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CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
NATAL
2020
MARCELO DOS SANTOS BEZERRA
NATAL
2020
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN – Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Profa. Dra. Elda Silva do Nascimento Melo
(Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________
João Ricardo Freire de Melo
(Examinador Externo - titular)
Instituto Federal da Paraíba
_____________________________________________________
Profa. Dra. Cynara Teixeira Ribeiro
(Examinadora Interna - titular)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________
Profa. Dra. Luciane Terra dos Santos Garcia
(Examinadora Interna - suplente)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________
Profa. Dra. Andrezza Maria Batista do Nascimento Tavares
(Examinadora Externa - suplente)
Instituto Federal do Rio Grande do Norte
Dedico este trabalho a todos que
conheceram a minha trajetória no
mestrado: familiares e amigos. Tenho
muita gratidão pelas pessoas que
compartilharam um pouco de sua
sabedoria comigo, assim como um pouco
de fé, esperança, luz, paz e comunhão
com o meu desejo em concluir esta etapa
em minha vida. Ontem era um sonho,
hoje é uma dádiva.
AGRADECIMENTOS
Quero dizer que não foi fácil essa travessia que em alguns momentos
parecia sem fim, principalmente pelas inocorrências pessoais que me atravessaram.
Contudo, esses percalços ao invés de me deterem, impulsionaram-me com mais
força e alegria.
Agradeço a todos os participantes/professores desta pesquisa que
encontraram um tempo, em seu tempo corrido, para se dedicar ao curso de robótica
educacional, no qual tive o prazer em conhecê-los e realizar esta pesquisa com
vocês. Em especial a Denilton que foi muito gentil e solícito em todos os momentos
da empiria nesta pesquisa. Gratidão, Denilton.
Aos que não têm medo de pensar criticamente, questionar suas verdades,
se reinventar e compartilhar suas ideias sobre os caminhos da pesquisa científica:
Lívia Maria, Pedro Ítalo, Luciana Simião, Sheila Pereira e Josângela Bezerra.
Obrigado pelas contribuições neste estudo científico.
Aos professores que deixam de ser deuses do mundo acadêmico e científico
e entendem que compartilhar conhecimentos e sentimentos faz parte da trajetória da
vida humana que é tão breve para se viver e tão longa para se errar: Elda Melo,
Conceição Almeida, Cynara Ribeiro e Rosália de Fátima.
Aos que possibilitaram esta pesquisa sair do papel para à realidade, a
Secretaria de Educação do município de Natal-RN, bem como o Núcleo de
Tecnologias Educacionais dessa secretaria.
Ao Programa de Pós-graduação em Educação do Centro de Educação,
dessa universidade, que me acolheu e oportunizou a realização do curso de
Mestrado em Educação.
Aos colegas de orientação e grupo de estudos em formação e
representações sociais: Érika, Camila, Maíra, Fillipe Azevedo, Reinaldo, Josângela,
Carmem, Madele, Philipe Brilhante e demais colegas.
A CAPES, pela concessão da bolsa mestrado, cujo apoio financeiro foi,
essencialmente, importante para a realização desta pesquisa.
A minha orientadora, Profa. Dra. Elda Melo, agradeço pelo compromisso
assumido e pelo constante incentivo, sempre indicando a direção a ser tomada nos
momentos de maior dificuldade, interlocutora interessada em participar de minhas
inquietações, coautora em vários trechos. Agradeço infinitamente pela confiança
depositada em mim.
Aos professores que gentilmente aceitaram participar da Banca e assim
colaborar com este trabalho.
Para além destas palavras escritas, espero encontrar melhor forma e
momento para dizer a todos o quanto sou agradecido e o quanto sinto que a todos
eu devo um pouco deste trabalho. O meu reconhecido e carinhoso muito obrigado!
Sabe-se que desde criança, a ideia com as características dos robôs povoa o
imaginário de muitas pessoas. Contudo, bem diferente do imaginário, os robôs estão
presentes em muitos setores da sociedade e a escola é um destes espaços.
Diversos estudos atestam que o uso da robótica educacional nas práticas
pedagógicas contribui para qualificar o processo de ensino e aprendizagem em
diferentes contextos escolares. Desde meados dos anos 1990, a robótica
educacional tem sido implantada em algumas escolas públicas no Brasil. Entretanto,
percebe-se que a formação inicial docente, ainda, não acompanha essa realidade,
postergando para a formação continuada o conhecimento necessário para o
professor utilizar esta tecnologia em sua prática pedagógica. Por meio da Teoria das
Representações Sociais, bem como da Teoria do Núcleo Central buscou-se
compreender como os professores representam essa tecnologia educacional. Nesse
sentido, objetivou-se compreender as representações sociais da robótica
educacional para professores do Ensino Fundamental da rede de ensino pública da
cidade do Natal, estado do Rio Grande do Norte. No percurso metodológico, utilizou-
se da pesquisa bibliográfica, documental e de campo, cujos instrumentos aplicados
foram a Técnica de Associação Livre de Palavras, o questionário e a entrevista
semiestruturada. É importante ressaltar que, a aplicação desses instrumentos se
deu no espaço de formação continuada dos professores, curso de robótica
educacional, em que eles estavam presentes. O tratamento dos dados foi realizado
com a ajuda do software Excel e a análise por meio do método Análise Categorial de
Conteúdo. O uso dessa combinação, métodos e técnicas, possibilitou a apreensão
dos aspectos quantitativos e qualitativos. As contribuições e validações deste estudo
evidenciaram a existência de uma representação social da robótica educacional nos
elementos: criatividade, desafio e aprendizagem. Sabe-se que este estudo não
esgota em si as possibilidades de explicar as dinâmicas contidas nesta
representação, no entanto, é salutar reconhecer a importância das reflexões que se
encontram neste trabalho.
It is notorious that since childhood, the idea with the characteristics of robots
populates the imagination of many people. However, quite different from the
imaginary, robots are present in many sectors of society, and the school is one of
these spaces. Several studies attest that the use of educational robotics in
pedagogical practices contributes to qualify the teaching and learning process in
different school contexts. Since the middle of the 1990s, educational robotics has
been implemented in some public schools in Brazil. However, it is clear that the pre-
service teacher education does not follow this reality, postponing the necessary
knowledge for the teacher to use this technology in his pedagogical practice for
service teacher education. Through of the Social Representations Theory, as well as
the Central Core Theory, it sought to understand how teachers represent this
educational technology. In this sense, the goal was to know the social
representations of educational robotics for elementary school teachers in the public
education system in Natal city, state of Rio Grande do Norte. In the methodological
path, it was used bibliographic, documentary and field research, whose instruments
applied were the Free Word Association Technique, the questionnaire and the semi-
structured interview. It is important to note that the application of these instruments
took place in the space of continuing education for teachers, an educational robotics
course, where they were present. Data processing was performed with the help of
Excel software and analysis using the Categorical Content Analysis method. The use
of this combination, methods, and techniques, enabled the understanding of
quantitative and qualitative aspects. The contributions and validations of this study
showed the exist a social representation of educational robotics in the elements:
creativity, challenge and learning. It is notable that this study does not exhaust in
itself the possibilities of explaining the dynamics contained in this representation,
however, it is healthy to recognize important reflections found in this work.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 16
2 A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: UMA LENTE PARA
ENXERGAR A ROBÓTICA EDUCACIONAL............................................ 21
2.1 Conhecendo a Teoria das Representações Sociais............................. 21
2.2 Teoria do Núcleo Central das Representações Sociais....................... 26
2.3 Primeiros passos: o surgimento dos robôs e da robótica................... 30
2.4 A chegada da robótica no campo escolar............................................. 40
2.5 Robótica educacional: conceitos e perspectivas................................. 42
3 A FORMAÇÃO DOCENTE NO CONTEXTO DA ROBÓTICA
EDUCACIONAL......................................................................................... 50
3.1 A robótica educacional no campo das tecnologias educacionais...... 50
3.2 A abordagem construcionista na robótica educacional...................... 56
3.3 Programando a formação docente em robótica educacional.............. 60
3.4 Marco legal da robótica educacional no Brasil e em Natal-RN............ 67
3.5 A robótica educacional nas escolas públicas....................................... 72
4 O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA.................................. 78
4.1 Instrumentos de coleta dos dados e suas aplicações......................... 80
4.1.1 O formulário e a TALP............................................................................... 80
4.1.2 O questionário............................................................................................ 82
4.1.3 A entrevista semiestruturada..................................................................... 83
4.1.4 Diário de campo: a observação direta na empiria..................................... 84
4.2 Procedimentos para tratamento dos dados.......................................... 84
4.3 O campo da pesquisa.............................................................................. 93
4.4 Caracterização dos sujeitos.................................................................... 96
5 AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ROBÓTICA EDUCACIONAL..... 113
5.1 Categorias de análise semântica............................................................ 114
5.1.1 Visão cognitiva........................................................................................... 116
5.1.2 Visão formação docente............................................................................ 117
5.1.3 Visão descritiva tecnológica....................................................................... 119
5.1.4 Visão prescritiva da robótica educacional.................................................. 121
5.2 Espiral de Sentidos e o sistema duplo das representações sociais.. 123
5.2.1 O sistema central das representações....................................................... 123
5.2.2 O sistema periférico das representações................................................... 130
5.3 Os sentidos atribuídos a robótica educacional.................................... 135
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 143
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 149
Apêndice A – Termo de Compromisso Livre e Esclarecido....................... 155
Apêndice B – Formulário ........................................................................... 157
Apêndice C – Aplicação piloto da TALP.................................................... 158
Apêndice D – Questionário........................................................................ 159
Apêndice E – Entrevista semiestruturada.................................................. 161
16
1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais, nas últimas décadas, muitos professores decidem por
investir na formação continuada para qualificar a prática pedagógica em sala de
aula, inclusive, adquirir graus acadêmicos, melhorias salariais, realizações pessoais,
entre outros interesses. Estes professores estão presentes nos momentos
formativos como palestras, seminários, congressos, simpósios, cursos de extensão,
especialização, mestrado, doutorado, etc.
Nessa perspectiva, os contextos educacionais estão sendo transformados a
partir dessa qualificação por meio da formação continuada, cujas temáticas
formativas abrangem diversas áreas da vida humana como o social, a ecológica, a
política, a ética, a biológica, a religiosa, a psicológica, a econômica, a alimentar, o
bem-estar, inclusive as tecnologias educacionais. Esta última está inserida nesses
contextos formativos devido à proporção que tomou diante das rupturas dos
paradigmas do ensino, tornando-se, desse modo, pertinente o seu estudo.
Ademais, nas formações os temas estudados propõem discussões a
respeito do currículo, da aprendizagem, da avaliação, do ensino e do planejamento
com a finalidade de buscar novos entendimentos que objetivem analisar, discutir e
apropriar-se de práticas formativas que estão convergindo para uma visão mais
holística e inovadora que o docente necessita para atuar na educação
contemporânea por meio da compreensão das dinâmicas sociais como a evolução
tecnológica.
Sendo assim, observa-se que a evolução tecnológica trouxe novos desafios
para a escola, nos quais a cada dia descortinam-se novas descobertas que exigem
dos professores uma busca em aprender para se manterem atualizados na sua
profissão. Uma dessas novas descobertas, em especial para a escola pública, é a
Robótica Educacional (RE) que surge na escola como um meio de ensino para
propor a interdisciplinaridade de ações, pessoas e conteúdos curriculares
(FAZENDA, 2010). Nessa tecnologia, utilizam-se diversos blocos de peças para
montagem de robôs com sensores, motores, cabos, polias, cujo funcionamento se
dá por meio da programação.
Recentemente, a robótica no âmbito escolar está ganhando visibilidade e
força para se manter como atividade complementar dentro do currículo escolar,
17
1
Embora o atual governo no Brasil tenha redimensionado o ministério da Cultura para uma
pasta de secretaria, a sigla MEC ainda continua sendo utilizada e veiculada em documentos
e comunicações oficiais do governo.
18
debates abrindo caminhos para novas pesquisas sobre o tema em questão, uma vez
que são poucas as fontes impressas e virtuais que tem como objetivo a análise das
representações sociais da robótica educacional dos professores na educação
pública.
Dito isto, o interesse por este estudo está ligado a minha prática e
envolvimento com a robótica educacional há mais de sete anos quando fui escolhido
para ser coordenador do Projeto Lego® Educacional: robótica para todos, em uma
escola da rede de ensino privada. A metodologia do projeto consistia em utilizar os
kits do Lego® para lecionar conceitos da Matemática e, principalmente, da Física de
forma lúdica e interdisciplinar, somando esforços no planejamento e nas ações com
outras áreas de conhecimento do currículo escolar como Biologia, Química,
Geografia, Arte. Assim, os alunos formavam grupos de quatro alunos e cada grupo
utilizava um kit de robótica educacional e seguiam as orientações dos professores
acerca dos objetivos propostos.
Outrossim, os docentes participavam de uma formação continuada
semestral, realizada por uma empresa de consultoria em robótica educacional para
treinar os professores e coordenadores a utilizarem a metodologia deste referido
projeto. A coordenação desse projeto me proporcionou viajar por diversas cidades
no Brasil para conhecer outras experiências desse projeto em outras escolas da
mesma rede de ensino.
Durante esse período, nesse projeto, me surgiram algumas indagações e
muitas reflexões acerca dos conhecimentos, percebidos ou não, pelos professores
em suas práticas pedagógicas, tanto em sala de aula quanto nos eventos da
robótica que ocorriam na escola. Dentro desses contextos das formações
continuadas, das aulas ministradas com uso da robótica educacional, bem como na
observação da empolgação dos professores com o protagonismo dos alunos nas
atividades propostas, eu pensava: será que os professores estão aprendendo algo
com a robótica educacional que contribua para o desenvolvimento profissional
docente? Quais são as representações que os professores têm da robótica
educacional? Será que aqueles processos de formação continuada auxiliam, de
alguma forma, o professor a ter uma atitude mais autônoma em sua própria prática
em sala de aula? Estariam os professores refém dessa tecnologia para o ensino e,
desse modo, agindo passivamente diante da construção do conhecimento e
possíveis mudanças em sua postura?
19
2
Apresentamos no capítulo metodológico o resultado deste breve estudo do estado da arte.
20
Esse tempo foi também frutífero para Moscovici observar e refletir sobre
duas questões que pareciam diluídas nas atitudes dos romenos e que lhes
incomodou por muito tempo, a saber: como superar a ideia de que o povo não
pensa? Como ideias novas se prendem à tradição? Moscovici não encontrou
respostas definitivas paras essas questões, mas se empenhou em estudá-las e
contou com muitos outros estudiosos para, no mínimo, refletir sobre elas. Não temos
a pretensão de respondê-las, mas apenas situar historicamente um dos pontos de
partida que motivou Serge Moscovici a elaborar esta grande teoria.
Como afirma Moscovici apud Wolter (2014, p. 32), “[...] a primeira violência
anti-semita ocorreu nas escolas e universidades” por pessoas estudadas que
23
com os outros, que nos servem de apoio [...]” ora de forma convergente, ora de
forma conflitante. São relações dinâmicas em que vivemos no mundo.
Partindo dessa perspectiva dinâmica do cotidiano dos indivíduos inseridos
na sociedade, Moscovici reconstitui o conceito de representações coletivas de
Durkheim para reelaborá-lo e apresentar as noções sobre representações sociais.
Para Moscovici (2012, p. 40) as teorizações de Durkheim afirmavam “[...] que a vida
social é a condição de todo pensamento organizado [...]”, isso levaria ao
entendimento que o indivíduo apenas reproduz o conhecimento hegemônico que
vem das instituições, sobretudo dos grupos, do que é coletivo e social, porque o
social tem mais valia que o individual.
Desse modo, Moscovici (2001) explicou que essas representações coletivas
são equivalentes a sistemas estáticos, definidos e que se impõem de fora para
dentro nos indivíduos. Para ele, Durkheim deixou lacunas na explicação de como
essas representações se formam nessa condição de grupo, coletivo e social. Assim,
Moscovici (2012) concluiu que o conceito de Durkheim tornou-se vago e, logo,
esquecido porque não conseguia explicar a dinâmica das relações que as
representações sociais estabelecem entre o social e o indivíduo.
Para Durkheim, as representações coletivas poderiam ser reproduzidas e
percebidas nos mitos, nas imagens e nas opiniões dos indivíduos ou grupos
influenciados pela produção e comunicação da cultura hegemônica das instituições.
Moscovici (2012) explica que os grupos, na visão e entendimento de Durkheim, são
compreendidos como consumidores e selecionadores das informações sociais, logo
as representações coletivas são estáticas; enquanto que as representações sociais
são dinâmicas, ao mesmo tempo em que consomem e selecionam informações do
social, elas produzem novos comportamentos e novas relações com o ambiente.
Essas relações ocorrem entre o objeto representado, os indivíduos e os
estímulos externos. No nosso estudo, o fenômeno das representações sociais da
robótica educacional para os professores do Ensino Fundamental, podem indicar
pistas de como as representações sociais estão sendo tanto compartilhadas como
produzidas por um grupo. Essas relações podem ocorrer por diversos itinerários
como, já foi mencionado anteriormente, gestos, falas, encontros, atitudes, dentre
outros, na tentativa de tornar familiar o que ainda não é habitual para o grupo.
Assim, essas relações podem ser compreendidas dentro de uma dimensão dialética
(MOSCOVICI, 2012).
25
Com base nessas noções, Abric (1998, p. 30) ressalta que as funções da
RS, do ponto de vista mais global, é “preservar e justificar a” diferença social de um
grupo e, além disso, pode até enaltecer estereótipos nas relações com outros
grupos. Portanto, pode contribuir para “a discriminação” ou “a manutenção da
distância entre eles”.
Jodelet (2001, p. 17), explica que as funções das representações sociais são
importantes porque elas guiam nos modos de nomear os mais diferentes aspectos
do cotidiano, “no modo de interpretar esses aspectos”, “tomar decisões” e, às vezes,
“posicionar-se frente a eles de forma defensiva”.
A abordagem estrutural, em sua formulação original, propôs que as
representações formam um conjunto hierárquico de crenças que inclui elementos
periféricos organizados em volta de um núcleo. Contudo, foi por meio dos estudos
de Flament que a teoria integrou a noção de sistema. Ele propôs que as
representações estão organizadas em sistemas, sendo um central e o outro
periférico.
Nesse sentido, a TNC abre mão de “uma simples dicotomia entre elementos
centrais e periféricos” para integrar a noção de sistemas centrais e periféricos que
interagem dinamicamente entre si de forma dialética (MOLINER, ABRIC, 2015, p.
83).
Para Flament apud Moliner, Abric (2015), a Teoria do Núcleo Central pode
ser utilizada tanto para descrever a estrutura das representações, como para
fornecer explicações para sua estabilidade e dinâmica.
O sistema central ou núcleo central, de acordo com Abric (1998) e Moliner,
Abric (2015), é o elemento, ou são os elementos, mais estável de uma
representação e que se firma em contextos imediatos e evolutivos. Dito isso, trata-se
29
entendimento que temos, atualmente, sobre robô e robótica não era a mesma
compreensão como em outras épocas e sociedades. Contudo, uma coisa é certa, a
robótica sempre esteve presente na mente das pessoas, de diferentes maneiras, por
meio de representações do desejo de querer construir artefatos em diversas
sociedades e tempos diferentes (NIKU, 2015).
De acordo com Dahlhoff et al. (1995), há muito tempo esse desejo está
relacionado a vontade humana de transferir tarefas perigosas, difíceis e repetitivas
para máquinas ou dispositivos, cuja finalidade seria preservar o homem e a mulher
de possíveis situações de risco de saúde ou até mesmo de risco de vida. Essa
ambição humana acerca da fabricação de tais máquinas poderia alimentar nossa
imaginação, criatividade e o desejo de fazer a diferença entre uma sociedade e outra
na história da humanidade. Assim, a tecnologia utilizada na robótica desempenha
um importante papel em diversos setores no atual contexto da humanidade e a
escola não está imune dessa importante tecnologia (MATARIC, 2014).
Para Siciliano et al. (2009), a compreensão sobre o papel da robótica na
humanidade é como raízes culturais profundas que perpassam por diferentes
princípios. Nesse sentido, os estudos desses autores indicam que:
3
Texto original: Over the course of centuries, human beings have constantly attempted to
seek substitutes that would be able to mimic their behaviour in the various instances of
interactions with the surrounding environment. Several motivations have inspired this
continuous search refering to philosophical, economic, social and scientific principles.
32
tempo e no espaço, na Europa, entre os séculos XVII e XVIII, vários artefatos com
características realísticas foram criados, imitando os mecanismos de relógios, nos
quais podiam fazer assinaturas, tocar piano e até imitar a respiração. Contudo, a
compreensão do que é um robô nem sempre foi assim. Mataric (2014) compara-a
com a atual noção de robô e esclarece que:
[...] estas máquinas não eram realmente robôs, pelo menos não
segundo a definição e compreensão atual do que é um robô. [...] à
medida que os dispositivos computacionais se desenvolveram, as
noções de robô passaram a incluir pensamento, raciocínio, resolução
de problemas e até mesmo emoções e consciência (MATARIC,
2014, p. 18).
4
Texto original: [...] the behaviour conceived for the robot has often been conditioned by
feelings.
5
Texto original: [...] in the Industrial Age a mechanical creature (automaton) has been
entrusted with the task of substituting a human being in subordinate labor duties.
33
6
Texto original: [...] the robot is seen as a machine that [...] is able to modify the environment
in which it operates [...] by carrying out actions that are conditionated by certain rules of
behaviour intrinsic in the machine [...].
7
Para mais informações ver: https://brasilescola.uol.com.br/informatica/inteligencia-
artificial.htm
34
8
Para mais informações ver: https://www.infoescola.com/historia/uniao-sovietica/
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/uniao-sovietica.htm
9
Disponível em: https://www.people.com.br/noticias/robotica/conheca-6-robos-que-foram-
para-o-espaco. Acessado em 03/05/2019.
10
DNA é uma sigla em inglês, cuja formação vem das palavras deoxyribonucleic acid. Em
português significa ácido desoxirribonucleico. Para mais informações ver:
https://www.infoescola.com/biologia/dna/
35
11
Disponível em: https://urocirurgia.com.br/evolucao-da-cirurgia-robotica-no-brasil-entre-os-
anos-de-2012-e-2016/ acessado em 03/05/2019.
36
12
Perhaps it is for these reasons that the field fascinates so many of us. Esse fragmento
textual encontra-se no prefácio da obra, cuja numeração da página está em número romano.
13
The study of robotics concerns itself with the desire to synthetise some aspects of human
function by the use of mechanism, sensors, actuators, and computers.
14
In fact, robotics is commonly defined as the science studying the intelligent connection
between perception and action.
37
robô. Portanto, as ações de perceber e agir que um robô deve ter, estão
correlacionadas com a programação do robô. Sem programação o robô não
conseguirá interagir com o ambiente, tornando inviável à realização de tarefas em
que podem auxiliar ou substituir os seres humanos.
Outra definição acerca da robótica e que amplia o conceito anterior remete
aos estudos de Mataric. O livro da autora é fruto das anotações de aulas de um
curso que ela própria ministrou sobre robótica, cujo objetivo da obra escrita é auxiliar
qualquer pessoa que queira aprender um pouco mais sobre o mundo da robótica.
Para a autora, “robótica é o estudo dos robôs, o que significa que é o estudo da sua
capacidade de sentir e agir no mundo físico de forma autônoma e intencional”
(MATARIC, 2014, p. 21).
Podemos perceber que essa definição, de fato, amplia a visão do que é o
estudo sobre robôs. Trata-se de um entendimento que o robô deve ser uma máquina
capaz de interagir com o meio de forma autônoma e programável. Nessa
perspectiva, percebe-se uma evolução nos conceitos da robótica, cuja evolução
perpassa por diversas esferas da sociedade e do conhecimento histórico e científico
acumulado. Não somente na rotina científica, mas a robótica, de algum modo, está
presente no cotidiano das pessoas (NIKU, 2015).
Partindo dessa noção, Niku (2015, p. 4) define que a “robótica é a arte, a
base de conhecimento e o know-how de concepção, aplicação e uso de robôs em
atividades humanas”. Compreende-se que o autor amplia o conceito de robótica
para além da criação mecânica de robôs e, para tanto, evidencia-se que para criar e
programar um robô faz-se necessário demonstrar domínio dos processos e técnicas
que garantam um resultado sofisticado da máquina robotizada ao utilizar o termo
arte.
Estas definições acerca do campo da robótica sinalizam que há uma
evolução gradual da imagem e estética que um robô pode ou poderá ter para a
espécie humana em futuro muito próximo. É mister ressaltar, que o desejo humano
de possuir um escravo robótico é eminentemente factível, dada as limitações que a
natureza impõe sobre a condição humana: corpo frágil e vida temporária. Contudo,
de uma capacidade de aprendizagem incomensurável.
Desde os contos de ficção científica, escritos por Isaac Asimov, até os dias
atuais do cinema e da televisão que a inteligência humana tem demonstrado, por
meios de narrativas, o desejo da espécie humana em tornar a imagem do robô
38
15
Science fiction has influenced the man and the woman in the street that continue to
imagine the robot as a humanoid who can speak, walk, see, and hear, with as apperance
very much like that presented by the robots of the movie Metropolis, a precursor of modern
cinematography on robots, with Star Wars and more recently with I, Robot inspired by
Asimov's novels.
16
The three laws of robotics: 1 A robot must not injure a human being, or allow a human
being to come to harm. 2 A robot must obey the orders given by human beings unless they
conflict with the First Law. 3 A robot must protect itself as long as such protection does not
conflict with the First or Second Laws.
39
para dar condições de realizar ações que exigem precisão nos gestos técnicos em
uma modalidade esportiva. Mais do que isso, podemos imaginar como a rotina
dessas pessoas foi modificada pelo uso de partes robóticas no corpo.
A robótica entrou em muitos espaços e faz parte do cotidiano do ser humano
em muitos lugares, como já foi mencionado anteriormente, e provocou muitas
mudanças de comportamentos (MATARIC, 2014). Essa expansão poderá evoluir
muito mais na medida em que alcançar mais espaços e mais pessoas, porque
havendo mais pessoais com o conhecimento sobre robótica, outras descobertas
serão possíveis para a utilização desta ferramenta na relação entre a espécie
humana e os robôs.
Nas palavras de Mataric (2014), a robótica tem sido usada para proporcionar
muitas aprendizagens em diversos ambientes, como a escola, devido à amplitude e
interseção de conhecimentos de áreas de conhecimento diferentes. Ou seja, isso
torna o campo da robótica educacional muito promissor no futuro, uma vez que
“trabalhar com robôs proporciona uma educação experimental e prática [...]”
simultaneamente (MATARIC, 2014, p. 345).
Nessa perspectiva, o ensino tornar-se-ia menos tediante devido os
infindáveis desafios que a robótica propõe durante a montagem e programação dos
robôs aliados com uma abordagem pedagógica que proporcione o trabalho em
equipe e a exposição do erro como caminho fundamental para superação dos
desafios. Mas como a robótica chegou no campo escolar? É necessário
compreender a chegada da robótica na escola, assim como a definição de robótica
educacional e a maneira como ela pode tornar-se uma metodologia viável para o
professor na relação do ensino e aprendizagem buscando mais significados para
que não fique apenas na compreensão de um momento lúdico nas atividades
propostas.
17
Para mais informações sobre Papert recomendamos, fortemente, ler CAMPOS, 2011.
18
https://www.youtube.com/watch?v=FnVCyL9BwS8 nesse link pode-se assistir o registro
do encontro entre Paulo Freire e Seymour Papert na UNICAMP.
42
19
ZILLI, 2004 ; CASTRO, 2008 ; MAISONETTE APUD CASTRO, 2008 ; SILVA, 2009 ;
AROCA, 2012 ; ARAÚJO, 2013 ; FERNANDES, 2013 ; SÁ, 2013; SÁ, 2016 ; REIS, 2017 ;
FERNANDES, 2017.
45
20
https://www.educabrasil.com.br/robotica-educacional/
47
Neste capítulo, faremos uma breve discussão sobre as bases teóricas que
fundamentam o uso da RE como modelo de ensino e aprendizagem que favorece a
participação ativa dos alunos nas atividades escolares. Essa breve discussão será
fundamental para compreender, no capítulo de análise dos dados, como se
estruturam as representações sociais da robótica educacional na visão dos
professores, sujeitos participantes desse estudo.
Para tanto, será necessário caracterizar o cenário em que se localiza esta
tecnologia, assim como o cenário dos professores que atuam diante desta
tecnologia. Ou seja, apresentaremos por meio de nossas reflexões a formação
docente, inicial e continuada, com base no referencial teórico escolhido para tratar
do campo das tecnologias educacionais, das teorias da aprendizagem que orientam
o uso da RE, bem como conheceremos o marco legal da robótica educacional no
Brasil e em Natal e o envolvimento das escolas públicas com a robótica educacional.
ainda são utilizadas em todas as escolas pelo mundo inteiro quer seja na educação
básica, quer seja no ensino superior (KENSKI, 2012).
Nessa perspectiva, as tecnologias estão presentes em todas as histórias
possíveis e vividas pela humanidade como na descoberta do fogo, da roda, da fala,
do papel, da agricultura, da escola, da música, da arte, da robótica, dentre outras
descobertas. Se por um lado provocaram muita exclusão e desigualdade, do outro
lado, proporcionaram o acesso a novas descobertas que revolucionaram o mundo.
Para Freire et al. (2011, p. 33-34), “Talvez, uma das grandes diferenças
entre os passos da humanidade é que, em outros tempos, as transformações eram
quase imperceptíveis, mais lentas.” Desse modo, é preciso compreender que as
tecnologias não são formadas em um contexto isolado dos demais. Uma tecnologia
surge para dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem de algum
conhecimento ou técnica.
Segundo Tajra (2012), a compreensão do que seja tecnologia é muito ampla
e agrega diversos elementos. Ela destaca que o uso do termo tecnologia ficou, por
muito tempo, restrito ao setor industrial após as Revoluções Industriais, no qual se
remetia à fabricação de produtos ou instrumentos. Isso explicaria o porquê de muitos
professores pensarem em tecnologia como algo distante da própria prática docente.
Dessa maneira, pensar e refletir acerca da conotação educacional à
tecnologia faz com que esse rótulo industrial perca a força generalizada de produto
que lhe foi atribuída por muito tempo e “[...] passa a se referir a todas as ferramentas
intelectuais, organizadoras e de instrumentos à disposição de ou criados pelos
diferentes atores envolvidos no planejamento, na prática e avaliação do ensino”
(SANCHO, 1998, p. 17).
De acordo com Freire et al. (2011), é imprescindível saber que as
tecnologias encontradas atualmente nos diversos setores da sociedade, como na
escola, não nasceram no nada ou sequer apareceram de uma hora para outra. Elas
são contínuos reflexos de ações e pensamentos que questionaram e questionam a
real necessidade humana em evoluir, em encontrar caminhos que permitam ou
acessem novas descobertas. Ou seja, toda sociedade produz tecnologias, toda
sociedade é tecnológica e, portanto, não utilizá-las é excluir-se da própria sociedade
(FREIRE ET AL., 2011).
Dito isto, se a sociedade produz tecnologias e a escola é uma tecnologia
criada pela própria sociedade, logo a escola é produtora de muitas tecnologias,
54
é, o aluno confronta a si mesmo pela ação reflexiva sobre os resultados que ele
observa e o próprio pensamento.
Nessa perspectiva, “Ao comandar o computador tendo em mente suas
intenções e suas ideias, ele assume a responsabilidade sobre a sua aprendizagem”
(CAMPOS, 2008, p. 81).
Para Almeida (2004), o pressuposto que determina e orienta essa interação
entre a aprendizagem e o computador é a busca de informações significativas para
sustentar as atividades relacionadas à compreensão e resolução de situações-
problemas. Assim, o computador não é apenas fonte de entrega de informações,
mas também um instrumento que representa como o conhecimento em construção
do aluno ocorre.
Dialogando com os ideais construtivistas, Papert apud Campos (2008, p.
96), ampliou as teorizações de Piaget para além “[...] das construções internas dos
indivíduos”. Enquanto o construtivismo explica que por meio da “internalização
progressiva de ações” ocorre a construção de estruturas de conhecimento, o
construcionismo explica que isto acontece de modo mais eficaz se o aluno estiver
em um “contexto consciente” em que “ele pode construir suas próprias ideias e
representá-las no mundo real”.
Com efeito, o aprendizado, tanto na perspectiva construtivista como na
construcionista, torna-se tangível quando é possível exteriorizar as ideias e,
sobretudo, comunicar-se através das próprias expressões feitas no mundo real.
Nesse sentido, a abordagem construcionista proporciona aprender mais quando se
tem a oportunidade de explorar e criar conhecimentos de interesse pessoal
(CAMPOS, 2008).
Um dos princípios da teoria de Papert (2008) está relacionado a uma das
etapas do crescimento mental, na qual deve-se perceber que não se trata apenas de
adquirir novas habilidades e competências, mas adquirir novas maneiras de utilizar o
que já é conhecido no mundo do aluno. Ou seja, sabendo como e porquê de um
conceito, o aluno poderá ir mais além utilizando esse conhecimento em qualquer
lugar ou situação-problema (CAMPOS, 2008).
Com base nessas teorizações podemos refletir que o uso da robótica
educacional nas escolas podem provocar explosões de crescimento nos alunos ao
passo de encorajá-los a desenvolver projetos pessoais, familiares, comunitários e
até mesmo profissionais. Baseados nas experiências construcionistas de observar e
58
analisar resultados e agir sobre o meio que está inserido, fazendo dos próprios erros
uma trajetória para o sucesso, os alunos podem buscar novas soluções para as
situações-problemas que direcionem para outras conexões de conhecimentos
significativos.
Durante a construção de um modelo de robô, por exemplo, professor e
alunos podem perceber que não se trata apenas de juntar peças e realizar
programações para um robô ser criado, mas que há um crescimento intelectual e
social dos envolvidos na montagem, uma vez que vai muito além do ensino de
conceitos curriculares ou de seguir instruções. Ou seja, há outros elementos
envolvidos na montagem do robô e na construção do conhecimento dos envolvidos,
como: comunicações de diversos símbolos, valores, atitudes, significados,
sentimentos, expectativas, crenças e saberes.
Com base nessa abordagem construcionista, a proposição de mudança que
se quer alcançar, com o uso da robótica educacional, está na forma como se planeja
e realiza as ações com esta tecnologia entre os professores e alunos. Para Ortolan
(2003), existem muitas vantagens no uso da RE, algumas delas são:
Alunos tornam-se mais conscientes do impacto da ciência na vida cotidiana;
Há modelos que simulam o mundo real nos softwares de programação;
Estimula-se à investigação e exploração de respostas e soluções para os
problemas estudados;
Promove o trabalho em grupo de forma contínua entre os alunos, assim como
entre os professores;
Facilita a aprendizagem progressiva, seguindo o ritmo e o nível individual
dentro do trabalho em grupo;
Auxilia na superação de limitações na comunicação, timidez autoconfiança
dos alunos.
Refletindo sobre esse cenário, a robótica na educação, do ponto de vista
construcionista, proporciona uma motivação a mais entre os alunos e os
professores, permitindo que ambos busquem os conhecimentos necessários para
realizarem determinada atividade curricular.
No caso dos professores, o uso da robótica irá estimular a elaboração de
uma aula diferenciada do modelo tradicional de exposição de conteúdos do
professor para os alunos. Castro (2008) evidencia essa realidade quando infere que
59
todos os problemas educacionais. Ele afirma que não há recurso algum que atenda
e resolva todas as demandas de uma escola. Cada tecnologia utilizada na escola é
diferente e possui características singulares uma de outra e cabe, portanto, ao
professor usar de suas competências pedagógicas para avaliar os recursos mais
adequados para alcançar os objetivos da aula e da aprendizagem dos alunos,
sempre considerando as condições de trabalho e as necessidades educacionais.
Nessa perspectiva, para obter melhores resultados com o uso de
tecnologias, os professores devem planejar, primeiramente, os conteúdos que serão
trabalhados na aula e, posteriormente, identificar quais tecnologias serão usadas
para potencializar, simplificar e melhorar os resultados dos processos de ensino e da
aprendizagem. Outrossim, definirão critérios e modelos didáticos que garantam o
uso satisfatório dos equipamentos pelo maior número de alunos possíveis
(TEDESCO, 2004).
Compreendemos que o uso das tecnologias devem proporcionar práticas
reflexivas na formação docente acerca dos antigos modelos pedagógicos de aula,
por exemplo: usar metodologias pedagógicas que promovam o trabalho em equipe
para planejamento e desenvolvimento de projetos. Ou seja, trabalhos colaborativos
e interdisciplinares, nos quais professores e alunos estejam sempre no centro do
processo educativo e a tecnologia como recurso de apoio, possibilitando refletir
sobre qual é a função da escola e da educação.
De acordo com Sancho (1998):
educacional não ficaria restrita a uma sala de aula, mas alcançaria toda a
comunidade escolar (CAMPOS, 2017).
Compreendemos que em muitas situações uma aprendizagem leva a outra.
Nesse caso, uma vez que a RE é implementada além das paredes da sala de aula,
o trabalho interdisciplinar, na prática docente, surge como um meio para reunir
professores a fim de criarem um ambiente com condições para discussões de
soluções interdisciplinares (ALMA APUD CASTRO, 2008) quanto ao uso da RE para
trabalhar conteúdos do currículo escolar.
Retomamos acerca da noção de sociedade tecnológica à qual nos possibilita
pensar sobre a política de implantação de novas tecnologias, como a robótica
educacional, nas escolas no sentido de que a mera implementação não resolverá de
uma vez por todas com os problemas educativos de sempre. Em outras palavras, é
muito mais prático e rápido comprar e distribuir produtos tecnológicos que mudar
padrões de cultura e atitudes. Contudo, poder-se-á criar condições de melhorias no
aspecto de uma reforma educacional, assim como de uma política de formação
docente pertinente para o uso das novas tecnologias educacionais (TEDESCO,
2004), como veremos no próximo item desse capítulo.
Para Kenski (2012), pensar sobre esses cenários da reforma educacional e
da criação de uma política de formação docente voltada para as tecnologias
educacionais seria possibilitar uma vinculação entre conhecimento, poder e
tecnologias. É nessa perspectiva que a escola pode exercer o seu poder e o seu
papel acerca dos conhecimentos e o uso das tecnologias que mediam e mediarão
às relações didático-pedagógicas entre professores, alunos e o currículo.
Nos últimos anos, essas relações têm sido permeadas pelo uso do
computador, uma vez que os computadores não são apenas os artefatos
denominados desktop e laptop, incluem-se os tablets e smartphones também. Todos
esses artefatos estão presentes no âmbito escolar. Soma-se a esses artefatos a
internet e com ela uma velocidade de informações que são alteradas a todo o
momento. A internet é um espaço em que não há hierarquia na transmissão e
apropriação de informações. Ou seja, quanto mais se aprende mais se descobre que
há para estudar, para atualizar-se (KENSKI, 2012).
Nesse sentido, a utilização da RE poderia perpassar também pelo espaço
virtual por meio dos softwares simuladores de programação e manipulação de robôs
a fim de aumentar as ações pedagógicas que poderiam maximizar as vivências dos
67
alunos com a RE. Assim, as escolas poderiam contar tanto com artefatos palpáveis,
como com materiais virtuais para a utilização da RE.
Oliveira (2019, p. 74) infere que esse cenário se desenvolveu e ainda está
presente nos dias atuais porque “[...] o sistema de ensino brasileiro pouco promove
uma educação diferenciada para os filhos da classe trabalhadora em relação aos
filhos das elites”. E ainda acrescenta que isso limita a competitividade e produção
nacional na área tecnológica, cujos alunos e professores poderiam produzir muito
mais projetos com o uso da RE e compartilhariam mais resultados de vivências
sobre os ganhos da utilização dessa tecnologia na escola.
Sendo esse fenômeno já existente há muito tempo na sociedade e que
adentrou na escola há algumas décadas, é a partir do início do século XXI que
surgem pesquisas científicas com foco no fenômeno da robótica educacional. Prova
dessa realidade é o nosso estudo22 que tem caráter inovador no campo das
representações sociais. Outrossim, esse cenário no Brasil começa a evoluir
seguindo a tendência mundial no uso da RE na escola.
Apresentaremos, no próximo item, um breve cenário sobre o marco legal da
robótica educacional no âmbito nacional e local, cujas prospecções apontam para o
crescimento do uso dessa tecnologia educacional nas escolas públicas da cidade do
Natal-RN.
22
Ver resultados do estudo do estado da arte no capítulo metodológico.
68
23
www.fnde.gov.br/centrais-de-conteudos/publicacoes/category/129-plano-de-acoes-
articuladas-par?download=10909:manual-par-2019-versao-ii
24
http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33313-guia-de-tecnologias relação dos guias
publicados pelo MEC. Esse guia tem a finalidade de orientar à comunidade escolar na hora
de escolher tecnologias educacionais que possam maximizar o ensino e a aprendizagem na
Educação Básica.
69
25
Nesse kit é incluído material impresso no formato guia didático-pedagógico para o
professor estudar e reelaborar o uso da RE por diversas vezes em conteúdos curriculares
diferentes, assim como um pen-drive cheio de informações para a formação dos
professores.
26
Em https://www.fnde.gov.br/acoes/compras-governamentais/compras-nacionais/pregoes-
eletronicos/item/11348-preg%C3%A3o-eletr%C3%B4nico-n%C2%BA-4-2018-%E2%80%93-
registro-de-pre%C3%A7os-nacional. É possível conferir mais informações acerca desse
processo licitatório que trata apenas da aquisição de materiais de robótica educacional.
70
nos chama a atenção para um aspecto que seria o MEC tratar também das diretrizes
para a formação docente dos graduandos na grande área das licenciaturas, já que é
o órgão responsável por emitir diretrizes curriculares nacionais acerca da formação
docente para as universidades brasileiras. Ora, se existe uma ação organizada pelo
MEC a fim de disseminar a RE nas escolas públicas com os kits de RE, porque o
MEC não propõe novas diretrizes que contemplem a trajetória formativa dos
professores?
Nas pesquisas documentais realizadas, nesse estudo, não encontramos
respostas ou indícios que o MEC esteja realizando algum alinhamento, nessa
direção, para inserir na formação dos professores o contato inicial com a RE. Desse
modo, a elaboração de momentos formativos acerca da RE fica a cargo das
secretarias municipais e estaduais de educação para atender a demanda do uso da
RE na escola pública.
Para Campos (2017) e Ribeiro (2006), essa é uma questão, ainda, em
aberto no Brasil sobre como inserir a RE na formação inicial docente. Diante desse
cenário, percebemos que o trajeto está sendo feito de trás para frente na
disseminação da RE nas escolas públicas. Talvez por ser algo já previsível que a
formação continuada dos professores é cheia de percalços devido a jornada de
trabalho dos professores em mais de uma escola, chegando às vezes a atuar em
três escolas ou em municípios diferentes. Apresentamos no capítulo metodológico
esse cenário acerca da jornada de trabalho dos participantes deste estudo.
Nesse sentido, muitos professores não conseguem participar das formações
continuadas e com isso participar de cursos formativos sobre RE torna-se uma
barreira para usar essa tecnologia em sala de aula. Diferente dessa realidade, o
caminho mais provável para o primeiro contato com a RE seria na formação inicial
em que os professores ao cursarem uma disciplina, obrigatória ou optativa,
relacionada a robótica educacional.
Talvez seja possível em um futuro próximo observar novas pesquisas
científicas, em mestrado e doutorado, investigarem esse novo cenário de formação
inicial e continuada docente, visto que o incentivo a RE tem ganhado um pouco mais
de visibilidade nas políticas públicas educacionais, conforme foi mencionado aqui
nessa dissertação.
Por um lado, é bem verdade que essa realidade, ainda, está andando em
passos lentos e, por outro, corre rápido demais quando se trata de cobranças aos
71
27
https://www.jusbrasil.com.br/diarios/248717913/dom-natal-normal-26-06-2019-pg-19
72
que possam ser estimulados para carreiras técnico-científicas. A OBR foi criada sob
dois pontos de vistas, a saber:
O primeiro está relacionado à falta de recursos humanos, visto que o Brasil
está nas margens da produção de robôs, isto é, quase não produz robôs em
território nacional e não tem uma cultura que estimula a utilização de
tecnologias robóticas, não tem um mercado consumidor consciente.
O segundo ponto de vista está relacionado ao campo educacional, cuja
tecnologia tem demonstrado potencial para ser aplicada em diversas áreas de
conhecimento do currículo escolar, como já foi explanado no capítulo 1 dessa
dissertação. Além disso, kits de robótica educacional têm sido utilizados cada
vez mais em escolas do Ensino Fundamental às universidades.
Ademais, a OBR conta com duas modalidades29 de provas, sendo uma
modalidade teórica e outra modalidade prática. A modalidade teórica acontece nas
escolas dos estudantes e em sedes regionais onde os estudantes responderão
questões de uma prova escrita preparada por uma comissão de professores e
pesquisadores da OBR em uma única fase para o Ensino Fundamental e em duas
fases para o Ensino Médio e Técnico. A modalidade prática acontece através de
eventos/competições regionais e estaduais que classificam as equipes para a etapa
final a nível Nacional. Os eventos organizados pela OBR são gratuitos e abertos ao
público.
O segundo evento é o torneio de robótica da FIRST® Lego® League. Esse é
um evento de nível internacional, cujo operador no Brasil é o Serviço Social da
Indústria (SESI), desde o ano de 2012. O torneio da FLL é organizado com base no
início do ano letivo do calendário escolar norteamericano, sendo assim o evento é
realizado sempre de um ano para outro, conhecido mais como temporada. Em cada
temporada um tema é escolhido pela FIRST®30 e pelo Grupo Lego®31, tabela 1, no
29
http://www.obr.org.br/
30
A FIRST® é uma organização não governamental norteamericana, cuja sigla For
Inspiration and Recognition of Science and Technology é traduzida como: Pela Inspiração e
Reconhecimento da Ciência e Tecnologia. Seu fundador Dean Kamen sempre sonhou com
um torneio de robótica em que crianças e adolescentes pudessem aprender uns com os
outros, ir mais além do que apenas competir para ganhar um prêmio. Em parceria com o
Grupo Lego® criou o torneio de robótica FLL. Ver: https://www.firstinspires.org/
31
O Grupo Lego® é uma empresa dinamarquesa que fabrica blocos de montar brinquedos
em diferentes formatos e tamanhos. O grupo acredita que o brincar é um elemento chave no
crescimento e desenvolvimento das crianças, ou seja, a criança aprende por meio da
experimentação, improviso e descobertas.
74
qual há diretrizes sobre como conduzir as ações das equipes que irão competir no
evento nas etapas regional, nacional e internacional.
O torneio de robótica da FLL nasceu da fusão de interesses da FIRST® com
o Grupo Lego®. A FIRST® queria disseminar e criar uma cultura mais pedagógica
em um torneio de robótica, que fosse além dos desafios do robô, no qual os
participantes pudessem compartilhar experiências, desenvolver projetos com temas
específicos e proporcionar uma competição em que os participantes também
pudessem cooperar entre si. O Grupo Lego® apostou nessa formatação de evento e
com seu arsenal de blocos de montagens, bloco de programação, motores e outras
peças, que podem criar infindáveis tipos de robôs e cenários, criaram o torneio FLL
já conhecido em todo o mundo, inclusive por muitas escolas.
32
http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canais/torneio-de-robotica/
75
35
Autora da dissertação de mestrado: Ana Amábile Gabrielle Rodrigues Leite, do Programa
de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Piauí.
80
36
Para Bardin (2010), o uso da TALP possibilita o conhecimento de certas ideias, imagens e
estereótipos partilhados pelos membros de um grupo, de modo espontâneo, com alguma
estabilidade.
82
4.1.2 O questionário
37
Bardin (2010) infere que a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das
comunicações que se complementam e são escolhidas pelo pesquisador a fim de se
adequarem aos objetivos da investigação científica. Tais técnicas têm como finalidade a
obtenção de indicadores, quantitativos ou não, que permitam a análise de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção das mensagens. Desse modo, o pesquisador
85
categorias (BARDIN, 2010). Caso esse tratamento não ocorra, o pesquisador pode
colocar em xeque às análises dos conteúdos que se sucedem após essa etapa.
Depois dessa organização semântica das palavras, se procede com o
tratamento das frequências e ordens das palavras evocadas na TALP. Os
respondentes da pesquisa classificaram as três palavras de acordo com o grau de
importância, numerando-as de 1 a 3. Tendo esses dados em mãos, organizou-se
três colunas sendo a primeira coluna para as palavras que foram classificadas em
primeiro lugar, na segunda coluna às palavras classificadas em segundo lugar e na
terceira coluna às palavras classificadas em terceiro lugar, figura 2. Contudo, as
palavras que foram modificadas no tratamento de aproximação semântica devem
ser substituídas pelas palavras mais citadas. Esse procedimento é determinante
para cruzar os dados quantitativos no momento de sistematização dos elementos
que irão compor o os sistemas central, intermediários e periférico na Espiral de
Sentidos.
38
A criação de uma planilha automatizada, com fórmulas, no software Excel foi uma
iniciativa da professora doutora Elda Silva do Nascimento Melo a partir de estudos e
pesquisas sobre programas de análises no campo de estudos em representações sociais
que a fez compreender a necessidade de criar uma planilha com fórmulas que auxiliasse o
pesquisador a realizar análises quantitativas e qualitativas acerca da recolha dos dados na
TALP. Nessa perspectiva, a referida planilha torna-se acessível por dois motivos: baixíssimo
custo financeiro na aquisição do programa e fácil de manusear em quaisquer computadores,
inclusive em servidores de nuvens de dados.
89
posição são 3 pontos e na 3ª posição apenas um ponto. Há, portanto, uma equação,
figura 4, para encontrar o índice relativo, a pontuação final, de cada palavra evocada
que consta na lista (BEZERRA et al., 2019 ; FREIRE, 2019).
39
Conjunto de pesquisadores do campo das representações sociais, do Sul da França
(SANTOS, 2017).
40
Refere-se à elaboração da figura em espiral que ainda é feita manualmente em quaisquer
softwares de desenho livre. Desse modo, primeiramente se desenham as esferas e as
organizam de forma concêntrica e circunscrita. Depois dessa etapa, as barras são
92
desenhadas nas posições horizontal, diagonal e vertical. Por último, as três primeiras
fendas, começando pela esfera mais ao centro, são abertas do lado direito das barras e a
quarta e última fenda é aberta do lado esquerdo da barra, visto que não há mais esfera na
Espiral de Sentidos para seguir o padrão inicial.
41
XIV Conferência Internacional sobre Representações Sociais e IV Jornada Nacional sobre
Representações Sociais, ambas realizadas em Buenos Aires na Argentina em 2018. Na XI
Jornada Internacional sobre Representações Sociais e IX Conferência Brasileira sobre
Representações Sociais, ambas realizadas em Porto Alegre no Brasil em 2019.
42
Marcelo dos Santos Bezerra, Josângela Bezerra da Silva, Camila Rodrigues dos Santos.
93
43
Erivânia Melo de Morais.
44
https://www.atenaeditora.com.br/post-ebook/2321. Capítulo 7: Espiral de sentidos e as
representações sociais de gênero na escola para graduandos do curso de Pedagogia da
UFRN.
45
Dissertações de mestrado de Camila Rodrigues dos Santos, Madele Maria Barros de
Oliveira Freire, Erivânia Melo de Morais, cujos estudos podem ser verificados em:
http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/handle/123456789/12001
46
Os estudos referem-se a dissertações e teses defendidas que comprovaram a viabilidade
do uso de plurimetodologias para pesquisar os fenômenos no campo da Teoria das
Representações Sociais. http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/handle/123456789/11945
clicando no link representações sociais, depois no link assunto que fica do lado direito, serão
relacionadas as dissertações e teses.
47
Localizado ao lado do Terminal Rodoviário de Natal, o CEMURE conta com um espaço de
formação pedagógica para os professores e servidores da rede de ensino de Natal por meio
de palestras, cursos, seminários, conferências, reuniões, congressos, bienais, entre outros
eventos. Ele foi criado pela Lei nº 074/2006 e integra a estrutura da Secretaria Municipal de
Educação de Natal/RN. Ver: http://natal.rn.gov.br/noticia/ntc-24682.html
94
Este local foi escolhido por ser o ponto de encontro para a realização do
referido curso, cuja característica principal é a heterogeneidade de professores nos
aspectos de diferentes escolas das quatro zonas administrativas da cidade e as
diversas formações acadêmicas, o que tornou a pesquisa mais representativa diante
da população pesquisada. Portanto, decidimos que não seria necessária a visitação
nas escolas.
O curso de robótica educacional é fruto da parceria entre a Secretaria
Municipal de Educação do município de Natal com a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Esta secretaria adquiriu trinta kits de robótica e o Núcleo de
Tecnologia Educacional48 (NTE) é o setor responsável, na SME de Natal, para
realizar o curso juntamente com um grupo de pesquisadores49 da UFRN.
Trata-se de um projeto piloto que a SME está iniciando na formação docente
em robótica educacional, o qual conta com professores de diferentes áreas de
48
O Núcleo de Tecnologia Educacional do Município de Natal foi criado pela Lei
Complementar nº 067/2005. Compreende um ambiente destinado à formação e
aperfeiçoamento dos professores da rede municipal de Natal, especialmente, quanto ao uso
de Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs, nas práticas pedagógicas.
49
A proposição desse curso faz parte da pesquisa-ação de doutorado do doutorando
Denilton Silveira de Oliveira, do Programa de Pós-graduação em Educação – PPGEd – da
UFRN, o qual está pesquisando a robótica educacional na formação docente. Ele coordena
todas as ações deste curso. A equipe ainda é composta por dois pesquisadores peruanos,
profissionais da Pedagogia, uma recém-graduada e outra que é professora titular no Centro
de Educação da UFRN. Ademais, conta com um professor titular do Departamento de
Engenharia da UFRN e outros voluntários que são convidados para trabalhar conteúdos da
robótica nos encontros do referido curso.
95
50
São professores que atuam dentro do NTE, no CEMURE, elaborando e ministrando
cursos. Alguns destes atuavam em escolas municipais e foram convidados para fazer parte
da equipe de formação do NTE. Este setor irá trabalhar, por conta própria, os próximos
cursos de robótica educacional em outras escolas da rede municipal. Por essa razão, se
explica a participação desses professores do NTE no curso de robótica educacional.
51
Essas informações foram coletadas em visita a SME e o NTE no momento da pesquisa
em que estava sendo realizado o mapeamento das escolas
52
Conceitos: design do robô, mecânica, programação, eletrônica e controle, sistema de
polias, motores, sensores, dentre outros.
96
foi de cento e vinte horas no modelo híbrido com aulas tanto presenciais como aulas
virtuais. No espaço virtual os professores podiam rever conceitos e exercícios de
montagem de robôs, os quais foram estudados e praticados presencialmente no
curso. Cada encontro formativo tinha duração de quatro horas e a frequência era
semanal. Gostaríamos de ter obtido mais informações acerca do programa do
referido curso como os módulos do programa do curso tanto presencial como virtual,
mas não foi possível e, sendo assim, isso não prejudicou o andamento e a qualidade
deste estudo.
Foi observado que a utilização do espaço na realização das aulas teóricas e
práticas, durante a pesquisa de campo, ocorreu em diferentes ambientes do
CEMURE de forma estratégica e pedagógica para atender aos objetivos do curso.
Nesse sentido, diferentes salas de aulas foram utilizadas: sala de aula tradicional,
laboratório de informática, área de convivência e refeições.
Nesse sentido, pensamos que estes sujeitos podem nos revelar elementos
das representações sociais sobre a robótica educacional, tendo em vista que a
utilização da RE em algumas escolas púbicas no município de Natal já ocorre,
mesmo antes do referido curso. Outrossim, encontra-se, nesse grupo, professores
com muitas vivências em robótica educacional.
A realização deste curso no CEMURE tornou oportuna e eficaz a empiria
desta pesquisa sobre esse fenômeno, visto que neste local pudemos aplicar os
instrumentos de recolha dos dados com a finalidade de conhecer quais são as
representações sociais que o grupo dos professores, cada um com suas diversas
experiências sobre esse fenômeno, produz e compartilha entre si (JODELET, 2001).
Ressaltamos que diante do universo total de professores, 30 inscritos no
curso, vinte e quatro responderam a TALP e vinte e um responderam o questionário.
Essa variação numérica pode ser explicada pelo fato de alguns professores não
quiseram participar da pesquisa ou não compareceram ao curso nos dias em que a
empiria foi realizada.
A caracterização do perfil dos sujeitos da pesquisa foi organizada em
gráficos e tabelas considerando as variáveis que podem ter correlações com as
representações sociais de robótica educacional expressadas nos instrumentos de
recolha dos dados, entre elas podemos mencionar: gênero, faixa etária, tempo de
serviço, tipo de vínculo de trabalho, religião, nível de instrução, quantitativo de
escolas em que atua, bens de cosumo, entre outras variáveis.
Na variável gênero, conforme o gráfico 1, do total dos 24 respondentes da
pesquisa, 11 denominaram-se no gênero masculino e 13 no gênero feminino.
Nenhum dos sujeitos declarou-se em outro gênero, mesmo havendo a opção no
instrumento da TALP.
98
15
12
0
Masculino Feminino
12
10
8
6
4
2
0
31 a 40 41 a 50 Mais de 51 anos
32
5% 37
14% 5%
40
5%
46
5% 47
52
14% 5%
53
5% 58
61
5% 33
9%
5% 38
39
5%
9% 45
9%
Não responderam
24
21
18
15
12
9
6
3
0
Estatutário Temporário
4% 4%
Mais de 21 anos
13% 33%
11 a 15 anos
06 a 10 anos
16 a 20 anos
14
12
10
8
6
4
2
0
Graduação Especialização Mestrado Doutorado
21%
1 escola
2 escolas
42%
3 escolas
13% 4 escolas
Não responderam
8% NTE
4% 12%
5%
24% Cristã
Espírita
Não tem
62%
9% Não respondeu
Não responderam
Frutuoso Gomes
Recife
São Gonçalo do Amarante
São Paulo
Santa Cruz
Monte Alegre
Currais Novos
Natal
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
10%
1 a 5 salários mínimos
38%
6 a 10 salários
mínimos
mais de 11 salários
52%
mínimos
Pais
Filhos
Esposo(a) e filhos
Irmãos
Sozinho(a)
Esposo(a)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
5%
14%
81%
24%
52%
24%
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Não Sim
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Educação Física e
9 Enfermagem UFRN
Engenharia Mecânica
10 Ciências da Computação Matemática UFRN
Ciências Biológicas e
11 Nutrição UNP e UESSBA
Pedagogia
12 Ciências Econômicas Educação Artística UFRN
13 Pedagogia Pedagogia UFRN
14 Não respondeu Não respondeu Não respondeu
15 Matemática e Direito Matemática UFRN
16 Pedagogia Pedagogia UFRN
17 Pedagogia Pedagogia UFRN
18 Matemática Matemática UFRN
19 Ciências Biológicas Pedagogia UVA
20 Geografia Geografia UFRN
21 Pedagogia Pedagogia UFRN
Fonte: elaborado pelo autor.
14%
24%
1 turno
2 turnos
3 turnos
62%
5%
28% Sim
Não
Não respondeu
67%
Não
Sim, mas não especificou quem
Primos
Irmãos
Mãe
Tios
0 1 2 3 4 5 6 7 8
chaleira elétrica
cafeteira
aspirador de pó
videogame
máquina de lavar roupas
micro-ondas
smartfone
televisão
ar-condicionado
fogão elétrico
tablet
liquidificador
geladeira
laptop
câmera fotográfica
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Científico 2
Auditório 1
Novelas 4
Seriados 11
Ficção científica 9
Documentários 13
Músicas 7
Policial 5
Infantil 2
Esportes 10
Filmes 17
Jornais 19
0 3 6 9 12 15 18 21
Nesse sentido, a análise dos dados revela que a maioria dos sujeitos assiste
jornais e filmes. A programação ficção científica é mais ou menos assistida e é
nessa categoria que há muitas disseminações, de forma direta, acerca da robótica.
Acerca dos momentos de lazer dos professores pesquisados, no gráfico 22,
podemos perceber que tanto nos locais shopping centers e cinemas, quanto nas
praias e lagoas são os locais mais citados nesta variável. Ou seja, a maior parte dos
sujeitos dessa pesquisa estão envolvidos e divididos entre espaços que apresentam
características diferentes entre si. Por um lado temos espaços que usufruem de
sistemas robóticos, enquanto do outro lado temos espaços naturais.
Zona rural do RN 1
Casa dos familiares 1
Corrida de rua 1
Bares 1
Campo de futebol 1
Shopping center 16
Praias-lagoas 13
Parque 8
Museu 6
Cinema 14
Teatro 4
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
funções das representações sociais. Sá (1996) explica que uma das funções das
representações é ajustar as ações do grupo, permitindo desse modo que as
justificativas das condutas sejam compartilhadas em um grupo. Daí que essa visão
descritiva tecnológica aponta para essa função justificadora. A fala do sujeito 14 nos
permite constatar essa explicação, a saber: “A tecnologia move o mundo atual e
para estarmos preparados temos que estar sempre inovando através de práticas
ativas para acompanhar o futuro dos nossos discentes” (S-14).
Outras inferências possíveis dentro desta categorização que queremos
sinalizar é que, por um lado, os professores descrevem a robótica como uma
tecnologia apocalíptica, visto que a sua utilização exigirá muito domínio de
conhecimentos refinados, o que a torna complexa, e, por assim compreender, um
grande desafio utilizá-la, inclusive no planejamento da aula. Por outro lado, ela é
compreendida como uma tecnologia redentora, um recurso necessário para
possibilitar e concretizar a inovação, bem como é uma oportunidade para realizar
ações de modo inclusiva e interdisciplinar, isto é, basta integrá-la na escola que as
melhorias no ensino e na aprendizagem começam a surgir.
Para endossar essa nossa inferência, utilizamos Sancho (1998) e Tajra
(2012) que explicam essas condutas. Para esses autores elas sempre se revelam
quando os valores do indivíduo ou do grupo são acionados ou para serem ratificados
ou para serem retificados diante do uso de uma tecnologia. Desse modo, para
aqueles que nunca utilizaram essa tecnologia e que passaram a conviver com ela,
na vida pessoal ou profissional, “representa um perigo para os valores que eles
têm”, por isso é um desafio e complexa. Diferente dessa conduta é a dos que veem
nas tecnologias, como a robótica, uma gama de “contribuições e solução final para
os problemas do ensino e da aprendizagem escolar” (SANCHO, 1998, p. 43),
reiterando a característica da interdisciplinaridade.
A respeito dessa palavra, evocada na TALP e como já se foi discutido no
capítulo 1, a interdisciplinaridade é uma forte característica que a robótica
educacional apresenta porque o campo de conhecimentos da robótica é uma
constelação de conhecimentos de diversas áreas científicas, sobretudo a utilização
da robótica na educação não é diferente, principalmente quando ela é abordada pela
teoria construcionista.
Fazenda (2010) nos ajuda a compreender a dimensão e o impacto dessa
palavra, lembrada pelos sujeitos pesquisados, quando ela explica que a
121
que esse grupo produz e compartilha a respeito do objeto representado, bem como
o interesse que esse objeto desperta no próprio grupo (SÁ, 1998). Portanto, são
pistas que podem nos ajudar a compreender, parcialmente, o conteúdo e a estrutura
da representação em nosso estudo.
“É instigante, uma vez que nos faz querer aprender cada vez mais. A
medida que vamos construindo cada etapa do processo, sentimos
mais vontade de aprender coisas novas” (S-8, justificando o termo
instigante).
53
https://brasil.campus-party.org/campus-party-natal-2019/
129
De acordo com estas falas dos sujeitos, o termo motivadora remete-se tanto
a aluno quanto a professor. Nesse sentido, a cognição motivadora quando se refere
ao professor sinaliza que o uso da robótica facilitará o processo de ensino deste. No
entanto, quando é referida a aluno, a figura do professor como mediador do ensino,
para os sujeitos, desaparece.
Outra inferência possível é que as falas acima, S-15 e S-12, surgem do
senso comum, da informação circulante, a respeito do insucesso escolar atribuído
131
Nas falas dos sujeitos (S-1, S-14 e S-23), é possível compreender que o
grupo de professores, desta pesquisa, caracteriza a robótica educacional como uma
política pública promissora, cuja implementação nas escolas públicas está em
expansão e, nessa perspectiva futurística, estes consideram relevante a inclusão
desta tecnologia em sua prática pedagógica como uma maneira de aproximar a
geração atual que nasceu nas tecnologias com a geração que está aprendendo a
utilizá-la.
134
paralelo com a Pedagogia fica tudo bem mais claro e até mais fácil
pra você ensinar. Eu acho que o que está faltando na educação hoje
é aliar a teoria à prática e não ficar na mesmice, com aquela coisa
engessada. Acho que a robótica permite isso (E-1).
Bom, eu acho que toda vez que a gente vai aprendendo coisas, a
gente tá sempre reavaliando as coisas, cada professor pode criar
seus próprios métodos, sua metodologia e essa metodologia, ela
também muda muito. Na base histórica da robótica temos a criação e
as relações com as coisas do planeta, com a física, com as coisas
que a gente ver todo dia, além de trazer o contexto diário pra sala de
aula. Eu acho que é isso levar em conta a robótica (E-3).
afirmam que estão angustiados ora afirmam que estão entusiasmados. É possível
perceber isso nas falas dos sujeitos 1 e 3, enquanto na fala do sujeito 2 há um
sentimento de privilégio em participar desta utilização da RE na sala de aula com
alunos, visto que ele se mantém, segundo a própria fala, na vanguarda do uso da
RE na escola há um bom tempo em sua trajetória profissional. As falas a seguir
evidenciam nossas análises:
pra montar, o outro pra programar, o outro pra fazer algo e a equipe
junta consegue chegar lá. Então isso é muito bom, a questão de
grupo. Cada um dá a sua contribuição e no final sai um resultado,
né? (E-1).
As falas dos sujeitos nos permite inferir que é essencial a formação docente
para aprender novos assuntos, sobretudo aprender como utilizar uma nova
tecnologia na escola. Essa visão, unânime dos sujeitos, vai ao encontro do que foi
discutido no capítulo 2, deste trabalho, acerca do uso das tecnologias na educação,
assim como a formação docente em robótica educacional.
Outrossim, é possível perceber que há nesse acordo, das falas dos sujeitos
sobre a importância da formação continuada, as nuances da visão ou experiências
individuais de cada sujeito entrevistado, nas palavras de Moliner, Abric (2015).
Nesse sentido, podemos inferir que há uma visão formativa voltada para o ajuste na
conduta do professor, como foi observada em uma das categorizações semânticas
neste capítulo, no sentido de aprender a fazer, o que poderia reduzir o potencial de
aprendizado dos docentes, nessa perspectiva formativa, já que tem que aprender a
fazer. No entanto, há outra visão formativa que trata de tirar os professores da zona
de conforto a fim de quebrar o paradigma formativo por meio da socialização das
experiências exitosas e inovadoras que podem ser compartilhadas constantemente.
A utilização da entrevista semiestruturada nos possibilitou contextualizar e
compreender algumas nuances das representações sociais da robótica educacional
para o universo do grupo dos professores do Ensino Fundamental do município de
Natal-RN. Assim, percebemos as relações com o núcleo central da representação
do referido objeto, nas palavras de MELO (2005).
Nesse sentido, reiteramos que os sentidos apontados neste tópico indicam
uma objetiva relação com os elementos do núcleo central (criatividade, desafio e
aprendizagem) por meio dos sentidos que os sujeitos deste estudo compartilham
entre si e, sobretudo, da partilha dos seus sentimentos, conflitos e memórias que
são postas à ressignificação do objeto em questão.
Portanto, como considerou Abric apud Sá (1996), é possível entender o que
está sendo representado a partir da identificação do sistema estrutural das
representações, porque conhecendo essa forma de pensamento social podemos
compreender as ações que podem mudar essa representação tanto no modo como
142
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
um esforço contínuo nas reflexões acerca do uso de tal tecnologia em suas práticas
pedagógicas. Tais reflexões foram fundamentais para enxergar as diversas facetas
do problema na difícil relação entre as tecnologias educacionais e a formação
docente. Isto é, não basta esperar que surjam resultados e efeitos miraculosos com
a chegada das tecnologias educacionais. A escola precisa produzir seus efeitos
políticos, pedagógicos, culturais, afetivos e sociais, porque a presença da robótica
educacional pode suscitar profundas mudanças no modo de operacionalizar o
ensino e a aprendizagem. Ademais, apresentamos as teorizações de Moscovici,
criador da grande teoria, e Abric, Moliner e Flament sobre a Teoria do Núcleo
Central.
A pesquisa acerca da busca literária para o embasamento teórico necessário
sobre a robótica, robótica educacional, tecnologia educacional e as teorias das
Representações Sociais e do Núcleo Central, estas duas últimas, serviram também
como pressupostos metodológicos que nortearam a pesquisa de campo. A partir
dessa organização apresentamos os sujeitos deste estudo, o que foi relevante para
as análises, porque tivemos que nos remeter às histórias e às condições sociais
destes na produção da representação do objeto desta pesquisa.
Cabe mencionar o quão difícil foi fazê-la porque não queríamos em
momento algum que nossas representações interferissem na condução das
interpretações. Mas o que percebemos, expomos com a certeza de que outros
estudos científicos podem ratificar ou retificar nossas inferências. Foi nesse exercício
de inferências que nos saltavam à mente o postulado de Moscovici (1978) ao
explicar que a representação social é uma modalidade de conhecimento cheia de
elementos que se misturam entre si, alguns provenientes do senso comum em que
os meios de comunição de massa influenciam fortemente na divulgação de uma
representação de um objeto, e os provenientes dos espaços que auditam o
conhecimento científico e formal.
Com base nesse pressuposto teórico, foi possível perceber que o universo
consensual parece predominar sobre o universo reificado. Neste último, parece que
pela timidez ou ausência, em parte, do papel deste saber formal, fruto de pesquisas
científicas, os professores não se sentem preparados para saber como aplicar a
robótica educacional em suas práticas pedagógicas. No caso do primeiro, as
informações que circulam nas mídias ou nos grupos de professores parecem ecoar
com mais força no processo de formação da representação, mostrando-se, portanto,
146
como uma fonte mais confiável para adquirir informações e representar a robótica
educacional.
Tanto é que o núcleo central da representação é constituído pelos elementos
criatividade, desafio e aprendizagem. Conforme já analisado, estes elementos se
retroalimentam de uma maneira que explicam claramente que as condutas dos
professores, ao representarem a robótica educacional, estão na base dos
sentimentos de angústia e medo quando pensam em aplicar essa tecnologia. A
solução, portanto nas falas dos sujeitos, para superar o desafio da utilização da RE
é usar a criatividade para que a aprendizagem ocorra e lhes proporcionem a
construção de conhecimentos que o façam se sentir seguros e confiantes para
usarem esta tecnologia em suas práticas pedagógicas.
No entanto, note-se que durante o curso de robótica educacional,
recorremos aqui mais uma vez ao nosso diário de campo, espaço para produção e
compartilhamento das informações do universo reificado, ainda se mostrou uma
representação amalgamada no desafio em aprender um conhecimento específico e
difícil. Isso pode ser observado em alguns momentos em que alguns sujeitos
olhavam para o relógio e comentavam que mal podiam esperar para acabar o curso
naquele dia, porque estava sendo difícil conciliar o curso e as outras tarefas do
trabalho, uma vez que a formação focava na complexidade em entender
mecanismos e termos técnicos que a robótica tem.
Diante disso, podemos elucidar com alguns elementos do sistema periférico
das representações que evidenciam essas atitudes como complexa, novo, praticar,
descobertas, trabalho, participação, ajuste, entre outros. Estes elementos reiteram a
presença daquelas evocações no núcleo central, enaltecendo, claramente, por meio
dessas experiências mais individuais o quanto o senso comum pode representar em
tentativas de esforço para tornar familiar o conhecimento da ciência da robótica no
campo educacional.
Aqui cabe ressaltar que este estudo não pretende afirmar se essa
representação dos professores é errada ou correta. Os dados disponíveis com as
análises realizadas nessa pesquisa indicaram que estes sujeitos representam a
robótica educacional no sentido de um grande esforço para ajustarem o
conhecimento formal adquirido ao contexto atual em que as escolas estão passando
para readaptarem as práticas pedagógicas do ensino ao uso da robótica
educacional.
147
Parece que não há como fugir dessas reflexões, porém registre-se que na
eventualidade dos professores integrarem a robótica educacional em suas práticas
pedagógicas, teremos num futuro muito próximo possíveis mudanças na
representação desse objeto, o que, a propósito daria uma boa pesquisa para
comparar historicamente as representações sociais deste grupo e outra
possibilidade é comparar com as representações sociais dos professores que não
participaram do curso. Contudo, parece-nos que já está definido que a escola não
escapará do uso desta tecnologia de forma massiva e, portanto, caberá mudanças
de posturas nos cursos de formação inicial e continuada para acompanhar esse
movimento tecnológico e, assim, o fascínio por essa tecnologia, seja mais pelos
processos e resultados do que somente pela utilização instrucionista, quiçá alunos e
professores possam ficar fascinados com as descobertas que a robótica, presente
no contexto escolar, poderá promover diariamente.
149
REFERÊNCIAS
ASIMOV, Isaac. I, robot: short stories. Oxford, England: Oxford University Press,
2008.
BEZERRA, Marcelo dos Santos; SILVA, Josângela Bezerra da; MELO, Elda Silva do
Nascimento. Espiral de Sentidos e as representações sociais de gênero na escola
para graduandos do curso de Pedagogia da UFRN. In: FERREIRA, Gabriella
Rossetti (Org.). Educação: políticas, estrutura e organização, v. 7. Ponta Grossa:
Atena, 2019. p. 65-76.
FREIRE, Wendel; AMORA, Dimmi; SANTOS, Edméa Oliveira dos; LEITE, Lígia
Silva; SILVA, Marco; FILÉ, Valter. Tecnologia e educação: as mídias na prática
docente. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,
2007.
Moliner, Pascal; ABRIC, Jean-Claude. Central core theory. In: SAMMUT, Gordon.;
ANDREOULI, Eleni; GASKELL, Geroge; VALSINER, Jaan. (Orgs.). The Cambridge
handbook of social representations. Cambridge: Cambridge University Press, 2015.
p. 83-95.
152
REIS, Renata Pitta Barros. Cardbot: tecnologia educacional assistiva para inclusão
de deficientes visuais na robótica educacional. Tese (Doutorado), Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Programa de Pós-graduação em Engenharia
Elétrica e de Computação, UFRN: Natal/RN. 2017
SÁ, Sarah Thomaz de Lima. W-educ: um ambiente web, completo e dinâmico para a
robótica educacional. Tese (Doutorado), Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e de Computação,
UFRN: Natal/RN. 2016.
SANCHO, Juana María (Org.). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre:
Artmed, 1998.
WOLTER, Rafael Moura Coelho Pecly. Serge Moscovici: um pensador social. In:
ALMEIDA, Ângela Maria de Oliveira.; SANTOS, Maria de Fátima de Souza.;
TRINDADE, Zeide Araújo (Orgs.). Teoria das Representações Sociais: 50 anos.
Brasília: Editora Technopolitk, 2014. p. 28-39.
Eu, __________________________________________________________,
de nacionalidade brasileira, _______ anos de idade, estado civil
__________________, profissão ________________________________________,
residente em (cidade/estado) __________________________________________,
com o número do CPF _________________________________, estou sendo
convidado(a) a participar da pesquisa sobre “As representações sociais da
robótica educacional para professores do Ensino Fundamental”, cujo objetivo é
conhecer as representações sociais de robótica educacional construídas por
professores. O pesquisador responsável e mestrando, o Sr. Marcelo dos Santos
Bezerra, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Programa
de Pós-graduação em Educação (PPGEd) irá realizar uma pesquisa com os
professores de escola pública do Ensino Fundamental, que conhecem a robótica
educacional, por meio da aplicação dos seguintes instrumentais: Técnica de
Associação Livre de Palavras (TALP), questionário, entrevista e observação de
campo a fim de produzir dados para a elaboração da dissertação de mestrado por
meio de análises destes dados.
A minha participação no referido estudo, quando solicitada pelo pesquisador
por meio de explicações acerca dos procedimentos, será em responder a TALP, o
questionário, a entrevista sobre robótica educacional e da observação do
pesquisador em aulas e ou eventos que envolva a robótica educacional na minha
rotina profissional.
Fui alertado que quanto aos possíveis desconfortos decorrente do estudo,
poderá ser uma ansiedade tanto no começo da aplicação da TALP, por ser um
instrumento de pesquisa não familiar, como na gravação do áudio da entrevista
durante a produção dos dados. Ademais, estou ciente que não há riscos a minha
saúde física e mental.
Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome
ou qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar
será mantido em sigilo. Além disso, a minha participação nessa pesquisa será
acompanhada sempre da presença do pesquisador desse estudo.
Também fui informado(a) que posso me recusar a participar do estudo ou
retirar meu consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar-me, e, por
156
________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
_________________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
157
1. Escreva, rapidamente, as palavras (somente palavras, uma para cada espaço) que, em
sua mente, completam a seguinte frase:
Gênero:
( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Outro:
Idade:
( ) Entre 20 e 27 anos ( ) Entre 28 e 35 anos
( ) Entre 36 e 42 anos ( ) Mais de 43 anos
Maior nível de instrução:
( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado
Tipo de vínculo empregatício:
( ) Efetivo (por edital) ( ) Temporário (contrato, estágio, outro).
Quanto tempo atua na educação:
( ) Menos de 01 ano ( ) Entre 01 e 05 anos
( ) Entre 06 e 10 anos ( ) Entre 11 e 15 anos
( ) Entre 16 e 20 anos ( ) Mais de 21 anos
1. Escreva rapidamente as palavras (somente palavras, uma para cada espaço) que, em
sua mente, completam a afirmação:
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
159
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO
QUESTIONÁRIO
(Preenchimento pelo pesquisador)
Código do participante da pesquisa:____________
1. Idade:
2. Estado civil:
( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) União estável
3. Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Outro. Qual?
4. Religião:
5. Naturalidade (cidade/estado):
6. Têm filhos? ( ) Não ( ) Sim. Quantos?
7. Renda mensal própria ou da família, em salários mínimos:
( ) de 1 a 5 ( ) de 6 a 10 ( ) mais de 11
8. Qual é a profissão/ocupação do(a) seu/sua:
Pai? Mãe? Esposo(a)?
9. Nível de escolaridade do pai:
( ) Não alfabetizado ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino
Superior ( ) Pós-graduação ( ) Não sabe informar
10. Nível de escolaridade da mãe:
( ) Não alfabetizado ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino
Superior ( ) Pós-graduação ( ) Não sabe informar
11. Nível de escolaridade do(a) esposo(a):
( ) Não alfabetizado ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino
Superior ( ) Pós-graduação ( ) Não sabe informar
12. Você mora:
( ) Sozinho(a) ( ) Com os pais ( ) Com esposo(a) e filhos ( ) Com outros:
13. Situação de moradia:
( ) Casa própria ( ) Casa alugada ( ) Casa de amigos ( ) Casa de estudante,
república ( ) Casa dos pais ( ) Outro:
14. Onde reside:
( ) Zona rural ( ) Zona urbana
15. Tipo de escola em que você cursou o Ensino Fundamental:
( ) Todo em escola pública ( ) Todo em escola particular
( ) Parte em escola pública, parte em escola particular
16. Tipo de escola em que você cursou o Ensino Médio:
( ) Todo em escola pública ( ) Todo em escola particular
( ) Parte em escola pública, parte em escola particular
160
19. Você teve alguma experiência na área da educação antes da formação inicial? Se sim,
qual foi?
20. Qual o curso em você que se graduou? Qual foi o motivo da escolha deste curso?
31. Dentre os bens de consumo abaixo, marque o que você ou sua família possui:
( ) Câmera fotográfica/filmadora ( ) Laptop/Desktop ( ) Geladeira/Freezer
( ) Liquidificador ( ) Tablet ( ) Fogão elétrico ( ) Ar-condicionado
( ) Televisão ( ) Smartfone/Celular ( ) Videogame ( ) Micro-ondas
( ) Máquina de lavar roupas ( ) Outros:
32. Quais são os tipos de programas que você costuma assistir com frequência na TV?
( ) Jornais ( ) Novelas ( ) Filmes ( ) Auditório ( ) Esportes ( ) Infantil
( ) Policial ( ) Reality show ( ) Músicas ( ) Documentários ( ) Ficção científica
( ) Seriados ( ) Outros. Quais?
33. Quais são os lugares que você mais frequenta em momentos de lazer?
( ) Teatro ( ) Cinema ( ) Museu ( ) Parque ( ) Praias/lagoas ( ) Shopping
Center ( ) Outros. Quais?
ENTREVISTA