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UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU


MESTRADO EM SISTEMAS AMBIENTAIS SUSTENTÁVEIS

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UMA UNIVERSIDADE


PÚBLICA DO ESTADO DO PIAUÍ, BRASIL

Leyde Renê Nogueira Chaves

Lajeado/RS, dezembro de 2021


Leyde Renê Nogueira Chaves

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UMA UNIVERSIDADE


PÚBLICA DO ESTADO DO PIAUÍ, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Sistemas Ambientais
Sustentáveis, da Universidade do Vale do
Taquari, como parte da exigência para a
obtenção do grau de Mestre em Sistemas
Ambientais Sustentáveis, na área de
concentração Tutela Jurídica Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Marlon Dalmoro.
Coorientador: Prof. Dr. Alexandre André Feil.

Lajeado/RS, dezembro de 2021


Leyde Renê Nogueira Chaves

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UMA UNIVERSIDADE


PÚBLICA DO ESTADO DO PIAUÍ, BRASIL

A Banca examinadora abaixo aprova a Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis, da Universidade do Vale do
Taquari - Univates, como parte da exigência para a obtenção do título de Mestre em
Sistemas Ambientais Sustentáveis, na área de concentração Tutela Jurídica
Ambiental.

Profa. Dra. Fernanda Cristina Wiebusch Sindelar


Universidade do Vale do Taquari – Univates

Prof. Dr. Carlos Cândido da Silva Cyrne


Universidade do Vale do Taquari – Univates

Prof. Dr. Dusan Schreiber


Universidade FEEVALE

Lajeado/RS, 17 de dezembro de 2021


Dedico esta pesquisa a minha filha, Júlia, pela colaboração
intensa; ao meu esposo, Luciano, pela paciência, e a todos os
docentes, alunos e técnicos da Universidade Estadual do Piauí
(UESPI), campus Poeta Torquato Neto.
AGRADECIMENTOS

Acima de tudo, agradeço a Deus, por mais esta realização; aos professores
Marlon Dalmoro, Alexandre Feil e às professoras Liana Johan e Luciana Turatti, que
muito contribuíram para meu desempenho no mestrado, bem como para a
concretização deste trabalho.
RESUMO

O presente estudo discorre acerca do gerenciamento de resíduos sólidos,


regulamentado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei
nº 12.305/10, através de um levantamento qualitativo e quantitativo dos resíduos
gerados por uma universidade pública do Estado do Piauí, refletindo sobre as práticas
sustentáveis da instituição como geradora de resíduos , visando diagnosticar e
analisar a geração, segregação, acondicionamento, tratamento e destinação final
desses resíduos com ações e atitudes de melhorias no sistema da atual gestão de
resíduos da Universidade Estadual do Piauí, campus Poeta Torquato Neto, Teresina,
Brasil, em consonância com seu papel transformativo de fomentar a educação
ambiental. Os resultados apresentaram um quadro da problemática atual do
gerenciamento de resíduos sólidos da Universidade, campus-sede, objeto do estudo,
cuja análise foi baseada na percepção dos entrevistados e dos respondentes da
comunidade acadêmica, a qual fundamentou-se nos objetivos geral e específicos
desta pesquisa. Identificou-se a forma de coleta comum de resíduos no campus,
ausência de um manejo dos resíduos adequado e eficiente pela empresa terceirizada,
necessidade de conscientização e sensibilização da comunidade acadêmica no
tocante às práticas educacionais e ambientalmente corretas, ausência de
quantificação, classificação, caracterização, tratamento, reutilização,
reaproveitamento e reciclagem interna dos resíduos gerados. Propôs-se como
sugestões a realização de coleta seletiva, limpeza diária do campus, implementação
do plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS), cursos de capacitação para
os terceirizados, atendendo assim, de forma reativa, à legislação, e dando suporte a
um gerenciamento de resíduos sólidos de forma mais alinhada com concepções
contemporâneas de sustentabilidade.

Palavras-chave: Gerenciamento de resíduos sólidos. Universidade. Legislação.


PGRS. sustentabilidade
ABSTRACT

The present study discusses the management of solid waste, regulated by the National
Solid Waste Policy (NSWP), established by Law No. 12. 305/10, through a qualitative
and quantitative survey of the waste generated by a public university in the State of
Piauí, reflecting on the sustainable practices of the institution as a waste generator,
aiming to diagnose and analyze the generation, segregation, packaging, treatment and
final disposal of these wastes with actions and attitudes for improvements in the current
waste management system of the State University of Piauí, Poeta Torquato Neto
campus, Teresina, Brazil, in line with its transformative role of promoting environmental
education. The results presented a picture of the current problematic of solid waste
management at the University, campus, object of study, whose analysis was based on
the perception of the interviewees and respondents from the academic community,
which was based on the general and specific objectives of this research, identifying
the form of common waste collection on campus, absence of an adequate and efficient
waste management by the outsourced company, need for awareness and sensitization
of the academic community regarding educational and environmentally correct
practices, absence of quantification, classification, characterization, treatment, reuse,
reuse and internal recycling of the waste generated. It was proposed as suggestions
the implementation of selective collection, daily cleaning of the campus,
implementation of the solid waste management plan (SWMP), training courses for
contractors, thus meeting, in a reactive way, the legislation, and supporting the
management of solid waste in a way more aligned with contemporary conceptions of
sustainability.

Keywords: Solid waste management. University. Legislation. SWMP. Improvements


in environmental systems.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 9
1.1 Tema e delimitação do tema............................................................................. 12
1.2 Problema de pesquisa....................................................................................... 12
1.3 Objetivos............................................................................................................. 13
1.3.1 Objetivo Geral................................................................................................... 13
1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................................ 14
1.4 Justificativa......................................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................18
2.1 Desenvolvimento sustentável........................................................................... 18
2.2 Resíduos sólidos................................................................................................ 22
2.2.1 Definição de resíduos sólidos e rejeitos ………………………………………..... 23
2.3 Legislação relativa ao gerenciamento de resíduos sólidos........................... 25
2.4 Gerenciamento de resíduos sólidos.................................................................28
2.5 Gerenciamento de resíduos sólidos em universidades no Brasil................34
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 39
3.1 Tipificação da pesquisa..................................................................................... 39
3.2 Unidade de análise............................................................................................. 40
3.3 Coleta e análise dos dados............................................................................... 43
4 DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS........................................................................ 48
4.1 Resultados I: Percepções da comunidade acadêmica................................... 50
4.2 Resultado II: Percepções do gestor da prefeitura do campus.......................75
4.3 Resultado III: Percepções dos gestores administrativos quanto a empresa
terceirizada……………………………………….....…………………………………….. 86
4.4 Comparação entre a atual gestão de resíduos na IES e as diretrizes das
legislações................................................................................................................ 95
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 112
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 116
APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM REPRESENTANTE DA
EMPRESA TERCEIRIZADA.................................................................................... 126
APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM REPRESENTANTE DA
EMPRESA TERCEIRIZADA.................................................................................... 127
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO GOOGLE FORMS PARA OS REPRESENTANTES
DA EMPRESA TERCEIRIZADA........................................... 128
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO GOOGLE FORMS PARA A COMUNIDADE
ACADÊMICA............................................................................................................132
APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO GOOGLE FORMS PARA A PREFEITURA DO
CAMPUS..................................................................................................................138
APÊNDICE F – INFOGRÁFICO-PRODUTO TÉCNICO.......................................... 142
ANEXO A – PESQUISA DOCUMENTAL................................................................ 144
9

1 INTRODUÇÃO

A gestão de resíduos no Brasil enfrenta vários desafios no sentido de encontrar


mecanismos e ferramentas eficientes para resolver ou minimizar a coleta, segregação,
tratamento, disposição final, reutilização e reciclagem dos resíduos gerados pelas
diversas atividades (FERRARI; LUZ; BACELLAR, 2015). A disposição inadequada
desses resíduos por pessoas físicas ou jurídicas, públicas e privadas, em áreas
urbanas ou rurais, gera desafios adicionais na gestão, visto que aumenta o risco à
saúde pública, contribuindo com a degradação das paisagens urbana e rural.
(FERRARI; LUZ; BACELLAR, 2015; GOUVEIA, 2012).
As instituições de ensino superior (IES) apresentam características de geração
de resíduos distintas em relação às demais pessoas jurídicas, a exemplo das
indústrias e comércios, assim como de outras prestadoras de serviços, pelo fato de
as IES gerarem a mesma diversidade de resíduos sólidos urbanos (RSU) de uma
pequena ou média cidade. Nessa lógica, Ferrari, Luz e Bacellar (2015, p. 210)
enfatizam que as IES “[...] possuem a infraestrutura, população, problemas e
complexidades de uma cidade [...]”. Além disso, Tauchen e Brandli (2006) apontam
que a geração de resíduos em um campus de IES compara-se ao que ocorre em um
pequeno núcleo urbano, pela diversidade de atividades, com a correspondente
geração de resíduos.
Bahçelioglu et al. (2020) salientam que a elevada geração de resíduos sólidos
nos campi das IES se torna inevitável mediante diversas vertentes, em função de seu
elevado número de alunos, professores, agentes administrativos e visitantes, e ainda
devido a variedade de atividades dos cursos que o campus oferece. Nessa lógica, a
realização do gerenciamento dos resíduos para auxiliar nas práticas sustentáveis dos
campi de IES é considerado um desafio.
Os benefícios da utilização da gestão de resíduos em IES podem ser
relacionados com a redução do consumo de recursos naturais e a adequação de
práticas ambientais sustentáveis, de acordo com as exigências das legislações
ambientais. Também possibilita a geração de pesquisas sobre os resíduos gerados e
sua gestão, melhorando a imagem institucional e reduzindo os riscos da aplicação de
multas e passivos ambientais (PASSOS et al., 2010).
Por outro lado, há também barreiras que devem ser observadas no
gerenciamento de resíduos das IES, como a carência de conhecimento da
10

comunidade acadêmica em geral em relação às práticas sustentáveis, a ausência de


recursos financeiros, o desinteresse pelos stakeholders internos da organização no
tocante à relevância da questão ambiental e, tornando-se um agravante, o
desconhecimento da própria organização sobre práticas potencialmente poluidoras ou
danosas à sociedade ou mesmo sobre práticas inadequadas de manejo dos resíduos
sólidos urbanos (RSU) realizadas por empresas prestadoras de serviços à IES
(RIBEIRO et al., 2005).
Diante dos benefícios que envolvem a adoção de práticas de gerenciamento
de resíduos em IES e visando superar as barreiras impostas, a literatura indica que
as universidades devem buscar suporte no conceito de sustentabilidade para
qualificar as suas operações (BERCHIN et al., 2017). Esse entendimento deriva do
fato de que as universidades têm potencial de contribuir com o ensino e pesquisa
sobre sustentabilidade e também de desenvolver planos de gestão sustentável em
linha com as suas responsabilidades éticas e legais sobre ações ambientais
(FAGNANI; GUIMARÃES, 2017).
A NBR 10.004 estabelece que a empresa deve identificar primeiramente qual
o processo de origem do resíduo gerado. Após essa identificação, é analisada a fonte
do resíduo, a qual deve ser realizada criteriosamente para não haver erros na
destinação final dos resíduos (BRASIL, 2004). Esses materiais são gerados
diariamente dentro das empresas, universidades, residências, prédios, havendo
várias formas práticas de diminuir ou eliminar a geração deles através do
reaproveitamento.
A Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) alude ainda
que, se os rejeitos e resíduos não tiverem gerenciamento, disposição e destinação
final ambientalmente adequados, podem apresentar risco tanto à saúde pública
quanto ao próprio ambiente, causando diversos danos, que vão desde a
contaminação do solo à proliferação de doenças (BRASIL, 2004).
A Lei federal 6.938/1981 regulamenta as várias atividades que envolvem o
meio ambiente para que haja preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental, visando assegurar à população condições propícias para seu
desenvolvimento social e econômico (BRASIL, 1981). A própria legislação federal
descreve responsabilidades que incluem as universidades como responsáveis pelo
gerenciamento de resíduos gerados nos seus campi. Nesse sentido, a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), conforme Lei 12.305/2010, em um dos seus
11

objetivos, apresenta a proteção à saúde pública junto com a qualidade ambiental,


mantendo sempre em foco a não geração, redução, reutilização, reciclagem e
tratamento dos resíduos sólidos, além da disposição final ambiental adequada dos
rejeitos (BRASIL, 2010).
Salienta-se também que, conforme a Constituição Federal (1988), art. 225, o
direito ao meio ambiente é um dos direitos difusos, os quais são supraindividuais e
não de titularidade pública ou privada. Consta também o dever da sociedade e do
poder público de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado
como direito fundamental para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 2019).
Assim, no desafio de implementar práticas de gerenciamento de resíduos, as IES
encontram suporte na legislação, sendo que a própria definição de resíduos sólidos é
encontrada na legislação federal, mais precisamente no art. 3º, inciso XVI, da Lei
12.305/10:

resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de


atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

De forma complementar, a Norma Brasileira 10004/2004, da ABNT, estabelece


a classificação de resíduos, tal a elucidação: “[...] são resíduos nos estados sólido e
semissólido, aqueles que resultam de atividades de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.” (ABNT 2004).
A legislação associada à PNRS e normativas como a ABNT 10004/2004 podem
servir de ferramentas para o desafio da implementação de um gerenciamento de
resíduos eficaz numa IES. Essa associação permite ainda superar uma limitação de
estudos prévios que se concentram majoritariamente nos níveis municipal ou
domiciliar, raramente contemplando instituições de ensino superior (BAHÇELIOĞLU
et al., 2020).
Entre as diferentes possibilidades de compreender o gerenciamento de
resíduos de uma IES, o campus é a área da universidade que merece atenção
especial, visto que há expressiva quantidade de resíduos gerados pela comunidade
acadêmica, devido à ampla convivência e à variedade de atividades que acontecem
12

nos diversos cursos e setores. Nesse contexto, o planejamento de um gerenciamento


de resíduos que inclua iniciativas proativas tem importância primordial para iniciar e
manter práticas sustentáveis nos campi das IES.

1.1 Tema e delimitação do tema

O tema desta pesquisa vincula-se ao gerenciamento de resíduos e delimita-se


no diagnóstico da atual forma de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
em um empreendimento público, mais especificamente a Universidade Estadual do
Piauí – Campus Poeta Torquato Neto, Piauí, Brasil. À luz da legislação federal e das
normas ambientais, por meio da análise das práticas de gerenciamento de resíduos
nas universidades, a pesquisa focaliza a formalização de diretrizes e/ou melhores
práticas no gerenciamento de resíduos sólidos no campus-sede mediante
planejamento eficiente e equilibrado.

1.2 Problema de pesquisa

O gerenciamento de resíduos, em especial daqueles gerados por instituições


de ensino superior, pode apresentar diversos entraves em regiões que não
apresentam aterros sanitários, comprometendo a qualidade do meio ambiente da
comunidade circunvizinha (CONCEIÇÃO; PEREIRA JÚNIOR, 2020). Esse
desequilíbrio pode ser explicado em função da carência de sensibilidade ambiental,
além de deficiências de infraestruturas e de políticas públicas que busquem uma
melhoria no gerenciamento desses resíduos.
Nas IES, a busca por modelos de gerenciamento de resíduos nos campi tem
crescido, à medida que essas instituições passaram a incluir nas suas práticas de
ensino e pesquisa a educação ambiental. Assim, as IES ao buscarem dialogar com a
legislação ambiental no âmbito acadêmico, acabaram também desenvolvendo
políticas e ações visando à gestão adequada dos resíduos gerados nos seus próprios
campi (ALMEIDA, 2018). Tais mobilizações demonstram a relevância da temática
relacionada à gestão de resíduos para o desenvolvimento da IES em direção a ideias
mais sustentáveis. Além disso, as IES “[...] sofrem uma crescente pressão por
mudanças em nível de sustentabilidade e estão despertando para a gestão ambiental”
(FEIL; STRASBURG; NAIME, 2015, p. 216).
13

Kramer (2004), Tauchen et al. (2005) e Otero (2010) enfatizam que as IES
representam um agente de liderança para promover a sustentabilidade ambiental
através de ações e práticas de gestão ambiental, pois são elas que formam os
tomadores de decisão, através da educação. Com isso, a adequação das práticas de
gerenciamento de resíduos de uma IES à legislação, não só propiciam mudanças em
suas ações, como também promovem mudanças sociais em favor de um incremento
nas ações de organizações públicas e privadas em direção a modelos de
gerenciamento mais adequados.
Entretanto, apesar da responsabilidade ambiental das IES e o seu potencial
transformativo quando se posicionam como exemplos na gestão ambiental, ainda são
restritos, os casos de IES que adotam práticas exemplares de gerenciamento de
resíduos. (BARBOSA et al., 2009; PASSOS et al., 2010; TAUCHEN; BRANDLI, 2006).
Uma das razões para isso é o fato de que, para a implantação de uma gestão
adequada dos resíduos nas IES, segundo autores como Frank e Quadros (2003),
Frank et al. (2004) e De Conto (2012), deve-se considerar que esses ambientes são
altamente complexos em função das diversidades de suas atividades, devido ao meio
social heterogêneo e ao seu modelo estrutural. Segundo Albuquerque Neto et al.
(2007), Passos et al. (2010), Conto (2012), Oliveira Júnior (2012) e Freitas et al.
(2012), essa implantação é complexa, necessitando do esforço sistêmico e integrado
de toda a estrutura acadêmica.
Esse contexto não é diferente no campus Poeta Torquato Neto, da
Universidade Estadual do Piauí, alvo deste estudo. Nesse sentido, a problemática
desta pesquisa foi assim definida: Qual a situação atual do gerenciamento de resíduos
sólidos urbanos (RSU) gerados na Universidade Estadual do Piauí – campus Poeta
Torquato Neto, Teresina, Brasil?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Diagnosticar a geração, segregação, acondicionamento, tratamento e


destinação final de resíduos sólidos urbanos (RSU), visando a ações ou atitudes de
melhorias no sistema atual de gerenciamento de resíduos da Universidade Estadual
do Piauí, campus Poeta Torquato Neto, Teresina, Brasil.
14

1.3.2 Objetivos Específicos

● Caracterizar os resíduos e a forma de realização da coleta no campus Torquato


Neto- UESPI;
● Analisar o formato de gerenciamento de resíduos sólidos atual do campus
Torquato Neto UESPI;
● Comparar o modelo do gerenciamento do campus-sede com a legislação
relacionada ao gerenciamento de resíduos sólidos (PNRS - Lei 12.305/10);
● Sugerir melhorias nas práticas adotadas no gerenciamento de resíduos sólidos
do campus.

1.4 Justificativa

À medida que as sociedades globais avançam em direção ao seu futuro urbano,


a quantidade de resíduos, considerados uma espécie de subproduto mais
proeminente do estilo de vida da humanidade urbana, aumenta a uma taxa de
crescimento mais acentuado que a taxa de urbanização (HOORNWEG; BHADA-
TATA, 2012). Em 2002, havia 2,9 bilhões de residentes urbanos que geram 0,64
kg/pessoa/dia de RSU (0,68 bilhões ton./ano), enquanto, em 2012, havia 3 bilhões de
residentes urbanos gerando 1,2kg/pessoa/dia de RSU (1,3 bilhões/ton./ano)
(HOORNWEG; BHADA-TATA, 2012). Além disso, de acordo com esses autores, as
estimativas para 2025 são de um crescimento para 4,3 bilhões de residentes urbanos
que geram 1,42 kg/pessoa/dia de RSU (2,2 bilhões/ton./ano).
As estimativas da geração de RSU para o ano de 2050 são ainda mais drásticas
em termos mundiais, pois haveria uma geração de 3,4 bilhões/ton./ano (KAZA et al.,
2018). A geração de RSU, no Brasil, teve um crescimento de 67 milhões para 79
milhões/ton./ano, entre 2010 e 2019, ou seja, um aumento de 348 kg/pessoa/ano para
379 kg/pessoa/ano (ABRELPE, 2020). A região do Brasil que mais apresenta geração
de RSU é a sudeste, tanto em termos de geração total quanto de geração per capita,
conforme a figura 1.

Figura 1 – Geração total e per capita de RSU


15

Fonte: Abrelpe (2020, p. 14).

Considerando-se o período de 2010 a 2019, a quantidade de RSU coletados


apresentou um crescimento nas regiões do país, passando de cerca de 59
milhões/ton./ano para 72,7 milhões/ton./ano, respectivamente. Além disso, a
abrangência da coleta no país passou de 88% para 92% (ABRELPE, 2020).
No Brasil, a disposição final dos RSU coletados é no aterro sanitário, que
apresentou um crescimento de 10 milhões/ton. de 2010 a 2019. Acrescenta-se que a
quantidade de resíduos destinada a locais inapropriados, a exemplo de lixões e
aterros controlados, teve um crescimento de 40 milhões/ton. no mesmo período
(ABRELPE, 2020). Essas informações também podem ser observadas na figura 2.

Figura 2 – Disposição final adequada versus inadequada de RSU no Brasil (ton./ano)

Fonte: Abrelpe (2020, p. 20).


16

O Brasil é considerado um dos países que gera maior quantidade de RSU, a


exemplo de materiais, objetos e substâncias descartadas, os quais deveriam receber
uma destinação com tratamento para uma solução ambiental e economicamente
viável, considerando-se as tecnologias e a legislação atual disponível (ANTENOR;
SZIGETHY, 2020), entretanto esses RSU1 acabam, em parte, sendo despejados a
céu aberto, na rede pública de esgoto, em córregos e rios, ou queimados.
A crescente geração de RSU e as práticas de descarte estabelecidas nas
cidades brasileiras, juntamente com o elevado custo de armazenagem, têm como
resultado crescentes volumes de RSU acumulados, que acarretam sérios problemas
ambientais e de saúde pública, como a contaminação do solo, de cursos d'água e de
lençóis freáticos, com o decorrente aparecimento de diversas doenças 2 (ANTENOR;
SZIGETHY, 2020).
A solução para essas disposições finais inadequadas de RSU, no Brasil, partiu
da promulgação da Lei 12.305 (2010), que estabelece a PNRS, considerado um
marco regulatório que prevê a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos aplicados
pelos municípios para a regularização dessas disposições finais de resíduos
inadequada num prazo de quatro anos (ANTENOR; SZIGETHY, 2020). Entretanto, o
prazo para a regularização dos municípios terminou em 2014, e, segundo dados da
Abrelpe (2020), mais da metade dos municípios do país ainda não cumpriu a
determinação legal.
Esse crescimento na geração de RSU e as dificuldades na sua gestão não
excluem as universidades e seus campi. Considerando-se que a estrutura física e a
complexidade de gestão de alguns campi universitários se assemelham às de uma
cidade, esses desafios na gestão dos RSU também devem ser pensados no âmbito
das universidades (BAHÇELIOĞLU et al., 2020). As IES apresentam características
distintas de empresas ou comércios, em função da geração de diferentes tipos de
resíduos, pois as instituições universitárias possuem departamentos que geram
resíduos hospitalares (cursos de medicina, biologia, química), alimentares (bares,
restaurantes universitários), de varrição (calçadas, prédios, ruas), resíduos da
construção civil (reformas e construções) do curso de engenharia civil, resíduos

1
Esses RSU são compostos por resíduos com elevada complexidade, a exemplo de resíduos
radioativos, agrícolas, industriais, de mineração, da construção civil, hospitalares, de atividades
domésticas em residências urbanas e os de limpeza urbana.
2
Dengue, leishmaniose, leptospirose e esquistossomose.
17

radioativos, tóxicos, orgânicos, efluentes, (OLIVEIRA et al., 2014). Sendo assim, uma
IES, quanto à geração de resíduos (quantidade e diversidade), se assemelha a uma
cidade de pequeno ou de médio porte.
Nessa perspectiva, este estudo se justifica pela necessidade de um
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU) ambientalmente e eficientemente
adequado no campus Poeta Torquato Neto da Universidade Estadual do Piauí,
situado na zona norte da capital Teresina, Piauí, propondo-se soluções ou
contribuições de melhorias na imagem da IES, com a redução da quantidade de
resíduos sólidos gerados, campanhas de sensibilização e cumprimento da legislação
ambiental para a realização de práticas sustentáveis. Ressalta-se que, apesar de a
IES ser também geradora de efluentes líquidos, neste trabalho, optou-se de forma
restrita, apenas pela análise de gerenciamento de resíduos sólidos no campus-sede,
mesmo sabendo-se que há outros impactos gerados pelos efluentes líquidos dentro
da IES, o que exige para os mesmos tratamento que venha beneficiar o meio ambiente
e reduzir gastos para a Instituição, principalmente aqueles efluentes originários dos
banheiros, restaurante universitário, lanchonetes e laboratórios dos cursos de
Química e Biologia, sendo, portanto, relevante a possibilidade de estudos futuros.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
18

2.1 Desenvolvimento sustentável

O conceito de sustentabilidade vincula-se à preocupação com a existência e a


manutenção de recursos naturais para a continuidade das gerações futuras (AQUINO
et al., 2015), centrando-se no desenvolvimento sustentável, em que a preservação
ambiental é a base do crescimento dos negócios e da economia. Uma série de
eventos eclodiram a partir da década de 1960, contribuindo para o surgimento da
consciência ambiental no planeta Terra. Descobertas científicas, movimentos
populares, conferências e outras ações alavancaram discussões no mundo inteiro
acerca da proteção ambiental, principalmente na Europa, nos Estados Unidos e no
Japão. Esses acontecimentos são considerados fundamentais para a elaboração dos
primeiros princípios e normas internacionais de proteção ambiental (SILVA, 2014),
como demonstrado no quadro 1.

Quadro 1 – Eventos que contribuíram com a ideia do desenvolvimento sustentável

Teve como objetivo conscientizar a sociedade para melhorar a relação


com o meio ambiente e assim atender as necessidades da população do
Conferência de presente sem comprometer as gerações futuras.
Estocolmo (1972)
É considerada um marco histórico, pois, a partir dela, surgiram políticas
de gerenciamento ambiental envolvendo o engajamento dos Estados na
tentativa de diminuir os impactos ambientais negativos.

Em 1987, a Organização das Nações Unidas (ONU), através do Relatório


Brundtland, apresentou o termo “desenvolvimento sustentável” com a
ideia de um desenvolvimento que atendesse às necessidades das
Relatório gerações presentes, sem comprometer as gerações futuras de suprir as
Brundtland suas próprias necessidades. O Relatório Brundtland (1987) tornou-se um
marco quanto à formalização do conceito de desenvolvimento sustentável:
“desenvolvimento sustentável como sendo o desenvolvimento que
satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de
as futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades”.

Conferência das O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o


Nações Unidas desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das
sobre Meio lacunas na implementação das decisões adotadas e do tratamento de
Ambiente e temas novos e emergentes.
Desenvolvimento O principal documento produzido na RIO-92, o Agenda 21, é um programa
(1992), ou ECO-92, de ação que viabiliza um novo padrão de desenvolvimento
Rio-92, Cúpula da ambientalmente racional, conciliando métodos de proteção ambiental,
Terra justiça social e eficiência econômica.
De acordo com o art. 225 da Carta Magna, que refletiu no princípio nº 1
da Declaração do Rio/92, o meio ambiente ecologicamente equilibrado é
um direito fundamental de todos, do qual irradiam todas as demais
interpretações que devem ter as normas ambientais.

De acordo com esse documento, os países industrializados se


comprometem a reduzir significativamente as emissões globais de seis
19

Protocolo de Kyoto gases responsáveis pelo efeito estufa. Para tanto prevê um bônus para os
(1997) mesmos, tais como redução gradual ou até mesmo eliminação de
incentivos fiscais ou mesmo isenções tributárias e tarifárias e de subsídios
para os setores emissores de gases de efeito estufa.

Cúpula mundial Além de reforçar o compromisso assumido no encontro anterior no que


sobre tange ao cumprimento das metas socioeconômicas e ambientais, gerou
desenvolvimento dois documentos relevantes: a Declaração de Joanesburgo em
sustentável Desenvolvimento Sustentável e o Plano de Implementação (PI).
(Joanesburgo-2002)

A partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, o pensamento


predominante da maioria das organizações, até então meramente
Desenvolvimento econômico, voltou-se também para a questão social e ambiental, dando
Sustentável (Rio origem aos primeiros conceitos de sustentabilidade, os quais têm como
+20) foco três objetivos centrais para o desenvolvimento da humanidade:
sociedade/ética, economia e ecologia, formando, assim, o tripé: pessoas,
lucro e planeta (DALMORO, 2009).
Fonte: Adaptado de Silva (2014).

O governo, as organizações, as universidades públicas e privadas, as ONGs,


todos têm e devem se responsabilizar em garantir o desenvolvimento econômico, a
geração de riqueza, a distribuição de renda, permitindo conjuntamente a
sustentabilidade do planeta para a continuidade das gerações futuras, aproveitando
de modo eficiente os recursos naturais, uma vez que eles são escassos e limitados
(CUNHA; AUGUSTIN, 2014). Esses atores sociais podem contribuir para o
desenvolvimento sustentável da sua comunidade e região, além de assumirem a
missão de construir uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável. Aquino et al.
(2015) enfatizam que desenvolvimento sustentável, prevenção e controle integrado
da poluição são palavras-chave para uma nova abordagem mundial, visando à
proteção ambiental.
O desenvolvimento sustentável, traduzido de uma forma mais abrangente e
clara por Feil e Schreiber (2017a, p. 676), pode ser entendido como

[...] uma estratégia utilizada em longo prazo para melhorar a qualidade de


vida (bem-estar) da sociedade. Essa estratégia deve integrar aspectos
ambientais, sociais e econômicos, em especial considerando as limitações
ambientais, devido ao acesso aos recursos naturais de forma contínua e
perpétua. O conceito de estratégias, ou seja, o ato de gerenciar, é elaborado
com base nos resultados das avaliações da sustentabilidade, e tem como
foco os aspectos negativos, recuperando ou normalizando até o ponto em
que o processo evolutivo do sistema ocorra normalmente.
20

O desenvolvimento sustentável apresenta três pilares: o social, o econômico e


o ambiental (Figura 3). Aquino et al. (2015) compreendem esses três pilares como
uma forma de pensar capaz de gerar um novo modelo de desenvolvimento
ambientalmente responsável, socialmente justo e economicamente viável.

Figura 3 – Pilares do desenvolvimento sustentável


e da sustentabilidade

Fonte: Coral (2002, p. 82).

O pilar da dimensão social abrange a sustentação das necessidades humanas,


melhoria da qualidade de vida e justiça social, buscando retratar a situação social, a
distribuição de renda e as condições de vida da população, apontando o sentido de
sua evolução recente (AQUINO et al., 2015). A intenção é estimular uma convergência
das prioridades de gasto da União, Estados e Municípios, em um conjunto de políticas
estruturantes, como, por exemplo, transferência de renda, saneamento, habitação,
saúde, educação, informação e conhecimento, meio ambiente, associadas todas a
uma política sob medida de emprego e renda, gerenciadas de forma articulada,
visando ao desenvolvimento local.
O art. 6º da Lei 12.305/2010, inciso IV, enfatiza os princípios da PNRS,
destacando-se o “desenvolvimento sustentável”, que, segundo Sachs (2003, p. 20),

[...] deve ter três atributos básicos: desenvolvimento das pessoas,


aumentando suas oportunidades, capacidades, potencialidades e direitos de
escolha. Desenvolvimento para as pessoas, garantindo que seus resultados
sejam apropriados equitativamente pela população, e desenvolvimento das
pessoas, empoderando-as.
21

Nesse sentido, “a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável ocorrem


por intermédio da resistência, resiliência, multiestabilidade, estabilidade, instabilidade
e nova estabilidade, em oposição à preservação do status quo” (FEIL; SCHREIBER,
2019, p. 69), tendo-se como essência a autossuficiência do sistema global (humano-
ambiental). Em consonância com essa lógica, os autores salientam que é possível
afirmar que as pessoas ou a humanidade não foram capazes de encontrar uma forma
de preservação ambiental e de equilibrar sua relação com o meio ambiente.
A dimensão econômica abrange o desempenho macroeconômico e financeiro
dos impactos no consumo de recursos materiais e o uso de energia primária, dos
processos produtivos com alterações nas estruturas de consumo orientadas e uma
produção econômica sustentável a longo prazo (IBGE, 2015). O desenvolvimento
econômico é inevitável e necessário, porém, para a própria organização garantir lucro
a médio e longo prazos, torna-se necessário combinar a dimensão econômica com as
questões sociais e ambientais pertinentes à própria sobrevivência da organização e
de sua responsabilidade com a comunidade e a preservação do meio ambiente.
A dimensão ambiental abrange o uso dos recursos naturais e a degradação
ambiental, relacionando-se aos objetivos de preservação e conservação do meio
ambiente, fundamentais ao benefício das gerações futuras (AQUINO et al., 2015).
Esses mesmos autores destacam que a “[...] manutenção, o uso racional e valorização
da base dos recursos naturais sustenta a recuperação dos ecossistemas e
crescimento econômico” (AQUINO et al., 2015, p. 47). Dessa forma, os princípios do
desenvolvimento sustentável vinculam-se aos pilares do crescimento econômico,
preservação ambiental e equidade social. Quando essas três vertentes forem efetiva
e simultaneamente respeitadas, o desenvolvimento será considerado sustentável. O
termo sustentável pode ser definido

[...] como um alicerce, uma espécie de “guarda-chuva”, que apoia ou abrange


a ideia de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, tendo como base
a preocupação com a existência futura de recursos naturais para viabilizar a
continuação da vida humana (FEIL; SCHREIBER, 2017b, p. 673).

Interessante observar que, no caso brasileiro, a própria Constituição Federal,


desde 1988, já indicava algumas diretrizes para o desenvolvimento sustentável. O art.
170 da CF/88 enumera os fundamentos e princípios da ordem econômica, visando ao
equilíbrio entre crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social. A
22

Magna Carta, contudo, é, inequivocamente, direcionada pela visão antropocêntrica,


em vez da visão ecocêntrica. Isso significa que as normas ambientais nacionais
protegem o meio ambiente em função dos interesses humanos, revelando
preocupação com os aspectos econômicos, sem dissociá-los da problemática social
e ambiental, como descreve Sachs (2003, p. 56, grifo nosso):

[...] o desenvolvimento voltado para as necessidades sociais mais


abrangentes, que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida da maior
parte da população, e o cuidado com a preservação ambiental como uma
responsabilidade para com as gerações que sucederam: trata-se de gerir a
natureza de forma a assegurar aos homens de nossa geração e a todas as
gerações futuras a possibilidade de se desenvolver.

Uma das maneiras de gerir essa relação do homem com a natureza, visando
minimizar o impacto de suas ações de forma que, mesmo buscando a geração de
riqueza econômica, seja possível preservar e conservar o meio ambiente, é por meio
da implementação racional de mecanismos de gerenciamento de resíduos.

2.2 Resíduos sólidos

“Um dos maiores problemas do desenvolvimento econômico mundial é o


destino dos dejetos e resíduos sólidos, líquidos e gasosos provenientes da produção
industrial e do consumo em grande escala dos bens produzidos” (SILVA, 2014). E o
mais preocupante é saber que esses produtos industriais necessitam de um longo
tempo para se decompor na natureza, conforme o quadro 2, a seguir.

Quadro 2 – Tempo de decomposição de produtos industrializados comumente


presentes nos campi de IES
Produtos industrializados Tempo de decomposição

Papel 03 meses

Filtro de cigarro 1 a 2 anos


23

Gomas de mascar 5 anos

Latas de alumínio 200 a 500 anos

Plástico 400 anos

Vidro 4 mil anos

Borracha por tempo ainda indeterminado

Fonte: Silva (2014, p. 37).

A sociedade de consumo, as instituições, as universidades, as organizações,


empresas públicas e privadas enviam a maior parte de seus resíduos para aterros
sanitários ou lixões, como forma mais comum de destinação final dos resíduos sólidos
coletados, em vez de dedicar tempo para identificar e organizar o que pode ser
separado para reutilização ou reciclagem (ZAGO; BARROS, 2019). Esse
comportamento apresenta impactos ambientais que afetam o meio ambiente, com,
por exemplo, a contaminação do solo pelo chorume, líquido escuro e tóxico
proveniente da decomposição da matéria orgânica, ocorrendo também a
contaminação das águas subterrâneas, com a penetração do chorume no solo; mau
cheiro e aumento do número de doenças, já que os lixões atraem animais e vetores
de doenças. No entanto, essa problemática não pode ser resolvida somente com a
reciclagem, mas, sobretudo, com o disposto na Lei 12.305/10, qual seja, a redução da
geração dos resíduos, adotando-se hábitos de produção e consumo mais
sustentáveis.

2.2.1 Definição de resíduos sólidos e rejeitos

Os resíduos sólidos podem estar no estado de sólidos ou semissólidos,


podendo ser gerados de atividades originárias de indústrias, domésticas, hospitalares,
comerciais, agrícolas, de serviços e de varrição (ABNT, 2004). Os resíduos que
também podem ser incluídos nessa definição relacionam-se aos lodos de sistemas de
tratamento de água, aos resíduos gerados mediante o controle de poluição, a alguns
líquidos com especificidades que tornam invisível o seu lançamento na rede pública
de esgoto ou em corpos de água, a bens e equipamentos descartados e a gases
residuais contidos em recipientes, entre outros (ABNT, 2004).

[...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades


humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
24

proceder, nos estados sólidos ou semissólido, bem como gases contidos em


recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento
na rede pública de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções
técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível (BRASIL, 2010, p. 1).

A categoria de rejeitos é conceituada pela Lei n. 12.305 (2010), no art. 3 o. inciso


XV, como

[...] resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de


tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).

Os resíduos sólidos são classificados tecnicamente em dois tipos, conforme a


NBR 10004 (ABNT, 2004):
I) Resíduos classe I – Perigosos: são os resíduos que apresentam
periculosidade ou pelo menos uma das seguintes características: inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade.
II) Resíduos classe II – Não perigosos: são os resíduos não perigosos que
não se enquadram na classificação de resíduos classe I, sendo divididos em Resíduos
classe II A – Não Inertes e Resíduos classe II B – Inertes.
a) Resíduos classe II A – Não inertes: aqueles que não se enquadram nas
classificações de resíduos classe I ou de resíduos classe II B e podem ter
propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
b) Resíduos classe II B – Inertes: quaisquer resíduos que, quando
amostrados de uma forma representativa e submetidos a um contato dinâmico e
estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não tiverem
nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões
de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
Os resíduos classificados como perigosos devem receber prioridades quanto à
preocupação com seu adequado gerenciamento, em função de seu potencial de
nocividade à saúde dos humanos, meio ambiente e outros organismos (BRAGA et al.,
2005). Esses autores ainda enfatizam que a não geração ou a redução desse tipo de
resíduos devem ser enquadradas como prioridades na realização das atividades
antrópicas.

2.3 Legislação relativa ao gerenciamento de resíduos sólidos


25

As gerações presentes devem ter limites na sua liberdade de ação no tocante


à utilização dos recursos naturais, em função da necessidade das gerações futuras.
Nesse aspecto o Direito Ambiental, segundo a Lei 6.938/81, enumera os principais
princípios ambientais que vão servir de base às normas ambientais bem como suas
observações:
a) Princípio da solidariedade intergeracional: cabe ao poder público o dever de
preservação dos recursos naturais em benefício não apenas das gerações presentes,
mas também das gerações futuras.
b) Princípio da prevenção: sua finalidade é evitar o dano, adotando medidas
preventivas e se apoiando na certeza científica do impacto ambiental.
c) Princípio da precaução: proposto na Conferência do Rio 92, prevê medidas
para evitar o dano na ausência da certeza científica.
d) Princípio do poluidor-pagador: exige que se identifique o poluidor, o qual
deve suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos
ambientais.
e) Princípio do usuário-pagador: adverte que o usuário dos recursos naturais
tem obrigação de pagar por sua utilização.
f) Princípio da obrigatoriedade de atuação estatal: cabe ao Estado o dever de
defender e preservar o meio ambiente através da fiscalização, incentivo e
planejamento.
g) Princípio da informação: as informações ambientais devem ser acessíveis à
participação popular. Segundo reza o art. 5º da CF/88 “[...] todos têm direito a receber
informações dos órgãos públicos do seu interesse particular ou coletivo [...]” (BRASIL,
1988).
A legislação relativa ao gerenciamento de resíduos sólidos em âmbito federal
apresenta diversas diretrizes, conforme o quadro 3.

Quadro 3 – Legislação relativa ao gerenciamento de resíduos sólidos

Tipo Nº Disposição Ementa Pertinência

Institui a Política Estabelece os princípios da Diretrizes a serem


Lei 6.938/ regulamentação ambiental seguidas.
Nacional do Meio
Federal 1981 definindo os principais conceitos
Ambiente.
do direito ambiental.
26

Lei dos crimes Sanções penais e Sanções aplicáveis


Lei 9.605/
ambientais. administrativas contra atividades aos infratores.
Federal 1998
lesivas ao meio ambiente.

Considerar os
Responsabilização dos critérios na
Resolução 307/ Estabelece critérios e elaboração de
procedimentos para geradores de resíduos pelo
CONAMA 2002 material produzido e sua contratos e obras
gestão de resíduos na nas dependências
construção civil. destinação final.
da FUB.

Separação dos Observância pelos


resíduos recicláveis gestores de órgãos e
Decreto 5.940/ descartados pelos Separação de resíduos entidades.
Federal 2006 órgãos e entidades da recicláveis a serem coletados
Administração pública por cooperativas e associados.
federal.

Apresenta as diretrizes relativas


Lei 12.30/ Política Nacional de à gestão integrada de resíduos
sólidos, incluindo os perigosos, Observância pelos
Federal 2010 Resíduos Sólidos. gestores de órgãos e
para administração pública.
entidades.

Consumidores de serviços Obrigação de


públicos de limpeza urbana e de acondicionar
Estabelece normas
manejo de resíduos sólidos são adequadamente os
Decreto 7.404/ para execução da
responsáveis pelo ciclo de vida resíduos sólidos
Federal 2010 Política Nacional de
dos produtos. gerados e
Resíduos Sólidos.
disponibilizá-los para
coleta ou devolução.

Critérios de Os órgãos públicos poderão Considerar os


sustentabilidade exigir que os bens sejam critérios de
ambiental na constituídos, no todo ou em sustentabilidade
Instrução
01/2010 aquisição de bens, parte, por materiais reciclados, ambiental nas
Normativa
contratação de reutilizados e biodegradáveis. compras públicas.
serviços ou obras pela
Administração pública.

Estabelece critérios,
práticas e diretrizes
para a promoção do Considerar os
Exigir, na aquisição de bens e critérios, práticas e
desenvolvimento serviços de engenharia, critérios
Decreto 7.746/ diretrizes para as
nacional sustentável de sustentabilidade nos
Federal 2012 contratações.
nas contratações contratos regidos pela Lei 8.666
realizadas pela de 1993.
Administração
pública federal.

Fonte: Ferrari, Luz e Bacellar (2015).


27

Além dessas legislações, ainda existem requisitos que devem ser incluídos
em contrato de obras e prestações de serviços pelas IES, conforme detalhado no
quadro 4.

Quadro 4 - Requisitos aos contratos de obras e prestação de serviços

Norma Dispositivo Conteúdo

A separação dos resíduos recicláveis descartados pelos


Decreto órgãos e entidades da Administração pública federal direta e
Art. 1º indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações
5.940/2006
e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis são
reguladas pelas disposições deste decreto.

O Poder Público é responsável pela efetividade das ações


Art. 25 voltadas a assegurar a observância da Política Nacional de
Lei Resíduos Sólidos.

12.305/2010 As pessoas jurídicas que operam com resíduos perigosos, em


Art. 38 qualquer fase do seu gerenciamento, são obrigadas a se
cadastrar no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos
Perigosos.

A implantação do sistema de coleta seletiva é instrumento


Art. 9º, § 1º essencial para se atingir a meta de disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos, conforme disposto no
Decreto Art. 54 da Lei 12.305/2010.
7.404/2010
Para o atendimento ao disposto neste artigo, os geradores de
Art. 9º, § 3º resíduos sólidos deverão segregá-los e disponibilizá-los
adequadamente, na forma estabelecida pelo titular do serviço
público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Adotar medidas para evitar o desperdício de água tratada,


conforme instituído no Decreto nº 48.138, de 8 de outubro de
2003;

Observar a Resolução CONAMA nº 20, de 7 de dezembro de


1994, quanto aos equipamentos de limpeza que gerem ruído
no seu funcionamento;

IN 01/2010 Art. 6º Realizar programa interno de treinamento, nos três primeiros


meses de execução contratual, para redução de consumo de
energia elétrica, de consumo de água e redução de produção
de resíduos sólidos;

Realizar a separação dos resíduos recicláveis descartados e


a sua destinação às associações e cooperativas dos
catadores de materiais recicláveis nos termos do Decreto
5.949/06;
28

Prever a destinação ambiental adequada das pilhas e baterias


usadas ou inservíveis, segundo disposto na Resolução
CONAMA nº 257, de 1999.
Fonte: Ferrari, Luz e Bacellar (2015, p. 7).

Verifica-se então, no quadro 4, que o Brasil conta com uma legislação vasta
relativa ao gerenciamento de resíduos sólidos, estabelecendo princípios, critérios,
procedimentos, diretrizes e medidas a serem tomadas, bem como responsabilidades,
obrigações, sanções penais e administrativas aos geradores de resíduos.

2.4 Gerenciamento de resíduos sólidos

A Lei 12.305, de 2010, dispõe sobre princípios, objetivos, instrumentos e


diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento dos resíduos sólidos, com
intuito de disciplinar, no país, a destinação dos resíduos. Proporcionou à problemática
dos resíduos um lugar nas discussões da sociedade, contribuindo com o
desenvolvimento sustentável e garantindo um meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Também trouxe avanços e novidades relacionados à orientação e
regulação da gestão dos resíduos sólidos no país (SOARES et al., 2017).
O gerenciamento dos resíduos compreende um

[...] conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de


coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente
adequada dos resíduos sólidos e disposição final dos rejeitos de acordo com
o plano municipal de gestão integrada de resíduos ou com o plano de
gerenciamento de resíduos, exigidos na forma da Lei (SOARES et al., 2017).

A geração de resíduos é um dos problemas que carece de atenção, uma vez


que o não tratamento dos resíduos sólidos pode causar sérios impactos ambientais
negativos. Soares, Salgueiro e Gazineu (2017) enfatizam que, para se atingir esse fim
– um meio ambiente ecologicamente equilibrado –, é preciso que a sociedade
compreenda o papel fundamental que desempenha no processo de gerenciamento
dos resíduos. Nesse sentido, as campanhas de conscientização e a educação
ambiental nas universidades e locais de trabalho merecem destaque como ações que
contribuem para o gerenciamento dos resíduos sólidos de forma participativa, pois a
conscientização da comunidade acadêmica é preponderante para o sucesso de
políticas públicas ambientais.
29

Outra novidade trazida pela Lei 12.305/10 foi a gestão integrada de resíduos
sólidos, que apresenta como conceito o conjunto de ações voltadas para a busca de
soluções para os resíduos sólidos, considerando-se as dimensões política, ambiental
e econômica, sob a premissa do desenvolvimento sustentável (SOARES;
SALGUEIRO; GAZINEU, 2017).
A gestão integrada de resíduos sólidos consiste em uma abordagem ou técnica
que se utiliza de uma ampla gama de atividades de gestão em relação aos resíduos
sólidos, em vez de apenas uma única abordagem (MEMON, 2012). Mir, Cheema e
Singh (2021) complementam que a gestão integrada de resíduos sólidos depende de
distintos métodos e técnicas provindos de diferentes âmbitos de competências que
solucionam o problema de forma complementar e com abordagem holística.
Uma representação gráfica que demonstra essas diferentes técnicas na gestão
integrada de resíduos foi apresentada por Oyebode (2018), conforme a figura 4, a
seguir.

Figura 4 – Representação gráfica da gestão integrada de resíduos

Fonte: Oyebode (2018, p. 533).

A figura 4 demonstra que a gestão integrada de resíduos pode ser considerada


um programa que abrange as atividades de prevenção, reciclagem e descarte visando
à proteção da saúde da humanidade e do meio ambiente, de forma eficaz (OYEBODE,
2018). A estratificação de cada uma dessas atividades, segundo o autor, pode ser
descrita da seguinte forma:
30

a) Prevenção de resíduos: objetiva evitar a geração de resíduos por meio de


estratégias, como, por exemplo, menos uso de embalagens, design da durabilidade
dos produtos e reutilização de produtos, materiais e embalagens;
b) Reciclagem e compostagem: a reciclagem é um processo que inclui a coleta
e o reprocessamento de resíduos (por exemplo, metais, plásticos, papel e vidro) para
a fabricação de novos materiais e produtos; já a compostagem é a conversão de
resíduos sólidos em aditivos para o solo;
c) Eliminação do resíduo (aterro e combustão): essas medidas são adotadas
nos casos em que o resíduo não pode ser prevenido, reciclado ou usado em
compostagem. Assim, uma alternativa é depositar o resíduo em aterros devidamente
projetados, construídos e gerenciados, ou fazer a combustão, que reduz o volume de
resíduo final e ainda pode ser uma fonte de energia elétrica.
O caráter holístico da gestão de resíduos também fica evidente na tipologia
proposta por Valle (2008), que apresenta quatro abordagens no gerenciamento de
resíduos, a saber:
a) Preventiva: orientada para diminuir o volume e o impacto causado pelos
resíduos, podendo, inclusive, eliminá-los completamente pela prevenção
de sua geração.
b) Corretiva: direcionada a trazer de volta ao ciclo produtivo matérias primas,
substâncias e produtos extraídos dos resíduos depois que eles já foram
gerados, pela reutilização e reciclagem.
c) Técnica: visa alterar as características dos resíduos, para neutralizar seus
efeitos nocivos, podendo ainda conduzir a uma valorização do resíduo.
d) Passiva: voltada para conter os efeitos dos resíduos, mantendo-os sob
controle em locais que devem ser monitorados.
Numa abordagem holística da gestão integrada de resíduos todos os
stakeholders afetados no seu processo de gestão e gerenciamento são envolvidos no
processo. Além disso, as restrições quanto ao efetivo gerenciamento, a exemplo, das
restrições sociais, ambientais e econômicas, são consideradas para uma maior
efetividade e aplicação prática (KOCASOY, 2014).
A implementação de uma gestão de resíduos bem-sucedida e eficiente é
afetada por vários fatores, compilados da literatura por Mir, Cheema e Singh (2012).
Segundo esses autores, tais fatores devem ser considerados para aumentar a
qualidade e eficiência de uma gestão integrada de resíduos:
31

a) Participação da sociedade: estímulo da sociedade e da comunidade à


participação na coleta e destino adequado dos resíduos sólidos, como também no
armazenamento adequado, segregação dos materiais orgânicos e recicláveis na hora
do descarte. A participação ativa do público na tomada de decisão representa a
espinha dorsal de uma efetiva realização da gestão de resíduos bem-sucedida, sendo
que sua participação também ocorre por meio do surgimento de novas ideias e
requisitos que auxiliam na forma de gestão dos resíduos.
b) Disponibilidade de recursos adequados: à efetiva destinação de recursos
financeiros, equipamentos, recipientes, logísticas, entre outros, contribui com a coleta
e segregação dos resíduos e sua destinação final. A escassez desses recursos torna
difícil o emprego de tecnologias adequadas para aumentar a eficiência das atividades
de gestão dos resíduos.
c) Planejamento de gestão de resíduos: a gestão integrada de resíduos deve
incluir um planejamento e uma execução. Esse planejamento deve estar disponível
para a sociedade para que esta seja participativa e colaborativa.
d) Conscientização pública: a conscientização e a educação pública constituem
um processo essencial para a implementação eficaz do planejamento estratégico da
gestão integrada de resíduos sólidos. O desconhecimento dos stakeholders
envolvidos e a ausência de treinamentos podem decidir o destino do planejamento da
gestão de RSU. A eficiência dessa etapa também deve ser promovida por meio da
mídia (placas de sinalização, rádio, televisão, entre outros).
e) Treinamento e conscientização da equipe: a equipe técnica (funcionários
administrativos, vigilantes e prestadores de serviços) deve estar bem equipada e
treinada para a implementação da gestão de resíduos sólidos, pois a falta de
conscientização e treinamentos resulta em uma gestão ineficaz e deficiente.
Especificamente deve haver treinamentos sobre coleta, segregação, despejo,
reciclagem e compostagem.
f) Disponibilidade de mercado: o gerenciamento de resíduos sólidos de forma
abrangente tem como resultado a geração de subprodutos, como materiais reciclados,
placas, compostos, entre outros. Nesse caso, a disponibilidade de mercado
consumidor para estes subprodutos é essencial, devendo, pois, ser desenvolvido.
g) Compromisso político: o compromisso político ou da alta gestão das IES
são mecanismos de apoio para a aplicação da gestão de resíduos sólidos, devendo
esse compromisso ser articulado ou costurado com caráter de urgência para se
32

entender e gerenciar a situação dos resíduos e seus impactos. Nesses termos,


conforme Soares, Salgueiro e Gazineu (2017), a gestão dos resíduos sólidos e a
sustentabilidade ambiental e social se constroem a partir de modelos e sistemas
integrados que possibilitem tanto a redução do resíduo gerado pela
população quanto a reutilização de materiais descartados e a reciclagem dos
materiais que poderão servir de matéria prima para a indústria, diminuindo o
desperdício e gerando renda, bem como gerando sustentabilidade econômica.
Nesse contexto, a reciclagem pode apresentar uma alternativa para melhorar o
gerenciamento dos resíduos, reaproveitando-se o que seria descartado, o que
contribui para diminuição da geração de materiais no meio ambiente.
Também a coleta seletiva deve ser uma ação integrada aos programas de
reciclagem. Soares Salgueiro e Gazineu (2017) enfatizam os benefícios da separação
dos materiais recicláveis na gestão integrada de resíduos sólidos sob vários aspectos:
estimula o hábito da separação do resíduo na fonte geradora para o seu
aproveitamento, promove a educação ambiental voltada para a redução do consumo
e do desperdício, gera trabalho e renda e melhora a qualidade da matéria orgânica
para a compostagem.
Outro aspecto importante a ser discutido é o papel que as organizações e as
universidades desempenham no processo de gerenciamento de resíduos. A
sustentabilidade empresarial, acadêmica e a responsabilidade social são temas que
vêm ganhando espaço, e as instituições públicas e privadas estão começando a
perceber o que a sociedade espera delas frente às questões ambientais. Nesse
sentido, as empresas públicas ou privadas precisam desenvolver ações e planejar
suas atividades de acordo com as políticas ambientais, pois todas elas são potenciais
causadoras de impactos ambientais e geradoras de resíduos sólidos e, portanto,
precisam desenvolver ações de proteção ambiental.
A redução na fonte faz parte da gestão integrada dos resíduos sólidos e é uma
ação que requer além de esforço gerencial, tomada de decisões de âmbito legal, fiscal
e a participação de todos os envolvidos. A reutilização do resíduo é outra ação que
pode ser utilizada, pois está ligada ao uso dos resíduos gerados para outras
finalidades com o intuito de utilizá-lo ao máximo antes de descartá-lo e, por fim, a
reciclagem dos resíduos que tem como objetivo o aproveitamento dos resíduos
reutilizando-os no ciclo de produção de origem (SOARES et al., 2017). Portanto, todo
33

resíduo deve ser processado adequadamente antes da destinação final, seja o RSU
ou resíduo sólido orgânico (RSO).
O gerenciamento de resíduos sólidos também pode ser entendido como algo
associado ao controle da geração, armazenamento, coleta, transferência, transporte,
processamento e disposição dos resíduos sólidos (TCHOBANOGLOUS; THEISEN;
VIGIL, 1993). Nessa mesma linha, Mihelcic e Zimmerman (2014) defendem que um
sistema de gerenciamento de resíduos sólidos pode ser organizado nas etapas de
geração de resíduos, armazenamento, coleta e transporte, processamento e
disposição. Esses autores ainda salientam que a recuperação de energia e materiais,
reciclagem e compostagem são etapas essenciais no processamento e na disposição,
conforme apresentado na figura 5, que segue.

Figura 5 – Estrutura geral de um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos

Fonte: Mihelcic e Zimmerman (2014, p. 158).

Observa-se na figura 5 que a estrutura geral de gerenciamento de resíduos


sólidos passa por diversas etapas, que incluem desde a geração, o armazenamento,
a coleta/transporte, o processamento até a disposição final dos resíduos. A PNRS
determina que todas as empresas públicas e privadas têm responsabilidade pelos
seus resíduos até a destinação ou disposição final. A lei também determina quais
empresas deverão elaborar um plano de gerenciamento de resíduos e como deve ser
realizada a destinação desses materiais.
34

2.5 Gerenciamento de resíduos sólidos em universidades no Brasil

Os campi universitários são considerados “pequenas cidades” em função das


elevadas áreas que cobrem, das densidades populacionais e da diversidade de
atividades domésticas e científicas (ZEN et al., 2016). As IES apresentam uma
elevada densidade populacional, assim, mesmo que a maioria das pessoas
permaneça no campus apenas uma parte do dia, acabam gerando uma enorme
quantidade de resíduos sólidos, que necessitam ser gerenciados de forma adequada
para manter o ambiente limpo (JAYAPRAKASH; JAGADEESAN, 2019).
O gerenciamento de resíduos em uma IES envolve uma grande diversidade de
atividades, como laboratórios de ensino e pesquisa, auditórios de conferências,
habitações, restaurantes, que podem afetar negativamente o meio ambiente se não
foram gerenciados de forma adequada os resíduos resultantes dessas atividades
(ZHANG et al., 2011). Jayaprakash e Jagadeesan (2019) entendem, que além das
áreas de ensino, as áreas residenciais, que abrangem os albergues e residências de
funcionários, também geram resíduos, com destaque para papéis, plásticos, resíduos
alimentares, resíduos de quintal, entre outros.
Os resíduos sólidos que podem ser gerados em IES são detalhados por
Jayaprakash e Jagadeesan (2019), que os classificam em quatro categorias
principais, de acordo com a origem: I) escritórios administrativos; II) salas de aula; III)
albergues; IV) cantinas; V) complexo esportivo e VI) outras instalações. Sendo assim,
o quadro 5 apresenta uma estratificação de cada uma dessas quatro categorias
geradoras de resíduos nas IES.

Quadro 5 – Tipos de resíduos gerados em IES

Nº Tipos de resíduos Itens

1 Lixo seco Latas de plástico de água, papelão, papel usado, frascos de


perfume usados, sacolas plásticas de transporte, folhas de
alumínio, móveis antigos e sofá.

2 Resíduos úmidos Cascas de frutas e vegetais, guarnições de quintal, frutas e


vegetais podres, alimentos vencidos, restos de alimentos, folhas
de chá e borra de café usadas, cascas de ovo etc.

3 Resíduos perigosos Tintas e produtos químicos não utilizados, medicamentos e


cosméticos vencidos, pesticidas e inseticidas, lâmpadas fundidas
etc.

4 Lixo eletrônico Baterias, peças eletrônicas, monitor, mouse, teclado, laptops,


impressoras, etc.
35

Fonte: Jayaprakash e Jagadeesan (2019, p. 165).

Bahçelioglu et al. (2020) apontam ainda que a adoção de um planejamento de


gestão integrada de resíduos sólidos em um campus universitário tem elevado
potencial de também ser adotado pela comunidade em geral, criando, assim, um efeito
sinérgico. Entretanto, verifica-se uma ausência de padronização dos processos de
gestão de resíduos nas IES, de acordo com os resultados da pesquisa de Zhang et
al. (2011).
Roy et al. (2019) descrevem os diferentes tipos de stakeholders que devem ser
observados na gestão de resíduos sólidos em universidades, conforme o quadro 6.

Quadro 6 – Stakeholders envolvidos na gestão de resíduos sólidos em universidades

Stakeholder (categoria) Stakeholders

Primário Alunos, professores; organizações voluntárias ativas na


universidade; operadores de cantina.

Secundário Membros do agregado familiar do quarto dos professores e


funcionários; lojistas dentro e no campus universitário adjacente.

Organizações Não Governamentais (ONGs) e Organizações


Baseadas na Comunidade (CBOs) envolvidas na gestão de
Terciário resíduos; pesquisadores; voluntários como ativistas de
desenvolvimento; universidades e faculdades (como
pesquisadores e consultores)
Fonte: Roy et al. (2019, p. 2).

Os principais fatores que devem ser observados na gestão de resíduos em IES


para que esse processo tenha êxito são os seguintes, conforme Moreira et al. (2014):
a) Resistência a mudanças em função da comodidade e demora dos trâmites
burocráticos;
b) Dificuldade de conseguir conscientizar os stakeholders internos sobre a
importância de construir, implementar e manter a política ambiental;
c) Ausência de recursos na composição do quadro de funcionários capacitados
e na estrutura logísticas necessários para a implantação da política;
d) Estrutura descentralizada e fragmentada das instituições e mudança de
gestores ao longo do processo;
e) Resistência dos docentes em incluir o discurso ambiental em suas disciplinas
e alocar recursos para essa questão;
f) Falta de incentivo pelos órgãos de fomento, geralmente pela falta de
conhecimento da importância da gestão de resíduos em uma universidade;
36

g) Falta de comprometimento da administração e da comunidade


universitária, diretamente ligada à falta de campanhas de educação ambiental
voltadas para a conscientização sobre os resíduos;
h) Falta de tempo das pessoas envolvidas na gestão dos resíduos, pelas
demandas de produtividade de seus cargos.
Adicionalmente, o gerenciamento de resíduos sólidos em IES pode ser
estruturado por etapas, como mostra a figura 6, iniciando-se com a geração de
resíduos sólidos até a destinação final.

Figura 6 – Estrutura geral de gerenciamento de resíduos em IES

Fonte: Ottoni (2019, p. 18).

A estrutura de gerenciamento proposta por Ottoni (2019) permite visualizar os


locais da geração de resíduos nas IES, na etapa da geração de resíduos sólidos. Na
etapa da segregação primária, é determinada a tipologia dos resíduos coletados em
cada atividade. Já na etapa do armazenamento primário são realizados os
acondicionamentos nas dependências geradoras ou em locais específicos. Na etapa
da coleta e transportes internos, tem-se o momento em que os resíduos são coletados
dos recipientes específicos espalhados na IES, realizando-se o transporte para um
local específico da triagem. Na etapa da segregação secundária, é realizada uma
triagem em locais específicos determinados pelas IES. Na etapa do armazenamento
37

secundário, os resíduos são acondicionados após a segregação secundária e


aguardam a sua destinação final. Já na etapa final, os resíduos são tipificados, ou
seja, identificando-se aqueles que são destinados a reciclagem, compostagem,
incineração, processamento, aterros sanitários e aterros classe I.
As atividades de gerenciamento de resíduos e seu processo operacional são
desencadeados a partir da sua geração, compreendendo as etapas de
acondicionamento, coleta, transporte (estação de transferência), tratamento e destino
final dos resíduos.
A luz do plano teórico apresentado nesta seção, a seguir detalham-se os
procedimentos metodológicos que guiaram o desenvolvimento empírico do estudo.
38

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia se divide nas seguintes subseções: tipificação da pesquisa,


unidade de análise, coleta e análise dos dados, descrição dos resultados:

3.1 Tipificação da pesquisa

Esta pesquisa se classifica como descritiva e de caráter qualitativo quantitativo.


Os métodos qualitativo e quantitativo “[...] não são incompatíveis; pelo contrário, estão
intimamente imbricados e, portanto, podem ser usados pelos pesquisadores sem
caírem na contradição epistemológica” (SANTOS FILHO, 1995, p. 51). Além disso,
esse autor sugere que a combinação desses dois métodos agrega o melhor das duas
abordagens quanto ao problema para a área da pesquisa científica, pois utiliza-se a
visão realista-objetiva e a idealista-subjetiva.
Os aspectos qualitativos da pesquisa relacionam-se à identificação das
experiências e conhecimentos dos stakeholders internos da IES em relação à gestão
e ao gerenciamento dos resíduos sólidos. Nesse aspecto também se realizaram
análises de documentos, como legislação, comunicados, entre outros, relacionados
aos resíduos sólidos.
O aspecto quantitativo vincula-se a dados referentes à quantificação da
geração de resíduos, usando-se cálculos estatísticos e matemáticos para analisar o
volume de resíduos gerados no campus da universidade, entretanto não foi possível
mensurar a quantidade e o volume dos resíduos sólidos gerados pela IES, objeto da
pesquisa, pois esse levantamento não é realizado pela prefeitura nem pela empresa
terceirizada.
A pesquisa, quanto ao objetivo ou fins, classifica-se como descritiva, em que
se “[...] observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem
manipulá-los” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 49). A pesquisa descritiva visa à descrição
de características de uma determinada população ou fenômeno, sendo também outra
característica a utilização de técnicas padronizadas de coleta das informações
necessárias na condução da pesquisa (GIL, 1999).
A pesquisa descritiva foi empregada na descrição das características do
gerenciamento de resíduos sólidos em termos de práticas utilizadas na IES e nas
sugestões derivadas desta pesquisa. Assim, mediante tais objetivos específicos, do
ponto de vista da abordagem qualiquantitativa, foi realizada a pesquisa de natureza
39

descritiva, visando conhecer e interpretar a realidade, por meio da observação,


descrição, classificação e interpretação de fenômenos, sem nela interferir para
modificá-la (RUDIO, 2001). Descreveram-se também os tipos dos resíduos gerados
no campus-sede para dar suporte à elaboração de práticas ambientalmente
sustentáveis que devem ser adotadas pela comunidade acadêmica.

3.2 Unidade de análise

A área do estudo foi a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) – campus Poeta


Torquato Neto, situado na cidade de Teresina, capital do Estado do Piauí. A
organização da instituição conta com 18 unidades acadêmicas distribuídas em 12
campi entre a capital e o interior do Piauí.
No campus Poeta Torquato Neto, sede da Universidade, situa-se o Palácio
Pirajá, que abriga a Administração Superior. Segundo informações disponíveis em
Uespi (2020), o campus está localizado na Rua João Cabral, 2231, bairro Pirajá, zona
Norte de Teresina – PI, oferecendo 16 cursos de bacharelado e 13 cursos de
licenciatura. Ocupa uma área de 126.491 m2, sendo 15.272,97 m2 de área construída
e 29.950,45 m2 de área pavimentada.
A UESPI foi autorizada em 1993, na modalidade multicampi, com sede em
Teresina, sendo mantida pela Fundação Universidade Estadual do Piauí (FUESPI)
(UESPI, 2020).
O estatuto geral da universidade apresenta, no art. 3°, suas finalidades, com
destaque para os seguintes incisos: IV- Promover sua interiorização de modo racional,
atendendo aos anseios e necessidades locais e regionais respeitadas suas condições
socioeconômicas e culturais e IX - Propiciar condições para transformação da
realidade, visando justiça e equidade social. Essas finalidades demonstram que a
Universidade se preocupa com a sociedade e o público interno, levando em conta
seus anseios para promover alterações ou mudanças tanto internas quanto regionais.
O art. 16 do estatuto geral da UESPI descreve que a universidade é de natureza
multicampi e tem sua estrutura composta por campus (Unidades permanentes e
Núcleos), Unidades descentralizadas, sendo o campus-sede da Universidade o
campus Poeta Torquato Neto, na capital, a unidade de análise deste estudo (Figura
7)
40

Figura 7 – Palácio Pirajá – campus Torquato Neto

Fonte: Foto de Lucas Marreiros/G1.

O estatuto geral também descreve, em seu art. 17, os centros que fazem parte
do campus-sede, a saber:
I. Centro de Ciências Humanas e Letras: abrange os cursos relacionados a
Licenciatura Plena em História, Licenciatura Plena em Geografia, Licenciatura Plena
em Letras português, Licenciatura Plena em Letras Inglês e Licenciatura Plena em
Letras Espanhol
II. Centro de Ciências Sociais Aplicadas: abrange os cursos relacionados aos
bacharelados em Administração, Ciências Contábeis, Ciências Jurídicas, Segurança
Pública, Turismo e Biblioteconomia.
III. Centro de Ciências da Educação, Comunicação e Artes: abrange os cursos
de Licenciatura Plena em Pedagogia e Bacharelado em Comunicação Social.
IV. Centro de Ciências da Natureza: abrange os cursos de Licenciatura Plena
em Ciências Biológicas, Licenciatura Plena em Física, Licenciatura Plena em Química
e Licenciatura Plena em Matemática.
V. Centro de Tecnologia e Urbanismo: abrange os cursos de bacharelado em
Ciências da Computação, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica e a Licenciatura Plena
em Computação.
41

VI. Centro de Ciências da Saúde: abrange os cursos de bacharelado em


Fisioterapia, em Enfermagem, em Odontologia, em Medicina e em Psicologia, além
da Licenciatura Plena em Educação Física
VII. Centro de Ciências Agrárias: abrange os cursos de bacharelado em
Agronomia e Zootecnia.
A UESPI apresenta, no ensino regular, com 12 campi e 1 núcleo (104 cursos);
no ensino a distância, com 8 polos Parfor (6 cursos), 35 polos NEAD/UAB (7 cursos
de graduação e 15 especializações) e 60 polos UAPI (1 curso) (UESPI, 2021a).
Conforme o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) correspondente ao
quadriênio 2017-2021, entre os princípios, finalidades e visão da UESPI, estão o
“respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioeconômica e
socioambiental”, “[...] contribuindo para o incremento dos indicadores de
sustentabilidade e qualidade de vida, da produção cultural e científica" (UESPI, 2021).
Conforme quadro 7, a IES conta com 13.263 envolvidos, entre docentes,
discentes, diretores de centros, técnicos administrativos e prestadores de serviços.

Quadro 7 – Quantidade de stakeholders envolvidos na UESPI

Descrição Quantidade

Docentes efetivos e substitutos 1.066

Discentes 11.400

Diretores de centros(docentes) 12

Técnicos Administrativos 468

Prestadores de serviços 329


Fonte: Adaptado de UESPI (2020a).

A escolha da UESPI como unidade de análise justifica-se pelas fragilidades


existentes no gerenciamento dos resíduos sólidos, em especial, no campus-sede
Torquato Neto. Conforme destacam Machado et al. (2020), essa IES, cuja
comunidade universitária se utiliza de salas de aulas, banheiros, veículos, laboratórios
etc., tem seus gastos no consumo de energia elétrica e água, entre outros aspectos,
e, como qualquer outra IES, é geradora de resíduos, sendo carente de abordagens
ambientais. Necessita-se, portanto, estabelecer uma relação sustentável entre o
desenvolvimento tecnológico da IES e o respeito à natureza, sem, no entanto,
comprometer a situação econômica da instituição.
42

Nesse contexto, surge a necessidade de um gerenciamento de resíduos


eficiente com base na legislação vigente e a implementação de um PGRS para o
campus Torquato Neto, nos seus mais diversos setores. Essa proposta está
embasada na análise de Machado et al. (2020), que classificam em seis categorias os
problemas ambientais da UESPI: [...] arborização (diversidade, distribuição e
vitalidade dos indivíduos florísticos), resíduo sólido (acondicionamento e coleta),
animais (quantidade, vitalidade e distribuição), espaços (área física), serviços gerais
(limpeza), conhecimento e conscientização (atuação da comunidade acadêmica
dentro do seu ambiente).
A proposta de gerenciamento dos resíduos da IES teve como fundamento o
diagnóstico da atual forma de gerenciamento dos resíduos gerados no campus
Torquato Neto, o nível de consumo e consciência ambiental da comunidade
acadêmica. Os resultados levantados apresentaram um quadro da problemática do
atual gerenciamento de resíduos sólidos e fundamentaram o objeto desta pesquisa, o
qual apresenta sugestões e melhorias para a implantação de todas as etapas de um
gerenciamento eficiente, envolvendo desde a geração dos resíduos e formas de
manejo até a sua destinação final, orientando ainda para a prática da coleta seletiva
e educação ambiental a serem praticadas por todos os stakeholders envolvidos.
No ambiente universitário, a implantação de um gerenciamento de resíduos
sólidos com base na PNRS, PGRS e demais leis ambientais orientará os processos
relacionados à coleta seletiva, tratamento adequado e disposição final dos resíduos,
bem como as iniciativas para sensibilizar a comunidade acadêmica quanto às ações
individuais e coletivas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da
população e da saúde pública acadêmica.

3.3 Coleta e análise dos dados

Os procedimentos técnicos desta pesquisa incluíram levantamento por meio de


entrevistas, questionários e pesquisa documental. O questionário “[...] refere-se a um
meio de obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio informante
preenche”, podendo-se adotar perguntas abertas ou fechadas (CERVO; BERVIAN,
2002, p. 48). Nesta pesquisa o questionário empregado foi o estruturado, que pode
ser definido como uma série ordenada de perguntas, respondidas por escrito sem a
presença do pesquisador (MARCONI; LAKATOS, 1996).
43

A coleta dos dados foi realizada mediante o direcionamento dos objetivos


específicos deste estudo. Nesse sentido, a seguir, explica-se como foi conduzida a
coleta de dados, em conformidade com cada um dos objetivos:

a) Caracterizar os resíduos sólidos e sua forma de coleta no campus Torquato Neto.

Para isso, foi utilizado um questionário estruturado visando mensurar os


resíduos sólidos gerados pelas diferentes áreas acadêmicas (como salas de aula e
laboratórios), administrativas (como reitoria e setores administrativos) e de apoio ao
aluno e à comunidade (como restaurante universitário e lanchonetes).
O questionário estruturado foi elaborado à luz do referencial teórico e das
particularidades da universidade, abrangendo no mínimo três módulos, a saber:
módulo I (perfil do respondente), módulo II (mensuração do resíduo gerado pelo
respondente) e módulo III (percepção e sugestão de melhorias relacionadas a
tratamento e coleta desse resíduo) (Apêndice D). O questionário passou por validação
de um grupo de doutores especialistas no tema e, além disso, foi realizado um pré-
teste para sua validação final. A população alvo selecionada para responder ao
questionário I envolveu 264 (duzentos e sessenta e quatro) pessoas da comunidade
acadêmica (discentes, docentes dos cursos de Direito, Biologia, Química, Contábeis,
Administração, Engenharia, Geografia, diretores dos centros acadêmicos, técnicos
administrativos, ou seja, um percentual de 61,4%.
O instrumento foi aplicado, no período de abril a maio de 2021, ao público
interno que atua no campus da IES, uma vez que existe uma diversidade de
profissionais que desempenham diferentes atividades administrativas nos setores
geradores de resíduos, o que permite traçar e analisar um perfil da percepção desses
atores acerca do gerenciamento dos resíduos. O envio do questionário foi feito por
meio de whatsapp e e-mail institucional no formato google forms.
A fim de se obterem suas percepções, cada participante respondeu a 30
questões fechadas e abertas relativas ao gerenciamento de resíduos sólidos, coleta
seletiva, tipos de resíduos gerados, tipos de materiais recicláveis, consumo consciente
da comunidade, PGRS, dentre outros assuntos. O instrumento em questão foi
desenvolvido com base em investigação que também avaliou a percepção da atual
gestão ambiental no campus Torquato Neto pelos stakeholders.
44

b) Analisar o formato do gerenciamento de resíduos sólidos atual do campus Torquato


Neto.

A forma de gestão ou as diretrizes utilizadas no gerenciamento dos resíduos


do campus foram compreendidas por meio de entrevistas em profundidade com
gestores da área administrativa da IES que têm gerência nas ações e estratégias de
gestão de resíduos do campus. Foram feitas entrevistas presenciais com 02 (dois)
gestores da área administrativa da IES conduzidas pela pesquisadora. O primeiro
entrevistado é o coordenador da empresa terceirizada e chefe do Departamento de
Serviços Gerais (DSG); o segundo entrevistado exerce a função de chefia do setor do
urbanismo, além de ser também ex-coordenador da empresa terceirizada. Ambos
possuem muita experiência com o tema, pois trabalham há bastante tempo na área.
As entrevistas foram do tipo não estruturada, ou em profundidade, com que se
“[...] visa obter do entrevistado o que ele considera os aspectos mais relevantes de
determinado problema: as descrições de uma situação em estudo” (RICHARDSON,
1999, p. 208). A entrevista não estruturada é conduzida pelo(a) pesquisador(a), pois
conhece previamente os aspectos que deseja pesquisar e, com base neles, fórmula
alguns pontos a tratar na entrevista (RICHARDSON, 1999).
A seleção dos entrevistados seguiu critérios de acesso e de disponibilidade dos
mesmos. Para conduzir as entrevistas, foi utilizado um roteiro de perguntas abertas,
previamente elaborado, envolvendo tópicos como características da gestão e
gerenciamento dos resíduos sólidos na IES, processos atuais, dificuldades, ações
implementadas no passado e abandonadas, sugestões e possibilidades futuras
(APÊNDICES A e B). Essas entrevistas foram realizadas e gravadas presencialmente,
sendo transcritas e organizadas em um documento Word para posterior análise
integrada com as demais fontes de dados.
Para o alcance deste objetivo, também foi utilizada a pesquisa documental
(ANEXO A), a qual compreende “[...] fontes, documentos no sentido amplo, ou seja,
não só de documentos impressos, mas, sobretudo de outros tipos de documentos,
tais como jornais, fotos, filmes, gravações e documentos legais” (SEVERINO, 2007,
p. 122). Além disso, os conteúdos dos textos ainda não tiveram nenhum tratamento
analítico, são ainda matéria-prima, a partir da qual o pesquisador vai desenvolver sua
investigação e análise (SEVERINO, 2007).
45

O documento técnico juntado foi o Plano de Gerenciamento de Resíduos da


Construção Civil, do Departamento do Curso de Engenharia Civil (PGRCC), localizado
no site da UESPI (ANEXO A). Como complementação metodológica documental,
também foi realizado o registro fotográfico do campus, identificando-se as deficiências
no funcionamento da atual gestão e gerenciamento dos resíduos da IES, como forma
de atestar a realidade pesquisada. A pesquisadora também realizou, na “Semana de
Integração da UESPI-2021”, a palestra intitulada “Gerenciamento de resíduos sólidos
e orgânicos segundo a Lei da PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos”.
Destaca-se que, devido ao período da pandemia da Covid-19, não foi possível
fazer um levantamento documental mais aprofundado de registros acerca de volumes
e tipos de resíduos gerados, uma vez que a IES estava funcionando de forma remota.
As entrevistas e a pesquisa documental foram realizadas no período de fevereiro a
março de 2021.

c) Comparar o formato da gestão atual com a legislação relacionada ao


gerenciamento de resíduos sólidos.

Após a coleta das informações atinentes aos objetivos “a” e “b”, realizou-se
uma comparação com o que é determinado pela legislação relativa ao gerenciamento
de resíduos, ou seja, consultou-se as legislações e verificou-se se a condução (coleta,
armazenamento, segregação, destinação) dos resíduos gerados pelos campus-sede
está sendo realizado de forma reativa conforme o exigido. A pesquisa na legislação
teve como fonte de consulta sites oficiais dos governos federal, estadual e municipal.
A análise comparativa foi realizada de maio a junho de 2021. Sendo assim, a
investigação jurídica se aplicou às legislações em níveis federal, estadual e municipal
em que constam diretrizes relativas aos resíduos sólidos, de acordo com o quadro 8:

Quadro 8 – Legislações que apresentam diretrizes relativas aos resíduos sólidos

Lei 6.939/1981, Lei 9.605/1998, Resolução Conama 307/2002, Decreto Federal 5.940/2006, Lei
12.305/2010, Decreto Federal 7.404/2010, Instrução Normativa 01/2010, Decreto Federal
7.746/2012, Plano Municipal de Gestão integrada de resíduos sólidos de Teresina Piauí (PMGIRS).

Fonte: Elaborado pela autora.


46

d) Sugerir melhorias nas práticas adotadas no gerenciamento de resíduos sólidos na


IES, campus Torquato Neto.

Com o atingimento dos objetivos “a, b e c”, realizou-se o objetivo “d” desta
pesquisa, o qual consiste em uma descrição de melhorias necessárias ao campus,
com base nas respostas dos questionários e entrevistas, bem como na comparação
do formato do gerenciamento de resíduos sólidos com a legislação. As melhorias
foram descritas em formato de Infográfico-informativo e educacional que será
disponibilizado à comunidade acadêmica, prefeitura do campus, empresa terceirizada
e diretor do centro CCSA. O período desse processo foi de julho a setembro de 2021.
Para propor o gerenciamento de resíduos, buscou-se conhecer e observar de
forma participante a realidade atual do gerenciamento de resíduos no campus-sede
da IES; verificar o nível de consciência ambiental da comunidade acadêmica;
caracterizar, através da prefeitura, qualitativamente e quantitativamente, os resíduos
sólidos gerados no campus e analisar a atuação funcional da empresa terceirizada
responsável pelo manejo dos resíduos.
Os dados foram apresentados por meio de porcentagem, organizados em
gráficos e na escala likert, com base nas categorias estabelecidas, de modo a
contribuir para uma melhor compreensão das informações coletadas.
Ressalta-se que a discussão desses resultados foi realizada, buscando-se
confrontar informações da literatura e legislação sobre os tópicos abordados.
47

4 DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

Optou-se por iniciar as reflexões acerca do gerenciamento de resíduos sólidos


apresentando uma caracterização social do fenômeno. Inicialmente, os resultados
obtidos no plano empírico deste estudo evidenciam as características da comunidade
acadêmica pesquisada, constituída pelos indivíduos que passam mais tempo na IES,
gerando, consequentemente, resíduos. Todos foram convidados pela pesquisadora,
via e-mail institucional e WhatsApp, a responderem o questionário I modelo google
forms. Julga-se assim relevante para as reflexões posteriores conhecer quem são os
indivíduos (docentes, discentes, diretores de centros, técnicos administrativos,) para
depois avaliar a geração e gerenciamento dos resíduos. Para isso, foi indagado se
são vinculados à IES, campus Torquato Neto, qual sua escolaridade e gênero, sendo
os dados demonstrados nos gráficos 01, 02 e 03.

Gráfico 1 - Indivíduos vinculados a IES


Destaca-se, no gráfico 01, que 61,4% dos respondentes vinculados à IES
passam mais tempo no campus Torquato Neto, gerando, consequentemente,
resíduos sólidos.

Fonte: Elaborado pela autora.


48

Gráfico 2 – Nível de escolaridade dos participantes da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora.

Observa-se que 8,3% dos respondentes cursaram doutorado completo e


10,2%, mestrado completo, estando a maioria com graduação em andamento
(63,6%); 6,1% possuem especialização; 5,7% possuem graduação completa; 1,1%,
mestrado em andamento e 4,9% estão com doutorado em andamento.

Gráfico 3 – Gênero dos participantes da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora.

Quanto ao gênero, tem-se 39% masculino e 61% feminino. Relevante


mencionar que aqui não se trata do censo sociodemográfico da universidade, mas sim
do retrato do grupo de indivíduos pesquisados que forneceram informações para a
caracterização dos resíduos.
49

O desenvolvimento da pesquisa permitiu construir três resultados


diferenciados: I) ênfase nas percepções do diversos stakeholders da comunidade
acadêmica (264 questionários); II) informações obtidas do prefeito do campus
(questionário) do campus-sede e III) informações dos representantes da empresa
terceirizada prestadora de serviços gerais (questionários II e entrevistas). Ao todo
foram 268 respondentes.
Os resultados obtidos demonstraram graus diferentes de interesses e
conhecimentos dos respondentes a respeito do tema. Neles, houve o momento de
explicações, discussão, necessidades, críticas, seguido da troca de (in)experiências
sobre o tema, ocorrências e deficiências em diversos setores, bem como sugestões
de melhorias para as práticas de gerenciamento de resíduos na IES.

4.1 Resultado I: Percepções da comunidade acadêmica

Em um primeiro momento, quando foi perguntado aos participantes sobre a


gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e a sustentabilidade ambiental, social e
econômica como ações práticas a serem realizadas pela IES, campus Torquato Neto,
os stakeholders demonstraram uma preocupação com a temática da gestão dos
resíduos sólidos urbanos e a importância da sustentabilidade ambiental, social, e
econômica, cujo tripé deve estar presente nas práticas, nas ações e no planejamento
da IES, campus Torquato Neto.
Conforme o gráfico, 4, 89,8% dos respondentes consideram que a gestão dos
RSU e a sustentabilidade ambiental social e econômica devem estar nas práticas da
UESPI, campus Torquato Neto, enquanto 7,6% não tiveram condições de opinar, e
2,7% entendem que não devem estar nas práticas da IES. Aquino et al. (2015)
enfatizam o conceito de sustentabilidade como a preocupação com a manutenção e
a existência de recursos naturais para a continuidade das gerações futuras. A IES
precisa escolher agir de forma sustentável, ou seja, equilibrar a preservação do meio
ambiente e o que ele pode oferecer em consonância com a qualidade de vida da
comunidade acadêmica.
50

Gráfico 4 – Gestão integrada dos RSU e a sustentabilidade ambiental, social e


econômica

Fonte: Elaborado pela autora.

Como se evidencia no gráfico 5, na escala likert, destaca-se o percentual de


38,3% neutros no que diz respeito a satisfação quanto a gestão e gerenciamento de
resíduos sólidos na universidade, campus Torquato Neto, enquanto 29,5%
declararam-se insatisfeitos e 13,3% afirmaram estar satisfeitos.
De acordo com Almeida (2018), os resíduos sólidos gerados são diversos,
devendo seu gerenciamento estar conforme os padrões ambientais e sanitários
seguros, o que requer importantes iniciativas otimizadas pelas organizações. A IES
deve procurar integrar ações de gerenciamento visando estabelecer mecanismos para
minimizar a geração de resíduos, reconhecer a qualidade e quantidade dos resíduos
como matéria prima e promover a coleta seletiva no campus.

Gráfico 5 – Grau de satisfação com a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos


(lixo) na UESPI

Fonte: Elaborado pela autora.


51

Conforme demonstra o gráfico 6 (escala likert), no que se refere ao trabalho de


limpeza, varrição, coleta e acondicionamento dos resíduos pela empresa terceirizada
no campus Torquato Neto, 19,7% se declararam insatisfeitos; 43,9%, neutros e
26,9%, satisfeitos.

Gráfico 6 – Avaliação do trabalho de limpeza e varrição da empresa terceirizada no


campus

Fonte: Elaborado pela autora.

Segundo Albuquerque Neto (1999), a solução para os problemas que envolvem


os resíduos sólidos parte, portanto, da implementação de ações voltadas para um
trabalho de sensibilização que envolva todos os participantes do processo (dirigentes,
funcionários e usuários), tendo-se em mente a redução da geração desses resíduos.
A empresa terceirizada contratada pela IES, com sede em Teresina-PI, tem
como foco o segmento de limpeza, conservação, serviços gerais e meio ambiente,
porém foi observada pela pesquisadora a ausência de sensibilização, capacitação e
treinamento para os terceirizados de o campus realizarem um serviço mais eficiente
e com qualidade no manejo dos RSU.
No tocante ao destino dos resíduos dado pelos diversos atores nas suas
atividades rotineiras no campus Torquato Neto, os dados obtidos estão no gráfico 7,
a seguir:
52

Gráfico 7 - Destino dado aos resíduos sólidos urbanos produzidos pela comunidade
acadêmica nas atividades rotineiras no campus Torquato Neto

Fonte: Elaborado pela autora.

Verifica-se que 64,8% não separam os resíduos, colocando-os na lixeira que


estiver próxima; 18,2% separam alguns materiais recicláveis, depositando o restante
do resíduo comum na lixeira; 10,2% separam em resíduos orgânicos e não orgânicos,
destinando o que é reciclável à coleta seletiva municipal, e apenas 6,8% dos
respondentes separa pela classificação alguns dos resíduos, reutilizando o restante.
A separação dos resíduos de forma correta faz toda a diferença na preservação do
meio ambiente, pois evita que muitos materiais recicláveis acabem em aterros ou
lixões.
Persich e Da Silveira (2011) destacam que as campanhas educativas
contribuem para mobilizar a comunidade na participação efetiva e ativa na
implantação da coleta seletiva de resíduos sólidos, separando os materiais recicláveis
e/ou reutilizáveis diretamente na fonte de geração.
Quanto aos motivos da não separação do resíduo pela comunidade acadêmica,
como se mostra no gráfico 8, 71,6% responderam que não há coletores com cores
para a coleta seletiva devida dos resíduos sólidos; 20,8% entendem que não adianta
separar o resíduo, porque, quando é recolhido na lixeira, tudo acaba sendo misturado;
3,8% não sabe como separar; 1,1% não acha importante ou necessário e 2,7% dos
respondentes entendem que não adianta fazer porque a maioria das pessoas também
não fazem.
53

Gráfico 8 – Motivos de não separar o lixo

Fonte: Elaborado pela autora.

Para Ferrari et al. (2015 apud MONTEIRO et al., 2001), a coleta seletiva é um
processo contínuo e gradativo que tem como primeiro passo a educação ambiental
para conscientizar a população e engajar os indivíduos nas ações necessárias, como
separar adequadamente os resíduos, uma vez que, sem essa etapa, toda a coleta
seletiva estará comprometida. Assim torna-se um desafio a toda a comunidade
acadêmica gerenciar adequadamente os resíduos, realizando de maneira correta
sua segregação, coleta, tratamento e destinação final (FURIAM; GUNTHER,
2006, CONTO, 2010).

Gráfico 9 – Quantidade de lixeiras dentro das salas de aula

Fonte: Elaborado pela autora.

O gráfico 9 evidencia que 93,2% dos respondentes informaram que há apenas


uma lixeira nas salas de aula do campus Torquato Neto; 3% informaram que há (02)
duas lixeiras; 1,5% afirmam a existência de 03 (três), e 2,3% informaram que não há
nenhuma lixeira nas salas de aula. As respostas ainda comprovam que apenas uma
54

lixeira nas salas de aula não atende à demanda no campus para o recolhimento dos
resíduos orgânico e inorgânico.
Ferrari et al. (2015 apud RODRIGUES et al., 2007) afirmam que as IES ainda
encontram dificuldades para incorporar a questão ambiental em suas atividades.
Moreira et al. (2014) apresentam os fatores principais que contribuem para falhas
nas iniciativas de implementar uma gestão de resíduos em uma IES, tais como a falta
de recursos na composição do quadro de funcionários capacitados e na estrutura
logística, necessários para a implantação da política.
Percebe-se, portanto, que há uma necessidade de educação ambiental e de
consumo consciente pela comunidade acadêmica, fato que pode ser suprido com
palestras, projetos de extensão e com o manual informativo infográfico a ser
distribuído no campus por esta pesquisadora, com vistas a dar conhecimento sobre
práticas educacionais ambientais sustentáveis, de modo a sensibilizar e conscientizar
acerca dessas práticas à comunidade acadêmica.
No Gráfico 12, observa-se que 54,2% da comunidade acadêmica acreditam
que o local do campus-sede onde mais se geram resíduos é a área de convivência
onde ficam as lanchonetes. Além disso, 17,4% acreditam que o restaurante
universitário é o maior gerador de resíduos; 14,4% dos respondentes acham que os
banheiros são os geradores de maior volume de resíduos; 6,4% acreditam que são os
corredores e áreas externas; 3,8% afirmam serem as áreas administrativas; 0,8%
acreditam que são as reprografias; 1,5%, os laboratórios, e apenas 1,5% entendem
que são as salas de aula.

Gráfico 12 – Local do campus que gera mais resíduos

Fonte: Elaborado pela autora.


55

Os resíduos orgânicos do restaurante universitário e das lanchonetes podem-


se ser transformados em compostagem, que servirá de adubo para as arborizações e
jardins do campus, sem nenhum custo para a IES, substituindo o uso de produtos
químicos e contribuindo para a redução do aquecimento global.
Quanto aos resíduos sólidos, poderiam ser reciclados no próprio campus ou
em parceria com associações de catadores, atendendo à dimensão social, reduzindo
a geração dos resíduos e envolvendo a coleta, triagem e processamento. Esses
trabalhadores sobrevivem da renda proveniente da venda dos materiais coletados
e/ou triados a outros atores da cadeia da reciclagem, obtendo ganhos entre meio e
dois salários-mínimos por mês, média dos catadores associados (VARELLA et al.,
2010).
Quanto ao tipo de resíduos gerado em maior volume no campus, conforme
demonstrado no gráfico 13, 45,8% dos respondentes afirmaram que, quando estão no
campus, geram resíduos sólidos recicláveis não contaminantes e inertes; 31,1%
geram resíduos sólidos recicláveis não contaminantes e não inertes, e 22,7% geram
resíduos orgânicos.

Gráfico 13 - Tipos de resíduos gerados em maior volume no campus

Fonte: Elaborado pela autora.

Uma das ações de gestão ambiental essenciais às universidades é o


gerenciamento adequado dos resíduos provenientes das atividades administrativas e
dos procedimentos acadêmicos de ensino e pesquisa (GOMES, 2018), sendo que, no
campus, não são desenvolvidas atividades de gerenciamento adequado de resíduos
sólidos voltadas para minimizar a geração e adequar a destinação final, visando à
potencialidade de reaproveitamento e reciclagem dos resíduos.
56

Gráfico 14 – Categoria de resíduos com que mais os respondentes se deparam


(marque quantas alternativas desejar):

Fonte: Elaborado pela autora.

A categoria de resíduos com que os respondentes mais se deparam


corresponde aos resíduos de restaurantes e lanchonetes (75,4%), aos resíduos
provenientes do uso dos banheiros (62,1%) e aos resíduos de gráficas e copiadoras
(38,6%).
Quanto à área do campus onde ocorre o descarte de maior volume de resíduos
pelos stakeholders, conforme demonstrado no gráfico 15, estão as lanchonetes, com
um percentual de 51,9%, seguidas das salas de aulas, onde 50,4% pontuam que
também há um descarte de maior volume, e dos banheiros, com 29,5%. Comprova-
se que é preocupante a geração dos resíduos dos restaurantes, lanchonetes e
banheiros, destacando-se a necessidade urgente de um eficiente gerenciamento e
coleta seletiva desses resíduos.
Assim, a IES necessita de desenvolvimento de práticas que visem à redução,
reutilização e reciclagem dos resíduos que estão sendo destinados de forma
inadequada ao aterro da cidade, principalmente os resíduos orgânicos e sólidos das
lanchonetes e restaurante universitário, que foram os mais representativos nas
respostas analisadas. Enfatiza Varella (2011, p. 64) que “a reciclagem, a
compostagem e a incineração, assim como outras tecnologias menos difundidas, [...]
permitem, além de tratar os resíduos, valorizá-los”.
57

Gráfico 15 - Área do campus onde é realizado o descarte de maior volume de resíduos

Fonte: Elaborado pela autora

A IES é uma universidade pública e, portanto, carece de recursos financeiros


em nível estadual para a viabilização de seus projetos e ações, ou seja, a
implementação de uma gestão de resíduos bem-sucedida precisa de recursos
estaduais e de toda uma logística, estrutural e infra estrutural para sua eficiência e
sucesso. Verificou-se que 87.9% da comunidade acadêmica são conscientes dessa
realidade, 9,5% responderam que talvez a IES precisasse dessa implementação,
enquanto 2,3% não souberam opinar (QUADRO 17).

Gráfico 17 – Disponibilidade de recursos financeiros, equipamentos, recipientes e


logística para a implementação de uma gestão de resíduos eficiente.

Fonte: Elaborado pela autora.

No que diz respeito a treinamentos sobre a coleta, segregação, despejo,


reciclagem, compostagem, transporte aos prestadores de serviço, 93.9% dos
respondentes afirmaram que os prestadores de serviços terceirizados responsáveis
58

pela limpeza necessitam de treinamentos, capacitação, qualificação para o manejo


dos resíduos; 4,9%, que talvez necessitem de treinamentos dos seus funcionários, e
apenas 0,8% não souberam opinar, como se vê no gráfico 18.

Gráfico 18 - Treinamentos sobre a coleta, segregação, despejo, reciclagem,


compostagem, transporte aos prestadores de serviço

Fonte: Elaborado pela autora.

Percebe-se que os respondentes enfatizam que os funcionários terceirizados


responsáveis pela limpeza necessitam de treinamentos, capacitação, qualificação
para o manejo dos resíduos no campus Poeta Torquato Neto. Para Gomes et al.
(2018), tendo em vista a quantidade e a diversidade de tipos de resíduos que são
gerados em um campus universitário, o papel da universidade de formar profissionais
sensibilizados para as questões ambientais e comprometidos com a sustentabilidade
torna-se fundamental para o gerenciamento de resíduos sólidos no ambiente
acadêmico.
Observa-se, no entanto, que há uma necessidade de educação ambiental no
seio da comunidade acadêmica e dos profissionais terceirizados, percebida nas
respostas dos respondentes, na observação participante e no levantamento
documental.
59

Gráfico 19 – Campanhas de educação ambiental através de palestras, folders,


folhetos explicativos

Fonte: Elaborado pela autora.

Tem-se a educação ambiental como chave para a implantação de projetos


direcionados aos resíduos sólidos e como um importante instrumento de mobilização
da comunidade no que diz respeito a mudança de hábitos e comportamentos,
especialmente em projetos relacionados à coleta seletiva.
Nesse aspecto, 82,2% da comunidade acadêmica (docentes, discentes,
técnicos administrativos, diretores de centros) indicam que não receberam informação
e/ou orientações através de campanhas educacionais ambientais sobre coleta seletiva
de resíduos, através de folders, palestras, folhetos, informativos e cartilhas, sendo que
apenas 7,6% responderam “sim”; 7,6% responderam que talvez tivessem recebido
essas informações, e 2,7% não souberam opinar. A educação ambiental (EA) é um
fator imprescindível ao gerenciamento adequado e sustentável dos resíduos sólidos,
devendo ser utilizada como instrumento para a reflexão das pessoas no processo de
mudança de atitudes em relação ao correto descarte do lixo e à valorização do meio
ambiente.
60

Gráfico 20 – Programas de conscientização sobre coleta seletiva, reciclagem,


logística reversa no campus Torquato Neto

Fonte: Elaborado pela autora.

Conforme demonstra o gráfico 20, 76,9% da comunidade acadêmica não têm


conhecimento da existência de programas de conscientização sobre coleta seletiva,
reciclagem, gestão de resíduos no campus Torquato Neto, 13,6% não souberam
informar; 4,2% entendem que talvez haja esses programas, e apenas 5,3% afirmaram
que há esses programas.
Persich e Da Silveira (2011) ressaltam que as campanhas educativas
contribuem para mobilizar a comunidade no sentido de uma participação efetiva e
ativa na implantação da coleta seletiva de resíduos sólidos, separando os materiais
recicláveis e/ou reutilizáveis diretamente na fonte de geração. O passo mais
importante para a implantação da coleta seletiva no campus é a realização de uma
campanha ambiental eficiente, com o uso de folders, folhetos explicativos que
expliquem como fazer a separação dos materiais.

Gráfico 21 – Comportamentos ambientalmente corretos relacionados à gestão de


resíduos sólidos desenvolvidos pela comunidade acadêmica

Fonte: Elaborado pela autora.


61

Persich e Da Silveira (2011) pontuam que “[...] a reciclagem por si só não pode
ser considerada a solução, mas que a mudança de hábitos e atitudes pode levar a
sociedade a tomar medidas mais abrangentes”, com ações que minimizem a
quantidade de resíduos na própria fonte geradora, consumindo menos e reutilizando
embalagens descartáveis, por exemplo.
Os dados presentes no gráfico 21, em consonância com o que é mostrado no
gráfico 20, revelam que 54,9% da comunidade não desenvolve comportamentos
ambientalmente corretos, conforme já comprovado pelas respostas aos questionários
e 29,2% dos respondentes informaram que talvez desenvolvam comportamentos
ambientalmente corretos relacionados à gestão de resíduos sólidos. Apenas 8,7%
responderam que adotam esse tipo de comportamento, e 7,2% não souberam opinar.
Sabe-se que a ausência da educação ambiental compromete o
comportamento, a conscientização e a sensibilização dos diversos stakeholders sobre
a temática ambiental. Além, é claro, da carência de recursos financeiros para a
implementação de um gerenciamento estruturado e eficiente.
Quanto a saber acerca da destinação final dos resíduos gerados no campus,
93.9% dos respondentes afirmaram não ter conhecimento a respeito; 3,8% têm
conhecimento; 1,5% não souberam opinar e 0,8% talvez tenha esse conhecimento,
como demonstra o gráfico 22, a seguir.

Gráfico 22 – Conhecimento da destinação final dos resíduos gerados no campus

Fonte: Elaborado pela autora.

A maioria dos respondentes desconhece a destinação final dos resíduos


gerados no campus-sede, os quais são destinados para o aterro sanitário de Teresina,
62

sem qualquer tipo de separação na fonte geradora. Alertam Persich e Da Silveira


(2011) que o destino final do lixo é um dos agravantes da degradação do meio
ambiente, por isso muito se fala em coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos
como alternativa para a redução do volume de lixo a ser disposto em aterros ou lixões
No que diz respeito ao trabalho de coleta e destinação dos resíduos sólidos e
orgânicos pelos terceirizados, é avaliado como insatisfatório por 33,3%; neutros
(43,9%) e satisfatório por apenas 6,1% (GRÁFICO 23).

Gráfico 23 – Numa escala de 1 a 5, em que 1 SIGNIFICA MUITO INSATISFEITO e 5


MUITO SATISFEITO, como você avalia coleta e à destinação dos resíduos sólidos e
orgânicos do Campus Torquato Neto?

Fonte: Elaborado pela autora.

Na questão atinente ao trabalho da prefeitura da UESPI relativo à gestão e


gerenciamento dos resíduos sólidos no campus Torquato Neto, foi avaliada como
insatisfatória por 34,8%; neutra (41,3%) e satisfatória por apenas 3,8% (gráfico 24).
63

Gráfico 24 - Numa escala de 1 a 5, em que 1 SIGNIFICA MUITO INSATISFEITO e 5


MUITO SATISFEITO, como você avalia o trabalho da prefeitura da UESPI com relação
à gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos no Campus Torquato Neto?

Fonte: Elaborado pela autora.

As respostas dos participantes em relação a um plano de gerenciamento


integrado de resíduos sólidos (PGIRS) estão no gráfico 25.

Gráfico 25 – Plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos (PGRS)

Fonte: Elaborado pela autora.

Percebe-se que 71,2% não sabem o que significa e que apenas 28,8% sabem
o significado de um PGRS. De acordo com Ottoni (2019), trata-se de um documento
técnico com valor jurídico que demonstra a capacidade de um empreendimento gerir
os resíduos de forma ambientalmente adequada, tendo como objetivos minimizar a
geração de resíduos e proporcionar ao eles um encaminhamento seguro e correto,
protegendo os trabalhadores, a saúde pública, os recursos naturais e o meio
ambiente. A primeira iniciativa institucional no intuito de resolver o problema ambiental
64

dos resíduos na universidade é a criação de uma comissão responsável pelo


gerenciamento de resíduos sólidos produzidos no campus sede, por meio de portaria,
a fim de elaborar um PGRS e implementá-lo conforme exige a PNRS.
Ainda em relação ao PGRS, 98.5% dos respondentes afirmam a inexistência
do mesmo na IES, e apenas 1,5% informam a existência de um PGIRS no campus.
(GRÁFICO 26).

Gráfico 26 – PGRS no campus Torquato Neto

Fonte: Elaborado pela autora.

As universidades públicas brasileiras configuram-se como instituições sujeitas


legalmente à elaboração de planos de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS),
conforme exigido pela PNRS. Verificou-se, entretanto, que o campus Torquato Neto
apresenta elevados níveis de geração de resíduos misturados e encaminhados duas
vezes por semana ao aterro sanitário, não havendo separação, segregação, pesagem
e tratamento dos resíduos coletados.
Indagados sobre se aceitariam participar da elaboração do PGRS, os
respondentes se manifestaram conforme mostra o gráfico 27.
65

Gráfico 27 – Elaboração do PGRS

Fonte: Elaborado pela autora.

Comprova-se que 44,7% participaram da elaboração na IES; 23,9% afirmaram


que ainda precisam avaliar melhor; 19,7% responderam que não participariam, e
apenas 11,7% participariam desde o planejamento até a execução do plano.
Importante destacar que, segundo Ottoni (2019), o PGRS deve ser elaborado por
profissional de nível superior habilitado pelo seu conselho de classe, com
apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, Certificado de
Responsabilidade Técnica ou documento similar, quando couber.
Quanto aos benefícios do PGRS; 82,6% entendem que traria benefícios para a
universidade e para a comunidade acadêmica; 9,1% entendem que traria benefícios
principalmente para a comunidade acadêmica, enquanto 8,3% afirmaram que traria
benefício principalmente para a universidade. Conforme gráfico 29.

Gráfico 29 – Benefícios do PGRS

Fonte: Elaborado pela autora.


66

De acordo com Ottoni (2019), as principais vantagens do PGRS para as


empresas são a redução de custos e desperdícios, possibilitando menos gastos.
Nesse sentido, foi observado o tratamento incorreto dos resíduos sólidos e orgânicos
gerados no campus, em divergência do que se exige a Lei 12.305/2010,
principalmente quando se trata de resíduos perigosos oriundos dos laboratórios dos
cursos de Química e Biologia. Nesse contexto, é necessária a implantação de uma
coleta seletiva especial e um plano de gerenciamento de resíduos perigosos (PGRP)
pelos laboratórios, a ser seguido para o manuseio e transporte dos resíduos
perigosos.
Conforme a citada lei acima no seu art. 13, inciso II, alínea “a”, resíduos
perigosos

são aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade,


corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade,
teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde
pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma
técnica. (BRASIL, 2010).

Assim, é fundamental que os geradores desse tipo de resíduos elaborem um


plano de gerenciamento de resíduos sólidos conforme preceitua o art. 20, alínea “a”
da referida lei, incluindo a contratação de empresa especializada no transporte,
armazenamento, acondicionamento e descarte dos resíduos perigosos. A finalidade
desse gerenciamento, nas diversas IES, é a recuperação e a reutilização dos resíduos
químicos para minimizar o impacto causado ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, a
quantidade do rejeito produzido (AFONSO et al., 2003; BARBOSA et al., 2003;
DEMAMAN et al., 2004; NOLASCO, 2006), e a conscientização de novos hábitos para
os profissionais (AFONSO et al., 2003; NOLASCO, 2006).
No Brasil, as experiências de gestão de resíduos, principalmente químicos,
vêm sendo realizadas basicamente em algumas das maiores e mais antigas IES
estaduais e federais (NOLASCO, 2006). De acordo com Oliveira Júnior (2012),
diversas IES desenvolvem plano de gerenciamento de resíduos químicos laboratoriais
(PGSQL), destacando que, dentre as IES federais, 44,6% possuem programas ou
uma linha de pesquisa, enquanto 28,6% das IES estaduais já têm PGSQL implantado
ou em desenvolvimento (ALBUQUERQUE NETO et al. 2010).
Os respondentes também não puderam auferir a quantidade e a classificação
dos resíduos gerados no campus Torquato Neto, mas responderam que há reciclagem
67

de toners e cartuchos, porém a mesma é realizada fora da IES. A classificação de


resíduos sólidos urbanos e orgânicos, segundo a NBR 10.004/04, envolve a
identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, além de seus
constituintes e características, com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto
à saúde e ao meio ambiente é conhecido. A norma estabelece ainda, que a empresa
deve primeiramente identificar o processo de origem do resíduo gerado e, em seguida,
a origem dos constituintes do resíduo. Essa identificação deve ser realizada
criteriosamente para não haver erros na destinação final dos resíduos. Acrescenta-se
que, gerados diariamente dentro das empresas, universidades, residências, prédios,
tais resíduos podem também ser reaproveitados, seja pela reutilização seja pela
reciclagem, buscando-se, dessa forma, diminuir ou eliminar a geração, beneficiando
a preservação ambiental com a mitigação dos impactos ambientais.
Conhecer os critérios de classificação dos resíduos é fundamental para as
empresas públicas e privadas, instituições, universidades e comunidade realizarem o
gerenciamento adequado de seus resíduos. A NBR 10.004/04 estabelece os critérios
para classificação dos resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio
ambiente e a saúde do homem (ABNT, 2004), o que é bastante funcional, visto que
muitas empresas públicas e privadas têm dificuldade no processo de gerenciamento
adequado de resíduos devido ao desconhecimento dessa classificação, como
também à enorme quantidade gerada e a sua composição.
A respeito da responsabilidade com a destinação correta dos resíduos no
campus Torquato Neto; 52,3% responderam que é da prefeitura; 25,4%, da empresa
terceirizada responsável pela limpeza do campus; 20,5%, da reitoria da IES; 1,1%,
dos proprietários das lanchonetes; 0,4%, de alunos e 0,4%, dos professores.
(GRÁFICO 30).
68

Gráfico 30 - Responsabilidade da destinação correta dos resíduos no campus


Torquato Neto

Fonte: Elaborado pela autora.

Conto (2010) afirma que as universidades são responsáveis por produzir e


socializar conhecimentos, devendo formar cidadãos conscientes, que tenham respeito
ao meio ambiente. Para tanto, é necessária a aprovação da Reitoria, bem como
adoção, envolvimento e exemplo por parte de toda a comunidade acadêmica, ou seja,
dos gestores, professores, estudantes, colaboradores, fornecedores, terceirizados e
locadores de espaços, a fim de que seja adotada uma política que contribua para a
minimização dos problemas ambientais.
Na questão 10 do questionário I, foi solicitado aos respondentes que listassem
os materiais (resíduos sólidos e orgânicos) descartados no campus. O quadro 9
apresenta esses dados.

Quadro 9 – Materiais descartados pela comunidade acadêmica no campus

Papel, garrafa plástica, restos de comida, lascas de lápis, caneta, canetas sem tinta, copo descartável,
pincel atômico, plásticos, frutas, embalagens de lanche, lata de refrigerante, garfo descartável, lenço
de papel, guardanapo, pratos descartáveis, casca de banana, resíduos de laboratório, talheres de
plástico, sacolas de plásticos, clips, grampos, vidro, material de expediente, palitos, pincel seco,
canudos, sachê de ketchup, material escolar, borracha, caixa de Nescau, embalagens de suco
industrializado, pilhas, baterias de celular e eletrônicos.

Fonte: A pesquisa.

Nas respostas às questões 10 e 11, verifica-se o descarte de plásticos, garrafas


pets, material escolar, papéis, embalagens, resíduo orgânico, vidros, resíduos de
laboratório, pilhas, baterias, dentre outros que são descartados de forma inadequada
no campus, sendo que isso acontece porque, segundo os respondentes, há
69

dificuldades de descartar corretamente esses resíduos, “porque não há lixo seletivo”;


“vão todos para a primeira lixeira”; “[...] não há coletores específicos”.
A dificuldade é idêntica para inorgânicos e orgânicos. O problema diz mais
respeito à proximidade das lixeiras com coleta seletiva, como é perceptível nas
seguintes respostas: “por vezes há que se caminhar bastante para alcançar uma, algo
pouco praticável dependendo dos horários do estudante”; “próxima à Lanchonete do
Carioca há lixeiras de coleta seletiva, porém na região do curso de Direito não recordo
senão de lixeiras comuns (quando há) e sem sacola plástica ou outra forma de reter
os dejetos menores.”; “a dificuldade maior é não ter coleta seletiva”; “todos, pois não
há locais específicos para o descarte e nem sempre há lixeiras”. “[...]não há coletores
com cores para a coleta seletiva devida dos resíduos no campus.” Comprova-se com
as respostas que a comunidade acadêmica tem dificuldade de descartar corretamente
os seus resíduos por não existirem lixeiras suficientes, próximas ou com cores para a
coleta seletiva.
Na questão 16 do questionário I, foi pedido aos respondentes que indicassem
quais sugestões encaminharam para melhorar a coleta de resíduos no campus
Torquato Neto, as quais estão listadas no quadro 10, seguinte.

Quadro 10 – Sugestões de melhorias para a coleta de resíduos no campus Torquato


Neto de acordo com as percepções da comunidade acadêmica.
● Mais lixeiras distribuídas pelo campus;

● Separação dos resíduos para reciclagem;

● Lixeiras para coleta seletiva;

● Mais depósitos de lixo;

● Reciclar os papéis vindo das gráficas;

● Melhorar a coleta dos banheiros, fazendo uma limpeza mais constante na parte
interna/externa;

● Pagamento em dia dos salários dos funcionários da limpeza, para que eles possam trabalhar
com dignidade, e, dessa maneira, propiciar um ambiente mais agradável para os
frequentadores da IES;

● Mais limpeza no campus;

● Foco na limpeza da sujeira provocada por gatos;


70

● Conscientizar a comunidade acadêmica da necessidade de coletar o lixo de maneira seletiva


através de constantes campanhas;

● Construção e implementação de um plano de gestão de resíduos sólidos (PGRS);

● Diminuição/eliminação do uso de descartáveis nas lanchonetes;

● Sinalizadores dos locais dos coletores de resíduos;

● Ampliação da equipe da limpeza;

● Poda das árvores;

● Construção do gatil;

● Colocação dos contêineres de material reciclável próximo das lanchonetes, restaurante


universitário e na área de corredores e parte administrativa;

● Substituição das lixeiras comuns;

● Coleta seletiva através de uma empresa prestadora de serviço que colete e recicle o lixo;

● Colocar em todos os ambientes o material da coleta seletiva, dando a destinação correta e


fazer parceria com recicladora;

● Colocar plaquinhas na universidade, acentuando a importância da separação do lixo;

● Lixeiras com símbolos estampados para cada tipo de lixo e em cada corredor;

● Fiscalização mais rígida no descarte dos resíduos por grupos apontados especialmente para
isso;

● Dar a responsabilidade de coleta para as lanchonetes e cobrar uma taxa para a coleta correta;

● Distribuição de informativos, campanhas de sensibilização, investimento financeiro e


utilização de equipamentos específicos para auxiliar na seleção dos resíduos;

● Mais lixeiras nos banheiros, divisão das lixeiras nas salas de aula;

● Programa de reciclagem em parceria com as gráficas que geram muito resíduos de papel;

● Coleta na área dos bambus;

● Desenvolver projeto de extensão ligado à reciclagem do lixo;

● Insistir na adequação do comportamento ambiental da comunidade e transeuntes,


responsabilizando-os em caso de infração, poluição ou sujeira;

● Colocar coletores separados por cores em pontos estratégicos do campus (praças, auditórios
e área de lanchonetes);

● Criação de um aplicativo com a finalidade de melhorar o serviço de coleta de lixo em toda a


universidade, permitindo dessa forma a localização dos caminhões de lixo, previsão da sua
71

passagem pelo endereço inserido no app pelo usuário, dias e horários de início e fim do
serviço na região e mapa exibindo a rota do serviço;

● Dispor de lixeiras em todas as salas de aula e limpá-las em todos os turnos de aula.

Fonte: Elaborado pela autora.

Essas sugestões evidenciam que, conforme as percepções da comunidade


acadêmica, há necessidade de implementar coleta seletiva com separação dos
resíduos sólidos e orgânicos por categorias, visto que uma das dificuldades ocorre
também devido à falta de locais específicos ou sinalizados em áreas estratégicas para
o descarte dos resíduos, como também à falta de conscientização e informação das
pessoas que frequentam o campus. Promover campanhas, distribuir panfletos,
elaborar projetos de extensão ligados à reciclagem do resíduo, insistir na mudança
comportamental e ambiental da comunidade e transeuntes, responsabilizando-os em
caso de infração, poluição e sujeira, são algumas sugestões para um melhor
gerenciamento de resíduos na IES.
As sugestões dadas pela comunidade acadêmica vêm corroborar o que consta
no gráfico 19, segundo o qual 82,2% dos respondentes não receberam informações
da IES sobre coleta seletiva através de campanhas de educação ambiental, palestras,
folders, ou folhetos explicativos. Percebe-se então que a comunidade acadêmica é
receptiva a essas informações, dispondo-se a contribuir melhor com a IES, já que
54,9% acreditam que a própria comunidade acadêmica não desenvolve
comportamentos ambientalmente corretos relacionados à gestão de resíduos sólidos
por causa dessas deficiências (GRÁFICO 21).
Os respondentes sugeriram ainda a contratação de mais funcionários pela
empresa terceirizada para a limpeza diária dos banheiros, salas de aulas (em todos
os turnos) e também áreas abertas onde ficam os dejetos dos gatos soltos no campus;
treinamento para os funcionários terceirizados sobre todo o processo da coleta desses
dejetos e fornecimento dos EPIs aos colaboradores, pela empresa terceirizada. Foi
sugerida também a construção de um gatil para abrigar os gatos que habitam o
campus e a criação de um aplicativo com a finalidade de melhorar o serviço de coleta
dos resíduos em toda a universidade, possibilitando a localização dos caminhões de
lixo, sua previsão de passagem, com dias e horários, e um mapa exibindo a rota do
serviço.
72

Quando solicitados a indicarem as ações que a prefeitura do campus Torquato


Neto poderia adotar para melhorar a gestão e o gerenciamento dos resíduos, os
respondentes se manifestaram conforme o quadro 11, a seguir.

Quadro 11 – Ações que a prefeitura do campus deveria adotar para melhorar a atual
gestão dos resíduos segundo as percepções dos stakeholders
✔ Promover a coleta seletiva;
✔ Aumentar a quantidade de lixeiras na universidade;
✔ Informar e educar através de folhetos e palestras a forma certa de descarte para cada tipo de
resíduo;
✔ Implantar a coleta seletiva;
✔ Recursos para conscientização, capacitação, qualificação e treinamento dos profissionais da
empresa terceirizada acerca do gerenciamento dos resíduos;
✔ Instrução para as lanchonetes, com possíveis restrições em caso de descumprimento;
✔ Trabalho em conjunto com curso de graduação de Biologia (gerador de resíduos perigosos);
✔ Estabelecer metas a serem cumpridas;
✔ Pagar em dia e devidamente os funcionários da limpeza;
✔ Fazer campanhas educativas de sensibilização e conscientização da comunidade acadêmica
através de eventos, palestras, cartazes, panfletos, sobre a importância da coleta seletiva e o
descarte dos resíduos de forma adequada;
✔ Melhorar na parte da limpeza de maneira geral;
✔ Reduzir a venda e uso de itens de plástico;
✔ Melhor capacitação dos profissionais que fazem o gerenciamento dos resíduos;
✔ Promover cursos de capacitação para os funcionários da empresa terceirizada responsável pela
limpeza no campus;
✔ Mais comunicação entre a gestão e o gerenciamento dos resíduos e os acadêmicos, para que
todos possam estar cientes do que ocorre no campus em relação ao descarte de resíduos;
✔ Implantação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS);
✔ Aquisição de materiais adequados para acondicionamento do lixo;
✔ Capacitar alunos e funcionários para que todos saibam destinar corretamente os resíduos;
✔ Maior eficiência na limpeza diária;
✔ Cobrar das lanchonetes e fotocopiadoras a destinação correta dos resíduos que produzem;
✔ Lixeira de coleta seletiva ao alcance de toda a comunidade acadêmica;
✔ Coleta de lixo dos banheiros de forma regular;
✔ Criação de um espaço financiado pela prefeitura dedicado a separar o lixo e a lhe dar um destino
adequado (com participação da comunidade que mora nas redondezas);
✔ Lixeiros com indicações de resíduos
✔ Fiscalização nos banheiros e restaurantes;
✔ Adoção de banners para indicar como deve ser feito o descarte completo;
✔ Pagar o salário da terceirizada em dia;
✔ Levantar os tipos de resíduos gerados;
✔ Firmar contratos/parcerias com associação de catadores de lixo;
✔ Buscar apoio dos alunos e dos funcionários;
✔ Procurar fiscalizar com mais atenção o campus e tomar as medidas cabíveis;
✔ Criação de mais centros de coletas;
✔ Instruir a população sobre a existência destes centros;
✔ Implementar uma política padronizada de coleta e descarte de resíduos que deve ser feita pelos
colaboradores da prefeitura;
✔ Criação de mais locais para depositar lixo;
73

✔ Projetos de pesquisa e extensão direcionados à existência, descarte e conscientização para


trabalhar junto ao Governo do Estado do Piauí e Prefeitura para que esses resíduos não
destruam a natureza, dando publicidade acerca do assunto;
✔ Fiscalização do campus;
✔ Destinar EPIs aos funcionários da terceirizada;
✔ Destinar recursos para o gerenciamento de resíduos;
✔ Projetos que envolvessem todos da Universidade no tratamento dos resíduos, desde o descarte
até o manejo e tratamento, criando novas propostas e soluções para aquele lixo;
✔ Melhor organização e incentivo tanto para alunos como para os trabalhadores da IES em relação
ao projeto/ plano;
✔ Promover semana ambiental de conscientização acerca dos resíduos sólidos, envolvendo tanto
a administração quanto a comunidade acadêmica;
✔ Promover destinação de materiais que possam ser reutilizados ou reciclados;
✔ Proibição do uso de plástico no campus;
✔ Promover campanhas de preservação do meio ambiente;
✔ Estimular o reuso, eliminar o uso de material descartável;
✔ Elaborar e operacionalizar um planejamento para gerenciamento dos resíduos sólidos;
✔ Incentivo a cada aluno adotar seus utensílios (copos, talheres, pratos);
✔ Plano de reciclagem e destinação de resíduos;
✔ Instalação de pontos de reciclagem de papel;
✔ Cumprimento das leis de proteção ambiental;
✔ Política educacional;
✔ Cobrança aos discentes para mudança de comportamento sobre descarte de lixo;
✔ Trabalho junto a organismos de tratos de animais, para cuidar dos pets;
✔ Informativos/adesivos com protocolos de descarte para comunidade acadêmica;
✔ Fiscalizar o descarte dos resíduos de maior tamanho, como móveis velhos, por exemplo;
✔ Montar estratégias que favoreçam a coleta de lixo, evitando a sujeira;
✔ Conscientizar tanto alunos como funcionários sobre a importância de se manter o ambiente de
trabalho/estudo limpo e organizado;
✔ Incentivo à criação de cooperativas para reciclar mais lixos;
✔ Implementar a compostagem para os resíduos orgânicos;
✔ Fazer parceria com alguma cooperativa ou coletivo de catadores para melhor reaproveitamento
dos recicláveis;
✔ Promover a conscientização de todos os que fazem a comunidade acadêmica acerca do
comportamento adequado em relação aos resíduos sólidos, por meio de palestras;
✔ Distribuição de material gráfico contendo informações e orientações sobre o descarte seletivo;
✔ Profissionais com conhecimento em reciclagem;
✔ Trabalhadores da terceirizada com conhecimento da reciclagem;
✔ Prefeitura mais engajada;
✔ Manter parcerias com associação de catadores de materiais recicláveis;
✔ Realizar contrato com empresas especializadas para tratamento de resíduos de laboratório;
✔ Campanha permanente de divulgação da coleta seletiva;
✔ Propiciar programas de extensão para orientar sobre a pauta;
✔ Informar e implementar ações de não geração, pois atualmente a empresa terceirizada cuida
apenas da varrição e limpeza;
✔ Acompanhamento da rotina dos profissionais de limpeza;
✔ Reformas dos banheiros

Fonte: Elaborado pela autora

Dos principais itens que foram sugeridos pelos stakeholders, destaca-se a


importância da coleta seletiva, ações para evitar a geração de resíduos, parcerias com
74

associações de catadores de materiais recicláveis, capacitação dos terceirizados,


campanhas de conscientização e sensibilização da comunidade acadêmica,
implementação da compostagem para os resíduos orgânicos, dentre outras sugestões
de grande relevância para o campus Torquato Neto se tornar mais sustentável
melhorando suas práticas. Tais mudanças fariam da IES um exemplo para a
sociedade piauiense e um estímulo para os docentes e discentes se engajarem em
propostas e projetos voltados para a temática.
Diante das sugestões dos stakeholders, procurou-se junto à prefeitura do
campus analisar quais as percepções do seu gestor quanto à gestão atual dos
resíduos, como se verifica no item a seguir.

4.2 Resultado II: Análise das percepções do gestor da prefeitura do campus

Os resultados apresentados nesta seção provêm da etapa de coleta de dados


junto ao gestor da prefeitura do campus. Inicialmente buscou-se compreender a forma
de coleta dos resíduos no campus Torquato Neto realizada pela prefeitura do campus.
Identificou-se que ocorre sem a separação dos tipos de resíduos, visto que não há na
IES coleta seletiva com a devida separação, que é uma etapa fundamental para o
gerenciamento dos resíduos
Ao ser questionado sobre como funciona a coleta do lixo no campus Torquato
Neto, o gestor confirmou que não há separação dos tipos de resíduos. O
gerenciamento dos resíduos sólidos, para ser eficiente, necessita de um sistema de
controle que se inicia na geração e prossegue com o acondicionamento na fonte,
coleta, transformação, processamento, recuperação e disposição final. Ao ser
questionado qual a quantidade de cada tipo de resíduo sólido (lixo) gerado (salas de
aula, laboratórios, área administrativa, estacionamento, banheiros), no campus
Torquato Neto, o gestor respondeu: “Não podemos aferir em virtude da coleta semanal
ser de responsabilidade de empresa terceirizada e não sermos informados deste
detalhamento pela mesma”. Deduz-se que a prefeitura do campus não tem
conhecimento da quantidade de cada tipo de resíduo sólido gerado pelos diversos
setores da IES, conforme demonstrado no quadro 12.
75

Quadro 12 – Respostas do gestor da prefeitura do campus sobre gestão


de resíduos
Questões Respostas

É feito o controle da quantidade de lixo a ser destinado Não

Se não, já foi feito? Não

Tem planos para realização? Não

É feito o controle do peso específico dos resíduos coletados? Não

Fonte: Elaborado pela autora.

O controle do peso específico dos resíduos coletados no campus não é


realizado de forma qualitativa e quantitativa, por meio de análise e pesagem, como
também não é feito o controle do peso específico dos resíduos gerados no campus.
Resíduos como tonners e cartuchos são levados para fora do campus para o
processo de reciclagem (QUADRO 13), deixando de se gerar renda para a IES e,
consequentemente, de criar empregos com essa atividade, no que tange à dimensão
social da sustentabilidade.

Quadro 13 – Respostas do gestor da prefeitura do campus sobre gestão de resíduos


Questões Respostas

Resíduos como tonners e cartuchos têm recolhimento específico? Sim

Existe processo para reciclagem de resíduos no campus Torquato Neto? Não

A varrição no campus é feita diariamente? Sim

A capina também é feita diariamente? Sim

Fonte: Elaborado pela autora.

A IES não atua no processo de reciclagem dos resíduos gerados no campus,


ou seja, não contribui para diminuir a quantidade de resíduos que serão
encaminhados ao aterro sanitário (QUADRO 13). Além disso, a varrição no campus,
diferente do que afirmou o gestor, não é realizada periodicamente, pois encontra-se
lixo espalhado por todos os lados, conforme demonstrado na figura 8A. Para o corte
da grama (FIGURA 8B), “contrata-se um rapaz que possui uma máquina cortadora
76

para fazer o serviço”, como respondeu um dos representantes da empresa,


acarretando assim mais custos e despesas para a IES, com outro “terceirizado”.

Figura 8 – Espaço da área de convivência

Fonte: Acervo da autora.

Na figura 8B, observa-se o mato alto, necessitando ser cortado, fato que tem
como consequência atrair roedores e répteis peçonhentos, pondo em risco a saúde e
a segurança da população, o que pode comprometer seriamente a imagem da IES.
A destinação final do lixo não ocorre em área demarcada pela UESPI (Quadro
15). A partir da observação, localizou-se uma única lixeira para armazenar todos os
resíduos do campus. Inapropriada e inadequada, porém, é considerada a única área
demarcada pela IES para a destinação final dos sacos de resíduos misturados.
77

Quadro 15 – Respostas do gestor da prefeitura do campus sobre gestão de resíduos


Questões Respostas

A destinação final do lixo no campus ocorre em áreas demarcadas pela UESPI Não

É realizada a separação do lixo orgânico (molhado) do lixo inorgânico (seco)? Sim

No campus Torquato Neto, há coletores suficientes separados por cores para a Não
coleta seletiva

Há parceiros com catadores, cooperativas ou associações dentro do campus? Não

Fonte: Elaborado pela autora.

A destinação dos resíduos perigosos dos laboratórios dos cursos de Química


e Biologia é "realizada por empresa especializada” (resposta do gestor da prefeitura
do campus), a qual é muito limitada, pois não explica como é feito o manejo desses
resíduos laboratoriais perigosos, bem como o destino dado a eles. Também não
informou qual a “empresa especializada” que faz o transporte, com que frequência é
feito, uma vez que não é a empresa terceirizada a responsável pelo manejo e
transporte dos resíduos laboratoriais perigosos no campus, mas outra empresa
contratada para essa finalidade.
De acordo com Machado et al. (2020), o tratamento indevido do lixo,
principalmente quando se trata de resíduos contaminantes oriundos dos laboratórios
de ensino e pesquisa, inclui o descarte inadequado dos resíduos, sem a separação
entre os materiais laboratoriais (vidrarias, resíduos químicos, biológicos, orgânicos e
perfurocortantes) e o lixo comum (papel, restos orgânicos e resíduos da limpeza),
requerendo a implantação de coleta seletiva.
O controle dos resíduos sólidos orgânicos (RSOs) produzidos pelo restaurante
universitário, de acordo com a gestão da prefeitura do campus, “não é feito”,
acrescentando o gestor a seguinte justificativa: “não fazemos esse controle, pois o
restaurante é de responsabilidade da Secretaria de Ação Social”. Contudo ele não
mencionou quanto é o percentual produzido pelo restaurante universitário e de quem
é a responsabilidade de fazer esse controle de peso.
Apesar de ter conhecimento da necessidade de separar o resíduo seco do
molhado (orgânico), na prática, não foi possível observar ações efetivas, pois os
resíduos orgânicos gerados pelas lanchonetes e restaurantes universitários não são
78

separados pela classificação, e sim através de coleta mista, sem separação do lixo
orgânico do lixo inorgânico, sendo tudo misturado na lixeira. A resposta do gestor não
condiz, pois, com a realidade do campus, onde observa-se a presença de sacos de
lixo misturados, rasgados e espalhados (Figura 10A), atraindo gatos e cachorros do
próprio campus e do entorno, além de roedores, o que pode ocasionar doenças,
afetando a saúde da comunidade acadêmica.

Figura 10 – Lixo descartado a céu aberto no campus e lixeira nas salas

Fonte: Acervo da autora.

Foi também perguntado qual o número de coletores de lixo distribuídos pelo


campus Torquato Neto (Quadro 15), mas o gestor da prefeitura informou não saber
se há lixeiras suficientemente disponíveis nos diversos setores e a quantidade das
mesmas, bem como sua distribuição ou quantas há em cada setor, ao pontuar: “Não
dispomos desta informação”. Já o chefe do urbanismo respondeu: “Apenas uma lixeira
em cada sala de aula".
As respostas dos entrevistados vêm comprovar a inexistência de um
gerenciamento de resíduos sólidos e orgânicos no campus Torquato Neto,
necessitando da implantação de um PGRS. Observa-se, na figura 10B, que a lixeira
não possui tampa, não há divisão para a separação do lixo orgânico do inorgânico,
além da presença de um pequeno botijão de gás em local inadequado.
79

De acordo com as respostas da comunidade acadêmica em relação à


prefeitura, enumeram-se várias sugestões (QUADRO 16).

Quadro 16 – Sugestões dos stakeholders para a prefeitura do campus

✔ “Poderia ser feita uma reciclagem de informações com o pessoal para que eles possam se
atualizar das informações e poder passá-las aos acadêmicos e funcionários do campus”;
✔ “Poderiam fazer eventos e palestras ensinando e incentivando a importância da coleta correta
de resíduos sólidos”;
✔ “Poderia melhorar na limpeza do campus”;
✔ “Poderia aumentar as lixeiras em todo o campus”;
✔ “Poderia haver mais comunicação entre a gestão e o gerenciamento dos resíduos e os
acadêmicos, para que todos possam estar cientes do que ocorre no campus em relação a isso.”
✔ “Criação de mais centros de coletas”;
✔ “Instruir a população sobre a existência destes centros”;
✔ “Implementar uma política padronizada de coleta e descarte de resíduos que deve ser feita
pelos colaboradores da prefeitura”;
✔ “Aumentar o número de cestos de coleta seletiva”;
✔ “Instalação de pontos de reciclagem de papel”;
✔ “Fixar mensagens para a comunidade acadêmica pedindo que o descarte de resíduos sólidos
seja feito da forma correta”.

Fonte: Elaborado pela autora.

Pode-se observar, no gráfico 21 e nas figuras 13A e B, respectivamente, que a


coleta predominante no campus é a comum, ou seja, sem separação dos resíduos, e
também que não há parcerias com associações ou cooperativas de catadores para o
processo de reciclagem. A coleta seletiva facilita a gestão de RSU, além de minimizar
o impacto sobre o meio ambiente, configurando um poderoso instrumento para a
redução do volume de resíduos sólidos urbanos, já que partes desses materiais
poderão ser recicláveis ou reutilizáveis (SAITO et al., 2011). Complementa o
importante papel da coleta seletiva, um dos objetivos da PNRS, gerar a integração
dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvem a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
80

Gráfico 21 - Coleta sem separação dos resíduos

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 13 – Recipientes disponibilizados no campus para coleta de resíduos

Fonte: Acervo da autora.


Legenda: A: Cestos com papéis. B: Material descartado e misturado. C: Presença de apenas este
único coletor para separação dos resíduos por cores em todo o campus Torquato Neto. D: Resíduos
jogados atrás dos coletores. E: Descaso com os materiais de limpeza (sabão, desinfetante, água
sanitária), deixados dentro de um balde em cima de uma cadeira.

Com o intuito de organizar a coleta seletiva, o referencial de cores foi


desenvolvido para identificar a separação dos resíduos, obtendo-se assim economia
81

de tempo e de mão de obra no processo de segregação para que os resíduos tenham


o destino e o tratamento adequados. Percebe-se, no entanto, que no campus não se
realizam práticas coerentes com a coleta seletiva, já que, nos coletores, foram
encontrados resíduos misturados (FIGURAS 13A e B), e os dados coletados
comprovam que não há coletores suficientes separados por cores para a coleta
seletiva (QUADRO 15).
Como forma de buscar uma gestão mais adequada dos resíduos, a instituição
pesquisada poderia implantar programas de coleta seletiva e reciclagem nos setores
administrativos, bem como firmar parcerias com associações de catadores de
materiais recicláveis para destinar o material reciclável, conforme prevê o Decreto
Federal nº 5.940/2006 e a Lei 13.305/2010, que também regulamenta a separação
dos resíduos na fonte geradora por entidades da Administração pública federal e
estadual, respectivamente, porém, conforme a resposta dada não há essas parcerias
até o presente momento (Quadro 15).
Foi perguntado ao representante da prefeitura do campus qual o órgão público
responsável pelo recolhimento final do resíduo e quantas vezes isso é feito por
semana. Obteve-se como resposta: “Temos uma empresa privada responsável pelo
recolhimento duas vezes por semana”. Percebe-se que, além do contrato com a
empresa terceirizada, a prefeitura afirma a existência de outro contrato com outra
empresa privada, para fazer apenas o recolhimento duas vezes por semana, o que
demanda mais custos para a IES.
Verifica-se que não existem cursos de qualificação, treinamento ou
aperfeiçoamento dos terceirizados para o manejo dos resíduos. Também não se
investe na educação ambiental, através de programas ou projetos que qualifiquem
os colaboradores da limpeza para o tratamento, separação, acondicionamento dos
resíduos e a sua destinação adequada (Quadro 16 e Figura 18A e B).

Quadro 16 – Respostas da gestão da prefeitura do campus sobre gestão de resíduos


Questões Respostas

Há programas ou projetos que qualifiquem os colaboradores da limpeza sobre Não


o tratamento, separação, acondicionamento dos resíduos gerados na UESPI,
com destinação adequada dos mesmos?

Que tipo de coleta de resíduos é aplicada pela prefeitura no campus Torquato Comum (mista)
Neto?
82

Participaria da elaboração de um plano de gerenciamento integrado de resíduos Sim


sólidos (PGIRS) no campus?

Fonte: Elaborado pela autora.

Procurar-se-á suprir essa carência, oferecendo-se cursos de curta duração,


palestras, cartilhas/informativas sobre a temática para a comunidade acadêmica e
terceirizados, assim como a distribuição do produto técnico objeto desta dissertação
com as contribuições e melhorias para o campus Torquato Neto no tocante ao
gerenciamento dos resíduos. Por outro lado, o prefeito mostrou-se colaborativo ao
afirmar que participaria da elaboração de um PGIRS para a IES.

Figura 18 – Registro das práticas e condições de limpeza no campus

Fonte: Acervo da autora.


Legenda: A: A ausência de treinamento adequado ou mesmo a falta de uma fiscalização por parte da
prefeitura levam o funcionário responsável pela limpeza a deixar os instrumentos do seu trabalho
(baldes, produtos de limpeza, rodos, pá, panos) espalhados pelo prédio do setor da pós-graduação,
projetando uma péssima imagem da instituição, além de dificultar o tráfego das pessoas. B: Pano
usado para limpar o chão pendurado na rampa que dá acesso aos cursos de pós-graduação da IES.
C: Gato se alimentando ao lado de uma tampa de recipiente de plástico jogada com restos de comida,
embaixo da rampa de acesso ao prédio da pós-graduação. D: Cadela moradora do campus próxima
às lanchonetes e salas de aulas. E: Filhotes de cães abandonados em frente a uma lanchonete
desativada, dentro de um móvel velho e danificado, espalhando sujeira e dejetos, sem nenhuma
fiscalização por parte da prefeitura ou da terceirizada.
83

Quanto ao destino dado aos dejetos dos gatos e cachorros moradores do


campus, o prefeito afirma que “o recolhimento é de responsabilidade de empresa
privada”, sem explicar como funciona esse recolhimento, pois sabemos que essas
espécies de animais transmitem doenças através das suas fezes contaminadas.
Assim, o manejo e o destino de descarte desses dejetos devem ser tratados
adequadamente, não devem ser coletados de forma mista ou comum, como se
observa no quadro 16 (questão 25) e nas figuras 18D e 18E.
Conforme Machado et al. (2020), “[...] a rápida e crescente proliferação da
espécie Felis silvestris (gato doméstico) pelo campus, sem a devida adequação física
e tratamento deles, demonstra a falta de planejamento e domínio do setor
encarregado dessa função.”
Comprova-se, de acordo com o quadro 16 (questão 25), que a coleta aplicada
pela prefeitura no campus é mista(comum), não havendo coleta seletiva, ou seja, tudo
é coletado e misturado. Não há, pois, separação dos RSU, sendo o tipo de resíduo
coletado apenas o orgânico: “resíduos orgânicos", como disse o prefeito. Veja-se que
esta resposta é carente de uma maior explicação, pois a própria prefeitura afirmou, na
questão, que não recolhe os resíduos do restaurante universitário, os quais são, na
maioria, RSU (restos de comida, alimentos etc.), e não mencionou recolhimento dos
resíduos orgânicos oriundos das lanchonetes. O gestor informou, na questão 17, que
a responsabilidade pelo recolhimento dos RSU dos restaurantes universitários é da
Secretaria de Ação Social e que os materiais que poderiam ser coletados no campus
para serem reciclados seriam “cartuchos e toner”.
Percebe-se, por parte do prefeito do campus, que existe interesse de
colaborar e adquirir mais conhecimento na área de gestão e gerenciamento de
resíduos sólidos, se disponibilizando a participar da elaboração de um PGIRS
(QUADRO 16 - questão 28).
Ao ser solicitado para enumerar as principais sugestões da prefeitura para a
redução dos resíduos no campus Torquato Neto, o prefeito respondeu que “Não
temos sugestões concretas em virtude de 95% dos resíduos não estão sob nosso
controle pois são folhas de árvores”. Ressalta-se que não procede essa resposta,
pois, se 95% dos resíduos são folhas de árvores, sendo que o entrevistado
respondeu, na questão 26, que o lixo recolhido pela prefeitura é “orgânico”, então, é
inadmissível que o restante do “lixo recolhido”, qual seja, o equivalente a 5%, seja
exclusivamente orgânico. Ao ser questionado sobre as dificuldades que a prefeitura
84

encontra na realização da coleta dos resíduos, ele respondeu que na IES há carência
de recursos financeiros para tal finalidade: “Inexistência de recursos necessários
para tal fim.”

4.3 Resultado III: Análise das percepções dos gestores quanto à relação entre
a empresa terceirizada e a limpeza e conservação do campus

O terceiro resultado deu-se com relação às perguntas respondidas por um dos


representantes da empresa terceirizada, chefe do departamento de serviços gerais,
do urbanismo e fiscal do contrato (DSG) entre a empresa terceirizada e a
universidade, através de um questionário estruturado com 30 questões (abertas e
fechadas) e entrevista gravada.
A informação do respondente do questionário no que tange à presença de
separação correta e criteriosa dos resíduos sólidos para o manejo adequado
(QUADRO 17 – questão 2 entra em contradição com a resposta da prefeitura
(FIGURAS 23A e B) e também com a entrevista de outro representante da
terceirizada, chefe do urbanismo, o qual afirmou “que não há coleta seletiva separada
por cores ou classificação no campus, e sim mista (tudo misturado)”; “que não há
separação do lixo orgânico do inorgânico. Há tambores para isso, mas não é destinado
para essa coleta; “que até o momento não se teve ideia de fazer a coleta seletiva”;
“sem separação dos tipos de resíduos e acondicionamento dos sacos pretos”
(coordenador da terceirizada).

Quadro 17 – Respostas dos representantes da terceirizada de coleta de resíduos

Questões Respostas (2 Respondentes)

A separação correta e criteriosa dos resíduos sólidos é uma etapa Com separação dos tipos de
fundamental para o manejo dos resíduos. Nesse sentido, como resíduos e acondicionamento
funciona o campus Torquato Neto, realizado pela empresa dos sacos (100%).
terceirizada?

Resíduos como tonners e cartuchos têm recolhimento Sim (50%) e Não (50%)
específicos?

Existe processo para reciclagem de resíduos no campus Torquato Não (100%)


Neto?

Varrição no campus realizada pela terceirizada é feita Sim (100%)


diariamente?

A capina também é feita diariamente? Sim (50%) e Não (50%)

Fonte: Elaborado pela autora.


85

Ao ser questionado se há um controle desde a geração dos resíduos sólidos


até sua destinação final, no tocante também à quantidade de cada tipo de resíduo
gerado nos diversos setores da universidade, o representante da empresa terceirizada
respondeu: “Não temos como mensurar a quantidade”. Já o prefeito afirmou “Não
podemos aferir em virtude da coleta semanal ser de responsabilidade de empresa
terceirizada e não sermos informados deste detalhamento pela mesma”. Portanto,
verifica-se que ambos não têm como mensurar a quantidade dos resíduos gerados
nos diversos setores do campus.

Figura 23 – Registros de falhas no recolhimento adequado de resíduos

Fonte: Acervo da autora.


Legenda: A: No corredor das salas de aulas, lixeira sem tampa, com os resíduos misturados (copo
descartável, folhas, sacos de plásticos de cores branca e preta. B: Sacos com lixo jogados, rasgados
ao lado da lixeira. Observa-se descaso e falta de uma gestão correta dos resíduos.

Em relação à reciclagem de resíduos como tonners e cartuchos, o


representante da terceirizada respondeu: “Sim. Recarrega e reutiliza fora do campus”
em um percentual de 50% sim e 50% não”, conforme o quadro 17 – questão 4.
A disposição final e adequada dos resíduos pode influir na qualidade do meio
ambiente e na saúde do homem (saúde pública), bem como na preservação dos
recursos naturais. Há várias formas de destinação final de resíduos, tais como a
86

reciclagem e a compostagem, sendo esta para os resíduos do tipo orgânico. De


acordo com Pereira Neto (1987), a compostagem é um processo biológico aeróbico
que ocorre por meio da decomposição da matéria orgânica, que pode ser animal ou
vegetal, em que microrganismos convertem a matéria orgânica em material
bioestabilizado conhecido como composto orgânico.
O entrevistado demonstrou ter conhecimento sobre o processo de tratamento
de resíduos orgânicos que acontece por meio da compostagem e transforma esse
resíduo em adubo. Não há, porém compostagem no campus, “não há
reaproveitamento de resíduos orgânicos para composteira” (coordenador da
terceirizada), o que é lamentável, uma vez que, segundo o questionário I aplicado `a
comunidade acadêmica, o percentual produzido pelas lanchonetes e restaurante
universitário no que tange aos resíduos orgânicos poderia ser reaproveitado e
reutilizado para compostagem e consequente produção de adubo sem nenhum custo
para a IES. Esse material poderia ser utilizado nas áreas verdes: “arborização-
diversidade, distribuição e vitalidade dos indivíduos florísticos” (MACHADO et al.,
2020).
As questões 6 e 7 do quadro 17 contradizem a resposta da prefeitura, a qual
afirma que a capina é feita diariamente na questão 7 do questionário II, aplicado ao
prefeito: “Que periodicamente um rapaz que tem uma roçadeira faz este trabalho de
roçar o mato do campus”. Observa-se ainda, na fala do representante da terceirizada,
que o serviço é periodicamente realizado por um terceiro, pessoa física. Por outro
lado, não é feita a capina, segundo o coordenador da terceirizada: “Não”. Ao ser
perguntado sobre a quantidade de pessoas (funcionários) envolvidos na limpeza do
campus, respondeu: “35 funcionários entre homens e mulheres.”
Já o coordenador da terceirizada mencionou “40 funcionários”, enquanto o
chefe de urbanismo respondeu que, “durante a pandemia, foi reduzido o número da
equipe da empresa terceirizada, bem como o seu rodízio''. Atualmente, se tiver 12
funcionários, não é suficiente para suprir a demanda”. Afirmou ainda que “a empresa
terceirizada é deficitária com suas obrigações e muitas vezes não atende às
cobranças ou à fiscalização quanto ao recolhimento dos sacos, que deveria ir logo
para o destino final, o que não acontece, ficando espalhado pelo campus”.
“De maneira aleatória” é feito o controle da quantidade de lixo a ser destinado,
de acordo com o respondente. As questões 9,10,11,12 e 13 (Quadro 18) combinam
com as questões respondidas pela prefeitura, a qual, conjuntamente com a empresa
87

terceirizada, afirma que 100% não fazem o controle da quantidade do lixo a ser
destinado, não sabem como é feito este controle do peso dos resíduos e não têm
planos para a realização do mesmo.

Quadro 18 – Respostas do representante terceirizada sobre a coleta de resíduos

Questões Respostas (2 respondentes)

É feito o controle da quantidade de lixo a ser destinado? Não (100%)

Se não, já foi feito? Não (100%)

Tem planos para realização? Não (100%)

É feito o controle do peso específico dos resíduos Não (100%)


coletados?

A destinação final do lixo no campus ocorre em áreas Sim (50%) e Não (50%)
demarcadas pela UESPI?

Fonte: Elaborado pela autora

Não é feito também o controle do peso específico dos resíduos coletados,


conforme o quadro 18. Quanto à destinação final do lixo no campus em área
demarcada (Quadro 18 – questão 14),” É depositado apenas 50% na lixeira, para
depois ser recolhido”. Entrevistado: “que não há local específico para pesar ou
mensurar o lixo”. O que existe é a lixeira do campus na qual são colocados os sacos
pretos acondicionados, para não ficarem espalhados pelo campus (Figura 25).
Segundo o chefe do urbanismo, representante da terceirizada, “dentro de 03 (três)
dias a lixeira do campus fica lotada de sacos”.

Figura 25 - Lixeira do campus Torquato Neto

Fonte: Acervo da autora.


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Quanto ao destino dos resíduos perigosos gerados nos laboratórios dos cursos
de Química e Biologia, o respondente salientou que “Não tem destino certo, ainda
estamos aguardando convênio com uma empresa especializada. Até o presente
momento, os resíduos produzidos e gerados nos laboratórios estão acondicionados,
no próprio laboratório, em uma sala específica aguardando o transporte. Isto porque
o contrato com a empresa especializada não foi renovado. Este material está
esperando que fechem um convênio com uma empresa especializada para recolher e
dar um destino correto do mesmo” (chefe do urbanismo).
Salientam Machado et al. (2020) que

Muito se discutiu sobre o incorreto destino dos descartes laboratoriais, a falta


de expurgo nos laboratórios para descarte do lixo químico e contaminante,
sendo os mesmos despejados direto nas pias destes laboratórios. Ressaltou-
se a necessidade de promover o reuso ou reciclagem de certos resíduos,
reduzindo o volume de lixo produzido e promovendo ações ambientalmente
corretas.

As IES operam com enorme variedade de produtos químicos, gerando assim


uma grande diversidade de materiais residuais químicos, o que dificulta forma, o seu
tratamento (ALBUQUERQUE NETO et al., 2015, BARBOSA et al., 2003, GERBASE
et al., 2005, LIMA, 2009, OLIVEIRA JUNIOR, 2012). Vaz et al. (2010) e Oliveira Junior
(2012) complementam que, na maioria das IES, a gestão de resíduos químicos
inexiste devido à falta de fiscalização dos órgãos componentes, e, dessa forma, o
descarte inadequado continua sendo praticado.
Constata-se uma desinformação da prefeitura e da terceirizada quanto ao
percentual produzido pelo restaurante universitário e as lanchonetes do campus,
apesar de afirmarem a quantidade de pessoas circulando pelo campus e,
consequentemente, consumindo nesses locais e realizando atividades geradoras de
resíduos sólidos e orgânicos, conforme as respostas do prefeito, dos representantes
da terceirizada e do entrevistado, respectivamente: “Não temos conhecimento, dessa
natureza”, “não sei mensurar”, “Que não sabe dizer o percentual produzido pelo
restaurante universitário e lanchonetes...e que antes da pandemia havia 10.000(dez
mil) pessoas circulando pelo campus […]” .
As respostas desses respondentes acima se contradizem, pois, enquanto um
afirma que é realizada a coleta dos resíduos no campus com separação (100%), o
outro, enfaticamente, responde que “não” (coordenador da terceirizada).
89

Quadro 19 – Respostas do representante da terceirizada sobre a coleta de resíduos

Questões Respostas (2 respondentes)

No campus Torquato Neto, há coletores suficientes separados Não (100%)


por cores para a coleta seletiva?

Há parcerias com catadores, cooperativas ou associações Não (100%)


dentro do campus?

Há programas ou projetos que qualificam os colaboradores da Não (100%)


LIMPEL sobre o tratamento, separação, acondicionamento, e
destinação adequada dos resíduos gerados na UESPI?

Participaria da elaboração de um plano de gerenciamento Sim (50%) e Não (50%)


integrado de resíduos sólidos (PGIRS) no campus?

Fonte: Elaborado pela autora.

Ao ser questionado sobre o número de coletores de resíduos distribuídos no


campus, o prefeito informou a existência de “um cesto por sala e em torno de seis
tambores”, sendo que foi observado que alguns tambores estão desgastados pela
ferrugem, enquanto outros são considerados imprestáveis, conforme se comprova
com a figura 26A. Além disso, “não sabe informar o número de coletores de lixo
distribuídos no campus” e “que no campus não há coletores suficientes separados
por cores para a coleta seletiva” (representantes da terceirizada entrevistados),
conforme o quadro 19 - questão 9.

Figura 26 – Registros das condições de limpeza do campus

Fonte: Acervo da autora.


Legenda: A: Tambor de lixo furado embaixo e em cima, virado de ponta cabeça, tornando-se
inutilizável. B: Gato sobre a mesa da lanchonete.
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As respostas demonstram a necessidade de maior quantidade de cestos de


lixo nos diversos setores da IES, bem como de mais coletores separados por cores,
para a devida coleta seletiva. De acordo com as respostas dos respondentes ao
questionário I, questões 10, 11, 14, 15 e 16, uma das dificuldades para se separar
os resíduos sólido e orgânico é a falta de coletores separados por cores, além da
dificuldade de se encontrarem mais lixeiras disponíveis no campus, como se verifica
nas respostas às questões 16 e 17: “mais distribuição de lixeiros de coleta seletiva”;
“[...] lixeiras maiores ou mais de uma lixeira nas salas”; “mais lixeiras nos corredores”;
“ter mais lixeiras para o descarte de materiais separados”. Indicam ainda, nas
questões 14 e 15, que os locais onde os usuários realizam o descarte de resíduos
estão nas lanchonetes, nas salas de aula e no restaurante universitário. Essa
resposta corrobora as respostas do questionário I (questão 16), em que os
respondentes relatam carência de coletores com cores para a coleta seletiva, já que,
em todo o campus, há apenas um.
Não há parcerias, até o presente momento, entre IES e associação de
catadores ou cooperativas para a reciclagem dos materiais gerados, conforme
resposta do coordenador da terceirizada: “não” (Quadro 19 – questão 21). No
questionário I, os respondentes sugerem “Fazer parceria com alguma cooperativa ou
coletivo de catadores para melhor reaproveitamento dos recicláveis”.
O respondente não mencionou qual o órgão público responsável pelo
recolhimento do lixo, limitando-se a dizer que o recolhimento é feito “duas vezes por
semana”. Acrescentou que “todo o lixo de folhas, podas e galhos de árvores que é
recolhido no campus vai para o aterro sanitário duas vezes por semana”, mas não
menciona quantas vezes os outros resíduos são recolhidos durante a semana de
acordo com sua classificação. Completou ainda que “duas a três vezes ao ano, a
empresa terceirizada faz treinamentos com técnicos de segurança do trabalho para o
uso dos EPIs” e que são, ao todo, 223 prestadores de serviços da terceirizada, mas
no campus Torquato Neto há apenas 40 prestadores (coordenador da terceirizada),
conforme o quadro 19 – questão 23.
O respondente também não informou o destino dado aos dejetos dos gatos
moradores do campus, afirmando que “Não temos como comentar, pois existe
cuidadores dos mesmos, um grupo de seis a oito pessoas”. O chefe do urbanismo
respondeu à entrevista que os funcionários da terceirizada limpam os dejetos,
recolhem-nos e os colocam, misturados, nas lixeiras. Também informou que “alguns
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funcionários já pegaram doenças de pele nas mãos e braços por conta do contato
com as fezes contaminadas dos gatos”. Outro representante da terceirizada
respondeu que “o projeto de adoção dos gatos abandonados é da Associação dos
Docentes da UESPI (ADCESP) é questão de gestão, sendo que a terceirizada faz
apenas a limpeza básica, lavar e recolher os dejetos”, o que é confirmado nas figuras
26B e C.
Segundo Machado et al. (2020), o abandono de vários representantes das
espécies Felis silvestris (gato doméstico) e Canis familiaris (cachorro) nos diversos
setores do campus é preocupação significativa em boa parte dos participantes da
comunidade acadêmica, sendo destacado que essa situação engloba questões de
saneamento básico, cuidados com a saúde animal e perigos à saúde humana.
Evidencia-se assim a necessidade de um planejamento adequado pelo órgão
responsável no trato com esses animais, ou até mesmo uma campanha de adoção.
Foi respondido pelo coordenador da terceirizada que a coleta de resíduo
realizada pela empresa é 100% mista: “sólidos, como folhas, papel etc.”. Ainda de
acordo com o entrevistado, “o contrato da terceirizada é apenas para recolher folhas,
galhos e podas das árvores"; “o lixo orgânico e inorgânico era recolhido antes da
pandemia por uma outra empresa particular, mas que no momento está suspenso
este serviço”; “o papel da terceirizada é varrição e limpeza geral, ou seja, prestar
serviços gerais no campus Torquato Neto”; “a mesma fornece as lixeiras, produtos e
sacos de lixo”; “as podas e galhos das árvores recolhidos pelo motorista do caminhão
eram vendidos para as padarias para virar lenha".
Ao ser solicitado a inserir os materiais coletados pela terceirizada que podem
ser reciclados, o respondente mencionou “galhos, folhas, papel etc.” Percebe-se na
resposta o desconhecimento do processo de reciclagem, visto que galhos e folhas
não são materiais recicláveis, apenas o papel.
Observa-se, por parte dos respondentes, o desinteresse, a desinformação, ou
o desconhecimento acerca do que significa ou qual a finalidade de um PGRS, ao
afirmarem que não participariam ou que talvez participariam da elaboração do mesmo,
conforme o quadro 19 – questão 28, além de informarem “que não há nenhum plano
de gestão documentado” e “que talvez participaria do PGRS”. (coordenador da
terceirizada).
Ao enumerar as principais sugestões da terceirizada para a redução dos
resíduos no campus Torquato Neto, o respondente e os entrevistados
92

respectivamente forneceram algumas sugestões: “aumento no recolhimento do lixo


descartado dentro do campus”; “adotar a prática da coleta seletiva e não mista, para
facilitar também na outra ponta quem recebe o lixo”; "deveria ter um aumento
quantitativo de prestadores e coordenadores da terceirizada no campus”; “a
terceirizada deveria colocar três caminhões para o recolhimento das folhas, galhos e
podas das árvores".
Diante das dificuldades que a terceirizada encontra para a realização da coleta
dos resíduos no campus, foram enumeradas sugestões pelo respondente, como
“aumentar o efetivo de pessoal no combate à sujeira”. Embora todos os resultados
apresentados tenham se mostrado significativos, a realidade presenciada no ambiente
institucional do campus Poeta Torquato Neto, da Universidade Estadual do Piauí, é
bem diferente: não há na IES nenhum programa de conscientização sobre gestão de
resíduos, ou mesmo de reciclagem ou coleta seletiva. Todos os resíduos gerados no
campus são destinados para um único lugar, sem qualquer tipo de separação na fonte
geradora, além do declarado desconhecimento sobre reciclagem e PGRS.

4.4 Comparação entre a atual gestão de resíduos na IES e as diretrizes das


legislações

Pode-se perceber, nos resultados I, II e III, e nas observações feitas pela


pesquisadora, que a universidade é geradora de vários tipos de resíduos sólidos e
orgânicos, necessitando então de uma gestão ambiental de resíduos mais eficiente
com base em um PGRS, fundamentada, sobretudo, nas exigências e diretrizes das
legislações pertinentes à gestão e ao gerenciamento de resíduos.
A Resolução Conama 307/2002, inciso V, define gestão de resíduos e
gerenciamento de resíduos, respectivamente:

[...] sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos,


incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e
recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao
cumprimento das etapas previstas em programas e planos [...].
o Gerenciamento de resíduos sólidos como sendo “conjunto de ações
exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte,
transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”
(BRASIL, 2002).

A atual gestão ambiental da universidade mostra-se, nesse sentido, ineficiente,


carecendo de planejamento para reduzir, reciclar ou reutilizar os resíduos. Tampouco
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cumpre as etapas do gerenciamento dos resíduos tais como transporte, transbordo,


tratamento e destinação final ambientalmente adequada, uma vez que não há PGRS,
sendo todos os resíduos coletados misturados através da coleta mista (comum)e
acondicionados nos sacos de cor preta para o transporte em um caminhão, apenas
duas vezes por semana. Não há varrição diárias do campus, nem separação dos
resíduos sólidos dos orgânicos ou coleta seletiva. Tudo é misturado e acondicionado
em sacos que são depositados em uma única lixeira destinada no campus.
A IES não trabalha com reciclagem interna de resíduos, não mantém parcerias
com associações, ONGS ou cooperativas de catadores para realizar esse trabalho de
triagem e também não realiza compostagem com os resíduos orgânicos provindos
das lanchonetes e restaurante universitários, os quais poderiam se transformar em
adubo para a arborização, com redução de custos para a IES em parceria com os
cursos de ciências agrárias.
O Decreto-lei 5.940/2006 institui a separação dos resíduos recicláveis
descartados pelos órgãos e entidades da Administração pública na fonte geradora e
sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis.
Considerando a relevância da coleta seletiva solidária e os resíduos recicláveis
descartados pela Administração pública, o art. 2º reza:

I - Coleta seletiva solidária: coleta dos resíduos recicláveis descartados,


separados na fonte geradora, para destinação às associações e cooperativas
de catadores de materiais recicláveis;
II - Resíduos recicláveis descartados: materiais passíveis de retorno ao seu
ciclo produtivo, rejeitados pelos órgãos e entidades da administração pública
federal direta e indireta (BRASIL, 2006).

Materiais que seriam descartados no campus da universidade, a exemplo de


tonners, cartuchos, vidros, papéis, poderiam ser reaproveitados ou reutilizados para a
obtenção de algum ganho na reciclagem, além de gerar emprego com essa atividade,
alcançando a dimensão social, ao propiciar dignidade e cidadania a quem não tem
oportunidade de trabalho.
Segundo a Resolução Conama 307/2002, inciso II, “[...] plásticos, papel,
papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso,
são resíduos Classe B, recicláveis para outras destinações” (BRASIL, 2002),
convergindo com o art. 11 do Decreto 7404/10: “O sistema de coleta seletiva de
resíduos sólidos priorizará a participação de cooperativas ou de outras formas de
94

associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis constituídos por


pessoas físicas de baixa renda.” (BRASIL, 2010)
Movimentando a chamada “economia circular”, que tem a reciclagem como um
importante instrumento a garantir a sobrevivência de milhões de pessoas, os
catadores vêm encontrando no modelo cooperativo uma nova forma de organização
que traz melhores condições de trabalho, além de uma maior renda e apoio mútuo.
Nesse sentido, não há, na IES, campus Torquato Neto, até o presente momento,
nenhuma parceria com cooperativas de reciclagem, o que é lamentável, pois se
poderia auxiliar essas cooperativas e movimentar o setor econômico e social além de
desenvolverem uma profissionalização adequada.
Também não há controle do peso dos resíduos, destinação dos resíduos
laboratoriais e controle da quantidade dos resíduos gerados, conforme exige o art. 35
do Decreto 7404/10:

Art. 35: Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deverá ser observada


a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).

Observou-se ainda uma carência de fiscalização mais rígida por parte da


prefeitura em relação ao trabalho da terceirizada, que deixa muito a desejar no tocante
à limpeza. Por sua vez, os terceirizados carecem de treinamento, qualificação,
capacitação, uso de EPIs e pagamento dos seus salários em dia.
Quanto ao consumo de bens e serviços, a comunidade acadêmica necessita
de conscientização e sensibilização, o que pode se realizar com campanhas de
educação ambiental sobre o descarte adequado dos resíduos, de acordo a Lei
12.305/10 e a Resolução Conama 307/2002, respectivamente:

Art. 6 Os consumidores são obrigados, sempre que estabelecido sistema de


coleta seletiva [...] a acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os
resíduos sólidos gerados e a disponibilizar adequadamente os resíduos
sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução.
Art. 42. As ações desenvolvidas pelas cooperativas ou outras formas de
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis no âmbito do
gerenciamento de resíduos sólidos das atividades relacionadas deverão estar
descritas, quando couber, nos respectivos planos de gerenciamento de
resíduos sólidos.
Parágrafo único. Para o atendimento do disposto nos incisos II e III do caput,
poderão ser celebrados contratos, convênios ou outros instrumentos de
colaboração com pessoas jurídicas de direito público ou privado, que atuem
na criação e no desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de
95

associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, observada a


legislação vigente. (BRASIL, 2010).
...........................................................................................................................
Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de
resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o
tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada
dos rejeitos. (BRASIL, 2002).

Conforme o art. 5º do Decreto 7404/10, “Os fabricantes, importadores,


distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são responsáveis pelo ciclo de vida
dos produtos.” (BRASIL, 2010). Isso significa que o gerador dos resíduos tem o dever
de os identificar, quantificar, fazer a separação e acondicionamento, garantindo o
confinamento após a geração até a etapa de transporte, assegurando, em todos os
casos em que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem. O
transporte deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de
acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos, cuidando-se
da destinação correta. Reza o art. Inciso VIII da Lei 12.305/2010 “o reconhecimento
do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social,
é gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania”.
Quanto aos resíduos perigosos gerados no laboratório dos cursos de Biologia
e Química, estão acondicionados, esperando que a IES renove um contrato com uma
empresa especializada no transporte desse tipo de resíduos, conforme exige a Lei
12.305/10, porém o art. 38 do Decreto supramencionado: Os geradores de resíduos
sólidos deverão adotar medidas que promovam a redução da geração dos resíduos,
principalmente os resíduos perigosos, na forma prevista nos respectivos planos de
resíduos sólidos e nas demais normas aplicáveis. (BRASIL, 2010).
Como os resíduos perigosos exigem cuidados rigorosos, sua triagem deve ser
realizada por profissional habilitado em saúde e segurança do trabalho. A atividade
deve ser realizada com equipe interna e empresa especializada contratada conforme
rezam os art. 64 e 65 da mesma lei:

Consideram-se geradores ou operadores de resíduos perigosos


empreendimentos ou atividades:
I - cujo processo produtivo gere resíduos perigosos;
II - cuja atividade envolva o comércio de produtos que possam gerar resíduos
perigosos e cujo risco seja significativo a critério do órgão ambiental;
III - que prestam serviços que envolvam a operação com produtos que
possam gerar resíduos perigosos e cujo risco seja significativo a critério do
órgão ambiental;
96

IV - que prestam serviços de coleta, transporte, transbordo, armazenamento,


tratamento, destinação e disposição final de resíduos ou rejeitos perigosos;
ou
As pessoas jurídicas que operam com resíduos perigosos, em qualquer fase
do seu gerenciamento, são obrigadas a elaborar plano de gerenciamento de
resíduos perigosos [...].
Parágrafo único. O plano de gerenciamento de resíduos perigosos poderá
ser inserido no plano de gerenciamento de resíduos sólidos.
II - quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade a
b) Ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; [...]
(BRASIL, 2010).

A empresa terceirizada, por sua vez, realiza um manejo inadequado dos


resíduos, conforme pode ser verificado nos resultados, com a possibilidade de gerar
problemas ambientais e de saúde pública. A gestão atual da IES não desenvolveu o
estabelecimento de um sistema de coleta seletiva, destinação correta dos resíduos,
ou mesmo o seu reaproveitamento através da reciclagem e compostagem, deixando
de contribuir com o desenvolvimento sustentável e qualidade de vida dos stakeholders
ou com a melhoria da imagem da IES, campus Torquato Neto, frente às questões
ambientais e sustentáveis, conforme determina o Decreto 7404/10, no inciso 9º,
parágrafo 1º.

A coleta seletiva dar-se-á mediante a segregação prévia dos resíduos sólidos,


conforme sua constituição ou composição.
§ 1o A implantação do sistema de coleta seletiva é instrumento essencial para
se atingir a meta de disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
(BRASIL, 2010).

Restos de comida, cascas de frutas, frutas e outros alimentos são


constantemente jogados nas lixeiras, sem nenhum aproveitamento, tal como a
compostagem, não havendo por parte da prefeitura ou da terceirizada um programa
de compostagem para reaproveitamento das sobras de alimentos das lanchonetes e
do restaurante universitário. Tudo é descartado nas lixeiras. Também não há nenhum
curso de graduação, pós-graduação ou projeto de extensão e pesquisa em que se
realize o serviço de compostagem, processo de reciclagem do lixo orgânico que se
transforma em adubo natural, podendo ser usado na agricultura, em jardins e plantas,
substituindo o uso de produtos químicos. Esse adubo poderia ser aproveitado, a título
de sugestão, nos jardins da IES, reduzindo custos para a mesma.
Quanto à ausência de um PGRS na IES, a PNRS, regulamentada pelo Decreto
Federal nº 7.404/2010, é o marco legal para a gestão de resíduos sólidos no país
97

estabelecendo algumas diretrizes sobre o manejo adequado de resíduos, além de dar


base para o plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS), o qual é obrigatório
para empresas privadas e instituições públicas, estabelecendo a responsabilidade dos
geradores e do poder público.
Estão sujeitas a essa lei tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas,
consideradas responsáveis pela geração dos resíduos sólidos ou o gerenciamento
destes. Conforme o art. 3o, para os efeitos desta lei, entende-se por “I - Coleta seletiva:
a coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição e
composição”, consistindo, principalmente, na separação dos resíduos no momento de
sua formação e no local de sua geração. Essa etapa leva em consideração
características físicas, químicas, biológicas, estado físico e os riscos que o resíduo
envolve. Isso permite reduzir o volume de resíduos que necessitam de manejo
diferenciado, diminuindo também os custos com o tratamento desses resíduos, tendo
como objetivo principal a reciclagem dos seus componentes.
A destinação de resíduos inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a
recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos
órgãos competentes, entre elas a disposição final, observando-se normas
operacionais específicas, de modo a se evitarem danos ou riscos à saúde pública e à
segurança, minimizando ainda os impactos ambientais adversos.
Outro tipo de destinação é o aterro controlado, que mitiga os odores e diminui
os riscos para a saúde pública, mas não trata o chorume. Assim, é preciso que, ao se
descartar os resíduos, essa substância receba uma destinação final ambientalmente
correta. Tem-se aí um dos passos necessários para alcançar o comprometimento com
a sustentabilidade.
Por outro lado, a disposição final ambientalmente adequada de rejeitos deve
ser feita somente com resíduos que não são mais passíveis de tratamento, ou seja,
os rejeitos para os quais não seja possível outro tipo de destinação a não ser a
disposição em aterros. A tradicional e mais conhecida disposição é o lixão, que
consiste em depositar o lixo em solo a céu aberto, atraindo pessoas que vivem da
reciclagem.

IX - geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito


público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades,
nelas incluído o consumo;
X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta
ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e
destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição
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final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal


de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de
resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei;
XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que
envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou
biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos,
observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos
competentes;
XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as
possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos
disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade
que não a disposição final ambientalmente adequada;
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados
sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
XVIII - reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem
sua transformação biológica, física ou físico-química, observadas as
condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes;
Art. 4o A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios,
objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo
Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito
Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. (BRASIL,
2010, grifo nosso).

Vê-se que a PNRS atua em regime de cooperação com o município, com vistas
ao gerenciamento ambientalmente adequado de resíduos sólidos. Teresina possui o
plano municipal de gerenciamento de resíduos sólidos (TERESINA, 2018), com a
finalidade de desenvolver, com os órgãos públicos e privados, a gestão integrada e o
gerenciamento dos resíduos sólidos. Integra ainda a Política Nacional do Meio
Ambiente e articula-se com a Política Nacional de Educação Ambiental: “Art. 7 o São
objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: I - não geração, redução,
reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos; [...]”
A universidade deveria seguir a seguinte ordem de prioridade no
gerenciamento de resíduos: não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, mas a gestão
atual não cumpre esse programa, conforme os dados evidenciados nas seções
anteriores.
Os resíduos apresentam as seguintes propriedades de periculosidade:
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. A gestão
integrada consiste em um conjunto de ações e procedimentos adotados em nível
99

estratégico, visando soluções para os resíduos. Para viabilizar essas ações, é


imprescindível considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e
social, sob a premissa do desenvolvimento sustentável. O art. 8 o, inciso I, parágrafo
2° enfatiza que são instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre
outros: os planos de resíduos sólidos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos e as
Políticas de Resíduos Sólidos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios serão
compatíveis com o disposto no caput e no § 1o deste artigo e com as demais diretrizes.
A universidade em estudo neste trabalho necessita cumprir de forma reativa às
exigências da legislação vigente, principalmente, quanto à atual gestão ambiental do
campus Torquato Neto, carecedora de conhecimento acerca do gerenciamento
adequado dos resíduos. Outro fato a considerar é a inexistência de um plano de
gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS), de que, conforme os resultados I, II, III, a
maioria dos respondentes não tem conhecimento, não atentando para sua importância
para a IES, o que se revela na resposta de um participante da pesquisa de que “talvez”
participaria de uma elaboração do plano.
A separação na fonte e a coleta seletiva são grandes gargalos para a eficiência
de um sistema de gestão de resíduos. Os prestadores de serviços responsáveis pelo
restaurante universitário, lancherias e lanchonetes do campus Torquato Neto geram
diariamente uma quantidade significativa de resíduos sólidos e orgânicos tais como:
embalagens, latas, papéis, garrafas pets, tampinhas de garrafas, restos de comida,
dentre outros, sem uma preocupação ambiental com o descarte e destinação
adequados.
Para reduzir o impacto desses resíduos sólidos no meio ambiente, reza a Lei
12.305/2010, no art. 1º, parágrafo 1º,

Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de


direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela
geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à
gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos. (BRASIL, 2010).

As empresas ou instituições públicas ou privadas são responsáveis por evitar


que resíduos sejam descartados de maneira incorreta ou transformados em lixo,
quando podem ser reutilizados ou reciclados, assim como também devem criar
estratégias para minimizá-los.
100

Além dos impactos diretos para as organizações, como citado, a falta de um


gerenciamento de RSU apropriado na IES pode prejudicar tanto o meio ambiente
quanto a comunidade acadêmica.
O art. 3º da referida lei define:

XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para


a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle
social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável; (Grifo nosso)

Por meio da gestão compartilhada, a PNRS responsabiliza os diferentes atores


pelos resíduos gerados, bem como seu destino, além do pré-consumo e do pós-
consumo, pois todos os agentes se responsabilizam com a diminuição do volume de
resíduos sólidos gerados e com a consequente redução dos impactos ambientais
causados à saúde humana pelo ciclo de vida dos produtos. A gestão compartilhada
de resíduos engloba a formulação e a implementação compartilhada de estratégias
voltadas para o gerenciamento adequado de RSU, envolvendo as áreas de educação,
saúde, meio ambiente, promoção de direitos, geração de emprego e renda e
participação social.
Assim, todos os geradores, individual e coletivamente, além daqueles que
atuam direta ou indiretamente em qualquer etapa do ciclo de vida dos produtos, são
responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos, obviamente considerando-se a
especificidade de cada um na cadeia de produção.
A responsabilidade pelo gerenciamento de resíduos é, portanto, dividida entre
o poder público e o privado. A lei prevê que os responsáveis pelo gerenciamento de
resíduos, todos os que participam do ciclo de vida de um produto, deem cumprimento
às exigências da PNRS. Isso quer dizer que, desde a produção até o consumo, todos
os atores desse ciclo, fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e
consumidores, assumem diferentes responsabilidades. O consumidor final deve
destinar corretamente os resíduos gerados para que possam ser reutilizados
(reaplicação de um resíduo sem transformação do mesmo) e ou reaproveitados. A
responsabilidade compartilhada consiste em atribuições individualizadas e
encadeadas que são desempenhadas por todos os participantes envolvidos no
processo produtivo, desde a fabricação de um produto até sua destinação final.
De acordo com a Resolução Conama nº 313,
101

Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a


busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle
social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável. (BRASIL, 2002).

Cumprir com a legislação ambiental, além de evitar prejuízos, sanções e


multas, contribui para os resultados das instituições, já que há uma otimização da
imagem perante o mercado, e auxilia na preservação ambiental. Todas as IES são
responsáveis pelo cumprimento da PNRS, devendo elaborar o plano de gestão de
resíduos (PGRS) para evitar uma série de prejuízos e contribuir com a preservação
do meio ambiente e com a qualidade de vida da população. Deve, pois, ser implantado
um gerenciamento de resíduos sólidos integrado, sustentável economicamente,
socialmente justo, e ambientalmente eficiente.
Do ponto de vista constitucional a responsabilização do poluidor pelo dano
ambiental é tríplice, ou seja, ocorrendo nas esferas penal, administrativa e civil.
Segundo o art. 225, parágrafo 3º da CF/88, “as condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados”. (BRASIL, 2019).
Na responsabilidade objetiva, é o poluidor obrigado, independentemente da
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente.
(BRASIL, 1981). De acordo com o art. 3º. inciso III da lei 9.785/99, cabe “II - às
instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos
programas educacionais que desenvolvem; [...]” (BRASIL, 1999). Por isso a
importância de os bons exemplos de ações sustentáveis a partir das IES e se
propagarem para os públicos interno e externo. Nesse sentido, minimizar os impactos
ambientais gerados pelo descarte incorreto dos resíduos sólidos produzidos na IES,
adotar uma política ambiental de gerenciamento de resíduos sólidos e orgânicos e
ministrar práticas pedagógicas de educação ambiental são alternativas sustentáveis
para executar com alunos, professores e funcionários, ações simples que contribuam
com a sustentabilidade e a função socioambiental da IES no tripé de ensino, pesquisa
e extensão.
A responsabilidade socioambiental é um elemento essencial dentro de uma
IES, pois é por meio dela que ocorrem as articulações para a garantia de práticas que
102

possam garantir o bem comum, com ações de preservação e conservação do meio


ambiente (CALDAS, 2019).
Portanto, por ser uma universidade pública, objeto deste estudo, tem, além da
responsabilidade social, educativa, a responsabilidade ambiental, fundamentada nas
leis ambientais. Trata-se de um compromisso social e jurídico com mudanças que
devem acontecer nas políticas da corporação e na cultura da IES, pensando na
preservação do meio ambiente e no mundo que será deixado para as gerações
futuras.
A Lei 9.795/99 prevê que a educação ambiental faça parte das ações
interinstitucionais, na busca de levar ao conhecimento das pessoas a
responsabilidade com a geração e a disposição dos resíduos sólidos, ou seja, a
educação para o consumo consciente e a correta geração dos resíduos. No caput do
art. 1º, essa lei esclarece o seguinte:

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o


indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999).

A educação ambiental permite uma consciência crítica da sociedade acerca


das questões ambientais, visa a novas atitudes, práticas de preceitos ambientais e
minimização dos danos causados à natureza. Deve, pois, a universidade implementar
a educação ambiental nos seus diversos setores e junto à comunidade acadêmica,
adotando atitudes simples, como ensinar a importância da coleta seletiva e
disponibilizar lixeiras recicláveis, até outras mais complexas.
A Lei 9.795/99 instituiu o Programa Nacional de Educação Ambiental
(PRONEA) no Brasil, estabelecendo, no art. 77, a educação ambiental como um
componente da educação nacional. Desse modo, deve estar presente nas escolas de
ensino fundamental e médio, secretarias de educação, coordenações pedagógicas,
cursos universitários de graduação e pós-graduação, pesquisas de extensão,
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), divulgação de
material educativo, acompanhamento e avaliação.

A educação ambiental na gestão dos resíduos sólidos é parte integrante da


Política Nacional de Resíduos Sólidos e tem como objetivo o aprimoramento
do conhecimento, dos valores, dos comportamentos e do estilo de vida
103

relacionados com a gestão e o gerenciamento ambientalmente adequado dos


resíduos sólidos.
§ 2o O Poder Público deverá adotar as seguintes medidas, entre outras,
visando ao cumprimento do objetivo previsto no caput:
II - promover a articulação da educação ambiental na gestão dos resíduos
sólidos com a Política Nacional de Educação Ambiental;
III - realizar ações educativas voltadas aos fabricantes, importadores,
comerciantes e distribuidores, com enfoque diferenciado para os agentes
envolvidos direta e indiretamente com os sistemas de coleta seletiva e logística
reversa;
IV - desenvolver ações educativas voltadas à conscientização dos
consumidores com relação ao consumo sustentável e às suas
responsabilidades no âmbito da responsabilidade compartilhada de que trata
V - apoiar as pesquisas realizadas por órgãos oficiais, pelas universidades, por
organizações não governamentais e por setores empresariais, bem como a
elaboração de estudos, a coleta de dados e de informações sobre o
comportamento do consumidor brasileiro;
VII - promover a capacitação dos gestores públicos para que atuem como
multiplicadores nos diversos aspectos da gestão integrada dos resíduos
sólidos; e
VIII - divulgar os conceitos relacionados com a coleta seletiva, com a logística
reversa, com o consumo consciente e com a minimização da geração de
resíduos sólidos.
§ 3o As ações de educação ambiental previstas neste artigo não excluem as
responsabilidades dos fornecedores referentes ao dever de informar o
consumidor para o cumprimento dos sistemas de logística reversa e coleta
seletiva instituídos.
§ 2o Os consumidores que descumprirem as respectivas obrigações previstas
nos sistemas de logística reversa e de coleta seletiva estarão sujeitos à
penalidade de advertência.
§ 3o No caso de reincidência no cometimento da infração prevista no § 2o,
poderá ser aplicada a penalidade de multa, no valor de R $50,00 (cinquenta
reais) a R $500,00 (quinhentos reais).
§ 4o A multa simples a que se refere o § 3o pode ser convertida em serviços de
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
(BRASIL, 1999).

No que se refere aos gatos e cachorros soltos, moradores do campus, foi


sugerido pela comunidade acadêmica a construção de um gatil para abrigá-los,
evitando que fiquem abandonados pelos pátios, salas de aula e outros espaços do
campus. Conforme preconiza o art. 48 do Dec. 74074/10, é proibida, nas áreas de
disposição final de resíduos ou rejeitos, “[...] III - criação de animais domésticos”.
Nesse sentido, o abandono de cães e gatos no campus da IES traz problemas de
saúde pública e ambiental, afetando toda a comunidade acadêmica, visto que
ocasiona, principalmente, a proliferação de zoonoses, ataques aos transeuntes devido
à agressividade dos animais e a violação da legislação em defesa dos animais. A Lei
Federal 9.605/98, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, reza o seguinte, no art.
32:
104

Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,


domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel
em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem
recursos alternativos.
§ 1º A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas
no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e
proibição da guarda. (Incluído pela Lei nº 14.064, de 2020
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
(BRASIL, 1998).

A Lei Federal nº 14.064/2020 aumenta a punição para quem praticar ato de


abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais, com pena de dois a cinco anos de prisão,
além de multa e a proibição de guarda de novos bichos.
Animais domésticos ou domesticados são aqueles que vivem ou são criados
em casa e que passaram por um processo contínuo e sistemático de domesticação.
A legislação abrange animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
exóticos, incluindo cães e gatos, que acabam sendo os animais domésticos mais
comuns e as principais vítimas desse tipo de crime. A nova lei cria um item específico
para esses animais. Entende-se que, havendo como resultado morte de cão ou gato,
advindas da prática do art. 32 da Lei do Meio Ambiente, ainda se terá a pena
aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
Lembre-se que, conforme o § 1º-A do art. 32 da Lei nº 9.605/1998, trata-se de
um tipo penal qualificado (crime qualificado), em que a pena inicialmente prevista é
de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda. Assim, nas
condutas descritas no caput deste artigo, quais sejam, de praticar ato de abuso, maus-
tratos, ferir ou mutilar o cão e gato e que venha a ter o resultado morte, o agente
criminoso, além de responder pela conduta qualificada (novel A do art. 32, da Lei nº
9.605/1998), estará sujeito a causa de aumento de pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um
terço) (§ 3º do art. 32 da mesma lei), que convivem perfeitamente entre si. A lei prevê
ainda multa de R $2.000,00(dois mil reais) em caso de descumprimento da medida.
Tem-se assim um problema que, além de prejudicar o próprio animal, também
expõe os stakeholders a perigo. O que precisa ser revisto e colocado em prática são
políticas públicas e privadas que promovam medidas de conscientização sobre a
guarda responsável e os problemas de saúde pública e ambiental ocasionados pelos
animais moradores do campus, além de campanhas para castração dos animais a
baixo custo, a fim de controlar a população de caninos e felinos.
105

Portanto, diante das legislações supramencionadas, entende-se que a IES


necessita de um gerenciamento de RSU (resíduos sólidos urbanos) com base em um
PGRS conforme exigido pela PNRS, sobretudo fundamentada nas exigências e
diretrizes das legislações pertinentes à matéria a fim de realizar melhorias através de
ações práticas adotadas na gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) e resíduos
sólidos orgânicos (RSO) do campus Poeta Torquato Neto.
Como produto técnico (APÊNDICE F) elaborado pela pesquisadora, apresenta-
se, a seguir, um Infográfico educativo e informativo contendo sugestões, melhorias,
estratégias e ações para a implantação de um gerenciamento de RSU a ser adotado
no campus Torquato Neto.
A pesquisadora se compromete a protocolá-lo e enviá-lo ao diretor do Centro
de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) para que tome conhecimento e ciência do
mesmo. Além disso, pretende divulgá-lo junto à comunidade acadêmica, prefeitura do
campus e empresa terceirizada, através de palestras, oficinas de capacitação,
seminários e projetos de extensão, com a finalidade de sensibilizá-los e conscientizá-
los da importância de um gerenciamento no campus e, sobretudo, da educação
ambiental nas atividades rotineiras.
106
107

A pesquisadora também realizou, na “Semana de Integração da UESPI-2021”,


a palestra intitulada “Gerenciamento de resíduos sólidos e orgânicos segundo a Lei
da PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos”, conforme se comprova com a
108

declaração da Profa. Patrícia Caldas, coordenadora do Centro de Ciências Sociais e


Aplicadas (CCSA) da UESPI, campus Torquato Neto.
109

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do percurso metodológico escolhido – aplicação de questionários,


com triangulação de dados por meio de entrevista gravada semiestruturada, pesquisa
documental e observação participante –, acredita-se ter conseguido evidenciar
achados empíricos que permitiram responder à pergunta de pesquisa apresentada na
introdução deste trabalho qual seja: Qual a situação atual do gerenciamento de
resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados na Universidade Estadual do Piauí – campus
Poeta Torquato Neto, Teresina, Brasil?
Após verificar e identificar as falhas e dificuldades na gestão e gerenciamento
de resíduos do campus Torquato Neto, a partir dos resultados obtidos, foram
propostas sugestões de melhorias para a problemática do gerenciamento dos
resíduos no campus, a fim de minimizar os danos e impactos ambientais causados e
maximizar a qualidade ambiental, o bem-estar da comunidade acadêmica e o
enaltecimento da imagem da IES perante a comunidade. Logicamente as sugestões
mais propostas ao campus condizem com os problemas mais relevantes ali
identificados.
A universidade, sendo uma instituição de ensino, pesquisa e extensão, tem
como função primordial a educação e a transmissão do conhecimento, sendo seu
dever também conscientizar a comunidade acadêmica para uma nova relação com o
meio ambiente, de acordo com a PNRS e demais leis ambientais, normas, princípios
e resoluções que fundamentam o tema.
A Lei 12.305/10 estabelece a necessidade de se pensar a solução do problema
de forma integrada, mediante a gestão integrada dos resíduos, assumindo a IES um
papel transformador na promoção do desenvolvimento sustentável permanentemente,
com a participação do corpo acadêmico docente, discente e técnicos administrativos,
a fim de continuar operando sem comprometer o meio ambiente. Universidade,
sociedade e desenvolvimento sustentável caminham juntos, indissociáveis, criando
um espaço de construção, troca de conhecimentos e busca de novas alternativas e
estratégias de sustentabilidade ambiental nas práticas de ações ambientalmente
equilibradas, através de soluções/sugestões, e fortalecendo a educação ambiental
nas suas diversas interfaces com os stakeholders, que surgem no cenário como novos
atores de transformação no gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU).
110

Os resultados da pesquisa apontam que o campus Torquato Neto da UESPI,


no momento atual, precisa adequar-se às responsabilidades e exigências descritas
na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Vale ressaltar, entretanto, que,
mesmo sem existir uma política de resíduos sólidos estabelecida no campus, é
possível adotar práticas que poderão contribuir para a futura adequação da IES à
PNRS. Uma delas seria a coleta seletiva, com a qual se poderiam encaminhar os
resíduos sólidos recicláveis às associações ou às ONGs de catadores, onde é feito o
trabalho de seleção, com o devido aproveitamento para encaminhamento à
reciclagem.
Os resultados mostram que, quanto ao objetivo geral, identificou-se que não há
a adoção de práticas de gerenciamento de RSU no campus da Universidade. Já em
relação aos objetivos específicos, no que tange à legislação de resíduos sólidos,
verificou-se que não existe, na IES e no campus Torquato Neto, nenhum programa de
gerenciamento de resíduos implantado; observou-se também que os principais
resíduos sólidos gerados são papéis, garrafas de plásticos, copos descartáveis,
pilhas, baterias, borrachas, canetas, lápis, talheres de plásticos etc., além de resíduos
biodegradáveis das lanchonetes e restaurante universitário. Os dados demonstraram
ainda que todos os resíduos sólidos urbanos (RSU) e os resíduos sólidos orgânicos
(RSO) são destinados à única lixeira central do campus Torquato Neto.
Como sugestões de melhorias, propõe-se o levantamento quantitativo e
qualitativo dos principais resíduos sólidos (recicláveis e reutilizáveis) gerados pelas
atividades acadêmicas e pedagógicas, objetivando-se a mensuração econômica,
controle do peso, para assim realizar implantação de alternativas viáveis no tocante à
destinação desses resíduos. Também se propõe a extensão da pesquisa a toda a
comunidade acadêmica como um todo, verificando-se qual a situação dos campi
diante da geração de resíduos sólidos e orgânicos nos dias atuais e o que a IES
projeta para um futuro próximo.
Diante desses desafios, justifica-se uma prática pedagógica de educação
ambiental para todos os atores do processo de produção, geração, consumo,
segregação e descarte de resíduos, além da necessidade de elaboração de um
PGRS.
Os resultados da pesquisa revelaram que, apesar de a maioria dos
respondentes terem demonstrado algum conhecimento acerca de assuntos mais
pontuais relacionados ao gerenciamento dos resíduos sólidos, ainda é necessário
111

desenvolver um processo de sensibilização e conscientização dos stakeholders sobre


a temática, já que uma significativa parcela deles têm dificuldades de identificar os
tipos de resíduos gerados, classificá-los, descartá-los, reciclá-los e separá-los. De
fato, observou-se e comprovou-se que não há programas de coleta seletiva e
divulgação de informações sobre o assunto junto à comunidade acadêmica. Os
resíduos são encaminhados para a coleta municipal sem qualquer tipo de separação,
quantificação, classificação, mensuração ou controle e, em seguida, destinados ao
aterro sanitário. Isso demonstra uma postura de desperdício, ausência de gestão
ambiental e gerenciamento de RSU. Além disso, sendo o campus-sede situado na
capital do Piauí, tem a IES o dever de buscar ser exemplo para os demais campi
distribuídos pelo estado, sobretudo, em assunto tão relevante como este.
No tocante aos resíduos perigosos dos laboratórios dos cursos de Química e
Biologia, os mesmos estão à espera da renovação contratual com uma empresa
especializada para os recolher e realizar a destinação correta, visto que os resíduos
perigosos, tomando como base a NBR 10004 quanto a sua classificação, devem ser
levados para o aterro especial ou passar por tratamento antes do descarte, como o
coprocessamento, além da necessidade desses cursos elaborarem um PGSQL.
Por outro viés, a implementação de programas de coleta seletiva que
envolvessem todos os setores da universidade, através de um PGRS fomentado pela
prefeitura do campus, seria um importante passo no processo de normatização,
sensibilização e conscientização da comunidade acadêmica e empresa terceirizada.
A terceirizada, por sua vez, necessita treinar e capacitar os seus funcionários a fim de
que possam trabalhar alinhados com a prefeitura, discentes, docentes e técnicos,
realizando o manejo correto dos resíduos. Para isso é fundamental ampliar o seu
contrato com a IES, através de aditivos, a fim de que seja feito todo e qualquer tipo de
limpeza de resíduos e manejo, bem como o transporte, e não apenas de “folhas e
galhos”, conforme a fala de um dos entrevistados da terceirizada (Resultado III), além
do uso dos EPIs para proteção e segurança dos trabalhadores.
A inserção de coletores personalizados com cores para cada tipo de resíduo,
classificados e distribuídos em cada sala de aula, pátios, estacionamentos,
lanchonetes, restaurantes, também poderia ser um impulsionador de atitudes
comportamentais mais coerentes com o meio ambiente por parte da comunidade
acadêmica.
112

A construção de um gatil para abrigar os cães e gatos soltos pelo pátio, ou a


prática de adoção/castração, atenderia de forma reativa à Lei 1.095/19, de proteção
aos animais vítimas de maus tratos.
Uma fiscalização mais eficiente da prefeitura no que se refere à limpeza do
campus realizado pela terceirizada surtiria um efeito mais positivo e visível na IES,
contribuindo com a sua imagem, além da ingerência de recursos financeiros por parte
da administração superior a fim de viabilizar toda a logística estrutural e infraestrutura
de implementação de gerenciamento de RSU no campus-sede, atendendo de forma
reativa ao tripé do desenvolvimento sustentável (social, econômico, ambiental) e
transformando numa universidade mais comprometida com a sustentabilidade e o
desenvolvimento sustentável.
Diante desses desafios, conclui-se que a IES, mediante a implementação
dessas sugestões relevantes e propostas, deveria priorizar essas ações através de
políticas públicas, a fim de mitigar os impactos ambientais no campus Poeta Torquato
Neto, de forma sustentável.
113

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APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM REPRESENTANTE DA


EMPRESA TERCEIRIZADA

Entrevistadora: Pesquisadora Leyde Renê Nogueira Chaves


Entrevistado 1: Chefe do Urbanismo

● Há coleta seletiva no campus?


● Qual a quantidade do resíduo sólido (lixo) gerado no campus?
● Há um local específico no campus (área demarcada) para pesar ou mensurar
o lixo?
● Qual o número de coletores de lixo distribuídos no campus?
● Qual a destinação final dos resíduos do campus Torquato Neto?
● A capina é feita diariamente?
● Quantos funcionários da empresa terceirizada trabalham no campus?
● Qual o destino dos resíduos perigosos dos laboratórios de química e biologia?
● Como é feito o manejo dos dejetos dos gatos e cachorros moradores do
campus?
● Há processo de reciclagem no campus?
● Quais as suas sugestões para a melhoria da gestão dos resíduos no campus?
124

APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM REPRESENTANTE DA


EMPRESA TERCEIRIZADA

Entrevistado 2: Coordenador da empresa terceirizada no campus, chefe do DSG


(Departamento de Serviços Gerais)

● Qual o foco obrigacional do contrato de prestação de serviços da terceirizada?


● Como se realiza a coleta do lixo no campus Torquato Neto?
● É feita a mensuração do peso do lixo coletado pela terceirizada?
● Há algum plano de gestão documentado para o campus?
● Qual o destino dos resíduos perigosos dos laboratórios dos cursos de Química
e Biologia?
● Qual a quantidade de lixo no campus?
● Resíduos como tonners e cartuchos têm recolhimentos específicos?
● É realizada a reciclagem ou o reaproveitamento de resíduos no campus?
● A varrição no campus realizada pela terceirizada é feita diariamente?
● A capina também é feita diariamente?
● Qual é o número de funcionários da terceirizada envolvidos na limpeza do
campus?
● É feito o controle da quantidade de lixo?
● Qual o tipo de coleta de resíduo aplicada pela terceirizada no campus?
● Há programas ou projetos que qualifiquem os colaboradores da terceirizada?
● Qual o destino dos resíduos perigosos dos laboratórios dos cursos de Química
e Biologia?
● Qual o percentual do lixo produzido pelo restaurante universitário e
lanchonetes?
● É realizada separação do lixo orgânico do inorgânico?
● Qual a quantidade de coletores de lixo distribuídos no campus?
● No campus há coletores suficientes separados por cores para a coleta seletiva?
● Há parcerias com catadores, cooperativas ou associações dentro do campus?
● Qual o órgão público responsável pelo recolhimento final do lixo?
● Há programas ou projetos que qualifiquem os colaboradores da terceirizada
sobre o tratamento, separação, acondicionamento e destinação adequada dos
resíduos gerados na UESPI?
● Você participaria da elaboração e ou implementação de um plano integrado de
gestão de resíduos sólidos (PGRS) para a universidade - campus sede?
● Como é feita a limpeza dos dejetos dos gatos e cachorros moradores do
campus?
● Há processo de compostagem no campus?
● Que sugestões você poderia enumerar para melhorar a gestão dos resíduos
no campus?

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO GOOGLE FORMS PARA OS


REPRESENTANTES DA EMPRESA TERCEIRIZADA
125

1.“A separação correta e criteriosa dos resíduos sólidos é uma etapa fundamental
para o manejo dos resíduos''. Nesse sentido, como funciona a coleta do lixo no
campus Torquato Neto, realizada pela empresa LIMPEL?
a) Com separação dos tipos de resíduos e acondicionamento dos sacos.
b) Sem separação dos tipos de resíduos e acondicionamento dos sacos.

2. “Os resíduos sólidos exigem, pois, um sistema de controle desde a geração,


acondicionamento na fonte, coleta, transformação, processamento, recuperação e
disposição final”. Nesse caso, qual a quantidade de cada tipo de resíduo sólido (lixo)
gerado (salas de aula, laboratórios, área administrativa, estacionamento, banheiros),
no campus Torquato Neto?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3. Resíduos como tonners e cartuchos têm recolhimentos específicos?


Sim
Não

4. Existe processo de reciclagem de resíduos no campus Torquato Neto?


Sim
Não

5. A varrição no campus realizada pela LIMPEL é feita diariamente?


Sim
Não

6. A capina também é feita diariamente?


Sim
Não

7.Qual é o número de pessoas (funcionários) envolvidos na limpeza do campus?


__________________________________________________________________

8.É feito o controle da quantidade de lixo a ser destinado?


126

Sim
Não

9. Se sim, como é feito esse controle?


___________________________________________________________________

10. Se não, já foi feito?


__________________________________________________________________

11.Tem planos para realização?


Sim
Não

12.É feito o controle do peso específico dos resíduos coletados?


Sim
Não

13. A destinação final do lixo no campus ocorre em área demarcada pela UESPI?
Sim
Não

14.Se sim, qual?


___________________________________________________________________

15. Qual o destino dos resíduos perigosos dos laboratórios dos cursos de Química e
Biologia?
__________________________________________________________________

16.Quanto ao RSO (lixo orgânico), qual o percentual produzido pelo restaurante


universitário e as lanchonetes?
__________________________________________________________________

17. É realizada a separação do lixo orgânico (molhado) do lixo inorgânico (seco)?


Sim
127

Não

18. Qual o número de coletores de lixo distribuídos no campus?


__________________________________________________________________

19. No campus Torquato Neto, há coletores suficientes separados por cores para a
coleta seletiva?
Sim
Não

20. Há parcerias com catadores, cooperativas ou associações dentro do campus?


Sim
Não

21. Qual o órgão público responsável pelo recolhimento final do lixo? Quantas vezes
é recolhido por semana?

22. Há programas ou projetos que qualifiquem os colaboradores da LIMPEL sobre o


tratamento, separação, acondicionamento e destinação adequada dos resíduos
gerados na UESPI?
Sim
Não

23.Que destino é dado aos dejetos dos gatos e cachorros moradores do campus?
__________________________________________________________________

24.Que tipo de coleta de resíduo é aplicada pela LIMPEL no campus Torquato Neto?
a) comum(mista)
b) seletiva

25. Que tipo de resíduo(lixo) a LIMPEL coleta no campus Torquato Neto?


___________________________________________________________________
128

26. Enumere os materiais coletados pela LIMPEL no campus que podem ser
reciclados
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

27. No campus Torquato Neto há coletores suficientes separados por cores para
coleta seletiva?
Sim
Não

28. Participaria da elaboração de um plano de gerenciamento integrado de resíduos


sólidos (PGIRS) no campus?
Sim
Não
Talvez

29. Enumere as principais sugestões da LIMPEL para a redução dos resíduos no


campus Torquato Neto.
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___________________________________________________________________
30. Enumere as dificuldades que a LIMPEL encontra na realização da coleta dos
resíduos no campus Torquato Neto.
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APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO GOOGLE FORMS PARA A COMUNIDADE


ACADÊMICA
129

1. Você está vinculado à instituição de ensino Universidade Estadual do Piauí, campus


Torquato Neto, Teresina/PI?

2. Qual é seu nível de escolaridade?

3. Qual o seu gênero?

4. A gestão integrada dos RSU-resíduos sólidos urbanos (lixo) foi trazida pela Lei
12.305/10 da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Nesses termos, a
gestão dos RSU e a sustentabilidade ambiental social e econômica devem estar nas
práticas da UESPI, campus Torquato Neto?
Sim
Não
Não tenho condições de opinar

5. Numa escala de 1 a 5, em que 1 SIGNIFICA MUITO INSATISFEITO e 5 MUITO


SATISFEITO, qual o grau de satisfação com a gestão e gerenciamento de resíduos
sólidos (lixo) na UESPI, campus Torquato Neto?

6. Numa escala de 1 a 5, em que 1 SIGNIFICA MUITO INSATISFEITO e 5 MUITO


SATISFEITO, como você classificaria o trabalho de limpeza, varrição, coleta e
acondicionamento dos resíduos(lixo) realizado pela empresa terceirizada (LIMPEL) no
campus Torquato Neto?

7. Qual destino você dá aos resíduos sólidos urbanos (RSU) produzidos nas suas
atividades rotineiras no campus Torquato Neto?

8. Se você não separa os resíduos, indique os motivos:


A) Não sabe como separar
B) Não acha importante ou necessário.
C) Entende que não adianta fazer porque a maioria das pessoas também não faz.
D) Entende que não adianta porque, quando é recolhido na lixeira, tudo acaba sendo
misturado
130

E) Não há coletores com cores para a coleta seletiva devida dos resíduos sólidos no
campus.

9. Você sabe informar quantas lixeiras há dentro das salas de aulas do campus
Torquato Neto?

10. Pense no lixo que você descarta quando está no campus Torquato Neto. Agora,
liste os materiais (resíduos sólidos e orgânicos) que você descarta (não precisa se
ater a um dia específico; liste no geral os itens que você descarta).

11. Quando você está no campus, qual resíduo tem mais dificuldade para descartar
corretamente?

12. Quando você está no campus, em que local você acredita que gera mais resíduos?
A) Restaurante universitário
B) Sala de aula
C) Banheiros
D) Laboratórios
E) Reprografia
F) Áreas administrativas
G) Corredores e áreas externas
H) Lanchonetes

13. Qual tipo de resíduo gero em maior volume quando estou no campus?
Lixo orgânico (ex. restos de comida)
Resíduo sólido reciclável não contaminantes e inertes (ex. latas, vidro e plástico)
Resíduo sólido reciclável não contaminantes e não-inertes (ex. papel e madeira)
Resíduo sólido perigosos (ex. resíduos de laboratórios da área da saúde ou resíduos
químicos)

14. Com quais categorias de resíduos me deparo quando estou no campus? (Marque
quantas alternativas desejar):
A) Resíduos de informática
B) Resíduos de gráficas e copiadoras
131

C) Resíduos de setores administrativos


D) Resíduos após uso dos banheiros
E) Resíduos de limpeza do campus
F) Resíduos de obras e jardinagem do campus
G) Resíduos de laboratórios
H) Resíduos de restaurantes e lanchonetes

15. Em que área do campus realizo o descarte de maior volume de resíduos?


( ) Sala de aula
( ) Corredores
( ) Banheiros
( ) Restaurante universitário
( ) Setores administrativos
( ) Laboratórios
( ) Reprografia
( ) Lanchonetes

16. Se você pudesse encaminhar sugestões para melhorar a coleta de resíduos no


campus Torquato Neto, quais seriam? Liste as sugestões no campo a seguir:

17. A implementação de uma gestão de resíduos bem-sucedida e eficiente precisa,


além de outros fatores, da disponibilidade de recursos financeiros, equipamentos,
recipientes, logísticos dentre outros?
Sim
Não
Talvez
Não sei opinar

18. Deve haver treinamentos sobre a coleta, segregação, despejo, reciclagem,


compostagem, transporte aos prestadores de serviço (LIMPEL) para uma gestão
eficaz e eficiente de resíduos sólidos urbanos (RSU) no campus?
Sim
Não
Talvez
132

Não sei opinar

19. Você já recebeu informações da IES sobre a coleta seletiva (campanha de


educação ambiental, palestras, folders, folhetos explicativos etc.)?
Sim
Não
Talvez
Não sei opinar

20. Você tem conhecimento se há programas de conscientização sobre coleta


seletiva, reciclagem e logística reversa no campus Torquato Neto?
Sim
Não
Talvez
Não sei opinar

21. Você acredita que a comunidade acadêmica desenvolve comportamentos


ambientalmente corretos relacionados à gestão de resíduos sólidos?
Sim
Não
Talvez
Não sei opinar

22. Você tem conhecimento da destinação final dos resíduos gerados no campus?
Sim
Não
Talvez
Não sei opinar

23. Numa escala de 1 a 5, em que 1 SIGNIFICA MUITO INSATISFEITO e 5 MUITO


SATISFEITO, como você avalia a coleta e a destinação dos resíduos sólidos e
orgânicos do campus Torquato Neto?
133

24. Numa escala de 1 a 5, em que 1 SIGNIFICA MUITO INSATISFEITO e 5 MUITO


SATISFEITO, como você avalia o trabalho da prefeitura da UESPI com relação à
gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos no campus Torquato Neto?

25. Você sabe o que significa plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos
(PGIRS), estabelecido pelo art. 20 da Lei 12.305/2010, da política nacional de
resíduos sólidos (PNRS)?
Sim
Não

26. Você sabe informar se a IES tem um plano de gerenciamento integrado de


resíduos sólidos (PGIRS)?
Sim
Não

27. Você participaria da elaboração do plano de gerenciamento dos resíduos sólidos


da UESPI, campus Torquato Neto?
A) Sim, desde o planejamento à execução do plano
B) Sim, comprometido para fazer a minha parte no descarte correto do lixo
C) Não
D) Ainda preciso avaliar melhor

28. Indique ações que a prefeitura do campus Torquato Neto poderia adotar para
melhorar a gestão e o gerenciamento dos resíduos(lixo), em ordem de prioridade,
considerando 1 para o mais importante e 5 para o menos importante.

29. A implantação de um plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos


(PGIRS) traria benefícios para a IES?
A) Não traria benefícios
B) Traria benefícios para a universidade e para a comunidade acadêmica
C)Traria benefícios principalmente para a universidade
D)Traria benefícios principalmente para a comunidade acadêmica
134

30. De quem deveria ser a responsabilidade da destinação correta dos resíduos no


campus Torquato Neto (Marque as opções que implicam em responsabilidade):
A) Reitoria
B) Prefeitura universitária
C) Empresa responsável pela coleta do lixo-LIMPEL
D) Coordenadores de laboratórios
E) Professores
F) Alunos
G) Técnicos administrativos
H) Proprietários das lanchonetes

APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO GOOGLE FORMS PARA A PREFEITURA DO


CAMPUS
135

1. Qual o seu cargo na prefeitura do campus Torquato Neto?

2. “A separação correta e criteriosa dos resíduos sólidos é uma etapa fundamental


para o manejo dos resíduos''. Nesse sentido, como funciona a coleta do lixo no
campus Torquato Neto, realizada pela prefeitura do campus?
a) Com separação dos tipos de resíduos e acondicionamento dos sacos
b) Sem separação dos tipos de resíduos e acondicionamento dos sacos

3. “Os resíduos sólidos exigem, pois, um sistema de controle desde a geração,


acondicionamento na fonte, coleta, transformação, processamento, recuperação e
disposição final”. Nesse caso, qual a quantidade de cada tipo de resíduo sólido (lixo)
gerado (salas de aula, laboratórios, área administrativa, estacionamento, banheiros)
no campus Torquato Neto?

4. Resíduos como tonners e cartuchos têm recolhimentos específicos?


Sim
Não
Talvez

5. Existe processo para reciclagem de resíduos no campus Torquato Neto?


Sim
Não
Talvez

6. A varrição no campus é feita diariamente?


Sim
Não

7. A capina também é feita diariamente?


Sim
Não

8. Qual o número de pessoas (funcionários) envolvidas na limpeza do campus?


136

9. É feito o controle da quantidade de lixo a ser destinado?


Sim
Não

10. Se sim, como é feito esse controle?

11.Se não, já foi feito?


Sim
Não
Talvez

12. Tem planos para realização?


Sim
Não

13. É feito o controle do peso específico dos resíduos coletados?


Sim
Não
Talvez

14. A destinação final do lixo no campus ocorre em área demarcada pela UESPI?
Sim
Não

15. Se sim, qual?

16. Qual o destino dos resíduos perigosos dos laboratórios dos cursos de Química e
Biologia?

17. Quanto ao RSO (lixo orgânico), qual o percentual produzido pelo restaurante
universitário e as lanchonetes?

18. É realizada a separação do lixo orgânico (molhado) do lixo inorgânico (seco)?


Sim
137

Não
Talvez

19. Qual o número de coletores de lixo distribuídos no campus?

20. No campus Torquato Neto, há coletores suficientes separados por cores para a
coleta seletiva?
Sim
Não
Talvez

21. Há parcerias com catadores, cooperativas ou associações dentro do campus?


Sim
Não
Talvez

22. Qual o órgão público responsável pelo recolhimento final do lixo? Quantas vezes
é recolhido por semana?

23. Há programas ou projetos que qualifiquem os colaboradores da limpeza sobre o


tratamento, separação, acondicionamento e destinação adequada dos resíduos
gerados na UESPI?
Sim
Não

24. Que destino é dado aos dejetos dos gatos e cachorros moradores do campus?

25. Que tipo de coleta de resíduo é aplicada pela prefeitura no campus Torquato Neto?
a) comum(mista)
b) seletiva

26. Que tipo de resíduo (lixo) a prefeitura coleta no campus Torquato Neto?
27. Enumere os materiais coletados no campus que podem ser reciclados
138

28. Participaria da elaboração de um plano de gerenciamento integrado de resíduos


sólidos (PGIRS) no campus?
Sim
Não
Talvez

29. Enumere as principais sugestões da prefeitura para a redução dos resíduos no


campus Torquato Neto.

30. Enumere as dificuldades que a prefeitura encontra para a realização da coleta dos
resíduos no campus Torquato Neto.

APÊNDICE F - INFOGRÁFICO - PRODUTO TÉCNICO


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140
141

ANEXO A – PESQUISA DOCUMENTAL


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