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Prezado (a) aluno (a), é uma imensa honra, estudarmos juntos! Termos a
disciplina de Estado e Cidadania, na ementa do curso, denota a preocupação e a necessidade
de ampliar debates, sobre o papel do cidadão em um país democrático ou que deveria
ser. Compreender essas premissas pode propiciar uma evolução social, que tem como
objetivo, esclarecer os indivíduos para a busca de suas necessidades de forma honesta e
segura. O Estado tem um papel fundamental, para que não sejam marginalizados os menos
favorecidos e ao mesmo tempo propiciar bases sólidas, sociais, econômicas, políticas para
que possam garantir seus sustentos de forma digna.
Em nossa Unidade I, aprenderemos a diferenciar, Governança e Governabilidade,
caridade de cidadania. O conceito de Poder que tanto causa conflitos, aprofunda essa
diferença e afirma que se exercermos a cidadania e aplicarmos de forma coletiva, tudo de
maneira compassada pode alterar. Que fique bem claro, nenhuma mudança acontece em
um passe de mágica. Tempo e paciência, são aliados em todos os setores de nossa vida. Por
isso a necessidade de estudar a historicidade sobre o estado Brasileiro e desenvolvimento
e formação das políticas públicas.
Na Unidade II, você irá agregar conhecimento sobre a Constituição de 1988 é a
Lei máxima do país, que descreve nossos direitos e deveres, que abrange não apenas nós
enquanto indivíduo, mas o Estado e toda a sociedade civil. Houve mudanças benéficas
nesse contexto, mas também pontos negativos que impactaram em nosso meio social,
econômico, cultural, religioso. A ruptura de ideias, desencadeou novos paradigmas
e conceitos. Mas vale a pena refletirmos se não estamos sendo complacentes demais.
Pensando na desordem e em um possível caos social.
Sequencialmente na Unidade III, falaremos a respeito do que é cidadania, seus
conceitos e história, quais os tipos de cidadania, como ela é vista e aplicada no Brasil.
Compreender essas premissas, nos conduzirá a diferenciar cidadania de democracia.
Nesse sentido, pergunto-lhe: para você cidadania e democracia são as mesmas coisas?
Ambos os termos são discutidos diariamente, mas entendo que é preciso compreender a
etimologia das palavras e fazer a leitura em nosso mundo real.
Em nossa Unidade IV, finalizaremos com o assunto participação social. Cabe
assim dizer que o Brasil, quiçá o mundo necessita desse engajamento da sociedade, para
que haja mudanças significativas para o cidadão brasileiro. Perdemos muitos de nossos
direitos, porque em um mundo tão acelerado como este capitalista, queremos exercer
nossos deveres, mas precisamos, no mínimo, não perder o que temos. Planejamento
governamental, algo que precisa ser entendido para que possamos opinar, debater, discutir
e mudar o caminho quando for necessário.
Um ótimo estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I....................................................................................................... 4
O Que é Estado?
UNIDADE II.................................................................................................... 23
Noção do Estado no Brasil
UNIDADE III................................................................................................... 41
O Que é Cidadania?
UNIDADE IV................................................................................................... 62
Participação Social
UNIDADE I
O Que é Estado?
Professor Mestre Jorge Alberto de Figueiredo
Plano de Estudo:
● Noção do conceito de estado;
● Conceito de Poder;
● Diferentes Tipos de Estado ao longo da História;
● Governança e Governabilidade?.
Objetivos da Aprendizagem:
● Estabelecer parâmetro sobre formalização do Estado historicamente;
● Compreender a importância do Estado e seu dever para com o povo;
● Conceituar o que é poder e suas implicações no cotidiano.
4
INTRODUÇÃO
Que bom continuar nossos estudos com temas tão relevantes como os que vamos
aprender. Por mais que sabemos, é certo que sempre temos mais a aprender. Conhecimento
é uma fonte inesgotável, flexível e inovadora. Sim! Inesgotável, porque o conhecimento é
contínuo, flexível porque a cada área agrega conceitos diversificados, tornando os conteúdos,
científicos, que desnudam a característica do senso comum. É inovadora, porque a evolução
é primordial quando falamos sobre sociedade, pois visivelmente ela se renova.
Nesta unidade trataremos de assuntos que você com certeza já ouviu falar, mas
vamos juntos aprender de forma mais detalhada sobre noções do conceito de estado,
conceito de poder, os diferentes tipos de estado ao longo da história e governança e
governabilidade. Os temas estão alinhados e refletem todas condutas atuais, nos cenários
políticos, sociais e econômicos.
Nosso objetivo é que você compreenda que para exercer o papel de cidadão é
crucial conhecer tudo o que envolve neste papel de agente ativo na sociedade, assim,
estabeleceremos parâmetro sobre a formalização do estado de forma histórica, a
compreensão da devida importância do Estado e o seu dever para com o povo e a
conceituação do que é poder, bem como suas implicações em nosso cotidiano. De forma
esclarecedora esta unidade abrange os conhecimentos que precisamos para desafiar a nós
e a nossa sociedade que detém o poder de escolhas políticas.
O que é Estado? Uma pergunta que no primeiro momento nós ficamos sem uma
resposta imediata. Isso é perfeitamente natural quando se trata de assuntos complexos e o
assunto Estado não é diferente. Mas é nas palavras de Hegel e Hobbes que podemos tirar
algumas conclusões sobre esse tema, visto que o assunto é para muitas reflexões. Para
Hegel o Estado é “substância ética consciente de si mesma”, uma frase simples, mas de
grande importância quando paramos e pensamos sobre o assunto. Essa frase de Hegel
abrevia uma enérgica e inovadora compreensão da sociedade humana, na história política
da humanidade.
O Estado é posto como uma ferramenta viva e essencialmente compacta de caráter
unitário, uma adequada família expandida. É o instante primordial e invencível da ética, é o
que de mais pronto e acabado que determinou o adiantamento da espiritualidade humana.
Assim nos ensina Hegel:
[...] O estado é substância ética consciente de si mesma, a reunião do
princípio da família e da sociedade civil; a mesma unidade que está a família
como sentimento de amor é essência do Estado, o qual, porém mediante o
segundo princípio da vontade que sabe e está vivo por sí só, recebe também
a forma da universalidade conhecida. Esta, pelas suas determinações,
que se desenvolvem no saber, tem como conteúdo a esse copo absoluto a
subjetividade que sabe; ou seja, quer essa racionalidade para si. [...] (HEGEL,
1980, p.162).
Você gostaria de ter poder? O que faria se assim o tivesse? Saberia lidar com as
demandas originadas dele? Existe um ditado popular que diz “quer conhecer uma pessoa
dê-lhe poder”. O nosso assunto de hoje, na dimensão sociológica, faz muito sentido. Atrelado
ao poder, vem grandes responsabilidades e um compromisso com o qual você está se
colocando à disposição para obtê-lo. Pois o poder possibilita o exercício da influência sobre
a conduta de outrem em uma relação social. Bobbio, define poder da seguinte forma:
Em seu significado mais geral, a palavra Poder designa a capacidade ou
possibilidade de agir, de produzir efeitos. Tanto pode ser referida a indivíduos
e a grupos humanos como a objetos ou a fenômenos naturais (como na
expressão Poder calorífico, Poder de absorção) (BOBBIO, 1995, p. 933).
Para Weber, poder é toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação
social, mesmo contra resistência, seja qual for o fundamento dessa probabilidade (WEBER,
1994,p.33)
Existem três formas de poderes: político, econômico e ideológico. Todos caminham
de forma conjunta ou isoladamente. O poder econômico está canalizado na classe dominante
interpondo a classe operária. Regra geral do capitalismo que dita tendências, que faz girar
todo mercado consumidor, em todos os ramos, alimentícios, vestuários, entre outros. O que
fica explicito a relação existente entre poder e dominação na visão de Weber (1999):
Quando falamos de poder na gestão pública fica mais evidente, pois o controle social
é a imposição de uma autoridade muitas vezes não alcançada, prevalecendo a coação para
com os indivíduos. Tudo faz parte do sistema e essa conduta reflete na sociedade. Por
sistema, segundo Eribon compreende-se:
um conjunto de relações que se mantêm, se transformam, independentemente
das coisas que os ligam. Foi possível provar, por exemplo, que os mitos
romanos, escandinavos, célticos mostravam deuses e heróis muito
diferentes uns dos outros, mas que a organização que os ligava (e essas
culturas se ignoravam mutuamente), suas hierarquias, suas rivalidades, suas
traições, seus contratos, suas aventuras obedeciam a um sistema único (
ERIBON,1996, p.141).
Você já deve ter ouvido falar sobre governança e governabilidade. Embora ambas
são parecidas, relativas à escrita, partindo da derivação “governo”, cada qual representa um
conceito. Vamos entender o conceito e suas particularidades para que possamos aprimorar
nosso conhecimento. Aliás, a Gestão pública deve aprimorar seus mecanismos para que
a governança e a governabilidade seja plena, por ser um Estado Democrático de Direito.
Cabendo ao povo exigir do governo, pois:
[...] é mais do que tempo de nos emanciparmos da crença ingênua de
que uma boa lei nos redimiria da tarefa de aplicá-la de forma adequada à
unicidade. Como bem pontua Grindle (2004, p. 525-548):de e irrepetibilidade
características das situações da vida, sempre individualizadas e concretas
(CARVALHO NETTO; SCOTTI, 2011, p. 134).
Para Santos:
A governabilidade refere-se às condições políticas, a capacidade e
legitimidade que um governo tem, isto é, está vinculada a ação do governo em
si, de “governar”. É equivalente à dimensão político-estatal no que concerne
a “[...] condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do
poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo,
as relações entre os Poderes, o sistema de intermediação de interesses” (
SANTOS,1997,P.342)
SAIBA MAIS
Compreendemos que o poder é algo desejado por muitos, mas nem todos têm a
capacidade de utilizá-lo. Pois no contexto sociológico e político, muitas vezes, o poder muda
as pessoas de forma a causar ineficiência em suas ações. O poder precisa ser conquistado,
por intermédio de uma boa governança, governabilidade e accountability.
Poder em gestão pública, em uma sociedade carente de manutenção, precisa
ser alicerçada pela execução de ações que são voltadas para a sociedade, revertendo a
demanda de dinheiro público, para saneamento básico, saúde, educação, esporte e lazer,
setores que contribuem para a qualidade de vida dos contribuintes.
Garantindo a legitimidade de escolha, assim os eleitores apoiam seus representantes,
pois aprendemos de forma muito superficial, sobre o que é cidadania em nossa idade
escolar e aprendemos na prática, quando precisamos enfrentar as mazelas sociais, com as
quais nos deparamos com a realidade tão massificante.
Assim podemos concluir sobre a importância do Estado, pois com seu fortalecimento
estrutura, mantém a soberania do povo. O Estado é um conjunto de organizações de
fins políticos e administrativos que tem o propósito de organizar para administrar sua
comunidade específica de suas delimitações territoriais. Para que o estado tenha força, é
necessário poder, pessoas e o espaço para governar.
Como aprendemos existem, vários tipos de estados e cada qual proveniente do
momento histórico necessário, então não podemos julgar com a mentalidade que temos
na atualidade. Mas é visto o amadurecimento intelectual que proporcionou o crescimento e
desenvolvimento, deste contexto tão significativo para o país.
É muito relevante aprender com cada tipo de Estado, pois, oferece as características
positivas e também contribuições não assertivas que servem como aprendizado para que
não cometamos os mesmo equívocos, mesmo que não controlamos o Estado, temos
conhecimento para não sermos controlados por ele.
LIVRO
Título: Estado, Governo e Sociedade: Fragmentos de um Dicionário
Político
Autor: Norberto Bobbio
Editora: Paz e Terra
Sinopse: O livro reflete sobre a crise atual mais sem dogmatismos,
visto de uma forma real, apontando formas de governo e Estado
e demonstra as possibilidades de reorganizar as bases de
convivência social por intermédio de reformas do Estado e da
própria política.
FILME/VÍDEO
Título: O Lobo de Wall Street
Ano: 2014
Sinopse: Um homem busca de forma correta cumprir seu papel ,
trabalha de forma exaustiva e pouco ganho, com a queda na bolsa
de valores, a crise o impõe o desemprego. Em meio ao caos ele
se reencontra com uma oportunidade de ganhar muito dinheiro e
de extremo poder, mudando sua vida radicalmente.
Plano de Estudo:
● Breve histórico do Estado Brasileiro e sua trajetória;
● A crise do Estado desenvolvimentista e Formação de Políticas;
● O Estado brasileiro após Constituição de 1988: as relações entre o Estado e Sociedade Civil;
● O estado contemporâneo e suas transformações: novos paradigmas de políticas públicas.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o histórico do estado brasileiro;
● Destacar a crise do Estado e as influências para a formação de Políticas;
● Conhecer a Constituição e as relevância entre Estado e Sociedade Civil;
● Compreender o estado contemporâneo e avanços nas políticas públicas.
23
INTRODUÇÃO
Com o Estado Novo na era Vargas é elaborada uma nova Constituição para o
Estado Brasil. Essa Constituição estava sob o caráter do autoritarismo de Vargas, tendo
como meta a modernização do Estado inserindo uma nova ordem social e econômica
inspirada no nacional-desenvolvimentismo. Tendo como líder, o próprio Getúlio Vargas
procura atender às reivindicações da classe trabalhadora, regulamentando a jornada de
trabalho bem como o lançamento da carteira de trabalho e a criação da CLT (Consolidação
das Leis do Trabalho). Com essa política de apaziguamento, mas com o controle total do
estado e Getúlio conquista a simpatia da classe trabalhadora e da burguesia industrial.
Essa nova forma de governar criou um acordo entre o Governo e as elites urbanas
para dar início a industrialização do Brasil. O Estado foi o principal agente investidor da
ação, e a visão implantada por Vargas permaneceu pelos anos seguintes, chegando até os
dias atuais. Foi nesse período que Vargas recebeu o apelido de “a mãe dos pobres e o pai
dos ricos ``, apelido que, segundo consta em suas biografias, o agradava muito.
Como foi exposto em parágrafo anterior com a instauração do Estado Novo, foi
imposta ao país nova Carta Magna, a Constituição de 1937, com um estilo autoritário,
centralizador e antidemocrático, o novo regime político no Brasil tornou- se inequívoco.
Foram suprimidos os direitos políticos e extinguiu o poder legislativo, ficando apenas o
poder executivo com o exercício das suas funções.
Parecem utópicas as palavras de Mannheim, alguns céticos riem ou, até mesmo,
fazem pouco caso sobre os novos modelos e desafios do Estado Contemporâneo. Pode
ser que estejam certos? Podem! Entretanto, todas as conquistas humanas em relação à
formação do Estado e das instituições democráticas sofreram chacotas e eram tidas como
devaneios filosóficos em épocas passadas. O tempo tem nos revelado o contrário.
REFLITA
(...) os valores de uma sociedade, sua cultura, suas convenções sociais, todos eles
desenvolvem-se de idêntica maneira, através do intercâmbio voluntário, da cooperação
espontânea, da evolução de uma estrutura complexa através de tentativas e erros.
Nesta Unidade, a prioridade foi falarmos sobre políticas públicas e suas formações,
porém, ainda existem muitos assuntos a serem aprimorados, no artigo que selecionamos,
demonstra que as Políticas Públicas no Brasil dependem da participação do setor privado
nas fases de planejamento e execução. A Constituição de 1988 traz que o processo de
acumulação de riquezas no Brasil depende do Setor Privado e, este, por sua vez, depende
da atuação do Estado na organização da economia. Dessa forma, as Políticas Públicas
somente ocorrerão se houver a reprodução desta relação na atuação do Poder Públicas
através das Políticas Públicas.
LIVRO
Título: Estado, Sociedade Civil e Cidadania no Brasil: Bases para
uma Cultura de Direitos Humanos
Autor: Enio Waldir da Silva.
Editora: UNIJUI.
Sinopse: Desde nosso nascimento buscamos conhecimento sobre
o mundo ao qual estamos inseridos, precisamos de tudo ao nosso
redor, das pessoas, terra, água, ar, energia. Mas sabemos que a
apropriação indevida no decorrer da história nos deixou limitados
a muitas coisas necessárias. Ou seja, a dominação do outro e
da natureza, além de fazer mal uso dos recursos que tanto são
relevantes à nossa vida. O que desfaz muito nossas perspectivas
futuras. Mas é preciso pensar a política na sociedade, a natureza
egocêntrica e solidária do ser humano e o conhecimento que
liberta (conhecimento-emancipação) como sendo o conteúdo de
uma cultura democrática é uma das contribuições deste livro.
FILME/VÍDEO
Título: Getúlio
Ano: 2013.
Sinopse: O filme retrata a intimidade de Getúlio Vargas e de
forma atual, como os representantes fazem seus conchavos
políticos,defendem seus interesses particulares, fazem do povo
uma massa de manobra e como suas ações são sempre em prol
de uma minoria.
Plano de Estudo:
● Breve Histórico do Conceito de Cidadania;
● Tipos de cidadania;
● Cidadania no Brasil;
● Concepções de cidadania e de democracia: encontros e desencontros.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar cidadania;
● Compreender os tipos de cidadania e como são conduzidas no Brasil;
● Estabelecer as singularidades de cidadania e democracia.
41
INTRODUÇÃO
Nesta unidade III, o termo mais descrito será cidadania. Parece um assunto repetitivo,
ou sem importância, mas pautado em sua singular definição, podemos refletir sobre a
grande complexidade que envolve a palavra e consequentemente a ação de um cidadão.
Viver em sociedade requer acima de tudo, ações individuais, mas as coletivas precisam
ser dinamizadas sempre para o bem comum. O individualismo impera e juntamente com
ela a ignorância, amplia o pré- conceito e divide as pessoas em grupos, o respeito nessa
premissa é relevante. E o mais perigoso, quando a pessoa se julga inteligente demais para
ouvir os outros, mantendo sempre suas ideias como as corretas.
Assim compreendemos de forma sucinta sobre o conceito de cidadania historicamente
falando, conhecer a história, nos faz entender e refletir melhor, tanto quando nos colocamos
no momento de estudo, assim como projetamos o futuro, pois o presente é fruto de
construções diárias. Exatamente como acontece em nossas vidas. Vamos construindo
nossos conhecimentos, passo a passo, em alguns momentos dependemos de outros, até
termos autonomia para caminhar o suficiente para aprender com os equívocos. Mas quando
sabemos o que precisamos fazer para evoluir e não fazemos, estamos sendo negligentes?
O termo cidadania, traduz uma amplitude em seus campos seja na área civil, política,
relações étinico-raciais e indígenas, cabe a nós definirmos cada processo envolvido nestas
estruturas sociais.Se pensarmos de maneira simples, tendo como exemplo a situação
do país, em relação à falta de emprego, corrupção, salários baixos, juros altos, estamos
e somos meros expectadores.Apenas acompanhando o balanço do barco. Não temos
controle! Como mudar? É possível?
Falar de cidadania no Brasil é sumariamente essencial, vivenciamos uma crise no
país e no mundo, referente a valores e éticas que antes norteiam nossas ações, enriquecia
as bases sociais, conforme tudo isso foi se perdendo, o indivíduo deixou de assumir o
seu verdadeiro papel na sociedade. Não estamos focando apenas em política, embora,
muitos não gostem, nossa vida é rodeada de ações políticas, seja elas de forma visível
ou não. Quantas pessoas você ouve dizer que irá fazer nas próximas eleições: “ Não vou
votar, nada muda!” ou “ Vou voltar em Branco ou anular meu voto!” A cidadania está sendo
exercida neste contexto? A quem ele estará prejudicando? O coletivo será afetado?
Como grande parte das palavras, cidadania vem do latim, que sintetiza a cidade.
Na antiguidade o conceito de cidadania era bem diferente do de hoje, cidadão era aquele
que morava na cidade e que fazia parte de classes sociais privilegiadas. O termo cidadania
é muito flexível, porque conforme a sociedade evolui o conceito acompanha, ou seja, é algo
dinâmico e direcionado. Mas o que se pode afirmar é que para quem acha que ser cidadão
é ter o direito de voto apenas, muito está enganado.
De acordo com COVRE (2010, p.11) quando se fala em cidadania:
[…] penso que a cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-
se de um direito que precisa ser construído coletivamente, não só em
termos do atendimento às necessidades básicas, mas de acesso a todos os
níveis de existência, incluindo o mais abrangente, o papel do(s) homem(s)
no Universo.
Falemos agora da luta de classes, sempre existiu e assim será para sempre. A
aqueles que buscam oportunidades, cada qual com sua história de vida, mas a realidade
é que as chances não são igualitárias. Homem e mulheres têm empregos iguais, salários
diferentes. Homem trabalha fora e mulher também e ainda, a essa demanda agregam
os trabalhos do lar (já houve uma mudança, mas não significativa), negros, transexuais,
bissexuais, poderia descrever inumeras categorias para comtemplar a luta de classes.
[...] desde o início de nossa formação histórica, uma classe dominante
que nada tinha a ver com o povo, que não era expressão de movimentos
populares, mas que foi imposta ao povo de cima para baixo ou mesmo de
fora para dentro e, portanto, não possuía uma efetiva identificação com as
questões populares, com as questões nacionais. Para usar a terminologia
de Gramsci, isso impediu que nossas ‘elites’ além de dominantes, fossem
também dirigentes. O Estado moderno brasileiro foi quase sempre uma
‘ditadura sem hegemonia’, ou para usarmos a terminologia de Florestan
Fernandes, uma ‘autocracia burguesa’. (FERNANDES, 1975, p. 289. apud
COUTINHO, 2006, p. 176).
No sentido mais amplo do termo da palavra cidadania, existe uma definição, mas
com um flexibilidade de alterações, a cada transformação de uma sociedade, o sentido se
torna mais amplo e direcionador de caminhos e possibilidades. A complexidade se torna
gigantesca pela quantidade de pessoas que fazem parte de imensa nação e consequente
realidades diversas que abre o leque para agregar ao termo cidadania cada vez mais
características.
Como mencionado no capítulo acima, jamais podemos entrelaçar, ou dar notoriedade
à cidadania, refletindo apenas em voto, eleições. Muitos pensam que ao votar, seu ato de
cidadão está realizado. Sim, esse seria um dos muitos compromissos para se alcançar
esse progresso. Nesse contexto, a pergunta que podemos fazer é: Somos pessoas que
buscamos nossos direitos? Como conquistamos nossos espaços neste país democrático?
Esse país e democrático? Você tem percebido o comportamento das pessoas ao seu redor,
cada vez mais conformado com tudo? Essas reflexões nos direcionaram para entendermos
melhor os tipos de cidadania e de nossos direitos. Sim, direitos, eles existem!
Hoje ao ler os noticiários é visto claramente que não buscamos nossos direitos, ir
às ruas, fazer panelaços, protestos, são atitudes momentâneas, digamos até explosivas,
para expor ideias. Isto é, acontecem e finalizam sem nenhuma conclusividade. Nenhum
objetivo alcançado. Em um país democrático, como o Brasil ( entendo como democrático
na lei, mas não na prática), a voz do povo ainda não é ouvida, falamos, e sempre os órgãos
mais nobres e eletivos que sentenciam a última palavra.
Existem três tipos de direitos: civil, político e os sociais, são distintos mas se
agregam. Todos eles estão incluídos na Constituição da República Federativa do Brasil
(1988) em forma de artigos. Os direitos civis são aqueles que dão oportunidade à vida,
liberdade, igualdade e propriedade, ensejando manifestação de pensamento, relações
estas que propiciam a manutenção da sociedade e se apresentam de forma individual,
ou seja, cada situação uma regra. Estão inseridos fatores sobre o casamento, heranças,
família, patrimônios, entre outros.
Os direitos políticos são os que garantem ao indivíduo a participação de um governo,
de suas decisões que devem ser voltadas sempre em prol da sociedade. Podendo votar, ser
votado, associar a partidos sem ser perseguido e/ou ameaçado e de protestar. E os direitos
sociais, que visam melhoria na qualidade de vida dos indivíduos, são benefícios coletivos,
como trabalho, saúde, transportes coletivos, programas habitacionais, lazer, educação,
aposentadoria entre outros. Agora que conseguimos entender a classificação dos direitos,
ficará mais simples compreendê-lo no contexto da cidadania. Podemos compreender que:
A cultura política refere-se às orientações especificamente políticas, às
atitudes relativas ao sistema político, às suas diversas partes e ao papel
dos cidadãos na vida pública. Neste sentido, é uma peça valiosa para a
legitimidade da democracia, uma vez que diz respeito a um conjunto de
valores que são importantes para a manutenção da estabilidade democrática.
O arranjo político-institucional garante o funcionamento da democracia mas
não é capaz de criar per se uma cultura política democrática ( ALMOND,
1992, p.36).
Muitos de nós fazemos como a imagem expõe, nos calamos e fingimos não
enxergar o que é tão visível aos nossos olhos. Ser cidadão, exercer a cidadania é falar,
discutir, expor, debater, construir bases sólidas para exercermos nossos direitos, derivando
tanto dos coletivos, quanto dos indivíduos. Mas para sermos cidadãos precisamos ter
conhecimento sobre assuntos que nos cercam,sejam eles nas esferas políticas, sociais,
econômicas, culturais, religiosas entre outros. O conceito sobre democracia foi sendo
construído, vejamos com as experiências dos Romanos:
Podemos verificar a estreita relação entre a cidadania romana e o conceito
moderno do termo: Como podemos avaliar a importância da experiência
romana para o conceito moderno de democracia? Para muitos estudiosos do
século XX, a República romana foi encarada como uma oligarquia corrupta,
uma aristocracia endinheirada, comparada negativamente com a Atenas
democrática do século V a.C. Nas últimas décadas, entretanto, estudiosos
têm mostrado que a vida política romana era menos controlada pela
aristocracia do que se imaginava e, de certa maneira, Roma apresentava
diversas características em comum com as modernas noções de cidadania
e participação popular na vida social. Os patriarcas fundadores dos Estados
Unidos da América tomaram como modelo a constituição romana republicana,
com a combinação de Senado e Câmara (no lugar das antigas assembléias).
A invenção do voto secreto, em Roma, tem sido considerada a pedra de
toque da liberdade cidadã. O Fórum pode ser considerado o símbolo maior de
um sistema político com forte participação da cidadania. Lá, os magistrados
defendem seus pontos de vista e tentavam conseguir o apoio dos cidadãos.
O poder dependia desse apoio, a tal ponto que grupos rivais competiam pelo
controle dos lugares em que os cidadãos se reuniam. Os romanos tinham
um conceito de cidadania muito fluido, aberto, aproximando-se do conceito
moderno de forma decisiva ( FUNARI, 2013, p. 76).
REFLITA
Temas antigos, com atributo discutível atuais. Assim podemos descrever essa unidade
estudada. As leis foram feitas para serem cumpridas, as denominações que estudamos
“cidadania” e “democracia”, são para entender suas concepções e objetividades e fazer cumprir
ao pé da letra. O que muitos buscam em outros países, quando saem do Brasil decepcionados
de forma geral com o país onde vivem e se submetem a serviços aquém de duas formações,
mas se deparam com um outro lugar, que permeia a democracia e a cidadania.
O que se espera de um lugar assim, articulações de ideias, desenvolvimento e
prosperidade, que gera uma qualidade de vida essencial. Mas para muitos é preciso “sair
da ilha para ver a ilha” , portanto sair da zona de conforto para compreender por meio de
um choque social, como se portar enquanto cidadão. Não é impossível que o Brasil alcance
esse patamar, mas, para isso, é preciso pessoas instruídas, não me refiro só ao estudo
formalizado com um diploma, pois, muitos não tiveram a oportunidade de estudo, mas
sabem da importância de se envolverem socialmente.
Para esse caminhar, a individualidade não pode fazer parte desse processo, pois,
a construção de um país democratico depende, de um trabalho coletivo, representantes
que se preocupam com a sua cidade, estado e nação. E que compreendam, por exemplo,
que o dinheiro que administram é do povo e para o povo. E, assim, a sociedade venha
a compreender que os representantes trabalham para proporcionar aos indivíduos
possibilidades de vida melhores.
Os atos democráticos vão além de eleições, são condutas que devem ser
estabelecidas cotidianamente, condutas que são necessárias em casa, no trabalho e
todo e qualquer meio ao qual pertencemos. Participar ativamente das mudanças que são
relevantes para o benefício de todos. O respeito em relação a ideias, pessoas, ponto de
vista, haja vista, somos uma nação com grande diversidade, o que provém uma pluralidade
de opiniões e todas são importantes para a construção de uma sociedade mais justa.
Agir como cidadão é saber que a participação e opinião de cada indivíduo é singular
e fundamental, pois realidades diversas que, somadas, correspondem à realidade, sobre
os preceitos que o país necessita. Se calar, achar que sua opinião não tem valor, concluir
que nunca haverá mudanças é simplesmente privar-se do direito de atuar no processo de
cidadania, estreitando a relação com a sociedade. E a deixando à mercê de indivíduos
que apenas buscam o poder para sua individualidade e ambições particulares. Praticar a
cidadania é querer mudança de forma democrática e justa.
LIVRO
Estado e Democracia: uma introdução ao estudo da política.
Autores: André Singer, Cícero Araújo e Leonardo Belinelli
Editora: ZAHAR
Sinopse: O livro nos possibilita entender o que que estado e
democracia, como ambas podem ser singulares e distintas, de
acordo com cada ângulo proposto, desencadeando um profundo
pensar político, que está envolto em nosso cotidiano.
FILME/VÍDEO
Título: Que Horas ela Volta?
Ano: 2015
Sinopse: O filme retrata grandes realidades às quais nos deparamos
no transcorrer de nossa existência. A personagem principal,
protagonizada por Regina Casé, deixa sua filha aos cuidados de
outrem, para trabalhar “fora” e manter o sustento e possibilitar uma
vida melhor para sua filha. Trabalha na casa de pessoas de nível
social elevado, cuidando do filho de seus patrões, passa anos da
sua vida neste contexto e não se dá conta da mecanização e forma
como é explorada, até sua filha vir morar com ela. Momento que a
faz refletir como as escolhas são necessárias para não repetirmos
os mesmos erros.
Plano de Estudo:
● O surgimento dos direitos do homem cidadão;
● Participação Social: O que é?;
● Participação Social no Brasil e suas complexidades;
● Participação cidadã e planejamento governamental.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar direitos e deveres do cidadão;
● Compreender o que é participação social e sua relevância para o progresso;
● Caracterizar a importância do planejamento governamental.
62
INTRODUÇÃO
Nossa última unidade IV, não menos importante, vamos compreender que
historicamente os direitos do homem são recentes, inclusive no tange à participação
das mulheres nas questões políticas, mas o direito pleno só é exercido quando temos
conhecimento sobre elas. A aprendizagem amplia nossa visão e nossos direcionamentos,
além disso, é muito importante destacar que os deveres servem para a formação da
cidadania. Você conhece seus direitos? Seus deveres, você os executa plenamente?
Precisamos pensar, pois, só podemos cobrar do outro, quando nossa conduta está alinhada.
Discutiremos sobre participação social, como a própria denominação conclui , remete
à envolvimento, discussão, debates, e ao englobar o conceito social, configura o pensar
coletivo, sempre voltado para o bem-estar e com olhar atento quanto ao presente e ao futuro
de um povo, de uma nação. Mas o que você entende de participação social? Reflita para que
no decorrer de nossos estudos, possamos aprimorar ou redescobrir novos conceitos.
Falar de participação social no Brasil, requer um raciocínio muito bem trilhado,
sobre esse movimento. Estar nas ruas, falar o que se pensa sem conhecimento de causa
nas redes sociais, não sintetiza participação social. Se envolver com causas sociais que
temos afinidade, buscar conhecer, fatos, ampliar em nossa rede de contatos conhecimento
que transborde para os demais, uma bagagem para tomada de decisões, não apenas
pautadas no senso comum.
A complexidade referente à participação na sociedade, tem inúmeros, dissabores,
mas a questão consiste em indivíduos com comportamentos e pensamentos diversos, que
conduz a ideias diferentes e opiniões contrárias. E a dificuldade em ouvir o outro, em aceitar
a opinião do outro é um grande obstáculo de evolução para a sociedade. Adaptar-se é
sempre necessário, as mudanças acontecessem e nem sempre estão ao nosso favor, mas
é preciso ter uma visão de que, sempre é possível alterar o rumo de nossas vidas.
Quando falamos em participação cidadã e planejamento governamental, precisamos
ter a visão de que tudo que envolve política, o cidadão precisa estar engajado, para que
de fato seu voto tenha validade funcional. Isto é, quando votamos, não votamos de forma
específica no candidato, mas nas propostas, e precisamos acompanhar essas propostas
para que de fato, aconteçam. O trabalho governamental é para o povo, mas, infelizmente,
para muitos cidadãos e políticos, tudo acontece ao inverso. Exigir seus direitos, praticar
seus deveres é um ato de cidadania.
Falar em direitos é muito difícil. Pensando no Brasil a dificuldade fica muito mais
ampla. Vejamos que esta reflexão tem duas frentes para pensarmos. De um lado uma
sociedade que requer seus direitos e não exercitam seus deveres ( não é uma maioria, mas
essa parte populacional, proporciona ranços no progresso social, cultural e econômico).
Do lado oposto representantes políticos, religiosos, sociais, buscando alcançar
seus interesses particulares, finge desconhecer os direitos da população, ocultando o que
deveria ser base para a construção da dignidade humana. Moradia, saneamento básico,
sistema de saúde eficiente, educação com qualidade,trabalho entre outras descrições.
Não podemos deixar de destacar trechos fundamentais incluídos em nossa Constituição da
República Federativa do Brasil, para comprovar o que afirmamos:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição
(BRASIL, 1988, Art 1º ).
Você conhece a parte da Constituição que tange ao Título II, Dos Direitos e
Garantias Fundamentais, Capítulo I, Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos? Muito
provável que não! Pois sabemos que temos direitos, mas não sabemos ao certo quais são!
Um grave erro nosso! Como lutar para ter aquilo que desconheço? Como posso ser ativo,
participativo na sociedade, se não sei o que ela espera de mim? Vejamos o que afirma este
artigo constitucional:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade (BRASIL, 1988, Art.5º ).
É relevante ressaltar alguns pontos do artigo, citado acima, que a lei já existe,
cabendo a nós de forma coletiva, por intermédio da participação cidadã, buscar de nossos
representantes, a execução de ações que de fato garanta nossos direitos sem distinção e
diferenças. Você lembra do título deste capítulo que estamos estudando? O surgimento dos
direitos do homem cidadão!
Iniciei destacando direitos adquiridos, mas para alcançarmos esse sucesso foi
preciso tempo e no contexto histórico é recente. Graças aos representantes da França em
1789, que ao se incomodarem com o grande desprezo com que era tratado as necessidades
da classe menos favorecida, em Assembleia Nacional, fez surgir a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, garantindo os direitos individuais e coletivos.
Compreender o significado de cada palavra do título, nos faz de forma mais explícita
entender o assunto. Participar tem o intuito de se envolver, interagir, estar presente e social
está ligado à sociedade. Somatizando participação social, nada mais é que estar presente
nas resoluções, decisões e diálogos entre a sociedade e os representantes governamentais,
ao que se refere às políticas públicas. Cabendo aos indivíduos que compõem a sociedade
fiscalizar os representantes que foram escolhidos, fazendo cumprir as promessas de
campanhas. Rios define participação desta maneira:
Lema e tópico central em programas e doutrinas reformistas generalizadas
a partir dos anos 60, quando se pensou em contrapor à massificação, à
centralização burocrática e aos monopólios de poder o princípio democrático
segundo o qual todos os que são atingidos por medidas sociais e políticas
devem participar do processo decisório, qualquer que seja o modelo político
ou econômico adotado (RIOS, 1987, p. 869).
Muitas são as complexidades para que haja de fato a participação social no Brasil,
mas nada que impeça que aos poucos, a participação seja ampliada, pois, não ocorrerá
como um passe de mágica. As pessoas precisam ver essa participação como algo necessário
para a melhora em sua qualidade de vida. Podemos assim estabelecer alguns percalços:
● Desigualdade Social e Econômica;
● Hierarquias políticas atreladas a culturas autoritárias;
● Falta de clareza com relação às políticas públicas;
● Resistência dos governantes e falta de engajamento;
● Pouco envolvimento por parte da população;
● Fragilidade em torno dos vínculos populares.
Ao discutirmos sobre desigualdade socioeconômica, nos deparamos com uma
grande gama de aspectos que originam nas classes sociais que são subdivididas e entre
si se confrontam em torno do que é melhor para cada grupo. Justamente devido às classes
sociais que surgiram os movimentos sociais. Grupos minoritários em busca de seus ideais,
pois podemos ver que:
Os números sobre a concentração de renda no Brasil são claros ao evidenciar
a dimensão das desigualdades. Os dados apontam que o 1% mais rico
da população brasileira recebe, em média, mais de 25% de toda a renda
nacional; os 5% mais ricos detinham, em 2017, a mesma fatia de renda dos
demais 95% da população brasileira. Esses dados tornavam o Brasil o país
com maior concentração de renda do mundo no 1% da população mais rica
(OXFAM BRASIL, 2017; SOUZA e AVRITZER, 2016).
Ainda existem governantes com a concepção de que o povo é uma “massa de ma-
nobra”, concordo com eles, no sentido que isso acontecesse, de fato, se quisermos que
aconteça. Mas a centralização de poder e o autoritarismo rege muitas governanças. O que
deveria ser feito, com base no poder constituído de representante do povo. Mas esse poder é
construído pela prática de bons usos da gestão pública. Assim a governabilidade é confiável.
Para que a sociedade se manifeste, participe é relevante que ela saiba com
objetividade, todas as deliberações, normativas, práticas para as diversas áreas: saúde,
esporte e lazer, educação, assistência social. É preciso saber a intenção dos representantes
legais do povo em como querem fazer uso do dinheiro, o cidadão deve participar, dar ideias,
tem o direito de discordar e o dever de fiscalizar após implantado as decisões.
Por resistência de muitos representantes, as articulações são feitas pelos bastidores,
mascarando todas as ideias reais e, muitas vezes, quando damos conta, as informações
estão expostas nas manchetes. Desvios, desfalques, corrupção, subornos entre muitos
delitos encobertos.Que se aproveitam da não participação pública, tornando mais fácil a
ocultação de verbas públicas e suas aplicações.
O etnocentrismo existe muito nas gestões públicas, representantes que se julgam
pseudo sábios, que não aceitam outras ideias e que, para que as ações aconteçam precisam
girar em torno de suas premissas, de suas filosofias, mesmo que de forma arcaica ou
equivocada. O que prevalece são seus pensamentos.
Além disso:
Mesmo quando se superam as dificuldades estruturais, a resiliência da
população ainda encontra outros tipos de obstáculos. Além do já mencionado
risco de distanciamento da liderança social de sua base, fato que acaba se
concretizando em grande parte das situações, levando a um fortalecimento
do ator participante mas não de sua base popular (BAVA, 2001, p. 33-40),
Subtende-se que participar é uma ação, que pode ser relativa, considerando a
individualidade de cada pessoa. Uns se envolvem mais que os outros e a forma de avaliar,
também se estreita por ser cada ação uma meta diferenciada. Mas o que fica explícito é que
para que haja democracia, a cidadania precisa se fazer presente e para que isso ocorra,
a participação cidadã é relevante. Você já ouviu falar sobre participação cidadã? É bem
simples, segundo Milani:
A participação social cidadã é aquela que configura formas de intervenção
individual e coletiva, que supõem redes de interação variadas e complexas
determinadas (provenientes da “qualidade” da cidadania) por relações entre
pessoas, grupos e instituições como o Estado. A participação social deriva
de uma concepção de cidadania ativa. A cidadania define os que pertencem
(inclusão) e os que não se integram à comunidade política (exclusão); logo,
a participação se desenvolve em esferas sempre marcadas, também, por
relações de conflito e pode comportar manipulação. (2008, p. 560).
De nada adianta criar denominações e não abrir espaço em pautas para que a
cidadania seja exercida, nas áreas em que os cidadãos são os que mais sabem realmente
o que precisa nas áreas da saúde, educação, esportes entre outros. Porque sua vivência
em meio à realidade lhe impõe uma certa clareza em suas opiniões, pois, por estar inserido
no contexto, consegue sentir em seu dia a dia a falta de planejamento e ações que de fato
contribuam para a melhora da qualidade de vida.
Nesse sentido, os movimentos sociais desempenham um papel fundamental
na “institucionalização da diversidade cultural” e na “ampliação do político,
pela transformação de práticas dominantes, pelo aumento da cidadania e
pela inserção na política de atores sociais excluídos” (SANTOS; AVRITZER,
2002, p. 53).
REFLITA
“Nós somos responsáveis pelo outro, estando atento a isto ou não, desejando ou não,
torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão de que, em nosso mundo
globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de todo
mundo e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam de fazer) acaba afetando nossas
vidas.” (Modernidade Líquida, Bauman, 2001)
Passamos o tempo todo em busca de nossos ideais, nossos direitos, façamos, então,
uma reflexão de como era antes de nossa existência, o quanto as pessoas precisavam lutar
para conquistar seus espaços e ter seus direitos alcançados, uma grande trajetória, cada
conquista, um avanço. Mas nada acontece de um dia para outro. Nada acontece sem luta.
Não diferente de nossas decisões pessoais, nossos objetivos, traçamos metas
e estabelecemos um caminho, que sempre é seguro e precisamos sempre buscar rotas
alternativas. A longo prazo, com a experiência e maturidade conseguimos vislumbrar o tanto
que percorremos. Aprendemos com todas as lições, independente de ser boas ou ruins.
Direitos adquiridos devem ser preservados, cabendo à sociedade, aos indivíduos
que a compõem lutar pela sua manutenção. Direitos devem ser ampliados e não retirados,
cabendo por intermédio da participação social a fiscalização se os direitos dos cidadãos
estão assegurados.
No Brasil a participação social é algo muito recente e que precisa galgar muitos
espaços para se constituir de forma legítima a ação das pessoas. Fica claro que quanto
mais pessoas instruídas o país tiver, mais envolvimento qualitativo e atuante teremos. Isso
porque o conhecimento contribui para debates e reflexões que de fato, tragam possibilidades
para a melhora nas políticas públicas.
Porém, há uma complexidade, no que se refere à participação social, pois, a voz da
sociedade nem sempre é ouvida. Permanece os interesses da minoria, os privilégios são
para um grupo pequeno. Sofrendo, assim, as massas, as consequências de uma sociedade
que ainda não se faz participativa como deveria.
Para que cidadania e democracia sejam de fato algo real e concreto no Brasil é
preciso planejamento de nossos representantes, oportunizando à sociedade a participação
e tomadas de decisão, para que possam vislumbrar suas ações, sendo agregadas nas
transformações sociais e que delas se sobressaiam oportunidades de crescimento e
desenvolvimento futuros.
LIVRO
Título: Gestão e Governança Pública Para Resultados: Uma visão
prática
Autor: Cláudio Sarian
Editora: Forúm
Sinopse: o livro tem a premissa de ofertar sugestões com caminhos
que contribua para os agentes públicos agir em seus respectivos
âmbitos de atuação para que alcance resultados significativos tendo
como objetivo a sociedade. De maneira singular aborda aspectos
práticos e reais na área da gestão pública e expondo ideias e
sugestões para ter estratégias estruturadas e condizentes. E para
quem não atua na área compreender como funciona o sistema de
gestão pública e como participar socialmente neste contexto.
FILME/VÍDEO
Título: Sangue Negro
Ano: 2007
Sinopse: Virada do século XIX para o século XX, na fronteira da
Califórnia. Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) é um mineiro de
minas de prata derrotado, que divide seu tempo com a tarefa de
ser pai solteiro. Um dia ele descobre a existência de uma pequena
cidade no oeste onde um mar de petróleo está transbordando do
solo. Daniel decide partir para o local com seu filho, H.W. (Dillon
Freasier). O nome da cidade é Little Boston, sendo que a única
diversão do local é a igreja do carismático pastor Eli Sunday (Paul
Dano). Daniel e H.W. se arriscam e logo encontram um poço de
petróleo, que lhes traz riqueza mas também uma série de conflitos.
O poder começa a fazer parte de seu cotidiano e o faz mudar
causando sua ruína.
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86
CONCLUSÃO GERAL
Prezado(a) aluno(a),
Quando iniciamos um estudo, temos sempre uma preocupação sobre os resultados
que poderemos alcançar, as expectativas são as mais altas possíveis, até porque os
contratempos, sabemos que são inevitáveis. Assim, quando chegamos à conclusão
sabemos que é uma etapa vencida, superamos a nós mesmos e por sequências os
obstáculos diários. Mas o estudo, a aprendizagem, nunca se conclui, pois, aprender é um
ciclo constante e enriquecedor.
De forma muito didática, produzi o material para que você tivesse a oportunidade
de resgatar antigos e adquirir novos conceitos, os exemplos e o linguajar metodológico,
me faz acreditar que tenha sido, uma leitura acessível e dinâmica. Da mesma forma que
os conhecimentos que se renovam todos os dias. Os assuntos trabalhados sobre Estado
e Cidadania, a sociedade está em processo de evolução e os assuntos pertinentes a esta
disciplina também.
Explanamos sobre conteúdos necessários e atuais, que acreditamos serem base
para o exercício pleno da cidadania, momento em que o cidadão participa de forma ativa
e consciente da sociedade. Isso porque entendemos que reclamar apenas não resolve, é
preciso agir. E não reagir após um caos instaurado.
Pensando dessa forma, explicitamos sobre a cidadania no Brasil, conceituamos
democracia, falamos sobre direitos humanos, tendo a Constituição nossa base de
entendimento sobre direitos e deveres, participação social, participação cidadã e
planejamento governamental.
O Estado depende de nós enquanto cidadão e devem trabalhar para nós, a nosso
favor. Cabendo a fiscalização para a execução das ações políticas, por parte da sociedade.
Deixando evidente que o voto não é o único caminho para exercer a cidadania, mas um
meio de escolhermos bons representantes para que tudo o que estudamos seja de fato
significativo. Para colhermos os frutos de um país de fato democrático.
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