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O relaxamento muscular pode ser produzido por anestesia inalató ria profunda, bloqueio nervoso
regional ou drogas que bloqueiem a junçã o neuromuscular (JNM)
O relaxamento muscular nã o assegura inconsciência, amnésia ou analgesia
Contraçã o: o sinal nervoso leva o estímulo até o mú sculo → Entrada de Ca e Na, saída de K → Estimula
liberaçã o de Ca do retículo sarcoplasmá tico → Liga-se à troponina e possibilita a interaçã o entre
actina e miosina → Contraçã o muscular
Unidade motora → Conjunto de todas as fibras musculares de um dado mú sculo inervadas por um
ú nico nervo motor, juntamente com o neurô nio do qual este nervo se origina
Sequência da paralisia → Os mú sculos de movimentos mais finos sã o os ú ltimos a serem paralisados e
os ú ltimos a voltar da paralisia (diafragma, laringe, orbicular do olho). Assim, resposta de contraçã o
no polegar + nã o garante relaxamento da laringe na induçã o; enquanto a mesma resposta positiva no
polegar garante reflexos laríngeos na volta da anestesia.
Transmissão neuromuscular
JNM é a regiã o de aproximaçã o entre um neurô nio motor e uma célula muscular, separadas pela fenda
siná ptica (faz parte da unidade motora)
Potencial de açã o do nervo despolariza seu terminal → Influxo de ions Ca para o citoplasma → Fusã o
das vesículas de armazenamento com a membrana celular → Liberam seu conteú do de acetilcolina
(ACh) → A ACh liga-se a receptores colinérgicos nicotínicos na placa motora (regiã o específica da
membrana celular muscular)
# Cada placa motora contém 5 milhõ es desses receptores, mas a ativaçã o de 500 mil já é
suficiente para a contraçã o muscular normal (reserva normal de 10x). Essa reserva é
sobrepujada na miastenia grave (menos receptores) e na Sd miastênica de Eaton-Lambert
(menos ACh liberada)
- Para diminuir a contraçã o é necessá rio bloquear 75% dos receptores. Para impedir
completamente, deve-se bloquear 95% (para deflagrar contraçã o precisa só 5-20%)
# Cada receptor de ACh tem 5 subunidades (2 alfa, 1 beta, 1 gama, 1 e) → Somente as 2
subunidades alfa se ligam à ACh e seu efeito só ocorre se ambas estã o ocupadas
# Outra isoforma contém uma subunidade “y” em lugar da subunidade “e”, sendo chamado
receptor imaturo ou fetal → É extra-juncional, podendo manifestar-se em qualquer ponto da
membrana muscular, dentro ou fora da JNM
Ligaçã o do ACh em receptores nicotínicos → Uma alteraçã o conformacional no receptor abre
brevemente um canal iô nico no seu interior → O fluxo de cá tions através do canal aberto (Na e Ca pra
dentro e K pra fora) gera um potencial na placa terminal
# 1 ú nica vesícula pode produzir terminal na placa nervosa e em cada impulso nervoso sã o
liberadas ~ 200 vesículas
#A liberaçã o é sensível ao Ca extracelular → Aumentar o Ca aumenta os quanta de ACh liberados
Quando receptores suficientes sã o ocupados por ACh → O potencial da placa terminal está forte o
bastante para despolarizar a membrana perijuncional → Canais de Na peri-juncionais abrem quando
uma voltagem limiar é desenvolvida (diferente dos receptores nicotínicos, que abrem-se com ACh) →
Resulta em potencial de açã o, que se propaga pela membrana muscular, abrindo canais de Na → Leva
a liberaçã o de Ca do retículo sarcoplasmá tico → Permite interaçã o entre actina e miosina → Contraçã o
muscular
A ACh é rapidamente hidrolisada a acetato e colina pela acetilcolinesterase (colinesterase específica)
que fica na membrana da placa motora, adjacente aos receptores de ACh → Leva ao fechamento dos
canais iô nicos dos receptores de ACh → Repolarizaçã o da placa terminal → Fechamento dos canais de
Na da membrana → Ca retorna ao retículo sarcoplasmá tico → Relaxamento muscular
Mecanismos de ação
Todos os bloqueadores têm compostos de amô nio quaterná rio, que dá afinidade ao receptor de ACh
Os despolarizantes assemelham-se muito à ACh → Ligam-se aos receptores de ACh → Gera um
potencial de açã o muscular → Nã o sã o metabolizados pela acetilcolinesterase e sua concentraçã o na
fenda nã o cai tã o rapidamente → Despolarizaçã o prolongada da placa motora
# A despolarizaçã o prolongada da placa motora causa relaxamento porque a porta inferior do
canal de Na, limitada pelo tempo, fecha-se apó s a excitaçã o inicial e abertura, sendo que o
canal nã o pode ser reaberto até que a placa motora se repolarize → E ela nã o pode se
repolarizar enquanto o relaxante muscular despolarizante continuar ligado aos receptores de
ACh (bloqueio de fase 1)
# Apó s um período de tempo, a despolarizaçã o prolongada pode causar alteraçõ es iô nicas e
conformacionais no receptor de ACh, que resultam em bloqueio de fase 2, similar aos
adespolarizantes
Os bloqueadores adespolarizantes ligam-se a receptores de ACh, mas nã o induzem a alteraçã o
conformacional necessá ria para a abertura dos canais iô nicos → A ACh é impedida de ligar-se a seus
receptores → Nã o se desenvolve o potencial de placa motora
# Há bloqueio mesmo que apenas uma subunidade alfa esteja ocupada
Portanto, os agentes despolarizantes funcionam como agonistas dos receptores de ACh, enquanto os
adespolarizantes funcionam como antagonistas competitivos
# Em patologias com diminuiçã o de ACh (p.ex. desnervaçã o muscular, Eaton-Lambert), há
aumento compensató rio no nú mero de receptores de ACh e expressã o da sua forma imatura
(baixa condutâ ncia e canal aberto por tempo prolongado) → Resposta exagerada aos agentes
despolarizantes (mais receptores despolarizados) e resistência aos adespolarizantes (mais
receptores que devem ser bloqueados)
# Ao contrá rio, quando há menos receptores de ACh (p.ex. miastenia grave), há resistência aos
agentes despolarizantes e resposta exagerada aos adespolarizantes
Reversão do bloqueio
Os agentes despolarizantes nã o sã o metabolizados pela acetilcolinesterase → Difundem-se pela JNM e
sã o metabolizados no plasma e fígado pela pseudo-colinesterase (colinesterase inespecífica ou
plasmá tica) em um processo rá pido. Nã o há antídoto específico para bloqueio despolarizante
Os agentes adespolarizantes nã o sã o significativamente metabolizados pela acetilcolinesterase ou
pseudo-colinesterase → A reversã o do bloqueio depende de redistribuiçã o, metabolismo gradual,
excreçã o e agentes de reversã o específicos (p.ex. inibidores da colinesterase)
# Inibidores da colinesterase aumentam a quantidade de ACh disponível na JNM para competir
com os agentes adespolarizantes, mas nã o têm benefício em bloqueios despolarizantes (até
prolongam seu bloqueio por inibir a pseudo-colinesterase)
Metabolismo e excreção
Rá pido início de açã o (30-60seg) → Baixa solubilidade lipídica e dose alta em geral utilizada
Curta duraçã o (<10min) → Ao penetrar a circulaçã o, grande parte já é metabolizada em
succinilmonocolina (apenas uma fraçã o da dose usada chega à JNM). Também, conforme os níveis
séricos caem, as moléculas de succinilcolina soltam-se da JNM, limitando também a duraçã o de açã o.
A duraçã o de açã o pode ser prolongada por altas doses ou metabolismo anormal
Metabolismo anormal
Pode ocorrer por hipotermia, baixos níveis enzimá ticos ou enzima geneticamente aberrante
# Baixos níveis enzimá ticos → Gestaçã o, doenças hepá ticas, insuficiência renal e algumas drogas
(anticolinesterá sicos, iMAO, metoclopramida, esmolol, pancurô nio, ciclofosmamida e alguns
ACHO) → Baixos níveis de pseudo-colinesterase em geral prolongam pouco a açã o da
succinilcolina (2-3x: até 2-20min)
# Enzima geneticamente aberrante:
→ 1/50 dos pacientes tem mutaçã o heterozigó tica da pseudo-colinesterase (1 gene
normal e 1 anormal), resultando em bloqueio levemente prolongado (2-3x,
aproximadamente como nos baixos níveis enzimá ticos: 20-30min)
→ 1/3000 dos pacientes sã o homozigó ticos atípicos (2 genes anormais), resultando em
enzima com quase nenhuma afinidade pela succinilcolina. Pacientes com essa alteraçã o
apresentam um bloqueio muito prolongado (até 4-8 horas). Deve ser tratada com
ventilaçã o mecâ nica contínua até que a funçã o neuromuscular volte ao normal
A dibucaína, um anestésico local, inibe a atividade da pseudo-colinesterase normal em 80%. No caso
de anormalidade homozigó tica, a inibiçã o é de 20%; e de heterozigotos, 40-60%. A porcentagem de
inibiçã o da pseudo-colinesterase pela dibucaína é dita nú mero da dibucaína. É proporcional à funçã o
enzimá tica e INDEPENDE da quantidade de enzima
Portanto, a adequaçã o da pseudo-colinesterase pode ser medida
# Quantitativamente → Em unidades por litro (fator de menor importâ ncia)
# Qualitativamente → Pelo nú mero de dibucaína (fator mais importante)
Interações medicamentosas
Inibidores da colinesterase → Revertem a paralisia de agentes adespolarizantes, mas prolongam o
bloqueio de fase I por 2 mecanismos:
# Inibiçã o da pseudo-colinesterase → Menor hidró lise de succinilcolina
# Inibe acetilcolinesterase → Maior concentraçã o de ACh na fenda (intensifica a despolarizaçã o)
Obs.: organofosforados inibem a acetilcolinesterase (irreversível): prolongam a açã o de succinilcolina em 20-30min
Relaxantes adespolarizantes → Baixas doses de adespolarizantes antagonizam o bloqueio de fase 1
(ligam-se a receptores de ACh, dificultando a despolarizaçã o)
# Exceçã o → Pancurô nio: aumenta o bloqueio por inibir a pseudo-colinesterase
# Se for administrado despolarizante suficiente para causar um bloqueio de fase III (similar ao
de fase II), um adespolarizante potencializará a paralisia
# Dose de IOT de succinilcolina reduz a necessidade de adespolarizantes em ~30min
Outras interaçõ es: potencializam o bloqueio despolarizante → Alguns ATB, antiarrítmicos, anestésicos
inalató rios, anestésicos locais em doses altas, lítio, sulfato de Mg (pré-eclâ mpsia e eclampsia)
Dosagem
Dose de IOT: 1-1,5mg/Kg EV
Monitorar a funçã o neuromuscular para evitar superdosagem e um bloqueio de fase III
Como a succinilcolina nã o é solú vel em lipídeos, sua distribuiçã o é limitada ao espaço extracelular.
Bebês e RNs possuem maior espaço extracelular que adultos (a dose pediá trica é maior)
Cardiovascular
A succinilcolina afeta também receptores colinérgicos fora da JNM
Receptores nicotínicos no SNS e SNP ou receptores muscarínicos no NSA podem variar a PA e FC.
Baixas doses de succinilcolina têm efeitos cronotró pico e inotró pico negativos, porém doses mais altas
aumentam a FC, PA, contratilidade e catecolaminas circulantes
As crianças sã o mais suscetíveis a bradicardia pó s-succinilcolina e os adultos em geral a desenvolvem
apó s uma segunda dose (3-8min apó s a primeira), pois o metabó lito da succinilcolina, a
succinilmonocolina sensibiliza receptores colinérgicos muscarínicos no NSA
# Administrar dose profilá tica de atropina em crianças e apó s uma segunda dose em adultos
Fasciculaçõ es
O início da paralisia pela succinilcolina em geral é acompanhado de fasciculaçõ es
Podem ser prevenidas pelo prime de agente adespolarizante → Uma maior dose subsequente de
succinilcolina é necessá ria (1,5mg/Kg)
Em geral nã o há fasciculaçõ es em → Idosos e pré-escolares
HiperK
Durante a despolarizaçã o, a musculatura normal libera K suficiente para aumentar 0,5mEq/Kg seu
nível sérico → Perigoso em hiperK, queimaduras, trauma maciço, distú rbios neuroló gicos e outros
Nas lesõ es com desnervaçã o, a isoforma imatura do receptor de ACh é expressa dentro e fora da JNM.
Esses receptores extra-juncionais permitem que a succinilcolina libere muito K em sua açã o
Dores musculares
Mialgia pó s-OP é comum em pacientes que recebem succinilcolina
# Fatores protetores → Gestaçã o e extremos de idade
Pré-tratamento com adespolarizantes pode diminuir a mialgia (rocurô nio 0,06-0,1mg/Kg)
# Uso perioperató rio de AINEs pode reduzir a incidência e intensidade de mialgias
Obs.: em cirrose hepá tica ou insuficiência renal há um maior Vd para relaxantes musculares (hidrofílicos), mas alguns com
excreçã o renal ou hepática podem ter seu clearance diminuído → Dose inicial (saturaçã o) maior e doses de manutençã o
menores nessas doenças
Condiçõ es adequadas para IOT → A açã o dos adespolarizantes nã o é rá pida como a da succinilcolina,
mas seu início de açã o pode ser agilizado por uma dose maior ou por uma dose de sensibilizaçã o
(priming dose)
# Dose maior → DE95 é a dose eficaz de uma droga em 95% dos indivíduos. Para IOT usa-se
2xDe95 como dose → Acelera o início de açã o, mas aumenta efeitos colaterais e prolonga o
bloqueio (tornando-o irreversível por mais tempo). Efeitos colaterais exacerbados ocorrem
principalmente em idosos ou em casos de cirurgia abdominal
# Priming dose → Usar 10-15% da dose de IOT 5 minutos antes da induçã o irá ocupar receptores
suficientes para que a paralisia seja mais rá pida ao administrar o restante (60seg com o
rocurô nio ou 90seg com os de açã o intermediá ria). Geralmente nã o causa paralisia significativa
(precisa ocupar 75-80% dos receptores), mas em alguns pacientes pode causar dispneia,
diplopia, disfagia, com dessaturaçã o (mais comum em idosos)
Potencializaçã o pelos anestésicos inalató rios → Os inalató rios diminuem no mínimo 15% a
necessidade de agentes adespolarizantes. Essa potencializaçã o depende do gá s (desflurano >
sevoflurano > iso e enflurano > halotano > N2O) e do relaxante (pancurô nio > vecurô nio e atracú rio)
Efeitos colaterais autonô micos → Os mais modernos (cisatracú rio, mivatracú rio, doxacú rio, atracú rio,
vecurô nio e pipecurô nio) nã o têm efeito autonô mico significativo em doses normais. O pancurô nio
bloqueia os receptores muscarínicos vagais no NSA (leva à taquicardia)
Liberaçã o de histamina → Atracú rio e mivatracú rio liberam histamina, principalmente em doses mais
altas → Pode causar broncoespasmo, rash cutâ neo, hipotensã o secundá ria à vasodilataçã o periférica
→ Podem prevenir esse efeito: velocidade de bolus lenta e pré-tratamento com anti-histamínicos H1 e
H2
Clearance hepá tico → Somente pancurô nio e vecurô nio têm metabolizaçã o hepá tica significativa e
seus metabó litos ativos contribuem para seu efeito. Insuficiência hepá tica prolonga seu bloqueio (o
mivatracú rio pode ter seu bloqueio aumentado por insuficiência hepá tica associada a reduçã o dos
níveis de pseudo-colinesterase)
Clearance renal → Doxacú rio, pancurô nio, vecurô nio e pipecurô nio sã o parcialmente excretados pelo
rim e têm seu bloqueio aumentado em insuficiência renal. A eliminaçã o de atracú rio, mivatracú rio e
rocurô nio é independente da funçã o renal
Atracúrio
Farmacocinética
Estrutura de benzilisoquinolina. Sua farmacocinética nã o depende de funçã o renal ou hepá tica (menos
de 10% sã o excretados inalterados). Seu metabolismo depende de:
# Hidró lise por ésteres → Por esterases nã o-específicas (nã o a pseudo ou a acetilcolinesterase)
# Eliminaçã o de Hofmann → Degradaçã o química nã o-enzimá tica que ocorre em temperatura e
pH ambiente → Libera laudanosina, excitador do SNC, metabolizada pelo fígado e excretada na
bile e na urina
Pode ter duraçã o mais curta em crianças e bebês do que em adultos
Dosagem
DE95=0,25 → Dose de IOT: 0,5mg/Kg durante 30-60seg
Relaxamento intra-OP → Inicialmente 0,25g/Kg com manutençã o de 0,1mg/Kg a cada 10-20min
(infusã o contínua de 5-10mcg/kg/min substitui bolus intermitentes)
Início de açã o 2-3min
Cisatracúrio
Farmacocinética
Estereoisô mero do atracú rio, 4x mais potente (benzilisoquinolina) → O atracú rio contém
aproximadamente 15% do seu isô mero, o cisatracú rio
Como o atracú rio, o cisatracú rio tem degradaçã o por eliminaçã o de Hofman (degradaçã o nã o
dependente de enzima ou ó rgã os, em pH e temperatura ambientes). Entre seus metabó litos inclui-se
também a laudanosina, mas por ser usada dose menor (4x mais potente) em geral resulta em níveis
seguros de laudanosina.
# Nã o estã o envolvidos → Esterases, funçã o renal ou hepá tica
# Metabolismo independe de funçã o renal e hepá tica
A idade nã o interfere na farmacocinética
Dosagem
DE95=0,075 → Dose de IOT: 0,1-0,2mg/kg
Taxa de infusã o contínua → 1,0 a 2,0mcg/kg/min
Equipotente ao vecurô nio, mais potente que o atracú rio
Mivatracúrio
Farmacocinética
Benzilisoquinolina
Metabolizado pela pseudo-colinesterase (similar à succinilcolina) e pouco pela colinesterase
verdadeira.
# Açã o prolongada em pacientes com baixos níveis de pseudo-colinesterase ou mutaçã o
(homozigotos atípicos têm duraçã o de bloqueio de 3-4h)
# Antagonismo com anticolinesterá sicos acelera a reversã o do bloqueio por mivatracú rio (ao
contrá rio da succinilcolina)
# Apesar de nã o depender de ó rgã os, a duraçã o de açã o é prolongada em → Insuficiência renal,
hepá tica, gestantes, pó s-parto (por reduçã o dos níveis de colinesterase plasmá tica)
Crianças precisam de maior dosagem que adultos (se calculada por peso, nã o por superfície corporal).
Crianças também têm início mais rá pido e duraçã o mais curta de açã o
Dosagem
DE95=0,08 → Dose de IOT: 0,15-0,2mg/kg
Relaxamento intra-OP → Iniciar com 4-10mcg/kg
Início de açã o 2-3min (semelhante ao atracú rio)
Principal vantagem → Duraçã o de 20-30min (ainda assim, 3x mais longa que a succinilcolina, mas a
metade do atracú rio, vecurô nio e rocurô nio). Prolongada se administraçã o prévia de pancurô nio
Doxacúrio
Farmacocinética
Benzilisoquinolina (semelhante ao atracú rio e mivatracú rio)
Pequena hidró lise pela colinesterase plasmá tica, sendo que sua principal via de eliminaçã o é a renal
(similar a outros relaxantes musculares de longa duraçã o)
# Duraçã o de açã o prolongada e variá vel em insuficiência renal
Duraçã o de açã o prolongada em idosos
Dosagem
DE95=0,025 → Dose de IOT:0,05-0,07mg/kg
Relaxamento intra-OP → Dose inicial de 0,2mg/kg e manutençã o com doses de 0,005mg/kg
Início de açã o 4-6min (em geral quanto maior a potencia, mas lento é o início de açã o)
Duraçã o de açã o 60-90min (semelhante à do pancurô nio)
Pancurônio
Farmacocinética
Estrutura esteroide
Metabolizado (desacetilado) no fígado em grau limitado, com produtos metabó licos que têm alguma
atividade de relaxante muscular. A excreçã o é primariamente renal (40%), mas também biliar (10%)
# Sua eliminaçã o é retardada (bloqueio prolongado) em insuficiência renal
# Pacientes com cirrose precisam de maior dose inicial (maior Vd) e menor manutençã o (menor
clearance plasmá tico)
Crianças podem precisar de doses maiores
Dosagem
DE95=0,05-0,07 → Dose de IOT: 0,08-0,12
Início de açã o em 2-3min
Relaxamento intra-OP → inicialmente 0,04mg/kg e manutençã o de 0,01mg/kg a cada 20-40min
Duraçã o de açã o de 60-120min (similar à do doxacú rio)
Pipecurônio
Farmacocinética
Estrutura esteroide similar ao pancurô nio
Metabolismo tem um papel pequeno
Eliminaçã o depende da excreçã o renal (70%) e biliar (20%)
# Duraçã o está aumentada em insuficiência renal, mas nã o em insuficiência hepá tica
Bebês precisam de quantidades menores de pipecurô nio e idosos nã o mudam a dosagem
Dosagem
DE95=0,05 → Dose de IOT: 0,06-0,10
Relaxamento intra-OP → Doses reduzidas em 20% quando comparadas ao pancurô nio
Início e duraçã o de açã o similares ao pancurô nio
Vecurônio
Farmacocinética
Ester sem um grupo metila quaterná rio (altera beneficamente os efeitos colaterais sem afetar a
potencia)
Uma pequena parte é metabolizada pelo fígado. A excreçã o é primariamente biliar e secundariamente
renal (25%)
# Pode ser usada em insuficiência renal, mas tem duraçã o prolongada
Curta duraçã o → Meia vida de eliminaçã o curta por distribuiçã o
Metabó litos ativos → O mais potente é o 3OH vecurô nio, com 60% da atividade do vecurô nio, e
podendo ser responsá vel pela recuperaçã o prolongada em pacientes em UTI
Idade nã o afeta a dosagem inicial, mas doses subsequentes sã o menos necessá rias em RN e bebês. As
mulheres sã o 30% mais sensíveis que os homens
Duraçã o de açã o prolongada em pó s-parto
Dosagem
DE95=0,05 → Dose de IOT: 0,08-0,12
Relaxamento intra-OP → Iniciar com 0,04mg/kg e manter com 0,01mg/kg a cada 15-20min
(alternativa é uma infusã o contínua de 1-2mcg/kg/min)
Rocurônio
Farmacocinética
Ester, aná logo do vecurô nio, desenhado para ter rá pido início de açã o
Nã o sofre metabolismo, nã o tem metabó litos ativos. É eliminado primariamente pelo fígado e muito
pouco pelos rins
# Duraçã o de açã o maior em insuficiência hepá tica e gestaçã o, mas nã o em insuficiência renal
# Dose maior em doença hepá tica avançada (maior Vd)
Mais adequado para infusã o de longa duraçã o que o vecurô nio (p.ex. em UTI)
Duraçã o de açã o prolongada em idosos (menor massa hepá tica)
Dosagem
Menos potente (maior velocidade de início de açã o) → DE95=0,3 → Dose de IOT: 0,45-0,9mg/kg
Relaxamento intra-OP → Mantido com 0,15mg/kg (ou infusã o 5-12mcg/kg/min)
Pode ser usado IM (1mg/kg para bebês e 2mg/kg para crianças) e relaxa as cordas vocais o suficiente
para IOT em 3-6min (mas só pode ser revertido apó s 1h)
Início de açã o rá pido para adespolarizantes: 60-90seg (ainda assim, 3x o da succinilcolina). Pode ser
usado em sequencia rá pida, mas com maior tempo para início de açã o e duraçã o maior que a
succinilcolina. O tempo de início pode ser contornado se administrado 20seg antes do indutor para
compensar essa diferença para a succinilcolina, mas há o risco de retardo na administraçã o do indutor
e ter o paciente consciente, mas paralisado
Farmacologia colinérgica
Piridostigmina
Estrutura → Similar à neostigmina, mas com amô nia quaterná ria no anel fenol (também hidrofílica)
Dosagem → 20% da potencia da neostigmina: 0,1-0,4mg/kg (até 20mg em adultos)
# Preferir glicopirrolato também é preferido, pelo início de açã o similar (menos taquicardia) →
0,05mg para cada 1mg de piridostigmina
Início de açã o mais lento (10-15 minutos) → Duraçã o de açã o maior (2h)
Edrofônio
Estrutura → Nã o possui grupo carbamato (ligaçã o nã o-covalente com a ACh), mas tem o grupo
amô nia, que faz com que nã o seja lipossolú vel
Dosagem → 10% da potencia da neostigmina: 0,5-1mg/kg
# Combinar com atropina: 0,014mg para cada 1mg de edrofô nio
# Se escolhido, o glicopirrolato deve ser usado vá rios minutos antes do edrofô nio para evitar
taquicardia (se for dado junto): 0,007mg para 1m de edrofô nio
Início de açã o mais rá pido (1-2 minutos) → Duraçã o de açã o mais curta de todos
Influências no efeito → Extremos de idade sã o insensíveis à reversã o com edrofô nio
Outros usos →
Efeitos colaterais → Em doses equipotentes, os efeitos muscarínicos do edrofô nio sã o menores que os
da neostigmina ou piridostigmina (precisa da metade da dose de anticolinérgico)
Fisiostigmina
Estrutura → Amina terciá ria com grupo carbamato (ligaçã o covalente com ACh), mas sem amô nia
quaterná ria (lipossolú vel, passa livremente a barreira hemato-encefá lica)
Dosagem → 0,01-0,03mg/kg
# Em geral nã o há necessidade do uso de anticolinérgicos, embora devam estar preparados. O
glicopirrolato nã o cruza a BHE e nã o reverterá os efeitos da fisiostigmina sobre o SNC
# A solubilidade lipídica da fisiostigmina e sua penetraçã o no SNC limitam seu uso como agente
de reversã o de bloqueio neuromuscular
Outros usos →
# Eficaz para tratar → Overdose por uso de atropina ou escopolamina
# Reverte parte do delírio e depressã o do SNC associados a benzodiazepínicos e anestésicos
volá teis
# Prevençã o de tremores pó s-OP
# Antagoniza a depressã o respirató ria induzida pela morfina (morfina reduz a ACh no cérebro)
Efeitos colaterais → Salivaçã o excessiva, vô mitos, convulsõ es
Diferente de todos os outros inibidores da colinesterase → A fisiostigmina é metabolizada quase
completamente por esterases plasmá ticas (excreçã o renal nã o-importante)