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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM RADIOLOGIA

DISCIPLINA BIOFÍSICA

BIOELETRICIDADE

Msc. Larisse S. Dalla Líbera

Ceres 2020
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM RADIOLOGIA
DISCIPLINA BIOFÍSICA

BIOELETRICIDADE

OBJETIVOS:
1 Conceituar os principais termos em bioeletricidade
2. Entender como ocorre um potencial de ação
3. Descrever as estruturas de uma célula nervosa
BIOELETRICIDADE
Bioeletricidade
Bioeletricidade: Ciência da biofísica que estuda a produção ou propagação de uma
corrente elétrica em seres vivos.
Bioeletrogênese: Capacidade de gerar e alterar a diferença de potencial elétrico
através da membrana
Potencial de membrana ou ação: Diferença de potencial elétrico entre o interior e
o exterior da célula.
Potencial de repouso: Quando o potencial de membrana permanece inalterado (não
há influencias externas).
Já sabemos que as cargas elétricas que geram os fenômenos elétricos na membrana
celular são os íons, tais como, Na+, K+, Ca++ e Cl-.
Células excitáveis
As células excitáveis são capazes de alterar ativamente o potencial da membrana. Os
principais tipos de células excitáveis são os neurônios e as fibras musculares.

A membrana das células excitáveis responde ativamente a estímulos. A resposta mais


típica é o potencial de ação.
O potencial de ação (PA) é um evento elétrico transitório rápido no qual ocorre a
completa inversão da polaridade elétrica de uma membrana.
Potencial de repouso

O potencial de repouso de uma célula tem sua origem em dois mecanismos


simples:
1) Difusão de íons através da membrana (Na+ e K+) e,
2) Uma pequena contribuição da bomba de Na+/K+.
O potencial de repouso de uma célula nervosa, quando não está transmitindo
um impulso elétrico, é de aproximadamente – 90 mV. Isso significa dizer que o
potencial dentro da célula é 90 mV mais negativo do que o meio extracelular.
Potenciais elétricos de membrana resultantes da
difusão de íons
A tabela mostra as concentrações de Na+, K+, Cl- e Ca++ no interior e exterior
de uma célula em repouso.
Potenciais elétricos de membrana resultantes da
difusão de íons
A diferença de potencial elétrico entre as duas faces de membrana que impede
a difusão de um determinado íon é chamada de potencial de equilíbrio do íon
ou potencial de Nernst.
A equação de Nernst permite que seja calculado o potencial de equilíbrio de um
íon.
Vejamos abaixo o cálculo do potencial de equilíbrio de alguns íons

E para os íons de K+, Cl- e Ca++?

K+ =– 94,96 Mv
Cl- = – 84,88 mV
Ca++ = +132,25 mV
A equação de Nernst somente é usada quando a membrana é permeável a apenas um
único íon. Quando vários íons puderem atravessá-la, o potencial de membrana
dependerá dos seguintes fatores:
a) concentrações dos íons nos meios intra e extracelular
b) permeabilidade (P) da membrana para cada íon.
A equação que permite o cálculo deste potencial, considerando a membrana ser
permeável apenas aos íons univalentes Na+ e K+, é conhecida como equação de
Goldman-Hodgkin-Katz:

A membrana da célula nervosa, durante o repouso, é 100 vezes mais permeável ao


potássio do que ao sódio. Dessa forma, a P K+ = 100 e ao P Na+ = 1.
Potencial de ação na célula nervosa
Transporte ativo de Na+ e K+

Polarizado
Transporte passivo de Na+

Despolarizado

Transporte passivo de K+

Repolarizado
Propagação do impulso nervoso
Potencial de ação (PA)

Superação
Etapas do PA:
 Fase ascendente: despolarização;
 Inversão de polaridade da
membrana;
 Fase descendente: repolarização;
 Hiperpolarização.

Potenciais de ação são disparados quando uma despolarização inicial atinge o potencial
limiar excitatório. O potencial limiar varia, mas normalmente gira em torno de 15 mV
acima do potencial de repouso de membrana da célula e ocorre quando a entrada de
íons de sódio na célula excede a saída de íons de potássio
Funcionamento dos canais durante as fases de despolarização e repolarização.

 Os canais de Na+, dependentes de voltagem abrem-se, permitindo a elevação do


potencial (em marrom).
 Cargas positivas (indicadas em verde), devido aos íons de K+, saem da célula,
simultaneamente temos a queda do potencial de membrana

Despolarização
Pico do PA reversão

Repolarização

Potencial de repouso
(limiar)
Hiperpolarização
Velocidade do potencial de ação
Nos axônios, o potencial de ação se propaga de modo misto, alternando entre duas fases:
uma passiva (transporte passivo) e outra ativa (transporte ativo).
A velocidade de propagação do potencial de ação pode ser variada ao se variar o tempo
de duração de alguma das duas fases da propagação.
A fase ativa costuma ser constante nas células, durando em torno de 4ms. Deste modo, a
célula varia a duração da fase passiva, havendo dois modos básicos:
• Aumento ou diminuição do calibre do axônio ou célula.
• Maior ou menor isolamento da membrana (ao variar a espessura da mielina, se
houver).
OBS: O potencial de ação de um neurônio é sempre o mesmo, qualquer que seja o
estímulo, porque o neurônio obedece à "lei do tudo ou nada”
Velocidade do potencial de ação
A velocidade de condução é maior quanto maior for o diâmetro da fibra nervosa.
Em neurônios mielinizados a condução é mais rápida que nos não-mielinizados.
Basicamente, as fibras nervosas podem ser divididas em 3 grupos:
- Tipo A: mielinizados com grande diâmetro. Condução mais rápida.
- Tipo B: mielinizados com diâmetro pequeno.
- Tipo C: amielinizados com diâmetros pequenos e discretos. Condução mais lenta.
Bainha de mielina
A bainha de mielina é uma membrana lipídica
modificada e espessada;
Pode ser sintetizada por duas células:
Oligodendrócitos (sist. nerv. central)
Células de Schwann, (sist. nerv. periférico).
Ela aumenta o isolamento celular;
Permite uma maior velocidade da fase passiva;
Diminui o número de fases ativas da
propagação do PA;
As fases ativas da propagação ocorrem em
máculas da bainha de mielina, os nódulos da
Ranvier.

A bainha de mielina queima etapas na propagação do PA, ao diminuir o número


de potenciais ativos pelos movimentos saltatórios.
Condução da onda de despolarização
A propagação da onda de despolarização é bidirecional na célula nervosa e
unidirecional na via nervosa.

Em neurônios mielinizados a condução é dita saltatória, o que faz com que o


estímulo se propague mais rapidamente e com menos gasto de ATP.

Os neurônios não-mielinizados são isolados pelos prolongamentos do


citoplasma da célula de Schwann.

A repolarização de uma célula inicia sempre no mesmo local em que ela foi
despolarizada.
Estímulos que podem excitar a fibra nervosa
As fibras nervosas podem ser estimuladas por

MEIOS FÍSICOS MEIOS QUÍMICOS

Exemplos: pressão aplicada sobre terminações nervosas na pele, distende


mecanicamente estas terminações, o que abre os poros da membrana ao sódio,
produzindo impulsos.
Sinapse

Tipo especial de junção celular que permite a comunicação direta entre as


células.

Classificação das sinapses


Quanto á morfologia e modo de funcionamento reconhecem-se:
 Sinapses elétricas = raras em vertebrados
 Sinapses químicas = a grande maioria das sinapses interneuronais e
todas as sinapses efetuadoras são sinapses químicas, dependentes da
liberação de substância química denominada neurotransmissor
Neurotransmissores conhecidos:

• Acetilcolina (aprendizado),
• Adrenalina (luta ou fuga),
• Endorfina (euforia),
• Serotonina (humor),
• Dopamina (prazer),
• Noradrenalina (concentração),
• Glutamato (memória)
• Gaba-ácido gama-amino-butírico (calmante)
Entre outros...
Sinapses e junções neuroefetuadoras
JUNÇÕES JUNÇÕES
NEUROEFETUADORAS NEUROEFETUADORAS
SOMÁTICAS VISCERAIS

Se a conexão se faz com


Se a conexão se faz com
células musculares
células musculares lisas,
esqueléticas
cardíacas ou glândulas
Terminais pré-sinápticos
Quando um potencial de ação invade um terminal pré-sináptico, a despolarização
da membrana faz com que algumas vesículas esvaziem seu conteúdo na fenda.
O transmissor liberado produz alteração imediata da membrana neuronal pós-
sináptica, o que leva á excitação ou inibição do neurônio, dependendo das
propriedades de seus receptores.
Alguns conceitos importantes...
ddp: Diferença de potencial
Excitabilidade celular: É a propriedade que a célula possui de alterar o seu potencial de
repouso (PR) quando submetida a estímulos eficazes.
Despolarização celular: Entrada de sódio, processo de inversão de polaridade celular.
Quando uma célula recebe um estímulo eficaz ocorre um aumento da permeabilidade(g) do íons sódio. O Na+ entra na
célula a favor do gradiente de concentração levando consigo cargas positivas e gerando uma ligeira despolarização
local. Essa despolarização, por sua vez, aumenta ainda mais a permeabilidade ao sódio fazendo com que grandes
quantidades deste íon entre na célula.

Overshoot: Superação. Ponto da despolarização que faz com que ocorra a inativação do
fluxo de sódio, cessando a sua entrada na célula.
Repolarização: Saída de potássio.
Aumento da permeabilidade da membrana ao potássio que sai da célula a favor do gradiente de concentração (difusão
simples) levando consigo cargas positivas e fazendo com que o potencial de membrana caia novamente a valores
negativos.

Hiperpolarização: Saída excessiva de potássio.


A Hiperpolarização ocorre devido a grande permeabilidade da célula aos íons potássio.
Potencial de ação: Variações no potencial de membrana pela qual a célula passa durante a
transmissão ao longo da fibra nervosa, também chamado impulso elétrico ou nervoso.
Estímulos Subliminares: estímulos incapazes de gerar PAs. Geram apenas pequenas
respostas locais não-propagáveis.
Estímulos Limiares: menor estímulo capaz de gerar um PA.
Estímulos Supra limiares: desencadeiam PAs que possuem a mesma amplitude dos
potenciais gerados pelos estímulos limiares.
Características do PA: princípio do “tudo ou nada”: a célula nervosa responde de forma
máxima a estímulos limiares e supra limiares, e gera respostas locais não propagadas a
estímulos subliminares, ou seja, o aumento na intensidade de estimulação não aumenta
nem a amplitude nem a velocidade de condução.
Período refratário absoluto: dura de 0,4 a 1 ms após a gênese do PA. Nesse período a
célula não apresenta a sua característica de excitabilidade, ou seja, não é capaz de
responder a nenhum tipo de estímulo nervoso mesmo que ele seja supra limiar.
Período refratário relativo: dura de 10 a 50 ms após a gênese do PA. Nesse período as
respostas somente poderão ser geradas quando da aplicação de estímulos supra limiares.
Para Fixar...
A composição iônica de um musculo esquelético de uma rã é descrita na tabela
abaixo. Levando-se em consideração a equação potencial de Nerst abaixo, em
que a diferença de potencial é de 58 mV, qual o potencial de repouso da célula
em relação a cada íon?
Íon Concentração iônica Concentração iônica Relação Log Potencial de
intracelular [Íon]interior extracelular [Íon]exterior repouso EK (mV))
(mM) [Íon]exterior (mM) /[Íon]interior
Ca++ 4,9 2,1 0,42 -0,37 -10,73
Cl- 1,5 77,5 51,66 1,71
K+ 124 2,25 0,01 -2
Na+ 10,4 109 10,48 1,02

[Íon]exterior
VK = (58 mV) log ( )
[Íon]interior
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BIOELETRICIDADE

REFERÊNCIAS
1. DURAN, J. H. Rodas. Biofísica: Conceitos e Aplicações. 2° ed. Rio de Janeiro: Person
Universitária. 2011. Cap. 13, pg. 213-223.
2. DURÁN, J. E. R. Biofísica: fundamentos e aplicações. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
3. GARCIA, E. A. C. Biofísica. São Paulo: Sarvier, 2002.
4. HENEINE, I. F. Biofísica básica. São Paulo: Atheneu, 2006.

Material complementar:
https://www.youtube.com/watch?v=iC2AlRZvQnE
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RETOMADA DOS OBJETIVOS:


1 Conceituar os principais termos em bioeletricidade
2. Entender como ocorre um potencial de ação
3. Descrever as estruturas de uma célula nervosa

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