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Evolução Histórica dos

Sistemas Registrais
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira

Professora Ma. Lucilene Aparecida Francisco


2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

V658e Vieira, Leociléa Aparecida


Evolução histórica dos sistemas registrais / Leociléa
Aparecida Vieira, Lucilene Aparecida Francisco. Paranavaí:
EduFatecie, 2021.
118 p.: il. Color.

1. Biblioteconomia. 2. Registros bibliográficos. 3. Bibliotecas


Automação. 4. Bibliotecas – Processamento técnico. I.
Francisco, Lucilene Aparecida. II. Centro Universitário UniFatecie. III.
Núcleo de Educação a Distância. IV. Título.

CDD: 23 ed. 025.4


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Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
AUTORAS

Profª Drª Leociléa Aparecida Vieira

Doutora em Educação: Currículo pela PUC/SP. Mestre em Educação pela PUCPR.


Licenciada em Pedagogia pela UCB. Bacharel em Biblioteconomia pela UFPR. Possui
quatro especializações. Funcionária aposentada do Sistema de Bibliotecas da UFPR. Foi
professora em diversas Instituições de Ensino Superior.
Atualmente, compõe o Banco de Avaliadores da Educação Superior INEP/Basis
e é professora adjunta do curso de licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual
do Paraná (Unespar) – campus de Paranaguá e do Mestrado Profissional em Educação
Inclusiva em Rede Nacional (Profei) (Polo Unespar).

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/0063909006157307

Profª Mestre Lucilene Aparecida Francisco

Doutoranda em Ciência da Informação pela Universidade Estadual de Londrina, mestre


em Políticas Públicas pela UEM, Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal
de Santa Catarina, Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina.
Atua como bibliotecária na Universidade Estadual do Paraná.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/6226753997220286


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) aluno(a), somos as professoras Leociléa e Lucilene e estamos aqui


para guiá-lo(a) nesse percurso sobre a fantástica história dos registros do conhecimento.
Propomos para que, juntos(as) possamos construir nosso aprendizado sobre as diversas
técnicas e suportes utilizados pelo Homem para registrar e disseminar o conhecimento,
desde a pré-história, com as pinturas rupestres, as tabuletas de argila, o papiro, o pergami-
nho, o papel até chegarmos hoje, aos revolucionários meios eletrônicos que nos permitem
ações, interações e conexões nunca antes imaginadas, mas que também nos trazem preo-
cupação em relação à segurança e credibilidade da informação.
Na Unidade I, estudaremos os sistemas de registros do conhecimento, iniciando
pelo conceito e pelo histórico, refletiremos sobre os registros utilizados pelo homem primiti-
vo, as formas como as antigas civilizações utilizavam o livro no seu processo civilizatório e,
por fim, conheceremos sobre a legislação que protege as atividades registrais.
Já na Unidade II, vamos conhecer as principais características dos registros na era
medieval, reconhecendo a importância histórico-cultural atribuída à leitura e escrita para
a aprendizagem e a construção do conhecimento. Compreenderemos ainda as principais
características e funções das bibliotecas medievais, observando o quanto as bibliotecas
contemporâneas guardam relações com as bibliotecas daquela época.
Depois, na Unidade III, entraremos no túnel do tempo a fim de conhecer o histórico
do papel e da imprensa, buscando perceber como esta evoluiu desde a descoberta dos
tipos móveis por Gutenberg até a era digital. Neste percurso, conheceremos sobre as técni-
cas de gestão de documentos empregadas e encerraremos nossa trajetória refletindo sobre
a biblioteca na era industrial.
Finalizaremos nosso percurso na Unidade IV, conhecendo os principais suportes
utilizados para escrita, compreendendo a história do livro enquanto registro do conhecimen-
to e suas contribuições para transmissão da informação entre as gerações. Refletiremos
também sobre as características do livro impresso e suas perspectivas de futuro com a
concepção do livro eletrônico e a aceleração dos processos de produção, disseminação e
acesso à informação.
Aproveitamos para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esse
trajeto e ampliar seus conhecimentos sobre assuntos abordados em nosso material. Espe-
ramos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigada e bons estudos!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Noções Históricas Sobre Registro

UNIDADE II.................................................................................................... 24
Biblioteca na Idade Média

UNIDADE III................................................................................................... 50
A Evolução do Tratamento da Informação

UNIDADE IV................................................................................................... 79
Sistema Registral e Novas Tecnologias
UNIDADE I
Noções Históricas
Sobre Registro
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira

Professora Ma. Lucilene Aparecida Francisco

Plano de Estudo:
● Introdução e histórico do Sistema de Registro;
● Registros primitivos do homem;
● As antigas civilizações e o livro como instrumento civilizatório;
● Legislação das atividades Registrais.

Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar o conceito de registro;
● Caracterizar as formas de registros do homem primitivo;
● Contextualizar o livro como instrumento civilizatório nas antigas civilizações;
● Identificar a legislação que protege as atividades registrais.

3
INTRODUÇÃO

Prezado(a) acadêmico(a)!

Nesta unidade estudaremos sobre as noções históricas sobre registro. Vocês já


pensaram que seria de nós se algum dos nossos antepassados não tivesse registrado tudo
o que ocorreu na humanidade. Seríamos um povo sem memória, não é?
Então, dada a importância que os registros representam para a guarda, preservação
e difusão de conhecimentos sobre os feitos da civilização, nesta unidade, estudaremos o
sistema de registros, iniciando pelo conceito e pelo histórico, refletiremos sobre os registros
utilizados pelo homem primitivo, as formas como as antigas civilizações utilizavam o livro
no seu processo civilizatório e, por fim, conheceremos sobre a legislação que protege as
atividades registrais.

Vamos em frente e bons estudos para todas e todos!!!

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 4


1. INTRODUÇÃO E HISTÓRICO DO SISTEMA DE REGISTRO

Prezado(a) Acadêmico(a)!

Neste item, vamos fazer uma imersão sobre o sistema de registros. Iniciaremos com
o conceito e significados, conheceremos os diversos tipos em que ele pode se materializar,
conheceremos o porquê é necessário registrar não só aquilo que julgamos importante e/
ou o que nos interessa, mas, sim todos os fatos que poderão contribuir para salvaguardar
a memória da civilização e quais os principais registros que se perpetuaram no tempo e
continuam importantes para conhecermos.
Conforme podem perceber o percurso é longo, portanto, vamos adiante e bons estudos!

Iniciamos nossa caminhada pela pergunta: o que se entende por registros? A res-
posta para este questionamento buscamos no dicionário e encontramos dentre tantos sig-
nificados para o verbete, um nos chamou a atenção: “conjunto de documentos antigos que
incluem materiais manuscritos, fotográficos e/ou gráficos, para serem utilizados como prova
da evidência de um fato no passado” (MICHAELIS, 2021, online). Neste sentido, o registro
se configura como um meio de armazenar uma informação e comprovar a sua veracidade.

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 5


Silva (2004, p. 1183) corrobora que registro é um vocábulo derivado “do latim
regestra, plural neutro de regestus (copiado, traslado), entende-se o assento ou a cópia,
em livro próprio, de ato que se tenha praticado, ou de documento que se tenha passa-
do”. Neste material, o termo registro será tomado como sinônimo de fontes históricas, ou
seja, lembranças que se utilizam de todos suportes que serviram para guardar, preservar
e difundir conhecimentos, haja vista, que esses registros contam as histórias de nossos
ancestrais e que, talvez, sem eles não teríamos como conhecer o passado. Neste sentido,
consideramos registros os:
tradicionais documentos textuais (crônicas, memórias, registros cartoriais, pro-
cessos criminais, cartas legislativas, jornais, obras de literatura, correspondên-
cias públicas e privadas e tantos mais) como também quaisquer outros regis-
tros ou materiais que possam nos fornecer um testemunho ou um discurso
proveniente do passado humano, da realidade que um dia foi vivida e que se
apresenta como relevante para o presente [...] (BARROS, 2019, p. 01).

As cartas, por muitos anos, utilizadas para troca de mensagens, atualmente, encon-
tram-se quase em desuso devido a inserção das tecnologias da informação e comunicação
em nossas vidas, mas não se pode negar que marcaram época e foram fontes de registros
de fatos importantes. Higa (2019, s/p), corrobora que:
apesar de não serem escritas com tanta frequência nos dias de hoje, as car-
tas nos ajudam a compreender o passado por meio do registro da intimidade,
da troca de correspondência entre pessoas, públicas ou não. Nelas, o autor
da carta reserva um tempo do seu dia para escrever para outra pessoa e
aguarda a sua resposta. Essas cartas revelam diálogos, contrariedades, ale-
grias de quem as escreve, e podem ajudar na compreensão de um contexto
individual ou mesmo coletivo.

A respeito das cartas, uma delas merece nossa atenção em especial, por ser o
primeiro documento escrito sobre a história do nosso país: a Carta que Pero Vaz de Cami-
nha enviou ao rei D. Manuel sobre a descoberta do Brasil. Neste documento, o navegador
registrou as suas impressões sobre a terra que acabara de ser descoberta.
Outro exemplo de registro textual relevante para a história da humanidade é o diário
redigido por Anne Frank, uma menina judia que viveu escondida com sua família em uma
casa em Amsterdã, Holanda, durante a perseguição nazista. Seus escritos possibilitaram
conhecer as experiências por eles vivenciadas em um período triste do passado.
Além dos documentos textuais, os registros podem se materializar, ainda, em outros
tipos de suportes, tais como as representações pictóricas: afrescos, quadros e pinturas;
os vestígios arqueológicos: estátuas; objetos de cerâmica e construções e; os registros
orais, traduzidos por relatos pessoais que são transmitidos oralmente.

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 6


Como exemplo de representação pictórica citamos o quadro Independência ou
Morte (também conhecido como O Grito de Ipiranga), pintado em 1888 por Pedro Américo,
que traduz em um registro fiel de uns dos momentos marcantes na história do Brasil.

FIGURA 1 – QUADRO INDEPENDÊNCIA OU MORTE

Fonte: Martinez (2019).

Este mesmo fato histórico pode ser registrado por meio de estátuas, conforme
podemos observar na Figura 2.

FIGURA 2 – MONUMENTO A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL NO IPIRANGA, EM SÃO PAULO

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 7


A história da civilização pode ser dividida em dois períodos: as sociedades baseadas
na comunicação oral e as sociedades baseadas na comunicação escrita. Neste sentido, no
que diz respeito ao sistema de registro, um deles, em especial, merece destaque: a Escrita.
A Escrita é a forma de registro mais utilizada pela maioria das sociedades para
transmitir conhecimento; celebrar acordos, tratados e contratos; anotar dados, feitos im-
portantes e grandes descobertas realizadas pelo homem; reproduzir poemas, melodias,
difundir as informações, dentre tantas outras coisas. Há quem diga que a escrita foi a mais
importante invenção da história da evolução da espécie humana.
É mister salientar que até o surgimento da escrita, a primeira forma de registro da
humanidade foi por meio de símbolos e desenhos, haja vista que antes disso os homens
se expressavam por meio da oralidade. De acordo com Lima (1977, p. 582), a oralidade “é
um fato primitivo, perante o qual a escrita é um avanço civilizatório (e, como se sabe, os
processos civilizatórios são irreversíveis)”.
O sistema de registro de escrita cuneiforme até a alfabética percorreu um longo
caminho. De acordo com o Espaço do Conhecimento:
uma escrita sistematizada aparece somente por volta de 3500 a.C., quando
os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme na Mesopotâmia. Os re-
gistros cotidianos, econômicos e políticos da época eram feitos na argila, com
símbolos formados por cones. Nesse mesmo momento, surgem os hierógli-
fos no Egito. Essa escrita era dominada apenas por pessoas poderosas da
sociedade, como escribas e sacerdotes (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MI-
NAS GERAIS, 2021, s/p).

Registrar a informação era privilégio de poucos, decifrar o que estava escrito era
para um número menor de pessoas. A invenção do papiro, por volta 3000 a.C., possibilitou
que o sistema de escrita se tornasse mais rápido, isto é, cada símbolo ficou reduzido a
poucos traços, e aí nasceu a escrita hierática: a base do sistema de escrita ocidental.
Por meio da escrita, foi possível o surgimento de nova forma de registro: os docu-
mentos que, por sua vez, dão origem a um novo sistema: os arquivos. No que diz respeito
aos arquivos, eles se “constituem desde sempre a memória das instituições, das pessoas,
de um povo e de uma nação” (HORA; SATURNINO; SANTOS, 2010, p. 02). Para os autores
supracitados, os arquivos vão além de um pedaço de papel e escrito; são registros que re-
presentam a existência de um determinado povo, ou relatam a história de um acontecimento.
Hora, Saturnino e Santos (2010, p. 2), recordam que o homem pré-histórico já
registrava o “seu cotidiano no interior das grutas e cavernas, em forma de desenhos e
pinturas. Esses registros podem ser considerados arquivos, por narrarem a história de
homens já extintos, sua cultura e seus costumes”. Agora que sabemos o que são registros, que
tal conhecermos um pouquinho de história ?

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 8


2. REGISTROS PRIMITIVOS DO HOMEM

Olá!

Vamos continuar nosso percurso, agora trilhando pelas maneiras que o homem pri-
mitivo registrava suas descobertas e invenções, pois, desde cedo o ser humano percebeu
que era impossível confiar somente na memória, então, era preciso registrar os seus feitos
para, posteriormente, difundir as informações às futuras gerações.
Você já imaginou se não tivessem passado como acender o fogo, ou ainda, como
fundir o cobre e o estanho, metais que deram origem ao bronze? É verdade que estas des-
cobertas evoluíram no decorrer dos tempos, mas tudo isto foi descoberto na pré-história
por nossos antepassados e, só nos é possível conhecer e utilizar estes conhecimentos,
porque foram registrados por eles. Que tal ver de que maneira isso ocorreu? Porém,
antes de descobrirmos isto, surge outro questionamento: quem é (ou foi) este homem
primitivo? Então vejamos:
Considera-se o homem primitivo aquele que viveu na terra durante o período pré-
-histórico até o aparecimento da escrita. Ele era nômade, entretanto, utilizavam o intelecto e
a criatividade como fins de sobrevivência, isto é, fabricavam instrumentos para se defender
dos animais e se alimentar.
Nós só temos conhecimento de como viveu o homem primitivo:

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 9


a partir de estudos arqueológicos dos locais onde se organizavam e produ-
ziam artefatos como pinturas, desenhos e gravuras rupestres, ferramentas,
esculturas, armas, entre outros, revelando sua forma de vida, tornando pos-
sível descrever sua história (GROBEL e TELLES, 2014, p. 02).

Para conhecer quem era e como viviam os nossos antepassados primitivos, hou-
ve a necessidade que profissionais de diversas áreas se debruçassem sobre o assunto,
por exemplo:
o arqueólogo estuda os artefatos materiais, o geólogo estuda as formações
dos solos, o botânico analisa os restos vegetais fossilizados, o antropólogo
os aspectos físicos, traçando a evolução, o etnólogo faz analogias dos povos
primitivos com o presente, o paleontólogo analisa os fósseis animais encon-
trados, reconstituindo a fauna da época, os fotógrafos para registrar todos os
achados e locais exatos, os biólogos para as análises de DNA, os químicos
para a análise da idade dos artefatos, e o espeleologista que é especialista
com várias formações, como biologia e geografia entre outras, estudioso dos
ambientes das cavernas, especializado sobre o comportamento dentro de um
ambiente extremamente sensível (GROBEL e TELLES, 2014, p. 2).

REFLITA

E como os bibliotecários e cientistas da informação podem contribuir com estes estudos?

Fonte: As autoras (2021).

Os bibliotecários, enquanto profissionais da informação, contribuem na organiza-


ção da documentação, pois sabemos que a maioria dos registros da história e da memória
humana se dão “por meio dos documentos gerados pelas atividades desenvolvidas por
determinada organização, pessoa ou família. Esses registros, postos de maneira orgânica,
passam a ser rica fonte de informação” (MERLO e KONRAD, 2015, p. 27).
Aos poucos, os grunhidos e gestos evocados pelo homem primitivo se “materializa-
ram” por meio das pinturas e desenhos feitos nas paredes de grutas e cavernas, pois era
o meio que o homem pré-histórico encontrou para registrar o seu cotidiano. Estes registros
são denominados de pintura ou arte rupestre.
“A arte rupestre é um dos mais belos e importantes vestígios deixados pelos grupos
pré-históricos. Encontrada nas paredes de grutas e cavernas, em geral, apresentava pes-
soas, animais e cenas de caças e danças” (SERIACOPI, 2005, p. 16).

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 10


FIGURA 3 – ARTE RUPESTRE

Cientistas já encontraram, em paredes de cavernas pelo mundo, gravações que


datam de 40 mil anos atrás, haja vista, que na pré-história, “numa representação da vida
real, misturada com a arte e a religiosidade, os homens expressavam sua vontade, atos e
desejo nas atividades realizadas e principalmente nas atividades a serem realizadas como
caça, pesca, coleta e defesa” (SIQUEIRA M. e SIQUEIRA B., 2000, p. 22).
As informações contidas nas pictogravuras e nos pictogramas ultrapassaram a
barreira linguística, pois os símbolos de um determinado objeto ou conceito contidos nas
gravuras eram autoexplicativos. “As superfícies naturais das paredes rochosas das ca-
vernas ou dos penhascos ofereceram as melhores oportunidades para o homem fazer as
primeiras tentativas de pictogravuras” (SILVA, 2005, online).
No decorrer dos anos, o homem poliu e alisou as superfícies dos rochedos para
realizar inscrições monumentais. “Enormes massas de pedra arredondada e grandes lajes
rochosas foram engenhosamente colocadas em seus lugares. Se a pedra era trabalhada an-
tes de ser erguida, surgiram monumentos como os obeliscos egípcios” (SILVA, 2005, online).
A partir das pinturas rupestres, pictogramas e a escrita protocuneiforme, o homem
desenvolveu os ideogramas, símbolos que representavam ideias generalizadas pelos ob-
jetos. Pelos sumérios era utilizada para registrar sua produção agrícola e pecuária. Estes
povos a utilizavam como um inventário e faziam, também, etiquetas que prendiam as sacas
de embarque de produtos agrícolas (KRAMER, 1969).
A escrita ideográfica perdurou por muitos anos e, ainda hoje, encontra adeptos,
como por exemplo, a língua chinesa (Figura 4).

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FIGURA 4 – IDEOGRAMA CHINÊS

De acordo com Silva (2005), a maioria dos símbolos ideográficos dos sistemas an-
tigos de escrita estava intimamente associada aos sons das palavras, as quais indicavam
as coisas que os símbolos representavam. Supõe-se que isto ocorreu pela dificuldade que
algum escriba teve em representar o nome de alguém, para o qual não existia nenhum
ideograma. Para o autor supracitado:
Milhares de anos foram precisos para libertar os povos da escrita ideográfi-
ca, justificada pelo papel de privilégio das classes eclesiásticas que tinham
razões para não permitirem que este misterioso processo (um sistema de
escrita puramente fonético) se tornasse conhecido pela população vulgar.
(SILVA, 2005, online).

É importante salientar que os suportes de registro utilizados pelo homem primitivo


também foram se alterando à medida que a civilização evoluía. Assim, iniciou nas paredes
das cavernas, passou pelas tábuas de argilas, papiro, pergaminho até chegar no papel.
Podemos inferir que estas formas de registros realizadas homem primitivo é o que
possibilitou a disseminação das informações sobre a cultura de sua época para gerações
futuras e, se hoje temos conhecimento sobre feitos do passado, é devido à criatividade
de nossos antepassados.
Então, neste tópico vimos as formas primitivas de registros desenvolvidas pelo
homem, no próximo conheceremos as antigas civilizações e como o livro se tornou instru-
mento civilizatório. Não perca essa oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre
a história do livro e das civilizações.

Bons Estudos e até lá!

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 12


3. AS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES E O LIVRO COMO INSTRUMENTO CIVILIZATÓRIO

Caro(a) acadêmico(a),

Que tal conhecermos como se comportaram as antigas civilizações a partir do


surgimento do livro? Então vamos em frente!
É possível mencionarmos que a história do livro se inicia com o aparecimento da
escrita e que, essa por sua vez, a grosso modo, originou-se com os registros pictográficos.
Silva (2005, online), assevera que:
A evolução dos pictogramas para escrita é fácil de ter resposta rigorosa, mas
percebe-se que os espécimes mais antigos, pela forma e interpretação dos
caracteres usados nestes registros, compreenderam a tempo a vantagem de
associar definitivamente certos símbolos pictográficos a determinados objetos
ou ideias. Assim, as pictogravuras tornaram-se a pouco e pouco em ideogra-
mas ou símbolos que representavam ideias generalizadas tiradas dos objetos.

Foi com o surgimento da escrita que o homem conseguiu registrar a sua história
por meio de documentos e dos primeiros livros. Siqueira M. e Siqueira B. (2000, p. 22),
corrobora de que:
com o aparecimento da escrita, dá-se a fase dos documentos denominados
escritos, embora permaneçam também os não-escritos. A princípio, a escrita,
diferenciada em cada nação, era restrita apenas às pessoas das classes do-
minantes. As primeiras sociedades tidas como civilizadas foram os egípcios,
mesopotâmicos, fenícios, cretenses, hebreus e outros, os quais utilizavam-se
da escrita para registrar sua história e atos jurídicos, sejam nos pergaminhos
ou nas paredes dos palácios reais.

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 13


De forma geral, o desenvolvimento da escrita se deu da seguinte maneira: “pedra,
tabletes de argila, tabuinhas de madeira, papiro, pergaminho, até o papel e documentos
digitais” (RICHTER; GARCIA; PENNA, 2004, p. 25).
É importante salientar que cada sociedade registrava as informações com os mate-
riais que tinham à sua disposição, por exemplo, os primeiros livros feitos pelo povo sumério
eram de barro, semelhantes a pequenas lajotas. Na Mesopotâmia os materiais mais anti-
gos que se tem conhecimento são as placas de argila cozida, semelhantes a tijolos, nas
quais eram registrados, em escrita cuneiforme, desde documentos oficiais, códigos de leis,
compêndios religiosos, tratados, até ações judiciais, contratos e promissórias.
Já os egípcios escreviam seus livros sobre o papiro e formavam rolos de até 20
metros de comprimento, os quais eram armazenados na biblioteca de Alexandria, a maior
da antiguidade, que continha 700 mil livros em rolos de papiro. E como se produziam os
livros com o papiro? Silva (2005, online), esclarece que:
no papiro, a escrita fazia-se em colunas dispostas como as dum jornal, e
cada uma correspondia à página dum livro moderno. Normalmente, as linhas
tinham o comprimento necessário para poderem conter cerca de 38 caracte-
res ou letras.

As extremidades dos rolos, pelo fato de ficarem expostas, eram reforçadas com
tiras coladas. Na escrita só se utilizava um lado da folha, àquele que era mais macio e as
camadas eram horizontais. Sob o ponto de vista de conservação dos registros, o papiro
apresentava muitas limitações, tais como: furar quando se escrevia, deteriorar-se com água
ou umidade e tornar-se frágil quando seco. Como o passar do tempo, ele foi sucedido pelo
pergaminho, material mais duradouro, porém, mais caro e mais pesado.
É importante frisar que o livro nas antigas civilizações, também pode ser considera-
do como um elemento de segregação, haja vista, que a escrita era privilégio de poucos: os
escribas. Nas palavras de Siqueira M. e Siqueira B. (2000, p. 22):
os escribas egípcios eram os verdadeiros representantes do poder central,
pois possuíam o conhecimento da escrita e da contabilidade, registrando as
arrecadações, os impostos e as determinações centrais. Eram pessoas de
confiança ou parentes do Faraó, vivendo nos palácios reais, registrando to-
dos atos de conquistas, derrotas, colheitas, déficits públicos, número de es-
cravos, compras e vendas externas ou acordos políticos com povos vizinhos.

Outras vezes, os livros eram utilizados como meios de punição, especialmente,


na Idade Média, em que o maior número de bibliotecas pertencia às igrejas e aos mos-
teiros. A leitura, especialmente, reservada aos domingos e à Quaresma era considerada
ocupação normal para os monges, “exceto para alguns negligentes e preguiçosos, que
não querem dispor daquele que parece ser um implemento essencial do mosteiro: a bi-
blioteca” (MANACORDA, 1996, p. 120).

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 14


SAIBA MAIS

Deu-se o nome de “monge” ao asceta que, refugiado na solidão, dedicava-se a Deus,


por meio de orações e exercícios piedosos. Eles moravam nos mosteiros, instituição
que teve por missão, durante a irrupção dos bárbaros, no império romano, registrar e
conservar a cultura antiga e utilizá-la como meio de educação.

Fonte: Rosa (1993).

Os livros eram oferecidos aos monges em forma de códices de pergaminho. A esse


respeito, Manacorda (1996, p. 120), nos relata que nos dias de Quaresma, cada monge
deveria receber da biblioteca um códice para ler seguida e inteiramente.
Um dos anciãos fiquem encarregados de rondar pelo mosteiro nas horas
em que os monges devem estar dedicados à leitura para evitar que algum
monge preguiçoso perca tempo na ociosidade ou em conversas, deixando de
aplicar-se à leitura, tornando-se inútil a si mesmo e distraindo os outros. Que
isso não aconteça; mas se alguém assim for encontrado, seja repreendido.

Todos os monges deveriam se dedicar à leitura também aos domingos e só eram


dispensados aqueles que eram destinados às outras tarefas da instituição. Caso algum
deles não se concentrasse na leitura, a ele atribuía-lhe um trabalho para não ficar na ocio-
sidade, pois, a ociosidade era tida como o inimigo da alma.
Neste caso, percebemos que a leitura não acontecia por livre espontânea vontade
e nem como um ato prazeroso. Era algo obrigatório e razão para punição para aqueles que
não a praticavam. Por outro lado,
o aparecimento da escrita (pictográfica e alfabética) marca, portanto, o
início da história, na medida em que permite relações permanentes e à
distância, superando os limites do espaço e do tempo próximos. Como
sempre ocorre com as funções, na medida em que a escrita se distancia
de sua fonte natural (que é oralidade), ganha autonomia e converte-se
em ESTRUTURA INDEPENDENTE, transformando-se num objeto cultural,
com suas próprias leis de funcionamento, como se fosse um novo ente
natural, mas uma presença tão envolvente que pode ser considerado
nova ecologia do ser humano (LIMA, 1977, p. 580-581).

Frente ao exposto, a escrita, quando comparada à oralidade, acelerou o processo


civilizatório, pois possibilitou guardar as experiências das civilizações antigas para as gera-
ções seguintes em diferentes suportes. Nas palavras de Lima (1977, p. 598):
a escrita, ao aparecer no processo civilizatório, tem como primeira
função fixar, através dos LIVROS SAGRADOS, as tradições, tanto do
ponto de vista sincrônico, quanto do ponto de vista diacrônico. Assim, a
informação — oral e escrita — nos seus primórdios, apresenta-se como
um processo de fixação do status quo, tanto com relação ao momento
atual, quanto com relação à sucessividade das gerações.

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 15


Entendemos por sincrônico o processo de escrita que permitia a comunicação entre
a sociedade da época e por diacrônico, a escrita como elo entre as gerações passadas às
novas gerações, dando continuidade histórica às conquistas (experiências) da humanidade,
pois de acordo com Higounet (2004, p. 10),
a escrita não é apenas um procedimento destinado a fixar palavras, um meio
de expressão permanente, mas também dá acesso direto ao mundo das
ideias, reproduz bem a linguagem articulada, permite ainda apreender o pen-
samento que está na própria base de nossa civilização. Por isso a história da
escrita se identifica com a história dos avanços do espírito humano.

Frente ao exposto, o objetivo maior da escrita é, por meio, dos livros, dos documen-
tos de modo geral, comunicar as gerações futuras, àquilo que foi registrado pelos nossos
antepassados. É a comunicação se perpetuando no tempo.
Neste sentido o livro, independente do suporte, está presente em todos os momen-
tos históricos da civilização ora, desempenhando o papel de libertação, ora de segregação,
mas, é fato que em todos eles cumpriu (e, ainda, cumpre) a missão de guarda das informa-
ções e transmissão de conhecimentos para gerações futuras.

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 16


4. LEGISLAÇÃO DAS ATIVIDADES REGISTRAIS

Caro(a) acadêmico(a)!

Será que sempre houve leis para registrar as atividades realizadas pelo homem?
Sim! A sociedade sempre foi regida por normas e regras. Já antes da linguagem escrita
(período de 9000 a.C. a 300 a.C.) o homem utilizava fichas de barro, nas quais anotava
símbolos para registrar suas transações comerciais. Essas fichas eram guardadas em in-
vólucros chamados de bullae. (HART-DAVIS, 2009). Pressupõe-se que havia normas para
que isso se concretizasse.
Gonçalves (2020, p. 01), nos lembra que:
desde a fase dos documentos não-escritos ou Pré-História, arqueólogos e
cientistas descobriram registros de representação da vida real nas cavernas,
por meio de pinturas rupestres nas paredes. Por meio dessas pinturas os
homens expressavam sua vontade, sua arte, sua religiosidade, bem como os
atos do dia-a-dia, nas atividades realizadas como caça, pesca e defesa. Para
a delimitação do território utilizavam marcos naturais como rios, montanhas,
depressão entre outros.

É importante salientar que, os elementos da natureza ainda hoje, são utilizados em


muitas comunidades para demarcar território e assim, “registrar” àquilo que lhe pertence.
Indolfo destaca a importância dos documentos e dos registros para a humanidade:
o documento ou, ainda, a informação registrada, sempre foi o instrumento
de base do registro das ações de todas as administrações, ao longo de sua
produção e utilização, pelas mais diversas sociedades e civilizações, épocas
e regimes. Entretanto, basta reconhecer que os documentos serviram e ser-
vem tanto para a comprovação dos direitos e para o exercício do poder, como
para o registro da memória (INDOLFO, 2007, p. 29).

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 17


Os sumérios, faziam anotações, realizavam inventários e registros contábeis da
produção agrícola e dos tributos que deveriam ser pagos nas transações. A princípio,
essas anotações eram realizadas em placas de argila úmida, nas quais um funcionário
fazia desenhos representando aquilo que precisava ser registrado: cabeça de boi, porcos,
jumentos, dentre outros. Posteriormente, as placas de argila, cozidas ao sol, endureciam
e eram guardadas.
Esse controle da produção agrícola para o pagamento de tributos era realizado
conforme suas leis; desde àquela época, o homem sempre percebeu a necessidade de
registrar tais fatos, pois nas sociedades antigas, tanto os egípcios, como, os também fení-
cios, os mesopotâmicos, os hebreus, dentre outros, registravam os atos jurídicos, sejam no
papiro, nos pergaminhos ou mesmo nas paredes dos palácios.
Lima (1977, p. 587), alerta, porém, que “o primeiro sintoma que assinala a saída
de um povo do estado primitivo para o estado civilizatório é a codificação escrita das
leis e costumes”.
Conforme verificamos o registro de documentos originou com a invenção da escrita
e que desde o Egito antigo, o homem já escrevia cartas, contratos, testamentos, comuni-
cados diplomáticos, informações sobre impostos e que todos documentos administrativos,
econômicos e religiosos eram redigidos pelos escribas.
O escriba da lei interpretava com precisão as leis; o escriba do rei autenticava
atos e resoluções monárquicos; o escriba do Estado colaborava com os Tri-
bunais de Justiça e exercia a função de Conselho do Estado; e, ao escriba do
povo cabia a função de redigir pactos e convênios (BRANDELLI, 2011, p. 27).

As leis sempre existiram! Para que a veracidade de um documento seja constatada


e não seja burlada há legislação que o protege. “O sistema registral constitui direitos e
confere publicidade e meios probatórios de fatos jurídicos com a finalidade de proporcionar
segurança às relações entre as pessoas” (IRIGON e SANTOS, 2019, p. 185).
Após este preâmbulo, daremos um salto e veremos que, no Brasil, a proteção de
documentos encontra respaldo na Constituição Federal, promulgada em 1988, que em seu
Art. 23, estabelece que:
É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios: [...] III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis
e os sítios arqueológicos; [...] (BRASIL, 2016, p. 18).

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 18


SAIBA MAIS

No Brasil, às atividades registrais acrescentam-se as notariais e, desde o Império, cabe


aos tabelionatos registrar e dar fé (autenticar; reconhecer como verdadeira) toda docu-
mentação que carece de comprovação.

Fonte: As autoras (2021).

Outra legislação para proteger o patrimônio documental do país é a Lei 8.159, de 08


de janeiro de 1991, que atribui ao Poder Público “a gestão documental e a proteção especial
a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à administração, à cultura, ao desen-
volvimento científico e como elementos de prova e informação” (BRASIL, 1991, p. 01).
As atividades registrais também encontram respaldo na Lei 8.935, de 18 de no-
vembro de 1994, a qual regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre
serviços notariais e de registro. Apesar de esta lei tratar sobre a Lei dos cartórios, é neste
local que é atribuída aos documentos a confiabilidade e a legalidade exigida na sociedade.
Dentre os diferentes tipos de registros públicos, um deles merece nossa atenção:
o registro de publicações, que é respaldado pela Lei 9.610/98, de 19 de fevereiro de 1998,
que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais, no Brasil. De acordo
com o Art. 5º da referida Lei, considera-se que:
I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao co-
nhecimento do público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro
titular de direito de autor, por qualquer forma ou processo (BRASIL, 1998,
online).

As obras são registradas conforme o tipo em diferentes órgãos, por exemplo, à Bi-
blioteca Nacional compete o registro das produções literárias em geral, científicas, artísticas,
musicais e cinematográficas. As composições musicais e as artes visuais (desenhos, pinturas,
gravuras, esculturas, dentre outras) o registro é feito na Escola de Música e na Escola de Be-
las Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, respectivamente. As cartas geográficas,
mapas e projetos o registro é incumbência do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia. É de extrema importância salientar que, mesmo que uma obra autoral não esteja
registrada, os direitos autorais são garantidos pela Lei supracitada.
Conforme vimos, a legislação é vasta e as leis para proteger as atividades regis-
trais existem mesmo antes da palavra escrita, elas envolvem vários ramos de atuação
e diversas áreas do conhecimento e, dentre todas, a que desperta maior atenção por
parte dos profissionais da informação é a que diz respeito à proteção dos registros na
área da documentação.

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 19


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Olá pessoal,

Nesta unidade tivemos a oportunidade de refletir sobre as noções históricas sobre


os registros. Percorremos pelo conceito e histórico do sistema de registro, descobrimos
também que o homem pré-histórico, descobriu que não podia confiar na memória para
guardar seus feitos, desta forma registrava suas conquistas, por meio da pintura rupestre e
gravuras realizadas no interior das cavernas.
Vimos ainda, que os suportes de registro, bem como, o tipo de escrita evoluiu no
decorrer dos tempos e que nas antigas civilizações o livro serviu como instrumento civiliza-
tório, tanto para libertação como punição.
Por fim discutimos sobre a legislação das atividades registrais e pudemos perceber
que a sociedade sempre foi regida por normas e leis. No que diz respeito à documentação,
vimos que há no Brasil uma lei própria para proteção dos registros de direitos autorais.

Esperamos que tenha gostado desta nossa caminhada e bons estudos!

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 20


LEITURA COMPLEMENTAR

A origem da civilização

Luís Antônio Giron

Pesquisas recentes, como a de “Babilônia”, revelam como os povos da Mesopotâ-


mia fundaram as primeiras cidades, organizaram a sociedade e inventaram a escrita
A  planície fértil entre os rios Tigre e Eufrates confinada pelo deserto do Sinai, a
cordilheira de Zagros, o mar Mediterrâneo e o Golfo Pérsico recebeu dos gregos o nome
de Mesopotâmia, a terra entre dois rios. Hoje esse território desértico pertence ao Iraque
e ao Kuwait. Lá estão soterrados objetos, lendas e fatos ainda a ser descobertos. No livro
“Babilônia — A Mesopotâmia e o Nascimento da Civilização”, de 2010, lançado no Brasil
pela editora Zahar, o historiador austríaco Peter Kriwaczek (1937-2011) se propôs a decifrar
alguns dos segredos ocultos sob as areias que viram nascer o que chamamos hoje de His-
tória. A tese de Kriwaczek é que a civilização mesopotâmica não foi erguida por um só povo,
e sim pelo encontro de tribos diversas. Sua evolução de 2,5 mil anos, interrompida pela
invasão persa, seguiu um percurso linear como o de um organismo vivo. Isso permite que
tenhamos conhecimento dos avanços, desastres e pestes que acometem a humanidade. É
a um só tempo a síntese de uma cronologia futura e a prefiguração da vida atual.
“A civilização que nasceu, floresceu e morreu na terra entre os rios não foi uma
conquista de um povo, mas o resultado da união e da persistência, ao longo do tempo, de
uma combinação singular de ideias, estilos, crenças e comportamentos”, diz Kriwaczek. “A
história da Mesopotâmia é a de uma tradição cultural contínua e singular, ainda que seus
portadores e propagadores humanos tenham sido diferentes em épocas diferentes”
No século 55 antes de Cristo, a região era chamada de “Edin” por seus primeiros
povoadores, os sumérios, tribo montanhesa que desceu à planície e lá conviveu com outros
povos ao longo de milênios. “Edin” deu origem à palavra hebraica “Éden”, o paraíso na Ter-
ra. Além dos sumérios, passaram povos como os caldeus, babilônicos, assírios, amorreus,
arameus, fenícios e hebreus, num revezamento de supremacias.

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 21


Em rede

A região poderia continuar como uma área agrícola paradisíaca, como ocorreu em
muitos lugares durante o período neolítico, quando boa parte dos homens trocou a coleta e a
caça pelo cultivo e o pastoreio. Mas algo se deu para que a Mesopotâmia sofresse mais uma
mudança e abrigasse as primeiras cidades, sociedades organizadas e impérios. Esse algo
se chama história. Segundo os estudiosos clássicos, o fato que dividiu a história da pré-his-
tória se deveu a uma invenção dos sumérios: a escrita. A escrita cuneiforme foi estabelecida
em 3 mil a.C., mais de 2 mil anos da fundação da primeira cidade da Terra: a suméria Eridu
(5,4 mil a.C.). Os caracteres em forma de cunha gravados em tabuletas de argila serviram
para que os sumos sacerdotes das cidades-estados, em nome de deuses como Inana
(depois Ishtar) e Enki, controlassem o comércio, os bens e as transações litúrgicas.
“No curso de seus dois milênios e meio, a tradição baseada na escrita cuneiforme
inventou ou descobriu quase tudo que associamos à vida civilizada”, afirma Kriwaczek. Gra-
ças a uma combinação de clima, engenho, tino comercial e convergência de etnias, surgiu
um mundo feito de cidades, ciência, tecnologia, direito e literatura. Escrever permitiu que os
homens se organizassem em torno de narrativas coerentes e elaborassem suas culturas.
Mas a contribuição mais duradoura dos mesopotâmios, ainda mais que a escrita
cuneiforme (cujo uso durou 2 mil anos), segundo Kriwaczek, foi a instauração da primeira
rede social mundial. “Com o que se chamou um sistema mundial, uma rede interligada de
nações, comunicando-se e comerciando e lutando uma com as outras, essa tradição se
espalhou por grande parte do globo”, afirma. Segundo ele, a interação na diferença levou
à invenção da vida urbana.

Fonte: GIRON, Luís Antonio. A origem da civilização. Isto é, n. 2516, 9 mar. 2018. Disponível em:

https://istoe.com.br/a-origem-da-civilizacao/. Acesso em: 24 nov. 2021.

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 22


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: As primeiras civilizações
Autor: Jaime Pinsky
Editora: Contexto
Sinopse: O livro narra o fascinante processo civilizatório que
conduz nossos ancestrais à conquista da fala, da agricultura, da
escrita, à criação das cidades e dos impérios, à construção de
templos e palácios, ao controle sobre os rios, à criação da civili-
zação. Pitecantropídeos e Homo sapiens, coletores e agricultores,
sociedades tribais e grandes impérios, egípcios, mesopotâmicos
e hebreus são retratados nas páginas deste livro, cujo fascínio
não decorre apenas dos temas tratados, mas da forma como são
tratados: o passado não é algo encerrado, mas presente em cada
um de nós, tanto como herdeiros do patrimônio cultural - do fogo
ao monoteísmo ético - quanto por sermos personagens da mesma
aventura humana já trilhada pelos que nos antecederam.

FILME / VÍDEO
Título: O legado das grandes civilizações
Volume I: Os Micênicos; Thera/Santorini; Arábia Antiga
Volume II: Cártago E Os Fenícios; Os Minoanos; Tróia E Pérgamo
Ano: 2011
Sinopse: O Legado das Antigas Civilizações volta no tempo para
o mundo de seis povos antigos, cujas contribuições à arte, cultura
e literatura teve um grande efeito sobre a civilização. Estes são os
minóicos, os micênicos, antigos árabes, fenícios, e os habitantes
de Thera e Tróia.

FILME / VÍDEO
Título: Grandes Civilizações da era de Bronze Babilônios - Sumé-
rios - Acádios - Minóicos - Fenícios
Ano: 2021
Sinopse: O vídeo é um documentário das civilizações antigas des-
de a era do bronze, perpassa pela babilônios, sumérios, acádios,
minoicos e os fenícios.
Grandes Civilizações da era de Bronze Babilônios - Sumérios -
Acádios - Minóicos - Fenícios
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=kWSPcu56kPg

UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 23


UNIDADE II
Biblioteca na
Idade Média
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira

Professora Ma. Lucilene Aparecida Francisco

Plano de Estudo:
● Evolução dos registros na era medieval;
● Importância histórico cultural da leitura;
● Bibliotecas Medievais.

Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar a evolução e as principais características dos registros na era medieval;
● Compreender a Importância histórico cultural da leitura;
● Conhecer as principais características e funções da Bibliotecas Medievais.

24
INTRODUÇÃO

Caros(as) Alunos(as),

Dando continuidade ao nosso percurso na história dos processos registrais, nesta


unidade você é convidado a conhecer as principais características dos registros na era
medieval, reconhecendo a importância histórico-cultural atribuída à leitura e à escrita para
a aprendizagem e a construção do conhecimento. Compreenderemos ainda as principais
características e funções das bibliotecas medievais, observando o quanto as bibliotecas
contemporâneas guardam relações com as bibliotecas daquela época. E então, ansiosos
para conhecer as formas de registros da era medieval para compará-los com as formas que
temos hoje? Vamos lá iniciar nosso percurso!
Esperamos que esta unidade lhe traga significativas aprendizagens e também lhe
instigue a conhecer e a pesquisar mais sobre os processos registrais.

Vamos lá!
Bons estudos!

UNIDADE II
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1. EVOLUÇÃO DOS REGISTROS NA ERA MEDIEVAL

Caros(as) Alunos(as),

Antes de iniciarmos nossa trajetória sobre a evolução dos registros na era medieval
é importante considerar que esse período corresponde a um longo período da história que
perdurou do século V ao século XV. Os fatos que marcam seu início e fim são a queda do
Império Romano do Ocidente, em 476, e a conquista de Constantinopla, capital do Império
Bizantino, pelos turcos-otomanos, em 1453, respectivamente. Nesse período configura-
ram-se “[...] muitas das relações sociais e de poder, e surgiram os locais do conhecimento,
especialmente o aparecimento das universidades, e, timidamente, o das bibliotecas univer-
sitárias” (DIÓGENES e CUNHA, 2017, p. 100).
A Idade Média foi um período em que se produziram muitos textos. Parte dessa
produção deve-se às cópias reproduzidas pelos monges, à criação das universidades e ao
crescente interesse da burguesia por livros específicos, que antes eram acessados apenas
por intelectuais e membros da igreja católica. (FEBVRE e MARTIN, 1992). Essa época tam-
bém marca a criação do códice, precursor do livro e substituto do rolo de papiro e pergaminho.
Apesar da significativa evolução, o período é considerado sombrio, tendo em vistas as perse-
guições a diversas obras, consideradas profanas ou prejudiciais aos interesses dominantes
da época. Essas perseguições resultaram na destruição de vários exemplares de rolos de
pergaminhos e códices, seja por meios de conflitos bélicos, guerras entre cidades-estados ou
incêndios que atingiam em grande medida as bibliotecas (BÁEZ, 2004).

UNIDADE II
I Biblioteca
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MédiaRegistro 26
Sabemos que desde sua origem, o termo biblioteca designa local ou espaço para
se armazenar livros, entretanto, nem sempre os materiais armazenados nas bibliotecas,
estavam no formato de livros. Já foram utilizadas tabuletas de argila, rolos de papiro e
pergaminhos e os enormes códices dos mosteiros medievais. Esses suportes para a in-
formação variaram de formato de acordo com desenvolvimento tecnológico, científico e
cultural da humanidade (MORIGI e SOUTO, 2005).
Di Lucio (2005, p. 19) destaca que o livro antigo produzido em rolo ou volume,
consistia em:
[...] uma longa faixa de papiro ou pergaminho que o leitor segurava com as
duas mãos durante a leitura. Os textos, manuscritos, eram dispostos horizon-
talmente no rolo e distribuídos em colunas. O leitor desenrolava o texto com
a mão direita e enrolava as partes lidas com a mão esquerda. Tal suporte
acarretava diversas limitações para os atos de escrever e de ler. É difícil ima-
ginar um escritor de rolo produzindo seus textos e segurando o rolo de papiro
ao mesmo tempo.

A produção de uma obra em rolo de papiro ou pergaminho demandava a atuação de


dois profissionais: o escritor e o escriba: Ao escritor cabia pensar, refletir, comparar, estudar
e criar o conteúdo das obras, enquanto o escriba era responsável por copiar manuscritos ou
textos ditados pelos escritores. Percebemos certa dependência dos autores em relação ao
escriba, pois aqueles ficavam limitados, restritos e com pouca mobilidade durante o ato de
escrever, uma vez que o rolo era um suporte textual pouco prático, que demandava que os
escritores mobilizassem suas duas mãos para segurá-lo. Neste aspecto, o ato de consultar
e comparar várias obras durante o processo de escrita era uma tarefa árdua e praticamente
impossível, dada a dificuldade em ler durante a escrita ou fazer anotações durante a leitura.
Com isso, a escrita e a leitura tornavam-se atos praticados separadamente, sendo funda-
mental a participação do escriba (DI LUCIO, 2005).
Chartier (1999, p. 24) destaca as limitações e restrições enfrentadas pelo escritor
da Antiguidade:
[...] um autor não pode escrever ao mesmo tempo em que lê. Ou bem ele lê, e
suas mãos são mobilizadas para segurar o rolo, e neste caso, ele só pode ditar
a um escriba suas reflexões, notas, ou aquilo que lhe inspira a leitura. Ou bem
ele escreve durante sua leitura, mas então ele necessariamente fechou o rolo
e não lê mais. Imaginar Platão, Aristóteles ou Tito Lívio como autores supõe
imaginá-los como leitores de rolos que impõem suas próprias limitações.

Diferentemente do rolo de pergaminho ou de papiro, o códice era um veículo de


escrita composto de folhas dobradas costuradas ao longo de uma aresta. Considerado o
precursor do livro, o códice foi inicialmente utilizado como suporte para os textos cristãos e
posteriormente veio a suplantar o papiro também na veiculação de textos literários. Dentre
as vantagens apresentadas pelo códice destacam-se: “a pilha compacta de folhas podia ser
aberta na página desejada, dispensava desenrolar e reenrolar o texto, facilitava incorporar
diversas páginas de uma só vez e permitia escrever de ambos os lados da folha de forma
mais prática”, o que facilitava a produção de textos longos (CÓDICE, 2021, online).

UNIDADE II
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Noções Históricas
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O códice era formado por folhas de papiro dispostas em cadernos. As folhas
eram dobradas diversas vezes, configurando o formato do livro. Di Lucio (2005, p. 20) a
partir das afirmações de Chartier (1999) destaca que a construção do códice se dava da
seguinte maneira:
Os cadernos formados a partir das folhas dobradas eram montados, costu-
rados uns aos outros e finalmente encadernados. Tais cadernos substituíram
progressiva e inelutavelmente os rolos que até então carregavam a cultura
escrita. O códice, como nova materialidade da escrita, transformou profun-
damente as formas de lidar com o texto. Gestos impensáveis na era do rolo
tornaram-se hábitos, como escrever enquanto se lê, folhear uma obra, com-
parar duas ou mais obras abertas, localizar trechos a partir da paginação e
da indexação.

Para a autora, o códice proporcionou maior autonomia e liberdade aos escritores,


possibilitou o ato de ler e escrever simultaneamente e consultar e comparar diversas obras
durante esse processo. Isso porque o códice permite ser aberto sobre a mesa, ou segurado
com apenas uma das mãos enquanto fica livre para escrever ou fazer anotações. Desta
maneira os escritores de códices poderiam refletir, pensar, comparar e criar suas obras, de
forma autônoma, livre de interferências de outros profissionais da escrita.
Assim, o códice significou uma nova e atraente forma de lidar com a palavra
escrita, uma vez que era de fácil localização e permitia uma manipulação mais agradável
do texto, além de significar uma redução nos custos da fabricação do documento, pois
possibilitou a utilização dos dois lados da página, a redução das margens e a reunião
de um número maior de textos em volumes menores. A transição do rolo para o códice
representou uma evolução significativa, porém esse processo não ocorreu livre algumas
perdas, como o desaparecimento de textos, de trechos ou mesmo de documentos impor-
tantes da antiguidade (DI LUCIO, 2005).
A autora supracitada indica ainda outra evolução importante para o período, o apa-
recimento do ‘livro unitário’, constituído pela presença, no mesmo manuscrito, de obras em
língua vulgar produzidas por um único autor. Importante lembrar que antes do ‘livro unitário’,
as obras eram escritas em sua maioria por autoridades canônicas e cristãs em latim, o que
dificultava muito o acesso às obras literárias pelos leitores que somente dominassem a
língua vulgar daquele tempo.
Um fato que contribuiu significativamente para a democratizar o acesso às obras
literárias, foi a invenção da imprensa por Gutenberg. Essa invenção possibilitou a multi-
plicação dos textos a partir da técnica baseada nos tipos móveis e na imprensa. Tal fato
acelerou significativamente o processo de produção e reprodução de texto e alterou a
relação dos escritores e dos leitores com a cultura escrita, pois até então só era possível

UNIDADE II
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reproduzir um texto copiando-o à mão. Dessa forma, “a multiplicação de textos aliada à
redução dos custos de produção possibilitou a penetração da cultura escrita em setores so-
ciais tradicionalmente fora do mundo escrito” (DI LUCIO, 2005, p. 22). Entretanto, a cultura
impressa manteve vários elementos relacionados ao formato e a configuração da cultura
manuscrita, como por exemplo a distribuição do texto na superfície da página, os elementos
que permitem a identificação das diferentes partes e assuntos do texto, como a paginação,
as numerações, os índices e os sumários.
A cultura impressa fez surgir também novos profissionais da escrita, como os ti-
pógrafos, os impressores, os livreiros, os corretores e os editores. Assim, os escritores
produziam seus textos individualmente e posteriormente os enviava aos profissionais da
escrita. Os tipógrafos eram responsáveis pelas escolhas gráficas e ortográficas dos textos,
os impressores decidiam a composição tipográfica das páginas, já os corretores eram,
escrivães, graduados, professores e letrados contratados por livrarias e impressores para
realizar a correção do texto, ficando responsáveis por acrescentar letras maiúsculas, acen-
tos e pontuações aos textos que seriam impressos. Após a passagem pelos tipógrafos,
impressores e corretores, o livro era encaminhado ao livreiro, responsável pela comer-
cialização do material. Posteriormente um novo profissional passa a integrar o ciclo de
produção do livro, o editor, responsável pela mediação cultural, por buscar textos, encontrar
autores e controlar todo o processo de reprodução e distribuição da obra. (DI LUCIO, 2005).
Para Chartier (2002) a transição do rolo ao códice alterou significativamente também
as relações dos leitores com os textos lidos, pois a leitura do rolo era contínua, sequencial,
mobilizando as duas mãos para segurar o rolo. Desse modo, o leitor não tinha a liberdade
para transportar o rolo ou lidar com o texto. A leitura também se dava predominantemente
em voz alta, ou seja, o leitor lia para si e para os outros, buscando comunicar o conteúdo
do texto para quem não conseguia decifrá-lo. Vale lembrar que na antiguidade o ato da
leitura associava texto, voz, declamação, escuta e compreensão. Dessa forma, o códice
favoreceu o surgimento da prática da leitura silenciosa, comum entre leitores letrados, de-
vido a possibilidade de ler uma quantidade maior de textos, mais rapidamente. Entretanto,
a leitura em voz alta ainda perdurou como prática frequente, uma forma de sociabilidade
familiar, erudita, mundana ou pública, conforme destaca Di Lucio (2005).
O mesmo autor destaca que o códice possibilitou a leitura fragmentada, mas com
percepção da totalidade da obra, visualizada pela sua própria materialidade, ou suporte,
o texto passou a correr verticalmente e o leitor tornou-se mais livre e participativo com a
possibilidade de colocar o códice diante de si sobre uma mesa ou segurando-o, transpor-
tando-o e fazendo anotações, ou seja, o com o códice o leitor passou a ter maior liberdade
e mobilidade durante a leitura.

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Liberdade essa que se acentuou significativamente com a invenção da imprensa
por Gutemberg quando os leitores puderam desenvolver comportamentos mais variados e
livres. Desse modo, os novos suportes textuais trouxeram não somente novas atitudes em
relação à leitura, como também, novas formas de compreender uma obra literária, pois “um
novo suporte implica uma nova forma de interpretar um texto, a partir de uma nova forma
de leitura” (DI LUCIO, 2005, p. 27).

SAIBA MAIS

Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, ou simplesmente Johannes Gu-


tenberg nasceu por volta de 1398, foi um inventor, gravador e gráfico do Sacro Império
Romano-Germânico. É o desenvolvedor do sistema mecânico de tipos móveis que deu
início à Revolução da Imprensa, um dos inventos mais importantes do segundo milênio.
Contribuiu significativamente para o desenvolvimento da Renascença, para a Revolu-
ção Científica e para o fortalecimento da economia moderna baseada no conhecimento
e na disseminação em massa da aprendizagem.
Sua invenção permitiu a produção em massa de livros impressos economicamente ren-
táveis para gráficas e leitores. Seu método marcou o aperfeiçoamento nos manuscritos,
revolucionando o modo de fazer livros na Europa. Sua obra maior, a Bíblia de Gutenberg,
foi aclamada pela sua alta estética e qualidade técnica.

Fonte: JOHANNES GUTENBERG. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation,

2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Johannes_Gutenberg&oldid=58938153.

Acesso em: 02 ago. 2020.

Quanto à interação entre escritor e leitor, Chartier (1999) destaca que esta era qua-
se inexistente, uma vez que tanto rolo de papiro quanto o códice restringia, sobremaneira,
o uso, intervenção e manuseio do texto. Para o autor, o leitor até poderia interagir com o
texto, mas essa interação se dava de forma parcial, limitada e quase clandestina. Quando
ocorria, se dava apenas nos espaços em branco deixados no texto, como margens, folhas
em branco ou contracapa.

UNIDADE II
I Biblioteca
Noções Históricas
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É mister considerar que além da transição de formato, rolo - códice, verifica-se
nesse período uma evolução no próprio suporte dos registros do conhecimento, passando
do papiro, considerado frágil para pergaminho e posteriormente para papel.
De acordo com Vieira (2010, p. 01) O papiro foi criado pelos egípcios, a partir da:
[...] parte interna, branca e esponjosa do caule do papiro –que é uma planta
da família das ciperáceas - cortado em finas tiras que eram molhadas,
sobrepostas e cruzadas para serem prensadas. Tem por data de sur-
gimento por volta de 2500 a.C. Este tipo de material é frágil, porém muitos
documentos que o utilizaram como suporte chegaram até os dias atuais.

FIGURA 1 - PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PAPIRO

Fonte: Vieira, 2010, p. 1.

Os pergaminhos eram mais resistentes. Fabricados a partir de peles de animais


por meio de um longo e lento processo de fabricação, o que tornava esse artefato escasso
e de alto custo. Desse modo, “[...] para obtenção dele, alguns mosteiros fabricavam seus
próprios pergaminhos que eram feitos pelos monges ou pessoas que moravam perto dos
monastérios (ALVES e SALCEDO, 2017, p. 505).
Já o papel foi criado por volta do ano 105 a.C pelos chineses, com nome original é
“papyrus”, fabricado a princípio como um papel de seda próprio para pintura e para a escri-
ta, a partir de um processo de polpação de redes de pesca e de trapos e mais tarde com
o uso de vegetais. Apesar de ter sido desenvolvida bem antes, esta técnica chinesa ficou
guardada por séculos, somente a partir de 751 d.C. passou a ser difundida e desenvolvida
por outros povos, porém ainda por meio de um processo manual (VIEIRA, 2010).

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A autora supracitada destaca que com o passar do tempo e a difusão de sua técni-
ca entre as diferentes civilizações, o papel tornou-se o principal suporte para o registro de
informações e meios de comunicação entre duas ou mais partes. Ao longo dos séculos sua
produção e demanda foram superdimensionadas tanto pelo aumento da população quanto
pelo desenvolvimento da imprensa e a aceleração da produção e reprodução de documentos.
É importante considerar que cada suporte tem suas características, suas espe-
cificidades e funcionalidades que certamente influenciam tanto no comportamento do
escritor quanto do leitor.
É imponderável considerar também que concomitantemente à transição de forma-
to, de rolo para códice, houveram mudanças em relação à matéria prima utilizada para a
fabricação dos diferentes suportes, que transitou entre o barro ou argila, fibras, peles e
ossos de animais e celulose (retirada da madeira). Essas mudanças ampliaram signifi-
cativamente a capacidade de produção desses suportes, que por sua vez subsidiaram a
crescente produção de diferentes obras do período.

REFLITA

Vocês já perceberam o quanto os suportes dos registros de informação evoluíram? Ve-


jam, o homem iniciou seus registros com as artes rupestres realizadas nas cavernas das
antigas civilizações, depois evoluiu para os rolos papiro e pergaminho, códice e o livro. E
quanto aos suportes da informação em meio eletrônico, já imaginaram o quanto evoluí-
mos? Passamos pelos cartões perfurados, microfilmes, disquetes, cds, dvds, pendrives
e hoje temos os suportes remotos, ou armazenagens em nuvens. Percebam o quanto
essa evolução esteve atrelada ao desenvolvimento social, científico e tecnológico da
humanidade e o quanto cada transição significou para a aceleração dos processos de
registros e processamento da informação.

Fonte: As autoras (2021).

Finalizamos este item ressaltando que o papel se difundiu sobremaneira entre dife-
rentes sociedades e ainda tem significativa presença entre os suportes para os processos
registrais, mesmo com toda tecnologia desenvolvida para virtualização e digitalização da
informação e da comunicação. Vieira (2010) destaca que na atualidade o papel continua
sendo muito utilizado, porque o acesso ao seu conteúdo não depende da existência de uma
máquina para decodificar e processar o conteúdo do documento.

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2. IMPORTÂNCIA HISTÓRICO CULTURAL DA LEITURA

Caros(as) Alunos(as),

Neste tópico veremos o quanto a habilidade de leitura, desde as sociedades antigas


e medievais, contribuiu para o desenvolvimento da humanidade por meio da socialização e
disseminação do conhecimento.
Como vimos na antiguidade e na idade medieval, a leitura esteve restrita a poucos.
Era símbolo do poder e do status de quem a praticava. Somente ao final da idade média e
início da renascença com o crescimento das universidades e das bibliotecas universitárias é
que essa prática se ampliou a um maior número de pessoas, porém ainda longe de ser de-
mocratizada, considerando a parcela mínima da população que tinha acesso à alfabetização.
Mas afinal, o que podemos entender como leitura? Vejamos o que nos dizem alguns
autores sobre este importante conceito. Martins (2006, p. 24) enfatiza que:
Se o conceito de leitura está geralmente restrito à decifração da escrita, sua
aprendizagem, no entanto, liga-se por tradição ao processo de formação glo-
bal do indivíduo, à sua capacitação para o convívio e atuações sociais, políti-
ca, econômica e cultural. Saber ler e escrever para os gregos e romanos, sig-
nificava possuir as bases de uma educação adequada para vida, educação
essa que visava não só ao desenvolvimento das capacidades intelectuais e
espirituais, como das aptidões físicas, possibilitando ao cidadão integrar-se
efetivamente à sociedade, no caso à classe dos senhores, dos homens livres.

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MédiaRegistro 33
A autora supracitada complementa apontando que se na idade medieval o apren-
dizado da leitura era baseado em disciplinas rígidas e métodos analíticos de decorar o
alfabeto, soletrá-lo e depois decodificar palavras, frases e textos, hoje ainda prevalece a
prática formalista e mecânica que faz do ato de leitura uma simples decodificação de signos
linguísticos, embora se busque empregar métodos sofisticados e desalienantes, sem a
compreensão do porquê, como e para quê dessa prática, o que impossibilita a apreensão
de sua verdadeira função e papel na vida do indivíduo e da sociedade.
Numa perspectiva crítica, Freire (1989, p. 09) ressalta que a compreensão do ato de ler:
[...] não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem
escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura
do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não
possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade
se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por
sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

A partir dessa concepção, Britto (2006) compreende a leitura como um ato político
que engloba um conjunto de valores dispersos no seio da sociedade. Para o autor, “ler é uma
ação intelectiva, através da qual os sujeitos, em função de suas experiências, conhecimentos
e valores prévios, processam a informação codificada em textos escritos” (BRITTO, 2006, p.
84). Essa compreensão atribui à leitura o status de instrumento de transformação social.
Complementando, Cosson (2014, p. 36) destaca que:
[...] ler consiste em produzir sentidos por meio de um diálogo, um diálogo
que travamos com o passado enquanto experiência do outro, experiência
que compartilhamos e pela qual nos inserimos em determinada comunidade
de leitores. Entendida dessa forma, a leitura é uma competência individual e
social, um processo de produção de sentidos que envolve quatro elementos:
o leitor, o autor, o texto e o contexto.

Assim, a leitura pode ser considerada como “um processo de compreensão de ex-
pressões formais e simbólicas, não importando por meio de que linguagem”. Desse modo, o
ato de ler refere-se tanto ao que está escrito quanto a outras expressões do fazer humano,
o que o torna um acontecimento histórico que relaciona o leitor ao que é lido (MARTINS,
2006, p. 30, grifos do autor).
A autora supracitada, considera que a noção de leitura ainda está condicionada à
perspectiva de cultura letrada, à relação leitura - escrita, e alerta para a necessidade de
ultrapassar essa delimitação que impede de se incluir no processo de leitura uma série de
aspectos evidenciados pela realidade, além de elitizar este ato, reforçando-o como privilé-
gio. A mesma autora aponta que as concepções vigentes de leitura podem ser sintetizadas
em duas categorias:

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1) como uma decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio do
aprendizado estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta [...];

2) como um processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve


componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos,
bem como culturais, econômicos e políticos [...]. (MARTINS, 2006, p. 31).

É importante considerar que não se trata de compreender a leitura de uma ou


de outra forma, “ambas são necessárias, pois decodificar sem compreender é inútil; com-
preender sem decodificar, impossível” (MARTINS, 2006, p. 32). Nesta perspectiva, o leitor
assume o ativo papel de além de decifrar os sinais, dar sentido a eles e compreendê-los.
A mesma autora traz ainda uma concepção ampliada de texto, concebendo-o além do que
é escrito, englobando múltiplas outras linguagens, como a imagem, o sonoro, o gesto, o
acontecimento e o próprio mundo.
Como podemos perceber, a leitura está presente em nosso cotidiano, desde o mo-
mento em que começamos a compreender o mundo à nossa volta. Por isso torna-se crucial
para a aprendizagem, para se ampliar o vocabulário, torna-se um profissional mais capaci-
tado, desenvolver o olhar crítico, dominar a escrita, dinamizar o raciocínio e a interpretação.
Torna-se, por isso, uma habilidade fundamental para que o indivíduo possa compreender a
realidade e os aspectos que a compõem (SILVA e AGUIAR, 2013).
Finalizamos nosso tópico, enfatizando que desde as antigas civilizações, a “leitu-
ra constitui-se como base essencial ao conhecimento, [...] sendo também imprescindível
para a formação cultural e aprimoramento social do homem”, conforme apontam Gomes et
al. (2013, p. 01). Os mesmos autores destacam que o bibliotecário, enquanto profissional
deve atuar em prol da cultura, educação e formação do senso crítico, assumindo, além de
suas atividades técnicas, a função de mediador e/ou multiplicador de informações, envol-
vendo-se na criação de atividades socioculturais de promoção da leitura, disseminação e
apropriação da informação.

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REFLITA

Neste tópico vimos a importância da leitura para produção e socialização do conheci-


mento, para formação cultural e aprimoramento social do homem. Sabemos que o Brasil
de modo geral tem apresentado baixa estatística de leitura anualmente, diante desse
contexto, como você acredita que o bibliotecário possa contribuir para mudar essa rea-
lidade? Quais ações podem ser empreendidas?

Fonte: As autoras (2021).

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3. BIBLIOTECAS MEDIEVAIS

Caros(as) Alunos(as),

Neste item conheceremos as principais características das bibliotecas medievais,


já vimos que na antiguidade as bibliotecas eram vistas apenas como depósitos de livros,
restrito a poucos. E não como um espaço de disseminação e socialização do conheci-
mento, da cultura e da memória. Essa visão moderna de biblioteca é resultado de uma
evolução histórica, atrelada ao próprio desenvolvimento da sociedade e ao reconhecimento
dos direitos humanos e da cidadania.
Na antiguidade, as bibliotecas se preocupavam apenas em armazenar a maior
quantidade de rolos de papiro e, posteriormente, pergaminho atribuindo status e poder aos
seus imperadores nas regiões onde se encontravam. Estas bibliotecas reuniam escritos de
intelectuais gregos, romanos e egípcios, porém com sistemas precários de recuperação e
acesso. A biblioteca de Alexandria é um exemplo das bibliotecas desses períodos continham
milhares de volumes (MARTINS, 2001).
Já na Idade Média, a igreja tornou-se o centro da vida social e econômica. A socie-
dade estava dividida em três grupos: a) o clero que detinha o monopólio do conhecimento;
b) a nobreza e os militares que sofriam preconceito quanto ao gosto pela leitura; c) a plebe
que não tinha interesse por esta. Desse modo, mesmo a escrita tendo sido desenvolvida
na pré-história, a tradição oral prevalecia na sociedade medieval e as bibliotecas ficavam
restritas ao clero, e com difícil acesso, a alfabetização escrita era um privilégio apenas da
população culta e dos clericais (MCGARRY, 1999).

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Na Idade Medieval os suportes de informação passaram por modificações. Como
vimos, os rolos de pergaminho foram substituídos por folhas que eram costuradas em sua
margem, formando o códice, suporte parecido com o livro. As bibliotecas encontravam-se
dentro dos mosteiros e o acesso ao material era restrito aos pertencentes às ordens religio-
sas ou pessoas que fossem aceitas por estas. A consulta às obras eram rigorosamente con-
troladas, pois algumas delas eram consideradas de natureza profana. Importante lembrar
que o trabalho dos escribas que se ocupavam com a transcrição de manuscritos clássicos
era igualmente controlado (MORIGI e SOUTO, 2005).
No Oriente Próximo, região da Ásia próxima ao mar Mediterrâneo, as bibliotecas
monásticas eram chamadas de bibliotecas bizantinas, também mantidas por monges,
porém com um controle menos rígido, o que causava de acordo com Martins (2001) uma
maior e mais fácil contaminação profana. Nesse período também existiam algumas biblio-
tecas particulares mantidas por imperadores. Parte dessas bibliotecas eram curiosamente
carregadas em viagens como parte da bagagem (MARTINS, 2001).
No período medieval surgiram também as bibliotecas universitárias, ainda liga-
das às ordens religiosas, mas com conteúdo ampliado para além da religiosidade. Estas
bibliotecas começam a se aproximar do conceito atual de biblioteca como espaço de
acesso e disseminação democrática de informação. À medida que aumentava o número
de estudantes universitários, crescia também a produção intelectual. Os livros ainda ma-
nuscritos, eram de difícil reprodução para o estudo. Com a decadência da idade média
e o surgimento do Renascimento, difundiu-se na Europa a tecnologia dos tipos móveis,
criada por Gutenberg, conferiu maior acessibilidade aos livros, já em papel e impresso.
Tal tecnologia configurou-se como um “estímulo ao conhecimento das letras e à absor-
ção de conhecimento.” (MILANESI, 2002, p. 25). Dessa forma, à medida em que se lia,
mais se produzia conhecimento e se ampliavam as possibilidades de novos estudos. Um
exemplo de biblioteca universitária com origens nas ordens eclesiásticas, é a biblioteca
da Universidade Sorbonne de Paris (MORIGI e SOUTO, 2005).
Cabe ressaltar, portanto, de acordo com os autores supracitados, que os livros
dessas bibliotecas permaneciam presos a correntes fixadas em sua encadernação, longas
o suficiente para permitir o seu transporte até a sala de leitura. Esse fato retrata o caráter
ainda sagrado da biblioteca, com tradições que limitavam o acesso pelos leitores.
Com o passar dos tempos e o avançar da renascença e da ciência começa-se
a desmistificar as posições impostas pela Igreja e a direcionar as preocupações ao ser
humano, considerando suas dimensões e necessidades. Muda-se, portanto, a concepção

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MédiaRegistro 38
de vida do teocentrismo para o antropocentrismo, impulsionados pelo crescimento demo-
gráfico e a difusão da escrita e do papel. Com isso, a biblioteca universitária passa a ter
mais espaço, autenticidade e autonomia nas suas ações de democratização da informação
(MORIGI e SOUTO, 2005, p. 02).
Santos (2012) apoiado na obra de Martins (2001), destaca três tipos de biblio-
tecas características da Idade Média: a) as bibliotecas monacais, desenvolvidas dentro
dos mosteiros e abadias; b) as bibliotecas particulares, pertencentes, em sua maioria, aos
imperadores da época e c) as bibliotecas universitárias, que se estabelecem na transição
entre a idade média e o Renascimento. Nesse período, “as bibliotecas não tinham um cará-
ter público e serviam apenas como um depósito, sendo mais um local em que se escondiam
os livros do que um lugar para preservá-los e difundi-los”, uma vez que esses ficavam em
armários embutidos na parede e havia um grande medo de roubos de obras preciosas
(SANTOS, 2012, p. 176).
A Idade Média também foi um período em que o livro foi alvo de perseguição e
censura, fato que levou algumas bibliotecas a terem seus acervos parcial ou totalmente
destruídos por conflitos ideológicos, incêndios, terremotos e inundações. Baéz (2004)
relaciona uma série de bibliotecas da época que foram destruídas total ou parcialmente,
por ataques diversos devido ao fato de seus acervos conterem conteúdos prejudiciais
aos interesses dos donos de terras, detentores do poder político na época. Ou ainda
pela proibição da igreja, ao acesso a determinados livros, cujo conteúdo era considera-
do imoral. Desse modo:
A perseguição a certos livros foi um dos capítulos mais infames da histó-
ria. Enumero a seguir alguns dos incidentes mais conhecidos. A rebelião
dos camponeses em 1381, na Inglaterra, caracterizou-se por uma obsessão
doentia contra livros e documentos. Os rebeldes não eram ingênuos: procu-
ravam livros ou textos que contivessem frases prejudiciais aos interesses dos
donos das terras. Confiscados os livros, destruíam-nos. (BAÉZ, 2004, p. 114).

O Quadro 1 abaixo, relaciona uma série de bibliotecas destruídas na época.

QUADRO 1 - BIBLIOTECAS DESTRUÍDAS NO PERÍODO MEDIEVAL

Biblioteca Perda
Biblioteca de Monte Cassiano Queimada Totalmente após Ataques
Biblioteca do Conde Laurêncio Chegou ao fim após a morte do seu proprietário
Biblioteca Al Hakam Queimada após a morte do seu proprietário
Biblioteca Pico delia Mirandola Queimada Totalmente após a morte do seu pro-
prietário
Biblioteca Alamut Destruída Totalmente em Ataque
Biblioteca Gregório I Destruída numa Inundação

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Biblioteca Fulda Destruída Totalmente em ataques
Biblioteca Glastonbury Queimada Parcialmente
Biblioteca do mosteiro de Megapisleon Queimada Totalmente duas vezes
Biblioteca da igreja de Todos os Santos Queimada Totalmente
Biblioteca Cantuária Queimada parcialmente
Biblioteca Eustácio Bolas Queimada Totalmente
Biblioteca de Alexandria Três hipóteses para as destruições: terremotos,
negligência e ataques bárbaros.

Fonte: Adaptado de: Fernandes, 2017, p. 36.

A partir desses fatos, Santos (2012) destaca que a Idade Média foi um período
sombrio para as bibliotecas, pois além dos ataques e catástrofes naturais sofridas fre-
quentemente, os recursos necessários para adquirir e preparar o pergaminho tornaram-se
caros e escassos. Situação que levou muitas bibliotecas a definharem e até desapare-
cerem. Mas, nem tudo foi perdido! Mesmo com todas essas adversidades, os grandes
mosteiros mantiveram o Scriptorium, espaço caracterizado como uma oficina de copistas
em que o trabalho era distribuído aos monges. O trabalho de sucessivas reproduções de-
senvolvidas nestes espaços contribuiu significativamente para salvar importantes obras
cristãs e da Antiguidade.
A Idade Média foi marcada também por significativas mudanças intelectuais e
sociais que impulsionaram criação das universidades e por conseguinte as bibliotecas
universitárias, pois:
[...] com o número crescente de novas universidades, de estudantes e tam-
bém de textos prescritos para estudo, criou-se uma demanda de livros sem
precedentes. Isso podia ser resolvido simplificando e barateando os custos
de produção dos livros, porém, mesmo assim estes ainda demandavam mui-
tos recursos. Uma das soluções encontradas foi abrir as portas das bibliote-
cas existentes (PEREZ-RIOJA, 1952 apud SANTOS, 2012, p. 185).

Ao final do século XIII, as Universidades fundam suas próprias bibliotecas, muitas


a partir de doações advindas de bibliotecas particulares, a exemplo da Universidade de
Paris, Sorbonne Université, que recebeu uma significativa doação de Robert de Sorbon,
teólogo francês, capelão de Luís IX da França. Outro importante fato que corroborou para a
criação de bibliotecas no período foi a “crescente onda de leigos ricos e instruídos, nobres
e mercadores para quem o patrocínio do saber e a posse de belos livros eram manifestação
de status social, o que, no Renascimento será uma característica primordial” (BATTLES,
2003 apud SANTOS, 2012, p. 185).
Finalizamos nossa unidade destacando então que as evoluções ocorridas no
período medieval, em especial a criação das universidades, foram fundamentais para sur-
gimento da figura do bibliotecário, pois de acordo Martins (2002) foi a partir da criação das
bibliotecas universitárias que esse profissional aparece como o organizador da informação
e no Renascimento, consolida-se como disseminador do conhecimento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caros(as) Alunos(as),

Nesta unidade conhecemos a evolução dos registros conhecimento na era medie-


val. Vimos como se deu a transição entre os diferentes formatos dos suportes da escrita, em
especial entre os rolos de papiro, pergaminho e o códice e também as diferentes matérias
primas e processos de fabricação desses suportes. Observamos que a evolução da socie-
dade demandou e também favoreceu o desenvolvimento e aceleração da produção desses
suportes para subsidiar a crescente produção e registro de informações para diferentes
finalidades na sociedade.
Em relação à importância histórica e cultural da leitura verificamos o quanto esta
contribuiu e vem contribuindo para disseminação dos diferentes saberes entre as gerações,
para apropriação da informação e criação de novos conhecimentos.
Quanto às bibliotecas medievais, constatamos que elas, ainda como na antiguida-
de, atuavam apenas como depósito de livros, com acesso restrito a poucos. Vimos ainda
que as bibliotecas representavam nessa época, o poder e o status de quem as possuía,
a ponto de se tornarem alvo de perseguição, censura e até de destruição em caso de
conflitos entre as civilizações.
Ao final percebemos que embora a idade média tenha sido considerado sombrio,
tendo em vista as dificuldades e os ataques sofridos pelas bibliotecas, esse período tam-
bém é marcado por significativas evoluções seja pela transição do rolo de papiro para o
códice, que facilitou e acelerou tanto a produção e leitura dos textos, seja pelas significa-
tivas mudanças intelectuais e sociais que impulsionaram criação das universidades e das
bibliotecas universitárias, representando o início da abertura desses espaços para o acesso
e disseminação democrática de informação.

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LEITURA COMPLEMENTAR

História do Livro: o Códice e o Pergaminho

Ao longo da Antiguidade Ocidental, assim como no início da Era Cristã, o papiro


continuou a ser o material mais utilizado para a escrita, com várias folhas coladas e enrola-
das para formar um volume.
Os primeiros séculos de nossa era viram acontecer duas importantes mudanças: a
adoção do pergaminho, feito de peles de animais, como suporte (superfície) para a escrita,
e a substituição do rolo pelo códice (do latim “codex”, bloco de madeira), que deu ao livro
o formato mais conhecido em nossos dias: folhas coladas ou costuradas em cadernos,
guarnecidas de capas mais resistentes.
A mudança de formato aconteceu gradualmente entre os séculos I e V de nossa
era, acompanhando a crise nas estruturas do Império Romano, que vinha causando uma
diminuição no número de pessoas letradas. Ao mesmo tempo, o Cristianismo se fortalecia.
O estabelecimento de uma cultura escrita em muito se deveu à Igreja Cristã, à qual eram
ligados praticamente todos os homens de estudo.
Um dos marcos da cultura cristã e também da história do livro é a publicação da
Vulgata, a Bíblia latina produzida por Jerônimo (347 – 420) entre o final do século IV e o iní-
cio do século V de nossa era. O autor deixou escritos que fornecem preciosas informações
sobre a produção dos livros na época, além de questões como a da autoria, autenticidade,
edição e difusão das obras. Foi canonizado em 1767 e, não à toa, tornou-se o padroeiro dos
bibliotecários, arquivistas e tradutores.
Para Jerônimo e outros estudiosos da época, o formato códice apresentava
muitas vantagens em relação ao rolo: ocupava menor lugar nas bibliotecas, tinha maior
capacidade de armazenamento de texto e era mais legível. Além disso, o novo formato
facilitava o trabalho dos tradutores e copistas, pois tornava possível a paginação, os
índices, o estabelecimento de concordâncias e a comparação entre trechos de diferentes
exemplares. A aceitação foi tão grande que, a partir do século II, todos os manuscritos
da Bíblia encontrados são códices, bem como a quase totalidade de textos bíblicos e de
matéria religiosa dos séculos II-IV.
Nessa época, a maior parte dos livros era de papiro -- um material frágil, que se
rasgava ou se soltava facilmente das amarras e cuja produção se restringia a lugares dis-
tantes, como o Egito e a Ásia Menor. Era necessário encontrar um substituto, e este viria a

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MédiaRegistro 42
ser o pergaminho, assim chamado como referência a Pérgamo, uma cidade grega localizada
na antiga Turquia. Ali, por volta do século II a. C., existiu uma grande biblioteca, bem como um
centro de produção do suporte de escrita obtido a partir das peles de certos animais.
O pergaminho era geralmente feito da pele de vacas, ovelhas e cabras – estas
foram empregadas principalmente na Itália –, mas outros animais foram ocasionalmente
usados. O preparo era feito em etapas nas quais a pele era sucessivamente mergulhada
em água corrente, raspada, mergulhada numa solução de óxido de cálcio, lavada, esticada
numa armação, raspada com uma ferramenta em forma de foice e, por fim, esfregada com
pedra-pomes, pastas à base de cálcio e outras substâncias. Esse processo resultava num
produto resistente e durável, fosse qual fosse a sua espessura: desde o velino, obtido
a partir de animais recém-nascidos e extremamente delicado, até os pergaminhos mais
grossos usados como encadernação ou para a confecção de mapas e diplomas.
Apesar de todas as vantagens sobre o papiro – que continuou a ser usado até os
séculos VII e início do VIII --, o pergaminho era um material caro, o que obrigava os escribas
e estudiosos a se valerem de artifícios como a reutilização. Daí resultaram os chamados pa-
limpsestos, pergaminhos em que a escrita original foi apagada para receber um novo registro.

Fonte: BIBLIOTECA NACIONAL. História do Livro: o Códice e o Pergaminho. 23 maio. 2020. Dispo-

nível em: www.bn.gov.br/acontece/noticias/2020/05/historia-livro-codice-pergaminho#:~:text=O. Acesso em:

28 nov. 2021

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LEITURA COMPLEMENTAR

A Importância da Leitura

Daniela Diana

Tanto a leitura quanto a escrita são práticas sociais de suma importância para o
desenvolvimento da cognição humana.
Ambas proporcionam o desenvolvimento do intelecto e da imaginação, além de
promoverem a aquisição de conhecimentos.
Dessa maneira, quando lemos ocorrem diversas ligações no cérebro que nos per-
mitem desenvolver o raciocínio. Além disso, com essa atividade aguçamos nosso senso
crítico por meio da capacidade de interpretação.
Nesse sentido, vale lembrar que a “interpretação” dos textos é uma das chaves
essenciais da leitura. Afinal, não basta ler ou decodificar os códigos linguísticos, faz-se
necessário compreender e interpretar essa leitura.

Os benefícios da leitura

Muitos são os benefícios que a leitura proporciona: desenvolvimento da imagina-


ção, da criatividade, da comunicação, bem como o aumento do vocabulário, conhecimentos
gerais e do senso crítico.
Além desses benefícios, com a leitura exercitamos nosso cérebro, o que facilita a
interpretação de textos e leva à maior a competência (habilidade) na escrita.
Ao ler o indivíduo adquire maior repertório, ampliando e expandindo seus horizontes
cognitivos. Além disso, estudos apontam que o ato de ler é muito prazeroso na medida em
que reduz o stress ao mesmo tempo que estimula reflexões.
Por esse motivo, a leitura deve ser incentivada desde a educação primária. In-
centivar os filhos pequenos em casa e criar hábitos são chaves importantes para que as
crianças desenvolvam o gosto pela leitura. Uma dica é levá-los nas bibliotecas, livrarias ou
mesmo contar histórias para eles.
Para o escritor brasileiro Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”.

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MédiaRegistro 44
Você sabia?
Do latim, a palavra “leitura” (lectura), significa eleição, escolha.
A evolução da leitura

Com a invenção da Imprensa (Tipografia), em 1455, pelo inventor alemão Johannes


Gutenberg (1398-1468), o ato de ler (anteriormente divulgado por manuscritos), expandiu-se ra-
pidamente. Junto a isso, proporcionou maior difusão e produção de conhecimentos no mundo.
Com a globalização e a aceleração das transformações comunicacionais e digitais
da modernidade (televisores, computadores, celulares, etc) o ato da leitura foi cada vez
mais adquirindo um lugar secundário.
Todavia, tal seja a importância da leitura no mundo, a expansão tecnológica propor-
cionou outras formas de leitura, por exemplo, os famosos e-books.

A leitura no Brasil
Estudos apontam que no Brasil a média de leitura dos brasileiros é de 1 livro por
ano. Esse dado nos deixa numa das posições baixas em relação a outros países da América
Latina. Na Argentina, por exemplo, a média anual é de 12 livros por habitante.
Essa realidade torna-se mais clarificada quando pensamos no problema do
“analfabetismo funcional”. Ou seja, o conhecimento do código linguístico unida à limitada
capacidade de interpretar os textos. Esse é um dos principais problemas da educação no
país, e, portanto, as estatísticas assustam.

Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -


IBGE (censo 2010), cerca de 20% da população brasileira é considerada analfabeta funcional.
Nesse panorama, destaca-se a região nordeste, com aproximadamente 30% da população.
Esse problema estrutural deve-se à precariedade do ensino público do país e à
falta de incentivos que apoiem o hábito e a importância da leitura nas escolas. No entanto,
diversos programas educacionais têm focado na leitura e na escrita.
Segundo a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda: “Um país rico é um país de leitores”.

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MédiaRegistro 45
Frases sobre a leitura

● “O estudo foi para mim o remédio soberano contra os desgostos da vida, não
havendo nenhum desgosto de que uma hora de leitura me não tenha consola-
do.” (Montesquieu)
● “A leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas
reflexões criadoras. Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos
adquire a preguiça de pensar.” (Albert Einstein)
● “Chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve.”
(Jorge Luis Borges)
● “Quem não lê, não quer saber; quem não quer saber, quer errar.” (Padre Antônio
Vieira)
● “A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhuma tela e nenhuma tec-
nologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional.” (Umberto Eco)
● “Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem
leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria
história.” (Bill Gates).

Fonte: DIANA, Daniela. A Importância da Leitura. Toda Matéria. Disponível em: https://www.todama-

teria.com.br/a-importancia-da-leitura/. Acesso em: 28 nov. 2021.

UNIDADE II
I Biblioteca
Noções Históricas
na IdadeSobre
MédiaRegistro 46
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: O que é biblioteca
Autor: Luís Milanesi.
Editora: Brasiliense.
Ano:1995
Sinopse: O livro aborda a história das bibliotecas enfatizando
desde as placas de argila dos povos assírios e babilônios à tec-
nologia dos computadores, de museus de livros à arma ideológica
de estado, muitas foram as características e funções atribuídas às
bibliotecas ao longo das histórias. nesse aspecto o livro propõe
que além de preservar a memória e organizar as informações, a
biblioteca dê ao usuário a possibilidade de também ele produzir
bens materiais.

LIVRO 2
Título: O que é Leitura
Autor: Maria Helena Martins.
Editora: Brasiliense.
Ano: 1997
Sinopse: O livro problematiza e amplia o conceito de leitura, afir-
mando que a concepção destas está normalmente restrita ao livro,
ao jornal. Lêem-se palavras, e nada mais, diz o senso comum. As
ciganas, contudo, dizem ler a mão humana, e os críticos afirmam
ler um filme. O fato é que, quando escapa dos limites do texto
escrito , o homem não deixa necessariamente de ler. Lê o mapa
astral, o teatro, a vida - forma a sua compreensão de realidade.
Sem conceitos estanques, antes de tudo este livro é um convite a
reflexão sobre as potencialidades dessa prática.

UNIDADE II
I Biblioteca
Noções Históricas
na IdadeSobre
MédiaRegistro 47
LIVRO 3
Título: História universal da destruição dos livros: das tábuas
sumérias à guerra do Iraque
Autor: Fernando Báez.
Editora: Ediouro.
Ano: 2004
Sinopse: Apresenta as características das bibliotecas na idade
média e sua representação para sociedade da época. Aponta
ainda o quanto os espaços das bibliotecas foram alvos de perse-
guição e destruição, seja por conflitos ataques de opositores ou
por desastres naturais.
Link de Acesso: http://www.uel.br/cc/dap/wp-content/
uploads/2017/05/Hist%C3%B3ria-Universal-da-Destrui%-
C3%A7%C3%A3o-dos-Livros-Fernando-Baez.pdf

LIVRO 4
Título: A ordem dos livros
Autor: Roger Chartier.
Editora: Ediouro.
Ano: 2017
Sinopse: O livro discute as relações estabelecidas entre a huma-
nidade e o saber, entre a cultura e a massa, entre os livros e os
leitores. Ao argumentar que os artifícios de leitura dos sentidos de
um texto são infinitos como as possibilidades do conhecimento e
de propagação da cultura, o autor abre uma perspectiva de análise
da temática buscando reconhecer as modalidades diversas do
processo de «armazenamento do saber» nos livros e sua interação
entre as identidades dos leitores e a arte de ler. Este estudo também
objetiva mostrar que os livros, na condição de “realidades físicas do
saber disperso”, são objetos cujas formas estão em estreita ligação
com a noção de mundo dos leitores, cada dia mais plural, devido
principalmente ao advento da informática e suas vastas possibilida-
des de aquisição do conhecimento a partir da leitura.

FILME/VÍDEO
Título: O escriba
Ano: 2017.
Sinopse: O papel do escriba no Antigo Egito e curiosidades sobre
essa profissão. Autoria e produção.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=nzOUfCEa-
Gws

UNIDADE II
I Biblioteca
Noções Históricas
na IdadeSobre
MédiaRegistro 48
FILME / VÍDEO
Título: Uma breve história sobre as grandes bibliotecas da antiguidade.
Ano: 2021
Sinopse: Descreve as grandes bibliotecas da idade média.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=ibm31ei2nrM

FILME / VÍDEO
Título: O scriptorium de um mosteiro medieval
Ano: 2016.
Sinopse: Cena extraída do Filme “ O nome da Rosa” que ilustra o
scriptorium, ou seja, o local onde os monges copistas trabalhavam
nos mosteiros medievais.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=9TJR-TtfZF0

FILME / VÍDEO
Título: Importância da Leitura - Brasil Escola
Ano: 2019.
Sinopse: No vídeo é destacado os tipos de leitura: decodificação,
inferência e senso crítico.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=s0_Vt-
JHwbpg

UNIDADE II
I Biblioteca
Noções Históricas
na IdadeSobre
MédiaRegistro 49
UNIDADE III
A Evolução do Tratamento
da Informação
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira

Professora Ma. Lucilene Aparecida Francisco

Plano de Estudo:
● Surgimento do Papel;
● História e evolução da Imprensa;
● Gestão de documentos;
● Biblioteca na era Industrial.

Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar sobre as origens do papel e a importância deste
para a história da civilização;
● Historicizar sobre a imprensa e a sua evolução;
● Contextualizar sobre a gestão documental: características,
princípios e procedimentos;
● Identificar o papel da biblioteca na era industrial.

50
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a)!

Você já parou para pensar como você sobreviveria sem o uso do papel? Pois bem,
o papel é imprescindível em nossas vidas, ele está presente no dia-a-dia do ser humano e
sua utilização é ampla e diversificada: auxilia com igual significância desde as necessidades
básicas até as intelectuais. Dada a sua magnitude no convívio humano, convidamos vocês
a conhecer sobre o seu surgimento.
Desta maneira, faremos uma caminhada no túnel do tempo a fim de conhecer
o histórico do papel e da imprensa, de como esta evoluiu desde a descoberta dos tipos
móveis por Gutenberg até a era digital. Neste percurso, faremos uma viagem pela gestão
de documentos e encerraremos nosso destino refletindo como a biblioteca se comportou
na era industrial.
Temos certeza de que você está ansioso(a) para iniciarmos o trajeto, então vamos
adiante e boa leitura!

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 51


1. SURGIMENTO DO PAPEL

Olá!

Iniciamos nossa reflexão sobre a história do papel com as palavras de Moacir


Doctor, na contracapa do livro intitulado a Cultura do papel, publicado em 1999, o qual re-
trata com muita propriedade o que este elemento representa em nossas vidas da seguinte
maneira: “o papel é, na realidade, o outro do homem. A materialização do vazio necessário
onde o homem deposita seus sonhos, suas ideias, suas experiências e suas descobertas”
(DOCTORS, 1999, s/p).
O papel é uma das maiores invenções da humanidade; de todos os suportes de es-
crita que o antecederam é o que sobreviveu no decorrer dos tempos, ultrapassou gerações
e até hoje é nosso grande companheiro. Conforme explicita Doctors (1999, s/p):
Atrelado à escrita alfabética e à técnica (com a invenção dos tipos móveis),
o papel, na forma livro, adquiriu uma dimensão que fez com que o homem
se desprendesse mais intensamente da imediatez do mundo, lançando-o em
um universo mediatizado pela cristalização do saber. Esse universo é todo
povoado por palavras, a ponto de nos esquecermos de que é o branco - o
vazio do papel - que nos permite a leitura.

Então, apesar de fazermos uso do papel em momentos significativos de nossas


vidas, o utilizamos de forma mecânica e, na maioria das vezes, nem lhe damos o devido
valor. Assim, dada a importância que ele representa na sociedade, que tal conhecermos
sobre sua história? Vejamos!

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 52


Papel, etimologicamente é um vocábulo derivado do latim papyrus, o qual faz refe-
rência ao papiro, arbusto que cresce às margens do rio Nilo no Egito, de cuja entrecasca
se faziam folhas de papel para a escrita. Os egípcios o utilizavam na escrita por volta de
3000 a.C. Ele é uma “substância constituída por elementos fibrosos de origem vegetal, os
quais formam uma pasta que se faz secar sob a forma de folhas delgadas, para diversos
fins: escrever, imprimir, embrulhar etc.” (PAPEL, 2021, online).
É importante lembrar de que a escrita antecede a descoberta do papel, haja vista
que o homem sempre teve por intuito registrar seus feitos, seja por meio de pinturas, de
símbolos e da palavra. Rocha e Roth (2014, p. 04), mencionam que “a escrita foi inventada
antes do papel. E os homens, desde então, têm procurado no ambiente em que vivem, e de
acordo com seus modos de vida, o material ideal para escrever”. Frente ao exposto, o(a)
convidamos a fazer uma breve viagem os suportes de escrita que antecederam o papel.
Os egípcios queriam que seus monumentos se eternizassem e a pedra foi o suporte
escolhido por eles para escrever. Já os babilônios optaram pelo o barro, por ser mais fácil
para transportar e, além disso, os erros poderiam ser corrigidos. Ossos de baleia, concha e
cascos de tartaruga e dentes de foca, também foram usados para escrever, pelos homens
que moravam à beira do mar e nas regiões geladas, respectivamente. Peles de cabra
ou de camelo foram utilizados nos desertos. “Na Ásia usavam folhas de árvores, até de
palmeiras, e é por esse motivo que as nossas folhas de papel se chamam assim. Outros
materiais mais frágeis também foram utilizados, mas não duraram o suficiente para serem
conhecidos por nós” (ROCHA e ROTH, 2014, p. 06).
O primeiro material inventado especialmente para suporte da escrita foi o papiro.
Planta, cultivada no Egito e usada para fabricar diferentes artigos, tais como: sandálias,
cordas e embarcações, dentre outros. Os egípcios descobriram que cortando o caule
do papiro em fatias e emendando-as sobre pressão é possível formar uma folha que,
depois de seca, polida com pedras bem lisas se tornava um ótimo material para a escrita,
porém, de pouca durabilidade, especialmente, em regiões que o clima era frio e úmido.
Aí surgiu o pergaminho. Material mais durável que era feito de pele de bezerro, carneiro
ou cabra, a qual era submetida a um processo de raspagem e polimento, mas tinha como
desvantagem o custo. Seriam necessários 300 carneiros para a impressão da Bíblia de
Gutenberg (ROTH, 1982).
Tábuas de madeira cobertas de cera ou gesso, também foram utilizadas para a
escrita, especialmente, entre os povos gregos e os romanos. Rocha e Roth (2014, p. 09),
complementam que:

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 53


Metais como o chumbo, o cobre, o ferro, o ouro e a prata foram usados, na
forma de placas ou folhas. Até hoje as placas comemorativas lembram esse
uso. Os soldados romanos gravavam seus últimos desejos nas espadas e
armaduras, caso viessem a morrer em combate. Antes que Colombo chegas-
se à América, há quinhentos anos, os astecas e os maias faziam um tipo de
pano, o qual chamavam de “amatl”.

SAIBA MAIS

“Amatl” era um tipo de pano feito de cascas de árvores cozidas e amassadas com pe-
dras, sendo utilizado para fazer roupas, redes, cordas, cestas e até dinheiro. Os astecas
também faziam seus livros com esse material. Eram lindos livros ilustrados, em que eles
guardavam seus conhecimentos de Astronomia, Astrologia, Medicina, Matemática, além
de sua rica Literatura. Infelizmente esses livros, que eram muitos, foram destruídos, e
hoje só resta uma dezena deles.

Fonte: Rocha e Roth (2014)

É importante salientar que, de todos os materiais utilizados como suporte da escrita, o


papel foi soberano e a “história da civilização moderna foi escrita, em grande parte, não “sobre”
papel, mas “pelo” papel” (MARTINS, 2001, p. 10). Roth (1982, p. 20), corrobora de que:
todos os suportes empregados pelo homem antes do papel tinham, em comum,
algumas desvantagens: seu preparo era complexo, seu transporte e armaze-
nagem difíceis por seu peso e volume. Era necessário, assim, um material leve
e barato para substituir todos os outros meios de comunicação escrita.

O mérito da descoberta do papel é atribuído aos chineses. Inicialmente, eles es-


creviam sobre lâminas de bambu, depois inventaram o pincel de pelos, posteriormente a
tinta líquida e passaram a escrever sobre a seda. “A escrita com pincel e tinta sobre a seda
tornou o ato de escrever mais fácil, mais rápido e, por isso mesmo, muito mais constante.
Mas a seda é cara, e por isso foi preciso inventar um outro material que pudesse substituí-
-la” (ROCHA e ROTH, 2014, p.11).
Então no ano 105 (d.C.), T’sai Lun misturou cascas de amoreira, cânhamo, restos
de roupa e produtos que continham fibras vegetais, umedeceu e bateu tudo até a massa
formar uma pasta, peneirou e obteve uma camada fina a qual deixou para secar ao sol.
Após seca, a folha de papel estava pronta e era muito semelhante à seda, entretanto, mais
vantajosa por ter um custo mais barato.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 54


Fritoli, Krüger e Carvalho (2016, p. 477), complementam que:
O oficial da corte T’sai Lun, que em 105 d.C., durante uma estada em Pe-
quim, observou as vespas triturando fibras vegetais de bambu e amoreira,
obtendo uma pasta celulósica que era utilizada na construção dos ninhos.
Baseando-se no mesmo princípio utilizado pelos insetos, ele pilou as cascas
de amoreira, bambu e restos de rede de pescar até obter uma pasta úmida
que estendeu e colocou para secar: nascia, assim, a primeira folha de papel,
cujo princípio básico de produção permanece quase inalterado após quase
dois mil anos de sua invenção.

Os chineses mantiveram a confecção de papel em segredo até o século VIII, quan-


do eles invadiram a Coréia e de lá se propagou para o Japão. Entretanto, a técnica de
fabricação de papel ganhou notoriedade, entre os árabes, pois, no ano 751 d.C (século
VIII), os chineses invadiram a cidade de Samarcanda, sob o domínio árabe e foram derro-
tados e, nessa ocasião, alguns artesãos que conheciam a técnica de produção de papel
foram capturados e trocaram seu conhecimento pela liberdade (PALADINO, 1985). Dessa
maneira, a tecnologia da fabricação de papel deixou de ser um monopólio chinês.
A técnica de fabricação de papel se expandiu rapidamente entre os domínios
árabes: Bagdá e Cairo até que no século XI, chegou na Península Ibérica e, em 1100,
na cidade espanhola de Játiva ou Xativa surge o primeiro registro de moinho de papel
(LABARRE, 1970).
Em 1144, o papel chega na Espanha e mais dois séculos depois o “manuscrito
em papel” substitui o “manuscrito em pergaminho” (MARTINS, 2001, p. 12). É importante
salientar que na Europa a substituição da escrita sobre o pergaminho pelo papel demorou
alguns séculos, por conta da resistência oferecida pelas ordens religiosas que, no período,
detinham o conhecimento sobre a arte de escrever.
Nas palavras de Martins (2001, p. 12):
Juntamente com a pólvora, essa outra invenção chinesa, o papel é o grande
aríete do mundo renascentista que se anunciava, contra o mundo medieval
que sucumbia. A transformação seria feita, em grande parte, através do livro
e da palavra escrita: o papel é que se ia revelar, na verdade, a grande arma,
a arma mais perigosa, mais potente e de maior alcance já inventada pelo
homem.

O papel saiu da Espanha e percorreu os países da Europa: Itália, França, Inglaterra


e Holanda e até aos fins do século XVIII encontrou o seu destino, mas até este período a
fabricação do papel era totalmente manual. “Os moinhos de papel eram oficinas primitivas,
cujo se faziam as folhas uma a uma, em quantidades que ainda não chegavam para carac-
terizar uma indústria” (MARTINS, 2001, p. 12). Neste período, a técnica ainda precisava ser
aperfeiçoada. Até que no ano de 1798, Louis Robert, inventou a primeira máquina de fazer
papel e, a partir de então, passou a ser produzido em maior escala.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 55


REFLITA

Você já pensou o que é realmente uma folha de papel?

Fonte: As autoras (2021).

São com as palavras de Rocha e Roth (2014, p.13) que respondemos a este
questionamento, o papel “nada mais é que um emaranhado de bilhões de fibras vegetais
chamada celulose. Para se obter uma folha de papel, deve-se cozer, moer, molhar, peneirar,
prensar e secar as fibras”.
Os autores supracitados informam de que é possível fazer papel de qualquer es-
pécie de planta, tais como: varas de bambu, folhas de abacaxi, talos de bananeira e até
cascas de cebola, haja vista, de que todas contêm celulose.
No que diz respeito ao Brasil, o primeiro papel que se tem conhecimento é a carta
de Pero Vaz de Caminha, escrita em papel de linho holandês (ROTH, 1982). Motta e
Salgado (1971, p. 44), relatam que a primeira manufatura do papel no país está registrada
em um documento sob a guarda do Museu Imperial no qual o botânico Frei José Mariano
da Conceição Velozo informa ao dom Rodrigo Domingos de Souza Teixeira de Andrade
Barbosa, então ministro do príncipe regente Dom João, sua experiência na fabricação
de papel e lhe enviou uma amostra com seguinte mensagem: “O primeiro papel que se
fez no Rio de Janeiro, em 16 de novembro de 1809” (MOTTA e SALGADO, 1971, p. 44).
Segundo os referidos autores, a primeira fábrica de papel, instalou-se no país, no Rio de
Janeiro, por volta de 1810.
Atualmente, o papel é produzido em grande escala e a matéria-prima utilizada em
95% da produção nacional é a madeira reflorestada de pinus e eucalipto. Plantas que,
apesar de não serem nativas do Brasil, se desenvolvem rapidamente em solo brasileiro.
Agora que já conhecemos sobre a origem e a evolução do papel, que tal vermos o
meio pelo qual ele se imortalizou como principal material para a escrita! Então vamos adiante!

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 56


2. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA IMPRENSA

Caro(a) Acadêmico(a)!

No item anterior pudemos conhecer sobre a origem do papel e vimos que enquanto
suporte para a escrita ele substituiu com soberania os seus antecessores – o tablete de ar-
gila, o papiro e o pergaminho – entretanto, apesar de sua importância é a partir da imprensa
que ele se imortalizou. Que tal adentrarmos no mundo das prensas e nos tipos móveis que
deram “vida” ao papel? Pois bem, a imprensa agilizou a transmissão da comunicação, bem
como, possibilitou que grandes massas tivessem acesso ao conhecimento por meio dos
textos impressos que até a sua invenção era restrito a uma população privilegiada.
Historicamente, foi na China que se iniciaram os mecanismos rudimentares para
imprimir em papel. Bacelar (s/d), relata que por volta do final do século II, os textos eram
esculpidos, em relevo, em uma superfície, recebiam tratamento de tinta e as cópias eram
produzidas pela pressão da superfície sobre o papel. A partir do século VI, as técnicas de
impressão chinesas se sofisticaram. Inicialmente escrevia-se o texto em papel, ao qual se
aplicava com tinta fresca, “sobre uma superfície ou bloco de madeira com uma fina camada
de pasta de arroz, que absorvia a tinta. A parte da madeira, com o arroz sem tinta, era esculpi-
da em baixo relevo, produzindo, assim, a superfície para impressão” (BACELAR, s/d, online)
De acordo com o autor supracitado:

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 57


A obra impressa mais antiga conhecida é um rolo de papel com o Sutra do
Diamante, um texto budista, em chinês, impresso no ano 868, encontrado,
em 1900, por um monge, na Rota da Seda, em Dunhuang, na China. Tem
27,6 cm de largura por 499,5 cm de comprimento e foi impresso por uma
superfície de madeira (BACELAR, s/d, online).

Dois séculos mais tarde, em 1041, o alquimista chinês Bi Sheng inventou uma nova
maneira de imprimir mais eficaz. Ele cortou uma série de blocos de argila úmida e escreveu
em cada um deles um ideograma chinês e os queimou para endurecê-los. Na sequência
esses caracteres eram colocados em um suporte de ferro coberto com uma mistura de resina
terebintina, ceras e cinzas de papel, dispostos de forma a refletir o que seria impresso na
página. A chapa era aquecida levemente e, em seguida, resfriada a fim de endurecer o con-
junto. Depois da impressão a chapa era aquecida novamente e os caracteres eram retirados.
Também se encontram registros sobre técnicas de impressão exitosas em 1370
na Coréia, local em que foi impresso o texto budista Yukjodaesa Beopbo Dangyeong, uti-
lizando-se tipos móveis metálicos. Sete anos mais tarde, em 1377, neste mesmo país foi
impresso da mesma forma outro texto budista: o Jikji, os quais compõem, na atualidade, o
acervo do Museu Nacional da França.
Na Europa, a impressão, conhecida como xilogravura, chegou no século XIV. Essa
técnica utilizava talha de madeira e no início do século XV, foram publicados com este recurso
pequenos livros contendo textos religiosos e gramáticas de latim. Mas, foi a partir do século
XV, a invenção da imprensa de tipos móveis, desenvolvida na Alemanha por Gutenberg é que
permitiu a produção e reprodução de livros em escala nunca antes imaginada pela humanidade.
A máquina de imprensa foi desenvolvida pelo Johann Gutenberg entre os anos
de 1439 e 1440, a partir da confecção e combinação de símbolos moldados em chum-
bo, denominados de tipos móveis (símbolos gráficos: letras, números, pontos) que eram
passados em tinta à base de óleo de linhaça e impressos por meio de uma prensa que se
movimentava por uma barra de madeira (Figura 1).

FIGURA 1 – PRENSA CRIADA POR GUTENBERG

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 58


O sucesso de Gutenberg se deu a partir de seu primeiro livro impresso: a Bíblia e
cada página foi feita com duas colunas de 42 linhas cada. A esse respeito, Rodrigues (2013,
s/p) esclarece que:
a Bíblia de Gutenberg é o incunábulo impresso da tradução em latim da Bí-
blia, por Johann Gutenberg, em Mogúncia, também conhecida em português
como Mogúncia, Alemanha. A produção da Bíblia começou em 1450, tendo
Gutenberg usado uma prensa de tipos móveis. Calcula-se que tenha termi-
nado em 1455. Essa Bíblia é considerada o incunábulo mais importante, pois
marca o início da produção em massa de livros no Ocidente. Uma cópia com-
pleta desta Bíblia possui 1282 páginas, com texto em duas colunas; a maioria
era encadernada em dois volumes.

De acordo com Rossi (2001, p. 87), após a invenção da máquina de imprensa por
Gutenberg foram feitos mais livros em cem anos do que um passado de cinco mil, pois
o livro, até então artesanalmente confeccionado por longos e laboriosos pro-
cessos, passou a ser produzido de forma muito mais rápida, mudando a re-
lação das pessoas com o objeto, antes restrito praticamente ao ambiente
monástico, em que cabia aos monges copistas a tarefa de escrever à mão os
textos considerados importantes (ROSSI, 2001, p. 87).

SAIBA MAIS

Exemplares raros da Bíblia de Gutenberg, produzida no primeiro tipo móvel, século


XV, estão disponíveis em Gallica, a biblioteca digital da Biblioteca Nacional da França
(BNF), para leitura online e podem ser acessados de qualquer parte do mundo. É pos-
sível acessar os volumes, todos em latim, no seguinte link:

https://gallica.bnf.fr/services/engine/search/sru?operation=searchRetrieve&version=1.2&collapsing=disa-

bled&query=%28gallica%20all%20%22bible%20gutenberg%22%29%20and%20dc.relation%20all%20

%22cb35951126v%22&rk=42918;4

Fonte: As autoras (2021).

A grande motivação que Gutenberg teve para desenvolver a prensa de tipos móveis
foi o lucro que poderia obter com a nova tecnologia, entretanto, não tinha bens necessários
para investir, então contraiu empréstimos. No entanto, a produção da Bíblia impressa com
“uma tiragem de cerca de 300 exemplares em dois volumes, vendidos a 30 florins cada, ou
seja, cerca de três anos do salário de um sacerdote, não foi suficiente, apesar do sucesso
da sua invenção, para pagar as dívidas contraídas”. (BACELAR, 1999, p. 3). Com isso,
a sua oficina foi penhorada, as suas técnicas tornaram-se públicas e a propriedade dos
direitos comerciais relativos às Bíblias de Gutenberg foi transferida para os credores.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 59


Apesar da Bíblia ter sido o livro impresso que “oficializou” a invenção da imprensa,
foi a partir da Reforma Protestante, deflagrada por Martinho Lutero, em 1517, que o uso de
materiais impressos se popularizou.
Os panfletos luteranos, que começaram a ser veiculados em 1517, passaram
a ser rodados nas máquinas de imprensa (réplicas do modelo de Gutenberg)
dos vários principados alemães simpáticos à causa reformista. Essa dissemi-
nação dos escritos de Lutero por meio da imprensa começou uma revolução
sem precedentes na prática da leitura, haja vista que, antes disso, a demora
em se fazer uma cópia à mão de um documento era enorme. Com a impren-
sa, centenas eram feitas em um único dia (COMUNIDADE HEISENBERG,
2017, online).

Foi com a propagação em massa das cópias impressas das teses de Lutero que
desencadearam as discussões iniciais sobre “a ideia do papel da Igreja como único guar-
dião da verdade espiritual” (BACELAR, 1999, p. 03). As Bíblias passaram a ser impressas
em linguagens vernáculas, fato que alimentou as asserções da Reforma Protestante “que
questionavam a necessidade da Igreja para interpretar as Escrituras - uma relação com
Deus podia ser, pelo menos em teoria, directa e pessoal” (BACELAR, 1999, p. 03).
No Renascimento, a imprensa prosperou, proliferaram-se as universidades e os
jornais, bem como, houve uma verdadeira revolução cultural na Europa. No que concerne
às técnicas de impressão:
até ao século XIX, a tecnologia estabelecida por Gutenberg foi apresentando
alguns melhoramentos, mas no essencial mantinha as características dos
primitivos prelos do século XV. O fabrico de prelos em aço em vez de madei-
ra, movidos pela energia da máquina a vapor e a alimentação de papel em
bobine, em conjunto, contribuíram para o vertiginoso aumento da eficiência
da imprensa (BACELAR, 1999, p. 5).

Novos métodos mecânicos de fundição e composição de tipos móveis, alternativos


à composição manual, foram implementados no final do século XIX que contribuíram na
velocidade da produção. A partir de então, os processos foram se aperfeiçoando. Finda a
época da composição com ligas de metal fundidas, despejadas em moldes para produzir
letras, números e sinais e dá passagem à máquina de escrever, à tecnologia fotográfica, ao
tubo de raios catódicos e à tecnologia laser (BACELAR, 1999).

REFLITA

E no Brasil como será que se deu a chegada da imprensa? Vejamos!

Fonte: As autoras (2021).

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 60


O maquinário para a instalação da primeira imprensa no país veio juntamente com
a família real, em 1808 e, em 13 de maio desse mesmo ano, fundou-se no Rio de Janeiro,
a Impressão Régia, pelo Príncipe Regente Dom João. Alencar (1985, p. 86), tece sobre a
implantação da imprensa o seguinte comentário:
a administração dessa Impressão Régia coube a uma junta, que tinha a fun-
ção de examinar previamente todos os papéis e livros que seriam publicados.
Conforme o regimento, isto seria necessário para que nada se imprimisse
contra a religião, o Governo e os bons costumes.

O primeiro jornal publicado pela Impressão Régia foi a Gazeta do Rio de Janeiro,
lançado em 10 de setembro de 1808, cuja linha editorial tinha como interesse divulgar e di-
fundir os interesses da Coroa. Antes deste jornal, havia o Correio Braziliense, que começou
a circular de forma clandestina e independente, em junho deste mesmo ano. Este jornal
era impresso em Londres, por Hipólito José da Costa, ex-diretor da Imprensa Régia em
Portugal, perseguido e preso por suas atividades nas “Casas Maçônicas”.
Quanto à utilização das primeiras impressões com tipos móveis no país, há referên-
cias a uma tipografia que funcionou em Recife e outra no Rio de Janeiro, no ano de 1747,
mas logo foram fechadas por ordem de Portugal e, assim, a impressão ficou proibida no
Brasil. “A censura prévia no Brasil continuou até 1821, quando foi abolida pelo Príncipe Re-
gente D. Pedro. Infelizmente, a censura retornou em outras épocas do Brasil independente”
(BACELAR, s/d, online).
A imprensa brasileira seguiu seu caminho e nas palavras de Jardim e Brandão
(2014, p. 139), “o século XX é o marco de transição da imprensa no Brasil. A pequena
imprensa transforma-se em grande imprensa. As pequenas tipografias e os pequenos
jornais de estrutura simples cedem espaço às grandes empresas jornalísticas estruturadas
com equipamentos gráficos que permitem ser elevada a produção diária”. No século XXI, o
material impresso disputa espaço com as mídias digitais, mas sempre haverá espaço para
o material impresso, especialmente, livros e jornais.
Se de um lado com o advento da imprensa houve a democratização do saber, com
a produção de livros e documentos, em geral, em grande escala, por outro lado, exigiu
que a sociedade encontrasse formas de armazenar, preservar e difundir a informação e,
especialmente, gerenciar o conhecimento. Este assunto veremos no próximo item.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 61


3. GESTÃO DE DOCUMENTOS

Olá! Convidamos você a iniciar nossa reflexão sobre o conceito e significados do


documento. Então vejamos!
Documento é definido por Roncaglio (2015, p. 09), como “a unidade de registro de
informações, qualquer que seja o suporte ou formato”.
Registrar a informação para recuperá-la posteriormente é o objetivo principal de um
documento, pois como define Guinchat (1994, p. 41), “é um objeto que fornece um dado ou
uma informação. É o suporte material do saber e da memória da humanidade”. Se é algo tão
importante, é preciso gerenciá-lo de forma adequada, pois como ilustra Lima (2007, p. 276):
o ser humano sempre se preocupou, ao longo de toda a história, em de-
senvolver procedimentos e técnicas com a finalidade de analisar, registrar,
guardar e recuperar informações. A organização do conhecimento e a sua
representação tornaram-se cada vez mais urgentes, à medida que o volu-
me de informação aumentou. Atualmente, essa preocupação tem-se tornado,
cada vez mais, um grande desafio, já que as inúmeras e profundas mudan-
ças ocorridas no contexto da comunicação mundial e nas áreas de ciência e
tecnologia causaram um aumento extraordinário na produção e intercâmbio
da informação nas diversas áreas do conhecimento.

Realmente, organizar a informação de maneira adequada visando a sua recuperação


de forma rápida e precisa é um grande desafio por parte dos profissionais da informação,
pois “desde que se começou a registrar a história em documentos, surgiu para o homem
o problema de organizá-los” (SCHELLENBERG, 1973, p. 75). Nas palavras de Silva et al.
(2013, p. 28), “na realidade, ao longo dos tempos, o Homem sempre teve necessidade de
organizar os registros da sua atividade e de criar meios eficazes para aceder ao respectivo
conteúdo”. Foi preciso desenvolver técnicas de gestão documental, mas, o que isto significa?

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 62


De acordo com a Lei nº 8.159, de 08 de janeiro de 1991, a qual dispõe sobre a
política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências, em seu art. 3º
menciona:
Art. 3º Considera-se gestão de documentos o conjunto de procedimentos e
operações técnicas à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquiva-
mento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhi-
mento para guarda permanente (BRASIL, 1991, online).

Frente ao exposto, a gestão de documentos pode ser entendida como um con-


junto de processos implementados por uma instituição com o intuito de possibilitar o
arquivamento, o uso e a tramitação adequada dos dados a fim de recuperar a informação,
de forma eficiente e eficaz.
A gestão de documentos surgiu no final século XIX, entretanto, seu desenvolvimen-
to teórico e prático ocorreu a partir da Segunda Guerra mundial quando os Estados Unidos
e Canadá, a buscaram com o intuito de resolver os “os problemas relacionados aos gastos
crescentes, e problemas administrativos de utilização e armazenamento decorrentes do
crescimento extraordinário da produção e do acúmulo de documentos na administração
pública” (PARÁ, 2000, p. 01).
A partir desse contexto emerge o conceito das três idades documentais ou ciclo
vital dos documentos, quais sejam: fase corrente; fase intermediária e fase permanente.
A fase corrente é também conhecida como fase ativa ou primeira idade “é consti-
tuída pelo conjunto de documentos indispensáveis à manutenção das atividades cotidia-
nas de uma administração” (PARÁ, 2020, p. 04), tem ligação direta com os objetivos para
os quais os documentos foram produzidos, devem permanecer o mais próximo possível
dos setores de trabalho e tem como características: documentos vigentes; consultas
frequentes e acesso restrito.
Documentos da segunda idade, também são conhecidos por fase intermediária,
arquivo intermediário ou semi ativa é composto:
pelo conjunto de documentos que, por não serem mais necessários à manu-
tenção das atividades cotidianas, mas que devido a questões administrativas,
legais e financeiras aguardam em depósito de armazenamento temporário,
sua destinação final (PARÁ, 2020, p. 05).

Fazem parte da terceira idade ou fase permanente (inativa), os documentos pre-


servados definitivamente. A Lei 8.159, de 08 de janeiro de 1991, dispõe em seu Art. 10 que
“os documentos de valor permanente são inalienáveis e imprescritíveis” (BRASIL, 1991).
O Manual de Gestão da Justiça do Trabalho (BRASIL, 2011) corrobora com o ex-
posto e sintetiza da seguinte maneira:

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 63


A fase corrente ocorre na própria unidade onde são produzidos e guardados
os documentos, em tramitação ou não. Esses documentos estão em produ-
ção ou são objetos de consultas frequentes. A fase intermediária ocorre no
arquivo para onde deve convergir a documentação (administrativa ou judicial),
que aguarda a destinação final, visto ser esta a unidade administrativa que tem
a responsabilidade de armazenar e administrar os documentos e processos
que aguardam eliminação ou recolhimento para a guarda permanente. A fase
permanente ocorre com a guarda da documentação que constitui o patrimônio
histórico e arquivístico da instituição (BRASIL, 2021, p. 09, grifo nosso).

É imprescindível salientar de que essas fases são estabelecidas de acordo com a


vigência administrativa, a frequência de consulta e os valores primários e secundários dos
documentos. Os documentos devem ser geridos de acordo com a realidade de cada insti-
tuição, contudo, alguns procedimentos são a base da gestão de documentos, independente
da organização. Roncaglio (2015, p. 09), recomenda
● elaborar uma política de gestão de documentos arquivísticos;
● conhecer a estrutura e funções da instituição;
● identificar os tomadores de decisão da administração estratégica;
● identificar os processos e os documentos gerados;
● analisar os fluxos de trabalho;
● desenvolver estratégias de implementação ou adequação do sistema de
gestão de documentos;
● subsidiar, com instrumentos técnico-científicos, a implementação da ges-
tão de documentos e dos serviços arquivísticos;
● identificar problemas e propor soluções quanto à gestão de documentos
[...]
Estes procedimentos permitem a uma instituição controlar e acompanhar toda a sua
documentação, seja ela produzida interna ou externamente, de forma a garantir a uniformi-
zação de procedimentos, eficiência na recuperação da informação, criação e manutenção
do documento.
De modo geral, a gestão de documentos abrange três fases: produção, utilização e
destinação de documentos.
A primeira fase: a produção, tem por objetivos:
prevenir a criação de documentos não essenciais e assim reduzir o volume
dos documentos a serem manipulados, controlados, armazenados e desti-
nados;
intensificar o uso e o valor dos documentos que são necessários;
garantir o uso de materiais apropriados na confecção de documentos;
assegurar a utilização apropriada da microfilmagem e/ou digitalização e auto-
mação ao longo de todo o ciclo de vida dos documentos (PARÁ, 2000, p. 02).

Esta fase inicial é de suma importância e atua como um agente “fiscalizador”, ou


seja, não se deve produzir documentos aleatoriamente. A segunda fase, a utilização dos
documentos, corresponde ao controle, uso e armazenamento de documentos necessários
ao desenvolvimento das atividades de uma organização. Desta maneira, deve-se agilizar a
informação e disponibilizar documentos na instituição; garantir o uso efetivo da informação
e arquivos correntes; e selecionar o material, os equipamentos e o local apropriado para o
armazenamento dos documentos.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 64


A última fase – destinação dos documentos – neste momento, deve-se definir
“quais documentos devem ser preservados permanentemente como memória do passado”
(PARÁ, 2000, p. 03). É um processo decisório e crítico, pois se deve determinar o tempo
que os documentos a serem eliminados devem ser retidos na instituição, seja por razões
administrativas ou legais.
É importante salientar de que essas fases permitem tratar a documentação de for-
ma a assegurar sua organicidade e destinação adequada, bem como, possibilitam ampliar
e facilitar o acesso aos documentos. Neste sentido, é importante intervir nos documentos
em todas as fases: isto é, desde a sua produção, utilização e destinação final.
Dentre as principais ferramentas de gestão de documentos, podemos citar as
seguintes: os arquivos físicos; a microfilmagem; a gestão eletrônica de documentos
(GED); os sistemas de armazenamento (storages) e o armazenamento na nuvem. Ve-
jamos cada uma delas.
O arquivo físico é a forma mais primitiva e simples de manter a documentação
organizada, são exemplos desse tipo de arquivo: as pastas suspensas, as caixas, os ar-
mários, dentre outros. Dependendo do volume de documentos a ser armazenado, este
tipo de guarda e organização se torna onerosa e muito trabalhosa. Até as últimas décadas
do século XX, utilizava-se a microfilmagem, como uma ferramenta para reduzir o espaço
físico dos ambientes para armazenagem, garantir maior segurança e a durabilidade das
informações registradas.
A Gestão de Documentos (GED) “engloba um conjunto de tecnologias usadas
no gerenciamento de documentos impressos e arquivos digitais, possibilitando monitorar,
armazenar e compartilhar as informações dentro do ambiente corporativo” (CONTROLE
NET, 2021, s/p). A GED ganhou espaço com a digitalização de documentos a partir do
surgimento do scanner doméstico. Além de ser mais econômica, os documentos podem
ser armazenados em sistemas dentro da própria instituição. Esta ferramenta disponibiliza
diferentes softwares, os quais permitem a criação de novos documentos em formato digital.
Os sistemas de armazenamento (storages) são equipamentos orientados ao
armazenamento de documentos digitalizados em pastas na rede local da organização e
permitem o acesso às informações armazenadas pela internet por meio da criação de uma
nuvem privada de dados.
O armazenamento nas nuvens é a mais moderna ferramenta de gestão docu-
mental. Os documentos ficam armazenados em um serviço de nuvem. Este tipo de serviço
necessita de uma banda larga de alta velocidade e a contratação dos serviços acarreta
custos mensais de manutenção.
Aqui refletimos sobre as bases e princípios gerais de uma gestão documental, pois
como mencionamos cada instituição e/ou organização adota sua própria política, normas e
regras para gerir seus documentos.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 65


4. BIBLIOTECA NA ERA INDUSTRIAL

Prezado(a) Acadêmico(a)!

Chegamos ao término desta unidade e, neste item, vamos refletir sobre a Biblioteca

na Era Industrial, porém, é impossível adentrarmos no assunto sem fazermos uma breve

retrospectiva sobre o caminhar dessa instituição desde os seus primórdios.

O homem desde as primeiras civilizações buscou meios de registrar as suas con-

quistas a fim de poder transmiti-las às futuras gerações e perpetuar a memória coletiva de

um dado período histórico. Assim, o homem primitivo, representou seus feitos por meio

de desenho nas paredes das cavernas. Na antiguidade, as informações foram registradas

em diversos suportes: tabletes de argila, rolos de papiro, pergaminho e o papel, mas foi

graças a invenção do papel, posteriormente, da máquina de imprensa que os registros do

conhecimento aumentaram e houve a necessidade de organizar esses registros vistas a

sua recuperação, pois conforme indica Milanesi (2002, p. 09):


essa atividade de buscar-o-que-foi-guardado e de guardar-o-que-foi-registra-
do (e de registrar-o-que-foi-imaginado) é a forma possível para manter viva a
memória da humanidade, forma essa em constante aperfeiçoamento.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 66


Desta maneira, é possível verificar que as bibliotecas existem desde a Antiguidade
e elas surgiram da necessidade dos povos de registrar seus conhecimentos, mas, seus
objetivos mudaram no decorrer dos tempos, pois “as bibliotecas servem ao homem, e como
ele é mutante, não faz sentido sua estagnação no tempo” (SANTA-ANNA, 2015, p. 141).
Assim, no período da pré-história e na Antiguidade, as bibliotecas tiveram por
função guardar os materiais produzidos pelo homem em seus diferentes suportes com
o intuito de preservá-los no decorrer dos tempos. De acordo com Silva (2010, p. 02), as
bibliotecas surgiram “da necessidade do homem em reunir e conservar os conhecimentos
de sua época, o que só é possível a partir da invenção da escrita”.
Na Idade Média, as bibliotecas restritas aos mosteiros, serviam como depositárias
dos registros. Milanesi (2002, p. 23), esclarece que:
o acesso a esses acervos guardados nos mosteiros limitava-se aos que per-
tenciam a ordens religiosas ou eram aceitos por elas. Ler e escrever eram
habilidades quase exclusivas dos religiosos e não se destinavam a leigos.
Os monges contabilizavam o seu capital pelo tamanho e qualidade de suas
bibliotecas.

Dessa maneira, as bibliotecas medievais se preocupavam em armazenar, acon-


dicionar, preservar e conservar o acervo. Esse panorama só se alterou com invenção da
imprensa por Gutenberg, entre os anos de 1439 e 1440 e, com o fim da Idade Média,
quando as bibliotecas deixam de ser administradas pelos religiosos e as informações são
disseminadas a um maior número de pessoas. Targino (2010, p. 41), esclarece que:
no século XVI, as bibliotecas sofreram mudanças ainda mais profundas, por
conta da laicização. A exclusão do elemento religioso como item dominante
da informação permite o início da democratização da informação e o posicio-
namento gradativo da biblioteca como instituição social.

Assim, as bibliotecas monacais abrem espaço para as bibliotecas modernas e “seu


traço marcante é o abandono do posto de guardiã ou ‘cão de guarda’ das informações, até
então inerente às bibliotecas medievais (entre o começo do século V e meados do séc. XV),
com consequente disseminação da informação” (TARGINO, 2010, p. 41).
Foi a partir do Renascimento que as bibliotecas, deixam de ser “guardiãs” da infor-
mação e assumem o papel de disseminadora da informação. A maior parte das bibliotecas
particulares se tornam públicas e surgem as bibliotecas especializadas e a “informação
passou de posse de alguns poucos para um bem desejável e adquirível para qualquer
pessoa como alavanca social e pela sociedade como condição fundamental para o seu
próprio desenvolvimento” (MILANESI, 2002, p. 56). Dentre os fatores que concorreram para
que as bibliotecas se tornassem integralmente acessíveis, foi o crescimento acelerado das
universidades no século XVII e a Revolução Francesa, deflagrada no século XVIII.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 67


É importante ressaltar que, até meados do século XIX, a biblioteca era uma institui-
ção de alcance social limitado. Tinha como função guardar os poucos e preciosos livros que
eram produzidos para uma minoria letrada. Com o desenvolvimento da indústria gráfica e o
aumento da produção de livros, a democratização do ensino e o aumento de leitores, além
de outros fatores de transformação econômica, social e política, a biblioteca consagrou-se,
definitivamente, como instituição social de amplo alcance.
De acordo com Martins (2001, p. 323), pode-se observar na trajetória das biblio-
tecas quatro estágios marcados por “um processo gradativo, ininterrupto e simultâneo de
transformação”, aos quais ele denomina de laicização, democratização, especialização e
socialização. A laicização acontece quando as bibliotecas deixam de ser território exclusivo
da igreja e passam a ser dominadas pelo poder burguês. A democratização corresponde ao
período da Revolução Francesa. A especialização surge da necessidade que as bibliotecas
sentiram de oferecer a informação a leitores com demandas específicas. Já socialização se
dá quando a biblioteca, enquanto instituição, além de abrir as suas portas, saiu à procura
de leitores, a fim de satisfazer as necessidades do grupo, assumindo-se “a postura de um
organismo carregado, dinâmico, multiforme da coletividade” (MARTINS, 2001, p. 325).
Na Figura 2, é possível visualizar a trajetória evolutiva das bibliotecas no decorrer
dos tempos.

FIGURA 2 – TRAJETÓRIA EVOLUTIVA DAS BIBLIOTECAS

Fonte: Santa-Anna (2015, p. 143)

Conforme pode-se observar na Figura 2, as bibliotecas na pré-história e antiguidade


tinham por objetivo “guardar” a memória, as quais eram registradas em tabletes de argila.
Na Idade Média, houve uma mudança do paradigma: preservar e conservar os rolos de
papiro e de pergaminhos no interior das bibliotecas. A Idade Moderna há o predomínio do
papel e as bibliotecas passam pelos três estágios propostos por Martins: laicização, demo-
cratização e especialização, entretanto, a socialização só se dá na contemporaneidade em
que o papel disputa com a internet a soberania pelo suporte da informação.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 68


Assim, no século XX há uma expansão das bibliotecas especializadas, as quais
são fortemente influenciadas pelos impactos da era industrial e pela expansão acelerada
da informação. Estes fatores implicaram em novas estratégias de organização e de recu-
peração da informação.
A biblioteca deixa de vez de ser um depósito de livros para ocupar um espaço na
dinamização da informação (SILVA, 2010). Isto exigiu que se pensasse em meios mais
ágeis, eficientes e eficazes de gestão de documentos e as bibliotecas se viram obrigadas
a incorporar as novas tecnologias da informação e comunicação (TICs) em suas rotinas
diárias a fim de aperfeiçoarem as técnicas, métodos e estratégias de busca, pois conforme
explicitam Sousa, Carvalho e Marinho (1995, p. 61):
o registro, a organização e disseminação do conhecimento pelo homem tem
evoluído significativamente no decorrer dos anos, e hoje colocando à dispo-
sição todo um aparato tecnológico que prevê a dinamicidade da informação
exige uma nova e diversificada forma de encaminhar o seu processamento
– através de dados, correio eletrônico, vídeo-texto, etc”

Frente ao exposto, a biblioteca da era industrial não pode ficar alheia às TICs,
haja vista, que elas causaram transformações em todos os âmbitos da sociedade e o seu
objetivo primordial é disseminar o conhecimento, entretanto, deve-se considerar que como
organismos vivos, são influenciadas pelo meio ou pelas pressões externas, que a transfor-
maram em um ambiente tecnológico, cujos serviços, são cada vez mais orientados à rede
(FORESTI e VARVAKIS, 2019).
Nesse sentido, as bibliotecas precisam ser atrativas e competitivas, ou seja, ofertar
materiais de informacionais além das fontes autorizadas ou formais e colocar à disposição
dos usuários as ferramentas de buscas populares, as quais ele se sente mais “confiantes”
e confortáveis, pois elas “competem [...] com os grandes buscadores comerciais que ofe-
recem resultados rápidos e acesso instantâneo aos conteúdos, enquanto os catálogos das
bibliotecas costumam ser mais lentos e exigir certas habilidades dos usuários” (BOMHOLD,
2013 apud FORESTI e VARVAKIS, 2019, p. 519).
As bibliotecas da Era Industrial devem contar com recursos tecnológicos que possibi-
litem a agilização dos processos técnicos, permitam a comunicação entre os profissionais da
informação e os usuários virtualmente, disponibilizem documentos em formatos eletrônicos
que possam ser acessados por várias pessoas ao mesmo tempo, independentemente do
local físico em que elas se encontrem, pois “a biblioteca tem valor pelo que serve e não pelo
que guarda na dimensão do verdadeiro e do belo” (CURY; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2001 p. 95).

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 69


No mundo contemporâneo, com a introdução das tecnologias de informação e comu-
nicação as bibliotecas passaram a ter os seus serviços automatizados, serviços de referência
à distância, obras digitalizadas, acesso a catálogos, à bases de dados on-line, serviço de
comutação com outras bibliotecas, etc. Os novos recursos da informática fizeram dessa
biblioteca um lugar diferente daquele local percebido como depósito de livros no passado.
Assim, no século XXI, vivenciamos o estágio da socialização proposto por Martins
(2001, p. 325), no qual a biblioteca “desempenha o papel essencial na vida das comuni-
dades modernas; é em torno dela que circulam as outras correntes da existência social”.
Nesse contexto entram em cena as bibliotecas virtuais, as quais têm nas TICs seu principal
parceiro, pois:
contempla documentos gerados ou transpostos para o ambiente digital
(eletrônico), um serviço de informação (em todo tipo de formato), no qual
todos os recursos são disponíveis na forma de processamento ele-
trônico (aquisição, armazenagem, preservação, recuperação e acesso
através de tecnologias digitais) (ROSETTO, 2020, p. 23).

Por fim, é importante ressaltar que os grandes avanços vivenciados pelas biblio-
tecas na era industrial gravitam ao redor das Tecnologias da Informação e Comunicação.
Esse fato tal qual a descoberta da escrita, do papel, da imprensa, causou mudanças signi-
ficativas e irreversíveis nos paradigmas biblioteconômicos: a biblioteca deixou a função de
guardiã da informação para disseminadora do conhecimento.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 70


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) acadêmico(a)!

Chegamos ao fim de mais uma unidade na qual estudamos sobre a origem do
papel, pudemos refletir o quão ele é importante em nossas vidas e que de todos os suportes
de escrita que o antecederam ele foi o que sobreviveu através dos tempos. Vimos que ele
foi descoberto pelos chineses, ficou muito tempo guardado em segredo dado à sua precio-
sidade e que foram os árabes que o difundiram para a Europa. Aprendemos, também, que
é possível fabricá-lo a partir de qualquer vegetal que produz celulose e que no Brasil, ele é
feito, em sua maioria, a partir das árvores de pinus e eucaliptos.
Na sequência, tivemos a oportunidade de conhecer sobre a história e a evolução
da imprensa e mais uma vez vimos que os chineses já tinham inventado formas de imprimir
com tipos móveis. Entretanto, foi a máquina de imprensa criada pelo alemão Johann Gu-
tenberg que entrou para a história da humanidade. Soubemos, ainda, que o primeiro livro
impresso foi a Bíblia e foi com a Reforma Protestante proposta por Martinho Lutero que os
materiais impressos se popularizaram.
A partir da imprensa o número de documentos cresceu sensivelmente tornando
necessário desenvolver formas para geri-lo. Neste sentido, a gestão documental surge
como uma ferramenta para auxiliar os profissionais da informação no seu manejo correto.
Vimos que apesar de alguns procedimentos básicos serem comuns, cada instituição adota
aqueles que melhor atendam às suas necessidades.
Por fim, percorremos a trilha percorrida pelas bibliotecas e a ênfase recaiu a biblio-
teca na Era Industrial, mais, precisamente a instituição que emergiu a partir do século XX,
em que o conhecimento é cada dia mais especializado e para que cumpra seu papel de
socializadora do conhecimento necessita ter as TICs como aliadas.

Bons estudos e até a próxima unidade!

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 71


LEITURA COMPLEMENTAR

A evolução da imprensa e a criação do papel


Antônio Paiva Rodrigues

O papel depois de sua invenção tornou-se de suma importância para a vida do homem.
Por volta do ano 105 D.C., os chineses deram um suporte fundamental para o desenvolvimento
da imprensa. Na antiguidade segundo a história, os registros pré-históricos de desenhos e
sinais esculpidos ou desenhados nas pedras e cavernas desenvolveu uma forma de utilizar
o junco ou papiro, ensopando-o com água e sovando até obter uma forma de pergaminho,
com espessura semelhante a um tecido. Representa e retrata a cultura e os hábitos de cada
sociedade. Existem muitas formas ou “Modus Operandi” para obtenção do papel.
É certo que sua origem é chinesa. Na pátria de origem dos molhados, eram batidos
até que se formasse uma pasta. Com essa pasta, as peneiras as recebiam para o escorri-
mento da água. Logo após a secagem, transformava-se em folha de papel. O papel tem em
sua composição milhões de fiapos oriundos de plantas, chamados de fibras. De estrutura
porosa, semelhante à pedra pome, dando-lhes características especiais, em que se difere
dos tecidos de algodão. Em alguns países, o papel é fabricado com trapos de algodão e
linho, são resistentes, como o papel moeda.
O papel é largamente utilizado no mundo inteiro e corresponde a aproximadamente
20% dos resíduos produzidos pelo brasileiro. Os árabes assimilaram a técnica e a espa-
lharam na Península Ibérica, quando a conquistaram lá pelos idos de 1300. Os demais
países europeus só a conheceram por volta dos séculos XIII e XIV. Graças ao trabalho de
copiar manuscritos, na Idade Média, em formas artesanais de papel, foi possível conservar
os mais importantes registros da história da humanidade até então. Com a invenção da
“imprensa”, permitindo a impressão por linotipos em papel, a disseminação da informação
passou a ser muito mais veloz e acessível a todos, e a Revolução Industrial impulsionou
ainda mais essas mudanças; hoje o papel talvez seja o produto mais utilizado e corriqueiro.
Em 59 A.C., por vontade e ordem do imperador Júlio César, surge em Roma
as Acta Diurna, folhas de notícias da vida romana afixadas em toda a cidade. Segundo
estudiosos, para ficar branquinho o papel passa por um branqueamento químico muito
poluente e prejudicial ao meio ambiente. O Papel Ecograph, que é clareado a oxigênio
e as folhas ficam com coloração creme. No século VIII (ano 751), os chineses foram
derrotados pelos árabes. Dentre os prisioneiros que caíram nas mãos dos árabes, es-
tavam fabricantes de papel, que levados a Samarkanda, a mais velha cidade da Ásia,
transmitiram seus conhecimentos aos árabes.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 72


Gutenberg inventa em Estrasburgo, na França, a tipografia, processo de impressão
a partir de tipos em relevo. Veloz, para quem até então só dispunha dos manuscritos, a
reprodução topográfica permite a edição de cadernos de até 16 páginas, isso aconteceu no
ano de 1436. A técnica de fabricar papel evoluiu em curto espaço de tempo com o uso de
amido derivado da farinha de trigo, para a colagem das fibras no papel e o uso de sobras
de linho, cânhamo e outras fibras encontradas com facilidade, para a preparação da pasta.
Já em 1455, a Bíblia, de Gutenberg, é o primeiro livro impresso em tipografia. A
Bíblia de Gutenberg é o incunábulo impresso da tradução em latim da Bíblia, por Johann
Gutenberg, em Mogúncia, também conhecido em português como Mogúncia, Alemanha.
A produção da Bíblia começou em 1450, tendo Gutenberg usado uma prensa de tipos
móveis. Calcula-se que tenha terminado em 1455. Essa Bíblia é considerada o incunábulo
mais importante, pois marca o início da produção em massa de livros no Ocidente. Uma
cópia completa desta Bíblia possui 1282 páginas, com texto em duas colunas; a maioria
era encadernada em dois volumes. De 1789 a 100, a Revolução Francesa dá impulso
extraordinário à imprensa. Nesses onze anos, são publicados mais de 1.500 títulos novos,
duas vezes mais que nos 150 anos precedentes. A Bíblia de Gutenberg era uma obra em
dois volumes, medindo cerca de 30,5 cm por 40,5 cm de altura, com um total de 1.282
páginas. A maioria dos exemplares foi impressa em papel de trapos e aproximadamente
um quarto da tiragem foi impressa em vellum. Das 180 cópias originais estimadas, sabe-se
que existem hoje apenas 48 delas.
Os eruditos acreditam que Gutenberg imprimiu sua Bíblia de 42 Linhas entre 1450 e
1456 em Mogúncia (Mainz), na Alemanha. Uma página da Bíblia continha 400 a 500 peças
de tipos. Um estoque de 15.000 a 20.000 peças de tipos foram fundidas para imprimir uma
página enquanto outra estava sendo composta. Era tirada uma prova de cada página para
revisão, portanto os erros saíam corrigidos em todos os exemplares do livro, possibilitando
um produto consistente, diferente das versões copiadas à mão, que tinham vários erros
diferentes em cada edição.
A Bíblia contém 73 livros, dividida em Antigo Testamento e Novo Testamento. Acre-
dita-se que 180 cópias foram produzidas, 45 em pergaminho e 135 em papel. Elas foram
impressas, rubricadas e iluminadas à mão em um período de três anos. A entrada na Europa
foi feita pelas “caravanas” que transportavam a seda. Atualmente, a maior parte dos papéis
(95%) é feita a partir do tronco de árvores cultivadas; as partes menores, como ramos e
folhas, não são aproveitadas, embora as folhas e galhos possam também ser utilizados
no processo. No Brasil o eucalipto é a espécie mais utilizada, por seu rápido crescimento,
atingindo em torno de 30 m de altura em sete anos.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 73


1 - Os troncos são descascados 2 - Picados 3 - Digestores: cozimento em soda
cáustica 4 - Celulose e água 5 - Prensagem e secagem 6 – Bobina. Podem ser reciclados,
mas existe uma regra para essa reciclagem: “Saco de Papel de escritório impresso, papel
branco, papel misto, papelão embalagem longa vida, jornais e revistas. Aparas de papel
Papelão Fotocópias Embalagens de ovo Envelopes Folhas de cadernos Rascunhos For-
mulários de computador Cartazes velhos Caixas em geral Papel de FAX (sem parafina)
Cartões e cartolina. Existem os nãos recicláveis:” Papel engordurado, carbono, celofane
papel plastificado, papel parafinado (fax) papel metalizado, papel laminado, papel toalha e
higiênico, papel vegetal, papel siliconizado, etiqueta adesiva Fita crepe, papéis sanitários
ou sujos guardanapos usados tocos de cigarro. Os papéis combinados com outros ma-
teriais (plastificados, metalizados, papel carbono, etc), ou muito sujos de graxa, gordura,
alimentos, e também os papéis higiênicos, não devem ser misturados com os recicláveis,
devendo ser descartados como lixo orgânico. Antes da criação do papel, o material mais
utilizado para escrita, foi o pergaminho, feito com peles de animais.
Os antigos egípcios utilizavam o talo do papiro. Sua fabricação era penosa e ru-
dimentar; a medula do talo era cortada em tiras que eram colocadas transversalmente,
umas sobre as outras, formando camadas que eram batidas com pesadas marretas de
madeira, resultando numa espessura uniforme e produzindo um suco que impregnava e
colava as tiras entre si. Oficialmente, foi fabricado pela primeira vez na China, no ano de
105, por Ts’Ai Lun que fragmentou em uma tina com água, cascas de amoreira, pedaços de
bambu, rami, redes de pescar, roupas usadas e cal para ajudar no desfibramento. Na pasta
formada, submergiu uma forma de madeira revestida por um fino tecido de seda - a forma
manual - como seria conhecida.
Esta forma coberta de pasta era retirada da tinta e com a água escorrendo, deixava
sobre a tela uma fina folha que era removida e estendida sobre uma mesa. Esta opera-
ção era repetida e as novas folhas eram colocadas sobre as anteriores, separadas por
algum material; as folhas então eram prensadas para perder mais água e posteriormente
colocadas uma a uma, em muros aquecidos para a secagem. A idéia de Ts’Ai Lun, “A
desintegração de fibras vegetais por fracionamento, a formação da folha retirando a pasta
da tinta por meio de forma manual, procedendo-se ao deságue e posterior aquecimento
para secagem”, continua válida até hoje.
Segundo nos informa o site: Fonte: www.bracelpa.org.br / Em 1798 teve êxito a in-
venção, segundo a qual foi possível fabricar papel em máquina de folha contínua. Inventada
pelo francês Nicolas Louis Robert que por dificuldades financeiras e técnicas não conseguiu

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 74


desenvolvê-la, cedeu sua patente, aos irmãos Fourdrinier, que a obtiveram juntamente com
a Maquinaria Hall, de Dartford (Inglaterra) e posteriormente com o Engº Bryan Donkin.
Assim a máquina de papel Fourdrinier (Máquinas de Tela Plana) foi a primeira máquina de
folha contínua que se tem notícia.
Depois da máquina Fourdrinier se lançaram no mercado outros tipos de máquinas:
A primeira etapa da fabricação de papel consta de: desfibramento para soltar as fibras
numa solução de água, depuração destinada a manter a pasta livre de impurezas, refinação
que dará as qualidades exigidas ao papel através da moagem das fibras. Na preparação da
massa outras operações são levadas a efeito: Tingimento: são colocados corantes para se
obter a cor desejada. Colagem: é a adição do breu ou de colas preparadas.
Correção do pH: (acidez ou alcalinidade) normalmente a celulose está em suspensão
em água alcalina, cuja alcalinidade deve ser parcial ou totalmente neutralizada com sulfato
de alumínio, que também vai ajudar na colagem e tingimento. Aditivos: colocação de outros
ingredientes para melhorar a qualidade do papel. A segunda etapa da fabricação do papel
é a formação da folha, feita através da suspensão das fibras de celulose em água, e que
é colocada sobre uma tela metálica. A água escoa através da tela e as fibras são retiradas
formando uma espécie de tecido, com os fios muito pequenos e trançados entre si.
A formação da folha poderá ser feita através de várias formas: Manual: onde a tela
é simplesmente uma peneira. Mesas Planas: a tela metálica apoia-se sobre roletes e é
estendida, para formar uma área plana horizontal. Esta tela corre com velocidade constante
e recebe na parte inicial do setor plano, a suspensão das fibras, a água escoa através da
tela deixando as fibras Cilíndricas: a tela metálica recobre um cilindro, que gira a velocidade
constante em uma suspensão de fibras, a água atravessa a tela dentro do tambor e é daí
retirada; as fibras aderem à tela, formando uma folha que é retirada do tambor por um
feltro. A terceira e última etapa é a secagem que é conseguida inicialmente prensando-se
a folha, para retirar toda a água possível, e depois, passando a folha por cilindros de ferro
aquecidos, que provocam a evaporação da água. Feitas estas operações, o papel está
pronto para uso, podendo ser cortado no formato desejado por quem for usá-lo. A primeira
presença do papel no Brasil, sem dúvida, é a carta de Pero Vaz de Caminha, escrita logo
após o descobrimento de nosso país.
Mas a primeira referência à produção nacional consta em um documento escrito
em 1809 por Frei José Mariano da Conceição Velozo ao Ministro do Príncipe Regente D.
João, Conde de Linhares: “... remeto-lhe uma amostra do papel, bem que não alvejado,
feito em primeira experiência, da nossa embira. A segunda que já está em obra se dará

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 75


alvo, e em conclusão pode V.EXCIA contar com esta fábrica...”. Este documento cujo trecho
extraímos do livro: O Papel - Problemas de Conservação e Restauração de Edson Motta
e Maria L.G. Salgado, encontra-se no Museu Imperial. Na amostra encaminhada com o
documento constava: “O primeiro papel, que se fez no Rio de Janeiro, em 16 de novembro
de 1809”. (Fonte: Fonte: www.bracelpa.org.br)
É também em 1809 que tem início a construção de uma fábrica no Rio de Janeiro
cuja produção, provavelmente, iniciou-se entre 1810 e 1811. Ainda no Rio de Janeiro temos
notícias de mais três fábricas em 1837, 1841 e, em 1852, nas proximidades de Petrópolis,
foi construída pelo Barão de Capanema a Fábrica de Orianda que produziu papel de ótima
qualidade para os padrões da época até a decretação de sua falência em 1874. Ainda em
1850, o desenvolvimento da cultura do café, traz grande progresso para a então Província
de São Paulo e, com a chegada dos imigrantes europeus, passa a vivenciar um grande
desenvolvimento industrial gerador de vários empreendimentos.
Um deles, idealizado pelo Barão de Piracicaba, na região de Itu, pretendia criar
condições para a instalação de indústrias aproveitando a energia hidráulica possível na
região em função da existência da cachoeira no rio Tietê e, é neste local que, em 1889 a
empresa Melchert & Cia deu início à construção da Fábrica de Papel de Salto que funciona
até hoje, devidamente modernizada, produzindo papéis especiais, sendo uma das poucas
fábricas do mundo fabricante papéis para a produção de dinheiro.

Fonte: RODRIGUES, Antonio Paiva. A evolução da imprensa e a criação do papel. Guia do Gráfi-

co.s/d. Disponível em: https://www.guiadografico.com.br/artigos/a-evolucao-da-imprensa-e-a-criacao-do-pa-

pel. Acesso em: 20 nov. 2021.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 76


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: História da imprensa no Brasil
Autor: Ana Luiza Martins e Tania Regina de Luca
Editora: Contexto
Sinopse: Qual a relação do cidadão com a imprensa? Qual seu
papel ao longo da história? Este livro mostra como a imprensa co-
meçou no Brasil em 1808 e como vem atuando duplamente: tanto
como observadora quanto como protagonista da nossa história.
Os primeiros impressos, a relação com os poderosos, a tecnologia
alterando a forma de comunicação; as grandes empresas, a im-
prensa alternativa, o passado e o futuro da imprensa.

LIVRO
Título: A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca
Autor: Wilson Martins
Editora: Ática
Sinopse: O autor apresenta a história do homem, da imprensa e
do livro desde os tempos pré-históricos, especialmente, a partir da
antiguidade e da invenção da escrita.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 77


FILME / VÍDEO
Título: Como a prensa de Gutenberg mudou o mundo
Sinopse: O vídeo relata como a imprensa de Gutenberg mudou o
modo como nos relacionamos com a informação. Diminuir o preço
de produção de livros foi um passo importante para o desenvolvi-
mento da ciência e tecnologia que conhecemos hoje. Boa parte
das coisas com as quais lidamos todos os dias provavelmente não
existiriam se não fosse essa invenção.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=4p6aH7n-
26pA

FILME / VÍDEO
Título: Gutenberg, l’aventure de l’imprimerie (Gutenberg, a aven-
tura da impressão)
Ano: 2017.
Sinopse: Documentário sobre o inventor da impressão gráfica,
Johannes Gutenberg, que viveu em meio a era medieval, no Sacro
Império Romano-Germânico. Com uma invenção visionária, ele
enfrentou a sociedade do seu tempo, tendo que fazer alianças e
enfrentar traições.

UNIDADE III A Evolução do Tratamento da Informação 78


UNIDADE IV
Sistema Registral e
Novas Tecnologias
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira

Professora Ma. Lucilene Aparecida Francisco

Plano de Estudo:
● Surgimento do Papel;
● História e evolução da Imprensa;
● Gestão de documentos;
● Biblioteca na era Industrial.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer os principais suportes da escrita;
● Apresentar a história do livro impresso e suas perspectivas futuras;
● Verificar a trajetória histórica do livro eletrônico e as mudanças
introduzidas nos sistemas registrais;
● Observar os impactos trazidos pelas novas tecnologias
nas atividades registrais.

79
INTRODUÇÃO

Caros(as) Acadêmicos(as),

Chegamos a nossa última unidade da disciplina Evolução Histórica dos Sistemas


Registrais. Esperamos que sua aprendizagem tenha sido significativa e que possamos
concluir nosso percurso conhecendo os principais suportes utilizados para escrita, com-
preendendo a história do livro enquanto suporte para o registro conhecimento e suas
contribuições para transmissão da informação entre as gerações.
Refletiremos também sobre as características do livro impresso e suas perspectivas
de futuro com a concepção do livro eletrônico e a aceleração dos processos de produção,
disseminação e acesso à informação. Aproveitamos para instigá-los (as) com o seguinte
questionamento: quais suas expectativas para o futuro do livro impresso? Será totalmente
substituído pelo formato eletrônico ou ele deverá coexistir juntamente com os diferentes
suportes existentes? Avaliaremos essa questão, apresentando as possibilidades, prós e
contras dessa substituição.
Analisaremos também as transformações trazidas pelas novas tecnologias às
atividades registrais, verificando o quanto essas atividades foram aceleradas pela multi-
plicidade de recursos tecnológicos disponíveis, mas também o quanto podem ser fragi-
lizadas em termos de confiabilidade, originalidade com o uso intensivo e indiscriminado
das novas tecnologias.
Esperamos que esta unidade lhe traga significativas aprendizagens e também lhe
instigue a conhecer e a pesquisar mais sobre os processos registrais.
Vamos lá concluir mais esta etapa!

Bons estudos!

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 80


1. SUPORTES DA ESCRITA

Caros Acadêmicos(as)!

Iniciamos nossa unidade refletindo sobre os diferentes suportes da escrita. Já


vimos que nos primórdios da civilização o homem utilizou-se de vários sistemas de escrita,
como a pictográfica (pintura rupestre), e a escrita ideográfica (caracteres cuneiformes e
hieróglifos) e também já constatamos que a história da escrita é, de certo modo, também,
a história da humanidade. Isso porque o que marca a passagem da pré-história para a
história é exatamente o desenvolvimento da escrita (PERUYERA, 2019, p. 20).
Verificamos também que ao longo do desenvolvimento humano, o registro da
escrita se deu nos mais diversos suportes. A começar pelos registros inscritos no interior
das cavernas, utilizando-se de pedras, materiais orgânicos e inorgânicos e tintas de base
vegetal e mineral, conforme ilustra a imagem abaixo:

FIGURA 1 - HIERÓGLIFOS ANTIGOS EGÍPCIOS - INSCRIÇÕES EM PAREDES

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 81


Os suportes eram encontrados na própria natureza, dos quais podemos mencionar
a argila, conchas, marfim, folhas de palmeiras, bambu, metal, ossos e cascos de animais,
cascas de árvore, madeira, couro, papiro, velino, pergaminho, seda, o papel e na atualidade
os eletrônicos e os digitais (PASSOS, 2017). Percebemos que alguns deles eram rígidos,
por isso eram feitos em placas, enquanto outros eram flexíveis, ou seja, permitiam ser
enrolados ou dobrados, facilitando seu manuseio e conservação (ROCHA e ROTH, 2014).
Vejamos algumas características dos principais deles:
Tabuleta de argila - configura-se como um dos primeiros suportes da escrita utili-
zados pelo homem, principalmente para registro da escrita cuneiforme. Sua matéria-prima
era de fácil obtenção na natureza e seu manuseio relativamente simples. Além de possuir
propriedades que possibilitam a preservação por longos períodos, o que permitiu a alguns
museus conservarem suas peças com poucos desgastes.
Os caracteres eram registrados com o auxílio de um objeto pontiagudo, uma es-
pécie de cunha feita de metal, osso ou madeira, com a ponta em formato de triângulo,
após os registros, a tabuleta era levada ao forno para secar. Uma vantagem interessante
desse suporte é que quando umedecido, poderia ter seus registros apagados, corrigidos ou
mesmo ser reaproveitado, quando seus primeiros registros deixassem de ser importantes.
Outro suporte semelhante, eram as tábuas de madeira cobertas por cera, que tam-
bém possibilitaram a prática de registros temporários, utilizados em diversas ocasiões como
no aprendizado da escrita pelos alunos gregos, cartas particulares e anotações pessoais.
Seu processo de construção era relativamente simples, bastava apanhar uma prancha de
madeira com as bordas ligeiramente altas e preenchê-la com uma fina camada de cera,
que, após a utilização, poderia ser raspada e reutilizada. Essas tabuletas eram unidas,
assemelhando-se ao formato do futuro códice. Percebemos assim, que a madeira também
foi largamente usada, devido ao seu baixo custo e ampla disponibilidade. Isso pode ser
constatado com a localização de várias etiquetas de madeira utilizadas para identificar
múmias no antigo Egito, assim como pranchas, usadas por alunos gregos, e a placas de
madeira usadas para correspondência pelo exército Romano no forte de Vindolanda, norte
da Inglaterra, no século II d.C. 9. (SIMÕES, s/d. online).
As tabuletas também foram os primeiros materiais que puderam ser transportados,
armazenados ou colecionados, formando uma biblioteca, visto que as inscrições anteriores
se darem em pedras ou paredes das cavernas. Nesse contexto, Passos (2017) destaca que
biblioteca de Nínive, pertencente ao rei assírio Assurbanipal II por volta do século VII a.C,
uma das primeiras bibliotecas que se tem conhecimento, possui em seu acervo uma coleção

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 82


estimada de 30 mil tabuletas de argila em escrita cuneiforme. Trata-se de uma biblioteca de
estimado valor histórico, motivo pelo qual, o Museu Britânico e a Universidade de Mosul do
Iraque, desenvolveram o Projeto Biblioteca Assurbanipal que consiste na revitalização da
primeira biblioteca do mundo, tendo por finalidade a disponibilização do acesso aos novos
usuários. (FINKE, 2004).
A Concha ou Óstraco é um fragmento de cerâmica (normalmente de jarros) no
qual se registrava, por meio de objetos pontiagudos, frases curtas, rascunhos ou recibos.
Representava o suporte da escrita de uma classe que não tinha condição de comprar o
papiro ou não o considerava necessário para seus registros. (SERGIO, 2011). Na Grécia
Antiga, em Atenas, o fragmento de cerâmica era usado para votar se uma pessoa deveria ser
punida com o ostracismo - afastamento do meio social ou da participação em atividades que
antes eram habituais. Representava uma forma de punição aplicada aos cidadãos suspeitos
de exercerem o poder excessivo e restrição à liberdade pública. (SIGNIFICADOS, s/d).
Papiro - É desenvolvido por volta de 2500 a.C., pelos egípcios, a partir da planta
papiro, é considerado o precursor do papel e também o mais célebre de todos os produtos
vegetais empregados na escrita, dada sua importância histórica e dos textos que conteve
(MARTINS, 2001). Vários exemplares de escritos nesse suporte podem ser encontrados
em museus e bibliotecas e outros espaços informacionais na Europa, como por exemplo,
no Museu do Louvre, na França (RASTELI, 2015). A figura abaixo demonstra um papiro
com hieróglifos produzidos pelos antigos egípcios.

FIGURA 2 - PAPIRO COM HIERÓGLIFOS ANTIGOS EGÍPCIOS

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 83


Pergaminho - suporte feito de pele de animais, amplamente utilizado na Idade
Média para registrar textos diversos. É utilizado ainda hoje para impressão de documentos
importantes, como diplomas, por exemplo, por ser um suporte durável e de difícil falsifica-
ção. Os grandes fabricantes de pergaminho foram os mosteiros, sendo um de seus prin-
cipais ofícios, o de pergamenarius, sujeito responsável por preparar os pergaminhos aos
copistas utilizados em seus escritos. As peles eram enroladas, cortadas e unidas numa das
margens, formando o códice, um objeto próximo ao livro que conhecemos hoje (RASTELI,
2015, p. 104). Conforme podemos observar na figura abaixo.

FIGURA 3 - O CÓDICE MEDIEVAL

Papel - Apesar do termo papel ter origem no latim papyrus, o papel pouco se re-
laciona com papiro, apesar de ambos terem origem vegetal. De acordo com Fritoli, Küster
e Carvalho (2016, p. 476) “O papel não é um derivado do papiro: é o seu rival vitorioso.
O ‘papel do Egito’, tão caro aos escribas ancestrais, foi derrotado por completo quando o
papel se tornou conhecido no Ocidente”.
Dada sua facilidade de fabricação e manuseio, o papel acabou suplantando os
demais materiais e se tornando o principal suporte da escrita. Vale lembrar que os supor-
tes empregados para a escrita, possuem algumas desvantagens: preparo era complexo,
transporte e armazenagem difíceis por seu peso e volume. Nesse contexto, o papel se
consolidou por um material leve e barato e flexível, oferecendo excelentes condições para
produção e reprodução da escrita em larga escala, como vimos acontecer após a invenção
da imprensa de Gutenberg. Assim, mesmo com o advento do registro meio digital, com
suas inúmeras possibilidades de acessibilidade e interação, “o consumo de papel nunca foi
tão grande como atualmente” (FRITOLI, KRÜSTER; CARVALHO, 2016, p. 499). As mes-

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 84


mas autoras chamam a atenção para a necessidade de ações de conservação dos papéis,
destacando estas devem estar atentas aos agentes internos e externos de degradação que
agem concomitantemente. Os agentes internos estão relacionados às características de
fabricação e de matérias-primas empregadas nesse processo, enquanto os agentes exter-
nos, estão presentes no meio ambiente em que o papel possa estar armazenado, como por
exemplo, exposição às condições inadequadas de iluminação, variações de temperatura e
umidade relativa, e poluentes entre outros.
E, por fim, vimos surgir, especialmente no final do século XX, os suportes digitais,
trazidos por uma onda tecnológica que transformou nosso mundo, nossa forma de ler,
escrever, trabalhar e interagir com as pessoas. Esses registros são realizados por meio do
uso de um computador, tablet ou outro dispositivo eletrônico.
Fazendo uma previsão da expansão dos suportes digitais na sociedade, Bill Gates
(1995, p. 145) disse que “o papel estará conosco infinitamente, mas sua importância como
meio de encontrar, preservar e distribuir informação já está diminuindo”. Assim,
[..] à medida que os documentos ficarem mais flexíveis, mais ricos de con-
teúdo de multimídia e menos presos ao papel, as formas de colaboração e
comunicação entre as pessoas se tornarão mais ricas e menos amarradas ao
local onde estão instaladas (GATES, 1995, 173).

Como podemos perceber, o desenvolvimento do ser humano em suas habilidades


e criações permitiu a substituição dos suportes da escrita por materiais cada vez mais
práticos e flexíveis, buscando o aprimorar as tecnologias empregadas e adequar-se às
necessidades de uma sociedade cada vez mais veloz e aderente aos recursos tecnológico
(RASTELI, 2015). Observamos, portanto, que desde a antiguidade o mundo convive com
diversos suportes para escrita, usados em diferentes contextos e com distintas finalidades.
A evolução e o aprimoramento dessas técnicas contribuíram para a expansão da circulação
da escrita, tal como vemos hoje no hibridismo existente entre o impresso e o digital (MO-
RAES, 2020).
Diante disso, você deve estar se perguntando, quais perspectivas do livro impresso,
diante do avanço tecnológico? Refletiremos sobre essa questão no próximo item, até lá!

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 85


SAIBA MAIS

Suportes da escrita

O Suporte ou portador é o meio físico ou virtual que serve de base para a materializa-
ção de um texto. Atualmente, existem vários tipos de suporte: jornal, revista, outdoor,
embalagem, livro, software, blog etc. Enviar um e-mail ou postar uma carta no correio?
Escrever um diário ou produzir um blog? Essas são perguntas cujas respostas envol-
vem, necessariamente, a escolha de um ou de outro tipo de suporte e de gênero textual.
Isto porque texto e suporte são inseparáveis – não existe texto sem suporte. Este define
a formatação, a composição e os modos de leitura de um dado gênero textual. Assim,
uma modificação no suporte material de um texto pode modificar o próprio gênero tex-
tual que nele se veicula.
Desse modo, o suporte tem relação direta com os propósitos comunicativos que se
deseja alcançar. Tomemos como exemplo uma empresa que quisesse veicular uma
campanha publicitária para um público maior e mais heterogêneo e decidisse utilizar,
como suporte de seus anúncios publicitários, os vidros traseiros de ônibus ou sacos
que embalam os pães nas padarias. Nesse caso, temos dois suportes que, a princípio,
foram incidentais, ou seja, não foram criados para serem portadores de qualquer gêne-
ro textual, mas tornaram-se uma alternativa criativa para permitir a circulação de uma
campanha por vários locais da cidade, possibilidade não oferecida por um outdoor, que
permanece fixo em um mesmo local.

Fonte: VIEIRA, Martha Lourenço. Suportes da escrita. Glossário Ceale. Disponível em: https://www.ceale.

fae.ufmg.br/glossarioceale/verbetes/suportes-da-escrita. Acesso em: 29 nov. 2021.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 86


2. LIVRO IMPRESSO E SEU FUTURO

Caros(as) Acadêmicos(as),

Agora que já conhecemos os diferentes suportes da escrita, refletiremos sobre


a história do livro impresso e seu papel na sociedade. Já vimos que a história do livro
se inicia na antiguidade na forma de volume ou rolo de papiro e que no começo da Era
Cristã, surgiu um novo suporte da escrita, o códice, que significou uma revolução nas
técnicas editoriais tendo em vista as vantagens que oferecia em relação ao rolo, como
a possibilidade de uso dos dois lados da folha, inserção de seções, capítulos, números
de páginas, além de maior facilidade para manuseio e transporte. O pergaminho, e pos-
teriormente o papel, fortaleceram o uso do códice, tornando-o no principal suporte da
escrita. Desta forma, o livro, considerando os seus vários suportes materiais, “representa
uma tecnologia que por muitos anos tem sido o principal meio para o armazenamento e
a transmissão de informações” (RASTELI, 2015, p. 103).
O mesmo autor argumenta que o livro não esteve apenas na base do processo
de apropriação do conhecimento, do público da leitura e suas práticas, sua multiplicação
alterou substancialmente o convívio e o relacionamento sensorial com a palavra escrita,
originando fenômenos culturais e políticos mais amplos. Desse modo, as relações entre o
livro e o desenvolvimento das culturas, vão além do aspecto intelectual, alcançando ques-
tões mais salientes que incidem no âmbito industrial, econômico e social (RASTELI, 2015).

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 87


Entretanto, devemos lembrar que é o ato de ler, que dá sentido à existência do livro.
É a partir da leitura que se dá o processo de significação e o processo de apreensão na
construção de conhecimento. Marcuschi e Xavier (2010) destacam que a prática da escrita
conduziu uma parcela da sociedade para uma cultura letrada. Atualmente, de igual modo, a
escrita eletrônica, tem direcionado a uma cultura eletrônica, a uma nova economia, fatores
que também têm tornado as sociedades letradas cada vez mais complexas. Neste sentido,
novas formas de pensar, de conviver, vêm sendo elaboradas a partir do desenvolvimento
tecnológico, impactando nas práticas de leitura, escrita e aprendizagens que nesse cenário
passam a ser apreendidas por tecnologias cada vez mais avançadas e velozes,
Destacando o papel do livro na sociedade, Alves e Salcedo, (2017, p. 502) des-
tacam que ele “[...] celebra, de maneira ininterrupta, certa aliança temporal do hoje com o
eterno”. Os autores complementam dizendo que o livro além de deixar registrado o que foi
dito ou produzido, transmitindo-o a outras gerações, “evoca um movimento de recriação, de
transformação discursiva, de conflito entre diferenças em busca de complementaridade. É
nessa direção que o eterno hoje, do livro, provoca desafios e renovadores olhares” (ALVES
e SALCEDO, 2017, p. 502).
Em relação ao futuro do livro impresso, Santos (2016, online) considerando as
facilidades e comodidades oferecidas pelo livro eletrônico, destaca que:
[...] o livro eletrônico chegou botando banca. Mas o fato é que ele ainda não
chegou de verdade. Há muito a ser aprimorado até que os aparelhos e biblio-
tecas online caiam nos braços do povo. O livro impresso terá seu espaço até
aparecer um leitor eletrônico que seja acessível, agradável de usar e tenha
um formato atraente. A questão é quando vai surgir”[...] De qualquer modo, o
ringue está pronto. E o livro impresso, com suas capas coloridas, o cheiro de
tinta e uma experiência de tato ainda inigualável, terá de barrar o ímpeto de
seu oponente – mais jovem e cheio de novidades. Antes que o novato vire um
produto a que nem o leitor mais conservador consiga resistir.

Embora as vantagens oferecidas pelo livro virtual pareçam, pelo menos os lei-
tores mais adeptos da tecnologia, tentadoras e irresistíveis, por enquanto, o que temos
são indícios de que o livro impresso ainda vai perdurar por muitos anos, apesar do alto
desenvolvimento tecnológico e das inúmeras ofertas de livros eletrônicos. A esse respeito,
Lopes e Müggi (2021, p.1) destacam que “em meio às transformações, o livro de papel,
em seu tradicional formato, mantém-se em pleno uso” e apontam que livros neste formato
ainda tem sido diariamente, comprados, emprestados, trocados e com isso, circulado pelos
diferentes espaços sociais.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 88


Percebemos então, que a sociedade ainda demonstra certo apego ao livro im-
presso, tornando-o um dos últimos objetos do mundo analógico a resistir às vantagens
apresentadas pelo mundo digital. Esse curioso fato, pode ser melhor compreendido se
considerarmos as transformações ocorridas durante seu percurso histórico. Vejam! Sua
origem remonta às tábuas de argila, passou pelos rolos de papiro e pergaminho, códices
e livros impressos produzidos industrialmente, até chegar aos e-books. Nesse percurso,
o livro simboliza poder e status e em muitas ocasiões, foi considerado um raro tesouro e,
hoje, mesmo na condição de objeto usual e de fácil acesso que se tornou, não abdicou de
sua carga simbólica, permanecendo, assim, como objeto historicamente situado em um
contexto social, que lhe atribui valor e que lhe permite coexistir juntamente com o formato
digital, cada um cumprido seus objetivos e finalidades específicas (LOPES; MÜGGI, 2021).
Lyons (2011) confere ao livro impresso o atributo da veracidade, destacando que
essa é a principal característica que sustenta o seu vigor, força e resistência e justifica
sua longevidade. Eco e Carrière (2010) Justificam a “imortalidade” do livro, a partir da
fragilidade dos suportes contemporâneos e da inexorável obsolescência dos dispositivos
tecnológicos. Para os autores, atravessamos uma “crise de durabilidade” em relação a
preservação da memória da humanidade, tendo em vista as incertezas que permeiam as
questões da acessibilidade futura dos suportes contemporâneos. Os autores justificam a
existência da crise pelo fato de sermos capazes de ler um texto impresso há mais cinco
séculos, mas sermos incapazes de ler, ou ver o conteúdo de um cassete eletrônico, ou dis-
quete ou um CD-ROM com apenas poucos anos de idade. A menos que consigamos fazer
com que nossos computadores resistam à obsolescência de seus hardwares e softwares.
Em termos de preservação da memória e garantia de acesso, essa é uma das
questões mais complexas da contemporaneidade, pois ao mesmo tempo em que os avan-
ços tecnológicos e os suportes digitais nos trouxeram inúmeras possibilidades e facilidades
de armazenamento, acesso e interação, perduram as dúvidas e questionamento quanto à
durabilidade e condições de acessibilidade futura a suportes. É nessa direção que Eco e
Carrière (2010) defendem que embora as inovações trazidas pela alta tecnologia tenham
impactado nas mais diversas ações cotidianas, principalmente as relacionadas a estudar,
ler e pesquisar, o livro tem mantido sua função inalterada.
Neste aspecto, para os autores, as transformações tecnocientíficas não nos leva-
ram a um distanciamento do livro, mas sim a uma modificação nos modos de pensá-lo a
partir das inovações desenvolvidas.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 89


Das duas, uma: ou o livro permanecerá o suporte da leitura, ou existirá al-
guma coisa similar ao que o livro nunca deixou de ser, mesmo antes da in-
venção da tipografia. As variações em torno do objeto livro não modificaram
sua função, nem sua sintaxe, em mais de quinhentos anos. O livro é como
a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados, não podem
ser aprimorados. [...] O livro venceu seus desafios e não vemos como, para
o mesmo uso, poderíamos fazer algo melhor que o próprio livro. Talvez ele
evolua em seus componentes, talvez as páginas não sejam mais de papel.
Mas ele permanecerá o que é (ECO e CARRIÈRE, 2010, p. 16-17)

Com isso, autores demarcaram uma função para o livro da qual os suportes atuais
parecem não dar conta de superar, atribuindo ao livro o status de objeto máximo de cultura,
na tentativa de “demonstrar que as tecnologias de hoje estão longe de tê-lo desqualificado”
(DINIZ, 2010, p, 2019).
Neste item, percebemos o valor cultural e histórico atribuído ao livro impresso e
constatamos que suas perspectivas futuras continuam apontando para sua produção e uso,
apesar das facilidades e praticidades oferecidas pelos suportes digitais. Esperamos que
você tenha apreciado o conteúdo apresentado e esteja ansioso para conhecer sobre o livro
eletrônico e as vantagens que ele tem a nos oferecer, tema discutido no próximo item. Até lá!

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 90


3. LIVRO ELETRÔNICO

Caros(as) Acadêmicos(as)!

No item anterior, conhecemos a trajetória do livro impresso e vimos que o valor


cultural atribuído a ele ao longo dos milênios o tornou um objeto único, e até o momento,
insuperável. Neste item, voltaremos nosso olhar para o livro eletrônico, buscando conhe-
cer sua história e seus propósitos na sociedade. Para isto, iniciaremos compreendendo o
contexto histórico e social que fez eclodir uma verdadeira revolução tecnológica, da qual o
livro eletrônico é decorrente.
Iniciamos essa discussão, analisando o contexto de transição ou coexistência entre o
impresso e eletrônico e lembrando que a humanidade possui “séculos de história registrados
em papel, no qual gerações aprenderam a ler, escrever, interpretar e se comunicar”. Essa re-
lação instituída e consolidada, certamente gera sentimentos nostálgicos nos amantes do livro
impresso, o que o impede de tornar-se um artefato obsoleto. (DZIEKANIAK et al. 2010, p. 84).
A informação digital surge do desenvolvimento e aprimoramento das Tecno-
logias de Informação e Comunicação e do seu papel transformador na sociedade.
Representou uma significativa evolução dos suportes de informação, em especial após
a popularização da internet, que promoveu o rompimento de barreiras geográficas, a
livre circulação da informação e o surgimento do suporte digital e dos livros eletrônicos
(REIS e ROZADOS, 2016). Nesse aspecto, Lévy (1993) destaca que o desenvolvimento
da Internet transformou as formas de comunicação, de produção de conhecimentos e a
estruturação do pensamento a partir da disponibilização e do compartilhamento de uma
gigantesca gama de informações.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 91


Embora pareça recente, o surgimento do livro eletrônico remete ao desenvolvi-
mento do Memex (Memory Extension), por Vannevar Bush, em 1945, primeiro dispositivo
projetado para o armazenamento e consulta de livros, arquivos e comunicações. Neste
equipamento, o usuário poderia abrir, visualizar a informação contida no microfilme em um
pequeno monitor, e ainda editá-la, copiá-la e salvá-la, além de poder criar atalhos asso-
ciativos e links entre os documentos. Na prática, o Memex não chegou a ser construído,
mas certamente representou o protótipo do desenvolvimento das próximas e sucessivas
versões de microprocessadores (REIS e ROZADOS, 2016).
O idealizador do Memex,Vannevar Bush previa a necessidade de mudanças nas
formas de armazenamento e disponibilização do conhecimento. Para Tammaro e Salarelli
(2008, p. 14):
Bush tinha consciência de que as estantes de uma biblioteca não eram mais
adequadas para recolher e conservar um acervo, para uma pesquisa eficaz
e para facilitar a criação de novos conhecimentos. O Memex seria um instru-
mento para estudiosos, uma biblioteca pessoal.

Com a disseminação da internet e da informação digital, surge o livro eletrônico ou


e-books, caracterizados, conforme Reis e Rozados (2016, p. 02) como:
[...] um livro que existe exclusivamente em formato digital, não periódico, que
necessita de um aparelho leitor e de um software para decodificação que
viabilize sua leitura. Pode conter texto, imagem, áudio e vídeo, permite a in-
clusão de comentários pelo leitor, bem como o controle e ajuste de nuances
de brilho, cor e tamanho da fonte. [...] Uma das grandes vantagens do livro
eletrônico é o mecanismo de busca inerente a ele, que possibilita a pesquisa
por palavras e, em poucos segundos, a obtenção do resultado, não sendo
necessário folhear o livro ou relê-lo.
As mesmas autoras salientam que os e-books podem ser utilizados nos mais dis-
tintos espaços educacionais e “que sua utilização pode tornar o ensino mais agradável
aos estudantes”, devido a sua aderência aos interesses e habilidade dos jovens. Outra
vantagem apontada diz respeito à preservação ambiental, pela economia de papel gerada
e do gasto mínimo com energia (REIS e ROZADOS, 2016, p. 03).
O livro eletrônico trouxe aos seus autores e editores maior liberdade de criação,
tendo em vista a possibilidade de uso, de diferentes recursos de áudio, vídeo, cores, ani-
mações e interação. Ao leitor, permite o uso de diferentes recursos que possibilitam alterar
o tamanho da letra, cor, layout, e ainda a não linearidade da leitura, tendo em vista sua
característica de hipermídia que possibilita que o texto se expanda e contrai, estique-se e
encolha, a depender da vontade e necessidade do leitor. Esses são importantes atributos
que podem, inclusive, oportunizar a leitura tanto para pessoas com pouca escolaridade,
quanto para pessoas com deficiência, sobretudo, deficiência visual. O formato eletrônico
possibilita ainda, a ampla e rápida difusão de conteúdos e corrobora para a universalização
do acesso ao livro (BEIGUELMAN, 2003). Chartier (1999, p. 88) acrescenta que esse “novo
suporte permite usos, manuseios e intervenções do leitor, infinitamente mais numerosos e
mais livres do que qualquer outra das formas antigas do livro’’.
Dziekaniak et al. (2010, p. 85) salientam que o livro eletrônico trouxe alterações
significativas na prática da leitura:

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 92


O conteúdo está na memória do computador, a página está na tela; o que
antes era uma brochura hoje se encontra em um cartão de memória ou no
hard disc (HD) de um computador; o folhear está em um clic, em ícones com
o recurso de link, ou simplesmente no descer a barra de rolagem. [...] Essa
é a realidade da leitura virtual, um formato que convida o leitor a interagir e a
explorar símbolos e palavras que mudam de cor ou que oferecem a facilidade
de manuseio com um simples toque. Convites para conhecer uma imagem,
ouvir um som, aprofundar significados ou conhecer o texto original, ou mesmo
outro texto relacionado, são oportunidades permitidas por meio do e-book.

Os autores supracitados apontam que essa nova forma de leitura permite extra-
polar a ideia inicial do autor, por meio dos links sugeridos ao leitor e das indicações de
novas leituras, possibilitadas pela infinidade de ligações disponíveis no texto ou na rede.
Com essa riqueza de possibilidades, chamada hipertexto, o livro eletrônico possibilita
enfocar e estender o sentido e significado proposto pelo escritor, “permitindo que o lei-
tor, se quiser, siga os passos para uma (talvez nova) interpretação, em novas leituras”
(DZIEKANIAK et al., 2010, p. 85).
Contudo, é possível identificar algumas desvantagens desse suporte. A primeira
delas diz respeito ao fato de que muitos leitores ainda “[...] preferem sentir a textura do
papel, o cheiro, folhear as páginas, o que não terão em um e-book”. Soma-se a essa
questão as dificuldades técnicas, relacionadas à necessidade de intermediação de um
aparelho eletrônico para a leitura, além da necessidade de um software para sua deco-
dificação, ou seja, um reader. Além disso, os custos do aparelho e do próprio livro digital
ainda são altos, e o processo de aquisição e acesso ao material exige certa competência
tecnológica, o que o torna um produto impopular e até mesmo inviável para a maioria da
população (REIS; ROZADOS, 2016, p. 03).
Dziekaniak et al. (2010, p. 87) complementam, destacando que a leitura na tela pode
ser até “25% mais lenta do que a tradicional, e mais facilmente esquecida”, visto que a aten-
ção pode estar dividida com outros conteúdos disponibilizados na mesma página. Além disso,
a disposição do texto e o excesso de links e janelas podem dispersar e até inutilizar a leitura.
Contudo, sabemos que em muitos casos, o custo de um texto em e-book tem suplantado o
do livro em papel e atraído muitos leitores ávidos, e tornando-se uma tendência, motivo pelo
qual se justifica o aparecimento e multiplicação das bibliotecas virtuais e bases de dados.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 93


REFLITA

Martins (2001, p. 100) destaca que “a Idade Média consagra a substituição do rolo pelo
códex, da mesma forma que substitui o papiro pelo pergaminho e, já na transição para a
Renascença, o pergaminho pelo papel”. A partir deste fragmento e do seu percurso pela
disciplina, reflita sobre sua experiência tanto com livros impressos quanto eletrônicos,
pontue os aspectos positivos e negativos de ambos os formatos e avalie as possibilida-
des de transição e/ou coexistência desses distintos suportes.

Fonte: As autoras (2021).

Neste item, caracterizamos o livro eletrônico, enfatizando suas principais vanta-


gens e desvantagens. Esperamos que sua aprendizagem tenha sido significativa e que
tenhamos lhe instigado a buscar novos conhecimentos e experiências com o livro e com
a leitura, seja ela no suporte impresso ou eletrônico. No próximo item nos atermos aos
impactos das novas tecnologias nas atividades registrais. Esperamos que esteja ansioso(a)
e empolgado(a) e para discutirmos o tema! Até lá, bons estudos!

SAIBA MAIS

Michael Hart é considerado o criador do livro eletrônico. Em 1971 ele digitou a Decla-
ração de Independência dos Estados Unidos, primeiro documento da história da huma-
nidade a se tornar um documento eletrônico. Mais tarde, fundou o Projeto Gutenberg,
primeira biblioteca digital do mundo a realizar a digitalização de livros em domínio públi-
co, arquivá-los e disponibilizá-los gratuitamente. Em 2012 oferecia mais de 38.000 livros
eletrônicos gratuitamente, disponíveis em 42 idiomas, em diversos formatos, não sendo
necessário realizar registro no site para fazer download
Acesse o site e veja o sistema de busca por ebooks desse projeto. https://www.gu-
tenberg.org/ebooks/.

Fonte: Reis e Rozados (2016, p. 07).

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 94


4. O IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NAS ATIVIDADES REGISTRAIS

Caros(as) Acadêmicos(as)!

Nos itens anteriores, estudamos a evolução dos suportes da escrita até chegarmos
no formato eletrônico. Percebemos o quanto o livro evoluiu. Desde o papiro ao surgimento
do e-book, reinventou-se por diversas vezes, percorrendo um longo caminho até chegar
ao formato digital. Constatamos assim, que todo esse percurso contou com transições
que só foram possíveis devido a evolução do Homem e do desenvolvimento de novas
tecnologias. Você já refletiu sobre o que pode ser considerado uma tecnologia? Muitas
vezes restringimos esse termo às questões ligadas à informática e às redes de informação
e comunicação, mas seu conceito é bem mais amplo. Vejamos algumas concepções.
Ferreira (2009, p. 1925) define a tecnologia como “um conjunto de conhecimento,
princípios específicos que se aplicam a determinado ramo de atividade”. Coronel e Silva
(2010, p. 182) ampliam essa concepção destacando que:
[...] a tecnologia é a ciência da técnica, que surge como exigência social
numa etapa ulterior da história evolutiva da espécie humana. As novas tec-
nologias nascem, de um lado, devido à posse dos instrumentos lógicos e
materiais indispensáveis para se chegar a uma nova realização, na base dos
quais está o desenvolvimento científico, e, de outro, de uma incessante exi-
gência social de superação de obstáculos e busca de inovações, daí porque
nenhuma tecnologia se antecipa à sua época.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 95


Pinto (2005) concebe a tecnologia como conjunto de técnicas desenvolvidas ao
longo de processos históricos coletivos. Porém, é muitas vezes utilizada como instru-
mento de dominação, além de possuir uma carga ideológica, ao passo que se torna
instrumento de adoração que garante a existência do moderno, isso faz que desejemos
sempre o último lançamento dos aparelhos eletrônicos e nos tornemos convictos de que
sem ele não podemos viver.
A partir dessas concepções, percebemos que os processos registrais sempre
foram impactados pela tecnologia. Desde as tábuas de argila, o papiro e o pergaminho já
representavam a tecnologia disponível na época e que foram superadas pela tecnologia
subsequente. Assim, o desenvolvimento tecnológico é um movimento contínuo que se
aperfeiçoa a cada dia e traz mudanças nas diferentes ações humanas.
Nas atividades registrais as mudanças mais marcantes, após o desenvolvimento
da imprensa, dos microcomputadores e da internet que ampliaram expressivamente a
capacidade de produção e disseminação do conhecimento, tivemos a concepção das
linguagens HTML (HyperText Markup Language) e o protocolo de comunicação HTTP
(HyperText Transfer Protocol), os quais possibilitaram a produção e a disseminação de
documentos hipertexto pela rede. Com isso, a internet se disseminou nas entre as mais
diferentes nacionalidades e profissões e o número de servidores e de novos usuários
aumentou exponencialmente (DIAS, 1999).
Para a autora, a rápida evolução da comunicação nos últimos anos atingiu a
universalidade e a diversidade de comunidades, conectando pontos de vista desiguais e
conflitantes. “Com a virtualização e a globalização da sociedade, o processo de produção
da informação e do conhecimento deixou de ser hierárquico para se tornar horizontal, des-
centralizado e interativo” (DIAS, 1999, p. 276).
Nesse contexto, os livros eletrônicos trouxeram diversas possibilidades e recursos
intrínsecos ao seu formato, podendo ser considerado um meio promissor de disseminação
e circulação de informações intelectuais e culturais (REIS e ROZADOS, 2016, p. 01).
Dziekaniak et al. (2010) destaca que atividade registrais foram impactadas pelas
novas tecnologias de diversas formas. Possibilitou a disponibilização e aquisição das obras
em capítulos, permitindo que o leitor adquira apenas a parte que lhe interessa, reduzindo
assim, o custo do acesso à informação desejada. Os valores das publicações completas
também diminuíram, de acordo com as autoras:

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 96


[...] os valores da publicação em formato eletrônico desbancam os valores da
publicação impressa. Um editor tradicional, para lançar três mil exemplares,
gasta aproximadamente 10 mil reais. No sistema eletrônico a obra é digitali-
zada uma única vez, ao custo de cerca de 100 reais. Se vender 10 livros ou
10 mil, os custos serão os mesmos. Na edição tradicional é preciso vender
50% do total impresso para cobrir os gastos de investimentos. No formato
e-book isso não é necessário. Ademais, não existe o risco de encalhe, nem
de esgotamento da obra, o que barateia o custo final (DZIEKANIAK et al.,
2010, p 88).

Destacam ainda que, as correções das obras também podem ser feitas de forma
rápida e até instantânea, e ser realizadas em forma de nova edição, ou somente em um
capítulo da obra, além da possibilidade de ser processada mediante o contato direto do
leitor com o autor. As novas tecnologias possibilitaram também a realização de cadastros
de perfis de interesses dos usuários, de forma a enviar boletins informativos com as novas
publicações e novas edições das obras. Questões relacionadas à política de favorecimento
nas publicações de autores reconhecidos e renomados também foram superadas, tendo
em vista ausência de riscos de prejuízos caso a obra não seja de fácil comercialização, com
isso abriu-se a oportunidade para novos autores e opções de leitura.
Essas facilidades de produção e publicação, por outro lado, exigem que o leitor
tenha um senso crítico mais apurado, tendo em vista que as obras não precisam passar
pela aprovação de um editor ou revisor e o autor mesmo poderá disponibilizar sua obra
na rede. Essa prática, poderá permitir a publicação de má qualidade, cabendo ao leitor
dispensar maior atenção na identificação e seleção do conteúdo, buscando sempre fontes
seguras e de credibilidade (DZIEKANIAK et al., 2010).
À medida que as tecnologias se desenvolvem e se propagam, os documentos
eletrônicos, se disseminava a ideia de se promover uma sociedade sem papel, no entanto,
na prática isso não ocorreu, pelo menos nas proporções desejadas, visto que as “pessoas
continuam a utilizar o papel através da impressão do material eletrônico, o que acarretou a
inversão do modelo imprime-distribui (como ocorre com o livro tradicional) para o distribui
imprime. (DZIEKANIAK et al., 2010).
As tecnologias impactam também o trabalho do bibliotecário, pois agora o seu tra-
balho não está mais restrito aos limites físicos de uma biblioteca ou de uma coleção, pois o
uso difundido da tecnologia a serviço da informação tem ultrapassado as barreiras físicas
e institucionais. Benício e Silva (2005, p. 05) destacam que agora esse profissional deverá:
[...] empenhar-se cada vez mais em agregar valor à informação e não apenas
em organizar para preservá-la, mas organizar para facilitar seu acesso e uso,
disseminando-a. O bibliotecário torna-se então o gateway (guia) ou gatekee-
per (orientador) do usuário, uma vez que será o intérprete dos meios e das
formas de acesso à informação e aos portais do conhecimento, organizando,
refinando, pesquisando a informação desejada através dos novos recursos
tecnológicos e tornando-se o elo entre informação-usuário-tecnologia (BENÍ-
CIO e SILVA, 2005, p. 5).

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 97


Nesse aspecto, os diversos avanços tecnológicos têm causado alto impacto nas
bibliotecas, uma vez que, nascidas para gerir recursos informacionais impressos, as bi-
bliotecas e os bibliotecários têm assumido a missão de abrigar e aprender a lidar com os
recursos digitais, objetos intangíveis presentes nas bibliotecas. Embora haja bibliotecas
que possuam acervos essencialmente digitais, a realidade brasileira aponta para um
modelo híbrido de biblioteca, onde seus acervos são compostos de material impresso e
digital (AMARO, 2018).
Neste item, apresentamos os impactos das novas tecnologias nas atividades re-
gistrais, vimos os principais conceitos atribuídos à tecnologia, e o quanto ela tem alterado
as ações e comportamentos dos diferentes atores envolvidos no processo de produção
e socialização e apropriação da informação. Esperamos que a sua aprendizagem tenha
sido significativa e que as informações aqui apresentadas o tenham instigado a buscar
novos conhecimentos sobre o tema. Foi um prazer tê-lo(a) conosco nessa caminhada!
Até a próxima!

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 98


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caros(as) Acadêmicos(as)!

Nesta unidade estudamos a evolução dos processos registrais, passando pelos di-
versos suportes e formas de registro utilizados pelo homem, desde a antiguidade, como as
tábuas de argila, o papiro, o pergaminho, o papel até chegarmos aos suportes eletrônicos.
Como vimos, o desenvolvimento das tecnologias permitiu a substituição dos suportes da
escrita por materiais cada vez mais práticos, buscando aprimorar as técnicas empregadas e
adequar-se às necessidades de uma sociedade. Observamos, portanto, que esses diferen-
tes suportes, usados em distintos contextos e finalidades, representaram as características
e a tecnologia disponível na época e que o homem sempre procurou desenvolver formas de
facilitar e agilizar o processo de produção, recuperação e disseminação do conhecimento.
Vimos também que o livro impresso possui um valor simbólico e cultural, construído
ao longo dos séculos, arraigado na sociedade, e que a variedade de recursos e possibilida-
des e oferecidas pelo livro eletrônico ainda não foi capaz de superá-lo. Constatamos ainda
que as novas tecnologias impactam sobremaneira nas atividades registrais, facilitando, não
somente a produção e disseminação da informação, como também a interação entre o
autor e o leitor. Em relação às bibliotecas, verificamos que o desenvolvimento tecnológico
as tornou híbridas, ou seja, continuam com seus acervos impressos ao mesmo tempo em
que se dedicam a adquirir e a disponibilizar acesso aos acervos digitais.
Finalizamos nossa unidade na expectativa de que você tenha se apropriado do
conteúdo abordado de forma significativa e que esse aprendizado contribua para sua for-
mação e reflexão enquanto futuro profissional, e, também enquanto leitor (a) certamente
também, impactado por todas essas transformações. Foi uma satisfação tê-lo(a) conosco
durante esse percurso! Até a próxima!

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 99


LEITURA COMPLEMENTAR

O futuro (e o fim?) do livro

Ele tomou um banho de tecnologia e ganhou superpoderes. Ficou ágil, coletivo e


revolucionário. Sua velha versão ainda resiste - mas por quanto tempo?
Todo mês, cerca de 20 pessoas comparecem a um encontro marcado em um prédio
na região de Pinheiros, em São Paulo. É um grupo heterogêneo. Ali tem advogado, empre-
sário, executivo, consultor. Eles se reúnem porque possuem algo em comum – sabem que
o futuro de todos ali está ameaçado.
Para que você entenda o que está acontecendo, vamos às explicações. O prédio de
Pinheiros é a sede da Câmara Brasileira do Livro. O pessoal que se reúne lá é formado, na
maioria, por representantes de editoras e distribuidoras de livros. E o que os preocupa é um
concorrente que vem desafiando o reinado do livro impresso, mantido há 6 séculos, desde
a Bíblia de Gutenberg: o livro digital. “A tecnologia está avançando rapidamente. E nós,
produtores de livros, ainda estamos presos ao papel”, diz Henrique Farinha, coordenador
do grupo e diretor da Editora Gente.
O comandante desse ataque à literatura de papel tem um nome: Kindle. É o leitor
eletrônico de livros lançado pela loja virtual americana Amazon, uma tela digital capaz de
reproduzir as páginas de qualquer livro, ainda que com algumas limitações. Tem enormes
vantagens na disputa com o papel. Digamos que você está lendo esta SUPER enquanto
descansa numa paradisíaca praia do Nordeste.
Você se interessou pela entrevista com Dan Ariely, na página 34, e resolveu comprar
o livro Previsivelmente Irracional, de autoria dele. Basta tirar o Kindle da mochila, navegar
com ele pelo site da Amazon e fazer a compra na hora. Em coisa de um minuto, você terá
o livro inteiro disponível no aparelho. Não é feitiçaria, é tecnologia – uma função wireless
parecida com a de alguns celulares. O pagamento seria feito com o cartão de crédito. O
preço: US $9,99. Bem mais barato que o livro impresso na mesma loja. Sem contar que
daria para ler ali, com o pé pra cima, qualquer outro livro que você já tivesse comprado pelo
Kindle. O bichinho armazena mais de 1 500 obras. É o mesmo que carregar por aí uma
biblioteca formada durante toda a vida.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 100


A praticidade é a sacada revolucionária que fez do Kindle um hit entre os ameri-
canos, por enquanto os únicos a aproveitar suas funcionalidades (a rede wireless usada
para venda dos livros ainda não funciona em outros países). Segundo a Amazon, um livro
que tenha uma versão digital para o Kindle vende 35% mais cópias. De cada 4 exemplares
vendidos de uma obra, um já é digital. Tem até gente pedindo autógrafo pro escritor no
e-reader. (Aconteceu de verdade em Nova York, com o humorista David Sedaris, no lança-
mento de seu livro Engolido pelas Labaredas, no ano passado.)
E olha que o Kindle ainda vive a sua infância. A tela já mostra texto e imagens,
mas em branco e preto. Cores? Só daqui a alguns anos, segundo Jeff Bezos, o presi-
dente da Amazon.
Conclusão 1 para os nossos amigos lá na Câmara Brasileira do Livro: o livro digital
já pegou. Conclusão 2: se ficar ainda melhor, vai nocautear o livro impresso.
Para piorar, uma legião de soldados vem na retaguarda do Kindle, tão ansiosa para
vencer a batalha quanto seu líder.
Os outros e-readers no mercado estão se sofisticando. Caso do Reader Digital
Book, da Sony. Lançado em 2006, ele acabou de ganhar uma turbinada. Em março, a Sony
disponibilizou para os donos de seu e-reader mais de 1 milhão de livros clássicos – de gra-
ça. Como? Uma parceria com o Google, que vem digitalizando obras por meio de acordos
com editoras. Aliás, são textos que estão disponíveis para a leitura também na internet.
Basta entrar no Google Books – há outros 6 milhões de livros lá.
Sem contar que dá para ler um livro até pelo celular. Por enquanto, a coisa funciona
graças ao Kindle – você baixa um aplicativo da Amazon pelo iPhone e manda ver na leitura.
Mas já tem gente apostando que a Apple vem aí com uma ideia Jobsiana para
transformar o iPhone em um e-reader sofisticado. No Brasil, nada disso vale ainda. O pri-
meiro a chegar deve ser criação tupiniquim mesmo: o Braview, previsto para outubro (veja
mais no quadro acima). E eu com isso?
Beleza, o livro digital é mais prático e barato do que o impresso. E daí? Daí que a
transição vai mexer diretamente com a sua vida.
Veja este caso: na cidade inglesa de Hackney, a escola City Academy vai adotar
e-books em formato PDF para ensinar seus alunos, uma criançada de 11 a 16 anos. Nada
mais de livros convencionais. Para viabilizar a digitalização, a escola está trabalhando com
editoras de livros que compõem o currículo escolar. Chega de ver criancinhas com mochilas
de 3, 4, 5 quilos nas costas. No caso do Kindle, tudo caberia em menos de 300 gramas.
O mesmo que você teria de carregar se saísse de férias e levasse 5 livros para ler na

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 101


viagem. A dor na coluna vai diminuir. Mas a dor no bolso pode aumentar. É verdade, os
e-books custam menos do que o livro impresso. O problema é que um modelo como o
Kindle permite que você tenha um livro no momento em que quiser – nem sobra tempo
para pensar duas vezes. É a oportunidade perfeita para as compras por impulso E quem é
mão de vaca não vai ter moleza pra pegar livros dos outros. Hoje, não dá para emprestar
as obras digitais para os parentes ou amigos. A exceção é o Cool-er, da fabricante britânica
Interead, que deixa você repassar um arquivo para até 4 pessoas. O livro digital também
pode transformar a leitura em um ato coletivo. Não, não é que você vai reunir a galera pra
contar historinha. É só a influência da web 2.0. Sabe aquelas anotações que a gente faz
no canto da página? Com o livro em bibliotecas como a do Google, vai dar para ler seu
conteúdo e deixar anotações para o próximo leitor. Teríamos acesso aos pensamentos e
referências que outra pessoa, que nem conhecemos, deixou ali.
Bacana, não é? Mas as mudanças podem não ser tão positivas para o pessoal
da indústria do livro, como aquele grupo do começo da reportagem. Pense aqui com a
gente: se não vamos precisar de papel, tinta e distribuição para fazer e vender livros…
pra que servirão as editoras e distribuidoras? Aí é que o bicho pega. Autores best sellers
não precisam de tanta orientação ou promoção para vender livros. Poderiam cortar os
intermediários e negociar direto com as lojas. Isso aumentaria a participação nos lucros.
O movimento já começou: a Interead, aquela do Cool-er, ofereceu 50% do dinheiro das
vendas para os escritores que colocassem seus livros à venda no site do e-reader, o
Coolerbooks.com. Uma editora tradicional costuma pagar até 10%. Mas e os autores
menos famosos? Eles ainda precisam das editoras. E a morte delas pode ser a morte
de grande parte da boa literatura. Ou não: talvez qualquer um possa escrever um livro e
colocar na internet. São questões ainda sem resposta.
De qualquer jeito, o modelo tradicional não vai desaparecer da noite para o dia –
as vendas de livros eletrônicos não passam de 2% do mercado livreiro, e isso nos países
em que o e-reader já é realidade. Mesmo assim, editoras e lojas estão se mexendo, seja
digitalizando o catálogo, seja criando negócios no mundo virtual. Elas têm, no entanto,
uma dor de cabeça maior pela frente. No empenho para consolidar seu leitor eletrônico,
a Amazon cravou um preço para a venda da maioria de seus livros: US $9,99 – enquanto
um título em capa dura custa em média entre US $25 e US $35. Só que a própria Amazon
paga entre US $12 e US $13 para comprar obras das editoras. Ou seja, tem prejuízo. É
uma aposta para o futuro: o preço baixo ajuda a atrair clientes a rodo. Isso pode pressionar
as editoras a baixar os preços para competir, sacrificando os lucros. E talvez as levando
à falência. Só a Amazon se daria bem, porque teria a clientela formada e conseguiria
colocar o negócio no azul.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 102


Até as bibliotecas terão de aprender a viver nessa nova ordem. No exterior, os
bibliotecários estão se especializando em pesquisas online. Querem ser profissionais
preparados para ajudar estudantes e interessados a filtrar informações encontradas em
sites. “Tem muito lixo na internet. As pessoas assumem como verdade qualquer informação
achada na Wikipedia”, diz Nêmora Rodrigues, presidente do Conselho Federal de Biblio-
teconomia. “O bibliotecário precisará indicar o caminho para as fontes mais relevantes e
fidedignas.” Pois é, o livro eletrônico chegou botando banca. Mas o fato é que ele ainda
não chegou de verdade. Há muito a ser aprimorado até que os aparelhos e bibliotecas
online caiam nos braços do povo. “O livro impresso terá seu espaço até aparecer um leitor
eletrônico que seja acessível, agradável de usar e tenha um formato atraente. A questão
é quando vai surgir”, diz Henrique Farinha. De qualquer forma, o ringue está pronto. E o
livro impresso, com suas capas coloridas, o cheiro de tinta e uma experiência de tato ainda
inigualável, terá de barrar o ímpeto de seu oponente – mais jovem e cheio de novidades.
Antes que o novato vire um produto a que nem o leitor mais conservador consiga resistir.

Fonte: SANTOS, Alexandre Carvalho dos. O futuro (e o fim?) do livro. Revista superinteressante, n. 31

out 2016 - Disponível em: https://super.abril.com.br/cultura/o-futuro-e-o-fim-do-livro/. Acesso em: 29 nov. 2021.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 103


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Livro - uma História Viva
Autor: Martyn Lyons
Editora: Senac
Ano: 2011.
Sinopse: Há 2.500 anos, livros têm sido usados para legislar, re-
gistrar, idolatrar, educar e divertir. Esta belíssima história ilustrada
explora uma das tecnologias mais versáteis, úteis e duradouras
já inventadas. Livro: Uma história viva apresenta a evolução e a
influência dos livros em todo o mundo, desde as tabuletas cunei-
formes dos sumérios, até a emergência da revolução moderna da
informação. Entre as imagens, o leitor encontrará códices maias,
papiros egípcios, iluminuras de manuscritos medievais, clichês das
primeiras impressões de Gutenberg e muito mais. Um banquete
para os apaixonados por livros.

LIVRO
Título: Não Contem com o fim do livro
Autor: Umberto Eco; Jean Claude Carrière.
Editora: Record
Ano: 2010
Sinopse: Os autores, notórios bibliófilos, discutem a história e
o futuro dos livros de maneira erudita e bem-humorada. Ao per-
correrem cinco mil anos de existência dos impressos, os autores
defendem a imortalidade do objeto como o conhecemos, apesar
dos e-readers e da internet.

LIVRO
Título: A Biblioteca Digital
Autor: Anna Maria Tammaro Alberto Salarelli.
Editora: Briquet lemos.
Ano: 2008.
Sinopse: A biblioteca digital começa a fazer parte do mundo da
cultura, embora seu conceito ainda não seja claramente com-
preendido. Este livro contribuirá para um melhor entendimento
do presente e do futuro da biblioteca digital, ao examinar quais
os obstáculos que ela tem de superar para alcançar ressonância
social, quem são os responsáveis por sua implantação, como será
administrada e qual o novo papel que ela e o bibliotecário irão
desempenhar na sociedade da aprendizagem.

UNIDADE IV Sistema Registral e Novas Tecnologias 104


FILME / VÍDEO
Título: Escrita Cuneiforme
Sinopse: Apresenta a escrita cuneiforme, suas características,
técnicas e instrumentos utilizados.
Data: 2018.
Link de acesso: https://youtu.be/SifMwht0Z6g

FILME / VÍDEO
Título: O Futuro dos Livros - Documentário
Sinopse: Discute o futuro do livro e da leitura, a partir da propa-
gação do livro eletrônico.
Data: 2013.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=pWr-
MYSR3G1M

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-um-meio-de-comunicacao.html. Acesso em: 02 nov. 2021.

VIEIRA, Martha Lourenço. Suportes da escrita. Glossário Ceale. Disponível em: https://
www.ceale.fae.ufmg.br/glossarioceale/verbetes/suportes-da-escrita. Acesso em: 29 nov.
2021.

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CONCLUSÃO GERAL

Caro(a) Acadêmico(a)!

Chegamos ao término dessa nossa discussão, mas cientes de que o assunto não
se esgota aqui, pois a reflexão sobre a evolução dos sistemas registrais é infindável e
sempre podemos aprender um pouco mais.
Mas, retomando este material, na primeira unidade tivemos a oportunidade de refletir
sobre as noções históricas sobre os registros. Perpassamos pelo conceito e histórico do sistema
de registro, descobrimos também que o homem pré-histórico, percebeu que não podia confiar
na memória para guardar seus feitos. Assim registrava suas conquistas, por meio da pintura
rupestre e gravuras realizadas no interior das cavernas, mas este tipo de suporte se alterou com
a invenção da escrita. Discutimos, ainda, sobre a legislação das atividades registrais e vimos
que no Brasil há uma lei própria para proteção dos registros de direitos autorais.
Em um segundo momento, conhecemos a evolução dos registros conhecimento
na era medieval. Vimos como se deu a transição entre os diferentes formatos dos suportes
da escrita, em especial entre os rolos de papiro, pergaminho e o códice e também as
diferentes matérias primas e processos de fabricação desses suportes. Observamos que a
evolução da sociedade demandou e também favoreceu o desenvolvimento e aceleração da
produção desses suportes para subsidiar a crescente produção e registro de informações
para diferentes finalidades na sociedade. Pudemos perceber a importância da leitura e o
quanto esta contribuiu e, ainda, contribui para disseminação dos diferentes saberes entre
as gerações, para apropriação da informação e criação de novos conhecimentos.
Estudamos, também, sobre bibliotecas monacais e medievais. Vimos que as primei-
ras, tal como, na antiguidade atuavam somente como depósito de livros e seu acesso era
restrito a poucos e, na Idade Média, no que tange às bibliotecas foi marcado por significati-
vas evoluções seja pela transição do rolo de papiro para o códice, que facilitou e acelerou
tanto a produção quanto a leitura dos textos, seja pelas significativas mudanças intelectuais
e sociais que impulsionaram criação das universidades e das bibliotecas universitárias.
Adiante, estudamos sobre a origem do papel, pudemos refletir o quão ele é im-
portante em nossas vidas e que de todos os suportes de escrita que o antecederam ele
que sobreviveu através dos tempos. Vimos que ele foi descoberto pelos chineses, ficou
muito tempo guardado em segredo dado à sua preciosidade e que foram os árabes que o
difundiram para a Europa. Conhecemos, ainda, sobre a história e a evolução da imprensa

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e, mais uma vez, vimos que os chineses já tinham inventado formas de imprimir com tipos
móveis, entretanto, foi a máquina de imprensa criada por Gutenberg que se imortalizou.
Verificamos que a partir da imprensa o número de documentos cresceu sensivelmente e
que era preciso estudar maneiras de gerí-lo.
Neste sentido, a gestão documental surge como uma ferramenta para auxiliar os
profissionais da informação e os arquivistas no seu manejo correto. Vimos que, apesar de
alguns procedimentos básicos serem comuns, cada instituição adota aqueles que atendam
melhor às suas necessidades. Nessa trilha percorrida pelas bibliotecas, a ênfase recaiu
sobre a biblioteca na era industrial, mais precisamente a instituição que emergiu a partir do
século XX, em que o conhecimento é cada dia mais especializado e para que cumpra seu
papel de socializadora do conhecimento necessita ter as TICs como aliada.
Na nossa última unidade, revisitamos os diversos suportes e formas de registro utili-
zados pelo homem, desde a antiguidade, como as tábuas de argila, o papiro, o pergaminho,
o papel até chegarmos aos suportes eletrônicos. Observamos o quanto o desenvolvimento
das tecnologias permitiu a substituição e o aprimoramento desses, tornando as atividades,
tanto de escrita quanto de leitura cada vez mais práticas e ágeis.
Vimos também que o livro impresso possui um valor simbólico e cultural, instituído
na sociedade, e que a variedade de recursos e possibilidades oferecidas pelo livro eletrôni-
co ainda não foi capaz de superá-lo. Contudo, fica evidente o quanto as novas tecnologias
impactam as atividades registrais, facilitando não somente a produção e disseminação da
informação, como também a interação entre o autor e o leitor, o que exigiu uma mudança de
comportamento relacionado a estas práticas, principalmente em relação a definição de crité-
rios para seleção de fontes seguras e de credibilidade, tendo em vista o volume de conteúdos
produzidos, por vezes sem os devidos critérios de avaliação e validação. Neste processo, as
bibliotecas tornaram-se híbridas, ou seja, continuam com seus acervos impressos ao mesmo
tempo em que se dedicam a adquirir e a disponibilizar acesso aos acervos digitais.
Finalizamos a nossa disciplina na expectativa de que o conteúdo abordado seja pro-
veitoso e lhe traga reflexões e inquietações que o levem a aprofundar seus conhecimentos
no assunto, tendo em vista que a dinâmica do desenvolvimento tecnológico frequentemente
nos traz atualizações nas formas de registro, armazenamento e acesso à informação.

Foi muito bom tê-lo(a) conosco durante essa caminhada! Até a próxima!

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