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Resumo de Biofísica
Wanda Osório e Luís Felipe Castro - Biomedicina Integral

BIOELETROGÊNESE

O corpo encontra-se em estados estacionários dinâmicos:


➔ equilíbrio osmótico
➔ desequilíbrio químico
➔ desequilíbrio elétrico

O corpo humano é eletricamente neutro, porém o compartimento intracelular não é


eletricamente neutro.

● Revisão Eletricidade
Separação de cargas requer energia e cargas separadas acumulam energia potencial.
Corrente elétrica - movimento de cargas em meios condutores
As cargas que deram os fenômenos elétricos nas células são os íons: K+, Na+, Ca+ e Cl-

● O transporte de íons para fora da célula cria um gradiente elétrico e um gradiente de


concentração, chamados em conjunto de GRADIENTE ELETROQUÍMICO.
● O diferença elétrica (medida em mV) entre os líquidos extra e intracelular quando
não há nenhuma perturbação elétrica é chamado de diferença de potencial da
membrana em repouso ou apenas POTENCIAL DE MEMBRANA.

Repouso: ocorre em todas as células


Potencial: gradiente elétrico é uma forma de energia armazenada, energia potencial
Diferença: diferença na quantidade de carga elétrica dentro e fora da célula

● Potencial de Repouso: diferença de potencial elétrico através da membrana


plasmática da célula
Potencial elétrico no LEC = zero (convenção)
Potencial elétrico na célula = negativo em relação ao LEC

● Origem do potencial de repouso:


- A membrana plasmática atua como CAPACITOR, (duas superfícies condutoras
separadas por uma fina lâmina isolante) usado para armazenar cargas elétricas ou
energia elétrica.
- Principal carga negativa no interior da membrana: PAND (proteínas aniônicas não-
difusíveis).
- A presença de canais na membrana celular permite o fluxo de ìons (corrente
elétrica).
- Este fluxo ocorre pela distribuição desigual dos íons nos dois lados da membrana.
- K+ É O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELO POTENCIAL DE REPOUSO.
● Equilíbrio Eletroquímico de Gibbs Donnan - existe diferença de potencial elétrico
entre os compartimentos; depende da concentração de soluto e da distribuição das
cargas - o íon difunde-se, atingindo o equilíbrio com distribuição desigual de cargas.
● Potenciais de Equilíbrio: cada íon tem um próprio potencial de equilíbrio,
considerando que a célula seja permeável apenas a este íon. No potencial de
equilíbrio não há movimento efetivo deste íon através da membrana. Se a diferença
de concentração de um íon através da membrana é conhecida , o potencial de
equilíbrio para este íon pode ser calculado pela equação de Nernst.

❏ Potencial de Repouso nas células não-excitáveis:


Íon responsável é o K+.
O K+ sai da célula pelos canais de vazamento até próximo do seu potencial de equilíbrio.
Gradiente eletroquímico direciona o K+ para fora da célula.
O K+ sai mas é atraído na face externa da membrana pelas cargas negativas das PANDs
(diferença de potencial da membrana em repouso).
Estas células atingem o equilíbrio eletroquímico de Gibbs Donnan, sem a necessidade de
ATP.

❏ Potencial de Repouso nas células excitáveis:


Células excitáveis são permeáveis a mais de um íon que apresentam diferentes
permeabilidades na membrana plasmática.
Estas células não atingem equilíbrio de nenhum tipo, já que são permeáveis ao Na+, que
entra na célula a favor de seu gradiente eletroquímico e “desfaz” a tentativa de equilíbrio de
Gibbs Donnan do K+.
Bomba Na/K ATPase é responsável por manter os gradientes dos íons Na+ e K+ (gasto de
energia).

➔ Células excitatórias: utilizam uma perturbação do potencial de repouso -


POTENCIAL DE AÇÃO - para a comunicação célula-célula.
Exemplos: neurônios, músculos e células secretoras endócrinas.

● O que causam as modificações no potencial de membrana? alterações nas


permeabilidades aos íons (Na+, Cl-, Ca+ tem permeabilidade muito baixa no
potencial de repouso( (K+ pode ter sua permeabilidade aumentada ou diminuída).

GRANDES ALTERAÇÕES NO POTENCIAL DE MEMBRANA SÃO CAUSADAS POR


ALTERAÇÕES MINÚSCULAS NAS CONCENTRAÇÕES IÔNICAS (poucas cargas -
economia de energia)

Os processos de bioeletrogênese ocorrem próximos à membrana - distâncias curtas - altas


velocidades - pouco tempo.

● Fatores que influenciam o potencial de membrana:


➔ gradiente de concentração dos íons
➔ permeabilidade da membrana aos íons
Se um desses fatores mudar, o potencial de membrana muda, criando um sinal elétrico que
pode ser utilizado para transmitir informação.

O movimento iônico pode despolarizar ou hiperpolarizar a célula.


➔ Movimentos que despolarizam a célula: entrada de Na+, entrada de Ca2+
➔ Movimentos que hiperpolarizam a célula: saída de K+, entrada de Cl-

● Permeabilidade Iônica:
A abertura ou fechamento de canais iônicos causa mudança na permeabilidade iônica.
CONDUTÂNCIA é a facilidade com que os íons fluem através de um canal.

Existem canais de vazamento e canais com abertura reguladas por estímulos (1-
controlados mecanicamente; 2- controlados por ligante e 3- controlados por voltagem)

Velocidade de ativação e inativação variam de um canal para o outro.

❏ Alterações no potencial de repouso


Sinais elétricos - células musculares e neurônios modificam seu perfil elétrico invertendo a
polarização do potencial de repouso (potencial graduado ou potencial de ação)
➔ Potencial Graduado ou eletrotônico - sinal de amplitude variável que percorre
distâncias curtas e perde intensidade (propagação decremental) à medida que
percorre a célula. Podem ser despolarizações ou hiperpolarizações; e a amplitude é
diretamente proporcional ao estímulo.
➔ Potencial de Ação - grandes despolarizações muito breves que percorrem longas
distâncias por um neurônio sem perder a intensidade.

Potenciais graduados se despolarizarem a membrana a um nível mínimo (LIMIAR) na


ZONA DE GATILHO desencadeiam um potencial de ação.

● Potencial de ação (PA):


Estímulo despolarizante - despolarização da membrana atinge um limiar que ativa uma
cascata auto-sustentada de uma sequência de aberturas de canais ao longo de toda a
membrana.
No neurônio a zona de gatilho é o cone de implantação do axônio.

Características do PA:
- Todos os PA de uma célula têm sempre a mesma amplitude, forma e duração
- A propagação é não-decremental
- Não são aditivos, diferentemente dos potenciais graduados
- No período refratário absoluto nenhum estímulo é capaz de disparar outro PA
- No período refratário relativo um estímulo mais forte pode desencadear novo PA
- “Tudo ou nada” (o estímulo deve ser sempre supralimiar para desencadear PA)
- Limiar: número mínimo de canais com portão que dispara a cascata auto-sustentada
-
O que se propaga no neurônio
são as perturbações iônicas na membrana plasmática.
- A propagação do PA é UNIDIRECIONAL
- A velocidade de condução do PA depende de: diâmetro do axônio (quanto maior o
diâmetro do axônio, menos a resistência ao fluxo de ìons); resistência da membrana
do axônio ao vazamento de íons para fora da célula (axônios mielinizados
apresentam membrana com alta resistência, o que minimiza o vazamento de íons)
- Bainha de Mielina: formada pelas membranas das Células de Schwann (Sistema
Nervoso Periférico) e oligodendrócitos (SN Central) que envolvem os axônios dos
neurônios.
- Nós de Ranvier: espaços entre as áreas isoladas pela bainha de mielina (local de
condução do PA) - CONDUÇÃO SALTATÓRIA.

● Fases do PA:
➔ DESPOLARIZAÇÃO: diminuição da diferença de potencial elétrico. Ocorre um
aumento súbito da permeabilidade ao Na+ (abertura dos canais de Na+) devido a
algum estímulo despolarizante. O influxo de Na+ torna a célula progressivamente
positiva e despolariza a membrana até atingir o limiar (abertura de canais de sódio
controlados por voltagem). Ocorre a inversão da polaridade do potencial de
membrana (ULTRAPASSAGEM). Após isso ocorre o desaparecimento da força
elétrica que impulsiona o Na+ para dentro da célula, mas permanece o gradiente
químico (Na+ continua entrando), para depois ocorrer finalmente o fechamento dos
canais de Na+.
➔ REPOLARIZAÇÃO: é o retorno ao potencial de repouso. Ocorre o aumento na
permeabilidade ao K+ pela abertura dos canais com portão de K+ dependentes de
voltagem (abertura lenta - terminam de abrir quando os canais de Na+ são
inativados). O gradiente eletroquímico do K+ garante o efluxo desse íon, o que leva
a repolarização. Canais de K+ também demoram para fechar, isso leva a uma saída
em excesso desse íon, levando a uma pequena HIPERPOLARIZAÇÃO.
➔ A bomba sódio potássio ATPase atua “rearrumando” os gradientes de concentração
do Na+ e do K+.

Como o PA pode transmitir informações sobre a intensidade do estímulo sabendo que ele
se propaga sempre com a mesma amplitude? pela FREQUÊNCIA dos potenciais de ação.
Estímulos mais intensos liberam mais neurotransmissores.

Potencial de ação no músculo cardíaco - geração de um PA nas células marca passos leva
a propagação do estímulo para todas as células contráteis pelas junções comunicantes. O
PA no coração tem participação dos canais de Ca2+ que atua na contração muscular.

❏ Comunicação Celular - SINAPSES


Junções estruturalmente especializadas, onde uma célula pode influenciar outra por meio
de sinais químicos ou elétricos.
Célula pré-sináptica: neurônio que envia o sinal.
Célula pós-sináptica: célula que recebe o sinal (pode ser neurônio ou não).
Existem sinapses elétricas (transferência de sinal elétrico diretamente de uma célula para
outra por meio de junções comunicantes. A informação é bidirecional) e sinapses químicas
(usam neurotransmissores para transmitir a informação)
Ainda existe a divisão de sinapses excitatórias (membrana pós-sináptica é despolarizada) e
sinapses inibitórias (hiperpolarização da membrana pós-sináptica).

● Sinapses e canais de Ca2+


1- Um potencial de ação despolariza o terminal axonal
2- A despolarização abre canais de Ca2+ controlados por voltagem e o Ca2+ entra na
célula
3- A entrada de cálcio inicia a exocitose do conteúdo das vesículas sinápticas
4- O neurotransmissor se difunde através da fenda sináptica e se liga aos receptores na
célula pós-sináptica
5- A ligação do neurotransmissor inicia uma resposta na célula pós-sináptica

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