.000,00 R$ 45.000,00
Fonte: Manual Técnico PDE–Escola – FNDE/MEC, 2006.

Os recursos foram repassados diretamente às UEX – Unidades


Executoras das escolas beneficiadas, condicionados a prévia celebração do
Termo de Compromisso com a entidade mantenedora da escola e à existência,
de Unidade Executora própria ou consorciada, cadastrada no FNDE, na data
de inserção das informações do plano.

Em síntese, este capítulo procurou demonstrar características da teoria


de implementação de uma política/programa e da autonomia que as escolas
possuíram ao elaborar o plano de ação do PDE–Escola. Tratou também acerca
da diferença entre o PDE, PDE–Escola e PDDE–Interativo, além de evidenciar
o significado e objetivos do PAF.

No próximo capítulo, são apresentadas a metodologia e a análise das


escolas que receberam o PDE–Escola.
48

2. PDE–ESCOLA NAS UNIDADES ESCOLARES DO RIO GRANDE DO NORTE E EM

NATAL

Como forma de verificar como se deu o processo de implementação do


PDE–Escola nas escolas do Município de Natal/RN, optou-se por realizar uma
análise preliminar do panorama geral do programa. Com isso, tendo a Lei
12.527, de 18 de novembro de 2011, Lei de acesso à informação – LAI como
garantidora de acesso às informações acerca de atividades e transações
governamentais, foi realizado um pedido de acesso através do Sistema
Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão – e-SIC.

O pedido foi realizado no dia 19 de outubro de 2018, com o objetivo de


obter acesso às informações acerca da relação de Escolas do Rio Grande do
Norte que receberam recursos do Programa PDE–Escola, bem como valores
repassados por cada escola, desde a primeira edição, até o último ano de
funcionamento.

Com isto, foram disponibilizadas no dia 30 de outubro de 2018, oito


planilhas com as escolas da rede estadual e municipal do Rio Grande do
Norte/RN que foram contempladas com os recursos do PDE–Escola referente
ao período de 2007 a 2012 e nos exercícios de 2014 e 2015. Em conformidade
com o CODDE – Coordenação de Execução do Dinheiro Direto na Escola, em
2013 não houve repasse de recursos a nenhuma entidade da federação.

Inicialmente foi feito uma análise geral e ampla de quantas escolas do


Rio Grande do Norte foram contempladas, bem como onde estão inseridas.
Posteriormente foi realizado um recorte das unidades escolares que estavam
localizadas no município de Natal e foi feito uma análise mais aprofundada,
como quais regiões administrativas estão inseridas, qual valor de repasse, ano
de implementação do PDE–Escola e quantitativo de alunos.
49

Desse modo, foram selecionadas quatro escolas de cada região (norte,


sul, leste e oeste) que receberam os recursos do PDE–Escola durante o seu
período de vigência, observando as questões sociais distintas para a realização
das atividades in loco. Um ponto relevante para a escolha das unidades
escolares foi a disponibilidade e concordância das próprias escolas e seus
gestores em colaborar com o estudo.

Foram seguidos os seguintes critérios:

a. 01 unidade escolar situada na zona administrativa oeste da rede


estadual;
b. 01 unidade escolar situada na zona administrativa leste da rede
municipal;
c. 01 unidade escolar situada na zona administrativa norte da rede
estadual;
d. 01 unidade escolar situada na zona administrativa sul da rede
municipal;
Abaixo, essas informações estão representadas em figura:

Figura 08 – Critérios para seleção das escolas.

Fonte: Elaboração própria, 2018.

Após a seleção das escolas, foi feito trabalho de campo, o qual seguiu
as seguintes ordens de atividades:
50

a. Realização de entrevista com a gestão escolar, com o intuito de


identificar como se deu a elaboração das etapas para a
implementação do PDE:
 Nesta etapa, a gestão escolar expôs como se estruturou ao receber
informações de que iria ser disponibilizado recursos do Governo
Federal. Entenderemos como se deu a mobilização de toda a equipe
escolar;

b. Aplicação de questionário semiestruturado com a gestão escolar e


coleta de informações;

c. Análise de informações coletadas.

2.1 O Rio Grande do Norte

A análise de dados será realizada preliminarmente com informações dos


investimentos no Rio Grande do Norte. Após, será desenvolvido um estudo
mais aprofundado das unidades escolares estaduais e municipais que
receberam os recursos no Município de Natal, bem como demais informações
importantes para análise dos documentos disponibilizados.

A tabela 1, remete o quantitativo de transferências realizadas para


escolas municipais e estaduais no Rio Grande do Norte no âmbito do PDE -
Escola. O total na segunda coluna não significa dizer que é o quantitativo de
escolas que receberam investimentos, pois como o programa é válido por dois
anos para cada escola, muitas delas podem receber em anos seguintes. Pode-
se dizer então que, as informações abaixo mostram o quantitativo de
transferências de recursos do PDE – Escola que foram disponibilizados para a
execução das ações.

Tabela 01 – Total de transferências de recursos do PDE – Escola realizada por


ano. Escolas Municipais e Estaduais do Rio Grande do Norte, 2007-2015.
ANO TOTAL DE OCORRÊNCIAS
51

2007 109

2008 366

2009 672

2010 486

2011 252

2012 318

2014 262

2015 189

TOTAL 2.654
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MEC/FNDE, 2019.

De acordo com a tabela acima, vemos que os anos 2009 e 2010 foram
os anos em que houve um maior quantitativo de escolas contempladas com o
PDE Escola, sendo 2009 com 672 escolas e 2010 com 486 escolas. Os anos
que com a menor quantidade de escolas participantes do programa foi o ano
de seu início e no seu término, sendo em 2007 com 109 escolas e 2015 com
189 escolas participantes, sendo todas elas da rede municipal e estadual. Vale
salientar que o Plano tem vigência de dois anos, portanto, existirão escolas que
receberam recursos pelos dois anos, podendo assim, haver repetições de
escolas nas planilhas, consequentemente, nesta tabela também. Esta tabela
explicita o quantitativo de vezes em que houve disponibilização de recursos
federais às escolas.

Como as planilhas fornecidas pelo MEC/FNDE contemplam todas as


escolas do Rio Grande do Norte, o quadro abaixo apresentará o quantitativo de
escolas que receberam o PDE–Escola sendo dividido a rede e o ano de
benefício.

Quadro 07 - Total de escolas que foram beneficiadas pelo PDE, por


rede de ensino e ano. Rio Grande do Norte, 2007 – 2015.
ANO REDE MUNICIPAL REDE ESTADUAL

2007 30 84
52

2008 208 158

2009 280 392

2010 253 233

2011 179 73

2012 218 100

2014 204 65

2015 135 54

TOTAL 1.507 1.159


Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MEC/FNDE, 2019.

De acordo com o quadro acima, vemos que há um equilíbrio do


quantitativo de escolas que foram beneficiadas com o PDE - Escola, sendo
1.507 para escolas da rede municipal (57%) e 1.159 escolas da rede estadual
(43%)

2.2 Natal/RN

Para obter um melhor entendimento de como esses recursos foram


distribuídos, as informações abaixo terão o recorte territorial no Município de
Natal.

Quadro 08 - Quantidade de escolas municipais que receberam os recursos do


PDE–Escola por bairro e ano. Município de Natal
BAIRRO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2014 2015 TOTAL

Alecrim 1 - 1 - 2 1 - - 5

Bom Pastor 1 - - - 1 1 - - 3

Barro Vermelho - - - - - - - - 0

Cidade da 1 - 1 1 1 1 - - 5
Esperança

Cidade Alta - - 1 - 1 - - - 2

Candelária - - - - - - - - 0

Capim Macio - - - - - - - - 0

Cidade Nova - - 1 - - - 2 - 3
53

Dix Sept Rosado - - 1 - 1 - 1 - 3

Felipe Camarão - 4 1 3 - - - 8

Guarapes 2 - - - 2 - - - 4

Igapó - 1 4 2 1 - 2 - 10

Lagoa Azul 2 - 2 1 3 3 1 - 12

Lagoa Nova - - 1 1 1 - 1 - 4

Lagoa Seca - - - - - - - - 0

Mãe Luiza - - - - - - - - 0

Mirassol - - - - - - - - 0

Neópolis - - - - - 1 - 1

Nordeste 1 - - - 1 1 - 3

Nossa Senhora 1 - 6 2 5 1 2 - 16
da Apresentação

Nossa Senhora - - 1 1 - - 1 - 3
de Nazaré

Nova Descoberta - - 2 - 1 - 1 - 4

Pajuçara - - 4 1 3 - - - 8

Petrópolis - - - - - - - - 0

Pitimbu - 1 1 - - - 1 - 3

Planalto 1 - - - 1 1 - - 3

Ponta Negra 1 - 1 - 2 1 - - 5

Potengi 1 3 3 3 4 2 2 - 18

Quintas 1 - 2 3 1 1 1 - 8

Redinha - - 1 - 1 - 1 - 3

Ribeira - - 1 1 - 1 - - 3

Rocas - - 1 - 1 - 1 - 3

Santos Reis - - 1 - 1 1 - - 3

TOTAL 13 5 39 17 37 16 17 0 144
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MEC/FNDE, 2019.
54

O quadro evidencia que houve um total de 144 escolas beneficiadas,


pertencentes à rede municipal no município de Natal, sendo o maior
investimento do programa no ano 2009. Verifica-se que os bairros que
obtiveram um maior investimento foram Potengi, com 18 escolas beneficiadas,
seguido de Nossa Senhora da Apresentação com 16 escolas, Lagoa Azul com
12 escolas e igapó com 10 escolas. Verifica-se também que 2015 o último ano
de investimento do PDE–Escola, nenhuma unidade escolar foi contemplada
com o programa. O ano que houve o menor investimento foi 2008. Alguns
bairros não foram contemplados com o PDE–Escola, como o bairro Barro
Vermelho, Lagoa Seca, Mãe Luiza e Petrópolis, localizados na zona leste e
Mirassol, Candelária e Capim Macio, localizados na zona sul do município.

O gráfico abaixo apresenta a tendência linear desenvolvida durante os


anos de funcionamento do programa.

Gráfico 01 – Distribuição das transferências realizadas pelo PDE, para


escolas municipais por ano. Município Natal.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MEC/FNDE, 2019.

Nota-se que os investimentos nas unidades escolares do município


variavam de acordo com o ano, sendo um ano com maiores investimentos e
outro com menos recursos disponibilizados. De acordo com o gráfico, os
períodos que possuíram um quantitativo mais expressivo em relação ao
55

número de escolas foram os anos de 2009 e 2011 e os menores foram 2008 e


2015.

O quadro ao seguir, demonstra o quantitativo de escolas por bairros da


rede estadual que foram contempladas nos anos do PDE–Escola.

Quadro 09 - Quantidade de escolas estaduais que receberam os recursos do


PDE–Escola por bairro e ano. Município de Natal
BAIRRO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2014 2015 TOTAL

Alecrim 4 - 6 5 1 1 - - 17

Bom Pastor 2 - 3 3 - 2 - - 10

Barro Vermelho - - 2 2 - - - - 4

Cidade da 1 1 4 3 1 1 2 1 12
Esperança

Cidade Alta - - - - - - - - 0

Candelária - 1 3 4 - - 2 2 12

Capim Macio - - - - - 1 - - 1

Cidade Nova 1 - 1 1 - 1 - - 4

Dix Sept Rosado 1 - 2 2 1 1 - - 7

Felipe Camarão 1 3 3 3 3 1 1 15

Guarapes - - - - - 2 - - 2

Igapó 1 - - - - 1 - - 2

Lagoa Azul 3 1 5 4 2 3 1 1 20

Lagoa Nova 2 1 7 6 1 1 2 2 20

Lagoa Seca 1 - 1 1 1 1 1 1 7

Mãe Luiza 2 1 6 4 1 3 1 1 19

Mirassol 1 - - - - - - - 1

Neópolis 1 - 3 3 1 1 - - 9

Nordeste 1 - - - 1 1 - - 3

Nossa Senhora - - - - - - - - 0
da Apresentação

Nossa Senhora 1 1 1 1 1 1 1 - 6
de Nazaré

Nova Descoberta 2 - 1 2 - 1 - - 6
56

Pajuçara - 2 2 - - - - - 4

Petrópolis 2 - 1 1 2 2 - - 8

Pitimbu 1 1 3 2 - 1 1 1 10

Planalto - - - - - - - - 0

Ponta Negra - - 2 2 - - - - 4

Potengi 3 4 9 6 2 3 2 1 29

Praia do Meio - - - - 1 1 - - 2

Quintas 1 - 4 4 - 1 2 2 12

Redinha 1 - 1 1 - 1 - - 4

Ribeira - 1 2 - - 1 - - 4

Rocas - - 1 1 - - - - 2

Santos Reis 1 1 2 1 1 1 2 1 9

Tirol - - 5 5 1 1 1 1 13

TOTAL 34 15 79 65 21 37 19 15 285
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MEC/FNDE, 2019.

Analisando o quadro acima, vemos que houve um total de 285 escolas


beneficiadas na rede estadual, no município de Natal, sendo o maior
investimento do programa novamente no ano 2009, sendo 79 escolas. Verifica-
se que os bairros que obtiveram um maior investimento foram Potengi, com 29
escolas beneficiadas, seguido de Lagoa azul com 20 escolas, Lagoa nova com
20 escolas e Mãe Luiza com 19 escolas. Verifica-se também que 2015 o último
ano de investimento do PDE–Escola, apenas 15 escolas foram contempladas
com o programa. Os anos que houve o menor investimento foram 2008 e 2015.
Alguns bairros não foram contemplados com o PDE–Escola, como o bairro
Cidade Alta, Nossa Senhora da Apresentação e Planalto.

O gráfico abaixo apresenta a tendência linear desenvolvida durante os


anos de funcionamento do programa para as escolas estaduais.

Gráfico 02 – Distribuição das transferências realizadas pelo PDE, para


escolas estaduais por ano. Município Natal.
57

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MEC/FNDE, 2019.

Nota-se que os investimentos nas unidades escolares do município


variavam de acordo com o ano. Em 2009 houve um aumento de 15 escolas
beneficiadas para 79 escolas da rede estadual, ou seja, 64 escolas a mais de
um ano para o outro. Em 2010 também houve uma redução expressiva, sendo
de 65 escolas beneficiadas, para 21 escolas em 2011. Os anos em que houve
menor quantidade de número de escolas beneficiadas foi 2008 e 2015, com
total de 15 unidades escolares.

O recorte espacial desta pesquisa corresponde ao município de Natal,


Capital do Rio Grande do Norte, localizada na Microrregião homônima, que
está inserida na Mesorregião Leste Potiguar. Natal, está localizada possuindo
as coordenadas geográficas: Latitude 5º 47’ 42’’ Sul e Longitude: 35º 12’ 34’’
Oeste (IDEMA, 2008). Em conformidade com o Censo Demográfico
desenvolvido pelo IBGE, o município possui 803.736 habitantes, possuindo
235.533 domicílios e uma taxa de urbanização em seu nível total, ou seja,
100%. O município está dividido em quatro (4) regiões administrativas e trinta e
seis (36) bairros, como é apresentado no mapa abaixo:

Mapa 01 – Divisão administrativa da cidade do Natal em regiões e bairros. Rio


Grande do Norte
58

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, 2008.

Por definição legal, desde 1994 o bairro passou a ser a unidade de


planejamento do Município. Nesta qualidade, passam a ter prescrições
urbanísticas específicas, observadas as condições ambientais, sociais,
geopolíticas, econômicas, infraestrutura, e serviços instalados, dentre outros
(SEMURB, 2014).

Compreender o mapa 01 é de suma importância pois, a partir da divisão


da região administrativa, iremos compreender as localidades onde possuem
maiores residentes, concomitante a isto, mais escolas na região administrativa.
59

Tabela 02 – População de Natal por região administrativa, 2010.


ZONA ADMINISTRATIVA POPULAÇÃO RESIDENTE
Norte 303.543
Sul 166.491
Leste 115.297
Oeste 218.405
TOTAL 803.736
Fonte: Censo Demográfico, IBGE. 2010 (Adaptado pelo Autor)

A partir da interpretação da tabela 02, nota-se que as regiões onde


possuem um maior quantitativo populacional no Município são: A zona
administrativa Norte, seguido da zona administrativa Oeste, posteriormente a
zona administrativa Sul e Leste. Para uma melhor visualização em percentuais,
o gráfico abaixo representará o quantitativo populacional, divididos por zona
administrativa em porcentagem.

Gráfico 03 – Total de habitantes do Município de Natal, por região


administrativa, 2010.

Fonte: Censo Demográfico, IBGE. 2010 (Adaptado pelo Autor)

Interpretar a tabela 02 e o gráfico 03 se faz necessário, pois a partir


dessa concepção, conclui-se que os investimentos do PDE–Escola serão
maiores para a região administrativa norte e oeste, devido ao seu maior
quantitativo populacional e consequentemente, maior quantitativo de escolas
localizadas nessas duas regiões. Poucas escolas ou quase nenhuma estava
60

dentro dos critérios exigidos pelo MEC em relação ao IDEB para ficar fora da
lista de escolas com prioridades do PDE–Escola.

O IQV – Índice de Qualidade de Vida em relação a renda, desenvolvido


pela SEMPLA – Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Estratégica -
2003, indicava que as regiões norte e oeste apresentavam os mais baixos
índices de renda, sendo uma média dos chefes de domicílio em até 02 salários
mínimos. Não somente isso, o IQV indica que os dois bairros possuem também
os mais baixos índices IQV – menor que 0,5. Com isso, as duas zonas
administrativas recebem um olhar minucioso em relação a políticas públicas
desenvolvidas pelos Estados, pois possuem a maior baixa renda, moram em
domicílios com as piores condições de saneamento básico e possuem o mais
baixo nível de escolaridade.

Algo que comprova essas informações citadas acima, foram os


investimentos de toda a trajetória do PDE–Escola, disponibilizado no banco de
dados do FNDE/MEC, como segue no gráfico abaixo:

Gráfico 04 – Total de transferências do PDE para escolas do Município


de Natal, por região administrativa, 2007 – 2015t.
OESTE
26% NORTE
33%

LESTE
18%

SUL
23%

NORTE SUL LESTE OESTE


Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MEC/FNDE, 2019.

Os maiores investimentos do PDE–Escola no município de Natal foram


nas duas regiões administrativas. Seguindo a estimativa da população dos
bairros de Natal, em conformidade com o Censo Demográfico, citado no
Gráfico 04, nota-se que além do critério IDEB baixo, o PDE–Escola no
61

município de Natal seguiu também o critério populacional, ou seja, regiões


onde localizavam-se mais habitantes, maiores investimentos.

De acordo com o CODDE, 122 escolas municipais e estaduais foram


contempladas na zona norte, 95 escolas na zona oeste, 83 escolas na zona sul
e 66 escolas na zona leste. O gráfico acima expressa bem como se deu essa
divisão de investimentos nas regiões administrativas.

ESCOLAS ENTREVISTADAS

Após a análise de Dados Gerais dos investimentos do PDE–Escola,


foram selecionadas as escolas:

 Escola A – Oeste

 Escola B – Leste

 Escola C – Norte

 Escola D – Sul

O procedimento para coleta de dados da pesquisa, foi a entrevista


semiestruturada. O intuito foi de permanecer um diálogo com o entrevistado
sem a interferência do entrevistador, permitindo uma flexibilidade para novos
questionamentos no decorrer do momento da entrevista. Portanto, foi seguido a
estrutura de perguntas:

1 – O(a) senhor(a) participou na elaboração do PDE –Escola, ou conhece


alguém que participou?
2 - Como o senhor (a) ficou sabendo que existia o PDE–ESCOLA; foi uma
exigência da secretaria de educação ou foi uma iniciativa da própria escola?
3 – Porque a escola se interessou pelo PDE?
4 – Vocês conhecem o manual e seguiram o manual?
5 – Após o PDE, houve uma melhora no plano pedagógico da escola?
62

6 – Foi realizado alguma autoavaliação após o PDE?


7 – Existe alguma outra pessoa que participou do PDE–Escola que ainda
permanece/atua aqui?
8 – O(a) senhor(a) tem algum registro da elaboração do plano pedagógico
realizado, contendo os objetivos, metas, ações, entre outros?

Escola A

A Escola é da rede estadual, está localizada em Natal, no Bairro Cidade


da Esperança, Zona Oeste. O bairro possui Índice de Qualidade de Vida (IQV)*
Médio de 0,62, em documento elaborado em 2003 pela Secretaria Municipal de
Gestão Estratégica (SEMPLA). O IQV de renda é Baixo sendo 0,26. A renda
média dos chefes de domicílio no bairro varia entre R$ 254,72 reais a R$
1.073,16. O IQV da educação é Médio, sendo 0,68.

A unidade escolar recebeu recursos do PDE–Escola no ano 2008 e


2009. De acordo com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, não existem resultados para o ensino
fundamental I em relação ao IDEB, pois o número de participantes no SAEB –
Sistema de Avaliação da Educação Básica foram insuficientes para que os
dados fossem divulgados , sendo assim, não atendeu os requisitos necessários
para atender o desempenho calculado.

A tabela abaixo apresenta como foi dividido os recursos, em capital e


custeio, bem como o ano de investimento do PDE–Escola.

Tabela 03 – Demonstrativo dos valores recebidos do PDE e número de alunos


na Escola A.
ANO DO QUANTIDADE VALOR DE VALOR DE VALOR TOTAL
RECURSO DE ALUNOS CUSTEIO CAPITAL
2008 697 R$ 18.600,00 R$ 12.400,00 R$ 31.000,00
2009 1.149 R$ 15.050,00 R$ 6.450,00 R$ 21.500,00
VALOR 1.846 R$ 33.650,00 R$ 18.850,00 R$ 52.500,00
TOTAL
Fonte: Elaboração própria, 2019.
63

A unidade escolar recebeu os recursos do PDE–Escola no ano 2008 e


2009. Em 2008, a escola possuía 697 alunos matriculados, recebendo um
investimento no valor de R$ 31.000,00 reais, sendo R$ 18.600,00 reais para
Custeio e R$ 12.400,00 para Capital. Em 2009, a escola possuía 1.149 alunos
matriculados, recebendo um investimento no segundo ano no valor de R$
21.500,00 reais, sendo R$ 15.050,00 para Custeio e R$ 6.450,00 para Capital.

O que chama atenção no caso dessa escola, é que ela recebeu os


valores corretos de acordo com a quantidade de alunos matriculados.
Como forma de coletar informações preliminares, buscou-se no Censo
escolar dados gerais da escola nos anos de implementação e execução do
PDE–Escola. Todas as taxas indicadas, estavam contidas no planejamento
pedagógico do PDE–Escola, sempre com uma forma de reduzir ou elevar
algum índice.

Desse modo, o quadro 10, retrata informações acerca da distorção


idade-série da escola. De acordo com o INEP, essa taxa é calculada de acordo
com a proporção de alunos com mais de 2 anos de atraso escolar. No Brasil, a
criança deve ingressar no 1º ano do ensino fundamental aos 6 anos de idade,
permanecendo no Ensino Fundamental até o 9º ano, com a expectativa de que
conclua os estudos nesta modalidade até os 14 anos de idade. 

Quadro 10 - Taxa de Distorção Idade – Série (Ensino Fundamental I) na


Escola A entre 2008 e 2010.
ANO 1º SÉRIE/2º 2º SÉRIE/3º 3º SÉRIE/4º 4º SÉRIE/5º 5º SÉRIE/6º
ANO ANO ANO ANO ANO
2008 - - - - -
2009 - - - - 53,3
2010 - - - - 59,8
Fonte: Censo Escolar, 2008, 2009 e 2010.

Observa-se que no quadro acima, não há dados no Censo escolar


acerca da taxa de distorção idade – série no ano de 2008 para que haja a
64

mensuração e análise dos dados no período do PDE–Escola, no entanto, em


2009 há esse indicador e foi incluído 2010 para a verificação se houve uma
melhora após o PDE–Escola. O esperado é que essa distorção fosse reduzida,
porém o resultado observado foi o inverso.

O Quadro 11, explana acerca da taxa de rendimento escolar. As taxas


de rendimento escolar de cada instituição são geradas a partir da soma da
quantidade de alunos aprovados, reprovados e que abandonaram a escola ao
final de um ano letivo. As taxas de rendimento escolar são calculadas com
base nas informações de rendimento e movimento dos alunos, coletadas na 2ª
etapa do Censo Escolar.

Quadro 11 – Taxa de aprovação na escola A entre 2008 e 2010.


ANO 1º SÉRIE/2º 2º SÉRIE/3º 3º SÉRIE/4º 4º SÉRIE/5º 5º SÉRIE/6º
ANO ANO ANO ANO ANO
2008 - - - - 37,6
2009 - - - - 54,9
2010 - - - - 57,0
Fonte: Censo escolar 2008, 2009 e 2010.

Há um aumento gradual da taxa de rendimento escolar durante os três


anos indicados, sendo esse maior aumento entre 2008 e 2009. Essa ascensão
também foi observada entre os anos 2009 e 2010, já que não teve das taxas
nesse período. Houve um crescimento de 19,4 pontos percentuais, nesta taxa.

A entrevista foi realizada no dia 16 de abril de 2019, às 14:00 horas. A


entrevistada foi a Coordenadora financeira da atual gestão escolar. A
coordenadora participou do processo de elaboração do PDE–Escola. Não
conseguiu responder em profundidade na entrevista, as ações, objetivos e
metas planejadas, no entanto relatou os problemas e dificuldades encontradas
na implementação do PDE–Escola na unidade escolar, bem como conseguiu
localizar alguns documentos utilizados na elaboração do plano pedagógico, do
65

diagnóstico, entre outras informações que estavam contidas nas oficinas


desenvolvidas.

Após a unidade escolar tomar conhecimento através da Secretaria


Estadual de Educação de que estaria elegível para a participação no PDE–
Escola, foram realizadas reuniões com o comitê estratégico para orientação
acerca dos passos a serem seguidos. Já que os recursos eram disponibilizados
de “acordo com a necessidade da unidade escolar e a quantidade de alunos
matriculados”, foi aplicado um questionário preliminar afim de identificar essas
necessidades da escola (estruturais e humanas).

Para as etapas do PDE–Interativo, foi desenvolvido um trabalho para


reunir os três grupos da escola (Diretoria e Coordenação, Professores e Pais
de alunos). Cada grupo ficaria responsável por alguma coordenação, líder de
objetivos e/ou metas.

Em relação a implementação do PDE–Escola, algumas observações e


reflexões podem ser feitas. A gestora da unidade escolar A, fala que o que
faltou para o PDE–Escola ter tido sucesso, foi um acompanhamento eficaz da
Secretaria Estadual de Educação, de irem na escola e ajudarem tanto na
implementação do plano pedagógico, como na elaboração dele.

“Não adianta o Governo Federal disponibilizar os recursos, se não


existe uma manutenção. Deve haver uma manutenção sistemática
para identificar se o que foi planejado está surtindo efeitos ou não. No
sentido de frequentar a escola, de cobrar e acompanhar o
desenvolvimento do programa. As melhorias que ocorreram na escola
foram mais estruturais, como a manutenção de algumas salas que
estavam com alguns problemas de instalação, bem como a
construção de uma sala para projetos”. Em relação ao professor, não
existe um diferencial e nem um benefício. “Acho que faltou um pouco
disso, também”. GESTORA ESCOLAR [Entrevista concedida a
autora].
66

Quando perguntada se houve uma melhoria no IDEB, ela falou que não
houve melhorias significativas no índice. “Essa parte positiva do programa não
foi alcançado pela escola. De fato, faltou um estudo em cima do Plano
Pedagógico. Porque que a escola não conseguiu atingir seus objetivos, apesar
de ter acontecido algumas melhorias estruturais? Por que não aconteceu uma
melhoria real na parte de aprendizagem? O que faltou foi um investimento
nesse sentido, porque não é só material, tem que se trabalhar o humano, o
investimento no Professor. Porque se tivesse acontecido realmente, eu acredito
que não teria tido um resultado tão negativo.” Ficou na mesmice e não teve um
resultado de crescimento em relação a aprendizagem do aluno. A mesmice em
que é relatado, é que a unidade escolar não teve uma melhora substancial
relacionado ao IDEB.

Foi evidenciado na entrevista que não houve participação eficaz do


Comitê Estratégico, como ocorreu no início do programa, e que essa foi uma
das falhas maiores, pois a escola não foi assistida de forma contínua,
desencadeando uma má gestão no PDE–Escola nessa unidade escolar.
Destacou também que não foi realizado o monitoramento e autoavaliação após
o período de implementação do plano pedagógico na escola.

Abaixo segue quadro síntese da entrevista realizada:

Quadro 12 – Síntese da Entrevista realizada na Escola A.


Pergunta Resposta
Pergunta 01 - O(a) senhor(a) participou na Participou no processo de elaboração do
elaboração do PDE–Escola, ou conhece PDE–Escola.

alguém que participou?


Pergunta 02 - Como o senhor (a) ficou A unidade escolar tomou conhecimento
sabendo que existia o PDE–ESCOLA; foi através de informações repassadas pela

uma exigência da secretaria de educação Secretaria Estadual de Educação. Ela


relata que houve algumas reuniões na
ou foi uma iniciativa da própria escola?
secretaria para orientação acerca dos
passos a serem seguidos. Informa que os
recursos eram disponibilizados de
“acordo com a necessidade da unidade
67

escolar e a quantidade de alunos


matriculados”. Necessidades essas, que
eram identificadas em um “Questionário”
respondido, sobre as necessidades de
cada disciplina, como outras questões
referentes a escola, como necessidades
estruturais e humanas “Foi um
questionário bem amplo que a escola
respondeu na época”. Relata ainda, que
na elaboração do Plano Pedagógico para
submeter ao PDE–Escola, houve uma
reunião para organização e discussão
das necessidades da escola, e que foi
fundamental a participação da
comunidade escolar em todo o processo.
Pergunta 03 - Porque a escola se interessou A escola não teve opção de aceitar ou
pelo PDE? não o PDE–Escola. Essa escolha se deu
a partir da Secretaria Estadual de
Educação.
Pergunta 04 - Vocês conhecem o manual e Sim, ela informa que foi detalhado o
seguiram o manual? passo a passo por uma equipe da
secretaria na época, no entanto, ela não
participou diretamente na organização.
Pergunta 05 - Após o PDE, houve uma Conseguiram melhorar em alguns
melhora no plano pedagógico da escola? aspectos identificados pelo Plano
Pedagógico. No entanto, com o decorrer
dos anos e das mudanças na Gestão
Escolar, não houve transferências de
conhecimentos para as novas gestões e
acabaram perdendo o que estava
desenhado no PDE – Escola.
Pergunta 06 - Foi realizado alguma Não foi feito pela escola. Se foi feito pela
autoavaliação após o PDE? secretaria não disponibilizaram nenhum
documento e não possuem nenhum
dado. Não tinha conhecimento de que
era necessário fazer a autoavaliação.
Pergunta 07 - Existe alguma outra pessoa É a única pessoa que ainda permanece
que participou do PDE–Escola que ainda na escola. Os demais foram transferidos,

permanece/atua aqui? aposentados ou entrou uma nova equipe.

Pergunta 08 - O(a) senhor(a) tem algum Sim. A entrevistada disponibilizou todo o


68

registro da elaboração do plano material armazenado.


pedagógico realizado, contendo os
objetivos, metas, ações, entre outros?
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Ao analisar o material disponibilizado pela gestão da unidade escolar,


observamos que a escola seguiu o manual de elaboração do PDE–Escola.

Algumas informações necessárias para entender como se deu esse


planejamento e como foi implementado será explanado nos quadros abaixo.
Todas essas informações foram extraídas da síntese da autoavaliação da
escola elaborado em 2009.

O quadro abaixo refere-se aos principais problemas identificados pela


escola, os quais definiu atacar, relacionando-os aos critérios de eficácia
escolar, conforme PP elaborado:

Quadro 13 – Síntese da autoavaliação da Escola A


Problemas Critério de eficácia escolar
Reprovação e Abandono Ensino e aprendizagem
Distorção de idade Gestão de processos
A não utilização dos recursos didáticos Ensino e aprendizagem
Mal desempenho acadêmico dos alunos Resultados
A não participação da comunidade na Pais e comunidade
gestão dificultando o envolvimento dos pais
na comunidade
Rotatividade dos professores Gestão de pessoas
Baixo padrão de ensino e aprendizagem Clima escolar
Os alunos não têm consciência de sua Infraestrutura
participação na conservação do prédio
escolar e do meio ambiente
Fonte: Dados disponibilizados pela Escola A, 2009.(Adaptado pelo autor)
69

Para cada problema identificado, foram listadas as causas prováveis e


as principais ações que a escola pretendeu executar com base na análise
efetuada.

Quadro 14 – Problemas, causas prováveis e principais ações a serem


exercidas pela escola.
Problemas Causas Prováveis Principais Ações
A não participação da -Desinteresse por parte da -Eventos direcionados aos pais e
comunidade na gestão comunidade comunidade
dificultando o -Falta de política de -Gincana educativa visando
envolvimento dos pais incentivo integrar a comunidade a escola
na comunidade -Comodidade da -Convidar os pais a estarem
comunidade escolar sempre presente na escola
Reprovação e -Desinteresse por parte dos -Uma política de incentivo aos
Abandono alunos alunos e professores
-Desinteresse por parte de -Adequação do currículo a nossa
alguns professores realidade educacional
-Currículo inadequado
Rotatividade dos -Estagiários -Essas ações não dependem da
professores -Afastamentos (licenças) escola, mas sim, de um órgão
-Aposentados superior que é a Secretaria de
Estado, da Educação e da
Cultura.
Distorção de Idade -Alunos repetentes -Zerar o índice de reprovação
-Alunos novatos fora de faixa -Não abrir turmas com aluno fora
de faixa
Baixo padrão de ensino  Os alunos chegam  Conscientização de que
na escola sem o um país só se desenvolve
e aprendizagem
conhecimento das através de educação
séries anteriores  Revisão geral dos
 Falta de consciência conteúdos curriculares da
da importância de série anterior
estudar
Os alunos não têm  Falta de informação  Conscientização sobre a
sobre pagamentos preservação do meio
consciência de sua
de impostos ambiente
participação na  Informar sobre os
conservação do prédio destinos dos impostos

escolar e do meio
ambiente
Fonte: Dados disponibilizados pela Escola A, 2009.(Adaptado pelo autor)
70

Alguns apontamentos se fazem necessários quanto ao quadro 14. Ele


possibilitou que a escola refletisse acerca dos problemas identificados, as suas
possíveis causas e quais ações de intervenção a escola poderia desenvolver
para que reduzisse os impactos dessas causas. No entanto, alguns pontos se
sobressaem e serão explorados a seguir.

Quanto a reprovação e o abandono, a escola informou que as causas


prováveis desse indicador seriam o desinteresse por parte dos alunos, de
alguns professores, bem como o currículo inadequado. Não foi colocado como
uma causa provável deste problema a dificuldade de aprendizagem. Este fato
se torna interessante considerando que estão intimamente ligados. Uma das
propostas de ação para a redução da reprovação e do abandono é criar uma
política de incentivo aos alunos e professores. Essa ação não indicou como ou
qual estratégia seria utilizada, tornando-a bastante genérica, sendo uma ação
ineficaz.

Outro problema que deve ser evidenciado é a distorção de idade. A


escola indica como possíveis causas o quantitativo de alunos repetentes e
alunos novatos fora de faixa. Como solução, foi proposto zerar o índice de
reprovação e não abrir turmas com alunos fora de faixa. É sabido que, zerar o
índice de reprovação impacta diretamente no IDEB, no entanto não foi indicado
como essa ação seria desenvolvida. No tocante a não abrir turmas com alunos
fora de faixa, pode-se então concluir que a escola recusaria novas matrículas
com alunos com essa distorção de idade e série, sendo essa prática ilegal.
Portanto, o ato de recusar a matrícula de um estudante independente de suas
condições, infringe a Constituição Federal, bem como a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) e o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), onde preveem a igualdade de condições para o acesso e a
permanência na escola.

Quanto ao baixo padrão de ensino e aprendizagem, a escola indicou que


as possíveis causas seriam que os alunos chegam na escola sem o
conhecimento das séries anteriores, como também a falta de consciência da
71

importância de estudar. Como proposta de ação, a escola propôs desenvolver


uma ação de conscientização de que um país só se desenvolve através de
educação. Na primeira possível causa, a escola remeteu a responsabilidade
em influências externas. Ou seja, a escola remete que uma das causas do
problema do baixo padrão de ensino é decorrente dos novos alunos que se
matriculam na unidade escolar e que não possuem conhecimentos suficientes
para estarem na série matriculada, portanto, excluindo a sua responsabilidade
pelo baixo padrão de ensino. A proposta de ação para acabar com o problema
indicado, é muito vago e ineficaz. Essa ação vai muito além de uma
conscientização.

O quadro a seguir remete diretamente aos objetivos, estratégias, metas


traçadas bem como os seus indicadores para monitoramento.

Quadro 15 - Desdobramento das metas do PDE–Escola, 2009.


Objetivo Estratégia Meta Indicador da meta
Estratégico
Elevar o -Estabelecer um -Elaborar padrões de -Documentos contendo
desempenho currículo organizado desempenho os padrões de
acadêmico dos e articulado esperado dos alunos desempenho esperado
alunos -Concentrar esforços em todas as dos alunos em todas as
nas disciplinas e disciplinas do disciplinas
séries críticas currículo do 6º ano -Nº de alunos do 6º ano
-Fortalecer a -Reduzir de 25,5% reprovados em
participação dos pais para 0X% o índice de português/nº total de
na escola reprovação dos alunos matriculado no 6º
-Elaborar o plano alunos do 6º ano em ano X 100. Mesma coisa
político da Escola português e para matemática
matemática -Documento de
-Implementar um implementação do
conselho de classe conselho de classe
-Realizar -Nº de atividades
semanalmente 01 semanais de leitura
atividade na infanto-juvenil
biblioteca, realizadas/nº de
estimulando a leitura atividades de leitura
infanto-juvenil infanto a serem
72

-Realizar um ciclo de realizadas X 100.


04 palestras com os - Nº de palestras
pais realizadas/nº de palestras
previstas X 100.
Modernizar a -Organizar a rotina da -Elaborar o plano -Documento contendo o
Gestão Escola político da escola plano político da escola
-Implantar medidas -Misturar 100% das -Nº das aulas dadas por
para tornar o aulas programadas série e disciplina
ambiente escolar por mês em todas as mensalmente/nº de aulas
organizado e disciplinas previstas de serem
agradável -Realizar realizadas por série e
bimestralmente uma disciplina X 100
atividade extraclasse -Nº de atividades
por turno com base extraclasse realizadas
nos conteúdos bimestralmente por
trabalhados em turno/nº de atividades
todas as disciplinas extraclasse previstas X
-Realizar 02 100
atividades bimestrais -Nº de atividades
por turno com a bimestrais realizadas por
comunidade escolar turno/nº de atividades
com vista à previstas por turno no
manutenção e bimestre X 100
conservação do
ambiente escolar
envolvendo a parte
artística, esportiva, e
religiosa
Manter o um Implantar medidas Executar seis -Nº de eventos
clima escolar para tornar o eventos socioculturais
que favoreça o ambiente escolar socioculturais que realizados/nº de eventos
acesso e a organizado e envolvam a previstos X 100
permanência agradável comunidade escolar
do aluno na visando o
escola com fortalecimento das
sucesso ações pedagógicas e
humanas
Fonte: Dados disponibilizados pela Escola A, 2009.(Adaptado pelo autor)
73

Em conformidade com entrevista realizada, a gestora da unidade escolar


relatou que a escola não conseguiu atingir algumas metas, com por exemplo
reduzir de 25,5% para 0% o índice de reprovações dos alunos do 6º ano em
português e matemática, realizar 02 atividades bimestrais por turno com a
comunidade escolar com vista à manutenção e conservação do ambiente
escolar envolvendo a parte artística, esportiva, e religiosa, como também
executar seis eventos socioculturais que envolvam a comunidade escolar
visando o fortalecimento das ações pedagógicas e humanas.

Como não ocorreu de forma eficaz o acompanhamento e monitoramento


das ações, a escola não tomou conhecimento que era necessário desenvolver
uma autoavaliação dos objetivos, estratégias e metas alcançadas. Como dito
anteriormente na descrição do PDDE–Interativo, algumas escolas e secretarias
enxergavam o PDE–Escola como mero instrumento de captação de recursos
do governo federal.

ESCOLA B

A Escola é da rede municipal, está localizada em Natal, no Bairro


Alecrim, Zona Leste. O bairro possui IQV Médio de 0,65. O IQV de renda é
Baixo sendo 0,32. A renda média dos chefes de domicílio no bairro varia entre
R$ 254,72 reais a R$ 1.073,16, em documento elaborado em 2003 pela
SEMPLA. O IQV da educação é Médio, sendo 0,6.

A unidade escolar recebeu recursos do PDE–Escola no ano 2009 e


2011. De acordo com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, não existem resultados para o ensino
fundamental I em relação ao IDEB, pois o número de participantes no SAEB –
Sistema de Avaliação da Educação Básica foram insuficientes para que os
dados fossem divulgados, sendo assim, não atendeu os requisitos necessários
para atender o desempenho calculado.

A tabela abaixo apresenta como foi dividido os recursos, em capital e


custeio, bem como o ano de investimento do PDE–Escola.

Tabela 04 – Demonstrativo dos valores recebidos do PDE e número de alunos


74

na Escola B.
ANO DO QUANTIDADE VALOR DE VALOR DE VALOR TOTAL
DE ALUNOS CUSTEIO CAPITAL
RECURSO
2009 538 R$ 23.800,00 R$ 10.200,00 R$ 34.000,00
2011 577 R$ 12.600,00 R$ 5.400,00 R$ 18.000,00
VALOR 1.154 R$ 36.400,00 R$ 15.600,00 R$ 52.000,00
TOTAL
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Em 2009, a escola possuía 538 alunos matriculados, recebendo um


investimento no valor de R$ 34.000,00 reais, sendo R$ 23.800,00 reais para
Custeio e R$ 10.200,00 para Capital. Em 2011, a escola possuía 577 alunos
matriculados, recebendo um investimento no segundo ano no valor de R$
18.000,00 reais, sendo R$ 12.600,00 para Custeio e R$ 5.400,00 para Capital.

O que chama atenção no caso dessa escola, é que ela possuiu menos
alunos, mas recebeu praticamente a mesma quantidade de recursos do que a
escola A.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, serão apresentados dados gerais


da escola nos anos de implementação e execução do PDE–Escola. O quadro
abaixo, discorrerá sobre a taxa de distorção idade – série.

Quadro 16 - Taxa de Distorção Idade – Série (Ensino Fundamental I) na


Escola B entre 2009 e 2012.
ANO 1º SÉRIE/2º 2º SÉRIE/3º 3º SÉRIE/4º 4º SÉRIE/5º 5º SÉRIE/6º
ANO ANO ANO ANO ANO
2009 - - - - 48,6
2011 - - - - 53,4
2012 - - - - 50,5
Fonte: Censo Escolar, 2009, 2011 e 2012

Observa-se que no quadro acima, houve um aumento na taxa de


distorção de idade – série de 4,8 pontos percentuais entre 2009 e 2011. Ou
seja, em 2011 mais alunos estavam foram da faixa de conclusão. Como forma
de verificação se houve uma redução da taxa após o PDE–Escola na unidade
escolar, foi incluído o ano de 2012. Lê-se, portanto, que houve uma redução de
3,1 pontos percentuais entre 2011 e 2012.
75

O quadro a seguir, irá tratar acerca da taxa de rendimento escolar.

Quadro 17 – Taxa de aprovação na escola B entre 2009 e 2012.


ANO 1º SÉRIE/2º 2º SÉRIE/3º 3º SÉRIE/4º 4º SÉRIE/5º 5º SÉRIE/6º
ANO ANO ANO ANO ANO
2009 - - - - 52,9
2011 - - - - 58,3
2012 62,2
Fonte: Censo escolar 2009, 2011 e 2012.

Nota-se que houve um aumento da taxa de rendimento escolar entre os


2009 e 2011, de 5,4 pontos percentuais. Houve também um aumento de alunos
fora da faixa em 2009 e 2011, no entanto, em 2012 consegui reduzir a taxa de
distorção e elevar a taxa de rendimento. O bairro está localizado em um bairro
de classe média, onde conseguiu elevar algumas taxas.

A entrevista foi realizada no dia 11 de abril de 2019, às 14:00 horas. O


entrevistado foi o Diretor da atual gestão escolar. A gestão não participou do
processo de elaboração do PDE–Escola. Não soube responder em
profundidade as ações, objetivos e metas planejados e implementados.
Segundo ele, a escola teve uma melhoria estrutural, porém sem conseguir
elevar significativamente os índices.

Como não se obteve acesso a elaboração do PP, fica inviável identificar


se os objetivos traçados, bem como as metas foram alcançadas ou não,
acarretando o sucesso ou insucesso do PDE–Escola, nessa unidade escolar.
Não há como localizar e mensurar as falhas ocorridas na implementação do
PDE–Escola. Abaixo segue quadro síntese da entrevista realizada.

Quadro 18 – Síntese da Entrevista realizada na Escola B.


Pergunta Resposta
Pergunta 01 - O(a) senhor(a) participou na Não participou no processo de elaboração do
elaboração do PDE–Escola, ou conhece PDE – Escola e não possui conhecimento dos
alguém que participou? principais dirigentes do programa que atuaram
na escola.
Pergunta 02 - Como o senhor (a) ficou Como não participou do processo de
sabendo que existia o PDE–ESCOLA; foi elaboração, não soube responder à pergunta.
uma exigência da secretaria de educação
ou foi uma iniciativa da própria escola?
Pergunta 03 - Porque a escola se Como não participou do processo de
interessou pelo PDE? elaboração, não soube responder à pergunta.
Pergunta 04 - Vocês conhecem o manual Como não participou do processo de
76

e seguiram o manual? elaboração, não soube responder à pergunta.


Pergunta 05 - Após o PDE, houve uma Como não participou do processo de
melhora no plano pedagógico da escola? elaboração, não soube responder à pergunta.
Pergunta 06 - Foi realizado alguma Como não participou do processo de
autoavaliação após o PDE? elaboração, não soube responder à pergunta.
Pergunta 07 - Existe alguma outra pessoa Não conhece nenhum
que participou do PDE Escola que ainda funcionário/colaborador/professor que
permanece/atua aqui? participou do processo de Elaboração. A
justificativa foi de que existem novos
funcionários na instituição, sendo os antigos,
aposentados e/ou transferidos.
Pergunta 08 - O(a) senhor(a) tem algum Não localizou nenhum documento que
registro da elaboração do plano pudesse aprofundar a entrevista, bem como o
pedagógico realizado, contendo os estudo acerca da Análise situacional,
objetivos, metas, ações, entre outros? diagnóstico, implementação e autoavaliação.
Fonte: Elaboração própria, 2019

ESCOLA C

A Escola é da rede estadual, está localizada em Natal, no Bairro Lagoa


Azul, Zona Norte. O bairro possui IQV Baixo de 0,4. O IQV de renda é Baixo
sendo 0,1. A renda média dos chefes de domicílio no bairro varia entre R$
254,72 reais a R$ 1.073,16, em documento elaborado em 2003 pela SEMPLA.
O IQV da educação é Médio, sendo 0,57.

A unidade escolar recebeu recursos do PDE–Escola no ano 2008 e


2009. De acordo com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, a escola possuiu IDEB em 2007 de 2,4 e em
2009 de 2,7.

A tabela abaixo apresenta como foi dividido os recursos, em capital e


custeio, bem como o ano de investimento do PDE–Escola.

Tabela 05 – Demonstrativo dos valores recebidos do PDE e número de alunos


na Escola C.
ANO DO QUANTIDADE VALOR DE VALOR DE VALOR TOTAL
DE ALUNOS CUSTEIO CAPITAL
RECURSO
2008 449 R$ 9.600,00 R$ 6.400,00 R$ 16.000,00
2009 1.371 R$ 15.050,00 R$ 6.450,00 R$ 21.500,00
VALOR 1.820 R$ 24.650 R$ 12.850 R$ 37.500,00
TOTAL
Fonte: Elaboração própria, 2019.
77

Em 2008, a escola possuía 449 alunos matriculados, recebendo um


investimento no valor de R$ 16.000,00 reais, sendo R$ 9.600,00 reais para
Custeio e R$ 6.400,00 para Capital. Em 2009, a escola possuía 1.371 alunos
matriculados, recebendo um investimento no segundo ano no valor de R$
21.500,00 reais, sendo R$ 15.050,00 para Custeio e R$ 6.450,00 para Capital.

Quadro 19 - Taxa de Distorção Idade – Série (Ensino Fundamental I) na


Escola C entre 2008 e 2010.
ANO 1º SÉRIE/2º 2º SÉRIE/3º 3º SÉRIE/4º 4º SÉRIE/5º 5º SÉRIE/6º
ANO ANO ANO ANO ANO
2008 - - - - 61,7
2009 - - - - 52,2
2010 - - - - 71,6
Fonte: Censo Escolar, 2008, 2009 e 2010.

Nota-se que no quadro acima, houve uma redução na taxa de distorção


de idade – série de 9,5 pontos percentuais em 2009. No entanto, um ano após
o término do PDE–Escola na unidade escolar, essa taxa elevou mais do que o
ano de 2008, que foi quando a escola implementou o Programa, sendo 9,9
entre o primeiro ano e um ano após o PDE–Escola. Desse modo, a escola
conseguiu reduzir o índice apenas no período do programa.

Quadro 20 – Taxa de aprovação na escola C entre 2008 e 2010.


ANO 1º SÉRIE/2º 2º SÉRIE/3º 3º SÉRIE/4º 4º SÉRIE/5º 5º SÉRIE/6º
ANO ANO ANO ANO ANO
2008 - - - - 29,9
2009 - - - - 40
2010 - - - - 43,3
Fonte: Censo escolar, 2008, 2009 e 2010.

Nota-se que houve um aumento da taxa de rendimento escolar entre os


dois anos, de 10,1 em 2008 e 2010. Ou seja, houve uma redução de
reprovação e abandono escolar e uma maior aprovação de alunos na série/ano
indicado. Em 2010, notamos que a escola seguiu a tendência de elevar a
78

aprovação escolar, sendo esse 3,3 pontos percentuais. Com isso, verifica-se
que a escola está localizada num bairro pobre, no entanto, conseguiu apenas
reduzir a distorção idade – série no período do PDE– Escola e elevou a taxa de
rendimento e consequentemente seu IDEB.

A visita na escola foi realizada no dia 04 de junho de 2019, às 14:00


horas. Os entrevistados foram o Diretor, bem como a vice-diretora e a
coordenadora pedagógica da atual gestão escolar. A gestão não possuía
conhecimento acerca do que é o PDE–Escola, bem como ele se estruturava.
Nota-se que não houve repasse de informações de uma gestão para a outra,
relacionado ao planejamento do PP, para que fosse dado uma continuidade de
ações, mesmo que sem investimentos do Governo Federal para o PDE–
Escola. Como não se obteve acesso a elaboração do PP, fica inviável
identificar se os objetivos traçados, bem como as metas foram alcançadas,
acarretando o sucesso ou insucesso do PDE–Escola, nessa unidade escolar.

Abaixo segue quadro síntese da entrevista realizada:

Quadro 21 – Síntese da Entrevista realizada na Escola C.


Pergunta Resposta
Pergunta 01 - O(a) senhor(a) participou na Não participaram no processo de elaboração
elaboração do PDE–Escola, ou conhece do PDE – Escola e não possuem
alguém que participou? conhecimentos dos principais dirigentes do
programa que atuaram na escola.
Pergunta 02 - Como o senhor (a) ficou Como não participaram do processo de
sabendo que existia o PDE–ESCOLA; foi elaboração, não souberam responder à
uma exigência da secretaria de educação pergunta.
ou foi uma iniciativa da própria escola?
Pergunta 03 - Porque a escola se Como não participaram do processo de
interessou pelo PDE? elaboração, não souberam responder à
pergunta.
Pergunta 04 - Vocês conhecem o manual Como não participaram do processo de
e seguiram o manual? elaboração, não souberam responder à
pergunta.
Pergunta 05 - Após o PDE, houve uma Como não participaram do processo de
melhora no plano pedagógico da escola? elaboração, não souberam responder à
pergunta. No entanto, foi mostrado pela
entrevistadora alguns aspectos que estavam
contidos na elaboração do Plano Pedagógico
disponibilizado no manual de elaboração do
PDE – Escola (MEC/FNDE). Os mesmos ao
verem a estrutura do PP, indicaram que não
possui nenhuma relação com o Plano
Pedagógico elaborado nos demais anos. De
acordo com o diretor, não houve melhoria após
a consecução do PDE – Escola.
79

Pergunta 06 - Foi realizado alguma Como não participaram do processo de


autoavaliação após o PDE? elaboração, não souberam responder à
pergunta.
Pergunta 07 - Existe alguma outra pessoa Não conhecem nenhum
que participou do PDE–Escola que ainda funcionário/colaborador/professor que
permanece/atua aqui? participou do processo de Elaboração. A
justificativa foi de que existem novos
funcionários na instituição, sendo os antigos,
aposentados.
Pergunta 08 - O(a) senhor(a) tem algum Houve a tentativa de localizar algum
registro da elaboração do plano documento que estivesse armazenado no
pedagógico realizado, contendo os banco de dados do computador e no
objetivos, metas, ações, entre outros? almoxarifado. No entanto, não localizaram
nenhum documento que pudesse aprofundar a
entrevista, bem como o estudo acerca da
Análise situacional, diagnóstico,
implementação e autoavaliação.
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Em suma, pode-se notar que, no caso desta escola, o maior gargalo de


implementação está associado à continuidade das ações de planejamento e
ações desenvolvidas pelas equipes anteriores da escola. Em termos de gestão,
observa-se uma fragilidade do histórico ou memória das ações pensadas e
implementadas. Se as ações do PDE–Escola, como as oficinas, o diagnóstico
da realidade da escola tivesse sido continuado nos anos seguintes, por
exemplo, a taxa de distorção idade-série teria sido reduzida, como vimos em
2008 e 2009.

ESCOLA D

A Escola é da rede municipal, está localizada em Natal, no Bairro Nova


Descoberta, Zona Sul. O bairro possui IQV Médio de 0,57. O IQV de renda é
Baixo sendo 0,35. A renda média dos chefes de domicílio no bairro varia entre
R$ 254,72 reais a R$ 1.073,16. O IQV da educação é Alto, sendo 0,7.

A unidade escolar recebeu recursos do PDE–Escola no ano 2007 e


2009. De acordo com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, a escola possuiu IDEB em 2007 de 3,5 e em
2009 de 3,1.

A tabela abaixo apresenta como foi dividido os recursos, em capital e


custeio, bem como o ano de investimento do PDE–Escola.
80

Tabela 06 – Demonstrativo dos valores recebidos do PDE e número de alunos


na Escola D.
ANO DO QUANTIDADE VALOR DE VALOR DE VALOR TOTAL
DE ALUNOS CUSTEIO CAPITAL
RECURSO
2007 324 R$ 9.600,00 R$ 6.400,00 R$ 16.000,00
2009 830 R$ 23.800,00 R$ 10.200,00 R$ 34.000,00
VALOR 1.154 R$ 33.400,00 R$ 16.600,00 R$ 50.000,00
TOTAL
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Em 2007, a escola possuía 324 alunos matriculados, recebendo um


investimento no valor de R$ 16.000,00 reais, sendo R$ 9.600,00 reais para
Custeio e R$ 6.400,00 para Capital. Em 2009, a escola possuía 830 alunos
matriculados, recebendo um investimento no segundo ano no valor de R$
34.000,00 reais, sendo R$ 23.800,00 para Custeio e R$ 16.600,00 para
Capital.

O que chama atenção no caso dessa escola, é que ela possuiu menos
alunos do que a escola C e recebeu mais investimentos sendo uma das
escolas que recebeu mais recursos do PDE–Escola.

Algumas perguntas não foram sanadas, tanto pela gestão escolar, como
pelo MEC/FNDE, pois de acordo com o Plano de Ações Financiáveis e o PDDE
– Interativo, os valores de repasses estavam de acordo com o quantitativo de
alunos matriculados na unidade escolar.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, serão apresentados dados gerais


da escola nos anos de implementação e execução do PDE–Escola. O quadro
abaixo, discorrerá sobre a taxa de distorção idade-série.

Quadro 22 - Taxa de Distorção Idade – Série (Ensino Fundamental I) na


Escola D entre 2007 e 2010.
ANO 1º SÉRIE/2º 2º SÉRIE/3º 3º SÉRIE/4º 4º SÉRIE/5º 5º SÉRIE/6º
ANO ANO ANO ANO ANO
2007 3,8 2,1 8,9 26,1 33,6
2009 6,1 6,0 5,9 24,6 44,8
2010 - 14,0 15,5 34,4 52,5
Fonte: Censo Escolar 2007, 2009 e 2010
81

Diferente da escola A, B e C a escola D possui turmas no 1º, 2º, 3º, 4º e


5º ano do ensino fundamental. Em 2007, nota-se que a distorção idade – série
no 4º ano e 5º ano foram maiores, quando se compara a 2009, e em 2010 essa
taxa continuou crescendo. Nota-se que na 2º série, essa taxa aumentou mais
que 600%, dando um pulo de 2,1 em 2007 e 14,0 em 2010, um ano após a
implementação do PDE – Escola. Também podemos visualizar que no 3º ano,
essa taxa aumentou mais que 600% novamente entre 2007 e 2010. O que se
constata, é que houve o planejamento do PP para o PDE–Escola em 2007, no
entanto, está visível que a unidade escolar não conseguiu manter e/ou reduzir
essa taxa de distorção.

O quadro a seguir, irá tratar acerca da taxa de rendimento escolar.

Quadro 23 – Taxa de aprovação na escola D entre 2007 e 2010.


ANO 1º SÉRIE/2º 2º SÉRIE/3º 3º SÉRIE/4º 4º SÉRIE/5º 5º SÉRIE/6º
ANO ANO ANO ANO ANO
2007 - - - - -
2009 100 100 86,5 47,1 56,4
2010 100 96,2 71,4 51,6 40,2
Fonte: Censo escolar, 2007, 2009 e 2010.

Não há dados da escola disponíveis na Taxa de rendimento escolar de


2007 para que haja a mensuração deste item no período do Programa. No
entanto, ao compararmos o último ano do PDE–Escola com o ano seguinte,
nota-se que a taxa de aprovação do 3º ano reduziu 3,8 pontos percentuais. No
4º e 6º ano, também houve uma redução da taxa de rendimento quanto a
aprovação, sendo um número expressivo de 15,1 pontos percentuais no 4º ano
e 16,2 pontos percentuais no 6º ano. O único ano que vemos que essa taxa
elevou foi o 5º ano, sendo 4,5 pontos percentuais.

Com isso, verifica-se que a escola está localizada num bairro de classe
média, conseguiu reduzir a distorção idade-série em alguns anos, porém não
em todos. Conseguiu elevar a taxa de rendimento apenas no 5º ano, sendo
esse índice não suficiente para elevar o IDEB, fazendo com que houvesse uma
redução, ao invés de uma melhora no índice. Neste caso, se faz necessário
investigar cada item que compõe o IDEB separadamente, para definir se a taxa
82

de distorção idade – série e taxa de rendimento teve impacto diretamente no


índice.

A entrevista foi realizada no dia 22 de maio de 2019, às 14:00 horas. A


entrevistada foi a Vice-Diretora da atual gestão escolar. A gestão participou do
grupo de sistematização, possuía conhecimento acerca do que é o PDE–
Escola, bem como ele se estruturava. No entanto, não soube responder em
profundidade as ações, objetivos e metas planejados e implementados em
decorrência do tempo desde o momento em que a escola implementou o PDE–
Escola, até período em que foi realizada a entrevista. Informou também, que
não obtiveram apoio/capacitação para a elaboração do PDE–Escola por parte
do Comitê estratégico como previsto no manual do PDE–Escola, tornando-se
apenas uma ferramenta para cadastrar o plano de trabalho e receber recursos.

Nota-se que a escola não utilizou para os demais anos o Planejamento


Pedagógico, bem como atividades desenvolvidas no período de vigência do
PDE–Escola. Mesmo sabendo do desenho do programa e os seus benefícios,
ficou evidenciado na entrevista que as ações previstas não obtiveram êxito, e
que não foram replicadas durante os anos subsequentes.

Como não se obteve acesso a elaboração do PP, fica inviável identificar


se os objetivos traçados, bem como as metas foram alcançadas ou não,
acarretando o sucesso ou insucesso do PDE–Escola, nessa unidade escolar.
Não há como apontar e mensurar as falhas ocorridas na implementação do
PDE–Escola, pois o documento original que continha informações pertinentes
ao Programa não foi localizado. Abaixo segue quadro síntese da entrevista
realizada.

Quadro 24 – Síntese da Entrevista realizada na Escola D.


Pergunta Resposta
Pergunta 01 - O(a) senhor(a) participou na Sim, participou do processo de elaboração
elaboração do PDE–Escola, ou conhece do PDE–Escola.
alguém que participou?
Pergunta 02 - Como o senhor (a) ficou Foi uma exigência da Secretaria de
sabendo que existia o PDE–ESCOLA; foi uma Educação e a escola não teve opção de
exigência da secretaria de educação ou foi recusar ou não. Houve entrega de uma
uma iniciativa da própria escola? lista de escolas em uma reunião onde
indicava quais escolas iriam participar do
PDE – Escola.
83

Pergunta 03 - Porque a escola se interessou Foi uma exigência da Secretaria de


pelo PDE? Educação e a escola não teve opção de
recusar ou não
Pergunta 04 - Vocês conhecem o manual e Conhece superficialmente. Foi entregue o
seguiram o manual? manual para a escola seguir o passo a
passo, no entanto, a escola possuía muitas
dificuldades para executar as atividades.
Pergunta 05 - Após o PDE, houve uma Não. Após o PDE–Escola não houve um
melhora no plano pedagógico da escola? repasse de informações para os novos PP
e essas informações acabam perdendo-se
ao longo dos anos.
Pergunta 06 - Foi realizado alguma Não. Por parte da escola, não houve.
autoavaliação após o PDE?
Pergunta 07 - Existe alguma outra pessoa que Sim, no entanto, a vice-diretora foi a
participou do PDE–Escola que ainda pessoa que mais contribuiu com a
permanece/atua aqui? entrevista.
Pergunta 08 - O(a) senhor(a) tem algum Não localizaram nenhum documento que
registro da elaboração do plano pedagógico pudesse aprofundar a entrevista, bem
realizado, contendo os objetivos, metas, como o estudo acerca da Análise
ações, entre outros? situacional, diagnóstico, implementação e
autoavaliação.
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Em suma, no caso desta escola observa-se que seguiu uma tendência


em relação a implementação do PDE –Escola com as demais, pois essas
características estão diretamente ligadas à continuidade do plano de ação
proposto pelo Programa nos anos seguintes. Com isso há uma fragilidade do
histórico ou memória das ações pensadas e implementadas.

CONCLUSÃO
84

Este estudo se propôs a investigar a implementação do PDE –Escola na


cidade de Natal/RN e as Implicações da Autonomia na Gestão escolar,
desenvolvendo um estudo de caso em quatro escolas do município. A partir de
um Banco de dados disponibilizados pelo FNDE/MEC, foi observado
características das unidades escolares a fim de entender melhor a realidade
onde estão inseridas, bem como suas dificuldades de enfrentamento para
elevar o IDEB. Com isso, foi feito uma análise das escolas que receberam o
Programa no período de 2007 a 2015, inseridas no Rio Grande do Norte, para
então desenvolver o estudo de caso no município de Natal.

Pode-se concluir que no Rio Grande do Norte, o número de benefícios


que o programa disponibilizou foi de 2.654 vezes às escolas do estado, já que
a escola recebia o Programa por dois anos. No município de Natal, esses
recursos foram 1.507 para a rede de ensino municipal e 1.159 para a rede de
ensino estadual. A partir da caracterização, foram escolhidas duas escolas da
rede municipal e duas da rede estadual de ensino.

As quatro escolas analisadas apresentaram dificuldades quanto a


implementação do plano de ação, bem como outras características específicas
do Programa. Todas foram unânimes ao relatarem que esses obstáculos foram
desencadeados por falta de orientação e acompanhamento das Secretarias de
Educação, tanto na questão da preparação, análise situacional, definição da
visão estratégica, execução e autoavaliação.

Um reflexo importante desta falta de acompanhamento, pôde ser


constatado pela ausência de participação da equipe de sistematização
composta pela gestão escolar e representantes do colegiado escolar composto
por pais, professores e alunos, juntamente com o comitê de análise, para que
se desenvolvessem a autoavaliação do plano de ação implementado.

O comitê de análise e aprovação não cumpriu com as suas atribuições e


responsabilidades, considerando que o manual do PDDE –Interativo atribui
tarefas de prestar assistência técnica, tanto na elaboração como na execução
do PDE–Escola, sendo parte fundamental para o sucesso do Programa. A
assistência do comitê poderia evitar que as escolas agissem equivocadamente
por falta de informação e apoio.
85

A escola A não soube desenvolver um bom planejamento das ações a


serem cumpridas no PDE–Escola, fato este que foi demonstrado nas
considerações feitas durante a discussão. Um exemplo que foi citado, foi a
reprovação e abandono e distorção idade-série, onde a escola não identificou
alguns possíveis problemas relevantes para o tema e propôs algumas ações
que não estão de acordo com a CF/88, LDB e ECA. Diante do exposto, a
escola não alcançou algumas metas previstas no plano de ação, o que
prejudicou o desempenho da escola e inviabilizou a realização da
autoavaliação.

Em relação às escolas B, C e D não foi possível identificar se os


objetivos, metas e estratégias traçadas foram alcançadas ou não, devido não
possuírem nenhum registro que possibilitasse desenvolver um estudo mais
aprofundado como ocorreu na escola A. Foi observado que alguns gestores
não possuem conhecimento do que foi o PDE –Escola, sendo interpretado
muitas vezes , de forma errônea como o PDDE–Interativo e ou PDE.

Conclui-se, portanto, que as quatro escolas estudadas possuíram


dificuldades na implementação do Programa, ainda que tenham sido as
mesmas, as autoras dos respectivos planos de ação. Durante a ação da
implementação ocorreram alguns entraves, os quais implicaram diretamente no
sucesso do PDE–Escola e, consequentemente, no IDEB.

REFERÊNCIAS
86

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GOMES, Sandra Cristina. Sobre a viabilidade de uma agenda de pesquisa


coletiva sobre implementação de políticas e desigualdades. Natal: 2018

LOPES, C. A. O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS POLÍTICAS


PÚBLICAS: O CASO DO PRONASCI NA REGIÃO METROPOLITANA
87

DA GRANDE VITÓRIA. Dissertação (Mestrado  em Ciências Sociais) -


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Ministério da Educação. Manual do PDE-Interativo. Disponível em: <>.


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88

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SABATIER, Paul A. & JENKINS-SMITH, Hank C., (ed.). Policy Change


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Anuário Natal 2014. Natal (RN): SEMURB, 2014.
89

ANEXO 1 – ENTREVISTA COMPLETA REALIZADA NA ESCOLA A

Universidade Federal do Rio Grande do Norte


Gestão de Políticas Públicas
Orientadora: Profº Dra. Sandra Cristina Gomes.
Discente: Thaynara Cristinne Oliveira Rodrigues

A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA


(PDE) NA CIDADE DE NATAL E AS IMPLICAÇÕES DA AUTONOMIA NA
GESTÃO ESCOLAR

Roteiro para Pesquisa de Campo – Anexo 1

 Escola 1: Escola Estadual – Cidade da Esperança

Caracterização Unidade Escolar:


A Escola Estatual, localizada em Natal, no Bairro Cidade da Esperança,
Zona Leste, recebeu recursos do PDE–Escola no ano 2008 e 2009. Em
2008, a escola possuía 697 alunos matriculados, recebendo um
investimento no valor de R$ 31.000,00 reais, sendo R$ 18.600,00 reais para
Custeio e R$ 12.400,00 para Capital. Em 2009, a escola possuía 1.149
alunos matriculados, recebendo um investimento no segundo ano no valor
de R$ 21.500,00 reais, sendo R$ 15.050,00 para Custeio e R$ 6.450,00
para Capital.
Data da Entrevista:
16/04/2019 às 14:00 Horas
Entrevistada:
Coordenadora Financeira
Indicações de Perguntas:
Perguntas Gerais

1 – Como ficou sabendo que existia o PDE –ESCOLA; foi exigência da


secretaria ou foi por iniciativa da própria escola?
2 – Porque a escola se interessou pelo PDE?
3 – Vocês conhecem o manual e seguiram o manual?
4 – Após o PDE, houve uma melhora no plano pedagógico da escola?
5 – Foi realizado alguma autoavaliação após o PDE?
6 – Existe alguma outra pessoa que participou do PDE –Escola que ainda
permanece atua aqui?

Perguntas Específicas

1. Nota-se que há um aumento na quantidade de matrículas dos alunos


na escola de 2008 para 2009, de 452 novas matrículas. Essa
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quantidade de matrículas foi devido ao PDE –Escola para conseguir


um maior repasse, já que o cálculo do programa é feito pela
quantidade de alunos inseridos na escola?

2. Sabe-se que o Planejamento Estratégico do PDE –Escola deve ser


elaborado com a participação da comunidade escolar. Como se deu
essa participação?

3. Quantas pessoas participaram diretamente no processo do


Planejamento Estratégico do PDE –Escola? Quantas pessoas eram
servidores da escola e quantas pessoas eram pais de alunos e
demais interessados?

4. Quais e quantos objetivos e metas o Planejamento Estratégico o


PDE possui? Os objetivos e metas foram alcançadas?

5. A escola teve algum tipo de apoio técnico do comitê estratégico da


Secretaria Estadual de Educação, para atuar na orientação da
elaboração dos planos de ação e no acompanhamento da execução?

6. O manual Como Elaborar o Plano de Desenvolvimento da Escola


apresenta alguns passos a serem seguidos na elaboração do
planejamento da escola, com estabelecimento de oficinas a serem
desenvolvidas pelo Grupo de Sistematização junto aos integrantes da
equipe escolar. Como essas etapas foram realizadas?

 Preparação
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 Autoavaliação (análise situacional ou diagnóstico

 Elaboração da visão estratégica

 Execução

 Monitoramento e Avaliação

7. O manual do PDE–Escola informa que “É necessário criar uma


estrutura que garanta a elaboração e a implementação do PDE de
maneira organizada e eficaz”. Como foi organizada essa estrutura?

O manual retrata que se deve ter:

 Grupo de Sistematização do PDE

 Comitê Estratégico
 Coordenador do PDE
 Líderes de Objetivos Estratégicos
 Gerentes dos Planos de Ação
 Equipes dos Planos de Ação
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Respostas da entrevistada

No dia 16 de Abril de 2019, reuniu-se na Escola, a Coordenadora


Financeira da Unidade Escolar. Quando perguntada como a escola tomou
conhecimento do programa, ela respondeu que a unidade escolar tomou
conhecimento do PDE–Escola através de informações repassadas da
Secretaria Estadual de Educação. Ela relata que houve algumas reuniões na
secretaria para orientação acerca dos passos a serem seguidos. Informa que
os recursos eram disponibilizados de “acordo com a necessidade da unidade
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escolar e a quantidade de alunos matriculados”. Necessidades essas, que


eram identificadas em um “Questionário” respondido, sobre as necessidades
de cada disciplina, como outras questões referentes a escola, como
necessidades estruturais e humanas “Foi um questionário bem amplo que a
escola respondeu na época”. Relata ainda, que na elaboração do Plano
Pedagógico para submeter ao PDE–Escola, houve uma reunião para
organização e discussão das necessidades da escola, e que foi fundamental a
participação da comunidade escolar em todo o processo.
Foi detalhado o passo a passo por uma equipe na época, no entanto,
ela não participou diretamente na organização. No momento em que o PDE –
Escola chegou na unidade escolar, ela disponibilizava 3 turnos para os alunos.
Cita que foi um período em que a escola estava com a sua capacidade de
funcionamento bastante cheia, com 1.149 alunos. Atualmente possui cerca de
400 alunos matriculados, no entanto, com o decorrer dos meses, há um
elevado índice de abandono escolar. Cita que na elaboração do Plano
Pedagógico, foi feito um trabalho para reunir os três grupos da escola (Diretoria
e Coordenação, Professores e Pais de alunos). A mesma fala que houve um
planejamento para que houvesse a implementação das ações e dos recursos
destinados pelo Governo Federal. Informa que foi uma época boa e que de fato
conseguiram melhorar em alguns aspectos identificados pelo Plano
Pedagógico. No entanto, com o decorrer dos anos e das mudanças na Gestão
Escolar, não houve transferências de conhecimentos para as novas gestões e
acabaram perdendo o que estava desenhado no PDE–Escola. Ao invés de
aumentarem o quantitativo de alunos matriculados no decorrer dos anos, houve
um decréscimo bem significativo. “A escola não consegue entender os motivos
que fizeram com que perdessem um número tão grande de alunos. Acho que é
um questionamento que é feito com todas as escolas de Natal. O que
aconteceu com a escola pública que está havendo essa perda significativa de
alunos, tanto no ensino médio como no fundamental? As escolas estão se
esvaziando...” A mesma fala que o que faltou para o PDE–Escola ter tido um
sucesso, foi um acompanhamento eficaz da Secretaria Estadual de Educação,
de irem na escola e ajudarem tanto na implementação do plano pedagógico,
como na elaboração dele. “Não adianta o Governo Federal disponibilizar os
recursos, se não existe uma manutenção. Deve haver uma manutenção
sistemática para identificar se o que foi planejado está surtindo efeitos ou não.
No sentido de frequentar a escola, de cobrar e acompanhar o desenvolvimento
do programa. As melhorias que ocorreram na escola foram mais estruturais.
Quando perguntado que melhorias estruturais foram essas, ela falou que foi a
manutenção de algumas salas que estavam com alguns problemas de
instalação, bem como a construção de uma sala para projetos. Em relação ao
professor, não existe um diferencial e nem um benefício. “Acho que faltou um
pouco disso, também”.
Quando perguntado se houve uma melhoria no IDEB, ela falou que não houve
melhorias significativas no índice. “Essa parte positiva do programa não foi
alcançado pela escola. De fato, faltou um estudo em cima do Plano
Pedagógico. Porque que a escola não conseguiu atingir seus objetivos, apesar
de ter acontecido algumas melhorias estruturais? Por que que não aconteceu
uma melhoria real na parte de aprendizagem? O que faltou foi um investimento
nesse sentido, porque não é só material, tem que se trabalhar o humano, o
investimento no Professor. Porque se tivesse acontecido realmente, eu acredito
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que não teria tido um resultado tão negativo.” Em relação ao resultado


negativo, a mesma fala que “O PDE–Escola não provocou um resultado
negativo e sim a escola não alcançou um resultado Esperado. Ficou na
mesmice e não teve um resultado de crescimento em relação a aprendizagem
do aluno. Ao invés do PDE–Escola alavancar a unidade escolar, estabilizou.
Não teve uma resposta positiva como se esperava. O resultado negativo deve-
se ao conjunto de fatores, tanto da Secretaria de Educação, como das próprias
gestões que passaram pela escola durante esse período. Faltou algum tipo de
incentivo, algum trabalho mais direcionado de projetos para alavancar o
Programa, uma capacitação por parte da secretaria de educação. Não adianta
fazer uma capacitação apenas com a parte gestora, porque um dia ela vai sair
por existir uma rotatividade. Então se você não procura investir nos outros
segmentos, como é que fica? Porque são esses outros segmentos que
permanecem na escola (os professores e os alunos). Então, acho que faltou
essa capacitação para todos. Houve por parte da gestão na época, a
apresentação do programa, estudo dele para poder criar todo o formato, para
conseguir essas melhorias estruturais e pronto. E o resto? Deveria ter dado
uma continuidade. Da mesma forma que começou, o programa teria que ser
mais bem assistido de forma contínua, não somente no primeiro momento. O
primeiro momento foi bacana, legal... mas e depois? Como tudo que acontece,
eu fico impressionada. Todos os programas e projetos que chegam aqui e
acontecem, eu tenho a impressão que falta uma administração. O lançamento
do projeto é maravilhoso, quando você vai ler os programas que chegam até a
escola, são programas muito bons, os objetivos são maravilhosos, mas eles
vão se perdendo no meio do caminho, vão perdendo aquela força de quando
começa e eu acho que acontece isso devido não se ter um acompanhamento
eficaz, daquela cobrança real de vir até a escola, uma preocupação de sempre
ter um monitoramento e uma assistência contínua. Não é só uma vez no ano,
não é só por Recadinhos. Acho que deveriam vir à escola para verem a
realidade e identificarem onde está o problema e procurarem meios para mudar
a situação naquele momento. Deveriam chamar as pessoas que estão
responsáveis pelo Programa para verificar e analisar o porquê da falta de
sucesso em relação ao programa. A gente recebe o Programa, vem recursos
para dar uma certa assistência e pronto, acabou. E aí? E o resto? E aquele
apoio sistemático que nós precisamos? porque tem tantas coisas para se
resolver no dia a dia... Quantas vezes a direção da escola, junto com a sua
equipe e seus coordenadores planejam algo para desenvolver no dia e tudo vai
por água abaixo por conta de outros tipos de problemas que acontecem. Muitas
vezes os nossos planejamentos são simplesmente desviados para resolver
problemas da escola, seja estrutural quando chove, muitas vezes não tem aula,
seja da parte humana com problemas de violência, aluno que frequenta escola
drogado. Ou seja, muitas vezes nós paramos para resolver essas questões.
Então tudo que a escola planejou, é modificado em decorrência de problemas
que acontecem, que precisam de uma atenção maior e urgente.”
Quando perguntado se foi feito uma autoavaliação após o período de
implementação do plano pedagógico na escola, ela respondeu que não foi feito
e que não possuem nenhum dado. Quando perguntado como se deu a
participação da comunidade escolar, ela respondeu que convocaram os pais.
Alguns foram escolhidos. Os critérios de escolha foram para pais que mais
participavam na escola e se faziam presentes, que demonstravam maior
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responsabilidade com os filhos. “A gente achou que o resultado seria melhor.


Que teríamos mais apoio e uma maior presença deles aqui na escola”. Foi
perguntado se eles possuem algum registro desses encontros e desse
planejamento pedagógico que foi feito. A mesma fala que acredita que sim,
pois na época houve registros fotográficos das reuniões, no entanto não guarda
em seu acervo pessoal. Diz que na época, eram 3 coordenadores por turno, ou
seja, um total de 9 coordenadores para assumirem responsabilidade dos
alunos matriculados. Atualmente, cada escola possui apenas 1 coordenador.

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