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UNIFATECIE Unidade 1
Reitor Rua Getúlio Vargas, 333
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Centro, Paranavaí, PR
Diretor de Ensino (44) 3045-9898
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Diretor Financeiro
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Campano Santini UNIFATECIE Unidade 2
Rua Cândido Bertier
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia Fortes, 2178, Centro,
Paranavaí, PR
Secretário Acadêmico (44) 3045-9898
Tiago Pereira da Silva
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
Caro(a) aluno(a)!
Bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I....................................................................................................... 3
Fundamentos da Biblioteconomia
UNIDADE II.................................................................................................... 37
Evolução Histórica da Biblioteconomia
UNIDADE III................................................................................................... 59
Documentação
UNIDADE IV................................................................................................... 85
Biblioteconomia no Brasil
UNIDADE I
Fundamentos da Biblioteconomia
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira
Professora Ms. Lucilene Aparecida Francisco
Plano de Estudo:
● Conceitualização;
● Documentação e Ciência da Informação;
● Escrita e patrimônio cultural: origem e razão de ser da área;
● Bibliotecas e a origem da Biblioteconomia.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar conceitos que fundamentam a Biblioteconomia;
● Identificar os pontos comuns e divergentes entre a Documentação
e Ciência da Informação;
● Contextualizar historicamente sobre o surgimento da escrita;
● Caracterizar a biblioteca no decorrer dos tempos e os fatos
que deram origem a Biblioteconomia.
3
INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a)!
Bons estudos!
Prezado(a) Acadêmico(a)!
Isso implica em dizer que o desenvolvimento das atividades da área deve fundamen-
tar-se em aspectos estratégicos, voltados à gestão, recursos, serviços, fontes de informa-
ção e tecnologias da informação e comunicação, além de aspectos sociocognitivos, como
noções de sociedade, cultura, educação, memória, história, ética entre outros que levem a
construção de um corpus histórico, científico e humanista de atuação (SILVA, 2018).
Nessa perspectiva, a Biblioteconomia assume um caráter multidisciplinar, interdis-
ciplinar e transdisciplinar pelos diversos diálogos que constrói com outras áreas do co-
nhecimento, principalmente com as Ciências Sociais Aplicadas (administração, Economia,
Comunicação, entre outras) e com as Ciências Humanas (Filosofia, História, Educação,
Sociologia, Psicologia, dentre outras). Esse caráter disciplinar pode ser percebido a partir
do momento que notamos o quanto a Biblioteconomia assimila de conteúdos de outras
áreas, ou seja, no quanto outras áreas contribuem para o seu desenvolvimento e também
no que a Biblioteconomia tem a oferecer ou contribuir com outras áreas. Isso demonstra
que o desenvolvimento da Biblioteconomia se dá por meio da relação de cooperação, re-
ciprocidade e mutualidade estabelecida entre a Biblioteconomia e outras áreas do saber.
Conforme defende Silva (2018).
Neste item vimos os diferentes conceitos atribuídos à Biblioteconomia ao longo
da sua trajetória enfatizando que na perspectiva tradicional, Saracevic (1996) e Le Coadic
(1996) ela é concebida como uma disciplina ou uma prática voltada à organização e gestão
de acervos com vistas a sua utilização por diferentes públicos de usuários Já na concepção
moderna representada principalmente por Souza (1996) e Silva (2018) a Biblioteconomia
assume o status de ciência inter e multidisciplinar que se desenvolve a partir da prática
social de organização, gestão e disseminação da informação.
Caro(a) Acadêmico(a)!
REFLITA
Olá!
Neste item o(a) convidamos a fazer um passeio pela história e desvendar como se
deu o processo de escrita. De antemão, antecipamos que a civilização se divide em dois
períodos bem distintos: antes da escrita e a partir dela. Desta maneira, refletir sobre a histó-
ria da escrita “contribui não só para o nosso entendimento do mundo como de nós mesmos”
(OLSON; TORRANCE, 1997, p. 13), haja vista, que a escrita vai além do agrupamento de
letras e de junção de palavras. É por meio dela que o homem tem acesso ao mundo das
ideias e pode acompanhar os avanços vivenciados pela humanidade. Após este preâmbu-
lo, que tal conhecer como se deu a passagem da sociedade oral para a sociedade escrita?
Antes de iniciar o percurso histórico é importante apresentar o que se entende por
escrita, então buscamos em Fischer (2006, p. 14), que a conceitua como “a sequência de
símbolos padronizados (caracteres, sinais ou componentes de sinais) com a finalidade de
reproduzir geralmente a fala e o pensamento humano”.
A escrita desde a sua invenção provocou grandes transformações intelectuais e so-
ciais na humanidade, ela “tornou-se a suprema ferramenta do conhecimento humano (ciên-
cia), agente cultural da sociedade (literatura), meio de expressão democrático e informação
popular (a imprensa) e uma arte em si mesma (caligrafia) [...] (FISCHER, 2009, prefácio).
Com o passar dos anos, o homem já não mais nômade, sentiu a necessidade de
registrar seus feitos, entretanto, o desenvolvimento de um sistema de escrita “formal” foi
um processo lento. Nesta caminhada, várias ferramentas foram produzidas para auxiliar a
memória, por exemplo, os pictogramas, que corresponde a representações de objetos e
conceitos traduzidos em formas gráficas; nós; paus ou ossos entalhados, tábuas em que
se escreviam as mensagens, dentre outros.
Higounet (2003, p. 17), sobre a história da escrita descreve que a
a pedra sempre foi o suporte por excelência das escritas monumentais. Os
hieróglifos egípcios, as inscrições hititas, os fragmentos de Biblos, os carac-
teres monumentais gregos e latinos são gravados na pedra dura ou vez por
outra, incisos em relevo. A escrita dita cuneiforme da Suméria e da Ásia an-
terior era, por outro lado, preferentemente traçada em tabuletas de argila
fresca, depois cozidas ao forno. Os mais antigos caracteres chineses são
gravados no bronze ou no casco de tartaruga. No templo de Maomé, os ára-
bes usavam muito ossos de camelo.
Conforme podemos perceber que até que a escrita tivesse como suporte de registro
o papel percorreu um longo trajeto: pedra; casca de árvore; tablete ou tabuinha de argila;
tablete ou tabuinha de cera; papiro e o pergaminho. Temos certeza de que você já está
curioso(a) para conhecê-los. Então vamos adiante!
SAIBA MAIS
É mister salientar que embora se pudessem utilizar para a escrita hieróglifa, supor-
tes duros, como a pedra, o metal e a madeira, os hieróglifos eram escritos em tinta sobre o
couro, o óstraco e o papiro. A respeito desse último, Higounet (2003, p. 17), menciona que
a fabricação do papiro foi monopólio do Egito até o século VII. [...] a matéria-
-prima era o caule de um junco cultivado no vale do Nilo. As lâminas longitudi-
nais e transversais, coladas com a água do rio, formavam as folhas que eram
mandadas ao comércio cortadas em forma de rolo. Era um material bem pou-
co resistente. Seu uso só foi abandonado completamente no século XI.
Devido à pouca durabilidade o papiro foi aos poucos sendo substituído por outros
materiais para suporte para a escrita e o mais comum foi o pergaminho. Este material
surgiu na cidade de Pérgamo (Ásia), aproximadamente no Século 2 a.C e consistia na pele
de um animal (cordeiro, carneiro ou cabra), que após curtida e seca estava pronta para
receber a escrita. Era considerado um material nobre e usado nos mosteiros católicos para
registrar documentos importantes.
Car(o) Acadêmico(a)!
Neste item o(a) convidamos a fazer um passeio pelo surgimento das bibliotecas na
humanidade e que desde o princípio teve por finalidade “guardar” e, posteriormente, tam-
bém difundir o conhecimento. Veremos, também, que à medida que a informação crescia
era necessário alguém para organizá-la e, desta forma, origina a Biblioteconomia, essa
ciência, técnica e arte tão encantadora. Então, animados para a caminhada? Vamos lá!
REFLITA
Agora que já sabemos como surgiram as bibliotecas no mundo, você já tem ideia de
como estas instituições chegaram no Brasil?
Fonte: As autoras.
A década de 1920, foi uma década marcada por crises sociais e políticas que cul-
minaram com a derrubada das oligarquias. Com isso houve o empobrecimento de algumas
cidades, em consequência, decaem as suas bibliotecas e muitas delas desapareceram.
Mas se essas bibliotecas decaíram ou desapareceram, em compensação as diretamente
sustentadas pelo governo foram crescendo pouco a pouco. A Nacional do Rio aumentou
seu acervo com a aquisição de coleções particulares e também em virtude da lei que obriga
todo editor a doar-lhe um exemplar de cada obra publicada. As dos Ministérios e das Fa-
culdades, adquirindo livros de vez em quando. As estaduais também cresceram. Tudo isso
mais por força das circunstâncias que por iniciativa direta dos respectivos governos.
Nas décadas de 1950 a 1960,
de uma maneira geral o número de bibliotecas tem crescido, raros são os
municípios que não possuem sua biblioteca, mesmo porque negar recursos
financeiros para a implantação de uma biblioteca seria o mesmo que passar
atestado de inculto, coisa indesejável para qualquer político. De uma maneira
geral elas têm sido vistas como inofensivas (CARVALHO, 1991, p. 39).
É difícil imaginar o mundo que conhecemos sem a escrita. A maior parte dos avanços
científicos e tecnológicos, ao longo da história, está direta ou indiretamente associada ao
armazenamento e transmissão de informações. Mas a escrita não esteve sempre presente:
considerando a história do Homo sapiens, que tem por volta de duzentos e cinquenta mil
anos de existência, ela é uma invenção bastante recente. Com toda a certeza, a linguagem
oral precedeu muito o início da expressão dos homens através de símbolos gráficos. A
razão do hiato entre a fala e a escrita deve se relacionar ao alto grau de abstração exigido
por essa forma de expressão.
Inicialmente, os elementos gráficos utilizados eram apenas desenhos que repre-
sentavam diretamente aquilo que se queria expressar, como mostram as pinturas rupestres.
Assim, uma cabeça de um boi, por exemplo, representava esse animal. Três cabeças de
boi representavam três bois, e assim por diante. Entretanto, por mais simplório que isso
possa parecer hoje, para se criar e reconhecer os pictogramas, como são chamados esses
símbolos figurativos, foi necessária uma grande dose de abstração do homem primitivo.
Afinal, esses desenhos são uma representação bastante diversa da realidade, colorida e
em três dimensões. E apesar da alta exigência cognitiva, é possível que a escrita tenha
se iniciado diversas vezes, em diferentes locais, em épocas próximas, como ocorreu com
quase todas as grandes invenções humanas.
Atualmente, acredita-se que a escrita foi criada através de um processo de evolução
lento, que levou milhares de anos e foi gerado a partir da ideia de registro de propriedade ou
objetos. Segundo Marcelo Rede, professor da Universidade de São Paulo (USP) especiali-
zado em história da Mesopotâmia, a teoria da criação única da escrita, cuja difusão posterior
teria derivado em todos os outros tipos, não é plausível. Para ele, não há apenas uma razão
para o aparecimento da escrita, e sim inúmeros fatores, dentro de um contexto histórico espe-
cífico, que levaram as sociedades pré-históricas a desenvolverem esse modo de expressão.
“De fato, sobretudo como mostraram as pesquisas da arqueóloga Denise Schman-
dt-Besserat, desde o período neolítico, em plena pré-história, portanto, desde nove ou
oito mil anos a.C., várias populações do Oriente utilizavam sistemas de registros para
efetuarem o armazenamento de informações ou se comunicarem”, explica o professor da
LIVRO
Título: História da escrita
Autor: Steven Roger Fischer.
Editora: Ed. Unesp.
Sinopse: Este livro faz uma introdução à história da escrita sob
uma visão atualizada. São foco de atenção às origens, funções e
mudanças cronológicas dos mais importantes sistemas de escrita
do mundo, atuais e extintos. As dinâmicas sociais das escritas são
assim abordadas em todo o seu fascínio.
FILME / VÍDEO
Título: “O Nome da Rosa”
Ano: 1980.
Sinopse: É um filme baseado no romance escritor italiano Umber-
to Eco e narra sobre a biblioteca do mosteiro que guardava obras
não aceitas pela Igreja na Idade Média.
Sinopse completa do filme pode ser encontrada em:
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/o-nome-da-rosa-sai-
ba-como-utilizar-o-filme-no-vestibular/
VÍDEO
Título:TV Escola: A História da Palavra – A Revolução dos Alfabetos
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=T4VFpLDucBI
Plano de Estudo:
● Biblioteconomia: a primeira modernidade;
● Biblioteconomia moderna;
● Biblioteconomia contemporânea.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar a evolução histórica da biblioteconomia e seus fundamentos;
● Discorrer sobre o surgimento da biblioteconomia enquanto área do conhecimento;
● Descrever o percurso da biblioteconomia e das bibliotecas
na Antiguidade e na Idade Média;
● Contextualizar a Biblioteconomia na era moderna;
● Citar as características da Biblioteconomia na contemporaneidade.
37
INTRODUÇÃO
Prezado(a) Acadêmico(a)!
UNIDADE II
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da Biblioteconomia 38
1. BIBLIOTECONOMIA: A PRIMEIRA MODERNIDADE
Caro(a) Acadêmico(a)!
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De acordo com Mey (2004, p. 73), a Biblioteconomia “seria a coleta, organização
e disseminação de livros. Muitos se perguntam se a mudança de termos acarretaria mu-
dança na imagem da profissão, não a vinculando necessariamente a livros”. Será?
Talvez sim, talvez não!
O que se sabe é que desde as tabuinhas de argila até o livro impresso, sempre houve
por parte do homem o desejo de se usar várias vezes a mesma informação que lhe fosse
significativa, mas de que maneira poderia se fazer isso? Da resposta a este questionamento,
surgiram “as primeiras evidências de organização de documentos segundo seus conteúdos,
apontando esses processos e as bibliotecas primitivas da antiguidade que os realizavam
como a origem do que depois foi denominado Biblioteconomia” (ORTEGA, 2004, p. 1).
De acordo com Medeiros (2019, p. 84), desde a Antiguidade “alguns conceitos bási-
cos da biblioteconomia já estão presentes como a organização, a preservação e a utilização
das informações registradas para uso futuro, de pessoas que não se sabe quem são e nem
em que época vivem ou viverão”. Sabe-se, porém, que os acervos eram organizados de
forma rudimentar e sem uma sistematização, propriamente, dita.
“Entre esses fazeres, na Antiguidade, estão as ações de organização e armazena-
mento dos registros do conhecimento, de tabuinhas a rolos de papiro e pergaminho, assim
como as ações de preservação dos mesmos. Tais atividades de organização podem ser
vistas como os primeiros princípios da Biblioteconomia” (TANUS, 2018, p. 256).
Ortega (2004), corrobora de que a origem dos princípios da Biblioteconomia data do
terceiro milênio a.C, período em que se pode comprovar a existência das primeiras coleções
organizadas de documentos. Essa primeira biblioteca primitiva foi descoberta em 1975,
Trata-se da Biblioteca de Ebla, na Síria, cuja coleção era composta de textos
administrativos, literários e científicos, registrados em 15 mil tábuas de argila,
as quais foram dispostas criteriosamente em estantes segundo o tema aborda-
do, além de 15 tábuas pequenas com resumos do conteúdo de documentos.
A escrita era a cuneiforme, porém não no seu idioma original (o sumério), mas
numa língua desconhecida a qual se chamou eblaíta (ORTEGA, 2004, p. 2).
UNIDADE II
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Fundamentos
Histórica
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blocos de argila cozida e escrita em caracteres cuneiformes que remontam o século IX a.C.
e era “altamente organizada. As placas componentes de uma mesma obra eram reunidas
num único bloco, no qual se punha um rótulo identificador do conteúdo” (BATTLES, 2003,
p. 31); tinha, ainda, um catálogo no qual se registravam os títulos das obras e o número
das placas. Na opinião de Pereira e Santos (2014, p. 16), essa descrição sucinta das obras
pode ser considerada como o “embrião dos catálogos”
Na opinião de Souza (2005), a biblioteca de Nínive foi a primeira coleção indexada
e catalogada da história da humanidade. Ela ficou oculta durante séculos, mais precisa-
mente, até em 1845, quando foi descoberta por Sir Henry Layard e, aproximadamente,
25.000 fragmentos, podem ser encontrados atualmente no Museu Britânico, em Londres.
Battles (2003, p. 34), ressalta, ainda, que outros arquivos e bibliotecas espalhados
pela Mesopotâmia exibiam níveis igualmente elevados de organização. Havia repositórios
em que placas eram guardadas em cestas numeradas, com os títulos gravados nas bordas
da argila para facilitar a identificação. Utilizavam-se, também, de potes, tabuinhas com
fichas para identificar os textos, listas de títulos contendo as primeiras palavras do texto
que se pressupõem que seriam os catálogos utilizados na época. Nos manuscritos e nos
incunábulos medievais fazia-se uso de colofões.
SAIBA MAIS
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Ser convidado para o cargo de bibliotecário-chefe em Alexandria era muito hon-
roso e suas atribuições além de reorganizar as obras dos autores nas áreas humanas
e filológicas cabia, ainda, a tutoria dos príncipes reais e orientá-los nas leituras, bem
como, desenvolver o gosto por elas (BARATIN; JACOB, 2000). O primeiro bibliotecário
a assumir o cargo na Biblioteca de Alexandria foi Zenódoto de Éfeso. A ele coube a
responsabilidade de editar as obras de Homero, dividindo-a com a Ilíada e a Odisséia em
vinte e quatro volumes (CHAUÍ, 2010).
Outros bibliotecários de Alexandria se destacaram, tais como: Apolônio de Rodes,
Erastótenes de Cirene, Aristarco de Samotrácia e Aristófanes de Bizâncio (MEY, 2004).
Mas, o mais importante e sábio de todos foi Calímaco de Cirene (330-243 a.C.) que cata-
logou o acervo da Biblioteca de Alexandria, em 120 volumes, criou um catálogo das obras
existentes na biblioteca, os Pinakes, que é considerado o primeiro catálogo sistematizado
de bibliotecas. Ele era composto por 120 rolos, organizados por assunto e por autor, os
quais eram listados em ordem alfabética, com uma pequena biografia de cada um deles.
Era dividido em oito seções temáticas: drama, oratória, poesia lírica, legislação, medicina,
história, filosofia e “diversos” (FISCHER, 2006). Os pinakes serviram de modelo para outras
bibliotecas em diferentes períodos históricos.
Infelizmente a Biblioteca de Alexandria foi destruída pelo fogo por várias vezes, mas,
conforme reporta Mey (2004, p. 12) ela “deixou-nos uma herança indelével, um exemplo a
ser seguido, de busca do conhecimento e da intolerância. Certamente o homem moderno
tem muito a aprender das lições de Alexandria [...]”.
Nas palavras de Medeiros (2019, p. 59)
O estudo tradicional das bibliotecas da Antiguidade compreende desde as
suas origens até a queda do Império Romano do Ocidente. Nenhuma biblio-
teca da Antiguidade encontra-se, hoje, em funcionamento, mas alguns de
seus acervos chegaram até nós, como as tabuinhas de argila da Biblioteca
de Ebla, que estão no Museu Britânico.
Somente, por meio destes “vestígios” é que podemos conhecer sobre as bibliote-
cas da antiguidade. Na Idade Média, entre os séculos V a XV d.C. as tabuinhas e papiros
foram substituídos pelo pergaminho (suporte feito de pele de animal) que, além de ser mais
resistente, possibilitava a escrita nos dois lados e a costura no dorso das páginas e recebia
o nome de códex. É mister salientar de que a Idade Média não foi um período próspero
para as bibliotecas, as quais, tinham como função guardar os livros e não disseminar a
informação, pois “as bibliotecas medievais, são, na realidade, simples prolongamentos das
bibliotecas antigas, tanto na composição, quanto na organização, na natureza e no fun-
cionamento”, as mudanças sofridas são insignificantes, decorrentes apenas de pequenas
divergências de ordem social (MARTINS, 2002, p. 71).
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Nesta mesma esteira de pensamento, Tanus (2018, p. 264), alerta que
embora, a materialidade dos suportes tenha melhorado nesse período medie-
val, as bibliotecas continuaram fechadas em si mesmas, pois apenas uma par-
cela reduzida da população tinha acesso a elas, reduzindo-as ‘depósitos’, um
local onde mais se esconde do que se revela, assim como um local de silêncio.
De acordo com Martins (2002), os armários eram embutidos nas paredes, conti-
nham diversas estantes de leitura para permitir o manuseio dos infólios e nas quais todos
os livros eram acorrentados. Supõe-se que isto ocorria por medo que as obras valiosas
fossem roubadas.
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cerâmicas ou ostracas para registrar as cópias de clássicos antigos, com o passar do tempo
estes materiais utilizados para o registro da informação foram substituídos pelas tabuinhas
cobertas de cera, as quais eram extremamente frágeis; qualquer esfregão desaparecia
tudo que tinha sido nelas registrado. Posteriormente, no século IV, as obras dos mosteiros
eram compostas por maços de folhas de papiro dobradas e, frouxamente, costuradas em
uma capa de couro e, mais tarde, foram substituídos pelos palimpsestos, pergaminhos que
foram raspados para serem utilizados como suporte para a escrita (BATTLES, 2003). As
duas principais bibliotecas monacais foram a biblioteca de Cassiodoro e a biblioteca de um
mosteiro sírio liderado por Moisés de Nisibis.
As bibliotecas mais famosas da Idade Média, destacam-se as do Montes Altos,
na Turquia, e a biblioteca Vaticana, estabelecida na Basílica de São João de Latrão, na
época do Pará Hilário. No século IX surgem as bibliotecas capitulares, ligadas à igreja e as
mais famosas são as das Catedrais de Chartres, Lyon, Reims, Cambrai, Rouen, Clermont
(MARTINS, 2002).
No que diz respeito às bibliotecas bizantinas, apesar de serem mantidas pelos
monges, foram contaminadas pelo profano pelos próprios monges que fugiram para o Oci-
dente. Martins (2002, p. 86), narra o fato da seguinte maneira:
a fuga desses monges e desses sábios de Bizâncio para o Ocidente, trazen-
do os seus manuscritos e os seus conhecimentos, por ocasião da tomada de
Constantinopla pelos turcos, em 1453, é que provocará a Renascença e, por
consequência, o fim da Idade Média.
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encontrava armazenada. Nos fins do século XIII, as universidades instalam suas próprias
bibliotecas, cujos acervos eram doados pelos leigos ricos e instruídos, nobres e mercado-
res (BATTLES, 2003). Com as universidades, os livros pouco a pouco se distanciam do
universo religioso, de objeto sagrado e se tornam como suportes para a pesquisa. Este
fato impulsionou o aprimoramento de catálogos que auxiliariam na localização dos livros
de forma mais rápida. Na opinião de Martins (2002), foi a partir da criação das bibliotecas
universitárias é que o bibliotecário, como organizador da informação, surgiu de fato e, no
Renascimento, consolidou o seu papel como disseminador do conhecimento.
Após este passeio pelos primórdios da biblioteconomia, que tal conhecermos como
ela se “comportou” na Idade Moderna? Então, vamos adiante!!
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2. BIBLIOTECONOMIA MODERNA
Olá!
Neste item vamos conhecer o percurso da Biblioteconomia na Idade Moderna, período
que vai de 1453 até 1789, mas, precisamente, da eclosão da Revolução Francesa, perpassa
pelo período da invenção da imprensa, dos grandes descobrimentos e o Renascimento.
Conforme já pudemos observar que a gênese do trabalho biblioteconômico a prin-
cípio foi organizar os registros. Este ato permitiu que a memória da humanidade fosse
preservada, mas para que isto acontecesse foram necessárias pessoas especializadas,
cujas funções iam além de preservar a informação, mas, também a organizar de maneira
que ela pudesse ser recuperada. Nas palavras de Milanesi (2002, p. 9), “essa atividade de
buscar-o-que-foi-guardado e de guardar-o-que-foi-registrado (e de registrar-o-que-foi-ima-
ginado) é a forma possível para manter viva a memória da humanidade, forma essa em
constante aperfeiçoamento”.
De acordo com Baratin e Jacob (2000), são poucos registros que se tem sobre a
formação das bibliotecas humanistas, tanto no que diz respeito à formação de suas cole-
ções, quanto aos métodos de aquisição e catalogação do acervo. Entretanto, é a partir do
Renascimento que o bibliotecário assume, efetivamente, seu papel central de agente que
organiza o acervo e contribui para a disseminação do conhecimento; “ele surge como um
guia de ajuda na caminhada por um mundo novo e aberto” (MILANESI, 2002, p. 7). A ele
cabia desde a disposição arquitetônica até a organização das bibliotecas como um todo.
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Um acontecimento que revolucionou a história das bibliotecas e, consequentemente,
da biblioteconomia ocorreu em 1440, com a invenção da prensa tipográfica por Gutenberg.
É mister salientar que desde o século XI os chineses já conheciam os caracteres móveis (a
prensa clássica não reutilizável), entretanto, com a imprensa, além de reduzir o tempo de
reprodução do texto, diminuiu o custo do livro. “A imprensa e o papel acarretaram sensíveis
mudanças no mundo da cultura: livros passaram a ser impressos e distribuídos, semeando
frutos e vida e de morte” (ROSA, 1993, p. 118).
SAIBA MAIS
É mister salientar que antes do século XV, as bibliotecas eram particulares ou ligadas a
instituições. Com o século XVI e os seguintes, surgem outras bibliotecas: as constituí-
das como fundação e mantidas por dotação; as nacionais (em geral que derivam das
reais); as circulantes, com pagamento de certa importância por parte do usuário; as
filantrópicas, com base financeira mista; as públicas anglo-americanas, mantidas por
contribuições fiscais.
Fonte: as autoras
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Desta maneira, a produção bibliográfica, em larga escala, possibilitou a difusão do
conhecimento para as massas e, também, “gerou a necessidade de novas ferramentas de
organização e recuperação das coleções, que cresciam vertiginosamente. Além dos catálo-
gos e inventários que se especializaram nessa época, destacou-se o desenvolvimento das
bibliografias a partir do século XVI” (SIQUEIRA, 2010, p. 58). O livro impresso possibilitou a
difusão do conhecimento para as massas, principalmente, por meio das bibliotecas públicas
que expandiam cada vez mais os seus acervos.
REFLITA
Fonte: as autoras.
O guia elaborado por Naudé instrui como deveriam ser escolhidos e distribuídos os
livros em uma biblioteca. De acordo com Serrai e Sabba (2005, p. 80),
o projeto de biblioteca que Naudé tinha em mente era distinguido por um ca-
ráter estritamente ideal: Advis de fato expõe o modelo do que uma biblioteca
tinha que ser em termos absolutos. É essencial recordar essa característica
da idealidade concreta do desígnio naudeano: ingênua e apaixonada, límpida
e ardente, inspirada nos axiomas das heurísticas mais rebeldes e, ao mesmo
tempo, alimentada incessantemente por referências à matéria e à realidade
bibliográfica.
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Outro fato que merece destaque no desenvolvimento da Biblioteconomia foi a
consolidação da biblioteca pública após a Revolução Francesa, no período de 1789 a
1799, que tinha como objetivo difundir a informação nos âmbitos da educação e cultura. De
acordo com Siqueira (2010, p. 58), “nesse contexto, nasceu a Biblioteconomia, disciplina
encarregada de organizar, administrar e cuidar da gestão de livros, bem como a figura do
profissional bibliotecário; ao lado do arquivista, tornaram-se fundamentais para a consoli-
dação institucional de arquivos e bibliotecas”. Esses profissionais são influenciados pelo
desenvolvimento tecnológico e científico reinante no século XVIII, concentram sua forma-
ção em dois aspectos: “um técnico (catalogação, classificação, paleografia) e outro voltado
à aquisição de cultura geral (história, literatura, ciências)”. Assim, no final do século XVII,
nasciam na Europa as primeiras associações profissionais de bibliotecários e arquivistas.
Neste período há, também, uma valorização das bibliotecas, pois com a democra-
tização da informação, as pesquisas científicas crescem vertiginosamente, “[...] a inovação
intelectual, mais que a transmissão da tradição, é considerada uma das principais funções
das instituições de educação superior e, assim, espera-se que os candidatos aos graus mais
elevados façam contribuições ao conhecimento” (BURKE, 2003, p. 105). Aliás, a importân-
cia da pesquisa no mundo acadêmico prevalece até os dias atuais e, as bibliotecas, sejam
elas físicas, ou virtuais continuam como centros de excelência e suporte ao pesquisador.
Pesquisar e produzir conhecimento são as trilhas que conduzem a humanidade para
a contemporaneidade e qual o papel das bibliotecas e da biblioteconomia neste contexto?
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3. BIBLIOTECONOMIA CONTEMPORÂNEA
Prezado(a) acadêmico(a)
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Entretanto, o surgimento das bibliotecas públicas gratuitas “contribuíram para re-
forçar os temores da massificação da cultura”, e a burguesia se perguntava “se os padrões
de leitura, ao se alastrarem entre os assalariados, diminuiriam o seu gosto pelo trabalho”
(LOWENTHAL; FISKE, 1957 apud COHN, 1973, p. 61). Na fase inicial da divulgação dos
hábitos de leitura, ficou bem marcada a afinidade entre a preocupação com a presença
da “massa” e com a “massificação cultural” por um lado, e a expressão de interesses de
classe, bastante primários, por outro. A preocupação com os efeitos da expansão dos meios
impressos tinha se detido mais nos interesses sociais em jogo do que propriamente na área
cultural. No caso das obras de ficção, eram evidentes as questões sociais, porém, no caso
da imprensa periódica, surgiram questões políticas, que envolviam interesses e aspirações
de classes, mais sujeitas ao controle governamental (SPERRY, 1991, p. 221).
As conclusões ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa emigram para a In-
glaterra e para os Estados Unidos da América. Entretanto, “na América, onde jamais existiu
uma aristocracia verdadeiramente tradicional, como na Europa, encarou-se o problema de
forma muito diversa” (MORAES, 1983, p. 16)
Paralelamente ao movimento europeu das bibliotecas populares, desenvol-
veu-se nos Estados Unidos um movimento bibliotecário, não encabeçado por
uma elite humanitária, mas organizado espontaneamente pelo povo. A sua
criação não partiu de uma aristocracia querendo socorrer o proletariado igno-
rante, mas do próprio povo, que sentia necessidade de instruir-se, de adquirir
uma cultura por meio da qual poderia subir socialmente. As bibliotecas ameri-
canas surgiram, como as escolas, não doadas por uma elite ou por um gover-
no benevolente, mas criadas pelo próprio povo, ávido de leitura, persuadido
de que estava adquirindo um instrumento indispensável para a luta pela vida
(MORAES, 1983, p. 16).
As bibliotecas americanas nasciam, pois, sem o erro básico das europeias: a se-
paração de bibliotecas para o povo e bibliotecas para as elites. Elas não eram, neste caso,
doadas por uma classe, como uma esmola, a outra classe menos favorecida. Para Moraes,
(1983, p. 16), “nunca houve nos Estados Unidos, a mentalidade bibliotecária humanitária”.
Segundo Serrai (1975), por volta de 1850, nos Estados Unidos são promulgadas
leis que autorizam o emprego de certa percentagem dos impostos na construção e ma-
nutenção das bibliotecas públicas. É o primeiro passo para a realização de uma eficiente
rede nacional de bibliotecas destinadas à consulta, à leitura e ao empréstimo para o grande
público. A biblioteca toma seu lugar ao lado da escola e como integrante dela, sendo fator
de grande relevo não somente na educação, mas também na formação da consciência
cívica e comunitária dos jovens e dos adultos.
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Do século XIX em diante, as bibliotecas adquirem sua fisionomia atual. E hoje
em dia, abrir uma biblioteca não é mais fechar uma prisão. A biblioteca deixou de ser um
“hospital de almas” para se tornar simplesmente uma oficina de trabalho, que pode ser
utilizada por qualquer cidadão, ou ainda, conforme Serrai (1975, p. 158), “é um fenômeno
ecológico, ou seja, representa apenas uma das formas que têm a função de favorecer a
comunicação entre os homens”.
E chegamos no século XX, devido ao avanço tecnológico, adentramos na Socie-
dade da Informação e com ele veio uma explosão documental, jamais, vista na história da
humanidade, o que implicou em se criar novas estratégias de organização e recuperação
da informação, inclusive se obrigou a revisar o conceito de biblioteca, a qual passou de
mero depósito de livros para um espaço “vivo” e circulante da informação (SILVA, 2013).
Nesta corrida acelerada de se registrar e disponibilizar ao usuário toda informação relevan-
te surgiram novos tipos de bibliotecas, dentre elas: a especializada, a qual foi influenciada
pelos impactos pelos avanços da ciência e da tecnologia na sociedade pós-moderna.
O papel dos bibliotecários nestas instituições deve ter por objeto oferecer a informa-
ção a um público selecionado, haja vista, que ela atende a um usuário especializado em uma
determinada área do conhecimento, pois a biblioteca especializada deve proporcionar “[...]
qualquer conhecimento ou experiência que possa ser coletada, para avançar os trabalhos
desta instituição e fazê-la, assim, atingir os seus objetivos” (FIGUEIREDO, 1979, p. 10).
No século XX, outro fato que impulsionou a Biblioteconomia foi a incorporação das
novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) aos seus afazeres, ou seja, as
que a internet surge como uma aliada aos serviços biblioteconômicos. Santa Anna (2015,
p. 1390), corrobora que
A internet revolucionou os fazeres profissionais dos bibliotecários devido à
sua capacidade de transferir a informação, facilitando seu acesso, rompen-
do-se barreiras geográficas e temporais. O surgimento da internet, aliado
à explosão bibliográfica, permitiu o renascimento de uma nova era na Bi-
blioteconomia. Por meio da internet, os usuários tornam-se mais exigentes,
utilizando os mecanismos do espaço digital a fim de conseguir acessar as
informações necessitadas, em um espaço cada vez mais curto de tempo e a
baixos custos.
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aquela que contempla documentos gerados ou transpostos para o ambiente
digital (eletrônico), um serviço de informação (em todo tipo de formato), no
qual todos os recursos são disponíveis na forma de processamento eletrôni-
co (aquisição, armazenagem, preservação, recuperação e acesso através de
tecnologias digitais).
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É significativa a função social do bibliotecário, que, além de atuar como
destacado colaborador do homem da ciência, dos pesquisadores, dos inte-
lectuais, dos estudantes, dos artistas, propicia as condições de acesso ao
imenso tesouro das mais variadas formas de expressão da inteligência e da
sensibilidade humanas (MACIEL, 1985, p. 10)
Após transcorrerem trinta e seis anos destas palavras, é mister salientar que o
profissional bibliotecário continua a desempenhar a função social do bibliotecário e, inde-
pendente, do tipo de biblioteca em que atue: física e/ou virtual sempre tem por objeto a
mediação do conhecimento para a razão de ser de suas atividades: o usuário. Assim, as
Leis da Biblioteconomia, formuladas pelo indiano Shiyali Ramamrita Ranganathan (2009),
continuam atuais neste limiar do século XXI: os livros são para usar; a cada leitor o seu
livro; a cada livro o seu leitor; poupe o tempo do leitor e a biblioteca é um organismo em
crescimento e de que as bibliotecas e a biblioteconomia, sofrem as influências da cultura
e da política, bem como, refletem os padrões vigentes pela sociedade em cada período
histórico vivenciado pela humanidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade fizemos uma imersão pela Biblioteconomia desde a sua gênese e
pudemos perceber que desde os primórdios da civilização, sempre houve a necessidade
de se organizar os registros do conhecimento adquiridos pelo homem a fim de preservar
a sua memória. Neste ínterim, surgem as bibliotecas como guardiãs do saber acumulado
pela humanidade e, desde os tabletes de argila, dos rolos de papiro e pergaminho, dos
livros impressos até os e-books, esta instituição teve por finalidade organizar, preservar e
disseminar a informação, sempre tendo em vista o usuário a que serve.
Pudemos, ainda, conhecer ainda as práticas biblioteconômicas e a evolução das
bibliotecas, desde a Antiguidade, perpassamos pela Idade Média, chegamos à Idade Mo-
derna e, neste período, cruzamos a Renascença e a invenção da imprensa e chegamos a
contemporaneidade e aqui encontramos a Sociedade de Informação, em que há o domínio
da internet em todos os segmentos da sociedade e que as bibliotecas não ficaram alheias às
mudanças causadas explosão documental e pelas tecnologias da informação e comunicação.
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LEITURA COMPLEMENTAR
HISTÓRIA DA BIBLIOTECONOMIA
Até a criação da imprensa, onde até então os “funcionários” das bibliotecas estavam
preocupados realizar um trabalho de cópia de documentos que já existiam na biblioteca
juntamente com a organização de coleções bibliográficas e administração de bibliotecas,
sem, necessariamente, a preocupação de explorar seus conteúdos nem, tão pouco, agilizar
o processo de comunicação da informação. Com a criação da imprensa os “funcionários” se
vêm voltados a mudar essa função de serem copiadores.
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Para facilitar o acesso a informação Melvil Dewey – no século XIX - cria o sistema
de Classificação Decimal de Dewey tendo como objetivo organizar os acervos das biblio-
tecas,assim facilitando a busca de informação.
O termo “biblioteconomia” foi usado pela primeira vez em 1839 na obra intitulada
“Bibliothéconomie: instructions sur l’arrangement, la conservation e l’administration des
bibliothèques”, publicada pelo livreiro e bibliógrafo Léopold-Auguste-Constantin Hesse.
Biblioteconomia - segundo FONSECA (1979), Biblioteconomia é o “conhecimento
e prática da organização de documentos em bibliotecas”. Por organização entendem-se
as atividades desenvolvidas na condução dos serviços prestados, os quais podem ser di-
vididos em duas categorias: serviços-meio (processos técnicos) e serviços-fim (processos
informativos). Ainda de acordo com o autor, o objetivo da biblioteconomia é a utilização das
bibliotecas pelo maior número de interessados; sua finalidade é levar o conhecimento a
todos os segmentos da sociedade; sua importância resulta da explosão bibliográfica; seu
objeto são os documentos textuais dos quais existem exemplares múltiplos (difere, neste
ponto, da arquivologia e da museologia, cujos objetos são exemplares únicos).
Fonseca considera que são atribuições exclusivas da biblioteconomia: a democra-
tização da cultura (o saber é para todos), através das bibliotecas públicas; a preservação e
difusão do patrimônio bibliográfico da nação através da biblioteca nacional; o apoio docu-
mental ao ensino e à pesquisa através das bibliotecas escolares e universitárias; o apoio
à tomada de decisão, solução de problemas da sociedade, etc., através das bibliotecas
especializadas.
Fonte: Este texto foi extraído de: HISTÓRIA da Biblioteconomia. [s.n.t.]. Disponível em: https://sites.
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Introdução à biblioteconomia
Autor: Edson Nery da Fonseca.
Editora: Briquet de Lemos.
Sinopse: Este livro faz uma introdução à história da escrita sob
uma visão atualizada. São foco de atenção às origens, funções e
mudanças cronológicas dos mais importantes sistemas de escrita
do mundo, atuais e extintos. As dinâmicas sociais das escritas são
assim abordadas em todo o seu fascínio.
FILME / VÍDEO
Título: Agora
Ano: 2009.
Sinopse: Agora é um filme espanhol dirigido por Alejandro Ame-
nábar, lançado na Espanha, em 9 de outubro de 2009. O filme é
estrelado por Rachel Weisz e Max Minghella e relata a história da
filósofa Hipátia, que viveu em Alexandria, no Egito, entre os anos
355 e 415, época da dominação romana. O filme relata a história
de Hipátia, filósofa e professora em Alexandria, no Egito entre os
anos 355 e 415 d.C. Única personagem feminina do filme, Hipátia
ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria,
junto à Biblioteca. Resultante de uma cultura iniciada com Alexan-
dre Magno, passando depois pela dominação romana, Alexandria
é agitada por ideais religiosos diversos: o cristianismo, convive de
forma tensa com o judaísmo e a cultura greco-romana.
VÍDEO
Título: 05 bibliotecas lendárias e misteriosas do mundo antigo!
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Zw26Bedvg9k
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UNIDADE III
Documentação
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira
Professora Ms. Lucilene Aparecida Francisco
Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições de documento;
● Origem e natureza da documentação;
● Finalidade da documentação;
● Teoria semiótica no campo da documentação.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a documentação, compreendendo sua origem e natureza;
● Compreender a importância e a finalidade da documentação;
● Identificar as contribuições da teoria semiótica
para o campo da Documentação.
59
INTRODUÇÃO
Prezado(a) Acadêmico(a)
Bons estudos!
Caro(a) Acadêmico(a)!
Buscando esclarecer o que seria ou não documento, Briet (2016) enumera seis
objetos, destacando em quais situações seriam documentos.
Objetos Documentos
Estrela no céu Não
Foto de estrela Sim
Uma pedra no rio Não
Uma pedra no museu Sim
Um animal selvagem Não
O animal no zoológico Sim
Paul Marie Ghislain Otlet (1868 - 1944) nasceu em 23 de agosto de 1868, em Bruxelas,
na Bélgica, foi autor, empresário, visionário, advogado e ativista da paz. É um dos “pais”
da ciência da informação, uma área que ele inicialmente chamava de “documentação”.
Otlet criou a Classificação Decimal Universal, um dos exemplos mais proeminentes de
documentação facetada. Foi responsável pelo desenvolvimento de uma ferramenta de
recuperação de informação inicial, o “Répertoire Bibliographique Universel” (RBU), que
utilizava cartões de índice de 3x5 polegadas, usado comumente em catálogos de biblio-
tecas em todo o mundo (agora em grande parte substituído pelo advento do catálogo de
acesso público online (OPAC). Otlet escreveu inúmeros ensaios sobre como coletar e
organizar o conhecimento do mundo, culminando em dois livros, o Traité de Documen-
tation (1934) le Monde: Essa d’universalisme (1935), frequentemente citados na área.
Caro(a) Acadêmico(a)!
Ano Evento
Catálogo das bibliotecas – bibliografia
1548 Conrad Gessner: Índice de assuntos (Bibliotheca Universalis)
Princípios gerais para elaboração de catálogos de assuntos, por Panizzi (Catalogue of
1841
Printed Books in the library of the British Museum)
Destaque aos catálogos por assuntos, por Edward Edward (Handbook of Library
1859
Economy)
CDD e Relative Index por Melvil Dewey, introduzida na Inglaterra e 1893 (adotada pela
1873
Biblioteca Pública de Ashton-under-lyne)
Publicação de artigo Les Sciences bibliographiques et la documentation, abordando o
1903 fornecimento de documentos ou referências destes àqueles que precisam da informação
neles contida.
Conferência Internacional de bibliografia – IIB e Repertório Bibliográfico universal
REFLITA
Nesta unidade vimos que a documentação surgiu para tratar o grande volume de do-
cumentos científicos, de forma a torná-lo acessível. Na atualidade vivemos situação
semelhante em relação aos documentos eletrônicos, você acredita que os princípios
da documentação ainda possam ser aplicados? Quais áreas ou disciplinas têm surgido
para para tratar o grande volume de dados e documentos eletrônicos?
Fonte: as autoras.
Caro(a) Acadêmico(a)!
Para tratar diferentes tipos de documentos, Paul Otlet e Henri La Fontaine definiram
a partir do Instituto Internacional de Bibliografia (IIB) e do Repertório Bibliográfico Universal
(RBU) uma série de normas para registros bibliográficos, catalográficos internacionais,
formatos de documentos, especialmente a ficha de 7,5 cm por 12 cm, além de mobiliários
específicos. A Classificação Decimal de Dewey (CDD), publicada em 1976, nos Estados
Unidos, foi utilizada para a classificação de documentos. A partir de uma revisão na CDD,
desenvolveu-se um novo instrumento de classificação documentária, Classificação Decimal
Universal, amplamente utilizado na Europa (ORTEGA, 2009).
A partir dos conhecimentos construídos até aqui, da sua experiência de vida, e do con-
texto atual repleto de tecnologia que permite grande produção e circulação de documen-
tos no meio eletrônico, você acredita que a distinção entre biblioteconomia e documen-
tação defendida Ortega (2009) ainda seja pertinente?
Fonte: as autoras.
Caro(a) Acadêmico(a)!
Importante esclarecer que signo, na visão de Peirce corresponde aquilo que, sob
certo aspecto “representa algo para alguém, está no lugar de alguma outra coisa sob algum
aspecto ou capacidade. A principal característica do signo é que ele é sempre institucional,
estabelecido por convenção, o que o diferencia de um sinal” (LARA, 2006, p. 20).
Na área da informação e documentação, duas perspectivas teóricas da semiótica
se destacam, representadas por Ferdinand Saussure, na França e Charles Sanders Peirce,
nos Estados Unidos.
Na visão de Saussure, o processo de interpretação deve considerar como ponto
de partida o fato social subjacente a todo ato de fala, ou seja, a língua. Nessa perspectiva,
a língua é considerada um produto social da faculdade de linguagem, constituindo-se num
conjunto de convenções adotadas pelo corpo social que possibilita a comunicação, intera-
ção e compreensão entre os indivíduos (LARA, 2006).
Enquanto que para Peirce, “o conceito fundamental é o de semiose, ou o processo
onde alguma coisa funciona como signo, ou seja, significa, e que compreende o signo,
ou representamen, o interpretante e o objeto, ao qual se acrescentou depois o intérprete
e o contexto” (DASCAL, 1978 apud LARA, 2006, p. 18). Embora se considere certa con-
vergência entre as duas perspectivas, permitindo, observar a organização dos sistemas
semiológicos ou semióticos e o funcionamento dos signos nos processos de comunicação
e interpretação, elas deram origem a duas correntes distintas de estudos na área: a escola
Americana, em decorrência dos estudos de Peirce e a escola Europeia descendentes das
pesquisas de Saussure. (LARA, 2006).
Na semiótica Peirceana, o signo é uma estrutura complexa, composta por três ele-
mentos conectados que perpassam o pensamento: a) o fundamento, propriedade do signo
que o habilita a funcionar como tal; b) Objeto, algo que está fora do signo, mas possibilita
a sua interpretação, através da mediação; c) Interpretante, signo adicional, resultado do
efeito que o signo produz em uma mente interpretativa. (SANTAELLA, 2005).
1 Primeiridade Input Visual - o sentir: percepção primária, o signo é percebido pelos elemen-
tos que mais suscitam a emoção, sensação e sentimento, como as cores, as
formas e as texturas.
2 Secundidade Insight Representacional - o reagir: percepção secundária, o signo é decom-
posto em relações/associações e percebido como mensagem.
3 Terceiridade o pensar: percepção final, onde a leitura é simbólica, num contexto amplo de
significações
LIVRO
Título: As Contribuições de Paul Otlet para a Biblioteconomia
Autor: Ana Maria Pereira; Márcia Silveira Kroeff; Elisa Cristina
Delfini Correa (orgs.)
Editora: Ed ACB
Sinopse: Este livro Reúne textos que buscam elucidar alguns
resultados do trabalho que Paul Otlet promoveu ou propiciou à bi-
blioteconomia, destacando que mesmo com as facilidades trazidas
pelas tecnologias, ainda buscamos soluções para problemas que
também foram vivenciados e abordados por Otlet, no século XIX,
entre eles, a quantidade de informação e de dados disponíveis; as
dificuldades em identificar um formato de descrição de recursos e
de metadados; as limitações das ferramentas de armazenamento,
de busca, de recuperação e de disseminação; e a definição de
modelos para administrar e interpretar o capital intelectual coletivo.
LIVRO
Título: Tratado de Documentação
Autor: Paul Otlet
Editora: Briquet de Lemos
Sinopse: Apresenta a teoria e a prática da documentação de Paul
Otlet. Traz importantes colaborações para a compreensão dos
termos documento e documentação.
LIVRO
Autor: Suzanne Briet
Título: O que é Documentação
Editora: Brasiliense
Sinopse: Este livro desenvolve os conceitos de Documento e do-
cumentação a partir de Paul Otlet. Apresenta vários que auxiliam
na compreensão e aplicação dos conceitos na área de biblioteco-
nomia e documentação.
Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5389052/
mod_resource/content/1/O_que_%C3%A9_a_documenta%-
C3%A7%C3%A3o_Parapublicar.pdf.
LIVRO
Autor: Lucia Santaella
Título: O que é Semiótica
Editora: Brasiliense
Sinopse: Este livro é um passeio pela mais jovem das ciências
humanas, a Semiótica, tendo como guia seu criador, Charles San-
ders Peirce. O trajeto proporcionará uma visão panorâmica dos
principais fundamentos, das particularidades e fronteiras desta
teoria geral dos signos. Convém lembrar que, apesar de o cami-
nho ser difícil, as belezas do lugar são muitas e é bom permanecer
com os olhos bem abertos, pois além de escondidas, elas passam
muito rapidamente.
FILME / VÍDEO
Título: O homem que queria classificar o mundo
Ano: 2002.
Sinopse: Documentário sobre a trajetória do autor, empresário,
visionário, advogado e ativista belga Paul Otlet. Trata-se do pai da
ciência da informação e da documentação (áreas com as quais
ele contribuiu por meio da criação da CDU - Classificação Decimal
Universal). No documentário, o diretor percorre o pensamento de
Otlet para organizar o mundo do conhecimento e a tentativa de
construir uma “Cidade Mundial” (Mundaneum) que serviria como
depósito para informações de todo o mundo.
Plano de Estudo:
● O panorama da Biblioteconomia no Brasil;
● O Bibliotecário no Brasil;
● Desafios contemporâneos da profissão.
Objetivos da Aprendizagem:
● Contextualizar sobre o panorama da Biblioteconomia no Brasil;
● Caracterizar quem é o bibliotecário brasileiro;
● Identificar os desafios profissionais enfrentados pelo bibliotecário
na contemporaneidade.
85
INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a)!
Caro(a) Acadêmico(a)!
nossa caminhada, nada melhor do que visualizarmos a imagem da Biblioteca Nacional do Rio
como um campo para habilitar profissionais. Vejamos como tudo isto aconteceu!
De acordo com Castro (2000, p. 43), “a trajetória das bibliotecas no Brasil iniciou-se com
as ordens religiosas dos Beneditinos, Franciscanos e Jesuítas”, bem antes, da criação da Bibliote-
Sobre a instalação das bibliotecas no país, Fonseca (1979, p. 17), informa que
“em 1546 os Carmelitas já dispunham de um curso de teologia em Olinda: curso que não
funcionaria sem biblioteca”. Já para Moraes (1979, p. 1), a instrução e os livros chegaram
O primeiro livro a entrar no Brasil foi trazido pelo padre franciscano Henrique de Coimbra,
que o “abriu sobre um altar improvisado no Ilhéu da Coroa Vermelha de Porto Seguro,
para com ele celebrar a primeira Missa em território brasileiro, em 26 de abril de 1500”
A maior parte da população daquela época era analfabeta, incluindo parte da popu-
lação vinda da corte. Estas bibliotecas eram inadequadas às características primitivas da
colônia, mas certamente convenientes do ponto de vista do colonizador.
Este panorama só é modificado com a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808,
pois com o Príncipe Regente, veio de Lisboa a célebre coleção de Diogo Barbosa Machado,
a qual serviu de ponto de partida para a Biblioteca Nacional de nossos dias. Com a corte,
veio também o maquinário para que se instalasse aqui a primeira imprensa. Em 1811, o
Conde dos Arcos funda a primeira biblioteca pública. Três anos mais tarde, a Biblioteca
Real instalada no Rio de Janeiro, no hospital dos Terceiros Carmelitas, abre as suas portas
à população fluminense. “E aqui termina o período medieval das bibliotecas brasileiras”
(MORAES, 1983, p. 18).
No Segundo Reinado, “é a fase das bibliotecas dos liceus literários, das sociedades
beneficentes, dos gabinetes de leitura” (MORAES, 1983, p. 18). Com a República, as alte-
rações políticas, econômicas e sociais do período repercutiram inevitavelmente na forma
como se desenvolveram a literatura, a imprensa e as bibliotecas brasileiras. As ideias libe-
rais, advindas dos novos tempos, contribuíram para o incentivo da criação de bibliotecas.
É nesse contexto, que o curso de Biblioteconomia foi implantado no país pelo
Decreto 8.835 de 11 de julho de 1911, o qual estabeleceu a criação do primeiro
curso de Biblioteconomia na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, o qual “tinha por ob-
jetivo sanar as dificuldades existentes na biblioteca, há gerações, quanto à qualificação
de pessoal” (CASTRO, 2000, p. 53), entretanto, as aulas só iniciaram em abril de 1915,
devido a desistência dos inscritos, na época, funcionários da própria escola. Mueller (1985),
informa que o objetivo principal do curso era a formação de pessoal especializado para
exercer as atividades na Biblioteca Nacional e que o referido curso funcionou entre os anos
de 1915 a 1922, quando foi suspenso e só retomou em 1931.
REFLITA
Fonte: as autoras.
Estas foram as primeiras atividades definidas por lei para o graduado em Biblio-
teconomia. Em 25 de junho de 1998, a lei acima supracitada foi atualizada pela Lei n.
9.674, que em seu art. 1º, parágrafo único, reza que “a designação ‘Bibliotecário’, incluída
no Quadro das Profissões Liberais, Grupo 19, da Consolidação das Leis do Trabalho, é
privativa dos Bacharéis em Biblioteconomia” (BRASIL, 1998), ou seja, o bibliotecário é
reconhecido como profissão liberal e, na última versão da Classificação Brasileira de Ocu-
pações (CBO), encontra-se categorizado na família dos Profissionais da Informação (JOB;
OLIVEIRA, 2006). No país, não há um consenso sobre quais profissões deveriam ser
inseridas como profissionais da informação. Constituem o núcleo deste grupo os bibliote-
cários, os arquivistas, os mestres e doutores em ciência da informação e a Biblioteconomia
é a mais antiga destas áreas (MUELLER, 2004). A este respeito Targino (2010, p. 45), tece
a seguinte consideração explica que “todos os bibliotecários são ou deveriam ser profis-
sionais da informação, mas nem todos os profissionais da informação são bibliotecários. A
eles, somam-se documentalistas, arquivistas, museólogos, administradores”.
SAIBA MAIS
A CBO não é lei, é uma portaria do Ministério do Trabalho. Não regulamenta profissões
e nem cria cargos, não representa aspirações de uma categoria de trabalhadores, é
descrição de atividades de diferentes profissões, uma nomenclatura. Não é garantia de
que as profissões ali descritas sejam regulamentadas e nem é esta sua preocupação.
As atividades refletem a realidade do grupo que representa em termos de atividades
desempenhadas nos diversos ambientes em que se faz presente o trabalhador.
De acordo com o Guia do Estudante (2019), cujo conteúdo tem por intuito discrimi-
nar sobre as profissões a fim de orientar os sujeitos na escolha de determinada profissão,
menciona que “o bibliotecário domina técnicas de classificação, organização, conservação
e divulgação do acervo de bibliotecas ou centros de documentação”. O referido documento,
complementa, ainda que
Este graduado é responsável por organizar, conservar e divulgar acervos de
bibliotecas e centros de documentação, cuidando da classificação de livros,
papéis e arquivos digitais.
Concordamos com Coelho Neto (1996), mas, chamamos a atenção para o alerta de
Mueller (1989) de que os bibliotecários devem incorporar novas atividades sem abandonar
as ditas tradicionais, como: a preservação do conhecimento humano; a organização da infor-
mação para sua posterior recuperação; a educação, o suporte à educação formal, ao estudo
e à pesquisa; o fornecimento ao usuário de fontes e materiais que supram as necessidades
de informação deste; além do planejamento e da administração de recursos informacionais,
haja vista, que o bibliotecário auxilia na construção do conhecimento, ou seja, seu objeto
principal de trabalho é gerenciar a informação, independente do suporte e/ou do local em que
ela esteja armazenada, pois conforme explicita o Art. 2º da Resolução CFB 207/2008
Assim,
as mudanças processadas no campo da ciência e da tecnologia e a incorpo-
ração dos princípios da Documentação na Biblioteconomia brasileira passa-
ram a exigir um bibliotecário mais dinâmico e participativo e, principalmente,
especializado, isto é, que conhecesse as principais fontes do campo em que
atuava, suas terminologias e o modo como o mesmo estruturava-se, enquan-
to espaço de construção de saber (CASTRO, 2000, p. 121).
Outros fatos que exigiram uma nova postura no fazer bibliotecário, especialmente,
a partir da década de 1990, foi a explosão documental e a expansão das tecnologias da
informação e comunicação, que modificou as relações profissionais e passou a exigir um
profissional mais dinâmico e com domínio das ferramentas digitais. A respeito das TICs,
Araujo (2005, p. 115), destaca sua importância, pois “pela primeira foram feitas tecnologias
que criam e fornecem informações. Essas tecnologias desenvolvem três funções de pro-
cessamento de informação: memória, computação e controle. Isso aumenta, em muito, a
capacidade humana de processar dados para produzir informação”.
Este novo cenário, exigiu que o bibliotecário adquirisse um novo perfil e, a partir
de então, ele assumiu uma nova denominação: profissional da informação, haja vista, que
suas atividades não se limitam apenas ao ambiente físico das bibliotecas e a organização
e preservação dos acervos, mas, o foco de suas atividades centraliza no gerenciamento da
informação. Frente ao exposto, o trabalho bibliotecário não se restringe apenas aos recintos
de uma biblioteca, mas, sim em qualquer instituição que necessite catalogar documentos
para acessá-los de forma rápida, eficiente e eficaz.
É incontestável que a tecnologia causou imenso impacto nas bibliotecas e nas
atividades desempenhadas pelo bibliotecário, mas ela não eliminou a necessidade do tra-
balho humano, pois, os sistemas informatizados são concebidos, mantidos e alimentados
pelos seres humanos. Isto significa que as tecnologias vieram para auxiliar o homem, não
para substituí-las, então o dito popular que a profissão do bibliotecário seria extinta com o
advento das TICs não passa de um mito, haja vista, que
o graduado em Biblioteconomia deve ter formação humanística, científica,
técnica e cultural, de modo a desempenhar atividades intelectuais, traduto-
ras das necessidades informacionais de indivíduos, grupos e comunidades,
e mediadoras do uso e da apropriação da informação, tanto em contextos
tradicionais quanto virtuais, em bibliotecas, centros de documentação ou in-
formação, centros culturais, serviços ou redes de informação e na gestão do
capital intelectual, da inovação, da memória e do patrimônio cultural, entre
outros. A observação de padrões éticos de conduta, a reflexão crítica sobre o
seu papel social, a criatividade na resolução de problemas e a preocupação
com seu aprimoramento profissional devem sublinhar o desempenho de suas
atividades (INEP, 2009, p. 11).
A partir do século XX, a profissão do bibliotecário, tal como as demais profissões, foi
diretamente impactada pelos avanços das Tecnologias da Informação e da Comunicação
(TICs), pois os usuários cada vez mais buscam recuperar a informação de forma rápida e
de qualidade, isto demanda alterações no perfil do profissional. Assim, o alerta de Walter e
Baptista (2007, p. 30), de que
é muito interessante como o aspecto visual e comportamental dos biblio-
tecários realmente permeia o imaginário popular, associando a profissão a
mulheres, em geral idosas e, especialmente, com dois adereços principais,
como uma espécie de marca registrada, que são os indefectíveis óculos e o
famigerado coque nos cabelos, além de uma postura geralmente antagônica
e pouco receptiva para os usuários, provavelmente em gesto que indique um
enfático pedido de silêncio.
A tarefa é árdua, mas é possível, haja vista, o bibliotecário tem executado no decor-
rer de sua trajetória as tarefas de organizar e disseminar a informação. Na disseminação ou
mediação da informação, “o bibliotecário tem se aproximado dos papéis desempenhados
pelos educadores, assistentes sociais e outros que desempenham, funções na área educa-
cional/social” (BAPTISTA, 2006, p. 27).
Para Tarapanoff, Suaiden e Oliveira (2002, p. 3), um dos grandes desafios para o
bibliotecário é a alfabetização em informação, ou seja, cabe ao profissional da informação
buscar alternativas de educar a si próprios e aos outros para a sociedade da informação.
“Uma pessoa alfabetizada em informação é aquela que reconhece a necessidade da infor-
mação; organiza-a para uma aplicação prática; integra a nova informação a um corpo de
conhecimento existente; usa a informação para solução de problemas e aprende a aprender”
Frente ao exposto, a função do profissional da informação vai além de ensinar os
usuários como utilizar a biblioteca, haja vista, que o objetivo da alfabetização em informa-
ção é “criar aprendizes ao longo da vida, pessoas capazes de encontrar, avaliar e usar
a informação eficazmente para resolver problemas ou tomar decisões” (TARAPANOFF;
SUAIDEN; OLIVEIRA, 2002, p. 3).
Os autores supracitados explicitam que “os bibliotecários e profissionais da
informação devem, assim como os professores, tornarem-se animadores da inteligência
coletiva dos cidadãos e dos estudantes, oferecendo ferramentas intelectuais para que os
indivíduos cooperem e produzam conhecimentos em grupo”. Neste sentido, “é necessário
que o profissional da informação atue como um mediador entre o mundo digital e a capa-
cidade real de entendimento do receptor da informação, garantindo a efetiva comunicação
e a satisfação da necessidade informacional do usuário dessa tecnologia” (TARAPANOFF;
SUAIDEN; OLIVEIRA, 2002, p. 4). É preciso inovar e “a inovação passa a acontecer nas
bibliotecas quando estas percebem que somente os registros informacionais bibliográficos
já não atenderão uma sociedade conectada, participativa e com acesso rápido e vasto a
uma variedade de recursos” (PRADO; CAVAGLIERI, 2016, p. 95).
A inovação perpassa pela busca de conhecimento e aprimoramento constante,
aberto a mudanças, conforme disse Valentim em 1995
O papel da biblioteca e dos profissionais que nela atuam é determinado pelo uso
da informação registrada e pela importância desta na vida das pessoas. Uma vez que a
informação se altera e a comunicação evolui, juntamente com os valores morais, hábitos,
avanços tecnológicos, estrutura social, desenvolvimento nacional, também mudam, em
cada sociedade, as expectativas em relação às bibliotecas e aos bibliotecários.
Frente ao exposto, nesta unidade refletimos sobre o percurso da Biblioteconomia
no Brasil desde os primórdios da criação do primeiro curso que visava a formar o profis-
sional para atuar nas bibliotecas. Neste sentido, no segundo momento apresentamos o
perfil do bibliotecário no país e, por último, discutimos sobre os desafios do profissional da
informação na contemporaneidade.
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Fonte: CRB-6. Dia do bibliotecário: sete nomes importantes na Biblioteconomia. Boletim Eletrônico
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LIVRO
Título: História da biblioteconomia
Autor: Augusto Cesar Castro
Editora: Thesaurus
Sinopse: Resultado da tese do autor, defendida na Universida-
de de Brasília (UnB), o livro, publicado pela Editora Thesaurus,
retrata a trajetória da biblioteconomia diante de vários aspectos,
contemplando o desenvolvimento das bibliotecas, em especial,
a Biblioteca Nacional, ensino de biblioteconomia (incluindo a
construção curricular), órgãos de classe, além dos fundamentos
históricos, políticos e institucionais da profissão e atuação profis-
sional do bibliotecário. Certamente é uma das obras mais densas
e completas sobre o desenvolvimento histórico da biblioteconomia
e não somente pela narrativa em si, mas pelo teor crítico, rigoroso
e consistente com que trata a história da área.
LIVRO 2
Título: Uma análise sobre a identidade da biblioteconomia brasi-
leira: perspectivas históricas e objeto de estudo.
Autor: Jonathas Luiz Carvalho Silva.
Editora: Baluarte.
Sinopse: A obra, originada de dissertação, toca numa das ques-
tões mais negligenciadas pela Biblioteconomia: a construção da
identidade biblioteconômica.A obra divide-se em cinco capítulos
principais. Nos quais o autor busca resgatar um pouco da trajetória
histórica da Biblioteconomia
FILME / VÍDEO 2
Título: Desafios da profissão do bibliotecário
Ano: 08 de maio de 2015
Sinopse: O vídeo é uma entrevista com dois profissionais bibliote-
cários realizada pela TV PUC
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120
CONCLUSÃO GERAL
Prezado(a) Aluno(a)!
Neste material fizemos uma caminhada pelos fundamentos que regem a Bibliote-
conomia, assim vimos os conceitos atribuídos a ela e a sua relação com a Documentação e
a Ciência da Informação. Tivemos a oportunidade de perceber que a Biblioteconomia está
voltada à organização e a administração de bibliotecas e outras unidades de informação,
desenvolvendo ações de seleção, aquisição, organização e disseminação de publicações
sob diferentes suportes físicos e desenvolve suas atividades técnicas e normativas na
perspectiva de proporcionar o acesso à informação. Estudamos, também, como se deu o
processo da escrita e o surgimento das bibliotecas no primórdio da civilização.
Seguindo em frente fizemos uma imersão pela Biblioteconomia desde a sua gênese
e pudemos perceber que desde os primórdios da civilização, sempre houve a necessidade
de se organizar os registros do conhecimento adquiridos pelo homem a fim de preservar a
sua memória.Pudemos, ainda, conhecer sobre as práticas biblioteconômicas e a evolução
das bibliotecas, desde a Antiguidade até chegarmos a contemporaneidade e aqui nos de-
paramos com a Sociedade de Informação, em que há o domínio da internet em todos os
segmentos da sociedade e que as bibliotecas não ficaram alheias às mudanças causadas
explosão documental e pelas tecnologias da informação e comunicação.
Continuando a caminhada conhecemos os diferentes conceitos atribuídos ao termo
documento e o quanto a Documentação, enquanto atividade teórico-prática foi importante
para o desenvolvimento dos sistemas de classificação, representação e organização da
informação e como ela se relaciona com a Biblioteconomia. Constatamos que a origem da
Documentação está relacionada à grande quantidade de documentos técnicos e científicos
produzidos e a necessidade de sua organização, de forma a torná-los acessível a quem
interessar. Verificamos que a Biblioteconomia e a Documentação se relacionam com a
semiótica e que os conhecimentos dessa área são fundamentais para os processos de
significação, dimensionamento e tratamento da informação.
121
Para concluir nosso percurso refletimos sobre a Biblioteconomia no Brasil desde
os primórdios da criação do primeiro curso, conhecemos sobre o perfil do bibliotecário
no país e, por último, discutimos sobre os desafios do profissional da informação na
contemporaneidade.
Esperamos que você tenha gostado de percorrer conosco pelos trajetos encanta-
dos da Biblioteconomia.
122
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