UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E

COMPORTAMENTO

Resumo capítulo 2- Um segundo antes (sistema dopaminérgico mesolímbico)

João Pessoa

2022

Quando se fala em dopamina a primeira coisa que se pensa é em prazer, recompensa,

felicidade e vários outros sentimentos que se derivam desses neurotransmissores. Sendo a
dopamina tão importante na vida dos seres vivos, faz-se necessário compreender de onde ela
vem. O sistema dopaminérgico surgiu do que chamamos de área tegmentar ventral e
influencia principalmente o núcleo accumbens (realiza uma interface entre o sistema límbico
e o sistema motor e é um dos principais responsáveis pelo sistema de recompensa do
cérebro). Diante de tantas informações valiosas, é possível que surja a pergunta, mas como
funciona o sistema dopaminérgico? Por ser um circuito, a resposta não é tão simplista e
direta, mas é possível compreender a partir do que podemos chamar de vias dopaminérgicas,
sendo elas : via dopaminérgica mesolímbica e a via dopaminérgica mesocortical.

O conjunto que forma a via dopaminérgica mesolímbica se dá da seguinte forma: a área

tegmentar ventral envia estímulos para o núcleo accumbens, amigdala e hipocampo. Já a via
dopaminérgica mesocortical se constituiu a partir dos impulsos emitidos pela área tegmentar
ventral para o córtex pré-frontal. E por fim o núcleo accumbens envia estímulos para as
regiões que estão ligadas ao movimento. Importante salientar que esses estímulos são vias de
mão dupla, ou seja, as áreas que recebem os estímulos da área tegmentar ventral e do núcleo
accumbens também enviam estímulos de volta para estes.

De uma forma geral, podemos resumir e afirmar que o sistema dopaminérgico responsabiliza-
se pela recompensa. Importante salientar que é este sistema quem determina como iremos
lidar com as expectativas colocadas nas situações que envolvem recompensa. Se o individuo
tem uma determina expectativa e a alcança ocorre um estado de equilíbrio devido o
escoamento de dopamina, se a expectativa for superada (receber a recompensa antes do
esperado ou mais que o esperado) há uma elevação rápida do neurotransmissor, contudo, se a
recompensa for atrasada e/ou não atingir as expectativas o nível de dopamina reduz.

Importante salientar que a partir de estudos realizados com macacos, foi possível notar que
na verdade a liberação de dopamina antecede a recompensa, ela é liberada na expectativa de
algo acontecer, quanto maior a expectativa maior a liberação de dopamina.E lidar com a
expectativa nos diz muito a respeito do reforço intermitente, o “talvez” de algo acontecer
libera muito mais dopamina, tendo em vista, que não se sabe quando o reforço irá acontecer,
o que aumenta a probabilidade do individuo tentar novamente. E esse simples mecanismo nos
diz muito acerca do sucesso de jogos de azar e os cassinos de Las Vegas.

A dopamina no entanto, não “serve” apenas para lidar com a iminência de recompensa, mas
também com aquilo que podemos chamar de “comportamento direcionado ao objetivo”, ou
seja, é ela quem nos impulsiona também a realizar o que podemos chamar de “o mais difícil”,
que é trabalhar para conseguir a recompensa. Ou seja, a dopamina está mais ligada a
felicidade em buscar a recompensa que tem maiores chances de ocorrer.

Ao falarmos de busca pela felicidade e recompensa, é importante lembrar também da

serotonina, neurotransmissor esse que aumenta os efeitos da dopamina no comportamento
envolvido para atingir o objetivo, tendo em vista que a baixa de serotonina influencia
diretamente no aumento de comportamentos impulsivos. Desta forma, é possível
compreender que ambos os neurotransmissores caminham lado a lado para que os seres vivos
e principalmente os humanos alcancem seus objetivos, mesmo que as recompensas sejam
postergadas.

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