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Conforto Ambiental

Prof. Me. Nadyeska Copat


2021 by Editora Edufatecie
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C781c Copat, Nadyeska


Conforto ambiental / Nadyeska Copat. Paranavaí:
EduFatecie, 2022.
114 p. : il. Color.

1. Projeto arquitetônico. 2. Ergonomia. 3. . Bioclimatologia.


I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a
Distância. III. Título.

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Carlos Eduardo Firmino de Oliveira
AUTOR

Professora Me. Nadyeska Bruna Copat da Silva


● Mestre em Engenharia Urbana pela UEM (Universidade Estadual de Maringá)
● Formada em Arquitetura e Urbanismo pela UEM (Universidade Estadual de Maringá)
● Professora Mediadora EAD – Unicesumar
● Docente no curso de Arquitetura e Urbanismo – UniFamma.

Tenho experiência tanto no ensino presencial, como no modelo EAD. Sou


especialista na área de conforto ambiental, principalmente na parte acústica. Atuo como
arquiteta por uma construtora na cidade de Maringá - PR, além dos projetos, acompanho
as obras desenvolvidas pelos parceiros.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/5388560741994377


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo (a)!

Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é
o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto
com você construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamentais sobre conforto
ambiental. Além de conhecer seus principais conceitos e definições vamos explorar as mais
diversas aplicações em projetos.
Na Unidade I você será capaz de identificar como dar início ao projeto de conforto
térmico, identificará a influência do ser humano na temperatura do espaço que ele permanece,
conhecerá os principais conceitos relacionados à essa disciplina e suas normativas principais.
Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre o conforto acústico. As
técnicas do projeto de acústica têm sido consideradas relevantes na arquitetura. Acredita-
se que a questão acústica é o aspecto físico que traz maior complexidade no estudo do
conforto da edificação. Visto isso, os principais conceitos serão abordados.
Depois, nas Unidades III e IV vamos tratar especificamente de conforto ambiental e
sua relação com o projeto. Ao longo da unidade III, vamos destacar porque são necessárias
determinadas medidas ambientais nos projetos. Na Unidade IV, vamos entender o papel da
eficiência energética ligada à arquitetura.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Aspectos Gerais do Conforto Térmico

UNIDADE II.................................................................................................... 30
Conforto Acústico

UNIDADE III................................................................................................... 53
Bioclimatologia Ligada a Arquitetura

UNIDADE IV................................................................................................... 78
Recursos do Conforto Ambiental
UNIDADE I
Aspectos Gerais do
Conforto Térmico
Profª. Me. Nadyeska Copat

Plano de Estudo:
● Introdução, conceitos e fundamentos do Conforto térmico;
● Conceitos e Fatores determinantes para o conforto;
● Recursos, estratégias ou soluções de adequação dos ambientes internos;
● Normas técnicas e aplicações.
.
Objetivos da Aprendizagem:
● Identificar os conceitos básicos e necessários
para o estudo de projeto do conforto térmico;
● Conhecer alguns parâmetros para medir a quantidade de conforto do usuário;
● Estabelecer quais as melhores abordagens para adequar ambientes internos;
● Abordar as normativas técnicas que englobam
a parte do conforto térmico e a arquitetura.

4
INTRODUÇÃO

Ao projetar um ambiente, é necessário considerar as atividades que serão realiza-


das nesse meio. Pense, por exemplo, que você é responsável em projetar uma academia.
Pensou? Agora responda à essas questões mentalmente: Você acha que ao realizar a
atividade física, o ser humano libera calor ao ambiente? Em sua opinião, uma sala de
ginástica na academia deve ter as mesmas condições de resfriamento que uma sala de
reunião? O tipo de vestimenta interfere na condição de conforto de cada indivíduo? Ou
melhor, todos têm a mesma sensação de conforto que você?
Essas são perguntas muito subjetivas, que depende de cada indivíduo. Dessa
maneira, essa é a maior dificuldade encontrada para projetar ambientes termicamente
confortáveis.
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar como dar início ao projeto
de conforto térmico, identificará a influência do ser humano na temperatura do espaço que
ele permanece, conhecerá os principais conceitos relacionados à essa disciplina e suas
normativas principais.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 5


1. INTRODUÇÃO, CONCEITOS E FUNDAMENTOS DO CONFORTO TÉRMICO

A arquitetura deve estar sempre em comunhão com o homem e o conforto, seja


ele térmico, acústico, luminoso ou visual. Quando o ser humano é submetido ao estresse
ou à fadiga, o organismo pode funcionar de maneira desregulada. A arquitetura tem como
obrigação oferecer o conforto dentro da edificação, não importando as condições climáticas
externas (FROTA e SCHIFFER, 2001).
O conceito de conforto térmico refere-se ao estado em que o indivíduo e o
ambiente expressa satisfação, ou seja, em equilíbrio. A não satisfação neste caso, pode
ser representada pela sensação de calor ou frio produzida pelo corpo, e pela perda de calor
para o ambiente (LAMBERTS; DUTRA e PEREIRA, 2004).
Segundo Ashrae (2005) também apresenta o conceito de conforto como um estado
de espírito que reflete o nível de satisfação do local com a pessoa. Se o balanço ou a
troca térmica for nula, pode-se dizer que se encontra termicamente confortável. A Figura 1
representa um esquema do conforto térmico.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 6


FIGURA 1 – ESQUEMA DE CONFORTO

Quando as trocas de calor entre o ser humano e o ambiente ocorrem sem esforço,
o indivíduo tem capacidade de trabalho máxima e causa a sensação de conforto térmico.
Quando a condição ambiental é mais fria ou mais quente, ocorre a perca de mais ou menos
calor para a manutenção da homeotermia, e dessa maneira interferindo na realização de
atividades e na saúde dos indivíduos (FROTA e SCHIFFER, 2001) (Figura 2).

FIGURA 2 – FALTA DE CONFORTO TÉRMICO NO AMBIENTE

Estudar o conforto térmico é importantíssimo para a concepção de um ambiente.


Ele pode ser baseado em três fatores:
● A satisfação do indivíduo em sentir termicamente confortável;
● A produtividade do indivíduo, embora não há uma certeza absoluta que o calor
ou o frio seja influência;
● A conservação de energia, já que a maioria dos ambientes existe algum tipo de
condicionantes artificialmente.

Concluindo, conhecendo as condições dos ambientes, o projetista pode evitar o des-


perdício com calefação ou refrigeração. É importante lembrar ainda que nem todos os indivíduos
presentes no ambiente concordarão com a questão do conforto. O projetista deve trabalhar e
criar condições para uma maior porcentagem de pessoas (LAMBERTS e NARANJO, 2011).

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 7


2. CONCEITOS E FATORES DETERMINANTES PARA O CONFORTO TÉRMICO

O homem é um ser homeotérmico, ou seja, a temperatura interna tende a permanecer


a mesma independente das condições climáticas (LAMBERTS; DUTRA e PEREIRA, 2004).
A temperatura é na ordem de 37ºC, sendo limite inferior de 32ºC e superior de 42ºC (FROTA
e SCHIFFER, 2001). Com a perda ou ganho de calor, existem mecanismos capazes de
manter a temperatura interna constante, o que denominamos de termorreguladores
(LAMBERTS; DUTRA e PEREIRA, 2004).
Quando as condições ambientais tenderem a ter uma temperatura externa menor
do que o organismo, o corpo tende a reduzir as perdas e aumentar as combustões internas.
O aumento da resistência térmica da pele é por meio da vasoconstrição ou o arrepio (FROTA
e SCHIFFER, 2001). A vasoconstrição nada mais é do que os vasos capilares próximos à
pele se contraírem, enquanto os órgãos internos se dilatam, esfriando a pele e evitando
a perda de calor interna (RAMON, 1980). Outro meio é pelo arrepio, que é o aumento da
rugosidade da pele para causar o atrito.
Se esses mecanismos não forem suficientes, o ser humano pode ainda ingerir
alimentos ou bebidas quentes, utilizar roupas grossas, diminuir a exposição da pele com o
ambiente, construir abrigos, etc. (LAMBERTS; DUTRA e PEREIRA, 2004).

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 8


FIGURA 3 – MECANISMOS TERMORREGULADORES NO FRIO

Quando a temperatura externa for maior que a interna, o organismo reage trocando
calor intensamente com o ambiente, ou seja, a temperatura da pele aumenta para que haja
a perda do calor. Outro mecanismo que é disparado é o suor. Além desses mecanismos
naturais, o ser humano pode recorrer a ventilação, à sombra, à água, ou até mesmo à
tecnologia, como o ar condicionado (Figura 4) (LAMBERTS; DUTRA e PEREIRA, 2004).

FIGURA 4 – MECANISMOS TERMORREGULADORES DO CALOR

2.1 Trocas térmicas entre o corpo e o ambiente


A quantidade de calor que o organismo libera depende da atividade desenvolvida.
Essas trocas térmicas podem ocorrer de 4 maneiras: por condução, convecção, radiação
ou evaporação (LAMBERTS; DUTRA e PEREIRA, 2004).
● Condução: A condução é o processo pelo qual o calor flui de uma região de alta
temperatura para uma de baixa temperatura. O fenômeno pode ocorrer por meio
sólido, líquido ou gasoso. A transmissão de calor ocorre quando os corpos estão
em contato (KREITH, 1977).

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 9


FIGURA 5 – CONDUÇÃO

● Convecção: Já a convecção é o processo de transporte de energia entre uma


superfície sólida e um líquido ou gás. Exemplo que pode citar é uma panela no
fogão. O calor da panela é transferido para o líquido que estão em contato direto
(Figura 5).
● Radiação: Segundo Kreith (1977), a radiação ocorre quando o calor do corpo é
transmitido de um corpo de temperatura elevada, para um de menor temperatura.
Dessa maneira, entende-se que para acontecer o fenômeno não é necessário o
contato entre os corpos.
● Evaporação: Segundo Graaf (1981), a evaporação é o processo físico que
consiste em passagem lenta de estado líquido para o estado gasoso.

2.2 As variáveis do conforto térmico


Conforme Lamberts, Dutra e Pereira (2014), existem variáveis que influenciam no
conforto do usuário. As variáveis que podem ser medidas diretamente são a temperatura
do ar, a temperatura radiante, a umidade relativa, a velocidade do ar. Além dessas, existem
outras, por exemplo o metabolismo gerado pela atividade física e a resistência térmica da
vestimenta, que interferem no conforto também.
● Metabolismo: É o processo em que há produção de energia interna. De 100% da
energia, apenas 20% é transformada, e 80% é dissipada através de calor. Dentro
desse pensamento, a Tabela I apresenta dados relativos do calor dissipado pelo
corpo de acordo com a atividade. A unidade de medida corresponde a W/m², ou
seja, quantidade de energia por metro quadrado (LAMBERTS e NARANJO, 2011).

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 10


TABELA 1 – TAXA METABÓLICA PARA DIFERENTES ATIVIDADES
ATIVIDADE METABOLISMO
Deitado 46 W/m²
Sentado 58 W/m²
Atividade sedentária (escritório, estudar...) 70 W/m²
Atividade leve em pé (fazer compras, etc.) 93 W/m²
Atividade média em pé (serviços de casa,
116 W/m²
balconista, etc.
Caminhando em local plano a 2 km/h 110 W/m²
Caminhando em local plano a 3 km/h 140 W/m²
Caminhando em local plano a 4 km/h 165 W/m²
Caminhando em local plano a 5 km/h 200 W/m²
Cozinhar 93 a 116 W/m²
Lavar e passar roupas 116 a 209 W/m²

Fonte: Adaptado de: ISO 7730 (2005).

Lamberts, Dutra e Pereira (2014) afirma que quanto maior o calor gerado, maior o
metabolismo. Mas por que é importante para o profissional ter conhecimento sobre isso,
aluno (a)? Simples. Quando, por exemplo, o arquiteto determina a atividade realizada no
interior de uma edificação, toma-se como partido algumas premissas sobre a sensação de
conforto das pessoas. Em uma academia lotada, é recomendável uma ventilação maior
do que em uma sala de aula.

FIGURA 6 – ATIVIDADES DE ACORDO COM A UNIDADE DE MEDIDA MET

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 47).

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 11


2.3 O papel da vestimenta
De acordo com Frota e Schiffer (2001), a vestimenta funciona como uma barreira
para as trocas de calor por convecção. Além disso, ela também tem o papel de isolante
térmico. Dessa maneira, cada tipo de roupa oferece uma resistência térmica, que varia de
acordo com o tipo de tecido, a fibra, do ajuste no corpo, etc. Assim, a ISO 7730 (2005) utiliza
nos cálculos com a unidade de medida denominada clo. Cada clo equivale a 0,155m² ºC/W.

FIGURA 7 – RESISTÊNCIA TÉRMICA DE ALGUMAS VESTIMENTAS

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 49).

Além disso, a norma ISO 7730 (2005) traz as medidas em clo conforme as
vestimentas (Tabela 2).

TABELA 2 – ISOLAMENTO TÉRMICO PARA TRAJES TÍPICOS

VESTIMENTA CLO VESTIMENTA CLO


Meia calça 0,10 Colete em tecido leve 0,15
Meia fina 0,03 Colete tecido grosso 0,29
Meia grossa 0,05 Suéter tecido grosso 0,37
Calcinha e sutiã 0,03 Saia grossa 0,25
Cueca 0,03 Vestido leve 0,15
Cuecão longo 0,10 Vestido manga comprida 0,40
Shorts 0,11 Jaqueta tecido leve 0,22
Bermuda 0,15 Jaqueta tecido grosso 0,49
Camiseta de baixo 0,09 Calça fina 0,20
Camisa de mangas
0,12 Calça 0,25
compridas
Camisa de manga longa 0,20 Calça flanelada 0,28
Camisa flanelada 0,30 Sandálias 0,02
Blusa de manga
0,15 Sapatos 0,04
comprida
Camisa manga curta 0,15 Botas 0,08
Fonte: Adaptado de ISO 7730 (2005).

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 12


● Temperatura do ar: A temperatura do ar é a principal variável do conforto térmi-
co. A temperatura do ar, que pode ser conhecida como temperatura do bulbo seco
(TBS) costuma ser medida através do psicrométrico. Já a temperatura de bulbo
úmida é medida com o mesmo instrumento, porém com um tecido no bulbo para
que a umidade seja considerada.
● Velocidade do ar: A velocidade do ar medida num ambiente interno tende a
ser de 1m/s. Quando acrescenta meios mecânicos, como exemplo o ventilador, a
velocidade também irá variar, e seu coeficiente de convecção aumenta.
● Temperatura radiante média (TRM): Além dos conceitos já citados anterior-
mente, é necessário ainda conhecer o que significa ao dizer “temperatura radiante
média”. A temperatura radiante média (TRM) representa uma temperatura uniforme
da perca de calor do ambiente por radiação. Por exemplo: Se temos uma sala de
aula, em que há a troca de calor pelo teto, parede, piso, janela, etc., a temperatura
radiante média será a representação de todos esses valores em um único valor
(LAMBERTS; DUTRA e PEREIRA, 2004).

O termômetro de globo possui um globo oco com diâmetro padrão de 15 cm e serve


para calcular a temperatura de globo (TG). O globo, feito de cobre, absorve qualquer efeito
da radiação térmica, e é normalmente pintado de preto.
Para que serve a temperatura radiante média (TRM) então? Vamos imaginar uma
cena: Você tem um telhado, com uma área X. Para economizar na conta de energia, você
pode calcular o quanto esse telhado esquenta, tanto no inverno, como no verão.
Mas como calcular, aluno (a)?
O cálculo pode ser feito através da temperatura do ar (TBS), da velocidade do ar e
da temperatura medida no termômetro de globo (TG).
Existem dois tipos de equação para serem utilizadas. A Equação 01 é para a
convecção natural, enquanto a Equação 02 é para convecção forçada. Calculando as duas
equações, aquele que obtiver o maior valor, representa a equação de TRM que será utilizada.
● Umidade relativa do ar: A umidade é caracterizada pela quantidade de vapor de
água presente no ar. Este vapor é formado devido a evaporação da água, processo
que ocorre a mudança do estado líquido para o gasoso, sem modificar a temperatura.
A área da ciência responsável por este estudo é a psicometria. Dessa maneira,
desenvolveram uma carta denominada de psicrométrica que tem a função de identificar
a umidade relativa conhecendo as temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 13


A carta psicrométrica serve de base para achar soluções arquitetônicas para o conforto
conhecendo apenas as temperaturas. Ou seja, de acordo com o clima, tem-se recomendações
para solucionar os problemas com elevadas ou baixas temperaturas. A Figura 08 apresenta
um exemplo de carta psicrométrica. Nesta unidade não vamos trabalhar ainda com ela. A
figura é só para nível de conhecimento durante a introdução do conforto térmico.

FIGURA 8 – CARTA PSICROMÉTRICA

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 56).

● Normas relacionadas ao conforto térmico: Os estudos sobre conforto térmico


têm despertado o interesse sobre essa área. As normas existentes englobam todas
as variáveis citadas no decorrer da unidade. Após a conceituação das mesmas,
meu caro (a) aluno (a), é possível entendê-las

A primeira norma que ouso citar é a ISO 7730:2015, cujo título é Ambientes
Termicamente Moderados – Determinação dos índices PMV/PPD e especificações das
condições térmicas. Esta norma propõe a determinação da sensação térmica e o grau de
desconforto dos indivíduos e os ambientes.
Outra norma é a ASHRAE Standard 55 (2017) cujo título é Condições ambientais
térmicas para ocupação humana. A norma aborda um método (opcional) para determinar
as condições térmicas aceitáveis em espaços ventilados.
No Brasil, temos a normativa responsável pelo desempenho térmico das edificações,
que é a NBR 15220:2005.

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3. RECURSOS, ESTRATÉGIAS OU SOLUÇÕES DE ADEQUAÇÃO
DOS AMBIENTES INTERNOS

A relação entre clima e o ser humano é denominada de bioclimatologia. Olgyay


(1973) criou a expressão Projeto Bioclimático afim de adequar a arquitetura ao clima local.
Para o projeto, são necessárias identificar as normais climatológicas. Essas normais são
séries de dados padronizados pela Organização Meteorológica Mundial calculada a cada
30 anos. Leva-se em consideração as médias de temperatura, umidade, precipitação,
nebulosidade, horas de sol, etc.
No Brasil, os principais tipos de arquivos climáticos utilizados por softwares de
simulação são: Test Reference Year (TRY), Typical Meteorological Year (TMY), Solar and
Wind Energy Resource Assessment (SWERA) e INMET (dados medidos nas estações
automáticas do INMET).
O arquivo climático do tipo TRY é aquele que apresenta a média de um ano de um
determinado local. Ele engloba a temperatura de bulbo seco, a temperatura do orvalho,
umidade relativa do ar, direção e velocidade dos ventos, nebulosidade, pressão barométrica
e radiação solar. Esse tipo de arquivo está disponível apenas para 14 capitais brasileiras
(SCHELLER et al., 2015).
O arquivo climático TMY é um arquivo gerado por dados climáticos de meses de
anos diferentes, ou seja, uma junção de meses a partir de uma série de dados anuais
disponíveis.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 15


O SWERA foi criado para disponibilizar as informações solares e de vento
gratuitamente. Além de facilitar o trabalho de projetistas, analistas e investidores, incorpora
dados sobre recursos energéticos renováveis.
O INMET é resultado de medições nas estações meteorológicas de 2000 a 2010.
O Prof. Maurício Roriz elaborou 411 arquivos climáticos de municípios brasileiros, onde
apresentada dados como: temperatura do ar, umidade, pressão, velocidade, etc. A base de
dados é fundamental para simulações computacionais (SCHELLER et al., 2015). A partir
das análises bioclimáticas, será necessário conhecer o conceito das variáveis do clima.

3.1 Variáveis do Clima


● Radiação solar: A radiação é uma onda eletromagnética curta e responsável
pela energia no planeta. Devido ao seu movimento de translação e rotação,
temos a variação das estações do ano e dia/noite. A região que mais recebe esse
tipo de radiação localiza-se entre os trópicos de Câncer, no hemisfério norte e
Capricórnio, no hemisfério sul.

FIGURA 9 - ESQUEMA DE RADIAÇÃO SOLAR SOBRE O PLANETA

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 73).

Na Figura 9 percebe-se em latitudes mais baixas, o sol tem o comportamento


parecido nos dois solstícios, sendo o número de horas de sol mais semelhantes. Quanto
ao observar em latitudes mais elevadas, os dias são bem mais longos nos meses do
verão do que de inverno. Dessa projeção solar surge o conceito de carta solar que será
abordado mais para frente.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 16


● Temperatura: A temperatura do ar não tem consequência direta dos raios do
sol. O processo ocorre com influência da radiação solar incidente, o coeficiente de
absorção da superfície receptora, a condutividade, a capacidade térmica do solo e
as perdas por evaporação, convecção e radiação. O resultado desses fenômenos
eleva a temperatura do ar. Mas por que a amplitude térmica é maior em climas
secos do que em climas úmidos?

Os climas secos se caracterizam por sua umidade e nebulosidade baixa. Nos


climas úmidos, durante o dia, a radiação é menor por causa da nebulosidade, além do
fato de que as perdas por evaporação são favorecidas devido à umidade que cobre
o solo. Sendo assim, a temperatura da superfície não atinge o mesmo valor que nos
climas secos. Por exemplo: A variação na capital do Piauí, em Teresina, com ar seco, tem
amplitude é alta, pois é um clima árido. Já em Florianópolis, capital de Santa Catarina,
possui clima úmido é de baixa amplitude.
● Umidade: A umidade é regulada pelo ciclo hídrico. Além disso, o regime de chuvas
aliado aos lagos, rios, mares, juntamente com a vegetação, atuam na umidade
através da evapotranspiração. A topografia, a ocupação urbana, pavimentação
excessiva, também são fatores que influenciam nessa etapa. Pode acontecer ainda,
nos centros urbanos, alterar o regime de chuvas e a nebulosidade (Figura 10).

FIGURA 10 – COMPORTAMENTO DA UMIDADE DO AR EM RELAÇÃO A SUA TEMPERATURA

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 80).

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 17


Observa-se no comentário da figura que as curvas relacionadas à umidade e a
temperatura são inversamente proporcionais.
● Vento: A desigualdade de aquecimento do planeta e da sua atmosfera através
da radiação solar gera energia potencial, que é convertida em energia cinética,
gerando assim os ventos. O ar quente próximo à linha do Equador se eleva, abrindo
caminho para a entrada de ar frio vindo dos polos.

Nas cidades litorâneas, durante o dia a corrente de ar acontece no movimento


do mar para a terra. Quando anoitece, o movimento se inverte, ou seja, a corrente de
ar sai da terra e vai em direção ao mar. Isso só acontece porque a terra resfria mais
rapidamente que a água, fazendo com que o ar quente próximo ao mar se eleve, e o ar
fresco da terra se movimente.
Outros fatores podem influenciar o vento, como a altitude, a topografia, os edifícios
ou a rugosidade do solo, por exemplo, quanto maior a rugosidade do solo, menor a
velocidade do vento. Por exemplo a Figura 11 apresenta a rosa dos ventos de Brasília, DF.

FIGURA 11 – ROSA DOS VENTOS DA CIDADE DE BRASÍLIA – DISTRITO FEDERAL

Fonte: Lamberts e Naranjo (2011).

Na Figura 11 observa-se a direção dos ventos nas estações do ano e quais são
suas direções.
Outro exemplo a ser citado muito importante é a ocupação da cidade. As edificações
da cidade desviam, distribuem e canalizam os ventos urbanos.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 18


FIGURA 12 – VENTILAÇÃO NA OCUPAÇÃO URBANA E RUGOSIDADE

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 80).

● Índices de conforto térmico: Estudos como de Monteiro e Alucci (2010),


afirmam que as primeiras pesquisas focaram na maioria em espaços fechados,
e posteriormente foram adaptadas para espaços abertos. O maior desafio neste
contexto é comparar a questão do conforto térmico real com o conforto térmico
calculado. Com isso, deve sempre levar em conta os fatores psicológicos e culturais
das pessoas e do uso dos espaços, que é influenciado pelo microclima.

No Brasil, considerando os trabalhos desenvolvidos, nota-se que o campo de pesquisa


é crescente. Porém, a maioria dos trabalhos publicados foca na relação entre o clima e o meio
urbano, e não na relação do microclima e o usuário. Dessa forma, é necessário que tenha um
mapeamento adequado dessa relação em diferentes regiões do país.
O conforto térmico sempre foi um termo subjetivo, porque depende de vários fatores
e variáveis que influenciam o bem-estar de cada indivíduo. Entre as pesquisas, tentaram
simplificar e determinar o índice de conforto. Dentre as tentativas, destacam-se:
● O voto médio predito (PMV): Nos anos 70, Fanger (1970) criou uma equação
com variáveis ambientais, tais como temperatura média radiante (ºC), a velocidade
do ar (m/s), umidade relativa (%), temperatura (ºC), tipo de atividade física (Met)
e vestimenta (clo). A partir disso, ele reuniu um grupo de estudo, de diferentes
nacionalidades, para determinar as condições ambientais.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 19


PMV determina a sensação térmica através de uma escala de sete (7) pontos psi-
cofísicos da ASHRAE (Figura 10), que vai de -3 (muito frio) a +3 (muito quente), passando
pelo 0 (neutralidade térmica – nem frio, nem calor).

FIGURA 13– ESQUEMA DO PMV

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 50).

O PMV ainda pode ser calculado através do software Conforto 2.02 de Ruas (2002)
ou pelo Programa “RayMan”.
● Porcentagem de pessoas insatisfeitas (PPD): A partir do estudo de PMV, criou-
se outro conceito, o denominado PPD. Apresentado na Figura 11, no eixo vertical,
o índice de porcentagem de pessoas insatisfeitas, (PPD) como o próprio nome já
sugere, representa a quantidade de pessoas que estão insatisfeitas no local de estudo.
A norma ISO 7730:2005 adota a pesquisa de Fanger (1970) como recomendações.
● O voto de sensação térmica real (ASV): O Voto de Sensação Térmica Real
(ASV - Actual Sensation Vote) é um índice empírico de conforto que é obtido através
de questionários para avaliar a sensação térmica dos indivíduos no momento da
entrevista (Tabela 3). As respostas adquiridas são comparadas com os índices
preditivos de conforto térmico, que podem ser PMV, PET e UTCI.

TABELA 3 – SENSAÇÃO TÉRMICA E OS GRAUS DE CONFORTO


VOTO SENSAÇÃO TÉRMICA GRAU DE CONFORTO
+3 Muito quente Desconfortável
+2 Quente Desconfortável
+1 Leve sensação de calor Confortável
0 Neutralidade térmica Confortável
-1 Leve sensação de frio Confortável
-2 Frio Desconfortável
-3 Muito frio Desconfortável

Fonte: Adaptado de: Lyra (2007).

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 20


● O Índice Termo climático Universal (UTCI): O Índice Termo climático Universal
ou UTCI (Universal Thermal Climate Index) foi desenvolvido pela ISB Commission
6 da Sociedade Internacional de Biometeorologia (ISB – International Society of
Biometeorology) com o intuito de avaliar as condições térmicas de ambientes
externos através da resposta fisiológica do corpo humano.

Segundo Rossi, Krüguer e Bröde (2012), o UTCI (Universal Thermal Climate Index)
foi desenvolvido com base no modelo de múltiplos nós termorregulatórios de Fiala, Lomas
e Stohrer (1999, 2001, 2003, 2007) e considera:
● O comportamento adaptativo em relação ao isolamento térmico a partir de seus
estudos de campo desenvolvidos na Europa;
● A distribuição da roupa em diferentes partes do corpo;
● A redução da resistência térmica e evaporativa da roupa causada pelo vento e
pelo movimento da pessoa andando a 4Km/h em superfície plana.

O UTCI segue o conceito de temperatura equivalente, é expresso em “ºC” e tem


para o ambiente de referência as seguintes definições:
● Temperatura radiante média igual à temperatura do ar;
● Umidade relativa de 50%, com vapor de pressão não ultrapassando 2Kpa;
● Velocidade do ar de 0,5 m/s medida a 10m de altura.

De acordo com Rossi (2012), a igualdade das condições fisiológicas é baseada na


equivalência da resposta fisiológica dinâmica prevista pelo modelo para o ambiente real
e de referência. Como essa resposta dinâmica é multidimensional (temperatura corporal,
taxa de sudorese, temperatura da pele, etc. em diferentes tempos de exposição), um índice
unidimensional foi calculado pelo método dos componentes principais. Assim, a temperatura
UTCI equivalente para uma dada combinação das variáveis climáticas (temperatura do ar,
radiação, umidade e vento) é definida como a temperatura do ar do ambiente de referência,
que produz o mesmo valor de estresse térmico (BRÖDE et al., 2012).
O UTCI, por ser um índice universal de conforto térmico, pode ser aplicado a todos
os tipos de clima, independente das características pessoais do indivíduo. E abrange as
seguintes faixas climáticas:
● 50ºC ≤ Ta ≤ 5ºC
● 30 ºC ≤ Trm-Ta ≤7 ºC
● Velocidade do vento entre 0,5 e 30,3 m/s;
● Umidade relativa de 5% a 100% com pressão de vapor máxima de 5Kpa.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 21


Os níveis de estresse térmico determinados pelo índice UTCI podem ser
classificados conforme a Tabela 4.

TABELA 4 – NÍVEIS DE ESTRESSE TÉRMICO

UTCI (ºC) Nível de Estresse Térmico


< -40 Extremo estresse para o frio
-40 até -27 Muito forte estresse para o frio
-27 até -13 Forte estresse para o frio
-13 a 0 Moderado estresse para o frio
0a9 Pouco estresse para o frio
9 a 26 Sem estresse térmico
26 a 32 Moderado estresse para o calor
32 a 38 Forte estresse para o calor
38 a 46 Muito forte estresse para o calor
>46 Extremo estresse para o calor

Fonte: A autora (2022).

Para o cálculo deste índice, pode ser utilizado o programa Bioklima 2.6 desenvolvido
por Michael Blazejczyk. Os dados de entrada são: temperatura do ar, umidade relativa,
temperatura radiante média e velocidade do vento a 1,5 m e a 10 m de altura do solo.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 22


4. NORMAS TÉCNICAS E APLICAÇÕES

O projeto de arquitetura deve sempre atender o conforto e à eficiência energética. A


utilização de estratégias de aquecimento e resfriamento no projeto, proporciona a redução
de sistemas artificiais, além de economizar energia nas edificações para atingir o conforto
térmico. Assim, o uso de estratégias bioclimáticas, e para que ocorra de maneira correta, é
necessário o conhecimento dos tipos de climas.

4.1 Climas no mundo


Nas últimas décadas, mundialmente tem-se presenciado as discussões como os
efeitos das mudanças climáticas devido à emissão de dióxido de carbono, o desflorestamento,
o esgotamento de recursos, aumento da população e a pobreza em grandes cidades. Tudo
isso, com base em estudos, influencia na temperatura média do planeta, que já teve um
acréscimo de 1,02º desde o século XIX. Diante de todo esse panorama, a arquitetura tem
um papel importante para minimizar o impacto dessa temperatura no conforto do usuário.

4.2 Climas no Brasil


Devido a sua localidade e extensão, o Brasil possui um clima variado. São seis
tipos, entre eles pode-se citar: tropical, equatorial, semiárido, subtropical, tropical atlântico
e tropical de altitude.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 23


FIGURA 14 – CLIMAS NO TERRITÓRIO BRASILEIRO

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 82).

As características de cada clima podem ser descritas abaixo:


● Clima tropical: Com verão quente e chuvoso, o inverno é quente e seco. As tem-
peraturas variam em torno de 20ºC com chuvas oscilando de 1000 a 1.500 mm/ano.
● Clima equatorial: Com temperaturas na casa dos 24 e 26ºC, a chuva nesta região
é abundante, normalmente maior que 2.500 mm/ano.
● Clima semiárido: É a região climática mais seca do país, onde as temperaturas
são elevadas e chuvas escassas.
● Clima subtropical: Com chuvas fartas e bem distribuídas durante o ano, as
temperaturas médias ficam abaixo dos 20º. O inverno é rigoroso em altitudes
elevadas, podendo ocorrer até neve.
● Clima tropical atlântico: Característico do litoral, as temperaturas variam de 18 a
26ºC. Ao Sul, as chuvas se concentram no verão. Já na região próxima ao equador,
as chuvas se concentram no inverno e outono.
● Clima tropical de altitude: Variando de 18 a 22ºC as temperaturas, este clima
apresenta um verão com chuvas intensas, e inverno podem até ocorrer geadas.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 24


4.3 Microclima
Agora ao nível da edificação, tem-se o denominado microclima. É nesta etapa que
as variáveis como vegetação, topografia, tipo de solo, presença de obstáculos naturais ou
artificiais influenciam no clima.

FIGURA 15 – MICROCLIMA DA EDIFICAÇÃO

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 83).

SAIBA MAIS

Um arranha céu de Londres, na Inglaterra, em 2013 danificou uma construção vizinha.


Por ter um desenho côncavo, a fachada do edifício de 37 andares, concentra em alguns
pontos a incidência solar, provocando um pequeno incêndio na barbearia, além de
derreter o espelho retrovisor de um carro que estava estacionado próximo ao local.

FIGURA 14 – EDIFÍCIO CONHECIDO COMO WALKIE TALKIE EM LONDRES

Fonte: COMMONS WIKIMEDIA. Disponível em; https://commons.wikimedia.org/w/index.php?sear-


ch=wakie+talkie+building&title=Special%3ASearch&go=Go#/media/File:Walkie-Talkie_Building_1_
(15047124543).jpg. Acesso em: 24 jun. 2022.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 25


Embora não seja uma notícia muito comum, esse é um perigo ao implantar materiais
nas fachadas sem o devido conhecimento. Os responsáveis ao tentar garantir o conforto
internamente na edificação, ocasionou o desconforto no externo. Após o incidente, resolveram
colocar proteções solares, os brises, para que não ocorra novamente este problema.

Para saber mais acesse: https://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2013/09/predio-que-danificou-


jaguar-com-reflexo-recebe-cobertura-temporaria.html.

REFLITA

Mas por que a amplitude térmica é maior em climas secos do que em climas úmidos?
Os climas secos se caracterizam por sua umidade e nebulosidade baixa. Nos climas
úmidos, durante o dia, a radiação é menor por causa da nebulosidade, além do fato
de que as perdas por evaporação são favorecidas devido à umidade que cobre o solo.
Sendo assim, a temperatura da superfície não atinge o mesmo valor que nos climas
secos. Por exemplo: A variação na capital do Piauí, em Teresina, com ar seco, tem
amplitude é alta, pois é um clima árido. Já em Florianópolis, capital de Santa Catarina,
possui clima úmido é de baixa amplitude.

Fonte: LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética na


arquitetura. ELETROBRAS/ PROCEL. Rio de Janeiro, 2014.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 26


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O maior benefício de se adotar uma visão de projetos abrangendo todas as áreas,


é alcançar a satisfação do usuário – mesmo que o projeto seja para você. Terminar um
trabalho e perceber que houve satisfação dos dois lados não tem preço. Em virtude disso,
lembrar do conforto térmico é fundamental ao projetar espaços, seja eles pequenos ou
grandes. Além de influenciar na produtividade, influencia no psicológico do ser que irá
utilizar este espaço. Sempre tenha conhecimento das atividades que serão realizadas nos
recintos e calcule a influência deste ao ambiente.
A partir dos conceitos elencados durante a aula, você é capaz de conhecer mais
sobre a dinâmica que envolve o conforto térmico e o usuário. Com a aplicação desses
primeiros conceitos, caso sinta vontade de iniciar uma pesquisa sobre o tema, será mais
fácil para o entendimento dos artigos publicados pelo mundo. Outro fator interessante desta
aula é a percepção de que o conforto de um usuário, não será o mesmo de uma outra
pessoa, então é sempre importante trabalhar com grupos, onde a maioria esteja satisfeita
com o clima. Lembre-se, caro (a) aluno (a), a busca do conforto sempre será o equilíbrio de
opiniões dos usuários.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 27


LEITURA COMPLEMENTAR

Nas últimas décadas, o campo científico tem discutido mudanças climáticas


e defendido teses relativas às causas que têm levado o clima a diferenciar-se de como
era no início do século passado. Esse artigo descreve e analisa duas teses antagônicas
relativas aos agentes causais do aquecimento global e faz inferências relativas ao foco
de pesquisas atinentes ao conforto ambiental, tanto em edificações quanto em espaços
urbanos. Muitos cientistas acreditam que a Terra se encontra em aquecimento por motivos
antropogênicos, devido à elevação da concentração de gases de efeitoestufa (GEE) na
atmosfera, resultante da queima de combustíveis fósseis e de mudanças no uso da terra.
Outros entendem que as perceptíveis mudanças climáticas decorrem de fenômenos naturais
e de dados não detectados, desconsiderados e/ou inadequadamente interpretados, devido
a limitações técnicas inerentes às estações climatométricas de superfície. A análise dessas
teses sugere que é difícil acreditar que, em um sistema tão complexo e repleto de variáveis
como é o clima terrestre, emissões de dióxido de carbono (CO2) e de metano (CH4),
de origem antropogênica, tenham alguma influência expressiva na variação climática
global, excetuando-se as “ilhas de calor” nos centros urbanos. Conclui-se, portanto
que o desenvolvimento de tecnologias relacionadas ao conforto ambiental, com ênfase
à eficiência energética, justifica-se, não apenas pela emissão de GEE, decorrentes das
fontes energéticas mais usuais na atualidade, e sim porque essas fontes são escassas e
não renováveis, e a humanidade não pode se tornar dependente desses recursos, bem
como por sua contribuição indiscutível na formação das “ilhas de calor”.

Fonte: DENARDIN, Matheus D’Ávila. Aquecimento global e a pesquisa em conforto


ambiental. Revista de Arquitetura da IMED, v. 3, n.1, 2014, p. 32-40, ISSN 2318-1109.

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 28


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Eficiência energética na arquitetura
Autor: LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R.
Editora: ProLivros.
Sinopse: O livro “Eficiência Energética na Arquitetura” tem como
objetivo introduzir os principais conceitos relativos ao manejo e
controle do consumo de energia em edificações, tendo como crité-
rio central de projeto o conforto de seus usuários. Com conteúdo
completamente revisado e atualizado, o livro retorna com novos
conceitos, buscando não somente uma atualização, mas também
novos questionamentos referentes à arquitetura sustentável e sua
relação com a eficiência energética e a arquitetura bioclimática.

FILME/VÍDEO
Título: O que você não sabia sobre conforto térmico
Ano: 2021.
Sinopse: O Conforto ambiental arquitetura depende da plena
compreensão do que é conforto térmico e suas variáveis. O
Conforto Térmico na arquitetura depende de 6 principais fatores,
sendo 4 deles ambientais, e 2 pessoais. O conceito de arquitetura
bioclimática, arquitetura sustentável ou arquitetura verde depende
significativamente do pleno atendimento às condições climáticas
locais por parte dos projetos.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CKbc7PtbTzU

UNIDADE I Aspectos Gerais do Conforto Térmico 29


UNIDADE II
Conforto Acústico
Profª. Me. Nadyeska Copat

Plano de Estudo:
● Introdução, conceitos e fundamentos do Conforto acústico;
● Conceitos e Fatores determinantes para acústica;
● Recursos, estratégias ou soluções da acústica arquitetônica,
● Parâmetros acústicos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Introduzir os principais elementos do conforto acústico e seus conceitos;
● Determinar quais as variáveis utilizadas para determinar o conforto acústico;
● Descrever a relação entre a arquitetura e o conforto acústico;
● Indicar quais parâmetros acústicos são necessários
para determinar o conforto em um ambiente.

30
INTRODUÇÃO

Há muito tempo, a humanidade conhece os efeitos prejudiciais do ruído para a


saúde. Existem relatos de trabalhadores que viviam próximos às cataratas do rio Nilo,
no Egito antigo, e ficaram surdos. Então, há séculos, muitos estudiosos têm elaborado
trabalhos a respeito desse assunto.
É de conhecimento de todos que a humanidade tem criado, nos últimos séculos,
uma sociedade cada vez mais ruidosa. No Brasil, os controles das condições de segurança
ficam a cargo no Ministério do Trabalho, por meio das Normas Regulamentadoras. Sendo
assim, como podemos diminuir esses impactos sonoros no ambiente? Quais são os meios
de proteção que podemos adotar nos projetos? Como diminuir esse ruído? Para responder
a esses tipos de pergunta, é necessário conhecer o que é o som e como ele se comporta
no meio. Dessa maneira, ainda é possível fazer a seguinte indagação: como projetar um
ambiente acusticamente confortável? Quais são os parâmetros que devem ser utilizados no
projeto? Como diminuir o impacto do ruído externo na edificação? Essas e outras questões
serão abordadas nesta unidade.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 31
1. INTRODUÇÃO, CONCEITOS E FUNDAMENTOS DO CONFORTO ACÚSTICO

Uma das principais funções das edificações é proporcionar ao indivíduo condições


adequadas para realizar suas atividades com conforto. Em geral, o conforto engloba a
ventilação, a iluminação, a temperatura e a acústica.
Qualquer intervenção pode alterar as condições do ambiente local. Essas
intervenções podem ocorrer em diferentes escalas, como a forma gradativa com que o
sistema viário se intensifica ou a implantação de um estabelecimento comercial em uma área
residencial, o que acaba alterando as características locais. Essas intervenções urbanas,
muitas vezes, desconsideram os impactos causados ao meio, resultando no desequilíbrio
e no desconforto da população. Assim, originam-se diversas conferências e congressos.
Essa preocupação com o meio tem aumentado os estudos sobre esse assunto.
A relação entre o ser humano e o meio ambiente deve ser sempre considerada
ecologicamente correta, ou seja, não danificar o meio ambiente. Portanto, dá-se início
ao pensar da sustentabilidade. Esta baseia-se em três itens fundamentais: conservar os
sistemas ecológicos, o uso de recursos renováveis e manter as ações humanas dentro da
capacidade do ecossistema.
O ideal seria que os projetos fossem condicionados conforme as características do
meio, ou seja, deve-se considerar a topografia, o clima, o solo, a latitude etc. Além disso, é
preciso pensar na sustentabilidade, por meio da redução dos custos da manutenção ou da
exploração de energias renováveis.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 32
Um dos quesitos importantes na área do conforto ambiental é a acústica. Por que,
então, essa preocupação com a acústica? A poluição sonora é cada vez mais presente com
a evolução das cidades; isso, porém, não quer dizer que o problema de ruído é exclusivo
da era moderna. Na Roma antiga, os poetas já retratavam em fragmentos esse problema,
como o poeta romano Juvenal (60-131 d.C): “Quanto sono, lhe pergunto, posso ter eu nesta
estalagem. As carroças passando fazendo estrondos, os gritos dos carroceiros presos no
tráfego [...]” (BISTAFA, 2011, s/p).
Acredita-se que os sons indesejáveis sempre existiram. À medida que a paisagem
sonora foi se transformando com a evolução humana, com o crescimento populacional,
com as invenções, o acúmulo desses sons foi se transformando em poluição sonora. A
partir disso, nesta unidade, vamos estudar as transformações das paisagens sonoras.

1.1 Evolução da paisagem sonora


Os sons da natureza, no estudo de Schafer (1997), são citados como o início da
evolução sônica, que é finalizada, atualmente, com os ruídos das cidades. A paisagem
sonora natural tem aspectos peculiares, os sons são tão originais que podem servir de
marco sonoro dos locais, como o barulho das quedas de Foz do Iguaçu.
Assim como a água, o ar tem sons variáveis e possíveis de serem ouvidos a grandes
distâncias: “[...] como em um dia calmo nos Alpes suíços, onde o débil, suave assobio do
vento por sobre as geleiras, a milhas de distância, pode ser ouvido cruzando a quietude
interveniente dos vales” (SCHAFER, 1997, p. 43). A terra também pode gerar sons, como
terremotos, movimentos vulcânicos etc. Já em relação aos seres vivos, encontramos a
variação vocal, como o canto dos pássaros, os sons dos insetos, zumbidos etc.
A partir disso, os sons originados pela natureza cederam espaços às primeiras
atividades humanas, como a caça, a pesca e a música. Assim, deu-se início à configuração
da paisagem rural, antes considerada silenciosa. Um dos sons mais significativos desde
a época em que a maioria da população se encontrava na área rural é o sino da igreja.
Este servia como calendário acústico, por meio do qual se anunciavam os casamentos, as
festas, os nascimentos, as mortes, os incêndios e as revoluções.
No século XIV, o sino uniu-se ao relógio mecânico, formando um dos sons mais
notáveis da paisagem sonora. Nessa época, há registros de ruídos causados pelas carroças:
“o rangido das rodas é indescritível [...] ouvir um milhar dessas rodas rugindo e rangendo ao
mesmo tempo é um som de que jamais se esquece – é simplesmente infernal” (MEIR, apud
SCHAFER, 1997, p. 97). Em Roma, devido aos problemas de ruído, Júlio César (100-44 a.
C.) determinou que elas não podiam circular durante determinadas horas do dia.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 33
A paisagem sonora muda completamente no início da era industrial. Nas áreas
agrícolas, os sons gerados provinham dos moinhos. Nas áreas urbanas, a paisagem passou
a ser configurada pelo ruído das máquinas, discriminado na Tabela 1.

TABELA 1 – NÍVEIS SONOROS DAS MÁQUINAS NO PERÍODO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


Máquina dB Máquina dB

Máquina a vapor 85 Esmeril de metalurgia 106


Máquina de aplainar
Trabalhos de impressão 87 108
madeira
Gerador elétrico ou Serra de metal
96 110
diesel
Máquina de fazer Trabalho em caldeira,
101 118
parafusos martelando
Decolagem de avião a
Oficina de tecelagem 104 120
jato

Raspador de serraria 105 Lançamento de foguete 160

Fonte: Schafer (1997, p. 12).

O aumento da intensidade sonora na era industrial trouxe a necessidade de estudar


esse meio. Com isso, em 1822, Lord Rayleigh construiu o primeiro instrumento prático para
medir essa intensidade. O decibel só veio ser difundido a partir de 1928.
A paisagem sonora mudou com a propagação das vias ferroviárias e, depois, das
rodoviárias. Com o início dos congestionamentos, a paisagem urbana sofria com o ruído
proveniente dos carros. Na sequência, o ruído agravou-se com o tráfego aéreo. Quem
residia próximo aos aeroportos era mais afetado.

FIGURA 1 – RUÍDO AÉREO

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 34
1.2 Paisagem sonora atual
A definição de paisagem sonora atual pode ser simplificada em uma palavra:
poluição. A poluição sonora é preocupante. Ela pode surgir de uma solução para outro
problema, por exemplo, ao criar uma avenida em um meio residencial para diminuir o
tráfego, em contrapartida, aumenta o ruído de uma área que deveria ser silenciosa,
comprometendo, assim, a sustentabilidade da cidade. É ideal que, nessa etapa, a acústica
urbana seja considerada no plano diretor das cidades, já que são definidos os níveis
sonoros ideias para cada área.

FIGURA 2 – CONFORTO ACÚSTICO

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 35
2. CONCEITOS E FATORES DETERMINANTES PARA ACÚSTICA

A princípio, é necessário compreender o que é uma onda. Esta é uma perturbação


que se propaga nos meios materiais e é capaz de ser percebida pelo ouvido humano.
As ondas sonoras são captadas pela orelha externa, por meio do canal auditivo,
e chegam ao tímpano. No tímpano, a energia mecânica é amplificada em 15 vezes e
transmitida aos filamentos nervosos do ouvido.
O som é captado pelo ouvido externo. Assim, a onda sonora entra pelo canal auditivo,
que leva a informação até o ouvido interno. No ouvido interno, a onda faz vibrar o tímpano,
que, por sua vez, repassa as vibrações para os três ossos: o martelo, a bigorna e o estribo.
Cada molécula que completa o movimento oscilatório em um determinado intervalo
de tempo chama-se período (T). Ao final das oscilações, denomina-se a frequência, que diz
respeito à medida dos ciclos por segundo, calculada como inverso do período.
A partir do conceito de onda sonora, é fácil compreender a vibração do som e em que
faixa de frequência audível ele se propaga. Lembrando que a faixa audível é de 20 a 20000 Hz.

2.1 Potência acústica


É o resultado da emissão de energia sonora, medida em watts (W). A Tabela 2
apresenta valores de potências para serem comparados.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 36
TABELA 2 – COMPARAÇÃO DE ALGUMAS POTÊNCIAS SONORAS

Potência sonora média W

Voz de mulher 0,002


Voz de homem 0,004
Piano 0,270
Trombone 6,000
Tambor (surdo) 25,000
Orquestra 70,000
Automóvel a 70 km/h 100,000
Avião a jato 10.000,000

Fonte: Silva (2002, p. 32).

Comparando os valores da Tabela 2, vemos que a potência da voz masculina é o


dobro da potência da voz feminina.

2.2 Intensidade sonora


Para que o som seja escutado, há a necessidade de ter uma certa intensidade
sonora. Dessa forma, a intensidade sonora se dá pela quantidade de energia sonora, ou
potência, dividida por uma determinada área. Tem-se, assim, a equação a seguir:

Em que:
W é a potência em watts.
S é a área em m².

Para trabalhar com número, no conforto acústico, utilizamos, geralmente,


os logaritmos. Isso se dá devido ao fato de, por exemplo, para 1000 Hz, o linear de
audibilidade estar situado nos 10-12 watts/m², enquanto a intensidade a partir da qual o
ouvido começa a se incomodar é de, aproximadamente, 1 watt/m², ou seja, um milhão de
vezes maior. Por isso, ao trabalharmos com os logaritmos, temos o nível de intensidade
sonoro (NIS) medido em decibéis.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 37
FIGURA 2 – ONDA SONORA

SAIBA MAIS

O bel é uma unidade de medida. Ela foi criada para quantificar a redução de um nível
acústico. Sua primeira denominação foi TU, ou unidade de transmissão. Posteriormente,
foi renomeada em homenagem ao seu fundador, Alexander Graham Bell.
A escala decibel é uma escala que varia de 0 dB a 160 dB. O 0 corresponde à audibilidade
humana, ou seja, ao nível sonoro mínimo. O valor de 130 dB corresponde ao limite
superior da audição. Já quando se atinge uma escala de 160 dB, ocorre a perfuração da
membrana do tímpano, causando danos graves ao ouvido (BISTAFA, 2011).

Fonte: Bistafa (2011).

Para ilustrar melhor as grandezas do nível e a potência sonora, a Tabela 3 compara


os valores em um ambiente urbano.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 38
TABELA 3 – NÍVEL E POTÊNCIA SONORA NO AMBIENTE URBANO
Sensação subjetiva de Nível de pressão
Descrição Pressão sonora (Pa)
intensidade sonora (dB)
Avião a jato a 1 m
Estrondoso 200 140
Fogo de artilharia
Tambor de graves a 1 m
63 130
Avião a jato a 5 m
Avião a 3 m
Muito barulhento 20 120
Broca pneumática
Metro
Próximo a uma 6,3 110
britadeira
Indústria barulhenta
2 100
Dentro de um avião
Banda ou orquestra
Barulhento sinfônica 0,63 90
Rua barulhenta
Dentro de um automóvel
em alta velocidade 0,2 80
Aspirador de pó
Moderado Pessoa falando a 1 m 0,0063 70
Rádio com volume
0,02 60
médio
Sala de aula
Tranquilo 0,002 40
Escritório privado
Movimento de folhagem
Silencioso 0,00002 20
Estúdio privado
Deserto ou região polar
Muito silencioso 0,00006 10
Respiração normal
Laboratório de acústica
0,002 0
Limiar de audibilidade

Fonte: Adaptada de: Bistafa (2011).

A partir da comparação de valores, como os apresentados na tabela anterior, criou-


se uma escala denominada “A”. A principal função é ajustar os níveis medidos em dB aos
níveis realmente percebidos pelo ouvido humano. Por isso, sempre que usados, os níveis
sonoros de intensidade são calculados na escala decibel. Ainda sobre os níveis sonoros,
é importante ter base de quanto tempo diário o ser humano pode ficar exposto ao ruído. A
Tabela 4 apresenta exemplos de valores.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 39
TABELA 4 – TABELA DE LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS
Nível de ruído dB(A) Máxima exposição diária permissível
85 8 horas
90 4 horas
95 2 horas
100 1 hora
110 15 minutos
115 7 minutos

Fonte: Silva (2002, p. 06).

Se compararmos os valores mínimos e máximos apresentados, veremos que


equivalem, respectivamente, a um despertador de campainha tocando e a um show de
rock, a apenas 2-3 metros da caixa de som.

FIGURA 4 - RUÍDO EM SHOW

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 40
3. RECURSOS, ESTRATÉGIAS OU SOLUÇÕES DA ACÚSTICA ARQUITETÔNICA

A acústica arquitetônica vem sendo estudada desde quando os gregos e os


romanos construíam seus teatros ao ar livre. A forma de apropriação do espaço e a
maneira como aproveitavam o som são lições que devem ser levadas em consideração
até hoje (SOUZA; ALMEIDA e BRAGANÇA, 2012).
Segundo Bistafa (2011), o som é a vibração de moléculas do ar que se propagam
por estruturas vibrantes, embora nem todas que vibram geram som. Sua propagação é
esférica e gerada a partir do que é denominado fonte. Quando esse som incide sobre a
superfície, pode ser transmitido, refletido ou absorvido; geralmente, ocorrem os 3 fenômenos
(CAVANAUGH; TOCCI e WILKES, 2010).
A Lei n.º 1.065, de 06 de maio de 1996 (BRASIL, 1996, p. 01), considera a poluição
sonora um “som indesejável, principalmente quando interfere em atividades humanas
ou ecossistemas a serem preservados”. Desde estudos iniciais da Organização Mundial
da Saúde (OMS, 2011), percebe-se que ela vem atingindo proporções tão preocupantes
quanto o uso de inseticida na época.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 41
REFLITA

O desrespeito com as soluções arquitetônicas adequadas para a melhoria do conforto


nas edificações traz como consequência ambientes inadequados. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS, 2011), a poluição sonora afeta tanto os usuários
quanto a poluição causada por emissões de gases e contaminação da água. No estudo
realizado, compararam-se duas tipologias de casas na cidade de Curitiba, tanto em
medições de conforto térmico quanto de conforto acústico. Com isso, foi constatado
que diferentes materiais influenciam no ambiente da edificação, tanto de forma
positiva quanto negativa. Um dos exemplos que se pode citar é a questão do calor. Os
materiais empregados sofriam ganhos de calor, aquecendo, assim, as casas e tornando
necessário o uso do ar condicionado. Dessa forma, há aumento no consumo de energia
e, consequentemente, o gasto de recursos não renováveis.

Fonte: OMS (2011).

3.1 Características das ondas sonoras


As vibrações sonoras propagam-se pelo ar devido à mudança da pressão
atmosférica. Dessa maneira, ao sofrer um estímulo, essas partículas sofrem compressões
e rarefações, caracterizando o movimento da onda sonora.
A frequência de uma onda é definida pelo número de vezes que está completa um
ciclo de compressão e rarefação em um determinado tempo. Sua unidade de medida é
em Hertz (Hz), ou seja, número de ciclos por segundo. Para cada frequência, existe uma
intensidade limiar de sensação auditiva e dolorosa, a qual varia de pessoa para pessoa.
A faixa audível do ouvido humano varia de 20 Hz a 20 kHz, é entre essas frequências
que o sistema auditivo consegue detectar o som. Frequências menores que 20 Hz são
chamados infrassons; acima de 20 kHz, ultrassons (BISTAFA, 2011).
Em relação às fontes sonoras, as faixas mais altas, com maior número de
oscilações, equivalem ao som agudo. Já as frequências mais baixas têm um número menor
de oscilações, caracterizando os sons mais graves.
Ao escolher um local para o projeto, é necessário o levantamento dos dados
relacionados à futura ocupação e ao entorno. Além de o arquiteto ou engenheiro dominar
essas observações, também deve ser capaz de identificar quais sons são considerados
inconvenientes (SOUZA; ALMEIDA; BRAGANÇA, 2012).

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 42
De acordo com Freire (1996, p. 72), “A prevenção e o controle do ruído em
edificações escolares começa desde a concepção desses espaços, definição do uso e
ocupação do solo, até chegar aos materiais de construção adequados a cada ambiente”.
O projeto com conforto acústico ainda é um desafio para os engenheiros e arquitetos, pois
a qualidade sonora depende tanto da forma quanto do volume (LISOT e SOARES, 2008).
Tratar acusticamente um ambiente diz respeito a oferecer boas condições de
audibilidade, como o uso de revestimentos internos, e tentar bloquear os ruídos produzidos
no recinto, para que não se espalhem pelo entorno. O tratamento pode ocorrer por
isolação acústica ou pelo condicionamento. Isolação acústica refere-se ao bloqueio
dos ruídos externos para favorecer as atividades desenvolvidas no interior, enquanto o
condicionamento acontece ao melhorar as condições de audibilidade interna, corrigindo
o tempo de reverberação e promovendo uma melhor distribuição dos sons gerados
internamente (CARVALHO, 2007).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na Norma Brasileira Registrada
(NBR) 10152/2000, prevê como aceitável para as salas de aula um ruído ambiente de 40 a
50 dB(A), acima desses valores é considerado nocivo à saúde.
[...] os níveis de pressão sonora acima de 65dB (A) podem gerar efeitos ne-
gativos como interferência na compreensão da fala, dificuldades para dormir
ou descansar, incômodo, queda na qualidade de realização de atividades de
trabalho e lazer (BISTAFA, 2011, p. 50).

De acordo com Gerges (2000), existem várias definições para o ruído; é importante
lembrar que ele é considerado um som, mas o som não é, necessariamente, um ruído. O
ruído pode ser definido como um conjunto de sons sem harmonia, confuso, que incomoda
e perturba o homem nas suas atividades.

3.2 Parâmetros acústicos


Vamos estudar, a seguir, algumas definições dos parâmetros acústicos. Os parâ-
metros acústicos são critérios que melhor definem a qualidade acústica de um ambiente.
Dentre eles, pode-se citar o tempo de reverberação.

3.3 Tempo de Reverberação


O tempo de reverberação (TR) é uma das grandezas mais importantes na avaliação
acústica. O parâmetro está presente em todas as salas e afeta diretamente os sons
transmitidos, podendo ser uma música ou, até mesmo, uma conversa (KUTTRUFF, 2000).
A reverberação ocorre quando uma fonte gera uma onda sonora dentro da sala,
consequentemente, a sua intensidade aumenta com a chegada do som direto, e continuará
crescendo com as reflexões indiretas. Se essa fonte é desligada, a intensidade sonora não
desaparecerá nesse instante, mas enfraquecerá gradualmente.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 43
Essa energia sonora decai em função do formato da sala e depende, ainda, da
quantidade de materiais absorventes presentes (MARSH, 2004).
Sabine (1964, apud MEHTA; JOHNSON e ROCAFORT, 1999) encontrou uma
equação empírica relacionando o tempo de reverberação com o volume do ambiente e
seus materiais de revestimento, a qual é dada pela Equação 1

Em que:
TR é o Tempo de Reverberação do recinto (s);
V é o volume da sala (m³);
A é a área de absorção (m² Sabine).

A absorção é definida pelo produto da área das superfícies pelo coeficiente de


absorção sonora do seu material. Com isso, Hohmann, Setzer e Wehling (2004) propõem um
complemento à equação de Sabine, sugerindo que, além dos elementos estruturais, devem-
se considerar as áreas dos componentes do ambiente, como lousa, mesas, pessoas etc.

3.4 Nível de pressão sonora


Cavanaugh, Tocci e Wilkes (2010) define que o ruído de fundo é um elemento
extremamente importante no meio acústico. Sua representação é dada pelo nível de
pressão sonora, sendo, assim, a combinação do ruído interior acrescido do ruído exterior.
Dentre as fontes externas, pode-se citar o ruído de tráfego, ou equipamentos de
ar-condicionado ou ventiladores; já as fontes internas dependem do uso e da ocupação do
edifício (MEHTA; JOHNSON e ROCAFORT, 1999).
Há vários estudos sobre o nível de pressão sonora, como de Mohan e Rajagopal (2010),
Gonçalves, Silva e Coutinho (2009) e Delecrode et al. (2014), que estão descritos no Quadro 1.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 44
QUADRO 1 – RESUMO DE EXEMPLOS DE ARTIGOS SOBRE O NÍVEL DE PRESSÃO SONORA
Artigo Objetivos Recomendações Resultados
Mohan e Rajagopal (2010) Avaliar salas de aula para O estudo foi dividido em categorias O ruído externo tem uma
crianças menores de 5 anos de acordo com a influência do ruído influência muito grande
na Índia. de tráfego. Cerca de 120 salas de sobre o ruído de fundo
aula foram medidas. Os parâmetros em salas de aula vazia,
obtidos foram o NPS e o TR. com janelas abertas. Para
escolas construídas na
região de clima tropical, as
normas da ANSI S12.60
podem não ser praticáveis.
Gonçalves, Silva e Coutinho Verificar o nível de pressão Houve 3 tipos de avaliações: Mais de 94% dos
(2009) sonora nas salas de aula e conforto/desconforto, avaliação professores afirmaram a
sua interferência na inteligibili- acústica e avaliação de desempe- necessidade de aumentar
dade da fala dos professores. nho vocal. o tom de voz durante a
aula, provocando, dessa
maneira, alterações na fala
dos docentes.
Delecrode (2014) Avaliação acústica de sala de Houve uma variação do ruído de Os níveis obtidos nas
aula de uma pré-escola. 40,6 dB (A) a 105,8 dB(A). Além medições foram maiores
disso, a faixa de frequência em do que o permitido pela
que o espectro se concentrou foi normativa do estudo. Assim,
de 500 a 4kHz. um tratamento acústico é
essencial para diminuir o
impacto negativo do ruído
nesse ambiente.

Fonte: A autora (2022).

Quando se analisa acusticamente uma sala de aula, por exemplo, o nível de


pressão sonora e o tempo de reverberação são parâmetros essenciais a serem obtidos.
Nos estudos do Quadro 1, ainda houve aplicação de questionário para análise da saúde
dos alunos e dos professores.

3.5 Índice de transmissão da fala – STI


O nível de interferência da fala (Speech Transmission Index - STI) é um importante
parâmetro para determinar qual o grau de interferência do nível de pressão sonora em um
determinado recinto (MEHTA; JOHNSON e ROCAFORT, 1999). O STI é obtido por meio da
simulação e da medição acústica.
A medição é feita por meio da resposta impulsiva, considerando os cálculos
do tempo de reverberação e do ruído de fundo. O resultado (Tabela 2) é um índice de
fácil interpretação, que varia entre 0 (fala completamente ininteligível) e 1 (excelente
inteligibilidade) (ISO 3382-2:2017).

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 45
TABELA 2 – VALORES DE STI E A QUALIDADE DA INTELIGIBILIDADE DA FALA
STI INTELIGIBILIDADE
0,00 - 0,30 Ruim
0,30 - 0,45 Pobre
0,45 - 0,60 Aceitável
0,60 - 0,75 Bom
0,75 - 1,00 Excelente
Fonte: Bruel (1984, p. 05).

Segundo Bradley (2007), a inteligibilidade da palavra pode ser afetada ou reduzida


por meio de influências das distorções sonoras. O ruído de fundo é o principal fator redutor
da inteligibilidade. Quanto mais intensos for o nível sonoro e a quantidade de fontes, pior é
a capacidade de ouvir, prestar atenção, compreender ou se concentrar.
A influência das reflexões do som e do tempo de reverberação é característica
fundamental para a qualidade da inteligibilidade da palavra. A reflexão pode ser vantajosa
ou não, assim como o tempo de reverberação pode ser longo ou curto (ANDRADE, 2009).
O índice de transmissão da fala também é um assunto abordado em artigos na área
de acústica. Rantala e Sala (2015) estudaram a associação entre os parâmetros acústicos e
o uso da voz do professor. Guidini et al. (2012) buscaram identificar se existe relação entre
o ruído, a intensidade da voz e a presença de alteração vocal durante a aula ministrada.
A conclusão que se pode chegar com os estudos citados anteriormente é de que
não existe um índice de transmissão da fala aceitável nos locais abordados. Dessa maneira,
julga-se necessária uma adequação acústica, a fim de diminuir os problemas causados nos
alunos e nos professores.

3.6 Condicionamento acústico


O condicionamento acústico é o processo que busca garantir que o ambiente tenha
um ótimo tempo de reverberação e propagação do som.
Há décadas isolamento e condicionamento acústico são confundidos,
embora sejam totalmente diferentes. O isolamento acústico consiste em não
deixar o som passar de dentro para fora, nem de fora para dentro de um
ambiente. Já o condicionamento acústico, consiste em criar uma sonoridade
agradável dentro do ambiente, controlando parâmetros como a reverberação
e promovendo uma resposta de frequências adequada ao tipo de utilização
(MIGUEL e TAMAGNA, 2007, p. 80).

Na NBR 12179 (ABNT, 1992), é apresentada uma faixa de valores em que o tempo
de reverberação se encaixa, dependendo do volume em metros cúbicos do local (Figura
4). Por exemplo: se o tempo de reverberação do ambiente, na frequência de 500Hz,
se enquadrar em uma faixa em função do seu volume, o condicionamento acústico é
considerado satisfatório.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 46
FIGURA 5 – TEMPO DE REVERBERAÇÃO EM FUNÇÃO DO VOLUME

Fonte: NBR 12179 (ABNT, 1992, p. 09).

3.7 Isolamento
De acordo com a NBR 12179 (ABNT, 1992), o isolamento acústico é um processo
pelo qual se evita a passagem de ruídos em um determinado ambiente. Há dois tipos de
ruído: o aéreo e o impacto. Recchia (2001) descreveu como ruído de impacto aquele
que provém da própria estrutura, enquanto o ruído aéreo é aquele que se propaga na
edificação através do ar.
O isolamento entre dois ambientes é calculado pela diferença da pressão sonora
entre a sala do emissor e do receptor, além de considerar a absorção sonora na sala em
que o som é recebido. Sendo assim, considera-se o volume e o tempo de reverberação
para determinar a absorção do recinto (BRUEL e KJAER, 2003)

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 47
SAIBA MAIS

O problema acústico parece ser inofensivo, porém pode gerar situações graves. Em
maio de 2018, uma briga entre vizinhos acabou em morte na cidade de Curitiba-PR
devido ao som alto. O jovem relatou à polícia que a situação do som alto ocorria há
cerca de seis meses, por isso acabou se irritando. Ele vai responder por homicídio
qualificado e porte ilegal de arma de fogo.

Leia mais em: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/briga-entre-vizinhos-que-acabou-em-morte-em-


-curitiba-foi-por-causa-de-som-alto-diz-policia.ghtml.

O rápido crescimento urbano, com a ocupação inadequada dos espaços,


compromete a qualidade de vida das pessoas. A poluição sonora é considerada uma das
poluições mais graves, classificada pela OMS como a terceira maior, perdendo apenas
para a poluição do ar e da água. A poluição sonora causa desgaste físico e mental, além de
gerar estresse e diversos problemas de saúde.
Visto isso, a acústica ambiental se preocupa tanto com os ruídos internos quanto
com os ruídos gerados por fatores externos. Examinando como o som se propaga na
edificação, é possível calcular o impacto sobre o ambiente construído.

SAIBA MAIS

O bel é uma unidade de medida. Ela foi criada para quantificar a redução de um nível
acústico. Sua primeira denominação foi TU, ou unidade de transmissão. Posteriormente,
foi renomeada em homenagem ao seu fundador, Alexander Graham Bell.
A escala decibel é uma escala que varia de 0 dB a 160 dB. O 0 corresponde à audibilidade
humana, ou seja, ao nível sonoro mínimo. O valor de 130 dB corresponde ao limite
superior da audição. Já quando se atinge uma escala de 160 dB, ocorre a perfuração da
membrana do tímpano, causando danos graves ao ouvido.

Fonte: Bistafa (2011).

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 48
REFLITA

O desrespeito com as soluções arquitetônicas adequadas para a melhoria do conforto


nas edificações traz como consequência ambientes inadequados. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS, 2011), a poluição sonora afeta tanto os usuários
quanto a poluição causada por emissões de gases e contaminação da água. No estudo
realizado, compararam-se duas tipologias de casas na cidade de Curitiba, tanto em
medições de conforto térmico quanto de conforto acústico. Com isso, foi constatado
que diferentes materiais influenciam no ambiente da edificação, tanto de forma
positiva quanto negativa. Um dos exemplos que se pode citar é a questão do calor. Os
materiais empregados sofriam ganhos de calor, aquecendo, assim, as casas e tornando
necessário o uso do ar condicionado. Dessa forma, há aumento no consumo de energia
e, consequentemente, o gasto de recursos não renováveis.

Fonte: OMS (2011).

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O rápido crescimento urbano, com a ocupação inadequada dos espaços,


compromete a qualidade de vida das pessoas. A poluição sonora é considerada uma das
poluições mais graves, classificada pela OMS como a terceira maior, perdendo apenas
para a poluição do ar e da água. A poluição sonora causa desgaste físico e mental, além de
gerar estresse e diversos problemas de saúde.
Visto isso, a acústica ambiental se preocupa tanto com os ruídos internos quanto
com os ruídos gerados por fatores externos. Examinando como o som se propaga na
edificação, é possível calcular o impacto sobre o ambiente construído.
Com isso, nesta unidade, você teve a oportunidade de:
● identificar os parâmetros utilizados pela acústica ambiental;
● conferir como a onda sonora se comporta no ambiente;
● compreender quais são os problemas causados por um ambiente acusticamente
mal projetado.

Ao observar as normativas vigentes de isolamento, é possível concluir que, inde-


pendentemente do local e das características construtivas, é importante que o projetista se
atenda a esse conceito.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 50
LEITURA COMPLEMENTAR

● SILVA, NADYESKA BRUNA COPAT DA; MOTTA, BÁRBARA LORRAYNE DA


SILVA; SOARES, PAULO FERNANDO. A legislação sobre o ruído e tempo de rever-
beração: O comparativo nacional e internacional. Revista Brasileira de Engenharia
e Sustentabilidade, v. 5, p. 7, 2018.

Nesse artigo, os autores fazem uma comparação das normativas nacionais e


internacionais sobre diretrizes acústicas em diversos países. Nota-se uma variação de
permissões de ruído, mas tudo é explicado nas normativas.

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 51
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Bê-á-bá da acústica arquitetônica
Autores: Lea Cristina Lucas de Souza, Manuela Guedes de Almei-
da e Luís Bragança.
Editora: EdUfscar.
Sinopse: O livro que recomendo para a Unidade II chama-se
“Bê-á-bá da acústica arquitetônica”, escrito por Lea Cristina Lucas
Souza e Manuela Guedes. O livro apresenta uma didática simples,
abordando o conforto acústico no ambiente e no entorno urbano.
O Brasil possui um deficit de livros sobre assunto; dessa forma, os
autores justificam a confecção da obra.
O próprio nome já reflete o conteúdo didático. O livro é dedicado
a iniciantes na área, gerando uma visão global sobre o assunto
e trazendo lazer e conhecimento para os leitores. Espero essa
sugestão desperte em você uma vontade de conhecer mais sobre
o universo da acústica.

FILME/VÍDEO
Título: Conforto acústico
Ano: 2019.
Sinopse: O escritório Studio M4 fez uma análise sobre o conforto
acústico e uma introdução sobre o tema.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=iLk0uILcYn8

UNIDADE III Conforto


Aspectos Acústico
Gerais do Conforto Térmico 52
UNIDADE III
Bioclimatologia
Ligada a Arquitetura
Profª. Me. Nadyeska Copat

Plano de Estudo:
● Bioclimatologia aplicada a arquitetura;
● Zoneamento Bioclimático Brasileiro;
● Geometria Solar;
● Carta Solar.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os conceitos de bioclimatologia,
como se trabalha com a arquitetura;
● Compreender os tipos de Zoneamento bioclimático brasileiro;
● Estabelecer a importância da geometria e da carta solar.

53
INTRODUÇÃO

Mesmo após o entendimento dos conceitos de conforto térmico, deve-se achar um


modo de entender esses fatores na arquitetura e a eficiência energética. Então, como pode
evitar os efeitos dessas variáveis? Como obter um ambiente interior com determinadas
condições de conforto para os usuários? Logo de início, pensa-se no sistema de climatização
e iluminação artificial. Mas o foco atualmente não é a sustentabilidade? Dessa maneira,
nesta unidade irei tratar sobre as estratégias de aquecimento, resfriamento e iluminação
natural. Ao final desta unidade, você será capaz de:
● Integrar as estratégias artificiais e naturais à edificação;
● Conhecer os conceitos de bioclimatologia;
● Identificar soluções empregadas em edificações a fim de transmitir conforto ao
usuário;
● Conhecer a norma brasileira relacionada ao estudo do conforto térmico e suas
diretrizes.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 54


1. BIOCLIMATOLOGIA APLICADA À ARQUITETURA

Na década de 60, os irmãos Olgyay A. e Olgyay V. (1973) consideraram o conforto


térmico e criaram a expressão Projeto Bioclimático. Com finalidade de utilizar elementos
que sejam favoráveis às exigências de conforto térmico, eles desenvolveram um diagrama
Bioclimático que propõe estratégias de arquitetura. O diagrama ficou conhecido como Carta
Bioclimática de Olgyay (Figura 1).

FIGURA 1 - CARTA BIOCLIMÁTICA DE OLGYAY

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 84).

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 55


Anos mais tarde, Givoni concebeu outra Carta Bioclimática que corrigia algumas
definições do diagrama idealizado por Olgyay. A carta de Givoni surgiu de uma adaptação
de uma carta psicrométrica, em que foram propostas estratégias construtivas. A figura 2 é
o exemplo da carta de Givoni.

FIGURA 2 - CARTA BIOCLIMÁTICA SEGUNDO GIVONI

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 84).

A carta relaciona a temperatura do ar e a umidade relativa. A partir desses valo-


res, o profissional poderá ter indicações de qual estratégia bioclimática poderá adotar no
projeto. As zonas presentes na carta são: conforto, ventilação natural, ar condicionado,
inércia térmica para resfriamento, umidificação, resfriamento evaporativo, inércia térmica
para aquecimento, aquecimento solar, aquecimento artificial.
A seguir, temos descritas as áreas da carta de Givoni.

1.1 Zona de conforto


Para as condições climáticas desta região, existe uma possibilidade elevada dos
usuários se sentirem confortáveis. Com temperatura variando entre 18 e 29ºC e umidade
relativa de 20 a 80%, a Figura 3 apresenta a delimitação desta zona.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 56


FIGURA 3 – ZONA DE CONFORTO NO MÉTODO DE GIVONI

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014).

1.2 Zona de ventilação natural


Se a temperatura ultrapassar os 29º ou a umidade relativa for maior que 80%, a
característica a ser adotada no projeto seria de ventilação natural para melhorar o conforto
térmico. Em climas úmidos e quentes, a ventilação é a estratégia mais simples a ser adotada.

FIGURA 4 – ZONA DE VENTILAÇÃO NATURAL EM GIVONI

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 86).

1.3 Zona de ar condicionado e isolamento térmico


Em regiões com clima severo, em que as temperaturas são elevadas e não dá
para aplicar outros conceitos, como por exemplo o de ventilação, se faz necessário à sua
automação. É importante lembrar que o ar condicionado pode atuar nas outras zonas,
porém como coadjuvante, e não como principal.
Da mesma maneira, pode-se relacionar o uso do aquecedor. Em regiões nas quais
o frio é intenso, as outras soluções de projeto são inviáveis atuarem sozinhas. Sendo assim,
é necessário isolar o ambiente para que o usuário se sinta confortável.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 57


FIGURA 5- ZONA DE AR CONDICIONADO E ISOLAMENTO TÉRMICO

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 86).

1.4 Zona de Inércia térmica para resfriamento


O uso da inércia térmica pode diminuir a oscilação de temperatura no ambiente
interno em relação ao externo, com a intenção de evitar os picos (Figura 6). Essa
recomendação geralmente é empregada em clima quente e seco, em que durante o dia é
muito quente, e a noite a temperatura é baixa.

FIGURA 6 - ZONA DE INÉRCIA TÉRMICA PARA RESFRIAMENTO

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 88).

1.5 Zona de Umidificação e resfriamento evaporativo


A evaporação da água pode reduzir a temperatura e aumentar a umidade de um
ambiente. Sendo assim, em climas quente e secos, a evapotranspiração das plantas ajuda
também no resfriamento evaporativo. Ao instalar fontes, utilizar recipientes com água e
tanques de água sombreados, os ambientes tendem a ficar mais confortáveis.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 58


FIGURA 7 - ZONA DE UMIDIFICAÇÃO

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 89).

FIGURA 8 - ZONA DE RESFRIAMENTO EVAPORATIVO

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 88).

Só é necessária atenção para não indicar esses parâmetros em climas úmidos.

1.6 Aquecimento solar


Na região que abrange temperaturas de 10 a 20ºC, o aquecimento solar é a
estratégia que mais se encaixa para resolver a questão do conforto. Ele pode ser de duas
formas: como isolante térmico ou como inércia térmica. O que diferencia os dois são as
temperaturas, conforme a Figura 9.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 59


FIGURA 9 – REGIÃO DE AQUECIMENTO SOLAR

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 90).

1.7 Zona de sombreamento


Devido as condições de temperatura e uma elevada umidade, a região sombreada
na Figura 10 apresenta como parâmetro o sombreamento. As técnicas mais utilizadas para
tal finalidade são os brises, os beirais, marquises e sacadas.

FIGURA 10 – ZONA DE SOMBREAMENTO

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 91).

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 60


REFLITA

Você sabe como mantém uma temperatura agradável nos pátios árabes? Tem alguma ideia?

Os pátios árabes, ou pátio internos, além de funcionarem como elemento decorativo


e como meio de observação da arquitetura, ele atua como conforto ambiental. Ele diminui a
temperatura do interior e permite a ventilação da edificação, já que esta fica voltada para o pátio.

FIGURA 11 – PÁTIO INTERNO DE UM TEMPLO

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 61


2. ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO

A NBR 15220-3:2005 (ABNT, 2005) estabelece a divisão do território brasileiro


em diferentes zonas climáticas, sendo ao total 8 zonas, numeradas de 1 ao 8. A partir da
definição das características principais, é possível saber quais diretrizes construtivas serão
recomendadas ao local.

FIGURA 12 – ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO

Fonte: NBR 15220-3 (2015, p. 03).

A partir do mapa, as principais características de cada zona serão apresentadas na


Tabela 1.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 62


TABELA 1– CARACTERÍSTICA DAS ZONAS BIOCLIMÁTICAS BRASILEIRAS
ZONA CIDADES (Exemplos) RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS
Curitiba, Caxias do Sul, Lages,Uso de aberturas para ventilação de dimensão média,
01 São Joaquim, Campos do sombreamento das aberturas (exceto no inverno),
Jordão coberturas com inércia térmica leve.
Laguna, Uruguaiana, Pelotas, Uso de aberturas para ventilação de dimensão
02
Ponta Grossa, Piracicaba média, sombreamento das aberturas (exceto no
inverno), coberturas com inércia térmica leve,
ventilação cruzada no verão.
Florianópolis, Camboriú, Uso de aberturas para ventilação de dimensão
Chapecó, Porto Alegre, Rio média, sombreamento das aberturas (exceto no
Grande, Torres, São Paulo, inverno), coberturas com inércia térmica leve,
03 Campinas, Pindamonhangaba, ventilação cruzada no verão, paredes externas leves
Sorocaba, Belo Horizonte, e refletoras à radiação solar.
Foz do Iguaçu, Jacarezinho,
Paranaguá, Petrópolis
Brasília, Franca, Limeira, Uso de aberturas médias, sombreamento necessário nas
Ribeirão Preto, São Carlos aberturas durante todo o ano, paredes pesadas e cobertura
04
leve com isolamento térmico. Além disso, se faz necessário
o resfriamento evaporativo, a inércia térmica para o res-
friamento, ventilação controlada no versão e aquecimento
solar e vedações internas no inverno.
Niterói, São Francisco do Sul, As janelas devem ter um tamanho médio, com som-
Santos. breamento, paredes leves e refletoras, coberturas
05 leves isoladas termicamente, ventilação cruzada no
verão e vedações internas pesadas no inverno.
Goiânia, Campo Grande, Aberturas médias sombreadas, paredes pesadas, co-
Presidente Prudente. berturas com isolamento térmico, uso de resfriamento
06
evaporativo e ventilação seletiva no verão. No inverno
se faz necessário vedações internas pesadas.
Cuiabá, Teresina Aberturas pequenas e sombreadas durante todo
o ano, paredes e coberturas pesadas e o uso de
07
resfriamento evaporativo, além de inércia para
resfriamento e ventilação seletiva no verão.
Belém, Corumbá, Fernando As principais diretrizes construtivas desta zona são:
de Noronha, Fortaleza, João uso de aberturas grandes, sombreadas, paredes
Pessoa, Maceió, Manaus, Na- e coberturas leves e refletoras, uso de ventilação
08
tal, Recife, Rio Branco, Rio de cruzada durante todo o ano.
Janeiro, Santarém, Salvador,
São Luiz, Vitória,

Fonte: NBR 15220-3:2015. Editado pela autora.

A normativa brasileira traz detalhado cada zona climática. Na norma é possível


identificar o tipo de abertura, se precisa ou não de sombreamento, e todos esses artigos ci-
tados na Tabela 1. Além disso, dependendo do tipo de zona, existe uma carta bioclimáticas
que apresenta as normais climatológicas das cidades.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 63


FIGURA 13 – EXEMPLO DE CARTA BIOCLIMÁTICA DA CIDADE DE BRASÍLIA

Fonte: NBR 15220-3 (2005, p. 06).

TABELA 2 - DETALHAMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE CONDICIONAMENTO TÉRMICO


ESTRATÉGIA DETALHAMENTO
A O uso de aquecimento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de
desconforto térmico por frio.
B A forma, a orientação e a implantação da edificação, além da correta orientação de superfícies
envidraçadas, podem contribuir para otimizar o seu aquecimento no período frio através da
incidência de radiação solar. A cor externa dos componentes também desempenha papel
importante no aquecimento dos ambientes através do aproveitamento da radiação solar.
C A adoção de paredes internas pesadas pode contribuir para manter o interior da
edificação aquecido.
D Caracteriza a zona de conforto térmico (a baixas umidades).
E Caracteriza a zona de conforto térmico
F As sensações térmicas são melhoradas através da desumidificação dos ambientes. Esta
estratégia pode ser obtida através da renovação do ar interno por ar externo através da
ventilação dos ambientes.
GeH Em regiões quentes e secas, a sensação térmica no período de verão pode ser
amenizada através da evaporação da água. O resfriamento evaporativo pode ser
obtido através do uso de vegetação, fontes de água ou outros recursos que permitam a
evaporação da água diretamente no ambiente que se deseja resfriar.
HeI Temperaturas internas mais agradáveis também podem ser obtidas através do uso de
paredes (externas e internas) e coberturas com maior massa térmica, de forma que o
calor armazenado em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a
noite, quando as temperaturas externas diminuem.

IeJ A ventilação cruzada é obtida através da circulação de ar pelos ambientes da edificação.


Isto significa que se o ambiente tem janelas em apenas uma fachada, a porta deveria
ser mantida aberta para permitir a ventilação cruzada. Também deve-se atentar para
os ventos predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode alterar
significativamente a direção dos ventos
K O uso de resfriamento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de
desconforto térmico por calor.
L Nas situações em que a umidade relativa do ar for muito baixa e a temperatura do ar
estiver entre 21oC e 30oC, a umidificação do ar proporcionará sensações térmicas
mais agradáveis. Essa estratégia pode ser obtida através da utilização de recipientes
com água e do controle da ventilação, pois esta é indesejável por eliminar o vapor
proveniente de plantas e atividades domésticas.
Fonte: 15220-3:2005. Editado pela autora.

Além disso, existe a relação de 330 cidades cujos os climas já foram classificados
no Anexo A da norma 15220-3:2005.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 64


3. GEOMETRIA SOLAR

No Brasil, devido ao tipo de clima, a maior parte do território sofre com a alta
incidência de radiação solar. Um jeito prático de observar esta afirmação é por meio
da Tabela 4, retirada do programa Analysis Bio. Nesta tabela, reúne-se um conjunto de
informações sobre a necessidade de sombreamento em algumas cidades brasileiras.

TABELA 4 - PERCENTUAL DE NECESSIDADES DE SOMBREAMENTO EM


ALGUMAS CIDADES BRASILEIRAS

Necessidade de sombreamento (% Necessidade de sol (% das


Cidade
das horas do ano no período diurno) horas do ano no período diurno)
Cidades com grande necessidade de sombreamento durante o ano:
Belém 100 0
Fortaleza 100 0
São Luís 100 0
Recife 100 0
Cidades com necessidade de insolação no inverno e de sombreamento no verão
Brasília 73,8 25,6
Florianópolis 69,9 25,6
Maceió 98,2 1,8
Natal 99,7 0,3

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Rio de Janeiro 89,5 10,5
Salvador 98,6 1,4
Vitória 89,8 9,1
Cidades onde as necessidades de sombreamento e de insolação são parecidas
Curitiba 37,3 48,1
Porto Alegre 56,3 35,0
São Paulo 51,1 42,8

Fonte: Dados retirados do programa Analysis Bio.

A partir da análise desta tabela, justifica-se a necessidade de proteção solar


durante o período diurno. A maior necessidade se concentra nas cidades do nordeste
brasileiro. A região sul o percentual é menor, porém ele não deixa de existir. É desejável
que se tenha os conhecimentos precisos sobre o sombreamento, em virtude do aprovei-
tamento como iluminação natural.
A iluminação natural é foco de outra aula, por isso, nesta aula tratará dos aspectos
mais importantes da geometria solar e sobre a necessidade de sombreamento nas
edificações. Le Corbusier já afirmava que a missão da arquitetura moderna era se preocupar
com o sol, embora o sol fosse inimigo em uma parte do ano (BAKER, 1998).
Se você se atentar às construções implantadas, as vezes ocorre o uso de facha-
das envidraçadas exagerado, resultando em espaços internos muito quentes no verão
e frios no inverno. Além disso, há edifícios que mesmo utilizando brises ou outro tipo de
proteção solar, não o fazem de forma correta. Em virtude disso, é necessário que alguns
conceitos de geometria solar sejam descritos.
A radiação solar é a principal fonte de calor que pode ser explorada ou evitada,
depende da preferência do usuário. Existem elementos que podem interceptar essa
influência, como vegetação e a topografia. A vegetação é diferente dos outros tipos, já
que dependendo da espécie, a sombra é gerada em um determinado período do ano.
Um exemplo é uma edificação envolta de árvores caducas ou caducifólias, em que no
verão é sombreada, e no inverno, como não há presença de folhas, a radiação influencia
diretamente (LAMBERTS; DUTRA e PEREIRA, 2014).

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 66


SAIBA MAIS

Caducifólia significa folhas que caducam, ou seja, folhas que caem. Esse processo
ocorre na estação do inverno e volta a brotar somente na primavera. Esse tipo de
vegetação, em sua composição original, ocupava vastas áreas do continente europeu,
litoral nordeste dos Estados Unidos e sudeste do Canadá. No entanto, sua constante
exploração resultou em uma diminuição relevante das áreas nativas, e as que restaram
se encontram protegidas por severas leis ambientais.
Nos lugares que apresentam esse tipo de composição vegetativa predomina um clima
com as quatro estações do ano bem distintas, sendo que os invernos são rigorosos
e ocasionalmente ocorre precipitação de neve e as chuvas são regulares em todo o
decorrer do ano. No outono, as folhas das árvores exibem cores características desse
tipo de vegetação, como vermelho, alaranjado, dourado e cobre. Nessas florestas existe
uma grande diversidade de vida da flora como carvalho, bordo, faia e nogueira.
Exemplo de espécies brasileiras: Açoita cavalo (Luehea divaricata), Aldrago (Pterocarpus
violaceous), Amburana (Amburana cearenses).

Fonte: FREITAS, Eduardo de. Floresta Caducifólia. Brasil Escola. Disponível em https://brasilescola.
uol.com.br/geografia/floresta-caducifolia.htm. Acesso em: 29 mar. 2022.

Olgyay A. e Olgyay V. (1973) afirma que a vegetação pode interceptar de 60 a 90%


da radiação solar, o que reduz consideravelmente a temperatura na superfície do solo ao
redor desta. Isso ocorre devido ao fenômeno da fotossíntese. O vegetal absorve a radiação
para seu metabolismo.

3.1 Trajetória da terra em torno do sol


O primeiro conceito importante é a noção do que é solstício e equinócio. O solstício
acontece quando há uma inclinação da Terra em relação a sua órbita. Dessa maneira, há
uma irregularidade de radiação solar na atmosfera, sendo o dia ou a noite mais longa,
depende se o solstício é de verão e inverno, respectivamente.
Já o equinócio, o dia e a noite tem a mesma duração, sendo assim, a distribuição da
radiação solar mais equilibrada. A Figura 14 apresenta o movimento do sol em relação ao planeta.

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FIGURA 14 – EQUINÓCIO DE OUTONO/PRIMAVERA E SOLSTÍCIO DE VERÃO/INVERNO

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 115).

O ângulo que aparece na Figura 14, de 23,5º, é o ângulo de inclinação medido a


partir do Equador. Então relacionando o movimento do sol e o nosso país, os dias de início
de cada solstício ou equinócio são:
● 21 de setembro: equinócio de primavera;
● 21 de dezembro: solstício de verão (horas de sol mais longas);
● 21 de março: equinócio de outono;
● 21 de junho: solstício de inverno (horas de sol mais curtas).

Mas por que devo saber que posição o sol está? É muito simples! A partir do
movimento do sol, pode-se identificar as variáveis geográficas que serão utilizadas para o
cálculo dos brises e proteções solares.
A partir da posição do sol, é possível definir duas variáveis: a altura solar (H) e o
azimute solar (A). A altura solar nada mais é do que o ângulo formado entre o sol e o plano
horizontal da terra. Já o azimute consiste no ângulo formado entre o norte geográfico e a
projeção do sol no plano horizontal.
O Norte que uma bússola mede é o norte magnético. O norte magnético apresenta
uma diferença angular em relação ao norte geográfico, que é utilizado no cálculo das proteções
solares. Mas como identificar esse ângulo de diferença? Você pode acessar o site https://www.
ngdc.noaa.gov/geomag-web/ e calcular a declinação a partir do local e data (NGDC, 2018).
Para obter o norte geográfico em Brasília-DF, por exemplo, cuja declinação em
novembro de 2018 é de 7º 56’ oeste (-7º 56’W), o norte geográfico está a 7º56’ no sentido
horário, pois o valor da declinação magnética é negativo. A partir da definição desses
conceitos, dá-se início ao estudo da carta solar.

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4. CARTA SOLAR

Para o profissional identificar variáveis como altura solar e azimute, é necessário


interpretar a carta solar para a região em que fará o projeto. Assim, a carta solar é um
auxílio para identificar a posição exata do sol em um determinado momento. Esse tipo de
informação é essencial, visto que identifica se a edificação vizinha será sombreada, ou se
há a necessidade de proteção solar em uma determinada fachada, etc.
A interpretação de uma carta solar pode ser definida a partir da projeção das
trajetórias solares ao longo da abóbada celeste durante todo o ano (Figura 15).

FIGURA 15 - TRAJETÓRIA DO SOL E A CARTA SOLAR

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 120).

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A Figura 15 traz o movimento do sol durante um dia, a partir disso, teríamos uma
linha curva projetada no chão, que representa esse risco em um dia no plano horizontal.
Ainda é possível marcar os pontos a cada hora do dia, visualizando onde o sol está durante
aquele dia específico.
Se fizermos a projeção da trajetória do sol todos os horários para um dia específico
de cada mês, por exemplo dia 21, teríamos a projeção de 12 linhas no plano horizontal.
Porém, existe o dia em que o sol passa pela mesma trajetória, mais especificamente duas
vezes ao ano, que é o caso do equinócio em 21 de março e 21 de setembro, ou seja, a
trajetória solar é a mesma. Sendo assim, desenha-se apenas uma linha que representa os
dois momentos na carta solar. Isso acontece na maioria dos meses, apenas em dois meses
as trajetórias são únicas: no solstício de verão (21 de dezembro) e solstício de inverno (21
de março). Por isso as linhas representadas por esses dois dias são exclusivas (Figura 16).

FIGURA 16 – CARTA SOLAR PARA LATITUDE DE 27,6º SUL (FLORIANÓPOLIS-SC)

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 123).

A figura 16 é composta por diversas informações. As linhas em azuis, representam as


horas do dia. A linhas mais grossas pretas representam as datas, conforme dito anteriormente.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 70


Os círculos tracejados facilitam ao encontrar a altura solar e os valores estão
descritos no eixo sul. Variam de 10 em 10 graus, do lado externo da carta para o lado
interno. O último ponto seria o centro, onde o sol estaria “a pino”. O azimute se encontra
facilmente com o auxílio de um transferidor.
Outro fator importante da carta solar é que se deve saber a latitude do local. A carta
varia de acordo com a latitude. Como por exemplo a figura 17, apresenta várias cartas
solares em diferentes latitudes.

FIGURA 17- CARTAS SOLARES E SUAS REPRESENTAÇÕES EM PERSPECTIVA

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 122).

A partir de agora, agora você, aluno (a), tem a capacidade de identificar os conceitos
básicos da carta solar. Dessa maneira, é possível manipular a carta solar afim de conhecer
como a sombra se comporta no entorno de uma edificação.
Mas como utilizar os conceitos na carta solar? Bom, vamos lá. A figura 18 mostra
os itens que calculamos na carta solar.

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FIGURA 18 – CARTA SOLAR DIAGRAMADA

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 123)

A trajetória solar já foi explicada anteriormente, assim como a posição do horário do


dia. Agora vamos falar sobre azimute solar e altitude solar. O azimute solar é o ângulo entre
a linha de visão do sol projetada no plano horizontal e o norte geográfico. O angulo pode
variar de 0 a 360º, sempre tendo como origem o norte da carta. Ja a altitude solar varia de
0 a 90º, onde o 90º seria o “sol a pino”, ou seja, em que altura o sol está em determinado
horário da carta solar. Na figura 19 temos os dois exemplos.

FIGURA 19 – EXEMPLO DE AZIMUTE E ALTURA SOLAR

Fonte: PvEducation (2022).

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 72


O azimute é a angulação em vermelho e a altura solar, é o tracejado em amarelo.
Vamos aproveitar o exemplo da cidade de Florianópolis e imaginar que precisamos encontrar
a altura solar e o azimute no dia 22 de junho as 7 horas da manhã. Observe a figura 20
como seria a resolução deste exercício.

FIGURA 20 – EXEMPLO DE FLORIANÓPOLIS

Fonte: A autora (2022).

Após encontrar o dia e a hora, a partir do centro da carta, trace uma reta até o
ponto de encontro da hora/dia. Pegue um transferidor e meça o angulo formado a partir
do Norte. No exemplo, seria de aproximadamente 45º.
Depois, a partir do centro, conte os círculos tracejados até chegar no ponto de encontro
dia/hora. Cada círculo tracejado equivale a 10º, sendo assim, o ponto fica entre o 2 e 3 círculos,
variando então de 20 a 30º. Pode-se dizer que vale aproximadamente 27º a altura solar.
Mas para que encontrar tudo isso? Caso você precise elaborar uma edificação
em altura de forma remota, sem ter o contato com o entorno, você consegue analisar
como a sombra irá afetar a proximidade.
A figura 21 mostra um exemplo de edifício na cidade de Florianópolis, para dar
continuidade no exemplo anterior. A sombra do edifício foi medida no dia 21 de março às nove
horas da manhã. Neste dia o azimute solar era de 67º e a altura solar de 37º aproximadamente.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 73


FIGURA 21 - SOMBREAMENTO DO ENTORNO COM AUXÍLIO DA CARTA SOLAR

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 124).

A primeira parte da Figura 21, a sombra é calculada pelo uso de trigonometria.


Como sabemos que a altura do prédio é de 30 metros, e com os dados da carta, o azimute
a 67º, só substituir na equação amarela da figura. Já a segunda parte, o autor faz o uso de
instrumentos de desenho (transferidor e escalímetro). Desenhe o prédio com escala, ache
o ângulo com o transferidor e meça com o escalímetro a sombra. Qualquer um dos métodos
pode ser utilizado, desde que o desenho esteja na escala correta.
Para identificar o comportamento da sombra da edificação em vários horários,
é necessário calcular suas alturas solares e azimutes. Em virtude disso, aproveitando o
cálculo de Lamberts, Dutra e Pereira (2014), ele cita o exemplo da cidade de Florianópolis,
como já foi dito anteriormente. A tabela 5 traz os cálculos dos azimutes e alturas solares
para alguns dias do ano. A partir daí pode-se calcular o sombreamento do entorno da
edificação em vários dias.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 74


TABELA 5 - AZIMUTES E ALTURAS SOLARES PARA EQUINÓCIOS E SOLSTÍCIOS EM
FLORIANÓPOLIS (LAT 27,5º SUL)
DIA 9H 12H 15H
21 dez A=95 º A= 0 º A= 265 º
H=50 º H= 86 º H= 50 º
21 mar/set A=65 º A= 0 º A= 295 º
H=39 º H= 63 º H= 39 º
21 jun A=45 º A= 0 º A= 315 º
H=24 º H= 39 º H= 24 º

Fonte: A autora (2022).

Em planta baixa, conhecendo a altura do edifício, a sombra é desenhada pelo


ângulo de azimute solar. Aplicando o conceito de tangente ou com uso dos materiais de
desenho, por exemplo no dia 21 de março, a sombra se comporta conforme a figura 22.

FIGURA 22 – SOMBREAMENTO DO ENTORNO NO DIA 21 DE MARÇO ÀS 9H, 12H E 15H

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 125).

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 75


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para finalizar a aula, o maior benefício em conhecer a trajetória solar e seu


comportamento, é propor para a edificação e seus respectivos ambientes o local correto.
Além disso, tendo o melhor aproveitamento da radiação solar, a edificação se torna um
passo a mais sustentável, já que há a economia de energia.
É importante que, com o término do conteúdo da unidade, venha também um
encerramento, para que se concluam as propostas realizadas na Introdução e para que se
retome criticamente tudo o que foi trabalhado durante o desenvolvimento. Isso auxilia o aluno
a fixar o conteúdo já trabalhado e organizar melhor a informação em sua linha de raciocínio.

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 76


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Arquitetura ecológica: Condicionamento térmico natural
Autor: Ennio Cruz da Costa.
Editora: Blusher.
Sinopse: O livro Arquitetura Ecológica: Condicionamento Térmico
Natural escrito por Ennio Cruz da Costa, apesar de antigo, é um
livro de extrema importância para esse assunto. Com a crise da
energia, está em alta a busca de soluções que não recorram ao
uso de recursos elétricos. Assim, o autor traz no decorrer do livro
soluções para a insolação, ventilação, isolamento, condiciona-
mento e etc. O objetivo é que a edificação tenha uma melhoria
substancial quanto ao conforto térmico no interior das habitações,
mas que seja economicamente viável e de técnicas construtivas
simples. Caro (a) aluno (a), atente-se a forma que ele retrata a
influência da radiação solar no ambiente interno

FILME/VÍDEO
Título: Aula de Estudos de carta solar, Software Analysis Solar,
ângulos de sombra (Transferidor) e brises
Ano: 2019.
Sinopse. Nesse vídeo a arquiteta Camila explica como fazer carta
solar manipulando os softwares Analysis Sol-ar.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=b8i3bRdt3u8

UNIDADE III Bioclimatologia Ligada a Arquitetura 77


UNIDADE IV
Recursos do
Conforto Ambiental
Profª. Me. Nadyeska Copat

Plano de Estudo:
● Brises – conforto ambiental;
● Propriedades dos materiais – conforto térmico;
● Iluminação natural – conforto visual;
● Iluminação artificial – conforto visual.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a iluminação artificial e natural;
● Compreender os tipos de materiais que podem ser utilizados no conforto térmico;
● Estabelecer a importância dos brises na edificação.

78
INTRODUÇÃO

Considerando o clima e a posição do nosso país, a utilização de elementos de pro-


teção solar é indispensável. Essa modalidade de defesa contra a excessiva radiação solar
evita a incidência direta dentro do ambiente, o que muitas vezes prejudica o conforto dos
usuários. Além disso, esses métodos podem diminuir o consumo de energia, e acaba sendo
visto como uma alternativa para a edificação tornar-se sustentável. Poucos são os projetos
que levam em consideração a importância do controle da insolação na climatização interna
dos ambientes. Desta maneira, visto a importância desses elementos, nesta unidade, você,
aluno (a) poderá:
● Identificar os elementos conhecidos como brises;
● Calculará a máscara de sombreamento destes elementos;
● Será apresentado pelo menos 30 tipos de brises para nível de estudo;
● Analisará o comportamento destes elementos na fachada de um edifício.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 79


1. BRISES – CONFORTO AMBIENTAL

O brise-soleil (expressão francesa que significa “quebra de sol”) é um dispositivo utilizado


para diminuir ou impedir a incidência direta da radiação solar no interior do edifício. Durante o
período da arquitetura moderna, foi um dos principais elementos utilizados. Dependendo da
referência consultada, diz que o criador foi o arquiteto franco-suíço Le Corbusier que criou. A
obra mais conhecida desde arquiteto é a Unidade de habitação de Marseille (Figura 1).

FIGURA 1 – FACHADA DA UNIDADE DE HABITAÇÃO DE MARSEILLE PROJETADA POR


LE CORBUSIER

Fonte: Baker (1998).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 80


Além de funcionar como proteção solar, ao observar a Figura 01, percebe-se
uma grande influência na fachada do edifício. Sendo assim, o projetista pode aproveitar e
incorporá-lo ao projeto além de uma barreira solar, mas esteticamente.
A partir da definição do conceito de brise, é importante saber quais as vantagens e
desvantagens deste elemento. Dessa maneira, pode-se dizer que o brise tem vantagens como:
● Redução da temperatura em locais quentes;
● Aquecimento da temperatura em locais frios;
● Diminui gastos com ar condicionado e iluminação;
● Pode incorporar como estética na fachada;
● Permite a ventilação natural.

E as desvantagens, pode citar, tais como:


● A necessidade de manutenção;
● A dificuldade de limpeza constante;
● Ter um alto custo de produção.

Embora não existam certificações específicas para esse tipo de dispositivo, a utiliza-
ção deste elemento, favorece a eficiência energética e o desempenho térmico e luminoso.
Os selos utilizados, por exemplo, é o AQUA e o LEED.
Como o brise visa o conforto térmico do usuário, e ainda auxilia nas condições de
luz natural, ele tem forte impacto na melhoria do desempenho da edificação e assim na
questão do conforto ambiental. O exemplo que podemos citar é a estrutura do museu do
Amanhã no Rio de Janeiro (Figura 2).

FIGURA 2 - MUSEU DO AMANHÃ PROJETADO POR SANTIAGO CALATRAVA

Fonte: Archdaily (2022).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 81


A estrutura do móvel serve como brise, e além disso, locaram placas fotovoltaicas
para captação de energia.

SAIBA MAIS

Um outro tipo de brise bastante popular são os cobogós. Basicamente, são elementos
vazados de concreto ou cerâmica muito utilizados em edifícios públicos, uma vez que
têm custo reduzido e alta durabilidade. No geral, os brises devem ser instalados no
lado de fora das janelas para terem um bom desempenho térmico. Porém, em algumas
situações, eles são instalados por dentro das janelas, facilitando sua limpeza e permitindo
o controle da luminosidade por trás de uma fachada envidraçada, por exemplo.

Fonte: Lamberts (2014).

Para projetar corretamente, o brise tem algumas particularidades. A partir deste momento
na unidade, você, aluno (a), descobrirá como projetar conforme a necessidade projetual.

1.1 Os ângulos
Os ângulos de um elemento construtivo, como obstruções, aberturas, proteções
solares, edifícios, vegetação, entre outros, têm a necessidade de serem convertido a partir
dos conhecidos pela geometria solar. Sendo assim, o transferidor de ângulos (Figura 3) é
responsável por tal tarefa. Dessa maneira, o transferidor nada mais é do que um círculo
com as mesmas dimensões da carta solar, porém ele apresenta linhas radiais e curvas,
representando uma aresta do elemento a ser analisado.

FIGURA 3 - TRANSFERIDOR DE ÂNGULOS

Fonte: Lamberts (2014, p. 129).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 82


1.2 Ângulo α
Esse ângulo representa o ângulo formado entre o plano horizontal e vertical, ge-
rando valores de 0 a 90º. O traçado do alfa é representado por uma linha curva, que é a
projeção da aresta horizontal de um plano em relação ao ponto definido como nadir.

FIGURA 4 – ÂNGULO ALFA DO BRISE

Fonte: Lamberts (2014, p. 128).

1.3 O ângulo β
O ângulo β representa o azimute da aresta. O valor varia de 0 a 360º, ou considerando
os 4 quadrantes, varia de 0 a 90º em cada um.

FIGURA 5 - O ÂNGULO Β

Fonte: Lamberts (2014, p. 128).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 83


1.4 O ângulo γ
O ângulo é traçado da mesma maneira que o α, porém é rotacionado 90º em relação
ao alfa. Ele representa as superfícies horizontais, auxiliando na delimitação dos ângulos α e β.

FIGURA 6 – O ÂNGULO GAMA

Fonte: Lamberts (2014, p. 129).

1.5 Tipos de proteções solares


Após a análise das proteções solares, utilizando os princípios de α, β e γ, os tipos
de brises existentes são:
● Proteção solar horizontal

As proteções solares horizontais obstruem a visão do céu em ângulos com valor


superior ao de alfa (Figura 7).

FIGURA 7 – PROTEÇÃO SOLAR HORIZONTAL – ÂNGULO ALFA E O SOMBREAMENTO

Fonte: Lamberts (2014, p. 132).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 84


A proteção solar precisa de mais dois ângulos para delimitar onde o alfa termina.
Dessa maneira usa-se dois ângulos gama em cada lateral do brise (Figura 7).

FIGURA 8 – PROTEÇÃO SOLAR HORIZONTAL – ÂNGULOS GAMA E ÂNGULO ALFA

Fonte: Lamberts (2014, p. 132).

Dessa maneira, a máscara de sombreamento final é composta pela área que une
os três ângulos medidos (Figura 9).

FIGURA 9 - EXEMPLO DE MÁSCARA E PROTEÇÃO SOLAR HORIZONTAL

Fonte: Lamberts (2014, p. 133).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 85


1.6 Proteção solar vertical
As proteções solares verticais são funcionais em relação ao ângulo do azimute
solar. Normalmente as proteções verticais são instaladas na lateral da janela, com o ângulo
beta medido entre o final da janela e a borda interna do brise (Figura 10).

FIGURA 10 – PROTEÇÃO SOLAR VERTICAL – ÂNGULO BETA E O SEU SOMBREAMENTO

Fonte: Lamberts (2014, p.133).

Além disso, o ângulo beta também é delimitado pelo ângulo alfa, que é medido a
partir do ponto superior da janela (Figura 11).

FIGURA 11- PROTEÇÃO SOLAR VERTICAL – ÂNGULO GAMA

Fonte: Lamberts (2014, p. 134).

Finalmente, o desenho da máscara de proteção solar vertical é definida pelo ângulo


gama e beta. Sendo assim, a Figura 12 mostra um exemplo de projeção.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 86


FIGURA 12 - PROTEÇÃO SOLAR VERTICAL – A MÁSCARA DE SOMBREAMENTO

Fonte: Lamberts (2014, p. 134).

Deve-se, portanto, escolher o local que será o projeto, identificar a carta solar,
escolher um tipo de brise e comparar com sua máscara de sombra. É muito importante
que o brise não tenha somente a função de estética, mas sim de controlar a incidência do
sol ao ambiente.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 87


2. PROPRIEDADE DOS MATERIAIS – CONFORTO TÉRMICO

Para uma edificação adequada ao clima, partindo do conhecimento das necessi-


dades humanas e o seu conforto térmico, deve, primeiramente, conhecer o clima local. Em
unidades anteriores, vimos como o clima se comporta, quais os tipos existentes, e como
torná-lo em uma solução projetual. A partir daí, é necessário o levantamento dos dados
climáticos, identificar como se dará o partido arquitetônico e por fim escolher os materiais.

2.1 Propriedades térmicas dos elementos construtivos


Todos material e elemento construtivo se comporta termicamente em função das
propriedades térmicas. A NBR 15220-3:2005 fornece as tabelas com as principais pro-
priedades térmicas de materiais e ainda apresenta a maneira de calcular, para elementos
homogêneos e heterogêneas, a transmitância térmica, fator solar e o atraso térmico. Essas
expressões serão tratadas no decorrer da unidade.

2.1.1 Desempenho térmico de paredes

A principal condição para que ocorra a transmissão de calor é que os corpos tenham
temperaturas diferentes.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 88


FIGURA 13 - CONDIÇÃO PARA TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Fonte: A autora (2022).

O corpo A cede energia térmica ao B, pois a temperatura de A é maior. Sendo assim, a


tendência natural é que o corpo A doe calor até atingir equilíbrio térmico com B. Isso acontece
também em paredes, por exemplo a Figura 02. O lado externo, por ter uma temperatura
maior, doa calor a parte interna da parede, ou seja, ocorre a transferência de calor.

FIGURA 14 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM UMA PAREDE

Fonte: A autora (2022).

Sendo que, T externo > T interno


Tendo o conhecimento do processo de transferência de calor, é importante saber as
formas dessa transmissão de calor.

● Condução
É realizada pelo contato molecular, ou seja, contato entre superfícies. Pode ocorrer
em sólidos, líquidos e gasosos.

● Convecção
Quando os corpos estão em contato molecular, um dele deve ser um fluido. O
processo ocorre em etapas: primeiro ocorre a transmissão pela condução e em seguida,
como houve alteração na temperatura do fluido, este modifica sua densidade, o que provoca
o movimento convectivo.

● Radiação
A radiação ocorre pelo processo de transformação da energia. Uma parte do calor
do corpo com maior temperatura se converte em energia que chega até o corpo de menor
temperatura, sem a necessidade do toque.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 89


Dessa maneira, o material possui uma propriedade chamada “emissividade de
superfícies” que é a capacidade de emissão de energia pela radiação.

TABELA 1 - EMISSIVIDADE DE SUPERFÍCIES


TIPO DE SUPERFÍCIE Ε (EMISSIVIDADE)
Chapa de alumínio (nova) 0,05
Chapa de alumínio oxidada 0,12
Chapa de aço galvanizado 0,25
Caiação nova 0,9
Concreto aparente 0,85/0,95
Telha de barro 0,85/0,95
Tijolo aparente 0,85/0,95
Reboco claro 0,85/0,95
Revestimento asfáltico 0,90/0,98

Vidro comum de janela 0,90/0,95


Pintura branca 0,90
Pintura amarela 0,90
Pintura verde clara 0,90
Pintura alumínio 0,90
Pintura verde escuro 0,90
Pintura vermelha 0,90
Pintura preta 0,90

Fonte: NBR 15220-1:2003.

Quanto maior a emissividade, maior facilidade o material tem de emitir energia por
radiação.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 90


3. ILUMINAÇAO NATURAL

A iluminação natural sempre foi a principal fonte de luz na arquitetura ou em outro


meio. Entretanto, após a descoberta da eletricidade, a invenção da lâmpada e toda a re-
volução industrial, a iluminação se tornou cada vez mais inseparável dos projetos. Sendo
assim, sem ela não seria possível iluminar edifícios com grandes estruturas onde a luz
natural não consegue permear até o ambiente. A Figura 15 exemplifica bem esta fala.

FIGURA 15 - ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL EM ESPAÇOS ENCLAUSURADOS

Fonte: Lamberts (2014, p. 234).

Ainda sobre a invenção da luz artificial, ela possibilitou o ser humano a se locomover
pela noite, dar continuidade em suas atividades que não foram cumpridas durante o dia, ou
ainda se divertir lendo um livro.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 91


É de extrema importância já saber que apesar de todos os benefícios, não é tão
simples empregar a luz artificial de forma eficiente. Um bom projeto de iluminação deve
garantir uma boa visibilidade para que possamos executar as tarefas em segurança.
É importante frisar ainda que o projetista tem o poder de decisão sobre o sistema de
iluminação a ser empregado no edifício. Ao especificar as janelas, cores, volumetria, isso
tudo altera o desempenho da iluminação natural. Dessa maneira, começo citando algumas
alternativas para a iluminação artificial.

3.1 Lâmpadas
As lâmpadas são utilizadas tanto em edificações residenciais como comerciais. Elas
podem ser divididas em dois grupos: as de irradiação por efeito térmico (incandescentes)
ou as de descarga em gases e vapores (fluorescentes, vapor de mercúrio, de sódio, etc.)

3.2 Incandescentes
Essa são a de uso mais comum. Embora a vida útil seja curta, seu custo é
relativamente baixo. O funcionamento é através da elevação da temperatura de um
filamento (geralmente o tungstênio), ao ser submetido à corrente elétrica. O seu tamanho,
o funcionamento imediato e a não necessidade de demais aparelhos são as principais
vantagens deste dispositivo. A desvantagem é sua eficiência luminosa, ela produz muito
calor, e no campo da física, é considerado um desperdício de energia. Além disso, corre
o risco de causar ofuscamento.
Dentro da tipologia de lâmpadas incandescentes, possuímos três tipos: as comuns,
refletoras e halógenas.
● As incandescentes comuns são as mais conhecidas e antigas. Com custo inicial
baixo, a lâmpada funciona ao elevar a temperatura do filamento, o que causa a
evaporação do tungstênio. Muitas vezes, ao repararmos nesses tipos de lâmpadas,
elas não possuem a mesma transparência de antes, ou seja, o tungstênio o
escurece. As figuras 16 e 17 apresenta o exemplo da lâmpada e suas partes.

FIGURA 16 - LÂMPADA INCANDESCENTE COMUM

Fonte: Lamberts (2014, p. 234).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 92


FIGURA 17 - LÂMPADA INCANDESCENTE ILUMINADA

● Lâmpadas espelhadas são aquelas que possuem um refletor interno para


melhorar a direcionalidade da luz. A parte espelhada funciona como uma luminária,
e não precisa de limpeza. Na Figura 18 percebemos as partes da lâmpada e o
ângulo que a parte espelhada forma.

FIGURA 18 - LÂMPADA INCANDESCENTE ESPELHADA

Fonte: Lamberts (2014, p. 234).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 93


● Por fim as lâmpadas halógenas são aquelas que além de possuir os gases tradi-
cionais, um halogênio no interior.
Com a ajuda do bulbo de quartzo, que suporta elevadas temperaturas
evitando assim a condensação, o tungstênio evaporado combina-se com
halogênio. Quando em contato com o filamento, o tungstênio da mistura
é redepositado no filamento e o halogênio continua sua tarefa no ciclo
regenerativo. Estas lâmpadas apresentam um decaimento do fluxo
luminoso muito pequeno, uma maior eficiência, vida útil de 2000 horas e
dimensões bem reduzidas. Algumas lâmpadas halógenas são equipadas
com um refletor multifacetado coberto com uma película dicroica. Trata-se
de um filtro químico que reflete grande parte da radiação visível e transmite
para trás da lâmpada cerca de 65% da radiação infravermelha (térmica),
proporcionando, nesta forma, uma luz mais fria que aquela obtida com
refletores comuns. As lâmpadas halógenas são de 12V e necessitam de
transformadores para uso na rede elétrica (LAMBERTS, 2014, p. 235).

A Figura 19 e a Figura 20 apresenta o exemplo de lâmpada halógena.

FIGURA 19 - ESQUEMA DE LÂMPADA E REFLETOR

Fonte: Lamberts (2014, p. 235).

FIGURA 20- LÂMPADA HALÓGENA

Fonte: Archdaily (2019).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 94


3.3 Descarga gasosa
Outro tipo de lâmpada é a descarga gasosa. Esta classificação inclui as edificações
comerciais e residenciais. Dentro disso, podemos citar as lâmpadas fluorescentes comuns,
as compactas e as lâmpadas de vapor de mercúrio. Essas lâmpadas não possuem filamento,
a luz é produzida pela excitação de gás pelos dois eletrodos.
Uma das desvantagens deste tipo é o efeito estroboscópico que produzem. As
lâmpadas piscam na mesma frequência de tensão de alimentação.

SAIBA MAIS

A reportagem encontrada neste link http://www.brasilmedia.com/Transtornos-convulsivos.html


aborda o conceito das luzes estroboscópicas e como elas afetam a saúde de alguns indivíduos.

Para exemplificar melhor, Lamberts (2014) criou as tabelas abaixo para melhor
explicar a relação das tipologias, e auxiliar o projetista na hora da escolha.

TABELA 1 - ORIENTAÇÃO PARA COMPARAÇÃO E ESCOLHA DE LÂMPADAS

Fonte: Lamberts (2014, p. 240).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 95


TABELA 2 - ORIENTAÇÃO PARA COMPARAÇÃO E ESCOLHA DE LÂMPADAS

Fonte: Lamberts (2014, p. 241).

Comparando as duas tabelas, podemos definir de certa maneira o conteúdo


apresentado até agora na unidade.

3.4 Luminárias
As luminárias são consideradas eficientes quando otimizam o desempenho do
sistema de iluminação artificial. Szokolay (1980) propôs uma equação para avaliar a
eficiência energética (ou FEL) a partir da quantidade de emissão de luz. A equação 02
apresenta esse esquema.
FEL = luz emitida pela luminária (%) luz emitida pela lâmpada

Isso só se explica porque parte da luz emitida pela lâmpada pode ser absorvida
pela luminária, enquanto parte é emitida ao ambiente. Por exemplo a figura 21, em que
apresenta três tipos de luminárias e como os raios luminosos se comportam.

FIGURA 21 - TIPOS DE LUMINÁRIAS

Fonte: Lamberts (2014, p. 241).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 96


Existe ainda uma classificação proposta pelo CIE (Commission Internacionale d’Eclai-
rage) que apresentam uma relação do direcionamento do fluxo luminoso e a iluminação geral.

FIGURA 22 - CLASSIFICAÇÃO DAS LUMINÁRIAS CONFORME A CIE

Fonte: Lamberts (2014, p. 242).

Comparando as luminárias, a Figura 22 apresenta os critérios necessários para


definir a melhor de acordo com a função para o projeto.

3.5 Uso racional da iluminação


O uso da luz natural pode representar economia de energia em um projeto. Além
das janelas, existe a possibilidade de abertura zenital, que acaba valorizando alguns
ambientes. Se não for possível o uso de luz natural, podemos começar substituindo as
lâmpadas incandescentes por fluorescentes comuns ou compactas. Outra maneira de
diminuir o consumo, por exemplo, em um edifício residencial, as escadarias possuírem
sensores que permitem a luz ficar ligada em um curto período de tempo.
Para economizar uma quantidade significativa de energia elétrica, um edifício pode
adotar medidas para que aproveite da melhor forma a luz natural. O ser humano percebe
facilmente quando há a necessidade de iluminação, mas quando esta não é mais necessária,
dificilmente pode-se confiar. Isso acontece devido a facilidade de adaptação dos olhos ao dobro
necessário de luz, dificilmente acharemos ruim as lâmpadas ligadas e as cortinas abertas.
Dessa maneira, justifica-se a necessidade de sistemas de controle automáticos
quando se quer a melhor forma de economizar energia. Podemos citar entre eles os sensores
fotoelétricos, os sensores de presença, os programadores de tempo e os dimmers.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 97


A iluminação, seja natural ou artificial, é de extrema importância para passar
despercebido pelos projetistas. Com a crise energética, a preocupação em tornar a
edificação mais eficiente atingiu o mercado de lâmpadas e luminárias. As mudanças estão
acontecendo gradualmente, trocando materiais que duram mais tempo e iluminam mais.
É necessário sempre pensar que os locais não devem ser extremamente ilumina-
dos ou que falte. Diferentes ambientes, devem ter iluminação diferentes. Um quarto, por
exemplo, não pode possuir o mesmo que uma cozinha.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 98


4. ILUMINAÇÃO NATURAL

Um bom projeto de iluminação natural aproveita ao máximo a luz disponível. As


decisões mais críticas são elencadas nas etapas iniciais de projeto. A luz natural no nosso
país é abundante devido a sua latitude. Sendo assim, quando admitida no interior das
edificações nada mais é do que o conjunto de radiação direta, luz difundida na atmosfera
(ou abóbada celeste) e luz refletida do entorno. Para uma melhor distribuição, deve-se
analisar as seguintes características: disponibilidade de luz natural, obstruções externas,
tamanho, orientação, posição, detalhes de projeto das aberturas, características dos
vidros, tamanho, geometria do recinto e refletividade das superfícies do interior. Sendo
assim, como considerar a posição das janelas? Qual a melhor orientação? Quais os
dispositivos que permitem tal feito?
É muito fácil transformar um edifício que necessita de ajuste em conforto visual
com iluminação artificial. Contudo, para essa solução ser aplicada, aumenta-se o gasto de
energia elétrica, manutenção e quantidade de equipamentos. Visto isso, a iluminação deve
ser prevista por quem elabora o projeto, mas o que torna um diferencial é a capacidade de
trabalhar a iluminação natural e suas cores, orientação, distribuição espacial e etc.
A luz natural está disponível na maior parte do dia, devido a localização do nosso
país no globo terrestre. Mesmo assim, muitas vezes não é explorada adequadamente pela
maioria dos projetos. Isso acontece devido ao baixo conhecimento do profissional sobre os
conceitos básicos necessários para um bom projeto de iluminação e conforto visual.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 99


Uma outra característica muito importante a ser considerada no projeto de iluminação
é a necessidade de conforto térmico e acústico na edificação. A luz infiltra no ambiente por
meio de aberturas, que também permite a passagem de som e calor. Uma janela, por exemplo,
traz a luz natural, a radiação solar, a ventilação natural, ruídos externos, conforto visual,
capacidade de sentir aromas do exterior, ou seja, um elemento extremamente essencial se
combinado a todos os benefícios e malefícios. Então, dependendo do ambiente e da função
arquitetônica da edificação, a iluminação natural deve ser considerada de forma diferente.
Em comparação entre a luz natural e a artificial, a mais desejada em salas comerciais
e escritórios é a natural. Ela possibilita o contato com o exterior, ajuda aliviar a tensão
causada por determinada atividade, além de servir como estímulo ambiental.
Por esses e outros motivos, essa aula será um resumo dos principais conceitos
que envolvem a ciência da iluminação natural, na tentativa de ser um guia simples para os
profissionais que desejam incrementar ao projeto.

4.1 Fontes de luz natural


As fontes encontradas no meio são definidas em luz direta, difusa ou refletida /
indireta. Entre as três, pode-se citar um exemplo respectivamente com o sol, o céu e as
superfícies edificadas. Os dados sobre a iluminação natural no Brasil estão disponíveis
em três estações de medição: em Belo Horizonte, Florianópolis e Natal. Entretanto, é
necessário um mínimo de conhecimento sobre as variações que o céu apresenta, para
usá-la da melhor maneira. As três variações que o céu apresenta são: céu claro, céu
parcialmente encoberto e céu encoberto.
Na maioria dos casos, um céu encoberto, ou nublado, pode ser utilizado para calcular
a iluminação natural, pois assim apresenta a pior condição em termos de quantidade de luz.

4.2 Avaliação da iluminação natural


O conceito de CIN (Contribuição da iluminação natural) foi desenvolvido para
facilitar o processo de identificar a quantidade de luz em um ambiente. A CIN nada mais
é do que a divisão entre a iluminação interior pela iluminação exterior, e é medida em
porcentagem. Um exemplo é uma CIN de 3%, então em um determinado local, quando
a iluminância for de 10000 lux, o nível de iluminação interior será de 500 lux. A figura 23
apresenta um esquema de medição pelo luxímetro.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 100


FIGURA 23 - CIN É DETERMINADA PELA RAZÃO ENTRE A ILUMINAÇÃO EXTERIOR E INTERIOR.

Fonte: Lamberts (2014, p. 153).

REFLITA

Para realizar uma medição, coloca-se o sensor no exterior. Medem-se os dois valores
e acha a CIN por pela divisão de A e B. Ou seja, se em à eram 300 luxes, em B 10.000
lux, tem-se uma CIN de 0,03 ou 3%.
Para exemplificar melhor temos a Equação 1.

EQUAÇÃO 1 - CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL

Em que,
Ep: é a iluminância num plano horizontal em um determinado ponto de um ambiente
interno medido em lux;
Eext: é a iluminância produzida por toda abóbada celeste em um plano horizontal
externo, medido em lux.

Fonte: Lamberts (2014).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 101


Já que entramos no cálculo da quantidade de lux de um ambiente, na Tabela 1,
serão apresentados valores de contribuição da iluminação natural em diferentes espaços
conforme o estudo de Lechner (2009).

TABELA 1 - CONTRIBUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL MÍNIMA TÍPICA


Ambiente Contribuição da Iluminação Natural (%)
Galeria e estúdios de arte 4-6
Fábricas e laboratórios 3-5
Escritórios, salas de aula, ginásios, cozinhas 2
Igrejas, salas de estar, halls, foyers 1
Corredores, quartos de dormir 0,5

Fonte: Lechner (2009, p. 36).

Caso os valores ultrapassem os da tabela, quer dizer que a luz natural presente ao
longo do ano todo será mais que suficiente.
A seguir, serão abordadas algumas diretrizes projetuais para auxiliar na iluminação
natural dos edifícios propostos.

4.3 Pátios e átrios


A forma do edifício determina as possíveis combinações de janelas e aberturas
zenitais. Para uma melhor exemplificação, a figura 24 apresenta locais com a mesma área
total, porém com formas diferentes.

FIGURA 24 - ILUMINAÇÃO NATURAL EM FUNÇÃO DA GEOMETRIA DAS PLANTAS

Fonte: Lamberts (2014, p.155).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 102


A quantidade de luz disponível no átrio depende além da forma, da transparência
da cobertura, da refletância das paredes internas.

4.4 Prateleiras de luz


As prateleiras servem para prevenir o ofuscamento quando colocas acima do nível
do olhar. A janela que fica abaixo da prateleira tem a função de contato visual com o exterior.
Além disso, a prateleira serve como um brise horizontal (Figura 5). As prateleiras têm a função
de melhorar a qualidade de luz natural e facilitar sua penetração mais profunda no ambiente.

FIGURA 25 - PRATELEIRAS DE LUZ

Fonte: Lamberts (2014, p. 156).

4.5 Cores
As cores claras são as que melhor refletem a luz para o edifício. A utilização
de telhados claros pode aumentar a luz que as aberturas no teto permitem. A figura 26
apresenta um exemplo de sequência de refletâncias em superfícies internas.

FIGURA 26 - REFLETÂNCIAS IDEIAS PARA SUPERFÍCIES INTERNAS EM FUNÇÃO DA


POSIÇÃO DA JANELA

Fonte: Lamberts (2014, p. 157).

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 103


4.6 Distribuição e posicionamento de janelas
A penetração da luz natural pelas janelas aumenta conforme a altura ou a presença
de prateleiras de luz. Quanto mais alta a janela, maior a quantidade de luz que entra. Entre
as janelas horizontais e verticais, as horizontais são as que distribuem melhor a luz. A
relação entre a área do piso e da janela não deve exceder 20% porque aí já influencia na
transmitância térmica (Figura 27).

FIGURA 27 - ÁREA DA JANELA EM FUNÇÃO DO PISO

Fonte: Lamberts (2014, p. 157).

Sempre que for possível, a melhor iluminação para um ambiente é quando temos
mais do que uma janela. Isso é o que caracteriza uma iluminação bilateral, caso exista
duas, por exemplo. Ao posicionarmos elas de diferentes modos, diminuímos a área de
sombra, ou seja, diminui a área de contraste.

4.7 Orientação
Entre as orientações, a que melhor apresenta iluminação natural é norte. Essa
posição permite a incidência mais frequente da luz solar direta. Apesar da radiação solar
trazer calor para edificação, essa orientação é fácil de sombrear.
A segunda melhor orientação é a sul, devido a constância da luz. Embora comparada
a face norte a quantidade de luz é menor, a qualidade é alta, pois recebe menos luz direta
e assim diminuindo problemas de ofuscamento. Caso precise de proteção, também é uma
face de fácil sombreamento.
As faces leste e oeste são as piores. Elas recebem a luz solar direta com intensidade
alta no verão e baixa no inverno, o que dificulta o projeto de proteção solar, já que existe
uma variedade de ângulos. A Figura 28 sintetiza essas indicações.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 104


FIGURA 28 - PLANTA IDEAL EM TERMOS DE ORIENTAÇÃO E LUZ NATURAL

Fonte: Lamberts (2014, p. 158).

As faces leste e oeste não possuem aberturas.

4.8 Iluminação zenital


De acordo com a NBR 15215-1:2005 é conceituada como “porção de luz natural
produzida pela luz que entra através dos fechamentos superiores dos espaços internos”
(ABNT, 2005, p. 07). As vantagens deste tipo de iluminação é a permissão de iluminação mais
uniforme do que a das janelas, e recebe muito mais luz natural ao longo do dia. A principal
desvantagem é a dificuldade de projetar proteções. Por este motivo, o uso da iluminação
zenital deve sempre tomar cuidado. A Figura 29 apresenta alguns tipos deste elemento.

FIGURA 29 - TIPOS DE ILUMINAÇÃO ZENITAL

Fonte: Lamberts (2014, p. 159).

Os domos são fontes de iluminação zenital construídas por meio de aberturas


transparentes no telhado. O maior problema deste tipo é o calor que permite passar
pela estrutura. As claraboias são utilizadas no lugar dos domos sempre que for possível.
Possuem a mesma função, a diferença fica que a segunda é sombreada, e se projetada
corretamente, permitem uma melhor distribuição da luz ao longo do ano. Para identificar
a melhor orientação desta estrutura, servem as mesmas abordadas nas janelas. A
desvantagem das claraboias é que não permitem enxergar o céu, então dependendo que
quer no projeto, verifique as duas tipologias apresentadas.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 105


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância de se projetar locais capazes de aproveitar a luz natural vai muito


além da economia de energia com a iluminação artificial. Permanecer em ambientes que
recebem pouca ou nenhuma luz solar pode ser prejudicial à saúde. O corpo humano é
“programado” para uma melhor ativação no meio da luz natural. Para isso, para aproveitar
o máximo deste meio, deve tomar conhecimento de todas as alternativas na fase de
projeto. Sempre se atentar ao clima, a quantidade de luz, orientação, quantidade de horas
que são fornecidas, etc.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 106


LEITURA COMPLEMENTAR

Normativas brasileiras da iluminação natural

No Brasil, as normas brasileiras que podem ser aplicáveis ao projeto de iluminação são:
● NBR 5461:1991 - Iluminação: terminologia
● NBR 5413:1992 - Iluminância de interiores: procedimento
● NBR 5382:1985 - Verificação de iluminância de interiores: procedimento
● NBR:15215:2004 - Iluminação natural - Parte 1: conceitos básicos e definições
● NBR:15215:2004 - Iluminação natural - Parte 2: procedimentos de cálculo para a
estimativa da disponibilidade de luz natural
● NBR:15215:2004 - Iluminação natural - Parte 3: procedimento de cálculo para a
determinação da iluminação natural em ambientes internos
● NBR:15215:2004 - Iluminação natural - Parte 4: verificação experimental das
condições de iluminação interna de edificações - método de medição

Das normas, a NBR 15215 é a mais atual e melhor discriminada. A parte 01


complementa os conceitos que a NBR 5461 traz. A parte 02 estabelece procedimentos
estimativos de cálculo da disponibilidade de luz natural em planos verticais e horizontais
no exterior para condições de céu claro, encoberto ou parcialmente encoberto. A parte 03
estabelece procedimentos de cálculo para estimar a disponibilidade de iluminação natural
no interior. A parte 4 apresenta os métodos de verificação experimental.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 107


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Conforto ambiental- iluminação, cores, ergonomia,
paisagismo e critériso para projetos
Autor: Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro
Editora: Eixos
Sinopse: Em suas páginas, o autor aborda elementos essenciais
e variáveis do conforto. Apresenta ainda a teoria das cores e a
sua relação com a segurança do trabalho. É importante o aluno
se atentar as variáveis que o autor traz, sendo de fácil leitura e
compreensão.

FILME/VÍDEO
Título: Abstract - Série Netflix
Ano: 2017.
Sinopse: A série é formada por vários episódios específicos com
um profissional. Entre eles, podemos citar um arquiteto, design,
design de interiores. Eles mostram como desenvolveram produtos
e quais seus objetivos de projeto. Essa série amplia a nossa visão
de mundo e das coisas.

UNIDADE IV Recursos do Conforto Ambiental 108


REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12179: Tratamento


Acústico em Recintos Fechados. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: Níveis de


ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro: ABNT, 2000.

ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). NBR-15220 2:2005.

Desempenho térmico de edificações. Parte 2: Métodos de cálculo da transmitância


térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos e
componentes de edificação.

Desempenho térmico de edificações. Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e


diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social.

ANDRADE, J. M. F. M de. Caracterização do conforto acústico em escolas. Dissertação


(Mestrado Integrado em Engenharia Civil). Faculdade de Engenharia da Universidade do
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Definições. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro, 2004.

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114
CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) acadêmico (a),

Escrever um livro não é fácil, e encerrá-lo só deixa a impressão que existe muitos
outros assuntos a serem explorados. Como todo texto precisa de um ponto final, então
começo o desfecho.
Espero que por meio do livro, você tenha agora a capacidade de entender o quão
fundamental é conforto ambiental. Que por meio destas páginas, caro leitor, você tenha
adquirido novas expressões e conceitos sobre esse nosso universo.
Fico na expectativa de ter feito você compreender as diferenças entre os tipos de
confortos e suas principais peculiaridades. Além disso, quero que depois de todo o conhecimento
adquirido, ao observar a paisagem e construções, note a influência desses aspectos.
Espero que você, aluno(a), tenha compreendido a importância dessas áreas para
a formação do arquiteto e urbanista e que tenha despertado o pesquisador que existe
dentro de você.

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+55 (44) 3045 9898
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