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Aprendizagem e Múltiplas
Inteligências
Professor Me. Frank Duarte
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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UNIDADE I....................................................................................................... 3
Neurofisiologia
UNIDADE II.................................................................................................... 21
Neurofisiologia da
Aprendizagem e Memória
UNIDADE III................................................................................................... 39
Inteligências Múltiplas I
UNIDADE IV................................................................................................... 59
Inteligências Múltiplas II
UNIDADE I
Neurofisiologia
Professor Me. Frank Duarte
Plano de Estudo:
● Introdução à neurofisiologia;
● Bases neurobiológicas gerais da neurofisiologia.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o funcionamento neurofisiológicos
e suas bases neurológicas;
● Compreender como ocorrem os processos psicológicos
da memória e aprendizagem;
● Alavancar as contribuições da Teoria das Inteligências Múltiplas
no processo educacional.
3
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar quantos pensamentos passam pela sua cabeça por
dia? Quantas decisões tomamos e os inúmeros comportamentos, sensações e emoções?
Seu telefone toca, você atende. Do outro lado da linha alguém diz que você recebeu um
prêmio e que precisa comparecer na loja para retirar. Neste momento você dá um grito de
felicidade, chama todos da casa e conta o que aconteceu. A felicidade toda conta e vocês
vão buscar o prêmio. Uma situação simples desta, é uma espécie de pintura da ação do
sistema nervoso central, ou seja, nosso comportamento é uma ilustração do que ocorre
dentro do nosso cérebro.
Quando vemos alguém feliz, (a pintura), não conseguimos dar conta de perceber o
que ocorre no nosso corpo para que o resultado seja este. Reações químicas transmissões
sinápticas, conexões neurais, descargas de neurotransmissores, ativamento de áreas do
cérebro, liberação de hormônios e respostas fisiológicas, são apenas alguns dos fenôme-
nos que acontecem no corpo humano, e todos eles advindo do cérebro.
Agora imagine. Como pensar no desenvolvimento humano e no cenário educacional,
sem compreender este funcionamento interno, suas consequências e desdobramentos?
O processo educacional se fundamenta nessa capacidade de evolução e especialização
contínua do sistema nervoso, sistema este que apreende o todo dá significado ao mundo e
o transforma através de suas ações, de seu comportamento. Como o cérebro funciona? É
exatamente isso que vamos conhecer nesta unidade.
UNIDADE I Neurofisiologia 4
1. INTRODUÇÃO À NEUROFISIOLOGIA
UNIDADE I Neurofisiologia 5
A) Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso Central é o tecido nervoso que envolve a caixa craniana e a
coluna vertebral, reconhecidos como cérebro e medula espinal, este tecido está na área
externa dos ossos, que são nervos cranianos, os nervos espinhais e nervos dos órgãos
sensoriais. (HALL, 2017).
Possui dois outros sistemas distintos, sendo o Sistema Nervoso Somático (SNS)
ao qual recebe informações sensoriais músculos e da pele que envia mensagem aos
músculos esqueléticos e o outro o Sistema Nervoso Autônomo (SNA), que envolve os
órgãos e glândulas do corpo. O SNA tem duas ramificações: I) sistema Nervoso Simpático,
responsável pela excitação do corpo por meio do aumento da frequência cardíaca, onde
libera a adrenalina e suprime o sistema digestivo (consome energia); II) Sistema Nervoso
Parassimpático, no qual tem a função de diminuir a frequência cardíaca e facilita a atividade
do sistema digestivo (reserva energia). (CARDINALI, 1992).
Conforme Cosenza (2011), o sistema nervoso forma-se entre a terceira e a quarta
semana de fecundação, dando origem ao primeiro sistema do corpo humano. Embora seja
o amadurecimento dos neurônios que promovam a formação de sinapses (conexões entre
os neurônios), o recém-nascido é pobre em sinapses, no entanto, o cérebro infantil possui
uma quantidade exagerada de sinapses que continua aumentando até o início da adoles-
cência. É aqui que se iniciam os processos diminutivos das conexões com a finalidade
de reorganizar a estrutura cerebral, já que a capacidade de aprender está relacionada à
quantidade de sinapses.
Neste momento ocorre um processo denominado de sinaptogênese, o que hoje
sabemos sobre este fenômeno, está relacionado às pesquisas com macacos, sugerindo
sua grande importância nos três primeiros anos de vida, quando ocorre a poda neural.
As mudanças estruturais, chamadas de períodos críticos, incluindo a sinaptogênese e a
poda neuronal, são eventos relevantes na educação, considerando que uma vez perdida a
chance de atuar nos períodos críticos, não haveria como ocorrer o aprendizado.
O encéfalo humano, ou cérebro propriamente dito, está localizado envolto de
uma estrutura de ossos (interior do crânio), o qual é protegido por um conjunto de três
membranas, que são as meninges. Ele é constituído por células neurais conhecidas como
neurônios, que possuem um corpo celular, composto de núcleo (onde está o DNA) e da
maior parte do citoplasma.(BEAR; BW, 2017)
Esta célula possui grandes prolongamentos, chamados de dendritos, que são áreas
receptoras de estímulos, e o axônio, por onde o impulso nervoso é propagado para longe do
corpo celular. Os corpos celulares estão localizados em áreas restritas do sistema nervoso
central (encéfalo e medula espinhal) e dos gânglios, enquanto os seus prolongamentos
se distribuem por todo o corpo em feixes chamados nervos, o que constituem o sistema
nervoso periférico.
UNIDADE I Neurofisiologia 6
FIGURA 01 - SISTEMA NERVOSO HUMANO
O sistema nervoso central é constituído pela medula espinhal e pelo encéfalo, o qual
se situa dentro da caixa craniana, enquanto a medula espinhal percorre o canal medular da
coluna vertebral. Olhando no percurso do final de medula para o crânio, o encéfalo se inicia
por um conjunto de estruturas antigas que já existiam nos vertebrados mais primitivos, o
chamado tronco cerebral (composto de bulbo, ponte e mesencéfalo) e o cerebelo que se
aloja “a cavaleiro” sobre o tronco cerebral. O tronco cerebral se liga diretamente à medula
espinhal e, por meio dessa, exerce efeitos fundamentais no controle de muitas de nossas
funções internas básicas como a regulação da respiração, da pressão arterial, do funcio-
namento cardíaco e da digestão. (HALL, 2017). O cerebelo, por outro lado, é fundamental
na regulação de nossos movimentos externos, garantindo a sua coordenação e o nosso
equilíbrio postural.
UNIDADE I Neurofisiologia 7
B) Neurônios
Como todo o corpo humano que é constituído de células, o cérebro também possui
seu repertório, sendo as células nervosas chamadas de neurônios e as de suporte deno-
minadas células da glia. Acredita-se que cada cérebro possui aproximadamente 86 bilhões
de neurônios e mais de 20 milhões de neurônios na célula espinal. Já o número das células
glias chegam a 84 bilhões.(LENT, et al. 2012.).
Estas células têm uma função extremamente importante na função do cérebro,
pois se comunicam e fazem uma transmissão de dados entre elas, o que resulta na
propagação e manutenção de informações que servirão de base para o funcionamento
da aprendizagem e da memória.
Considera-se que todo neurônio possui em miniatura a capacidade integradora de
todo o sistema nervoso, podendo transformar a informação e transmiti-la a outros neurônios.
O centro do neurônio é chamado de corpo celular (ou soma ou pericário). Dentro do corpo
celular tem um núcleo, e dentro do núcleo tem um nucléolo. O núcleo é grande e torna o
neurônio claramente distinto de outras células do SN. (BEAR; BW, 2017).
Estas conexões são chamadas de sinapses estima-se que ocorram no mínimo 100
trilhões de conexões neurais em um adulto, ocorrendo por meio de sinais elétricos, na
qual estes impulsos nervosos direcionam ao longo de grandes distâncias em milésimos de
segundos, percorrendo entre o SNC, SNP e SN. São tantas conexões que Gerald Edelman,
um neurobiólogo vencedor do Prêmio Nobel, estimou que levaria 32 milhões de anos para
contar o número de sinapses no Sistema Nervoso Central.
Para que possam manter-se unidos os neurônios, o próprio cérebro conta com a
células de suporte (células da glia), que atendem às necessidades dos neurônios para que
se mantenham promovendo a sinapses, o que requer que se tenha as mesmas quantidades
de neurônios e células gliais. (COSENZA, 2011).
Durante muito tempo acreditou-se que nós humanos ao nascermos já possuíamos
uma quantidade determinada de neurônios e que ao longo da vida perdiam-se, chegando
à velhice com uma perda considerável, o que justificava as demências, ou como eram
chamados a “caduquice”.
Atualmente sabe-se que as células neurais são produzidas ao longo de todo o
desenvolvimento humano, tendo picos em faixas etárias e declínios em momentos específi-
cos, o que justificam e nos permite compreender as demências que vem com a idade, como
o caso da senescência e as degenerativas como o Alzheimer.
UNIDADE I Neurofisiologia 8
Ao contrário de outras células do corpo, eles não podem ser “regenerados” após
seu tempo de vida útil, hoje com os achados da neurobiologia é possível pensar a reprogra-
mação cerebral por meio da neuroplasticidade. Não obstante, como todo sistema funcional,
para que novas conexões sejam possíveis com novos neurônios, é necessário que se tenha
a finitude de conexões e neurônios desgastados.(CARDINALLI, 1992).
Na imagem a seguir é possível compreender como é a estrutura anatômica de um
neurônio e ilustrar como funcionam suas partes. Para atender a essas tarefas, o neurônio
é assim organizado: (I) um segmento receptivo (dendritos e corpo celular); (II) um seg-
mento condutor (axônio); e (III) um segmento efetor (sinapse). (KANDEL et al., 2014).
(I) Segmento receptivo: Normalmente, existem vários dendritos que se estendem
a partir do corpo celular, mas apenas um axônio. Os dendritos podem se ramificar para
formar uma massa de processos dendríticos. Isso é vantajoso, porque o papel dos dendri-
tos é receber sinais de outros neurônios. Os dendritos também podem ter neles pequenos
espigões ou espinhas, que aumentam sua área de superfície e, portanto, permitem que
mais informações sejam recebidas.
(II) Segmento condutor: O axônio é responsável por levar o impulso nervoso a
outros neurônios. Os axônios podem ser curtos ou muito longos (o mais longo é pouco mais
de 1 m). A vantagem de ter axônios de diferentes comprimentos é que permite que eles se
comuniquem com neurônios que estão muito distantes ou muito próximos do axônio (KAN-
DEL, 2014). O axônio deixa o corpo celular em um ponto chamado de Cone de implantação
ou o segmento inicial ou zona de disparo. No final do axônio há um ligeiro alargamento
semelhante a um botão chamado terminal axonal.
(III) Segmento efetor: Isso também tem vários nomes, incluindo botão terminal ou
botão sináptico. O terminal axonal normalmente é encontrado perto do neurônio que recebe
a mensagem do axônio.
FIGURA 02 - ESTRUTURA E COMUNICAÇÃO DOS NEURÔNIOS
UNIDADE I Neurofisiologia 9
A comunicação sináptica ocorre por meio da liberação de substâncias químicas
conhecidas como neurotransmissores que são liberados através de impulsos nervosos, no
espaço conhecido como fenda sináptica.
O neurônio é cercado por fluido extracelular, assim chamado porque existe fora
da célula (este também é conhecido como fluido intersticial). O fluido dentro da célula é
chamado de fluido intracelular. Vários processos se estendem a partir do corpo celular que
recebe ou envia sinais elétricos. Estes são chamados de dendritos e axônios (HALL, 2017).
O ponto de contato entre o botão do terminal e o outro neurônio é chamado de si-
napse. É aqui que a informação é enviada de um neurônio para outro. No SNP, os botões
terminais podem formar sinapses com células musculares (OLIVEIRA; LENT, 2018). A comu-
nicação na sinapse é possível graças à liberação de substâncias químicas conhecidas como
neurotransmissores. Estes são armazenados nas vesículas sinápticas do botão do terminal.
C) A Mielinização
Constantes processos estão presentes no funcionamento cerebral, no entanto o
axônio é um dos processos mais importantes da célula, estando envolvo de uma membrana
axonal. Normalmente estão cercados de uma bainha de mielina, que é composto por várias
camadas de gordura (lipídios), cerca de 80% e 20% de proteínas que formam a mielina, no
qual tem a função de “isolar” os axônios do que está a sua volta. O distanciamento permite
reduzir a perda do fluxo de corrente do axônio para o fluido circundante, além de ajudar a
condução rápida de impulsos nervosos.(KANDEL, 2014)
Quanto maior a espessura da bainha, mais ligeiro é a velocidade da condução do
sinal, desta forma pode-se ter axônios mielinizados (cobertos) e não mielinizados (não co-
bertos). No caso de patologias que envolvem o sistema nervoso, como esclerose múltipla ou
esclerose lateral amiotrófica os axônios sobre a desmielinização da bainha, promovendo o
retardamento considerável da condução do sinal ou interrompê-lo por completo. (HALL, 2017)
A bainha de mielina tem formato cilíndrico o que produz uma aparência esbran-
quiçada, por conta do teor de gordura, produzida por um tipo específico de célula da glia
chamada de oligodendrócito. A mielinização inicia desde o nascimento e continua até a
idade de dois anos, potencialmente terminando durante a adolescência ou a idade adulta.
(OLIVEIRA; LENT, 2018)
UNIDADE I Neurofisiologia 10
O potencial de ação é produzido por partículas carregadas chamadas íons, que pas-
sam através da membrana celular. O líquido extracelular e intracelular contém íons que são
carregados positivamente (cátions) ou carregados negativamente (ânions). A frase familiar
“os opostos se atraem”, tem sua origem na química eletrolítica, por que enquanto os íons car-
regados de forma semelhante se repelem, os íons carregados de forma diferente se atraem.
A força produzida por essa repulsão e atração é chamada de pressão eletrostática.
Existem muitos íons diferentes distribuídos de forma desigual dentro e fora da membrana
celular (intracelular e extracelularmente). É essa distribuição que dá à membrana. A mem-
brana possui uma carga elétrica, pois existem íons positivos e negativos dentro e fora da
membrana celular (FUJITA, 1988, apud OLIVEIRA; LENT, 2018).
Partindo do preconceito social em relação à quem é de humanas ou de exatas, geral-
mente os que buscam o campo da educação, com exceção das áreas de matemática, física
e química, os demais fogem forte de cálculos. Pois bem! Já pensou que na pós graduação,
reencontraria o terror do ensino médio, os benditos elementos químicos da tabela periódica.
A membrana é seletivamente permeável aos íons, ou seja, permite apenas certos
íons. Talvez os íons mais significativos sejam Na (sódio), K+ (potássio), Ca²+ (cálcio) e
Cl- (cloreto).Os íons de potássio, sódio e cloreto são encontrados em fluidos extracelulares
e intracelulares, embora haja mais potássio no fluido intracelular e mais sódio e cloreto no
fluido extracelular. O cloreto é o ânion extracelular mais proeminente. Os tipos de abertura
dos canais iônicos que são controlados por neurotransmissores são chamados de trans-
missores ou ligantes (OLIVEIRA; LENT, 2018).
UNIDADE I Neurofisiologia 11
Alguns canais são regulados pela magnitude do potencial de membrana. Esses
canais são chamados de canais iônicos sensíveis à voltagem ou voltagem-dependentes,
e são estes que são responsáveis por produzir o potencial de ação. A permeabilidade da
membrana, isto é, a capacidade de permitir que o potássio entra ou sai, depende não só de
quantos canais existem, de como eles não são distribuídos e de quanto eles abrem, mas
também do gradiente de concentração do íon. Quanto mais concentrado for, maior o fluxo
de íons (RADANOVIC; KATO-NARITA, 2016 ).
UNIDADE I Neurofisiologia 12
2. BASES NEUROBIOLÓGICAS GERAIS DA NEUROFISIOLOGIA
pende de uma série de mecanismos que o cérebro se desdobra para fazer, com o objetivo
(SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP), sendo o primeiro responsável por receber e
enviar impulsos elétricos, formado pelo encéfalo e medula espinhal, e o segundo, por sua
vez, composto por nervos e gânglios (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2014). O SNC pode ser
compreendido por meio de quatro lóbulos: Frontal (funções executivas), Temporal (linguagem
derando o fluxo desde a percepção do estímulo até a resposta por meio de comportamento.
Cosenza (2011), nos apresenta como funcionam estes fluxos e suas etapas:
a) O primeiro passo, ocorre nos nossos órgãos de sentido, que percebem a informa-
ção e impulsos elétricos são enviados para o cérebro, sendo recebido pelo SNC;
UNIDADE I Neurofisiologia 13
b) No momento seguinte as regiões da comunicação, farão o processamento e
identificação do estímulo/objeto, e ao mesmo tempo, buscará na memória os
sentimentos e emoções;
c) Na sequência os impulsos recebidos no cérebro, em conjunto com a memó-
ria, produzem hormônios e ativam os neurotransmissores, de acordo com o
armazenamento. Se for algo positivo, reações positivas, memórias negativas,
pensamentos negativos;
d) Na quarta etapa deste fluxo, os pensamentos são gerados e direcionados para
uma resposta em relação ao estímulo recebido, desta forma impulsos elétricos
são disparados e comandam as áreas do cérebro responsável pelas emoções;
e) E por último, ao ativar as emoções, os hormônios provocam no corpo as respos-
tas, podendo ser: comportamentais, fisiológicas ou emocionais.
Todo este processo que ocorre dentro do cérebro depende de ações fisiológicas do
organismo, a fim de conseguir atingir o ápice do funcionamento neurobiológico, que é promover
as reações e a comunicação de várias estruturas do cérebro. Todo processo de aprendizagem
para o cérebro é pautado em volta das emoções, o que auxilia em especial no processo de
aprendizagem. Mas que áreas estão envolvidas neste fluxo? Vamos descobrir agora.
UNIDADE I Neurofisiologia 14
O sistema límbico, está constituído por um conjunto de estruturas responsáveis
pelas funções emotivas, pois nele existem áreas que estão diretamente ligadas às relações
da felicidade, por exemplo, bem como: Hipocampo (memórias), Amígdala (emoções), Hipo-
tálamo (Equilíbrio químico do corpo) e etc. Ele é composto por Hipotálamo, Base da Glia,
Tálamo, Amígdala e Hipocampo; destes nosso foco de aprofundamento será a amígdala,
que é considerada a sede das emoções (FUENTES et al, 2008).
Sabe-se que a amígdala está relacionada com o registro na memória de situações
aversivas. Nesta esteira, podemos argumentar, com Albuquerque e Silva (2009, p. 1, apud
KENDALL 2012, p. 48) que a amígdala:
a[...] seria o local dos processos plásticos envolvidos na aquisição e consoli-
dação de informações de conteúdo aversivo e que essa estrutura modularia
os processos de aquisição e consolidação que ocorreriam em outras estru-
turas.
Em síntese, mesmo que vários estudos apontem que ela é a peça fundamental
para a formação de memórias, deve-se enaltecer o importante papel na emoção propria-
mente dita, tanto no reconhecimento, quanto nas expressões fisiológicas das respostas
emocionais.
2.1 Neurotransmissores
Já conhecemos as estruturas, os processos fisiológicos, recordamos até de ele-
mentos da tabela periódica. No entanto, ainda temos alguns conhecimentos de reações
químicas, que precisamos discorrer, embora não consigamos ver suas ações, temos a
grata felicidade de senti-las ao ponto de nos promover o bem estar ou potencializar o mal
humor. Estamos falando dos neurotransmissores. (HALL, 2017)
A maioria dos neurotransmissores mais proeminentes é baseada em proteínas. Os
neurotransmissores podem ser constituídos por moléculas de proteínas pequenas ou grandes.
Todos os neurotransmissores de pequenas moléculas, exceto a acetilcolina, são aminoácidos
ou um tipo de aminoácido chamado amina. As moléculas maiores são constituídas por peptí-
deos (proteínas que são constituídas por um pequeno número de aminoácidos).
Os neurotransmissores são sintetizados no botão terminal por enzimas que viajam
a partir do corpo celular, e são conhecidos como mensageiros químicos, são produtos
químicos endógenos que permitem a neurotransmissão, sendo liberados nas vesículas
sinápticas em sinapses na fenda sináptica, onde são recebidos por receptores de neuro-
transmissores nas células-alvo. Eles desempenham um papel importante na formação da
vida cotidiana e das funções. Seus números exatos são desconhecidos, mas mais de 100
mensageiros químicos foram identificados de maneira exclusiva. (CARDINALLI, 1992).
UNIDADE I Neurofisiologia 15
Existem muitas maneiras diferentes de classificar os neurotransmissores. Dividi-los
em aminoácidos, péptidos e monoaminas é suficiente para alguns propósitos de classifica-
ção. Vamos compreender um pouco mais sobre eles:
I - ACETILCOLINA: A acetilcolina é um neurotransmissor de molécula pequena que
é sintetizado pela ligação de colina à acetil coenzima Estes são encontrados principalmente
no sistema motor, especialmente nos neurônios motores do tronco encefálico e da medula
espinal que inervam os músculos do esqueleto. A química se liga aos receptores de acetilco-
lina. Isso eventualmente produz um potencial de ação que resulta em contração muscular.
Os receptores podem ser bloqueados, o que às vezes resulta em comprometimento motor.
(STERNBERG, R.; STERNBERG, K., 2016 apud BEAR; BW, 2017).
II - MONOAMINAS (AMINAS BIOGÊNICAS) Para a dopamina, existem os chama-
dos receptores D1 e D2, que são diferentes em função e distribuição. A noradrenalina e a
adrenalina possuem receptores alfa e beta, que às vezes produzem efeitos completamente
diferentes. A serotonina possui vários tipos de receptores. Toda essa divergência de recep-
tores significa que uma monoamina pode inibir e excitar, dependendo do tipo de receptor
que contata (MACKAY, 2006, apud HALL, 2017).
III - GLUTAMATO: O glutamato é um aminoácido excitatório e é servido por recep-
tores ionotrópicos e metabotrópicos. Dentre os ionotrópicos, o ácido α-amino hidroxi metil
isoxazol propiônico (AMPA) e o cainato são responsáveis pela despolarização rápida. Os
neurônios pré-sinápticos contendo glutamato podem controlar a liberação do neurotrans-
missor de locais de liberação específicos (RANG et al., 2016). Eles podem fazer isso através
de auto receptores pré-sinápticos, que dão feedback sobre a ação do neurotransmissor
previamente liberado.
IV - ÁCIDO Y-AMINOBUTÍRICO: O ácido γ-aminobutírico (ou GABA) é o mais co-
mum dos neurotransmissores do SNC de aminoácidos inibitórios. Este transmissor produz
hiperpolarização abrindo canais de cloreto ou canais de potássio. O GABA tem dois tipos
de receptor: GABAA e GABAB. O receptor A é responsável pela inibição présináptica e
medeia a permeabilidade da membrana ao cloreto; O receptor B medeia a permeabilidade
ao potássio. Drogas como benzodiazepinas e barbitúricos (os chamados medicamentos
antiansiedade) se ligam a esses locais receptores e aumentam os efeitos do GABA, seja
aumentando a frequência de abertura dos canais de cloreto ou prolongando essa abertura
quando ocorre (HALL, 2017).
UNIDADE I Neurofisiologia 16
V - GLICINA: A glicina é outro neurotransmissor inibitório encontrado no tronco ence-
fálico e nos interneurônios da medula espinal. Sua principal função parece ser a inibição dos
neurônios motores: por exemplo, o bloqueador dos receptores de glicina, a estricnina, causa
espasmos musculares (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2010 apud BEAR; BW, 2017).
Os neurotransmissores desempenham funções diversas e contundentes para o de-
senvolvimento de áreas do corpo, além de fomentar a produção de outra substâncias como
os hormônios que tem características específicas, como é o caso do cortisol, serotonina,
noradopamina, adrenalina entre outros que veremos na próxima unidade.
SAIBA MAIS
Fonte: RANG, H. P. [et. al.]. Farmacologia. [Tradução Gea Consultoría Editorial]. - 8. ed. - Rio de Janeiro
: Elsevier, 2016
REFLITA
“A neuro é uma arte; e para realizá-la como arte, requer um cuidado tão primoroso como
a obra de um pintor ou escultor. Mas o que é lidar com a tela morta ou o frio mármore
comparado ao tratar do corpo vivo? A neuro é arte, e eu quase diria, a mais belas de
todas”
UNIDADE I Neurofisiologia 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E agora? Está mais claro como funciona esta máquina de produzir pensamentos?
Fascinante entender as especificidades do sistema nervoso não é mesmo. A compreensão
do sistema nervoso central e as estruturas que fazem parte nos permite descortinar hori-
zontes a respeito do funcionamento cerebral.
Conhecer os neurônios as trocar e reações químicas que ocorrem, nos permite
pensar o humanos como um ser dotado de complexidades acima de tudo, no entanto, com
particularidades e subjetividades que podem ser explicadas pelo olhar na neurofisiologia
do corpo humano.
Nesta unidade pode-se ter contato com informações valiosas e enriquecedoras
sob o ponto de vista fisiológico do cérebro, o que é ponto de partida para todos os nossos
comportamentos, sentimentos, emoções e formas de interagir com o meio que nos cerca.
Foi possível construir um alicerce para aqueles que desejam enveredar pelo campo da
educação ou aos que já estão neste contexto, a fim de promover as reflexões acerca das
possibilidades e dos limites de cada sujeito, identificando que toda pintura ou ilustração,
existe uma mágica que acontece por detrás da tela.
UNIDADE I Neurofisiologia 18
LEITURA COMPLEMENTAR
Fonte: ZARO, Milton Antonio et al . Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da neurociência para
agregar valor à pesquisa educacional. Ciênc. cogn., Rio de Janeiro , v. 15, n. 1, p. 199-210, abr. 2010 . Disponível
em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212010000100016&lng=pt&nrm=-
UNIDADE I Neurofisiologia 19
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Neurociências e Educação: como o cérebro aprende
Autor: CONSENZA, R. M.; GUERRA, L. B.
Editora: ARTMED.
Sinopse: O cérebro é responsável pela forma como processamos
as informações, armazenamos o conhecimento e selecionamos
nosso comportamento, dessa forma compreender seu funciona-
mento, seu potencial e as melhores estratégias de favorecer seu
pleno desenvolvimento é foco principal de estudo e trabalho tanto
dos profissionais da saúde mental como da educação.
FILME/VÍDEO
Título: Fisiologia - Organização do SNC, Sinapses e Neurotrans-
missores (Capítulo 46/45) PARTE 1
Ano: 2020.
Sinopse: Esta vídeo-aula é um resumo do capítulo 46 da 13ª
edição do livro Guyton & Hall e Fisiologia Humana, que equivale
ao capítulo 45 da 12ª edição. O capítulo fala sobre a organização
do Sistema Nervoso Central, mecanismo geral das sinapses e
neurotransmissores. Algumas imagens foram retiradas do livro
Silverthorn de Fisiologia Humana.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=BEJQaVMctOo
UNIDADE I Neurofisiologia 20
UNIDADE II
Neurofisiologia da
Aprendizagem e Memória
Professor Me. Frank Duarte
Plano de Estudo:
● Conceitos e definições das bases neurobiológicas da memória;
● Tipos de memória e demências;
● Campos de estudo do processo neurofisiológico da aprendizagem.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar os processos da memória e aprendizagem;
● Compreender os tipos de aprendizagem, memória e o processo neurofisiológico;
● Estabelecer a importância da relação entre aprendizagem,
memória e como o cérebro aprende.
21
INTRODUÇÃO
Por que lembramos de algumas coisas e outras não? Já parou para pensar quantas
coisas temos contato ao longo de um dia inteiro, e que pouco conseguimos nos recordar no
dia seguinte. Você que está estudando já deve ter passado por algum momento, em que
leu, estudou, interpretou o texto, foi dormir e no dia seguinte não se recorda de muita coisa.
Isso é quase que rotina para muitas pessoas que têm lapsos de memória ou falta de
atenção, o que compromete o processo de aprendizagem e aquisição de novas informações.
Desta forma, acabam por vivenciarem um constante ir e vir de informações, para que possam
gravar e não esquecer mais, ou se debruçam horas estudando para fazer uma prova.
No entanto, isso não é algo apenas relacionado ao estudo, também é possível
perceber pessoas com dificuldades de guardar informações que acabaram de ter acesso.
Por exemplo, qual o nome completo desta disciplina? E desta unidade? Normalmente isso
é resultado de interferências no processo de aprendizagem, onde o cérebro não consegue
fazer o processo correto e armazenar o conhecimento.
Já imaginou? Como se lembrar de algo que você ainda nem guardou? Vamos
nesta unidade conhecer os processos neurofisiológicos da aprendizagem e da memória e
compreender de fato, como o cérebro aprende. Bons estudos!
Esta se caracteriza por uma perda intensa de capacidade cognitiva, com diminuição
de memória declarativa (isto é, aquela que os indivíduos podem “declarar” que existe e/ou
reconhecem como memória) e dificuldades de comunicação, bem como sintomas psiquiá-
tricos, como apatia, depressão e agitação/agressividade, estas últimas principalmente na
fase inicial. (MARCO, ISQUIERDO, 2007).
De que forma estas doenças neurológicas ou as demências advindas da idade,
podem causar essa perda de memória? Os dados estão presentes em cada neurônios, eles
são uma espécie de “pen drive”, que carregam estes dados, como já vimos no cérebro ocorre
um fenômeno chamado de sinapse, que é quando um neurônio conversa com o outro. Ao
fazer este contato, há uma transferência de dados, da mesma forma como se conectar o pen
drive no computador, e assim essa informação é compartilhada. No entanto, cada neurônio
não possui uma vida útil muito longa (LEIBING, 1997), o que faz com que se as conexões
demorarem ou a vida útil dos neurônios diminuirem, corremos o risco de perder a informação.
De forma geral quando há uma lentidão da transferência de informação (por conta
da velhice, demências ou uso de medicamentos) ou quando sobrecarregamos os neurô-
nios (uso de medicamentos que “aceleram” a memorização ou síndrome do pensamento
acelerado) perde-se a capacidade de registro da informação. Este registro é o que me faz
poder relembrar, ou vasculhar minhas caixinhas e encontrar aquilo que eu tinha guardado.
Assim, o Alzheimer uma doença neurodegenerativa do Sistema Nervoso Central (MARI-
UNIDADE I Neurofisiologia 27
(FUENTES; MALLOY-DINIZ; CAMARGO; COSENZA, 2008). Se no caso que citamos sobre
não se recordar da água, antes de sair do quarto, tivéssemos planejado o que iríamos fazer
na cozinha, teríamos mais chance de relembrar, ou seja, o que faltou neste caso, foi registro
da informação. O que mesmo que ocorreu se você ao ler isso não se recorda do “caso da
agua”. Quer ver outro desafio? Sem retornar a leitura, qual é o nome do bicho que ficou com
medo no Amazonas? Se você se recordou, é porque ele deixou de ser informação e se tornou
conhecimento, mas não foi isso que ocorreu, lamento, amanhã já terá esquecido dele.
Este aglomerado de conhecimento que existe no hipocampo, conhecido como
memória, tem tipos diversos e durações diferentes também, de acordo com , as memó-
rias podem ser divididas em dois gigantescos grupos: a) as declarativas (eventos, fatos,
conhecimentos) localizado no lóbulo temporal e; b) as de procedimentos ou hábitos, que
adquirimos e evocamos de maneira mais ou menos automática (andar de bicicleta, usar
um teclado) que dependem basicamente de circuitos subcorticais que incluem o núcleo
caudato e circuitos cerebelares (ISQUIERDO; FURINI, 2013).
Abaixo podemos ver um diagrama que demonstra como se ramifica estes dois
grupos.
FIGURA 01 - TIPOS DE MEMÓRIAS
Fonte: FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M. Neuropsicologia: teo-
REFLITA
Aprendizagem é a única coisa que a mente não se cansa, nunca tem medo e nunca se
arrepende.
Albert Schweitzer.
LIVRO
Título: Aprendendo Inteligência: Manual de instruções do cérebro
para estudantes em geral: 1
Autor: Pierluigi Piazzi.
Editora: Aleph.
Sinopse: Durante muito tempo, acreditou-se que a inteligência
fosse uma característica inata. O fator genético era considerado
bem mais influente do que o fator ambiental. Porém, devido aos
avanços da neurociência, ficou demonstrado que inteligência,
talento e vocação são características que podem ser adquiridas
com facilidade e um pouco de esforço. Neste livro, dedicado aos
estudantes de todos os níveis, o Pierluigi Piazzi (conhecido cari-
nhosamente pelos seus alunos como Prof. Pier) ensina a usar a
inteligência para se tornar uma pessoa mais inteligente.
FILME/VÍDEO
Título: Divertida Mente (Inside Out)
Ano: 2015.
Sinopse: No filme, a menina Riley passa por diversas emoções
ao se mudar do Meio-Oeste dos EUA para San Francisco. As
emoções - Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis
Black), Nojo (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith) - moram no
Quartel-General, o centro de controle dentro da mente de Riley,
onde eles a ajudam com conselhos diariamente. Enquanto Riley
e suas emoções se esforçam para se ajustar à nova vida em San
Francisco, a turbulência no Quartel-General aumenta. Embora
Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente pen-
sar positivo, as emoções entram em conflito sobre como navegar
pela nova cidade, a nova casa, a nova escola.
Plano de Estudo:
● Conceitos de inteligência;
● Tipos de inteligências;
● As teorias das múltiplas inteligências;
● Teoria das múltiplas inteligências: implicações e aplicabilidades na escola.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar inteligência e seus diversos contextos;
● Compreender os tipos de Inteligência e suas singularidades;
● Evidenciar a importância da Teoria das Múltiplas inteligências
para o contexto educacional.
39
INTRODUÇÃO
E aí, você se sente inteligente? Será que ela pode ser medida ou quantificada?
Nascemos com inteligência ou vamos desenvolvendo essa capacidade? Se a inteligência é
hereditária como explicamos aquelas pessoas que se destacam em algumas áreas e outras
não. Pois é, todos estes inculcamentos estão presentes quando pensamos, discutimos e
aprendemos sobre inteligência.
Desde da década de 30, quando se pensou em quantificar a inteligência por meio
de escalas de quociente, muitas figuras ilustre receberam a classificação como forma de
enaltecer sua trajetória ou feitos, dentre eles estão Einstein, Da Vinci, Michelangelo, Steven
Spielberg e Santos Dumont.
A menção ao QI, sempre esteve atrelado a um potencial que dá ao sujeito “superpode-
res”, e o é colocado num pedestal como alguém completamente bem resolvido e contemplado,
o que se sabe que não tem disso, toda a verdade. Pelo contrário, pessoas que apresentam
um QI (Quociente de Inteligência) alto, tendem a desenvolver uma QE (Quociente Emocional)
abaixo do esperado, o que compromete outras áreas do desenvolvimento. Isso implica em
minimizar a potencialidade das habilidades das IM (Inteligências Múltiplas).
No entanto, como entender melhor o QI ou QE, e a relação com a forma de pensar
e compreender o sujeito? As especificações e detalhamento de cada um deles e como
podemos aplicar no dia a dia, em especial no ambiente educacional, será tratado nesta
Unidade. Está preparado(a) para viajar nas teorias das inteligências e desvendar os desdo-
bramentos das múltiplas inteligências no âmbito educativo? Sim. Então vem comigo.
Conta a história que certa vez, num vilarejo havia um rapaz que todos faziam piada.
Um belo dia um homem se aproximou dele e lhe apresentou duas moedas, uma de 50
centavos e outra de 5 centavos e pediu para que ele escolhesse. O rapaz pegou a de 5
centavos, e o homem riu da sua atitude. No dia seguinte o homem reuniu diversas pessoas
e teve a mesma atitude e o rapaz repetiu a ação.
A passaram dias, semanas e meses, sempre o homem fazia-lhe a proposta, e o
rapaz pegava a moeda de 5 centavos. Um certo dia, o homem já injuriado, perguntou ao
rapaz. “-Mas você é muito burro! Você não sabe que a moeda de 50 centavos tem mais
valor que a de 5?” E o rapaz disse: “– Sim eu sei que é.”. E então por que você não a pega
logo?” replicou o homem. Então o rapaz abriu um sorriso e disse tranquilamente. “- Por que
o dia que eu pegar a de 50 centavos, o senhor para de me dar moedas!”
Essa ligeira história, é nosso ponto de partida para dialogarmos sobre inteligência e
o quanto ela é representada nas pessoas, e o que elas fazem com a capacidade que tem.
Partindo da epistemologia da palavra “inteligência” sua origem está na junção
de duas palavras latinas: inter = entre e eligere = escolher, que no seu sentido mais am-
plo, significa a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão das
coisas escolhendo o melhor caminho. A formação de ideias, o juízo e o raciocínio são
frequentemente apontados como atos essenciais à inteligência. A inteligência é resumi-
da pelo pequeno dicionário ilustrado brasileiro da língua portuguesa como “a faculdade de
compreender”. (ANTUNES, 2015).
Nas últimas cinco décadas, o olhar para o ser humano e sua forma de se relacionar
e interagir com o mundo que o cerca, assim como o termo inteligência vem se configurando
em concepções distintas e variadas. Ao lado de termos como “testes de inteligência”, “inte-
ligência brilhante”, “pouco inteligente”, temos ouvido e visto aparecer “inteligência artificial”,
“sistemas inteligentes”, “inteligência emocional”. (AMARAL, 2007).
A realidade é que muitos profissionais da psicologia têm se direcionado a possi-
bilidade de pensar a mensuração da inteligência por meio do QI, com questionamentos
acerca da sua efetividade. O propósito de Simon e Binet deixa de ser relevante, não na
sua importância no auxílio de quem precisa de suporte e ajuda, mas na categorização e
comparação a uma possível padronização da inteligência.
A própria concepção de inteligência como uma competência individual, como a
capacidade de raciocinar, de compreender, desprezando-se aspectos outros da subjetivi-
dade dos indivíduos, parece hoje questionável. Neste sentido, ao invés de apenas indicar
o nível ou graus, inicia-se um movimento de perceber outras possibilidades e condições do
humano na forma de potencializar suas capacidades e habilidades.
Cada vez mais ganha força uma concepção de que a inteligência tem aspectos
múltiplos e variados na sua avaliação, e, sobretudo, questiona-se a relação entre inteligên-
cia e bom desempenho escolar (AMARAL, 2007). Contrapondo o pensamento existente,
Salowey e Mayer (1990), trouxeram à discussão a distinção que os seres humanos pode-
riam fazer de um tipo de inteligência social, que estava vinculada às próprias emoções.
SAIBA MAIS
Não é só o QI que pode ser mensurado por meio dos Testes de Avaliação Wechsler
(Avaliação WISC ou WAIS), a Inteligência Emocional também pode ser identificada por
meio do MSCEIT(Mayer Salovey Caruso Emotional Intelligence Test) e as Múltiplas
Inteligências pelo MIDAS (Multiple Intelligences Developmental Assessment Scales).
REFLITA
Augusto Cury
E aí, ficou mais fácil entender por que sofremos tanto na escola quando tiramos uma
nota abaixo da média, ou o quando nossos professores precisavam buscar conhecimento para
nos possibilitar um ensino de forma diferente, e que nos atendesse à nossa singularidade.
Se eles foram educados no modelo tradicional valorizando a nota que resultava
numa percepção de sucesso e potência, onde o número de QI era mais importante, como
vão perceber o sujeito da atualidade pensando numa prática pedagógica que alcance as
Teoria Múltiplas da Inteligências contemplando as suas especificações mais particulares,
num ambiente que ainda necessita problematizar as relações emocionais dos atores que
fazem parte deste cenário.
Se a sociedade perpassa por transformações, junto com ela vem percepções e
olhares diferentes para o mesmo objeto, haja visto que se direciona o olhar conforme o
período histórico e cultural. Foi assim com a inteligência, com o processo de aprendizado e
também com o próprio humano.
A Escola tem o papel de fortalecer e legitimar a prática transformacional, primeiro
em possibilitar espaços adequados para sua aplicação, segundo por formar o professor de
forma inicial ou continuada sobre as práticas pedagógicas, terceiro em elaborar um plane-
jamento que mencione as múltiplas habilidade e conhecimento desde o conteúdo, método e
processo avaliativo, assumindo assim o local de agente de transformação pessoal e social.
Fonte: MARTINS, Beatriz Prado. Inteligências Múltiplas – A teoria na prática da educação infantil. Re-
vista Científica APRENDER. Disponível em: http://revista.fundacaoaprender.org.br/. Acesso em: 18 ago. 2021.
LIVRO
Título: Jogos para estimulação das múltiplas inteligências
Autor: Celso Antunes.
Editora: Editora Vozes.
Sinopse: Neste manual, Celso Antunes propõe mais de trezentos
e trinta jogos ou propostas de estímulos para trabalharmos as in-
teligências linguística, lógico-matemática, espacial, musical, cines-
tésico-corporal, naturalista, pictórica e as inteligências pessoais.
É uma obra destinada a professores, estudantes de magistério e
pedagogia, psicólogos, psicopedagogos, diretores, orientadores
educacionais, pais e profissionais de RH.
FILME/VÍDEO
Título: O Discurso do Rei
Ano: 2010.
Sinopse: Desde os 4 anos, George (Colin Firth) é gago. Este é
um sério problema para um integrante da realiza britânica, que
frequentemente precisa fazer discursos. George procurou diversos
médicos, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Quando
sua esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o leva até Lionel
Logue (Geoffrey Rush), um terapeuta de fala de método pouco
convencional, George está desesperançoso. Lionel se coloca de
igual para igual com George e atua também como seu psicólogo,
de forma a tornar-se seu amigo. Seus exercícios e métodos fazem
com que George adquira autoconfiança para cumprir o maior de
seus desafios: assumir a coroa, após a abdicação de seu irmão
David (Guy Pearce).
Link: https://www.youtube.com/watch?v=E2mepjS1-vQ.
Plano de Estudo:
● Inteligência linguística e lógico matemática;
● Inteligência espacial e corpo cinestésico;
● Inteligência musical;
● Inteligência interpessoal e intrapessoal.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os tipos de Inteligências;
● Compreender as características intrínsecas de cada uma;
● Estabelecer a importância da escola no processo de estimulação.
59
INTRODUÇÃO
Quando criança eu não entendi por que alguns amigos se davam tão bem jogando
bola, enquanto outros adoravam ler e falar em público. Era difícil descobrir o que levava
algumas pessoas a se relacionarem tão bem com os demais, e outros apresentarem tantas
dificuldades em se socializar. Uns se realizavam dançando e fazendo as coreografias e
outros andavam batucando as mesas, cadeiras, portas e etc.
Pois é. Isso é intrigante para muitos professores ainda hoje. Mesmo com Gardner
nos apresentando sua Teoria e mostrando como é possível pensar o sujeito de forma tão
diferente e singular, os ambientes pedagógicos estão aquém de potencializar e desenvolver
as múltiplas inteligências. A causa mais essencial disto se dá na ausência de formação de
professores que estejam relacionados aos aspectos de habilidades múltiplas e desempe-
nho diferentes. Ainda e espero que por pouco tempo, estamos padronizando as pessoas e
suas habilidades e competências.
Neste momento, você que se tornará um futuro profissional da Psicopedagogia, terá o
privilégio de desvendar com minúcias os tipos de Inteligências, suas características, persona-
lidades que se enquadram em cada umas, além de relacioná-las com as estruturas cerebrais,
e compreender como proporcionar situações de desenvolvimento para cada sujeito.
Hoje já se discutem outras duas inteligências que são continuidade das propostas por
Gardner, sendo eles a transcendência do humano. I) Inteligência Naturalista: Essa é de-
finida como a capacidade de distinguir, classificar e utilizar elementos do meio ambiente,
objetos, animais ou plantas; e II) Existência: Ela aborda assuntos como a formação do
mundo, o sentido da vida e questiona a existência humana. Ela está ligada aos hábitos
familiares e suas crenças.
REFLITA
“Cada ser humano tem uma combinação única de inteligência. Esse é o desafio educa-
tivo fundamental”
Howard Gardner.
ARTIGO 01
LHO_EV127_MD1_SA17_ID5381_06082019171317.pdf.
ARTIGO 02
O universo infantil tem sido foco de diversas áreas das investidas científicas. Neste
aspecto a professora Tânia Gomes Ferreira da Costa produziu “Um novo olhar sobre as
Inteligências Múltiplas na Educação Infantil”, investiga a possibilidade de implementação da
proposta pedagógica das Inteligências Múltiplas. A fim de apresentá-la, a pesquisa propõe
uma revisão da literatura acerca desse conceito. Parte-se da hipótese de que a Teoria das
Educação Infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 05, Vol.
06, pp. 166-176. Maio de 2020. ISSN: 2448-0959. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.
set. 2021.
LIVRO
Título: Manual das múltiplas inteligências
Autores: Inês Cozzo Olivares e Mauricio Sita.
Editora: Ser Mais.
Sinopse: O ser humano é multifacetado. São inúmeras as ca-
pacidades físicas e cognitivas que o acompanham e podem ser
desenvolvidas. Howard Gardner, o pai das múltiplas inteligências,
foi o primeiro a falar no conceito e trazer à discussão essa varie-
dade de aptidões. Sua teoria apresentou cerca de seis delas, além
da lógica matemática e da linguística: musical, espacial, corporal
cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista. Desde a pu-
blicação de seu estudo, no entanto, já foram descobertos outros
tipos de inteligências e igualmente importantes. Neste livro você
encontrará novidades acerca do tema, lerá artigos de pesquisa-
dores e estudiosos que foram a fundo para desvendar alguns dos
mistérios da mente humana. Os escritores desta obra apresentam
inclusive a própria experiência com a prática clínica, trazendo
alguns casos e fatos reais observados de perto e que confirmam
as “hipóteses” de Gardner e muitas outras. Entre os diferentes
temas abordados neste livro estão: a inteligência voltada para a
criatividade e a inovação, o coaching aplicado para potencializar
as múltiplas inteligências, a inteligência espiritual, a inteligência
comercial, a inteligência suscetível, a inteligência multifocal, a in-
teligência estratégica, a inteligência cultural, a inteligência política,
a inteligência intuitiva, a inteligência social, além dos conceitos de
inteligência tradicionais.
FILME/VÍDEO
Título: Neurociências e Inteligências Múltiplas
Ano: 2021.
Sinopse: As inteligências múltiplas, teoria do professor Howard
Gardner, da Universidade de Harvard partem da premissa de que
cada estudante tem uma forma ideal de aprender. Entender como
a aprendizagem funciona e quais contribuições a neurociência
trouxe para este debate auxilia no planejamento de aulas mais
inclusivas para não deixar nenhum estudante para trás.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Nd_-OPTxedE.
AKBARI, R., & HOSSEINI, K. Multiple intelligences and language learning strategies: Inves-
tigating possible relations. System, 36, 141-155. 2008
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niopublico.gov.br/download/texto/me002751.pdf. Acesso em: 17 ago. 2021.
81
CONCLUSÃO GERAL
Prezado(a) aluno(a),
82
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