Você está na página 1de 7

Neurociências

AS BASES BIOLÓGICAS DO APRENDIZADO


Conceitos básicos de
Neurociências

Sempre que pensamos, sentimos, aprendemos ou temos alguma resposta motora ou


emocional, há uma série de estruturas no sistema nervoso sendo ativadas. Isso só é possível
por causa do processo de comunicação entre as células nervosas (os neurônios).

Os neurônios precisam continuamente coletar informações sobre o estado interno do


organismo e de seu ambiente externo, avaliar essas informações e coordenar atividades
apropriadas à situação e às necessidades atuais da pessoa.

Mas quem são os neurônios e como eles processam essas informações?

Os neurônios são as células características do sistema nervoso, responsáveis por transmitir


impulsos e que têm a capacidade de estabelecer conexões entre si ao receber estímulos do
ambiente externo ou do próprio organismo.

Temos cerca de 86 bilhões de neurônios e sua estrutura é geralmente a mesma: o corpo


celular, que acomoda o núcleo e as organelas celulares; o axônio, uma prolongação única,
revestida de bainha de mielina, que atua como um isolamento elétrico e aumenta a velocidade
de propagação do impulso nervoso ao longo do axônio; e os dendritos, que são ramificações
tanto do corpo celular e realizam a comunicação entre os neurônios, por meio das sinapses.
Na imagem 1 temos a representação esquemática de um neurônio para melhor compreensão.

Figura 1: imagem representativa de um neurônio. Estão indicadas na figura: corpo celular,


dendrito, axônio, bainha de mielina.

loja.isesp.edu.br neurociências
A estrutura de um neurônio é o que favorece o processamento das informações, que ocorre
por intermédio dos impulsos nervosos. O impulso nervoso é uma corrente elétrica que
rapidamente se propaga pela membrana no neurônio, sendo fundamental para garantir a
comunicação entre essas células nervosas.

Dois tipos de fenômenos são envolvidos no processamento do impulso nervoso: os elétricos e


os químicos. Os elétricos propagam o sinal dentro de um neurônio, e os químicos transmitem
o sinal de um neurônio para outro neurônio. O processo químico de interação entre os
neurônios ocorre por meio das sinapses.

Nas sinapses, um neurônio libera substâncias químicas chamadas de neurotransmissores, que


se ligam aos receptores químicos do neurônio seguinte e promovem mudanças excitatórias
ou inibitórias em sua membrana. Portanto, os neurotransmissores possibilitam que os
impulsos nervosos de um neurônio influenciem os impulsos nervosos de outro neurônio,
permitindo assim que as células nervosas “conversem entre si”.

O nosso organismo desenvolveu um grande número desses mensageiros químicos


(neurotransmissores) para facilitar a comunicação interna e a transmissão de sinais no sistema
nervoso. Quando tudo funciona adequadamente, as comunicações internas acontecem sem
que sequer tomemos consciência delas.

Por isso, uma compreensão da transmissão sináptica é a chave para o entendimento dos
mecanismos biológicos das nossas ações e dentre elas o aprendizado. Então, vamos agora
entender mais sobre as sinapses e os neurotransmissores.

Sinapse: a comunicação entre neuroônios

Estudamos que os impulsos nervosos devem passar de um neurônio a outro para que ocorra
uma resposta a um determinado sinal. Mas, quando um impulso, alcança o fim do axônio de
um neurônio, essa informação precisa ser transmitida para o neurônio seguinte, no entanto
não há continuidade celular entre essas células. Na verdade, existe um pequeno espaço
chamado de fenda sináptica, onde então ocorre a sinapse que é a comunicação entre os
neurônios.

Assim, a sinapse pode ser definida como a região de proximidade entre a extremidade de
um neurônio e outro neurônio vizinho, onde os impulsos nervosos são transformados em
impulsos químicos, permitindo então a comunicação entre as células nervosas.

Um neurônio faz sinapses com diversos outros neurônios. Estima-se que uma única célula
nervosa possa fazer milhares de sinapses. Geralmente elas ocorrem entre o axônio de um
neurônio e o dendrito de outro. Entretanto, podem ocorrer algumas sinapses menos comuns,
tais como axônio com axônio, dendrito com dendrito e dendrito com corpo celular.

Os axônios apresentam diversas ramificações e, no final delas, são encontradas expansões


chamadas de botões pré-sinápticos. Esse botão está separado da membrana do outro
neurônio por meio da fenda sináptica, como falamos anteriormente.

loja.isesp.edu.br neurociências
A direção normal do fluxo de informação é do axônio terminal para o neurônio alvo, assim
o axônio terminal é chamado de pré-sináptico (conduz a informação para a sinapse) e o
neurônio alvo é chamado de pós-sináptico (conduz a informação a partir da sinapse).

Figura 2: imagem representativa de uma sinapse. Estão indicadas na figura: corpo


celular, dendrito, axônio, bainha de mielina.

Neurotransmissores: os mensageiros

Conceitualmente, os neurotransmissores podem ser definidos como mensageiros


químicos, produzidos pelos neurônios, que transportam, estimulam e equilibram os
sinais entre as células nervosas. Esses mensageiros químicos podem afetar uma ampla
variedade de funções, incluindo frequência cardíaca, sono, apetite, humor e medo, por
exemplo. Bilhões de moléculas de neurotransmissores trabalham constantemente
para manter o funcionamento do nosso sistema nervoso, gerenciando desde a
respiração, o batimento cardíaco, até os níveis de aprendizado e concentração.

Há muitos tipos diferentes de neurotransmissores e, aqui, não vamos nos ater em


falar de todos eles e de suas classificações. Mas, para que você possa conhecer alguns
deles, clique no botão a baixo para acessar a nossa sessão sobre neurotransmissores.

Clique aqui para saber mais sobre


neurotransmissores!

loja.isesp.edu.br neurociências
E como funciona a neurotransmissão?

Na maioria dos casos, um neurotransmissor é liberado do terminal do axônio de um


neurônio, após o impulso elétrico ter alcançado essa região. Já sabemos que esse
processo é chamado de sinapse. Mas o que acontece aqui?

Quando o impulso elétrico chega ao final de um neurônio, ele dispara a liberação de


pequenos sacos chamados vesículas que contêm os neurotransmissores. Esses sacos
liberam o seu conteúdo na fenda sináptica, onde os neurotransmissores se movem
através desse espaço em direção aos neurônios vizinhos, que contêm receptores
específicos onde os neurotransmissores podem se ligar e desencadear mudanças
nas células, estimulando ou inibindo o neurônio receptor dependendo do tipo de
neurotransmissor.

Na figura 2, podemos visualizar o mecanismo da neurotransmissão.

Figura 4: imagem representativa dos mecanismos da neurotransmissão.

loja.isesp.edu.br neurociências
Neurotransmissores: Estruturas e Funções
Átomos na Estrutura: Carbono Hidrogênio O Oxigênio N Nitrogênio R Resto da Molécula

ADRENALINA NORADRENALINA DOPAMINA SEROTONINA


Neurotransmissor de luta ou fuga Neurotransmissor de Concentração Neurotransmissor do prazer Neurotransmissor do humor

O O O
N

N
N O N O N O
O

O O

Produzido em situações de estresse ou excitação. Afeta atenção e respostas do cérebro e respostas Sensações de prazer e vício, movimentação e Contribui para o bem estar e a felicidade; ajuda na
Aumenta a frequência cardíaca e o fluxo sanguíneo, envolvidas com fuga e luta. Contraí os vasos motivação. Pessoas repetem comportamentos que regulação do ciclo de sono e sistema digestório.
levando a impulso físico e consciência aumentada sanguíneos, aumentando o fluxo sanguíneo. levam a liberação de dopamina Afetado por exercícios e exposição ao sol

GABA ACETILCOLINA GLUTAMATO ENDORFINA


Neurotransmissor da calma Neurotransmissor de luta ou fuga Neurotransmissor da memória Neurotransmissor da euforia

O O O
O

N
N
+

O O O
O
N

Acalma os nervos do SNC. Em níveis altos melhora a Relacionado ao pensar, aprender e memoria. Ativa É o neurotransmissor mais comum no cérebro. Está Liberado durante exercícios físicos, excitação e sexo,
concentração; níveis baixos causa ansiedade. Também ações musculares no corpo. Também está associado relacionado ao aprender e a memória; regula o produzindo bem-estar e euforia, reduzindo a dor.
contribui para visão e sistema motor. com a atenção e o despertar desenvolvimento e criação de contatos nervosos

Voltar
Conceitos básicos de
Neurociências

Adriessa Santos

Mestre em Ciências pela USP, Especialista em


Neurociência e Educação, MBA em Gestão Escolar
pela USP, Educadora Sistêmica, Pós graduada na
Moderna Educação pela PUC, Bióloga pela UMC e
graduanda em Pedagogia pelo Mackenzie.

É coordenadora da pós graduação de Neurociência


Instituto Singularidades, tem experiência na gestão
escolar, atua como professora na educação básica
privada, é docente de Neurociência aplicada a
Educação e Neurociência e Bilinguismo e ministra
palestras e cursos com essa temática.

Foi finalista do Prêmio Dica de Mestre com o trabalho: Neurociência na sala de aula: vamos
fazer neurônios, e tem ampla experiência em sala de aula, gestão escolar e formação de
professores. É pesquisadora do livro “Mais que Brincadeiras – Atividades que estimulam a
Prontidão para a Aprendizagem em crianças de 3 a 8 anos”, com o capítulo “Mais que apenas
Brincadeiras”. É idealizadora e autora do blog Neurociência na Escola (www.adriessasantos.
com.br)

loja.isesp.edu.br neurociências

Você também pode gostar