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Universidade Federal do Espírito Santo

Centro de Ciências Humanas e Naturais


Departamento de Ciencias Biológicas
Disciplina Fisiologia Comparada
Professor: Orlindo F. B. Filho

Bruno M. Bona
Denise V. Miranda

SEMINÁRIO: DROGAS E SEUS


EFEITOS FISIOLÓGICOS D
INTEGRAÇÃO
OBJETIVOS:

O presente seminário visa discorrer a respeito de drogas psicotrópicas de uma


forma geral, enfocando em seus efeitos fisiológicos no organismo humano e
também em animais.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL: REVISÃO

O sistema nervoso central (SNC) possui um papel fundamental no controle do


corpo. É formado por células interligadas (neurônios), que formam uma extensa
e complexa rede de comunicação, e que são responsáveis pela condução do
impulso nervoso. A cada vez que um inivíduo recebe um estímulo através dos
seus órgãos dos sentidos, tal mensagem é enviada ao SNC, a fim de ser
interpretada, elaborada ou memorizada. A membrana exterior de um neurônio
possui a forma de ramos extensos chamados “dendritos”, que recebem sinais
elétricos de outros neurônios, e de uma estrutura chamada de “axônio” que
envia sinais elétricos a outros neurônios. O espaço entre o dendrito de um
neurônio e os dendritos de outro é a fenda sináptica: os sinais são
transportados através das sinapses por uma variedade de substâncias
químicas chamadas “neurotransmissores”. A fim de transferir informação, o
neurônio pré-sináptico libera neurotransmissores ao neurônio subsequente
(pós sináptico), que recebe tal informação em sítios específicos, os receptores.
Alguns dos neurotransmissores mais conhecidos são: acetilcolina,
noradrenalina, serotonina, GABA e glutamato.

DROGAS PSICOTRÓPICAS

Drogas psicotrópicas (“psico”, do grego = “mente”; “tropismo”, do grego = “ter


atração por”) consistem em compostos químicos que possuem “atração pela
mente”, ou seja, têm ação direta sobre o sistema nervoso central.
Tais compostos podem, por sua vez, ser estimulantes (drogas psicoanaléticas),
depressores (drogas psicoléticas) ou perturbadores do sistema nervoso central
(drogas psicodisléticas).

O mecanismo de ação das drogas psicotrópicas é a alteração na comunicação


entre os neurônios, podendo levar a diversos efeitos, de acordo com o tipo de
neurotransmissor envolvido e a forma sob a qual a referida droga atua.

DROGAS PSICOANALÉTICAS

“Drogas psicoanaléticas” é a classificação dada às drogas excitadoras do


sistema nervosos central. Tais substâncias têm a propriedade de elevar o tono
psíquico do indivíduo, estimular o estado de vigília e diminuir a sensação de
fadiga.

As drogas estimuladoras do sistema nervoso central atuam através da


intensificação da noradrenalina e da dopamina, neurotransmissores
responsáveis pelo estado de “vigilância”, através da ativação de partes do
sistema nervoso simpático. Desta forma, ocorre o aumento de pressão arterial
e da frequência cardíaca do individuo, aumento do metabolismo celular,
inapetência, insônia e midríase.

Alguns exemplos dessas substâncias são as anfetaminas, as “bolinhas” e o


rebite.

A anfetamina é assimilada pela corrente sanguínea, causando midríase,


tornando a respiração torna-se ofegante, o coração bate muiko rapidamente e
a fala fica atropelada. Em seguida, o individuo entra em estado de euforia.
Quando a energia se extingue, o efeito começa a declinar, levando a fadiga,
paranóia e depressão. Por possuir efeito pouco duradouro, o usuário é levado a
tomar doses sucessivas, que vão aumentando na quantidade de anfetamina
ingerida à medida que o organismo vai se habituando à droga. O abuso leva
geralmente a dores de cabeça, palpitações e confusão. O abuso e a
dependência podem criar uma reação tóxica no organismo, conhecida como
“psicose anfetamínica”, que pode durar por até semanas, com irritabilidade,
insônia, alucinações e até mesmo o óbito, em casos extremos. Os sonhos de
quem abusa de anfetaminas são perturbados e interrompidos, e seu sono é
pouco reparador.

DROGAS PSICOLÉTICAS

As substâncias conhecidas como “drogas psicoléticas”, por sua vez, têm efeito
oposto às substâncias supracitadas. Têm a propriedade de atuar sobre a
ansiedade e tensão, produzindo efeito depressor sobre o SNC e diminuindo a
disposição psicológica geral.

Tais compostos atuam no sistema de neurotransmissão gabaérgico, facilitando


a ação do neutransmissor GABA (ácido gama-aminobutírico), o qual é o
principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central dos mamíferos.
Ele desempenha um papel importante na regulação da excitabilidade neuronal
ao longo de todo o sistema nervoso, causando a sedação. O GABA atua em
sinapses inibitórias através da ligação aos receptores específicos
transmembranares de ambos os neurônios pré e pós-sináptico. Essa ligação
provoca a abertura de canais iônicos para permitir o influxo de íons de carga
negativa como o íon cloreto na célula ou o íon potássio carregado
positivamente para fora da célula. Esta ação resulta numa mudança negativa
no potencial transmembrana, causando uma hiperpolarização, dificultando a
despolarização e, assim, ocasionando a diminuição da condução neuronal e a
inibição do SNC. Exemplos são as substâncias hipnóticas ou hipno-sedativas
(barbitúricos); os benzodiazepínicos (ansiolíticos) e os analgésicos.

Em testes realizados em animais, verificamos que camundongos após


submetidos o uso de substâncias psicoléticas ocasionam a perda de noção de
espaço e distância, além da perda de equilíbrio.

DROGAS PSICODISLÉTICAS
São substâncias naturais ou sintéticas capazes de atuar sobre o sistema
nervoso de forma a perturbar o mesmo, através da desestruturação da
atividade mental, levando a uadros semelhantes à psicose. Também são
conhecidas como drogas alucinógenas, por sua propriedade de causar
alucinações (falsas percepções) e visões irreais aos seus usuários.

Exemplos dessas substâncias são: ecstasy, mescalina, maconha, cocaína, cola


de sapateiro, haxixe, heroína, dentre outras.

ECSTASY

A substância metilenodioximetanfetamina (MDMA), também conhecida como


ecstasy, ou “pílula do amor”, trata-se de uma droga neurotóxica moderna,
sintetizada a partir da anfetamina, cujos efeitos na fisiologia humana são a
interferência em vários neurotransmissores, ocasionando diminuição da
reabsorção da serotonina, dopamina e norepinefrina no SNC, fazendo com que
tais substâncias fiquem em maior contato na fenda sináptica, causando euforia,
sensação de bem-estar, alterações da percepção sensorial de seu usuário. Ao
contrário de outras drogas psicodélicas, o efeito do MDMA é rápido, sendo que
muitas vezes quando o consumidor percebe que os efeitos estão a surgir, já se
encontram muito próximos ao seu pico de ação sobre o organismo, podendo
persistir no organismo por 4 a 8 horas, uando ingerido por via oral. A
quantidade de MDMA em cada comprimido varia, em média, entre 30 e 100
miligramas, dependendo da pureza da sua composição e da tolerância do
consumidor.

A eliminação da droga depende parcialmente do metabolismo hepático. Cerca


de 65% da dose de êxtase é eliminada sem metabolização, por excreção renal

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