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Administração On Line
Prática - Pesquisa - Ensino
ISSN 1517-7912
Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado
FECAP - desde 1902 Volume 1 - Número 1
(janeiro/fevereiro/março - 2000)
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RESUMO: O artigo apresenta uma pesquisa que investigou as opiniões de alunos universitários a
respeito do tema "avaliação da aprendizagem". A pesquisa, desenvolvida segundo as orientações do
enfoque qualitativo, teve por objetivo fundamental identificar, caracterizar e analisar os significados e
as práticas de avaliação da aprendizagem segundo a perspectiva de alunos do ensino superior.
Subsidiariamente esperamos que o estudo forneça dados e informações que permitam uma melhor
compreensão dos aspectos envolvidos no processo de avaliação da aprendizagem e que sirvam de
elementos para uma reflexão mais acurada sobre a prática docente. O estudo envolveu alunos de três
cursos da UNESP/Rio Claro e os dados foram coletados a partir de depoimento escrito e entrevista
semi-estruturada. A análise dos dados seguiu as orientações da técnica de "análise de conteúdo" e
assumiu um enfoque predominantemente descritivo. Os dados foram agrupados em torno de grandes
temas que se revelaram os mais significativos tendo em vista os objetivos do estudo. Os resultados
sugerem que a avaliação é considerada um aspecto importante do processo ensino-aprendizagem e
que os alunos atribuem a ela tanto uma função didática quanto uma função "de controle". Os alunos
apontam ainda que um conjunto de sentimentos negativos cercam a atividade de avaliação
questionando tanto a efetividade do processo quanto a qualidade dos instrumentos e das modalidades
avaliativas utilizadas pelos docentes. Tais resultados, longe de serem conclusivos, ampliam, no
entanto, nossa compreensão a respeito da visão dos discentes fornecendo um conjunto de informações
bastante relevantes, tanto do ponto de vista da reflexão teórica quanto do ponto de vista da prática
educativa.
1. Introdução
Em função dos objetivos da presente pesquisa, que destaca as opiniões dos alunos no que
se refere aos vários aspectos envolvidos no processo de avaliação da aprendizagem,
buscaremos na literatura especializada os estudos que examinam a avaliação a partir da
análise das perspectivas e vivências dos estudantes neste processo.
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Segundo Warren (1987) os relatos dos alunos, valorizando procedimentos mais informais,
descrevem situações em que ensino e avaliação estão claramente integrados, com a
avaliação ocorrendo durante todo o processo instrucional contribuindo, dessa forma, para
a aprendizagem. Ele considera que este é o aspecto que realmente importa quando se
fala em avaliação e ressalta que esta integração pode ser conseguida mesmo quando o
professor utiliza procedimentos e estratégias mais formais.
A proposta apresentada por Sadler é bastante complexa e de difícil aceitação por parte
daqueles que acreditam que somente os professores possuem a habilidade e a
competência necessária para avaliar o trabalho do aluno. Entendendo que a habilidade de
avaliação não é transferível aos alunos, muitos docentes sentem-se pouco à vontade
diante da idéia de que discentes devem participar, de forma aberta e cooperativa, nos
julgamentos envolvidos em qualquer processo avaliatório. Muitos docentes entendem
que a avaliação deve ser sua responsabilidade porque é uma tarefa que envolve
conhecimento especializado. Além disso, a necessidade de se realizar avaliações e
atribuir notas em períodos pré-fixados pelas instituições pode dificultar a efetivação de
propostas que envolvam a participação dos alunos.
Uma síntese da produção acadêmica publicada por Boud (1990) aponta que as práticas de
avaliação adotadas pelos docentes muitas vezes levam os alunos à aquisição de uma
visão estreita e instrumental do aprendizado. Para este autor, os principais aspectos
abordados pela pesquisa educacional, na área, nos últimos vinte anos, revelam:
b) É comum a avaliação encorajar os alunos para que centrem sua atenção naqueles
tópicos que, supostamente, serão objeto de verificação, em detrimento de outros que
poderiam despertar maior interesse.
d) O fato dos estudantes apresentarem bom desempenho nos exames não significa que
eles dominam os conceitos fundamentais dos conteúdos testados. Alguns resultados de
pesquisa têm mostrado que o sucesso nos exames não indica que os alunos tenham
domínio dos conceitos que o corpo docente acredita que o exame foi capaz de medir.
É possível detectar, a partir destes estudos, que os alunos parecem acreditar que os
procedimentos e instrumentos de avaliação que utilizam questões de ensaio, elaboração
de "papers", resultados das discussões em classe, orientação com docentes,
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No entanto, é importante destacar que mudar a forma de avaliação não garante sua
melhor qualidade. Alguns trabalhos demonstram que nem sempre os professores
conseguem elaborar instrumentos de avaliação capazes de aferir aqueles resultados de
aprendizagem que eles consideram relevantes (Anderson, 1987; Crocker, 1987). É
comum que professores iniciantes adotem estratégias de avaliação inspirados em alguns
de seus docentes preferidos as quais podem, ou não, avaliar o que eles querem realmente
verificar. Assim, por exemplo, o professor poderá centrar sua avaliação numa série de
questões de ensaio elaboradas no nível de conhecimento e compreensão da taxionomia
de Bloom e colaboradores (1983), embora a sua intenção fosse testar a habilidade dos
alunos na aplicação da informação.
Segundo Lewis (1991) esta falta de coordenação entre o que é realmente aprendido e o
que é testado acaba passando para o aluno a idéia de que as provas e/ou exames não
testam (avaliam ) o que eles realmente aprenderam em sala de aula.
Em Brito (1984) os depoimentos dos alunos demonstram que, para eles, a avaliação
apresenta-se como medida, prova, verificação da aprendizagem e verificação do
conhecimento.
Para a maioria a avaliação significa provas e/ou notas. Uma vez que estas provas têm por
finalidade verificar a aquisição de conhecimentos, a memorização é um aspecto
freqüentemente enfocado. Assim, na avaliação - aqui identificada com a prova - exige-se
que os conteúdos acadêmicos sejam decorados a partir daqueles transmitidos pelo
professor. Ressaltam ainda que a maioria estuda para fazer provas, às vezes apenas às
vésperas da mesma, não buscando uma efetiva compreensão dos conteúdos ensinados.
Destacam que tentam memorizar apenas o conteúdo que vai ser solicitado na prova
atestando que, logo após, tal conteúdo é esquecido. Ao mesmo tempo percebem a
inutilidade desta estratégia de memorização e deste hábito de estudar apenas para a
prova.
A autora detecta que os alunos não se sentem à vontade em situações de avaliação e que
tal aversão acompanha os estudantes desde o seu ingresso na escola. Assim, ele
desenvolve, ao longo de sua trajetória escolar, comportamentos próprios para fugir ou
neutralizar a situação aversiva como, por exemplo memorizar apenas o conteúdo
solicitado na prova, aprender a responder a determinado tipo de prova do modo como o
professor "quer" ou "gosta", usar de meios como a "cola". A ansiedade, a nota e a
reprovação funcionam, então, como punição ou ameaça de punição.
Alguns depoimentos destacam a avaliação dentro de uma perspectiva futura, como algo
que só será detectado como efetivo, posteriormente, no desempenho profissional.
Na análise de dados efetuada pela autora o primeiro aspecto ressaltado refere-se a idéia
de que a avaliação é vista sob a ótica do controle que se manifesta a partir de diversas
facetas como, por exemplo, o controle pelas notas e provas, o controle administrativo-
burocrático e o controle do conhecimento. A avaliação normalmente é associada a
atribuição de notas, via provas, sendo encarada a partir de sua dimensão técnica, de
medida dos resultados da aprendizagem. O controle por notas e provas é destacado pelos
alunos. Ao responder como são avaliados 70% dos estudantes declararam que são
avaliados por provas que, segundo alguns, enfatizam especialmente a memorização. O
controle administrativo-burocrático aparece na medida em que os períodos de avaliação
encontram-se associados aos de pagamento das mensalidades. Durante a avaliação
destaca-se também, segundo a opinião dos discentes, o controle exercido pela figura do
professor que, através de seu poder, torna precários os mecanismos de interação e
comunicação professor-aluno. Para estes alunos a avaliação significa testagem, medida
do conhecimento. A exigência de memorização parece acentuada podendo ser vista como
uma das causas da "cola". O papel do professor na avaliação é percebido como
centralizador, tomador de decisões, enquanto ao aluno resta "ser controlado". Em função
desta compreensão da avaliação como controle, como produto, o índice de insatisfação
dos alunos é muito alto.
Um terceiro aspecto analisado pela autora diz respeito ao tema "participação" no âmbito
da avaliação. Segundo Abramowicz (1990)
Num quarto aspecto a autora destaca que em quase todas as respostas dos alunos o
processo de avaliação estava associado a toda uma gama de emoções, sentimentos,
aspirações e desejos, revelando uma dimensão emotiva, de afetividade. Dentre os
sentimentos dos alunos em relação ao processo de avaliação destacam-se a tensão, o
nervosismo e o medo. Diante do insucesso a grande ênfase das respostas também se
concentra em emoções negativas como tristeza, chateação, preocupação e depressão,
entre outras. Quando indagados a respeito do insucesso escolar revelam-se as condições
de vida destes trabalhadores-estudantes. Emoções positivas estão associadas ao
alcance de boas notas e aparecem nos depoimentos como alegria, felicidade, satisfação,
realização, orgulho, ânimo, estímulo para estudar e esforço para manter a nota.
Um quinto e último aspecto destacado pela autora revela que posturas críticas foram
também detectadas nas respostas dos alunos. Neste caso os alunos apontam as
dificuldades da avaliação que se segue a um ensino de má qualidade: conteúdos
transmitidos de forma inadequada, desvinculados uns dos outros. Explicitam, inclusive,
como gostariam que os professores fossem: neutros, preocupados com a compreensão
e/ou assimilação do conteúdo pelo aluno, voltados ao cumprimento dos objetivos
estabelecidos pelas disciplinas, replanejando e/ou modificando seu método de ensino e
conteúdo quando necessário. Há também nos depoimentos uma idealização da figura do
aluno como um ser ativo e participante, colaborador na construção de uma nova
sociedade. Ao responderem acerca de seu insucesso na avaliação os alunos arrolam uma
série de fatores destacando-se a formação deficiente dos professores, a transmissão
precária dos conteúdos, a falta de compreensão do conteúdo e as provas mal elaboradas.
É importante destacar que o índice de rejeição ao processo de avaliação aumenta à
medida que os alunos vão avançando no curso. Para Abramowicz (1990)
A nossa preocupação em conhecer melhor o que o aluno do terceiro grau pensa a respeito
do ensino é antiga. Embora a literatura educacional sempre aponte que o conhecimento
do aluno é o ponto de partida para qualquer ação pedagógica, na prática, são escassas as
iniciativas neste sentido, quando pensamos em termos de terceiro grau. O nosso trabalho
de doutorado buscou ser uma contribuição nesta área (Godoy, 1989). Nele centramos
nossa atenção sobre as preferências do aluno a respeito de diversos aspectos que
compõem o ambiente de ensino e detectamos que as opiniões dos estudantes sobre tais
aspectos não são homogêneas. Assim, observamos, naquela ocasião, que os alunos do
primeiro e do último ano possuem preferências diversas em termos do ambiente de
ensino o que parece indicar que eles possuem necessidades, características e interesses
também diferenciados, que deveriam ser levados em consideração no processo de
planejamento de qualquer ação de natureza curricular e/ou didática.
A ênfase na opinião do aluno evidentemente não desconsidera que a avaliação faz parte
de uma cultura escolar que deve ser analisada de forma ampla a partir de todos os seus
atores. O que queremos, neste momento, é estudar esta temática a partir da ótica de um
destes atores verificando até que ponto suas opiniões sobre a avaliação da aprendizagem
e sobre as práticas avaliatórias por ele vivenciadas se mantêm ou mudam durante sua
estada na universidade.
2. Metodologia
A coleta de dados realizou-se no período de maio /95 a maio/96. A escolha dos cursos
envolvidos no estudo foi intencional e efetuada considerando-se os seguintes critérios:
seguir:
Geografia 26 09
Ecologia 25 09
Ciências da Computação 21 08
Total 72 26
Tendo em vista os objetivos do estudo, que incluía o exame das percepções dos alunos
em diferentes cursos de graduação e semestres, o esforço de estabelecer comparações
orientou os procedimentos da análise de dados que adotou um enfoque
fundamentalmente descritivo.
A análise do conjunto das respostas dos alunos será apresentada a partir das grandes
categorias sugeridas pelas perguntas que orientaram os depoimentos escritos e as
entrevistas. São elas:
. importância da avaliação;
. relação ensino-avaliação.
A partir destas categorias pretendemos, portanto, oferecer ao leitor uma descrição sobre
"o que" os alunos pensam da avaliação e "como" percebem o processo a que são
submetidos. A análise de cada categoria envolverá ainda o exame comparativo das
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respostas buscando detectar algum tipo de diferença nas respostas dos alunos em função
do semestre que estão cursando (primeiro semestre ou sétimo semestre) e do curso de
graduação onde estão inseridos (geografia, ecologia ou ciências da computação).
Para o curso de graduação tal identificação será feita a partir de primeira letra do título de
cada curso:
. G - para geografia;
. E - para ecologia e
Assim, por exemplo, a sigla G1s indica a resposta de um aluno que freqüenta o curso de
geografia no primeiro semestre.
As respostas dos estudantes acerca dos motivos pelos quais os professores avaliam os
alunos revelam opiniões que podem ser identificadas a partir de cinco funções (ou
subcategorias) básicas que foram denominadas como: função burocrática, função
didática, função de acompanhamento do ensino, função de controle e função de garantia
do desempenho profissional.
Grande parte das respostas revelam que a avaliação da aprendizagem cumpre dois tipos
de funções: a burocrática e a didática. Nas respostas dos alunos tais funções ora
aparecem separadamente ora em conjunto.
"Os professores estão sempre avaliando o aluno para de uma forma ou de outra testar o
conhecimento e o nível de dificuldade de cada um" (G1s)
"... para saber se eles (alunos) estão ou não entendendo a matéria dada"(E1s)
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"... com a avaliação os professores tentam avaliar o grau de conhecimento dos alunos
num determinado assunto" (E1s)
"Eles nunca deixam de avaliar seus alunos pois procuram saber se o que ele tem ensinado
tenha sido assimilado pelos alunos e também para poder relacionar este ou aquele aluno
com alguma dificuldade particular"(C1s)
"As avaliações fazem parte do processo de aprendizagem. É através das avaliações que
se pode obter informações sobre como está sendo assimilado o conhecimento de
determinada área"(C1s)
"Pessoalmente acredito que muitos professores avaliam seus alunos para conseguirem
mensurar o conhecimento que eles acumularam ao longo do curso"(E7s)
Para um outro grupo de alunos a função didática aparece associada a função denominada
burocrática, como ilustrado a seguir:
"Para saber se os alunos assimilaram o que ele ensinou ou para apresentar uma nota do
aluno na faculdade." (G1s)
"Os professores nunca deixam de avaliar seus alunos porque esta é a forma convencional
e obrigatória de quantificar os conhecimentos adquiridos ao longo da disciplina. Eles são
obrigados a quantificar a participação do aluno e isso se faz através das avaliações."
(E7s)
"Provavelmente não existe nenhum motivo de cunho pessoal. As avaliações são aplicadas
devido a necessidade de se obter uma resposta ao que foi visto em aula, para que as
notas sejam lançadas no currículo do aluno, e se este obter a pontuação necessária ele
conclui aquela matéria, caso contrário a faz novamente. Talvez se esta necessidade de
conferência do aprendizado não fosse obrigatória muitos professores não teriam o menor
interesse em aplicá-las." (C1s)
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"Para avaliar a si próprios, além de saber se a classe está conseguindo reter a matéria,
claro." (G7s)
"Porque eles precisam saber se a maneira como eles estão dando aulas os alunos
assimilam ou não" (E1s)
"Se o professor não avaliar os alunos ele não saberá se o que ele passa, ensina, está, de
fato, sendo aproveitado, podendo focalizar seu esforço em determinados assuntos,
acelerando ou retardando a velocidade com que os ensinamentos são passados" (C1s)
"Os professores nunca deixam de avaliar seus alunos, em geral, porque eles não
conseguem saber até que ponto ele consegue atingir os alunos tendo como base apenas o
relacionamento professor-aluno durante as aulas." (C7s)
"Acredito que em primeiro lugar por uma questão burocrática. Eles são obrigados a
entregar conceitos (assim como as faltas) na secretaria no final do semestre ou ano. Em
segundo lugar, para avaliar até que ponto os alunos assimilaram o conteúdo. Alguns
professores avaliam também até que ponto os alunos aplicam e trabalham o assimilado.
Em terceiro lugar, há raros professores que avaliam a sua aula pela avaliação dos alunos"
(G1s)
"A avaliação tem que existir de uma forma ou de outra. Ela mostra os resultados de um
determinado método de ensino e da capacidade de absorção de um dado produto pelos
alunos. É preciso saber a eficiência do trabalho desenvolvido em cada grupo. Mas, muitas
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vezes, isto pode significar, para o professor, apenas um fator de costume, e, da maneira
como são aplicadas podem não vir a dar respostas de acordo com os objetivos
propostos."(E7s)
Uma outra função, por nós denominada "de controle", embora pouco representativa no
conjunto das respostas, deve ser destacada uma vez que aparece apenas para os alunos
de primeiro semestre, que se referem a ela da seguinte forma:
"... para fazer com que os alunos compareçam as aulas e tenham interesse..." (C1s)
"Um dos motivos da avaliação é para ver se o aluno aprendeu aquilo que lhe foi passado
em sala de aula ou em trabalho de campo. E, no futuro, não ser um mau profissional. Na
minha opinião esse é o mais importante." (G1s)
"É um meio de acompanhar o aluno e verificar se está indo bem na matéria ou não. Para
posteriormente ser um bom profissional é necessário que tenha conhecimento das
matérias, para isso avalia seus alunos." (E1s)
Vale a pena relembrar que este aspecto também está presente entre alguns alunos
pesquisados por Brito (1984) para quem o real aprendizado só poderá ser detectado
posteriormente, durante o desempenho profissional
Assim, os resultados da análise das respostas dos alunos confirmam as quatro funções
encontradas em um estudo anterior de nossa autoria (Godoy, 1995c) apontando ainda
para uma nova função do processo avaliatório aqui denominada "de garantia do
desempenho profissional".
É importante pontuar também que, entre os participantes deste estudo, a função "de
controle" não aparece de forma tão acentuada quanto nos estudos de Brito (1984) e
Abramowicz (1990)
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Entre os alunos dos sétimos semestres a divergência entre as opiniões é mais acentuada:
Aqueles que apontam que a avaliação é importante para o próprio aluno expõem como
suas razões:
"... ela nos mostra como estamos indo em relação ao curso" (G1s)
"... é uma forma de se saber o nível da classe, de saber se aprendeu corretamente sobre o
assunto e de se localizar dentro da classe como bom, médio ou mau aluno." (G1s)
"Eu acho que a avaliação é importante, pois nossa vida é uma constante avaliação. A
avaliação incentiva o aluno a estudar, exige mais dedicação dos alunos" (G1s)
"Porque sem ela não haveria forma de saber se o aluno tem realmente o conhecimento ou
não"(E1s)
"Se os professores não avaliarem seus alunos poderia haver desinteresse pela matéria,
por parte dos alunos. A avaliação também demonstra o nível de estudo do aluno" (E1s)
"É importante quando é usada como meio de fazer o aluno avaliar seu próprio
desempenho" (G7s)
"É importante porque pede ao aluno um maior interesse para tal assunto e de certa forma
o obriga a saber algo" (E7s)
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Alguns alunos destacam que a avaliação é importante tanto para o aluno quanto para o
professor. Nos depoimentos a seguir é possível verificar como estas opiniões se
explicitam.
"... se o aluno estiver aproveitando o que lhe é ensinado, ele vai ter uma boa avaliação.
Assim, o professor também terá seu trabalho avaliado, não pelo desempenho de um só
aluno, mas baseado numa média geral, de todos os alunos." (C1s)
"Importante não apenas para que o professor avalie o aproveitamento do aluno, mas
também para que ele possa perceber se conseguiu passar as informações para o aluno de
maneira satisfatória" (G7s)
"... no sentido de se fazer uma avaliação dos métodos de ensino e de aprendizado e das
dificuldades de alunos e professores diante do assunto em estudo." (C7s)
"... no sentido de ser um meio do professor saber que o conhecimento aplicado está sendo
assimilado" (E1s)
"... pois assim o professor sabe o quanto dos conhecimentos por ele passados em aula
foram absorvidos pelos alunos" (C1s)
"... para que o aluno não saia totalmente despreparado para exercer a profissão" (G1s).
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"Se uma avaliação for bem formulada ela vai me dizer se o meu estudo está sendo
suficiente, se as minhas conclusões estão certas e se realmente assimilei o que foi
passado pelo professor" (G1s)
" ... as avaliações retratam, nem sempre corretamente, uma suposta situação em que os
alunos se encontram, em relação a matéria dada. O que decepciona é esta avaliação ser,
em sua maioria, igual de aluno para aluno e, quase sempre, semelhante de disciplina para
disciplina." (G1s)
"O que ocorre é que cada aluno se adapta melhor a uma forma de avaliação e não a outra
e muitas vezes as avaliações não conseguem avaliar o conhecimento do aluno" (E1s)
"A forma como a avaliação vem sendo realizada precisa ser repensada" (G7s)
" ... acho que as avaliações devem ser feitas buscando a assimilação do conteúdo pelo
aluno e não para deixá-lo aflito e inquieto. Acho que é melhor estudar para aprender do
que estudar para passar" (E7s)
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O exame das respostas dos alunos em relação a este tema nos levou a identificar três
subcategorias através das quais os estudantes se manifestaram. Para um grupo de
alunos a avaliação desperta sentimentos negativos reveladores de tensão, nervosismo,
ansiedade, angústia, insegurança e desconforto. Outra parcela de alunos, igualmente
representativos, declaram que seus sentimentos a respeito da avaliação variam em
função de alguns aspectos como a forma de avaliação a que são submetidos, a sua
compreensão do assunto objeto da avaliação e o "quanto" estudou. Um terceiro grupo,
um pouco menos representativo disseram encarar a avaliação como um processo normal,
tranqüilo, que se constitui em mais uma rotina da escola.
Alguns trechos ilustrativos nos mostram o tipo de sentimento negativo que as situações
de avaliação provocam nos alunos.
"Eu me sinto nervosa durante uma avaliação, com medo de não saber responder alguma
questão, apesar de ter estudado muito" (G1s)
"A avaliação que a maioria dos professores fazem não deixam o aluno a vontade, porque
há todo um clima de pressão em cima do aluno (se estudou ou não, se o aluno vai colar,
porque a prova está muito difícil, etc.). De uma forma geral os professores desconfiam
muito dos alunos, o que proporciona um clima de tensão pré-prova e durante a mesma."
(G1s)
"Muitas vezes injustiçada, porque eu posso ter ido mal em alguma prova, não porque não
sabia, mas por estar nervosa" (E1s)
"Evidentemente estar na posição de teste não é nada satisfatório, mesmo porque, apesar
dos "discursos", as maneiras de avaliação continuam as mesmas. Queira ou não você
questiona, mas, acaba por reproduzir, ou seja, você numa avaliação afirma conceitos que
não estão claros para você, mas a média final exige isto." (G7s)
"... como um jogo onde, se não se obtem a pontuação necessária, não se discute o porque
nem abrem-se novas tentativas." (G7s)
"Pelas formas de avaliação que tenho experimentado não posso negar a sensação de
"encarcerado", ou "cobaia", com um cara chato andando de lá pra cá, como que cobrando
uma atitude endurecida de cada aluno." (E7s)
Há ainda que se ressaltar que numa análise comparativa das respostas dos alunos não
encontramos referências a sentimentos negativos por parte dos alunos do sétimo
semestre do curso de Ciências da Computação.
Analisando o conjunto de respostas daqueles alunos que afirmaram que seus sentimentos
a respeito da avaliação variam ou dependem de alguns aspectos foi possível identificar
três tipos de respostas.
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Alguns alunos encaram a avaliação como uma atividade normal, tranqüila, que se
constitui em mais uma rotina da escola. Este posicionamento esta refletido nas seguintes
opiniões:
"Não há problemas, o que deve-se fazer é adquirir o máximo de conhecimento para ir bem
nas avaliações. Dessa forma você não tem que se preocupar, tudo está claro e tranqüilo"
(G1s)
"Eu me sinto sem nenhum tipo de pressão. É preciso que eu seja avaliado para que eu
mostre ou não se eu estou de fato correspondendo. Para mim é obrigação estar em dia
com a matéria" (C1s)
"Normal. Desde criança você está sendo avaliado na escola. A avaliação se torna uma
coisa normal ..." (C7s)
A forma mais comum apontada pelos estudantes são as provas, organizadas apenas com questões
dissertativas ou mescladas com testes objetivos. Em segundo lugar encontramos os trabalhos. O termo
"trabalhos" serve para designar uma variedade de tarefas realizadas pelos alunos como os relatórios,
que atestam a participação dos estudantes nos trabalhos de campo e trabalhos práticos, assim como as
pesquisas e projetos desenvolvidos. Estas modalidades de avaliação - provas e trabalhos - são
referenciadas por alunos dos três cursos objeto de estudo.
Outras modalidades aparecem entre as respostas dos estudantes dos cursos de Geografia
e Ecologia indicando que neles os discentes tem oportunidade de vivenciar diferentes
possibilidades de avaliação. O seminário realizado em grupo e/ou individualmente se
destaca como uma forma bastante citada. Com menor freqüência são destacados os
testes, as provas práticas realizadas em laboratório (especialmente entre os alunos da
Ecologia), os exercícios em aula, as provas orais, a participação nas aulas, a freqüência
às aulas, os resumos e/ou resenhas de livros (com ou sem apresentação oral), os
questionários.
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. as provas dissertativas não são apontadas como forma preferida entre os alunos do sétimo semestre
do curso de Ciências da Computação;
. a escolha das provas dissertativas entre os alunos do sétimo semestre dos cursos de Geografia e
Ecologia é também reduzida;
. os trabalhos não aparecem como forma preferida entre os alunos do sétimo semestre do curso de
Ecologia;
. os seminários não constam entre as formas preferidas dos alunos do primeiro semestre de Ecologia;
. os seminários são destacados como modalidade preferida especialmente entre os alunos do sétimo
semestre do curso de Geografia;
. os testes constam como forma preferida de avaliação apenas entre alunos de primeiro semestre dos
três cursos objeto de estudo.
"...através delas podemos expor com nossas próprias palavras o nosso conhecimento
sobre os assuntos estudados" (G1s)
" ... pois você pode dividir o tempo para responder cada pergunta do jeito que você quiser,
na ordem que você quiser. se concentrando mais nas perguntas que você sabe menos"
(E1s)
"Nestas avaliações eu me sinto à vontade para expor minhas idéias com mais clareza,
apresentando o que eu julgar necessário" (C1s)
"... pois são feitas por cada aluno sozinho e forçam a aluno a redigir de maneira precisa os
seus conhecimentos" (C1s)
"... eu prefiro uma prova dissertativa bem balanceada contendo questões de todos os
níveis de dificuldade..." (C1s)
Os alunos que apontam como forma preferida os trabalhos justificam sua opinião:
"Os trabalhos permitem que nos aprofundemos mais num determinado assunto e não é
feito com todo aquele nervosismo. Além disso não ficamos dependendo do conteúdo que é
dado pelo professor"(G1s)
" Prefiro que a avaliação seja feita com trabalhos, porque além do aluno se dedicar mais
ele realmente aprende ... (E1s)
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" O trabalho individual ou em grupo pelo motivo de que o trabalho salva notas abaixo da
média e nos faz aprender a matéria de uma forma diferente pois para a prova dissertativa
os alunos estudam mais por obrigação e não por prazer." (C1s)
" Porque o trabalho individual é uma forma muito agradável de, em casa, fazer uma
pesquisa rica das coisas que você viu em classe. Tem que ser individual porque em grupo
sempre tem o espertinho que não faz nada e só põe o nome." (C1s)
" Gosto muito dos seminários: eles exigem uma pesquisa em cima do assunto e há uma
troca muito grande nas apresentações, porque uma classe de 40 alunos pode ser dividida
em muitos grupos e discutir vários assuntos diferentes dentro de uma mesma disciplina...
(G1s)
" As formas de avaliação mais interessantes, e das quais você tira mais proveito, são,
sem dúvida nenhuma os seminários que na sua elaboração e preparo obriga o expoente
ao mesmo tempo a estudar e aprender, e não somente decorar para uma prova." (G7s)
"Seminários, porque através deles você pode manter um contato direto com os outros
alunos e realizar uma discussão com troca de informações" (G7s)
" Seminários também são bons métodos de avaliação, pois os alunos têm a chance de
discutir e expor idéias concomitantemente ... " (E7s)
Em relação às provas práticas - apontadas como forma preferida por alguns alunos dos
cursos de Ecologia e Computação - destacam-se as seguintes opiniões:
" A prova prática avalia realmente o que você é capaz de fazer com o que aprendeu."
(E1s)
" Porque elas realmente expõem os alunos às situações cotidianas, que serão utilizadas
diariamente após o término da faculdade" (C1s)
Os testes apontados como forma preferida por apenas alguns alunos do primeiro
semestre revelam que tal preferência se dá:
" ... dá chance ao aluno, ao ler as respostas, que já estão prontas, se lembrar da resposta
certa." (G1s)
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" ... porque nesta se tem a chance de acertar questões das quais não temos a menor
idéias de como resolvê-las, através do famoso chute." (C1s)
Embora, como já detectado, uma parte dos alunos prefira provas dissertativas, outra
parte, cerca de 35% dos sujeitos declaram que esta modalidade de avaliação lhes
desagrada. Alguns motivos embasam esta opinião:
" Porque nos deixa nervosos e ansiosos. As vezes a gente sabe mas dá um branco e
esquece tudo" (G1s)
" ... porque ela não avalia o seu conhecimento já que muitas falhas ocorrem como a cola
por parte dos alunos e o exagero da pressão por parte dos professores" (E1s)
" ... pois ela avalia, apenas em parte, o conhecimento do aluno que por nervosismo pode
não se expressar como deveria, prejudicando seu desempenho" (E1s)
" ... provas dissertativas realizadas duas vezes por semestre, que não permitem que o
aluno exponha todo o conhecimento adquirido ao longo do semestre. (C1s)
" ... geralmente mal formuladas no sentido de se ater a detalhes meramente decorativos"
(E7s)
" ... porque geralmente elas são pouco criativas. O professor comodamente escolhe
alguns conceitos para avaliar o aluno. Avaliar o que? A eficiência que cada um tem de
decorar conceitos e fórmulas? (E7s)
" ... as provas dissertativas longas, com questões pouco objetivas e que em geral
beneficiam apenas aqueles que possuem um bom poder de memorização, sem analisar a
real compreensão do assunto." (C7s)
Em relação às provas orais tais opiniões aparecem entre alunos do primeiro semestre que
manifestam seu desagrado em relação a esta modalidade de avaliação em função das
dificuldades que sentem para comunicar/expor suas idéias ao professor.
Aqueles que apontam os testes como uma modalidade de avaliação que lhes desagrada
consideram que os testes confundem os alunos, são superficiais e decorativos e
possibilitam o acerto casual.
Muitos alunos afirmam que o tipo de avaliação que o professor utiliza não é tão
importante destacando que o mais relevante é a qualidade das questões que são
submetidas aos alunos. Alguns ressaltam que as provas deveriam ser melhor elaboradas
e destacam que o processo avaliatório não deveria usar um único tipo de instrumento e
de modalidade de avaliação.
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Quanto a este aspecto é possível notar uma diferenciação na resposta dos alunos do
primeiro semestre dos diferentes cursos.
Parte significativa dos alunos do primeiro semestre do curso de Ecologia aponta que os
professores não discutem os resultados das avaliações com os estudantes, sendo
bastante sintéticos ao responder esta questão:
" A maioria fala a nota e não mostra a avaliação e nem faz comentários sobre ela, e nós
ficamos sem saber onde foi que erramos" (E1s)
" Tomando-se em conta a maioria dos professores não existe o hábito de se discutir os
resultados das avaliações, muito pelo contrário, há apenas a divulgação das notas e nada
além disso." (C1s)
" Não existe este hábito. O aluno que se interessar deve procurar a resolução com o seu
professor" (C1s)
"... normalmente os resultados das provas não são discutidos, sendo passado para nós
apenas as notas obtidas, sem deixar o aluno tomar contato com a prova para poder fazer
uma análise dos resultados obtidos" (C1s)
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É interessante observar que a quase totalidade dos alunos do sétimo semestre dos três
cursos apontam que não existe o hábito dos docentes apresentarem e discutirem os
resultados da avaliação com a classe. No entanto alguns alunos destacam que a maioria
dos docentes se mostra disponível para discutir os resultados em suas salas, atendendo
os alunos individualmente.
Esta presente em muitas respostas a associação, feita pelos alunos entre avaliação e
prova.
"Sim. Acredito que reflitam o meu conhecimento e me ajudam a melhorar se não tiver
entendendo algo" (G1s)
"Sim, acredito que em geral refletem o conhecimento que tenho sobre a matéria.
Excluindo alguns casos em que a avaliação é severa pedindo a mais do que foi dado."
(E1s)
" Voltando a discussão de bons ou maus docentes, eu me considero bem avaliado quando
um professor realmente ensinou o conteúdo programático e, nestas condições, acho que a
avaliação reflete o meu conhecimento" (C1s)
" Não. Porque posso me dedicar a certos assuntos que domino muito bem e o professor
não sabe que eu sei porque ele não me perguntou. Em outros casos não assimilei muito
bem e justamente isto ser perguntado." (G1s)
"Não. Pode ser que num determinado momento eu não tive interesse no assunto e não
estudei" (G1s)
"As avaliações, do modo como são realizadas na maioria das disciplinas não refletem o
conhecimento do aluno, pois, sem dúvida, muitos conhecimentos que o aluno possui não
são exigidos nas provas e o que ele não sabe sim "(C1s)
Nestas respostas pode-se observar que o aluno considera que, nem sempre, o que ele
sabe/domina foi perguntado, muitas vezes porque ele estuda de maneira seletiva,
dedicando-se mais aos temas que gosta ou tem maior interesse.
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Num outro grupo de respostas encontramos opiniões que destacam o número e tipo de
avaliações - geralmente provas - como os fatores responsáveis pelo aluno não conseguir
demonstrar seu aprendizado. As respostas a seguir ilustram tais opiniões:
"De forma alguma. Os tipos de avaliação usados pelos professores não nos deixam expor
nossos conhecimentos na disciplina. Mas esse problema é fácil de ser resolvido, basta
variar os tipos de avaliação. Esses professores são bitolados em provas dissertativas! Por
que não variar?" (C1s)
"Nas atuais avaliações não. O seu conhecimento não deveria ser cobrado só na prova. As
provas causam uma certa barreira, onde respondemos somente o que nos perguntam..."
(G7s)
" De maneira alguma. Acredito muito mais na prática do estudo individualizado ( consultas
na biblioteca, elaboração de seminários e participação em sala) do que na avaliação
coletiva pelos meios comuns" (G7s)
" Acredito que, em geral, como são feitas as avaliações, elas não refletem o conhecimento
do aluno. Mas acredito que há maneiras de se melhorar isto. Melhorando as formas de
avaliação há como mostrar o seu conhecimento e sua capacidade ..." (C7s)
Por fim, um outro grupo de estudantes associam o fato das avaliações não refletirem seu
conhecimento a fatores ligados ao nervosismo.
" Não acredito, pois você pode ficar nervoso ou mesmo não estar bem no dia de uma
avaliação" (E1s)
" Não, pois caso você esteja nervoso demais seu rendimento será incompatível com seus
conhecimentos" (C1s)
" Não, pois por exemplo uma prova dissertativa não leva em consideração o estado
psicológico/emocional de uma pessoa ..." (C7s)
c) Um terceiro grupo de alunos não deram uma resposta categórica - sim ou não - à esta
questão. Para eles o fato da avaliação refletir ou não o conhecimento adquirido depende
de alguns fatores como a modalidade de avaliação utilizada e a qualidade das questões,
exercícios e/ou atividades solicitadas pelos docentes.
É importante ainda destacar que, com referência a este aspecto, os alunos do sétimo
semestre dos cursos de Ecologia e Geografia indicam, de forma mais acentuada, sua
opinião de que a avaliação, em alguns casos, não reflete a aprendizagem do aluno.
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Esta categoria procura verificar as opiniões dos alunos a respeito da adequação entre o
ensino ministrado e a avaliação pressupondo que os resultados de aprendizagem
solicitados através de qualquer instrumento e/ou modalidade de avaliação devem estar
em harmonia com os objetivos educacionais pretendidos e, supostamente, vivenciados
através das atividades didáticas.
Uma grande parte dos discentes considera que a avaliação pede conhecimentos nos
mesmos níveis e natureza apresentados em sala de aula. Segundo estes estudantes:
" As avaliações, pelo menos até agora, foram do mesmo nível das aulas, sem facilitar nem
complicar" (G1s)
"Na maioria das vezes as provas dissertativas tem o mesmo nível e natureza do que é
apresentado em sala de aula" (E1s)
"Geralmente as avaliações que tenho feito pedem conhecimentos nos mesmos níveis e
natureza. Quanto a isso não tenho o que reclamar." (E7s)
Outro grupo considera que a maioria das avaliações são feitas de acordo com o que foi
visto em classe, existindo sempre algumas exceções, de docentes que pedem
conhecimentos acima daquilo ensinado em sala de aula.
"... em geral é cobrado o que se deu em aula, mas em algumas disciplinas eu acho que a
prova é muito mais complicada do que a aula em si" (E1s)
" Geralmente pede-se conhecimento no mesmo nível do que foi dado em aula. Mas às
vezes (poucas vezes) o nível da prova excede um pouco o que foi visto em classe,
geralmente porque durante a aula há pouco exercício, restringindo-se muito à teoria."
(C1s)
"Em geral os conhecimentos pedidos estão no mesmo nível do que foi dado em sala de
aula, mas há matérias em que isto não acontece, seja porque nos pede um conhecimento
superior ao apresentado em aula, ou seja porque o professor formulou uma prova de difícil
entendimento" (E7s)
É relevante destacar neste tipo de resposta a idéia de que alguns docentes trabalham
mais, em sala de aula, a parte teórica da disciplina, solicitando depois, nas provas,
exercícios de aplicação da referida teoria. Alguns alunos também chamam atenção para o
fato de que provas mal elaboradas e de difícil entendimento podem passar ao aluno uma
idéias errada acerca da dificuldade nelas envolvida.
Embora de forma bem menos representativa encontramos ainda alguns alunos que
afirmam que muitas avaliações pedem conhecimentos acima do que foi visto em sala de
aula. A opinião a seguir é ilustrativa deste ponto de vista que está mais presente entre os
alunos dos cursos de Ecologia e Ciências da Computação:
"Em geral , os professores exigem nas avaliações muito mais do que é exigido dos alunos
em classe. Isso gera problemas no momento em que saem os resultados das avaliações,
pois o aluno pode ter estudado e compreendido perfeitamente o assunto ensinado,
porém, na hora de ser avaliado, é exigido algo que está fora de seu alcance." (C1s)
Poucos alunos (cinco) referem-se a avaliações que estejam abaixo do nível do ensino
ministrado.
Oito alunos chamam atenção para o fato de que a resposta a esta questão depende do
professor sob consideração não havendo possibilidade de generalizar.
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Novamente encontramos aqui várias respostas que deixam antever que os estudantes
estavam tomando como sinônimos avaliação e prova.
4. Considerações finais
Assim, os resultados indicam que a função "de controle" e "de garantia do desempenho
profissional" é destacada por alunos do primeiro semestre. Também a importância
atribuída ao processo de avaliação foi apontada, de forma mais acentuada, pelos alunos
do primeiro semestre. Sentimentos negativos associados à situação de avaliação não
foram identificados entre as respostas dos alunos do sétimo semestre do curso de
Ciências da Computação. A opinião de que a avaliação não reflete a aprendizagem do
aluno aparece de forma mais acentuada entre os estudantes do sétimo semestre dos
cursos de Ecologia e Geografia.
Através dos dados foi possível ainda perceber que as dúvidas a respeito da importância e
efetividade do processo de avaliação estão mais presentes entre os estudantes dos
cursos de Geografia e de Ciências da Computação. É possível observar pelas respostas
dos alunos que uma maior diversidade de modalidades e/ou formas de avaliação é citada
pelos alunos dos cursos de Geografia e Ecologia. Também as formas de avaliação
preferidas pelos alunos são diferentes ao se considerar cada curso. A partir da opinião dos
estudantes é possível detectar a existência de duas formas básicas de avaliação – provas
dissertativas e trabalhos escritos – estando as outras modalidades arroladas mais
associadas a um determinado tipo de curso. A idéia de que a avaliação, muitas vezes,
pede conhecimentos acima do que foi visto em classe está mais presente entre os
estudantes de Ecologia e Ciências da Computação.
Este conjunto de resultados parece indicar que existem especificidades relativas ao curso
de graduação e semestre que o aluno frequenta. Considerando tais resultados é possível
supor que um exame mais cuidadoso das questões da avaliação da aprendizagem no
terceiro grau deve considerar as metas curriculares propostas para cada curso assim
como a natureza dos assuntos que serão ensinados.
É possível que tal controle, exercido pelo processo avaliatório e pelo professor sobre o
aluno, esteja associado ao conjunto de sentimentos negativos que cercam a atividade de
avaliação. Este tipo de sentimento, também presente nas pesquisa nacionais citadas
anteriormente, esta, na maioria das vezes, relacionado às situações de prova e a
exigência de determinadas notas para se alcançar a aprovação.
http://www.fecap.br/adm_online/art11/arilda.htm 26/29
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(Warren, 1987; Boud, 1990) e nacional (Brito, 1984; Almeida, 1993/94) sobre o tema.
Refere-se ao uso excessivo das provas como modalidade de avaliação. Segundo os
estudantes eles gostariam de ser avaliados através de outros procedimentos e/ou
instrumentos (como os trabalhos, as avaliações práticas, os seminários e os relatórios).
Gostariam ainda que as avaliações não privilegiassem apenas as aprendizagens que
envolvem a memória e os níveis elementares de compreensão.
Como nas pesquisas nacionais de Brito (1984), Abramowicz (1990) e Almeida (1993/94),
os nossos resultados confirmam que, embora a avaliação seja considerada importante
para os alunos, eles questionam a efetividade do processo e a qualidade dos
instrumentos e das modalidades utilizadas pelos docentes.
Ao sumariar resultados de pesquisa sobre o tema Sorcinelli (1991) concluiu que quando
os estudantes recebem "feedback imediato sobre o seu desempenho beneficiam-se mais
dos cursos realizados. O uso de "feedback" imediato está relacionado, de forma clara e
positiva, com a satisfação e rendimento dos alunos. Este "feedback" pode incluir
avaliações diagnósticas no início do semestre, avaliações intermediárias durante o
semestre, assim como avaliações destinadas a verificar a efetividade do curso de
graduação como um todo. A manutenção – a longo prazo – dos efeitos do "feedback" vai,
no entanto, depender da qualidade das avaliações realizadas e da qualidade do próprio
"feedback". Assim, apontar as fontes de erros propiciando esclarecimentos e encorajando
os alunos constitui-se num "feedback" mais efetivo do que simplesmente informá-los
sobre os resultados obtidos ou fazer comentários genéricos. Nas salas de aula devem ser
propiciadas aos alunos diferentes oportunidades para que eles demonstrem seu
desempenho e recebam sugestões para melhorá-lo.
Em função do processo de avaliação a que são submetidos muitos alunos consideram que
ele não é capaz de refletir sua aprendizagem. Como os estudantes examinados por
Warren (1987), acreditam que as informações obtidas pelos professores não expressam o
aprendizado adquirido.
Para grande parte dos discentes há equilíbrio entre o que foi ensinado e o que foi
solicitado na avaliação da aprendizagem..
A visão apresentada pelos discentes leva a crer que a percepção por eles representada
indica práticas avaliatórias bem mais convencionais que inovadoras e reafirmam vários
aspectos nefastos do processo de avaliação já apontados em trabalhos da década de
oitenta.
Bibliografia
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