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Moda II
Professor Ms. Gabriel Coutinho Calvi
2022 by Editora Edufatecie
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Que bom ter você por aqui! Nossa disciplina de Projeto de Moda II vai dar enfoque
aos materiais têxteis procurando conhecer todo o processo de origem e extração das fibras
que desenvolvem os fios, tecidos, não-tecidos e dos processos de beneficiamentos que vão
melhorar os aspectos estéticos e de conforto fisiológico e ergonômico dos artigos têxteis.
Isso quer dizer que, enquanto futuro designer de moda, conhecer sobre os conteú-
dos técnicos dos materiais têxteis é fundamental pois te ajuda a desenvolver um processo
criativo assertivo e próximo do que será executado no setor produtivo da empresa, também
conhecido como chão de fábrica – onde a confecção das roupas acontece! Portanto, em
nossas unidades você encontrará todas as informações necessárias para compreender
essa área em suas diversas
A Unidade I tem o propósito de fazer com que você compreenda que os fios que
constituem os tecidos são produzidos a partir de fibras têxteis que podem ter origem natural
– extraída de animais, vegetais e minerais – ou de origem não natural produzidas de forma
sintética ou artificial.
Ao compreender sobre a origem das fibras têxteis, a Unidade II irá apresentar as
características dos tecidos planos, tecidos de malha e não-tecidos, dando um enfoque
maior nos tecidos planos. Logo, a Unidade III dá continuidade nas discussões e apresenta
a formação e características dos tecidos de malha e dos não-tecidos, concluindo o ciclo de
entendimento do assunto.
Na Unidade IV encerramos nossas discussões conhecendo sobre os tipos de
beneficiamento, sabendo que eles se dividem em primário, secundário e terciário, onde o
beneficiamento primário é responsável pela preparação dos artigos têxteis, o secundário é
responsável pelo tingimento, lavagem e estampagem, e o terciário responsável pelo acaba-
mento desses artigos antes de serem comercializados.
Bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I....................................................................................................... 3
Fibras Têxteis
UNIDADE II.................................................................................................... 27
Características dos Tecidos
UNIDADE III................................................................................................... 45
Conceitos de Malharia e Não-Tecidos
UNIDADE IV................................................................................................... 68
Estamparia e Beneficiamento Têxtil
UNIDADE I
Fibras Têxteis
Professor Me. Gabriel Coutinho Calvi
Plano de Estudo:
● Introdução e Classificação das Fibras Têxteis;
● Fibras Vegetais;
● Fibras Animais;
● Fibras Não-Naturais.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender o conceito e classificação das fibras têxteis;
● Conhecer os tipos de fibras vegetais.
● Analisar as especificidades das fibras animais não-naturais.
3
INTRODUÇÃO
Oi, tudo bem? Seja bem-vindo(a) a nossa primeira unidade da disciplina de projeto
de moda II com foco em materiais têxteis. Acredito que, assim como eu, você deve estar
com muitas expectativas para iniciar nessa trilha de aprendizagem. Portanto, procure um
lugar confortável e se acomode, porque a partir de agora vamos aprender tudo sobre o
universo dos materiais têxteis.
A indústria têxtil produz artigos para todas as áreas do mercado que compreendem;
indústria do vestuário, indústria de arquitetura e decoração, indústria automobilística entre
outras. As roupas que vestidos, os sofás, poltronas e cadeiras que assentamos, o cinto de
segurança e os bancos dos carros e tantos outros produtos existem graças ao a produção,
criação e desenvolvimento das fibras, fios e tecidos da indústria têxtil.
E, com base nisso, no primeiro tópico da nossa unidade veremos a classificação
das fibras têxteis em fibras animais, minerais e vegetais e as ramificações e origens, além
de apresentar suas características essenciais para discutirmos sobre os tipos de fibras
existentes e exploradas nos demais tópicos da unidade.
No segundo tópico, avançamos nas discussões para conceituar e definir as classifi-
cações das fibras naturais de origem vegetal e suas divisões, assim como o terceiro tópico
explicita as fibras de origem animal e suas propriedades e características.
No quarto, e último tópico, vamos conhecer sobre as fibras não-naturais e sua
divisão entre fibras sintéticas e fibras artificiais. Conheceremos as propriedades e classifi-
cações de cada uma delas, além suas aplicações na indústria têxtil.
A moda faz parte da indústria têxtil que desenvolve tecidos para criação do ves-
tuário como, também, para a criação de artigos para diversos setores como decoração,
automobilístico, hospitalar, entre outros. Cada tecido possui uma especificidade diferente
para atender critérios de conforto térmico, ergonomia, caimento, proteção etc. Dessa forma,
cada tecido é composto por fibras que adotam diferentes estruturas.
Ao compreender a relevância dos artigos têxteis, iniciamos nossas discussões com
o propósito de desvendar as classificações e especificidades de cada um desses artigos
que são compostos de fibras têxteis ou de estruturas que se utilizam de não-tecidos. Res-
salta-se que por artigos têxteis entendemos tudo aquilo que é feito através das fibras sejam
elas de origem natural ou química, e que se transformará em tecidos.
Todos os tecidos são constituídos de fibras que podem provir de diferentes origens.
Mas, o que são fibras têxteis? Segundo a Portaria do Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia (INMETRO, 2021), Fibra têxtil ou filamento têxtil “é toda matéria
natural, de origem vegetal, animal ou mineral, assim como toda matéria artificial ou sin-
tética que, por sua alta relação entre seu comprimento e seu diâmetro, e ainda, por suas
características de flexibilidade, suavidade, elasticidade, resistência, tenacidade e finura”
(INMETRO, 2021, p.2). Além desse conceito técnico, Cassel et al. (2002, p.1) explicita o
conceito de fibras têxteis.
Angorá
Cashemira
Lãs e Pelos Coelho
ANIMAIS Lã de Ovelha
Cabra
Seda Cultivada
Secreção
Seda Silvestre
Crisotila
MINERAIS Amianto
FIBRAS NATURAIS Crocidolita
Cânhamo
Juta
Caules
Linho
VEGETAIS Ramí
Sisal
Folhas
Tucum
Algodão
Frutos e Sementes
Coco
Cada uma das fibras apresentadas será discutida nos próximos tópicos de forma
que permita seu entendimento na hora de realizar a criação de artigos de moda já que
cada uma dessa fibras se tornam tecidos e, muitos deles, são utilizados para estações e/ou
áreas específicas da indústria da moda.
As fibras naturais são aquelas encontradas na natureza e podem vir de três origens
distintas, animais, vegetais e minerais. Elas possuem estrutura química semelhante, com
particularidades na forma da criação, plantio ou reprodução tornando-se em diferentes tipos
de artigos têxteis (PEREIRA, 2009). Neste tópico estudaremos as fibras vegetais que se
dividem em caules, folhas, frutos e sementes.
2.2.1 O Linho
FIGURA 1 – FIBRAS DE LINHO DE LINHO
2.1.2 A Juta
A juta é composta por feixes de fibras que são tirados da casca da planta. Sua
aparência é similar ao linho; elas apresentam ainda baixa tensão e elasticidade, sendo ideal
para a produção de sacos (PEREIRA, 2009). Outras características da juta são:
a) Resistente e durável;
b) Solidez à luz solar.
c) Ecologicamente correto
d) Boa capacidade absorvente.
2.1.3 O Cânhamo
FIGURA 3 - O CÂNHAMO
O Rami é outra fibra extraída de caule, assim como o linho e a juta, com a diferença
que a produção vem em maior quantidade. Sobre o Rami Kuasne (2008, p.28) relata:
O rami é uma planta perene, isto é, de cultura permanente, que pode produ-
zir, sem renovação, por cerca de 20 anos. A planta apresenta uma cepa de
onde partem as hastes que podem atingir, em terrenos apropriados, entre
2 e 3 metros de altura. Permite, em média, 3 a 4 cortes por ano. (KUASNE,
2008, p.28).
Entre as fibras produzidas a partir de folhas o sisal é a mais conhecida. Suas fi-
bras são obtidas de feixes das folhas que tem sua origem no México assim como ilustra a
imagem do nosso tópico 2.2. Quando suas folhas atingem o comprimento de 140cm estão
aptas para serem transformadas em fios (PEZZOLO, 2013).
O comprimento varia entre 60 e 160 cm. Apresentam excelente resistência
à ruptura e ao alongamento, além de notável resistência à água. É usada
notadamente em cordoalha, solados de alpargatas, indústria de colchões de
molas, sacolas, sandálias, cestos, escovas. (KUASNE, 2008, p. 28).
FIGURA 6 – ALGODÃO
Os relatos da sua utilização vêm de 12.000 a.C. Existem mais de 33 espécies que
produz o algodão. Os parâmetros para se diferenciar o algodão são o comprimento da fibra,
sua finura e maturidade. A fibra de algodão é formada basicamente por celulose que cresce
em volta de uma semente. (PEZZOLO, 2013). Ainda sobre as propriedades do algodão:
O algodão leva uma vantagem em relação a outras fibras, uma vez que Deli
tudo se aproveita. A fibra, obviamente é a parte mais nobre, mas também a
semente produz olhos, inclusive comestíveis. Até a penugem, curta e leve
que ficar presa aos caroços, tem várias utilidades, tais como estofo de traves-
seiros, almofadas entre outros. O algodão é a fibra mais resistente, podendo
ficar séculos com conservação razoável e é menos vulnerável a traças mofos
e fungos. (CHATAIGNIER, 2006, p.40).
Neste tópico vamos conhecer as fibras naturais de origem animal, por secreção e por
pelos, especificamente, a seda e a lã – procurando compreender o seu processo de cultivo
e criação dos animais envolvidos na produção até chegar na extração e produção dos fios.
Por ser um tecido nobre e com um processo de produção meticuloso, a seda possui
um valor elevado e é utilizado para produção de produtos em geral do vestuário, cama,
mesa e banho, além de produtos de decoração.
Além de ser um material muito fino, o que lhe facilita o processo de fiação, produ-
zindo um fio contínuo, a lã também possui grande elasticidade, tornando o fio resistente,
evitando que arrebente durante seu processo de formação. A retirada do é feito através
da tosquia do animal, formando um tapete de pelos. Além disso, cada parte do animal
possui uma qualidade de pelos – essa classificação acontece devido ao contato da lã com
condições climáticas e do ambiente que tornam os pelos diferentes.
Dentre os tipos de lã produzidas por ovelhas, as mais comuns são das raças me-
rino e cruza que possuem características diferentes. No Quadro 4 podemos observar as
diferenças:
Sabendo que a ação do sol nas costas do animal, o atrito dos materiais vegetais
e a urina na parte inferior interferem na qualidade da lã, Kuasne (2008) apresenta outras
características:
Todas a fibras analisadas até agora se caracterizam por sua origem que é a nature-
za. Diferente das fibras naturais as fibras não-naturais se dividem em sintéticas e artificiais.
Utilizamos do conceito de Kuasne (2008, p.14) para definirmos melhor fibras não-naturais:
As fibras não-naturais foram desenvolvidas inicialmente com o objetivo de
copiar e melhorar as características e propriedades das fibras naturais. À me-
dida que suas aplicações foram crescendo, elas se tornaram uma necessida-
de, principalmente porque o crescimento da população mundial aumentou a
demanda de vestuários a um custo mais baixo, reduzindo ao mesmo tempo,
a vulnerabilidade da indústria têxtil às eventuais dificuldades da produção
agrícola. (KUASNE, 2008, p.14).
FIBRAS NÃO-NATURAIS
Sintéticas Artificiais
Poliamida (Nylon) Acetato
Poliéster Viscose
Poetileno Liocel
Poliuretano (Elastano) Modal
4.2.1 Viscose
A viscose está entre as fibras artificiais mais utilizadas pois tem baixo impacto no
meio ambiente e, portanto, são utilizadas para a fabricação de peças da indústria do ves-
tuário e de cama, mesa e banho. As características da viscose estão “bem próximas aos do
algodão como: absorção de umidade, resistência, maciez ao toque e caimento” (PEZZOLO,
2013, p. 129).
A fibra de viscose é produzida a partir de um elemento natural, o línter de
algodão. Trata-se de uma fibra regenerada obtida através da dissolução das
fibras de material celulósico (algodão) formando- se uma pasta celulósica
que por extrusão (fieiras) e em contato com outra solução volta a precipitar-se
regenerando os materiais fibrosos, produzindo-se assim a fibra artificial de
viscose. (PEREIRA, 2009, p.15)
4.2.3 Liocel
A fibra de Liocel é “fibra natural, a primeira fibra nova em mais de 30 anos. Ela é
fabricada inteiramente da celulose natural encontrada na polpa da madeira, que se origina
de árvores cultivadas em fazendas especiais para este objetivo” (KUASNE, 2008, p.53).
Dessa forma, entre as principais características dessa fibra, destacam-se:
a) Resistência;
b) Apresenta baixo encolhimento na água;
c) Boa estabilidade;
d) Toque macio e suave;
e) Caimento fluido e flutuante, leve;
O canal do Youtube “Estilo com propósito” traz uma série de reportagens sobre os tipos
de tecidos e suas características. Em uma conversa informal as apresentadoras apre-
sentam cada um dos tecidos.
Para saber mais acesse: https://www.youtube.com/watch?v=UDQ0dRIwI1M
REFLITA
O que torna um tecido inteligente são as características oriundas das fibras, fios e
acabamentos físicos/químicos utilizados.
Chegamos ao final da nossa primeira unidade! Espero que você tenha aproveitado
ao máximo os conhecimentos apresentados aqui. Você sabe que seus estudos sobre esses
assuntos não acabam aqui, né?! Agora é o momento de procurar por mais informações,
continuar suas pesquisar em sites, revistas, artigos científicos, livros e vídeos, a fim de
enriquecer ainda mais seu repertório sobre o assunto!
Sabendo que você vai continuar seus estudos depois de finalizar a leitura da nossa
unidade, precisamos fechar nossas discussões entendendo analisar as fibras têxteis nos
permite aprofundar no processo criativo dos produtos de moda, visto que para cada ocasião
ou necessidade surgirá um tecido adequado que tem em sua composição fibras que podem
ser de origem natural ou não-natural.
Nossa missão enquanto futuros designers, é compreender o universo dos materiais
têxteis, a fim de criar produtos do vestuário com assertividade. Para isso, é necessário
pensar nas fibras mais adequadas que irão contribuir no conforto, ergonomia/mobilidade
e aparência/estética do produto, considerando que os tecidos são para a moda como uma
tela em branco onde os designers apresentarão suas criações.
Fonte: KUASNE, A. Fibras Têxteis. Centro Federal De Educação Tecnológica De Santa Catarina -
LIVRO
Título: Fio a fio: tecidos, moda e linguagem
Autor: Gilda Chataignier.
Editora: Estação das letras e cores.
Sinopse: É um livro repleto de informações sobre os tecidos. Suas
histórias e origens seus processamentos técnicos seus usos e
costumes o fascínio ou a surpresa de identificar uma textura são
pontuações importantes deste livro. O lado prático costura estética
com comportamento e passa noções da arte de escolher tecidos
diante de tendências profissionais ou desejos pessoais. Há indica-
ções de que os tecidos cores e estampas eram utilizados em cada
século da História da Moda. E muitos metros a mais.
FILME / VÍDEO
Título: Do Bicho à Seda - Uma Grande Reportagem das fases de
produção do fio mais nobre do mundo
Ano: 2017.
Sinopse: A produção da seda é uma arte milenar que atravessa
gerações. O Brasil produz, segundo dados da ABRASEDA, um
dos melhores fios de seda do mundo. A reportagem no link abaixo,
apresenta todas as etapas de produção do fio de seda. Desde o
cultivo das lagartas até o fio.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=W36KlMh2Nro
Plano de Estudo:
● Características dos tecidos: tecido plano, malha e não tecido;
● Estrutura dos tecidos planos: tela, sarja e cetim;
● Propriedade e características da tecelagem;
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender as características dos tecidos planos, malha e não-tecido;
● Discutir sobre as especificidades das estruturas dos tecidos de tela, sarja e cetim;
● Apresentar as propriedades da tecelagem;
● Analisar a formação dos tecidos planos.
27
INTRODUÇÃO
Vem comigo!
Bons Estudos ;)
a) Tecido Plano
São resultantes do entrelaçamento de dois conjuntos de fios que se cruzam em
ângulo reto. Os fios dispostos no sentido horizontal são chamados de fios de trama que
estão no sentido da largura. Os fios dispostos no sentido vertical são chamados de fios
de urdume que estão no sentido do comprimento (PEREIRA, 2009).
b) Tecido de malha
A definição para a malha é que “a laçada é o elemento fundamental deste tipo de
tecido; A carreira de malhas é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido da largura
do tecido. Já a coluna de malha é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido do
comprimento do tecido” (PEREIRA, 2009, p.42).
c) Não-tecido
Não-tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de
fibras, ou filamentos, orientados direccionalmente ou acaso, consolidados por processos: me-
cânico (fricção), químico (adesão), térmico (coesão) ou combinação destes (SISSONS, 2012).
A partir da definição das estruturas apresentadas, o tópico 2 procura aprofundar no
conhecimento nos tipos de estrutura dos tecidos planos, conhecendo as particularidades
de cada um deles.
Vimos no tópico anterior que os tecidos planos são formados pelo entrelaçamento
de dois tipos de fios que formam ângulos retos (90º graus), chamados de fios de trama e fios
de urdume. Sendo o fio de trama na horizontal – responsáveis pela largura do tecido –, e
os fios de urdume na horizontal – responsáveis pelo comprimento do tecido. A classificação
dos tecidos planos segundo Pereira (2009, p.63) se dá se acordo com:
Existem três estruturas básicas para a construção de tecidos planos: tafetá ou tela,
sarja e cetim. Podemos chamá-las também de bases de armação, das quais originam-se
quase todas as famílias de tecidos encontradas no mercado têxtil. A Figura 3 apresenta
essas estruturas (UDALE, 2015).
a) Estrutura de Tela
A estrutura de tela pode ser identificada por não possuir diferença entre o lado direi-
to e o lado avesso do tecido. Em sua construção cada fio de urdume passa alternadamente
sobre um fio de trama e esta evolução se repete por todo o comprimento do tecido. Exemplos
de tecidos de tela: Cambraia; Organza; Voil; Tricolini; Popeline. Ainda, sobre a estrutura de
tela Pereira (2009, p.79) descreve que é “o ligamento utilizado nos tecidos mais leves, uma
b) Estrutura de Sarja
A estrutura de sarja apresenta como sua principal característica o efeito visual das
linhas de entrelaçamento em diagonal. Diferente da tela, a sua construção tem uma base
de armação desequilibrada, onde os números de pontos tomados são diferentes do número
de pontos deixados, o que faz o tecido ter lado direito e lado avesso. Exemplos de tecidos
de sarja: Sarja, Denin (jeans) e Brim.
O ligamento sarja é o primeiro mais complexo depois do ligamento tela. Os
tecidos em ligamento sarjam são principalmente utilizados para vestuário,
particularmente em roupas profissionais, como macacão, avental e em outros
tecidos onde uma construção forte é fundamental. Destaca-se a sua utiliza-
ção em jeans que, se atualmente é um importante item da moda, teve sua
origem como vestimenta de garimpeiros. É frequentemente mais firme que o
tecido em ligamento tela, tendo menos tendência a sujar-se, apesar de ser
de limpeza mais difícil na lavagem. Normalmente o tecido é tinto em peça,
exceção ao tecido denim (onde o urdume é tinto e a trama é de fio cru). Nada
impede que seja estampado, sendo isso, entretanto, raro de ocorrer. (PEREI-
RA, 2009, p.80)
c) Estrutura de Cetim
A estrutura de cetim tem um efeito visual regular, embora apresente muitos fios
flutuantes no sentido do urdume e da trama. Ela também apresenta diferenças entre os
lados direito e avesso. Além disso a estrutura da sua armação possui baixa resistência ao
atrito. Características da estrutura de cetim segundo Pezzolo (2013):
● O reflexo de luz dos fios flutuantes possibilita ao tecido o brilho que aparece na
direção dos fios de maior cobertura.
● Tem melhor caimento que os tecidos em tela e em sarja.
● Tem menos tendência a sujar-se, sendo de limpeza mais fácil na lavagem.
● É normalmente menos firme que o tecido em ligamento tela ou em sarja.
● São exemplos de cetim: Seda, Crepe, Chifon, Gabardine, Flanela e Oxford. A
Figura 8 apresenta a estrutura do cetim:
outros tipos de suporte para um rolo de urdidura que irá alimentar o tear. Os fios de urdume
precisam ser preparados para a tecelagem, passando por algumas etapas antes dele ser
engomado, entrando em contato com várias partes do tear o tempo todo, já que alimentam
(PEZZOLO, 2013).
Caso o fio de urdume não seja preparado corretamente ele pode se romper, pois
devido a tensão que sofre no tear ele é movimentado diversas vezes. O mais adequado é
para a tecelagem é chamado de Urdimento. Veremos a seguir cada uma das etapas que
a) Etapa 1: o urdimento
de seus suportes iniciais (cones, bobinas, cops etc.) para o rolete do tear. A Figura 9 apre-
b) Etapa 2: engomagem
Nesta etapa uma goma depositada sobre os fios de urdume, onde formará uma
película protetora durante o tecimento. O tecido implica em uma solicitação muito grande
dos fios de urdume em virtude do atrito entre os elementos do tear e entre os próprios
fios. Para resistir a estas forças, estes fios necessitam ser engomados (PEZZOLO, 2013).
Segundo Pereira (2009), a finalidade da goma é:
I. Aderir (colar) as fibras para evitar o seu deslizamento, no momento da solitação o fio;
II. Aumenta a resistência à tração;
III. Aumenta a resistência a abrasão;
IV. Deitar e prender as pontas das fibras no corpo do fio, tornando-o mais liso.
Após a demonstração dos movimentos do tear, estrutura dos tecidos e seu proces-
so de formação, teremos embasamento para compreender os tecidos como a malharia e os
tipos de malha, bem como o seu maquinário.
Fonte: SILVA, G.J. Design 3D em tecelagem jacquard como ferramenta para a concepção de novos pro-
REFLITA
Até lá ;)
de têxteis destinados à prática desportiva. PUC-Rio. Revista da Associação Estudos em Design, 2008.
LIVRO
Título: Tecidos e moda: explorando a integração entre o design
têxtil e o design de moda
Autor: Jenny Udale.
Editora: Bookman.
Sinopse: Tecidos e Moda apresenta os principais tecidos utilizados
na fabricação de peças de vestuário e suas características. Tam-
bém são abordados os processos do design têxtil, os diferentes
tratamentos de superfície, a influência das cores e das tendências
sobre a moda e os tecidos, e muito mais.
FILME / VÍDEO
Título: Diferenças entre tecidos e malhas
Ano: 2015.
Sinopse: O vídeo faz uma apresentação sobre as características
dos tecidos planos e da malha, e qual a diferença na hora de esco-
lher um deles em projetos de criação.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=S_xK06z_WS8
Plano de Estudo:
● Características dos tecidos de malha;
● Características dos não-tecidos;
● Simbologia dos artigos têxteis.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar os tecidos de malha;
● Conhecer as características dos não tecidos;
● Diferenciar malharia de trama e malharia de urdume;
● Estudar a simbologia dos artigos têxteis.
45
INTRODUÇÃO
Olá Aluno(a)! Até esse momento conseguimos compreender a relevância das fibras e
as características dos tecidos planos. A partir disso, essa unidade procura apresentar e discutir
que é sinalizada pelo processo de se obter o tecido a partir de fios que formam aquilo que
se chama de laçadas de fio, e que são a seguir entrelaçadas com outras de configuração
semelhante. Em outras palavras, imagine uma pessoa confeccionando uma blusa de tricô,
em que de um único fio de lã nasce uma peça através do entrelaçamento do fio nas agulhas
Para nos ajudar a entender melhor este conceito, Pereira (2009, p.34)
[...] a laçada é o elemento fundamental deste tipo de tecido, constitui-se de
uma cabeça, duas pernas e dois pés. A carreira de malhas é a sucessão de
laçadas consecutivas no sentido da largura do tecido. Já a coluna de malha
é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido do comprimento do tecido.
(PEREIRA, 2009, p.34)
São esses tipos de laçadas que conferem aos tecidos a capacidade de recuperação
elástica e, dessa forma, ao ser retirado do corpo ele recupera o seu formato inicial, total
ou parcialmente. Outra característica dos artigos de malha é a sua porosidade, que está
ligada ao conforto fisiológico e térmico absorvendo o suor do corpo (PEZZOLO, 2013).
Além disso, “a utilização mais usual para os tecidos de malha por trama é na fabricação de
camisetas, vestidos e roupas infantis, tendo, contudo, aplicação em outras áreas” (STEIN,
2013, p.37).
A malharia de trama ainda pode ser produzida por teares retilíneos ou circulares
e, devido a isso, recebe o nome dos teares que as produziu. As diferenças entre malharia
retilínea e circular podem ser observadas a seguir:
Além do tear retilíneo que produz a malha, nós temos também o tear circular, que
possui uma configuração específica na forma de produzir o tecido de malha.
Você pode estar se perguntando... e por que preciso estudar esses pontos profes-
sor? A resposta é que cada tipo de ponto forma uma estrutura básica de tecido de malha
diferente como meia-malha ou jersey, piquê, rib e interloque, que podem, ainda, formar
outros tipos de tecido de malha com características e aplicações diferentes.
a) Meia-malha ou Jersey
A característica principal da meia-malha é que ambos os lados dos tecidos – aves-
so e direito, são bem definidos já que o processo de laçada é feito em apenas um lado do
tecido. Além disso, o tecido de Jersey estica em todas as direções, ou seja, comprimento e
largura, com pouca estabilidade dimensional (STEIN, 2013).
b) Piquet ou piquê
O que caracteriza o piquet é o ponto retiro que apresenta forma de V ou U. O piquet
é uma variação da meia-malha (STEIN, 2013).
Para começar a nossa discussão, os não-tecidos são assim chamados pois apre-
sentam uma estrutura diferente dos tecidos planos ou tecidos de malha já que não há um
Para ficar claro, os não-tecidos são fibras entrelaçadas em todas as direções e liga-
das umas às outras por fusão ou colagem, fornecendo telas rígidas com pouca mobilidade
e utilizadas com mais frequência em produtos como forros, entretelas, lençóis, produtos
descartáveis e outros.
Na fabricação dos não-tecidos pode ser utilizada qualquer tipo de fibra seja sinté-
tica, natural ou artificial. Nesse processo, a primeira atividade que se realiza é a formação
de uma manta ou véu, podendo ser feito em três métodos: via seca, via úmida e via
com substâncias químicas, que tem por objetivo formar a mante. Com a manta já formada,
inicia-se a segunda fase para a fabricação do não tecido que é consolidação da manta
(CHATAIGNIER, 2006).
● Tamanho da peça;
● Nome, razão social ou marca registrada do
fabricando ou importador;
● CNPJ – Identificação fiscal;
● Nome do país de origem em que foi produzida, por
extenso;
● Composição e nome das fibras que compõem a
peça;
● Cuidados para a conservação do produto.
● Fonte: ABNT (2012, p. 25)
Cada um dos símbolos designados para as classes possui variações que indicam
especificidades para a conservação da peça. Além disso, para tratamentos que não podem
ser executados aparecerá um X sob o símbolo. Por exemplo, caso a peça não possa ser
lavada na máquina, em cima do símbolo de lavagem aparecerá um X. (ABNT, 2012).
Não lavar
3.1.3 Secagem
A simbologia para a secagem a máquina ou manual é indicada pelo círculo e o
quadrado respectivamente. Segundo a ABNT (2012, p.41), “as secagens a máquina são
representadas com um ou dois pontos, indicando temperatura baixa ou alta, pode-se ainda
proibir essa forma de secagem por causar encolhimento ou apresentar outras consequên-
cias”. O Quadro 3 apresenta os tipos de símbolos que podemos encontrar:
Secagem em tambor
Secagem na horizontal
Secagem a sombra
Não secar
Não torcer
Passar a vapor
Não passar
Fonte: COSTA, M.I. Transformação do não tecido – uma abordagem do design têxtil em produtos de moda.
Fonte: ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Normalização: Caminho da qualidade na con-
fecção. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Rio de Janeiro: ABNT; SEBRAE,
REFLITA
Chegamos ao final de mais uma unidade! Tenho certeza de que você já não tem
mais as mesmas ideias que tinha quando começou a estudar os conteúdos apresentados na
nossa disciplina. E isso é muito bom! Só prova que você está se aprofundando no universo
dos materiais têxteis e sendo lapidado para se tornar um excelente designer de moda, certo?
E o que levamos de conhecimento da nossa terceira unidade? Que os tecidos de
malha podem ser classificados em malha de trama e urdume, sendo a malha de urdume
mais resistente graças ao entrelaçamento dos fios em diagonal. Além disso, os teares cir-
culares e retilíneos apresentam diferentes disposições nos tipos de agulhas, sendo a malha
retilínea um tecido aberto e a malha circular um tecido tubular.
Vimos também que a diferença principal entre os tecidos e não-tecidos está no seu
processo de formação, já que os não-tecidos podem se formar a partir da consolidação
mecânica, térmica ou química o que garante que a fibras fiquem unidas a partir da prensa.
Encerramos a nossa unidade com um tópico que apresenta as normas para a elaboração
da etiqueta do produto e, além disso, vimos que existem classes para o tratamento de
produtos que é representado a partir da simbologia de etiquetas desenvolvidas pelas ABNT.
Uma coisa precisa ficar clara antes dessa unidade acabar: seus estudos não po-
dem, e nem devem, para por aqui! Agora é sua vez procurar livros, revistas, pesquisar em
sites e outras fontes, conhecimento sobre o universo têxtil para enriquecer seu repertório.
LIVRO
Título: Malharia: confecção de tecidos de malha
Autor: Juliana Sissons.
Editora: Bookman.
Sinopse: Malharia oferece uma apresentação prática e ilustrada
dessa técnica de confecção. Começando com uma breve análise
da malharia tradicional, este livro conduz o leitor por todo o pro-
cesso de produção da malha – da pesquisa e desenvolvimento às
técnicas de modelagem, construção e acabamento –, fornecendo
inúmeras ideias criativas que possibilitam uma abordagem inde-
pendente e experimental ao design.
FILME / VÍDEO
Título: Máquina de Malharia Circular
Ano: 2017.
Sinopse: O vídeo apresenta uma máquina de malharia circular e
o seu processo de fabricação.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Yycp4ejCGqo
FILME / VÍDEO
Título: Máquina de Malharia Retilínea
Ano: 2020.
Sinopse: O vídeo apresenta uma máquina de malharia retilínea e
o seu processo de fabricação.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=tG8OdmhoJAs
Plano de Estudo:
● Beneficiamento Têxtil;
● Tingimentos e Lavagens;
● Estamparia: técnicas e processos.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os tipos de beneficiamento têxtil;
● Compreender os diferentes tipos de tingimentos e lavagens;
● Analisar os processos e as técnicas de estamparia existentes.
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INTRODUÇÃO
A quarta unidade da nossa disciplina de Projeto de Moda II vai fazer você mergulhar
no universo no beneficiamento têxtil. E você já pode estar se perguntando, o que seria isso
professor? O beneficiamento são os processos de preparação, tingimento, estampagem e
acabamento utilizados para produção dos artigos têxteis.
Enquanto escrevo nossa introdução, fico pensando no quão importante é para um
designer conhecer sobre o beneficiamento para o desenvolvimento do processo criativo.
Digo isso, pois imagine se você for contratado para ser designer de moda responsável pelo
desenvolvimento dos jeans de uma determinada marca? É importante conhecer os tipos de
lavagens do jeans para desenvolver sua coleção! Ou ainda, se você é designer de estampas,
precisa conhecer os processos de estampagem para também desenvolver suas peças, certo?
É por isso que nesta unidade você vai conhecer os tipos de beneficiamento que
se dividem em beneficiamento primário, secundário e terciário. A partir dos exemplos que
vamos analisar, conseguiremos distinguir as especificidades de cada um eles e, com isso,
vamos aumentar nosso repertório de criação. Dessa forma, o primeiro tópico da nossa uni-
dade procura apresentar o conceito dos tipos de beneficiamento, dando um maior enfoque
nos beneficiamentos primários e terciários. Já o segundo e terceiro tópicos apresentam,
respectivamente os processos de tingimentos, lavagens e estampagem dos artigos têxteis.
A partir de todos esses conhecimentos, espero que você se sinta motivado para
aprofundar suas pesquisas entre um tópico e outro, conhecendo um pouco mais sobre os
beneficiamentos! Espero que goste dessa aventura!
Bons estudos!
estamparia dos artigos têxteis. Juliano e Pacheco (2008) definem o beneficiamento como
partir do estado cru, alterando as características dos tecidos, como cor, brilho suavidade,
desenvolvidos a seco, nos quais não se utiliza nenhum líquido. Os processos químicos são os
desenvolvidos a úmido, não quais são empregados os líquidos (PEZZOLO, 2013). Além disso,
Beneficiamento
É a coloração que pode ser total (Tingimento) ou parcial (Estamparia).
Secundário
Você pode estar se perguntando, mas quais são esses processos e o que eles
provocam nos materiais têxteis? A resposta é que os processos de beneficiamento primário
são; desengomagem, alvejamento, chamuscagem, navalhagem, purga, mercerização e
sanforização. O Quadro 2 apresenta a definição de cada um deles:
Desengomagem Consiste na retirada da goma aplicada aos fios de urdume para o tecimento. Esse
processo pode ser feito por meios químicos ou biológicos, permitindo que o tecido
possa receber tintura.
Alvejamento Consiste em um processo com o objetivo de retirar o tom amarelado ou marrom
das fibras.
Chamuscagem Realiza a queima dos fiapos (fibrilas) que se encontram na superfície do tecido.
Esta queima é feita através de bicos de gás, onde os fios ou tecidos são passados
pelas chamas. Esse processo é feito para deixar o tecido mais liso e utilizado em
fibras naturais e artificiais, embora também possa ser utilizado em misturas com
fibras sintéticas.
Navalhagem Muitos tecidos ainda têm pequenas fibras e filamentos salientes em sua estrutura.
Para eliminar essas saliências, é feito o processo de navalhagem com o intuito de
deixar a superfície lisa, para receber a estampa.
Purga Consiste num cozimento do tecido em máquina de tingimento com adição de pro-
dutos químicos para a remoção das impurezas. Visa a limpeza de materiais têxteis
compostos de fibras sintéticas ou de misturas delas com algodão ou viscose, des-
de que não tenham sido engomadas previamente com amido.
Mercerização Consiste no tratamento do tecido (principalmente algodão e linho) com solução de
soda cáustica que causa uma reação que faz inchar a fibra, tornando sua seção
transversal mais arredondada.
Sanforização Acabamento empregado para evitar o encolhimento do substrato (tecido) na lava-
gem doméstica.
Calandragem Melhora o brilho e também o toque dos tecidos de algodão e misturas. As aplicações
são em artigos de vestuário e roupas de cama, principalmente. Outros efeitos po-
dem ser conseguidos em calandras com cilindro gravado, por exemplo, que podem
formar listas ou desenhos em relevo no tecido.
Pré-encolhimento Processo no qual é reproduzido no tecido uma nova memória dimensional. O seu
objetivo é trazer para o tecido encolhimento necessário relativo à sua estrutura de
fibras, garantindo que a medida que o tecido passe por outros processos de benefi-
ciamento o seu encolhimento não ultrapasse de 2%
Amaciamento É um processo químico onde substâncias amaciantes são aplicadas ao tecido com
o objetivo de proporcionar maior maciez e melhor toque.
Encorpamento Tem como objetivo dar mais rigidez ou mais corpo ao tecido. Pode ser com goma de
amido, álcool polivinílico, etc. Suas aplicações são diversas: tapeçaria, forrações,
vestuário, etc.
Impermeabilização Aplicação de resinas que não permitem o tecido absorver água. Este acabamento
permite a passagem do ar. Resinas destinadas a tornar o tecido impermeável, não
permitindo a passagem da água, nem por ação mecânica
2.1 Corantes
Corantes são substâncias existentes na natureza ou obtidas quimicamente que se
aplicam aos diversos materiais têxteis com a finalidade de modificar a sua cor original. Não
há um tipo de corante que tinja todas as fibras existentes, assim como não há uma fibra
que possa ser tingida por todos os corantes conhecidos (PEZZOLO, 2013). Os corantes se
dividem em naturais e sintéticos
Dentre os corantes naturais, os corantes vegetais são os mais utilizados devido
à ampla diversidade que são encontrados na natureza. A grande vantagem do uso de
corantes vegetais resulta do fato de não serem tóxicos e não poluírem o meio ambiente.
“O tingimento com corantes vegetais é relativamente simples, mas fixar as cores exige
conhecimentos químicos, físicos e botânicos” (CARLI; ROSS; PASQUALINI, 2017, p.4)
Já os corantes sintéticos são obtidos a partir dos derivados do petróleo e do carvão
mineral. Podem ser encontrados sob a forma de pó, pastas ou líquidos e devem ser guar-
dados com o máximo de vedação para evitar contaminação.
A partir do que foi descrito por Feam (2014), podemos apresentar os diversos tipos
de lavagens e os processos que possibilitam que o jeans tenha acabamentos diferentes.
Segundo Pereira (2009, p.99) “a primeira técnica usada foi a Stone wash, que tem este
nome por usar pedra sem seu processo de lavagem. Esta técnica reproduziu o envelheci-
mento obtido através da lavagem caseira”. Outros tipos de lavagens surgiram após esse
marco na lavagem. O Quadro apresenta outros tipos:
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=n4bHsU1Oeyg
Stone Washed
Vídeo
Acid Wash https://www.youtube.com/watch?v=HlIrkPVaRTs
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=d4qT7OD0Az4
Lixado
Destroyed
https://www.youtube.com/watch?v=eFer682xuc0
Existem outros tipos de lavagens em jeans na indústria têxtil e, cada uma, com uma
técnica específica. O mais importante é saber que tingimento é diferente de lavagem e cada
um deles podem apresentar processos específicos para obter-se o resultado final.
Em relação a história da estamparia, sabe-se que a primeira técnica foi por ca-
rimbos – ou blocos – e no século XIV passou-se a utilizar blocos feitos de madeira para a
impressão das estampas em países como França, Itália e Alemanha. Após esse período,
por volta do século XVIII outras técnicas foram sendo desenvolvidas como a estamparia por
cilindros de cobre. Após a evolução do maquinário e, nos séculos seguintes, a estamparia
recebeu status de singularização das demais classes, devido a sua técnica ter preço ele-
vado (CHATAIGNIER; 2006).
A técnica de estamparia pode acontecer de duas formas a) Estampa localizada
que consiste na estampagem sobre um substrato têxtil, com corantes ou pigmentos, dentro
de um padrão dimensional prescrito; b) Estampagem por cobertura: Quando se estampa
grandes áreas de tal modo que se veja pouco ou nada do fundo original (PEZOLLO, 2006).
As Figura 5 e 6 ilustram as duas formas de estampar:
b) Estampa Geométrica
O círculo ou poá (bolinhas) é o mais popular motivo impresso em estamparia têxtil
sendo amplamente utilizado tanto em tecidos para moda como para design de interiores
(LANARO, 2013). Além dessas formas geométricas, também podemos ver quadrados,
retângulos, linhas etc.
c) Estampas Figurativas
Alguns padrões figurativos se mantêm no universo da moda, de diversas maneiras
das mais recentes estampas tropicais aos padrões denominados animals print que se utili-
zam de animais como onça, cobra, zebra, girafa, entre outras.
e) Estampa Étnica
Estão relacionados a uma certa cultura ou país de sua origem. Tradicionalmente,
esses projetos foram muitas vezes criados por sua importância cultural ou simbolismo e
celebram algum aspecto da cultura e da história (LANARO, 2013).
Vídeo
Vídeo
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=U8gCbvqjBPw&t=67s
Estampagem a Transfer (SILK)
Vídeo
SAIBA MAIS
A arte têxtil e o tingimento com plantas, duas expressões artística complementares, pos-
suem elementos cuja beleza única não pode ser comparada aos produtos químicos e in-
dustriais. Tingir com corantes vegetais é relativamente simples, mas fixar as cores exige
um profundo domínio de alguns princípios químicos, físicos, matemáticos e botânicos.
Procurar e coletar ervas, retirar líquens de rochas, cercas e árvores, reciclar resíduos
do beneficiamento de madeiras são atividades lúdicas ligadas a um processo criativo.
REFLITA
Toda roupa precisa apresentar a etiqueta técnica do produto a fim de identificar o fabri-
cante e orientar o consumidor sobre as formas de uso. A presença da etiqueta é obri-
gatória e protegida por lei, sendo passível de multa as empresas que não respeitarem
essa normativa.
Chegamos ao final da nossa quarta e última unidade! E aí, o que você achou da
nossa trilha de aprendizagem até aqui? Enquanto eu escrevo nossas considerações finais
fico pensando nas possibilidades que você terá para continuar seus estudos e descobrir o
quão importante conhecer os tipos de beneficiamento dos artigos têxteis para o desenvol-
vimento de seu trabalho como futuro(a) designer!
Isso quer dizer que seus estudos não param por aqui! Nossa apostila serve para
te dar a base para conhecer sobre os beneficiamentos e ir em busca de mais estudos.
Bons profissionais são para sempre estudantes, estão constantemente se aperfeiçoando
e indo em busca de inovação! Portanto, aproveite tudo que aprendeu aqui essa unidade e
procure por mais conhecimento, amplie seu repertório cultural e criativo e isso irá impactar
na criação de seus produtos, ok?
LEITURA COMPLEMENTAR 1
A apostila do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) intitulada: Estamparia e
Beneficiamento Têxtil apresenta de forma aplicada todo o processo que estudamos no
decorrer da nossa unidade aprofundando temas importantes sobre o assunto.
LEITURA COMPLEMENTAR 2
A dissertação de Janaína Lanaro sobre estampas é um excelente material comple-
mentar para conhecer sobre a história das estampas e aprofundar no tema abordado em
nossa Unidade. Recomenda-se ler o capítulo 2 da dissertação das páginas 15 a 47.
2013. 138 f. Dissertação (Mestrado em Design e Comunicação de Moda). Programa de Pós-Graduação Stric-
to Sensu em Design e Comunicação de Moda, Universidade do Minho, Portugal, 2013. Disponível em: https://
repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/27584/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Janaina%20Thais%20
LIVRO
Título: Tecidos: História, tramas tipos e usos
Autor: Dinah Bueno Pezzolo.
Editora: SENAC.
Sinopse: Esse livro é uma pesquisa histórica bem costurada que
mostra toda a evolução da principal matéria-prima da vestimenta,
dos primitivos tramados feitos manualmente de galhos e folhas
aos mais avançados métodos de tecelagem; das fibras naturais
aos fios inteligentes dos tecidos tecnológicos; das primeiras téc-
nicas de tingimento às mais modernas formas de coloração; das
estampas em voga nos séculos passados às tendências mostra-
das pelos estilistas de hoje em dia. Imagens belíssimas arrematam
essa publicação.
FILME / VÍDEO 01
Título: A produção do jeans da Colcci
Ano: 2015.
Sinopse: Conhecido pela sua qualidade o vídeo apresenta os tipos
de lavagens realizados no jeans da Colcci. Das lavagens simples
até as mais elaboradas, acesse o link a seguir e confira!
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=A8PlWvGyhWg
FILME / VÍDEO 02
Título: Estamparia digital: como funciona a máquina de estampar?
Ano: 2017.
Sinopse: A estamparia digital é uma das técnicas mais modernas
que existem! Além de conferir alta qualidade aos tecidos em seu
processo ela é, também, mais eficiente. O vídeo abaixo apresenta
como funciona a máquina de estamparia digital.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=IE3BBvJyLmY
CASSEL, G.P; KINDLEIN, W.J; CHYTRY, S; KUNZLER, L.S.Q. Revisão das Principais
Propriedades das Fibras Têxteis e Compilação de Inovações Geradas Devido ao Uso de
Novos Materiais no Design de Moda. Congresso Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento,
2002.
CHATAIGNIER, G. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras,
2006.
FEAM. Guia técnico ambiental da indústria têxtil, 2014. Disponível em: http://www.feam.
br/images/stories/producao_sustentavel/GUIAS_TECNICOS_AMBIENTAIS/guia_textil.pdf
Acesso em 15 mai. 2022.
KUASNE, Â. Fibras têxteis. Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina:
Unidade de Araranguá, 2008. Disponível em: https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/8/88/
Apostila_fi- bras.pdf acesso em: 07 abr.2022
92
LANGE, C.R. L. Tecidos inteligentes. Órgão de divulgação científica e cultura da ASSELVI.
v.3, n.11, p.23-25, 2005.
PEZZOLO, D.B. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Senac
São Paulo, 2013.
93
CONCLUSÃO GERAL
Sucesso!
Prof. Gabriel Calvi
94
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