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Estado e Cidadania

Professor Mestre Jorge Alberto de Figueiredo


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F475e Galvão, Figueiredo, Jorge Alberto de

Estado e cidadania / Jorge Alberto de Figueiredo.


Paranavaí: EduFatecie, 2022.
87 p.: il. Color.

1. Cidadania. 2. Democracia. 3. Brasil - Política e governo.


4. Participação social. I. Centro Universitário UniFatecie. II.
Núcleo de Educação a Distância III. Título.

CDD: 23 ed. 323.6


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Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
AUTOR

Professor Mestre: Jorge Alberto de Figueiredo

● Graduado em História pela Universidade Paranaense-UNIPAR (2001).


● Graduado em Estudos Sociais pela Faculdade Estadual de Educação Ciências
e Letras de Paranavaí (1992) atualmente UNESPAR (Universidade Estadual do
Paraná).
● Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá -UEM- (2006).
● Atuou como Docente na UNESPAR - Campus Paranavaí (2010-2012).
● Atuou como Docente no Curso de Urbanismo e Arquitetura na UNIPAR-Universi-
dade Paranaense, Campus de Paranavaí.
● Atuou como Supervisor do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docên-
cia (PIBID-CAPES) UNESPAR - Campus-Paranavaí.
● Docente na Secretaria de Educação do Estado do Paraná nas Séries Finais do
Ensino Fundamental.
● Produtor de Materiais Didáticos e vídeos Aulas ( UNIPAR, VG Consultoria e
● Palestrante sobre: Educação e Cidadania, Ética, Política, Sociedade e Democra-
cia, Educação, Liberdade, e Igualdade.
● Psicanalista.

Experiência vasta na área educacional com atuação docente no Ensino Fundamental


Anos Finais, Ensino Médio, Ensino Superior e Pós-Graduação.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Prezado (a) aluno (a), é uma imensa honra, estudarmos juntos! Termos a
disciplina de Estado e Cidadania, na ementa do curso, denota a preocupação e a necessidade
de ampliar debates, sobre o papel do cidadão em um país democrático ou que deveria
ser. Compreender essas premissas pode propiciar uma evolução social, que tem como
objetivo, esclarecer os indivíduos para a busca de suas necessidades de forma honesta e
segura. O Estado tem um papel fundamental, para que não sejam marginalizados os menos
favorecidos e ao mesmo tempo propiciar bases sólidas, sociais, econômicas, políticas para
que possam garantir seus sustentos de forma digna.
Em nossa Unidade I, aprenderemos a diferenciar, Governança e Governabilidade,
caridade de cidadania. O conceito de Poder que tanto causa conflitos, aprofunda essa
diferença e afirma que se exercermos a cidadania e aplicarmos de forma coletiva, tudo de
maneira compassada pode alterar. Que fique bem claro, nenhuma mudança acontece em
um passe de mágica. Tempo e paciência, são aliados em todos os setores de nossa vida. Por
isso a necessidade de estudar a historicidade sobre o estado Brasileiro e desenvolvimento
e formação das políticas públicas.
Na Unidade II, você irá agregar conhecimento sobre a Constituição de 1988 é a
Lei máxima do país, que descreve nossos direitos e deveres, que abrange não apenas nós
enquanto indivíduo, mas o Estado e toda a sociedade civil. Houve mudanças benéficas
nesse contexto, mas também pontos negativos que impactaram em nosso meio social,
econômico, cultural, religioso. A ruptura de ideias, desencadeou novos paradigmas
e conceitos. Mas vale a pena refletirmos se não estamos sendo complacentes demais.
Pensando na desordem e em um possível caos social.
Sequencialmente na Unidade III, falaremos a respeito do que é cidadania, seus
conceitos e história, quais os tipos de cidadania, como ela é vista e aplicada no Brasil.
Compreender essas premissas, nos conduzirá a diferenciar cidadania de democracia.
Nesse sentido, pergunto-lhe: para você cidadania e democracia são as mesmas coisas?
Ambos os termos são discutidos diariamente, mas entendo que é preciso compreender a
etimologia das palavras e fazer a leitura em nosso mundo real.
Em nossa Unidade IV, finalizaremos com o assunto participação social. Cabe
assim dizer que o Brasil, quiçá o mundo necessita desse engajamento da sociedade, para
que haja mudanças significativas para o cidadão brasileiro. Perdemos muitos de nossos
direitos, porque em um mundo tão acelerado como este capitalista, queremos exercer
nossos deveres, mas precisamos, no mínimo, não perder o que temos. Planejamento
governamental, algo que precisa ser entendido para que possamos opinar, debater, discutir
e mudar o caminho quando for necessário.

Um ótimo estudo!
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
O Que é Estado?

UNIDADE II.................................................................................................... 23
Noção do Estado no Brasil

UNIDADE III................................................................................................... 41
O Que é Cidadania?

UNIDADE IV................................................................................................... 62
Participação Social
UNIDADE I
O Que é Estado?
Professor Mestre Jorge Alberto de Figueiredo

Plano de Estudo:
● Noção do conceito de estado;
● Conceito de Poder;
● Diferentes Tipos de Estado ao longo da História;
● Governança e Governabilidade?.

Objetivos da Aprendizagem:
● Estabelecer parâmetro sobre formalização do Estado historicamente;
● Compreender a importância do Estado e seu dever para com o povo;
● Conceituar o que é poder e suas implicações no cotidiano.

4
INTRODUÇÃO

Que bom continuar nossos estudos com temas tão relevantes como os que vamos
aprender. Por mais que sabemos, é certo que sempre temos mais a aprender. Conhecimento
é uma fonte inesgotável, flexível e inovadora. Sim! Inesgotável, porque o conhecimento é
contínuo, flexível porque a cada área agrega conceitos diversificados, tornando os conteúdos,
científicos, que desnudam a característica do senso comum. É inovadora, porque a evolução
é primordial quando falamos sobre sociedade, pois visivelmente ela se renova.
Nesta unidade trataremos de assuntos que você com certeza já ouviu falar, mas
vamos juntos aprender de forma mais detalhada sobre noções do conceito de estado,
conceito de poder, os diferentes tipos de estado ao longo da história e governança e
governabilidade. Os temas estão alinhados e refletem todas condutas atuais, nos cenários
políticos, sociais e econômicos.
Nosso objetivo é que você compreenda que para exercer o papel de cidadão é
crucial conhecer tudo o que envolve neste papel de agente ativo na sociedade, assim,
estabeleceremos parâmetro sobre a formalização do estado de forma histórica, a
compreensão da devida importância do Estado e o seu dever para com o povo e a
conceituação do que é poder, bem como suas implicações em nosso cotidiano. De forma
esclarecedora esta unidade abrange os conhecimentos que precisamos para desafiar a nós
e a nossa sociedade que detém o poder de escolhas políticas.

UNIDADE I O Que é Estado 5


1. NOÇÃO DE CONCEITO DE ESTADO

O que é Estado? Uma pergunta que no primeiro momento nós ficamos sem uma
resposta imediata. Isso é perfeitamente natural quando se trata de assuntos complexos e o
assunto Estado não é diferente. Mas é nas palavras de Hegel e Hobbes que podemos tirar
algumas conclusões sobre esse tema, visto que o assunto é para muitas reflexões. Para
Hegel o Estado é “substância ética consciente de si mesma”, uma frase simples, mas de
grande importância quando paramos e pensamos sobre o assunto. Essa frase de Hegel
abrevia uma enérgica e inovadora compreensão da sociedade humana, na história política
da humanidade.
O Estado é posto como uma ferramenta viva e essencialmente compacta de caráter
unitário, uma adequada família expandida. É o instante primordial e invencível da ética, é o
que de mais pronto e acabado que determinou o adiantamento da espiritualidade humana.
Assim nos ensina Hegel:
[...] O estado é substância ética consciente de si mesma, a reunião do
princípio da família e da sociedade civil; a mesma unidade que está a família
como sentimento de amor é essência do Estado, o qual, porém mediante o
segundo princípio da vontade que sabe e está vivo por sí só, recebe também
a forma da universalidade conhecida. Esta, pelas suas determinações,
que se desenvolvem no saber, tem como conteúdo a esse copo absoluto a
subjetividade que sabe; ou seja, quer essa racionalidade para si. [...] (HEGEL,
1980, p.162).

Já para Hobbes teórico do Absolutismo político, analisava o Estado como um Deus


mortal pouco abaixo do Deus imortal, um leviatã, o aterrorizante monstro descrito na Bíblia
no Livro de Jó.

UNIDADE I O Que é Estado 6


Sendo o Estado em tese realizador da vontade de todos, este deve ser protegido
pelos indivíduos que fazem parte do todo. Um Estado surge quando todos os sujeitos se
reconhecem em um só e praticam a obediência. Hobbes assim justifica.
[...] Isso é mais do que um consenso ou acordo. È a unidade verdadeira de
todos em uma única e idêntica pessoa, realizada por meio do pacto entre o
homem, como se cada um desses ao outro eu autorizo e cedo o direito que
tenho de governar a mim mesmo a este homem ou a esta assembleia de
homens, sob a condição de que tu também lhe cedas o teu direito e autorizes
igualmente as suas [...] (HOBBES, 1974, p. 99).

E continua Hobbes em seu raciocínio:


[...] Feito isso, a multidão reunida em um único indivíduo passa a ser chamada
de Estado, em latim civitas. Esta é a origem do grande Leviatã, ou melhor,
(para falar com maior reverência), do Deus mortal, ao qual devemos, abaixo
de Deus imortal, a nossa paz e a nossa defesa. [...] ( HOBBES, 1974, p.102)

O Estado moderno também conhecido por Estado-Nação simula um apurado modo


de organização do poder que teve início na Europa Feudal a partir do século XIV, em uma
luta constante dos camponeses e burgueses para derrubar o Feudalismo e a extinção do
abuso de poder e tirania do Absolutismo. Essa atitude de ordenamento político se espalhou
por toda a Europa chegando mais tarde ao Novíssimo Mundo das Américas.
Em outros continentes adquiriu distinta forma ao longo do tempo. Em relação à
Nação, no caso, esse termo simboliza o compartilhamento da mesma língua, costumes,
história e tradições de um grupo. Isso institui a ciência de pertencimento nos indivíduos, que
passam a habituarem-se como um povo. Afinal o que é o Estado moderno? Quais são as
suas características e as formas?
O nascimento do estado moderno está coligado a um modo explícito de
aparelhamento social do poder político. Mas não possui um nome único. São diversas as
acepções para essa forma de organização que chamamos meramente de Estado. O Estado
Segundo Norberto Bobbio et al (1999), em sua obra Estado, governo, sociedade: para uma
teoria geral da política assim nos ensina “trata-se de uma organização social complexa
caracterizada pela centralização do poder, fundamentada na afirmação do princípio da
territorialidade da obrigação política e sobre a progressiva aquisição da impessoalidade do
comando político".
Assim essa centralização que se opõe ao policentrismo do poder dos senhores
feudais, é determinada por Max Weber como o “monopólio da violência legítima" em um
território demarcado. Em outras palavras, o Estado apreendeu o controle sobre todas as
nascentes autênticas de violência, por meio de instituições como a polícia que tem a função
de manter a ordem, justiça e conter os cidadãos, e as forças armadas que agem como
defensores de possíveis agressões externas.

UNIDADE I O Que é Estado 7


2. CONCEITO DE PODER

Você gostaria de ter poder? O que faria se assim o tivesse? Saberia lidar com as
demandas originadas dele? Existe um ditado popular que diz “quer conhecer uma pessoa
dê-lhe poder”. O nosso assunto de hoje, na dimensão sociológica, faz muito sentido. Atrelado
ao poder, vem grandes responsabilidades e um compromisso com o qual você está se
colocando à disposição para obtê-lo. Pois o poder possibilita o exercício da influência sobre
a conduta de outrem em uma relação social. Bobbio, define poder da seguinte forma:
Em seu significado mais geral, a palavra Poder designa a capacidade ou
possibilidade de agir, de produzir efeitos. Tanto pode ser referida a indivíduos
e a grupos humanos como a objetos ou a fenômenos naturais (como na
expressão Poder calorífico, Poder de absorção) (BOBBIO, 1995, p. 933).

Para Weber, poder é toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação
social, mesmo contra resistência, seja qual for o fundamento dessa probabilidade (WEBER,
1994,p.33)
Existem três formas de poderes: político, econômico e ideológico. Todos caminham
de forma conjunta ou isoladamente. O poder econômico está canalizado na classe dominante
interpondo a classe operária. Regra geral do capitalismo que dita tendências, que faz girar
todo mercado consumidor, em todos os ramos, alimentícios, vestuários, entre outros. O que
fica explicito a relação existente entre poder e dominação na visão de Weber (1999):

UNIDADE I O Que é Estado 8


Dominação, no sentido muito geral de poder, isto é, de possibilidade de impor
ao comportamento de terceiros a vontade própria, pode apresentar-se nas
formas mais diversas. Pode-se, por exemplo, como ocorreu ocasionalmente,
compreender os direitos que a lei concede ao indivíduo, contra um ou vários
outros, como o poder de dar ordens ao devedor ou ao não-autorizado,
interpretando-se, portanto, todo o cosmo do direito privado moderno como
descentralização da dominação nas mãos dos "autorizados" pela lei (WEBER,
1999, p. 188).

O poder no campo ideológico pode ter a capacidade de grandes mudanças relevantes


em prol de todos ou pode desfavorecer a minoria, com informações que trariam benefícios
para a maioria. A segunda alternativa é o que mais vem ocorrendo no Brasil. Influenciando
comportamentos, utilizando das redes sociais, meios de comunicação diversos e por
intermédio da educação. É muito interessante pensarmos quanto a sociologia e a filosofia
tem o compromisso de esclarecer essas questões ideológicas, sem envolver com questões
partidárias.
O poder político são as argumentações que os que se interessam em ingressar
no meio político usam para persuadir e influenciar os eleitores para a conquista do voto. E
quando eleito, faz uso do seu poder em propiciar ações em prol da existência humana ou
apenas com interesse próprio. O homem precisa ser racional e ativo. Thompson, retrata
essa contextualização:
O que descobrimos (em minha opinião) está num termo que falta: 'experiência
humana'. E esse, exatamente, o termo que Althusser e seus seguidores
desejam expulsar, sob injúrias, do clube do pensamento, com o nome de
'empirismo'. Os homens e mulheres também retornam como sujeitos,
dentro deste termo não como sujeitos autônomos, 'indivíduos livres', mas
como pessoas que experimentam suas situações e relações produtivas
determinadas como necessidades e interesses e como antagonismos, e em
seguida 'tratam' essa experiência e sua cultura (as duas outras expressões
excluídas pela prática teórica) das mais complexas maneiras (sim,
'relativamente autônomas') e em seguida (muitas vezes, mas nem sempre,
através das estruturas de classe resultantes) agem, por sua vez, sobre sua
situação determinada (THOMPSON, 1981, p. 182)

Quando falamos de poder na gestão pública fica mais evidente, pois o controle social
é a imposição de uma autoridade muitas vezes não alcançada, prevalecendo a coação para
com os indivíduos. Tudo faz parte do sistema e essa conduta reflete na sociedade. Por
sistema, segundo Eribon compreende-se:
um conjunto de relações que se mantêm, se transformam, independentemente
das coisas que os ligam. Foi possível provar, por exemplo, que os mitos
romanos, escandinavos, célticos mostravam deuses e heróis muito
diferentes uns dos outros, mas que a organização que os ligava (e essas
culturas se ignoravam mutuamente), suas hierarquias, suas rivalidades, suas
traições, seus contratos, suas aventuras obedeciam a um sistema único (
ERIBON,1996, p.141).

Weber define três tipos importantes de dominação:

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Carismática: quando a liderança se dá em virtude das qualidades pessoais do
indivíduo, transmitindo aos liderados a imagem de herói ou profeta. Ela “apoia-
se na autoridade não racionalmente nem tradicionalmente fundamentada de
personalidades concretas” Tradicional: quando o líder domina pelo fato de
possuir um direito que foi adquirido ou herdado. A posição autoritária pessoal
deste tem em comum com a dominação burocrática, pois está a serviço de
finalidades objetivas, a continuidade de sua existência, o “caráter cotidiano”
. Racional-legal: como em uma burocracia, essa dominação se dá através
de leis, regras, regulamentações e procedimentos que validam o poder. Este
poder, por sua vez, é consentido entre os líderes (WEBER, 1999, p. 23).

O poder é um instrumento de mudança e depende muito de quem o detém. Assim,


a conduta ética para fazer uso é essencial . O poder não pode corromper a pessoa, para
que não seja um arma em suas mãos, que impõe a destruição de si mesma e dos que estão
ao seu redor.

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3. DIFERENTES TIPOS DE ESTADO AO LONGO DA HISTÓRIA

3.1 Estado Absolutista


Foi com o Absolutismo que apareceu o Estado moderno. Estava caracterizado
pela unidade territorial e pela concentração do poder na figura do Rei ou Imperador. Esse
tipo de Estado predominou na Europa dos séculos XVI ao século XVIII. Tem como sua
principal característica o fundamento da centralização do poder e o controle das atividades
econômicas, bem como da justiça e o comando das forças armadas. “Um dos melhores
exemplos sobre essa realidade encontramos na figura do Rei Luís XIV denominado o “Rei
Sol” onde o próprio afirma” L’état c’est moi “(O Estado sou eu!) ``. o Absolutismo tem como
seu principal pensador Thomas Hobbes.
Ele faz uma série de considerações sobre a essência do Estado, afirmava que
o homem, por sua natureza egoísta, sempre iria colocar os seus interesses à frente dos
outros. Esse conceito foi elaborado a partir das observações e estudos feitos por Hobbes
das atitudes dos homens e assim a denominou de “estado de natureza” onde o mais forte
oprime o mais fraco, “O homem é o lobo do homem”.
Para Hobbes o estado de natureza é um estado de todos contra todos o que parece
que sempre estamos em guerra uns com os outros. Nessa acepção a função do Estado
seria a de apaziguar os ânimos e procurar a justiça para todos, assegurando a paz. Para que
isso acontecesse cada indivíduo deveria dilatar parte de seus direitos naturais sobre todas
as coisas para o Estado formulando, assim, um “contrato social” para um único soberano
ou assembleia que estivesse acima de todos.

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3.2 Estado Liberal
Foi com a Revolução Francesa que o Estado Liberal teve sua inspiração através
da burguesia que defendia o lema “ Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Foram esses
princípios que moveram a sociedade burguesa contra o Absolutismo no final do século
XVI e início do século XVII. O estado Liberal tem como o seus principais fundamentos
a soberania da população e a representação política dando origem ao lema “o poder é
do povo”. John Lock ( 1689-1755) discordava de Hobbes em relação à natureza humana
e ao absolutismo. Escreve suas ideias pautando que os homens devem ser livres e
responsáveis pelas suas ações e ter o direito à propriedade e a sua defesa, bem como
também a obrigação de defender o Estado. Mas é com Montesquieu(1689-1755) que o
Estado tem uma grande evolução. Montesquieu elaborou as ideias de divisão dos poderes
do Estado, e, Executivo. Legislativo e Judiciário, ideia essa que permanece até hoje nos
países democráticos. Todo esse estudo está pautado na ideia de contestar os poderes
absolutistas onde a concentração de poderes e o mando estava nas mãos de um soberano.
Em relação à economia, a principal crítica ao Absolutismo estava na
interferência do Estado na economia, para as classes burguesas o Estado deveria agir como
um “guardião da ordem” zelando para manter a conservação e a segurança da propriedade
privada. Dessa forma, estabelecia-se a separação entre os domínios públicos, ou seja,
tudo aquilo que eram de importância comum e, portanto, apto à interferência do Estado do
privado, que se diz excepcionalmente aos indivíduos não incumbindo, assim, a interferência
do Estado. Adam Smith (1723-1790) considerado o pai do liberalismo econômico nos traz
uma grande contribuição em relação à condução do estado Liberal. Com o lema “Laissez-
faire,laissez-passer” (deixai fazer, deixar passar) que proclama a visão de que as atividades
econômicas se autorregulam por meio da oferta e da procura do mercado e, portanto, não
deveria ser controlada pelo Estado.
O liberalismo não prega uma política anti estatal. Confere ao Estado o papel de garantir
a segurança pública e proteger a propriedade privada. Entretanto, esse modelo de estado
liberal causou exaltada concorrência entre as empresas. Atrapalhou o desenvolvimento dos
pequenos empreendedores e meditou o capital nas mãos de poucos. Esse panorama avivou
a demanda popular a necessitar de benefícios sociais, principalmente após os períodos de
guerras ocasionadas justamente pela disputa de mercados consumidores pelas grandes
nações. Passando por grandes crises econômicas, esse modelo de Estado começou a ser
examinado, repensado e reestruturado no final do século XIX.

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3.3 Estado Socialista
É no socialismo que o Estado Liberal enfrenta a sua maior oposição e reação.
Questionando as bases materiais da sociedade, ou seja, a divisão em duas classes sociais
principais: a burguesia e a classe trabalhadora, assim, o socialismo tem como proposta
uma profunda alteração nas condições de produção e assimilação da riqueza produzida
pela sociedade. O primeiro Estado socialista surgiu com a revolução Russa de 1917. Essa
revolução teve como base e inspiração as teorias de Karl Marx e Friedrich Engels. Naquele
contexto e em condições favoráveis para sua instalação em virtude da má administração
Czarista, a revolução derrubou o governo czarista de Nicolau II.
A revolução Russa teve como objetivo suplantar o capitalismo, eliminar a propriedade
privada e socializar os meios de produção. Nesse sentido, o Estado seria o responsável para
tal feito, pois versaria em organizar a sociedade e permitir a livre aparelhamento do povo.
Segundo as teorias de Marx e Engels após a superação do capitalismo e a constituição de
uma sociedade comunista esta necessitaria da expansão da revolução socialista para as
outras nações. Entretanto, não foi isso que aconteceu, em virtude de discussões entre os
líderes comunistas após a morte de Lênin. Nesse período, sobe ao poder Joseph Stalin
com um modelo de Estado ditatorial que durou até os anos 50. Após a Segunda Grande
Guerra Mundial o socialismo foi implantado em países do leste Europeu e em alguns países
do Continente Africano bem como da Ásia, destacando a China como uma das principais
nações ao aderir o socialismo.
Porém ao findar os anos 80 o processo de decadência política e econômica na
então URSS vêm à tona. Liderados por Gorbachev na URSS passa por um período de
reestruturação e adequação frente aos desafios da nova ordem mundial. Restrito pela
aliança entre a burocracia e a elite militar, e pela falta de liberdades democráticas e também
sufocada pela força econômica dos países capitalistas, o país entra em crise. Acabava-se,
assim, a ideia do Estado Socialista. No entanto, os referenciais de suas teorias continuam
em partidos que têm como seu ideário político, a luta contra o Estado liberal.

3.4 Estados Nazistas e Fascistas


Dentre os tipos de Estados destacam os Estados Nazista e Fascista. Ambos eram
contra o Socialismo. Nesse tipo de Estado destaca-se a devoção para o Estado, ou seja,
o Estado estava acima de tudo e todos, até mesmo das demais organizações públicas
e privadas. Tinha suas bases voltadas para a moralidade preocupava-se com todos os
campos da vida social e principalmente com a educação. Em relação à economia houve
uma constante nacionalização econômica onde procurava afastar-se de grupos financeiros
e industriais de outras nações.

UNIDADE I O Que é Estado 13


O fascismo surgiu na Itália nos primeiros anos após a Primeira Guerra Mundial, foi
liderado pelo ditador Benito Mussolini, nacionalista tinha por base o restabelecimento das
glórias do Antigo Império Romano com o intuito de se desenvolver o patriotismo e promover
uma expansão territorial aumentando, assim, as colônias Italianas. O fascismo tinha suas
características versadas de que o poder do Estado deveria estar personificado de uma
figura ou um único partido político, organizado de forma hierárquica. Para o fascismo, a
nação era uma unidade moral, política e econômica que se realizava universalmente no
Estado. Desprezava o individualismo liberal e era totalmente contra o comunismo.
A diferença entre o Fascismo e o Nazismo é que enquanto o fascismo não se
preocupou com a questão racial e o preconceito, o Nazismo deu plena exaltação à questão
racial. Consideravam-se homens de raça pura que pregavam a supremacia ariana e tinham
profundos sentimentos xenófobos. A principal consequência da implantação desse Estado
levou o mundo à Segunda Guerra Mundial. Mesmo depois de ser derrotado pela democra-
cia pós-guerra, esse fenômeno pode ser notado no crescente fortalecimento dos partidos
ultranacionalistas e de movimentos neonazistas em várias partes do mundo, inclusive aqui
no Brasil.

3.5 Estado de Bem-estar-social


Conhecido por Welfare State o estado de Bem-estar-social foi implantado pelos
grandes economistas liberais na primeira metade do século XX. Foi com a queda da Bolsa
de Valores de 1929 (Crack) que apareceu esse novo modelo de Estado. Para que houvesse
a melhora da situação econômica mundial, segundo John Maynard Keynes era necessário
uma política intervencionista do Estado voltada para atender aos direitos sociais básicos
como saúde, educação, trabalho, transporte, previdência social e salários dignos. Foi nos
Estados Unidos e na Grã-Bretanha que esse modelo de Estado teve amparo.
O resultado obteve um retorno econômico em que foi criada uma sociedade
duradoura às crises do sistema capitalista. Segundo seus críticos se o Estado que
consentisse às exigências por direitos de cidadania da classe trabalhadora produziria para
a elite econômica funcionários mais preparados e empenhados. Nos anos 60 o Estado de
Bem-estar-social começa a sofrer críticas em relação aos gastos públicos com a previdência
originada pelo aumento do desemprego e pela recessão econômica mundial. O que se
acentuou com a crise do petróleo de 1973. Mesmo sendo alvo de inúmeras críticas esse
modelo de Estado ainda existe em alguns países da Europa Ocidental.

UNIDADE I O Que é Estado 14


3.6 Estado Neoliberal
Nos anos 80 os Estados Unidos da América bem como a Grã-Bretanha após um
estudo complexo sobre o Estado de Bem–estar-social chegaram a conclusão de que o
mesmo não estava produzindo e não era eficaz o bastante para a nova realidade mundial.
Os seus principais pontos como a redução da pobreza e a distribuição de renda não
estavam alcançando os seus verdadeiros objetivos. Com base nessas análises Tanto os
Estados Unidos como a Inglaterra sob o governo de Ronald Reagan optaram por uma
reestruturação de um novo modelo de Estado.
Na Inglaterra a política de Margaret Thatcher foi orientada pela desregula-
mentação da economia, redução de gastos públicos com a educação, habitação e previ-
dência social, causou as privatizações das empresas estatais e uma flexibilização das leis
trabalhistas. Essas mudanças produziram um impacto direto na vida de toda a população
originando greves e alguns distúrbios sociais. Pelo seu enfrentamento a essas crises, Mar-
garet Thatcher ficou conhecida como a Dama de Ferro.
Acompanhando o desenrolar das mudanças realizadas na Inglaterra, o Estado
Unidos na América sob o Governo de Ronald Reagan exibiu postura semelhante, não
intervindo na economia, mas com uma severa redução dos gastos públicos e a redução
de impostos. Essas mudanças incluíram como base o livre mercado, e a livre iniciativa,
esperando, assim que a desvinculação do Estado na economia e na política induziram a
prosperidade econômica.
As teorias neoliberais não só ficaram nos Estados Unidos da América e na Ingla-
terra. Em 1989 em uma reunião com FMI (Fundo Monetário Internacional) deliberou-se que
esta política deveria ser adotada pelos países em desenvolvimento em que deveriam seguir
regras básicas como privatizações das estatais, flexibilização das leis trabalhistas, aumento
dos investimentos estrangeiros sem restrições fiscais e redução de gastos públicos. O com-
prometimento com o FMI afetou as economias desses países, que ficaram sob uma forte
fiscalização dos agentes econômicos que tinham nas mãos o direcionamento da aplicação
dos recursos.
Em 2008 com uma grave crise econômica mundial esse Modelo de Estado sofreu
severas críticas. Denúncias foram feitas em que se mostrava as desigualdades sociais e as
falhas do sistema financeiro para a sustentabilidade do programa.

UNIDADE I O Que é Estado 15


4. GOVERNANÇA E GOVERNABILIDADE?

Você já deve ter ouvido falar sobre governança e governabilidade. Embora ambas
são parecidas, relativas à escrita, partindo da derivação “governo”, cada qual representa um
conceito. Vamos entender o conceito e suas particularidades para que possamos aprimorar
nosso conhecimento. Aliás, a Gestão pública deve aprimorar seus mecanismos para que
a governança e a governabilidade seja plena, por ser um Estado Democrático de Direito.
Cabendo ao povo exigir do governo, pois:
[...] é mais do que tempo de nos emanciparmos da crença ingênua de
que uma boa lei nos redimiria da tarefa de aplicá-la de forma adequada à
unicidade. Como bem pontua Grindle (2004, p. 525-548):de e irrepetibilidade
características das situações da vida, sempre individualizadas e concretas
(CARVALHO NETTO; SCOTTI, 2011, p. 134).

Governança é a capacidade de implementar, de forma eficiente, reduzindo


custos, eficaz, alcançando os objetivos e metas e efetivamente beneficiando a sociedade,
consolidando as políticas públicas. Pois a governança está atrelada à capacidade de
administrar. Como bem pontua Grindle (2004, p. 525-548):
[...] governança consiste em: distribuição de poder entre instituições de
governo; a legitimidade e autoridade dessas instituições; as regras e normas
que determinam quem detém poder e como são tomadas as decisões sobre o
exercício da autoridade; relações de responsabilização entre representantes,
cidadãos e agências do Estado; habilidade do governo em fazer políticas, gerir
os assuntos administrativos e fiscais do Estado, e prover bens e serviços; e
impacto das instituições e políticas sobre o bem- -estar público.

UNIDADE I O Que é Estado 16


Governabilidade é a capacidade de tomada de decisões , representando os interes-
ses da sociedade de forma legítima. Se tivermos na figura de nossos representantes sejam
eles presidente, prefeitos, vereadores entre outros, se a sociedade não vê representada por
eles. Podemos dizer que estamos carecendo de governabilidade. Segundo Bobbio et al:
[...] a não governabilidade é produto de uma sobrecarga de problemas
aos quais o Estado responde com a expansão de seus serviços e da sua
intervenção, até o momento em que, inevitavelmente surge uma crise fiscal.
Não há governabilidade, portanto, é igual a crise fiscal do Estado (1995, p.15).

Para Santos:
A governabilidade refere-se às condições políticas, a capacidade e
legitimidade que um governo tem, isto é, está vinculada a ação do governo em
si, de “governar”. É equivalente à dimensão político-estatal no que concerne
a “[...] condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do
poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo,
as relações entre os Poderes, o sistema de intermediação de interesses” (
SANTOS,1997,P.342)

Portanto, podemos afirmar que o Brasil precisa de governança e governabilidade.


Podemos exemplificar com construções que no Brasil custa 3 a 4 vezes mais que em
outros países, e pior nunca ficam prontos. Construções que dizem ser para beneficiar a
sociedade, mas não é real, é notório como a sociedade necessita de empreendimentos
em todas as áreas. O Brasil é ineficiente em grande parte de suas ações governamentais.
Quando falamos de Gestão Pública, sabemos que há divergências de acordo com pontos
de vista, com relação à administração. Mas o que precisa sempre prevalecer é o foco na
coletividade, no bem comum.
[...] a configuração dos modelos de gestão pública é influenciada pelo
momento histórico e pela cultura política que caracterizam uma determinada
época do país. Assim, a evolução, o aperfeiçoamento e a transformação dos
modelos de gestão das organizações se desenvolvem a partir de pressões
políticas, sociais e econômicas existentes e que se traduzem em diferentes
movimentos reformistas empreendidos pelos governos que buscam um
alinhamento com as demandas sociais internas e externas (FIATES, 2007,
p. 92).

É necessário a compreensão que o Estado Democrático de Direito só será efetivo


quando o Estado tiver ciência de sua responsabilidade. Da mesma forma, a Administração
Pública, o Gestor Público. Tudo o que se refere ao interesse público, para que a ética, moral
e lei sejam de fatos considerados elementares.
Um termo mais atual é utilizado além de governança e governabilidade. Accounta-
bility. ARAÚJO, V. de C. A conceituação de governabilidade e governança, da sua relação
entre si e com o conjunto da reforma do Estado e do seu aparelho. Brasília: ENAP, 2002.
Você já ouviu essa denominação? Sabe do que se trata? Bem, vamos compreender melhor
sobre isso.

UNIDADE I O Que é Estado 17


É um processo de responsabilização do servidor público perante à sociedade. Ou
seja, se você faz um concurso público é porque almeja o cargo escolhido. Assim precisa ter
responsabilidade, execução adequada do trabalho. Ter transparência e prestar contas para
a sociedade. Qual o instrumento que permite ao cidadão exercer seus direitos de fazer o
controle social: accountability. Segundo Araújo:
Accountability é um conceito novo na terminologia ligada à reforma do Estado
no Brasil, mas já bastante difundido na literatura internacional, em geral pelos
autores de língua inglesa. Não existe uma tradução literal para o português,
sendo a mais próxima “a capacidade de prestar contas” ou “uma capacidade
de se fazer transparente”. Entretanto, aqui nos importa mais o significado que
está ligado, segundo Frederich Mosher, à responsabilidade objetiva ou obri-
gação de responder por algo ou à transparência nas ações públicas (2002,
p. 17).

Assim, compreendemos que a transparência na gestão pública é algo imprescindível,


assim como a importância do Gestor Público ter o discernimento que tudo que ele faz é
para o povo. Ele precisa do povo, das pessoas que depositaram confiança, por meio do
voto. Cabendo a ele a ética para saber governar.Não é possível governar se não houver
governabilidade! Sabe porque? Governança é a capacidade de administrar e governabilidade
é a capacidade de dar ordens. Se o povo não se sente representado, não seguirá as ordens.
Causando um caos político, que gera uma ineficiência nessa esfera, com consequências
imprevisíveis nas áreas sociais, econômicas entre outras.

SAIBA MAIS

A luta pelo estabelecimento de uma forma de dominação legítima – isto é, de definições


de conteúdos considerados válidos pelos participantes das relações sociais – marca
a evolução de cada uma das esferas da vida social em particular e define o conteúdo
das relações sociais no seu interior. As atitudes subjetivas de cada indivíduo passam a
orientar-se pela crença numa ordem legítima, a qual acaba por corresponder ao interesse
e vontade do dominante. Desse ponto de vista, o que mantém a coesão social, o que
garante a permanência das relações sociais e a existência da própria sociedade é a
dominação (BARBOSA; OLIVEIRA; QUINTERO, 2003, p. 130-31).

UNIDADE I O Que é Estado 18


REFLITA

[...] só um parlamento ativo e não um parlamento onde apenas se pronunciam arengas


pode proporcionar o terreno para o crescimento e ascensão seletiva de líderes genuí-
nos, e não meros talentos demagógicos. Um parlamento ativo, entretanto, é um parla-
mento que supervisiona a administração participando continuamente do trabalho desta
(WEBER, 1974, p. 44).

UNIDADE I O Que é Estado 19


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreendemos que o poder é algo desejado por muitos, mas nem todos têm a
capacidade de utilizá-lo. Pois no contexto sociológico e político, muitas vezes, o poder muda
as pessoas de forma a causar ineficiência em suas ações. O poder precisa ser conquistado,
por intermédio de uma boa governança, governabilidade e accountability.
Poder em gestão pública, em uma sociedade carente de manutenção, precisa
ser alicerçada pela execução de ações que são voltadas para a sociedade, revertendo a
demanda de dinheiro público, para saneamento básico, saúde, educação, esporte e lazer,
setores que contribuem para a qualidade de vida dos contribuintes.
Garantindo a legitimidade de escolha, assim os eleitores apoiam seus representantes,
pois aprendemos de forma muito superficial, sobre o que é cidadania em nossa idade
escolar e aprendemos na prática, quando precisamos enfrentar as mazelas sociais, com as
quais nos deparamos com a realidade tão massificante.
Assim podemos concluir sobre a importância do Estado, pois com seu fortalecimento
estrutura, mantém a soberania do povo. O Estado é um conjunto de organizações de
fins políticos e administrativos que tem o propósito de organizar para administrar sua
comunidade específica de suas delimitações territoriais. Para que o estado tenha força, é
necessário poder, pessoas e o espaço para governar.
Como aprendemos existem, vários tipos de estados e cada qual proveniente do
momento histórico necessário, então não podemos julgar com a mentalidade que temos
na atualidade. Mas é visto o amadurecimento intelectual que proporcionou o crescimento e
desenvolvimento, deste contexto tão significativo para o país.
É muito relevante aprender com cada tipo de Estado, pois, oferece as características
positivas e também contribuições não assertivas que servem como aprendizado para que
não cometamos os mesmo equívocos, mesmo que não controlamos o Estado, temos
conhecimento para não sermos controlados por ele.

UNIDADE I O Que é Estado 20


LEITURA COMPLEMENTAR

Este artigo, com a temática Governança. Governabilidade, Accountability e Gestão


Pública: Critérios de Conceituação e aferição de requisitos de legitimidade foi produzido
por Paula Ribczuk e Arthur Ramos do Nascimento e expõe em seu resumo o que pretende
evidenciar: Resumo: O presente trabalho busca refletir sobre a importância da observância
da governança, da governabilidade, da accountability e da gestão pública para a efetivação
do Estado Democrático de Direito, previsto na Constituição Federal de 1988. Para tanto,
se faz necessário discorrer sobre a boa governança, sobre a legitimidade do Estado para
governar, ou seja, governabilidade, assim como sobre accountability e gestão pública diante
da atual conformação do Estado federativo brasileiro. Por fim, são apontados mecanismos
para a efetivação da boa governança, da governabilidade, da accountability e da gestão
pública, atestando que na atual conjectura do Estado nacional o administrador público
deve responder por todos seus atos, o que comprova a necessidade da judicialização das
políticas públicas para a obtenção do bem comum.

Fonte: RIBCZUK, Paula; DO NASCIMENTO, Arthur Ramos. Governança, Go-


vernabilidade, Accountability e Gestão Pública: Critérios de Conceituação e Aferição de
Requisitos de Legitimidade. Revista Direito Mackenzie, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 218-237.
Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/
doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_informativo/bibli_inf_2006/Rev-Dir-Macken-
zie_v.09_n.02.12.pdf. Acesso em: 02 nov. 2021.

UNIDADE I O Que é Estado 21


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Estado, Governo e Sociedade: Fragmentos de um Dicionário
Político
Autor: Norberto Bobbio
Editora: Paz e Terra
Sinopse: O livro reflete sobre a crise atual mais sem dogmatismos,
visto de uma forma real, apontando formas de governo e Estado
e demonstra as possibilidades de reorganizar as bases de
convivência social por intermédio de reformas do Estado e da
própria política.

FILME/VÍDEO
Título: O Lobo de Wall Street
Ano: 2014
Sinopse: Um homem busca de forma correta cumprir seu papel ,
trabalha de forma exaustiva e pouco ganho, com a queda na bolsa
de valores, a crise o impõe o desemprego. Em meio ao caos ele
se reencontra com uma oportunidade de ganhar muito dinheiro e
de extremo poder, mudando sua vida radicalmente.

UNIDADE I O Que é Estado 22


UNIDADE II
Noção do Estado no Brasil
Professor Mestre Jorge Alberto de Figueiredo

Plano de Estudo:
● Breve histórico do Estado Brasileiro e sua trajetória;
● A crise do Estado desenvolvimentista e Formação de Políticas;
● O Estado brasileiro após Constituição de 1988: as relações entre o Estado e Sociedade Civil;
● O estado contemporâneo e suas transformações: novos paradigmas de políticas públicas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o histórico do estado brasileiro;
● Destacar a crise do Estado e as influências para a formação de Políticas;
● Conhecer a Constituição e as relevância entre Estado e Sociedade Civil;
● Compreender o estado contemporâneo e avanços nas políticas públicas.

23
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a)! Na Unidade anterior aprendemos o que era Estado, os tipos


de estados, o conceito de poder e entendemos sobre governança e governabilidade.
Aprendizagem é sempre muito significativa, ao passo que aprendemos um pouco,
temos anseios de mais conhecimento. Isso é fundamental para quem tem o interesse de
melhorar enquanto cidadão.
Para prosseguirmos e aprimorar nossos conceitos, nessa unidade II, daremos
continuidade, estudando sobre o Estado Brasileiro e sua trajetória, a crise do Estado
desenvolvimentista e a formação de Políticas, O estado Brasileito após a Constituição
de 1988, destacando a relação de poder entre estado e Sociedade Civil e o Estado
contemporâneo e suas transformações: novos paradigmas de políticas públicas.
Todos esses conteúdos têm o objetivo de conceituar e contextualizar o histórico do
estado brasileiro, destacar a crise do Estado e as influências para a formação de Políticas,
conhecer a Constituição e as relevância entre Estado e Sociedade Civil, compreender o
Estado contemporâneo e avanços nas políticas públicas.
Você concorda com que muitos dizem que política não se discute? Se essa
também for seu conceito, penso que reflita! A política está em tudo o que fazemos e se não
aprendermos sobre ela e tudo que está entrelaçado nela, como, sociedade civil, constituição
tão importante, por conter nossos direitos e deveres, Estado e políticas públicas. Ficaremos
a mercê de um sistema que poderá controlar nosso cotidiano, pois, não teremos argumentos
para contrapor a nosso liberdade de expressão.
Ao final de nossos estudos a necessidade de sentir pertencente ao meio no qual
estamos inseridos, sermos mais atuantes e de fato fiscalizar nossos representantes, será
para você uma prática comum vinculada à participação cidadã na sociedade.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 24
1. BREVE HISTÓRICO DO ESTADO BRASILEIRO E SUA TRAJETÓRIA

Para que se possa entender a formação do Estado Brasileiro é importante fazer


um resgate histórico sobre o contexto das grandes navegações e a formação das colônias
ultramarinas europeias nas Américas também conhecida como novíssimo mundo. A
formação do Estado do Brasil teve início com a exploração comercial do período Colonial,
o Ciclo do pau-brasil (1500), o Ciclo da Cana de Açúcar (1532-1700) e o Ciclo do Ouro
(1700-1803).
O período Colonial brasileiro que foi de 1500 a 1822 foi marcado pela exploração
das riquezas naturais, Portugal como sendo a metrópole da colônia do Brasil não tinha
interesse em construir aqui uma sociedade política organizada. Nesse período, o Brasil era
composto de vários núcleos privados e independentes sendo que cada núcleo tinha suas
leis e a sua própria vida econômica. Dividido em partes ou facções e não existia, assim, um
sentimento de coletividade o que se pode afirmar uma atrofia em favor da metrópole.
Desenvolvia-se nesses núcleos um sentimento de individualidade com certa natureza
anarquista sem identificação com a política da coroa portuguesa, notando-se, então, que tal
sentimento não passava de abstrações. Em sua obra “Populações Meridionais do Brasil”
do autor Oliveira Viana fica evidente que essa atitude impossibilitava a formação de uma
sociedade moderna no Brasil. Segundo o autor, para tal constituição seria necessário
um Estado forte com poder centralizado e com capacidade de gerar um sentimento de
pertencimento público e acabar com os vínculos privados.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 25
Observamos a preocupação de Sérgio Buarque de Holanda autor dá "O Homem
cordial” entender as atitudes da sociedade e do Estado no período colonial. O autor
demonstra pelos seus escritos que o principal motivo era a preocupação em sobrepor as
afinidades familiares e pessoais acima dos interesses públicos. Assim, realça o autor que
essa herança do período colonial predomina até os dias atuais em que, ainda se encontra
núcleos com dificuldades de exercer os ritos sociais que são rigidamente formais e não
pessoais de separar a partir de um raciocínio lógico o que é público e o que é privado.
No período Imperial, com o fim do período Colonial em 1822 com a proclamação
da Independência, aconteceu uma adaptação das estruturas do Estado português em
relação ao Brasil. Ocorre um reforço das relações existentes, agora, entre o Estado do
Brasil e Portugal. Surge um novo relacionamento entre a sociedade civil e o Estado em que
o ascende do sentimento público racional em relação ao sentimento privado. No primeiro
período Imperial sobre a regência de Pedro I, o Brasil obtém a sua primeira Constituição, o
que é considerado um avanço significativo para a formatação de um Estado forte e soberano.
Embora essa primeira constituição outorga plenos poderes ao Imperador, dando
uma nuance à ditadura Absolutista, encontrou-se uma solução, acrescentado o Poder
moderador, juntamente com os outros poderes. Era uma constituição com características
liberais, em virtude das ideias vindas dos países europeus, porém sem afetar o cotidiano da
nação imperial brasileira, em virtude de que, grande parte da população brasileira estava
excluída da primeira Carta Magna. A nova cidadania recém-constituída não abrangia a
todos, é importante lembrar que nesse período o Brasil era um país escravagista.
Surge, então, a ideia da República e o movimento republicano agilizou setores
progressistas da sociedade urbana no final do segundo reinado sob a regência de Pedro
II. Tinha como ideias a representação politica efetiva de todos os cidadãos, a divisão das
províncias transformando-as em unidades federativas, a garantia de direitos individuais e o
fim da escravidão.
A luta foi intensa, pois havia partidários do império que desejavam manter-se no
poder e garantir as oligarquias e os seus títulos de barões. Influenciados pelo movimento
positivista, os militares aderiram à causa dos republicanos com o apoio das províncias do
sudeste brasileiro. A proclamação da República acontece no idos de 1889, porém o preço
para que a república ou esse novo modelo de Estado fosse implantado assim como na
Independência camadas da população ficaram fora da Carta Magna Republicana.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 26
Os primeiros anos da República também conhecida por República Velha foram
distintos pela continuidade das particularidades sociais e políticas contidas na primeira
constituição do Brasil após a independência. Surge nesse período o Coronelismo que é
qualificado pelo poder público fortalecido que prefere a manutenção dos antigos chefes
locais com poderes na esfera privativa. Era uma política de caráter individualista mostrando
o poder das oligarquias acima do poder público visto que os Coronéis nunca entravam em
conflito com a esfera do Estado. Essa política foi marcada pelo “voto de cabresto” com a
intenção de manter sempre os mesmos chefes no poder.
O Brasil, neste período, era dependente da agricultura principalmente da cultura
do café, uma herança do baronato imperial. Sendo um país extremamente agrário sem
incentivos à industrialização, a maioria das pessoas que viviam nas áreas rurais sofria
pelo estado de pobreza e os mandos e desmandos políticos o analfabetismo era altíssimo,
colocando o camponês em estado de subserviência, sendo que o servo da Europa feudal
ainda tinha muito mais direitos do que esses recém-cidadãos do Brasil república.
A República Velha implantou o regime presidencialista de governo, o presidente e
o seu vice eram eleitos em eleições diretas, com a maioria absoluta dos votos. Caso isso
não ocorresse, o Congresso formado por deputados nas suas maiores, sob as ordens das
oligarquias ou partidários dos concorrentes à eleição escolhia entre os dois candidatos
votados nas urnas. Mais do que promulgar as preferências dos eleitores, as eleições
também serviam para validar o controle do governo pelas elites políticas. Era uma eleição
dirigida, em que, apenas homens com idade superior a 21 anos podiam votar, as mulheres
e os analfabetos não participaram do pleito eleitoral.
Com o fim da República Velha marcada pela Revolução de 1930, Getúlio Vargas
torna-se presidente do Brasil em um período conturbado e marcado por grandes conflitos,
também conhecido como a Era Vargas. A sua própria ascensão ao poder é marcada por
um período revolucionário em que a sociedade brasileira clama pela mudança da ordem
social. Desde o princípio de seu mandato, Getúlio Vargas fez transparecer que seu governo
aproximava-se de uma ditadura. Em 1932 a Revolução Constitucionalista enlaçou o
imaginário popular dando uma nova forma nas campanhas políticas graças ao rádio e aos
jornais, foi um movimento idealizado pelos produtores de café, ou seja, as velhas oligarquias
que queriam se manter no poder político das elites brasileiras. Assim descreve Ianni:

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 27
[...] O forte comprometimento do Estado com o capital implica a expansão
do Poder Executivo, em detrimento do legislativo. Em um país de tradição
política autoritária, no qual predominam o pensamento e a prática que
privilegiam a missão “civilizatória” do Estado na sociedade, o alargamento
do poder econômico do Estado implica a expansão do Executivo; implica
o alargamento do poder político e cultural do Executivo. Tanto assim que
o Estado se transforma em um poderoso agente da indústria cultural, por
suas implicações não só econômicas, mas também políticas e culturais [...] à
medida que se alarga o poder estatal, redefine-se e modifica-se a relação do
Estado com a sociedade compreendendo as diversidades e as desigualdades
sociais, econômicas e outras. Na prática dissocia-se o poder estatal de
amplos setores da sociedade civil. Operários, camponeses, empregados,
funcionários e outros, compreendendo negros mulatos, caboclos, imigrantes
e outros, sentem-se deslocados, não representados, alienados do poder. [...]
( IANNI OCTAVIO, 1989, p. 259-60).

Getúlio Vargas percebendo as intenções desse setor flexibilizou a sua política


abafando, assim, a revolução e propiciou o surgimento da terceira constituição brasileira
em que foi promulgada em 1934. Porém, mesmo acalmando os setores que amparam a
Revolução Constitucionalista, Vargas enfrentou as investidas do Socialismo obrigando-o,
mais tarde, através de um golpe de estado implantar o Estado Novo com uma nova
Constituição em 1937. O período de Governo de Getúlio Vargas foi de 1930 até 1945
também conhecidos como Ditadura Vargas, em que somente foi deposto em virtude de
uma nova ordem política Mundial contra qualquer regime ditatorial pós- Segunda Guerra.
Entende-se por Democracia Populista o período que pôs Getúlio Vargas em que foi
promulgada a Constituição de 1946. Esse período foi engendrado por Estado influenciado
pelos ideais democráticos promovidos pela vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial.
Entretanto não foi assim como parece, pois nesse período a nova ordem mundial se fez
presente nas formas de Estado, embora o Brasil passasse por período de crescimento com o
Governo de Juscelino Kubitschek, o Brasil nunca chegou ou conheceu um verdadeiro Estado
de bem estar social, em virtude de que esta experiência democrática ficou nas mãos dos
partidos políticos. Na constituição de 1946 algumas mudanças significativas ocorreram, mas
ainda não era o ideal. Foram mantidos os direitos sociais e a garantia dos direitos civis e
políticos. Esse período vai de 1946 até o ano de 1964 quando os militares entraram no poder.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 28
2. A CRISE DO ESTADO DESENVOLVIMENTISTA E FORMAÇÃO DE POLÍTICAS

Com o Estado Novo na era Vargas é elaborada uma nova Constituição para o
Estado Brasil. Essa Constituição estava sob o caráter do autoritarismo de Vargas, tendo
como meta a modernização do Estado inserindo uma nova ordem social e econômica
inspirada no nacional-desenvolvimentismo. Tendo como líder, o próprio Getúlio Vargas
procura atender às reivindicações da classe trabalhadora, regulamentando a jornada de
trabalho bem como o lançamento da carteira de trabalho e a criação da CLT (Consolidação
das Leis do Trabalho). Com essa política de apaziguamento, mas com o controle total do
estado e Getúlio conquista a simpatia da classe trabalhadora e da burguesia industrial.
Essa nova forma de governar criou um acordo entre o Governo e as elites urbanas
para dar início a industrialização do Brasil. O Estado foi o principal agente investidor da
ação, e a visão implantada por Vargas permaneceu pelos anos seguintes, chegando até os
dias atuais. Foi nesse período que Vargas recebeu o apelido de “a mãe dos pobres e o pai
dos ricos ``, apelido que, segundo consta em suas biografias, o agradava muito.
Como foi exposto em parágrafo anterior com a instauração do Estado Novo, foi
imposta ao país nova Carta Magna, a Constituição de 1937, com um estilo autoritário,
centralizador e antidemocrático, o novo regime político no Brasil tornou- se inequívoco.
Foram suprimidos os direitos políticos e extinguiu o poder legislativo, ficando apenas o
poder executivo com o exercício das suas funções.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 29
Os partidos políticos foram invalidados, as greves proibidas e houve censura aos
meios de comunicação, com a criação do DIP (Departamento de Impressa e Propaganda)
essa atitude tornou-se rotineiras que facilitouas probabilidades de contenção ao regime
Vargas o que não oscilou em valer-se da ameaça e da tortura contra os seus opositores.
Assim como bem assinalou José Murilo de Carvalho:
[...] a expansão dos direitos sociais não decorreu do exercício dos direitos civis
e políticos, como no caso inglês, uma vez que se tratou de uma legislação
introduzida em ambiente de baixa ou nula participação política e de precária
vigência dos direitos civis. Esse pecado de origem e a maneira como foram
distribuídas os benefícios sociais tornaram duvidosa sua definição como
conquista democrática e comprometeram em parte sua contribuição para o
desenvolvimento de uma cidadania ativa [...] (CARVALHO, 2001, p. 110).

É importante recordar que nesse contexto, a ação do regime Vargas em relação à


área social foi escoltada por um projeto político ideológico com bases na ética do trabalho
bem sucedido com a intencionalidade de aproximar os assalariados e Estado na figura
emblemática de Getúlio Vargas.
Mediante todas as atitudes dos governantes do Brasil desde o Império e a República
Velha, e com o Estado Novo sob a conduta de Getúlio Vargas que o Estado do Brasil obteve
progressos que até o presente momento são de grande valor. Embora o Governo de Vargas
seja julgado por muitos como ditatorial, em tese não deixa de ser uma verdade, e agora
deixando de lado esse aspecto obscuro do seu caráter, é nas conquistas sociais que
podemos, então, equilibrar as ações do Estado Novo.
Getúlio Vargas sem dúvida e assim podemos afirmar que é o construtor do moderno
Estado brasileiro. Foi o transformador de uma economia agrária exportadora (a monocultura
cafeeira) voltada para fora em outra voltada para dentro. Criou instituições que contribuíram
para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. A CLT ainda é a estrutura geral
da regulamentação das leis trabalhistas sem mencionar a criação do salário mínimo e
da carteira de trabalho. Ampliou o crédito agrícola via projetos do Governo Federal como
também dos Governos Estaduais, instalou as carteiras de crédito do Banco do Brasil e criou
o BNDES, que ainda financia boa parte dos investimentos na indústria e na infraestrutura
do Estado Brasileiro.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 30
3. O ESTADO BRASILEIRO APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988: AS RELAÇÕES
ENTRE ESTADO E SOCIEDADE CIVIL

Com a aprovação da lei da Anistia em 1979 começa acontecer a tão esperada


abertura política, chegando ao fim o período histórico denominado de Ditadura Militar de
1964 a 1985. O Estado Brasileiro ingressou em uma nova etapa democrática, determinando
as bases para o início de uma concepção democrática, com a promulgação da Constituição
de 1988. Nessa nova Carta Magna, os limites institucionais e as manifestações populares
se faziam presentes naquele contexto transitório.
Esses movimentos cooperaram para a arrumação do novo regime democrático,
com eleições regulares, pluralidades partidárias, liberdade de expressão e igualdade
jurídica. O povo foi às ruas, começou a sair de uma letargia e passou a ver a realidade do
estado Brasileiro e da ordem pública.

Como observa Marcos Napolitano:


[...] Havia vários projetos que propunham uma saída para o governo autoritário
que o Brasil vivenciava. Os liberais, mais moderados, defendiam a liberdade
de expressão e de organização partidária, o fim da censura e o respeito
aos direitos civis. As esquerdas, divididas entre comunistas de diversos
matizes, petistas e trabalhistas [...], [...] queriam isso e algo mais. Para eles,
a democracia deveria colocar na pauta os direitos sociais dos trabalhadores,
sua participação efetiva nas decisões políticas e a busca de uma divisão de
renda mais justa [...] (NAPOLITANO, 2015, p. 35).

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 31
Nos anos 90, o Estado Brasileiro passou por uma provação muito grande, em
que mexeu com toda a nação o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello,
um drama nacional, pois Fernando Collor tinha sido o primeiro presidente eleito após a
ditadura. Acusado de corrupção, Collor perdeu o apoio da maioria do Congresso e dos
empresários. O povo se manifestou nas ruas principalmente através dos estudantes que
ficaram marcados pelo contingente dos “caras pintadas''. Coagido e vendo que seu Governo
não tinha condições de governabilidade, e com o temor de sua cassação o Presidente
renuncia ao cargo no dia 29/12/1992.
Após a sua renúncia o Vice-presidente assume o cargo. Itamar Franco imediatamente
acirrou os ânimos colocando ordem e conseguiu através do plano Real estabilizar a economia
do Brasil. Seu Governo foi de pouca duração, visto que não pretendia a reeleição. Nas
eleições de 1994 Fernando Henrique Cardoso é eleito presidente do Brasil. Seu governo,
porém, não foi como desejava a sociedade, com tendências neoliberais continuou com
a política de privatizações e de regulamentação dos gastos públicos. Segue a cartilha
imposta pelo FMI e do Banco Mundial com o intuito de atingir um superávit primário.
Mesmo o Estado do Brasil tendo uma estabilidade econômica produzida pelo
plano real, implantado no Governo anterior, as políticas neoliberais feitas pelo Governo de
FHC sofreram severas críticas da oposição. A crise no Governo FHC se agravou com as
reduções das atividades econômicas e o desemprego, juntamente com o aparecimento de
uma crise energética. A recessão internacional ajudou a desgastar mais o governo, vindo
este a sofrer uma derrota eleitoral nas eleições de 2002.
Eleito em 2002 Luiz Inácio Lula da Silva com uma liderança carismática e com
promessas de crescimento nacional torna-se o primeiro Presidente do Brasil vindo das
camadas mais baixas, faz história pelo sua luta na Ditadura e pela sua origem humilde
nordestina, criando, assim, o misto de semi-herói vencedor das adversidades da vida. Tem
como meta política abrandar a política neoliberal do governo anterior. Cria programas
sociais de redistribuição de renda como os programas “vale gás, Bolsa Alimentação e Bolsa
família”. Deu ênfase ao mercado interno e consolidou os fundamentos macroeconômicos
do Brasil. Com esses programas altruístas sua imagem no exterior ficou bem difundida.
O Governo Lula foi de 2003 a 2007, disputando a reeleição, sendo vencedor do
pleito, ficando com um novo mandato de 2007 a 2010. Como em todo Governo, existem os
pontos negativos. E com o Governo Lula não se fez diferente. O seu governo foi marcado
por episódios de corrupção e clientelismo. A prática do clientelismo limita a transparência
pública e coloca em risco os fundamentos do Estado democrático de Direito.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 32
A maior superação do Estado é acabar com essa ação em que poucos são muito
privilegiados, e a maioria é prejudicada.
Os programas de iniciativas socioeconômicas realizadas no governo Lula facilitaram
as disputas eleitorais de 2010, quando se saiu vencedora a ex-ministra da Casa Civil, do
Governo Lula, a senhora Dilma Rousseff, como sendo a primeira mulher Presidenta do
Brasil. As mudanças a serem realizadas no Brasil, para que este se tornasse um país
mais justo e democrático é uma responsabilidade de todos aqueles que sonham, lutam e
acreditam num país melhor para todos.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 33
4. O ESTADO CONTEMPORÂNEO E SUAS TRANSFORMAÇÕES: NOVOS
PARADIGMAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Quando pensamos em Estado Contemporâneo, muitas vezes não relembramos


a trajetória percorrida para a sua formação. Parece-nos que tudo está pronto ou que
simplesmente surgiu do nada e que apenas temos que viver conforme as normas da
sociedade contemporânea que tudo o que ocorre em relação ao Estado é “normal”. Essa
ideia já concebida ou pré-formada surge com o fenômeno da Globalização sendo um dos
paradigmas das políticas públicas existentes no Estado Contemporâneo. A Globalização
é desenvolvida por vários aspectos que são exprimidas por nomes como: compressão
espaço-temporal; interdependência econômica; impressão de encurtamento das distâncias;
integração global; reordenação das relações de poder; surgimento de uma cultura global e
consciência do aumento das diversidades. Todas essas interpretações sobre a Globalização
são vistas diariamente nos meios de comunicação e em discursos dos líderes de Estado.
Essa ideia nos remete a uma sensação de que o mundo e os seus moradores alteraram
a forma de suas vivências do seu cotidiano e entendem a necessidade do imediatismo.
Como, exemplo, o uso dos aparelhos celulares que influem nos aspectos da vida privada,
bem como das ligações comerciais e das agitações políticas do Estado Contemporâneo. Mas
a realidade é muito diferente, na prática é evidente que o fenômeno da Globalização não
chegou a todos os lares e a todas as pessoas. Como ensina Held David.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 34
[...] Para continuar eficaz num mundo que se globaliza,[ ela a Globalização]
tem que estar inserida num sistema reformulado[...] que procure combinar a
segurança humana com a eficiência econômica. A reconstrução de um projeto
social democrático exige a busca coordenada de programas[...] que regulam
as forças da globalização econômica --- a garantia, em outras palavras, de
que os mercados globais comecem a servir às populações do mundo e não o
inverso.[...] (HELD; MCGREW, 2001, p. 73-74).

Em relação aos novos modelos de políticas do Estado Contemporâneo em virtude


de seu modo de libertação de todo ou qualquer tipo de superioridade e também pela procura
da equiparação de direitos, que são típicos da multiplicidade dos movimentos sociais, por
longo tempo confiou-se que seu arrolamento com o Estado só poderia ser nas bases do
conflito. Porém os tempos são outros, os ventos sopram para outra direção, entretanto não
se pode esquecer que o cerne desses movimentos e conflitos com o Estado ocorre quando
o Estado é centralizador e autoritário ou ainda debelado por apenas um grupo ou elite
nacional como ocorreu durante a ditadura civil-militar (1964-1985) no Brasil. Por incrível
que nos pareça, ainda no século XXI após inúmeras lutas e sofrimentos, existem Estados
ou nações despóticas.
A conjuntura social e política de uma sociedade pode ser o apontador que qualifica
os movimentos ao mesmo tempo em que apresenta as bases para adaptarem-se às causas
de seu aparecimento. O esboço das bases sociais da convulsão e da obediência demonstra
que as situações de censura política podem ter efeito imediato, mas é de difícil sustentação
em longo prazo, o que gera mais revolta. Mesmo assim a violência do Estado é um artifício
que dificulta a propagação dos movimentos sociais como forma de reclamação, ao passo
que nos regimes democráticos esses movimentos alargam-se e desenvolvem-se, com
embasamento nas garantias constitucionais de direitos civis e políticos. Está posta aqui
uma das conquistas do Estado contemporâneo.
Quando o Estado é mais acessível às demandas da sociedade civil, dilatam-se
as possibilidades de um melhor relacionamento entre os setores políticos e que não seja
apenas de confrontação. Na maioria das vezes os movimentos procuram precisamente que
suas exigências sejam analisadas pelo Estado e transformadas em leis, ou em políticas
públicas. Do mesmo modo, o Estado pode buscar os movimentos sociais, a fim de acatar
melhor às necessidades da população ou meramente, legitimar sua autoridade diante da
sociedade. Assim nos ensina Boaventura Santos.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 35
[...] os desafios que são postos à democracia no nosso tempo são os
seguintes. Primeiro, se continuarem a aumentar as desigualdades sociais
entre ricos e pobres ao ritmo das três últimas décadas, em breve, a igualdade
jurídico-política entre os cidadãos deixará de ser um ideal, republicano para
se tornar uma hipocrisia social constitucionalizada. Segundo, a democracia
atual não está preparada para reconhecer a diversidade cultural, para lutar
eficazmente contra o racismo, o colonialismo, o sexismo e as discriminações
em que eles traduzem... [...] Terceiro, as imposições econômicas e militares
dos países dominantes dos países dominantes são cada vez mais drásticas e
menos democráticas. Assim sucede, em particular, quando vitórias eleitorais
legítimas são transformadas pelo chefe da diplomacia norte-americana em
ameaças à democracia, sejam elas as vitórias do Hamas [na Palestina] de
Hugo Chávez [na Venezuela] ou de Evo Morales [na Bolívia]. Finalmente o
Quarto desafio diz respeito às condições da participação democrática dos
cidadãos. São três as principais condições; ser garantida a sobrevivência:
quem não tem com que se alimentar- se e à sua família tem prioridades mais
altas que votar; não estar ameaçado: quem vive ameaçado pela violência
no espaço público, na mesma empresa ou em casa, não é livre, qualquer
que seja o regime político em que viver; estar informado: quem não dispõe
da informação necessária a uma participação esclarecida, equivoca-se quer
quando participa, quer quando não participa. Pode dizer-se com segurança
que a promoção da democracia não ocorreu de um par com a promoção das
condições de participação democrática. [...] (SANTOS, 2006, p.164).

Está evidente em nossos estudos que os paradigmas da políticas públicas no Estado


contemporâneo terá que percorrer longos caminhos até o objetivo de uma sociedade justa
e igualitária. Isso em relação ao mundo e ao Brasil, entretanto não podemos apenas ver o
lado pessimista da situação, através do tempo, tivemos e estamos tendo muitas conquistas,
mesmo sendo estas em passos lentos.
Os desafios são imensos, pois, mesmo no século XXI e com o fenômeno da
globalização, o mundo e porque não dizer nossa nação, enfrenta os resquícios das velhas
ordens sociais e a ignorância e a estupidez que permeiam em várias sociedades espalhadas
pelo mundo bem como no campo político nos Estados. Assim nos ensina Karl Mannheim:
[...] Depois que nos livrarmos do preconceito de que tudo o que faz o Estado
e sua burocracia é errado, mal feito e contrário à liberdade, e de que tudo
é feito pelos indivíduos particulares é eficiente o sinônimo da liberdade ---
enfrentar adequadamente o verdadeiro problema. Reduzindo a uma só frase,
o problema consiste em que, em nosso mundo moderno, tudo é político, O
Estado está em toda parte e a responsabilidade política acha-se entrelaçada
em toda a estrutura da sociedade. A liberdade consiste não em negar essa
interpretação, mas em definir seus usos legítimos em todas as esferas,
demarcando limites e decidindo qual deve ser o caminho da penetração, e, em
última análise, em salvaguardar a responsabilidade pública e a participação
de todos no controle das decisões.[...]( MANNHEIM, 1972, p .66).

Parecem utópicas as palavras de Mannheim, alguns céticos riem ou, até mesmo,
fazem pouco caso sobre os novos modelos e desafios do Estado Contemporâneo. Pode
ser que estejam certos? Podem! Entretanto, todas as conquistas humanas em relação à
formação do Estado e das instituições democráticas sofreram chacotas e eram tidas como
devaneios filosóficos em épocas passadas. O tempo tem nos revelado o contrário.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 36
SAIBA MAIS

As políticas sociais – e a educação – se situam no interior de um tipo particular de Estado.


São formas de interferência do Estado, visando a manutenção das relações sociais
de determinada formação social. Portanto, assumem “feições” diferentes em diferentes
sociedades e diferentes concepções de Estado. É impossível pensar no Estado fora de
um projeto político e de uma teoria social para a sociedade como um todo.

Cadernos Cedes, ano XXI, nº 55, novembro/2001

REFLITA

(...) os valores de uma sociedade, sua cultura, suas convenções sociais, todos eles
desenvolvem-se de idêntica maneira, através do intercâmbio voluntário, da cooperação
espontânea, da evolução de uma estrutura complexa através de tentativas e erros.

FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e liberdade. São Paulo: Arte Nova, p.68,1977.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluirmos esta unidade, temos a pretensão que você tenha aprendido a


importância dos estudos, da leitura, pois a sociedade em constante evolução necessita
de buscas de alternativas para a sobrevivência. Reformulações de conceitos que agregam
novos valores, que se recriam a cada geração.
Para fundamentar essa afirmativa sobre o conhecimento, sobre o histórico
brasileiro, sua respectiva trajetória, nos faz analisar que para cada tempo existe uma
medida e que nosso olhar precisa estar, nossos julgamentos não podem ser com base
na modernidade de hoje, relacionando aos conflitos passados. Pois configuram épocas e
pensamentos distintos.
A cada passo de evolução, as resoluções são distintas, vimos, ao falarmos da
crise do estado e o processo de construção de políticas públicas, como as transformações,
muitas vezes, pautadas nas dificuldades vivenciadas, fazem com que estratégias sejam
mais significativas, aprendendo com os equívocos.
Leis são criadas e estabelecidas, para firmar direitos e deveres, sejam dos cidadãos
ou do Estado e a Constituição de 1988 trouxe inúmeras conquistas para a sociedade,
que hoje tem parâmetros para seguir. Podemos afirmar que o Estado Contemporâneo,
vem acompanhado de mudanças, que oferece um olhar direcionado a políticas públicas,
garantindo à sociedade civil , dignidade, por meio de seus direitos e deveres, que devem
ser garantidos pelo Estado.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 38
LEITURA COMPLEMENTAR

Nesta Unidade, a prioridade foi falarmos sobre políticas públicas e suas formações,
porém, ainda existem muitos assuntos a serem aprimorados, no artigo que selecionamos,
demonstra que as Políticas Públicas no Brasil dependem da participação do setor privado
nas fases de planejamento e execução. A Constituição de 1988 traz que o processo de
acumulação de riquezas no Brasil depende do Setor Privado e, este, por sua vez, depende
da atuação do Estado na organização da economia. Dessa forma, as Políticas Públicas
somente ocorrerão se houver a reprodução desta relação na atuação do Poder Públicas
através das Políticas Públicas.

Fonte: Revista Ética e Filosofia Política – Nº 16 – Volume 1 – junho de 2013


57 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO SOCIAL: O PAPEL DAS EMPRESAS. Autores:
Alessandra Benedito e Daniel Francisco Nagao Menezes.
Disponível em: https://www.ufjf.br/eticaefilosofia/files/2009/08/16_1_benedito.pdf.
Acesso em: 22 nov. 2021.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 39
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Estado, Sociedade Civil e Cidadania no Brasil: Bases para
uma Cultura de Direitos Humanos
Autor: Enio Waldir da Silva.
Editora: UNIJUI.
Sinopse: Desde nosso nascimento buscamos conhecimento sobre
o mundo ao qual estamos inseridos, precisamos de tudo ao nosso
redor, das pessoas, terra, água, ar, energia. Mas sabemos que a
apropriação indevida no decorrer da história nos deixou limitados
a muitas coisas necessárias. Ou seja, a dominação do outro e
da natureza, além de fazer mal uso dos recursos que tanto são
relevantes à nossa vida. O que desfaz muito nossas perspectivas
futuras. Mas é preciso pensar a política na sociedade, a natureza
egocêntrica e solidária do ser humano e o conhecimento que
liberta (conhecimento-emancipação) como sendo o conteúdo de
uma cultura democrática é uma das contribuições deste livro.

FILME/VÍDEO
Título: Getúlio
Ano: 2013.
Sinopse: O filme retrata a intimidade de Getúlio Vargas e de
forma atual, como os representantes fazem seus conchavos
políticos,defendem seus interesses particulares, fazem do povo
uma massa de manobra e como suas ações são sempre em prol
de uma minoria.

UNIDADE III Noção


O Que édoEstado
Estado no Brasil 40
UNIDADE III
O Que é Cidadania?
Professor Mestre Jorge Alberto de Figueiredo

Plano de Estudo:
● Breve Histórico do Conceito de Cidadania;
● Tipos de cidadania;
● Cidadania no Brasil;
● Concepções de cidadania e de democracia: encontros e desencontros.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar cidadania;
● Compreender os tipos de cidadania e como são conduzidas no Brasil;
● Estabelecer as singularidades de cidadania e democracia.

41
INTRODUÇÃO

Nesta unidade III, o termo mais descrito será cidadania. Parece um assunto repetitivo,
ou sem importância, mas pautado em sua singular definição, podemos refletir sobre a
grande complexidade que envolve a palavra e consequentemente a ação de um cidadão.
Viver em sociedade requer acima de tudo, ações individuais, mas as coletivas precisam
ser dinamizadas sempre para o bem comum. O individualismo impera e juntamente com
ela a ignorância, amplia o pré- conceito e divide as pessoas em grupos, o respeito nessa
premissa é relevante. E o mais perigoso, quando a pessoa se julga inteligente demais para
ouvir os outros, mantendo sempre suas ideias como as corretas.
Assim compreendemos de forma sucinta sobre o conceito de cidadania historicamente
falando, conhecer a história, nos faz entender e refletir melhor, tanto quando nos colocamos
no momento de estudo, assim como projetamos o futuro, pois o presente é fruto de
construções diárias. Exatamente como acontece em nossas vidas. Vamos construindo
nossos conhecimentos, passo a passo, em alguns momentos dependemos de outros, até
termos autonomia para caminhar o suficiente para aprender com os equívocos. Mas quando
sabemos o que precisamos fazer para evoluir e não fazemos, estamos sendo negligentes?
O termo cidadania, traduz uma amplitude em seus campos seja na área civil, política,
relações étinico-raciais e indígenas, cabe a nós definirmos cada processo envolvido nestas
estruturas sociais.Se pensarmos de maneira simples, tendo como exemplo a situação
do país, em relação à falta de emprego, corrupção, salários baixos, juros altos, estamos
e somos meros expectadores.Apenas acompanhando o balanço do barco. Não temos
controle! Como mudar? É possível?
Falar de cidadania no Brasil é sumariamente essencial, vivenciamos uma crise no
país e no mundo, referente a valores e éticas que antes norteiam nossas ações, enriquecia
as bases sociais, conforme tudo isso foi se perdendo, o indivíduo deixou de assumir o
seu verdadeiro papel na sociedade. Não estamos focando apenas em política, embora,
muitos não gostem, nossa vida é rodeada de ações políticas, seja elas de forma visível
ou não. Quantas pessoas você ouve dizer que irá fazer nas próximas eleições: “ Não vou
votar, nada muda!” ou “ Vou voltar em Branco ou anular meu voto!” A cidadania está sendo
exercida neste contexto? A quem ele estará prejudicando? O coletivo será afetado?

UNIDADE III O Que é Cidadania? 42


Tudo se agrava muito mais, quando o cidadão não sabe o seu papel social ou não se
importa, que deliberadamente se confronta com democracia, não exercida. As inquietações
sobre essa alienação é algo questionável, sobre o que esperamos para o futuro? Existe
satisfação no presente momento? Ter esperança é importante, mas viver apenas dela,
obstrui caminhos para o progresso.
O que é cidadania, fará que reflitamos muito, os questionamentos serão constantes,
justamente porque a maior qualidade de ser cidadão é compreender que somos sujeitos de
direitos e deveres, todas as nossas ações precisam ser pensadas e repensadas, de acordo
com a frase de Brian Tracy: “Para melhorar sua qualidade de vida, melhore a qualidade de
seus pensamentos” , isso precisa ser colocado em prática em nosso cotidiano, cercamos
de coisas e pessoas boas, isso nos impulsiona a prosperar. Então vamos nos envolver nos
estudos, pois, o conhecimento aprimora nossas ações.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 43


1. BREVE HISTÓRICO DO CONCEITO DE CIDADANIA

Como grande parte das palavras, cidadania vem do latim, que sintetiza a cidade.
Na antiguidade o conceito de cidadania era bem diferente do de hoje, cidadão era aquele
que morava na cidade e que fazia parte de classes sociais privilegiadas. O termo cidadania
é muito flexível, porque conforme a sociedade evolui o conceito acompanha, ou seja, é algo
dinâmico e direcionado. Mas o que se pode afirmar é que para quem acha que ser cidadão
é ter o direito de voto apenas, muito está enganado.
De acordo com COVRE (2010, p.11) quando se fala em cidadania:
[…] penso que a cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-
se de um direito que precisa ser construído coletivamente, não só em
termos do atendimento às necessidades básicas, mas de acesso a todos os
níveis de existência, incluindo o mais abrangente, o papel do(s) homem(s)
no Universo.

Dois pontos temos como referência para compreender a inconstância do que se


refere à cidadania. As transformações sociais é a primeira, tenha como base as mudanças
que você acompanhou, na música, nos filmes, nas vestimentas, basta olhar os álbuns de
família para confirmar o que estou dizendo. A cada geração, os pensamentos, as ideias, os
gostos, são alternados. Se para melhor ou pior isso é uma questão de gosto.
E respeito para com a opinião alheia, isso também é um ato de cidadão. Talvez
uma das grandes problemáticas atuais. O respeito é a base para toda e qualquer ação que
queira praticar, principalmente quando pensamos de forma coletiva.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 44


Nesse coletivo, podemos descrever do micro para o macro ( de menor para o maior)
você vivencia em sua família, grupo religioso, grupo do clube, pessoas da sua rua, seu
bairro, sua cidade e assim de forma crescente. Não precisamos gostar! Mas respeitar é o
princípio para a boa convivência.
Conforme o contexto histórico vai tomando novas formas, as definições também,
quando a sociedade estava organizada entre nobreza, clero e camponeses, os direitos já
estavam bem estabelecidos. Quanto mais posse, mais direitos. Já na Baixa Idade Média,
surge o conceito de Estado e, consequentemente, atrelado à cidadania, que nesse conceito,
está entrelaçado aos direitos políticos.
Conforme a desigualdade se amplia, faz-se relevante pensar sobre pontos que
poderiam impulsionar ações sociais para coibir, amparar que estivesse à margem dessa
situação. Veja que o termo cidadania surgiu com esse viés ideológico. Então, cidadania é
propiciar em todos os segmentos necessários para uma vida digna. Quem deve propiciar?
O Estado! Mas quem deve cobrar o Estado? O povo, fazendo uso da democracia e
desempenhando seu papel de cidadão.
[...] podemos comparar os cidadãos aos marinheiros: ambos são membros
de uma comunidade. Ora, embora os marinheiros tenham funções muito
diferentes, um empurrando o remo, outro segurando o leme, um terceiro
vigiando a proa ou desempenhando alguma outra função que também tem seu
nome, é claro que as tarefas de cada um têm sua virtude própria, mas sempre
há uma que é comum a todos, dado que todos têm por objetivo a segurança
da navegação, à qual aspiram e concorrem, cada um à sua maneira. De
igual modo, embora as funções dos cidadãos sejam dessemelhantes, todos
trabalham para a conservação de sua comunidade, ou seja, para a salvação
do Estado. Por conseguinte, é a este interesse comum que deve relacionar-
se a virtude do cidadão. (ARISTÓTELES, 2006, p. 32).

Ainda, historicamente, o Iluminismo propiciou uma mudança significativa. Como


a própria palavra traduz, a iluminação, o surgir de ideias, dois grandes pensadores
colaboraram com essa evolução Locke e Rousseau, expandem o conhecimento sobre
direitos e a partir dessas ideias, muitas outras foram se construindo. Com o passar do
tempo a Revolução Francesa e Americana, molda uma ideia de Estado e juntamente
concebe ideais de Liberdade e Igualdade. Hoje você acha que vivemos com oportunidade
de Liberdade e Igualdade?
Segue a essas transformações ofertadas pelas revoluções citadas, a inclusão
social e a luta de classes. Bem, vamos refletir! Quando você leu a frase acima, conseguiu
dinamizar tudo em nosso vida, máquinas ( tanto as eletrônicas, como nós), porque somos
máquinas, perceptível quando dia após dia, fazemos as mesmas coisas, repetidamente até
nos sentirmos fartos e ainda existem alguns que não percebem e adoecem.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 45


A sociedade impõe um modelo, um padrão e somos envolvidos a querer ser
incluídos. Nesse ponto, existe uma irracionalidade, vou esclarecer com um simples exemplo,
pessoas que nas redes sociais, mantém um padrão de vida que não é real. Mas precisam
idealizar para os outros, uma felicidade que não existe. Quando você visualiza a imagem
colocada acima, qual a ligação que consegue efetuar entre cidadania e carteira de trabalho?
Exato, votar é um ato de cidadania, mas o indivíduo ao pertencer a uma sociedade, que
é administrado pelo Estado tem o direito de uma educação de qualidade, saúde, poder de
participação, igualdade de oportunidades, moradia, emprego entre outras descrições que
fundamenta a dignidade humana. Saviani retrata algo fundamental, pois entende que:
Assim, a educação é entendida como instrumento, como um meio, como uma
via através da qual o homem se torna plenamente homem apropriando-se
da cultura, isto é, a produção humana historicamente acumulada. Nesses
termos, a educação fará a mediação entre o homem e a ética permitindo ao
homem assumir consciência da dimensão ética de sua existência com todas
as implicações desse fato para a sua vida em sociedade. Fará, também, a
mediação entre o homem e a cidadania, permitindo-lhe adquirir consciência
de seus direitos e deveres diante dos outros e de toda a sociedade... Em
outros termos, pela mediação da educação, será possível construir uma
cidadania ética e, igualmente, uma ética cidadã. ( SAVIANI,2013, p.16)

Falemos agora da luta de classes, sempre existiu e assim será para sempre. A
aqueles que buscam oportunidades, cada qual com sua história de vida, mas a realidade
é que as chances não são igualitárias. Homem e mulheres têm empregos iguais, salários
diferentes. Homem trabalha fora e mulher também e ainda, a essa demanda agregam
os trabalhos do lar (já houve uma mudança, mas não significativa), negros, transexuais,
bissexuais, poderia descrever inumeras categorias para comtemplar a luta de classes.
[...] desde o início de nossa formação histórica, uma classe dominante
que nada tinha a ver com o povo, que não era expressão de movimentos
populares, mas que foi imposta ao povo de cima para baixo ou mesmo de
fora para dentro e, portanto, não possuía uma efetiva identificação com as
questões populares, com as questões nacionais. Para usar a terminologia
de Gramsci, isso impediu que nossas ‘elites’ além de dominantes, fossem
também dirigentes. O Estado moderno brasileiro foi quase sempre uma
‘ditadura sem hegemonia’, ou para usarmos a terminologia de Florestan
Fernandes, uma ‘autocracia burguesa’. (FERNANDES, 1975, p. 289. apud
COUTINHO, 2006, p. 176).

Contudo ao nos referirmos a luta de classe ou inclusão social, precisamos pensar


se estamos sendo cidadãos para que esse quadro mude. E que sejam mudanças positivas,
a discriminação só existe porque há pessoas que cultivam esse tipo de comportamento e
pior estimulam, seja nas redes sociais, na criação de seus filhos, perpetuando condutas
que não fazem parte da liberdade e tão pouco da igualdade.
O pensamento precisa mudar, sempre começando por nós mesmos. Entender a
dinamicidade do mundo, seus contextos e transformações. Cabe a nós, de forma demo-
crática, exercer nosso papel de cidadão acompanhado e se envolvendo, em assuntos que
são pertinentes a nós e ao país. O futuro está agregado à nossa capacidade de progredir
intelectualmente, socialmente e culturalmente.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 46


2. TIPOS DE CIDADANIA

No sentido mais amplo do termo da palavra cidadania, existe uma definição, mas
com um flexibilidade de alterações, a cada transformação de uma sociedade, o sentido se
torna mais amplo e direcionador de caminhos e possibilidades. A complexidade se torna
gigantesca pela quantidade de pessoas que fazem parte de imensa nação e consequente
realidades diversas que abre o leque para agregar ao termo cidadania cada vez mais
características.
Como mencionado no capítulo acima, jamais podemos entrelaçar, ou dar notoriedade
à cidadania, refletindo apenas em voto, eleições. Muitos pensam que ao votar, seu ato de
cidadão está realizado. Sim, esse seria um dos muitos compromissos para se alcançar
esse progresso. Nesse contexto, a pergunta que podemos fazer é: Somos pessoas que
buscamos nossos direitos? Como conquistamos nossos espaços neste país democrático?
Esse país e democrático? Você tem percebido o comportamento das pessoas ao seu redor,
cada vez mais conformado com tudo? Essas reflexões nos direcionaram para entendermos
melhor os tipos de cidadania e de nossos direitos. Sim, direitos, eles existem!
Hoje ao ler os noticiários é visto claramente que não buscamos nossos direitos, ir
às ruas, fazer panelaços, protestos, são atitudes momentâneas, digamos até explosivas,
para expor ideias. Isto é, acontecem e finalizam sem nenhuma conclusividade. Nenhum
objetivo alcançado. Em um país democrático, como o Brasil ( entendo como democrático
na lei, mas não na prática), a voz do povo ainda não é ouvida, falamos, e sempre os órgãos
mais nobres e eletivos que sentenciam a última palavra.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 47


Um país de pessoas em sua grande maioria preocupadas com status, visto
nitidamente essas necessidades nas redes sociais. Mas os ideais coletivos, são deixados
de lado. Pode não estar claro, mesmo com trabalho de assistência pública, existem muitas
pessoas que passam fome, não possuem moradia. Dar cestas básicas, ameniza, mas
não resolve. Ou o indivíduo se acomoda ou se sente intimidado, envergonhado por não
conseguir seu próprio sustento.
É necessário buscar o melhor para as cidades, Estado e nação. Cobrar dos
vereadores e dos prefeitos as propostas que os fizeram estar no cargo. Se não fiscalizamos
o que está próximo, quem dera os demais. As redes sociais servem de suporte para ampliar
a divulgação desses assuntos. Respeitando sempre a opinião do outro, não estamos em
uma disputa, muito ao contrário, estamos em um momento de luta.
Exato, votar é um ato de cidadania, mas o indivíduo ao pertencer a uma sociedade,
que é administrado pelo Estado tem o direito de uma educação de qualidade, saúde, poder
de participação, igualdade de oportunidades, moradia, emprego entre outras descrições
que fundamenta a dignidade humana. Saviani retrata algo fundamental, pois entende que:
Assim, a educação é entendida como instrumento, como um meio, como uma
via através da qual o homem se torna plenamente homem apropriando-se
da cultura, isto é, a produção humana historicamente acumulada. Nesses
termos, a educação fará a mediação entre o homem e a ética permitindo ao
homem assumir consciência da dimensão ética de sua existência com todas
as implicações desse fato para a sua vida em sociedade. Fará, também, a
mediação entre o homem e a cidadania, permitindo-lhe adquirir consciência
de seus direitos e deveres diante dos outros e de toda a sociedade. Em outros
termos, pela mediação da educação, será possível construir uma cidadania
ética e, igualmente, uma ética cidadã. ( SAVIANI, 2013, p.19)

Quando falamos de cidadania, existem questões relacionadas ao direito, assim,


é necessário uma compreensão, vejamos: de acordo com o 1º Artigo da Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão (1789), estabelece que “ Todos os seres humanos nascem
livres e iguais em direitos''. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação
uns aos outros com espírito de fraternidade” Sabemos que de fato, essa conduta não é
real, a desigualdade, não apenas social, é visivelmente explícita em nossa sociedade. E
com o passar dos tempos o direito do cidadão, vai sendo tirado em prol de um sistema que
privilegia a minoria.
Sobre ser livres, muitas vezes percebemos que nem em nossos pensamentos, valores,
ideias, temos essas diretivas, pois a sociedade impõe um padrão social, o qual estamos presos
às convenções estabelecidas. Tudo é passível de mudanças, transformações, quebras de
paradigmas, mas para que isso ocorra, os indivíduos pertencentes a sociedade precisam, se
instruir, obter conhecimento para que possam assumir uma postura ativa na sociedade.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 48


De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu 19º artigo,
declara direitos à liberdade de expressão, sendo essa a principal chave para que a
democracia seja efetiva. Expressa:
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, este direito
implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem interferência e
de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de
expressão independentemente das fronteiras (DECLARAÇÃO UNIVERSAL
DOS DIREITOS HUMANOS, 1948, p. 4).

Existem três tipos de direitos: civil, político e os sociais, são distintos mas se
agregam. Todos eles estão incluídos na Constituição da República Federativa do Brasil
(1988) em forma de artigos. Os direitos civis são aqueles que dão oportunidade à vida,
liberdade, igualdade e propriedade, ensejando manifestação de pensamento, relações
estas que propiciam a manutenção da sociedade e se apresentam de forma individual,
ou seja, cada situação uma regra. Estão inseridos fatores sobre o casamento, heranças,
família, patrimônios, entre outros.
Os direitos políticos são os que garantem ao indivíduo a participação de um governo,
de suas decisões que devem ser voltadas sempre em prol da sociedade. Podendo votar, ser
votado, associar a partidos sem ser perseguido e/ou ameaçado e de protestar. E os direitos
sociais, que visam melhoria na qualidade de vida dos indivíduos, são benefícios coletivos,
como trabalho, saúde, transportes coletivos, programas habitacionais, lazer, educação,
aposentadoria entre outros. Agora que conseguimos entender a classificação dos direitos,
ficará mais simples compreendê-lo no contexto da cidadania. Podemos compreender que:
A cultura política refere-se às orientações especificamente políticas, às
atitudes relativas ao sistema político, às suas diversas partes e ao papel
dos cidadãos na vida pública. Neste sentido, é uma peça valiosa para a
legitimidade da democracia, uma vez que diz respeito a um conjunto de
valores que são importantes para a manutenção da estabilidade democrática.
O arranjo político-institucional garante o funcionamento da democracia mas
não é capaz de criar per se uma cultura política democrática ( ALMOND,
1992, p.36).

A cidadania é classificada em duas categorias: A cidadania Formal e Cidadania


Substantiva ou real. Agora, você já sabe definir cidadania e cidadão? Vamos juntos estruturar
esses conceitos. Cidadania é a consciência coletiva de uma sociedade de seus direitos bem
como a aplicabilidade de seus deveres, propiciando um bem estar na comunidade, tudo de
forma contínua, uma construção coletiva, para a busca incessante da garantia dos direitos
humanos. E cidadão é que participa, busca, constrói as bases para adquirir seus direitos.
Quando falamos em cidadania formal, estamos retratando aquela que a lei
apresenta, com todos os pormenores que a lei ampara, refiro-me aos direitos civis, políticos
e sociais. E a cidadania substancial ou real é a que retrata no contexto do cotidiano.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 49


Vários exemplos, poderia aqui, mencionar, mas no filme “Que horas ela volta?”, que
tem como protagonista Regina Casé, demonstra a falta de estrutura de nosso país para dar
alicerce a preservação da vida com dignidade. E acabamos tão envolvidos nesse contexto
de luta, de sustentação familiar que não conseguimos enxergar o quanto somos escravos
de nós mesmos. O tic-tac do relógio nos domina.
Muito pertinente, descrever a importância dos cuidados com nossa saúde mental
nesse aspecto, doenças psicossomáticas tem aumentado em grande número, depressão,
ansiedade, síndrome do pânico entre outras doenças, todas caracterizadas pelo estresse
excessivo, mediante a tantas cobranças seja em nosso trabalho, em nosso lar ou qualquer
ambiente. Pare, respire! Analise seu dia a dia, às vezes, vale a pena mudar ou adaptar-se
antes de adoecer.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 50


3. CIDADANIA NO BRASIL

Muitos de nós fazemos como a imagem expõe, nos calamos e fingimos não
enxergar o que é tão visível aos nossos olhos. Ser cidadão, exercer a cidadania é falar,
discutir, expor, debater, construir bases sólidas para exercermos nossos direitos, derivando
tanto dos coletivos, quanto dos indivíduos. Mas para sermos cidadãos precisamos ter
conhecimento sobre assuntos que nos cercam,sejam eles nas esferas políticas, sociais,
econômicas, culturais, religiosas entre outros. O conceito sobre democracia foi sendo
construído, vejamos com as experiências dos Romanos:
Podemos verificar a estreita relação entre a cidadania romana e o conceito
moderno do termo: Como podemos avaliar a importância da experiência
romana para o conceito moderno de democracia? Para muitos estudiosos do
século XX, a República romana foi encarada como uma oligarquia corrupta,
uma aristocracia endinheirada, comparada negativamente com a Atenas
democrática do século V a.C. Nas últimas décadas, entretanto, estudiosos
têm mostrado que a vida política romana era menos controlada pela
aristocracia do que se imaginava e, de certa maneira, Roma apresentava
diversas características em comum com as modernas noções de cidadania
e participação popular na vida social. Os patriarcas fundadores dos Estados
Unidos da América tomaram como modelo a constituição romana republicana,
com a combinação de Senado e Câmara (no lugar das antigas assembléias).
A invenção do voto secreto, em Roma, tem sido considerada a pedra de
toque da liberdade cidadã. O Fórum pode ser considerado o símbolo maior de
um sistema político com forte participação da cidadania. Lá, os magistrados
defendem seus pontos de vista e tentavam conseguir o apoio dos cidadãos.
O poder dependia desse apoio, a tal ponto que grupos rivais competiam pelo
controle dos lugares em que os cidadãos se reuniam. Os romanos tinham
um conceito de cidadania muito fluido, aberto, aproximando-se do conceito
moderno de forma decisiva ( FUNARI, 2013, p. 76).

UNIDADE III O Que é Cidadania? 51


Ao analisarmos os contextos históricos conseguimos afirmar que houve um
progresso referente às questões de direitos, provenientes da cidadania, mas também o
retrocesso relativo a muitos assuntos. Se houve tantas transformações sociais, pergunto-
lhe: “ A Constituição da República Federativa Brasileira, feita em 1988, não precisaria ser
reestruturada? Leis que norteiam os direitos e deveres dos indivíduos, como Estatuto da
Criança e Adolescente (1990), não estão arcaicos, sabendo da evolução constante de
nossa sociedade?
Vamos resgatar o histórico da cidadania no Brasil, vejamos: precisamos reforçar que
em nosso país esse movimento foi muito tardio, passamos pelo processo de escravidão, o
qual ofertava direitos civis e politicos, mas sempre para a classe dos proprietários, para a
elite. Nesse mesmo período na França XVIII, a discussão em torno da igualdade, direitos,
liberdade e participação dos indivíduos na vida pública já era amplamente difundida. No
Brasil a ideia que ladeava a cidadania era simplesmente para beneficiar os colonizadores,
que por meio de arranjos políticos privilegiava a aristocracia com trocas de favores. As
condutas políticas impossibilitaram uma estruturação social. Dessa forma, é conclusivo a
formação de estruturas sociais que estrutura a dualidade de donos e empregados, que tem
como consequência a formação de classes, tão desiguais. Assim entendemos:
Por encerramento social, Weber entende o processo através do qual
coletividades buscam maximizar ganhos restringindo o acesso a vantagens
e oportunidades a um limitado círculo de beneficiários. Isto implica a
especificação de certos atributos sociais ou físicos como justificativa para a
exclusão social ( PARKIN, 1974, p.33)

Não podemos deixar de mencionar Florestan Fernandes, que se dedicou a estudar


sobre as dificuldades e desafios, com o intuito de que os cidadão pudessem ter seus
direitos garantidos e consequentemente suas sobrevivências. Destaca em suas reflexões
as contradições de classes e a relação de dominação da elite, que de forma muito evidente
ofuscava a cidadania na prática.
Analisar o contexto sobre cidadania atualmente em nosso país, é algo muito sensível,
exercer essa conduta é poder se pronunciar, expor suas ideias, em síntese, é ver as coisas
acontecerem com muita democracia e ética. Infelizmente, os embates dos três poderes,
Executivo, Judiciário e Legislativo, têm provocado conflitos que de forma direta afetam o
cidadão brasileiro. Nesse ponto de vista, não estamos consolidando partidos ou gostos
pessoais. Mas algo que está impactando toda uma sociedade que estrategicamente acarreta
retrocessos em todos os aspectos: econômicos, culturais, sociais, educacionais entre outros.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 52


Um país imenso como o nosso, com grandes áreas de produções agrícolas,
pecuária, com tanta pobreza? Pobreza no sentido desde informação ao que se refere
à alimentação, rede esgoto, moradia. Uma discrepância salarial surpreendente entre
políticos e demais classes. Não desmerecendo, pois, todos devem ganhar bem. A pergunta
se formaliza quando entendemos que quem possibilita o crescimento do país são os
trabalhadores. Então, não mereciam eles melhores salários? Melhores incentivos em sua
formação educacional? Essas perguntas estão relacionadas à cidadania no Brasil ou como
deveria ser. Ressalta-se de acordo com o Sociólogo Sérgio que:
Cresce a circulação da riqueza e da renda. O crime segue a rota da riqueza
e não da pobreza, como muitas vezes se acreditou. Mudam as relações entre
as classes sociais, que se diversificam e se tornam menos polarizadas, assim
como gerações intergeracionais, entre os gêneros, entre as etnias, tornando
mais complexas as hierarquias sociais. Mais modernizada e conectada com
as transformações globais, e tudo o que isso representa em termos dos usos
das tecnologias nos modos de vida cotidianos, a sociedade brasileira se
torna mais suscetível às mobilidades verticais e horizontais. Pouco a pouco
emergem novos padrões de relações entre governantes e governados,
expressos nas eleições e nas tendências majoritárias do voto popular. Todo
esse conjunto de mudanças incide também na esfera das representações
sociais e da cultura. Como as sondagens de opinião têm demonstrado, a
sociedade brasileira vem revelando atitudes ambíguas com relação às leis
e às instituições. Ora apoia a democracia, o respeito à legalidade e aos
direitos humanos. Ora, contraditoriamente, reconhece que as leis não valem
para todos, as instituições privilegiam grupos sociais, os direitos não são
universais, vale a vontade do mais forte. Cenários como esses contribuem
para enfraquecer a confiança dos cidadãos nas instituições encarregadas
de aplicar as leis e de oferecer segurança à população ( ADORNO, 2012,
p.77-78)

O brasileiro, precisa se envolver com as questões que acontecem, desde a


comunidade a qual está inserido ao que acontece no país e no mundo. O envolvimento requer
acompanhar, aprofundar-se nos assuntos políticos (lembrando que a política está interligada
em tudo em nosso cotidiano), ao acompanharmos, temos como debater ideias, discutir, dar
opiniões construtivas, destacando nosso ponto de vista. Isso sintetiza que não precisamos
aceitar tudo que é imposto, mas precisamos ser inteligentes o suficiente para questionar.
Você conseguiu compreender a importância da cidadania? Dentro de nossa própria
casa exercermos a cidadania, quando discutimos com o intuito de buscar soluções em busca
do melhor para todos no seio familiar, quando dividimos as tarefas domésticas, quando as
questões financeiras são repartidas entre todos, no intuito de manter uma qualidade de
vida, quandos os problemas são conversados e traçados metas para melhorar. Se esse ato
é praticado, se torna habitual o indivíduo em seu meio, agir dessa forma.
Mas convido você a refletir: Para você existe cidadania no Brasil? Em quais
circunstâncias? Você se considera cidadão? Essas considerações são fundamentais
porque para criticar algo ou alguém, precisamos fazer melhor.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 53


Não podemos generalizar em nossas contextualizações, existe sim cidadania em
nosso país, mas ainda em que pequena escala, a participação das pessoas vai além de irem
às ruas ou restringirem a paralisações. Essas ações, mesmo tendo condutas significativas,
são momentâneas. A democracia e a cidadania são condutas diárias, capazes de fortalecer
o país, as pessoas e, principalmente, as práticas políticas, econômicas, sociais, culturais e
todos os âmbitos que a sociedade necessite.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 54


4. CONCEPÇÕES DE CIDADANIA E DE DEMOCRACIA: ENCONTROS E
DESENCONTROS

O Brasil precisa caminhar muito para atingir o ápice da cidadania, os pensamentos


coletivos precisam ser considerados. A individualidade se faz presente nas ações, nos
comportamentos. Exercer a cidadania é pensar em si, mas também ser solícito em prol dos
outros. Um crescer com perspectivas futuras. Mas para que possamos prosseguir, convido
a você para compreendermos o que é democracia e revisar a concepção de cidadania.
Assim conseguiremos enxergar os encontros e desencontros.
Já mencionamos anteriormente, mas para que não haja dúvidas, no contexto
sociológico, cidadania são regras, normas que formam um conjunto de direitos e também
deveres, nas esferas civis, sociais e políticas, que caracterizam como os cidadãos devem ser
regidos. Podemos exemplificar: os direitos e deveres são o maestro de uma grande orquestra,
dá os comandos. E os músicos dos mais variados instrumentos são os cidadãos que precisam
estar antenados à música ( dia a dia), para que se obtenha uma apresentação com mérito.
Quando falamos de democracia, sabemos o quanto esse termo tem sido discutido na
atualidade, por interesses políticos, ou não, a palavra tem sido empregada nas mais diversas
áreas. Você sabe definir democracia? De acordo Giddens, podemos conceituar da seguinte forma:
[..] a democracia é vista genericamente como o sistema político mais capaz
de garantir a igualdade política, proteger a liberdade individual, defender o
interesse comum, ir ao encontro das necessidades dos cidadãos, promover
o autodesenvolvimento moral e possibilitar a tomada de decisão efetiva que
leve em conta os interesses de todos. (2004, p.426).

UNIDADE III O Que é Cidadania? 55


A democracia deveria garantir a igualdade política, fato esse que estamos
vivenciando claramente que não há essa igualdade, quiçá a proteção da liberdade de cada
indivíduo, vejamos que nem mesmo a liberdade de expressão, os interesses são cada vez
mais individualizados. Entender a moralidade desse contexto é muito conflituoso, pois ética
e moral, são atribuídos fora de uso para muitos.
Assim, se democracia é um regime governamental, supõe-se que os cidadãos
ao exercer seus direitos, deveriam tomar decisões formal ou informal, tendo como vozes
os representantes eleitos, o que caracterizaria um ato democrático. O objetivo maior da
democracia é permitir o envolvimento dos indivíduos em debates que propõem, diretrizes
para a sociedade e essa participação traria significativamente um crescimento intelectual,
social, político, cultural etc. O sentimento de pertencimento que faz as pessoas se
envolverem. “Se os direitos civis garantem a vida em sociedade, se os direitos políticos
garantem a participação no governo, os direitos sociais garantem a participação coletiva”
(SANTOS, 1999, p.10). Afirma o autor que:
É razoável supor que caminhos diferentes afetem o produto final, afetem o tipo
de cidadão, e, portanto, de democracia, que se gera. Isto é particularmente
verdadeiro quando a inversão da sequência é completa, quando os direitos
sociais passam a ser a base da pirâmide. [...] uma consequência importante
é a excessiva valorização do Poder Executivo. [...] A ação política nessa visão
é sobretudo orientada para a negociação direta com o governo, sem passar
pela mediação da representação. (SANTOS, 1999, p. 221).

Fica explícito que a democracia só se consolida, quando o direito abrange a todos.


Denota-se que a desigualdade social é um exemplo de como a democracia não alcança a
todos, visto que o desemprego, educação precária, falta de saneamento básico, sistema de
saúde precária, que, como consequência, expõem os conflitos de todas as esferas. Você
havia pensado que a falta de democracia impede todo ato de cidadania e traz como fruto
um caos social?
Sim. Um caos social, uma sociedade que não tem o direito de participação e não
foi educada a ser, não consegue vislumbrar um caminho de oportunidades. Ficando preso
no passado ou no momento presente. Para que possamos estruturar e dar significado, não
apenas em nossa vida, mas ao coletivo é necessário almejar, traçar metas e planos para o
dia de amanhã. Isso deve acontecer não apenas em perspectiva de um país, mas enquanto
seres individuais. Redimensionando nossas vidas pessoais, pois, a cada dia aprendemos
um pouco. Então, amanhã posso ser melhor!
Sem mencionar a palavra desencontro, mas, acima, destacamos vários e podemos
exemplificar ainda mais. Pensemos em momentos de eleição, que deveria haver discussões
sobre as necessidades de cada região, Estado ou Nação, para que os indivíduos escolham
as propostas que de fato, tragam benefício para o bem comum.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 56


Mas sabemos que na hora da escolha o que prevalece é o bem individual e prevalece
a falta de conhecimento sobre a grande importância desse momento, tornando-se assim
anos vindouros de reclamações e sofrimentos. Podemos destacar que:
As experiências participativas no Brasil, a exemplo dos conselhos gestores
dos orçamentos participativos, apontam para um movimento de renovação
e de reacomodação destes instrumentos de ação política no interior das
práticas institucionais da sociedade brasileira, indicando que, muito menos
que oposição, estes instrumentos estabelecem combinações e articulações
que desenham um processo de concomitante inovação e reprodução das
práticas e orientações políticas-institucionais. Apontam, sobretudo, para o
fato de que a participação não substitui, mas reconfigura a representação,
constituindo-se a participação em chave da boa representação (LÜCHMANN,
2007, p. 167).

Analisando as perspectivas históricas, conseguimos também entender que houve


progresso, ao que se refere a questões democráticas no Brasil, ações políticas que tentam
ser transparentes, mostrando a sociedade como as ações são direcionadas, de que forma
o dinheiro público é utilizado, alguns projetos, a sociedade é convidada a participar, ou seja,
aos poucos a objetividade proeminente da democracia e da cidadania vão tomando rumos.
Grande responsabilidade dos indivíduos acompanharem essa transformação e
exigir seus direito de opinar, o papel do cidadão é se fazer presente e não deixar passar
despercebido as ideias, pensamentos e também não menos importante, saber ouvir,
respeitar as ideias do outro, que podem ser contrárias, mas possuem seus devido valores.
Tanto a cidadania como a democracia tem como singular a participação do indivíduo.
Mesmo com encontros e desencontros, o Brasil precisa se reinventar!

UNIDADE III O Que é Cidadania? 57


SAIBA MAIS

Ao falarmos do movimento como Iluminismo, é preciso mencionarmos a importância


de alguns grandes pensadores como René Descartes (1596-1650), Isaac Newton (
1643-1727), que alavancaram a Revolução Científica e agregaram valores às questões
culturais, sociais, filosóficas e políticas. Por tal motivo, nos anos 1700 foram chamados
de “Século das Luzes”. O Iluminismo, juntamente com o método científico, acreditava
que as verdades para a estrutura do progresso em relação ao conhecimento. Outros
nomes foram importantes para construir essa mentalidade, como Denis Diderot, Voltaire,
Jean Jacques Rousseau e Montesquieu.

Fonte: ILUMINISMO. Info Escola, 2021. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia/iluminismo/.


Acesso em: 22 nov. 2021.

REFLITA

A condição de cidadania depende sempre de condições fixadas pelo próprio Estado,


podendo ocorrer com o simples fato do nascimento em determinadas circunstâncias, bem
como pelo atendimento de certos pressupostos que o Estado estabelece. A condição de
cidadão implica em direitos e deveres que acompanham o indivíduo mesmo quando se
ache fora do território do Estado. (DALLARI, 1989, p.85).

UNIDADE III O Que é Cidadania? 58


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Temas antigos, com atributo discutível atuais. Assim podemos descrever essa unidade
estudada. As leis foram feitas para serem cumpridas, as denominações que estudamos
“cidadania” e “democracia”, são para entender suas concepções e objetividades e fazer cumprir
ao pé da letra. O que muitos buscam em outros países, quando saem do Brasil decepcionados
de forma geral com o país onde vivem e se submetem a serviços aquém de duas formações,
mas se deparam com um outro lugar, que permeia a democracia e a cidadania.
O que se espera de um lugar assim, articulações de ideias, desenvolvimento e
prosperidade, que gera uma qualidade de vida essencial. Mas para muitos é preciso “sair
da ilha para ver a ilha” , portanto sair da zona de conforto para compreender por meio de
um choque social, como se portar enquanto cidadão. Não é impossível que o Brasil alcance
esse patamar, mas, para isso, é preciso pessoas instruídas, não me refiro só ao estudo
formalizado com um diploma, pois, muitos não tiveram a oportunidade de estudo, mas
sabem da importância de se envolverem socialmente.
Para esse caminhar, a individualidade não pode fazer parte desse processo, pois,
a construção de um país democratico depende, de um trabalho coletivo, representantes
que se preocupam com a sua cidade, estado e nação. E que compreendam, por exemplo,
que o dinheiro que administram é do povo e para o povo. E, assim, a sociedade venha
a compreender que os representantes trabalham para proporcionar aos indivíduos
possibilidades de vida melhores.
Os atos democráticos vão além de eleições, são condutas que devem ser
estabelecidas cotidianamente, condutas que são necessárias em casa, no trabalho e
todo e qualquer meio ao qual pertencemos. Participar ativamente das mudanças que são
relevantes para o benefício de todos. O respeito em relação a ideias, pessoas, ponto de
vista, haja vista, somos uma nação com grande diversidade, o que provém uma pluralidade
de opiniões e todas são importantes para a construção de uma sociedade mais justa.
Agir como cidadão é saber que a participação e opinião de cada indivíduo é singular
e fundamental, pois realidades diversas que, somadas, correspondem à realidade, sobre
os preceitos que o país necessita. Se calar, achar que sua opinião não tem valor, concluir
que nunca haverá mudanças é simplesmente privar-se do direito de atuar no processo de
cidadania, estreitando a relação com a sociedade. E a deixando à mercê de indivíduos
que apenas buscam o poder para sua individualidade e ambições particulares. Praticar a
cidadania é querer mudança de forma democrática e justa.

UNIDADE III O Que é Cidadania? 59


LEITURA COMPLEMENTAR

AMOROSO, Caia. Eu também quero participar! Cidadania e Política Aqui e Agora.


Editora: Moderna.1º Ed. 2013.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Estado e Democracia: uma introdução ao estudo da política.
Autores: André Singer, Cícero Araújo e Leonardo Belinelli
Editora: ZAHAR
Sinopse: O livro nos possibilita entender o que que estado e
democracia, como ambas podem ser singulares e distintas, de
acordo com cada ângulo proposto, desencadeando um profundo
pensar político, que está envolto em nosso cotidiano.

FILME/VÍDEO
Título: Que Horas ela Volta?
Ano: 2015
Sinopse: O filme retrata grandes realidades às quais nos deparamos
no transcorrer de nossa existência. A personagem principal,
protagonizada por Regina Casé, deixa sua filha aos cuidados de
outrem, para trabalhar “fora” e manter o sustento e possibilitar uma
vida melhor para sua filha. Trabalha na casa de pessoas de nível
social elevado, cuidando do filho de seus patrões, passa anos da
sua vida neste contexto e não se dá conta da mecanização e forma
como é explorada, até sua filha vir morar com ela. Momento que a
faz refletir como as escolhas são necessárias para não repetirmos
os mesmos erros.

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UNIDADE IV
Participação Social
Professor Mestre Jorge Alberto de Figueiredo

Plano de Estudo:
● O surgimento dos direitos do homem cidadão;
● Participação Social: O que é?;
● Participação Social no Brasil e suas complexidades;
● Participação cidadã e planejamento governamental.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar direitos e deveres do cidadão;
● Compreender o que é participação social e sua relevância para o progresso;
● Caracterizar a importância do planejamento governamental.

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INTRODUÇÃO

Nossa última unidade IV, não menos importante, vamos compreender que
historicamente os direitos do homem são recentes, inclusive no tange à participação
das mulheres nas questões políticas, mas o direito pleno só é exercido quando temos
conhecimento sobre elas. A aprendizagem amplia nossa visão e nossos direcionamentos,
além disso, é muito importante destacar que os deveres servem para a formação da
cidadania. Você conhece seus direitos? Seus deveres, você os executa plenamente?
Precisamos pensar, pois, só podemos cobrar do outro, quando nossa conduta está alinhada.
Discutiremos sobre participação social, como a própria denominação conclui , remete
à envolvimento, discussão, debates, e ao englobar o conceito social, configura o pensar
coletivo, sempre voltado para o bem-estar e com olhar atento quanto ao presente e ao futuro
de um povo, de uma nação. Mas o que você entende de participação social? Reflita para que
no decorrer de nossos estudos, possamos aprimorar ou redescobrir novos conceitos.
Falar de participação social no Brasil, requer um raciocínio muito bem trilhado,
sobre esse movimento. Estar nas ruas, falar o que se pensa sem conhecimento de causa
nas redes sociais, não sintetiza participação social. Se envolver com causas sociais que
temos afinidade, buscar conhecer, fatos, ampliar em nossa rede de contatos conhecimento
que transborde para os demais, uma bagagem para tomada de decisões, não apenas
pautadas no senso comum.
A complexidade referente à participação na sociedade, tem inúmeros, dissabores,
mas a questão consiste em indivíduos com comportamentos e pensamentos diversos, que
conduz a ideias diferentes e opiniões contrárias. E a dificuldade em ouvir o outro, em aceitar
a opinião do outro é um grande obstáculo de evolução para a sociedade. Adaptar-se é
sempre necessário, as mudanças acontecessem e nem sempre estão ao nosso favor, mas
é preciso ter uma visão de que, sempre é possível alterar o rumo de nossas vidas.
Quando falamos em participação cidadã e planejamento governamental, precisamos
ter a visão de que tudo que envolve política, o cidadão precisa estar engajado, para que
de fato seu voto tenha validade funcional. Isto é, quando votamos, não votamos de forma
específica no candidato, mas nas propostas, e precisamos acompanhar essas propostas
para que de fato, aconteçam. O trabalho governamental é para o povo, mas, infelizmente,
para muitos cidadãos e políticos, tudo acontece ao inverso. Exigir seus direitos, praticar
seus deveres é um ato de cidadania.

UNIDADE IV Participação Social 63


1. O SURGIMENTO DOS DIREITOS DO HOMEM CIDADÃO

Falar em direitos é muito difícil. Pensando no Brasil a dificuldade fica muito mais
ampla. Vejamos que esta reflexão tem duas frentes para pensarmos. De um lado uma
sociedade que requer seus direitos e não exercitam seus deveres ( não é uma maioria, mas
essa parte populacional, proporciona ranços no progresso social, cultural e econômico).
Do lado oposto representantes políticos, religiosos, sociais, buscando alcançar
seus interesses particulares, finge desconhecer os direitos da população, ocultando o que
deveria ser base para a construção da dignidade humana. Moradia, saneamento básico,
sistema de saúde eficiente, educação com qualidade,trabalho entre outras descrições.
Não podemos deixar de destacar trechos fundamentais incluídos em nossa Constituição da
República Federativa do Brasil, para comprovar o que afirmamos:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição
(BRASIL, 1988, Art 1º ).

UNIDADE IV Participação Social 64


Se o poder emana do povo, sintetiza que a participação e a busca pelos direitos
precisa partir dessa categoria, mas, incentivado pelos representantes. Com o objetivo de
garantir um desenvolvimento econômico, que eclodiram no avanço das demais áreas. O
pensar na coletividade, seria a eliminação da miséria ( não apenas em relação à fome),
da pobreza, das indiferenças. É preciso que seja estabelecido um amor à Pátria, mas isso
não pode ser apenas em momentos em que se canta o hino nacional. Consta em nossa
Constituição:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais


e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,


idade e quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1988, Art.3º).

Você conhece a parte da Constituição que tange ao Título II, Dos Direitos e
Garantias Fundamentais, Capítulo I, Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos? Muito
provável que não! Pois sabemos que temos direitos, mas não sabemos ao certo quais são!
Um grave erro nosso! Como lutar para ter aquilo que desconheço? Como posso ser ativo,
participativo na sociedade, se não sei o que ela espera de mim? Vejamos o que afirma este
artigo constitucional:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade (BRASIL, 1988, Art.5º ).

É relevante ressaltar alguns pontos do artigo, citado acima, que a lei já existe,
cabendo a nós de forma coletiva, por intermédio da participação cidadã, buscar de nossos
representantes, a execução de ações que de fato garanta nossos direitos sem distinção e
diferenças. Você lembra do título deste capítulo que estamos estudando? O surgimento dos
direitos do homem cidadão!
Iniciei destacando direitos adquiridos, mas para alcançarmos esse sucesso foi
preciso tempo e no contexto histórico é recente. Graças aos representantes da França em
1789, que ao se incomodarem com o grande desprezo com que era tratado as necessidades
da classe menos favorecida, em Assembleia Nacional, fez surgir a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, garantindo os direitos individuais e coletivos.

UNIDADE IV Participação Social 65


A declaração estabelece entre muitos quesitos a igualdade perante a Lei e a justiça.
Partindo das premissas deste documento, todas as questões documentais voltadas para
a garantia dos direitos humanos, tiveram origem nas bases da declaração , inclusive a
Constituição Brasileira.
O espírito da Revolução Francesa influenciou não só as nações europeias,
mas diversas regiões de todo o mundo, existindo relatos de citações ocorridas
no Brasil, na Conspiração Baiana de 1798, claramente influenciadas pelas
mesmas ideias que fizeram sucumbir a Bastilha. Além disso, o texto da
Declaração serviu de base para similares na Europa, e, integra, até hoje, o
direito positivo francês, como parte integrante da sua constituição (FRANCE,
2012, p. 24).

Com a Declaração dos Direitos do Homem do Cidadão,foi possível criar, melhores


políticas públicas, a um nível mundial, criando um elo entre todos os países, tendo como
pressuposto um olhar mais consciente para os direitos humanos. Em se tratando em nível
internacional, é consolidado, associações, instituições que se movem em torno dessas
concepções. Imagine você quem com todo o aparato de leis existentes, ainda existem
muitas violações dos direitos humanos no mundo.
O Brasil faz frente a muitos países em busca de sanar os problemas vigentes, isso
pode ser visto em frentes de enfrentamento contra o trabalho infantil, trabalho escravo,
preservação ao meio ambiente. Para que nosso país não tenha um retrocesso, pois é notório
a participação do Estado em ações que se estruturam garantindo promoção e proteção dos
direitos e garantias individuais e coletivas, a cooperação com esforços internacionais e
ao estímulo e à atuação da sociedade civil organizada na defesa de direitos políticos, das
liberdades, das garantias sociais e da proteção do meio ambiente.

UNIDADE IV Participação Social 66


2. PARTICIPAÇÃO SOCIAL: O QUE É?

Compreender o significado de cada palavra do título, nos faz de forma mais explícita
entender o assunto. Participar tem o intuito de se envolver, interagir, estar presente e social
está ligado à sociedade. Somatizando participação social, nada mais é que estar presente
nas resoluções, decisões e diálogos entre a sociedade e os representantes governamentais,
ao que se refere às políticas públicas. Cabendo aos indivíduos que compõem a sociedade
fiscalizar os representantes que foram escolhidos, fazendo cumprir as promessas de
campanhas. Rios define participação desta maneira:
Lema e tópico central em programas e doutrinas reformistas generalizadas
a partir dos anos 60, quando se pensou em contrapor à massificação, à
centralização burocrática e aos monopólios de poder o princípio democrático
segundo o qual todos os que são atingidos por medidas sociais e políticas
devem participar do processo decisório, qualquer que seja o modelo político
ou econômico adotado (RIOS, 1987, p. 869).

A participação social, tem como força para influenciar de forma significativa e


objetiva a formalização, execução e consequentemente a fiscalização. E vale refletir que
quando falamos em políticas públicas, as mesmas estão ligadas a várias áreas: saúde,
transporte, saneamento básico, moradia, educação, assistência social. A sociedade para
ser estruturada precisa da organização da sociedade como um todo, descreve STOTZ, que:
Tais ações expressam, simultaneamente, concepções particulares “da
realidade social brasileira e propostas específicas para enfrentar os problemas
da pobreza e exploração das classes trabalhadoras no Brasil” ( VALLA e
STOTZ, 1989, p. 54)

UNIDADE IV Participação Social 67


Entretanto, a participação exige um comportamento contrário à passividade, em que
tudo se aceita. Claro que de forma ativa e mobilizadora, mas com caráter pacifico, momento
que a discussão e o debate são as armas para a conquista de novas oportunidades. Todos
os direcionamentos sobre as políticas públicas , precisam ser avaliados para combater as
misérias sociais e tudo que desencadeia o sofrimento da classe operária.
Nós, de uma forma contínua, temos a participação social em nosso dia a dia.
Nas reuniões escolares de nossos filhos, reuniões de condomínio, clubes esportivos, as-
sociações, sindicatos etc. É muito importante salientar que está na Constituição, sendo
esse, nosso direito e dever. Essa participação ativa é a mola mestre para o exercício da
democracia e tem como prioridade que os cidadãos participem cada vez mais nas tomadas
de decisões acerca de seu próprio futuro. Segundo Putnam:
As práticas sociais que constroem a cidadania representam a possibilidade
de constituição de um espaço privilegiado para cultivar a responsabilidade
pessoal, a obrigação mútua e a cooperação voluntária. As práticas sociais
que lhe são inerentes baseiam-se na solidariedade e no encontro entre
direitos e deveres (PUTNAM, 2000, p. 56).

Podemos destacar formas de participação social, nas esferas do legislativo, judiciário


e executivo. No legislativo, seria por meio de votos direto, no judiciário um exemplo é o júri
popular ( julga crimes dolosos contra a vida) e o executivo quando o indivíduo se insere nos
conselhos e comitês que tem o objetivo de articular políticas públicas. Essa participação
popular é um campo novo, que teve sua origem em 1980, em seus primórdios, o foco era a
sociedade e buscava alcançar a democracia e a liberdade.
A participação social está completamente ligada ao Estado e a sociedade, ou seja,
à democratização desses, sempre de forma articulada e ampla, por meio dela é possível
denunciar irregularidades e evitar corrupções, compreender que podemos agir mediante a
situações, evitando reagir em momentos em que já não há o que se possa fazer, do que se
lastimar.
O diálogo entre os governos e sociedade fortalece o exercício da cidadania
garantindo a execução de políticas públicas que atendam à coletividade, melhorando os
níveis de oferta, qualidade dos serviços e maior controle dos recursos públicos.
Espaços foram criados para que esse diálogo fosse fortalecedor, temos exemplos
de conselho gestor, atuam na saúde, educação, meio ambiente e diversas outras áreas.
O estado se completa quando a sociedade pode manifestar suas ideias e interagir em
deliberações que afetam a todos.

UNIDADE IV Participação Social 68


Ao entender sobre participação social, precisamos entender alguns conceitos tão
falados e que, talvez, não tenhamos compreendido dentro de uma visão sociológica, que
além de compor o espaço em que vivemos são relevantes para a prática da participação
social. Você conhece essas denominações: castas, classe social, elite, etnia, etnocentrismo,
relativismo, diversidade, cultura, cidadania, identidade e ética?
De maneira bem sucinta vamos explicar cada uma delas: a casta é um tipo de
divisão (comum na Índia), mas no sistema capitalista usa-se mais a denominação de
classe social , que ocorre devido à hierarquia, sobrenomes, conta bancária. A classe
social são as categorias da sociedade: classe A, B, C, classe baixa, média, alta. A Elite é
a representatividade de quem tem o poder, que pode ser político ou econômico. Elite é a
classe dominante.
Etnias, é importante pontuar que raça existe apenas uma (raça humana), as etnias
são as diferenças entre a raça humana. Etnocentrismo é um assunto muito polêmico,
quando uma etnia se julga mais importante que os demais, um exemplo clássico na história
do mundo que é o Nazismo e o Facismo.
O relativismo é bem contrário, pois, expõe que há tempo, espaço, oportunidades
para todos, somos todos da raça humana, então, não se faz necessário o preconceito
qualquer que seja. Todo ser humano é um cidadão de classe A. diversidade é o que
conseguimos visualizar nitidamente no Brasil, uma mistura de cores, pessoas diferentes,
com ideias distintas que traz um enriquecimento fundamental para as questões culturais,
religiosas, sociais e demais.
Quando falamos de identidade é o que somos, isso quando nos referenciamos
diante da individualidade, e na junção é o que torna a identidade de uma sociedade de um
país. Assim fica claro porque grupos sociais se juntam, porque comungam das mesmas
ideias. Esses grupos ganham força.
A cultura de um povo é o que faz com que consigamos identificá-los, por intermédio
de peculiaridades, cidadania é quando exercemos o conhecimento de nossos direitos e
deveres e o cidadão no contexto sociológico precisa ser dinâmico. A ética é o que perce-
bemos que falta ao nosso redor, que se estrutura para manter as relações saudáveis. Fica
claro que:
A participação é parte integrante da realidade social na qual as relações
sociais ainda não estão cristalizadas em estruturas. Sua ação é relacional;
ela é construção da/na transformação social. As práticas participativas e
suas bases sociais evoluem, variando de acordo com os contextos sociais,
históricos e geográficos. (MILANI, 2008, p. 560).

UNIDADE IV Participação Social 69


Você percebeu como pequenos conceitos estão entrelaçados para a construção
da sociedade, o que denota que cada um tem seu papel e que a articulação de todas as
palavras discutidas, são fundamentais para o exercício da participação social. Iremos, a
seguir, falar um pouco mais sobre essas denominações, evidenciando as complexidades
existentes no Brasil, no que se refere à participação social.

UNIDADE IV Participação Social 70


3. PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL E SUAS COMPLEXIDADES

Muitas são as complexidades para que haja de fato a participação social no Brasil,
mas nada que impeça que aos poucos, a participação seja ampliada, pois, não ocorrerá
como um passe de mágica. As pessoas precisam ver essa participação como algo necessário
para a melhora em sua qualidade de vida. Podemos assim estabelecer alguns percalços:
● Desigualdade Social e Econômica;
● Hierarquias políticas atreladas a culturas autoritárias;
● Falta de clareza com relação às políticas públicas;
● Resistência dos governantes e falta de engajamento;
● Pouco envolvimento por parte da população;
● Fragilidade em torno dos vínculos populares.
Ao discutirmos sobre desigualdade socioeconômica, nos deparamos com uma
grande gama de aspectos que originam nas classes sociais que são subdivididas e entre
si se confrontam em torno do que é melhor para cada grupo. Justamente devido às classes
sociais que surgiram os movimentos sociais. Grupos minoritários em busca de seus ideais,
pois podemos ver que:
Os números sobre a concentração de renda no Brasil são claros ao evidenciar
a dimensão das desigualdades. Os dados apontam que o 1% mais rico
da população brasileira recebe, em média, mais de 25% de toda a renda
nacional; os 5% mais ricos detinham, em 2017, a mesma fatia de renda dos
demais 95% da população brasileira. Esses dados tornavam o Brasil o país
com maior concentração de renda do mundo no 1% da população mais rica
(OXFAM BRASIL, 2017; SOUZA e AVRITZER, 2016).

UNIDADE IV Participação Social 71


A desigualdade reflete o que cada grupo quer para si. Não há como pensar de
forma unitária, sendo que a diferença é evidente, uns com muito, outros sem nada. Aqui
não vamos entrar no mérito do que se habituaram a viver sem esforço. Mas o que define
essa questão é que passa a ser um fator que empobrece a participação social. O da
classe mais favorecida não vê a necessidade de participar de discussões, reflexões
sociais, pois tem tudo a seu favor. O da classe minoritária, não se importa de participar,
das discussões que movem, toda a organização de sua vida, seja ela, social, econômica,
cultural, religiosa, pois acredita que não será ouvida. Existem também as questões
tecnológicas, embora seja um assunto atual, não é proviniente para todos, os recursos
que ela oferece, como explica Garot:
Além disso, a internet apresenta limitações materiais (por exemplo, nem
todos têm acesso a ela), educacionais e culturais (quem não tem uma boa
formação estará em desvantagem na obtenção, interpretação e produção
de informações e argumentos). Assim, também pode ser um instrumento de
manutenção ou ampliação da desigualdade e da exclusão dos mais pobres
do processo político (2006, p.96-104)

Ainda existem governantes com a concepção de que o povo é uma “massa de ma-
nobra”, concordo com eles, no sentido que isso acontecesse, de fato, se quisermos que
aconteça. Mas a centralização de poder e o autoritarismo rege muitas governanças. O que
deveria ser feito, com base no poder constituído de representante do povo. Mas esse poder é
construído pela prática de bons usos da gestão pública. Assim a governabilidade é confiável.
Para que a sociedade se manifeste, participe é relevante que ela saiba com
objetividade, todas as deliberações, normativas, práticas para as diversas áreas: saúde,
esporte e lazer, educação, assistência social. É preciso saber a intenção dos representantes
legais do povo em como querem fazer uso do dinheiro, o cidadão deve participar, dar ideias,
tem o direito de discordar e o dever de fiscalizar após implantado as decisões.
Por resistência de muitos representantes, as articulações são feitas pelos bastidores,
mascarando todas as ideias reais e, muitas vezes, quando damos conta, as informações
estão expostas nas manchetes. Desvios, desfalques, corrupção, subornos entre muitos
delitos encobertos.Que se aproveitam da não participação pública, tornando mais fácil a
ocultação de verbas públicas e suas aplicações.
O etnocentrismo existe muito nas gestões públicas, representantes que se julgam
pseudo sábios, que não aceitam outras ideias e que, para que as ações aconteçam precisam
girar em torno de suas premissas, de suas filosofias, mesmo que de forma arcaica ou
equivocada. O que prevalece são seus pensamentos.

UNIDADE IV Participação Social 72


Isso quando nos deparamos com informações de milhões de investimentos em
alguns setores e passado um tempo, descobrimos que o valor era o mínimo aplicável, e o
restante desviados para obras que muitos chamam de “fantasmas". Bava e Santos Júnior
nos mostram pontos positivos em relação à participação social cidadã:
Apesar desses desafios comuns a muitas cidades, as características
específicas de cada município também influenciam o êxito ou o fracasso
das políticas de participação cidadã, com destaque para: o grau de inclusão
social e de garantia de direitos, pois, embora seja um problema nacional,
há variações significativas entre regiões e municípios; a composição da
sociedade civil organizada, cultura cívica, mobilização e engajamento político;
a abertura e o incentivo do governo à democracia participativa; a dimensão do
município (grande, médio ou pequeno porte) e a espontaneidade da criação
dos canais institucionais de comunicação entre o Estado e a sociedade civil
(BAVA, 2000);

Ainda é pequena a participação da sociedade em participações que são necessá-


rias para uma estruturação social pertinente, uma das razões são pontuadas da seguinte
maneira:
A participação, enquanto direito, permanece sendo privilégio de poucos.
Para além das razões já mencionadas, questões sistêmicas mais simples
e cotidianas, como a carga horária de trabalho da maior parte da sociedade
civil, também a impedem de se fazer presente minimamente nos espaços
decisórios (AVRITZER; RECAMÁN; VENTURI, 2004, p. 30-38).

E a última, mas não menos importante, é a fragilidade em torno dos vínculos


populares:
Essa mesma dinâmica acaba se refletindo no fenômeno conhecido por
“sanfona de participação”, que descreve o fato de que a baixa intensidade
de mobilização tem sido constante no país e só tende a se alterar quando
determinados atores se interessam por alguma agenda específica. Nesses
casos, eles concentram sua atuação em torno dela e voltam a esvaziar
os espaços participativos depois que a demanda é atendida (AVRITZER;
RECAMÁN; VENTURI, 2004).

Além disso:
Mesmo quando se superam as dificuldades estruturais, a resiliência da
população ainda encontra outros tipos de obstáculos. Além do já mencionado
risco de distanciamento da liderança social de sua base, fato que acaba se
concretizando em grande parte das situações, levando a um fortalecimento
do ator participante mas não de sua base popular (BAVA, 2001, p. 33-40),

É preciso uma articulação por intermédio de planejamento governamental, para que


a gestão pública abrange toda a sociedade, para participar de forma efetiva e democrática.

UNIDADE IV Participação Social 73


4. PARTICIPAÇÃO CIDADÃ E PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL

Quando estamos no processo de aprendizagem, a repetição se torna crucial para


assimilarmos todo nosso conhecimento e consequentemente acomodar em nossa vida
prática. Assim presumimos que, por várias vertentes, podemos definir o termo participação
e que o contexto sociológico de forma específica é que nos norteia. Pois segundo Lavalle:
“Participação” é, a um tempo só, categoria nativa da prática política de atores
sociais, categoria teórica da teoria democrática com pesos variáveis segundo as
vertentes teóricas e os autores, e procedimento institucionalizado com funções
delimitadas por leis e disposições regimentais. A multidimensionalidade ou
polissemia dos sentidos práticos, teóricos e institucionais torna a participação
um conceito fugidio, e as tentativas de definir seus efeitos, escorregadias. Não
apenas em decorrência de que a aferição de efeitos é operação sabidamente
complexa, mas devido ao fato de sequer existirem consensos quanto aos
efeitos esperados da participação, ou, pior, quanto à relevância de avaliá-la
por seus efeitos. (LAVALLE, 2011, p. 33).

Subtende-se que participar é uma ação, que pode ser relativa, considerando a
individualidade de cada pessoa. Uns se envolvem mais que os outros e a forma de avaliar,
também se estreita por ser cada ação uma meta diferenciada. Mas o que fica explícito é que
para que haja democracia, a cidadania precisa se fazer presente e para que isso ocorra,
a participação cidadã é relevante. Você já ouviu falar sobre participação cidadã? É bem
simples, segundo Milani:
A participação social cidadã é aquela que configura formas de intervenção
individual e coletiva, que supõem redes de interação variadas e complexas
determinadas (provenientes da “qualidade” da cidadania) por relações entre
pessoas, grupos e instituições como o Estado. A participação social deriva
de uma concepção de cidadania ativa. A cidadania define os que pertencem
(inclusão) e os que não se integram à comunidade política (exclusão); logo,
a participação se desenvolve em esferas sempre marcadas, também, por
relações de conflito e pode comportar manipulação. (2008, p. 560).

UNIDADE IV Participação Social 74


Quando Milani enfatiza sobre as relações de conflitos, podemos relembrar claramente
sobre o que estudamos sobre a participação social no Brasil e suas complexidades. Quando
a cidadania vem com o conceito de inclusão, denota um olhar como um todo nas questões
sociais, sem pré-conceitos estabelecidos. Ou seja, todos têm direitos e deveres.
Isso porque podemos afirmar que a democracia é o regime político do “poder
ascendente", isto é o povo que escolhe quem vai governar, participam das decisões políticas.
De certa maneira isso é um problema? Sim, porque, ainda que a escolha dos governantes
não seja realizada de maneira racional, ainda muitos escolhem seus governantes, por
conceitos de futilidade: por ser bonito, por falar bem, eu acho que esse não rouba, devo
favores, entre outras inúmeras situações.
Para Sartori (1994, p. 225-228) a democracia indireta é a que de fato se realizou
nos grandes Estados modernos podendo ser conceituada como o regime político no qual
“o povo se governa por meio de ‘representante’ ou ‘representantes’ que, escolhidos por ele,
tomam em seu nome e presumidamente no seu interesse as decisões de governo”.Para
que a democracia seja participativa é preciso:
como primeiro fundamento a reivindicação de espaços participativos
ampliados para atores sociais mais vulneráveis nos aspectos político, social
e econômico. São pessoas geralmente excluídas dos processos decisórios
(ainda que formalmente incluídos) e que buscam formas alternativas de
participação em condições de igualdade (CAMPBELL; MARQUETTI;
SCHONERWALD, 2009, p. 5-7).

De nada adianta criar denominações e não abrir espaço em pautas para que a
cidadania seja exercida, nas áreas em que os cidadãos são os que mais sabem realmente
o que precisa nas áreas da saúde, educação, esportes entre outros. Porque sua vivência
em meio à realidade lhe impõe uma certa clareza em suas opiniões, pois, por estar inserido
no contexto, consegue sentir em seu dia a dia a falta de planejamento e ações que de fato
contribuam para a melhora da qualidade de vida.
Nesse sentido, os movimentos sociais desempenham um papel fundamental
na “institucionalização da diversidade cultural” e na “ampliação do político,
pela transformação de práticas dominantes, pelo aumento da cidadania e
pela inserção na política de atores sociais excluídos” (SANTOS; AVRITZER,
2002, p. 53).

Os movimentos sociais são grupos de pessoas que, de maneira organizada, lutam


pelos direitos de todos e se manifestam de forma pacífica e podem agir em diversos setores:
trabalhistas, racial, gênero. Existem momentos sociais curtos que podemos chamar de
conjunturais, ou seja, surge de uma necessidade que em pouco tempo pode ser resolvido.
Exemplos: aumentos do preço de forma abusiva do álcool em gel. Ou movimentos que
sabemos que levará muito tempo para conquistar os direitos requeridos, que chamamos de
estrutural. Por exemplo: Luta pelo fim do racismo.

UNIDADE IV Participação Social 75


Um dos maiores movimentos sociais que já houve, foi a queda da Bastilha, que
marcou a Revolução Francesa em meados de 1789, que desencadeou a queda da monarquia
absolutista francesa. No Brasil podemos destacar os movimentos dos trabalhadores rurais
sem terra (MST) em meados de 1980. Essas informações são para que você reflita que os
movimentos sociais só surgem porque uma minoria percebe que está sendo tolhido seus
direitos e vão se agrupando forças para mudar esse paradigma.
Qual a maior reivindicação dos movimentos sociais? “ A garantia de direitos”, por
esse fato planejamento governamental e gestão pública são termos que devem caminhar
sempre atrelados, com o intuito de tornar suas ações em prol da sociedade, visando articular
melhorias para a vida do cidadão. Matus afirma que:
Para tanto, torna-se imprescindível reequilibrar e ressignificar ambas as
dimensões – planejamento governamental e gestão pública –, tratando-as
como unidade de análise e de reconstrução das capacidades do Estado
para o desenvolvimento nacional. Seja em termos analíticos, seja em termos
práticos, de definição estratégica das políticas ou de condução cotidiana das
ações, o binômio planejamento e gestão, até então tratado separadamente,
precisa agora – e a conjuntura histórica é bastante propícia a isso – ser
colocado em outra perspectiva e em outro patamar de importância pelos
que pensam o Estado brasileiro e as reformas de que este necessita para o
cumprimento de sua missão supostamente civilizatória (1972, p. 26)

Falar de planejamento governamental é fundamental para os gestores públicos,


pois significa trabalhar com transparência, com o dinheiro público e ter o discernimento que
o dinheiro público é para ser usado nos meios públicos. Parece redundante, mas muitos
governantes, gestores, ainda utilizam as verbas públicas para interesses particulares.
Direito é algo que a sociedade precisa buscar, mas sem esquecer de seus deveres. Uma
via de duas mãos!

UNIDADE IV Participação Social 76


SAIBA MAIS

Promulgada no dia 5 de outubro de 1988, durante o governo do então presidente José


Sarney, a Constituição em vigor, conhecida por "Constituição Cidadã", é a sétima adotada
no país e tem como um de seus fundamentos dar maior liberdade e direitos ao cidadão -
reduzidos durante o regime militar - e manter o Estado como república presidencialista.
As Constituições anteriores são as de 1824 (Brasil Império), 1891 ( Brasil República),
1934 (Segunda República), 1937 (Estado Novo), 1946, 1967 (Regime Militar).

Fonte: Agência Senado. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/consti-


tuicoes-brasileiras. Acesso em: 27 out. 2021.

REFLITA

“Nós somos responsáveis pelo outro, estando atento a isto ou não, desejando ou não,
torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão de que, em nosso mundo
globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de todo
mundo e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam de fazer) acaba afetando nossas
vidas.” (Modernidade Líquida, Bauman, 2001)

UNIDADE IV Participação Social 77


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Passamos o tempo todo em busca de nossos ideais, nossos direitos, façamos, então,
uma reflexão de como era antes de nossa existência, o quanto as pessoas precisavam lutar
para conquistar seus espaços e ter seus direitos alcançados, uma grande trajetória, cada
conquista, um avanço. Mas nada acontece de um dia para outro. Nada acontece sem luta.
Não diferente de nossas decisões pessoais, nossos objetivos, traçamos metas
e estabelecemos um caminho, que sempre é seguro e precisamos sempre buscar rotas
alternativas. A longo prazo, com a experiência e maturidade conseguimos vislumbrar o tanto
que percorremos. Aprendemos com todas as lições, independente de ser boas ou ruins.
Direitos adquiridos devem ser preservados, cabendo à sociedade, aos indivíduos
que a compõem lutar pela sua manutenção. Direitos devem ser ampliados e não retirados,
cabendo por intermédio da participação social a fiscalização se os direitos dos cidadãos
estão assegurados.
No Brasil a participação social é algo muito recente e que precisa galgar muitos
espaços para se constituir de forma legítima a ação das pessoas. Fica claro que quanto
mais pessoas instruídas o país tiver, mais envolvimento qualitativo e atuante teremos. Isso
porque o conhecimento contribui para debates e reflexões que de fato, tragam possibilidades
para a melhora nas políticas públicas.
Porém, há uma complexidade, no que se refere à participação social, pois, a voz da
sociedade nem sempre é ouvida. Permanece os interesses da minoria, os privilégios são
para um grupo pequeno. Sofrendo, assim, as massas, as consequências de uma sociedade
que ainda não se faz participativa como deveria.
Para que cidadania e democracia sejam de fato algo real e concreto no Brasil é
preciso planejamento de nossos representantes, oportunizando à sociedade a participação
e tomadas de decisão, para que possam vislumbrar suas ações, sendo agregadas nas
transformações sociais e que delas se sobressaiam oportunidades de crescimento e
desenvolvimento futuros.

UNIDADE IV Participação Social 78


LEITURA COMPLEMENTAR

Ao estudarmos a Unidade I, aprendemos os tipos de Estados de acordo com cada


momento histórico, o livro “Do Estado moderno ao contemporâneo: reflexões teóricas
sobre sua trajetória”, nos impulsiona a compreender de forma mais detalhada essas
transformações e mais importante nos conduz a compreender o momento qual vivenciamos,
nele retrata um tema novo “Estado Digital”, assunto tão atual e com um linguagem didático
e esclarecedor.

Fonte: disponível em: https://www.amazon.com.br/Estado-moderno-


-contempor%C3%A2neo-reflex%C3%B5es-trajet%C3%B3ria/dp/8559725164/
r e f = a s c _ d f _ 8 5 5 9 7 2 5 1 6 4 / ? t a g = g o o g l e s h o p p 0 0 - 2 0 & l inkCode=df 0 &hvadid= -
379708289001&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=9877975975304386284&hvpone=&h-
vptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvlocphy=1031877&hvtargid=pla-
-896275518886&psc=1. Acesso em: 22 nov. 2021.

UNIDADE IV Participação Social 79


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Gestão e Governança Pública Para Resultados: Uma visão
prática
Autor: Cláudio Sarian
Editora: Forúm
Sinopse: o livro tem a premissa de ofertar sugestões com caminhos
que contribua para os agentes públicos agir em seus respectivos
âmbitos de atuação para que alcance resultados significativos tendo
como objetivo a sociedade. De maneira singular aborda aspectos
práticos e reais na área da gestão pública e expondo ideias e
sugestões para ter estratégias estruturadas e condizentes. E para
quem não atua na área compreender como funciona o sistema de
gestão pública e como participar socialmente neste contexto.

FILME/VÍDEO
Título: Sangue Negro
Ano: 2007
Sinopse: Virada do século XIX para o século XX, na fronteira da
Califórnia. Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) é um mineiro de
minas de prata derrotado, que divide seu tempo com a tarefa de
ser pai solteiro. Um dia ele descobre a existência de uma pequena
cidade no oeste onde um mar de petróleo está transbordando do
solo. Daniel decide partir para o local com seu filho, H.W. (Dillon
Freasier). O nome da cidade é Little Boston, sendo que a única
diversão do local é a igreja do carismático pastor Eli Sunday (Paul
Dano). Daniel e H.W. se arriscam e logo encontram um poço de
petróleo, que lhes traz riqueza mas também uma série de conflitos.
O poder começa a fazer parte de seu cotidiano e o faz mudar
causando sua ruína.

UNIDADE IV Participação Social 80


REFERÊNCIAS
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CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) aluno(a),
Quando iniciamos um estudo, temos sempre uma preocupação sobre os resultados
que poderemos alcançar, as expectativas são as mais altas possíveis, até porque os
contratempos, sabemos que são inevitáveis. Assim, quando chegamos à conclusão
sabemos que é uma etapa vencida, superamos a nós mesmos e por sequências os
obstáculos diários. Mas o estudo, a aprendizagem, nunca se conclui, pois, aprender é um
ciclo constante e enriquecedor.
De forma muito didática, produzi o material para que você tivesse a oportunidade
de resgatar antigos e adquirir novos conceitos, os exemplos e o linguajar metodológico,
me faz acreditar que tenha sido, uma leitura acessível e dinâmica. Da mesma forma que
os conhecimentos que se renovam todos os dias. Os assuntos trabalhados sobre Estado
e Cidadania, a sociedade está em processo de evolução e os assuntos pertinentes a esta
disciplina também.
Explanamos sobre conteúdos necessários e atuais, que acreditamos serem base
para o exercício pleno da cidadania, momento em que o cidadão participa de forma ativa
e consciente da sociedade. Isso porque entendemos que reclamar apenas não resolve, é
preciso agir. E não reagir após um caos instaurado.
Pensando dessa forma, explicitamos sobre a cidadania no Brasil, conceituamos
democracia, falamos sobre direitos humanos, tendo a Constituição nossa base de
entendimento sobre direitos e deveres, participação social, participação cidadã e
planejamento governamental.
O Estado depende de nós enquanto cidadão e devem trabalhar para nós, a nosso
favor. Cabendo a fiscalização para a execução das ações políticas, por parte da sociedade.
Deixando evidente que o voto não é o único caminho para exercer a cidadania, mas um
meio de escolhermos bons representantes para que tudo o que estudamos seja de fato
significativo. Para colhermos os frutos de um país de fato democrático.

Muito obrigado e bom estudo!

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