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Sistemas Registrais
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira
UNIFATECIE Unidade 1
Reitor Rua Getúlio Vargas, 333
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Centro, Paranavaí, PR
Diretor de Ensino (44) 3045-9898
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini UNIFATECIE Unidade 2
Rua Cândido Bertier
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia Fortes, 2178, Centro,
Paranavaí, PR
Secretário Acadêmico (44) 3045-9898
Tiago Pereira da Silva
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
UNIDADE I....................................................................................................... 3
Noções Históricas Sobre Registro
UNIDADE II.................................................................................................... 24
Biblioteca na Idade Média
UNIDADE III................................................................................................... 50
A Evolução do Tratamento da Informação
UNIDADE IV................................................................................................... 79
Sistema Registral e Novas Tecnologias
UNIDADE I
Noções Históricas
Sobre Registro
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira
Plano de Estudo:
● Introdução e histórico do Sistema de Registro;
● Registros primitivos do homem;
● As antigas civilizações e o livro como instrumento civilizatório;
● Legislação das atividades Registrais.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar o conceito de registro;
● Caracterizar as formas de registros do homem primitivo;
● Contextualizar o livro como instrumento civilizatório nas antigas civilizações;
● Identificar a legislação que protege as atividades registrais.
3
INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a)!
Prezado(a) Acadêmico(a)!
Neste item, vamos fazer uma imersão sobre o sistema de registros. Iniciaremos com
o conceito e significados, conheceremos os diversos tipos em que ele pode se materializar,
conheceremos o porquê é necessário registrar não só aquilo que julgamos importante e/
ou o que nos interessa, mas, sim todos os fatos que poderão contribuir para salvaguardar
a memória da civilização e quais os principais registros que se perpetuaram no tempo e
continuam importantes para conhecermos.
Conforme podem perceber o percurso é longo, portanto, vamos adiante e bons estudos!
Iniciamos nossa caminhada pela pergunta: o que se entende por registros? A res-
posta para este questionamento buscamos no dicionário e encontramos dentre tantos sig-
nificados para o verbete, um nos chamou a atenção: “conjunto de documentos antigos que
incluem materiais manuscritos, fotográficos e/ou gráficos, para serem utilizados como prova
da evidência de um fato no passado” (MICHAELIS, 2021, online). Neste sentido, o registro
se configura como um meio de armazenar uma informação e comprovar a sua veracidade.
As cartas, por muitos anos, utilizadas para troca de mensagens, atualmente, encon-
tram-se quase em desuso devido a inserção das tecnologias da informação e comunicação
em nossas vidas, mas não se pode negar que marcaram época e foram fontes de registros
de fatos importantes. Higa (2019, s/p), corrobora que:
apesar de não serem escritas com tanta frequência nos dias de hoje, as car-
tas nos ajudam a compreender o passado por meio do registro da intimidade,
da troca de correspondência entre pessoas, públicas ou não. Nelas, o autor
da carta reserva um tempo do seu dia para escrever para outra pessoa e
aguarda a sua resposta. Essas cartas revelam diálogos, contrariedades, ale-
grias de quem as escreve, e podem ajudar na compreensão de um contexto
individual ou mesmo coletivo.
A respeito das cartas, uma delas merece nossa atenção em especial, por ser o
primeiro documento escrito sobre a história do nosso país: a Carta que Pero Vaz de Cami-
nha enviou ao rei D. Manuel sobre a descoberta do Brasil. Neste documento, o navegador
registrou as suas impressões sobre a terra que acabara de ser descoberta.
Outro exemplo de registro textual relevante para a história da humanidade é o diário
redigido por Anne Frank, uma menina judia que viveu escondida com sua família em uma
casa em Amsterdã, Holanda, durante a perseguição nazista. Seus escritos possibilitaram
conhecer as experiências por eles vivenciadas em um período triste do passado.
Além dos documentos textuais, os registros podem se materializar, ainda, em outros
tipos de suportes, tais como as representações pictóricas: afrescos, quadros e pinturas;
os vestígios arqueológicos: estátuas; objetos de cerâmica e construções e; os registros
orais, traduzidos por relatos pessoais que são transmitidos oralmente.
Este mesmo fato histórico pode ser registrado por meio de estátuas, conforme
podemos observar na Figura 2.
Registrar a informação era privilégio de poucos, decifrar o que estava escrito era
para um número menor de pessoas. A invenção do papiro, por volta 3000 a.C., possibilitou
que o sistema de escrita se tornasse mais rápido, isto é, cada símbolo ficou reduzido a
poucos traços, e aí nasceu a escrita hierática: a base do sistema de escrita ocidental.
Por meio da escrita, foi possível o surgimento de nova forma de registro: os docu-
mentos que, por sua vez, dão origem a um novo sistema: os arquivos. No que diz respeito
aos arquivos, eles se “constituem desde sempre a memória das instituições, das pessoas,
de um povo e de uma nação” (HORA; SATURNINO; SANTOS, 2010, p. 02). Para os autores
supracitados, os arquivos vão além de um pedaço de papel e escrito; são registros que re-
presentam a existência de um determinado povo, ou relatam a história de um acontecimento.
Hora, Saturnino e Santos (2010, p. 2), recordam que o homem pré-histórico já
registrava o “seu cotidiano no interior das grutas e cavernas, em forma de desenhos e
pinturas. Esses registros podem ser considerados arquivos, por narrarem a história de
homens já extintos, sua cultura e seus costumes”. Agora que sabemos o que são registros, que
tal conhecermos um pouquinho de história ?
Olá!
Vamos continuar nosso percurso, agora trilhando pelas maneiras que o homem pri-
mitivo registrava suas descobertas e invenções, pois, desde cedo o ser humano percebeu
que era impossível confiar somente na memória, então, era preciso registrar os seus feitos
para, posteriormente, difundir as informações às futuras gerações.
Você já imaginou se não tivessem passado como acender o fogo, ou ainda, como
fundir o cobre e o estanho, metais que deram origem ao bronze? É verdade que estas des-
cobertas evoluíram no decorrer dos tempos, mas tudo isto foi descoberto na pré-história
por nossos antepassados e, só nos é possível conhecer e utilizar estes conhecimentos,
porque foram registrados por eles. Que tal ver de que maneira isso ocorreu? Porém,
antes de descobrirmos isto, surge outro questionamento: quem é (ou foi) este homem
primitivo? Então vejamos:
Considera-se o homem primitivo aquele que viveu na terra durante o período pré-
-histórico até o aparecimento da escrita. Ele era nômade, entretanto, utilizavam o intelecto e
a criatividade como fins de sobrevivência, isto é, fabricavam instrumentos para se defender
dos animais e se alimentar.
Nós só temos conhecimento de como viveu o homem primitivo:
Para conhecer quem era e como viviam os nossos antepassados primitivos, hou-
ve a necessidade que profissionais de diversas áreas se debruçassem sobre o assunto,
por exemplo:
o arqueólogo estuda os artefatos materiais, o geólogo estuda as formações
dos solos, o botânico analisa os restos vegetais fossilizados, o antropólogo
os aspectos físicos, traçando a evolução, o etnólogo faz analogias dos povos
primitivos com o presente, o paleontólogo analisa os fósseis animais encon-
trados, reconstituindo a fauna da época, os fotógrafos para registrar todos os
achados e locais exatos, os biólogos para as análises de DNA, os químicos
para a análise da idade dos artefatos, e o espeleologista que é especialista
com várias formações, como biologia e geografia entre outras, estudioso dos
ambientes das cavernas, especializado sobre o comportamento dentro de um
ambiente extremamente sensível (GROBEL e TELLES, 2014, p. 2).
REFLITA
De acordo com Silva (2005), a maioria dos símbolos ideográficos dos sistemas an-
tigos de escrita estava intimamente associada aos sons das palavras, as quais indicavam
as coisas que os símbolos representavam. Supõe-se que isto ocorreu pela dificuldade que
algum escriba teve em representar o nome de alguém, para o qual não existia nenhum
ideograma. Para o autor supracitado:
Milhares de anos foram precisos para libertar os povos da escrita ideográfi-
ca, justificada pelo papel de privilégio das classes eclesiásticas que tinham
razões para não permitirem que este misterioso processo (um sistema de
escrita puramente fonético) se tornasse conhecido pela população vulgar.
(SILVA, 2005, online).
Caro(a) acadêmico(a),
Foi com o surgimento da escrita que o homem conseguiu registrar a sua história
por meio de documentos e dos primeiros livros. Siqueira M. e Siqueira B. (2000, p. 22),
corrobora de que:
com o aparecimento da escrita, dá-se a fase dos documentos denominados
escritos, embora permaneçam também os não-escritos. A princípio, a escrita,
diferenciada em cada nação, era restrita apenas às pessoas das classes do-
minantes. As primeiras sociedades tidas como civilizadas foram os egípcios,
mesopotâmicos, fenícios, cretenses, hebreus e outros, os quais utilizavam-se
da escrita para registrar sua história e atos jurídicos, sejam nos pergaminhos
ou nas paredes dos palácios reais.
As extremidades dos rolos, pelo fato de ficarem expostas, eram reforçadas com
tiras coladas. Na escrita só se utilizava um lado da folha, àquele que era mais macio e as
camadas eram horizontais. Sob o ponto de vista de conservação dos registros, o papiro
apresentava muitas limitações, tais como: furar quando se escrevia, deteriorar-se com água
ou umidade e tornar-se frágil quando seco. Como o passar do tempo, ele foi sucedido pelo
pergaminho, material mais duradouro, porém, mais caro e mais pesado.
É importante frisar que o livro nas antigas civilizações, também pode ser considera-
do como um elemento de segregação, haja vista, que a escrita era privilégio de poucos: os
escribas. Nas palavras de Siqueira M. e Siqueira B. (2000, p. 22):
os escribas egípcios eram os verdadeiros representantes do poder central,
pois possuíam o conhecimento da escrita e da contabilidade, registrando as
arrecadações, os impostos e as determinações centrais. Eram pessoas de
confiança ou parentes do Faraó, vivendo nos palácios reais, registrando to-
dos atos de conquistas, derrotas, colheitas, déficits públicos, número de es-
cravos, compras e vendas externas ou acordos políticos com povos vizinhos.
Frente ao exposto, o objetivo maior da escrita é, por meio, dos livros, dos documen-
tos de modo geral, comunicar as gerações futuras, àquilo que foi registrado pelos nossos
antepassados. É a comunicação se perpetuando no tempo.
Neste sentido o livro, independente do suporte, está presente em todos os momen-
tos históricos da civilização ora, desempenhando o papel de libertação, ora de segregação,
mas, é fato que em todos eles cumpriu (e, ainda, cumpre) a missão de guarda das informa-
ções e transmissão de conhecimentos para gerações futuras.
Caro(a) acadêmico(a)!
Será que sempre houve leis para registrar as atividades realizadas pelo homem?
Sim! A sociedade sempre foi regida por normas e regras. Já antes da linguagem escrita
(período de 9000 a.C. a 300 a.C.) o homem utilizava fichas de barro, nas quais anotava
símbolos para registrar suas transações comerciais. Essas fichas eram guardadas em in-
vólucros chamados de bullae. (HART-DAVIS, 2009). Pressupõe-se que havia normas para
que isso se concretizasse.
Gonçalves (2020, p. 01), nos lembra que:
desde a fase dos documentos não-escritos ou Pré-História, arqueólogos e
cientistas descobriram registros de representação da vida real nas cavernas,
por meio de pinturas rupestres nas paredes. Por meio dessas pinturas os
homens expressavam sua vontade, sua arte, sua religiosidade, bem como os
atos do dia-a-dia, nas atividades realizadas como caça, pesca e defesa. Para
a delimitação do território utilizavam marcos naturais como rios, montanhas,
depressão entre outros.
As obras são registradas conforme o tipo em diferentes órgãos, por exemplo, à Bi-
blioteca Nacional compete o registro das produções literárias em geral, científicas, artísticas,
musicais e cinematográficas. As composições musicais e as artes visuais (desenhos, pinturas,
gravuras, esculturas, dentre outras) o registro é feito na Escola de Música e na Escola de Be-
las Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, respectivamente. As cartas geográficas,
mapas e projetos o registro é incumbência do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia. É de extrema importância salientar que, mesmo que uma obra autoral não esteja
registrada, os direitos autorais são garantidos pela Lei supracitada.
Conforme vimos, a legislação é vasta e as leis para proteger as atividades regis-
trais existem mesmo antes da palavra escrita, elas envolvem vários ramos de atuação
e diversas áreas do conhecimento e, dentre todas, a que desperta maior atenção por
parte dos profissionais da informação é a que diz respeito à proteção dos registros na
área da documentação.
Olá pessoal,
A origem da civilização
A região poderia continuar como uma área agrícola paradisíaca, como ocorreu em
muitos lugares durante o período neolítico, quando boa parte dos homens trocou a coleta e a
caça pelo cultivo e o pastoreio. Mas algo se deu para que a Mesopotâmia sofresse mais uma
mudança e abrigasse as primeiras cidades, sociedades organizadas e impérios. Esse algo
se chama história. Segundo os estudiosos clássicos, o fato que dividiu a história da pré-his-
tória se deveu a uma invenção dos sumérios: a escrita. A escrita cuneiforme foi estabelecida
em 3 mil a.C., mais de 2 mil anos da fundação da primeira cidade da Terra: a suméria Eridu
(5,4 mil a.C.). Os caracteres em forma de cunha gravados em tabuletas de argila serviram
para que os sumos sacerdotes das cidades-estados, em nome de deuses como Inana
(depois Ishtar) e Enki, controlassem o comércio, os bens e as transações litúrgicas.
“No curso de seus dois milênios e meio, a tradição baseada na escrita cuneiforme
inventou ou descobriu quase tudo que associamos à vida civilizada”, afirma Kriwaczek. Gra-
ças a uma combinação de clima, engenho, tino comercial e convergência de etnias, surgiu
um mundo feito de cidades, ciência, tecnologia, direito e literatura. Escrever permitiu que os
homens se organizassem em torno de narrativas coerentes e elaborassem suas culturas.
Mas a contribuição mais duradoura dos mesopotâmios, ainda mais que a escrita
cuneiforme (cujo uso durou 2 mil anos), segundo Kriwaczek, foi a instauração da primeira
rede social mundial. “Com o que se chamou um sistema mundial, uma rede interligada de
nações, comunicando-se e comerciando e lutando uma com as outras, essa tradição se
espalhou por grande parte do globo”, afirma. Segundo ele, a interação na diferença levou
à invenção da vida urbana.
Fonte: GIRON, Luís Antonio. A origem da civilização. Isto é, n. 2516, 9 mar. 2018. Disponível em:
LIVRO
Título: As primeiras civilizações
Autor: Jaime Pinsky
Editora: Contexto
Sinopse: O livro narra o fascinante processo civilizatório que
conduz nossos ancestrais à conquista da fala, da agricultura, da
escrita, à criação das cidades e dos impérios, à construção de
templos e palácios, ao controle sobre os rios, à criação da civili-
zação. Pitecantropídeos e Homo sapiens, coletores e agricultores,
sociedades tribais e grandes impérios, egípcios, mesopotâmicos
e hebreus são retratados nas páginas deste livro, cujo fascínio
não decorre apenas dos temas tratados, mas da forma como são
tratados: o passado não é algo encerrado, mas presente em cada
um de nós, tanto como herdeiros do patrimônio cultural - do fogo
ao monoteísmo ético - quanto por sermos personagens da mesma
aventura humana já trilhada pelos que nos antecederam.
FILME / VÍDEO
Título: O legado das grandes civilizações
Volume I: Os Micênicos; Thera/Santorini; Arábia Antiga
Volume II: Cártago E Os Fenícios; Os Minoanos; Tróia E Pérgamo
Ano: 2011
Sinopse: O Legado das Antigas Civilizações volta no tempo para
o mundo de seis povos antigos, cujas contribuições à arte, cultura
e literatura teve um grande efeito sobre a civilização. Estes são os
minóicos, os micênicos, antigos árabes, fenícios, e os habitantes
de Thera e Tróia.
FILME / VÍDEO
Título: Grandes Civilizações da era de Bronze Babilônios - Sumé-
rios - Acádios - Minóicos - Fenícios
Ano: 2021
Sinopse: O vídeo é um documentário das civilizações antigas des-
de a era do bronze, perpassa pela babilônios, sumérios, acádios,
minoicos e os fenícios.
Grandes Civilizações da era de Bronze Babilônios - Sumérios -
Acádios - Minóicos - Fenícios
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=kWSPcu56kPg
Plano de Estudo:
● Evolução dos registros na era medieval;
● Importância histórico cultural da leitura;
● Bibliotecas Medievais.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar a evolução e as principais características dos registros na era medieval;
● Compreender a Importância histórico cultural da leitura;
● Conhecer as principais características e funções da Bibliotecas Medievais.
24
INTRODUÇÃO
Caros(as) Alunos(as),
Vamos lá!
Bons estudos!
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1. EVOLUÇÃO DOS REGISTROS NA ERA MEDIEVAL
Caros(as) Alunos(as),
Antes de iniciarmos nossa trajetória sobre a evolução dos registros na era medieval
é importante considerar que esse período corresponde a um longo período da história que
perdurou do século V ao século XV. Os fatos que marcam seu início e fim são a queda do
Império Romano do Ocidente, em 476, e a conquista de Constantinopla, capital do Império
Bizantino, pelos turcos-otomanos, em 1453, respectivamente. Nesse período configura-
ram-se “[...] muitas das relações sociais e de poder, e surgiram os locais do conhecimento,
especialmente o aparecimento das universidades, e, timidamente, o das bibliotecas univer-
sitárias” (DIÓGENES e CUNHA, 2017, p. 100).
A Idade Média foi um período em que se produziram muitos textos. Parte dessa
produção deve-se às cópias reproduzidas pelos monges, à criação das universidades e ao
crescente interesse da burguesia por livros específicos, que antes eram acessados apenas
por intelectuais e membros da igreja católica. (FEBVRE e MARTIN, 1992). Essa época tam-
bém marca a criação do códice, precursor do livro e substituto do rolo de papiro e pergaminho.
Apesar da significativa evolução, o período é considerado sombrio, tendo em vistas as perse-
guições a diversas obras, consideradas profanas ou prejudiciais aos interesses dominantes
da época. Essas perseguições resultaram na destruição de vários exemplares de rolos de
pergaminhos e códices, seja por meios de conflitos bélicos, guerras entre cidades-estados ou
incêndios que atingiam em grande medida as bibliotecas (BÁEZ, 2004).
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Sabemos que desde sua origem, o termo biblioteca designa local ou espaço para
se armazenar livros, entretanto, nem sempre os materiais armazenados nas bibliotecas,
estavam no formato de livros. Já foram utilizadas tabuletas de argila, rolos de papiro e
pergaminhos e os enormes códices dos mosteiros medievais. Esses suportes para a in-
formação variaram de formato de acordo com desenvolvimento tecnológico, científico e
cultural da humanidade (MORIGI e SOUTO, 2005).
Di Lucio (2005, p. 19) destaca que o livro antigo produzido em rolo ou volume,
consistia em:
[...] uma longa faixa de papiro ou pergaminho que o leitor segurava com as
duas mãos durante a leitura. Os textos, manuscritos, eram dispostos horizon-
talmente no rolo e distribuídos em colunas. O leitor desenrolava o texto com
a mão direita e enrolava as partes lidas com a mão esquerda. Tal suporte
acarretava diversas limitações para os atos de escrever e de ler. É difícil ima-
ginar um escritor de rolo produzindo seus textos e segurando o rolo de papiro
ao mesmo tempo.
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O códice era formado por folhas de papiro dispostas em cadernos. As folhas
eram dobradas diversas vezes, configurando o formato do livro. Di Lucio (2005, p. 20) a
partir das afirmações de Chartier (1999) destaca que a construção do códice se dava da
seguinte maneira:
Os cadernos formados a partir das folhas dobradas eram montados, costu-
rados uns aos outros e finalmente encadernados. Tais cadernos substituíram
progressiva e inelutavelmente os rolos que até então carregavam a cultura
escrita. O códice, como nova materialidade da escrita, transformou profun-
damente as formas de lidar com o texto. Gestos impensáveis na era do rolo
tornaram-se hábitos, como escrever enquanto se lê, folhear uma obra, com-
parar duas ou mais obras abertas, localizar trechos a partir da paginação e
da indexação.
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reproduzir um texto copiando-o à mão. Dessa forma, “a multiplicação de textos aliada à
redução dos custos de produção possibilitou a penetração da cultura escrita em setores so-
ciais tradicionalmente fora do mundo escrito” (DI LUCIO, 2005, p. 22). Entretanto, a cultura
impressa manteve vários elementos relacionados ao formato e a configuração da cultura
manuscrita, como por exemplo a distribuição do texto na superfície da página, os elementos
que permitem a identificação das diferentes partes e assuntos do texto, como a paginação,
as numerações, os índices e os sumários.
A cultura impressa fez surgir também novos profissionais da escrita, como os ti-
pógrafos, os impressores, os livreiros, os corretores e os editores. Assim, os escritores
produziam seus textos individualmente e posteriormente os enviava aos profissionais da
escrita. Os tipógrafos eram responsáveis pelas escolhas gráficas e ortográficas dos textos,
os impressores decidiam a composição tipográfica das páginas, já os corretores eram,
escrivães, graduados, professores e letrados contratados por livrarias e impressores para
realizar a correção do texto, ficando responsáveis por acrescentar letras maiúsculas, acen-
tos e pontuações aos textos que seriam impressos. Após a passagem pelos tipógrafos,
impressores e corretores, o livro era encaminhado ao livreiro, responsável pela comer-
cialização do material. Posteriormente um novo profissional passa a integrar o ciclo de
produção do livro, o editor, responsável pela mediação cultural, por buscar textos, encontrar
autores e controlar todo o processo de reprodução e distribuição da obra. (DI LUCIO, 2005).
Para Chartier (2002) a transição do rolo ao códice alterou significativamente também
as relações dos leitores com os textos lidos, pois a leitura do rolo era contínua, sequencial,
mobilizando as duas mãos para segurar o rolo. Desse modo, o leitor não tinha a liberdade
para transportar o rolo ou lidar com o texto. A leitura também se dava predominantemente
em voz alta, ou seja, o leitor lia para si e para os outros, buscando comunicar o conteúdo
do texto para quem não conseguia decifrá-lo. Vale lembrar que na antiguidade o ato da
leitura associava texto, voz, declamação, escuta e compreensão. Dessa forma, o códice
favoreceu o surgimento da prática da leitura silenciosa, comum entre leitores letrados, de-
vido a possibilidade de ler uma quantidade maior de textos, mais rapidamente. Entretanto,
a leitura em voz alta ainda perdurou como prática frequente, uma forma de sociabilidade
familiar, erudita, mundana ou pública, conforme destaca Di Lucio (2005).
O mesmo autor destaca que o códice possibilitou a leitura fragmentada, mas com
percepção da totalidade da obra, visualizada pela sua própria materialidade, ou suporte,
o texto passou a correr verticalmente e o leitor tornou-se mais livre e participativo com a
possibilidade de colocar o códice diante de si sobre uma mesa ou segurando-o, transpor-
tando-o e fazendo anotações, ou seja, o com o códice o leitor passou a ter maior liberdade
e mobilidade durante a leitura.
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Liberdade essa que se acentuou significativamente com a invenção da imprensa
por Gutemberg quando os leitores puderam desenvolver comportamentos mais variados e
livres. Desse modo, os novos suportes textuais trouxeram não somente novas atitudes em
relação à leitura, como também, novas formas de compreender uma obra literária, pois “um
novo suporte implica uma nova forma de interpretar um texto, a partir de uma nova forma
de leitura” (DI LUCIO, 2005, p. 27).
SAIBA MAIS
Fonte: JOHANNES GUTENBERG. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation,
Quanto à interação entre escritor e leitor, Chartier (1999) destaca que esta era qua-
se inexistente, uma vez que tanto rolo de papiro quanto o códice restringia, sobremaneira,
o uso, intervenção e manuseio do texto. Para o autor, o leitor até poderia interagir com o
texto, mas essa interação se dava de forma parcial, limitada e quase clandestina. Quando
ocorria, se dava apenas nos espaços em branco deixados no texto, como margens, folhas
em branco ou contracapa.
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É mister considerar que além da transição de formato, rolo - códice, verifica-se
nesse período uma evolução no próprio suporte dos registros do conhecimento, passando
do papiro, considerado frágil para pergaminho e posteriormente para papel.
De acordo com Vieira (2010, p. 01) O papiro foi criado pelos egípcios, a partir da:
[...] parte interna, branca e esponjosa do caule do papiro –que é uma planta
da família das ciperáceas - cortado em finas tiras que eram molhadas,
sobrepostas e cruzadas para serem prensadas. Tem por data de sur-
gimento por volta de 2500 a.C. Este tipo de material é frágil, porém muitos
documentos que o utilizaram como suporte chegaram até os dias atuais.
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A autora supracitada destaca que com o passar do tempo e a difusão de sua técni-
ca entre as diferentes civilizações, o papel tornou-se o principal suporte para o registro de
informações e meios de comunicação entre duas ou mais partes. Ao longo dos séculos sua
produção e demanda foram superdimensionadas tanto pelo aumento da população quanto
pelo desenvolvimento da imprensa e a aceleração da produção e reprodução de documentos.
É importante considerar que cada suporte tem suas características, suas espe-
cificidades e funcionalidades que certamente influenciam tanto no comportamento do
escritor quanto do leitor.
É imponderável considerar também que concomitantemente à transição de forma-
to, de rolo para códice, houveram mudanças em relação à matéria prima utilizada para a
fabricação dos diferentes suportes, que transitou entre o barro ou argila, fibras, peles e
ossos de animais e celulose (retirada da madeira). Essas mudanças ampliaram signifi-
cativamente a capacidade de produção desses suportes, que por sua vez subsidiaram a
crescente produção de diferentes obras do período.
REFLITA
Finalizamos este item ressaltando que o papel se difundiu sobremaneira entre dife-
rentes sociedades e ainda tem significativa presença entre os suportes para os processos
registrais, mesmo com toda tecnologia desenvolvida para virtualização e digitalização da
informação e da comunicação. Vieira (2010) destaca que na atualidade o papel continua
sendo muito utilizado, porque o acesso ao seu conteúdo não depende da existência de uma
máquina para decodificar e processar o conteúdo do documento.
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2. IMPORTÂNCIA HISTÓRICO CULTURAL DA LEITURA
Caros(as) Alunos(as),
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A autora supracitada complementa apontando que se na idade medieval o apren-
dizado da leitura era baseado em disciplinas rígidas e métodos analíticos de decorar o
alfabeto, soletrá-lo e depois decodificar palavras, frases e textos, hoje ainda prevalece a
prática formalista e mecânica que faz do ato de leitura uma simples decodificação de signos
linguísticos, embora se busque empregar métodos sofisticados e desalienantes, sem a
compreensão do porquê, como e para quê dessa prática, o que impossibilita a apreensão
de sua verdadeira função e papel na vida do indivíduo e da sociedade.
Numa perspectiva crítica, Freire (1989, p. 09) ressalta que a compreensão do ato de ler:
[...] não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem
escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura
do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não
possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade
se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por
sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.
A partir dessa concepção, Britto (2006) compreende a leitura como um ato político
que engloba um conjunto de valores dispersos no seio da sociedade. Para o autor, “ler é uma
ação intelectiva, através da qual os sujeitos, em função de suas experiências, conhecimentos
e valores prévios, processam a informação codificada em textos escritos” (BRITTO, 2006, p.
84). Essa compreensão atribui à leitura o status de instrumento de transformação social.
Complementando, Cosson (2014, p. 36) destaca que:
[...] ler consiste em produzir sentidos por meio de um diálogo, um diálogo
que travamos com o passado enquanto experiência do outro, experiência
que compartilhamos e pela qual nos inserimos em determinada comunidade
de leitores. Entendida dessa forma, a leitura é uma competência individual e
social, um processo de produção de sentidos que envolve quatro elementos:
o leitor, o autor, o texto e o contexto.
Assim, a leitura pode ser considerada como “um processo de compreensão de ex-
pressões formais e simbólicas, não importando por meio de que linguagem”. Desse modo, o
ato de ler refere-se tanto ao que está escrito quanto a outras expressões do fazer humano,
o que o torna um acontecimento histórico que relaciona o leitor ao que é lido (MARTINS,
2006, p. 30, grifos do autor).
A autora supracitada, considera que a noção de leitura ainda está condicionada à
perspectiva de cultura letrada, à relação leitura - escrita, e alerta para a necessidade de
ultrapassar essa delimitação que impede de se incluir no processo de leitura uma série de
aspectos evidenciados pela realidade, além de elitizar este ato, reforçando-o como privilé-
gio. A mesma autora aponta que as concepções vigentes de leitura podem ser sintetizadas
em duas categorias:
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MédiaRegistro 34
1) como uma decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio do
aprendizado estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta [...];
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REFLITA
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3. BIBLIOTECAS MEDIEVAIS
Caros(as) Alunos(as),
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MédiaRegistro 37
Na Idade Medieval os suportes de informação passaram por modificações. Como
vimos, os rolos de pergaminho foram substituídos por folhas que eram costuradas em sua
margem, formando o códice, suporte parecido com o livro. As bibliotecas encontravam-se
dentro dos mosteiros e o acesso ao material era restrito aos pertencentes às ordens religio-
sas ou pessoas que fossem aceitas por estas. A consulta às obras eram rigorosamente con-
troladas, pois algumas delas eram consideradas de natureza profana. Importante lembrar
que o trabalho dos escribas que se ocupavam com a transcrição de manuscritos clássicos
era igualmente controlado (MORIGI e SOUTO, 2005).
No Oriente Próximo, região da Ásia próxima ao mar Mediterrâneo, as bibliotecas
monásticas eram chamadas de bibliotecas bizantinas, também mantidas por monges,
porém com um controle menos rígido, o que causava de acordo com Martins (2001) uma
maior e mais fácil contaminação profana. Nesse período também existiam algumas biblio-
tecas particulares mantidas por imperadores. Parte dessas bibliotecas eram curiosamente
carregadas em viagens como parte da bagagem (MARTINS, 2001).
No período medieval surgiram também as bibliotecas universitárias, ainda liga-
das às ordens religiosas, mas com conteúdo ampliado para além da religiosidade. Estas
bibliotecas começam a se aproximar do conceito atual de biblioteca como espaço de
acesso e disseminação democrática de informação. À medida que aumentava o número
de estudantes universitários, crescia também a produção intelectual. Os livros ainda ma-
nuscritos, eram de difícil reprodução para o estudo. Com a decadência da idade média
e o surgimento do Renascimento, difundiu-se na Europa a tecnologia dos tipos móveis,
criada por Gutenberg, conferiu maior acessibilidade aos livros, já em papel e impresso.
Tal tecnologia configurou-se como um “estímulo ao conhecimento das letras e à absor-
ção de conhecimento.” (MILANESI, 2002, p. 25). Dessa forma, à medida em que se lia,
mais se produzia conhecimento e se ampliavam as possibilidades de novos estudos. Um
exemplo de biblioteca universitária com origens nas ordens eclesiásticas, é a biblioteca
da Universidade Sorbonne de Paris (MORIGI e SOUTO, 2005).
Cabe ressaltar, portanto, de acordo com os autores supracitados, que os livros
dessas bibliotecas permaneciam presos a correntes fixadas em sua encadernação, longas
o suficiente para permitir o seu transporte até a sala de leitura. Esse fato retrata o caráter
ainda sagrado da biblioteca, com tradições que limitavam o acesso pelos leitores.
Com o passar dos tempos e o avançar da renascença e da ciência começa-se
a desmistificar as posições impostas pela Igreja e a direcionar as preocupações ao ser
humano, considerando suas dimensões e necessidades. Muda-se, portanto, a concepção
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MédiaRegistro 38
de vida do teocentrismo para o antropocentrismo, impulsionados pelo crescimento demo-
gráfico e a difusão da escrita e do papel. Com isso, a biblioteca universitária passa a ter
mais espaço, autenticidade e autonomia nas suas ações de democratização da informação
(MORIGI e SOUTO, 2005, p. 02).
Santos (2012) apoiado na obra de Martins (2001), destaca três tipos de biblio-
tecas características da Idade Média: a) as bibliotecas monacais, desenvolvidas dentro
dos mosteiros e abadias; b) as bibliotecas particulares, pertencentes, em sua maioria, aos
imperadores da época e c) as bibliotecas universitárias, que se estabelecem na transição
entre a idade média e o Renascimento. Nesse período, “as bibliotecas não tinham um cará-
ter público e serviam apenas como um depósito, sendo mais um local em que se escondiam
os livros do que um lugar para preservá-los e difundi-los”, uma vez que esses ficavam em
armários embutidos na parede e havia um grande medo de roubos de obras preciosas
(SANTOS, 2012, p. 176).
A Idade Média também foi um período em que o livro foi alvo de perseguição e
censura, fato que levou algumas bibliotecas a terem seus acervos parcial ou totalmente
destruídos por conflitos ideológicos, incêndios, terremotos e inundações. Baéz (2004)
relaciona uma série de bibliotecas da época que foram destruídas total ou parcialmente,
por ataques diversos devido ao fato de seus acervos conterem conteúdos prejudiciais
aos interesses dos donos de terras, detentores do poder político na época. Ou ainda
pela proibição da igreja, ao acesso a determinados livros, cujo conteúdo era considera-
do imoral. Desse modo:
A perseguição a certos livros foi um dos capítulos mais infames da histó-
ria. Enumero a seguir alguns dos incidentes mais conhecidos. A rebelião
dos camponeses em 1381, na Inglaterra, caracterizou-se por uma obsessão
doentia contra livros e documentos. Os rebeldes não eram ingênuos: procu-
ravam livros ou textos que contivessem frases prejudiciais aos interesses dos
donos das terras. Confiscados os livros, destruíam-nos. (BAÉZ, 2004, p. 114).
Biblioteca Perda
Biblioteca de Monte Cassiano Queimada Totalmente após Ataques
Biblioteca do Conde Laurêncio Chegou ao fim após a morte do seu proprietário
Biblioteca Al Hakam Queimada após a morte do seu proprietário
Biblioteca Pico delia Mirandola Queimada Totalmente após a morte do seu pro-
prietário
Biblioteca Alamut Destruída Totalmente em Ataque
Biblioteca Gregório I Destruída numa Inundação
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Biblioteca Fulda Destruída Totalmente em ataques
Biblioteca Glastonbury Queimada Parcialmente
Biblioteca do mosteiro de Megapisleon Queimada Totalmente duas vezes
Biblioteca da igreja de Todos os Santos Queimada Totalmente
Biblioteca Cantuária Queimada parcialmente
Biblioteca Eustácio Bolas Queimada Totalmente
Biblioteca de Alexandria Três hipóteses para as destruições: terremotos,
negligência e ataques bárbaros.
A partir desses fatos, Santos (2012) destaca que a Idade Média foi um período
sombrio para as bibliotecas, pois além dos ataques e catástrofes naturais sofridas fre-
quentemente, os recursos necessários para adquirir e preparar o pergaminho tornaram-se
caros e escassos. Situação que levou muitas bibliotecas a definharem e até desapare-
cerem. Mas, nem tudo foi perdido! Mesmo com todas essas adversidades, os grandes
mosteiros mantiveram o Scriptorium, espaço caracterizado como uma oficina de copistas
em que o trabalho era distribuído aos monges. O trabalho de sucessivas reproduções de-
senvolvidas nestes espaços contribuiu significativamente para salvar importantes obras
cristãs e da Antiguidade.
A Idade Média foi marcada também por significativas mudanças intelectuais e
sociais que impulsionaram criação das universidades e por conseguinte as bibliotecas
universitárias, pois:
[...] com o número crescente de novas universidades, de estudantes e tam-
bém de textos prescritos para estudo, criou-se uma demanda de livros sem
precedentes. Isso podia ser resolvido simplificando e barateando os custos
de produção dos livros, porém, mesmo assim estes ainda demandavam mui-
tos recursos. Uma das soluções encontradas foi abrir as portas das bibliote-
cas existentes (PEREZ-RIOJA, 1952 apud SANTOS, 2012, p. 185).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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LEITURA COMPLEMENTAR
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ser o pergaminho, assim chamado como referência a Pérgamo, uma cidade grega localizada
na antiga Turquia. Ali, por volta do século II a. C., existiu uma grande biblioteca, bem como um
centro de produção do suporte de escrita obtido a partir das peles de certos animais.
O pergaminho era geralmente feito da pele de vacas, ovelhas e cabras – estas
foram empregadas principalmente na Itália –, mas outros animais foram ocasionalmente
usados. O preparo era feito em etapas nas quais a pele era sucessivamente mergulhada
em água corrente, raspada, mergulhada numa solução de óxido de cálcio, lavada, esticada
numa armação, raspada com uma ferramenta em forma de foice e, por fim, esfregada com
pedra-pomes, pastas à base de cálcio e outras substâncias. Esse processo resultava num
produto resistente e durável, fosse qual fosse a sua espessura: desde o velino, obtido
a partir de animais recém-nascidos e extremamente delicado, até os pergaminhos mais
grossos usados como encadernação ou para a confecção de mapas e diplomas.
Apesar de todas as vantagens sobre o papiro – que continuou a ser usado até os
séculos VII e início do VIII --, o pergaminho era um material caro, o que obrigava os escribas
e estudiosos a se valerem de artifícios como a reutilização. Daí resultaram os chamados pa-
limpsestos, pergaminhos em que a escrita original foi apagada para receber um novo registro.
Fonte: BIBLIOTECA NACIONAL. História do Livro: o Códice e o Pergaminho. 23 maio. 2020. Dispo-
28 nov. 2021
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LEITURA COMPLEMENTAR
A Importância da Leitura
Daniela Diana
Tanto a leitura quanto a escrita são práticas sociais de suma importância para o
desenvolvimento da cognição humana.
Ambas proporcionam o desenvolvimento do intelecto e da imaginação, além de
promoverem a aquisição de conhecimentos.
Dessa maneira, quando lemos ocorrem diversas ligações no cérebro que nos per-
mitem desenvolver o raciocínio. Além disso, com essa atividade aguçamos nosso senso
crítico por meio da capacidade de interpretação.
Nesse sentido, vale lembrar que a “interpretação” dos textos é uma das chaves
essenciais da leitura. Afinal, não basta ler ou decodificar os códigos linguísticos, faz-se
necessário compreender e interpretar essa leitura.
Os benefícios da leitura
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Você sabia?
Do latim, a palavra “leitura” (lectura), significa eleição, escolha.
A evolução da leitura
A leitura no Brasil
Estudos apontam que no Brasil a média de leitura dos brasileiros é de 1 livro por
ano. Esse dado nos deixa numa das posições baixas em relação a outros países da América
Latina. Na Argentina, por exemplo, a média anual é de 12 livros por habitante.
Essa realidade torna-se mais clarificada quando pensamos no problema do
“analfabetismo funcional”. Ou seja, o conhecimento do código linguístico unida à limitada
capacidade de interpretar os textos. Esse é um dos principais problemas da educação no
país, e, portanto, as estatísticas assustam.
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Frases sobre a leitura
● “O estudo foi para mim o remédio soberano contra os desgostos da vida, não
havendo nenhum desgosto de que uma hora de leitura me não tenha consola-
do.” (Montesquieu)
● “A leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas
reflexões criadoras. Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos
adquire a preguiça de pensar.” (Albert Einstein)
● “Chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve.”
(Jorge Luis Borges)
● “Quem não lê, não quer saber; quem não quer saber, quer errar.” (Padre Antônio
Vieira)
● “A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhuma tela e nenhuma tec-
nologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional.” (Umberto Eco)
● “Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem
leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria
história.” (Bill Gates).
Fonte: DIANA, Daniela. A Importância da Leitura. Toda Matéria. Disponível em: https://www.todama-
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: O que é biblioteca
Autor: Luís Milanesi.
Editora: Brasiliense.
Ano:1995
Sinopse: O livro aborda a história das bibliotecas enfatizando
desde as placas de argila dos povos assírios e babilônios à tec-
nologia dos computadores, de museus de livros à arma ideológica
de estado, muitas foram as características e funções atribuídas às
bibliotecas ao longo das histórias. nesse aspecto o livro propõe
que além de preservar a memória e organizar as informações, a
biblioteca dê ao usuário a possibilidade de também ele produzir
bens materiais.
LIVRO 2
Título: O que é Leitura
Autor: Maria Helena Martins.
Editora: Brasiliense.
Ano: 1997
Sinopse: O livro problematiza e amplia o conceito de leitura, afir-
mando que a concepção destas está normalmente restrita ao livro,
ao jornal. Lêem-se palavras, e nada mais, diz o senso comum. As
ciganas, contudo, dizem ler a mão humana, e os críticos afirmam
ler um filme. O fato é que, quando escapa dos limites do texto
escrito , o homem não deixa necessariamente de ler. Lê o mapa
astral, o teatro, a vida - forma a sua compreensão de realidade.
Sem conceitos estanques, antes de tudo este livro é um convite a
reflexão sobre as potencialidades dessa prática.
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LIVRO 3
Título: História universal da destruição dos livros: das tábuas
sumérias à guerra do Iraque
Autor: Fernando Báez.
Editora: Ediouro.
Ano: 2004
Sinopse: Apresenta as características das bibliotecas na idade
média e sua representação para sociedade da época. Aponta
ainda o quanto os espaços das bibliotecas foram alvos de perse-
guição e destruição, seja por conflitos ataques de opositores ou
por desastres naturais.
Link de Acesso: http://www.uel.br/cc/dap/wp-content/
uploads/2017/05/Hist%C3%B3ria-Universal-da-Destrui%-
C3%A7%C3%A3o-dos-Livros-Fernando-Baez.pdf
LIVRO 4
Título: A ordem dos livros
Autor: Roger Chartier.
Editora: Ediouro.
Ano: 2017
Sinopse: O livro discute as relações estabelecidas entre a huma-
nidade e o saber, entre a cultura e a massa, entre os livros e os
leitores. Ao argumentar que os artifícios de leitura dos sentidos de
um texto são infinitos como as possibilidades do conhecimento e
de propagação da cultura, o autor abre uma perspectiva de análise
da temática buscando reconhecer as modalidades diversas do
processo de «armazenamento do saber» nos livros e sua interação
entre as identidades dos leitores e a arte de ler. Este estudo também
objetiva mostrar que os livros, na condição de “realidades físicas do
saber disperso”, são objetos cujas formas estão em estreita ligação
com a noção de mundo dos leitores, cada dia mais plural, devido
principalmente ao advento da informática e suas vastas possibilida-
des de aquisição do conhecimento a partir da leitura.
FILME/VÍDEO
Título: O escriba
Ano: 2017.
Sinopse: O papel do escriba no Antigo Egito e curiosidades sobre
essa profissão. Autoria e produção.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=nzOUfCEa-
Gws
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FILME / VÍDEO
Título: Uma breve história sobre as grandes bibliotecas da antiguidade.
Ano: 2021
Sinopse: Descreve as grandes bibliotecas da idade média.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=ibm31ei2nrM
FILME / VÍDEO
Título: O scriptorium de um mosteiro medieval
Ano: 2016.
Sinopse: Cena extraída do Filme “ O nome da Rosa” que ilustra o
scriptorium, ou seja, o local onde os monges copistas trabalhavam
nos mosteiros medievais.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=9TJR-TtfZF0
FILME / VÍDEO
Título: Importância da Leitura - Brasil Escola
Ano: 2019.
Sinopse: No vídeo é destacado os tipos de leitura: decodificação,
inferência e senso crítico.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=s0_Vt-
JHwbpg
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UNIDADE III
A Evolução do Tratamento
da Informação
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira
Plano de Estudo:
● Surgimento do Papel;
● História e evolução da Imprensa;
● Gestão de documentos;
● Biblioteca na era Industrial.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar sobre as origens do papel e a importância deste
para a história da civilização;
● Historicizar sobre a imprensa e a sua evolução;
● Contextualizar sobre a gestão documental: características,
princípios e procedimentos;
● Identificar o papel da biblioteca na era industrial.
50
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)!
Você já parou para pensar como você sobreviveria sem o uso do papel? Pois bem,
o papel é imprescindível em nossas vidas, ele está presente no dia-a-dia do ser humano e
sua utilização é ampla e diversificada: auxilia com igual significância desde as necessidades
básicas até as intelectuais. Dada a sua magnitude no convívio humano, convidamos vocês
a conhecer sobre o seu surgimento.
Desta maneira, faremos uma caminhada no túnel do tempo a fim de conhecer
o histórico do papel e da imprensa, de como esta evoluiu desde a descoberta dos tipos
móveis por Gutenberg até a era digital. Neste percurso, faremos uma viagem pela gestão
de documentos e encerraremos nosso destino refletindo como a biblioteca se comportou
na era industrial.
Temos certeza de que você está ansioso(a) para iniciarmos o trajeto, então vamos
adiante e boa leitura!
Olá!
SAIBA MAIS
“Amatl” era um tipo de pano feito de cascas de árvores cozidas e amassadas com pe-
dras, sendo utilizado para fazer roupas, redes, cordas, cestas e até dinheiro. Os astecas
também faziam seus livros com esse material. Eram lindos livros ilustrados, em que eles
guardavam seus conhecimentos de Astronomia, Astrologia, Medicina, Matemática, além
de sua rica Literatura. Infelizmente esses livros, que eram muitos, foram destruídos, e
hoje só resta uma dezena deles.
São com as palavras de Rocha e Roth (2014, p.13) que respondemos a este
questionamento, o papel “nada mais é que um emaranhado de bilhões de fibras vegetais
chamada celulose. Para se obter uma folha de papel, deve-se cozer, moer, molhar, peneirar,
prensar e secar as fibras”.
Os autores supracitados informam de que é possível fazer papel de qualquer es-
pécie de planta, tais como: varas de bambu, folhas de abacaxi, talos de bananeira e até
cascas de cebola, haja vista, de que todas contêm celulose.
No que diz respeito ao Brasil, o primeiro papel que se tem conhecimento é a carta
de Pero Vaz de Caminha, escrita em papel de linho holandês (ROTH, 1982). Motta e
Salgado (1971, p. 44), relatam que a primeira manufatura do papel no país está registrada
em um documento sob a guarda do Museu Imperial no qual o botânico Frei José Mariano
da Conceição Velozo informa ao dom Rodrigo Domingos de Souza Teixeira de Andrade
Barbosa, então ministro do príncipe regente Dom João, sua experiência na fabricação
de papel e lhe enviou uma amostra com seguinte mensagem: “O primeiro papel que se
fez no Rio de Janeiro, em 16 de novembro de 1809” (MOTTA e SALGADO, 1971, p. 44).
Segundo os referidos autores, a primeira fábrica de papel, instalou-se no país, no Rio de
Janeiro, por volta de 1810.
Atualmente, o papel é produzido em grande escala e a matéria-prima utilizada em
95% da produção nacional é a madeira reflorestada de pinus e eucalipto. Plantas que,
apesar de não serem nativas do Brasil, se desenvolvem rapidamente em solo brasileiro.
Agora que já conhecemos sobre a origem e a evolução do papel, que tal vermos o
meio pelo qual ele se imortalizou como principal material para a escrita! Então vamos adiante!
Caro(a) Acadêmico(a)!
No item anterior pudemos conhecer sobre a origem do papel e vimos que enquanto
suporte para a escrita ele substituiu com soberania os seus antecessores – o tablete de ar-
gila, o papiro e o pergaminho – entretanto, apesar de sua importância é a partir da imprensa
que ele se imortalizou. Que tal adentrarmos no mundo das prensas e nos tipos móveis que
deram “vida” ao papel? Pois bem, a imprensa agilizou a transmissão da comunicação, bem
como, possibilitou que grandes massas tivessem acesso ao conhecimento por meio dos
textos impressos que até a sua invenção era restrito a uma população privilegiada.
Historicamente, foi na China que se iniciaram os mecanismos rudimentares para
imprimir em papel. Bacelar (s/d), relata que por volta do final do século II, os textos eram
esculpidos, em relevo, em uma superfície, recebiam tratamento de tinta e as cópias eram
produzidas pela pressão da superfície sobre o papel. A partir do século VI, as técnicas de
impressão chinesas se sofisticaram. Inicialmente escrevia-se o texto em papel, ao qual se
aplicava com tinta fresca, “sobre uma superfície ou bloco de madeira com uma fina camada
de pasta de arroz, que absorvia a tinta. A parte da madeira, com o arroz sem tinta, era esculpi-
da em baixo relevo, produzindo, assim, a superfície para impressão” (BACELAR, s/d, online)
De acordo com o autor supracitado:
Dois séculos mais tarde, em 1041, o alquimista chinês Bi Sheng inventou uma nova
maneira de imprimir mais eficaz. Ele cortou uma série de blocos de argila úmida e escreveu
em cada um deles um ideograma chinês e os queimou para endurecê-los. Na sequência
esses caracteres eram colocados em um suporte de ferro coberto com uma mistura de resina
terebintina, ceras e cinzas de papel, dispostos de forma a refletir o que seria impresso na
página. A chapa era aquecida levemente e, em seguida, resfriada a fim de endurecer o con-
junto. Depois da impressão a chapa era aquecida novamente e os caracteres eram retirados.
Também se encontram registros sobre técnicas de impressão exitosas em 1370
na Coréia, local em que foi impresso o texto budista Yukjodaesa Beopbo Dangyeong, uti-
lizando-se tipos móveis metálicos. Sete anos mais tarde, em 1377, neste mesmo país foi
impresso da mesma forma outro texto budista: o Jikji, os quais compõem, na atualidade, o
acervo do Museu Nacional da França.
Na Europa, a impressão, conhecida como xilogravura, chegou no século XIV. Essa
técnica utilizava talha de madeira e no início do século XV, foram publicados com este recurso
pequenos livros contendo textos religiosos e gramáticas de latim. Mas, foi a partir do século
XV, a invenção da imprensa de tipos móveis, desenvolvida na Alemanha por Gutenberg é que
permitiu a produção e reprodução de livros em escala nunca antes imaginada pela humanidade.
A máquina de imprensa foi desenvolvida pelo Johann Gutenberg entre os anos
de 1439 e 1440, a partir da confecção e combinação de símbolos moldados em chum-
bo, denominados de tipos móveis (símbolos gráficos: letras, números, pontos) que eram
passados em tinta à base de óleo de linhaça e impressos por meio de uma prensa que se
movimentava por uma barra de madeira (Figura 1).
De acordo com Rossi (2001, p. 87), após a invenção da máquina de imprensa por
Gutenberg foram feitos mais livros em cem anos do que um passado de cinco mil, pois
o livro, até então artesanalmente confeccionado por longos e laboriosos pro-
cessos, passou a ser produzido de forma muito mais rápida, mudando a re-
lação das pessoas com o objeto, antes restrito praticamente ao ambiente
monástico, em que cabia aos monges copistas a tarefa de escrever à mão os
textos considerados importantes (ROSSI, 2001, p. 87).
SAIBA MAIS
https://gallica.bnf.fr/services/engine/search/sru?operation=searchRetrieve&version=1.2&collapsing=disa-
bled&query=%28gallica%20all%20%22bible%20gutenberg%22%29%20and%20dc.relation%20all%20
%22cb35951126v%22&rk=42918;4
A grande motivação que Gutenberg teve para desenvolver a prensa de tipos móveis
foi o lucro que poderia obter com a nova tecnologia, entretanto, não tinha bens necessários
para investir, então contraiu empréstimos. No entanto, a produção da Bíblia impressa com
“uma tiragem de cerca de 300 exemplares em dois volumes, vendidos a 30 florins cada, ou
seja, cerca de três anos do salário de um sacerdote, não foi suficiente, apesar do sucesso
da sua invenção, para pagar as dívidas contraídas”. (BACELAR, 1999, p. 3). Com isso,
a sua oficina foi penhorada, as suas técnicas tornaram-se públicas e a propriedade dos
direitos comerciais relativos às Bíblias de Gutenberg foi transferida para os credores.
Foi com a propagação em massa das cópias impressas das teses de Lutero que
desencadearam as discussões iniciais sobre “a ideia do papel da Igreja como único guar-
dião da verdade espiritual” (BACELAR, 1999, p. 03). As Bíblias passaram a ser impressas
em linguagens vernáculas, fato que alimentou as asserções da Reforma Protestante “que
questionavam a necessidade da Igreja para interpretar as Escrituras - uma relação com
Deus podia ser, pelo menos em teoria, directa e pessoal” (BACELAR, 1999, p. 03).
No Renascimento, a imprensa prosperou, proliferaram-se as universidades e os
jornais, bem como, houve uma verdadeira revolução cultural na Europa. No que concerne
às técnicas de impressão:
até ao século XIX, a tecnologia estabelecida por Gutenberg foi apresentando
alguns melhoramentos, mas no essencial mantinha as características dos
primitivos prelos do século XV. O fabrico de prelos em aço em vez de madei-
ra, movidos pela energia da máquina a vapor e a alimentação de papel em
bobine, em conjunto, contribuíram para o vertiginoso aumento da eficiência
da imprensa (BACELAR, 1999, p. 5).
REFLITA
O primeiro jornal publicado pela Impressão Régia foi a Gazeta do Rio de Janeiro,
lançado em 10 de setembro de 1808, cuja linha editorial tinha como interesse divulgar e di-
fundir os interesses da Coroa. Antes deste jornal, havia o Correio Braziliense, que começou
a circular de forma clandestina e independente, em junho deste mesmo ano. Este jornal
era impresso em Londres, por Hipólito José da Costa, ex-diretor da Imprensa Régia em
Portugal, perseguido e preso por suas atividades nas “Casas Maçônicas”.
Quanto à utilização das primeiras impressões com tipos móveis no país, há referên-
cias a uma tipografia que funcionou em Recife e outra no Rio de Janeiro, no ano de 1747,
mas logo foram fechadas por ordem de Portugal e, assim, a impressão ficou proibida no
Brasil. “A censura prévia no Brasil continuou até 1821, quando foi abolida pelo Príncipe Re-
gente D. Pedro. Infelizmente, a censura retornou em outras épocas do Brasil independente”
(BACELAR, s/d, online).
A imprensa brasileira seguiu seu caminho e nas palavras de Jardim e Brandão
(2014, p. 139), “o século XX é o marco de transição da imprensa no Brasil. A pequena
imprensa transforma-se em grande imprensa. As pequenas tipografias e os pequenos
jornais de estrutura simples cedem espaço às grandes empresas jornalísticas estruturadas
com equipamentos gráficos que permitem ser elevada a produção diária”. No século XXI, o
material impresso disputa espaço com as mídias digitais, mas sempre haverá espaço para
o material impresso, especialmente, livros e jornais.
Se de um lado com o advento da imprensa houve a democratização do saber, com
a produção de livros e documentos, em geral, em grande escala, por outro lado, exigiu
que a sociedade encontrasse formas de armazenar, preservar e difundir a informação e,
especialmente, gerenciar o conhecimento. Este assunto veremos no próximo item.
Prezado(a) Acadêmico(a)!
Chegamos ao término desta unidade e, neste item, vamos refletir sobre a Biblioteca
na Era Industrial, porém, é impossível adentrarmos no assunto sem fazermos uma breve
um dado período histórico. Assim, o homem primitivo, representou seus feitos por meio
em diversos suportes: tabletes de argila, rolos de papiro, pergaminho e o papel, mas foi
Frente ao exposto, a biblioteca da era industrial não pode ficar alheia às TICs,
haja vista, que elas causaram transformações em todos os âmbitos da sociedade e o seu
objetivo primordial é disseminar o conhecimento, entretanto, deve-se considerar que como
organismos vivos, são influenciadas pelo meio ou pelas pressões externas, que a transfor-
maram em um ambiente tecnológico, cujos serviços, são cada vez mais orientados à rede
(FORESTI e VARVAKIS, 2019).
Nesse sentido, as bibliotecas precisam ser atrativas e competitivas, ou seja, ofertar
materiais de informacionais além das fontes autorizadas ou formais e colocar à disposição
dos usuários as ferramentas de buscas populares, as quais ele se sente mais “confiantes”
e confortáveis, pois elas “competem [...] com os grandes buscadores comerciais que ofe-
recem resultados rápidos e acesso instantâneo aos conteúdos, enquanto os catálogos das
bibliotecas costumam ser mais lentos e exigir certas habilidades dos usuários” (BOMHOLD,
2013 apud FORESTI e VARVAKIS, 2019, p. 519).
As bibliotecas da Era Industrial devem contar com recursos tecnológicos que possibi-
litem a agilização dos processos técnicos, permitam a comunicação entre os profissionais da
informação e os usuários virtualmente, disponibilizem documentos em formatos eletrônicos
que possam ser acessados por várias pessoas ao mesmo tempo, independentemente do
local físico em que elas se encontrem, pois “a biblioteca tem valor pelo que serve e não pelo
que guarda na dimensão do verdadeiro e do belo” (CURY; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2001 p. 95).
Por fim, é importante ressaltar que os grandes avanços vivenciados pelas biblio-
tecas na era industrial gravitam ao redor das Tecnologias da Informação e Comunicação.
Esse fato tal qual a descoberta da escrita, do papel, da imprensa, causou mudanças signi-
ficativas e irreversíveis nos paradigmas biblioteconômicos: a biblioteca deixou a função de
guardiã da informação para disseminadora do conhecimento.
Prezado(a) acadêmico(a)!
Chegamos ao fim de mais uma unidade na qual estudamos sobre a origem do
papel, pudemos refletir o quão ele é importante em nossas vidas e que de todos os suportes
de escrita que o antecederam ele foi o que sobreviveu através dos tempos. Vimos que ele
foi descoberto pelos chineses, ficou muito tempo guardado em segredo dado à sua precio-
sidade e que foram os árabes que o difundiram para a Europa. Aprendemos, também, que
é possível fabricá-lo a partir de qualquer vegetal que produz celulose e que no Brasil, ele é
feito, em sua maioria, a partir das árvores de pinus e eucaliptos.
Na sequência, tivemos a oportunidade de conhecer sobre a história e a evolução
da imprensa e mais uma vez vimos que os chineses já tinham inventado formas de imprimir
com tipos móveis. Entretanto, foi a máquina de imprensa criada pelo alemão Johann Gu-
tenberg que entrou para a história da humanidade. Soubemos, ainda, que o primeiro livro
impresso foi a Bíblia e foi com a Reforma Protestante proposta por Martinho Lutero que os
materiais impressos se popularizaram.
A partir da imprensa o número de documentos cresceu sensivelmente tornando
necessário desenvolver formas para geri-lo. Neste sentido, a gestão documental surge
como uma ferramenta para auxiliar os profissionais da informação no seu manejo correto.
Vimos que apesar de alguns procedimentos básicos serem comuns, cada instituição adota
aqueles que melhor atendam às suas necessidades.
Por fim, percorremos a trilha percorrida pelas bibliotecas e a ênfase recaiu a biblio-
teca na Era Industrial, mais, precisamente a instituição que emergiu a partir do século XX,
em que o conhecimento é cada dia mais especializado e para que cumpra seu papel de
socializadora do conhecimento necessita ter as TICs como aliadas.
O papel depois de sua invenção tornou-se de suma importância para a vida do homem.
Por volta do ano 105 D.C., os chineses deram um suporte fundamental para o desenvolvimento
da imprensa. Na antiguidade segundo a história, os registros pré-históricos de desenhos e
sinais esculpidos ou desenhados nas pedras e cavernas desenvolveu uma forma de utilizar
o junco ou papiro, ensopando-o com água e sovando até obter uma forma de pergaminho,
com espessura semelhante a um tecido. Representa e retrata a cultura e os hábitos de cada
sociedade. Existem muitas formas ou “Modus Operandi” para obtenção do papel.
É certo que sua origem é chinesa. Na pátria de origem dos molhados, eram batidos
até que se formasse uma pasta. Com essa pasta, as peneiras as recebiam para o escorri-
mento da água. Logo após a secagem, transformava-se em folha de papel. O papel tem em
sua composição milhões de fiapos oriundos de plantas, chamados de fibras. De estrutura
porosa, semelhante à pedra pome, dando-lhes características especiais, em que se difere
dos tecidos de algodão. Em alguns países, o papel é fabricado com trapos de algodão e
linho, são resistentes, como o papel moeda.
O papel é largamente utilizado no mundo inteiro e corresponde a aproximadamente
20% dos resíduos produzidos pelo brasileiro. Os árabes assimilaram a técnica e a espa-
lharam na Península Ibérica, quando a conquistaram lá pelos idos de 1300. Os demais
países europeus só a conheceram por volta dos séculos XIII e XIV. Graças ao trabalho de
copiar manuscritos, na Idade Média, em formas artesanais de papel, foi possível conservar
os mais importantes registros da história da humanidade até então. Com a invenção da
“imprensa”, permitindo a impressão por linotipos em papel, a disseminação da informação
passou a ser muito mais veloz e acessível a todos, e a Revolução Industrial impulsionou
ainda mais essas mudanças; hoje o papel talvez seja o produto mais utilizado e corriqueiro.
Em 59 A.C., por vontade e ordem do imperador Júlio César, surge em Roma
as Acta Diurna, folhas de notícias da vida romana afixadas em toda a cidade. Segundo
estudiosos, para ficar branquinho o papel passa por um branqueamento químico muito
poluente e prejudicial ao meio ambiente. O Papel Ecograph, que é clareado a oxigênio
e as folhas ficam com coloração creme. No século VIII (ano 751), os chineses foram
derrotados pelos árabes. Dentre os prisioneiros que caíram nas mãos dos árabes, es-
tavam fabricantes de papel, que levados a Samarkanda, a mais velha cidade da Ásia,
transmitiram seus conhecimentos aos árabes.
Fonte: RODRIGUES, Antonio Paiva. A evolução da imprensa e a criação do papel. Guia do Gráfi-
LIVRO
Título: História da imprensa no Brasil
Autor: Ana Luiza Martins e Tania Regina de Luca
Editora: Contexto
Sinopse: Qual a relação do cidadão com a imprensa? Qual seu
papel ao longo da história? Este livro mostra como a imprensa co-
meçou no Brasil em 1808 e como vem atuando duplamente: tanto
como observadora quanto como protagonista da nossa história.
Os primeiros impressos, a relação com os poderosos, a tecnologia
alterando a forma de comunicação; as grandes empresas, a im-
prensa alternativa, o passado e o futuro da imprensa.
LIVRO
Título: A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca
Autor: Wilson Martins
Editora: Ática
Sinopse: O autor apresenta a história do homem, da imprensa e
do livro desde os tempos pré-históricos, especialmente, a partir da
antiguidade e da invenção da escrita.
FILME / VÍDEO
Título: Gutenberg, l’aventure de l’imprimerie (Gutenberg, a aven-
tura da impressão)
Ano: 2017.
Sinopse: Documentário sobre o inventor da impressão gráfica,
Johannes Gutenberg, que viveu em meio a era medieval, no Sacro
Império Romano-Germânico. Com uma invenção visionária, ele
enfrentou a sociedade do seu tempo, tendo que fazer alianças e
enfrentar traições.
Plano de Estudo:
● Surgimento do Papel;
● História e evolução da Imprensa;
● Gestão de documentos;
● Biblioteca na era Industrial.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer os principais suportes da escrita;
● Apresentar a história do livro impresso e suas perspectivas futuras;
● Verificar a trajetória histórica do livro eletrônico e as mudanças
introduzidas nos sistemas registrais;
● Observar os impactos trazidos pelas novas tecnologias
nas atividades registrais.
79
INTRODUÇÃO
Caros(as) Acadêmicos(as),
Bons estudos!
Caros Acadêmicos(as)!
Papel - Apesar do termo papel ter origem no latim papyrus, o papel pouco se re-
laciona com papiro, apesar de ambos terem origem vegetal. De acordo com Fritoli, Küster
e Carvalho (2016, p. 476) “O papel não é um derivado do papiro: é o seu rival vitorioso.
O ‘papel do Egito’, tão caro aos escribas ancestrais, foi derrotado por completo quando o
papel se tornou conhecido no Ocidente”.
Dada sua facilidade de fabricação e manuseio, o papel acabou suplantando os
demais materiais e se tornando o principal suporte da escrita. Vale lembrar que os supor-
tes empregados para a escrita, possuem algumas desvantagens: preparo era complexo,
transporte e armazenagem difíceis por seu peso e volume. Nesse contexto, o papel se
consolidou por um material leve e barato e flexível, oferecendo excelentes condições para
produção e reprodução da escrita em larga escala, como vimos acontecer após a invenção
da imprensa de Gutenberg. Assim, mesmo com o advento do registro meio digital, com
suas inúmeras possibilidades de acessibilidade e interação, “o consumo de papel nunca foi
tão grande como atualmente” (FRITOLI, KRÜSTER; CARVALHO, 2016, p. 499). As mes-
Suportes da escrita
O Suporte ou portador é o meio físico ou virtual que serve de base para a materializa-
ção de um texto. Atualmente, existem vários tipos de suporte: jornal, revista, outdoor,
embalagem, livro, software, blog etc. Enviar um e-mail ou postar uma carta no correio?
Escrever um diário ou produzir um blog? Essas são perguntas cujas respostas envol-
vem, necessariamente, a escolha de um ou de outro tipo de suporte e de gênero textual.
Isto porque texto e suporte são inseparáveis – não existe texto sem suporte. Este define
a formatação, a composição e os modos de leitura de um dado gênero textual. Assim,
uma modificação no suporte material de um texto pode modificar o próprio gênero tex-
tual que nele se veicula.
Desse modo, o suporte tem relação direta com os propósitos comunicativos que se
deseja alcançar. Tomemos como exemplo uma empresa que quisesse veicular uma
campanha publicitária para um público maior e mais heterogêneo e decidisse utilizar,
como suporte de seus anúncios publicitários, os vidros traseiros de ônibus ou sacos
que embalam os pães nas padarias. Nesse caso, temos dois suportes que, a princípio,
foram incidentais, ou seja, não foram criados para serem portadores de qualquer gêne-
ro textual, mas tornaram-se uma alternativa criativa para permitir a circulação de uma
campanha por vários locais da cidade, possibilidade não oferecida por um outdoor, que
permanece fixo em um mesmo local.
Fonte: VIEIRA, Martha Lourenço. Suportes da escrita. Glossário Ceale. Disponível em: https://www.ceale.
Caros(as) Acadêmicos(as),
Embora as vantagens oferecidas pelo livro virtual pareçam, pelo menos os lei-
tores mais adeptos da tecnologia, tentadoras e irresistíveis, por enquanto, o que temos
são indícios de que o livro impresso ainda vai perdurar por muitos anos, apesar do alto
desenvolvimento tecnológico e das inúmeras ofertas de livros eletrônicos. A esse respeito,
Lopes e Müggi (2021, p.1) destacam que “em meio às transformações, o livro de papel,
em seu tradicional formato, mantém-se em pleno uso” e apontam que livros neste formato
ainda tem sido diariamente, comprados, emprestados, trocados e com isso, circulado pelos
diferentes espaços sociais.
Com isso, autores demarcaram uma função para o livro da qual os suportes atuais
parecem não dar conta de superar, atribuindo ao livro o status de objeto máximo de cultura,
na tentativa de “demonstrar que as tecnologias de hoje estão longe de tê-lo desqualificado”
(DINIZ, 2010, p, 2019).
Neste item, percebemos o valor cultural e histórico atribuído ao livro impresso e
constatamos que suas perspectivas futuras continuam apontando para sua produção e uso,
apesar das facilidades e praticidades oferecidas pelos suportes digitais. Esperamos que
você tenha apreciado o conteúdo apresentado e esteja ansioso para conhecer sobre o livro
eletrônico e as vantagens que ele tem a nos oferecer, tema discutido no próximo item. Até lá!
Caros(as) Acadêmicos(as)!
Os autores supracitados apontam que essa nova forma de leitura permite extra-
polar a ideia inicial do autor, por meio dos links sugeridos ao leitor e das indicações de
novas leituras, possibilitadas pela infinidade de ligações disponíveis no texto ou na rede.
Com essa riqueza de possibilidades, chamada hipertexto, o livro eletrônico possibilita
enfocar e estender o sentido e significado proposto pelo escritor, “permitindo que o lei-
tor, se quiser, siga os passos para uma (talvez nova) interpretação, em novas leituras”
(DZIEKANIAK et al., 2010, p. 85).
Contudo, é possível identificar algumas desvantagens desse suporte. A primeira
delas diz respeito ao fato de que muitos leitores ainda “[...] preferem sentir a textura do
papel, o cheiro, folhear as páginas, o que não terão em um e-book”. Soma-se a essa
questão as dificuldades técnicas, relacionadas à necessidade de intermediação de um
aparelho eletrônico para a leitura, além da necessidade de um software para sua deco-
dificação, ou seja, um reader. Além disso, os custos do aparelho e do próprio livro digital
ainda são altos, e o processo de aquisição e acesso ao material exige certa competência
tecnológica, o que o torna um produto impopular e até mesmo inviável para a maioria da
população (REIS; ROZADOS, 2016, p. 03).
Dziekaniak et al. (2010, p. 87) complementam, destacando que a leitura na tela pode
ser até “25% mais lenta do que a tradicional, e mais facilmente esquecida”, visto que a aten-
ção pode estar dividida com outros conteúdos disponibilizados na mesma página. Além disso,
a disposição do texto e o excesso de links e janelas podem dispersar e até inutilizar a leitura.
Contudo, sabemos que em muitos casos, o custo de um texto em e-book tem suplantado o
do livro em papel e atraído muitos leitores ávidos, e tornando-se uma tendência, motivo pelo
qual se justifica o aparecimento e multiplicação das bibliotecas virtuais e bases de dados.
Martins (2001, p. 100) destaca que “a Idade Média consagra a substituição do rolo pelo
códex, da mesma forma que substitui o papiro pelo pergaminho e, já na transição para a
Renascença, o pergaminho pelo papel”. A partir deste fragmento e do seu percurso pela
disciplina, reflita sobre sua experiência tanto com livros impressos quanto eletrônicos,
pontue os aspectos positivos e negativos de ambos os formatos e avalie as possibilida-
des de transição e/ou coexistência desses distintos suportes.
SAIBA MAIS
Michael Hart é considerado o criador do livro eletrônico. Em 1971 ele digitou a Decla-
ração de Independência dos Estados Unidos, primeiro documento da história da huma-
nidade a se tornar um documento eletrônico. Mais tarde, fundou o Projeto Gutenberg,
primeira biblioteca digital do mundo a realizar a digitalização de livros em domínio públi-
co, arquivá-los e disponibilizá-los gratuitamente. Em 2012 oferecia mais de 38.000 livros
eletrônicos gratuitamente, disponíveis em 42 idiomas, em diversos formatos, não sendo
necessário realizar registro no site para fazer download
Acesse o site e veja o sistema de busca por ebooks desse projeto. https://www.gu-
tenberg.org/ebooks/.
Caros(as) Acadêmicos(as)!
Nos itens anteriores, estudamos a evolução dos suportes da escrita até chegarmos
no formato eletrônico. Percebemos o quanto o livro evoluiu. Desde o papiro ao surgimento
do e-book, reinventou-se por diversas vezes, percorrendo um longo caminho até chegar
ao formato digital. Constatamos assim, que todo esse percurso contou com transições
que só foram possíveis devido a evolução do Homem e do desenvolvimento de novas
tecnologias. Você já refletiu sobre o que pode ser considerado uma tecnologia? Muitas
vezes restringimos esse termo às questões ligadas à informática e às redes de informação
e comunicação, mas seu conceito é bem mais amplo. Vejamos algumas concepções.
Ferreira (2009, p. 1925) define a tecnologia como “um conjunto de conhecimento,
princípios específicos que se aplicam a determinado ramo de atividade”. Coronel e Silva
(2010, p. 182) ampliam essa concepção destacando que:
[...] a tecnologia é a ciência da técnica, que surge como exigência social
numa etapa ulterior da história evolutiva da espécie humana. As novas tec-
nologias nascem, de um lado, devido à posse dos instrumentos lógicos e
materiais indispensáveis para se chegar a uma nova realização, na base dos
quais está o desenvolvimento científico, e, de outro, de uma incessante exi-
gência social de superação de obstáculos e busca de inovações, daí porque
nenhuma tecnologia se antecipa à sua época.
Destacam ainda que, as correções das obras também podem ser feitas de forma
rápida e até instantânea, e ser realizadas em forma de nova edição, ou somente em um
capítulo da obra, além da possibilidade de ser processada mediante o contato direto do
leitor com o autor. As novas tecnologias possibilitaram também a realização de cadastros
de perfis de interesses dos usuários, de forma a enviar boletins informativos com as novas
publicações e novas edições das obras. Questões relacionadas à política de favorecimento
nas publicações de autores reconhecidos e renomados também foram superadas, tendo
em vista ausência de riscos de prejuízos caso a obra não seja de fácil comercialização, com
isso abriu-se a oportunidade para novos autores e opções de leitura.
Essas facilidades de produção e publicação, por outro lado, exigem que o leitor
tenha um senso crítico mais apurado, tendo em vista que as obras não precisam passar
pela aprovação de um editor ou revisor e o autor mesmo poderá disponibilizar sua obra
na rede. Essa prática, poderá permitir a publicação de má qualidade, cabendo ao leitor
dispensar maior atenção na identificação e seleção do conteúdo, buscando sempre fontes
seguras e de credibilidade (DZIEKANIAK et al., 2010).
À medida que as tecnologias se desenvolvem e se propagam, os documentos
eletrônicos, se disseminava a ideia de se promover uma sociedade sem papel, no entanto,
na prática isso não ocorreu, pelo menos nas proporções desejadas, visto que as “pessoas
continuam a utilizar o papel através da impressão do material eletrônico, o que acarretou a
inversão do modelo imprime-distribui (como ocorre com o livro tradicional) para o distribui
imprime. (DZIEKANIAK et al., 2010).
As tecnologias impactam também o trabalho do bibliotecário, pois agora o seu tra-
balho não está mais restrito aos limites físicos de uma biblioteca ou de uma coleção, pois o
uso difundido da tecnologia a serviço da informação tem ultrapassado as barreiras físicas
e institucionais. Benício e Silva (2005, p. 05) destacam que agora esse profissional deverá:
[...] empenhar-se cada vez mais em agregar valor à informação e não apenas
em organizar para preservá-la, mas organizar para facilitar seu acesso e uso,
disseminando-a. O bibliotecário torna-se então o gateway (guia) ou gatekee-
per (orientador) do usuário, uma vez que será o intérprete dos meios e das
formas de acesso à informação e aos portais do conhecimento, organizando,
refinando, pesquisando a informação desejada através dos novos recursos
tecnológicos e tornando-se o elo entre informação-usuário-tecnologia (BENÍ-
CIO e SILVA, 2005, p. 5).
Caros(as) Acadêmicos(as)!
Nesta unidade estudamos a evolução dos processos registrais, passando pelos di-
versos suportes e formas de registro utilizados pelo homem, desde a antiguidade, como as
tábuas de argila, o papiro, o pergaminho, o papel até chegarmos aos suportes eletrônicos.
Como vimos, o desenvolvimento das tecnologias permitiu a substituição dos suportes da
escrita por materiais cada vez mais práticos, buscando aprimorar as técnicas empregadas e
adequar-se às necessidades de uma sociedade. Observamos, portanto, que esses diferen-
tes suportes, usados em distintos contextos e finalidades, representaram as características
e a tecnologia disponível na época e que o homem sempre procurou desenvolver formas de
facilitar e agilizar o processo de produção, recuperação e disseminação do conhecimento.
Vimos também que o livro impresso possui um valor simbólico e cultural, construído
ao longo dos séculos, arraigado na sociedade, e que a variedade de recursos e possibilida-
des e oferecidas pelo livro eletrônico ainda não foi capaz de superá-lo. Constatamos ainda
que as novas tecnologias impactam sobremaneira nas atividades registrais, facilitando, não
somente a produção e disseminação da informação, como também a interação entre o
autor e o leitor. Em relação às bibliotecas, verificamos que o desenvolvimento tecnológico
as tornou híbridas, ou seja, continuam com seus acervos impressos ao mesmo tempo em
que se dedicam a adquirir e a disponibilizar acesso aos acervos digitais.
Finalizamos nossa unidade na expectativa de que você tenha se apropriado do
conteúdo abordado de forma significativa e que esse aprendizado contribua para sua for-
mação e reflexão enquanto futuro profissional, e, também enquanto leitor (a) certamente
também, impactado por todas essas transformações. Foi uma satisfação tê-lo(a) conosco
durante esse percurso! Até a próxima!
Fonte: SANTOS, Alexandre Carvalho dos. O futuro (e o fim?) do livro. Revista superinteressante, n. 31
LIVRO
Título: Livro - uma História Viva
Autor: Martyn Lyons
Editora: Senac
Ano: 2011.
Sinopse: Há 2.500 anos, livros têm sido usados para legislar, re-
gistrar, idolatrar, educar e divertir. Esta belíssima história ilustrada
explora uma das tecnologias mais versáteis, úteis e duradouras
já inventadas. Livro: Uma história viva apresenta a evolução e a
influência dos livros em todo o mundo, desde as tabuletas cunei-
formes dos sumérios, até a emergência da revolução moderna da
informação. Entre as imagens, o leitor encontrará códices maias,
papiros egípcios, iluminuras de manuscritos medievais, clichês das
primeiras impressões de Gutenberg e muito mais. Um banquete
para os apaixonados por livros.
LIVRO
Título: Não Contem com o fim do livro
Autor: Umberto Eco; Jean Claude Carrière.
Editora: Record
Ano: 2010
Sinopse: Os autores, notórios bibliófilos, discutem a história e
o futuro dos livros de maneira erudita e bem-humorada. Ao per-
correrem cinco mil anos de existência dos impressos, os autores
defendem a imortalidade do objeto como o conhecemos, apesar
dos e-readers e da internet.
LIVRO
Título: A Biblioteca Digital
Autor: Anna Maria Tammaro Alberto Salarelli.
Editora: Briquet lemos.
Ano: 2008.
Sinopse: A biblioteca digital começa a fazer parte do mundo da
cultura, embora seu conceito ainda não seja claramente com-
preendido. Este livro contribuirá para um melhor entendimento
do presente e do futuro da biblioteca digital, ao examinar quais
os obstáculos que ela tem de superar para alcançar ressonância
social, quem são os responsáveis por sua implantação, como será
administrada e qual o novo papel que ela e o bibliotecário irão
desempenhar na sociedade da aprendizagem.
FILME / VÍDEO
Título: O Futuro dos Livros - Documentário
Sinopse: Discute o futuro do livro e da leitura, a partir da propa-
gação do livro eletrônico.
Data: 2013.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=pWr-
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CONCLUSÃO GERAL
Caro(a) Acadêmico(a)!
Chegamos ao término dessa nossa discussão, mas cientes de que o assunto não
se esgota aqui, pois a reflexão sobre a evolução dos sistemas registrais é infindável e
sempre podemos aprender um pouco mais.
Mas, retomando este material, na primeira unidade tivemos a oportunidade de refletir
sobre as noções históricas sobre os registros. Perpassamos pelo conceito e histórico do sistema
de registro, descobrimos também que o homem pré-histórico, percebeu que não podia confiar
na memória para guardar seus feitos. Assim registrava suas conquistas, por meio da pintura
rupestre e gravuras realizadas no interior das cavernas, mas este tipo de suporte se alterou com
a invenção da escrita. Discutimos, ainda, sobre a legislação das atividades registrais e vimos
que no Brasil há uma lei própria para proteção dos registros de direitos autorais.
Em um segundo momento, conhecemos a evolução dos registros conhecimento
na era medieval. Vimos como se deu a transição entre os diferentes formatos dos suportes
da escrita, em especial entre os rolos de papiro, pergaminho e o códice e também as
diferentes matérias primas e processos de fabricação desses suportes. Observamos que a
evolução da sociedade demandou e também favoreceu o desenvolvimento e aceleração da
produção desses suportes para subsidiar a crescente produção e registro de informações
para diferentes finalidades na sociedade. Pudemos perceber a importância da leitura e o
quanto esta contribuiu e, ainda, contribui para disseminação dos diferentes saberes entre
as gerações, para apropriação da informação e criação de novos conhecimentos.
Estudamos, também, sobre bibliotecas monacais e medievais. Vimos que as primei-
ras, tal como, na antiguidade atuavam somente como depósito de livros e seu acesso era
restrito a poucos e, na Idade Média, no que tange às bibliotecas foi marcado por significati-
vas evoluções seja pela transição do rolo de papiro para o códice, que facilitou e acelerou
tanto a produção quanto a leitura dos textos, seja pelas significativas mudanças intelectuais
e sociais que impulsionaram criação das universidades e das bibliotecas universitárias.
Adiante, estudamos sobre a origem do papel, pudemos refletir o quão ele é im-
portante em nossas vidas e que de todos os suportes de escrita que o antecederam ele
que sobreviveu através dos tempos. Vimos que ele foi descoberto pelos chineses, ficou
muito tempo guardado em segredo dado à sua preciosidade e que foram os árabes que o
difundiram para a Europa. Conhecemos, ainda, sobre a história e a evolução da imprensa
117
e, mais uma vez, vimos que os chineses já tinham inventado formas de imprimir com tipos
móveis, entretanto, foi a máquina de imprensa criada por Gutenberg que se imortalizou.
Verificamos que a partir da imprensa o número de documentos cresceu sensivelmente e
que era preciso estudar maneiras de gerí-lo.
Neste sentido, a gestão documental surge como uma ferramenta para auxiliar os
profissionais da informação e os arquivistas no seu manejo correto. Vimos que, apesar de
alguns procedimentos básicos serem comuns, cada instituição adota aqueles que atendam
melhor às suas necessidades. Nessa trilha percorrida pelas bibliotecas, a ênfase recaiu
sobre a biblioteca na era industrial, mais precisamente a instituição que emergiu a partir do
século XX, em que o conhecimento é cada dia mais especializado e para que cumpra seu
papel de socializadora do conhecimento necessita ter as TICs como aliada.
Na nossa última unidade, revisitamos os diversos suportes e formas de registro utili-
zados pelo homem, desde a antiguidade, como as tábuas de argila, o papiro, o pergaminho,
o papel até chegarmos aos suportes eletrônicos. Observamos o quanto o desenvolvimento
das tecnologias permitiu a substituição e o aprimoramento desses, tornando as atividades,
tanto de escrita quanto de leitura cada vez mais práticas e ágeis.
Vimos também que o livro impresso possui um valor simbólico e cultural, instituído
na sociedade, e que a variedade de recursos e possibilidades oferecidas pelo livro eletrôni-
co ainda não foi capaz de superá-lo. Contudo, fica evidente o quanto as novas tecnologias
impactam as atividades registrais, facilitando não somente a produção e disseminação da
informação, como também a interação entre o autor e o leitor, o que exigiu uma mudança de
comportamento relacionado a estas práticas, principalmente em relação a definição de crité-
rios para seleção de fontes seguras e de credibilidade, tendo em vista o volume de conteúdos
produzidos, por vezes sem os devidos critérios de avaliação e validação. Neste processo, as
bibliotecas tornaram-se híbridas, ou seja, continuam com seus acervos impressos ao mesmo
tempo em que se dedicam a adquirir e a disponibilizar acesso aos acervos digitais.
Finalizamos a nossa disciplina na expectativa de que o conteúdo abordado seja pro-
veitoso e lhe traga reflexões e inquietações que o levem a aprofundar seus conhecimentos
no assunto, tendo em vista que a dinâmica do desenvolvimento tecnológico frequentemente
nos traz atualizações nas formas de registro, armazenamento e acesso à informação.
Foi muito bom tê-lo(a) conosco durante essa caminhada! Até a próxima!
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