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FUNDAMENTOS DE

GESTÃO AMBIENTAL

Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco


UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Diretor Geral
Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR Gilmar de Oliveira
(44) 3045 9898
Diretor de Ensino e Pós-Graduação
UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Daniel de Lima
Berthier Fortes, 2177, Centro
Diretor Administrativo
Paranavaí-PR Eduardo Santini
(44) 3045 9898
Coordenador NEAD - Núcleo de
UNIFATECIE Unidade 3 Rua Educação à Distância
Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí- Jorge Luiz Garcia Van Dal
PR (44) 3045 9898
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
UNIFATECIE Unidade 4 BR-376, Victor Biazon
KM 102, Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
(44) 3045 9898
Projeto Gráfico e Editoração
www.unifatecie.edu.br/site André Dudatt

Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto

Web Designer
Thiago Azenha

FICHA CATALOGRÁFICA

UNIFATECIE - CENTRO UNIVERSITÁRIO EAD.


Fundamentos de Gestão Ambiental. Sônia Maria
Crivelli Mataruco Paranavaí - PR.: Fatecie, 2018.
121 p.

As imagens utilizadas neste Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira da Silva.
livro foram obtidas a partir do
site ShutterStock.
PALAVRA DA DIREÇÃO

Prezado Acadêmico(a),

É com muita satisfação que inauguramos um novo mundo de oportunidades


e expansão de nossa instituição que extrapolam os limites físicos e permite
por meio da tecnologias digitais que o processo ensino educação ocorra de
formas ainda mais dinâmicas e em consonância com o estilo de vida da
sociedade contemporânea.

Empregamos agora no Ensino a Distância toda a dedicação e recursos para


oferecer a você a mesma qualidade e excelência que virou a marca de nosso
grupo educacional ao longo de nossa história.

Queremos lembrar a você querido aluno, que a UniFatecie nasceu do sonho


de um grupo de professores em contribuir com a sociedade por meio da
educação. Motivados pelo desafio de empreender, tornaram o sonho
realidade com a autorização da UniFatecie no ano de 2007. Desde o
princípio a UniFatecie parte da crença no sonho coletivo de construção de
uma sociedade mais democrática e com oportunidades para todos, onde a
educação prepara para a cidadania de qualidade.

Toda dedicação que a comunidade acadêmica teve ao longo de nossa história


foi reconhecido ao conquistarmos por duas vezes consecutivas o título de
Faculdade Número 1 do Paraná. Um feito inédito para Paranavaí e
toda região noroeste. No ranking, divulgado pelo MEC em 2014 e 2015, a
UniFatecie foi destaque como a faculdade melhor avaliada em todo o
estado. Posição veiculada em nível nacional pela Revista Exame e
Folha de São paulo, apontando a UniFatecie como a 1ª colocada no
Paraná.

Essas e outras conquistas que obtivemos ao longo dos nossos 10 anos


de história tem como base a proposta global da UniFatecie, que consiste
em criar um ambiente voltado para uma abordagem multidisciplinar, crítica
e re lexiva, onde se desenvolvem as atividades ensino, pesquisa e
extensão. Para isso, a UniFatecie conta com um corpo docente composto,
em sua maioria, por professores com mestrado e doutorado e com
ampla experiência pro issional nas mais diversas áreas do mercado e da
educação.

Seja bem-vindo!

Direção
UniFatecie.
AUTOR

Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Mestre na área de Educação pela Unespar Campus de


Paranavaí - 2015-2016. Graduação em Licenciatura em
Matemática na Universidade Filadélfia de Londrina - Unifil -
concluída em 2014; Graduação em Tecnologia em Gestão
Ambiental pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte
do Paraná - Fatecie (2009). Graduada em bacharelado
Administração pela Faculdade Estadual de Educação
Ciências e Letras de Paranavaí (1992); Pós- graduada em
Marketing e Gestão de pessoas pela Faculdade Estadual de
Educação Ciências e Letras de Paranavaí; Pós- graduada em
Psicopedagogia institucional pela Faculdade de Tecnologia
e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie; Pós- graduada em
auditoria e certificação ambiental pela Faculdade de Tecnologia
e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie; Atualmente é Gestora
ambiental da Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar
e professora e coordenadora de curso na Faculdade de
Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie, atuando
principalmente nos seguintes temas: gerenciamento ambiental,
sustentabilidade ambiental, poluição e resíduos, gestão de
águas, saneamento, agronegócio, Educação ambiental,
gestão de negócios ambientais, administração de materiais e
patrimônio.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/0836891204233076
APRESENTAÇÃO

Caros aluno(a) seja muito bem-vindo(a) a leitura do livro que utilizaremos na


disciplina de Fundamentos de Gestão Ambiental.

Este livro foi carinhosamente planejado para que você possa ter conhecimento
geral dos principais assuntos introdutórios da gestão ambiental.

Este conteúdo servirá de base para compreensão dos temas abordados, com
o objetivo é levá-lo a ter consciência dos problemas ambientais e perceber que
antes de qualquer ação, é preciso pensar na vida do nosso planeta e o futuro
das gerações futuras.

Para facilitar os estudos dividido este material em oito unidades de acordo com
os temas e suas relações entre si. A disciplina “Fundamentos da Gestão Am-
biental”, apresenta assuntos ligados a administração do meio ambiente e como
os profissionais engajados nesta área poderão atual no mercado de trabalho.

Desta forma abordaremos no primeiro capítulo as inter-relações ecológicas,


conceitos de ecologia, ecossistemas, e como as informações geradas pelos es-
tudos da ecologia permite ao homem planejar suas ações evitando a destruição
da natureza, possibilitando um futuro melhor para a humanidade.

O segundo capítulo apresenta a introdução e a evolução do processo de de-


gradação ambiental no Brasil, analisando os impactos decorrentes da produção
industrial e do desmatamento e as alternativas para mitigar tais impactos. Traz
informações e abordagens de como intensificar as oportunidades para melhor
conservar o ambiente e para a escolha de alternativas para resolução de pro-
blemas socioambientais, tanto para as presentes como para as futuras gera-
ções.

Na terceira unidade, abordaremos a tão falada sustentabilidade e sua relação


com o desenvolvimento sustentável. Enfatizaremos a diferença entre desenvol-
vimento e crescimento, conceituando-os e mostrando o papel da sociedade, do
governo e das empresas, na busca por um mundo mais sustentável em todas
as suas dimensões: ambiental, social e econômico.

Na quarta unidade demonstraremos os objetivos definidos pela ONU para o de-


senvolvimento sustentável, que trazem metas que devem der ser implementa-
dos por todos os países até 2030. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentá-
vel propõe diversos assuntos de elevada importância para a humanidade a fim
de transformar a vida no planeta.
Na quinta unidade apresentaremos como Produção Mais Limpa pode ser uma
estratégia de redução do uso dos recursos naturais em prol do alcance desen-
volvimento sustentável e diminui os desperdícios, e isso implica em maior efici-
ência no processo industrial, e menores investimentos para soluções de proble-
mas ambientais.

Na sexta unidade retratará a utilização dos indicadores ambientais como instru-


mentos para a sociedade avaliar sua própria evolução. No contexto ambiental,
indicadores são parâmetros representativos, que pode ser entendido como a
representação de um conjunto de dados, informações e conhecimentos acerca
de determinado fenômeno urbano/ambiental.

Na sétima unidade, enfatizaremos a importância da educação e da conserva-


ção dos recursos hídricos para desenvolver de forma sustentável. Mostrando
principais conceitos que permitam a você estudante refletir nos fundamentos da
educação ambiental, partindo da definição de educação e de ambiente.

Na oitava unidade levaremos você a perceber que o desenvolvimento susten-


tável não é um estado permanente de equilíbrio, mas sim de mudanças quanto
ao acesso aos recursos e quanto à distribuição de custos e benefícios, contro-
lar e destinar de forma inadequadas os resíduos sólidos podem causar inúme-
ras consequências negativas a economia ao setor social e ambiental. E bus-
camos demonstrar a importância da destinação correta dos resíduos gerados
nas atividades diárias para a conservação da qualidade dos recursos hídricos
existentes no planeta.

Assim a partir dos estudos destes capítulos possamos cuidar do meio ambien-
te, utilizando mecanismos que permitam proteção ambiental assegurando a
qualidade de vida das pessoas e principalmente a conservação dos recursos
hídricos do solo e da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável
e a melhoria das condições de vida da sociedade, entendendo que é da nature-
za que retiramos nossos alimentos e garantimos nossa sobrevivência. Mostran-
do que é possível desenvolver de forma sustentável.

Professora Me. Sônia maria Crivelli Mataruco

Bom estudo e que a partir dessa leitura você possa ser uma agente em defesa
do meio ambiente.
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1
08 | As inter-relações ecológicas e o desenvolvimento sustentável.

CAPÍTULO 2
18 | Introdução da relação de depredação do ser humano sobre o meio
ambiente.

CAPÍTULO 3
38 | Desenvolvimento e Sustentabilidade.

CAPÍTULO 4
53 | Meio Ambiente e Sociedade.

CAPÍTULO 5
67 | Produção Mais Limpa - Caminho para o Desenvolvimento
Sustentável.

CAPÍTULO 6
79 | Indicadores de Sustentabilidade.

CAPÍTULO 7
93 | Educação Ambiental para a Sustentabilidade dos Recursos
Hídricos.

CAPÍTULO 8
105 | Saneamento Ambiental, Fonte de Sustentabilidade dos Recursos
Naturais para o Desenvolvimento.
1
AS INTER-RELAÇÕES
ECOLÓGICAS E O
DESENVOLVIMENTO
CAPÍTULO SUSTENTÁVEL

PLANO DE ESTUDOS E OBJETIVOS DA UNIDADE I

Demonstrar como os processos ecológicos são responsáveis pelo bom fun-


cionamento dos ambientes naturais e como é alterado por ações antrópicas.
Apresentar os conceitos vitais necessários para que o homem possa trabalhar
respeitando a natureza e proporcione equilíbrio do ecossistema, sabendo que
este depende das ações diárias realizadas pelo homem.

Professor Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar ecologia;
• Compreender os tipos de relações ecológicas;
• Entender a importância de cada ser vivo para o planeta;
• Compreender que a destruição de qualquer espécie afeta diretamente a
nossa vida;
• Entender as inter-relações existentes entre os organismos da natureza,
para busca de equilíbrio ambiental.

Plano de Estudo:
• Conceitos e Definições de ecologia;
• Campos de estudo da ecologia;
• Breve histórico da ecologia e das relações ecológicas;
• Fatores que influenciaram a relação homem x natureza;
• Como a Ecologia distribui os seres vivos no planeta Terra.

PÁGINA 8
INTRODUÇÃO

A natureza é sábia, e através dos seus exemplos ensina ao homem como deve
proceder para estabelecer uma relação harmoniosa e saudável com o
meio em que vive.

O homem necessita da natureza, para extrair os recursos naturais, entretanto


na maioria das vezes utiliza-se de técnicas de manejo inadequadas, não pre-
servando ou não promovendo meios para que haja reposição destes recursos
de forma que possa suprir à atual e a futura geração.

Diante dessa preocupação com o meio ambiente e com os impactos da ação


do homem na natureza, os estudos elaborados têm apontado que as consequ-
ências das extinções prematuras de espécies, causadas pelo homem, incidem
diretamente sobre seus habitats e também sobre a qualidade de vida das popu-
lações.

Assim o conhecimento das inter-relações entre os organismos existentes é fa-


tor primordial para a boa relação homem-natureza.

Quando a sociedade analisa os problemas ambientais existentes, e busca co-


nhecer a forma como os organismos se relacionam entre si, dá um grande pas-
so que conduz ao desenvolvimento sustentável, pois os organismos da Terra
não vivem isolados, interagem uns com os outros e com o meio ambiente.

1. AS INTER-RELAÇÕES ECOLÓGICAS E O DESENVOLVIMENTO SUS-


TENTÁVEL.

1.1 Conceitos Básicos da Ecologia e Níveis de Organização

Preservar o meio ambiente é fundamental para manter a saúde do planeta e


de todos os seres vivos que moram nele. Os seres humanos só conseguem
sobreviver graças à natureza. Afinal, usamos os animais e plantas para nos ali-
mentar, água para beber e tomar banho, e muitos outros recursos que nem per-
cebemos. A ecologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos
e os meios onde vivem. A palavra deriva do grego oikos, que significa lugar
onde se vive, ou seja, meio ambiente.

Para melhor compreensão do mundo vivo, são usados os níveis de organiza-


ção. A ecologia moderna usa como base de estudo os ecossistemas, mas estu-
da também os organismos.

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Os Níveis de organização da vida em um ecossistema:

Espécie: organismos com características genéticas semelhantes. Com isso,


o cruzamento de indivíduos da mesma espécie geram descendentes férteis.
Exemplos: caranguejos, ursos, pau-brasil, etc;

População: termo que designa o conjunto de organismos da mesma espécie.


Inicialmente usado para grupos humanos, depois ampliados para qualquer or-
ganismo. Exemplo: grupo de peixes-palhaço;

Comunidade: conjunto das populações que vivem numa mesma região. Tam-
bém chamado de “Comunidade Biológica”, “Biocenose” ou “Biótopo”. Exemplo:
aves, insetos e plantas de uma região;

Biocenose: são as diversas espécies que vivem em determinado local e intera-


gem entre si;

Biótopo: corresponde a uma parte do habitat. É uma área com condições am-
bientais específicas que permitem a vida de determinadas espécies. Exemplo:
trecho de uma floresta ou de uma lagoa;

Ecossistema: conjunto de comunidades que interagem entre si e com o am-


biente. Formado pela interação de biocenoses e biótopos. Exemplos: pode ser
uma lagoa, uma floresta ou até um aquário;

Bioma: reunião de ecossistemas com características próprias de diversidade


biológica e condições ambientais. Exemplos: a Mata Atlântica, o Cerrado e a
Amazônia são alguns dos biomas brasileiros;

Biosfera: conjunto de todos os ecossistemas das diferentes regiões do plane-


ta. É a reunião de toda a biodiversidade existente na Terra.

Nesse contexto existem interações entre as comunidades bióticas que com-


põem um ecossistema são chamadas de “Interações Biológicas” ou “Rela-
ções Ecológicas” e determinam relações dos seres vivos entre si e o meio em
que habitam para sobreviverem e se reproduzirem.

1.1.1 Relações entre os Seres Vivos

Esta comunidade, formada por todos os indivíduos que fazem parte de um de-
terminado ecossistema, possui diversas formas de interações entre os seres
que a constituem, geralmente relacionadas à obtenção de alimento, abrigo,
proteção, reprodução, etc.

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As relações ecológicas podem ser classificadas Segundo o nível de interdepen-
dência:

Intraespecíficas ou Homotípicas: para seres da mesma espécie.

Interespecíficas ou Heterotípicas: para seres de espécies diferentes.

E segundo os benefícios ou prejuízos que apresentam:

Relações Harmônicas: quando a resultada da associação entre as espécies


é positiva, na qual um ou os dois são beneficiados sem o prejuízo de nenhum
deles.

Relações Desarmônicas: quando o resultado desta relação for negativo, ou


seja, se houver prejuízos para uma ou ambas as espécies envolvidas.

Ao deixar de observar essas relações podemos extinguir espécies ou deixá-las


em vias de extinção, interfere-se na cadeia alimentar, afetando as predadoras
daquelas, que passarão a ter dificuldades para arranjar alimentos, bem com as
suas presas naturais, que terão desenvolvimento desenfreado. Isso constitui
um ciclo vicioso de desequilíbrio ambiental que chegará às espécies da flora,
que também sofrerão com o desequilíbrio, tanto de predadores naturais quanto
de espécies polinizadoras.

Preservar os animais, portanto, não é só uma questão ecológica e cultural. A


interferência da destruição e extinção prematura de espécies da fauna incide
diretamente na vegetação e, por consequência, em todo o bioma, afetando
também os rios e cursos d’água e a qualidade do ar, além das populações que
estão economicamente ligadas à pesca, à caça ou ao extrativismo.

Fonte: Conceitos básicos da ecologia e níveis de organização. Disponível em: http://educacao.


uol.com.br/disciplinas/biologia/relacoes-ecologicas-os-tipos-de-relacionamento-entre-os-seres-
-vivos.htm. Acesso 10 abr.2018.

1.1.1.1 A importância das inter-relações ecológicas

Conhecer e compreender as inter-relações existentes entre os inúmeros seres


vivos existentes na terra é fundamental para a sobrevivência e desenvolvimen-
to da espécie humana.

As relações ecológicas se particularizam pela forma de interação que os se-


res vivos mantêm entre si sendo categorizadas de acordo com os benefícios e/
ou prejuízos que trazem aos organismos. A espécie humana construiu desde
sua origem, uma relação ímpar com a natureza para suprir suas necessidades.

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Essa convivência necessita ser harmoniosa e organizada.

Antunes (2002) diz que a história tem demonstrado que o homem consegue,
durante um período, viver isolado, mas não durante toda a sua existência, pois
o homem é, por sua natureza, animal social e político, vivendo em multidão,
ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela natural neces-
sidade. Portanto, é na sociedade que o homem encontra condições favoráveis
para o seu desenvolvimento.

Os organismos estabelecem relações mútuas entre si e com o ambiente físico,


baseado nas interações que ocorrem no mundo natural.

O entendimento dos diferentes fenômenos que englobam es-


sas relações e interações entre seres vivos (incluindo o ho-
mem) e os componentes abióticos é amplamente discutido à
luz de teorias ecológicas. O ambiente é alterado, físico e qui-
micamente, pela maneira como os indivíduos realizam suas
atividades. Também as interações entre organismos, têm influ-
ência na vida de outros seres, da mesma espécie e de espé-
cies diferentes. (BEGON, 2007, p. 223).

Na natureza os seres vivos mantêm entre si vários tipos de interações ecológi-


cas que podem ser consideradas como sendo harmônicas ou positivas e desar-
mônicas ou negativas.

As interações harmônicas ou positivas são aquelas em que não há prejuízo


para as espécies participantes e vantagem para, pelo menos, uma delas.

As interações desarmônicas ou negativas são aquelas no qual pelo menos


uma das espécies participantes é prejudicada, podendo existir benefício para
uma delas.

Com a exploração de determinado conjunto de recursos, cada espécie define o


seu nicho ecológico, também entendido como o papel desempenhado por esta
espécie no ecossistema.

Se não existissem competidores, predadores e parasitas em seu ambiente,


uma espécie seria capaz de viver sob maior amplitude de condições ambien-
tais (seu nicho fundamental) do que faria na presença de outras espécies que
a afetam negativamente (seu nicho realizado). Por outro lado, a presença de
espécies benéficas pode aumentar a gama de condições em que uma espécie
consegue sobreviver.

Dentro de cada um dos tipos de interações mencionados acima, ainda pode-


mos classificá-las em interações intraespecíficas e interespecíficas, conforme
ocorre entre indivíduos da mesma espécie ou entre espécies diferentes respec-

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tivamente, conforme tabela abaixo que mostra os principais tipos de interações
ecológicas possíveis de ocorrer entre organismos de duas espécies.

Essas relações ecológicas são muito importantes, pois garantem a sobrevivên-


cia dos diferentes seres vivos e ajudam no combate da densidade populacio-
nal, de modo que favorecem o equilíbrio ecológico.

Para Leripio (2001), ecossistema é o conjunto formado pelo meio ambiente, pe-
los seres que aí vivem e pela dependência recíproca. É a unidade fundamental
da ecologia. São exemplos de ecossistemas: uma floresta, uma lagoa, uma
campina, um aquário, etc.

Quando não se consegue repor os recursos, ou quando sua reposição é me-


nor que o consumo considera-se que este recurso é limitado. A abundância ou
escassez influencia a distribuição das espécies e no desenvolvimento de uma
sociedade. Por exemplo, uma pequena quantidade de água doce em um deter-
minado ambiente poderá limitar o interesse de investimentos na área.

Interações Harmônicas
Relações Interações Desarmônicas
Competição.
Colônia (+)
Intra Específica Principais tipos de interações
Sociedade (+)
ecológicas entre os seres vivos (-)
Mutualismo (+ +)
Competição (- -)
Cooperação (+ +)
Parasitismo (+ -)
Inter Específica Comensalismo (+0)
Predatismo (+ -)
Inquilismo (+0)
Amensalismo (+ -)
Epifitismo (+ 0)

Tabela 01 -1principais tipos de interações ecológicas possíveis de ocorrer entre organismos


de duas espécies. Disponível em: http://biomania.com.br/artigo/interacoes-ecologicas. Acesso
em 10 abr. 2018.

Essa relação de escassez e/ou abundância nos leva a refletir sobre como se dá
o equilíbrio ecológico que consiste na relação entre os organismos vivos entre
si com o ecossistema, assegurando a sobrevivência das espécies, bem como a
preservação dos recursos naturais.

A sociedade que apresentar um ecossistema perturbado e não buscar um equi-


líbrio ecológico receberá cedo ou tarde resposta pelos seus atos, pois e impor-
tante ressaltar que a espécie humana não é só a que mais contribui para esse
desequilíbrio, mas também, é a mais atingida pelas alterações ambientais.

1 * O sinal (+) indica vantagem para a espécie, o sinal (-) indica prejuízo
para a espécie, e o sinal (0) indica que a espécie não é beneficiada nem prejudicada.

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Vale lembrar que o ecossistema com sua capacidade de resiliência tende a re-
verter naturalmente um quadro de desequilíbrio, no entanto, nem sempre isso
é possível, ou o tempo necessário para que o equilíbrio ecológico seja estabe-
lecido novamente é muito grande, o que pode causar outras alterações ainda
mais graves, pois para se garantir equilíbrio ambiental, basta proteger o ecos-
sistema.

Os ecossistemas são sistemas equilibrados e cada espécie viva tem o seu pa-
pel no funcionamento do ecossistema que pertence.

Para Leripio (2001) a existência da cobertura vegetal e diversidade genética


da flora local, depende diretamente da ação de alguns integrantes da Fauna
Silvestre, tendo os insetos voadores e pássaros como maiores protagonistas
dessas ações, pois com suas estratégias de obtenção de alimento em busca
do néctar das flores, procede a polinização, carregando involuntariamente os
grãos de pólen em seus corpos e permitindo que esses grãos fecundem flores
de outras árvores da mesma espécie em áreas diferentes.

O autor citado complemente que as aves e mamíferos frugívoros são conside-


rados os “plantadores da mata”, pois se alimentam dos frutos nativos e procede
a dispersão das sementes pelas fezes em todas as áreas de sua existência. O
controle populacional é outra importante função dos animais silvestres na natu-
reza, pois eles integram uma cadeia alimentar bem organizada, onde os con-
sumidores primários dependem da flora em equilíbrio para sobreviverem pois
são animais herbívoros e servem de alimento para os consumidores secundá-
rios (algumas espécies de serpentes, corujas e mamíferos carnívoros de médio
porte) que por sua vez são predados pelos consumidores terciários ou os cha-
mados “animais topo de cadeia” representados pelas aves de rapina, répteis e
mamíferos carnívoros de grande porte.
SAIBA MAIS

Que os animais cumprem um papel muito importante para o equilíbrio do pla-


neta, pois, são os principais responsáveis pela respiração, fenômeno capaz de
equilibrar a fotossíntese. A fotossíntese precisa de luz solar, água e gás carbô-
nico para produzir açúcares. Os animais, ao respirarem, quebram essas molé-
culas e absorvem a energia armazenada, liberando a água e o gás carbônico
novamente (fundamental para a vida vegetal). E, embora as plantas também
respirem, sua liberação de gás carbônico é mais lenta. Em um ambiente sem
animais haveria uma forte tendência ao gás carbônico se fixar nas plantas, in-
terrompendo a fotossíntese e aumentando o efeito estufa produzido pela cama-
da de gás carbônico.

Fonte: Conceitos básicos da ecologia e níveis de organização. Disponível em: http://educa-


cao.uol.com.br/disciplinas/biologia/relacoes-ecologicas-os-tipos-de-relacionamento-entre-os-se-
res-vivos.htm. Adaptado. Acesso 22 abr.2018

PÁGINA 14
REFLITA

As plantas e os animais são essenciais para a manutenção da vida na Terra.


As plantas fazem, entre outras coisas, a fotossíntese, absorvendo gás carbô-
nico e liberando oxigênio. Os animais são agentes polinizadores, garantindo a
germinação de novas árvores. Um beneficia ao outro, e todos são beneficiados.
Por isso é tão importante à proteção ambiental. Você consegue imaginar este
planeta sem plantas e animais? Por que é importante cuidar dos animais e do
meio ambiente? Talvez você nunca tenha pensado a respeito disso, no entanto
os animais estão sempre presentes em nosso cotidiano e muitas vezes não da-
mos conta de sua presença. Se estendermos essa pergunta ao universo eco-
lógico, vamos perceber que sem os animais habitando o planeta Terra a vida
simplesmente iria se extinguir.

Fonte: Por que é importante cuidar dos animais e do meio ambiente. Disponível em: https://
www.lbv.org/por-que-e-importante-cuidar-dos-animais-e-do-meio-ambiente. Adaptado. Acesso
22 abr.2018

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os problemas ambientais desencadeiam uma série de questionamentos sobre


suas causas e consequências. Essas causas e consequências afetam a rela-
ção entre os homens e deles com a natureza.

O ser humano deve observar os exemplos da natureza e ter a consciência de


que a biosfera tem limites e que estes devem ser respeitados. Sendo necessá-
rio repensar práticas, costumes e padrões de consumo e tecnologias emprega-
das, pois com os paradigmas atuais, não haverá planeta suficiente para manter
a sociedade com a inclusão que ainda precisa ser feita.

Desta maneira, diante da intensa degradação da natureza, medidas urgentes


devem ser tomadas por todos a benefício do homem e do próprio meio ambien-
te a fim de minimizar os impactos negativos que tem levado os recursos natu-
rais e a escassez em nome da melhoria da qualidade de vida.

Estamos cada vez mais questionando o atual modelo de desenvolvimento, por


isso entendemos a necessidade de termos um olhar para o passado compreen-
der a natureza e aplicar este conhecimento a benefício do homem e da própria
natureza.

Segundo Lerípio (2001, p. 2), a relação meio ambiente e desenvolvimento deve


deixar de ser conflitante para tornar-se uma relação de parceria. O ponto chave
da questão passa a ser a necessidade de uma convivência pacífica entre a boa
qualidade do meio ambiente e o desenvolvimento econômico.

PÁGINA 15
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo L. C. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação
e a negação do trabalho. 6. ed. São Paulo: Boitempo, 2002.

BEGON, Michael, Colin R. Townsende Jonh L. Hasper.Tradução Adriano San-


ches Ecologia de Indivíduos a Ecossistemas. 4ªEdição. Artmed Editora. Por-
to Alegre, 2007.

LERIPIO, Alexandre de Ávila. Apostila de Gestão da Qualidade Ambiental.


Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. UFSC, 2001.
LEITURA COMPLEMENTAR

Olhando o passado e o futuro: revendo pressupostos sobre as inter-


-relações pessoa-ambiente. http://www.scielo.br/scielo.php?pi-
d=S1413-294X2003000200003&script=sci_arttext.Acesso em: 28.abr.2018

http://www.vomtmgotgmocmdomrofmrofmocmkmkv. Acesso em: 28.abr.2018

http://educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/relacoes-ecologicas-os-tipos-de-
-relacionamento-entre-os-seres-vivos.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em 29.
Abr 2018

http://biomania.com.br/artigo/interacoes-ecologicas. Acesso em 29. Abr 2018

VÍDEO COMPLEMENTARES SUGERIDO

Relações Ecológicas: https://www.youtube.com/watch?v=SZbMnJ99q3U

Relações Ecológicas. https://www.youtube.com/watch?v=SZbMnJ99q3U&t=5s

Relações Ecológicas https://www.youtube.com/watch?v=SB5jkiM4R8g


2
INTRODUÇÃO DA RELAÇÃO
DE DEPREDAÇÃO DO SER
HUMANO SOBRE O MEIO
CAPÍTULO
AMBIENTE

PLANO DE ESTUDOS E OBJETIVOS DA UNIDADE I

Apresentar a evolução do processo de degradação ambiental, analisando os


impactos decorrentes da produção industrial e as alternativas para mitigar tais
impactos. Gerar informações e abordagens de como intensificar as oportunida-
des para melhor conservar o ambiente e para a escolha de alternativas para
resolução de problemas socioambientais, tanto para as presentes como para
as futuras gerações. Despertar a consciência ambiental das pessoas para a ne-
cessidade de uma preservação ambiental.

Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Objetivos de Aprendizagem:

• Compreender os processos e as causas do desmatamento;


• Compreender os pontos positivos e negativos da industrialização;
• Estabelecer a importância socioeconômica dessa relação para a
sustentabilidade;
• Refletir sobre os impactos ambientais decorrentes da produção industrial
e as alternativas para mitigar tais impactos.

Plano de Estudo:
• Causas do desmatamento e as Perdas da biodiversidade;
• Êxodo rural;
• Causas da Industrialização;
• Poluição ambiental devido industrialização.

PÁGINA 18
INTRODUÇÃO

A interferência desordenada humana no meio ambiente é a grande causadora


da perda da biodiversidade mundial. Desta forma a importância de preservar as
plantas e os animais têm sido cada vez mais discutida na atualidade. Plantas
e animais têm sido exterminados de maneira muito rápida pela ação humana.
As matas e florestas são de extrema importância para o equilíbrio ecológico do
planeta Terra e para o bom funcionamento climático.

Desta forma dentre as principais causas da perda de biodiversidade, destacam-


se a destruição de habitat, a introdução de espécies exóticas e uso exagerado
de recursos naturais.

A biodiversidade é ameaçada pela introdução de espécies exóticas. Ao inse-


rirmos uma espécie nova em um ambiente que não é o seu, ela pode competir
com as outras, predar fortemente algumas espécies, reproduzir-se exagerada-
mente e até mesmo provocar doenças. Percebe-se, portanto, que essa ação
pode provocar a destruição de algumas espécies, afetando diretamente o equi-
líbrio daquele ecossistema.

Consequentemente posterior a estes fatos no Brasil, o desenvolvimento de ati-


vidades industriais gerou diversos problemas para a economia, com destaque
para o encarecimento dos alimentos e o agravamento do problema de escas-
sez de mão de obra.

1. INTRODUÇÃO DA RELAÇÃO DE DEPREDAÇÃO DO SER HUMANO SO-


BRE O MEIO AMBIENTE

1.1 Degradação ambiental causada pelo desmatamento

Se voltássemos na história, perceberíamos que o homem sempre estabele-


ceu uma relação de dominação com a natureza, e com o passar dos tempos,
cada geração viveu em realidades sociais e culturais diferentes. No entanto, a
descrição dos relatos de um passado distante pode favorecer o enriquecimento
dos argumentos nas discussões e reflexões sobre a relação sociedade natu-
reza no tempo e no espaço buscando impedir a devastação de toda forma de
vida no planeta.

Por volta de 1966, no governo criou uma política de incentivos fiscais em nome
do desenvolvimento econômico. Na época os agricultores para terem direito de
receber o incentivo financeiro para plantar e adquirir equipamentos necessita-
vam assumir compromisso de desmatar.

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O governo entendia que para desenvolver havia necessidade de desmatamen-
to para expansão de atividades produtivas e maior obtenção de solo para a
agropecuária, uso das árvores na indústria madeireira e a especulação imobi-
liária.

Após anos de incentivos à produção e à ocupação de terras, os sinais de des-


truição ficam mais claros. Em 1978, a área desmatada chegou a 14 milhões de
hectares. Esse processo de desmatamento trouxe prejuízos ambientais e so-
cioeconômicos muito significativos como:

• A ocorrência de desequilíbrios climáticos com diminuição das chuvas de-


vido à alteração das áreas de mata e do clima, causando grandes perío-
dos de estiagem, e redução da umidade relativa do ar, pois com a remo-
ção das folhagens há uma queda da regulação da temperatura ambien-
tal, deixando-a mais alta e instável;
• Perda de biodiversidade da fauna e flora nativas e com isso, o equilíbrio
ecológico pode tornar-se ameaçado;
• Degradação de mananciais ao remover a proteção das nascentes e pre-
judicar a impermeabilização do solo em torno da água;
• O esgotamento dos solos com a intensificação de processos de erosão
e desertificação.

Além dos problemas anteriormente citados, para a sociedade o desmatamento


ainda traz diversos prejuízos como o enfraquecimento do ecoturismo, diminui-
ção das possibilidades de pesquisas para a área de fármaco, perda qualidade
da água, aumento da resistência a doenças e pragas na agricultura que pro-
vém muitas vezes do cruzamento entre espécies nativas próximas.

Segundo Castro (2005), a exploração de madeiras no Brasil foi responsável


pelo desaparecimento de espécies de árvores e animais que perderam seu ha-
bitat.

Para Margulis (2003) a pecuária constitui a principal atividade responsável pela


maior parte do desmatamento.

Nesse sentido, Castro (2007) complementa que uma das principais soluções a
serem adotadas para a preservação do meio ambiente seria a implantação de
políticas que visem o desenvolvimento sustentável, através do fortalecimento
do comércio de carbono.

O desmatamento, também chamado de desflorestamento, nas florestas brasi-


leiras começou no instante da chegada dos portugueses ao nosso país, no ano
de 1500. Interessados no lucro com a venda do pau-brasil na Europa, os por-

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tugueses iniciaram a exploração da Mata Atlântica. As caravelas
portuguesas partiam do litoral brasileiro, carregadas de toras de Pau-Brasil
para serem ven-didas no mercado europeu. Enquanto a madeira era utilizada
para a confecção de móveis e instrumentos musicais, a seiva avermelhada do
pau-brasil era usa-da para tingir tecidos.

Desde então, o desmatamento em nosso país foi uma constante. Depois da


Mata Atlântica, foi a vez da Floresta Amazônica sofrer as consequências da
derrubada ilegal de árvores. Em busca de madeiras de lei como o mogno, por
exemplo, empresas madeireiras instalaram-se na região amazônica para fazer
a exploração ilegal. Embora os casos da Floresta Amazônica e da Mata Atlânti-
ca sejam os mais problemáticos, o desmatamento ocorre nos quatro cantos do
país.

Além da derrubada predatória para fins econômicos, outras ormas de atuação


do ser humano tem provocado o desmatamento. A derrubada de matas tem
ocorrido também nas chamadas frentes agrícolas. Para aumentar a quantidade
de áreas para a agricultura, muitos fazendeiros derrubam quilômetros de árvo-
res para o plantio.

O crescimento das cidades também tem provocado a diminuição das áreas ver-
des. O crescimento populacional e o desenvolvimento das indústrias deman-
dam áreas amplas nas cidades e arredores.

Áreas enormes de matas são derrubadas para a construção de condomínios


residenciais e polos industriais. Rodovias também seguem neste sentido.
Cruzando os quatro cantos do país, estes projetos rodoviários provocam a
derrubada de grandes faixas de florestas.

Outro problema sério, que provoca a destruição do verde, são as queimadas e


incêndios florestais.

Muitos deles ocorrem por motivos econômicos. Proibidos de queimar matas


protegidas por lei, muitos fazendeiros provocam estes incêndios para ampliar
as áreas para a criação de gado ou para o cultivo. Também ocorrem incêndios
por pura irresponsabilidade de motoristas. Bombeiros afirmam que muitos in-
cêndios têm como causa inicial as pontas de cigarros jogadas nas beiradas das
rodovias.

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Gráfico 01: Desmatamento da Amazônia Legal (1988- 201) Inpe (Instituto Nacional Pes-
quisas Espaciais). Disponível em: Inpe (Instituto Nacional Pesquisas Espaciais). Acesso
20 abr.2018.

Segundo dados do relatório de organizações como Greenpeace (2017) O des-


matamento da floresta amazônica no Brasil é contínuo, mas o tamanho das
áreas afetadas vive uma rotina de altos e baixos nas últimas duas décadas. A
prática na região já teve crescimento de 29% (entre 2012 e 2013), bem como
reduções de até 42% (entre 2008 e 2009).

Complementando segundo Curi (2011) a evolução do impacto humano so-


bre o meio ambiente.

Pré-história e antiguidade

O ser humano não contava com técnicas aprimoradas para manipular o meio
ambiente, o que reduzia seu impacto ambiental no ecossistema local, a popula-
ção mundial ainda era pequena.

Idade Média e Idade Moderna

A agricultura era a atividade econômica predominante. Embora promovesse o


desmatamento das florestas nativas, o impacto ambiental do homem ainda não
tinha atingido seu ápice.

Revolução Industrial em diante

O poder de manipulação da natureza atinge seu potencial máximo, transfor-


mando por completo o meio ambiente e produzindo impactos profundos e irre-
versíveis.

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SAIBA MAIS

Que a biodiversidade refere-se à quantidade de variedade biológica animal e


vegetal existente em um ecossistema e que automaticamente constitui a bios-
fera.

A biodiversidade se desenvolve a partir da inter-relação entre os seres vivos,


seja animal ou vegetal, mais os elementos naturais indispensáveis ao desen-
volvimento da vida, como sol, água, ar, somente como isso pode haver a proli-
feração de todo e qualquer tipo de vida.

• Eliminação ou alteração do habitat pelo homem - é o principal fator


da diminuição da biodiversidade. A retirada desordenada da camada de
vegetação nativa para construção de casas ou para atividade agrope-
cuária altera o meio ambiente. Em média, 90% das espécies extintas
acabaram em consequência da destruição de seu habitat;
• Superexploração comercial - ameaça muitas espécies marinhas e al-
guns animais terrestres;
• Poluição das águas, solo e ar - estressam os ecossistemas e matam
os organismos;
• Introdução de espécies exóticas - ameaçam os locais por predação,
competição ou alteração do habitat natural.
Fonte: A biodiversidade. Disponível em: http://www.tomdamata.org.br/mata/causasperda.
asp. Acesso 10 abr. 2018.

PÁGINA 23
REFLITA

Hoje, no mundo todo, as crianças e os adolescentes representam 31% da po-


pulação. Eles estão crescendo num mundo mais acelerado do que aquele
vivido por quem hoje possui uma idade superior aos 70 anos, por exemplo. As
informações chegam de forma global mais rapidamente, e não se pode supor
que eles não saibam dos perigos que corre o planeta Terra. Em ritmo igual-
mente acelerado, o desmatamento prossegue, colocando em risco todas as
chances que terão de transformar o mundo para melhor

Fonte: Meio ambiente. Disponível em> .https://www.lbv.org/por-que-e-importante-cuidar-dos-


-animais-e-do-meio-ambiente Adaptado. Acesso 22 abr.2018

1.1.1 Industrialização e seus efeitos

No Brasil somente no final do século XIX e começo do século XX que grandes


fazendeiros de São Paulo que enriqueceram com o café, começaram a investir
no setor industrial de forma significativa, havendo desta forma grande investi-
mento no desenvolvimento industrial nas grandes cidades da região Sudeste.

Além do capital interno investido pelos cafeicultores, houve a abertura da eco-


nomia com incentivos fiscais para o capital internacional e muitas nações euro-
péias investiram seu capital na produção agrícola, na urbanização e no extra-
tivismo de riquezas naturais no Brasil. Diversas multinacionais principalmente
montadoras de veículos, construíram grandes fábricas em cidades como São
Paulo, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Santo André, Diadema, Belo Hori-
zonte e Rio de Janeiro.

Segundo SILVA (2013, p.166) no século XX, o processo


de industrialização e a mecanização da agricultura muitos
trabalhadores rurais migraram para as cidades atraídos em
busca de trabalho nas fábricas e melhores salários, e o re-
sultado disso foi o êxodo rural do Nordeste para o Sudes-
te do país. Os migrantes nordestinos fugitivos da seca do
Nordeste e do desemprego foram em busca de trabalho e
melhores condições de vida nas grandes cidades do Su-
deste.

Com a industrialização as cidades consolidaram ainda mais seu poder, concen-


traram um número ainda maior de habitantes. Fortaleceram o papel na condu-
ção da vida social das nações.

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Esse fato acabou por gerar certo conforto para os empresários que tinham a
sua disposição grande massa de trabalhadores ou mão de obra que poderiam
trabalhar por um preço irrisório, intensificando a exploração humana por parte
dos detentores emergentes dos novos meios de produção.

Vale ressaltar que agregado a Revolução Industrial ocorreu também uma Re-
volução Agrícola. A utilização de novos métodos agrícolas, rotação de safras,
sementes selecionadas e o surgimento de novos equipamentos agrícolas, pro-
duziram um extraordinário aumento na produção de alimentos.

Grandes proprietários rurais passaram a investir na tecnologia de produção


agrícola, fato que levou a agricultura ter como fonte principal do progresso téc-
nico a mecanização e o desenvolvimento de produtos químicos e biológicos,
optando pela monocultura, ou seja, uma área de cultivo muito grande com uma
mesma espécie.

Outro fato relacionado à migração interna ou ao êxodo rural ocorreu com a


construção de Brasília, no final da década de 1950. Muitos migrantes do Norte
e Nordeste do país foram em busca de empregos na região central do país,
principalmente na construção civil. As cidades satélites de Brasília cresceram
desordenadamente, causando vários problemas sociais, que persistem até os
dias de hoje.

Com o advento da revolução industrial tornou-se possível adaptar à máquina a


ferramenta antes empunhada pelo homem. A máquina pode, agora, executar
trabalhos anteriormente executados de forma manual. A habilidade manual dei-
xa de ser necessária; o trabalhador hábil, especializado, criativo, nos padrões
anteriores, deixa de ter importância. A atividade do operário passa a ser a de
vigiar e acompanhar as operações executadas pela máquina.

Este processo estendeu-se com força durante as décadas de 70 e 80, entre-


tanto como as cidades não ofereciam infraestrutura adequada aos migrantes,
passam a residir em habitações sem boas condições como favelas e cortiços.

Como os empregos não eram suficientes para todos, e como agravante a gran-
de maioria dos imigrantes não possuíam qualificação necessária para o traba-
lho especificado, muitos deles partiam para o mercado de trabalho informal, e
outros acabavam incorporando à grande massa dos mendigos.

Outro problema causado pela revolução industrial e consequentemente pelo do


êxodo rural foi o agrupamento de pessoas na mesma área (urbana), aumentan-
do a violência, principalmente nos bairros de periferia. Como são bairros caren-
tes sem hospitais e escolas, as populações destes locais acabaram sofrendo
com o atendimento destes serviços. Escolas com excesso de alunos por sala
de aula e hospitais superlotados foram e são as consequências deste fato.

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Os municípios rurais também acabam sendo afetados pelo êxodo rural. Com a
diminuição da população local, diminui a arrecadação de impostos, a produção
agrícola decresce e muitos municípios acabam entrando em crise. Há casos de
municípios que deixam de existir quando todos os habitantes deixam a região.

Desta forma a disponibilidade de pessoas nas áreas rurais vem diminuin-


do constantemente nos últimos anos chegando a taxas de urbanização de
até 94% em alguns estados da região sul e sudeste do Brasil, de acordo com
dados do IBGE. Ou seja, de cada 100 habitantes, apenas 6 ainda vivem em
áreas rurais nestas regiões. Além disso, à distância entre o campo e as cidades
vem se encurtando e o acesso às tecnologias tem se tornado a cada dia mais
evidente.

De acordo com dados da ONU, em 2050, 60% da população mundial residi-


rá nas cidades, realidade muito diferente da década de 50, quando para cada
2 moradores da zona rural, existia aproximadamente 1 morador das cidades,
conforme demonstra o gráfico abaixo.

Gráfico 02: Êxodo rural no mundo, 1950 - 2030. Fonte: ONU, 2012

Entretanto, os efeitos da Revolução Industriais no Brasil foram positivos em


muitos aspectos, pois ocorreu um enorme aumento da produtividade, em fun-
ção da utilização dos equipamentos mecânicos, da energia a vapor e, poste-
riormente, da eletricidade, que passaram a substituir a força animal.

PÁGINA 26
“O processo de urbanização influiu positivamente em al-
guns indicadores nacionais, no decorrer do século XX. Os
principais exemplos foram a queda da mortalidade infantil
(que passou da taxa de 150 mortes para cada mil nascidos
vivos em 1940 para 29,6 em 2000), o aumento da expec-
tativa de vida (40,7 anos de vida média em 1940 para 70,5
em 2000), a queda da taxa de fertilidade (6,16 filhos por
mulher em idade fértil em 1940 para 2,38 em 2000) e o ní-
vel de escolaridade (55,9% de analfabetos em 1940 para
13,6% em 2000). Foi notável também a ampliação do sa-
neamento e a ampliação da coleta de lixo domiciliar, mas
apesar da melhora referida alguns desses indicadores ain-
da deixam muito a desejar.” (MARICATO, 2005, p. 01)

Segundo Hobsbawm (1986), a Revolução Industrial foi provedora de conforto e


transformações sociais para aquelas classes em que ocorreram as menores
alte-rações na sua forma de vida.

Paralelamente, elas receberam os maiores benefícios materiais decorrentes


desse processo.

Esta classe social, tampouco percebeu que estava perturbando a classe operá-
ria com este novo modo de produção. Que a classe média e os que aspiravam
esta condição social ficaram satisfeitos com as transformações ocorridas.

Para aqueles que eram pobres, a Revolução Industrial destruiu hábitos de vida
sem que fosse oferecida uma nova condição social. Foi à própria desagrega-
ção social.

Era o nascimento de uma sociedade industrial, cujo a maioria tinha como úni-
ca fonte de renda, o salário. Diferentemente, a sociedade pré-industrial
detinha suas terras e oficinas artesanais, que de algum modo, suplementava
a renda obtida no trabalho fabril.

Relacionado à questão ambiental um dos aspectos negativos é que a revolu-


ção industrial trouxe aumento da poluição do ar e dos rios, pois muitas indus-
triais passaram a jogar produtos químicos e lixo em rios e córregos. Uso de
mão de obra infantil (na primeira etapa da industrialização).

A industrialização trouxe um mundo de consumo, que convive com a miséria


social, com o desprezo e a falta das condições mínimas, muitas vezes, de so-
brevivência.

O Brasil possui uma grande quantidade de pessoas vivendo abaixo da linha da


pobreza. Assim, por representar um país subdesenvolvido emergente, a pobre-
za no Brasil apresenta elevados patamares.

PÁGINA 27
Na observação de José Bengoa (1996):

“pobreza é um conceito difícil de definir, mas que todo


mundo entende quando se o menciona. Talvez porque
cada qual, cada indivíduo sabe perfeitamente o que seria
para ele e sua família uma situação de pobreza. Para um
poderia ser não comer; para outro, vestir-se pobremente,
para um terceiro, baixar seu nível de vida habitual. São
muito imprecisas, portanto, as definições habituais sobre a
pobreza. Fala-se que a ‘pobreza absoluta’ seria aquela em
que a pessoa não pode alimentar-se com o mínimo sufi-
ciente para sua manutenção fisiológica.

Para Falcão e Costa, 2014, p. 51 no livro (Brasil sem miséria) a pobreza é en-
tendida atende por diversos nomes:

“insuficiência de renda; acesso precário à água, energia


elétrica, saúde e moradia; baixa escolaridade; inseguran-
ça alimentar e nutricional; formas precárias de inserção no
mundo do trabalho, entre outros. As diversas característi-
cas que traduzem as distintas manifestações da pobreza
têm expressão no território e assim se pode afirmar que a
miséria tem nome, endereço, cor e sexo e, embora a renda
também seja um indicador de pobreza, trata-se de um me-
canismo insuficiente para medir o bem-estar. A pobreza se
manifesta, sobretudo, em privação do bem-estar. Com isto,
afirmamos que a pobreza é um fenômeno multidimensio-
nal e, portanto, requer também indicadores não monetários
para seu dimensionamento.

No ano de 2011 foi anunciada a linha de extrema pobreza oficial do Plano Bra-
sil sem miséria: renda familiar per capita de R$ 70 reais – posteriormente atua-
lizada, em 2014, para R$ 77 reais per capita.

A linha de extrema pobreza foi estabelecida com base em parâmetros interna-


cionais, como a linha do Banco Mundial de US$ 1,25 por dia.

Segundo dados oficiais do Ministério de Desenvolvimento de Combate à fome,


existiam no Brasil até o ano de 2012 cerca de 16,27 milhões de pessoas em
condição de “extrema pobreza”, ou seja, com uma renda familiar mensal abaixo
dos R$70,00 por pessoa.

O gráfico abaixo mostra a evolução da desigualdade de renda no Brasil desde


1976. A medida adotada é o Coeficiente de GINI1, tido como padrão internacio-
1 Desenvolvido pelo matemático italiano Corrado Gini, o Coeficiente de Gini é
um parâmetro internacional usado para medir a desigualdade de distribuição de renda entre os
países.

PÁGINA 28
nal para mensurar a desigualdade de renda.

Gráfico 03: Evolução da desigualdade de renda no Brasil desde 1976. Fonte: www.ipea.gov.br.
IPEA (Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada)

Quanto menor o Coeficiente de GINI, menor é a desigualdade de renda dentro


de um país. Para que as pessoas melhorem de vida, e o abismo entre ricos e
pobres diminua, a renda das famílias mais pobres precisam crescer. Mas nada
disso é possível se um país não desenvolver como um todo.

Devido a algumas políticas de combate à desigualdade social promovida nos


últimos anos, a desigualdade social no Brasil vem caindo, chegando em 2012 a
níveis de 1960. Em 2015, o coeficiente de desigualdade no Brasil atingiu 0,514.
(Pnad, 2015).

Vale lembrar que ultrapassar esse valor não significa abandonar a pobreza por
completo, mas somente a pobreza extrema.

PÁGINA 29
Figura 01: Desigualdade de renda no mundo. Fonte: Banco Mundial (2014).

De acordo com o artigo 3º da Constituição Federal para a erradicação da po-


breza e das desigualdades, objetivo fundamental da República constitucionali-
zado é necessário modificar-se os padrões de relações culturais e econômicas
que as provocam e que aprofundam a exclusão, inclusive as sustentadas pela
atividade estatal na implementação de políticas públicas, na formulação de leis
e no julgamento das demandas levadas aos tribunais, como:

I. construir uma sociedade livre, justa e solidária;


II. garantir o desenvolvimento nacional;
III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades so-
ciais e regionais;
IV. promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Complementando, a Declaração e o Programa de Ação de Viena traz expressa-


mente que “a existência de situações generalizadas de extrema pobreza inibe
o pleno e efetivo exercício dos direitos humanos” (I - 14). Afirma, também, que:

PÁGINA 30
“a pobreza extrema e a exclusão social constituem uma
violação da dignidade humana e que devem ser tomadas
medidas urgentes para o conhecimento maior do proble-
ma da pobreza extrema e de suas causas, particularmen-
te aquelas relacionadas ao problema do desenvolvimento,
visando a promover os direitos das camadas mais pobres,
pôr fim à extrema pobreza e à exclusão social e promover
uma melhor distribuição dos frutos do progresso social. É
essencial que os Estados estimulem a participação das
camadas mais pobres nas decisões adotadas em relação
às suas comunidades, à promoção dos direitos humanos e
aos esforços para combater a pobreza extrema”.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 30% das mortes que
acontecem todos os dias estão relacionadas às causas da pobreza extrema,
como fome, diarreia, pneumonia e tuberculose. Morre-se por doenças que po-
deriam ser prevenidas e curadas com custo muito baixo.

Famílias que estão na linha da pobreza extrema convivem com um enorme so-
frimento diário. E podem estar em uma situação duplamente difícil ao verem
suas crianças doentes e capturadas em um ciclo vicioso: miséria, internação,
reinternação e até morte.

Como ressalta o Informe de Desenvolvimento Humano 2000 do PNUD, “a er-


radicação da pobreza constitui uma tarefa importante dos direitos humanos no
século XXI. Um nível decente de vida, nutrição suficiente, atenção à saúde,
educação, trabalho e proteção contra as calamidades não são simplesmente
metas do desenvolvimento, são também direitos humanos”.

A miséria traz ainda consequências como a violência, as drogas e a criminali-


dade, baixo desempenho nas escolas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como o uso de força


física ou poder, por ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou
contra um grupo ou comunidade, que resulte ou possa resultar em sofrimento,
morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. Essa defini-
ção agrega a intencionalidade à prática do ato violento propriamente dito, des-
considerando o efeito produzido

No tocante as drogas, seu uso causa problemas irreparáveis a saúde das pes-
soas, e para sua produção muitas vezes causa desmatamento e perda de bio-
diversidade. Além disso, é comum que o cultivo dessas plantas devido queima-
das das plantações, que ocorrem antes da polícia chegar às regiões de plantio.

A poluição também pode ser gerada durante o processo de secagem das fo-
lhas de tabaco, feito em estufas que requerem a queima de madeira, nem sem-

PÁGINA 31
pre proveniente de reflorestamento. O problema do descarte inadequado englo-
ba praticamente todas as drogas de origem química, com ênfase às bitucas de
cigarro.

São consumidos cerca de 140 milhões de cigarros por ano no Brasil. O


mau hábito de descartar bitucas no chão leva a contaminação pelo perigoso
acetato de chumbo e nicotina, e outras cerca de 50 substâncias
comprovadamente cancerígenas a rios e mares.

Desta forma não difícil de compreender a relação existente entre a ação


do homem e o aumento do número de doenças. O impacto negativo do ho-
mem no ambiente tem relação direta com a saúde, uma vez que necessitamos
dos componentes do meio ambiente para a nossa sobrevivência. É impossível
sobreviver sem acesso à água e ao ar, por exemplo. Se esses elementos estão
comprometidos, nossa saúde também ficará.

SAIBA MAIS

Que ao longo do tempo, as sociedades pré-industriais e industriais passaram


por sucessivos estágios de transformação, o que gerou diretas consequências
sobre os tipos de produção de mercadorias e a forma de inserção destas no
mercado.

Fase pré-industrial (artesanal): a fase da atividade artesanal – isto é, quando


essa prática era o modo de produção predominante – estendeu-se desde a An-
tiguidade até o século XVII. A produção era individual e centrada na figura do
artesão, que atuava desde o início do processo produtivo até, por vezes, a co-
mercialização de seus produtos.

Fase manufatureira: as primeiras indústrias pautavam-se na manufatura, ou


seja, no trabalho manual. Essa fase estendeu-se durante o século XVII até
meados do século XVIII, quando se iniciou, na Inglaterra, o processo de Re-
volução Industrial. Utilizava-se o trabalho manual e máquinas simples com a
inauguração do processo de divisão de tarefas e a formação das classes traba-
lhadoras (os assalariados) e as patronais (os patrões).

Fase maquinofatureira ou industrial: podemos dizer que a fase industrial pro-


priamente dita ocorreu após o início da I Revolução Industrial com a invenção
de maquinários capazes de intensificar a produção e empregar um maior nú-
mero de trabalhadores, além de produzirem novos e variados tipos de merca-
dorias. Com o tempo, essa atividade aperfeiçoou-se com a Segunda e Terceira
Revoluções Industriais.

PÁGINA 32
Fase pós-industrial: embora não haja consenso sobre esse termo, a fase pós-
industrial seria aquela em que as indústrias, embora ainda muito importantes,
deixam de desempenhar um papel central no cerne das sociedades em uma
etapa recente. A principal característica, nesse caso, é o deslocamento do em-
prego para o setor terciário (comércio e serviços), em um fenômeno que os
economistas chamam de terciarização da economia.

Fonte: sociedades pré-industriais e industriais. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/


geografia/industrializacao-seus-efeitos.htm . Acesso: 22 abr .2018

REFLITA

A pobreza extrema e a exclusão social constituem uma violação da dignida-


de humana. Ninguém quer ser estigmatizado com a definição de carência; que
não tem renda suficiente para sua manutenção. Ao aceitar a pobreza e assumi-
-la seria o mesmo que desistir de lutar. Entretanto segundo um dado oficial do
Ministério de Desenvolvimento de Combate à fome - 2012, existiam no Brasil
até esse ano cerca de 16,27 milhões de pessoas em condição de “extrema po-
breza”, ou seja, com uma renda familiar mensal abaixo dos R$70,00 por pes-
soa. Em 2011 foi anunciada a linha de extrema pobreza oficial do Plano Brasil
sem Miséria: renda familiar per capita de R$ 70 reais – posteriormente atualiza-
da, em maio de 2014, para R$ 77 reais per capita. A linha de extrema pobreza
foi estabelecida com base em parâmetros internacionais, como a linha do Ban-
co Mundial de US$ 1,25 por dia.

PÁGINA 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS

As florestas são imprescindíveis para a manutenção dos recursos hídricos para


abastecimento das cidades, onde vive a maioria da população. O desmatamen-
to incontrolado e insano está causando a desertificação e levará atalmente ao
desabastecimento de água e à formação de solo improdutivo para a produção
de alimentos. A natureza trabalha e produz na forma cíclica, mostrando o cami-
nho para a atuação do homem.

Todos os tipos de plantas sejam as rasteiras, os arbustos, as árvores ou as


flores, têm uma importância indispensável para a nossa qualidade de vida. As
plantas nutrem os solos e ajudam a produzir alimentos e água. Suas folhas ser-
vem como adubos para a terra e tornam a natureza rica e viva.

Desta maneira, diante da intensa degradação da natureza, medidas urgentes


devem ser tomadas por todos a benefício do homem e do próprio meio ambien-
te a fim de minimizar os impactos negativos que tem levado os recursos natu-
rais e a escassez em nome da melhoria da qualidade de vida.

DESTAQUES DO CAPÍTULO

1. Revolução industrial no Brasil e as consequências para o ambiente;


2. Êxodo rural e o desequilíbrio ambiental causado pela urbanização;
3. Inicio do processo de degradação ambiental no Brasil com objetivo de
desenvolver.

PÁGINA 34
REFERÊNCIAS
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vos Cadernos NAEA, v. 8, n. 2, p. 5-39, Pará: dez. 2005. [Links]

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Mundial – Brasília: julho, 2003. [Links]

MARICATO, Ermínia. Questão Fundiária Urbana no Brasil e o Ministério


das Cidades. 2005. Disponível em: usp.Br.

SILVA, Angela Corrêa da (Org.). Geografia: contextos e redes. São Paulo:


Moderna, 2013.
LEITURA COMPLEMENTAR

Conheça o Novo Código Florestal Brasileiro na íntegra e algumas de suas


peculiaridades discutidas por diferentes autores acessando os links:

<http://www.planalto.gov.br/civil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651
compilado.htm>Acesso em: 28.abr.2018

<http://codigoflorestal.sistemafaep.org.br/wp-content/uploads/2012/11/novo-
codigoflorestal.pdf>Acesso em: 28.abr.2018

<http://www.aci-scs.org.br/uploads/conteudo/386/NOVO%20CODIGO%20
FLORESTAL%20-%20RESUMO.pdf>. Acesso em: 28.abr.2018

http://www.vomtmgotgmocmdomrofmrofmocmkmkv. Acesso em: 28.abr.2018

http://educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/relacoes-ecologicas-os-tipos-de-
relacionamento-entre-os-seres-vivos.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em 29.
Abr 2018

http://biomania.com.br/artigo/interacoes-ecologicas. Acesso em 29. Abr 2018.

O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS


NO MEIO AMBIENTE URBANO - http://www.google.com.br/
KEwiJo_2b89DaAhWBg5AKHRr1A5wQFggvMAE&url=http%3A%2F%2Fwww.
ceap.br%2Fmaterial%2FMAT2004201302831.
pdf&usg=AOvVaw1CfCfQbtoMSOh7rZ_2xRUF
VÍDEO COMPLEMENTARES SUGERIDO

Documentário Mata Atlântica - Paulo Rufino- Produção Casa de Cinema RBMA


Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

http://int.search.myway.com/search/video.jhtml?n=783A119B&p2=%5EY6%
5Exdm063%5ES22307%5Ebr&pg=video&pn=1&ptb=E06F8736-A110-45D0-
8 C C 8 - 2 E 2 C A 8 3 8 1 A 7 5 & q s = & s e a r c h f o r = d e s m a t a m e n t o + o r i g e m + & s i = C N r-
V4r_7i9UCFQkGkQod9RsGsg&ss=sub&st=tab&tpr=sbt&trs=wtt

vídeo exibido na Record News falando sobre o desmatamento na Amazônia e em


como a região Sudeste colabora com isso.

http://int.search.myway.com/search/video.jhtml?n=783A119B&p2=%5EY6%
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PÁGINA 37
3CAPÍTULO
DESENVOLVIMENTO E
SUSTENTABILIDADE

PLANO DE ESTUDOS E OBJETIVOS DA UNIDADE III

Compreender a diferença entre crescimento e desenvolvimento, e a necessida-


de de antes de qualquer planejamento e ação para o desenvolvimento deve -se
pensar na sustentabilidade econômica, social e ambiental.

Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Objetivos de Aprendizagem:

Que esta unidade possa contribuir de forma significante na compreensão do


conceito de desenvolvimento assim como a transição para sustetabilidade, en-
tendendo o que as dimensões e os objetivos do desenvolvimento sustentável
proporcionam para uma sociedade. E mais do que isso, que a sustentabilidade
possa tornar uma prática diária proporcionando melhoria de qualidade da vida
do homem e de todos os seres vivos na Terra e ao mesmo tempo respeitando a
capacidade de produção dos ecossistemas nos quais vivemos.

Plano de Estudo:
• Compreender as contradições entre o atual modelo de desenvolvimento
econômico e a preservação do meio ambiente;
• Compreender as três visões predominantes sobre a questão: desenvol-
vimento, preservação e conservação;
• Conhecer os conceitos essenciais da questão: recursos renováveis e
não-renováveis, desenvolvimento sustentável.

PÁGINA 38
INTRODUÇÃO

Após conhecermos as relações existentes entre os seres vivos na natureza, e


compreendermos o início do processo degradatório do meio ambiente no Bra-
sil, chegamos o momento de entender que o planeta Terra começa a pedir so-
corro, e não podemos mais ter as mesmas atitudes que tínhamos no passado.

Para (SALES, 2013, p.62) os sistemas biológicos são inerentemente sustentá-


veis, pois quando o equilíbrio entre os sistemas biológicos é perturbado esses
se comportam de maneira a restaurá-lo.

A sustentabilidade deve ser concebida como a capacidade de manutenção e


conservação da vida. Um processo de desenvolvimento em constante adapta-
ção da sociedade na busca por qualidade de vida, incluindo a satisfação de
suas necessidades básicas e de ampliação de suas liberdades e potencialida-
des.

O conceito de desenvolvimento com sustentabilidade pressupõe o atendimento


das necessidades não apenas atuais, mas também, das futuras gerações te-
rem recursos naturais em quantidade e qualidade necessária. Satisfazer a ne-
cessidades da geração atual e futura sem exaurir os recursos naturais não é ta-
refa fácil, porém imprescindível para a própria manutenção da espécie humana
no planeta Terra.

Para desenvolver de forma sustentável uma sociedade necessita exercer ativi-


dades com planejamento e o reconhecimento de que os recursos naturais são
finitos.

Desenvolvimento não deve ser confundido apenas com crescimento econômi-


co, pois este, em princípio, depende do consumo crescente de energia e re-
cursos naturais. O desenvolvimento nestas bases é insustentável, pois leva ao
esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.

Desta forma espera-se que o aluno compreenda que desenvolvimento significa


produzir, propondo em suas atividades projetos, soluções e tecnologias susten-
táveis, capazes de reduzir ou eliminar os impactos ambientais causados pelo
homem na exploração dos recursos naturais, procurando harmonia entre os ob-
jetivos de desenvolvimento econômico, social e a conservação ambiental.

PÁGINA 39
1. DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

1.1- Conceito De Desenvolvimento Sustentável

O ser humano desde a sua existência busca transformar os recursos naturais


a seu favor, pois desenvolver, transformar, progredir faz parte da sua natureza.
Entretanto ao longo da história o próprio conceito de desenvolvimento tem so-
frido diversas alterações.

Quando falávamos em crescimento econômico entendíamos que estávamos


desenvolvendo, e nem se quer imaginávamos que uma simples palavra como
desenvolvimento pudesse significar tanto para uma nação como para o meio
ambiente.

Dizer que uma nação cresceu, significa q ue e la r ealmente e sta progredindo,


avançando, mas não necessariamente significa q ue e stá d esenvolvendo, pois
desenvolvimento engloba crescer além do aspecto geográfico, econômico, mas
também social, dando condições dignas para que a população possa ter mora-
dia, alimento, saúde, lazer, educação, etc. Importante ressaltar que o aspecto
ambiental nem era comentado, neste conceito de desenvolvimento implantado.
Entre os indicadores de mensuração do crescimento econômico, está o Pro-
duto Interno Bruto (PIB, que pode ser definido c omo “ o v alor d e m ercado de
todos os bens e serviços finais produzidos em um país em um dado período de
tempo” (SALES, 2013, p.62) nos setores de agropecuária, serviços e indústria.
Dessa forma, quando comparado o PIB de um ano e este é superior ao ante-
rior, houve crescimento do país, o oposto, recessão. (PASSOS, 2012). Já o
conceito de Desenvolvimento Econômico está relacionado à melhoria do bem-
estar da população.

PÁGINA 40
Furtado (1983, p.90) distingue os conceitos de crescimento e
desenvolvimento da seguinte forma:

“Assim, o conceito de desenvolvimento compreende a


idéia de crescimento, superando-a. Com efeito: ele se re-
fere ao crescimento de um conjunto de estrutura comple-
xa. Essa complexidade estrutural não é uma questão de
nível tecnológico. Na verdade, ela traduz a diversidade das
formas sociais e econômicas engendrada pela divisão do
trabalho social. Porque deve satisfazer às múltiplas neces-
sidades de uma coletividade é que o conjunto econômico
nacional apresenta sua grande complexidade de estrutura.
Esta sofre a ação permanente de uma multiplicidade de fa-
tores sociais e institucionais que escapam à análise eco-
nômica corrente [...] O conceito de crescimento deve ser
reservado para exprimir a expansão da produção real no
quadro de um subconjunto econômico. Esse crescimento
não implica, necessariamente, modificações nas funções
de produção, isto é, na forma em que se combinam os fa-
tores no setor produtivo em questão”.

Com a definição dada pelo autor constata-se que o crescimento econômico


nem sempre garante o desenvolvimento, ou seja, mesmo que haja crescimento
na geração de riqueza se esta não for distribuída de forma justa, não necessa-
riamente trará melhorias na qualidade de vida da população em geral.
Para Sachs (2004, p.13):

“... os objetivos do desenvolvimento vão bem além da


mera multiplicação da riqueza material. O crescimento é
uma condição necessária, mas de forma alguma suficiente
(muito menos é um objetivo em si mesmo), para se alcan-
çar à meta de uma vida melhor, mais feliz e mais completa
para todos”.

Para Sachs (2004, p.13) o termo desenvolvimento sustentável abrange oito di-
mensões da sustentabilidade, pois somente se considera desenvolvimento sus-
tentável quando há o atendimento de todas as dimensões: ambiental, econômi-
ca, social, cultural, espacial, psicológica, política nacional e internacional.

Brasileiro (2006, p.88) aponta que: “embora tenha ocorrido uma evolução so-
bre o conceito nas últimas décadas, a atual busca pelo desenvolvimento con-
tinua primando pelo crescimento econômico, em primeiro plano, continuando a
negligenciar a distribuição desigual das riquezas; o agravamento da pobreza e
exclusão social; a precarização das relações de trabalho; e o esgotamento dos
recursos naturais’”.

Já o termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da Organi-


zação das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas. Nasceu com a inten-

PÁGINA 41
ção de dar uma resposta para a humanidade diante da crise social e ambiental
pela qual o mundo passava.

O Conceito de desenvolvimento sustentável, conforme o Relatório de Brun-


dtland1 de 1991 pressupõe um modelo de desenvolvimento que “atenda às ne-
cessidades da atual geração, sem comprometer a possibilidade das gerações
futuras atenderem às suas próprias necessidades”. Desenvolvimento sustentá-
vel traz melhoria na qualidade de vida de todos os habitantes do mundo sem
aumentar o uso de recursos naturais além da capacidade da Terra.

A construção do conceito de desenvolvimento sustentável continuou durante a


Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, da ONU, realizada em
Joanesburgo, África do Sul, em 2002.

REFLITA

Garantir a sustentabilidade do meio ambiente é garantir, antes de qualquer coi-


sa, que a fome, a pobreza e a miséria estarão afastadas definitivamente e, com
isso, terminará a dura realidade que força as pessoas a praticar a exploração
predatória dos recursos disponíveis em determinadas áreas. Pois só com uma
situação de vida regular, os habitantes de uma determinada região poderão tor-
nar-se permeáveis as “novas idéias”.

Assim, será que estamos próximos de uma sociedade que realmente possui
um desenvolvimento sustentável e vive com sustentabilidade?

Fonte: Promoção da sustentabilidade. Disponível em: http://www.atitudessustentaveis.com.br/


conscientizacao/desenvolvimento-sustentabilidade-meio-ambiente/. Acesso 08.abr.2018.

1.1.1 AS DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Declaração de Joanesburgo estabelece que o desenvolvimento sustentável


se baseia em três pilares: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social
e proteção ambiental, Conforme demonstrado abaixo na figura 01.

1 Relatório Brundtland é o documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common


Future), publicado em 1987.

PÁGINA 42
Figura 01: Desenho esquemático relacionando parâmetros para se alcançar o
desenvolvimento sustentável. Disponível em: Revista Visões 4ª Edição, Nº4, Volume
1 - Jan/Jun 2008. Acesso em: 18 abri. 2018.

Segundo dados publicados em 2004 pela Revista Economia e Desenvolvimen-


to, n° 16, (Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, Joanesburgo
2002), o desenvolvimento sustentável pode requerer ações distintas em cada
região do mundo, os esforços para construir um modo de vida verdadeiramente
sustentável requer a integração entre:

• Crescimento e Equidade Econômica – Lançar os olhos para todas as


nações de forma que possam estar integradas promovendo um
crescimento responsável.

Saber usar os recursos do planeta de forma eficiente, visando um mercado


competitivo que busque a internacionalização de custos ambientais. Assim, a
sustentabilidade seria alcançada pela racionalização econômica local, nacional
e planetária. Para se implementar a sustentabilidade necessário seria a racio-
nalização econômica local e nacional (RATTNER, 1999).

• Conservação de Recursos Naturais e do Meio Ambiente – Buscar redu-


zir o consumo de recursos, e diminuir a poluição e conservar os habitats
naturais.
• Desenvolvimento Social – buscar a igualdade de condições, de acesso
a bens, da boa qualidade dos serviços necessários para uma vida digna,
em que as pessoas possam ter emprego, alimento, educação, energia,
serviço de saúde, água e saneamento, respeito aos seus direitos
trabalhistas e as suas diversidades culturais.

PÁGINA 43
Complementando Ignacy Sachs, citando (MONTIBELLER-FILHO, 2004) enten-
de que para atingirmos a sustentabilidade do ecodesenvolvimento precisamos
contemplar cinco dimensões:

a. Sustentabilidade social: o processo deve se dar de maneira que reduza


substancialmente as diferenças sociais.
b. Sustentabilidade econômica: define-se por uma “alocação e gestão mais
eficientes dos recursos e por um fluxo regular do investimento público e
privado”. A eficiência econômica deve ser medida, sobretudo em termos
de critérios macrossociais.
c. Sustentabilidade ecológica: compreende o uso dos potenciais inerentes
aos variados ecossistemas compatíveis com sua mínima deterioração.
d. Sustentabilidade espacial/geográfica: pressupõe evitar a excessiva con-
centração geográfica de populações, de atividades e do poder. Busca
uma relação mais equilibrada cidade/campo.
e. Sustentabilidade cultural: significa traduzir o “conceito normativo de eco-
desenvolvimento em uma pluralidade de soluções particulares, que res-
peitem as especificidades de cada ecossistema, de cada cultura e de
cada local”.
f. Entretanto, SEM (2000, p.18) concorda com todas as dimensões ante-
riormente citadas e complementa que é necessário incorporar entre elas
o fim da pobreza, da tirania, da carência de oportunidades econômicas e
o fim da negligência dos serviços públicos, da intolerância ou interferên-
cia excessiva de Estados repressivos.

PÁGINA 44
E segundo o Relatório da Comissão Brundtland, uma série de medidas deve
ser tomada pelos países para promover o desenvolvimento sustentável. Entre
elas:
• limitação do crescimento populacional;
• garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo;
• preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
• diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias
com uso de fontes energéticas renováveis;
• aumento da produção industrial nos países não-industrializados com
base em tecnologias ecologicamente adaptadas;
• controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cida-
des menores;
• atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).

Já em âmbito internacional, as metas propostas pelo Relatório da Comissão


Brundtland estabelecem:

• adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organiza-


ções de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de finan-
ciamento);
• proteção dos ecossistemas supra-nacionais como a Antarctica, oceanos,
etc, pela comunidade internacional;
• banimento das guerras;
• implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Or-
ganização das Nações Unidas (ONU).

Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente


adequado de desenvolvimento sustentável são:

• uso de novos materiais na construção;


• reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais;
• aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a so-
lar, a eólica e a geotérmica;
• reciclagem de materiais reaproveitáveis;
• consumo racional de água e de alimentos;
• redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção
de alimentos.

PÁGINA 45
REFLITA

Com o desenvolvimento das atividades industriais vieram grandes impactos


ambientais e isso não é nenhum segredo. O ritmo acelerado dessas ativida-
des impede que o meio ambiente tenha tempo necessário para se recuperar
do consumo dos seus recursos pelo homem e dos resíduos gerados por eles.
Para tentar diminuir esse impacto, vários estudos e discussões vêm sendo rea-
lizados há mais de duas décadas pelos países, principalmente no que diz res-
peito ao desenvolvimento sustentável. Isso trouxe algumas melhorias ao longo
dos anos, mas muito ainda tem que ser feito diante desse problema global vi-
sando atitudes mais sustentáveis. Desenvolvimento sustentável e sustentabili-
dade, esses dois termos por muitas vezes se confundem, mas têm significados
distintos.

Fonte: desenvolvimento das atividades industriais. Adaptado. Disponível em: <http://www.


teraambiental.com.br/blog-da-tera-ambiental/sustentabilidade-e-desenvolvimento-sustentavel-
-conheca-a-diferenca>. Acesso em: 20 mar.2018.

SAIBA MAIS

Sustentabilidade é a capacidade de se sustentar, de se manter. Já o desenvol-


vimento sustentável pode ser entendido como desenvolvimento que satisfaz as
necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das ge-
rações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.

Esses termos foram inicialmente discutidos na Conferência de


Estocolmo (1972) e vem sendo discutido nas últimas décadas, mas foi na
World Commis-sion on Environment and Development (WCED, 1987) que se
tornou conhecido e posteriormente popular na Eco 92.

O termo sustentável tem sentido amplo, sendo um adjetivo derivado do verbo


latino sustentare, que significa o que pode ser mantido, que pode ser perpetua-
do, estando implícito o fator tempo.

O termo desenvolvimento sustentável foi divulgado no informativo nosso futuro


comum (WCED, 1987) o qual cita também três fatores das quais o desenvolvi-
mento sustentável depende completamente:

PÁGINA 46
a. um alto valor deve ser dado aos recursos naturais, á biodiversidade bio-
lógica e á purificação da água e do ar, promovida pelo meio ambiente
natural;
b. pessoas devem descobrir e trocar informações sobre novas tecnologias
que resultem em mais trabalho, aperfeiçoem o uso de recursos naturais
renováveis e aumentem a produção de alimentos;
c. igualdade e justiça devem ser promovidas entre todas as pessoas e ge-
rações para reduzir a pobreza, a violência e construir melhores comuni-
dades;
d. Esses três fatores podem ser resumidos no tripé do desenvolvimento:
Eficiência (sustentabilidade econômica); equidade (sustentabilidade so-
cial) e conservação (sustentabilidade ambiental).

No Southern African Perspectives (1997) foram reunidas outros seis


aspectos do desenvolvimento sustentável:
a. ênfase na interdependência entre desenvolvimento e a conservação de
recursos;
b. um horizonte de longo tempo;
c. a natureza multidimensional do conceito que implica na dificuldade para
conciliar interesses governamentais e instituições acadêmicas;
d. incorpora externalidades ambientais (no tempo, no espaço, de um setor
para outro, de uma população para outra) tratando-as como problemas
não resolvidos;
e. possui enfoque participativo;
f. defende uma estreita relação entre pesquisa e política;
g. conceitualização de desenvolvimento sustentável se baseia, grande par-
te, das inúmeras tentativas de enfrentar os erros, deficiências e injusti-
ças do sistema industrializado imposto no período pós-guerra.

E a sustentabilidade: O desenvolvimento sustentável é o que promove a sus-


tentabilidade. Os planos de desenvolvimento sustentável buscam a sustentabi-
lidade de duas maneiras:

a. Sustentabilidade tecnológica - são planos baseados na crença de que


a tecnologia pode expandir os limites das atividades econômicas e solu-
cionar a escassez de recursos, compensando danos ambientais. Esses
planos baseiam-se na inovação tecnológica acoplada a um sistema de
avaliação que reflete o verdadeiro custo de uso e disponibilização dos
recursos naturais, e são desenvolvidos em resposta ao inevitável cresci-
mento da população humana, a urgente necessidade de mais trabalho e

PÁGINA 47
ao desejo de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os economis-
tas referem-se a sustentabilidade tecnológica como uma fraca sustenta-
bilidade, pois é alcançada pela manutenção ou perpetuação do estoque
de capital total, ou seja, dos serviços e bens que satisfaçam as necessi-
dades e desejos humanos.
b. Sustentabilidade ecológica - são os planos que se fundamentam nos
avanços do conhecimento ecológico e de proteção ambiental, requeren-
do níveis reduzidos ou estáveis de crescimento populacional e de uso
dos recursos naturais, para manter as atividades humanas dentro dos
limites impostos pelo meio ambiente. Isso significa viver dentro da capa-
cidade de suporte do meio ou sustentação ecológica, cujo os sistemas
naturais norteiam o modelo de desenvolvimento econômico, como por
exemplo: resíduos da construção civil torna-se matéria prima para outras
atividades; uso dos recursos naturais a taxas renováveis, sem exceder a
capacidade natural de purificação da água e do ar.

A sustentabilidade é promovida pelo desenvolvimento sustentável, é determi-


nada pelo anseio de condições sociais e econômicas tais como altos níveis de
participação da população e baixos níveis de desemprego.

Sustentabilidade é um processo que envolvem várias vertentes precisando ain-


da de muitos debates em todos os níveis da sociedade buscando:

a. reconhecer a necessidade de reduzir seu excesso de consumo em be-


nefício daqueles que não possuem condições de consumir o mínimo ne-
cessário;
b. a mudança do modo de vida, privilegiando a redução ou eliminação de
insumos não renováveis;
c. reciclagem em geral;
d. a educação ambiental em todas as suas facetas;
e. a conservação dos recursos hídricos, florestais e solos.

Ações como essa ajudam a não passar pela dificuldade da escassez de re-
cursos que é uma ameaça eminente já para as gerações presentes. Cada um
fazer sua parte, tentar pensar mais coletivamente e se conscientizar de que fa-
zemos parte do meio ambiente e o que fazemos com ele prejudicamos a nós
mesmos, já são primeiros passos em direção ao desenvolvimento sustentável.

Fonte: Sustentabilidade é a capacidade de se sustentar. Disponível em: <http://pontobiologia.


com.br/o-que-e-sustentabilidade-e-desenvolvimento-sustentavel/>. Acesso em: 20 mar.2018.

PÁGINA 48
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O consumismo exige cada vez mais a exploração dos recursos naturais e mi-
nerais do planeta.

E para amenizarmos esta situação, precisamos pensar na sustentabilidade am-


biental, sem esquecer dos demais setores da sociedade, envolvendo o lado
econômico, político, educacional e a saúde, pois ser sustentável proporcionara
melhoria de qualidade de vida.

Para que a sociedade possa consumir, atender suas necessidades sem exau-
rir os recursos naturais, as empresas devem desenvolver produtos ecologica-
mente corretos e com materiais que não agridem o meio ambiente.

Sustentabilidade envolve diversas escolhas de uma sociedade como mudanças


de paradigmas, de atitudes pessoais, compreendendo que é um esforço indi-
vidual partindo para um esforço e envolvimento de toda a sociedade, exigindo
uma nova forma de produzir sem degradar o meio ambiente.

É desenvolver um planejamento em longo prazo pautado nas pessoas, no meio


ambiente e na sobrevivência econômica de um local ou do planeta como um
todo, com posturas firmes e estratégicas para diminuir os riscos ambientais e
garantir o equilíbrio que ambiental

Desenvolver projetos que alie produção e preservação ambiental, com uso de


tecnologia adaptada a esse preceito e que sejam colocados como prioridade a
cooperação e parceria tendo como fundamento o ambiente, o interesse social,
o respeito à cultura de cada povo, à política e à democracia.

Ser sustentável é não devem interferir nos ciclos naturais em que se baseiam
tudo o que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem
empobrecer seu capital natural, que será transmitida às gerações futuras.
(Alves, 2015)

Na maioria dos países emergentes, a questão do desenvolvimento sustentável


tem caminhado de forma lenta. Embora haja um despertar da consciência am-
biental, muitas empresas ainda buscam somente o lucro, deixando de lado as
questões ambientais e sociais. É preciso que haja relações de parceria e coo-
peração entre todas as nações para que todos os objetivos do desenvolvimento
sustentável se tornem realidade.

PÁGINA 49
REFERÊNCIAS

ALVES, José Eustáquio Diniz. Os 70 anos da ONU e a agenda global para


o segundo quindênio (2015-2030) do século XXI. Rev. bras. estud. popul.
[online]. 2015, vol.32, n.3, pp. 587-598. http://www.scielo.br/pdf/rbepop/
v32n3/0102-3098-rbepop-32-03-0587.pdf

BRASIL, Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Saneamento


Ambiental. Plano Nacional de Saneamento Básico: Mais Saúde com
Qualidade de Vida e Cidadania. HELLER, L. (coord.). 1. ed. Brasília: 2013, 173
p.

BRASILEIRO, Maria Helena Martins. A organização social e produtiva


como estratégia e fortalecimento do capital social em destinos turísticos.
In Cadernos de análise regional. Programa de pós-graduação em
desenvolvimento regional e urbano da Universidade de Salvador. Ano 9, v.5,
nº1. Salvador: Universidade Salvador – UNIFACS, 2006.

CMMAD - COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E


DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro Comum, 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora
da Fundação Getúlio Vargas, 1991

FURTADO, Celso. Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico. 8ª ed.


São Paulo: Ed. Nacional, 1983.

MONTIBELLER FILHO, G. O mito do desenvolvimento Sustentável: meio


ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias.
Florianópolis: Ed. Da UFCS, 2004.

PASSOS, G.A.;. Análise Estatística Da Evolução Do Produto Interno Bruto Da


Indústria Da Construção Civil Brasileira Utilizando Regressão Linear Simples.
Revista GEINTEC: Gestão, Inovação e Tecnologias. São Cristóvão/SE –
2012.

Vol. 2/n.5/ p.505-514. Disponível em:< http://www.revistageintec.net/portal/


index.php/revista/article/view/74/153 >. Acesso em: 12 abr. 2018.

RATTNER, Henrique. Sustentabilidade: uma visão humanista. In: Ambiente e


Sociedade, jul/dec. 1999, n. 5, p. 233-240.

SACHS, Ignacy. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio


de Janeiro: Garamond, 2004.
SALES, A.P. Felicidade Interna Bruta: Aplicação e Discussão no Contexto
de Cidades de Porte Médio Brasileiras. Revista CADE: Contabilidade,
Administração, Direio e Economica. Mackenzie vol. 12 n. 1, 2013.

PÁGINA 51
LEITURA COMPLEMENTAR

Leitura do texto Ambiente e economia: da Conferência de Estocolmo


ao conceito de desenvolvimento sustentável.... - Veja mais em http://
educacao.uol.com.br/planos-de-aula/medio/geografia-ambiente-e-economia.
htm?cmpid=copiaecola. Acesso 10 abr.2018.

<http://www.teraambiental.com.br/blog-da-tera-ambiental/sustentabilidade-e-
desenvolvimento-sustentavel-conheca-a-diferenca>.Acesso 10 abr.2018.

http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_
sustentavel/. Acesso 10 abr.2018.

http://ambiente.hsw.uol.com.br/desenvolvimento-sustentavel.htm. Acesso 10
abr.2018.

http://planetasustentavel.abril.com.br/download/painel_inicial_casa_
sustentavel.pdf . Acesso 10 abr.2018.

VÍDEO COMPLEMENTAR SUGERIDO

Compreendendo as dimensões do desenvolvimento sustentável.


Disponível em: http://int.search.myway.com/search/video.jht
m l ? n = 7 8 3 A 11 9 B & p 2 = % 5 E Y 6 % 5 E x d m 0 6 3 % 5 E S 2 2 3 0 7 % 5 E
b r & p g = v i d e o & p n = 1 & p t b = E 0 6 F 8 7 3 6 - A 11 0 - 4 5 D 0 - 8 C C 8 - 2 E 2 C
A8381A75&qs=&searchfor=desenvolvimento+sustent%C3%-
A1vel+&si=CNrV4r_7i9UCFQkGkQod9RsGsg&ss=sub&st=tab&tpr=sbt&trs=wtt.
Acesso 09 abr.2018.

O que é essa tal de sustentabilidade? Disponível em: https://www.youtube.com/


watch?v=tBr6GvbeJvo. Acesso 09 abr.2018.

Chuva Ácida - Efeito Estufa - Camada de Ozônio.


Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=EBMy6zgGg_M. Acesso 09
abr.2018.
4CAPÍTULO
MEIO AMBIENTE
E SOCIEDADE

PLANO DE ESTUDOS E OBJETIVOS DA UNIDADE IV

Conhecer os objetivos definidos pela ONU para o desenvolvimento sustentável,


que trazem metas que devem der ser implementados por todos os países até
2030. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propõe diversos assuntos
de elevada importância para a humanidade a fim de transformar a vida no pla-
neta.

Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Objetivos de Aprendizagem:

Levar a compreensão da importância de buscar integrar as dimensões, am-


bientais, transformando os atuais padrões de desenvolvimento em um novo
modelo que além de preservar os recursos naturais possa reduzir a pobreza,
as desigualdades de renda e de gênero, a exclusão social, promova a paz, a
segurança alimentar, o uso eficiente dos recursos, dentre outros desafios co-
muns que os países enfrentam.

Plano de Estudo:
• Compreender os objetivos e as metas desenvolvimento sustentável
(ODS) e seus benefícios para nossa sociedade;
• Pensar em alternativas para promover o desenvolvimento sustentável
em situações do cotidiano.

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INTRODUÇÃO

Os Objetivos para o Desenvolvimento do Milênio, foram formulados no ano de


2015, com objetivo de conciliar economia, ecologia e direitos humanos.

Esses objetivos foram propostos durante a Assembleia Geral da Organização


das Nações Unidas (ONU), onde seus 193 Estados-membros aprovaram, por
unanimidade, uma nova agenda global para os próximos quinze anos, baseada
em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),subdivididos em 169
metas concretas que serão monitoradas por 300 indicadores. Para aprovação
desses objetivos a ONU contou também a colaboração de diversos stakehol-
ders e consultas em mais de 100 países.

A proposta da ONU, não é apenas combater a fome e proteger o meio ambien-


te, mas também incluem temas então ausentes como energia limpa, cidades
sustentáveis, consumo e produção responsáveis, reduzir as diferenças entre
homens e mulheres, igualdade de gênero e raça, entre outros.

A Agenda 2030 deve ser amplamente discutida no meio acadêmico pelo fato
de influenciar significativamente todos os seguimentos empresariais, os
tomado-res de decisão, sejam eles formuladores de políticas públicas
governamentais ou do setor privado.

O mundo passa por um momento de transformações que devem nos levar a


um novo modelo de desenvolvimento, social e ambientalmente mais adequado
às necessidades humanas, e cujo sucesso só se alcançará se todos, tanto indi-
vidual como coletivamente, seja nas corporações ou nos governos, se propuse-
rem a fazer de forma diferente aquilo que está ao alcance de suas ações.

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1. MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE

1.1 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Para a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD,


1991) os objetivos que derivam do conceito de desenvolvimento sustentável
estão relacionados com o processo de crescimento da cidade e objetiva a con-
servação do uso racional dos recursos naturais incorporados às atividades pro-
dutivas. Entre esses objetivos estão:

• Crescimento renovável;
• Mudança de qualidade do crescimento;
• Satisfação das necessidades essenciais por emprego, água, energia,
ali-mento e saneamento básico;
• Garantia de um nível sustentável da população;
• Conservação e proteção da base de recursos;
• Reorientação da tecnologia e do gerenciamento de risco.

De acordo com o Guia sobre Desenvolvimento Sustentável, no ano de 2016


entrou em vigor a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) intitu-
lada “Transformar o nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentá-
vel”.

Para Alves (2015), “a concepção dos cinco P’s é eloquente, pois estabelece
cinco prioridades equidistantes, projetadas dentro de um círculo, cujo centro é
um pentágono, representando o “desenvolvimento sustentável”. No topo do de-
senho estão colocadas as Pessoas (erradicação da pobreza), no nível interme-
diário estão o Planeta (recursos naturais e clima) e a Prosperidade (bem-estar
humano) e, na base do círculo, estão a Paz (sociedades pacíficas, justas e in-
clusivas) e as Parcerias (governança global sólida).

Os cincos componentes por sua vez sustentam o acordo com o estabelecido


nos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS).

Os temas definidos como ODS são muitos, mas basicamente têm um ponto em
comum: tornar o desenvolvimento humano mais seguro e garantir condições de
vida adequadas sob o ponto de vista social, ambiental e econômico.

No coração da agenda 2030 estão cinco Eixos de atuação para o Desenvolvi-


mento Sustentável, (5Ps da sustentabilidade), sendo: pessoas, prosperidade,
paz, parcerias e planeta, conforme demonstrado na figura 01:

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Figura 01: Os cinco P’s da Agenda 2030. Disponível - http://www.agenda2030.com.br/ . Acesso
18 mai.2018.

Encontrar as interdependências entre os dezessete objetivos nos ajuda a en-


contrar as raízes dos problemas e criar soluções sustentáveis de longo prazo.

O objetivo de uma agenda é sempre, em primeiro lugar, organizar os temas


e facilitar o entendimento das pessoas para, em seguida, mobilizar, engajar e
convocar à ação. O desejo da Organização das Nações Unidas - ONU com
estabelecimento dessa agenda é levar todos os países a aspirar o desenvolvi-
mento, mas não a qualquer custo, em prejuízo de pessoas e do planeta.

Para a ONU, “é fundamental que a agenda seja “sustentável”, isto é, equilibre


novas respostas e soluções econômicas, ambientais e sociais, algo que ape-
nas será possível se cada indivíduo, e cada uma das instituições (governos,
empresas, organizações da sociedade civil) mudem atitudes e comportamentos
na direção de um jeito melhor de viver no planeta no século 21”.

Para melhor entendimento os Objetivos DO Desenvolvimento sustentável


(ODS) significam:

1.1.1 Erradicação da pobreza: “Acabar com a pobreza em todas as suas


formas, em todos os lugares”:

Para a ONU, este constitui o maior desafio entre todos para o atendimento do
desenvolvimento sustentável.

A ONU demonstra muita preocupação com o assunto e entende que um dos

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caminhos para solucionar este sério problema é o estabelecimento parcerias
que viabilizem a mobilização de recursos para a criação de programas e políti-
cas que erradiquem a pobreza em todos os sentidos.

Esses programas devem oferecer as populações vulneráveis condições míni-


mas de sobrevivência e seja possível reduzir à metade a proporção de pessoas
que vivem em situação de pobreza.

Estabelecer parcerias e programas, não significa fornecer cestas básicas, pois


não resolverá a situação. É preciso oferecer condições para que o cidadão te-
nha possibilidade de se autossustentar por meio de um trabalho e uma remu-
neração digna.

1.1.1.1 Fome zero e agricultura sustentável: “Acabar com a fome, alcan-


çar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura
sustentável”:

Segundo a ONU, existem mais de 500 milhões de pessoas em situação de


desnutrição no planeta. A meta do segundo objetivo do desenvolvimento sus-
tentável é que, até 2030, os países desenvolvam programas e políticas que
possam dobrar a produtividade dos pequenos agricultores, incluindo mulheres
e povos indígenas, de modo a aumentar a renda de suas famílias.

Esperamos que sejam realmente estabelecidos programas para este fim, que
mostre a importância de produzir de forma sustentável, respeitando o meio am-
biente, ou seja, produzir mais alimento na mesma área e não provocar ainda
mais desmatamentos.

De todo alimento produzido no mundo, mais de um terço é desperdiçado cus-


tando aproximadamente US$750 bilhões à economia global anualmente.

Entretanto, as perdas não se limitam apenas a esfera econômica, mas também


de outros insumos que foram necessários para a produção, como a água, ener-
gia e trabalho, emitindo ainda gases estufa ao longo do processo. (FAO – Sta-
tistical Pocketbook 2015: world food and agriculture – Rome, 2015).

A Declaração de Roma (1996) cita outras possíveis causas para a deficiência


no sistema de distribuição e a consequente insegurança alimentar. Dentre elas
estão conflitos, terrorismo, corrupção, mudanças climáticas, degradação do
meio ambiente e a pobreza, citada anteriormente como sendo a principal raiz
do problema de acessibilidade a alimentos no mundo.

A declaração afirma ainda que nenhum ser humano em estado de fome terá
preocupação com o meio ambiente.

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1.1.1.1.1 Saúde e bem estar: “Assegurar uma vida saudável e promover o
bem-estar para todos, em todas as idades”:

As metas da Agenda 2030 estão não apenas a redução da mortalidade neona-


tal, da obesidade e a erradicação de doenças como o HIV, a tuberculose e a
malária, mas também a conscientização quanto ao uso de álcool e drogas e o
esclarecimento cada vez maior em torno da saúde mental e da importância do
bem-estar psicológico e físico. Fonte: http://www.agenda2030.com.br/

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde


pode ser definida como “um estado de completo bem-es-
tar físico, mental e social, e não apenas a ausência de
doença ou enfermidades”.

Sendo assim, não basta apenas estar sem nenhuma doença, é necessário es-
tar bem consigo mesmo e com o corpo, sem sentir dores ou até mesmo triste-
za.

1.1.1.1.1.1 Educação de qualidade: “Assegurar a educação inclusiva e


equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao
longo da vida para todos”:

Este objetivo trata de todos os níveis educacionais, desde a primeira infância


até a vida adulta, e tem como de suas metas garantir que a educação seja vi-
ável para todas e todos, sem discriminação de gênero. Isso é importante pelo
fato de que as meninas são as principais prejudicadas em seu desenvolvimen-
to educacional, pois, em comparação aos meninos, a educação delas costu-
ma ficar em segundo plano. Além disso, muitas são obrigadas a abandonar os
estudos em função de casamentos e gestações precoces. Fonte: http://www.
agenda2030.com.br/

Relacionado a este fato Philippi Jr et al (2002, p. 42) fala da importância da


educação para o desenvolvimento sustentável:

Falta evidentemente mais educação: educação do empre-


sário, para que não despeje o resíduo industrial nos rios;
educação dos investidores imobiliários, para que respeitem
as leis de zoneamento e orientem os projetos de modo a
preservar a qualidade de vida do povo; educação dos co-
merciantes, para que não se estabeleçam onde a lei não
permite e comprovem a conivência de autoridades públi-
cas para a continuação de suas práticas ilegais, educação
do político, para que não venda leis e decisões adminis-
trativas, para que não estimule nem acoberte ilegalida-
des, para que não faça barganhas contra os interesses do
povo; educação do povo, para que tome consciência de

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que cada situação danosa para o meio ambiente é uma
agressão aos seus direitos comunitários e agressão aos di-
reitos de cada um.

1.1.1.1.1.1.1 Igualdade de gênero: “Alcançar a igualdade de gênero e em-


poderar todas as mulheres e meninas”:

Objetiva erradicação de todas as formas de violência contra meninas e mulhe-


res, uma das metas da Agenda 2030 é viabilizar que meninas e mulheres re-
cebam os mesmos incentivos e oportunidades educacionais, profissionais e de
participação política que meninos e homens, bem como o igual acesso a servi-
ços de saúde e segurança. Fonte: http://www.agenda2030.com.br/

1.1.1.1.1.1.1.1 Água potável e saneamento: “Assegurar a disponibilidade e


gestão sustentável da água e saneamento para todos”:

Saneamento básico como o próprio nome já diz, é muito básico para que todas
as pessoas não tenham acesso.

A Agenda 2030 prevê como meta uma gestão mais responsável dos recursos
hídricos, incluindo a implementação de saneamento básico em todas as regi-
ões vulneráveis e a proteção dos ecossistemas relacionados à água, como rios
e florestas. Fonte: http://www.agenda2030.com.br/

O gráfico abaixo traz as principais metas para saneamento básico no Brasil,


que é fornecer água tratada a 99 % da população, esgoto sanitário a 93% e di-
minuir as perdas de água tratada para 31%.

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Gráfico 01. Principais metas para saneamento básico no Brasil. Fonte: Pano Nacional de Sa-
neamento Básico – Plansab 2013.

1.1.1.1.1.1.1.1.1 Energia acessível e limpa: “Assegurar o acesso confiável,


sustentável, moderno e a preço acessível à energia, para todos”:

Mais do que oferecer acesso à energia a todas as pessoas, é garantir que a


energia fornecida também seja limpa e barata, para que não haja prejuízos ao
meio ambiente durante a sua produção e também e dificuldades de acesso
pelas pessoas de baixa renda e em situação de vulnerabilidade. Fonte: http://
www.agenda2030.com.br/

No Setor Elétrico Brasileiro, o ano de 2016 foi marcado pela entrada de fonte
solar fotovoltaica (FV) no Balanço Energético Nacional.

O Brasil possui um quadro de dependência energética da geração das hidrelé-


tricas e essa é uma questão que traz inúmeras complicações para o sistema de
energia brasileiro.

De acordo com o último Balanço Energético Nacional, realizado pelo Ministé-


rio de Minas e Energia, em 2016, a geração hidráulica corresponde a 64% da
Matriz Elétrica Brasileira, e ainda segundo o documento, pelo terceiro ano con-
secutivo, houve redução da oferta de energia hidráulica, devido às condições
hidrológicas desfavoráveis.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1 Trabalho descente e crescimento econômico: “Promo-


ver o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, empre-
go pleno e produtivo, e trabalho decente para todos”:

Para garantir emprego principalmente para os jovens sem formação, a agenda


estimula o empreendedorismo, criatividade e inovação, e incentivar a formali-
zação e o crescimento das micros, pequenas e médias empresas, inclusive por
meio do acesso a serviços financeiros”.Fonte: http://www.agenda2030.com.br/

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1 Indústria, novação e infra-estrutura: “Promover o cres-


cimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e
produtivo, e trabalho decente para todos”:

Buscar incentivar os países para promover as pesquisas científicas, dar condi-


ções para as pessoas ter acesso à internet e assim tenham conhecimento de
todas às novidades tecnológicas de produção, e os países menos desenvolvi-
dos possam crescer na sua capacidade produtiva de forma que garanta susten-
tabilidade. Fonte: http://www.agenda2030.com.br/

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1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1 Redução das desigualdades: “Reduzir a desigualda-
de dentro dos países e entre eles”:

Reduzir desigualdades é mais do que promover uma melhor distribuição de


renda dentro das nações ou de romper com os privilégios comerciais de na-
ções ricas em relação às mais pobres, mas também estreitar os laços entre as
pessoas que ocupam os territórios do planeta, sejam elas nativas ou imigran-
tes. A xenofobia é um problema grave, causador de diversas violências, e que
faz com que várias pessoas se vejam marginalizadas e com menos oportuni-
dades somente por serem de um território ou etnia diferente. Fonte: http://www.
agenda2030.com.br/.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1 Cidades e comunidades sustentáveis: “Reduzir a


desigualdade dentro dos países e entre eles”:

É visível a urbanidade do mundo, e essa situação ocasiona diversos problemas


ambientais como: doenças, impermeabilização do solo, acumulo de lixo, polui-
ção atmosférica, dos recursos hídricos, etc..

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1 Consumo e produção responsáveis: “Assegurar


padrões de produção e de consumo sustentáveis”:

Com o consumismo e exaustão dos recursos naturais, teremos não apenas fal-
ta de água, mas também com a falta de outros recursos, como alimentos, mi-
nerais, energia, etc. Nesse caso a agenda estimula a redução da geração de
resíduos e reutilização e reciclagem. Fonte http://www.agenda2030.com.br/.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1 Ação contra mudança global do clima: “Tomar


medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos”:

Apesar da diminuição do aumento do buraco na camada de ozônio, ainda es-


tamos cada vez mais aumentando o desmatamento a poluição do ar, que são
fatores que influenciam diretamente no aquecimento do planeta. As metas da
Agenda 2030 é aumentar os investimentos dos países no desenvolvimento
de tecnologias que permitam reduzir o desgaste do planeta. http://www.agen-
da2030.com.br/.

PÁGINA 61
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1 Vida na água: “Conservar e usar sustentavel-
mente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvi-
mento sustentável”:

De acordo com a ONU, há 13 mil pedaços de plástico em cada quilômetro qua-


drado do oceano. Uma das metas da agenda para este objetivo é aumentar a
conscientização quanto à poluição dos oceanos. E prevê para 2030 o fim de
todas as práticas ilegais de pescaria que prejudicam o ecossistema marinho.
Fonte: http://www.agenda2030.com.br/.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1 Vida terrestre: Proteger, recuperar e promo-


ver o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma susten-
tável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degrada-
ção da terra, e deter a perda de biodiversidade.

Com o aumento dos desastres ambientais diversas regiões do planeta, como


vazamentos de substâncias químicas, rompimento de barragens, incêndios, a
Agenda 2030 tem como meta aumentar a mobilização para reverter as conse-
quências dessas degradações e também para prevenir novos desastres. Fonte:
http://www.agenda2030.com.br/.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1 Paz, justiça e instituições eficazes: Pro-


mover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento susten-
tável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições
eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

A Agenda prevê que os países combatam a corrupção, a impunidade, as práti-


cas abusivas e discriminatórias, a tortura, bem como todas as formas de restri-
ção das liberdades individuais. Fonte: http://www.agenda2030.com.br/.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1Parcerias e meios de implementação:


Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para
o desenvolvimento sustentável

Para que todos esses objetivos se tornem realidade, é importante que haja re-
lações de parceria e cooperação entre as nações. Por isso, uma das metas
da Agenda 2030 é que os países em melhores condições financeiras ajudem
os “países em desenvolvimento a alcançar a sustentabilidade da dívida de lon-
go prazo, por meio de políticas coordenadas destinadas a promover o financia-
mento, a redução e a reestruturação da dívida, conforme apropriado, e tratar da
dívida externa dos países pobres altamente endividados para reduzir o supe-
rendividamento. Fonte: http://www.agenda2030.com.br/.

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SAIBA MAIS

Em volta da Terra há uma frágil camada de um gás chamado ozônio (O3), que
protege animais, plantas e seres humanos dos raios ultravioleta emitidos pelo
Sol. Na superfície terrestre, o ozônio contribui para agravar a poluição do ar
das cidades e a chuva ácida. Mas, nas alturas da estratosfera (entre 25 e 30
km acima da superfície), é um filtro a favor da vida. Sem ele, os raios ultravio-
leta poderiam aniquilar todas as formas de vida no planeta. Na atmosfera, a
presença da radiação ultravioleta desencadeia um processo natural que leva à
contínua formação e fragmentação do ozônio, como na imagem abaixo:

Fonte:O buraco na camada de ozônio. Disponível em: https://www.portalsaofrancisco.com.br/


meio-ambiente/buraco-na-camada-de-ozonio. Acesso 02 abr.2018.

REFLITA

O porquê de os alimentos produzidos, apesar de suficientes, não suprem a po-


pulação mundial?

A mudança climática, os conflitos e a crise econômica mundial são as principais


causas do aumento da fome?

Leia mais: https://oglobo.globo.com/mundo/fome-no-mundo-aumenta-pela-pri-


meira-vez-em-mais-de-10-anos-21827589. Acesso 09 abr.2018.

PÁGINA 63
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A agenda 2030 sinaliza a compreensão por todos de que a humanidade pode


e deve fazer escolhas por trajetórias tecnológicas, sociais, econômicas que ma-
ximizem os ganhos para as Pessoas e para o Planeta, visando a Prosperidade
e a Paz, de forma colaborativa, por meio de Parcerias.

A agenda mostra a necessidade em reduzir a geração de resíduos por meio da


prevenção, redução, reciclagem e reutilização e pensar na imensa oportunida-
de para trabalhar em parcerias.

Importante ressaltar que cerca de 5 a 20 milhões de pessoas falecem por ano


por causa da fome e muitas delas são crianças e alterar essa situação significa
buscar mudanças no estilo de vida da sociedade.

A própria Constituição de 1988 em seu Preâmbulo, trata da erradicação da po-


breza e da marginalização, mas, infelizmente, temos ainda “um longo caminho
a percorrer.

Garantir o alimento para todos, superar a miséria e a fome, exige mais que es-
forço, e sim comprometimento de todos os agentes públicos e privados, aten-
dendo às exigências e a busca da sustentabilidade social.

DESTAQUES DO CAPÍTULO
1. Objetivos do desenvolvimento sustentável;
2. Combate a fome e a pobreza;
3. Fontes de energias renováveis.

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REFERÊNCIAS

ALVES, José Eustáquio Diniz. Os 70 anos da ONU e a agenda global para


o segundo quindênio (2015-2030) do século XXI. Rev. bras. estud. popul.
[online]. 2015, vol.32, n.3, pp. 587-598. http://www.scielo.br/pdf/rbepop/
v32n3/0102-3098-rbepop-32-03-0587.pdf

BRASIL, Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Saneamento


Ambiental. Plano Nacional de Saneamento Básico: Mais Saúde com
Qualidade de Vida e Cidadania. HELLER, L. (coord.). 1. ed. Brasília: 2013, 173
p.

CMMAD - COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E


DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro Comum, 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora
da Fundação Getúlio Vargas, 1991

PHILIPPI JR., Caffé, A., ROMÉRO, (ed.). Meio ambiente, direito e


cidadania. São Paulo: Signus Editora, 2002.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO-PNUD.


Os

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Disponível em:<http://www.pnud.


org.br/odm.aspx >. Acesso em: 13 abr.2018.
LEITURA COMPLEMENTAR

Material complementar ODS :


http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/ODSportugues12fev2016.
pdf. Acesso 09 abr.2018.

Fonte de pesquisa: http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/conheca-


os-novos-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/. Acesso 09 abr.2018.

Novas propostas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),


Ecodebate, RJ, 18/07/2014 http://www.ecodebate.com.br/2014/07/18/novas-
propostas-para-os-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods-artigo-de-
jose-eustaquio-diniz-alves/. Acesso 09 abr.2018.

Agenda 2030 . Disponível em: http://www.agenda2030.com.br/. Acesso 09 abr.2018.


Agenda 2030 . Disponível em: http://www.pnud.org.br/arquivos/relatorio_sintese_ods.pdf.
Acesso 09 abr.2018.

VÍDEO COMPLEMENTAR SUGERIDO

Conheça os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável – https://www.


youtube.com/watch?v=_3ejiX6AvLY. Acesso 09 abr.2018.

O que é essa tal de sustentabilidade? https://www.youtube.com/


watch?v=tBr6GvbeJvo. Acesso 09 abr.2018.
5CAPÍTULO
PRODUÇÃO MAIS
LIMPA – CAMINHO PARA
O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

PLANO DE ESTUDOS E OBJETIVOS DA UNIDADE V

Apresentar como a Produção Mais Limpa pode ser uma estratégia de redução
do uso dos recursos naturais em prol do alcance desenvolvimento sustentável.

Demonstrar que a Produção Mais Limpa diminui os desperdícios, e isso implica


em maior eficiência no processo industrial, e menores investimentos para solu-
ções de problemas ambientais.

Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Objetivos de Aprendizagem:
Compreender a que empresas com inserção no mercado internacional enfren-
tam maior pressão dos acionistas, consumidores e agentes financeiros para a
melhoraria do desempenho ambiental das suas atividades, refletindo em uma
nova postura empresarial, transformando os atuais padrões de desenvolvimen-
to em um novo modelo com sustentabilidade. As mudanças ocorridas na forma
de lidar com as questões ambientais se refletem diretamente na estratégia de
negócio adotada pela empresa, que se constitui em encontrar nichos de merca-
do apropriados, satisfazer as necessidades dos consumidores, pesquisar no-
vas aplicações tecnológicas, obter vantagens competitivas.

Plano de Estudo:
• Conceitos de Produção Mais Limpa (P +L) e Produção Limpa(PL);
• Produzir de forma limpa, buscando mecanismos para reduzir poluição na
fonte.

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INTRODUÇÃO

O longo da história da humanidade é perceptível que tanto a produção industrial


quanto agrícola comprometeu a sustentabilidade do planeta.

Entretanto, no atual cenário socioeconômico globalizado de constante preocupa-


ção relacionada ao aspecto “interação indústria e meio ambiente”, a sociedade
tem cobrado dos empresários desses segmentos estratégias que visem o de-
senvolvimento, porém de forma sustentável dentro do conceito “ecologicamente
correto”.

Produzir sem agredir o meio ambiente, não gerando resíduo, e caso não tenha
como não os gerar, que a empresa possua mecanismos para minimizar sua
geração, e praticar a reciclagem dos materiais que sobram do processo na pro-
dução.

Figueiredo (2004), afirma que a sociedade está cada vez mais, tomando cons-
ciência de que a variável ambiental diz respeito a todos, e não somente a um
segmento ou uma parcela da população, e desta forma passou a exigir da in-
dústria a adoção das melhores técnicas, e não apenas atender a determinados
padrões ambientais.

E dentre essas estratégias destaca-se a denominada “Produção mais Limpa”


(P+L) que tem como desafio apresentar mecanismos que aumente a eficiência
no uso das matérias-primas, principalmente a água e energia.

Nesse sentido Layrargues (2000, p. 59), acrescenta que trabalhar de forma “eco-
logicamente correta” adotando processo de Produção Mais Limpa vem sendo
um quesito crucial para as instituições em todo o mundo.

Com esse objetivo neste capítulo abordaremos o que vêm a ser a (P+L) Produção
Mais Limpa, a diferença entre (PL e P+L), com ênfase na Produção Mais Limpa, as
características e objetivos da Produção Mais Limpa, sua importância no contexto so-
cioeconômico atual, os benefícios da sua aplicabilidade nos setores nacionais respon-
sáveis pelo desenvolvimento, a ecoeficiência e a importância do estabelecimento de
indicadores que sejam capazes de mensurar o grau de sustentabilidade do processo
produtivo.

Mostraremos também que embora muitas organizações tenham buscado apri-


morar-se e produzir respeitando os limites da natureza, muitas outras só assim o
fazem de forma coercitiva pelo poder público, que através de taxas, multas ou in-
centivos fiscais que forçam as corporações a exercer essas políticas ambientais.

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1. PRODUÇÃO LIMPA

Durante muito tempo dentro do processo de produção e exploração dos recur-


sos naturais, os termos “Produção Mais Limpa” e “Ecoeficiência” não tinham um
reconhecimento estratégico merecido, sendo frequentemente estigmatizados
como tecnologias ambientais.

Entretanto, tendo em vista a constante busca por soluções que minimizem ou


eliminem os impactos ambientais gerados pela exploração humana, a “Produção
Mais Limpa” e “Ecoeficiência” tornou-se uma constante cobrança da sociedade
junto aos produtores rurais e empresários da indústria.

Barbieri (2011) complementa que a criação de modelos e/ou metodologias es-


pecíficas pautadas na Produção Mais Limpa (P+L) e ecoeficiência, que sejam
capazes de reduzir a poluição do ar, do solo, e das águas e aumentar a susten-
tabilidade ambiental nas atividades realizadas pelas indústrias, têm se tornado
cada vez mais eminente.

Vale ressaltar que há uma diferença significativa entre os conceitos de Produção


Limpa (PL) e Produção Mais Limpa (P+L).

A diferença entre os dois termos são os resultados para a sustentabilidade em-


presarial.

Produção Mais Limpa e ecoeficiência implicam em reduzir o impacto ambiental


do processo produtivo. Já a Produção Limpa busca implantar um processo real-
mente limpo. Furtado (2000)

Segundo Lerípio (2001, p. 24), para entender a diferença entre PL e P+L “é ne-
cessário reconhecer a dificuldade de conceber o sistema de produção absoluta-
mente isento de riscos e resíduos”.

Assim, o surgimento da Produção Limpa (PL), um programa desenvolvido antes


da P+L, com princípios e definições que objetiva um sistema produtivo saudável,
que se preocupa com a limpeza, a preservação e o bem-estar do meio ambiente.
Entretanto a maioria das empresas tem implantado metodologias de Produção
Mais Limpa com o intuito de reduzir seu impacto sobre o ambiente.

Lerípio (2001, p. 43) afirma que os princípios da PL surgiram nos anos 80, sendo
que esta era uma campanha para mudança da política utilizada pelas indústrias
da época.

Para a Fundação Vanzolini (1998, p.1) empresas que queiram caracterizar-se


como portadora de um processo produtivo “limpo” deve implementar:

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a. um sistema de produção industrial que incorpore a variável ambiental em
todas as fases produtivas, tendo como foco principal à prevenção na ge-
ração de resíduos;
b. ser autossustentável em fontes renováveis de matéria-prima;
c. reduzir o consumo de água e energia;
d. prevenir a geração de resíduos tóxicos e perigosos na fonte de produção;
e. reutilização e reaproveitamento de materiais por reciclagem de maneira
atóxica e energia eficiente;
f. gerar produtos de vida útil longa, seguros e atóxicos, para o homem e
meio ambiente, cujos restos (incluindo embalagens) tenham reaproveita-
mento atóxico;
g. reciclagem (na planta industrial ou fora dela) de maneira atóxica como
alternativa para as opções de manejo ambiental representada por incine-
ração e despejo em aterros.

1.1 princípios básicos da Produção mais Limpa

Na visão de Furtado (2000, p. 97-102) para atingir o desenvolvimento susten-


tável e uma produção que possa ser considerada “limpa” deve basear-se em
quatro princípios básicos:

a. Princípio da precaução1: a ausência da certeza científica formal, a existên-


cia de um risco de um dano sério ou irreversível requer a implementação
de medidas que possam prever este dano. Evitar doenças irreversíveis
para os trabalhadores e danos irreparáveis para o planeta. Significa ter
cuidado e estar ciente e estabelecer uma relação respeitosa e funcional
do homem com a natureza;
b. Princípio da prevenção: Uma dada atividade apresenta riscos de dano
ao meio ambiente, tal atividade não poderá ser desenvolvida; justamente
porque, caso ocorra qualquer dano ambiental, sua reparação é pratica-
mente impossível. Fundamenta-se em substituir o controle de poluição
pela prevenção da geração de resíduos na fonte, evitando a geração de
emissões perigosas para o ambiente e o homem, em vez de remediar os
efeitos de tais emissões;
c. Princípio do controle democrático: pressupõem o acesso a informações
sobre questões que dizem respeito à segurança e uso de processos e
produtos, para todas as partes interessadas, inclusive as emissões e re-
gistros de poluentes, planos de redução de uso de produtos tóxicos e
dados sobre componentes perigosos de produtos.
-1 O princípio da precaução deve ser visto como um princípio que antecede a prevenção, pois
sua preocupação não é evitar o dano ambiental, mas, antes disso, pretende evitar qualquer risco
de dano ao meio ambiente.
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Informar a todos, do trabalhador até o consumidor, incluindo também a
comunidade dos arredores, sobre a implicação da existência de
determinados processos na região.

d. Princípio da integração: Avaliar o ciclo de vida do produto, dentro de


uma visão holística do sistema. Os materiais devem ser avaliados quan-
to ao tempo de vida que apresentam na natureza e seus impactos. Prin-
cípio da integração ambiental reconhece o caráter transversal do am-
biente e a necessidade de todas as políticas públicas, planos, progra-
mas ou atividades que possam causar impacto adverso no meio natural.

Porém, em 1989, com a preocupação de um desenvolvimento sustentável e


com a finalidade de buscar prevenção da poluição ambiental, surge a Produção
Mais Limpa (P+L), uma proposta mais acessível sob a perspectiva de sua apli-
cabilidade junto às organizações produtivas.

No ano de 1989, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente


(PNU-MA), United Nations Enviromental Program (UNEP), introduziu o
conceito de P+L para definir a aplicação contínua de uma estratégia
ambiental preventiva e integrada que envolvesse processos, produtos e
serviços, de maneira que se previssem ou reduzissem os riscos de curto ou
longo prazo para o ser humano e o meio ambiente (SEIFFERT, 2009).

Para Seiffert (2009 o modelo de gestão P+L é baseado na abordagem preven-


tiva aplicada a processos, produtos e serviços para minimizar os impactos so-
bre o meio ambiente adota os seguintes procedimentos:

1. quanto aos processos de produção – conservação de materiais, água e


energia; eliminação de materiais tóxicos e perigosos; redução da quan-
tidade e toxidade de todas as emissões e resíduos, na fonte, durante a
manufatura;
2. quanto aos produtos – reduzir os impactos negativos ao longo do ciclo
de vida do produto, desde a extração das matérias-primas até a sua dis-
posição final, por meio de um design adequado de produtos; e redução
do impacto ambiental e para saúde humana, durante todo o ciclo, da ex-
tração da matéria-prima, manufatura, consumo/uso e na disposição/des-
carte final;
3. Quando falamos em (P+L) relacionado a produtos, necessariamente
precisamos pensar em “design ecológico”, usando preferencialmente,
matérias-primas menos agressivas, renováveis, de extração não danosa
ao meio ambiente e que possam ser recicladas ou reaproveitadas e re-
duzir o impacto do produto desde a matéria-prima até a destinação final;

PÁGINA 71
4. c) quanto aos serviços – incorporar as preocupações ambientais no pro-
jeto e fornecimento de serviços.

Importante o entendimento que a prevenção da poluição deve atuar tanto sobre pro-
dutos quanto nos processos produtivos e nos serviços para minimizar a geração de
resíduos, diminuir a poluição, através da utilização de mecanismos, máquinas e equi-
pamentos eficientes, com capacidade para poupar matéria-prima e energia em todas
as fases dos processos.

Segundo Lerípio (2001, p. 24), a P+L, é uma metodologia desenvolvida com o intuito
de promover mudanças na estrutura das organizações com o objetivo básico de que
estas sejam o mais eficiente possível em termos de produção sustentável ecologica-
mente correta.

Ainda complementando Lerípio (2001, p. 24) diz que implantar a P+L significa a aplica-
ção contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos, pro-
dutos e serviços, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias primas, água e
energia e reduzir os riscos para os homens e o meio ambiente.

1.1.1 Implantação de um programa de P+L

De acordo com a abordagem estabelecida pelo Centro Nacional de Tecnologias


Limpas (2000), para a implantação de um programa de P+L deve-se seguir
uma metodologia de abordagem e operacionalização, conforme a figura 1.

Figura1 - metodologia de abordagem e operacionalização para implantação P+L. Disponível


em: Centro Nacional de Tecnologias Limpas (2000). Acesso 20 mai.2018

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Segundo Dozol (2002), as ferramentas que a metodologia oferece são usadas desde
o diagnóstico inicial até o relatório final. A implementação considera todos os dados
levantados no balanço de massa, análise de pressões externas, capacidade
resolutiva dos problemas, análise de viabilidade econômica e possibilidades de
ganhos ambien-tais e econômicos. Diversas estratégias são utilizadas visando a P+L
e a minimização de resíduos, conforme ilustrado na figura 02.

Figura 2: Níveis de aplicação da produção mais limpa. Disponível em: Centro Nacional
de Tecnologias Limpas (2000). Acesso 21 mai. 2018

A P+L tem como objetivo agir sempre no nível 1 a fim de evitar a geração de
resíduos e emissões. Porém nos processos produtivos existem os resíduos
que não podem ser evitados, estes devem ser preferencialmente,
reintegrados ao processo de produção (nível 2). Quando os resíduos não
podem ser reintegrados, ou seja, reciclados internamente, busca-se a
reciclagem externa (nível 3). Quanto mais próximo à raiz do problema e quanto
menor os ciclos, as ações serão mais eficientes. A introdução das técni-cas
de P+L em um processo produtivo tem em vista metas ambientais,
econômicas e tecnológicas.

Nesse sentido Valle (1995, p. 48), relata que a estratégia da P+L visa prevenir
a geração de resíduos, em primeiro lugar, e ainda minimizar o uso de matérias
primas, entretanto, tem a finalidade não só de minimizar desperdícios, mas
também visa o aumento da competitividade.

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Segundo Lora (2000, p. 16) a P+L deve ser voltada para a minimização de resí-
duos na fonte, e essa redução traz vários benefícios para a empresa e o meio
ambiente como:

a. o controle de resíduos na fonte reduz custos de produção devido à utili-


zação mais eficiente das matérias-primas e da energia, bem como cus-
tos de tratamento;
b. a prevenção de resíduos, diferentemente do tratamento de resíduos, im-
plica em benefício econômico, tornando-a mais atrativa para as empre-
sas;
c. melhoria da imagem ambiental; imagem de empresa responsável e sé-
ria, comprometida com o ambiente, a qual está inserida e como também
com seus stakeholders;
d. maior facilidade em cumprir as novas leis e regulamentos ambientais, o
que implica em um novo segmento de mercado;
e. economia com transporte e armazenamento;
f. redução com gastos em prêmios de seguros;
g. diminuição de gastos com segurança e proteção à saúde.

Assim, dentro da metodologia de implantação da P+L, emprega-se a redução


na fonte nos casos em que é possível eliminar a geração de impactos, e
somente nos casos onde essa eliminação não é possível emprega-se as
técnicas de fim de tubo como a reciclagem, mas antes, deve ser considerada
a possibilidade de retornar os resíduos para o processo.

Desta orma temos o desafio de evitar danos ao meio ambiente e buscarmos


alternativas para a minimização de resíduos, na fonte como o uso de produtos
que permitem a reciclagem.

PÁGINA 74
SAIBA MAIS

A implementação de um programa de minimização de despejos geralmente se-


gue uma seqüência do tipo: redução na fonte, reciclagem e tratamento. A se-
guir, são listadas as etapas utilizadas num gerenciamento hierárquico integrado
e as definições geralmente aceitas dessas etapas.

Redução na fonte - trata-se da redução ou eliminação da geração de despe-


jos na fonte, dentro de um dado processo. Medidas de redução podem incluir:
sistemas de tratamento locais, modificações de processo, substituição de maté-
rias-primas ou melhorias na sua pureza, ações de controle, manutenção e ins-
peção periódica e práticas de gerenciamento ambiental.

A redução na fonte, portanto, implica em qualquer ação que reduza a quantida-


de de despejos gerados por um dado processo. O objetivo é reduzir a poluição
na fonte, isto é, antes que eles sejam produzidos e lançados no meio ambiente
em suas formas sólidas, líquidas e gasosas. Os rejeitos que sobram, pois, ne-
nhum processo é cento por cento eficiente, são captados, tratados e dispostos
por meio de tecnologias de controle da poluição do tipo end-of-pipe.

End-of-pipe é uma tecnologia utilizada para o tratamento e o controle dos


resí-duos no final do processo produtivo, conhecido como fim-de-tubo.

Fonte: Redução na fonte. Disponível em: https://www.qsp.org.br/biblioteca/


minimizacao.shtml. Acesso: 08 maio.2018.

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REFLITA

1 - A Produção Mais Limpa é uma das principais variáveis do Desenvolvimento


Sustentável e acaba criando maior conscientização entre as pessoas e traz
uma nova visão para os ganhos alcançados para o meio ambiente e para a
sociedade. Tecnologias ou produções mais limpas implicam na aplicação contínua de
uma estratégia integral de proteção ambiental para processos e produtos, de modo a
reduzir os riscos para os seres humanos e o meio ambiente, ou, em outras palavras,
significa produzir produtos sem criar impactos ambientais?

Fonte: A Produção Mais Limpa. Disponível em: e:\ead maringa\internet\20988-78447-1-pb (2).


pdf estudo de caso.pdf. Acesso: 08 maio.2018.

2 - A Ecoeficiência é vista como um processo de uma organização, que dire-


ciona os investimentos e o desenvolvimento de tecnologias para gerar valor ao
acionista, para minimizar o consumo de recursos e ainda eliminar o desperdí-
cio e a poluição. Portanto, negócios ecoeficientes reduzem o desperdício e ob-
têm mais lucros. Desta forma será mais fácil para uma empresa conseguir acionistas
quando mostra que sua tecnologia é ecoeficiente e não polui?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da atual situação ambiental vivida, torna-se urgente a adoção de meto-


dologias para produzir de forma mais limpa pelas empresas e pelos países, no
intuito de prevenir a geração de resíduos e minimizar o uso de recursos natu-
rais.

Adotar P+L é antecipar-se aos problemas ambientais e maximizar a eficiência


produtiva através da otimização do uso de materiais, como consequência, tem-
-se a redução de cargas poluidoras.

Desta forma, o desafio da humanidade para as próximas décadas é reduzir o


ritmo de crescimento da população e fazer uma drástica mudança no modo de
produção e consumo da sociedade. As atividades antrópicas não podem ultra-
passar a capacidade de regeneração do Planeta. No ritmo atual, estamos ca-
minhando para o fim da espécie humana, pois, com certeza, com o passar do
tempo a natureza com sua grande capacidade de Resiliência florescerá nova-
mente.

Espera-se que após a leitura deste capítulo o aluno seja capaz de compreen-
der e implantar em suas atividades mecanismos capazes de conduzir o proces-
so de Produção Mais Limpa e sustentável.

PÁGINA 76
REFERÊNCIAS

BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instru-


mentos. São Paulo: Saraiva, 2011.

CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS. Manual 5: implantação de


programas de produção mais limpa. Porto Alegre, 2000.

DOZOL, I. de S. Meio ambiente: estratégias para o desenvolvimento susten-


tável na indústria. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE INDUSTRIALIZAÇÃO
DE CARNES, 4., 2002, Chapecó. Anais... Chapecó: [s.n.], 2002. p. 30-37.

FIGUEIREDO, V. F. Produção mais limpa nas pequenas e microempresas: ele-


mentos inibidores. In: XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção,
2004, Florianópolis.Anais do XXIV ENEGEP, 2004.

FURTADO, J. S. Atitude ambiental sustentável na Construção Civil: ecobuilding & pro-


dução limpa. São Paulo: Programa de Produção Limpa, Fundação Vanzolini, Departa-
mento de Engenharia de Produção e Escola Politécnica, USP, 2000.

LAYRARGUES, P. A empresa “verde” no Brasil: mudança ou apropriação ideoló-


gica? Ciência Hoje, Rio de Janeiro, 27 (158): 56-59, 2000.

LERÍPIO, A. Gaia: um método de gerenciamento de aspectos e impactos ambientais.


2001. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2001.

LORA, E. Prevenção e controle da poluição no setor energético industrial de transpor-


te. Brasília: ANEEL, 2000.

SEIFFERT, M. E. B. Gestão ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação


ambiental. São Paulo: Atlas, 2009.

VALLE. C. E. Qualidade ambiental: como ser competitivo protegendo o meio am-


biente. São Paulo: Pioneira, 1995.
LEITURA COMPLEMENTAR

https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/historico/.
Acesso 20 junh.2018.

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1168. Acesso 20 junh.2018.

A RELAÇÃO DA PEGADA ECOLÓGICA COM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL /


CÁLCULO DA PEGADA ECOLÓGICA DE TORIBATÉ1 Disponível em:http://www.seer.ufu.
br/index.php/caminhosdegeografia/article/viewFile/15931/8991.Acesso 20 junh.2018.

http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/vii_en/mesa3/trabalhos/a_
pegada_ecologica_breve_panorama.pdf. Acesso 20 junh.2018.
6CAPÍTULO
INDICADORES DE
SUSTENTABILIDADE

PLANO DE ESTUDOS E OBJETIVOS DA UNIDADE VI

A importância dos indicadores ambientais está associada à sua utilização como


instrumentos para a sociedade avaliar sua própria evolução. No contexto am-
biental, indicadores são parâmetros representativos, que pode ser entendido
como a representação de um conjunto de dados, informações e conhecimentos
acerca de determinado fenômeno urbano/ambiental.

Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco

Objetivos de Aprendizagem:
Associar à utilização dos indicadores ambientais como um instrumento que a
sociedade terá para avaliar seu progresso, sua evolução ou ainda um instru-
mento de planejamento e gestão dos espaços urbanos e rurais propiciando um
melhor aproveitamento dos recursos naturais e também para indicação de me-
didas preventivas de degradação ambiental e consequentes prejuízos econômi-
cos para a sua reparação.

Plano de Estudo:
• Compreender a importância de estabelecer comparações e apontar as
mudanças ocorridas em termos de desempenho ambiental;
• Entender que o gerenciamento ambiental, envolve atuações relaciona-
das a poluição do meio ambiente; conservação de recursos (reciclagem /
re-uso) e saúde e segurança das pessoas;
• Estabelecer metas e indicadores ambientais, palpáveis, relevantes, con-
sistentes e passível de ser monitorado;
• Entender a importância dos indicadores re letirem parâmetros de susten-
tabilidade;
• Observar a capacidade de autodepuração do planeta.

PÁGINA 79
INTRODUÇÃO

A globalização ocasionou a abertura de mercados internacionais, e tornou a


concorrência mais acirrada entre as empresas que se viram obrigadas a se
aperfeiçoar e procurar novas alternativas que propiciem melhores desempe-
nhos para mensurar a sustentabilidade do desenvolvimento, observando a par-
tir de diferentes abordagens a necessidade de um conhecimento mais aprofun-
dado dos diferentes sistemas de indicadores de sustentabilidade e de sua utili-
zação.

Neste sentido para Gallopin (1996), os indicadores mais desejados são aqueles
que resumam ou simplifiquem as informações relevantes, façam com que cer-
tos fenômenos que ocorrem na realidade se tornem mais aparentes; aspecto
esse que é particularmente importante na gestão ambiental. Nessa área, espe-
cificamente, é necessário que sejam quantificadas, mensuradas e comunicadas
as ações relevantes. A emergência da temática ambiental está fortemente re-
lacionada à falta de percepção da ligação existente entre ação humana e suas
principais consequências.

Importante ressaltar que os indicadores devem ser observados a partir de suas


funções de avaliação das condições e tendências; efetuação da comparação
entre lugares e situações; avaliação das condições e tendências em relação às
metas e objetivos; prover informações de advertência e antecipar futuras condi-
ções e tendências.

O objetivo principal dos indicadores é o de agregar e quantificar informações de


uma maneira que sua significância fique mais aparente. Os indicadores simplifi-
cam as informações sobre fenômenos complexos tentando, com isso, melhorar
o processo de comunicação.

PÁGINA 80
1. MODELOS DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

O desenvolvimento sustentável não se consegue do dia para a noite. Desen-


volver em uma empresa um processo produtivo dentro dos padrões de P+L re-
quer o estabelecimento de indicadores que possam mensurar o desempenho
em matéria de sustentabilidade.

Os indicadores de sustentabilidade são escolhidos segundo diferentes modelos


de relações entre os componentes da “trindade” representada pelas dimensões
econômica, social e ambiental.

Entretanto o IBGE estabeleceu 63 indicadores organizados em quatro dimen-


sões: ambiental, social, econômica (micro e macro); e institucional - compreen-
dem a estrutura e funcionamento das instituições incluindo instituições clássi-
cas; organizações não governamentais (ONG) e empresas, segundo o marco
ordenador do Livro Azul proposto em 2001 pela Comissão de Desenvolvimento
Sustentável (CDS), das Nações Unidas.

De acordo com a classificação de 1993 da Organização para a Cooperação e


o Desenvolvimento Econômico (OCDE), os indicadores ambientais podem ser
sistematizados pelo modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) que assenta em
três grupos indicadores: A seguir apresenta-se na figura 3, a estrutura concep-
tual do modelo PER da OCDE:

Figura 1: estrutura conceptual do modelo Pressão-Estado-Resposta - PER da OCDE Disponí-


vel em : MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Painel Nacional de Indicadores ambientais 2012:
referencial teórico, composição e síntese dos indicadores da versão-piloto. Brasília: MMA,
2014. Acesso 28 mai.2018.

PÁGINA 81
Os indicadores de Pressão descrevem pressões das atividades humanas sobre
o meio ambiente e que se traduzem por alterações na qualidade do ambiente e
qualidade e quantidade dos recursos naturais; indicadores de emissão de con-
taminantes, eficiência tecnológica, intervenção no território e de impacto am-
biental;

Os indicadores de Estado refletem a qualidade do ambiente num dado horizon-


te espaço/ tempo; são os indicadores de sensibilidade, de risco e de qualidade
ambiental;

Os indicadores de Resposta avaliam as respostas da sociedade às alterações


e preocupações ambientais, bem como à adesão a programas e/ou implemen-
tação de medidas em prol do ambiente; podem ser incluídos neste grupo os in-
dicadores de adesão social, de sensibilização e de atividades de grupos sociais
importantes.

Desta forma, segundo a OCDE, para formular um bom indicador deve-se ca-
racterizá-lo com os seguintes requisitos, conforme descrito no quadro 1:

Quadro 1 – Requisitos para um bom indicador. Adaptado de OCDE(2002 apud MAGALHÃES


2004) Ministério de Planejamento; 2010.

Assim, a relevância para formulação de políticas deve ser representativa, de


fácil compreensão e comparável;

A Consistência deve ser bem apoiado em termos técnicos e científicos e de


consenso internacional;

A mensurabilidade deve ser facilmente mensurável e passível de ser monitora-


do regularmente a um custo não excessivo.

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1.1 – Os Indicadores segundo a Norma ISO 14.000

Os Indicadores segundo a Norma ISO 14.000, que representa uma das mais
significativas contribuições para a atividade industrial humana foi a Gestão pela
Qualidade Total – GQT (Campos, 1992), logo estendida aos setores terciário
e primário, bem como suas variantes, representados pelas Normas ISO série
9000 e ISO série 14000.

A Norma ISO 14031 trata especificamente da Avaliação de Desempenho Am-


biental (ISO, 2004). Ela recomenda o uso do modelo PDCA1, proveniente da
GQT, e oferece metodologias para determinação de indicadores para avaliar o
desempenho ambiental, organizados em dois grupos principais:

1. Grupo A: indicadores de desempenho ambiental, subdivididos em:


• Indicadores de desempenho de gestão (IDG): implantação de po-
líticas e de programas; conformidades; desempenho financeiro;
relações com a comunidade;
• Indicadores de desempenho operacional (IDO): quantidade de
materiais utilizados nos processos; quantidade de energia utili-
zada nos processos; serviços de suporte às operações da insti-
tuição; infra-estrutura e equipamentos utilizados pela instituição;
fornecedores e clientes; produtos; serviços executados pela em-
presa; resíduos da produção; emissões.
2. Grupo B: Indicadores de condições ambientais - locais ou regionais
(ICA); ar, água, solo; flora, fauna; seres humanos, comunidade; estética,
cultura e heranças para próximas gerações.

Os indicadores integram o estágio “Check” (Controle) do ciclo PDCA e são


absolutamente essenciais para a Gestão da Qualidade.

Os indicadores e os índices servem como:

• Suporte para tomada de decisões, ajudando os gestores na atri-


buição de fundos, alocação de recursos naturais e determinação
de prioridades;
• Comparação de condições em diferentes locais ou áreas geográ-
ficas;
• Informação sobre o nível de cumprimento das normas ou critérios
legais;
• Séries de dados para detectar tendências no tempo e no espaço;
• Aplicações em desenvolvimentos científicos servindo nomea-

1 O Ciclo PDCA compõe-se de quatro estágios: Plan (planejar) – Do (fazer)


– Check (controlar) - Act (aperfeiçoar)

PÁGINA 83
damente de alerta para a necessidade de investigação
científica mais aprofundada;
• Informação ao público sobre os processos de desenvolvimento
sustentável.

Os indicadores de desempenho ambiental podem ser muito úteis para


diferentes stakeholders como:

1. Dar respaldo para autoridades públicas sobre as emissões de poluentes


para o solo, ar e água;
2. Dar respaldo para as comunidades envolventes sobre os níveis de ruído
junto da empresa;
3. Dar respaldo aos clientes sobre o percentual de fornecedores avaliados
ambientalmente;
4. Dar respaldo para os trabalhadores sobre o número anual de horas de
formação ambiental;
5. Dar respaldo para instituições financeiras sobre o percentual de investi-
mentos em tecnologia de produção mais limpa;
6. Dar respaldo para ONG sobre as compras de produtos ambientalmen-te
adequados;

A definição de indicadores ambientais requer o conhecimento de como a em-


presa impacta o meio ambiente, e esse índice é detectado através do mapea-
mento dos principais impactos ambientais que a organização causa, quais são
as suas principais emissões, prevendo a quantificação do impacto como sua
intensidade se é crítico, moderado ou fraco.

Implica ainda em conhecer o que o concorrente esta fazendo usando indicado-


res comparativos de suas práticas organizacionais com as de outras
empresas. Benchmarking (comparações com referenciais) é uma prática
aceita e difundi-da na área da Qualidade. E quais são os objetivos da
empresa. Os indicadores devem levar à escolha de objetivos e metas
factíveis e mensuráveis; desta maneira, um critério formal deve estar
desenvolvido para selecionar objetivos e metas.

PÁGINA 84
SAIBA MAIS

Para maior aprofundamento no assunto:


Indicadores - http://www.azores.gov.pt/NR/rdonlyres/4354C312-AF0D-49E8-B-
310-591F282E50B3/434676/07Avaliacaoeacompanhamento_web.pdf. Acesso
20 jun.2018

REFLITA

É possível gerenciar o que não se pode medir? E pode-se medir o que não se
consegue definir? Pode-se definir o que não entende?

1.1.1 A relação do indicador - pegada ecológica com o desenvolvimento


sustentável

Diante de tantos questionamentos pela sociedade, perante o grande processo


de degradação e exploração dos recursos naturais, oriundos do consumismo
humano, na década de 90, os especialistas William Rees e Mathis Wackerna-
gel, se reuniram e começaram a pesquisar formas de medir a dimensão cres-
cente das pegadas que deixamos no planeta.

Com a publicação do livro Pegada Ecológica, os dois cientistas apresentaram


ao mundo um novo conceito que pudesse levar cada indivíduo primeiro conhe-
cer seu consumo para depois entender a necessidade de reduzir o impacto
causado por ele na Terra, objetivando um sistema mais sustentabilidade.

Para Leite e Viana (2001) a Pegada Ecológica é um indicador de sustentabili-


dade, uma metodologia de contabilidade ambiental utilizada para medir a pres-
são do impacto do homem sobre a Terra, que permite calcular a área de terre-
no produtivo em hectares globais (gha), necessários para sustentar o estilo de
vida das pessoas no mundo, o que inclui a cidade e a casa onde se mora, os
móveis, as roupas, o transporte, comida, atividades realizadas nas horas de la-
zer, os produtos que consome.

Neste cálculo são contabilizados vários aspectos econômicos e ambientais


como:
• Área arável usada para produzir alimentos para a população;
• Área usada em pastagens;
• Área usada para urbanização;
• Área verde que deve ser disponibilizada para a absorção do CO2 produ-

PÁGINA 85
zido pelas atividades;
• Área de florestas para fornecer recursos naturais, principalmente madei-
ra.

Desta forma Pegada Ecológica é um indicador que estima a demanda ou a exi-


gência humana sobre o meio ambiente, considerando-se o nível de atividade
para atender ao padrão de consumo atual (com a tecnologia atual). É de certa
forma, uma maneira de medir o fluxo de ativos ambientais de que necessita-
mos para sustentar nosso padrão de consumo.

A biocapacidade do planeta é um indicador que reflete a regeneração (natural)


do meio ambiente, é medida também em hectare global. É a capacidade que o
planeta apresenta em absorver os resíduos gerados, produzir novos recursos
naturais úteis, e avaliar o montante de terra e água, biologicamente produtivo,
para prover bens e serviços do ecossistema à demanda humana por consumo,
sendo equivalente à capacidade regenerativa da natureza.

A figura 4 demonstra a razão entre a pegada ecológica e a biocapacidade do


planeta.

Figura 04: Razão entre a pegada ecológica e a biocapacidade do planeta. Disponível em: ht-
tps://financasfaceis.files.wordpress.com/2012/07/razao_pegada_ecologica_2012.png. Acesso
02 jun.2018.

Uma razão entre pegada ecológica e biocapacidade do planeta igual a 1 indica


que a exigência humana sobre os recursos do meio ambiente é resposta na
sua totalidade pelo planeta, devido à capacidade natural de regeneração. Se

PÁGINA 86
for maior que 1, a razão indica que a demanda humana é superior à capacida-
de do planeta de se recuperar e, se for menor que 1, indica que o planeta se
recupera mais rapidamente

Para o WWF-Brasil, a Pegada Ecológica consiste não apenas em um indicador


que garante uma nova forma de se trabalhar as questões ambientais, mas é
também uma ferramenta de leitura e interpretação da realidade, pela qual po-
deremos enxergar, ao mesmo tempo, problemas conhecidos, como desigual-
dade e injustiça, e, ainda, a construção de novos caminhos para solucioná-los,
por meio de uma distribuição mais equilibrada dos recursos naturais, que se
inicia também pelas atitudes de cada indivíduo.

No ano de 2010 a WWF publicou o relatório Planeta Vivo (Living Planet) 2010,
que mostra o crescimento da Pegada Ecológica mundial e a diminuição da bio-
diversidade.

O relatório traz uma triste realidade, e nenhuma novidade, que a humanidade


duplicou a demanda dos recursos naturais, e se continuar nesse ritmo cres-
cente de exploração dos recursos naturais, em 2030 será preciso dois planetas
para satisfazer os níveis anuais dentro do padrão de produção e consumo an-
tropogênico.

Ainda segundo o relatório da WWF, os dez países com maior Pegada Ecoló-
gica per capita são: Emirados Árabes Unidos, Catar, Dinamarca, Bélgica,
Es-tados Unidos, Estônia, Canadá, Austrália, Kuwait e Irlanda. O Brasil
ocupa a 56º posição neste ranking. Os 32 países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), são responsáveis por
quase 40% da Pegada Ecológica mundial.

Segundo dados do relatório o carbono é o principal culpado pelo aumento da


Pegada Ecológica e pelo aquecimento global. Pegada de carbono mede a
quantidade total das emissões de gases do efeito estufa causada diretamente
e indiretamente por uma pessoa, organização, evento ou produto. A Pegada de
carbono aumentou de forma assustadora e multiplicou-se por onze nos últimos
50 anos. Isso significa que hoje o carbono é responsável por mais da metade
da Pegada Ecológica mundial.

Torna-se urgente abandonar a queima de combustíveis fósseis (carvão, petró-


leo, gás) e fazer uma transição para a economia de baixo carbono e de ener-
gias renováveis e limpas.

PÁGINA 87
SAIBA MAIS

Os países do BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – possuem uma população


maior e uma Pegada Ecológica menor. Contudo, o acelerado crescimento eco-
nômico destes 4 países está comprometendo as condições ambientais, já se
vislumbrando uma pegada ecológica maior dos BRICs do que dos países de-
senvolvidos, em um futuro próximo.

Em relação à biodiversidade, o relatório mostra que, em algumas áreas tempe-


radas, houve uma recuperação promissora de populações de espécies, graças,
em parte, ao aumento dos esforços de conservação da natureza e a um melhor
controle da poluição e do lixo. No entanto, nas áreas tropicais, houve uma que-
da de quase 70% nas populações aquáticas (água doce), sendo que esse per-
centual corresponde ao maior declínio já mensurado em quaisquer espécies,
em áreas terrestres ou nos oceanos.

Fonte: Relatório Planeta Vivo 2010. Disponível em: www.wwf.org.br/?26162/Relatório -Planeta


-Vivo -2010. Acesso 27 jul.2018.

Complemento: A Pegada de carbono mede o potencial de aquecimento global. Disponível


em: http://blog.enciclo.com.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-pegada-de-carbono/.
Acesso 27 jul.2018.

REFLITA

1- O Brasil possui uma alta biocapacidade, mas as mudanças nos hábitos de


consumo da população brasileira e a demanda crescente por produtos agríco-
las têm pressionado os recursos naturais. O crescimento populacional tem au-
mentado a Pegada Ecológica e reduzido a biodiversidade do país. Entretanto,
temos pela frente um grande desafio que é o de crescer sem esgotar nossos
recursos naturais. Podemos evitar o colapso?

Fonte: Biocapacidade. Adaptado. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2010/10/19/


pegada-ecologica-e-biodiversidade-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/. Acesso 10 jun.2018.

PÁGINA 88
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os indicadores de sustentabilidade servem para mensurar as ações relaciona-


das ao desenvolvimento sustentável e constituem uma base útil à tomada de
decisão em todos os níveis. Os indicadores constituem importantes parâmetros
para orientar a gestão e o planejamento de políticas e ações que podem ser
desenvolvidas.

Os indicadores são capazes de expressar e comunicar, de maneira simples


e objetiva, as características essenciais (como ocorrência, magnitude e evolu-
ção, entre outros aspectos) e o significado (como os efeitos e a importância
socioambiental) desse fenômeno aos tomadores de decisão e à sociedade em
geral. Sua adoção envolve a perspectiva de ser utilizado no acompanhamento
de cada fenômeno urbano/ambiental ao longo do tempo, no sentido de avaliar
o progresso ou retrocesso em relação ao meio ambiente.

Os indicadores de sustentabilidade constituem um sistema de sinais que per-


mitem aos países avaliar seu progresso em gestão ambiental a respeito do
desenvolvimento sustentável. Os indicadores ambientais, assim como os eco-
nômicos e sociais, permitem que se compare uma base comum de informação
selecionada e processada, o que facilita a objetividade nos processos de deci-
são, seu ordenamento, geração e enriquecimento mediante o fortalecimento da
participação dos cidadãos (QUIROGA, 2005).

PÁGINA 89
REFERÊNCIAS

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PÁGINA 91
LEITURA COMPLEMENTAR

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co/. Acesso 14 jun.2018.

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1168. Acesso 14 jun.2018.

http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/viewFi-
le/15931/8991. Acesso 14 jun.2018.

http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/vii_en/mesa3/traba-
lhos/a_pegada_ecologica_breve_panorama.pdf. Acesso 14 jun.2018.

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gada_ecologica/perguntas_respostas/.Acesso 14 jun.2018.

https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/es-
A Família das Pegadas. Disponível em:
peciais/pegada_ecologica/a_familia_das_pegadas/. Acesso 15 jun.2018
7CAPÍTULO
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA A SUSTENTABILIDADE
DOS RECURSOS HÍDRICOS

Professora Mestre Sônia Maria Crivelli Mataruco

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar Educação ambiental;
• Compreender a política Nacional de recursos hídricos;

Plano de Estudo:
• Política nacional de recursos hídricos;
• Política Nacional de Educação ambiental.

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INTRODUÇÃO UNIDADE

Nesta unidade buscaremos desenvolver os principais conceitos que permitam


a você estudante refletir nos fundamentos da educação ambiental, partindo da
definição de educação e de ambiente. Ainda reconhecer os diferentes concei-
tos relacionados às questões de ordem ambiental e as relações que se esta-
belece entre sociedade e natureza e também a evidência clara que o modo de
produzir a vida em sociedade é o determinante tanto da problemática ambiental
quanto social e econômica.

Ao falar em atendimento das necessidades básicas da humanidade, a primeira


coisa se vem em mente é o recurso natural água, que além de suprir nossas
necessidades pessoais, também satisfaz aos interesses do desenvolvimento.
Onde não se tem recurso hídrico com quantidade e qualidade necessária não
há interesse dos empresários em fazer investimentos, pois a água é fator de
desenvolvimento e condição elementar para sustentação da vida e dos ecos-
sistemas.

Diante de tanta grandeza e importância deste recurso natural, seu mau uso,
aliado à crescente demanda, vem preocupando os responsáveis pela gestão
dos recursos hídricos, em função da diminuição da disponibilidade de água lim-
pa em todo o planeta. As águas cobrem 75% da superfície do planeta, dando
sua forma e compondo a hidrosfera1. Diante de tanta disponibilidade de água,
para preservá-la necessitamos pensar em uso racional de forma sustentável,
sendo imprescindível passar pela efetividade das estratégias de educação am-
biental.

No livro Primavera Silenciosa, publicado em 1962, pela jornalista norte-ameri-


cana Rachel Carson, denunciou a ação impactante do homem sobre o ambien-
te, estimulou a discussão mundial sobre a necessidade de se proteger a natu-
reza contra os humanos e promover a qualidade ambiental como pressuposto
para a qualidade de vida dos homens.

O livro trouxe à tona a necessidade de preocupar-se com o uso de agrotóxico


na natureza e o quanto este traz prejuízos para a biodiversidade e para o recur-
so água.

Educação Ambiental promove qualidade de vida e a Constituição Federal do


Brasil, em seu artigo 225, afirma que: “todos têm direito ao meio ambiente eco-
logicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia quali-
dade de vida”.
1 A hidrosfera é a camada de água da superfície terrestre que inclui desde rios,
lagos e oceanos até lençóis de água subterrânea, geleiras e o vapor de água da atmosfera. É
uma camada descontínua que engloba a água em todos os seus estados físicos (líquido, sólido
e vapor). Aproximadamente 70,8% (97,2% de água do mar e 3% de água doce) da Terra são
cobertos de água e somente 29,2% de terra

PÁGINA 94
Trabalhar educação ambiental com os indivíduos significa educá-los e capaci-
tá-lo para o uso sustentável dos recursos hídricos e demais recursos naturais,
para a busca de alternativas de menor impacto ambiental e maior reflexão so-
bre os significados dos conceitos de qualidade hídrica, qualidade ambiental,
qualidade de vida e sustentabilidade, evitando que pela sua ganância desenca-
deie uma série de eventos que coloque não só a sua vida em risco, mas tam-
bém a vida do planeta.

Neste intuito citaremos a Constituição Federal, importância da Lei de educação


ambiental para a preservação dos recursos hídricos, a Política Nacional de Re-
cursos Hídricos.

1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A SUSTENTABILIDADE DOS RECUR-


SOS HÍDRICOS

A ideia da Terra ser fonte inesgotável de recursos para geração de riquezas e


progresso material não deve existir mais, pois já presenciamos em muitos lu-
gares que os recursos hídricos mundiais estão entrando em colapso, seja por
quantidade ou qualidade.

No relato de Adorno (2002) ele diz que a população tem aumentado considera-
velmente e o problema desse aumento não é apenas o da falta de alimentos.
Estes são e poderão ser produzidos em quantidades suficientes para abastecer
o mundo. A grande questão é que temos explorado cada vez mais os recursos
presentes na natureza, e as fontes de água potável do planeta vêm diminuindo
ano após ano, e isso ocorre não porque a natureza não consegue prover água
suficiente para todos nós; mas porque a humanidade tem o péssimo hábito de
poluir e destruir sistematicamente as nascentes e as reservas de água.

Atualmente encontrar o equilíbrio entre satisfação das necessidades e preser-


var o meio ambiente não é uma tarefa fácil, por vários fatores como: falta de
educação financeira e ambiental da população.

Os seres humanos enfrentaram ao longo da sua história, inúmeras dificuldades


e desafios ambientais, e para superação desses desafios, surge a educação
ambiental como um caminho para promoção de mudanças de valores, senti-
mentos, atitudes e, principalmente, para mostrar ao homem que ele faz parte
do ecossistema, dessa forma, necessita cuidar do meio em que vive.

Entretanto, é fato que o homem, em decorrência do crescimento populacional,


precisou desenvolver tecnologias para melhorar o processo produtivo e assim
produzir mais e consequentemente, satisfazer suas necessidades, porém não
deixou de degradar, muito pelo contrário só aumentou.

PÁGINA 95
Acompanhado desse avanço tecnológico, o homem também se deparou com
grandes problemas ambientais em decorrência da intensificação da exploração
dos recursos naturais, geração de resíduos e maior produção de agrotóxicos.
Assim, surge a necessidade de buscar soluções para os problemas ambientais
no intuito de garantir um futuro melhor para a humanidade. Porém, falta clareza
para entender que a educação é o melhor caminho para instruir as pessoas da
necessidade de preservar o meio ambiente.

Para Taglieber (2004) é preciso chamar a atenção para essa problemática,


mostrando que:

Na atualidade, frente à problemática ambiental, a com-


preensão das limitações dos ecossistemas do Planeta, a
educação geral passa necessariamente pelo foco da di-
mensão ambiental, isto é, para sobrevivência da humani-
dade é necessário que cada coletividade tome consciência
desses limites e comece a valorizar, preservar, conservar
e proteger seu meio ambiente. A educação precisa enfo-
car aspectos específicos da época e das necessidades ex-
pressas pela coletividade atual. (TAGLIEBER, 2004, p. 14).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1997) reforçam que as tecnolo-


gias podem ser usadas como metodologias para sensibilizar sobre determinada
problemática, e dentre os conteúdos que devem ser trabalhados em sala de
aula, de forma transversal e interdisciplinar, está a Educação Ambiental (EA).

Consideramos que um dos grandes desafios do século XXI é conseguir que o


homem utilize as tecnologias como instrumento em suas práticas, entendendo
as consequências das ações humanas sobre a natureza e quais caminhos se-
guir para preservar os recursos naturais necessários para sua própria sobrevi-
vência.

Essa preocupação com o meio ambiente é registrada na Constituição Federal


de 1988, dentro do “Título VIII – Da ordem social”, o capítulo VI específico so-
bre o tema, denominado “Do Meio Ambiente”, em seu art. 225. Entendendo-se
por “meio ambiente” como “o conjunto de condições, leis, influências e intera-
ções de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas” (art. 3º, da Lei n. 6.938/81).

A Constituição Federal (1988, p. 103), Art. 225, prevê que toda a coletividade
tem responsabilidade na proteção do meio ambiente, visando garantir seu equi-
líbrio ecológico com “qualidade de vida a todos os seres vivos”, dando susten-
tação para o meio ambiente se recompor em caso de degradação. “Cabe ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre-
sentes e futuras gerações” (art. 5º da Constituição Federal).

PÁGINA 96
O § 1º, I ao VII da Constituição Federal incumbe ao poder público assegurar a
efetividade do direito de:

I. Preservar e restaurar os processos ecológicos essen-


ciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossis-
temas; II. Preservar a diversidade e a integridade do patri-
mônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas
à pesquisa e manipulação de material genético; III. Definir,
em todas as unidades da federação, espaços territoriais
e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente atra-
vés de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV.
Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que
se dará publicidade; V. Controlar a produção, a comercia-
lização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
meio ambiente; VI. Promover a educação ambiental em to-
dos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente; VII. Proteger a fauna e a
flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoque a extinção de es-
pécies ou submetam os animais à crueldade (CONSTITUI-
ÇÃO FEDERAL, 1988, p. 103.).

Para Leff (2001, p. 188) “O ambiente não é a ecologia, mas a complexidade do


mundo”, sendo preciso “aprender um novo saber sobre o ambiente”.

Leff em seu livro intitulado: Epistemologia Ambiental procura levar o leitor a


uma reflexão sobre os fenômenos ambientais, mostrando que cabe a todas as
pessoas buscar mudança de valores, comportamentos e estilos de vida volta-
dos para a conservação dos recursos naturais para se ter qualidade de vida e
deixar um ambiente ecologicamente sustentável para as futuras gerações.

As práticas educativas ambientais devem proporcionar mudanças de hábitos,


atitudes e práticas sociais, sendo, portanto, a Educação Ambiental o caminho
para que as pessoas adquiram consciência da importância de terem atitudes
sustentáveis.

É inegável que a educação ambiental contribui significativamente para a


proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida.

PÁGINA 97
Nesse sentido, Linhares e Piemonte (2010, p. 120) apontam que:

Há de se promover urgente conscientização social sobre a


problemática do meio ambiente visando à educação e ética
ambientais, proporcionando, por consequência, uma vida
mais saudável para a população mundial, que esbarra com
as novas tecnologias e o crescimento demográfico, que es-
tão ocorrendo sem o devido cuidado com o meio ambien-
te. Imprescindível, portanto, um esforço para a educação
em questões ambientais dirigidas tanto às gerações jovens
como aos adultos e que se preste à devida atenção ao se-
tor da população menos privilegiado, para fundamentar as
bases de uma opinião pública bem informada e de uma
conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades
inspirada por sua responsabilidade sobre a proteção e me-
lhoria do meio ambiente em toda sua dimensão humana.

Mudança de paradigmas implica discutir valores para construir uma sociedade


mais justa, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem compro-
meter a sobrevivência das futuras gerações.

Segundo Ministério do Meio Ambiente (2011) a atuação dos educadores am-


bientais nas políticas públicas de águas é portadora de um significativo poten-
cial sinérgico capaz de incutir e sedimentar uma perspectiva realmente sistêmi-
ca, integradora e ambiental como diferencial para qualificar a gestão dos recur-
sos hídricos no país e promover a efetiva melhoria nas condições de vida das
pessoas e do meio com o qual convivem.

Para Medina (2001) dentre várias definições sobre o que é EA, destaca-se:

a Educação Ambiental como processo [...] consiste em


propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do
ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que
lhes permitam adotar uma posição consciente e participa-
tiva a respeito das questões relacionadas com a conser-
vação e a adequada utilização dos recursos naturais deve
ter como objetivos a melhoria da qualidade de vida a elimi-
nação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado.
(MEDINA, 2001, p.17).

Assim, a promoção de processos continuados e permanentes de desenvol-


vimento de capacidades e de Educação Ambiental para a Gestão de Águas
constitui iniciativa estratégica fundamental para assegurar a sustentabilidade
do crescimento da economia e a promoção do desenvolvimento sustentável.
(Ministério do Meio Ambiente, 2011)

Entendendo que educação ambiental é um processo que deve partir do inter-


no para o externo, levando a mudanças de hábitos e comportamentos como

PÁGINA 98
pequenas iniciativas no lar, escola, bairro, até alcançar uma abrangência mais
ampla, que envolva uma região, estado, país, beneficiando todo o ecossistema
e a humanidade, nesse processo, a família e a escola figuram como os princi-
pais responsáveis por disseminar a importância dos bons hábitos e da cons-
ciência ambiental.

Os resultados obtidos são levados pelo resto da vida e disseminados, garan-


tindo a eficácia e a construção de uma sociedade mais responsável ecologica-
mente.

No Brasil, com a aprovação da Lei nº 9.795/1999, que institui a Política Nacio-


nal de Educação Ambiental, e dentre várias premissas, a lei afirma trata-se de
um componente essencial e permanente da educação no Brasil, que deve estar
presente de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não formal.

1.1 A Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA (Lei 9.795/1999)

A Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA (Lei 9.795/1999) estabele-


ce, como um dos objetivos estratégicos da EA, o incentivo à participação indi-
vidual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do
meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da cidadania. De forma coerente com a política das
águas, a construção de uma cultura da participação, qualificada com o diálogo,
mostra-se como um dos eixos centrais da PNEA.

Segundo o artigo 1º da Lei 9.795/1999, entende-se por educação ambiental:

os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletivi-


dade constroem valores sociais, conhecimentos, habilida-
des, atitudes e competências voltadas para a conservação
do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial
à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (PNEA,
1999)

E complementa ainda no seu artigo 5º, também como um dos seus objetivos
fundamentais que a educação ambiental deve promover o desenvolvimento de
uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas
relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, so-
ciais, econômicos, científicos, culturais e éticos.

Assim, segundo Tundisi (2006), o desenvolvimento econômico e a complexida-


de da organização das sociedades humanas produziram inúmeras alterações
no ciclo hidrológico e na qualidade da água. Desta forma urge a promoção de

PÁGINA 99
uma gestão de desenvolvimento que produza utilizando recursos hídricos de
forma sustentável.

A EA é um caminho para reconstruir a relação ser humano/natureza, contribuin-


do para o desenvolvimento de uma consciência social e planetária. De acordo
com PCN (1998), durante muitos séculos, o ser humano se imaginou no cen-
tro do Universo, com a natureza à sua disposição, e apropriou-se de seus pro-
cessos, alterou seus ciclos, redefiniu seus espaços, mas acabou deparando-se
com uma crise ambiental que coloca em risco a vida do planeta, inclusive a
humana.

Entretanto, considerando que o Brasil é um país riquíssimo em recursos hídri-


cos detendo mais 12% da água doce disponível no mundo e é possuidor de
uma rede hidrográfica composta por seis grandes bacias: Amazonas, Tocan-
tins,São Francisco, Paraná, Paraguai e Uruguai, concluímos que além da edu-
cação ambiental para preservação dos recursos hídricos e garantia da susten-
tabilidade, precisamos estabelecer políticas nacionais e internacionais de ge-
renciamento e controle de seu uso.

1.1.1 Política Nacional de recursos hídricos, Lei nº 9.433/1997.

Desta forma a política Nacional de recursos hídricos, Lei nº 9.433/1997, institui


a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerencia-
mento de Recursos Hídricos, e em seu Art. 1º apresenta os seguintes funda-
mentos:

I. A água é um bem de domínio público;


II. A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III. em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais;
IV. A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo
das águas;
V. A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Polí-
tica Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI. A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades;
VII. E como não poderia deixar de mencionar no seu Art. 2º traz como
objetivos;
VIII. Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibi-
lidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos

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usos;
IX. A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o trans-
porte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
X. a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais;
XI. Incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de
águas pluviais.

Para suprir as necessidades atuais e futuras da humanidade, usa-se o termo


sustentabilidade, seja nas dimensões ecológicas, econômicas, sociais ou políti-
cas, ou seja, usar os recursos naturais de forma racional, e não agredir o meio
ambiente, de forma que este possa se restabelecer e garantir a qualidade de
vida das futuras gerações, compreendendo, assim, a necessidade de associar
os termos “sustentabilidade” e “desenvolvimento sustentável”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sustentabilidade ambiental consiste em várias ações, diretas e indiretas, que


buscam o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, o bem-estar social e a
preservação do meio ambiente.

O consumo responsável dos recursos naturais depende de medidas, como o


uso de fontes de energias limpas e renováveis (biodiesel) e o plantio de ár-
vores, principalmente nas áreas degradadas, são algumas políticas adotadas
para se viver em um mundo mais ecológico.

No entanto, a sociedade como um todo deve participar, pois do mesmo modo


que as indústrias investem em novas tecnologias para prejudicar o mínimo pos-
sível a natureza, é preciso que as pessoas tenham iniciativas sustentáveis em
suas casas também, como por exemplo, a reciclagem de lixo e o uso inteligen-
te de água e energia.

PÁGINA 101
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Política de águas e Educação Ambiental: processos dialógicos e formativos


em planejamento e gestão de recursos hídricos / Ministério do Meio Ambiente.
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano; (organização) Franklin de
Paula Júnior e Suraya Modaelli. - Brasília: MMA, 2011. 120 p.
TAGLIEBER, J. E. Reflexões sobre a formação docente e a educação am-
biental. In: ZAKRZEVSKI, S. B; BARCELOS, V. (Org.). Educação ambiental
e compromisso social: pensamentos e ações. 1. ed. Erechim, RS: Edifapes,
2004.

TUNDISI, J. G. Novas perspectivas para a gestão de recursos hídricos. Revis-


ta USP, São Paulo, n.70, p.24-35, 2006.

PÁGINA 103
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material complementar para leitura:
Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/instrumentos-da-
-politica-de-residuos/planos-municipais-de-gest%C3%A3o-integrada-de-res%-
C3%ADduos-s%C3%B3lidos. Acesso: 15 jul. 2018

LEI 12.305 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Disponível em:


http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/lei-12305-pol%C3%ADtica-nacional-de-
-res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos. Acesso: 15 jul. 2018.Acesso: 15 jul. 2018.

PÁGINA 104
8
SANEAMENTO AMBIENTAL,
FONTE DE SUSTENTABILI-
DADE DOS RECURSOS
CAPÍTULO NATURAIS PARA O
DESENVOLVIMENTO.

PLANO DE ESTUDOS E OBJETIVOS DA UNIDADE VIII

O objeto deste capítulo é dar ênfase na importância do saneamento ambiental


e na forma como devem ser conduzidas as atividades produtivas para influen-
ciar de forma positiva o desenvolvimento.

Professora Mestre Sônia Maria Crivelli Mataruco

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar saneamento ambiental;
• Compreender índices de saneamento no Brasil e no
mundo;
• Estabelecer a importância socioeconômica;
• Conceituar resíduos sólidos;
• Estabelecer a importância socioeconômica;
• A importância da reciclagem.
Plano de Estudo:
• Conceitos e Definições de Saneamento
ambiental;
• Campos de estudo do saneamento;
• Breve histórico do saneamento básico e
ambiental;
• O papel social e econômico do saneamento;
• Política Nacional de Resíduos Sólidos;
• R’s da sustentabilidade.

PÁGINA 105
INTRODUÇÃO DA UNIDADE VIII

Nesta unidade buscaremos demonstrar a compreensão da importância da des-


tinação correta dos resíduos gerados nas atividades diárias para a conserva-
ção da qualidade dos recursos hídricos existentes no planeta. Aprender com a
metodologia dos “3 Rs da sustentabilidade que a mudança no comportamen-
to diário é imprescindível para o alcance do desenvolvimento que prima pela
melhoria da qualidade de vida e que o alcance da sustentabilidade é tarefa de
cada cidadão, que deve agir localmente para atingir uma meta global de sus-
tentabilidade.

Para isto demonstraremos que segundo a Organização Mundial de Saúde


(OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem,
que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, men-
tal e social.

De outra forma, pode-se dizer que saneamento caracteriza o conjunto de ações


socioeconômicas que têm por objetivo alcançar Salubridade Ambiental.

Com esse objetivo citaremos a Lei nº 6.938/1981, da Política Nacional de Meio


Ambiente, que define meio ambiente como um conjunto de condições, leis, in-
fluências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga
e rege a vida em todas as suas formas.

Citaremos também a Constituição Federal, a Política Nacional de resíduos sóli-


dos, Política Nacional de Meio Ambiente, saneamento ambiental e a aplicação
dos “3 Rs da sustentabilidade.

1. SANEAMENTO BÁSICO FATOR DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁ-


VEL DE UMA SOCIEDADE

Na antiguidade, as pessoas, por falta de conhecimento, não consideravam a


qualidade da água um fator restritivo, para o desenvolvimento, embora os as-
pectos estéticos como aparência, sabor e odor, influenciassem na escolha das
fontes de água que usariam (CAVINATTO,1992).

Segundo Cavinatto (1992) não havia preocupação se a água estava livre de


agentes transmissores de doenças. Não relacionavam as doenças com a fal-
ta de tratamento, necessárias para retirar as impurezas e microrganismos da
água, porém vale ressaltar que na época não havia tecnologias apropriadas
para tratar a água e torná-la potável, ou seja, com ausência de agentes dano-
sos à saúde.

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Na idade antiga, os filósofos como Platão e Aristóteles, ao ver as pessoas en-
terrando as fezes, jogando-as no mar ou só afastando para um local distante
de suas residências, começaram a se preocupar com as questões sanitárias
e diziam que as águas contaminadas com dejetos humanos poderiam trazer
doenças para as pessoas, sendo importante buscar alternativas sanitárias para
destinar adequadamente seus dejetos.

A Índia foi um dos primeiros países a ter a preocupação em implantar uma me-
todologia para realizar o tratamento da água, e os procedimentos por eles ado-
tados foram orientar as pessoas a fazerem a fervura ou exposição da água ao
sol.

Somente no ano 1500 a.C., foram realizados os primeiros processos de decan-


tação para a filtração da água pelos egípcios, usando o alumínio para remover
sólidos suspensos, e o primeiro sistema de abastecimento de água foi criado
na Assíria, em 691 a.C., o aqueduto de Jerwan (BAKER; TARAS, 1981).

De acordo com Cavinatto (1992), no Brasil, a preocupação com saneamento


estava amplamente relacionada ao surgimento e ao crescimento de cidades,
que na maioria das vezes eram instaladas próximas aos rios, com objetivo de
obter água para suas atividades diárias e ter facilidade para descartar seus de-
jetos, não havendo nenhuma prevenção ou tratamento para evitar a contamina-
ção das águas.

O autor supramencionado reforça que ainda na década de 50, no Brasil, os fei-


tos que os lançamentos de dejetos indevidos poderiam causar na qualidade da
água eram desprezados, mas com o aumento da população agrupada em as-
sentamentos, os problemas de contaminação das águas superficiais e subter-
râneas acentuaram-se devido à grande quantidade de dejetos despejados dia-
riamente nos rios.

Complementando, de acordo com as declarações do autor sobredito, as primei-


ras preocupações sanitárias relacionadas ao saneamento no Brasil ocorreram
após a chegada dos colonizadores no século XVI, devido à ocorrência das pri-
meiras moléstias que contaminaram os indígenas com varíola, tuberculose e
sarampo, entretanto, os maiores avanços nessa área só aconteceram a partir
do ano 1800, depois da vinda da família real ao Brasil.

Segundo dados da OMS (2012), quase 400 mil pessoas no ano de 2011 foram
internadas por diarreia no Brasil, e esse número representa uma grande parce-
la dos gastos em saúde pública no país. Sem contar o grande número de leitos
hospitalares que são diariamente ocupados por pessoas com problemas rela-
cionados à falta de saneamento básico, vagas que poderiam estar disponíveis
para pessoas com enfermidades mais graves. A falta de sistemas de sanea-
mento básico é sem dúvida, um problema de saúde pública, pois pode provo-

PÁGINA 107
car doenças que são transmitidas por meio hídrico ou pelo contato direto com
esgoto.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, relata que:

O acesso à água e ao saneamento reforça algumas velhas li-


ções do desenvolvimento humano. Em média, as taxas de co-
bertura em ambas as áreas crescem com o rendimento: uma
maior riqueza tende a ser acompanhada por um melhor aces-
so à água e ao saneamento. […] As pessoas necessitam de
água potável e de saneamento para manterem a sua Saúde
e dignidade. […] O fornecimento de água potável, a elimina-
ção de águas residuais e a oferta de saneamento são três dos
alicerces mais básicos do progresso humano. […] Mais ainda
do que a água, o saneamento ressente-se de uma combina-
ção de fragmentação institucional, fraco planejamento nacional
e baixo estatuto político. (PNUD, 2006, p. 25).

Atualmente, de acordo com dados da OMS (2012), em torno de 40% da po-


pulação mundial não têm acesso ao conjunto de serviços que consistem o sa-
neamento básico, sendo os países em desenvolvimento os mais afetados. A
cada dez pessoas no mundo quatro delas não possuem condições mínimas de
saneamento, o que acarreta em inúmeros problemas de ordem social e saúde.
No Brasil, 55,5% da população não são atendidos por rede de esgoto, sendo
48,9% da área urbana e 84,2% da área rural, 66,5% dos municípios não têm
esgoto, o que afeta diretamente a qualidade das águas de rios, mares e lagoas
das cidades brasileiras (IBGE, 2000). Complementando, a Pesquisa Nacional
de Saneamento Básico (IBGE, 2008), diz que houve aumento na proporção de
domicílios com acesso à rede de esgoto que passaram de 33,5%, em 2000,
para 44%, em 2008.

Apesar dessa melhora nos índices de abastecimento, ainda são necessários


muitos esforços para que a situação do saneamento básico se torne satisfatória
no país, como demonstrado pelo relatório do IBGE, 2008.

Porém, a porcentagem de municípios que apresentam a rede geral de esgo-


to teve um aumento insignificante, passando de 52%, em 2000, para 55%, em
2008 nos municípios do Brasil, conforme se visualiza na figura 01.

PÁGINA 108
Figura 01. Evolução percentual das principais variáveis de esgotamento
sanitário – Brasil – 2000/ 2008. Disponível em IBGE 2008.Acesso 02 mai.2018.

A ausência de investimentos no setor, e o descaso do poder público acabam


comprometendo, assim, todo o ecossistema e, consequentemente, a qualida-
de de vida da população, devida contato direto com esgotos lançados em lo-
cais impróprios. As ações de saneamento reduzem a ocorrência de doenças e
evitam danos ao ambiente, especialmente aos solos e corpos hídricos (IBGE,
2011).

1.1 Metas para o saneamento ambiental

Diante das condições gerais do saneamento ambiental no Brasil, é interessante


destacar a necessidade de buscar a universalização dos serviços de sanea-
mento básico e de aumentar a qualidade dos mesmos, de modo a contribuir
para melhorar a saúde e o bem-estar da população, e tornar o meio ambiente
mais saudável.

No Brasil, o acesso universal aos serviços de água e esgoto está amparado de


forma implícita e explícita em várias legislações, inclusive de áreas afins, como
recursos hídricos, ambiente, saúde pública, defesa do consumidor e desenvol-
vimento urbano. Mostrando que o acesso aos serviços de saneamento básico
é condição necessária à dignidade do ser humano e, particularmente à sua so-
brevivência.

A participação do indivíduo na atividade econômica e social depende de uma


vida saudável, para tanto é fundamental o acesso ao saneamento básico, as-
sim como à moradia, à saúde e à educação (PNUD, 2006).

PÁGINA 109
É importante ressaltar que, segundo o Atlas do saneamento (IBGE 2011, p.
1, capítulo 3), o saneamento abrange aspectos que vão além do saneamento
básico como:

Abastecimento de água potável, a coleta, o tratamento e a dis-


posição final dos esgotos e dos resíduos sólidos e gasosos, os
demais serviços de limpeza urbana, a drenagem urbana, com-
preende o controle ambiental de vetores e reservatórios de
doenças, a disciplina da ocupação e de uso da terra e obras
especializadas para proteção e melhoria das condições de
vida.

As consequências da contaminação do meio ambiente podem se manifestar


pontualmente ou a longo prazo, podendo não somente atingir a população lo-
cal, tendo em vista que a natureza não estabelece limites políticos, tampouco
geográficos. Por isso, as pessoas precisam se conscientizar da problemática
do setor de saneamento básico e, principalmente, conhecer os malefícios que
sua falta pode ocasionar à saúde.

A solução exige investimento maciço de recursos com objetivo de ampliar o


acesso universal aos serviços de fornecimento de água e saneamento, além de
acordos efetivos entre países para a cooperação no uso da água. Há também
a necessidade de mudança nos padrões de produção e consumo, para evitar o
desperdício de água nas esferas doméstica, industrial e agropecuária.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2011, que
constam na figura 02, mais de 700 milhões de pessoas não têm acesso à água
potável; 80% das doenças que ocorrem nos países em desenvolvimento são
ocasionados pela contaminação da água; 33% da população mundial não têm
acesso a banheiro com sistema de esgoto.

No Brasil, o setor do saneamento necessita de mais investimentos para, então,


atingir a meta estipulada de universalização das estruturas de saneamento bá-
sico em todo o país até o ano de 2033.

PÁGINA 110
Figura 02. População Mundial atendida com água e esgoto. Disponível em: Al-
manaque Abril https://almanaque.abril.com.br/materia/um-problema-que-afeta-
-a-todos.Acesso 02 mai.2018.

“O saneamento é uma meta coletiva diante da importância da vida humana e


da proteção ambiental, sendo dever do Estado sua promoção, constituindo-se
um direito social integrante de políticas públicas e sociais” (BORJA, 2004, p.
83).

Mesmo sendo um país privilegiado com a grande quantidade de recursos hí-


dricos, o Brasil apresenta sérios problemas de abastecimento de água, devido
ao crescimento acelerado da população e o progresso tecnológico que condu-
ziram à alteração dos hábitos diários, aumentando, assim, o consumo médio
diário por habitante, além da carência de saneamento na maioria das cidades
brasileiras.

Conforme demonstrado na figura 03, a meta estabelecida no Plano Nacional


de Saneamento Básico (2013) para o ano de 2033 é atingir um atendimento a
99% da população com água tratada e 93% com coleta e tratamento de esgoto.

Segundo dados da ONU (2010) a população mundial cresce aceleradamente,


em 1950, éramos 2,5 bilhões de pessoas e, em 2011, sete bilhões e a esti-
mativa é que passaremos a 8,3 bilhões em 2030 e a 9,3 bilhões em 2050. A
quantidade de água utilizada para satisfazer essa população e o processo de
produção não é mais a mesma, infelizmente se perdeu a qualidade da água por
uma série de fatores como a falta de saneamento básico e o descaso com a
proteção dos mananciais de abastecimento público.

PÁGINA 111
Figura 03. Principais metas para saneamento básico no Brasil. Fonte: Pano
Nacional de Saneamento Básico – Plansab 2013.

De acordo com as estimativas de órgãos como o Instituto Trata Brasil1, isso de-
manda um investimento de pelo menos 15 bilhões de reais por ano, enquanto
o Estado vem investindo, em média, nove bilhões de reais. O aumento do con-
sumo da água potável e dos recursos naturais cresce de forma mais rápida do
que o crescimento populacional, isso nos mostra que se continuarmos agindo
dessa forma, não teremos condições de atender às necessidades das futuras
gerações, e não chegaremos a atingir a sustentabilidade tão almejada. Partindo
dos problemas levantados, uma provável solução para a preservação dessas
águas é o investimento em saneamento, principalmente no tratamento do esgo-
to sanitário.

Para tanto, é necessário, além de se ter dispositivos (redes) para coletar os de-
jetos, dar destinação adequada, direcionando-os para estações de tratamento
de esgoto e, posteriormente, devolver o efluente tratado em condições adequa-
das no rio. Isso somente é possível se houver monitoramento nas Estações de
Tratamento de Esgoto - ETEs, periodicamente, fazendo análise dos dados da
Demanda Biológica de Oxigênio - DBO e Demanda Bioquímica de Oxigênio -
DQO.

Segundo Macedo (2002), um dos parâmetros muito indicados para avaliar


1 -Instituto Trata Brasil é uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Inte-
resse Público, formado por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na
proteção dos recursos hídricos do país. Atua desde 2007 trabalhando para que o cidadão seja
informado e reivindique a universalização do serviço mais básico, essencial para qualquer na-
ção: o saneamento básico. Disponível em < http://www.tratabrasil.org.br/quem-somos>. Acesso
em 02 de novembro de 2017.

PÁGINA 112
a eficiência dos sistemas de tratamento e a qualidade da água é a DQO e a
DBO5(220), pois avaliam o consumo de oxigênio dissolvido (em mg/L de O2),
que será consumido pelos organismos na estabilização da matéria orgânica.

Importante ressaltar que o tratamento dos esgotos reflete diretamente na qua-


lidade da água e a falta do saneamento ambiental reflete em nível de saúde
da população, sendo um dos itens que compõem o Índice de Desenvolvimento
Humano – IDH de um país, e é interligada à educação, pois crianças com me-
lhores condições de saúde aprendem melhor. Daí advém, então, a necessidade
de almejar soluções criativas para desenvolver uma relação harmônica do ho-
mem com a natureza, o que implica na melhoria de qualidade de vida para to-
dos. Sabe-se que o esgoto reflete na qualidade da água. Para adequar a água
de diferentes mananciais aos padrões de qualidade definidos pelos órgãos de
saúde e agências reguladoras, é necessário o emprego de sofisticadas tecnolo-
gias, diferentes operações e processos unitários para tratá-la e atender às exi-
gências do Ministério da Saúde, que é o órgão responsável por definir quais as
características adequadas para que a água possa ser consumida pelos seres
humanos sem causar danos à saúde.

A Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde estabelece os procedimentos


de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade.

Segundo a Portaria nº 2.914/2011, os sistemas de abastecimento de água


têm por objetivo a prestação de um serviço público fundamental para a saúde
e bem-estar das populações, que consiste em satisfazer as necessidades das
comunidades em termos de fornecimento de água. O processo convencional
de tratamento de água emprega as seguintes etapas para sedimentação e de-
sinfecção da água: coagulação; floculação; decantação; filtração para a clarifi-
cação da água, seguida da correção do pH; desinfecção e fluoretação; reserva-
ção e distribuição. Esse processo é compreendido pelas operações unitárias de
coagulação, floculação, decantação e filtração. Os parâmetros turbidez e cor da
água são reduzidos através da remoção de partículas em suspensão, coloidais
e dissolvidos, com a finalidade de atender aos padrões de potabilidade exigidos
pela Portaria nº. 2.914, de 12 de dezembro de 2011 (HELLER; PÁDUA, 2006;
MACEDO, 2007).

Para o tratamento de água, a qualidade da água bruta tem papel fundamental


na definição da tecnologia empregada e na sua sustentabilidade a longo prazo.
Quanto mais poluída for a fonte, mais complexo será o tratamento e mais ele-
vado será o custo do produto final. (HELLER; PÁDUA, 2006; MACEDO, 2007).
O capítulo 18 da “agenda 21” analisa que as atividades econômicas e sociais
dependem muito do suprimento e da qualidade da água, sendo importante de-
2 CBO5, corresponde ao oxigénio consumido na degradação da matéria orgâni-
ca, a uma temperatura média de 20oC durante 5 dias.

PÁGINA 113
finir métodos que possibilitem assegurar uma oferta de água na quantidade e
qualidade adequada. Devem ser satisfeitas as necessidades hídricas para que
o país alcance um desenvolvimento sustentável, e, ao mesmo tempo, devem
ser preservadas as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossiste-
mas, adaptando as atividades humanas aos limites da capacidade de absorção
de seus impactos pela natureza.

REFLITA

1- Quanto mais poluída for à fonte de água, mais complexo será o tratamento e
mais elevado será o custo do produto final. Desta forma a gestão em uma es-
tação de tratamento de água deve priorizar apenas a obtenção de um produto
final de boa qualidade, ou também é de vital importância a preocupação com a
manutenção e preservação do ambiente onde esta se localiza?

2- O uso eficiente dos recursos hídricos requer apenas técnicas adequadas, ou


depende de uma gestão nacional ou até mesmo internacional? Dê sua opinião
e explique.

3- Além das doenças, a falta de saneamento causa outros prejuízos às famí-


lias, como a falta do adulto ao trabalho, as crianças perdem dias de aulas, fi-
cam privadas do convívio e das brincadeiras com outras crianças. Desta forma
o que saneamento básico tem a ver com perdas de aula e dias de Trabalho?

Fonte: base pesquisa:


Reflexão sobre a realidade do saneamento. Disponível em: http://www.hipernoti-
cia.com.br/artigos/reflexao-sobre-a-realidade-do-saneamento/53746. Acesso 15
jul. 2018.
Saneamento traz saúde, produtividade e renda. Disponível em: ht-
tps://w w w.saneamentobasico.com.br/saneamento -traz-saude-produti-
vidade- e-renda/. Acesso 15 jul. 2018.

PÁGINA 114
SAIBA MAIS

A Lei Nº 6.938/1981 estabelece que a Política Nacional do Meio Ambiente no


Brasil tem por objetivo: a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvol-
vimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção
da dignidade da vida humana.
A educação ambiental deve ser trabalhada em todos os níveis de ensino, inclu-
sive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ati-
va na defesa do meio ambiente; e complementa em seu artigo quarto que deve
haver à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preser-
vação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.

Fonte: BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 10 abr. 2018.

1.1.1 Gerenciamento dos resíduos sólidos, garantia de sustentabilidade


para as futuras gerações

A crescente preocupação com a preservação dos recursos naturais e com a


questão de saúde pública associada ao gerenciamento dos resíduos sólidos al-
meja-se por políticas públicas que permita atingir novos patamares de cons-
ciência ambiental, de tecnologia limpa e de crescimento sustentável.

Nesse sentido no ano de 2010 foi sancionada Política Nacional de Resíduos


Sólidos, a Lei nº 12.305, entendida como um instrumento indutor do desenvol-
vimento social, econômico e ambiental.

A criação da Lei busca uma gestão integrada e destinação adequada dos resí-
duos sólidos gerados nas atividades humanas e estabelece como objetivos no
seu artigo 7º:

I. Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;


II. Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resí-
duos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos
rejeitos;
III. estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de
bens e serviços;
IV. adoção, desenvolvimento E aprimoramento de tecnologias limpas como
forma de minimizar impactos ambientais;

PÁGINA 115
V. Redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;
VI. Incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de
matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e recicla-
dos;
VII. Gestão integrada de resíduos sólidos;
VIII.Articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com
o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para
a gestão integrada de resíduos sólidos;
IX. Capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
X. Regularidade, continuidade, funcionalidade E universalização da presta-
ção dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que asse-
gurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de
garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei nº
11.445, de 2007;
XI. Prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para:
• a) produtos reciclados e recicláveis;
• b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis
com padrões de consumo social e ambientalmente sustentável.
XII. Integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas
ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos;
XIII.Estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto;
XIV. Incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e
empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao rea-
proveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o
aproveitamento energético;
XV.Estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.

Complementando Lei nº 12.305/2010 no art. 9º, descreve que na gestão e


gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem
de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento
dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos re-
jeitos.

A legislação traz ainda um tema que deve ser bastante difundido no meio em-
presarial a Logística Reversa associada à gestão de resíduos sólidos, a aplica-
ção de técnicas do programa de Produção Mais Limpa e programas de geren-
ciamento que visam o Resíduo Zero.

PÁGINA 116
Logística reversa são ações, procedimentos e meios relacionados com a coleta
e restituição dos resíduos sólidos (restos, embalagens, materiais desgastados,
produtos vencidos e/ou obsoletos, etc.) aos setores empresariais para reapro-
veitamento em seu ciclo ou novos ciclos de produção, ou ainda, outras destina-
ções ambientalmente adequadas. A logística reversa é um instrumento impor-
tante de desenvolvimento econômico e social, devendo ser operacionalizada
através de cooperativas e associações de trabalhadores em reciclagem e rea-
proveitamento de resíduos em parceria com os poderes públicos e os setores
empresariais. É uma ferramenta relacionada diretamente com a implementação
da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos entre fabri-
cantes, importadores, distribuidores, comércio, poderes públicos e consumido-
res (Lei 12.305/2010, artigo 3º, incisos XII, XVII; artigo 8º, incisos III, IV e VI).

A logística reversa será detalhada através de acordos setoriais e termos de


compromissos das empresas e setores empresariais com os poderes públicos.
As empresas também terão que elaborar planos de gerenciamentos dos seus
resíduos.

Os poderes públicos podem (e devem) implantar medidas de apoio à adequa-


ção das empresas através de incentivos fiscais, financiamentos e créditos para
a prevenção e redução de resíduos nos processos produtivos, implantação de
programas de gerenciamento e estruturação da logística reversa, inclusive no
desenvolvimento de sistemas de gestão empresarial voltados à capacitação de
recursos humanos para a otimização no uso, reaproveitamento e reinserção de
matérias primas nos ciclos de produção (Lei 12.305/2010, artigos 42-46, 55,56).

A lei trata ainda da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos pro-
dutos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo
os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e
os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos. (Toda a seção II do capítulo III da Lei 12.305)

A Lei 12.305/2010 considera-se gestão integrada de resíduos sólidos o


conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os problemas
decorrentes do descarte de tais resíduos, de forma a se considerarem as
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, sob a premis-
sa do desenvolvimento sustentável.

Um conceito de sustentabilidade muito aplicado visando o gerenciamento dos


resíduos sólidos é o conceito dos 3 R’s que tange tanto a área ambiental quan-
to a econômica e a social.

PÁGINA 117
Conforme citado anteriormente o primeiro passo para a sustentabilidade
é a não geração do resíduo, porém caso sua geração seja inevitável, bus-
car implantar os 3 Rs da sustentabilidade que são reduzir, reutilizar e re-
ciclar. Essas três ações ajudam a minimizar o desperdício de materiais e
produtos, além de poupar a natureza da extração inesgotável de recursos.
Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de vida reduzindo
gastos, além de favorecer o desenvolvimento sustentável.

SAIBA MAIS

A política dos 3Rs da sustentabilidade: reciclar, reutilizar e reduzir é uma medi-


da criada para que as pessoas diminuam a produção de lixo. É claro que essa
não é a única medida de preservar a natureza, mas, com certeza, é um impor-
tante passo para garantir um mundo melhor para as gerações futuras.

O “Reduzir” engloba economia de todas as formas possíveis; o “Reutilizar” en-


volve o reaproveitamento do produto; já o “Reciclar” remete à separação do
que é e não é lixo, e ao envio de embalagens para a reciclagem.

Reutilizar: Não jogue fora o que ainda pode ser utilizado – roupas, sapatos, mó-
veis, bijouterias, brinquedos e livros podem ser doados;

Reciclar: Faça a coleta seletiva em casa;

• Encaminhe o lixo para empresas recicladoras – Garrafas de plástico, emba-


lagens de produtos de limpeza e higiene, latinhas de ferro e alumínio, emba-
lagens longa vida, jornais, revistas, folhetos, papéis e óleo vegetal podem ser
reaproveitados;

Desta forma a política dos “Rs” vem para nos mostrar que é possível sim man-
ter uma sociedade sustentável, desde que a sociedade, empresas, fábricas e
até o governo se unam em prol de um mundo ambientalmente mais correto e
agradável para as gerações do presente e do futuro.

Fonte: Projeto de Coleta Seletiva e Educação Ambiental – Comissão de Coleta


Seletiva do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde de São Paulo –Reciclar SP
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/10006000105.pdf Acesso:
19. abr. 2018.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento sustentável não é um estado permanente de equilíbrio, mas


sim de mudanças quanto ao acesso aos recursos e quanto à distribuição de
custos e benefícios, controlar e destinar de forma inadequadas os resíduos só-
lidos podem causar inúmeras consequências negativas a economia ao setor
social e ambiental.

Efeitos como emissão de gases de efeito estufa, degradação e contaminação


do solo, poluição da água, proliferação de vetores de importância sanitária,
como é o caso do Aedes aegypti (vetor da dengue), potencialização dos efeitos
de enchentes nos centros urbanos, entre outros.

E nesse sentido o recurso água será altamente atingido e consequentemente


as pessoas e ainda devemos considerar que é responsabilidade de todos bus-
car um mundo melhor.

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REFERÊNCIAS

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twentieth century. 2. ed. v. 1, Denver: AWWA, 1981.

BORJA, P. C. Política de saneamento, instituições financeiras internacio-


nais e megaprogramas: um olhar através do Programa Bahia Azul. 2004,
400 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo). Faculdade de Arquitetura
da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004

BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Na-


cional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.
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para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de
1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de
13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá
outras providências, disponível em HTTP://www.planalto.gov.br último acesso
23 abr .2018.

Brasil. [Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010]. Política nacional de resíduos


sólidos [recurso eletrônico]. – 2. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edi-
ções Câmara, 2012. 73 p. – (Série legislação; n. 81)

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tal. Plano Nacional de Saneamento Básico: Mais Saúde com Qualidade de
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Saneamento Básico (2000). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/esta-
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IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesqui-
sas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico. 2008. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/presidencia/
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IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011. Disponível em:
< http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/atlas_saneamento/index.
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MACEDO, J. A. B. Introdução a química ambiental-química, meio ambiente


e sociedade. 2. ed. Belo Horizonte: O Locutor, 2002.

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OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. World Health Statistics 2011.


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OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Celebra Año Internacional


del Saneamiento. Centro de Notícias ONU. 2012. Disponível em: http://www.
un.org/spanish/News/fullstorynews.asp?newsID=11275&criteria1=&criteria 2=.
acesso 10 jul .2018..

Leitura complementar sugerida:


Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/instrumentos-da-
-politica-de-residuos/planos-municipais-de-gest%C3%A3o-integrada-de-res%-
C3%ADduos-s%C3%B3lidos. Acesso: 15 jul. 2018

LEI 12.305 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Disponível em:


http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/lei-12305-pol%C3%ADtica-nacional-de-
-res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos. Acesso: 15 jul. 2018

O que é 5S. Disponível em: http://www.pdca.com.br/site/portal-5s.html. Aces-


so: 15 jul.2018.
Princípio dos 3 R’s. Disponível em: https://dgi.unifesp.br/ecounifesp/index.
php?option=com_content&view=article&id=10&Itemid=8. Acesso: 15 jul.2018.

LIXO – PROBLEMAS E SOLUÇÕES


Aprenda mais sobre: tipos de lixo, destinação, poluição, doenças, regra dos 3
Rs,
recicláveis, não recicláveis e compostagem. Disponível em: http://www.ib.usp.
br/coletaseletiva/saudecoletiva/. Acesso: 15 jul.2018.

O QUE PODE SER RECICLADO?


Texto do Instituto GEA descrevendo os materiais e classificando-os em
recicláveis e não-recicláveis. Disponível em http://www.institutogea.org.
br/oquepodeserreciclado.html. Acesso: 15 jul.2018.

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