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Expressão Gráfica e

Desenho Universal
Professora Esp. Giovanna Renzetti
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

R424e Renzetti, Giovanna


Expressão gráfica e desenho universal / Giovanna Renzetti.
Paranavaí: EduFatecie, 2021.
99 p. : il. Color.

1. Desenho arquitetônico. 2. Desenho universal. 3. Arquitetura


Centro Universitário Unifatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III.
Título.

CDD : 23 ed. 720.284


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

UNIFATECIE Unidade 1
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Diretor de Ensino (44) 3045-9898
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Rua Getúlio Vargas, 333
Diretor Administrativo Centro, Paranavaí, PR
Prof. Ms. Renato Valença Correia (44) 3045-9898

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Coord. de Ensino, Pesquisa e UNIFATECIE Unidade 3


Extensão - CONPEX Rua Getúlio Vargas, 333
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(44) 3045-9898
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Coordenação Adjunta de Extensão Centro, Paranavaí, PR
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Coordenador NEAD - Núcleo de


Educação à Distância
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www.unifatecie.edu.br/site
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Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
AUTORA

Professora Esp. Giovanna Renzetti

Atua como arquiteta no escritório Dellas Arquitetura e Interiores, onde desenvolve a


parte criativa de projetos residenciais e comerciais e também elabora projetos executivos.
Membro do grupo de pesquisa “Ideias e modelos de arquitetura e urbanismo no Paraná” da
Universidade Estadual de Maringá (UEM) e do grupo de pesquisa “Poéticas da Arquitetura
de Interiores: 4 estudos” do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Estadual de Londrina (UEL).

● Arquiteta e Urbanista
● Mestranda em Metodologia do Projeto Arquitetônico com enfoque em Refe-
rências Projetuais: história, modelos e ideias pela Universidade Estadual de
Londrina (UEL) e Universidade Estadual de Maringá (UEM)
● Especialista em Projeto Arquitetônico: Composição e Tecnologia do Ambiente
Construído pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
● Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela PUCPR (Pontifícia Universidade
Católica do Paraná)

http://lattes.cnpq.br/5329007871283195
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Representação Gráfica e


Desenho Universal!
Nesta disciplina iremos nos familiarizar com a importância da representação gráfica
na apresentação de um produto e/ou projeto de arquitetura e engenharia. Nos aprofun-
daremos nos diferentes tipos de representações e descobriremos a importância dessa
ferramenta no desenvolvimento de uma ideia.
A representação gráfica evoluiu aos longos dos anos, e, atualmente, é dominada
pelos softwares digitais, os quais possibilitam representar um produto com maior detalha-
mento. Dessa forma, convido vocês a aprendermos desde a maneira mais embrionária
de representação – o desenho à mão livre – até às técnicas mais atuais – representação
computacional 2D.
Além das técnicas de expressão gráfica, também chamo vocês a conhecerem os
conceitos básicos do desenho universal, as normas de acessibilidade e o desenvolvimento
de soluções de projeto inclusivas. Esses conteúdos se dividirão em quatro unidades que
serão apresentadas a seguir.
Na unidade I, vamos aprender sobre os instrumentos e técnicas de desenho, quais
são e como manuseá-los, como desenvolver desenhos à mão livre e noções de perspectiva.
Na nossa unidade II iremos nos familiarizar com normas de desenho e representa-
ção gráfica – plantas, cortes e elevações – simbologias e normas projetuais. Fundamentos
de extrema importância para a elaboração e compreensão de desenhos técnicos.
Já na nossa unidade III, você aprenderá os principais comandos do software com-
putacional 2D AutoCad. Desde a representação da primeira linha, até a concepção final do
objeto e sua diagramação na prancha de apresentação.
Por fim, na unidade IV, veremos os conceitos e normas do desenho universal, sua
aplicação nos projetos de engenharia e arquitetura, bem como a importância desses pre-
ceitos para um mundo mais integrado, inclusivo e acessível.
Meu desejo é que ao final desta disciplina você se sinta seguro para desenvolver
objetos e projetos de engenharia e arquitetura de acordo com as técnicas de desenho
aprendidas, além de manusear o programa computacional AutoCad com certa habilidade
e saber ler e interpretar desenhos e projetos técnicos. Espero que o conteúdo aprendido
nesta disciplina te guie e te ajude no desenrolar da sua carreira estudantil e profissional.

Agradeço a atenção e bons estudos!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Desenho Arquitetônico

UNIDADE II.................................................................................................... 29
Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de
Objetos de Engenharia e Arquitetura

UNIDADE III................................................................................................... 54
Ferramentas e Comandos da Representação Computacional

UNIDADE IV................................................................................................... 76
Desenho Universal
UNIDADE I
Desenho Arquitetônico
Professor Esp. Giovanna Renzetti

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições de instrumentos e materiais de desenho;
● Breve histórico sobre linhas e traços;
● Assimilação dos conceitos de desenho de observação;
● Campos de estudo dos tipos de perspectivas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o que é representação gráfica;
● Compreender os princípios do desenho técnico;
● Estabelecer a importância do desenho à mão livre e perspectivas.

3
INTRODUÇÃO

Para entrarmos a fundo no estudo da representação gráfica, a qual dá o nome


a esta disciplina, é preciso antes revisarmos alguns conceitos para compreendermos os
elementos que combinados representam graficamente um projeto de arquitetura.
Para isso, precisamos entender que a representação gráfica nada mais é que um
desenho bidimensional que tem como intenção representar o espaço tridimensional. Por-
tanto, tanto o autor do desenho quanto o receptor precisam estar treinados para lerem um
desenho técnico, ou seja, uma linguagem de expressão própria de projeto.
E para tal, precisamos revisar, primeiramente, o que é o desenho e qual sua finali-
dade, para posteriormente aprendermos as ferramentas de linguagem do desenho arquite-
tônico. Outro ponto que não podemos esquecer, é que todo tipo de representação gráfica
é regido por normas, para que qualquer pessoa apta para isso consiga ler e interpretar o
projeto. Sendo assim, também estudaremos quais instituições regem essas normas e quais
são as necessárias para realizarmos um desenho técnico coerente.
Segundo Ching (2012), desenhar é o ato de representar aquilo que se deseja, po-
dendo ser um objeto, ou uma paisagem, através de ferramentas como linhas e/ou pontos.
É expressar ideias e percepções visuais. O desenho é a ferramenta pela qual o homem
se comunica não só artisticamente como também de maneira prática, como é o caso dos
projetos de arquitetura.

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 4


1. INSTRUMENTOS E MATERIAIS DE DESENHO

O desenho na arquitetura e engenharia tem a função de representar os elementos


de um projeto, por meio de diferentes formas e dimensões, chegando ao mais próximo
da representação real. É por meio de símbolos e diferentes técnicas que o profissional
exterioriza seus pensamentos e ideias. Em outros termos, é um meio de comunicação.
Agora que já temos uma ideia do que é o desenho, conseguimos reforçar o que é a
representação gráfica, a qual sabemos estar atrelada ao desenho. Desse modo, concluímos
que é um tipo de linguagem de expressão que tem como objetivo representar um objeto, ou
um projeto de arquitetura, por meio de normas e técnicas de desenho.
Assim, nos é claro que precisamos aprender a nos expressar por meio de dese-
nhos a fim de darmos vida a um projeto arquitetônico. E reforço aqui, que em um primeiro
momento, é importante sabermos transmitir uma ideia por meio de esboços e croquis,
ou seja, por meio do desenho a mão livre, para depois passarmos o desenho a limpo, de
forma técnica.
Antes de mais nada, para podermos desenvolver um desenho precisamos saber
quais materiais utilizar e como usá-los, e é pensando nisso que a seguir vamos aprender
quais os tipos de ferramentas para desenvolver um desenho, tanto de observação (desenho
artístico), quanto técnico.

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 5


O primeiro passo para iniciar um desenho é ter uma superfície de apoio, podendo
ser uma mesa de estudo, ou, uma prancheta própria para desenho, como podemos ver a
seguir:

FIGURA 1 - PRANCHETA DE DESENHO

Fonte: Montenegro, 2007, p. 3.

O tampo da prancheta serve como suporte para a folha do desenho, sua inclinação
depende da posição que é confortável para cada usuário.
Depois de definido o local de apoio para o papel, precisamos nos familiarizar com
os instrumentos que nos permitem realizar um desenho, assim sendo, existem dois tipos de
ferramentas aptas para tal: lápis e lapiseiras.
Os lápis cumprem bem a atividade do desenho, apresentando variações adequadas
para cada tipo de representação, com diferentes espessuras de grafites, que comumente
são classificadas pelas letras H e B:
- HB: suave; para traçar linhas grossas e fortes, geralmente utilizado para repre-
sentar estruturas;
- FH: médio; usado para traçar linhas com intensidade mediana, como objetos e
indicações no desenho;
- 2H: médio intenso; utilizado para traçar a versão final do desenho;
- 4H: duro; indicado para desenhar layouts de projeto.

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FIGURA 2 - LÁPIS

Fonte: Ching, 2017, p. 2

A outra ferramenta disponível para a realização de desenhos é a lapiseira, mais in-


dicada no nosso caso que precisamos desenvolver desenhos técnicos. Mais comum ainda
são as lapiseiras de mina fina, sendo elas: 0,3; 0,5; 0,7; 0,9 mm. Cada espessura de cada
mina é usada para representar elementos diferentes de um projeto ou objeto, como iremos
aprender mais para frente. Por ora, o necessário é que a extremidade da lapiseira seja de
aço, para segurar bem o grafite e deslizar pela régua e o esquadro.

FIGURA 3 - LAPISEIRA E ESPESSURA DE LINHAS

Fonte: Ching, 2017, p. 2

O próximo passo é traçar as primeiras linhas do desenho, para isso, existem algu-
mas ferramentas que auxiliam na realização de linhas retas e paralelas, sendo elas
- Régua T: instrumento que apresenta um apoio vertical em uma de suas extremi-
dades e serve para traçar linhas horizontais. Também é utilizada para apoio de esquadros
para o desenho de linhas verticais.

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FIGURA 4 - RÉGUA TÊ

Fonte: Montenegro, 2017, p. 14

- Régua paralela: tem a mesma função da régua T – traçar linhas horizontais e paralelas -
no entanto, seu apoio funciona de maneira diferente, sendo presa por fios perpendiculares
à posição da régua permitindo seu deslizamento para cima e para baixo na prancheta.

FIGURA 5 - RÉGUA PARALELA

Fonte: Montenegro, 2017, p. 14

Agora que já sabemos como traçar linhas horizontais, e paralelas à folha do


desenho, é necessário aprendermos a desenhar as linhas verticais que fazem parte da
composição de um objeto ou projeto. Para isso, também existem instrumentos de desenho
específicos, sendo o principal deles, os esquadros.
Os esquadros são instrumentos de desenho utilizados para guiar o traçado
de linhas verticais e linhas em ângulos específicos. Eles têm um ângulo reto
e dois de 45 ou um ângulo de 30 e outro de 60. Os esquadros são feitos de
acrílico transparente resistente a riscos e que não amarela, permitindo uma
visão transparente não distorcida do trabalho que está por baixo. (CHING,
2017, p. 7).

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FIGURA 6 - ESQUADROS

Fonte: Montenegro, 2007, p. 6.

As réguas e os esquadros são usados em conjunto na concepção de um desenho


técnico, dessa forma, a imagem abaixa ilustra como se deve manusear os dois instrumentos:

FIGURA 7 - DESENHANDO COM ESQUADROS

Fonte: Montenegro, 2017, p. 19.

O próximo instrumento de desenho a ser introduzido é o compasso. Com ele que


realizamos as circunferências e semicircunferências do desenho técnico, a partir de uma
ponta afiada e fixada ao papel e outra extremidade articulada que traça círculos de diferen-
tes tamanhos, como exemplificado abaixo:

FIGURA 8 - MOVIMENTO DO COMPASSO

Fonte: Montenegro, 2017, p. 20.

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O último instrumento apresentado aqui para conseguirmos realizar um desenho
técnico, além da borracha que é indispensável, são os escalímetros. Segundo Ching (2017,
p. 12) a escala “refere-se a uma proporção que determina a relação entre uma representa-
ção e o tamanho real daquilo que é representado”, ou seja, cada escala indica o tamanho
que o objeto ou projeto apresenta em sua representação real. O escalímetro comumente
utilizado em projetos de engenharia e arquitetura é o de 6 lados, onde cada lado apresenta
uma escala, sendo elas: 1:20;1:25;1:50;1:75;1:100 e 1:125.

FIGURA 9 - ESCALÍMETRO

Fonte: Montenegro, 2017, p. 5

Por exemplo, na escala 1:100 cada 1 cm do desenho representa 100 cm do objeto


em sua forma real. Se o profissional deseja representar uma parede de 20m na escala 1:50,
utilizamos a determinada fórmula a seguir: E = d/D em que:
E = a escala que se deseja
D = medida real do projeto
d = medida convertida para a escala
Assim: 1/50 = d/20
50d = 20
d= 20/50 = 0,4m ou 40 cm
Ou seja, a parede de 20m convertida na escala de 1:50 representa 40 cm no
desenho.

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2. LINHAS E TRAÇOS

Agora que já conhecemos os principais instrumentos de desenho técnico, nossa


próxima etapa consiste em realizar os primeiros traços. Para isso, existem normas que de-
vemos seguir, como já mencionado acima, pois o desenho deve ser padronizado e inteligível
para qualquer pessoa que entende do assunto. À vista disso, no Brasil, precisamos seguir
as normas de desenho impostas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),
para representações de projetos e produtos essas normas são organizadas sob o escopo
de NBR (Norma Técnica Brasileira) e são diversas.
Na próxima unidade aprenderemos mais a fundo sobre as NBR ‘s para representa-
ção gráfica, por ora, vamos estudar os tipos de linhas e suas finalidades no desenvolvimento
de projetos e objetos. É importante lembrar que o assunto abordado adiante está dentro
dessas normas técnicas.
A linha é o elemento principal do desenho, ela determina como cada elemento do
projeto deve ser representado. Dito isso, existem diferentes tipos de linhas de diferentes
dimensões, cada uma com uma função particular dentro do desenho técnico. A seguir,
aprenderemos os diferentes tipos, suas funções e espessuras, por isso a importância das
diferentes minas do grafite.

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TABELA 10 - FINALIDADE DE CADA TIPO DE LINHA

Fonte: Produzido pela autora.

É significativo ressaltar que existem outras linhas além dessas com funções
distintas, as representadas no exemplo acima são as mais comuns e utilizadas. A NBR
que define os tipos e espessuras dos traços é a 16861, portanto, para dúvidas e aprofun-
damento de seu conhecimento é importante realizar a consulta do documento que pode
ser encontrado on-line.

FIGURA 11 - MOVIMENTO DO DESENHO

Fonte: Ching, 2017, p. 18.

Esteja com a mão relaxada quando for desenhar, segure o lápis um pouco acima da
ponta e faça traços contínuos, controlando seus movimentos com o braço e com os dedos,
como ilustra a imagem acima.

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3. DESENHO DE OBSERVAÇÃO

Como visto anteriormente, o desenho técnico é regido por inúmeros instrumentos


e normas, a fim de representar no plano bidimensional um objeto ou projeto tridimensional.
O que aprenderemos a seguir, no entanto, afasta-se das regras da representação técnica e
nos aproxima da representação artística. O assunto abordado é o desenho de observação,
ou seja, o desenho à mão livre.
Como o nome já diz, o desenho de observação é uma expressão de um objeto,
cena, edificação que se está vendo. E a partir da visão desse elemento, o autor se expressa
por meio de traços e texturas, dando forma àquilo que se observa. Sua importância consiste
em permitir ao profissional exprimir uma ideia que posteriormente pode desenvolver o con-
ceito de um projeto ou um produto.
Diferentemente do desenho técnico que é regido por normas, o desenho a mão
livre apresenta algumas convenções para ser executado da melhor maneira possível. E são
essas convenções que aprenderemos na sequência.
Quando a imagem de um objeto ou cena é transportada para o papel, é importante
que o autor do desenho leve em consideração os princípios de composição, em outras
palavras, o enquadramento correto do desenho à folha.
“O primeiro fundamento a ser abordado no aprendizado do desenho é a compo-
sição, porque, antes de medir as proporções ou verificar as formas de um objeto a ser
desenhado, precisamos saber colocar um desenho num espaço, conhecer as propriedades
desse espaço e como o olho reage a ele” (HALLWELLl, 2006, p. 15).

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FIGURA 12 - ENQUADRAMENTO

Fonte: Hallwell, 2006, p.14.

Para desenvolver um desenho é preciso estabelecer relações de distância com a


cena que será representada, a fim de criar noções de profundidade. Para isso, utiliza-se
o fundamento das regiões pictóricas, sendo elas: primeiro plano, segundo plano e fundo.
Como podemos observar na imagem abaixo:

FIGURA 13 - PLANOS DO DESENHO

Fonte: Ching, 2017, p. 228.

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Levando em consideração que sabemos alguns dos princípios básicos da compo-
sição do desenho à mão livre, como dimensão do desenho no papel e os planos de fundos
que fornecem noções de profundidade, o próximo passo é estabelecermos outras técnicas
utilizadas para a realização de um bom desenho artístico, como por exemplo, as texturas e
os efeitos de luz e sombra.
As texturas servem para aproximar o desenho da representação real de seus ele-
mentos, já os princípios de luz e sombra auxiliam na transmissão do efeito de profundidade
àquilo que está se representando. Na imagem abaixo conseguimos observar os efeitos de
claro e escuro de um objeto desenhado, tendo sempre em base a direção da luz incidente.

FIGURA 14 - ESTUDO DE SOMBRAS

Fonte: Ching, 2017, p. 178

Resumidamente observamos dois tipos de sombra, a sombra do volume em si,


na parte oposta de onde a luz está incidindo e a sombra projetada pelo próprio objeto.
Enfatiza-se que a representação de luz e sombra, bem como a de texturas, deve acontecer
de forma gradual, ou seja, em uma escala de tons. Esses tons são expressos pelas áreas
de maior e menor iluminação do objeto.
A forma mais comum de representar os valores tonais são as hachuras paralelas.
Hachura significa linhas paralelas ou cruzadas, comumente usada em desenhos e gravuras
fornecendo o efeito de sombreado. No desenho de observação traçamos as texturas em
um mesmo sentido, conferindo qualidade ao desenho, por isso o nome “paralelas”. Como
mostra a imagem a seguir:

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FIGURA 15 - NUANCES DO GRAFITE

Fonte: Ching, 2017, p. 156

FIGURA 16 - EXEMPLO DE HACHURA EM CORTE DE PEÇA MECÂNICA

Fonte: Catapan, 2014, p. 12

Levando em consideração as técnicas de desenho aprendidas até aqui, nosso


próximo tópico abordará o desenho em perspectiva. É importante lembrar que as novas
técnicas a serem introduzidas também auxiliam em um bom desenvolvimento de desenho
à mão livre e vice-versa.

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4. TIPOS DE PERSPECTIVAS

De acordo com o que foi visto anteriormente, a perspectiva é uma técnica utilizada
por arquitetos e engenheiros para representar em um plano bidimensional um objeto ou
construção tridimensional. Dividimos essas perspectivas em duas categorias, cônicas e ci-
líndricas. O que aprenderemos a seguir é que essas representações acontecem por meio
de projeções, ou seja, projetamos os três eixos dimensionais em um plano bidimensional.

FIGURA 17 - PROJEÇÕES

Fonte: Produzido pela autora.

A imagem abaixo demonstra como nossos olhos enxergam na perspectiva cônica


(esquerda) e na perspectiva cilíndrica (direita).

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FIGURA 18 - TIPOS DE PERSPECTIVAS

Fonte: Ribeiro, 2015, p. 6

Essas projeções podem ser de duas formas quando falamos de perspectiva cilíndri-
ca (oblíqua ou ortogonal) e cada uma dessas formas define diferentes tipos de perspectivas.
À vista de aprendermos os tipos de perspectivas, precisamos antes entender os tipos de
projeções, e, para isso, veremos na sequência as ferramentas em que se aplicam esse
método de representação gráfica.

FIGURA 19 - PLANO DE PROJEÇÃO

Fonte: Ribero, 2015, p. 4

Acima vemos os elementos fundamentais de uma projeção: plano de projeção, pon-


to do objeto, reta projetante e projeção do ponto. A reta projetante é aquela que tangencia
os pontos do objeto e intersecta o plano de projeção. Isso pode ocorrer de duas maneiras,
de modo que as retas interceptam o plano de projeção de forma oblíqua ou ortogonal.
Para esse tipo de perspectiva, damos o nome de projeção cilíndrica, ou de retas
paralelas, em que as retas projetantes são paralelas entre si e são infinitas, cada reta tem
seu próprio ponto de fuga.

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 18


No tipo de projeção cilíndrica oblíqua definimos a perspectiva cavalera, na qual
a direção das retas projetantes forma um ângulo diferente de 90° no plano de projeção.
Nesse tipo de perspectiva, o objeto ainda apresenta uma face paralela ao plano de projeção
enquanto suas demais faces são distorcidas, tendo em base o ângulo escolhido.

FIGURA 20 - PERSPECTIVA CAVALERA

Fonte: Gianpietro, 2014, p. 24.

FIGURA 21 - PERSPECTIVAS CAVALERA

Fonte: Ribeiro, 2015, p. 8

Já a partir da projeção cilíndrica ortogonal se formam as projeções axonométri-


cas, nas quais as retas projetantes encontram o plano de projeção a 90°e nenhuma das
faces do objeto são paralelas a ele. Dentro desse grupo estão as projeções isométricas,
dimétricas e trimétricas.
- Nas projeções isométricas todos os lados do objeto apresentam a mesma ênfase.
E a profundidade, altura e largura do objeto tem a mesma distância entre si 120°.

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 19


FIGURA 22 - PROJEÇÃO ISOMÉTRICA

Fonte: Ribeiro, 2015, p. 11

- As projeções dimétricas apresentam dois ângulos iguais e um diferente.

FIGURA 23 - PROJEÇÃO DIMÉTRICA

Fonte: Ribeiro, 2015, p .11

- As projeções trimétricas têm todos os ângulos diferentes entre si. Os lados não
apresentam o mesmo destaque.

FIGURA 24 - PROJEÇÃO TRIMÉTRICA

Fonte: Ribeiro, 2015, p. 11

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 20


As perspectivas cilíndricas servem como um rápido meio de representação de
objetos, peças mecânicas, hidráulicas e mobiliário. Possibilitando uma visualização mais
próxima do real de uma ideia. Dando continuidade ao nosso conteúdo, aprenderemos em
seguida sobre as perspectivas cônicas, as quais são comumente utilizadas para direcionar
o desenho de observação, auxiliando na representação de construções e paisagens.
A fim de realizarmos uma perspectiva cônica, também conhecida como perspectiva
dos pontos de fuga, precisamos antes nos familiarizar com alguns conceitos que regem
esse tipo de representação. Reforça-se, prontamente, que nesse tipo de projeção os raios
projetantes convergem entre si, não sendo paralelos, como ilustra a figura abaixo.

FIGURA 25 - PERSPECTIVA CÔNICA

Fonte: Como desenhar bem feito. Disponível em: https://gdartes.com.br/como-desenhar-

em-perspectiva-com-1-ponto-de-fuga/. Acesso em 13 de jul. 2021.

Alguns dos conceitos que abordaremos com o propósito de realizarmos uma pers-
pectiva cônica são a linha do horizonte, ponto de vista (ou de fuga), plano de terra, quadro,
altura do observador e linha de terra. A imagem a seguir sintetiza como esses conceitos se
aplicam em uma situação de projeção de retas convergentes.

FIGURA 26 - FERRAMENTAS DE REPRESENTAÇÃO

Fonte: Quizlet, 2021. Disponível em: https://quizlet.com/br/520785017/perspectiva-conica-

metodo-das-tres-escalas-flash-cards/. Acesso em 12 de jul. de 2021.

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 21


- Plano de terra (PT): ou plano geometral, é o plano em que se encontra o observador;
- Linha do horizonte (LH): é a linha imaginária determinada pela altura dos olhos do
observador; é uma reta que delimita nosso campo de visão;
- Quadro (Q): é o plano que separa o observador do objeto observado e onde tam-
bém será representado esse objeto;
- Linha de terra (LT): é a linha de interseção entre o quadro (Q) e o plano de terra (PT);
- Altura do observador: distância entre o plano de terra (PT) e a linha do horizonte
(LH); é importante lembrar que a posição do observador em relação ao objeto é determinante
para o aspecto final da perspectiva.
- Ponto de fuga (PF) ou ponto de vista (PV): para onde as linhas projetantes se
convergem, ou seja, para um ponto em comum.
A partir desses conceitos conseguimos realizar uma perspectiva cônica, com um,
dois ou três pontos de fuga, a partir da projeção de retas que convergem entre si, como será
exemplificado em sequência. Resumidamente:
Em qualquer objeto retilíneo, como um cubo, cada um dos três principais
conjuntos de retas paralelas tem o próprio ponto de fuga. Com base neste
conjunto de retas principais, existem três tipos de perspectivas cônicas: um,
dois ou três pontos de fuga. O que distingue cada tipo é simplesmente o
ângulo de visão do observador em relação ao objeto. O objeto não muda,
apenas nossa visão a respeito dele e a maneira como os conjuntos de retas
paralelas parecerão convergir na perspectiva cônica. (CHING, 2017, p. 121).

- Perspectiva com 1 ponto de fuga: é quando visualizamos o objeto de frente, com


nosso eixo central de visão. A face frontal da figura não sofre distorção, enquanto a face que
é vista de cima sofre afunilamento em direção ao ponto de fuga.

FIGURA 27 - PERSPECTIVA UM PONTO DE FUGA

Fonte: Ribeiro, 2015, p. 15

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 22


FIGURA 28 - LINHA DO HORIZONTE

Fonte: Organize c. Disponível em: https://organizec.weebly.com/ativ-4-ndash-ponto-de-vista.html.

Acesso em 12 de jul. 2021

Na figura acima conseguimos perceber com mais clareza o alinhamento do ponto


de visão do observador com a linha do horizonte, onde está localizado o ponto de fuga das
vias representadas no desenho.
- Perspectiva com 2 pontos de fuga: os dois pontos estão alinhados entre si na
linha do horizonte, o observador enxerga o objeto de forma oblíqua. As linhas verticais são
paralelas entre si, já as linhas de profundidade e largura sofrem distorções (afunilamento)
em direção aos pontos de fuga, como ilustra a imagem abaixo.

FIGURA 29 - PERSPECTIVA DOIS PONTOS DE FUGA

Fonte: Ribeiro, 2015, p. 16

- Perspectiva com 3 pontos de fuga: é quando vemos um objeto ou de cima ou de


baixo; em adição aos dois pontos de fuga laterais temos mais um acima ou abaixo da linha
do horizonte.

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 23


FIGURA 30 - PERSPECTIVA TRÊS PONTOS DE FUGA

Fonte: Ribeiro, 2015, p. 16

As perspectivas cônicas são geralmente utilizadas para ilustrar construções e au-


xiliar no desenho de observação, tendo em vista de que o que rege os diferentes tipos de
projeções é a posição do observador em relação a cena ou objeto a ser ilustrado.

SAIBA MAIS

Apesar dos avanços acelerados e constantes da tecnologia de representação gráfica


por computador, desenhar à mão livre segurando um lápis ou uma caneta ainda é o
meio mais intuitivo para registrar graficamente observações, ideias e experiências. A
natureza tátil e cinestésica do desenho à mão livre, como resposta direta aos sentidos
aguça nossa percepção no presente e nos permite coletar memórias visuais do passa-
do. O desenho à mão livre também nos dá o poder de iniciar e trabalhar livremente em
ideias de um possível futuro que temos em mente.

Fonte: CHING, Francis, 2017, p. 217

REFLITA

“A linha é um ponto que saiu para passear.”

Paul Klee.

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 24


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Começamos nossos estudos aprendendo sobre os diferentes instrumentos utiliza-


dos para a realização de um desenho técnico, e logo em seguida nos familiarizamos com
os tipos de linhas que regem esse desenho. Percebemos que cada ferramenta deve ser
manuseada de maneira própria e com movimentos adequados.
Conhecemos os princípios básicos do desenho à mão livre e seus acabamentos,
como luz, sombra e textura, e concluímos sua importância para expressar uma ideia de
projeto preliminar. Nos deparamos com alguns preceitos que auxiliam no desenvolvimento
do desenho de observação, tanto de enquadramento quanto de incisão da luz.
Logo após mergulhamos no conteúdo sobre perspectivas, percebendo que os con-
ceitos estudados auxiliam não só nas projeções realizadas com instrumentos de desenho
como também no desenho de observação. Nesse enfoque, tomamos conhecimento sobre
dois tipos de perspectivas: cilíndrica e cônica, levando em consideração que a partir de
diferentes projeções criamos diferentes representações de um mesmo objeto ou figura.
Desejo que essa unidade tenha reforçado a importância das técnicas de desenho
e representação gráfica, servindo de apoio para os assuntos que serão abordados nas
nossas próximas unidades de estudo.

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 25


LEITURA COMPLEMENTAR

A fim de aprofundarmos nossos conhecimentos sobre a importância do desenho


como meio de expressão gráfica nas áreas de engenharia e arquitetura, leremos a seguir
um trecho de um artigo que nos convida a refletir um pouco mais sobre o assunto.

A expressão gráfica e seu principal interlocutor: o desenho.

O estudo das técnicas de representação gráfica se enquadra na área de comunica-


ção. Assim como a linguagem escrita e falada, a linguagem gráfica (ou a expressão gráfica)
também possui uma gramática para poder ser bem entendida, tanto por quem escreve,
quanto por quem lê. Enquanto nas duas primeiras, o meio de comunicação são as palavras,
existentes nas mais variadas línguas, na linguagem gráfica, este meio é o desenho, forma
de expressão universal, cuja compreensão independe do idioma falado e escrito. De uma
maneira geral, o desenho é uma matéria que podemos encontrar em um grande número de
atividades e formações profissionais. Defini-lo pode ser complexo, pois, se de um lado, o
desenho é um risco, um traço e um meio para a expressão de uma ideia a realizar, de outro,
é intenção, propósito, projeto no sentido de proposta. Como diz ARGAN (1991, p.25), “...
Um projeto cujo desenho é antes de tudo síntese entre ideia e coisa”,. Durante o processo
projetual, o projetista utiliza linguagens para representar e documentar suas intenções. A
representação visual da forma tem no desenho (e na construção de modelos) seu principal
meio de comunicação. A linguagem gráfica está presente tanto como instrumento auxiliar na
concepção do projeto como de tradução das soluções geradas pelo projetista (CARDOZO,
2006). Segundo o dicionário Aurélio, Desenho é a “representação de formas sobre uma
superfície, por meio de linhas, pontos, manchas, com objetivo lúdico, artístico, científico
ou técnico”. Com essa definição, o desenho se desdobra em várias disciplinas, como, por
exemplo, o desenho artístico e o desenho técnico (este, por sua vez, se subdivide, em
desenho arquitetônico, topográfico, mecânico, elétrico, eletrônico, naval, etc.) Independen-
te da maneira como o desenho se manifesta, sua importância em grande parte é devida
ao seu objetivo de comunicar. Como já mencionamos, a expressão gráfica, através do
desenho, possui o caráter de linguagem universal, fazendo com que sua comunicação seja
imediata. Portanto, o desenvolvimento do conhecimento de técnicas que contribuam para
a fluência dessa linguagem é de fundamental importância principalmente para aqueles que
se utilizam primordialmente dele como forma de comunicação. No campo da Arquitetura e

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 26


Engenharia, o desenho desempenha o papel fundamental de servir como elo de ligação
entre o criador, o projetista, e aquele a quem a criação se destina. Apenas através de
uma linguagem gráfica adequada e clara que atinja os objetivos de comunicar o que está
sendo proposto é possível aos usuários interagir de forma também clara nesse processo
de criação/atendimento de necessidades. Porém, dentre as mais variadas áreas onde o
desenho é o principal meio de comunicação, é no campo da Arquitetura e Urbanismo que
as duas dimensões do desenho – a técnica e a artística – tenham confluído de uma maneira
tão evidente. Assim, a projetação, de forma abrangente, tem a necessidade do conheci-
mento dos métodos de desenho, principalmente os do desenho técnico (que é guiado pelos
fundamentos da geometria descritiva). Além disso, percebe-se que aqueles que detêm o
conhecimento desses métodos, terão maior liberdade criativa. Ou seja, quanto maior o
grau de conhecimento das formas geométricas e das suas possibilidades de apresentação
e representação, maior a capacidade e liberdade criativas. Nesse sentido, a expressão
gráfica, através do Desenho, pode ser considerada como a ciência fundamental para o
desenvolvimento do pensamento arquitetônico e para a pesquisa da forma, acompanhando
o criador desde a fase de concepção às fases finais de execução.

FONTE: CARVALHO, Gisele; GRIZ, Cristiana; PEIXOTO, Angélika. Desenho de perspectiva e

história da arquitetura: em busca de uma interdisciplinaridade. 2007. Acessado em 04 Maio 2021. http://www.

exatas.ufpr.br/portal/docs_degraf/artigos_graphica/DESENHODEPERSPECTIVAEHISTORIA.pdf.

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 27


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Representação Gráfica em Arquitetura
Autor: Francis Ching
Editora: Bookman
Sinopse: Clássica introdução às ferramentas, aos princípios e às
técnicas essenciais para traduzir ideias de projetos arquitetônicos
em apresentações visuais. Explicações sobre pesos de linha,
dimensionamento, perspectiva e informações sobre projeções
ortogonais em relação a modelos tridimensionais são alguns dos
conteúdos da obra.

FILME/VÍDEO
Título: Desenhe como um arquiteto
Ano: 2017
Sinopse: Neste vídeo, compartilho minhas dicas para melhorar
sua técnica de desenho arquitetônico. Eu vou orientá-lo através
de um esboço de detalhes, um esboço de seção básica e, em
seguida, transição para alguns dos meus desenhos de trabalho
CAD para ilustrar como um conjunto de ferramentas simples pode
produzir uma variedade de desenhos.
Conceitos importantes discutidos:
- Peso gráfico (e as canetas que uso)
- Perspectiva atmosférica
- Técnica de desenho
- Cantos
- Iteração
- Primeiro plano, meio-termo e fundo
- O teste de “olho semicerrado”
- Tom + sombra
- Ambiente
Link: https://www.youtube.com/watch?v=24rnfO8s0hU

UNIDADE I Desenho Arquitetônico 28


UNIDADE II
Normas Técnicas de Representação
Gráfica e Interpretação de Objetos de
Engenharia e Arquitetura
Professora Esp. Giovanna Renzetti

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições dos elementos de representação gráfica;
● Campos de estudo das vistas ortográficas;
● Breve histórico dos sistemas de representação;
● Tipos de simbologia gráfica.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar normas técnicas de representação gráfica;
● Compreender os diferentes sistemas de representações;
● Estabelecer a importância dos componentes construtivos e simbólicos do projeto de
arquitetura e engenharia;

29
INTRODUÇÃO

Em nossa primeira unidade nos debruçamos sobre a importância da representação


gráfica para o desenho técnico, ao mesmo tempo em que aprendemos sobre os instrumen-
tos de desenho, os tipos e espessuras de linhas e algumas formas de expressar nossas
ideias por meio de desenhos. Revisamos sobre a importância de transmitir uma ideia por
meio de traços mais orgânicos, como é o caso do desenho de observação, bem como a
comunicação por desenhos técnicos e perspectivados.
Tomamos conhecimento, logo no início da unidade, de que os desenhos técnicos
são regidos por normas que têm o intuito de tornar universal a leitura de projeto, de modo
que qualquer pessoa apta para isso consiga ler uma representação de um projeto ou objeto
dentro das normas pré-estabelecidas.
A fim de nos aprofundarmos nos aspectos normativos que norteiam as representa-
ções gráficas, abordaremos nesta unidade princípios que compõem o desenho técnico, ou
seja, os aspectos que tornam possível a leitura universal de uma ideia.
Uma dessas variantes já aprendemos em nossa unidade anterior, que é a linha e
seus diferentes objetivos de representação. Nessa mesma linha de pensamento iremos nos
familiarizar com as linguagens do desenho, como caligrafia técnica, tipos de dobradura de
papéis, simbologias e sistemas de representações.
Iremos do micro ao macro, recapitulando cada componente de projeto para que ao
final da unidade tenhamos compreendido os elementos do desenho técnico separadamente
e em conjunto. De forma que estaremos hábeis a ler um projeto de engenharia e arquitetura.
Por esses motivos, ouviremos falar constantemente em expressões como normas
técnicas e NBR (Norma Brasileira). E ao final desta unidade teremos concluído uma revisão
pelos diferentes conceitos técnicos de um projeto, de maneira que você se sinta apto a
desenvolver ideias projetuais dentro das normativas de representação gráfica.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 30


1. ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Para todo desenho que fazemos, tanto à mão quanto digital utilizamos a folha.
No caso do desenho técnico esse papel é denominado de prancha. Existem diferentes
formatos de prancha, porém independentemente do tamanho da prancha a ser adotado,
seu aspecto final precisa ser sempre o mesmo: dobrada no tamanho de uma A4.
A seguir aprenderemos os diversos tamanhos de pranchas e como realizar a do-
bradura de cada uma delas. É importante ressaltar que toda prancha que acomoda uma
representação gráfica apresenta um carimbo que contém as informações do desenho. Dito
isso, o carimbo sempre fica aparente na dobradura, de modo que o leitor identifique o
projeto antes mesmo de abri-lo.
O maior formato de papel para representação de um desenho técnico é o A0 e o
menor é o A4, entre os dois têm os tamanhos A3, A2 e A1. Quanto menor o número maior é
a folha. Utilizamos diferentes tamanhos de prancha de acordo com a escala do que estamos
representando. A imagem abaixo ilustra os diferentes tamanhos e medidas de folhas:

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 31


FIGURA 1 - TAMANHOS DE PRANCHAS

Fonte: Desenho técnico, 2021. Disponível em: https://desenhotcnico.wordpress.com/2017/01/16/

folhas-e-seus-tamanhos/. Acesso em 12 de jul.2021.

Agora que já visualizamos os diferentes tamanhos de prancha, aprenderemos a


dobrar cada uma delas, seguindo as normas técnicas. A NBR 13142 demonstra esses
dobramentos, os quais veremos a seguir:

FIGURA 2 - DOBRAMENTO DE FORMATO A0

Fonte: NBR 13142.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 32


FIGURA 3 - DOBRAMENTO DE FORMATO A1

Fonte: NBR 13142.

FIGURA 4 - DOBRAMENTO DE FORMATO A2

Fonte: NBR 13142

FIGURA 5 - DOBRAMENTO DE FORMATO A3

Fonte: NBR 13142

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 33


A partir das demonstrações realizadas acima estamos familiarizados com os di-
ferentes tipos de dobragens, e também conseguimos observar algo em comum em todas
as folhas – a legenda. Em um desenho técnico a legenda geralmente é chamada de ca-
rimbo, e é onde o profissional insere todas as informações daquele desenho, sendo elas:
identificação do responsável pelo projeto, identificação do cliente, título de cada prancha,
indicação numérica da prancha, escala, data e autoria do desenho. Na sequência iremos
ver um exemplo:

FIGURA 6 - EXEMPLO DE INFORMAÇÕES DO CARIMBO

Fonte: Produzido pela autora.

FIGURA 7 - CARIMBO PREENCHIDO

Fonte: Produzido pela autora.

Para preenchermos o carimbo de maneira apropriada precisamos aprender sobre a


caligrafia técnica, ou seja, como aplicar as letras, números e entrelinhas de maneira correta
no projeto. Para isso existem normas também, e elas nos ensinam que as letras devem ser
sempre maiúsculas e não inclinadas, conforme exemplo abaixo:
FIGURA 8 - EXEMPLO DE CALIGRAFIA TÉCNICA

Fonte: Produzido pela autora.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 34


No exemplo dado vemos as linhas chamadas de “guias”, as quais orientam o ta-
manho da letra a ser adotada, elas não podem ser menores que 0,3cm, já as entrelinhas
– espaçamentos – têm a medida mínima de 0,2cm. O segredo para uma boa caligrafia é a
confiança no traço, a legibilidade e a conformidade das letras e dos números.
Outro elemento que complementa o projeto, assim como o carimbo, são as cotas
do desenho. São de extrema importância para o entendimento do que está sendo represen-
tado, visto que comunicam ao leitor suas medidas reais. É a maneira pela qual exprimimos
no desenho as dimensões verdadeiras do projeto.
As cotas indicadas no desenho definem a distância entre dois pontos, podendo
ser a medida de uma parede, ou um vão de porta, o essencial é que elas estejam sempre
na mesma grandeza, ou em centímetros ou em metros. São locadas fora do desenho,
tangenciando-o.
De acordo com a imagem acima conseguimos perceber quatro elementos que
envolvem as cotas: as cotas em si, a linha de cota, a linha auxiliar e o limite da cota. E é
a partir do conjunto desses itens que formamos uma cota, como está exemplificado na
figura a seguir.

FIGURA 9 - EXEMPLO DE COTAÇÃO

Fonte: NBR 10126

Lembrando que as cotas devem estar sempre um pouco afastadas dos limites do
desenho e não devem cruzar quaisquer linhas do objeto sendo representado. É o recurso
que nos permite indicar as medidas reais do objeto representado.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 35


2. VISTAS ORTOGRÁFICAS

Nessa próxima etapa do nosso estudo vamos nos debruçar sobre os elementos
do desenho arquitetônico – parte constituinte do desenho técnico. E para compreen-
dermos esses elementos, precisamos, em um primeiro momento, nos familiarizar com
as chamadas vistas ortográficas, ou seja, as vistas que dão forma aos componentes do
projeto de arquitetura.
As vistas ortográficas são projeções ortogonais (como vimos na primeira unida-
de) nas quais as linhas de projeção são paralelas entre si e perpendiculares ao plano
de projeção. Segundo os princípios da geometria descritiva, para caracterizar bem um
objeto é preciso que se tenha pelo menos duas vistas do mesmo, melhor dizendo, duas
projeções – uma sobre o plano horizontal e outra sobre o plano vertical. Como vemos na
imagem a seguir:

FIGURA 10 - PLANOS DE PROJEÇÕES

Fonte: Barreto; Reis, 2015, p.18

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 36


Quando falamos de projeto arquitetônico, no entanto, precisamos de mais vistas
para entender o projeto como um todo, e a partir daí que foi criado o processo chamado de
sólido envolvente, assim “pressupõe-se um paralelepípedo, pertencente ao primeiro diedro
do Sistema Mongeano, e o objeto em estudo é projetado sobre cada uma das faces deste
sólido, obtendo-se, com isto, seis projeções do objeto” (BARRETO; REIS, 2015, p. 20).

FIGURA 11 - PROJEÇÃO DO PARALELEPÍPEDO

Fonte: Barreto; Reis, 2015, p. 20

A partir das projeções do objeto em cada face do sólido são criadas vistas, conforme
vemos a seguir:

FIGURA 12 - VISTAS

Fonte: Barreto; Reis, 2015, p. 18

Cada uma das vistas criadas pelas projeções do objeto nos diferentes planos tem
um nome próprio, sendo elas: vista frontal, vista lateral, vista superior, vista inferior, vista
lateral direita e vista lateral esquerda. No caso de uma construção essas vistas são comu-
mente chamadas de “fachadas”.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 37


A partir daqui conseguimos nos aprofundar no desenho arquitetônico, uma vertente
do desenho técnico que tem como finalidade representar os elementos que compõem um
projeto de arquitetura, ou seja, o conjunto de representações gráficas de uma edificação.
Os desenhos que formam esse conjunto são a planta, os cortes, as elevações, a planta de
cobertura, planta de implantação ou locação e a planta de situação, e veremos um a um
em sequência. É importante salientar que é por meio dessas representações do projeto ar-
quitetônico que é possível a realização dos projetos complementares (estrutural, hidráulico,
elétrico, sanitário e telefônico).
Os desenhos em vistas múltiplas compreendem os tipos de desenho que
conhecemos como plantas, elevações e cortes. Cada um deles é uma proje-
ção ortográfica de um aspecto particular de um objeto ou de uma construção
tridimensional. Estas vistas ortográficas ou ortogonais são abstratas, uma
vez que não correspondem à realidade ótica; elas são uma forma conceitual
de representação baseada naquilo que sabemos sobre uma coisa, e não
em como ela talvez pareça aos nossos olhos. No projeto de arquitetura, os
desenhos em vistas múltiplas estabelecem campos bidimensionais nos quais
conseguimos estudar padrões formas e espaciais bem como relações de pro-
porção e escala em uma composição. A capacidade de regular tamanho, po-
sicionamento e configuração também torna os desenhos em vistas múltiplas
úteis para comunicar a informação gráfica necessária à descrição, pré-fabri-
cação e execução de um projeto (CHING, 2017, p. 49).

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 38


3. SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO

Como visto anteriormente, é a partir das vistas ortográficas e projeções ortogonais


que se dá origem aos sistemas de representação de um projeto arquitetônico. Neste tópico
iremos nos aprofundar em cada um desses desenhos com a intenção de nos tornarmos
hábeis a realizar a leitura do conjunto projetual.
- A planta é o desenho obtido a partir de um plano de interseção no sentido horizon-
tal da edificação em que o observador está olhando de cima para baixo. É como se a porção
superior do volume fosse removida e sobrasse a parte inferior projetada ortogonalmente ao
plano. Essa interseção acontece na altura de 1,20m a 1,50m do nível térreo, de modo que
tudo que foi “cortado” pelo plano precisa ser representado, como detalhes construtivos,
aberturas de portas e janelas, mobiliário, materiais, etc.
Para a representação desses elementos são necessárias espessuras de linhas
diferentes. Elementos que são cortados diretamente pelo plano, como paredes – por exem-
plo – são expressados por linhas mais grossas, já o que se vê em segundo plano, tal como
mobiliário, portas e janelas são desenhados por linhas mais finas, pois estão “em vista”.
As plantas baixas têm por finalidade mostrar a disposição das paredes e pilares, o
formato e dimensionamento dos ambientes, as conexões entre os espaços e os mecanis-
mos de abertura de portas e janelas. Ressalta-se que cada pavimento da construção deve
ser exemplificado em planta.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 39


FIGURA 13 - ESQUEMA DA PLANTA BAIXA

Fonte: Montenegro, 2017, p. 51 e 52

FIGURA 14 - PLANTA BAIXA COM CIRCUITO ELÉTRICO

Fonte:Q concursos. Disponível em: https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/

65d6739e-14?compartilhamento_id=795337. Acesso em 14 de jul. 2021

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 40


- Os cortes, ao contrário da planta, são os desenhos resultantes da interseção de
planos verticais à edificação. Chamamos de cortes, no plural, porque o projeto de arqui-
tetura precisa ter no mínimo dois cortes – longitudinal e transversal. O corte transversal é
aquele que atravessa a menor largura da edificação, já o longitudinal é o plano vertical que
corta a maior parcela do volume.
Assim como a planta utilizamos os cortes para comunicar detalhes construtivos
do projeto, neste caso, oferecemos ao leitor as medidas verticais da edificação. Por isso
é aconselhável que o plano de corte passe por áreas molhadas – onde tem diferença de
níveis – escadas e elevador, a fim de transmitir o máximo de informações possíveis. A
relevância do corte está em mostrar aquilo que não vemos na planta baixa, por isso a
quantidade de cortes que o projeto apresentará é decisão do projetista.
Ao “cortar” um volume temos a intenção de mostrar sua configuração interna a
partir das medidas verticais, bem como os materiais empregados e a elaboração dos
espaços internos.

FIGURA 15 - PLANO DE CORTE

Fonte: Montenegro, 2017, p. 54

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 41


FIGURA 16 - CORTE DE PEÇA MECÂNICA

Fonte: Catapan, 2014, p. 3

As elevações são representações gráficas das faces externas da edificação cons-


tituídas por meio de projeções ortogonais. Representam o número de vistas do volume
construído mostrando a aparência externa de cada uma delas.
Ainda que as vistas em elevação das superfícies verticais de uma edificação
estejam mais próximas da realidade sensorial do que as plantas ou os cortes,
elas não conseguem representar a profundidade espacial de um desenho em
perspectiva. Portanto, ao desenhar objetos e superfícies em elevação, deve-
mos contar com recursos gráficos para representar profundidade, curvatura
ou obliquidade (CHING, 2017, p. 80).

Resumidamente as elevações apresentam diferentes espessuras de linhas e to-


nalidades de texturas quando representadas, sempre dando ênfase às linhas verticais da
edificação paralelas ao plano do desenho.

FIGURA 17 - ESQUEMA DE ELEVAÇÕES

Fonte: Barreto; Reis, 2015, p. 46

Agora que já estamos familiarizados com a tríade dos desenhos de representação


gráfica: planta, cortes e elevações, nosso próximo passo é entender os conceitos de planta
de implantação (ou locação), planta de cobertura e planta de situação. A partir daí estare-
mos aptos a identificar os diferentes desenhos que compõem um projeto de arquitetura.
- A planta de cobertura, como o próprio nome já diz, tem a finalidade de mostrar
a configuração da cobertura do projeto; é uma projeção ortográfica superior (vista de cima)

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 42


que ilustra os elementos do telhado: suas inclinações, as caídas de águas, as medidas
dos beirais. Sua importância recai sobre passar ao leitor do projeto as informações do
fechamento superior da edificação do ponto de vista externo.

FIGURA 18 - ESQUEMA PLANTA DE COBERTURA

Fonte: Barreto; Reis, 2015, p. 46

- A planta de locação, ou implantação tem a função de localizar a edificação no


terreno em que está inserida, em outras palavras, é a contextualização do entorno no qual
o volume se encontra. Tem como finalidade situar a construção no lote indicando seus
afastamentos e elementos compositivos como passeios, vegetações, divisas, piscinas e
etc., além de identificar o formato e as dimensões do lote.
É a combinação da planta de cobertura com o entorno da construção. Salienta-se,
por fim, a importância da indicação do Norte neste tipo de representação.

FIGURA 19 - EXEMPLO DE IMPLANTAÇÃO

Fonte: Montenegro, 2017, p. 50

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 43


No exemplo acima identificamos a representação da planta de cobertura, da calça-
da, do acesso à construção, vegetação, medidas do lote e identificação do norte.
- A planta de situação é uma projeção ortogonal também vista de cima que di-
ferentemente da implantação tem por finalidade mostrar todo o terreno em que o lote da
edificação está inserido, seja em zona urbana ou zona rural.
É na planta de situação que estão indicadas as medidas, a localização e formato
do lote, bem como a topografia do terreno com as curvas de nível, vegetação existente,
vias e passeios, áreas edificadas e corpos d’água, resumidamente sua função é mostrar o
contexto da construção, como podemos observar no exemplo abaixo:

FIGURA 20 - EXEMPLO DE PLANTA DE SITUAÇÃO

Fonte: Montenegro, 2017, p. 53

Assim concluímos os sistemas de representação que em conjunto dão forma a um


projeto arquitetônico. Como mencionado anteriormente, nosso estudo seria do macro ao
micro, por conseguinte, em sequência, estudaremos os símbolos gráficos que complemen-
tam nossas plantas, cortes e elevações.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 44


4. SÍMBOLOS GRÁFICOS

Estudaremos neste tópico os elementos que combinados aos desenhos de repre-


sentação formam um projeto de arquitetura completo. Esses elementos, chamados de sím-
bolos gráficos, são dos mais variados possíveis. Aprenderemos os mais recorrentes, como
paredes e elementos estruturais, aberturas (portas e janelas) e equipamentos domésticos.
É importante lembrar que os símbolos gráficos variam de acordo com o tipo de
representação, por exemplo, uma porta será representada de uma forma na planta e de
outra maneira em corte.
E para além dos componentes gráficos nos aprofundaremos também nos tipos
de informações que devem estar indicadas em um projeto, sendo elas: nomenclatura dos
ambientes, indicação de áreas, níveis e cortes.
- As paredes representam no desenho o tipo de estrutura utilizada. Geralmente
são desenhadas com 15cm de espessura (alvenaria convencional) em linhas mais grossas,
passível de mudança de acordo com o tipo de sistema estrutural empregado.

FIGURA 21 - REPRESENTAÇÃO DE PAREDE EM ALVENARIA

Fonte: Montenegro, 2017, p. 63

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 45


- As portas apresentam os mais variados modelos, podendo ser de uma ou duas
folhas, de abrir ou de correr – por exemplo.
A altura padrão é de 2,10m e as larguras mais recorrentes são de 0,60m, 0,70m,
0,80m e 0,90m.

FIGURA 22 - ESQUEMA DE REPRESENTAÇÃO EM PERSPECTIVA, CORTE E PLANTA

Fonte: Barreto; Reis, 2015, p. 46

FIGURA 23 - TIPOS DE PORTAS EM PLANTA

Fonte: Ching, 2017, p. 58

- As janelas são representadas de uma maneira genérica convencional e variam de


acordo com a quantidade de folhas que apresentam – fixas ou móveis.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 46


FIGURA 24 - JANELA EM PLANTA

Fonte: Ching, 2017, p. 58

- Os equipamentos domésticos são representados com o objetivo de indicar a


disposição desses elementos nos ambientes. Comumente apresentam altura inferior a
1,20m (plano de secção da planta) e por isso são desenhados no projeto. Seguem alguns
exemplos abaixo:

FIGURA 25 - EQUIPAMENTOS DOMÉSTICOS

Fonte: Barreto; Reis, 2015, p. 57 e 58

Os outros componentes que complementam um projeto técnico são as indicações,


elas podem ser tanto escritas quanto demonstradas por símbolos. Ilustra-se abaixo alguns
exemplos:
- Nome do ambiente e área: letras maiúsculas e indicação da área abaixo do nome
do ambiente, em m². Geralmente é utilizada a precisão de duas casas após a vírgula.

FIGURA 24 - EXEMPLO NOMENCLATURA

SALA DE ESTAR
A= 15,30 m²

Fonte: produzido pela autora.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 47


- Indicação de nível: o símbolo que tem essa finalidade é pré-determinado pela
NBR 6492, sendo expressado da seguinte forma:

FIGURA 26 - INDICAÇÃO DE NÍVEL EM PLANTA

Fonte: NBR 6492

FIGURA 27 - INDICAÇÃO DE NÍVEL EM CORTE

Fonte: NBR 6492

- Indicação do norte: conforme discutido anteriormente a orientação norte deve


sempre estar presente na implantação e planta de situação. E sua representação acontece
da seguinte maneira:

FIGURA 28 - INDICAÇÃO NORTE

Fonte: NBR 6492

É importante evidenciar que as simbologias gráficas e componentes de um projeto


são inúmeros e variados. O que desenvolvemos até aqui foi a habilidade de reconhecer
esses elementos e compreender a função de cada um dentro do contexto projetual.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 48


Relembro também a vocês que todos esses itens podem ser desenhados com
as ferramentas de desenho que aprendemos logo no início da nossa disciplina. Porém,
atualmente, o método mais rápido e completo de desenvolver um projeto de arquitetura e
engenharia é por meio de softwares digitais, e é sobre isso que iremos estudar em nossa
próxima unidade.

SAIBA MAIS

Para se fazer uma casa, nem sempre se necessita desenhá-la antes. Mas quando que-
remos discutir, ou explicar para os outros, as nossas ideias, é melhor desenhar antes
os planos [...] Estes desenhos devem ser bastante detalhados para que indiquem exa-
tamente os passos a seguir na construção. Por isso, é preciso, em primeiro lugar, que
as medidas de cada elemento estejam definidas claramente nas plantas e cortes. O de-
senho da fachada mostra a aparência externa da obra, e as elevações ou cortes, deter-
minam a posição e as alturas de portas, janelas, pisos, escadas e ângulos de telhados.

Johan Van Lengen. [s.d.].

REFLITA

“Prefiro desenhar do que falar. O desenho é mais rápido e deixa menos espaço para
mentiras”.

Le Corbusier.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 49


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade iniciamos nossos estudos revisando a importância das normas


técnicas de representação, o que nos permitiu entender os diferentes tipos de pranchas
que podem ser utilizadas em um projeto e sua aparência final sempre em formato A4. Além
disso, vimos outros componentes técnicos do projeto arquitetônico, também normatizados
pela NBR, como a caligrafia apropriada e o emprego do carimbo, ferramenta que contém
todas as informações técnicas do projeto de engenharia ou arquitetura.
Em sequência tivemos contato pela primeira vez com as cotas do desenho,
aprendemos sobre seus componentes e a maneira que devem ser empregadas em uma
representação técnica.
Revisamos essas ferramentas a fim de nos aprofundarmos nos tipos de repre-
sentações que formam um projeto. Revendo, também, as projeções ortogonais que dão
origem às vistas ortográficas, enfatizando sua importância para a origem das nossas
plantas, cortes e elevações.
Provavelmente, antes mesmo de aprofundar seus estudos nesta unidade, você
já tivesse tido contato com algum desses elementos, em panfletos ou de forma online. A
relevância dos nossos estudos consistiu em te oferecer aptidão não só para decifrar os
diferentes componentes do projeto de engenharia e arquitetura, mas também te habilitar
a desenvolvê-los.
Nessa linha de pensamento, iniciamos nossos estudos pela planta baixa, passan-
do pelos cortes e elevações, por fim tomamos conhecimento sobre as variantes da planta,
como implantação, planta de cobertura e planta de situação. E percebemos que todos
esses desenhos são vistas ortográficas.
Finalmente no quarto tópico tivemos contato com os símbolos gráficos que com-
plementam os sistemas de representação e examinamos de forma mais profunda alguns
deles como paredes, portas, janelas e equipamentos domésticos. Por último, nos familia-
rizamos com símbolos que indicam níveis, norte e com a nomenclatura dos ambientes e
indicação de áreas.
Terminamos nossa unidade sabendo diferenciar os tipos de sistemas de represen-
tação e seus mais variados componentes, que em conjunto nos fornecem uma leitura geral
e completa do projeto de arquitetura e engenharia.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 50


LEITURA COMPLEMENTAR

Já é sabido que um projeto nasce de uma ideia, e a partir dessa ideia desenhos são
feitos a fim de representá-la graficamente. Concluímos, portanto, que há uma comunicação
entre aquilo que imaginamos, o que representamos e o resultado final. O trecho a seguir da
dissertação de Lívia Santana exemplifica esse processo. Oferecendo ainda mais embasa-
mento para a importância de nossos estudos sobre sistemas de desenhos gráficos.
A concepção de um projeto inicia-se a partir das idéias iniciais do profissional, e para
materializá-las, utiliza-se do desenho para serem visualizadas graficamente. Este processo
caracteriza um ciclo inicial da projetação, onde ocorre interação entre ideias e registro atra-
vés das representações gráficas e sua interpretação. Objetiva-se nesse processo não só
a conformação de um projeto, mas também sua compreensão por demais pessoas após a
estruturação e finalização. Os croquis são exemplos dessa interação entre representações
e interpretações de um projeto.
A figura abaixo simboliza o fluxo contínuo entre idéia, desenho e visualização, ca-
racterizados por serem processos interligados e dependentes entre si. Este ciclo representa
a fase inicial da projetação no qual o Arquiteto, emissor, detém a idéia e os processos para
representá-las, e, posteriormente, comunicá-las ao contratante, receptor.

Ciclo esboço, análise e revisão

Fonte: Santana, 2008, p.18.

a) Idéia ou imaginação: A idéia é o processo inicial da fase de concepção e aconte-


ce na fase do pensamento do profissional, no período de reflexão e idealização do projeto.
b) Desenho ou representação gráfica: São desenhos de referência usados pelos
profissionais durante a concepção de um projeto. A partir destas representações são de-
senvolvidos desenhos com maior grau de precisão e maior número de detalhes. Neste

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 51


processo são utilizados volumes, formas, cores, texturas, transparência, enfim, diversos
meios gráficos para preparar a base do projeto. Normalmente, são estudos preliminares
sob a forma de esboços, em grande maioria, à mão livre.
c) Visualização: é a tradução do projeto. Nesta etapa, a representação é utiliza-
da para comunicar o projeto ao contratante. O principal objetivo desta fase é apresentar o
modelo gráfico ou virtual ao público alvo.
O processo que compreende a ideia, desenho e visualização foi apresentado como
exemplificação da forma de pensar e projetar, principalmente por ser um procedimento
básico do ato de projetar enquanto aprendizado, nas escolas de arquitetura. Geralmente a
ideia é concebida, representada graficamente e posteriormente, traduzida ao contratante.
As etapas caracterizadas por ideia e representação estão interligadas no processo de
concepção de um projeto e a visualização pode ocorrer em todas as fases da criação pelo
profissional. A tradução do projeto ao contratante ocorre na última etapa.

Fonte: Santana, Lívia. Projeto e Comunicação: estudo das representações no contexto do

projeto de arquitetura. Dissertação de mestrado. Brasília, PPGFAU Unb, 2008.

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 52


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Neufert: arte de projetar em arquitetura.
Autor: Ernst Neufert.
Editora: Gustavo Gili.
Sinopse: Arte de projetar em arquitetura é um manual de cons-
trução que reúne, de forma sistemática, os fundamentos, normas
e prescrições sobre recintos, edifícios, estâncias, instalações e
utensílios, tomando o ser humano como medida e objetivo. Nesta
edição, muitos dos capítulos foram revisados e atualizados, nos
quais os seguintes temas são abordados: instalações esportivas
aquáticas, varandas cobertas, hotéis, evacuação de incêndios,
móveis e utensílios de cozinha, restaurantes fast-food, fachadas
de madeira, normativas de economia energética, elevadores,
arquitetura solar, reabilitação e reutilização de edifícios etc. Além
de completar o conteúdo relativo às edições anteriores, esta nova
versão é fiel à obra de Ernst Neufert e continua sendo uma re-
ferência bibliográfica de reconhecido valor universal, um manual
indispensável para arquitetos, técnicos em arquitetura, engenhei-
ros, construtores, professores e estudantes. Desde a sua primeira
edição alemã de 1936, realizaram-se 39 edições em alemão e 17
em português, além de ter sido publicado em 18 idiomas diferentes
e vendido mais de um milhão de exemplares, no total.

FILME/VÍDEO
Título: Como a perspectiva linear funciona
Ano: 2013
Sinopse: Um olhar sobre a perspectiva linear através da história
Link: https://www.youtube.com/watch?v=eOksHhQ8TLM&t=15s

UNIDADE II Normas Técnicas de Representação Gráfica e Interpretação de Objetos de Engenharia e Arquitetura 53


UNIDADE III
Ferramentas e Comandos da
Representação Computacional
Professora Esp. Giovanna Renzetti

Plano de Estudo:
● Introdução ao AutoCad;
● Campos de estudo de layers e cotas;
● Tipos de textos e blocos;
● Fundamentos para plotagem do desenho;

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os tipos de representação computacional 2D;
● Estabelecer a importância da representação do software AutoCad.

54
INTRODUÇÃO

Nesta unidade iremos nos distanciar das representações gráficas feitas à mão,
com os instrumentos de desenho que aprendemos em nossa primeira unidade, para nos
aprofundarmos nas expressões gráficas realizadas em software computacional 2D. Esse
exercício nada mais é do que transportar a um programa de computador aquilo que realiza-
mos manualmente em um primeiro momento.
A necessidade de utilização de programas computacionais nos campos de enge-
nharia e arquitetura se concentra na agilidade e rapidez em que os projetos são desenvolvi-
dos, possibilitando maior detalhamento do desenho em questão em um menor tempo, além
da precisão de representação alcançada.
O software que aprenderemos nesta unidade é o AutoCad, uma das ferramentas
mais difundidas entre os profissionais de engenharia e arquitetura mundialmente, sendo
de extrema importância seu manuseio não só para a realização de trabalhos acadêmicos
como também para a inserção do profissional no mercado de trabalho.
Primeiramente iremos nos familiarizar com a interface inicial do programa, a fim
de entendermos como funcionam suas barras de comandos e sua área gráfica, onde os
desenhos são produzidos.
Em um segundo momento tomaremos conhecimento dos seus principais comandos
de criação, edição e controle da imagem representada, para posteriormente aprendermos
a configurar os diferentes tipos de layers - camadas do desenho – tipos e cores de linhas.
Veremos como criar cotas e textos e manusear a biblioteca de blocos. Por fim, estudaremos
a diagramação de pranchas e a plotagem do desenho.
Ao final desta unidade teremos compreendido os comandos básicos do software
AutoCad e estaremos aptos a desenvolver desenhos técnicos utilizando o recurso com-
putacional 2D, de forma a otimizar o nosso tempo de trabalho e aumentar a precisão dos
detalhes dos desenhos desenvolvidos.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 55


1. INTRODUÇÃO AO AUTOCAD

Você provavelmente em algum momento já ouviu falar em AutoCad. Esse software,


criado em 1982, foi aderido ao redor do mundo por profissionais das mais diversas áreas
por atender às necessidades de representação técnica e desenvolvimento de projetos
de maneira precisa. É comercializado pela Autodesk Inc e faz parte da tecnologia CAD
(computer aided design ou projeto auxiliado por computador). Atualmente, no Brasil, ainda
é a ferramenta mais utilizada no mercado de trabalho para desenvolvimento de projetos e
produtos 2D, por isso a importância do seu manuseio.
Vale ressaltar que o AutoCad utiliza o método de coordenadas cartesianas, ou seja,
possui os eixos X, Y e Z. No nosso caso, usaremos apenas os eixos X e Y por estarmos
representando objetos bidimensionais, onde o eixo X delimita uma distância horizontal e o
eixo Y a distância vertical. Esse sistema de coordenadas absolutas tem como base o sis-
tema UCS, responsável pela intersecção dos eixos XY. Esse e outros fundamentos serão
abordados em sequência para uma compreensão geral do software em estudo.
É com a tela abaixo que temos nosso primeiro contato com o programa, sua in-
terface se assemelha com uma grande prancheta de projeto, com diferentes ferramentas
disponíveis para uso.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 56


FIGURA 1 - INTERFACE INICIAL

Fonte: produzido pela autora.

Ícone UCS – indica os eixos X e Y.


View Cube – direciona os ângulos do desenho.
Barra de comandos – aponta quais comandos estão sendo utilizados.
Navigate Bar – facilita a visualização e detalhes do projeto.
Barra de status – possibilita a visualização rápida de algumas ferramentas de
desenho, geralmente as mais utilizadas, como por exemplo:
Grid - ativa ou desativa uma malha de desenho auxiliar.
Snap – restringe o deslocamento do cursor a distâncias precisas.
Ortho – possibilita o desenho de linhas verticais e horizontais – ortogonais.
Polar – rastreia os ângulos do desenho.
Osnap – busca por pontos norteadores do desenho, como o encontro entre duas
linhas e/ou o ponto mediano, por exemplo.
Agora que você já está familiarizado com a interface gráfica do Autocad e seus
princípios coordenadores, vamos dar uma olhada em suas principais ferramentas de
desenho, as quais ficam localizadas no menu superior, também chamado de ribbon.

FIGURA 2 - FERRAMENTAS DE DESENHO

Fonte: produzido pela autora

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 57


Line – como o nome já diz, cria um segmento de reta.
Polyline – cria uma série de retas ou curvas possibilitando a formação de um só objeto.
Circle – auxilia na criação de um círculo a partir da especificação de seu raio pelo usuário.
Arc – elaboração de arcos a partir de diferentes pontos como início, meio e fim.
Rectangle – criação de retângulos com a utilização de polyline e a especificação de
dois pontos – altura e largura.
Elipse – possibilita a criação de elipses a partir da especificação de seu centro e
semi-eixos.

FIGURA 3 - DESENHOS FEITOS NO AUTOCAD

Fonte: Produzido pela autora.

Além desses comandos principais de desenho existem outros comandos auxiliares,


também de extrema importância para o desenvolvimento do nosso projeto. Ressalta-se
que cada uma dessas funções também pode ser acessada por atalhos no teclado. A seguir
veremos algumas delas:

FIGURA 4 - OUTRAS FERRAMENTAS DE DESENHO

Fonte: Produzido pela autora.

Move (MO) – comando para deslocamento de objetos no desenho.


Copy (CO) – copia um elemento.
Rotate (RO) – rotaciona o objeto.
Trim (TR) – corta partes de um objeto.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 58


Mirror (MI) – comando que espelha um objeto.
Fillet (FIL) – arredonda as bordas do objeto.
Strech (STR) – estica o objeto.
Scale (SC) – permite a alteração de escala do objeto.
Array (AR) – comando que permite gerar várias cópias de um objeto segundo um
padrão determinado.
Os comandos expostos acima são os mais usados na elaboração de qualquer
desenho no AutoCad, todos possuem atalhos, como observamos, e são de fácil manuseio.
Em um primeiro momento o software pode parecer um pouco complicado, mas tudo é
questão de prática. Aos poucos iremos nos familiarizando cada vez mais com suas funções
e nos sentiremos confortáveis utilizando essa grande prancheta digital de desenho.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 59


2. LAYERS E COTAS

Neste tópico iremos nos aprofundar um pouco mais nos estudos sobre “layers” – ca-
madas do desenho. Assim como foi visto em nossa primeira unidade, cada linha apresenta
um tipo de espessura para representar um elemento do desenho em particular. As linhas
mais fortes mostram a presença de paredes e estrutura, já as mais finas elementos “em
vista” como mobiliários, por exemplo. Para definirmos essas diferenças de espessuras no
nosso desenho realizado no Autocad, fazemos uso dos layers. Geralmente diferenciamos
as diferentes espessuras de linha de acordo com a cor que adotamos para cada uma, ou
melhor dizendo, segundo os layers.

FIGURA 5 - LAYERS PROPERTIES

Fonte: Produzido pela autora.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 60


O comando que utilizamos para essa tarefa é o “layer properties”, o qual está locali-
zado no menu principal do programa, também chamado de “ribbon”. Ao clicarmos no ícone
nos deparamos com a seguinte imagem:

FIGURA 6 - CURRENT LAYER

Fonte: Produzido pela autora.

Podemos perceber que ainda não temos nenhuma camada além do layer 0, defi-
nido como layer padrão do programa. Para criarmos nossas camadas clicamos no ícone
indicado na imagem. A partir daí definimos a cor que desejamos, a espessura da linha e
o nome, clicando duas vezes em cima de cada comando para fazermos as alterações. O
resultado deve se parecer com a imagem abaixo:

FIGURA 7 - NOVOS LAYERS

Fonte: produzido pela autora.

Dessa forma já temos as camadas de nosso desenho, observa-se que cada ele-
mento apresenta uma cor e espessura de linha diferentes, assim sendo, quando formos
plotar nosso projeto as linhas aparecerão de acordo com essas densidades pré-definidas.
Aprenderemos o termo “plotar” em nosso último tópico, por ora, veremos como
inserir as cotas em um objeto. Vale ressaltar que aquelas normas que aprendemos em
nossas unidades anteriores relacionadas às cotas são válidas tanto para o desenho à mão,
quanto para a representação 2D computacional.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 61


Para configurar as cotas vá em Annotate > ISO-25 > Manage dimensions style e a
seguinte tela irá aparecer:

FIGURA 8 - DIMENSION STYLE MANAGER

Fonte: Produzido pela autora.

A partir daí clique em “New” e nomeie sua cota, uma vez feito isso vá para “continue”
e a aba abaixo aparecerá:

FIGURA 9 - NEW DIMENSION STYLE

Fonte: Produzido pela autora.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 62


As janelas “lines”, “symbols and arrows”, “text”, “fit” e “primary units” serão utilizadas
para criar o tipo de cota que se deseja, de acordo com a escala em que o desenho está
sendo trabalhado. É valoroso ressaltar que em desenhos técnicos as cotas geralmente
aparecem em vermelho e o símbolo utilizado é o ponto ou traço, sempre lembrando que a
linha de chamada deve ultrapassar esses símbolos.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 63


3. INSERINDO TEXTOS E BLOCOS

Uma das ferramentas mais utilizadas no AutoCad para complementarmos qualquer


projeto ou produto é a caixa de texto, assim como em qualquer outro programa ela tem
como função inserir informações escritas ao projeto.
No nosso software em estudo esse comando está localizado no menu superior,
como podemos ver na imagem a seguir:

FIGURA 10 - CAIXA DE TEXTO

Fonte: Produzido pela autora.

Para inserirmos o texto basta clicar em text > multiline text e escrever o texto dese-
jado. Agora a fim de ajustarmos o texto do tamanho que queremos utilizamos o comando
“scale”, desse modo selecione o texto > digite o comando sc > enter > selecione uma
extremidade do texto > aperte r de reference > selecione o ponto inicial e final do texto >
coloque a medida pretendida.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 64


Nosso próximo passo é complementar nosso desenho tornando-o mais real, e, para
isso, fazemos uso dos blocos dwg. Esses blocos nada mais são do que símbolos gráficos,
equipamentos domésticos, vegetações – entre outros - que complementam o desenho.
Àquilo que uma vez desenhamos à mão agora podemos importar ao nosso projeto.
Existe na internet uma infinita variedade desses blocos, desde a representação dos objetos
em planta baixa até em elevação. O que é importante lembrar é que os arquivos devem
sempre estar em formato “dwg”, que é a extensão dos arquivos em AutoCad. Os blocos se
assemelham com a ilustração abaixo:

FIGURA 11 - BIBLIOTECA DE BLOCOS

Fonte: Produzido pela autora.

Como podemos perceber, existe uma infinidade de opções desses blocos, e para
os inserir em nosso desenho basta irmos ao menu A > open > selecionar o nosso arquivo de
blocos em dwg. A partir disso é possível manuseá-los da forma que precisamos, alterando
sua escala, rotacionando-os, copiando-os, etc. Todas essas alterações podem ser feitas
com os comandos básicos que aprendemos no início de nossa apostila.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 65


4. PLOTANDO O DESENHO

Nosso próximo passo consiste em tornar possível a impressão dos nossos dese-
nhos, em outras palavras, realizar sua plotagem. Para isso, devemos acessar a tela layout,
localizada no menu inferior esquerdo do programa. Enfatiza-se que plotar um documento
significa passá-lo da versão dwg para pdf. E é isso que aprenderemos a seguir.
Porém, antes de plotar nossa prancha precisamos diagramá-la. Reforço a vocês
que existem diferentes tamanhos de papéis, como visto anteriormente, e para plotarmos
nosso desenho precisamos escolher qual tamanho de prancha usar. Clique em layout e a
seguinte tela aparecerá:

FIGURA 12 - PRANCHA LAYOUT

Fonte: Produzido pela autora.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 66


Nosso próximo passo consiste em definir alguns elementos da plotagem, como ta-
manho da prancha, cor desejada de linhas e em qual tipo de arquivo salvar. A fim de realizar
essa tarefa clicamos com o botão direito em cima do layout > page setup manager > modify.
Em “name” colocamos dwg pra pdf, “paper size” é onde definimos o tamanho do papel, neste
exemplo utilizaremos o A3, e em plot style table escolhemos a opção “monochrome”, a qual
possibilitará que nossas linhas saiam na escala de preto, de acordo com as espessuras que
definimos em “layers”. Sua tela deve se assemelhar com a imagem a seguir:

FIGURA 13 - PAGE SETUP MANAGER

Fonte: Produzido pela autora

Ao dar “ok” percebemos que nossa prancha ficou maior que a margem pré definida
do layout, a qual chamamos de viewport. É a viewport que possibilita levarmos nosso de-
senho do “model” ao “layout”. Então a ajeitamos para ficar do tamanho da nossa prancha.
Usando os comandos que aprendemos até aqui criei o desenho de um lavabo,
e agora vamos ver como plotá-lo. O primeiro passo é inserir as margens do desenho e
posteriormente o carimbo. Depois disso escolhemos a escala desejada, lembrando que ela
varia de acordo com a unidade de medida na qual você está trabalhando, seja em metros
ou centímetros.
Para inserir a escala clicamos duas vezes na viewport > z > enter > 1000/25xp
(para unidade em metros e escala 1/25) > enter. Após seguir esses passos você já tem o

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 67


desenho em uma escala definida, o próximo comando é realizar a plotagem. Digite plot >
enter > continue to plot a single sheet > ok.
Antes da plotagem você verá a seguinte imagem no layout:

FIGURA 14 - CONFIGURAÇÃO DO DESENHO NO LAYOUT

Fonte: Produzido pela autora.

Após a plotagem você tem seu documento em pdf, o qual você pré-definiu as es-
pessuras das linhas e a escala, devendo se parecer com a ilustração abaixo:

FIGURA 15 - PRANCHA PLOTADA

Fonte: Produzido pela autora

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 68


Se dermos um zoom conseguimos visualizar com maior clareza as diferenças das
espessuras de linhas:

FIGURA 16 - DESENHO LAVABO

Fonte: Produzido pela autora.

Relembro a vocês que este resultado só foi possível graças àquelas primeiras con-
figurações que fizemos na etapa dos layers. Cada passo da realização do nosso desenho
está ligado a outro e o conjunto dessas etapas é que nos dá o produto final.
Por isso é importante nos atentarmos a cada detalhe do desenvolvimento do nosso
produto/projeto, a fim de alcançarmos o melhor resultado final possível.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 69


SAIBA MAIS

Uma vantagem evidente dos desenhos digitais em relação aos desenhos tradicionais é a
possibilidade de experimentar modificações no projeto, estudar pontos de vista alternati-
vos ou testar diferentes técnicas de desenho. Essas vantagens advêm da possibilidade
de se desfazer uma ação ou uma sequência de operações, ou salvar uma versão do de-
senho enquanto trabalhamos em uma cópia ou retornar à versão salva, se necessário.

Francis D. K. Ching.

REFLITA

“Seja criterioso com a qualidade. Algumas pessoas não estão acostumadas com um
ambiente onde a excelência é esperada”.

Steve Jobs.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 70


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diferentemente das unidades anteriores, nesta unidade nos familiarizamos com


uma nova forma de representação – a representação computacional 2D, por meio do sof-
tware AutoCad, comercializado pela Autodesk.
Tivemos nosso primeiro contato com o programa, conhecendo sua interface inicial
e seus comandos básicos e percebemos que estamos diante de uma grande prancheta
de desenho virtual.
Dando continuidade a nossos estudos aprendemos as ferramentas de desenho
e os comandos de criação e edição de objetos, lembro a vocês que existem variados
comandos para diferentes funções, e que é importante precisamos sempre estar aprimo-
rando nossas habilidades.
Posteriormente estudamos sobre os layers, que são as camadas do nosso dese-
nho. Neste tópico definimos a cor e espessura das linhas que representam os diferentes
componentes do nosso objeto/projeto. Além disso, vimos como criar e editar cotas.
Nosso próximo passo consistiu em inserir informações escritas ao nosso desenho
pela ferramenta text e também tomamos conhecimento sobre os blocos do AutoCad, os
quais facilitam a realização dos nossos projetos e podem ser importados e editados usando
os comandos básicos aprendidos.
Por fim fomos introduzidos a página do layout, responsável pela plotagem dos
projetos desenvolvidos na página modelo. Aprendemos como passar um arquivo de dwg
para pdf, escolhendo o tamanho de folha desejada.
Percebemos, ao fim da nossa unidade, que existem diferentes ferramentas de
representação gráfica, mas que ao mesmo tempo os softwares digitais são uma poderosa
fonte de precisão de detalhes e otimização de tempo, sendo indispensável para o desenvol-
vimento de produtos e projetos nos diferentes ramos da engenharia e arquitetura.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 71


LEITURA COMPLEMENTAR

A seguir iremos ler um artigo publicado no site Archdaily sobre a evolução dos
programas computacionais para engenharia e arquitetura, o qual foca, sobretudo, na fer-
ramenta AutoCad. O autor ainda faz um paralelo sobre os novos softwares desenvolvidos
para a representação gráfica, expondo um pouco sobre a tecnologia BIM. A leitura nos
mostra como é importante estarmos sempre abertos a novas tecnologias de expressão
técnica, tendo em vista que esse universo está em constante mudança e evolução.

Do CAD ao BIM. Quais as ferramentas do arquiteto brasileiro?


O desenho auxiliado por computador (CAD) é hoje o sistema mais utilizado como
ferramenta de produção de desenho técnico entre profissionais e acadêmicos da constru-
ção civil. Através do AutoCAD (Autodesk) se tornou popular por representar geometrias que
traduziam as intenções de projeto em duas dimensões. Lançado nos anos 80, ainda muito
atual e utilizado por grandes corporações, estende sua utilidade através da tradição que
construiu ao longo de quatro décadas de mercado.
CAD é uma resposta da tecnologia à necessidade do homem moderno em re-
presentar e documentar geometrias complexas de forma precisa e segura, ou seja, uma
solução que evoluiu ao longo dos tempos - desde os séculos XV/XVI durante a Renascença
na busca pela precisão através da matemática, simetria e signos do divino - até os registros
do pós-guerra, onde havia a necessidade de reproduzir de forma acelerada habitações,
estradas e maquinários durante o século XX.
Art Déco, Modernismo, Pop Art e vários outros movimentos artísticos influenciaram
de forma direta não somente na produção de gráficos, mas na necessidade da tecnologia
em reinventar as ferramentas de representação de forma a refletir as necessidades do
homem contemporâneo.
Diante do advento de novas tecnologias e a transformação do comportamento
humano durante o século XXI, quais seriam os próximos passos para documentar e repre-
sentar projetos de arquitetura?
Nos anos 60 o professor de Design e Ciência da Computação Charles M. Eastman,
já articulava sobre um sistema que interpretasse todas as relações entre forma e função
dos objetos de projeto. Somente um arquivo onde todas as relações estivessem conecta-
das através de uma única plataforma. Esse conceito evoluiu para o que hoje conhecemos

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 72


como modelo paramétrico e se popularizou através da habilidade de grandes mestres da
construção em transformar formas complexas em arquitetura através da tecnologia.
Diante o cenário das grandes construções e a notável inquietude do profissional do
século XXI em maximizar suas múltiplas funções e habilidades, a ferramenta que vem se
popularizando através da tecnologia BIM (Modelo da informação da construção) é o REVIT,
também um software desenvolvido pela Autodesk.
“Se o CAD é a evolução da prancheta, o BIM seria a evolução da maquete. Modifi-
cável de acordo com as relações entre os elementos conjuntos e compreensível através da
geometria como um resultado final de um modelo paramétrico inteligente.” Max Holanda.
No ano de 2017 desenvolvi uma pesquisa que tinha como objetivo comparar ambos
os softwares. O questionamento surgiu ao observar que vários escritórios estavam migran-
do do AutoCAD para o Revit sob a justificativa de que o Revit seria uma ferramenta mais
adequada ao tempo de execução das etapas de projeto assim como uma solução para
representar arquitetura de forma tridimensional.
No Brasil vários outros softwares estão em discussão no ambiente profissional,
inclusive o AutoCAD ainda é muito utilizado, porém é nítido que os escritórios estão vivendo
um movimento migratório para as ferramentas BIM. A hipótese é de que os profissionais da
construção civil estejam sendo influenciados pelo aperfeiçoamento de seus projetos. Já no
âmbito público, a partir do ano de 2021 o Brasil começa a implantar modelos BIM em obras
públicas devido a obrigatoriedade estabelecida pela Estratégia Nacional de Disseminação
do BIM de 2018.
Migrar para o BIM significaria deixar de produzir desenhos bidimensionais como
produto de projeto para alimentar um protótipo em software que carrega informações além
da geometria - compatibilização entre engenharias, etapas de obra, orçamento, levanta-
mento de materiais e eficiência energética - como exemplos dos atrativos que convidam
profissionais a abandonar a tecnologia CAD.
Para as escolas de arquitetura significa reestruturar a didática sobre o desenho
técnico, não mais através da ótica do modelo tradicional de arquiteto, o novo egresso já é
contemporâneo às necessidades do mercado e entende o impacto das novas tecnologias
em sua construção profissional. Uma das justificativas dos mestres em Arquitetura para
não implementar somente a tecnologia BIM nas matérias de computação gráfica/ desenho
técnico computadorizado é a preocupação em como os estudantes entenderiam princípios
básicos de geometria construtiva; como a lógica da construção tridimensional ensinaria a
relação direta entre os componentes de projeto da mesma forma que a prancheta e o CAD.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 73


Arquitetos, engenheiros e outros profissionais da construção civil estão interessa-
dos em otimizar sua produção através dos modelos paramétricos. Podemos observar que
ao longo dos séculos sempre houve uma busca por desenvolver ferramentas que melhor
representasse arquitetura e também como elas sempre registraram o cenário do mundo em
que foram criadas. Hoje, observando o comportamento humano diante das tecnologias, é
fácil compreender porque existe pressa em abandonar ferramentas tradicionais e investir
em novas formas de produzir projeto.

FONTE: Archdaily. Do CAD ao BIM. Quais as ferramentas do arquiteto brasileiro? 08 Abr. 2019.

Archdaily. Acessado em 25 Mai 2021. https://www.archdaily.com.br/br/914299/do-cad-ao-bim-quais-as-ferra-

mentas-do-arquiteto-brasileiro.

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 74


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: AUTOCAD 2020 - Guia completo para iniciantes
Autor: Grasielle Cristina dos Santos Lembi Gorla.
Editora: CRV.
Sinopse: O AutoCAD é um software amplamente utilizado para
agilizar a representação gráfica de desenhos técnicos referentes a
diversas especialidades. Diante desta relevância, o presente livro
é fruto de um desejo em transmitir aos desenhistas conhecimento
essencial e abrangente sobre as rotinas de trabalho do software,
sobretudo da versão 2020, em modo bidimensional. O livro pos-
sui uma sequência estruturada de apresentação dos principais
comandos, conforme um grau ascendente de complexidade. Tais
comandos são abordados através da explanação detalhada da
sua rotina de operação, e muitos ainda apresentam ilustrações ou
representações parciais de caixas de diálogos, almejando facilitar
o entendimento do conteúdo ministrado. Embora o guia possa ser
explorado por projetistas de várias áreas e em diversas situações,
ele possui uma abordagem mais voltada ao segmento da arquite-
tura, engenharia civil e áreas afins. Nesta acepção é uma valiosa
ferramenta didática que pode ser utilizada por componentes cur-
riculares que abranjam o “desenho assistido por computador” em
sua área de atuação, oferecendo dezenas de exercícios práticos
para a consolidação do aprendizado.

FILME/VÍDEO
Título: Como Fazer o Download das Versões Educacionais do
AutoCAD e Revit - Atualizado Fevereiro/2021
Ano: 2021
Sinopse: Neste tutorial é explicado como fazer o download e
instalação das versões educacionais do AutoCAD, Revit e outros
programas da Autodesk.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=kBOp8g2-ibk&t=51s

UNIDADE III Ferramentas e Comandos da Representação Computacional 75


UNIDADE IV
Desenho Universal
Professora Esp. Giovanna Renzetti

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições dos sete princípios do desenho universal;
● Campos de estudo das diretrizes do desenho universal em projetos habitacionais;
● Breve histórico da mobilidade em espaços públicos;
● Tipos de design para todos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o termo desenho universal;
● Compreender o desenvolvimento de projetos de acessibilidade urbana;
● Estabelecer a importância do desenho para todos.

76
INTRODUÇÃO

Nesta unidade iremos nos familiarizar com os fundamentos do desenho universal,


também comumente cunhado de design inclusivo e design para todos. O importante é saber
que independente da expressão o que todas elas carregam em comum é o significado, ou
seja, o desenvolvimento de projetos e produtos acessíveis para todos, independente de
qualquer limitação que o usuário possa apresentar.
À vista disso, primeiramente aprenderemos sobre o conceito e origem do desenho
universal e seus sete princípios, os quais norteiam a elaboração de projetos e produtos
inclusivos incentivando a concepção de um panorama mais inclusivo. Evidencia-se que es-
ses fundamentos são aplicáveis em diversas áreas como arquitetura, engenharias, design,
comunicação e saúde, ressaltando a vertente multidisciplinar de acessibilidade e inclusão.
Posteriormente nos aprofundaremos nos preceitos de acessibilidade particulares
de projetos privados, neste caso, habitações. Iremos aprender sobre espaços e áreas mí-
nimas para a locomoção de usuários com limitações locomotoras, bem como a importância
de projetar espaços - sala, quarto, cozinha - que atendam aos requisitos mínimos para uma
vida confortável e acessível.
Outro ponto importante que abordaremos é a acessibilidade e inclusão em es-
paços públicos. Atualmente existem leis e normas que interferem nos projetos urbanos
em prol de uma cidade mais inclusiva e igualitária e é sobre alguns desses aspectos que
iremos estudar.
Por fim, mergulharemos no mundo do design inclusivo, focando, sobretudo, na
concepção de produtos e objetos que atendam a maior gama possível de usuários. Ve-
remos que os princípios do desenho universal também se aplicam ao design para todos
e que a participação do público alvo é imprescindível para a elaboração de um produto
mais democrático.

UNIDADE IV Desenho Universal 77


1. OS SETE PRINCÍPIOS DO DESENHO UNIVERSAL

O desenho universal, termo mais conhecido para expressões como design e ar-
quitetura inclusivos, design para todos, design para a diversidade e acessibilidade ao meio
físico (Cambiaghi, 2017) surgiu na década de oitenta nos Estados Unidos. A expressão
nasceu como necessidade de reivindicar um mundo mais acessível e igualitário, onde todas
as pessoas pudessem se sentir confortáveis e aptas a utilizarem qualquer tipo de espaço,
independente de idade, etnia, gênero ou limitações físicas
A expressão desenho universal ou universal design foi usada pela primeira
vez, nos Estados Unidos, por Ron Mace, arquiteto que articulou e influenciou
uma mudança de paradigmas dos projetos de arquitetura e design. Segundo
ele, o desenho universal é responsável pela criação de ambientes ou produ-
tos que podem ser usados pelo maior número de pessoas possível. (CAM-
BIAGHI, 2013, p. 73).

Por conseguinte, o objetivo do desenho universal ou design inclusivo se concentra


na elaboração de produtos e ambientes que sejam utilizáveis por pessoas de qualquer
competência, contribuindo, assim, para a inclusão de todos os seres humanos, em prol de
um design democrático e não discriminativo que reconheça os diferentes usuários e suas
diferentes necessidades.
O desenho universal se alastrou entre as mais diversas profissões abrangendo mer-
cados da arquitetura, engenharias, design, comunicação entre outros. Ressaltando, dessa
forma, sua importância e relevância para uma sociedade mais inclusiva e menos restritiva.

UNIDADE IV Desenho Universal 78


A Escola de Design da Universidade da Carolina do Norte (EUA), com o objetivo
de sistematizar os principais conceitos do desenho universal, desenvolveu iniciativas de
desenvolvimento de projetos e produtos com o propósito de englobar o desenho universal.
São um total de sete e exploraremos cada uma delas a seguir.
IGUALITÁRIO: possibilidade de uso equiparativa. Projeto de espaços e desenvolvi-
mento de produtos que possam ser utilizados por usuários de diferentes aptidões, de forma
a evitar qualquer tipo de segregação a partir de ambientes e produtos iguais para todos.

FIGURA 1 - PORTAS AUTOMÁTICAS QUE SE ABREM POR SENSORES

Fonte: Carletto e Cambiaghi, 2007, p. 12

ADAPTÁVEL - uso flexível. Desenvolvimento de produtos e ambientes adaptáveis


a qualquer tipo de usuário.

FIGURA 2 - BANHEIRO ACESSÍVEL A PESSOAS COM DIFICULDADES MOTORAS

Fonte: Astra Sa, 2020. Disponível em: https://www.astra-sa.com/destaques/banheiro-pne-

saiba-como-ter-um-banheiro-mais-acessivel/. Acesso em 13 de jul. 2021

USO SIMPLES E INTUITIVO - de fácil compreensão. Utilização do objeto ou es-


paço com fácil entendimento, independentemente do grau de conhecimento, idioma falado
ou nível de concentração do usuário. De modo a passar informações de fácil interpretação
e por ordem de importância.

UNIDADE IV Desenho Universal 79


FIGURA 3 - SANITÁRIO FEMININO E PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Fonte: Carletto e Cambiaghi, 2007, p. 14

INFORMAÇÃO DE FÁCIL PERCEPÇÃO - tornar simples o uso do espaço ou ma-


nuseio do objeto. Emprego de diferentes tipos de comunicação como símbolos, alertas
sonoros, táteis, textos em diferentes línguas e informação em braille.

FIGURA 4 - MAPA TÁTIL

Fonte: Carletto e Cambiaghi, 2007, p. 15

SEGURO - tolerante ao erro. Ao desenvolver um produto ou elaborar um ambiente


estar ciente dos riscos que podem ser originados e tentar minimizá-los, bem como suas
consequências. Fornecer artifícios que possam restaurar os possíveis erros de utilização.

FIGURA 6 - RAMPA COM CORRIMÃO DUPLO

Fonte: Inox Curitiba. Disponível em: https://inoxcuritiba.com.br/corrimaos/


corrimao-acessibilidade/.Acesso em 13 de jul. 2021.

UNIDADE IV Desenho Universal 80


MÍNIMO ESFORÇO FÍSICO - ambientes e objetos que reduzam o máximo de
esforço físico e que sejam utilizados por qualquer tipo de usuário de forma confortável e
segura evitando fadiga.

FIGURA 7 - EQUIPAMENTOS COM SENSORES

USO ABRANGENTE - dimensionamento de espaço para o uso de todos. Elabora-


ção de espaços acessíveis para usuários em pé ou sentados, alcance visual de todos os
produtos, independente do tamanho, peso ou locomoção do usuário.

FIGURA 8 - POLTRONA PARA OBESOS EM CINEMAS E TEATROS

Fonte: Carletto e Cambiaghi, 2017, p. 17

UNIDADE IV Desenho Universal 81


2. DIRETRIZES DO DESENHO UNIVERSAL NOS PROJETOS HABITACIONAIS

Agora que já aprendemos os conceitos fundamentais do desenho universal, va-

mos nos aprofundar no desenvolvimento de espaços acessíveis para qualquer tipo de

usuário, em especial, os indivíduos com dificuldade de locomoção. Focando em ambientes

residenciais e em pessoas com restrições locomotoras como idosos, gestantes, obesos e

deficientes físicos.

O objetivo de se pensar um espaço inclusivo é oferecer ambientes com o menor

número de desníveis possíveis, passagens amplas, pisos antiderrapantes, manipulação de

objetos e equipamentos em diferentes alturas. As normas técnicas e legislações servem

como manuais para atender tais requisitos, em especial, a NBR 9050 focada em acessibili-

dade e mobilidade em edificações e espaços públicos.

Focaremos, assim, no pré-dimensionamento dos cômodos residenciais de forma

a se tornarem aptos a qualquer tipo de usuário. Um dos quesitos mais importantes a ser

lembrado na elaboração de qualquer ambiente que seja é a área de manobra mínima re-

querida por usuários de cadeira de rodas. Para que possam circular livremente entre a sala,

os quartos, a cozinha e o banheiro é necessária a medida mínima de 1,20x1,50m, levando

em consideração uma manobra de 180º.

UNIDADE IV Desenho Universal 82


FIGURA 9 - VALORES DE REFERÊNCIA

Fonte: MPSP, 2010, p. 36

Outro ponto importante a ser pensado no desenvolvimento de projetos residenciais


é a flexibilização dos ambientes, de forma que os banheiros e /ou quartos possam ser
readequados levando em consideração às novas necessidades de seus usuários. À vista
disso, é preciso pensar em divisórias que não se comprometam estruturalmente, passíveis
de serem modificadas sem maiores transtornos construtivos. Um aliado na hora de projetar
espaços mais flexíveis é o drywall: estrutura em gesso de fácil manuseio.
Pré-definidas pela NBR 9050 são as dimensões mínimas de passagens e circula-
ções internas, sendo a medida de 90cm o mínimo necessário para um corredor confortável
e 80cm livre para portas.

FIGURA 10 - PESSOA COM MULETAS

Fonte: NBR: 9050

Em relação às salas íntimas e quartos é necessária a acomodação do usuário em


equipamentos mobiliários como mesas e camas, de forma que seja fornecido área para
transferência lateral ao sofá e à cama, bem como altura adequada da mesa de jantar e
estudos.

UNIDADE IV Desenho Universal 83


FIGURA 11 - ÁREA DE TRANSFERÊNCIA

Fonte: Alexandre; Rogante, 2010, p. 12

Um dos cômodos que merece maior atenção na hora de ser projetado ou reade-
quado para usuários com locomoção restrita é o banheiro, onde os equipamentos precisam
ser específicos para o usuário com limitações. Assim, o lavatório necessita de abertura
inferior de modo que o indivíduo consiga se aproximar da pia e ter a sobra de 25cm sob o
equipamento. Área do box com dimensões mínimas de 90x90cm, equipamentos de apoio
como barras verticais e horizontais fixadas nas paredes e área de manobra mínima de
180º, além das áreas de transferência perto da bacia sanitária e do box. Como ilustra a
imagem abaixo:

FIGURA 12 - BANHEIRO INCLUSIVO

Fonte: MPSP, 2010, p. 62

UNIDADE IV Desenho Universal 84


No projeto da cozinha é preciso prestar atenção nos equipamentos domésticos que
serão manuseados pelo usuário, como fogão, pia e geladeira, por exemplo. Dessa forma
é necessário que exista área de aproximação a esses utensílios como também a área de
manobra. Em relação à pia, assim como no banheiro, é necessário pré-definir um espaço
livre com altura de 85cm. Outro ponto são os armários para armazenamento, de modo que
fique com altura adequada para fácil manuseio do usuário. Na área de serviço o mesmo
deve ser pensado para a utilização do tanque.

FIGURA 13 - COZINHA PROJETADA PARA USUÁRIO COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

Fonte: Supérfluo necessário. Disponível em: https://superfluonecessario.com.br/6-dicas-essenciais-

para-preparar-imoveis-com-acessibilidade/altura-max-alcancada/. Acesso em 13 de jul. 2021.

De modo geral, os espaços precisam ser amplos e livres de obstáculos. Sempre


levando em consideração a passagem mínima de 90cm e a área de manobra para cadei-
rantes de 180º.

UNIDADE IV Desenho Universal 85


3. MOBILIDADE EM ESPAÇOS PÚBLICOS

Quando pensamos em acessibilidade frequentemente nos referimos ao indivíduo


portador de deficiência física com mobilidade reduzida. Mas o desenho universal abrange
todo e qualquer tipo de pessoa com certo grau de restrição, seja física, sonora, visual, por
altura e/ou por idade. Assim sendo, os espaços públicos precisam ser pensados e estarem
aptos a atender todo público, promovendo a inclusão e democracia.
Para um ambiente urbano alcançar o status de agradável e cômodo, exis-
tem alguns princípios a considerar. De modo resumido, esse ambiente deve:
possibilitar a chegada a todos os lugares, inclusive aos edifícios públicos e
privados; possibilitar a entrada em todos os edifícios públicos e privados;
possibilitar a utilização de todas as instalações públicas e privadas e dos
espaços externos em que elas se inserem. A aplicação desses quesitos, em
consonância com a manutenção da autonomia e da segurança do usuário,
assegurará a mobilidade, a acessibilidade e o pleno uso do ambiente para o
perfeito desenvolvimento das atividades dos indivíduos. (CAMBIAGHI, 2013,
p.179).

FIGURA 14 - PISO TÁTIL EM CALÇADA

UNIDADE IV Desenho Universal 86


Para a inclusão no meio urbano alguns princípios de planejamento devem ser
pensados, de acordo com Cambiaghi (2013), como acessibilidade, circulação, utilização,
orientação, segurança e funcionalidade.
Alguns dos tópicos a serem explorados na hora de se projetar espaços públicos são:
● Nivelamento das calçadas e continuidade dos revestimentos antiderrapantes;
● Guias rebaixadas para pessoas com dificuldades de locomoção;
● Pisos táteis para indivíduos com deficiências visuais;
● Sinais sonoros em semáforos para deficientes visuais;
● Estabelecimentos de vagas reservadas a deficientes físicos, idosos e gestantes;
● Instauração de mobiliários urbano adequado e acessível para todos;
● Placas e mapas em braile.

FIGURA 15 - VAGAS PRIORITÁRIAS

Ressalta-se que esses são alguns dos quesitos que precisam ser estudados no
desenvolvimento de espaços urbanos, no entanto, existem infinitas possibilidades para um
meio público mais inclusivo. Estudos são desenvolvidos constantemente a fim de encontrar
maneiras mais eficientes para acessibilidade e inclusão. Afinal, a cidade é para todos, ou
pelo menos deveria ser.

UNIDADE IV Desenho Universal 87


4. DESIGN PARA TODOS - DESIGN FOR ALL

O design para todos, também chamado de design universal ou design for all, con-
centra-se no desenvolvimento de produtos e objetos que visam a maior qualidade de vida
dos usuários, ou seja, tem como objetivo contribuir para a igualdade de participação de todo
e qualquer indivíduo. O design faz a ponte entre fundamentos científicos e liberdade criativa
a fim de criar produtos inclusivos e atentos à evolução e à diversidade humana.
Salienta-se que o DI (design inclusivo) não se aplica somente à elaboração de
produtos e objetos mas também aos ambientes e serviços fornecidos aos usuários, como já
vimos anteriormente nos tópicos sobre acessibilidade dos espaços residenciais e públicos.
Nessa mesma linha de pensamento, aplicam-se os mesmos sete princípios do de-
senho universal para o design universal, em outras palavras, esses princípios também são
norteadores no processo de desdobramento de novos produtos inclusivos, prezando pela
universalidade de seus usos, sendo eles: igualitário, adaptável, óbvio, conhecido, seguro,
sem esforço e abrangente.

UNIDADE IV Desenho Universal 88


FIGURA 16 - JOGO DE XADREZ PARA DEFICIENTES VISUAIS

Ao desenvolver um design que seja inclusivo é preciso analisar as reais necessida-


des humanas e os diferentes tipos de limitações, assim, é indispensável a participação de
diferentes usuários finais em todo o processo de concepção do objeto, contribuindo para
uma design que ofereça autonomia e independência a qualquer indivíduo, independente de
qualquer deficiência ou restrição.
Outro ponto importante é ter a consciência de que espaços, produtos e serviços
acessíveis são um direito do ser humano e não um ato de bondade. De forma que normas
e leis foram desenvolvidas a fim de promover a inclusão social.
O termo design for all foi utilizado pela primeira vez em 1994 tendo como foco
inicial as implicações que o envelhecimento da população causaria nos desafios do design
tradicional do dia a dia, abrindo novas oportunidades no mercado do design.
Em outras palavras, sua origem se deu a partir da vontade de melhorar a qualidade
de vida de todo e qualquer tipo de pessoa, sendo atrelado ao funcionalismo escandinavo
dos anos 1980 e ao design ergonômico da década de 1960: simplicidade e funcionalidade.

FIGURA 17 - PLATAFORMA DE ACESSO A PISCINA PARA DEFICIENTES

FÍSICOS E PESSOAS COM DIFICULDADE DE LOCOMOÇÃO

Fonte: Gazeta do Povo, 2021. Disponível em:https://www.gazetadopovo.com.br/

haus/elevador-permite-acesso-de-pessoas-com-deficiencia-fisica-a-piscina/. Acesso: 13 de jul. 2021.

UNIDADE IV Desenho Universal 89


Por fim, todo novo objeto está intrinsecamente ligado a um processo criativo peda-
gógico em que o designer funciona como o interlocutor entre as necessidades do usuário e
a concepção do produto final.

SAIBA MAIS

“Design é um vocábulo atribuído à área destinada a estudar e promover a relação sau-


dável entre usuário e produto/ambiente/serviço por meio de projetos que visam a solu-
cionar problemas existentes ou prevenir conflitos nessa relação. Além de ser uma ferra-
menta de inovação diante da competitividade industrial, o design busca soluções para
questões que afligem a sociedade em áreas como saúde, educação e meio ambiente”.

(Danila Gomes Pereira e Maria Manuela Rupp Quaresma).

REFLITA

“Olhe para o design como uma forma de empoderamento para todos”.

Dan Formosa.

UNIDADE IV Desenho Universal 90


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade nos familiarizamos com novos conceitos de projeto - princípios de


universalidade - no desenvolvimento de projetos de engenharia, arquitetura, urbanismo e
produtos. Aprendemos o que é desenho universal e sua importância para a criação de uma
sociedade mais democrática.
De início aprendemos os sete princípios do desenho universal e sua aplicabilidade
em diferentes ramos profissionais, constatando a multidisciplinaridade que envolve o termo.
Depois disso nos aprofundamos nos significados de igualitário, adaptável, óbvio, conhecido,
seguro, sem esforço e abrangente.
Em sequência, estudamos de maneira mais específica os preceitos de acessibili-
dade em construções residenciais, focando nas necessidades de usuários com locomoção
reduzida. Dessa forma, aprendemos como elaborar salas, quartos, cozinha e área de servi-
ço levando sempre em consideração as áreas de transferência e passagem mínimas, bem
como o espaço necessário para a transferência do usuário.
Vimos que para criar um ambiente residencial acessível é preciso também que os
mobiliários estejam adequados, reforçando o trabalho conjunto entre arquitetura e design.
Posteriormente revisamos a importância do desenho inclusivo em espaços pú-
blicos, ressaltando o poder concentrado nas mãos de projetistas, urbanistas, designers
e órgãos públicos para o desenvolvimento de cidades mais acessíveis e inclusivas, que
oferecem mobiliários adequados, acessos para indivíduos com dificuldade de locomoção,
sinais sonoros, pavimentos táteis, etc.
Por fim, tomamos conhecimento do termo design para todos e qual sua finalidade
para o desenvolvimento de objetos e produtos. Vimos que a participação do público alvo
é indispensável para o resultado final de um design abrangente e inclusivo. Abordando a
diversidade e diferenças dos usuários.

UNIDADE IV Desenho Universal 91


LEITURA COMPLEMENTAR

A fim de complementar nossos estudos sobre design universal, leremos um trecho


da pesquisa de Danila Gomes Pereira e Maria Manuela Rupp Quaresma sobre o caráter
universal e unilateral dos desenhos inclusivos.
O Design Inclusivo não é global. Não cabe desprezar as diferenças de gostos,
culturas e etnias. Na elaboração de um produto inclusivo, deve-se estudar a preferência
do público destinatário, por mais ampla que seja. Essa etapa do projeto está intrínseca à
atividade do designer, pois em qualquer projeto elaborado por ele há o estudo da cultura,
do repertório e do gosto dos usuários. Qualquer produto apresenta características atrativas
para um público específico, e um produto inclusivo não se apresenta de modo diferente; a
distinção está em considerar o maior número de repertórios e vivências possíveis no que
tange a funcionalidade do mesmo.
O principal foco do Design Inclusivo não está em agradar a “gregos e troianos”,
visto que a diferença de cultura influencia as características que agradam ou não, que
comunicam ou não, que produzem uma relação afetiva ou não. O foco dessa abordagem de
projeto está em atender “gregos e troianos”, visto que os seres humanos são constituídos
por restrições e habilidades em qualquer lugar do mundo, sendo a ideia fazer com que uns
e outros utilizem um produto sem nenhuma dificuldade.
Um projeto inclusivo exige o conhecimento de todos os possíveis usuários e
de como o produto poderia ser utilizado. Dischinger (2012) afirma que o real desafio
na elaboração de projetos inclusivos é “desenvolver ações de projeto que conciliem
necessidades diversas e complexas, reconhecendo que as pessoas são naturalmente
diferentes”. (DISCHINGER, 2012, p. 16) Não obstante, pode haver limites na utilização,
pois cada objeto requer um contexto de uso, ora ampliado ao máximo de usuários, ora
considerando somente alguns. Em suma, atender ao maior número de pessoas depende
dos limites do produto em si, da amplitude da pesquisa, da imersão em vivências diversas
e das fronteiras entre culturas diferentes.
Uma questão levantada por Guilhermo (1995) é que “o Design deveria ser univer-
sal por excelência”. O designer por si já deveria prever a exclusão que o produto criado
causaria. Um projeto direcionado para um público específico (por exemplo, um público
com habilidades favoráveis ao uso) exclui as pessoas que não têm tais características,
mas que também utilizam o artefato. O DI é o design que conhecemos em sua forma
ampla de ser, com público ampliado, com mais requisitos de projeto, mais pesquisas e
mais repertórios envolvidos.

UNIDADE IV Desenho Universal 92


A consequência da ampliação de público é o número maior de problemas que serão
encontrados, sendo o objetivo cercar todas as questões problemáticas que um produto
pode apresentar em seu uso, resultando em uma visão holística do uso. Proporcionar so-
luções para a variedade de problemas encontrados é produzir um design completo, uma
solução total. O termo “holístico” deriva de holos, que em grego significa “todo” ou “inteiro”.
O holismo é um conceito criado por Jan Christiaan Smuts (1926), que o descreveu como
a “tendência da natureza de usar a evolução criativa para formar um ‘todo’ que é maior do
que a soma das suas partes”.
A princípio, o ideal é ter um enfoque sistêmico, ou seja, propor ao designer uma
nova forma de pensar: o conjunto são as partes que compõem o todo, e é o todo que
determina o comportamento das partes. Entendendo as partes como as diversas formas
de uso, contendo as várias habilidades específicas encontradas por 44 O Design Inclusivo
pessoas com diferentes necessidades e situações, e o todo como o produto que abarca o
uso em diferentes circunstâncias, a solução se torna inclusiva.
É importante que os projetistas busquem conhecer casos específicos, pontos crí-
ticos e situações de conflito para enriquecer a visão do todo, buscando, assim, uma visão
mais completa do problema. As soluções são ao mesmo tempo especialistas e generalistas.
Especialistas porque consideram uma forma de uso específica, uma habilidade oriunda da
diferença funcional, ou seja, da necessidade ou da limitação peculiar de um grupo menor,
que pode ser em algum momento da vida também de um grupo maior. Generalistas porque
abarcam um vasto campo de possibilidades de uso e de contextos.
O desafio é exaltar as habilidades, e não as limitações. A proposta é partir das difi-
culdades permanentes ou momentâneas dos usuários para procurar explorar as habilidades
não prejudicadas. Portanto, é preciso conhecer os problemas de uso e as restrições dos
usuários, mas são as habilidades que guiarão as soluções dos projetistas. Como exemplo,
em um contexto de uso no qual há uma limitação visual, seja ela causada por uma pato-
logia do indivíduo, uma deficiência congênita ou uma restrição momentânea — como uma
pessoa aparentemente sem “problemas visuais” em um lugar escuro tendo de utilizar um
produto —, uma das habilidades favoráveis é a audição e o tato; portanto, nesse contexto
uma das formas de solução é explorar essas habilidades.
Repetidas vezes foi exposto que o conceito do DI abraça a diversidade como fi-
losofia e ideal, portanto, pode-se dizer que este é centrado no humano e nas habilidades
funcionais que existem no conjunto de usuários que compõe a humanidade. Para ilustrar
essa característica, propõe-se uma estrutura de pensamento representada por formas
orgânicas, as quais sofrem alterações de acordo com a demanda e a limitação de cada
projeto. Essa ideia se configura da seguinte forma, representada na figura abaixo:

UNIDADE IV Desenho Universal 93


FIGURA - DIAGRAMA

Fonte: Pereira, 2017.

O Design Inclusivo O DI parte das peculiaridades, das características limitantes de


grupos específicos para contribuir com a diversidade; ele reconhece formas específicas de
uso colecionando múltiplas formas de utilizar um objeto; ele apresenta soluções específicas
para grupos específicos de usuários e soluções mais amplas para uma quantidade maior
de usuários. O DI visa causar um impacto benéfico na vida do indivíduo com limitações
peculiares, além de causar um impacto benéfico no uso de produtos por um grupo maior de
usuários, aumentando a praticidade. O impacto atinge de forma positiva a sociedade com
a promoção da autonomia e o aumento de pessoas mais ativas.

Fonte: Pereira, Danila Gomes; Quaresma, Maria Manuela Rupp. A aplicabilidade do Design Inclusi-

vo em projetos de Design. Rio de Janeiro, 2017. 155p. Dissertação de Mestrado – Departamento de Artes &

Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

UNIDADE IV Desenho Universal 94


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Introdução ao design inclusivo
Autor: Danila Gomes e Manuela Quaresma.
Editora: Appris.
Sinopse: O livro Introdução ao Design Inclusivo é uma leitura fun-
damental para pessoas imersas na área do Design. Nele consta
toda a filosofia do Design Inclusivo, um caminho para ensiná-lo
nos cursos de graduação em Design e reflexões sobre processos
projetuais que favorecem a elaboração de produtos inclusivos. No
Brasil, a pesquisa em torno desse tema está cada vez mais pre-
sente na área do Design, e as principais referências que embasam
as investigações vêm do exterior. Em vista disso, este livro é um
dos pioneiros no Brasil a tratar do Design Inclusivo na área do De-
sign, portanto, traz uma contribuição significativa para a evolução
do tema no nosso país. Danila Gomes convida-nos a uma reflexão
sobre as nossas práticas enquanto designers. Ela nos apresenta
a filosofia do Design Inclusivo como um novo olhar diante dos
projetos e vai além: mostra-nos que compreender a diversidade
funcional é obter uma nova percepção diante das pessoas que
estão ao nosso redor. Entender que somos todos diferentes em
limites e em habilidades é o primeiro passo para construir um olhar
livre de barreiras. A autora traz para a discussão os limites e a am-
plitude dessa abordagem de uma forma leve e prática. Acredita-se
que contemplar a diversidade funcional é uma atitude fundamental
na busca por um design de qualidade. Esta obra proporciona ao
leitor uma quebra de paradigmas e, essencialmente, uma nova
maneira de ver o Design.

FILME/VÍDEO
Título: Casas universais - episódio 1 “cidades habitáveis”
Ano: 2019
Sinopse: Randy Earle e Leslie Haynes exibem seu loft moderno de
300m² e um quarto com acesso para cadeira de rodas. A arquiteta
Carol Sundstrom conseguiu utilizar a planta aberta para criar um
espaço artístico, inovador e acessível a todos. Esta minissérie foi
criada pela Fundação de Paralisia Cerebral com o apoio generoso
da Chubb.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=MofhpHw68uc

UNIDADE IV Desenho Universal 95


WEB

Os princípios do design inclusivo tratam basicamente de colocar as pessoas em


primeiro lugar. É sobre projetar produtos pensando em necessidades específicas de pes-
soas com deficiências permanentes, temporárias, situacionais ou mutáveis de acordo com
suas respectivas situações, ou seja, na verdade é projetar pensando em todos nós. A ideia
destes princípios é dar a qualquer pessoa - designers, profissionais de UX, conteudistas,
desenvolvedores, criadores, inovadores, artistas, pensadores - envolvida no desenvolvi-
mento de produtos e serviços, uma ampla visão e abordagem ao design inclusivo.

• http://designinclusivo.com/

UNIDADE IV Desenho Universal 96


REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, Neusa; ROGANTE, Maria. Movimentação e transferência de pacientes:


aspectos posturais e ergonômicos. Revista da Escola de Enfermagem da USP, Julho, 2010.

ARCHDAILY. Do CAD ao BIM. Quais as ferramentas do arquiteto brasileiro? 08 Abr. 2019.


Archdaily. Acessado em 25 Mai 2021. https://www.archdaily.com.br/br/914299/do-cad-ao-
-bim-quais-as-ferramentas-do-arquiteto-brasileiro.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS . ABNT NBR 13142: Desenho técni-


co: dobramento de cópia: Procedimento. Rio de Janeiro, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10126: Cotagem em


desenho técnico: Procedimento. Rio de Janeiro, 1987

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6492: Representação


em projetos de arquitetura - Procedimento. Rio de Janeiro: 1992.

BARRETO, Emmanoel; REIS, Luiz Fernando. Notas de aula de desenho técnico e desenho
arquitetônico. UFV: Departamento de arquitetura e urbanismo. Viçosa, 2015.

CAMBIAGHI, Silvana. Desenho universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas.


São Paulo: Senac, 2013.

CATAPAN, Márcio. Apostila de desenho mecânico I. UFPR: Universidade Federal do Paraná,


2014. Disponível em: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_marcio/wp-content/uploads/
sites/13/2014/09/Apostila-Desenho-Mecanico-I-Parte.pdf. Acesso em 14 de jul. 2021.

CATAPAN, Márcio. Apostila de desenho mecânico I. UFPR: Universidade Federal do Paraná,


2014. Disponível em: http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_marcio/wp-content/uploads/
sites/13/2014/09/Apostila-Desenho-Mecanico-I-Parte.pdf. Acesso em 14 de jul. 2021.

CHING, Francis. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2017.

Desenho universal: habitação de interesse social no Estado de São Paulo. 2010. Disponí-
vel em:http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/manual-desenho-universal.pdf.
Acesso em 14 de jul. de 2021.

97
Desenho Universal: um conceito para todos. Carletto, Ana Claudia; Cambiaghi, Silvana In:
Instituto Mara Gabrilli. São Paulo, 2007.

MONTENEGRO, Gildo. Desenho arquitetônico. São Paulo: Blucher, 2017.

MUKAI, Hitomi; Schuler, Denise. Disciplina de desenho técnico I. FAG: Faculdade Assis
Gurgacz, 2008.

NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.


2004. Rio de Janeiro, 2004.

PEREIRA, Danila Gomes; QUARESMA, Maria Manuela Rupp. A aplicabilidade do Design


Inclusivo em projetos de Design. Rio de Janeiro, 2017. 155p. Dissertação de Mestrado –
Departamento de Artes & Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

RIBEIRO, Laura. Apostila de perspectivas. Disponível em: https://desenhobasicouff.weebly.


com/uploads/1/2/5/2/125299056/apostila_perspectivas_laura_2.pdf. Acesso em: 29/04/21.

98
CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) aluno (a),

Neste material tive a intenção de introduzir vocês aos conceitos de representação


gráfica e desenho universal. À vista disso abordamos os diferentes princípios teóricos
desses termos em busca de um entendimento geral da importância da expressão gráfica
universal, bem como o planejamento de um mundo mais acessível.
Iniciamos nossos estudos nos familiarizando com as ferramentas de desenho ne-
cessárias para o desenvolvimento de projetos técnicos. Destacamos a importância de uma
linguagem técnica e padronizada que permite a leitura geral dos projetos de engenharia
e arquitetura. Também vimos que a elaboração de projetos está diretamente ligada ao
atendimento de certas normas definidas como NBR’s (Normas Técnicas Brasileiras).
Em sequência aprendemos sobre os diferentes tipos de representação - desenho à
mão livre, perspectiva cilíndrica e cônica - a fim de estarmos preparados para a introdução
às vistas ortográficas. Nessa linha de pensamento revisamos sobre os diferentes desenhos
ortográficos que compõem um projeto de arquitetura e engenharia, sendo eles: plantas,
cortes e elevações.
Fomos introduzidos a um software computacional chamado AutoCad e percebemos
que os desenhos feitos primeiramente à mão a partir de instrumentos de desenho podem
ser facilmente realizados na prancheta digital, assim sendo, assimilamos os conceitos bá-
sicos de representação do AutoCad.
Finalmente, compreendemos a importância do desenho universal e design inclusivo
para o desenvolvimento de uma sociedade mais democrática e menos segregada, a partir
da revisão dos princípios do desenho para todos, bem como sua aplicação em diferentes
áreas de projeto e planejamento.
A partir de agora acredito que você esteja preparado para desenvolver desenhos
técnicos, levando em consideração os princípios de acessibilidade e inclusão, de forma a
elaborar projetos e produtos de sucesso.

Obrigada pela atenção e até uma próxima oportunidade!

99
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
www.unifatecie.edu.br/

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