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UNIFATECIE Unidade 1
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Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Centro, Paranavaí, PR
Diretor de Ensino (44) 3045-9898
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(44) 3045-9898
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Revisão Textual
Kauê Berto
Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o
início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Neste material, foram
abordados diversos assuntos com muitos exemplos e comentários para facilitar os estudos
da disciplina de Física Geral I. Proponho, junto a você, construir nosso conhecimento sobre
diversos tópicos nos quais serão essenciais para sua formação acadêmica. A proposta
da ementa é trazer conceitos relacionados ao dia a dia para facilitar o futuro exercício da
profissão escolhida pelo acadêmico deste curso.
Na Unidade I, começaremos a nossa jornada definindo as grandezas fundamentais e
o Sistema Internacional de Unidades. Trataremos das grandezas relacionadas ao estudo da
Mecânica, analise dimensional e conversão de unidades. Em seguida, faremos exemplos de
estimativas, ordem de grandezas e aplicações na agronomia. Estas noções são necessárias
para que possamos trabalhar o segundo módulo do livro, que irá tratar do estudo da Cinemática.
Já na Unidade II, vamos dedicar exclusivamente ao estudo da cinemática, em que
trataremos de conceitos do movimento unidimensional e bidimensional. Será mostrado os
conceitos de velocidade, aceleração, trajetória, entre outros. Por fim, faremos exemplos
que utilizem as equações do movimento, para verificar a quantidade de informações que
esse conhecimento é capaz de nos fornece.
Depois, na Unidade III, estudaremos as famosas leis de Newton, suas consequências
e aplicações. Você, aluno (a), ficará impressionado com a quantidade de fenômenos do
cotidiano que podemos usar as leis de Newton para explicar e prever acontecimentos.
Por fim, vamos falar de trabalho, energia mecânica, energia potencial, energia
cinética e conservação de energia. São conceitos que são simples para analisar situações
cotidianas, como será mostrado em exemplos.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.
SUMÁRIO
UNIDADE I....................................................................................................... 4
Grandezas Físicas e a Mecânica
UNIDADE II.................................................................................................... 25
Introdução a Cinemática
UNIDADE III................................................................................................... 48
Leis de Newton e Aplicações
UNIDADE IV................................................................................................... 74
Energia Mecânica
UNIDADE I
Grandezas Físicas
e a Mecânica
Prof. Dr. Renã Moreira Araújo
Plano de Estudo:
● Grandezas Fundamentais e o Sistema Internacional de Unidades;
● Grandezas da Mecânica;
● Analise dimensional e conversão de unidades;
● Estimativas e ordem de grandeza;
● Estimativa na Engenharia Agronômica.
.
Objetivos da Aprendizagem:
● Aprender a fazer conversão de unidades;
● Classificar grandezas;
● Compreender o que é ordem de grandeza;
● Entender a importância da mensuração
de uma grandeza física.
4
INTRODUÇÃO
Algumas unidades derivadas são tão comuns que recebem símbolos próprios.
Por exemplo, para a força costuma-se usar o newton (N), para a frequência costuma-se
usar o hertz (Hz) e etc.
Nesta disciplina, o foco é compreender a Mecânica, parte da física que estuda os movi-
mentos e que faz uso de três grandezas fundamentais (Comprimento, Tempo e Massa) e suas
derivadas (velocidade, aceleração, newton e etc). Vamos entender o que são essas grandezas.
E o que isso significa afinal? Essa analise dimensional mostra que potência é
diretamente proporcional à massa e pelo quadrado do comprimento e inversamente
proporcional ao quadrado do tempo e, independente do sistema de unidades utilizado, a
unidade de potência sempre terá essa característica.
Podemos também encontrar expressões matemáticas generalizadas que
envolvendo a analise dimensional. Suponha por exemplo que queremos encontrar quais
são os expoentes da aceleração a e do tempo t para a expressão matemática que relaciona
a posição x de um carro em função do tempo de viagem. Considere que o carro esteja
movendo-se com uma aceleração constante a, e que tenha começado a viagem a partir do
repouso em um instante que chamaremos de t=0s.
Nessa situação, a posição x do carro é dependente da aceleração a e do tempo
t utilizado durante a viagem. Em termos de comprimento [C], aceleração [A] e tempo [T],
podemos escrever o seguinte:
Porém, a aceleração é dada por [C] [T]-2. Substituindo na equação acima ficamos
com a relação:
Ou seja, 100 mi h-1 equivale a mais de 160 km h-1, velocidade 60% acima da
máxima permitida no exemplo, e o resultado seria infração gravíssima, com multa,
suspensão do direito de dirigir e recolhimento do documento de habilitação. Imagina a
dor de cabeça para poder resolver isso, e tudo por abusar da velocidade e usar a unidade
de medida não costumeira no Brasil.
Ou seja, quando a intenção é converter quilômetros por hora para metros por
segundo, multiplicamos o valor pelo fator de 0,2778. Um carro viajando a uma velocidade
de 72 km h-1 está a uma velocidade de 20 ms-1. Isso é o mesmo que dizer que, a cada
segundo, o carro percorre uma distância de 20 metros.
Na prática, é difícil e ruim de lembrar o valor do fator 0,2778. Por isso, usamos o
fator 3,6, que é o resultado de 1/0,2778. Agora, fazemos a conversão de maneira inversa a
descrita no parágrafo anterior. Quando a intenção é transformar a grandeza quilômetros por
hora para metros por segundo, dividimos o valor por 3,6. Quando a intensão é o contrário,
multiplicamos por 3,6. O esquema abaixo ilustra essa conversão (Figura 1).
Ou seja, o pneu foi desgastando em 10%. Que tipo de cálculo acabamos de fazer?
Chamamos reflexos desse tipo de estimativa. Estimativa é basicamente a capacidade de
obter o valor da grandeza física de um fenômeno ou situação.
Essa é a estimativa da área ocupada por um fio de cabelo. Agora, vamos estimar
a área da cabeça.
Suponha a cabeça tenha 20 cm de diâmetro, isso resulta em um raio de 10 cm=0,1m.
Usando a fórmula da área de uma esfera:
Vamos admitir que metade da área da cabeça possui cabelo, então, teremos uma
Esse resultando está dando na ordem de 106, uma ordem de grandeza acima do
que se tem na literatura a respeito da quantidade de fios. Um adulto, tem entre 150 a 250
mil fios de cabelo, valor de ordem de grandeza de 105.
Sempre usamos o valor inteiro superior, no caso, 13 sementes (não tem como
plantar 12 sementes e meia). Agora, vamos definir quantas sementes serão necessárias
para cultivar um hectare. Para isso, devemos usar uma porcentagem ligeiramente acima da
quantidade de sementes que foi obtida por metro linear, isso porque, parte das sementes
podem sofrer danos mecânicos no plantio, ataque de pragas, fungos, bactérias. Vamos
inserir 10% a mais na quantidade de sementes no campo. A equação do número de
sementes por hectare fica:
No nosso exemplo:
É preciso plantar 342.720 sementes por hectare para ter uma população de 250.000
plantas por hectare. Se voltarmos a primeira equação do exemplo, teremos:
SAIBA MAIS
Fonte: NEWTON, I. Principia: Princípios Matemáticos de Filosofia Natural: Edusp; 1ª edição. 2018.
REFLITA
“O mistério da vida me causa a mais forte emoção. É o sentimento que suscita a beleza
e a verdade, cria a arte e a ciência. Se alguém não conhece esta sensação ou não pode
mais experimentar espanto ou surpresa, já é um morto-vivo e seus olhos se cegaram.”
Vimos as grandezas e unidades de medidas adotadas pela maior parte dos países
e pelo meio acadêmico, definido pelo SI. Contudo, a Inglaterra e o EUA costumam usar
unidades de medidas diferentes.
Nesses países, sistema para medir comprimentos se baseia na polegada, no pé,
na jarda e na milha. A seguir tem-se o quanto equivale cada uma delas em nosso sistema
métrico decimal.
Polegada = 2,54 cm
Pé = 30,48 cm
Jarda = 91,44 cm
Milha terrestre = 1.609,344 m
Os EUA justificam que sua não adesão ao SI seria o custo que atualmente teria
para a indústria se adaptar.
LIVRO
Título: Física de Sears & Zemansky: Volume I: Mecânica: Volume 1
Autores: Hugh D. Young; Roger A. Freedman.
Editora: Pearson Universidades.
Sinopse: Desde sua primeira edição, esta tem sido uma obra de
referência por causa de sua ênfase nos princípios fundamentais
de física e em como aplicá-los. Sua clareza e didática minuciosa,
assim como a extensa gama de exercícios e exemplos
explicativos, desenvolvem nos alunos habilidades de identificação,
estabelecimento, execução e avaliação de problemas.
FILME/VÍDEO
Título: Interestelar.
Ano: 2014
Sinopse: Após ver a Terra consumindo boa parte de suas
reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de
verificar possíveis planetas para receberem a população mundial,
possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew
McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão
sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne
Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele
seguirá em busca de uma nova casa. Com o passar dos anos, sua
filha Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain) investirá numa
própria jornada para também tentar salvar a população do planeta.
Link do vídeo: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-114782/
trailer-19536810/
Plano de Estudo:
● Movimento retilíneo uniforme;
● Movimento retilíneo uniformemente variável;
● Movimento vertical;
● Movimento de projéteis.
Objetivos da Aprendizagem:
● Aprender a identificar e trabalhar com movimentos em duas dimensões;
● Compreender o movimento unidimensional com velocidade constante;
● Saber identificar e analisar movimentos uniformemente variados.
25
INTRODUÇÃO
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 26
1. MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME
Neste tópico, vamos trabalhar com os movimentos em linha reta e sem considerar
a aceleração, o chamado Movimento Retilíneo Uniforme, MRU.
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 27
FIGURA 1 - A POSIÇÃO DE UM OBJETO É INDICADA EM RELAÇÃO A UM EIXO MARCADO
EM UNIDADES DE COMPRIMENTO QUE SE ESTENDE INDEFINIDAMENTE PARA OS DOIS
SENTIDOS. O NOME DO EIXO EM UMA DIMENSÃO COSTUMA SER EIXO X
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 28
Para entrarmos no conceito de velocidade média, temos que diferenciar o que é
distância percorrida de deslocamento. Deslocamento é sempre a menor distância entre
duas posições ocupadas por um objeto na trajetória. Já distância percorrida, ou espaço
percorrido, é a soma numérica de todo o espaço percorrido pelo objeto durante a trajetória.
Vamos ao exemplo: Considere que um avião voe 600 km de oeste (O) para leste e
logo após voe 300 km de leste (L) para oeste (O). O espaço total percorrido por esse avião
é a soma dos deslocamentos oeste leste mais oeste leste, ou seja, Dt = 600 km + 300 km =
900 km. Já o deslocamento, é a posição entre o instante inicial e o instante final. O módulo
do deslocamento Δx = x – x0 = 600 km – 300 km = 300 km. Lembrando que deslocamento
é uma grandeza vetorial, então precisamos dizer qual o módulo, a direção e sentido. Neste
caso, o deslocamento do avião foi de 300 km de oeste para leste.
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 29
Observe que como utilizamos a distância total percorrida e essa sempre é positiva,
temos que a velocidade escalar média será positiva. Possui apenas módulo, pois não é
vetorial. Pode-se usar v̅ ou vm para descrever velocidade média.
Já a velocidade média é dada pela razão entre o deslocamento e o tempo
necessário para efetuar o mesmo:
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 30
FIGURA 3 - GRÁFICO DA POSIÇÃO EM FUNÇÃO DO TEMPO. A INCLINAÇÃO DA LINHA
VERMELHA É A VELOCIDADE MÉDIA DO OBJETO
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 31
Fonte: Sales e Maia (2011).
ou melhor:
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 32
2. MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIÁVEL
2.1 Aceleração
Acabamos de obter a equação para o caso em que a velocidade de movimento de
um objeto é constante. Mas e quando a velocidade possui variação? Para existir variação
de velocidade em movimentos retilíneos, é necessário que ocorra aceleração.
A aceleração média é definida como o quociente entre a variação da velocidade e
o intervalo de tempo entre dois instantes:
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 33
FIGURA 5 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO. A INCLINAÇÃO DA
LINHA VERMELHA É A VELOCIDADE MÉDIA DO OBJETO
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 34
Vamos analisar primeiro o movimento do bloco progressivo. Se o movimento é
progressivo, e a aceleração da gravidade ajuda a aumentar a velocidade do bloco, isto é,
a velocidade e a aceleração estão no mesmo sentido, teremos um movimento acelerado.
Agora, suponha que o bloco esteja ainda em movimento progressivo, mas algo está
acelerando-o no sentido contrário, fazendo com que a velocidade diminua, temos o que
chamamos de movimento retardado.
Agora, vamos analisar o movimento retrógado, aquele no qual a velocidade está
para a esquerda no sistema que adotamos. É como se estivéssemos dando “marcha ré”
no bloco. Caso a aceleração seja negativa, a velocidade do bloco irá aumentar em módulo,
isto é, a velocidade está cada vez mais elevada, mas no sentido contrário a trajetória e
teremos um movimento acelerado. Agora, suponha que a velocidade seja retrograda, e
que a aceleração seja positiva, o que vamos ter é que a velocidade, em módulo, será cada
vez menor, e temos novamente o movimento retardado. O Quadro 1 abaixo fornece um
esquema para o que foi dito.
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 35
A aplicação do conceito de aceleração constante é de grande relevância em diversas
áreas do dia a dia. Apesar das equações serem elaboradas para casos idealizados, elas
possuem uma excelente precisão para a maior parte dos experimentos do cotidiano. Como
veremos no próximo tópico, movimentos em queda livre é apenas um caso particular das
equações que vamos aqui descrever.
Vamos voltar a equação .Considere o instante inicial t0 = 0, a equação
se torna:
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 36
Como estamos trabalhando com aceleração constante, a velocidade varia, mas com
uma taxa constante. Podemos calcular a velocidade média como sendo a média aritmética
das velocidades entre dois instantes:
considerando e igualando vm
com v̅ que são as mesmas variáveis:
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 37
3. MOVIMENTO VERTICAL
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 38
Como não sabemos o tempo do percurso, vamos usar a equação de Torricelli,
e trocar a aceleração da equação por g, que é a aceleração da gravidade. A aceleração
aponta para baixo, e a velocidade tem o mesmo sentido da aceleração, então temos um
movimento acelerado.
Para transformar essa velocidade de metros por segundo para quilômetros por
hora, basta multiplicar por 3,6, e temos que a velocidade da gota seria de 713 km h-1. Agora
imagine como seria estar debaixo de uma chuva dessas. Ainda bem que tem algo que não
deixa a gota de chuva atingir tamanha velocidade.
As gotas de chuva ou de qualquer objeto que caia de uma altura considerável,
aumentam a velocidade até um valor limite e após esse limite a velocidade se torna constante.
Temos inicialmente MRUV e depois MRU. O responsável por causar a velocidade limite é
a resistência do ar. Algo interessante é que caso não existisse o ar e fosse queda livre
de objetos no vácuo, a velocidade final não iria depender das características do objeto,
como forma, densidade, massa. É estranho enxergarmos isso, mas sim, se fosse no vácuo,
a velocidade final de uma pena ou de uma bola de boliche que foram abandonadas da
mesma altitude, seriam as mesmas.
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 39
Vamos para um exemplo mais elaborado, mas antes, precisamos definir algumas
coisas. Em movimentos verticais, por convenção: a direção do movimento é ao longo do
eixo y vertical e não ao longo do eixo x horizontal; todas as grandezas que possuírem
orientação vertical de baixo para cima será adotado sinal positivo (+) e para as grandezas
orientadas de cima para baixo será adotado sinal (-); para cima é adotado sentido positivo;
a aceleração da gravidade g em queda livre é negativa, isto é, para baixo e com direção
para o centro da Terra. Assim, nas equações, a aceleração à é substituído por –g.
Suponha uma bola de beisebol lançada verticalmente para cima, a partir do solo, e
com uma velocidade inicial de 40 ms-1. Vamos desprezar a resistência do ar e para facilitar
os cálculos, iremos adotar a aceleração da gravidade com módulo g = –10 ms-2. Qual vai
ser a altura máxima atingida por ela bola de beisebol?
Para resolver exercícios de física, o ideal é anotar previamente as informações que
temos. Que chamamos de dados:
Velocidade inicial V0 = 40 ms-2
Aceleração da gravidade g = –10 ms-2
Posição inicial x0= 0 m (superfície)
Portanto, a altura máxima atingida pela bola é de 80 m. E qual foi o tempo gasto
durante a subida? Vamos agora usar a equação horária da velocidade:
e lembrando que no ponto mais alto a velocidade é nula, temos:
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 40
Nesse caso, é sim possível, e basta usar a equação horário do espaço:
Esse valor faz sentido, já que a velocidade de chegada é igual a velocidade de saída.
Temos três pontos para salientar. A velocidade no ponto mais alto de uma trajetória
lançada verticalmente é instantaneamente nula; a velocidade em um dado ponto da trajetória
tem o mesmo valor, tanto na subida quanto na descida; o tempo gasto entre o início do
lançamento até o ápice, e entre o ápice até a descida, são os mesmos (SALES e MAIA, 2011).
Ficou evidente nessa parte do conteúdo que com as equações horárias do Movimento
Retilíneo Uniformemente Variável podemos estudar os movimentos, desde que a origem
da força não seja levada em consideração. No próximo tópico, vamos ter uma breve noção
a respeito do movimento de projéteis.
UNIDADE II
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a Cinemática
e a Mecânica 41
4. MOVIMENTO DE PROJÉTEIS
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 42
FIGURA 9 - CURVA CARACTERÍSTICA DESCRITA POR UM PROJÉTIL E AS COMPO-
NENTES DA VELOCIDADE AO LONGO DA TRAJETÓRIA
UNIDADE II
I Introdução
Grandezas Físicas
a Cinemática
e a Mecânica 43
SAIBA MAIS
Uma matéria da revista Super Interessante intitulada “Catapulta: a história da invenção que
mudou a história das guerras”, publicada em 30 de outubro 2019, traz o seguinte trecho:
[…] Até então, os exércitos eram formados apenas pela infantaria (tropas que avançam
a pé) e a cavalaria (tropas que avançavam a cavalo e, hoje, em veículos blindados).
A partir das catapultas, eles passaram a contar também com uma terceira arma: a
artilharia, especializada no lançamento de projéteis a grande distância.
Simplesmente não havia mais cidade – não importava o tamanho do muro – que pudesse
resistir a um ataque persistente. E, quanto maior, melhor: engenhos gigantescos como
os trebuchets fizeram com que o pânico tomasse conta dos defensores como nenhuma
outra arma. Afinal, tomar uma pedrada enorme ou ser atravessado por uma superflecha
destruía a moral de qualquer um. […].
Essa matéria deixa claro que o conhecimento do movimento, da trajetória e lançamentos
de projéteis, com certeza influenciou o percurso da história da humanidade.
Fonte: ONÇA, F. Catapulta: a história da invenção que mudou a história das guerras. Super interessante,
2019. Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/a-mae-de-todas-as-guerras/. Acesso em: 03 jan. 2022.
REFLITA
UNIDADE II
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE II
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Grandezas Físicas
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LEITURA COMPLEMENTAR
Os conceitos da Física podem ser aplicados nos esportes por exemplo. A matéria
intitulada “Física e futebol: ciência aplicada nos dribles, chutes e defesas” conta um pouco
de fenômenos físicos, principalmente da mecânica, que explica cientificamente o drible,
as cobranças de falta e de pênalti. É uma leitura agradável e descontraída, que possibilita
enxergarmos um pouco mais do que estudamos e do que vamos estudar.
UNIDADE II
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a Cinemática
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Curso de Física Básica: Mecânica (Volume 1)
Autor: Herch Moysés Nussenzveig
Editora: Blucher.
Sinopse: Este curso universitário de Física Básica destina-se aos
estudantes de Engenharia, Física, Matemática, Química e áreas
correlatas. O objetivo é apresentar uma discussão detalhada e
cuidadosa sobre os conceitos e princípios básicos da Física, com
ênfase na compreensão das ideias fundamentais. Os tópicos dis-
cutidos compreendem cinemática, dinâmica, leis de conservação,
gravitação, mecânica dos corpos rígidos e forças de inércia. Há
240 problemas propostos, todos com respostas. Os problemas
foram elaborados com vistas a ilustrar os principais conceitos e
resultados, contribuindo para sua melhor compreensão, indicar
aplicações a uma variedade de situações concretas, aprofundar e
generalizar resultados. Nesta 5ª edição, o texto foi inteiramente re-
visto e atualizado, bem como aprimorado, com nova apresentação
gráfica e novas ilustrações.
FILME/VÍDEO
Título: Gravidade.
Ano: 2013.
Sinopse: Matt Kowalski (George Clooney) é um astronauta
experiente que está em missão de conserto ao telescópio Hubble
juntamente com a doutora Ryan Stone (Sandra Bullock). Ambos são
surpreendidos por uma chuva de destroços decorrente da destruição
de um satélite por um míssil russo, que faz com que sejam jogados
no espaço sideral. Sem qualquer apoio da base terrestre da NASA,
eles precisam encontrar um meio de sobreviver em meio a um
ambiente completamente inóspito para a vida humana.
Link do vídeo: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-178496/
trailer-19513156/
UNIDADE II
I Introdução
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UNIDADE III
Leis de Newton
e Aplicações
Prof. Dr. Renã Moreira Araújo
Plano de Estudo:
● A Primeira Lei de Newton;
● A Segunda Lei de Newton;
● A Terceira Lei de Newton;
● Aplicações e consequências das Leis de Newton.
Objetivos da Aprendizagem:
● Capacidade de resolver problemáticas que
apliquem as Leis de Newton;
● Conceituar e contextualizar as Leis de Newton;
● Enuncias as três Leis de Newton.
48
INTRODUÇÃO
Vamos estudar a famosa dinâmica, área de estudo que não apenas descreve o
movimento, mas compreende o motivo do mesmo.
Historicamente, Galileu Galilei (1564-1642) foi quem mudou o conceito que permeava
por mais de dois milênios. Ele mostrou que um objeto é possível estar em movimento, mesmo
se não tiver nenhuma ação externa sendo exercida sobre o corpo. E foi além, mostrou que um
objeto, desde que isolado do meio, é capaz de manter movimento com velocidade constante.
O que Galileu fez, foi introduzir a ideia de movimento retilíneo uniforme.
Mais adiante, surgiu uma das mentes mais talentosas que viveu na humanidade até
hoje. Isaac Newton (1642-1727), que dentre suas publicações, deixou um legado para a
humanidade, intitulado “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica”, que em uma tradução
livre é “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”, no qual ele descreveu os movimentos
de objetos e planetas, mas com explicações sólidas envolvendo a natureza do movimento.
Newton mostrou que é possível descrever a natureza em termos de equações, e
estudar e prever os movimentos celestes. Tamanha foi a precisão dos estudos de Newton
a respeito dos movimentos celestes, que evidenciou que a órbita do planeta Urano não
condizia perfeitamente com a teoria e o equacionamento matemático da dinâmica, e esse
fato permitiu descobrir Netuno antes da observação. Ao ser realmente observado o planeta,
a dinâmica de Newton ficou ainda mais marcada na história e hoje seus estudos são a base
da Mecânica Clássica.
Nesse módulo vamos compreender o que diz as três leis desenvolvidas por Newton
e algumas consequências dessas leis. Para isso, três conceitos iniciais devem ser conside-
rados. O primeiro é que, os corpos em movimento aqui estudados terão apenas movimento
de translação e serão tratados como partículas, isto é, não serão envolvidas rotações e a
distribuição de massa interna dos corpos serão homogêneas. O segundo conceito é que as
leis de Newton funcionam em partículas com velocidades bem menores que a da velocida-
de da luz (aproximadamente 300.000 km s-1). Essa última convenção não prejudica nossos
estudos, uma vez que as velocidades do cotidiano que vamos trabalhar são muito menores
que a da velocidade da luz. E o terceiro e último ponto é que quando falarmos de corpo,
objeto ou partícula, estaremos fazendo referência a mesma coisa.
Muito bem, vamos agora para a famosa Mecânica Clássica.
Mas e a direção e o sentido? Bom, como temos uma única força aplicada, a direção
e sentido da aceleração será a mesma da força, no caso, horizontal para a direita.
Agora, um exemplo mais elaborado. Suponha um disco de roquei, que se move
sobre uma quadra de gelo, de atrito desprezível e ao longo do eixo x e com movimento em
uma única dimensão.
Para resolver esse tipo de problema, usamos uma técnica chamada de diagrama
de corpo livre, que consiste em redesenhar a problemática, geralmente tratando o corpo
como um ponto, no caso aqui, o disco de roquei, e fazendo a representação das forças
envolvidas por setas, já que força é grandeza vetorial. Na Figura 4 temos a representação
do diagrama de corpo livre para esse caso.
Como vamos relacionar a aceleração com a força resultando que age no disco
usando a segunda lei de Newton, e nesse caso só é possível aceleração apenas na
horizontal, podemos escrever a equação:
Na situação 1, temos:
As forças envolvidas causam uma força resultante que acelera o disco no sentido
positivo da direção x com módulo igual à 10 m s-2.
E a terceira situação? Como procedemos?
Aqui é preciso decompor a força 3 na componente x. Note que a componente da
força 3 na direção x pode ser escrita como F3,x=F3 cos θ, onde θ é o ângulo entre a força e
a direção x. agora, usando a segunda lei de Newton temos:
Assim, a força resultante nesse caso 3 acelera o disco no sentido negativo do eixo
x, com módulo de 6,46 m s-2. E caso estivem as três forças exercidas ao mesmo tempo?
Ficará de atividade ao leitor.
Mais um exemplo que use decomposição de forças. Uma força quando desenhada
no plano cartesiano pode ser substituindo por suas componentes na direção x e na direção
y, conforme ilustra a Figura 5.
Suponha a situação dada na Figura 6. Qual o valor da força resultante? Note que
temos três forças vetoriais e seus respectivos ângulos. Precisamos decompor cada força
nas direções x e y.
Na direção y:
Esse valor permite dois ângulos, -62,7° ou 117,3°, que é resultado de -62,7° +
180°. No entanto, pelos valores das componentes da força resultante vimos que a força
resultante está situada no segundo quadrante do plano cartesiano, portanto, a direção é de
118° em relação ao eixo y.
Vamos avançar para a terceira e última Lei de Newton.
Existe uma interação entre o lápis e o caderno, pois, o lápis exerce uma força
sobre o caderno, e o caderno também exercer uma força sobre o lápis, ambas
horizontais, mas com sentidos opostos. Podemos representar a situação descrita por um
diagrama de corpo livre (Figura 8).
“Quando dois corpos interagem, as forças que cada corpo exerce sobre o outro são
iguais em módulo e têm sentidos opostos” (HALLIDAY et al., 2016).
Podemos equacionar essa lei de duas maneiras, a primeira, usando apenas o
módulo das forças, e como os módulos possuem o mesmo valor, temos:
E a segunda, na forma vetorial. Note que na forma vetorial o sinal negativo é necessário
para indicar que as forças possuem a mesma direção, mas os sentidos são opostos.
Todas as vezes em que dois corpos estiverem interagindo entre si, sempre terá ao
menos um par de forças que é chamado de par de forças da terceira lei.
Pode surgir a pergunta, mas o lápis e o livro estão parados, e mesmo assim existe
um par de forças na horizontal? A resposta é que, mesmo em repouso, existe sim um par
de forças na horizontal, e que a somatória de ambas, que é a força resultante (lembre-se da
segunda lei) é nula. E vamos além, mesmo se o sistema lápis-caderno estivesse em MRUV,
a terceira lei ainda continua existindo, mas agora teríamos ao menos mais uma força no
sistema e que precisaria ser avaliada.
Portanto, temos três pontos importantes a respeito da terceira lei de Newton
(SALES e MAIS, 2011):
- Uma força nunca irá aparecer sozinha, ou seja, sempre teremos forças aos pares,
chamada de ação e outra de reação;
- Cada uma das forças aparece em um corpo;
- Os pares de forças terão o mesmo módulo e direção, mas sentidos contrários.
Se o velocista exerce uma força sobre o bloco, quem é que impulsiona o velocista
para frente? A resposta é que quando o velocista empurra o bloco, exercendo uma ação,
o bloco exerce uma força de reação, de mesma direção e intensidade, mas com sentido
contrário. Então, apesar de soar estranho, a arrancada do velocista é resultado da força de
reação que o bloco faz, ou seja, o bloco é quem impulsiona o velocista.
A terceira lei de Newton explica também do porquê uma pessoa, quando presa
em um pântano, ou areia movediça, não é capaz de sair ao puxar o próprio cabelo, por
exemplo. Isso porque o cabelo e a pessoa, são o mesmo corpo, mesmo sistema, e não um
par de ação de forças em corpos distintos. Quando empurramos um móvel, a geladeira por
exemplo, você exerce uma força na geladeira, e ela exerce uma força de sentido contrário
à sua força. O movimento só vai acontecer quando a força de ação realizada por você, for
maior que a força que prende a geladeira ao chão, rompendo o equilíbrio estático.
No próximo tópico, vamos ver consequências e particularidades das leis de Newton:
A força peso, a força normal, a força de atrito e a tensão.
Agora que vimos separadamente as três leis de Newton, somos capazes de analisar
sistemas que envolvam forças. Cada situação de interação entre corpos deve ser analisada
com cautela, pois cada caso é distinto de outros. No entanto, existem algumas situações
que são similares, e que podem ser nomeadas.
Vamos ver situações em que damos nomes especiais as consequências das leis
de Newton. Serão elas a força peso, a força normal, a força de atrito e a tensão. Veremos
a parte teórica e exemplos de situações que envolvam cada uma delas.
Em cada situação, o primeiro passo será desenhar o diagrama de corpo livre, que
consiste em descrever as forças com flechas e os corpos analisados como pontos ou figuras
geométricas simples. Lembrando que não consideramos os movimentos de rotação e nem
a heterogenia da massa interna dos corpos.
E aqui vamos corrigir um erro comum no nosso dia a dia. Vimos que o peso de
um corpo ou objeto é proporcional a massa e a aceleração da gravidade do local. Temos o
costume de subir em uma balança e dizer por exemplo, “meu peso é de 85 kg”. Precisamos
deixar bem claro, peso e massa são grandezas diferentes. Peso é o módulo da força
gravitacional, que por sua vez é dependente da aceleração da gravidade e essa muda de
um local para outro. Massa é uma propriedade intrínseca da matéria, e em qualquer lugar
do espaço, dentro da mecânica clássica, terá o mesmo valor. Já o peso não.
O exemplo clássico é na Terra, uma pessoa com massa de 100 kg, terá uma força
peso média de 981 N (peso é uma força, por isso a unidade de medida no SI é o newton).
Já a mesma pessoa, caso estivesse na Lua, que tem uma aceleração da gravidade de 1,6
ms-2, teria o peso de 160 N. E em Marte? Marte possui uma gravidade de 3,724 ms-2 em
sua superfície, e a mesma pessoa teria 372,4 N. Nas três localidades, a massa continuaria
sendo os mesmos 100 kg.
Mas o que está errado, o valor dado na balança ou a nossa expressão “peso”? Na
verdade, balanças são dispositivos calibrados para mostrar a força peso, quando a unidade
de medida é newton, quilogramas-força, ou calibrada para mostrar a massa, quando a unida-
de de medida é o quilograma. No cotidiano, as balanças comuns de banheiro, de farmácias,
academias e consultórios são calibradas para mostrar a massa. Portanto, a partir de agora
vamos mudar a expressão: “meu peso é de 85 kg” para “minha massa é de 85 kg”.
Para finalizar esse assunto, saiba que 1kgf é o peso de um corpo de massa 1kg
submetido à aceleração da gravidade de 9,8m s-2.
4.4 Tração
Quando um fio, cabo, ou linha é preso a um corpo e esticado, o fio aplica uma força
no corpo com orientação na direção do fio. Chamamos essa força de tração porque o fio está
puxando, ou tracionando o objeto. A tração do fio, representado pela letra T, tem módulo da
força exercida sobre o objeto. Isso significa que, por exemplo, se uma força que está sendo
exercida sobre um objeto por um fio e tem módulo de 100 N, a tração também terá 100 N.
É comum não considerar a massa do fio nos exercícios, pois a massa do fio
em relação ao corpo analisado é muito menor, sendo desprezível. Consideramos o fio
inextensível, que é o mesmo que dizer que o comprimento do fio não muda durante o
processo de tração. O propósito do fio ou algo similar é ligar dois corpos e exercer forças
de módulo T, mesmo que os corpos e o fio estejam passando por polias sem massa, sem
atrito, ou estejam acelerados.
Observe a situação da Figura 13. Considere os dois blocos, A e B, com massas de
mA e mB, respectivamente. Considere ainda que a massa do bloco A é maior que a massa
do bloco B, que não haja atrito na polia e nem do bloco A com a superfície. Vamos obter
uma equação genérica para a aceleração do sistema.
FIGURA 14 - DIAGRAMA DE CORPO LIVRE PARA DOIS BLOCOS UNIDOS POR UM FIO
QUE PASSA POR UMA ROLDANA
Lembrando que a segunda lei de Newton nos diz que o somatório das forças resul-
tantes é igual a massa vezes a aceleração, temos, para o bloco A e bloco B,
Observe que quando o valor da massa do bloco A, for muito maior que a massa
do bloco B, a equação irá tender para zero, isto é, não teremos aceleração. Agora, caso o
bloco B possua uma massa considerável em relação ao bloco A, teremos uma aceleração.
Um valor interessante de analisar é quando as massas dos blocos forem iguais, pois, nesse
caso, a aceleração será metade da aceleração da gravidade.
SAIBA MAIS
Alguns filmes de ficção ficam marcados pela sua fidelidade com a Física. O filme
Gravidade (2013), que é um drama emocionante que aborda, entre tantas questões,
a luta pela sobrevivência e pela superação dos nossos entraves é um desses filmes.
Muitos dos acontecimentos que estão no filme costumam cair nas provas de vestibular,
do Enem e até mesmo em concursos públicos, como por exemplo, perguntas do tipo
“Como calcular a velocidade dos destroços na atmosfera?”; “Quais os efeitos da falta
de gravidade?”; “Qual a função da nossa atmosfera e o que acontece com o organismo
quando falta oxigênio?”. E aí leitor, você consegue responder essas perguntas?
REFLITA
“A gravidade explica os movimentos dos planetas, mas não pode explicar quem colocou
os planetas em movimento. Deus governa todas as coisas e sabe tudo que é ou que
pode ser feito.”
Isaac Newton
Fonte: TINER, J. H. Isaac Newton: Inventor, Scientist and Teacher. Milford, Michigan, U.S.: Mott Media, 1975.
Neste módulo estudamos as três leis de Newton e vimos alguns casos especiais
de suas aplicações e exemplos. Com esses conceitos, abre-se as portas para resolver
inúmeras situações do cotidiano. O conhecimento e aplicação das leis de Newton possui
uma universalidade na Ciência, pois sua aplicabilidade é imensa.
Para nossa disciplina, vimos um pouco da capacidade das leis de Newton. Outras disci-
plinas mais especificas trabalham apenas com os conceitos das leis interligadas. Por exemplo,
as disciplinas de mecânica clássica, mecânica dos sólidos, mecânica dos fluidos e etc. Pode-se
dizer que toda disciplina que estude movimentos, tem o envolvimento das leis de Newton.
Contudo, o movimento pode ser estudado por um outro ponto de vista, no qual baseia-
se na energia e conservação de energia. Esse será o assunto do nosso próximo módulo.
Está se perguntando onde está aquela física contada nos filmes de ficção científica,
com velocidades próximas a velocidade da luz, buracos negros, buracos de minhoca?
Calma, a física que vimos nessa disciplina é a física básica, aplicada a fenômenos simples
do cotidiano. Mas, quer dar uma espiada na física de Einstein? Indicamos a leitura do artigo
“Uma visão do espaço na mecânica newtoniana e na teoria da relatividade de Einstein”.
LIVRO
Título: Introdução à Mecânica Clássica.
Autor: Aline Rossetto da Luz.
Editora: InterSaberes.
Sinopse: A mecânica clássica é o ramo da física que analisa os
movimentos dos corpos, baseando-se em conceitos desenvolvidos
por físicos clássicos, como Galileu Galilei e Isaac Newton, que,
mais tarde, foram reformulados por Hamilton e Lagrange. Neste
livro, abordamos os principais aspectos da mecânica clássica,
revelando as características de seu funcionamento e os principais
cálculos que auxiliam em sua compreensão. Junte-se a nós nesse
estudo.
FILME/VÍDEO
Título: Isaac Newton: O Último Mágico
Ano: 2013.
Sinopse: Isaac Newton – um brilhante matemático Racionalista
ou um mestre do Ocultismo? Essa biografia inovadora revela um
Newton eremita e tirano, um herege e um alquimista. Imagens
mágicas se combinam com atores e especialistas para trazer à
vida o maior génio científico Britânico em suas próprias palavras.
WEB
Sinopse: Esse vídeo traz algumas curiosidades interessantes de
maneira leve e descontraída sobre a vida do gênio Isaac Newton.
50 fatos sobre Isaac Newton.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=GKR2jKAvwRY
Plano de Estudo:
● Trabalho Mecânico e Energia;
● Energia Cinética e o Teorema do Trabalho;
● Energia Potencial;
● Energia Mecânica e conservação de energia.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar trabalho mecânico;
● Compreender os tipos de energia mecânica;
● Estabelecer a importância da conservação de energia mecânica.
74
INTRODUÇÃO
Ao fim do século XIX, já era consenso no meio cientifico das várias formas de
energia existentes: energia química, eletromagnética, luminosa, mecânica, térmica e etc.
No entanto, nem todos as energias era possível converter em outra. Com o avanço da pes-
quisa, os cientistas conseguiram mostrar que o calor é um tipo de transferência de energia
mecânica microscópica; conseguiram mostrar que energia química é energia de ligação
entre os átomos; energia luminosa é energia eletromagnética e que a energia radiante é
a energia luminosa, porém invisível. Mais adiante, no século XX, compreenderam que a
energia radioativa é proveniente da energia nuclear dos átomos (SALES e MAIA, 2011).
Todo esse entrelaçamento de tipos de energia se tornou possível, como dito, em
pesquisas e experimentos, que por sua vez foram utilizadas ferramentas matemáticas e o
conceito de trabalho, que é o nosso foco neste momento da disciplina.
Qualquer atividade que é realizada precisa de algum tipo de energia. Desafio você
leitor, a obter no planeta Terra, alguma atividade que não necessite de energia. Quando
dormimos, nosso corpo gasta energia química, que foi obtida dos alimentos que consumimos.
Quando nos movimentamos, estamos usando energia mecânica (energia associada a
movimentos); quando empurramos um carro atolado, estamos usando energia mecânica;
as plantas, quando fazem fotossíntese, estão usando energia eletromagnética proveniente
da luz solar e transformando em energia química. Até mesmo ao pensar, estamos usando
energia para realizar as sinapses em nosso cérebro.
Quando é realizado o produtor escalar entre dois vetores, o resultado será um valor
numérico multiplicado pelo cosseno do ângulo entre os vetores. Dessa forma, o trabalho W
realizado por uma força é dado por:
Neste caso, já estamos assumindo que a componente da força que irá causar o
movimento é a na direção horizontal x: Fx=F cosθ. E que o deslocamento d é dado por uma
variação no espaço ∆x.
Até o momento foi utilizado uma força constante. Contudo, quando se tem uma
força variável, é preciso usar a integral e assumir que o deslocamento será em uma única
dimensão e o trabalho total será fornecido pela integral (soma) dos produtos escalares das
forças que variam nos infinitesimais deslocamentos :
Uma vez que trabalho é a quantidade de energia gerada para deslocar o objeto, e
por ser um valor numérico, podemos afirmar que trabalho não tem direção e nem sentido,
e sim apenas o módulo e a unidade de medida.
No Sistema Internacional de Unidades, a unidade de trabalho é o joule (J), em
homenagem ao físico inglês James Prescot Joule (1818-1889). Um joule corresponde ao
trabalho gerado por uma força de 1 newton para deslocar 1 metro:
O trabalho é uma grandeza física homogênea à energia. Isso significa que quando
falamos em unidades, as duas grandezas são equivalentes. Temos outras unidades para
indicar trabalho, como a caloria, usada para processos térmicos (1cal=4,18J); o EletronVolt
(1ev=1,6∙10-19J); e o quilowatt-hora, que é usado nas contas de energia elétrica de nossas
residências.
É possível obter o valor do trabalho resultante a partir de gráfico. Claro que dependendo
da situação apresentada no gráfico é preciso conhecer as técnicas de cálculo integral. Em
outros casos, um conhecimento prévio das áreas de figuras geométricas é o suficiente.
Quando é mostrado um gráfico que descreve a relação de uma força constante
com o deslocamento, o trabalho resultante será fornecido pela área apresentada pelo
gráfico abaixo da linha horizontal, ou seja, o trabalho total é a área do retângulo fornecido
pelo gráfico (Figura 2).
O trabalho irá continuar sendo fornecida pela relação da força pelo deslocamento,
no entanto, agora a força é dada pela curva e o trabalho será dado pelo cálculo da área
entre a curva e o eixo x do gráfico, e será necessário calcular a integral da função dada pela
força para encontrar o resultado.
Ou seja, a última equação nos mostra que existe uma relação entre a variação
da velocidade de um objeto de massa m com o trabalho. O lado esquerdo chamamos de
variação da Energia Cinética ∆Ec, e o lado direito já é o nosso conhecido trabalho:
Não temos o deslocamento total d, mas podemos usar a relação entre distância e
tempo:
Lembrando que para resolver exercícios desse tipo, o ideal é passar todas as
unidades para o Sistema Internacional de Unidades (SI). Assim, a velocidade e o tempo:
Ou, no caso da velocidade, bastava dividir pelo fator 3,6, como foi mostrado no
segundo módulo. Agora temos:
Em que:
Ep: energia potencial gravitacional (J – joules)
m: massa do corpo (kg – quilogramas)
g: aceleração da gravidade (m s-2)
h: altura do corpo em relação ao solo (m – metros)
Algo que merece atenção na energia potencial é a altura h. Essa altura é dada em
relação a algum ponto em referência.
Assim, a energia mecânica de um objeto estará distribuída nas duas outras formas
de energia.
Á água dentro da caixa está em repouso, ou seja, sua velocidade inicial é nula.
Substituindo os dados fornecidos na equação acima temos:
Portanto, a energia mecânica da água da caixa d´água desse exemplo é de 7,5 105 J.
Outro exemplo. Um caminhão de 1500 kg desloca-se, a 10 m s-1, sobre um viaduto
de 10 m, construído acima de uma avenida movimentada.
E nos pontos D e E? Nesses pontos, a bolinha terá os dois tipos de energia, a cinética
e potencial. Isso acontece pois, temos diferença de altura em relação ao nível de referência,
fato que permite a bolinha ainda ter energia armazenada para ser convertida em velocidade; e
temos velocidade, que por sua vez é responsável pela energia cinética. O principal fato desse
caso é que nos pontos A, B, C, D e E, a energia mecânica do sistema será a mesma, ora dada
apenas pela energia potencial, ora apenas pela energia cinética, ora pela associação de ambas.
Onde:
Note que a conservação de energia não depende da massa, uma vez que a equação
acima, pode ser dividida em ambos os lados pela massa da bolinha e se torna:
Note que a massa da pessoa não influencia no resultado. Ou seja, uma pessoa de
50 kg por exemplo, chegaria à superfície aquática com a mesma velocidade.
A física está presente no nosso cotidiano, e muitas das vezes nem sequer percebemos. Ao
entrar em um carro por exemplo, você está desfrutando não apenas dos conceitos físicos,
mas também do resultado de pesquisas realizadas por anos e testadas nos carros protótipos.
Uma atividade em que tem-se grande desenvolvimento tecnológico e que faz uso dos
conceitos vistos nesse módulo são as corridas de fórmula 1. Os pesquisados procuram
desenvolver pneus que tenham atrito o suficiente para manter os carros no chão e
estáveis, mas que também não prejudiquem o movimento do carro, buscando a máxima
eficiência na relação pneu-solo.
No link temos um jornal que resume alguns conceitos da física presentes na Fórmula 1.
É uma leitura descontraída e repleta de curiosidades. Para saber mais acesse: https://
fisica.alegre.ufes.br/sites/fisica.alegre.ufes.br/files/jornal_online_9a_edicao_0.pdf
Fonte: A Física Ontem e Hoje: A física e a formula 1. Pibid Física, 9º ed, 2014. Disponível em: https://fisi-
ca.alegre.ufes.br/sites/fisica.alegre.ufes.br/files/jornal_online_9a_edicao_0.pdf. Acesso em: 25 fev. 2022.
REFLITA
LIVRO
Título: Fundamentos da Física
Autor: David Halliday, Robert Resnick, Jearl Walker.
Editora: LTC.
Sinopse: Sucesso há mais de três décadas e obra de referência
na área, ''Fundamentos de Física – Volumes 1 a 4'' apresenta um
estudo introdutório completo e abrangente. Essa novidade vai
permitir aos docentes de cursos de graduação em engenharia
e demais áreas de Ciências Exatas o uso de recursos atuais e
diferenciados em suas aulas e apresentações. Os estudantes
também contam com materiais específicos oferecidos mediante
cadastro. Os autores buscaram aprimorar o texto e a pedagogia
aplicada à obra, por meio do grande apelo visual proporcionado
por ilustrações coloridas e outros recursos didáticos como boxes,
tabelas e seções especiais, que facilitam e organizam os assuntos
abordados. Da mesma forma, os conteúdos teóricos foram mais
bem vinculados ao cotidiano prático e real, com a apresentação
de exemplos, problemas e ensaios ligados a diversas áreas – o
que retira da disciplina o aspecto meramente científico e a eleva
ao caráter essencial para a compreensão e o desenvolvimento do
mundo que nos cerca.
FILME/VÍDEO
Título: Perdido em Marte
Ano: 2015.
Sinopse: Na ficção científica, um astronauta é enviado com uma
equipe para Marte para fazer um trabalho de campo. Chegando
lá, eles são surpreendidos com uma tempestade e seus amigos
acreditam que ele está morto. O ponto alto do filme é ver como
ele vai fazer para sobreviver e retornar à Terra. Conceitos físicos
vistos na disciplina estão presentes no filme.
LOPES, E. M.; LABURÚ, C. E. Diâmetro de um fio de cabelo por difração (um experimen-
to simples). Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 18, n. 2, ago. 2001.
101
CONCLUSÃO GERAL
Prezado (a) aluno (a), chegamos ao fim da nossa disciplina, onde conseguimos
abordar os principais temas relacionados a Física Geral I.
Na Unidade I, apendemos os conceitos sobre grandezas fundamentais e unidades
de medida, estimativas, ordem de grandezas e algumas aplicações desses conceitos.
Em seguida, usamos os conhecimentos adquiridos e desenvolvemos juntos as
equações da Cinemática, estudando o movimento de objetos sem nos preocuparmos em
como foram gerados.
Na Unidade III entramos no universo deslumbrante e explicativo da natureza de
acordo com as leis de Newton. Vimos diversas situações onde essas leis são o suficiente
para detalhar e prever com grande precisão situações cotidianas.
Por fim, na Unidade IV, estudamos os conceitos de energia mecânica e sua
conservação, fechando o nosso curso.
Desejamos a você aluno(a), que faça bom uso dos conhecimentos passados
em nosso material e nas aulas. Que seja capaz de seguir em frente, lembrando que
a Mecânica é uma das vertentes da Física que descreve não apenas a natureza, mas
também o universo e nossas vidas.
102
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
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