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Sensibilização
Quando somos confrontados repetidamente com um estímulo prejudicial, a
resposta a este tende a ser cada vez mais forte (por ex: se nos picarem com um lápis no
mesmo sítio várias vezes de seguida, cada vez irá doer mais); no entanto, a nossa
resposta a outros estímulos também se torna mais intensa.
Isto foi estudado na Aplysia por Kandel: ele dava-lhes um choque na cauda, o
que provocava a retirada da brânquia; À medida que foi repetindo isto, não só a
brânquia era retirada mais como também o intervalo de tempo até esta “normalizar”
aumentava.
Ora, dando um choque na cauda, será
gerado um sinal no neurónio sensorial que será
transmitido a um interneurónio facilitador,
que, através duma sinapse axo-axónica (entre
axónios), irá comunicar com um outro
neurónio, fazendo com que este, através duma
cascata bioquímica que será referida a seguir,
possua mais neurotransmissores que o habitual
(facilitação). Imaginemos, agora, que se toca
no sifão da Aplysia: o sinal será transmitido até
ao neurónio que sofreu facilitação e, depois,
para o neurónio motor da brânquia – como
haviam mais neurotransmissores no neurónio que comunica com o neurónio motor, este
receberá mais glutamato e, então, provocará uma maior resposta na brânquia.
Sensibilização de curta-duração: cascata bioquímica
Existem dois processos simultâneos
numerados com 1 e 2, que ocorrem após
a libertação de serotonina por parte do
interneurónio modulador/facilitador
Processo 1:
1. A serotonina liga-se a recetores
metabotrópicos que, por sua vez,
estão associados a uma variedade
da proteína G
2. A proteína é ativada, o que leva a
um aumento da atividade da
enzima adenilil ciclase
3. Esta enzima leva à conversão de
ATP em cAMP
Nota: a PKA tem 4
subunidades: 2
regulatórias e 2
catalíticas. As
regulatórias controlam as
catalíticas e as catalíticas 4. cAMP liga-se às subunidades regulatórias da PKA (proteína kinase
são responsáveis pela
fosforilação
A), ativando as suas subunidades catalíticas.
Caminho 2:
1. Serotonina liga-se a uma 2.ª classe de recetores metabotrópicos que, por sua vez,
estão associados a uma variedade diferente da proteína G que será ativada
2. Esta proteína potencia a atividade da fosforilase C (PLC)
3. Atividade de PLC leva a uma maior produção de diacilglicerol
4. Diacilglicerol ativa PKC (proteína kinase C)
5. PKC fosforila proteínas pré-sinápticas
6. Isto resulta na mobilização de vesículas contendo glutamato da “zona de
reserva” para a “zona de libertação”
O Condicionamento Clássico
1. O que é?
O Condicionamento Clássico é uma das mais complexas formas de aprendizagem. Ao
ser introduzido pelo investigador Ivan Pavlov (no século XX), através de uma experiência
realizada com cães, este tipo de aprendizagem foi uma das melhores descobertas que a corrento
do Behaviorismo trouxe para a área da Psicologia. Mas o que é que é o Condicionamento
Clássico?
Ao contrário dos tipos de aprendizagem Habituação e Sensibilização, o
Condicionamento Clássico consiste não na aprendizagem das propriedades de um só estímulo,
por parte do animal, mas na associação entre dois tipos de estímulo diferentes. É uma forma de
aprendizagem independente da vontade do sujeito, visto que o comportamento é adquirido
através de uma associação involuntária de estímulos. Diz-se que a aprendizagem foi realizada
através do Condicionamento Clássico quando um estímulo inicial, que por si só não provoca
qualquer reação, é associado a um estímulo incondicionado, que por si próprio desencadeia uma
reação natural e inata, provocando uma resposta involuntária. Ao associar o estímulo inicial
(estímulo condicionado) ao estímulo incondicionado, o animal irá produzir uma resposta
condicionada sempre que receber o estímulo inicial.
Assim:
Leve toque no sifão
+
Choque elétrico na cauda
=
Reflexo da Retirada da Brânquia
//------//------//
Repetição do processo algumas vezes
//-----//-----//
Leve toque no sifão = Reflexo da Retirada da Brânquia
No Condicionamento Clássico, a cronometragem do tempo entre os estímulos é
essencial para que a aprendizagem seja bem feita (isto é, de forma a realizar a associação entre
dois estímulos). É necessário que o estímulo condicionado (leve toque no sifão) seja recebido
pela Aplysia antes do estímulo incondicionado (choque elétrico na cauda), com um intervalo de
cerca de 0,5 segundos.
Leve toque no sifão 0,5 segundos Choque elétrico na cauda
Mas então o que é que acontece à Aplysia a nível bioquímico, quando ela aprende através do
Condicionamento Clássico?