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Ecologia

Geral
Professora Me. Katiúscia Kelli Montanari Coelho
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2022 Os autores
Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

C672e Coelho. Katiúscia Kelli Montanari


Ecologia geral / Katiúscia Kelli Montanari Coelho.
Paranavaí: EduFatecie, 2022.
70 p.: il. Color.

1. Ecologia. I. Centro Universitário Unifatecie. II. Núcleo de


Educação a Distância. III. Título.

CDD: 23 ed. 577


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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Caroline da Silva Marques
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Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
AUTORA

Professora Me. Katiúscia Kellli Montanari Coelho

● Doutoranda em Biotecnologia Ambiental pela UEM (Universidade Estadual de


Maringá).
● Mestre em Biotecnologia Ambiental pela UEM (Universidade Estadual de Maringá).
● Especialista em Genética com Aplicações Biotecnológicas pela UNIPAR
(Universidade Paranaense)
● Graduada em Ciências Biológicas – Licenciatura pela UNIPAR (Universidade
Paranaense).
● Professora dos cursos de graduação EAD parte teórico-prática de Biomedicina,
Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Estética e Cosmética e Agronomia da UniFa-
tecie ministrando as atividades práticas na disciplina de Bases Biológicas, atuo
também na disciplina de Biologia no Ensino Médio, da Fatecie Premium.
● Na área da pesquisa científica, tenho experiência em microbioma, bactérias
endofíticas promotoras de crescimento diretamente associadas a folhas de soja
convencional e geneticamente modificadas (transgênicas).

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/3215878161747444


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Prezado (a) aluno (a),

É um prazer apresentar a você, a disciplina de “Ecologia Geral”, em que o princi-


pal objetivo é proporcionar a você aluno(a), a oportunidade de adquirir conhecimentos de
diferentes áreas de estudos construindo assim uma interação entre conceitos e aplicações
referentes a ecologia de uma forma geral e seus conceitos, fluxo de energia e da matéria,
fatores ecológicos, interação entre as espécies, populações e comunidades ecológicas,
ecossistemas, relações e sucessão ecológica.
Desta forma, na Unidade I com o tema Conceitos Fundamentais da Ecologia,
iremos abordar o início do estudo da ecologia, bem como entender o que é comunidade,
população, biótipo e ecossistema, como vivem, quais os nichos ecológicos disponíveis
dentro dessa Biodiversidade e também Biosfera e Biociclos.
Na Unidade II, veremos Fluxo de Energia, a energia nos ecossistemas, com fluxo
de matéria e enquadrando assim Níveis Tróficos e Cadeias Alimentares.
Já na Unidade III, falaremos a respeito de Sucessão Ecológica, entendendo quais
são as etapas da sucessão ecológica, temos a mesma dividida em sucessão ecológica
primária e secundária, e algumas alterações que podem ocorrer ao longo dessa sucessão
e entre elas alterações ambientais.
Em nossa Unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com Dinâmica
Populacional, quais as características e crescimento das Populações/Comunidades, com
taxas de natalidade e mortalidade e as influências que causam, com potencial biótico e
relações ecológicas, assim classificadas.

Bom Estudo!
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Conceitos Fundamentais da Ecologia

UNIDADE II.................................................................................................... 20
Fluxo de Energia

UNIDADE III................................................................................................... 38
Sucessão Ecológica

UNIDADE IV................................................................................................... 54
Dinâmica Populacional
UNIDADE I
Conceitos Fundamentais
da Ecologia
Professora Me. Katiúscia Kelli Montanari Coelho

Plano de Estudo:
● Introdução a Ecologia;
● Ecossistemas;
● Biodiversidade.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o estudo da ecologia e a relação
dos seres vivos entre si e com o ambiente em que vivem;
● Compreender os tipos de habitat e nichos ecológicos que compõem o ecossistema;
● Estabelecer a importância de Biosfera e de Biociclo entendendo
qual a importância do ecossistema que engloba;
● Compreender a diversidade ecológica que determina uma
região ou um grupo de seres vivos, a Biodiversidade.

3
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a)!

Nesta unidade aprenderemos os principais conteúdos referentes ao estudo da


Ecologia, visto de uma forma geral, porém nos mostra a relação direta dos seres vivos com
o ambiente em que vivem. Ecólogos buscam entender cada vez mais sobre o habitat, local
onde vivem os seres vivos, seu modo de vida (nicho ecológico) sua forma de alimentação
e a importância dos seres vivos para o ecossistema.
Além disso, o graduando terá entendimento de conteúdos que serão necessários
para auxiliá-los posteriormente aos conteúdos específicos referentes a sua área de atuação.
O nome Ecologia deriva do grego “oikos”, que significa casa, e “logos” que significa
estudo, essa área da Biologia nos permite conhecer um pouco mais sobre o modo de vida
dos seres vivos que nos dias de hoje é de suma importância sua preservação, bem como
conservar e manter um ambiente equilibrado, tentando minimizar os impactos causados
pelo homem, impactos estes que podem comprometer a sobrevivência tanto do homem
quanto de diversas outras espécies presentes no planeta.
Portanto, para entendermos o funcionamento da Ecologia, é importante saber o
que é uma população, uma comunidade, ela também nos fornece conhecimento sobre a
estrutura e o funcionamento do ecossistema juntamente com os fatores bióticos e abióticos.
Outro ponto que será abordado é a biosfera, ou seja, nível mais amplo estudado
pela Ecologia, ele engloba todos os ecossistemas, como hidrosfera, litosfera e atmosfera.

Desejo a você, uma boa leitura e aprendizado!

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 4


1. INTRODUÇÃO A ECOLOGIA

Para Barsano (2014, p. 32) Ecologia é a ciência que estuda, o lugar onde se vive.
Visa principalmente o estudo dos seres vivos (comportamento, relação, interação etc.) com
o meio pelo qual ele está cercado, o meio ambiente. A palavra ecologia é proveniente de
“oikos”, que significa casa, e “logos”, estudo. O estudo da ecologia é interessante porque
explica a complexidade da relação entre o ser humano e outros animais e seus hábitats, por
meio das ciências exatas, como química e biologia, em conjunto com economia e sociologia.
As populações estão se conscientizando e querem amenizar todas as degradações
que causaram ao planeta pelo uso desacerbado dos recursos naturais. Essa mudança
ocorre por meio do conhecimento de conceitos fundamentais da ecologia e do aproveita-
mento dos resultados de estudos efetuados na ecologia nos dias de hoje.
Com o passar dos anos, a coexistência dessas linhas puras e aplicadas tem sido
mantida e construída. Muitas áreas aplicadas têm contribuído para o desenvolvimento da
ecologia e tem seu próprio desenvolvimento estimulado por ideias e abordagens ecológicas.
Todos os aspectos da colheita, produção e proteção de alimentos e fibras têm sido
envolvidos: Ecofisiologia vegetal, conservação do solo, silvicultura, composição e manejo de
campos, estocagem de alimento, atividades pesqueiras e controle de pragas e patógenos.
As áreas clássicas ainda estão na vanguarda de partes da ecologia de qualidade
e são ligadas por outras como controle biológico de pragas (o controle de pragas mediante
o emprego de seus inimigos naturais) tem uma história que remonta pelo menos à China

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 5


antiga, mas houve um ressurgimento de interesse ecológico quando a insuficiência de
pesticidas químicos começou a se tornar amplamente visível na década de 1950. Tal preo-
cupação com a ecologia da poluição começou a crescer mais ou menos nessa época e se
expandiu nas décadas de 1980 e 1990, a partir de problemas locais para temas globais.
As últimas décadas do milênio também têm mostrado expansão no interesse público e
engajamento ecológico na conservação de espécies ameaçadas e da biodiversidade de
áreas amplas, no controle de doenças em humanos e em muitas outras espécies, bem
como nas consequências potenciais de alterações profundas no ambiente global. Ainda
nos dias de hoje, muitos problemas fundamentais da ecologia continuam não resolvidos.
A tal ponto a competição por alimento determina que espécies podem coexistir em um
hábitat? Que papel a doença desempenha na dinâmica de populações? Por que existem
mais espécies nos trópicos do que nos polos? Qual é a relação entre produtividade do
solo e estrutura da comunidade vegetal? Por que algumas espécies são mais vulneráveis
à extinção do que outras? E assim por diante. Naturalmente, questões não resolvidas se
elas forem questões focalizadas são um sintoma da saúde e não da debilidade de qualquer
ciência (TOWNSEND, 2011).

REFLITA

Algumas máximas ecológicas segundo Cain (2017, p. 09):

1. Nunca é possível fazer somente uma coisa.


Os organismos interagem uns com os outros e com seu ambiente físico. Como resulta-
do, os eventos na natureza são interligados, e o que afeta um organismo ou lugar tam-
bém pode afetar outros organismos ou lugares.

2. Tudo vai parar em algum lugar.


Não há um lugar “remoto” no qual resíduos indesejáveis desaparecem.

3. Nenhuma população consegue crescer indefinidamente.


Há limites para o crescimento e a utilização de recursos de cada população, inclusive
da nossa.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 6


4. Não há almoço grátis.
A energia e os recursos de um organismo são finitos; o influxo crescente em uma função
(tal como a reprodução) resultará em uma compensação (trade-off*) na qual há uma
perda para outras funções (tal como o crescimento).

5. A evolução é importante.
Os organismos evoluem ou mudam com o tempo – é um erro considerá-los estáticos. A
evolução é um processo contínuo, pois os organismos enfrentam continuamente novos
desafios frente às mudanças tanto nos componentes bióticos como nos abióticos do
ambiente.

6. O tempo é importante.
Os ecossistemas mudam com o tempo. Quando vemos o mundo como o conhecemos é
fácil esquecer como os eventos do passado moldaram nosso presente e como nossas
ações atuais podem afetar o futuro.

7. O espaço é importante.
As condições ambientais abióticas e bióticas podem mudar drasticamente de um lugar
para outro, às vezes ao longo de distâncias muito curtas. Essa variação é importante
porque os organismos são influenciados simultaneamente por processos atuando em
múltiplas escalas espaciais, de local a regional até global.

8. A vida seria impossível sem interações de espécies.


As espécies dependem umas das outras para obtenção de energia, recursos e hábitat.

Fonte: Cain (2017, p. 09).

Conforme Pinto-Coelho (2011) e Begon, Townsend e Harper (2007), a ecologia foi


definida pela primeira vez em 1866, por Ernst Haeckel, um entusiasta e influente discípulo
de Charles Darwin. De acordo com ele, a ecologia era “a ciência capaz de compreender a
relação do organismo com o seu ambiente”.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 7


FIGURA 1 - NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS

1.1 Definições modernas a respeito da ecologia


Mesmo tendo um rápido desenvolvimento, a ecologia ainda pode ser considerada
uma “ciência relativamente jovem”, pois ainda não existe uma fundamentação teórica to-
talmente rígida (PINTO-COELHO, 2011). Desta forma, a ecologia procura responder três
perguntas básicas:

1. Onde estão os organismos?


2. Em quantos indivíduos ocorrem ?
3. Por que eles estão lá (ou não estão) ?

SAIBA MAIS

Que a Ecologia é uma área muito abrangente e utiliza conhecimentos de outras áreas
da própria Biologia – como Botânica, Zoologia e Genética - e de outas áreas das Ciên-
cias da Natureza – Como Geologia, Física, Química - que possibilitam, com as Ciências
Econômicas e Sociais, compreender a complexidade das relações entre o ser humano,
os demais seres vivos e o planeta de forma geral.

Fonte: A Autora (2021).

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 8


FIGURA 2 - NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ECOLÓGICA

1.2 População
População é um grupo de indivíduos da mesma espécie que vivem em uma deter-
minada área e que interagem entre si (CAIN, 2017).
Processos que podem modificar o tamanho populacional são: natalidade, mortali-
dade e os movimentos para dentro e para fora dos limites populacionais. Ter entendimento
sobre as causas que modificam o tamanho populacional é importante porque a ciência da
ecologia não apenas procura entender os fenômenos naturais, mas principalmente prevê-
-los ou controlá-los.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 9


É possível mostrar a abundância populacional em termos de tamanho populacional
(o número de indivíduos na população) ou de densidade populacional (o número de indiví-
duos por unidade de área).
Densidade populacional é o tamanho de uma população em relação a uma unidade
de espaço definido. Normalmente é expressa como o número de indivíduos ou da biomassa
da população por área ou volume unitário – por exemplo, 200 árvores por hectare (1 hectare
= 2,471 acres) ou cinco milhões de diatomáceas por metro cúbico de água. Eventualmente,
é importante distinguir entre densidade bruta, o número (ou biomassa) por unidade do
espaço total e densidade ecológica, o número (ou biomassa) por unidade do espaço do
habitat (área ou volume disponível que pode ser colonizado pela população). No geral, é
mais importante saber se a população está em mudança (aumentando ou diminuindo) do
que saber seu tamanho em qualquer momento. Em casos assim, os índices de abundância
relativa são úteis; eles podem ser relacionados ao tempo, por exemplo, o número de aves
avistadas por hora. Outro índice útil é a frequência de ocorrência, como a porcentagem
dos lotes amostrais ocupados pelas espécies. Em estudos descritivos de vegetação, a
densidade, a dominância e a frequência são frequentemente combinadas para fornecer um
valor de importância para cada espécie (ODUM, 2019).

1.3 Comunidade
A comunidade (ou também conhecida como biocenose ou biota) é o conjunto de
todos os indivíduos de espécies diferentes que vivem em uma determinada área ou local.
Encontrar a expressão comunidade biótica é bem comum, que se refere ao conjunto de
organismos de espécies diferentes que convivem numa mesma área, mantendo entre si um
relacionamento que pode ser harmônico entre uns e desarmônicos entre outros.
Uma comunidade está diretamente associada com o meio abiótico que a cerca, exis-
tindo inter-relações entre ambos. Esse conjunto recebe o nome de ecossistema (STEIN, 2018).
Segundo Odum (2019) subjetivamente, populações de duas espécies podem inte-
ragir de formas básicas.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 10


Tipos de Interação entre Duas Espécies:
1. neutralismo: nenhuma das populações é afetada pela associação com a outra;
2. competição: ocorre interferência direta, na qual as duas populações se inibem
ativamente entre si;
3. competição: uso de recurso, na qual cada população afeta indiretamente a
outra, de forma adversa, na disputa por recursos escassos;
4. amensalismo: uma população é inibida e a outra não é afetada;
5. comensalismo: uma população é beneficiada, mas a outra não é afetada;
6. parasitismo: utiliza outra espécie como fonte de alimento e moradia;
7. predação: uma população afeta a outra de forma adversa por ataques diretos,
embora uma dependa da outra;
8. protocooperação: (também frequentemente chamada de cooperação facultativa),
em que ambas as populações se beneficiam da interação, mas a associação não é obrigatória;
9. mutualismo: o crescimento e a sobrevivência de ambas as populações são
beneficiados e uma não pode sobreviver sem a outra em condições naturais.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 11


2. ECOSSISTEMAS

Falando especificamente de ecossistemas, foi proposto primeiramente em 1935,


pelo ecólogo britânico Sir Arthur G. Tansley (ODUM, 2019). O ecossistema é a primeira uni-
dade na hierarquia ecológica completa, ou seja, o ecossistema tem todos os componentes
(biológicos e físicos) necessários para sua sobrevivência. Em consequência, é a unidade
básica ao redor da qual se pode organizar teoria e prática em ecologia. Fatores que atuam
sobre o ecossistema são denominados fatores abióticos, que são os componentes não
vivos, como temperatura, umidade, solo, água, etc., e fatores bióticos, ou componentes
biológicos, como animais, plantas e outros. Tais componentes bióticos caracterizam-se por
comunidades compostas por populações de diferentes espécies.
Exemplos de ecossistemas: uma floresta, uma campina, faixas mais superficiais
ou mais profundas do mar, o fundo de uma lagoa, um aquário ou até mesmo uma porção
d’água, pois nela também são encontrados organismos interagindo com fatores abióticos,
eles podem ser tanto pequenos, como uma pequena lagoa, quanto muito grandes, como
a Floresta Amazônica ou o Oceano Atlântico. Em qualquer situação, um ecossistema deve
ser uma unidade autossuficiente, na qual ocorre intercâmbio de matéria e energia, segundo
uma trajetória circular (STEIN, 2018).

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 12


Segundo Odum (2019) Organismos vivos (biótico) e seu ambiente não vivo (abiótico)
estão relacionados e interagem uns com os outros. O sistema ecológico ou ecossistema é
qualquer unidade que inclui todos os organismos (a comunidade biótica) em uma dada área
interagindo com o ambiente físico de modo que um fluxo de energia leve a estruturas bióticas
claramente definidas e à ciclagem de materiais entre componentes vivos e não vivo.
É bem mais que uma unidade geográfica (ou ecorregião): é uma unidade de sis-
tema funcional, com entradas e saídas, e fronteiras que podem ser tanto naturais quanto
arbitrárias.

FIGURA 3 - COMPONENTES BIÓTICOS E ABIÓTICOS

Fonte: BATISTA, C. Fatores bióticos e abióticos. s/d. Disponível em

https://www.todamateria.com.br/fatores-bioticos-e-abioticos/ . Acesso em: 31 maio. 2022.

2.1 Biosfera e Biociclos


O maior ecossistema do planeta é a biosfera, tomada em sua totalidade. Com a
principal relação entre as diferentes populações de um ecossistema refere-se às relações
de consumo. Espécies dentro de um ecossistema, com exceção dos vegetais são consumi-
doras de outras (STEIN 2018)
O que dá suporte à vida na Terra consiste em quatro sistemas esféricos principais
que interagem uns com os outros – atmosfera (ar), hidrosfera (água), litosfera (rochas,
solos e sedimentos) e biosfera (seres vivos).

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 13


Atmosfera é um envelope esférico fino de gases ao redor da superfície da terra.
Com sua camada interna, a troposfera, estende-se somente até́ cerca de 17 km acima
do nível do mar nos trópicos e 7 km acima dos polos norte e sul. Ela contém o ar que
respiramos, composto principalmente de nitrogênio (78% do volume total) e oxigênio (21%).
O 1% restante do ar inclui vapor d’água, dióxido de carbono e metano, que são chamados
gases de efeito estufa, sem esses gases, a Terra seria muito fria para a existência da vida
como a conhecemos. Contudo, quase todas as condições meteorológicas da Terra ocorrem
dentro dessa camada.
A próxima camada, que se estende 17-50 km acima da superfície da Terra, é chama-
da estratosfera. Em sua parte inferior, contém ozônio (O3) suficiente para filtrar cerca de 95%
dos raios solares ultravioletas (UV) prejudiciais. Funciona como um filtro solar global permite
que a vida exista na Terra e nas camadas superficiais dos corpos d’água (MILLER, 2012).
Hidrosfera consiste em toda a água sobre ou próxima à superfície da Terra. É
encontrada na forma de vapor d’água na atmosfera, água liquida na superfície e no subsolo
e gelo – gelo polar, icebergs, geleiras e gelo nas camadas de solo congeladas, conhecidas
como permafrost. Os oceanos, que cobrem cerca de 71% do globo terrestre, contém cerca
de 97% dá água da Terra.
Geosfera consiste do núcleo extremamente quente da Terra, um espesso manto
composto principalmente por rochas e uma fina crosta exterior. Sua maior parte está locali-
zada no interior da Terra, e sua parte superior contém combustíveis fósseis são renováveis
e minerais que utilizamos, bem como produtos químicos renováveis do solo (nutrientes)
que os organismos necessitam para viver, crescer e se reproduzir.
Contudo a biosfera consiste das partes da atmosfera, hidrosfera e Geosfera onde a
vida é encontrada (MILLER, 2012).

2.2 Nicho Ecológico


Nicho ecológico é o modo particular pelo qual as espécies se adaptam ao meio
ambiente, ou seja, pode-se dizer que nicho ecológico é o papel que a espécie exerce, como
se fosse a sua “profissão”. A adaptação das espécies está relacionada com: tipos e modo
de alimentação, tipo de reprodução, tipo de abrigo.
No entanto, precisamos prestar atenção em alguns critérios, sendo estes:
Quando dois organismos ocupam o mesmo nicho ecológico, isto é, fazem a mesma
coisa no mesmo lugar, significa dizer que existe uma relação de competição entre eles.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 14


Dois organismos nunca competem por muito tempo, um dos competidores acaba
por ser extinto ou migra para outras regiões, assim, caso duas espécies convivam, é sinal
de que não competem, isto é, apresentam nichos ecológicos diferentes.
O fato de dois organismos ocuparem o mesmo hábitat não os obriga a ter o mesmo
nicho ecológico (morar no mesmo lugar não obriga a fazer a mesma coisa) (STEIN, 2018).

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 15


3. BIODIVERSIDADE

Para Miller (2012) Biodiversidade ou diversidade biológica, é a variedade de es-


pécies da Terra, ou as variações de formas de vida, os genes que elas contêm, os ecos-
sistemas em que vivem e os processos ecossistêmicos de fluxo de energia e ciclagem de
nutrientes que sustentam toda a vida.
Para um grupo de organismos de reprodução sexuada, espécie é um conjunto de
indivíduos que podem se acasalar e produzir descendentes férteis.
Não é possível saber quantas espécies existem na Terra. Estimativas variam de 8
a 100 milhões. Acredita-se que há́ 10­14 milhões de espécies. Até́ hoje, os biólogos identifi-
caram cerca de 1,9 milhão. Metade das espécies de plantas e animais do mundo vivem em
florestas tropicais que os seres humanos estão rapidamente desmatando.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 16


FIGURA 4 - PERDA DE BIODIVERSIDADE AMEAÇA

BEM-ESTAR DAS GERAÇÕES ATUAIS E FUTURAS

Fonte: FAPESP. Perda de biodiversidade ameaça bem-estar das gerações atuais e futuras. s/d. Disponível em:
https://visaosocioambiental.com.br/perda-de-biodiversidade-ameaca-bem-estar-das-geracoes-atuais-e-futuras/.
Acesso em: 31 maio. 2022.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 17


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado (a) aluno (a),

Esta unidade trouxe uma melhor compreensão dos principais tópicos e abordagem
dos conteúdos referentes aos estudos de Ecologia Geral. Podemos entender o surgimento
do estudo da ecologia e que é uma ciência muito abrangente e complexa para designar o
estudo das relações dos seres vivos entre si com os demais componentes do ambiente em
que eles vivem.
É uma área da Biologia que tem despertado bastante interesse da sociedade nos
últimos anos, principalmente pelos impactos ambientais causados pela exploração de re-
cursos naturais pelo ser humano.
Além disso aprendemos os principais componentes de um ecossistema como po-
pulação, comunidade, fatores bióticos e abióticos e a interação entre eles, denominando
então esse sistema ecológico. Também vimos e estudamos sobre Biosfera, ou seja, o nível
mais amplo estudado pela Ecologia, que engloba todos os ecossistemas, como florestas,
campos, desertos, rios e lagos presentes no planeta. Entendendo também que todas as
espécies vivem em um determinado ambiente chamado de habitat e que o conjunto de
condições necessárias a vida de uma espécie representa o seu nicho ecológico.
Por fim, vimos aquela que representa a diversidade ecológica a Biodiversidade,
com suas características é muito importante para todos os ambientes e ela pode ser estu-
dada em três níveis principais: diversidade genética, diversidade de espécies e diversidade
de ecossistemas.

Um abraço e até a próxima unidade!

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 18


LEITURA COMPLEMENTAR

Ecologia, Evolução e Diversidade

Este material envolve estudos biológicos em diversos biomas do Brasil, tema com
vasta importância para compreendermos o meio em que vivemos. Esses estudos abran-
gem pesquisas realizadas em ambientes aquáticos e terrestres, com diferentes classes
de animais e plantas, relatando os problemas antrópicos e visando melhorias e manejo
da conservação dessas espécies e seus habitats naturais. Temos também pesquisas com
áreas de botânica, questões ambientais, tratamento de água e lixo.

Fonte: LUZ, P. M. da Ecologia, Evolução e Diversidade. Ponta Grossa: Atena Editora, 2018. Disponível em:

https://www.atenaeditora.com.br/wp-content/uploads/2018/10/E-book-Ecologia-Evolu%C3%A7%C3%A3o-e-

-Diversidade.pdf Acesso em: 01 jun. 2022.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 19


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Sustentabilidade – O que é - O que não é
Autor: Leonardo Boff.
Editora: Editora Vozes.
Sinopse: A sustentabilidade representa, diante da crise socio
ambiental generalizada, uma questão de vida ou morte. O autor
faz um histórico do conceito desde o século XVI até os dias atuais,
submetendo a uma rigorosa crítica aos vários modelos existentes
de desenvolvimento sustentável.

FILME / VÍDEO
Título: Planeta dos Humanos
Ano: 2019.
Sinopse: O documentário examina as mudanças climáticas, a
poluição e o movimento da energia verde pelo mundo!

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 20


UNIDADE II
Fluxo de Energia
Professora Me. Katiúscia Kelli Montanari Coelho

Plano de Estudo:
● Energia nos Ecossistemas;
● Níveis Tróficos;
● Cadeias Alimentares;
● Fluxo da Matéria.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e entender o processo de energia como
responsável pela manutenção da vida;
● Compreender os tipos de níveis tróficos: produtores, consumidores
e decompositores, com base em fontes de nutrição e energia;
● Entender a importância da cadeia alimentar, energia transferida
de um organismo para outro através da nutrição;
● Compreender o fluxo da matéria, juntamente
com a produtividade nos ecossistemas.

21
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a)!

Nesta unidade aprenderemos conteúdos referentes ao estudo da Ecologia, porém


relacionados ao Fluxo de Energia, a importância da energia solar para a manutenção da
vida no planeta, também o fluxo unidirecional de energia, em que parte da matéria orgânica
produzida é sintetizada e consumida.
Além disso, o graduando terá um entendimento mais amplo e mais aprofundado, au-
xiliando assim uma melhor relação de conteúdo específicos referentes a sua área de atuação.
Os organismos de um ecossistema podem ser classificados de acordo com o seu
nível trófico (trophos = alimento) que ocupam, ou seja, cada cadeia alimentar representa
um nível trófico, ou nível alimentar. Entenderemos assim em qual nível os seres vivos se
enquadram, se são Produtores, Consumidores ou Decompositores.
Portanto, para entendermos os níveis tróficos também precisamos aprender sobre
cadeia alimentar, em que a matéria é transferida de um organismo para outro através da
nutrição, assim são conectadas através das teias alimentares, mantendo então um equilí-
brio ou desiquilíbrio ecológico.
Outro ponto que será abordado é o fluxo da matéria, com a produtividade nos ecos-
sistemas, seja ela primária ou secundária, e também as pirâmides ecológicas que formam
um diagrama com informações da cadeia alimentar, assumindo esse formato de pirâmide.

Desejo a você, uma boa leitura e aprendizado!

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 22
1. ENERGIA NOS ECOSSISTEMAS

Dando início ao estudo de fluxo energético nos ecossistemas vamos falar do deserto
norte-americano. Apesar de ser um local árido, os desertos possuem um conjunto diverso
de plantas, animais e microrganismos. Tal diversidade é refletida na variação de tamanho,
forma e fisiologia dos animais que compõem a fauna desértica, desde nematódeos no solo,
gafanhotos no dossel vegetal, até́ falcões no céu.
A ligação desses animais no contexto das funções ecológicas não são sua aparên-
cia física ou suas relações evolutivas, mas sim, suas funções ecológicas determinadas pelo
que eles comem e por quem se alimenta deles, ou seja, por suas interações alimentares,
ou tróficas. Por outra forma, a influência que um organismo tem no movimento da energia
e dos nutrientes em um ecossistema é determinada pelo tipo de comida que ele consome,
como também pelo tipo de predador que consome ele.
Descrevendo assim os fluxos através dos ecossistemas e os fatores que controlam
os movimentos através dos diferentes níveis tróficos.
Veremos as relações alimentares em um ecossistema como uma rede melindrosa
de interações entre espécies, uma perspectiva que apresenta importantes implicações para
o fluxo energético e para a funcionalidade do ecossistema, bem como para as interações
das espécies e para as dinâmicas das comunidades (CAIN, 2017).
Segundo Begon (2007), as entidades biológicas precisam de matéria para sua
construção e energia para suas atividades.

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 23
Ou seja, verdadeiro não apenas para os organismos individualmente, mas também
para as populações e comunidades que eles formam na natureza. A importância dos flu-
xos de energia e de matéria, significa que os processos das comunidades são fortemente
vinculados ao ambiente abiótico. O nome ecossistema é usado para denotar a comuni-
dade biológica junto com o ambiente abiótico em que ela está estabelecida. No qual, os
ecossistemas normalmente incluem produtores primários, decompositores e detritívoros,
uma certa quantidade de matéria orgânica morta, herbívoros, carnívoros e parasitos mais o
ambiente físico químico que proporciona as condições para a vida e atua como uma fonte
e um dreno para energia e matéria.

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 24
2. NÍVEIS TRÓFICOS

Cada nível trófico é caracterizado pelo número de degraus tróficos que o separa do
autótrofos (produtores primários).

FIGURA 1 - NÍVEIS TRÓFICOS EM UM ECOSSISTEMA DE DESERTO

Fonte: Cain (2017).

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 25
Dentro do nível trófico o que está em primeiro são os autótrofos, os produtores
primários que geram energia química a partir da luz solar ou de compostos químicos
inorgânicos. Geram também a maior parte da matéria orgânica morta nos ecossistemas.
Neste ecossistema de deserto do nosso exemplo (figura), o primeiro nível trófico inclui
todas as plantas que agrupamos para formar um único componente, não importando sua
identificação taxonômica.
Em segundo, o nível trófico é composto pelos herbívoros que consomem biomassa
autotrófica – que em nosso ecossistema de deserto incluiria gafanhotos e veados-mula – e
pelos detritívoros que consomem matéria orgânica morta.
Porém nos demais níveis tróficos (terceiro em diante) contém os carnívoros que
consomem os animais do nível trófico abaixo deles. Carnívoros primários que constituem
o terceiro nível trófico em um sistema de deserto incluiriam pequenas aves e escorpiões,
enquanto outros carnívoros secundários do quarto nível trófico incluiriam raposas e aves de
rapina. A grande maioria dos ecossistemas tem quatro níveis tróficos ou menos (CAIN, 2017).

FIGURA 2 – A TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA OBSERVADA EM CADEIAS ALIMENTARES

Fonte: PRODIGIO EDUCAÇAO. Transferência de energia. Online. Disponível em https://www.proenem.com.


br/enem/biologia/ecologia-cadeia-e-teia-alimentar/ Acesso em: 01 jun. 2022.

Segundo Cain (2017) certos organismos não se enquadram totalmente nos níveis
tróficos definidos até aqui. Coiotes, por exemplo, são consumidores oportunistas, pois con-
somem vegetais, camundongos, outros carnívoros e até́ botas de couro.
Em estudos tróficos, os heterótrofos que se alimentam em múltiplos níveis tróficos
são chamados de onívoros. Sendo heterótrofos desafiam nossa tentativa de agrupar orga-
nismos em categorias alimentares simples.
No entanto, suas dietas podem ser detalhadas a fim de se conhecer a quantidade
de energia que eles consomem em cada nível trófico. Sendo assim, os onívoros ocupam
níveis tróficos intermediários, conforme determinado pelas proporções de alimentos que
eles consomem, nesse caso onívora é comum em muitos ecossistemas.

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 26
3. CADEIAS ALIMENTARES

FIGURA 3 - CADEIA ALIMENTAR COM VEGETAIS, GAFANHOTO, PÁSSARO

COMEDOR DE INSETO, ÁGUIA E FUNGOS COMO DECOMPOSITORES

Fonte: MIRA. Cadeia Alimentar. Online. Disponível em

https://querobolsa.com.br/enem/biologia/cadeia-alimentar. Acesso em: 01 jun. 2022.

3.1 Eficiências Ecológicas


Para Pinto-coelho (2011) proporções entre os fluxos de energia em diversos pontos
ao longo da cadeia alimentar, quando expressas em percentuais, são chamadas de eficiên-
cias ecológicas. Em um dado nível trófico o fluxo de energia pode ser desmembrado em
diferentes maneiras.

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 27
Do alimento ingerido não é absorvida, sendo excretada sob a forma de fezes, ou
também do total assimilado, uma parte é destinada à manutenção do metabolismo basal
(respiração). A parte de energia assimilada restante, ou seja, aquela não usada no metabo-
lismo basal, é a produção secundária.
Existem dois tipos de eficiências ecológicas: eficiências calculadas dentro e entre
os níveis tróficos. A figura resume os principais tipos de eficiências.
Dependendo da natureza do animal, as eficiências podem variar de maneira ex-
pressiva. O tipo de metabolismo (animais ectodérmicos e endotérmicos) e a posição trófica
do animal (herbívoros, carnívoros) são dois importantes fatores a serem considerados. Um
total de 99% de toda a biomassa terrestre é constituída pelas plantas. A fotossíntese é
o processo de transformação de energia solar em energia química: quando as plantas
respiram, parte da energia obtida é gasta pela respiração aeróbica, processo que ocorre
de modo similar tanto nas plantas quanto nos animais, envolvendo as enzimas do ciclo de
Krebs e o gasto de fósforo inorgânico (P).
São fundamentais dois processos para o entendimento do metabolismo geral dos
ecossistemas: produção e consumo de matéria orgânica e ciclagem de nutrientes. Enquan-
to a produção biológica relaciona-se com a magnitude do metabolismo geral do sistema,
o estudo da ciclagem dos nutrientes informa o modo como ocorrem as trocas de materiais
entre as porções biótica e abiótica do sistema.
A produção biológica informa a magnitude e a direção do fluxo de energia no ecos-
sistema, sendo um reflexo direto da disponibilidade de energia em um dado nível trófico
(PINTO-COELHO, 2011).

3.2 Teias Alimentares


Segundo Cain (2017) Teias alimentares são modelos conceituais de interações
tróficas de organismos em um ecossistema.
Charles Darwin, em A Origem das Espécies (1859), descreveu “um terreno ema-
ranhado, recoberto com muitas plantas de muitos tipos, com pássaros cantando nos ar-
bustos, com vários insetos voando ao redor, [...] dependentes uns dos outros de maneira
tão complexa”, a interdependência das espécies tem sido um conceito central na ecologia.
Examinamos essas conexões entre as espécies com foco nas relações alimentares, elas
podem ser descritas por uma teia alimentar, um diagrama mostrando as conexões entre os
organismos e o alimento que eles consomem.

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 28


FIGURA 4 - TEIAS ALIMENTARES

Fonte: GREEN SAVERS. Teias alimentares. Online. Disponível em: https://greensavers.sapo.pt/estudo-inter-

nacional-alerta-que-as-redes-troficas-naturais-estao-em-perigo/. Acesso em: 01 jun. 2022.

3.3 Teias Alimentares podem ser Simples ou Complexas


No deserto a teia alimentar, está longe de estar completa, podendo assim adicionar
outros organismos e outras conexões à teia alimentar, gerando complexidade adicional.
Tendo como exemplo, o escorpião que consome insetos como o gafanhoto, mas assim
como o gafanhoto, ele pode se tornar alimento para aves.

FIGURA 5 - UMA TEIA ALIMENTAR SIMPLES DE SEIS MEMBROS,

REPRESENTATIVA DO DESERTO NORTE-AMERICANO

Fonte: Cain (2017).

UNIDADE I Conceitos Fundamentais da Ecologia 29


FIGURA 6 - A ADIÇÃO DE MAIS PARTICIPANTES À TEIA ACRESCENTA REALISMO,

MAS A INCLUSÃO DE ESPÉCIES ADICIONAIS ACRESCENTA COMPLEXIDADE

Fonte: Cain (2017).

À proporção que continuamos adicionando mais e mais organismos à teia ali-


mentar, acrescentamos complexidade, de modo que ela pode assumir a aparência de um
“diagrama espaguete”.
Acrescentando assim maior realismo, é importante reconhecer que as relações
alimentares dos animais podem abranger múltiplos níveis tróficos (onívora) e até mesmo
envolver canibalismo.
Apesar das teias alimentares serem ferramentas conceituais úteis, até mesmo uma
teia simplificada é uma descrição estática do fluxo energético e das interações tróficas de
um dado momento em um ecossistema dinâmico. Interações tróficas atuais podem se mo-
dificar ao longo do tempo (WILBUR, 1997). Alguns organismos vão alterando seus padrões
alimentares à medida que envelhecem.
Contudo, as conexões entre as espécies em um ecossistema variam em importância
para o fluxo energético e para a dinâmica populacional da espécie; em outras palavras, nem
todas as conexões são igualmente importantes. Algumas dessas relações tróficas podem
ter um papel maior do que outras na determinação de como a energia flui no ecossistema
(CAIN, 2017).

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 30
Exemplo, teias alimentares simples podem ser combinadas com observações sobre
as preferências alimentares de predadores e sobre as mudanças no tamanho das popula-
ções de predadores e presas ao longo do tempo, com vistas a fornecer uma estimativa de
quais interações são mais fortes.
Da mesma forma, comparações entre duas ou mais teias alimentares, em que uma
espécie de predador ou presa está presente em algumas, mas ausente em outras, podem
fornecer evidências da importância relativa dos elos. Bem como o tamanho corporal dos
predadores e das presas tem sido utilizado para predizer a força da interação predador-presa,
pois se sabe que a taxa de alimentação está relacionada à taxa de metabolismo, que por sua
vez é governada pelo tamanho do corpo. As melhores estimativas das forças de interação em
teias alimentares frequentemente veem da combinação dessas abordagens (CAIN, 2017).
Segundo Cain (2017), ecólogos tem ponderado se teias alimentares mais comple-
xas – aquelas com mais espécies e mais ligações entre elas – são mais estáveis do que
teias alimentares mais simples, com menor diversidade e menos ligações. A estabilidade
nesse contexto em geral é avaliada pela magnitude de mudanças nos tamanhos populacio-
nais dos organismos na teia alimentar ao longo do tempo.

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 31
4. FLUXO DA MATÉRIA

4.1 Produtividade nos Ecossistemas


A energia nos ecossistemas origina-se com a produção primária pelos autótrofos

4.2 Produção Primária


Segundo Cain (2017) toda a energia química gerada pelos autótrofos, conhecida
como produção primária, vem da fixação do carbono durante a fotossíntese e a quimiossín-
tese, essa produção primária representa uma importante transição da energia: a conversão
da energia luminosa do sol em energia química que pode ser usada pelos autótrofos e
consumida pelos heterótrofos.
Produção primária é a fonte de energia para todos os organismos, das bactérias aos
seres humanos, até os combustíveis fósseis que usamos atualmente derivam da produção
primária. Ela também corresponde ao maior movimento de dióxido de carbono entre a Terra
e a atmosfera, sendo, portanto, uma importante variável do clima global.

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 32
Assimilada pelos autótrofos a energia é estocada na forma de compostos de car-
bono nos tecidos das plantas; ou seja, o carbono é a moeda corrente para mensurar a
produção primária. A produção primária é, às vezes, chamada de produtividade primária.
O carbono total fixado pelos autótrofos em um ecossistema é chamado de produção
primária bruta (PPB). A PPB, na maioria dos ecossistemas continentais, equivale ao total de
fotossíntese realizada pelas plantas.
Balanço entre a PPB e a respiração autotrófica é chamado de produção primária
líquida (PPL):

PPL = PPB – respiração (R)

A PPL é a quantidade de energia capturada pelos indivíduos autótrofos que resulta


em um aumento na matéria vegetal viva, ou biomassa. Da mesma forma, a PPL é a energia
restante para o crescimento da planta, sua reprodução e o consumo pelos herbívoros e
detritívoros. Também representa a entrada líquida total de carbono nos ecossistemas.
Já o carbono não usado na respiração pode ser distribuído para crescimento, re-
produção, estocagem e defesa contra herbívoros.
Além do mais, as plantas podem responder às condições ambientais destinando o
carbono para o crescimento de diferentes tecidos. Essa alocação varia consideravelmente
entre as espécies, os recursos disponíveis e o clima. A alocação de carbono para tecidos
fotossintéticos resulta em maior taxa futura de PPL, mas as demandas da planta por outros
recursos, em particular água e nutrientes, bem como interações biológicas como herbivoria,
influenciam se esse investimento terá ou não retorno.

4.3 Produção Secundária


E a energia derivada do consumo de compostos orgânicos por outros organismos
é conhecida como produção secundária. Os organismos que obtém energia dessa maneira
são conhecidos como heterótrofos, e incluem arqueias, bactérias, fungos, animais e até
mesmo algumas plantas.
Heterótrofos são classificados de acordo com o tipo de alimento que consomem,
são herbívoros, que consomem plantas e algas; carnívoros, que consomem outros animais
vivos, e detritívoros, que consomem matéria orgânica morta (detritos). Esses organismos
que consomem matéria orgânica viva tanto de plantas quanto de animais são chamados
de onívoros. Aprimoramento adicional na preferência alimentar às vezes incorpora a ter-
minologia usada para descrever os heterótrofos; comedores de insetos, por exemplo, são
chamados de insetívoros.

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 33
A dieta dos heterótrofos pode ser determinada por medição e comparação das
taxas entre os isótopos estáveis em seus tecidos e nos tecidos de seus potenciais fontes de
alimento e a produção secundária é a energia ingerida pelos heterótrofos menos a energia
usada na respiração e na excreção de fezes e urina.

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 34
SAIBA MAIS

Pirâmides Ecológicas

Certas informações sobre cadeia alimentar podem ser apresentadas por diagramas que
assumem um formato de pirâmides, chamadas pirâmides ecológicas.

● Pirâmide de número: Representada pela quantidade de organismos presente em


cada nível trófico, em uma determinada área, com uma unidade de tempo.

● Pirâmide de biomassa: Indica a quantidade da matéria orgânica (biomassa), por


área ou volume, presente em cada nível trófico.

● Pirâmide de energia: Mostra a quantidade de energia presente em cada nível trófico,


por área ou volume em determinado intervalo de tempo.

Fonte: A autora (2021).

REFLITA

Agrotóxicos e Teia Alimentar

Suponha a existência de uma teia alimentar, e que neste local ocorra um fragmento flo-
restal localizado próximo a uma plantação de certa monocultura.
Visando aumentar a produtividade, o agricultor pulverizou na plantação uma substância
para exterminar artrópodes e moluscos que poderiam, em alguma fase do ciclo de vida,
alimentar-se das folhas desse vegetal.

Qual a consequência da atitude do agricultor para o ecossistema vizinho a plantação?


Reflita e proponha uma teia para a situação esperada após a pulverização.

Fonte: A autora (2021).

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado (a) aluno (a)!

Esta unidade trouxe uma melhor compreensão dos principais tópicos e abordagem
dos conteúdos de Fluxo de Energia, entendendo as principais funções que a energia de-
sempenha nos ecossistemas. E também estudamos as principais características de cada
nível trófico que é classificado pelo nível alimentar dentro da cadeia alimentar, composta
por produtores, consumidores e decompositores.
Nos levando assim a um entendimento do que é uma teia alimentar e como podem
ser formados desde a mais simples a mais complexa, trazendo assim um equilíbrio ecoló-
gico ou um desiquilíbrio ecológico.
E por fim o processo de fluxo de energia com a produtividade nos ecossistemas onde
entendemos que existem duas, a produtividade primária e secundária, esses estudos possi-
bilitam que essas e outras medidas sejam tomadas evitando assim os impactos ambientais.

Um Abraço e até a próxima unidade!

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 36
LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo Científico: Atmosfera, fluxos de carbono e fertilização por CO2


Síntese: O presente artigo, mostrar a função e a importância do CO2 na natureza,
através do seu papel na atmosfera e dos seus fluxos. Com o objetivo, mais especificamen-
te, ao papel que a biomassa terrestre desempenha nas florestas tropicais onde exerce tal
relação às altas concentrações de CO2.

Fonte: PACHECO, M. R. P. D. S.; HELENE, M. E. M. Atmosfera, fluxos de carbono e fertilização

por CO2. Estudos avançados, 4, 204-220.1990. Disponível em https://www.scielo.br/j/ea/a/jNbF8gZjK8MD-

MhL6PhjqNFC/?lang=pt. Acesso em: 01 jun. 2022.

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 37
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Biomassa Para Energia
Autor: Luís Augusto.
Editora: Unicamp.
Sinopse: No início do século XXI, coloca-se para a humanidade
uma questão urgente: Será possível a transição de uma depen-
dência do petróleo para fontes energéticas renováveis e menos
danosas ao meio ambiente? Os países em desenvolvimento como
o Brasil têm neste momento uma grande oportunidade de impulsio-
nar suas respectivas economias através da produção de “energia
limpa”, que promova a redução dos gases de efeito estufa, como é
o caso do aproveitamento da biomassa. Nosso país possui longa
experiência com o uso energético de biomassa (lenha, carvão
vegetal, etanol e bagaço), mas carece de inovação tecnológica
e de recursos humanos capacitados nessa área. Neste livro se
apresenta um leque de opções de tecnologias para a conversão
energética de biomassa.

FILME / VÍDEO
Título: Fluxo de energia entre seres vivos
Ano: 2011.
Sinopse: Vídeo que apresenta e fomenta a discussão sobre o
fluxo de energia entre seres vivos.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=qO3yasOJg-
NA&t=55s

UNIDADE III Fluxo


Conceitos
de Energia
Fundamentais da Ecologia 38
UNIDADE III
Sucessão Ecológica
Professora Me. Katiúscia Kelli Montanari Coelho

Plano de Estudo:
● Sucessão Ecológica;
● Sucessão Ecológica Primária e Secundária;
● Etapas de Sucessão Ecológica;
● Alterações Ambientais.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e entender como os ecossistemas da Terra são formados pelos seres vivos,
cuja a composição de espécies, biomassa e produtividade
se mantém constante ao longo do tempo;
● Entender o processo gradual de colonização de um ambiente
pelos seres vivos, sucessão ecológica;
● Compreender como processos ambientais podem interferir nas características, tais
como temperatura, umidade, luminosidade e fertilidade;
● Diferenciar os tipos de sucessão ecológica e
classificá-las como primária e secundária.

39
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a)!

Nesta unidade aprenderemos os principais conteúdos referentes aos estudos da


Sucessão Ecológica, dedicado as principais condições adversas para o surgimento dos
seres vivos, como a baixa retenção de umidade, a alta incidência de luz solar e a pequena
disponibilidade de nutrientes.
Porém, vamos entender que mesmo com as condições adversas e desfavoráveis,
é possível que ao longo do tempo, surjam organismos pioneiros, como líquens e musgos
e que pouco a pouco vão sendo substituídos por outros e esse processo não para até
o estabelecimento de uma comunidade estável com poucas alterações perceptíveis de
espécie e biomassa. E esse processo ordenado de colonização, de um ambiente por seres
vivos, é denominado sucessão ecológica, um processo fundamental para a formação dos
ecossistemas do planeta.

Portanto, prezado (a) aluno (a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado!

UNIDADE III Sucessão Ecológica 40


1. SUCESSÃO ECOLÓGICA

1.1 Sucessão Ecológica


Segundo Begon, Townsend e Harper (2007) as perturbações podem levar a sequên-
cias razoavelmente previsíveis de espécies, diferentes espécies têm diferentes estratégias
de exploração de recursos, em que espécies iniciais são boas colonizadoras e crescem
rapidamente, enquanto espécies tardias podem tolerar níveis baixos de recursos e crescer
até a maturidade na presença de espécies iniciais, excluindo estas últimas competitivamen-
te. Tais situações são conhecidas pela expressão “sucessão ecológica”, definida como um
padrão de colonização e extinção de populações de espécies não sazonais, direcionadas e
continuas em um determinado local.
As características interessantes observadas nas comunidades é o fato de que elas
mudam continuamente de estado, por exemplo, a sua composição específica. Fato este
muito evidente quando há um distúrbio externo, como fogo ou enchente. Mesmo quando
as comunidades estão em equilíbrio, este estado é dinâmico. Há uma constante troca de
espécies, que estão continuamente saindo e entrando no sistema.
Sucessão ecológica refere-se a uma sequência de modificações estruturais e
funcionais que ocorrem nas comunidades, tais mudanças que, em muitos casos, seguem
padrões mais ou menos já definidos.

UNIDADE III Sucessão Ecológica 41


A sucessão é um processo convergente, sendo aberto ou fechado. Pode ser um
processo assintótico de auto-organização que progressivamente restringe suas possibi-
lidades iniciais. E também um processo de acúmulo de informação biológica, no qual os
componentes biológicos vão assumindo gradativamente o controle do meio.
A base desse conceito para a sucessão foi estabelecida por Clements (1916 e
1936), que estabeleceu alguns dos conceitos mais importantes: sucessão primária, secun-
dária, estágio seral e clímax (PINTO-COELHO, 2011).
Essa expressão sucessão ecológica é utilizada pois descreve processos de alteração
nos ecossistemas sobre várias escalas, como temporal, espacial ou vegetacional. Sendo
assim, sucessão é o processo ordenado de mudanças em um determinado ecossistema,
resultando na modificação do ambiente físico pela comunidade biológica (STEIN, 2018).

1.2 Mecanismos da Sucessão Ecológica


Segundo a teoria da sucessão ecológica proposta em 1916 por Frederic Clements,
o processo de sucessão ecológica envolve as seguintes fases:

● Nudação – A sucessão começa com o acontecimento de uma perturbação e o


surgimento de um sítio nu, desprovido de vida.
● Migração – Chegada de propágulos, esporos, cistos e outras formas de vida ao
ambiente.
● Ecese – Estabelecimento e crescimento das primeiras espécies (pioneiras).
● Concorrência – Fase em que o estabelecimento de novas espécies provoca
uma competição por espaço e nutrientes.
● Reação – Como resultado da concorrência que o habitat impõe, as espécies
vão sendo substituídas, de uma comunidade para outra.
● Estabilização – A comunidade se estabiliza após as fases de reação, e surge o
desenvolvimento de uma comunidade clímax (STEIN, 2018).

Para Stein (2018) existem, três tipos de sucessão ecológica, sendo estas:

1. Sucessão degradativa: é nela que ocorre em uma escala de tempo relativamente


curta, com ocorrência em qualquer matéria orgânica morta (exemplo: animais ou plantas
em decomposição). Basicamente, diferentes espécies aparecem e desaparecem, à medida
que a degradação da matéria orgânica utiliza alguns recursos e torna outros disponíveis.
Mais uma característica da sucessão degradativa é que ela é um processo finito, uma vez
que o recurso pode ser totalmente mineralizado ou metabolizado.

UNIDADE III Sucessão Ecológica 42


2. Sucessão alogênica: sucessão em que o processo de substituição de espécies
ocorre como resultado de mudanças externas (incêndios, tempestades e processos geoló-
gicos) ou forças geofísico-químicas
3. Sucessão autogênica: Acontece em ambientes recém-criados, geralmente de-
correntes de processos biológicos que modificam condições e recursos. Essa sucessão
pode ser dividida em duas formas distintas, sucessão primária e sucessão secundária.
Falando da sucessão autogênica, ela passa por três fases distintas, sendo estas:
● Comunidade pioneira (ou ecese);
● Comunidade secundária (também denominada intermediária ou seral);
● Comunidade clímax (STAIN, 2018).

UNIDADE III Sucessão Ecológica 43


2. SUCESSÃO ECOLÓGICA PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA

2.1 Sucessão ecológica primária e secundária


Para Pinto-Coelho (2011) a sucessão ecológica primária ocorre em substratos
recém-formados tais como áreas atingidas por erupções vulcânicas. Envolve modificações
substanciais do ambiente causadas direta ou indiretamente pelos organismos pioneiros.
E a sucessão ecológica secundária ocorre em comunidades preexistentes seguindo
a um certo distúrbio natural ou não.
Segundo Begon, Townsend e Harper (2007) Nos padrões sucessionais que ocorrem
após a exposição de novas áreas. Se a área exposta não tinha sido previamente influencia-
da por comunidades, a sequência de espécies é denominada de sucessão primária.
Em casos que a vegetação de uma área foi parcialmente ou completamente remo-
vida, porém permanece solos bem-desenvolvidos, com sementes e esporos, a sequência
de espécies que se sucede é chamada sucessão secundária. A perda de árvores por motivo
de doenças, ventos fortes, fogo ou tombamento podem ocasionar a sucessão secundária,
bem como o abandono após cultivo em propriedades rurais (a chamada sucessão em cam-
pos abandonados.As sucessões nas áreas recentemente expostas normalmente levam
centenas de anos para atingir sua conclusão.

UNIDADE III Sucessão Ecológica 44


FIGURA 1 – FLUXOGRAMA DE SUCESSÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA

Fonte: Adaptado de: Stein (2018, p.124).

FIGURA 2 - SUCESSÃO ECOLÓGICA PRIMÁRIA

Fonte: Stein (2018).

Derrame de lava causados por erupções vulcânicas, substratos expostos retração


de uma geleira e dunas de areia recém-formados são exemplos de sucessão primária,
conforme indicado na Figura 2.

FIGURA 3 - SUCESSÃO ECOLÓGICA SECUNDÁRIA

Fonte: Stein (2018).

A sucessão secundária ocorre em um ambiente total ou parcialmente destruído,


porém, que já foi ocupado antes por outra comunidade biológica, conforme vemos na
Figura 3.

UNIDADE III Sucessão Ecológica 45


3. ETAPAS DE SUCESSÃO ECOLÓGICA

3.1 Etapas de Sucessão Ecológica


Contudo, essa sequência sucessional envolve a existência de estágios mais ou
menos definidos ao que se convencionou chamar de estágio seral. Esse ponto de conver-
gência seria o estágio final ou clímax. Cada região tem um clímax definido basicamente
pelas condições climáticas regionais ou clímax climático.
Variações no local podem ocorrer muitas vezes como reflexo de mosaicos pedoló-
gicos, por exemplo, os afloramentos de calcário no cerrado. Nesse caso, fala-se em clímax
edáfico. (PINTO-COELHO, 2011).
Os liquens (associação de cianobactérias com fungos), que conseguem sobreviver
apenas com água, luz e pouca quantidade de sais minerais, isso caracteriza a formação de
uma comunidade pioneira ou ecese.
Após essas etapas a comunidade pioneira evolui, até que a velocidade do processo
começa a diminuir gradativamente, chegando a um ponto de equilíbrio, no qual a sucessão
ecológica atinge seu desenvolvimento máximo compatível com as condições físicas do
local (solo, clima, etc.). Essa é a etapa final do processo de sucessão, conhecida como
comunidade clímax. Cada etapa intermediária entre a comunidade pioneira e o clímax e
chamada de sere.

UNIDADE III Sucessão Ecológica 46


FIGURA 4 – SUCESSÃO ECOLÓGICA PRIMÁRIA

UNIDADE III Sucessão Ecológica 47


4. ALTERAÇÕES AMBIENTAIS

4.1 Alterações ambientais

TABELA 1 – ATIVIDADES E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

ATIVIDADES IMPACTOS AMBIENTAIS

DESMATAMENTO Alterações climáticas; danos à flora e à fauna; erosão do


solo; empobrecimento do solo; assoreamento de recursos
hídricos; aumento do escoamento da água; redução de
infiltração da água; inundações.
MOVIMENTOS DE TERRA Alterações na drenagem das águas; erosão do solo; asso-
reamento dos recursos hídricos.
IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO Aumento do escoamento das águas; redução da infiltra-
ção da água; problemas de drenagem; inundações.
ATERROS DE RIOS, RIACHOS, Problemas de drenagem, assoreamento; inundações;
LAGOAS, ENTRE OUTROS prejuízos econômicos e sociais.

LANÇAMENTO DE EFLUENTES Alterações nas características químicas, físicas e biológi-


cas dos solos, além de poluição ambiental, como: prejuí-
zos à saúde do homem; danos à fauna e à flora; danos
materiais; prejuízos às atividades; danos econômicos e
sociais.

Fonte: Adaptado de: Stein (2018, p. 82).

UNIDADE III Sucessão Ecológica 48


Quando um determinado ecossistema sofre um processo de degradação (como
queimadas ou desmatamento), ocorre o fenômeno conhecido como sucessão ecológica.
Exemplo: após uma floresta ser totalmente destruída, diferentes espécies irão ocupar a
área em diferentes períodos (conforme indicado na Figura 4).

FIGURA 4 – FASES DE SUCESSÃO ECOLÓGICA

Fonte: Stein (2018, p. 128).

Tais espécies podem ser divididas em:


Colonizadoras: Gramíneas e outras plantas de pequeno porte, com esporos ou
sementes transportadas pelos ventos.
Pioneiras: Aquelas que são as primeiras a aparecerem em uma clareira recente. Es-
pécies cujas sementes necessitam da luz solar direta para germinarem. São de tamanho médio
e transportadas por longas distâncias por animais, principalmente pássaros e morcegos.
Secundárias: São conhecidas como oportunistas de clareira, têm sementes ge-
ralmente aladas e de curta longevidade natural, necessitando de períodos secos para sua
dispersão anemocórica (disseminação de sementes de uma planta pela ação dos ventos),
porém, também podem apresentar dispersão zoocórica (dispersão de sementes por animais).
Climáticas: Compostas por uma grande quantidade de nutrientes, todas as
condições e todos os recursos ideais e uma fauna já associada ao local, outras espécies
muito mais exigentes, com ciclo de vida longo e melhores competidoras, se estabelecem:
as espécies clímax. Falando de maneira específica, das florestas secundárias, estas são
classificadas de acordo com o estágio de regeneração.

UNIDADE III Sucessão Ecológica 49


Estágio inicial de regeneração: Aparece logo após o abandono do solo. Este
estágio, geralmente, dura entre 6 e 10 anos, dependendo do grau de degradação do solo e
do entorno. A altura média da vegetação não ultrapassa 4 m.
Estágio médio de regeneração: Estágio esse que pode ocorrer entre 6 e 15 anos
depois do abandono do solo. As árvores podem atingir o comprimento de 12 m. A diversida-
de aumenta, mas ainda há predominância de espécies de árvores pioneiras.
Estágio avançado de regeneração: Geralmente é iniciado depois de 15 anos
e pode levar de 60 a 200 anos para alcançar novamente o estágio semelhante à floresta
primária (floresta intocada ou aquela em que a ação humana não provocou significativas
alterações das suas características originais de estrutura e de espécies) (STEIN, 2018).

UNIDADE III Sucessão Ecológica 50


SAIBA MAIS

Líquens são fruto da relação ecológica entre um micobionte – fungos, organismos he-
terótrofos - e um fotobionte – algas ou cianobactérias, organismos autótrofos fotossin-
tetizantes. Esse tipo de relação é conhecido como simbiose, pois o talo de um líquen
forma uma estrutura autônoma com milhões de células dos fotobiontes que vivem em
estreita associação com os micobiontes.
Os fungos possuem grande capacidade de absorção de água e minerais, transferindo
o material absorvido para os organismos autótrofos participantes da relação. Estes, em
contrapartida, realizam fotossíntese e transferem aos fungos uma parcela de matéria
orgânica produzida por eles.
Além disso, os líquens formados por cianobactérias conseguem fixar nitrogênio atmos-
férico, aumentando a fertilidade dos locais onde eles se instalam.

Fonte: A autora (2021).

REFLITA

Não cofundir sere com ecótono!


Sere é nome da comunidade intermediária que surge ao longo da sucessão ecológica.
Ecótono (do grego, oikos e tónos, que significam, respectivamente, habitação e inten-
sidade) é uma comunidade clímax que fica na região de transição entre dois biomas
vizinhos.

Fonte: A autora (2021).

UNIDADE III Sucessão Ecológica 51


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado (a) aluno (a)!

Esta unidade nos trouxe uma melhor compreensão dos princípios de sucessão
ecológica e a diferença entre sucessão ecológica primária e secundária, entendendo as
principais conclusões de cada etapa principal ecesse, sere e clímax e também estudamos
o processo de perturbação natural ou antrópica e as alterações que ao longo da sucessão
vão ocorrendo. E sobre comunidade inicial, microclima e comunidade final, e comparamos
essas características, esse processo de colonização ordenado, de um ambiente por seres
vivos, é o que entendemos por sucessão ecológica.

Um Abraço e até a próxima unidade !

UNIDADE III Sucessão Ecológica 52


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo Científico: Sucessão ecológica da vegetação arbórea em uma Floresta


Estacional Semidecidual, Viçosa, MG, Brasil

Caros alunos (as), o artigo tem como objetivo analisar as alterações ocorridas como
sucessão ecológica da vegetação arbórea em uma Floresta Estacional Semidecidual, onde
levantamentos foram realizados dentro de um determinado período.

Fonte: PAULA, A. Sucessão ecológica da vegetação arbórea em uma Floresta Estacional Semideci-

dual, Viçosa, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 18, p. 407-423, 2004. Disponível em:https://www.scielo.

br/j/abb/a/CHZv58cNQ3wVDVLLyYZ9rrz/?lang=pt. Acesso em: 17 dez. 2021.

UNIDADE III Sucessão Ecológica 53


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Ecologia Descomplicada
Autor: Leandro Sousa-Souto.
Editora: Clube de Autores.
Sinopse: Ecologia descomplicada e uma obra que traz em cada
capitulo o assunto de uma única aula, em uma sequência que se
inicia com o entendimento da resposta dos organismos aos efeitos
do ambiente circundante (seleção natural, limites de tolerância,
produção e consumo de energia no ecossistema), passando pelos
fatores que governam a dinâmica das populações naturais (disper-
são, crescimento populacional e risco de extinção) e finalizando
com os conceitos de ecologia de comunidades (interações, suces-
são ecológica, formas de medir a biodiversidade).

FILME / VÍDEO
Título: Pond Succession
Ano: 2014
Sinopse: Sucessão em uma lagoa, esse vídeo nos convida a sa-
ber mais sobre processos de sucessão ecológica, onde uma lagoa
se transforma em uma comunidade terrestre.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=UsiEcapJ3KU

UNIDADE III Sucessão Ecológica 54


UNIDADE IV
Dinâmica Populacional
Professora Me. Katiúscia Kelli Montanari Coelho

Plano de Estudo:
● Características e Crescimento das Populações/Comunidades;
● Potencial Biótico;
● Relações Ecológicas;
● Classificação das Relações Ecológicas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Entender as características e crescimento das Populações/
● Comunidades, e como isso acontece;
● Compreender o é potencial biótico e as relações ecológicas
que os indivíduos tem uns com os outros;
● Diferenciar os tipos de relações ecológicas classificando-as, entre intraespecíficas e
interespecíficas, harmônicas e desarmônicas.

55
INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a)!

Nesta unidade aprenderemos os principais conteúdos referente aos estudos da Eco-


logia, direcionada e mais específica em Dinâmica Populacional sendo um ramo da Ecologia
dedicada aos estudos das principais características e funções das relações específicas, bem
como a classificação das relações ecológicas como intraespecífica e interespecífica e também
as relações ecológicas quanto ser harmônicas ou positivas (+) e desarmônicas ou negativas (-).
Estudaremos colônia isomorfas e heteromorfas, sociedade, sendo o exemplo mais
citado a sociedade das abelhas e dos cupins. Nas comunidades biológicas presentes nos
ecossistemas, podem ser observados diversos tipos de relações, ou seja, interações entre
os seres vivos.

Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado.

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 56


1. CARACTERÍSTICAS E CRESCIMENTO DAS POPULAÇÕES/COMUNIDADES

1.1 Características e crescimento das populações/comunidades


População é um grupo de plantas, animais ou outros organismos todos da mesma
espécie, que vivem, se relacionam e se reproduzem, tendo descendentes férteis. Um indi-
víduo cresce ganhando peso, uma população cresce ganhando indivíduos. O tamanho das
populações deve se manter mais ou menos em um incessante ao longo do tempo nos ecos-
sistemas em equilíbrio. É muito importante, pois alterações no tamanho de uma população
podem determinar alterações em outras populações que com ela coexistem (STEIN, 2018).
Quase sempre, os indivíduos estão distribuídos de forma sobre uma área muito
ampla, e nesses casos, deve-se definir arbitrariamente os limites de uma população. Em
especial, é apropriado ser considerada a densidade de uma população. Esse parâmetro é
geralmente definido como “número de indivíduos por unidade de área”, porém, em certas
circunstâncias, “número por folha”, “número por hospedeiro”, ou algumas outras medidas
podem ser também utilizadas (BEGON; TOWNSEND e HARPER, 2011).
A determinação a abundância e distribuição de uma determinada espécie ocorre
como? Para entender, precisamos separadamente analisar alguns critérios, como o papel
de condições e recursos, da migração (emigração e imigração), da competição (tanto intra
quanto interespecífica), do mutualismo, e da predação e do parasitismo. Na verdade, a
dinâmica de qualquer população reflete uma combinação desses efeitos, embora a sua
importância relativa varie de caso para caso (BEGON; TOWNSEND e HARPER, 2011).

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 57


Os mesmos autores salientam que é necessário analisar a população no contexto
da comunidade como um todo, pois cada uma delas existe dentro de uma teia de interações
maior, e cada uma delas corresponde diferentemente às condições ambientais dominantes. É
necessário também conhecer as fases da vida dos organismos. então, precisamos compreen-
der as sequências de eventos que ocorrem e governam os ciclos de vida desses organismos.
Populações não são estáticas, pois vão variar em tamanho ao longo do espaço e
do tempo. Tal variação se deve a três principais fatores: o ambiente físico, as interações
biológicas e a dispersão (SADAVA, 2020).

FIGURA 1 - INTERAÇÕES ECOLÓGICAS

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 58


2. POTENCIAL BIÓTICO

2.1 Potencial Biótico


É de grande importância compreender também o conceito de potencial biótico,
capacidade de crescimento das populações biológicas. Exemplo: se um único casal de
pássaros chocasse entre cinco e seis ovos por ano, geraria uma estirpe de 10 milhões de
descendentes em 15 anos, contando com a reprodução de seus filhos, netos, bisnetos etc.
Mas a cada geração, morre um número até expressivo de indivíduos, em decorrência
das restrições impostas pelo ambiente em termos de alimento, espaço, abrigo, competição,
dentre outras. O ambiente (meio) oferece uma “resistência” ao crescimento da qualquer
população. Essa resistência do meio, como é chamado o conjunto de fatores que limita
o crescimento de uma população, aumenta proporcionalmente à densidade populacional,
chegando a um ponto em que não mais haverá expansão (STEIN, 2018).
Contudo, também existem barreiras naturais que mudam esse crescimento. Entre
as barreiras temos: disponibilidade de espaço, alimentos, clima e as relações ecológicas,
as quais podem ser tanto intraespecíficas (ocorrendo entre indivíduos da mesma espécie),
ou interespecífica (ocorre entre indivíduos de espécies diferentes), podendo-se citar como
exemplos o predatismo, parasitismo e competição. Todos esses são fatores de resistência
ambiental (ou, do meio que regulam o crescimento populacional). O tamanho populacional
acaba alcançando um valor numérico máximo permitido pelo ambiente, a chamada capaci-
dade limite, também denominada capacidade de carga.

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 59


Segundo Reis et al. (2020) o potencial biótico é a capacidade das populações au-
mentarem em número de indivíduos em condições ideais. Exemplo: uma porção de floresta
que pegou fogo e agora está pronta para a recolonização por certas espécies, onde, haverá
um aumento das populações nesse local. Porém, esse crescimento não será exponencial,
porque chegará um momento em que os recursos disponíveis aparecerão como limitantes,
promovendo uma resistência ao crescimento das populações, fatores como a ação de
predadores ou mesmo de competidores, a limitação de espaço e as condições climáticas
acabam limitando esse crescimento. Aí, quando a resistência do meio equilibra o potencial
biótico, a população se estabiliza.

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 60


3. RELAÇÕES ECOLÓGICAS

3.1 Relações Ecológicas


Uma interação entre organismos que utilizam os mesmos recursos é a competição
por: água, alimentos, luminosidade ou qualquer outra condição que faça as espécies sobre-
viverem. Competição pode se dar entre indivíduos da mesma espécie — chamada de com-
petição intraespecífica — ou mesmo entre indivíduos de espécies diferentes — chamada de
competição interespecífica. As duas afetam a dinâmica das populações. Quando tratamos
da competição entre os indivíduos de uma espécie ou mesmo população, é necessário
considerar que esses possuem muitas características parecidas, utilizam muitas vezes os
mesmos recursos e reagem da mesma forma nos ecossistemas. Desse modo, os autores
Begon, Townsend e Harper (2011) descrevem que esse tipo de competição é unilateral, no
qual a premissa é que os mais fracos contribuirão pouco para a próxima geração, enquanto
os mais fortes serão favorecidos (REIS et al., 2020).
O oposto da competição intraespecífica, que ocorre entre indivíduos da mesma
população, a competição interespecífica ocorre entre populações distintas, mas ambos os
processos produzem interferência na dinâmica das populações.

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 61


4. CLASSIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES ECOLÓGICAS

4.1 Classificação das Relações ecológicas


Para Odum e Barret (2019) Na ocorrência das relações ecológicas, três tendências
são especialmente merecedoras de destaque:

● Interações negativas tendem a predominar nas comunidades pioneiras ou em


condições de perturbação em que a seleção neutraliza a alta mortalidade;
● Na evolução e no desenvolvimento do ecossistema (sucessão), interações
negativas tendem a ser minimizadas a favor de interações positivas que au-
mentam a sobrevivência das espécies em interação nas comunidades maduras
e superpopulosas;
● Novas associações ou recentes são mais passíveis de desenvolver interações
negativas severas do que as associações mais antigas.

Na literatura ecológica, os termos aplicados a essas relações segundo Odum e


Barret (2019) são os seguintes:

1. Neutralismo: Nenhuma das populações é afetada pela associação com a outra;


2. Competição: Ocorre por interferência direta, na qual as duas populações se
inibem ativamente entre si;

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 62


3. Competição, por uso de recurso: na qual cada população afeta indiretamente a
outra, de forma adversa, na disputa por recursos escassos;
4. Amensalismo: No qual uma população é inibida e a outra não é afetada;
5. Comensalismo: Em que uma população é beneficiada, mas a outra não é afetada;
6. Parasitismo: Utiliza outra espécie como fonte de alimento e moradia;
7. Predação: Em que uma população afeta a outra de forma adversa por ataques
diretos, embora uma dependa da outra;
8. Protocooperação: (também frequentemente chamada de cooperação facultati-
va), no qual as duas populações se beneficiam da interação, mas a associação
não é obrigatória;
9. Mutualismo: Que o crescimento e a sobrevivência de ambas as populações são
beneficiados e uma não pode sobreviver sem a outra em condições naturais.

FIGURA 4 - RELAÇÕES ECOLÓGICAS

Fonte: Odum e Barret (2019).

4.2 Interações Positivas/Negativas: Predação, Herbivoria, Parasitismo e


Alelopatia
Predação e o parasitismo são exemplos familiares de interações entre duas po-
pulações que resultam em efeitos negativos para o crescimento e a sobrevivência de uma
população, e positivos e benéficos para outra. Quando o predador é um consumidor primário
(normalmente, um animal) e a presa ou o “hospedeiro” é um produtor primário (planta), a
interação é denominada herbívora. Quando uma população produz uma substância preju-
dicial para a população competidora, o termo alelopatia é comumente usados para essa
interação. Consequentemente, existe uma variedade de relacionamentos (+ –).

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 63


FIGURA 5 – PARASITISMO - PARASITA NO HOSPEDEIRO

Fonte: ALVES, M. Parasita prejudica o organismo hospedeiro através do parasitismo. Agro 2.0. 2019.

Disponível em: https://agro20.com.br/parasita/ Acesso em: 01 jun. 2022.

4.3 Interações Positivas: Comensalismo, Cooperação e Mutualismo


Associações entre duas populações de espécies que resultam em efeitos positivos
estão bastante unificadas e provavelmente são tão importantes quanto a competição, o
parasitismo e outras interações negativas na determinação da função e da estrutura das
populações e comunidades. Interações positivas podem ser consideradas em uma sequên-
cia evolutiva, como segue:

Comensalismo – apenas uma população se beneficia;


Protocooperação – ambas as populações se beneficiam;
Mutualismo – ambas as populações se beneficiam e tornam-se completamente
dependentes uma da outra (ODUM e BARRET, 2019).

FIGURA 6 - PROTOCOOPERAÇÃO

Fonte: CARTACAPITAL. Parceria animal por sobrevivência. 2015. Disponível em:


https://www.cartacapital.com.br/tag/protocooperacao/. Acesso em: 22 nov. 2021.

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 64


SAIBA MAIS

As abelhas são exemplos de insetos que apresentam desenvolvimento holometábolo


(do grego “holo”, que significa “total”, “metabole”, que significa “transformação”), esses
insetos, passam por metamorfose completa ao longo da vida. A rainha deposita, nas cé-
lulas hexagonais, ovos que eclodem e se transformam em larvas, que são bem diferen-
tes dos organismos adultos. Depois de serem alimentadas pelas operárias, as larvas se
transformam em pupas, fase em que ocorrem grandes transformações corporais. Após
a etapa de pupa e que surgem os adultos, ou imagos, última fase do desenvolvimento
desses insetos.

Fonte: A autora (2021).

REFLITA

A relação entre mamíferos ruminantes (como boi e ovelha) e as bactérias que vivem no
estomago desses animais, bem como a que existe entre humanos e a microbiota intes-
tinal, são exemplos de mutualismo e se assemelham ao que ocorre entre os cupins e
seus protozoários intestinais.

Fonte: A autora (2021).

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 65


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado (a) aluno (a)!

Esta unidade trouxe uma melhor compreensão dos principais tópicos referentes a
Dinâmica Populacionais, com suas estruturas e características, e as relações ecológicas,
desempenham um grande papel como relações intraespecíficas e interespecíficas, har-
mônicas e desarmônicas.
Foi abordado também sobre as colônias isomorfas e heteromorfas com seus pa-
péis, bem como sociedade, canibalismo, mutualismo, protocooperação, comensalismo,
inquilinismo, predatismo, parasitismo, herbivorismo, amensalismo e competição.
Entendemos então nesta unidade a importância dessas relações ecológicas para
os seres vivos e todo o ecossistema. Espero que esse conteúdo contribua para seu enten-
dimento específico para cada curso.Um abraço, ótimo aprendizado e sejam bem-sucedidos
em suas carreiras profissionais!

Grata!

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 66


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo Científico:
Polinizadores Em Perigo: Por Que Nossas Abelhas Estão Desaparecendo?

Caros alunos(as), o artigo nos mostra que a redução de abelhas polinizadoras


nos mais variados ecossistemas tornou-se uma preocupação entre apicultores, técnicos e
cientistas. As abelhas polinizadoras realizam um trabalho fundamental na reprodução de
espécies vegetais nativas e no aumento da produtividade de plantas cultivadas. O objetivo
deste artigo é levantar e discutir algumas causas relacionadas à redução deste importante
grupo de insetos, bem como propor práticas amigáveis buscando minimizar o desapareci-
mento contínuo de polinizadores em ecossistemas naturais e agrícolas.

Fonte: ROSA, J. M. da., et al. Polinizadores em perigo: por que nossas abelhas estão desapare-

cendo. In: Embrapa Uva e Vinho-Artigo em anais de congresso (ALICE). Simpósio Internacional Ciência,

Saúde e Território, 4., 2017, Lages, SC. Anais Alimentos seguros, nutritivos e suficientes. Lages, SC: UNI-

PLAC, 05 a 07 de jun. 2017. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/161124/1/

Trabalho-completo-Simposio-Internacional-Ciencia-Saude-e-Territ-1.pdf. Acesso em: 22 nov. 2021.

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 67


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Cidades e Soluções
Autor: André Trigueiro.
Editora: Leya.
Sinopse: Discutir as cidades para salvar o planeta! A maior parte
da população mundial vive hoje nas cidades – essas aglomera-
ções de pessoas e concreto em que sobram problemas e falta
planejamento. A urbanização desordenada traz inúmeros desafios
e uma certeza: não há solução para a humanidade que não passe
necessariamente pela transformação das cidades.

FILME / VÍDEO
Título: Documentário Cowspiracy – O segredo da sustentabilidade
Ano: 2014.
Sinopse: O documentário trata do aquecimento global, informan-
do que a pecuária é a principal causa do desmatamento, consumo
de água e é responsável pela produção de mais gases de efeito
estufa que o setor de transporte.

UNIDADE IV Dinâmica Populacional 68


REFERÊNCIAS

BARSANO, P. R.; JAPI, V. Biologia ambiental. São Paulo: Editora Saraiva, 2014.
9788536528854. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788536528854/. Acesso em: 11 out. 2021.

BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia. Porto Alegre: Artmed,


2007. 9788536309545. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788536309545/. Acesso em: 11 out. 2021.

BEGON, Michael; TOWNSEND, Colin. R.; HARPER, John. L. Fundamentos em Ecologia.


Porto Alegre: Artmed, 2011. DOI: 9788536321684. Disponível em: https://integrada.minha-
biblioteca.com.br/#/books/9788536321684/. Acesso em: 06 nov. 2021.

CAIN, M. L. Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2017. 9788582714690. Disponível em: https://
integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714690/. Acesso em: 11 out. 2021.

MILLER, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e sustentabilidade - Tradução da 6ª edição


norte-americana. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2012. 9788522113224. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522113224/. Acesso em: 11 out.
2021.

ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de Ecologia - Tradução da 5ª edição nor-


te-americana - Estudos de casos nacionais na internet. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2019. 9788522126125. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788522126125/. Acesso em: 11 out. 2021.

PINTO-COELHO, R. M. Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2011.


9788536310978. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788536310978/. Acesso em: 11 out. 2021.

REIS, Agnes Caroline. D.; OLIVEIRA, Alana Maria. CERQUEIRA, D.; GIUDICELLI,
Giovanna. C. et al. Ecologia e Análises Ambientais. Porto Alegre - SAGAH: Grupo A,
2021. DOI: 9786556900414. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9786556900414/. Acesso em: 06 nov. 2021.

SADAVA, David. Vida: A Ciência da Biologia - Vol II. Porto Alegre - Artmed: Grupo A,
2020. DOI: 9788582715680. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788582715680/. Acesso em: 06 nov. 2021.

69
STEIN, R. T. Ecologia geral. Porto Alegre: Artmed, 2018. 9788595026674. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595026674/. Acesso em: 11 out.
2021.

TOWNSEND, C. R.; BEGON, M.; HARPER, J. L. Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre:


Artmed, 2011. 9788536321684. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788536321684/. Acesso em: 11 out. 2021.

70
CONCLUSÃO GERAL

Caro aluno (a), chegamos ao fim de nossa jornada o universo da Ecologia. Espero
que você tenha aproveitado cada linha deste material, e ressalto que esse foi apenas o iní-
cio de sua jornada nesse mundo tão cheio de diversidade que completam um ecossistema.
Em cada uma de nossas unidades do material didático, apresentei os principais pontos
sobre a ecologia, na primeira unidade vimos sobre os conceitos introdutórios, esclarecendo o
que é um ecossistema e a importância da biodiversidade, e sua vasta diversidade ecológica.
Na Segunda Unidade, a intenção foi a de trazer para você o entendimento sobre a
energia nos ecossistemas, dentro de cada nível trófico, o comportamento e funcionamento
das cadeias alimentares e o fluxo da matéria.
Em nossa Terceira Unidade, o intuito foi apresentar a você a importância da sucessão
ecológica, sendo ela primária ou secundária e o processo gradual de colonização de seres
vivos, bem como a composição de espécies, biomassa e produtividade se mantém constante
ao longo do tempo; e o que as alterações ambientais podem causar em um ecossistema.
Por fim, conhecer e entender as características e crescimento das Populações/Co-
munidades, e como isso acontece; compreendendo o potencial biótico e as relações ecoló-
gicas que os indivíduos tem uns com os outros. E diferenciar os tipos de relações ecológicas
classificando-as, entre intraespecíficas e interespecíficas, harmônicas e desarmônicas.
Após conhecer todos esses conteúdos ligados a Ecologia, tenho certeza que você
se tornará e terá capacidades suficientes sobre o assunto para obter sucesso na sua jorna-
da acadêmica e profissional!

Muito Obrigada!

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Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
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