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As bases biológicas do

comportamento
Neurônios
• Os neurônios são elos básicos que permitem a
comunicação dentro do sistema nervoso.

• Neurônios são células individuais do sistema


nervoso que recebem, integram e transmitem a
informação.
• O corpo celular, também conhecido como soma
(soma em grego, significa “corpo”), contém o
núcleo da célula e muito do maquinário químico
de manutenção celular.

• Dendritos são partes de um neurônio


especializadas em receber informação.
• A informação flui dos muitos dendritos para o
corpo celular (soma) e então se desloca através
do axônio (do grego axle = eixo).
• O axônio é uma fibra longa e fina que transmite sinais do
corpo celular a outros neurônios ou a músculos ou glândulas.

• Existe três tipos principais de neurônios:


▫ os sensoriais; os motores; e os
interneurônios.
▫ Os neurônios sensoriais levam a informação captada do ambiente
externo até o sistema nervoso, por meio dos receptores de
estímulos (sejam eles mecânicos ou químicos).

▫ Os interneurônios, grupo de neurônios mais numeroso,


transmitem o sinal dos neurônios sensoriais ao sistema nervoso
central.

▫ Os motores conduzem a resposta ao estímulo recebido, do sistema


nervoso central ao órgão ou tecido estimulados.
• Os axônios são envoltos por uma substância
lipídica denominada bainha de mielina.

• A bainha de mielina torna mais rápida a


transmissão do sinal neuronal.

• A perda do controle muscular conhecida como


Esclerose Múltipla está associada a
degeneração da bainha de mielina.
Botões Sinápticos

• O axônio termina em um aglomerado de botões


sinápticos terminais.

• Os botões sinápticos são pequenas protuberâncias


que secretam os neurotransmissores
• Uma sinapse é a fenda, ou junção, por
onde a informação é transmitida de
um neurônio a outro.
Glia
• Glia são células encontradas por todo
o sistema nervoso que fornecem
vários tipos de apoio para os
neurônios.

• Novas pesquisas sugerem que a glia


pode também enviar e receber sinais
químicos.
O impulso nervoso
• O que acontece quando um neurônio é estimulado?

• O impulso nervoso é uma reação eletroquímica complexa

• Tanto fora quanto dentro dos neurônios existem íons


eletricamente carregados.

• Íons sódio (Na+) e potássio (K+) carregados


positivamente e íons cloreto (Cl-) carregados
negativamente fluem para fora e para dentro da
membrana celular
Tanto fora quanto dentro dos neurônios existem íons
eletricamente carregados.
A Lei do tudo ou Nada
• Uma característica importante do impulso
nervoso é uma proposição do tipo tudo ou
nada.

• Ou os neurônios disparam ou não, e seus


potenciais de ação são todos de mesma
intensidade.
• Mesmo se o potencial de ação for um
evento do tipo tudo ou nada, os
neurônios podem transmitir
informações a respeito da força de um
estímulo.

• A intensidade de um estímulo causa


uma variação na frequência de
disparo de potenciais de ação.
• Assim, um estímulo mais forte causa
uma rajada mais rápida de impulsos
nervosos do que um estímulo mais
fraco.
A sinapse
• Uma sinapse é um espaço microscópico entre os
botões sinápticos de um neurônio e a membrana
celular de outro neurônio.
Botão Pré-sináptico
• A chegada de um potencial de ação nos botões
sinápticos de um axônio libera
neurotransmissores que transmitem a
informação de um neurônio para outro através
da fenda sináptica.
• Os neurotransmissores são armazenados em
pequenas bolsas denominadas vesículas
sinápticas.

• Os neurotransmissores são liberados quando


uma vesícula se funde com a membrana pré-
sináptica e seu conteúdo é derramado na fenda
sináptica.
Potenciais Pós-Sinápticos.
• Quando uma molécula neurotransmissora
combina com outra receptora, reações na
membrana celular causam um potencial pós-
sináptico.

• Esse potencial pós-sináptico é uma


alteração de voltagem no ponto de
recepção de uma membrana celular pós-
sináptica.
• Potenciais pós-sinápticos (PPS) não
seguem a Lei do Tudo ou Nada.

• Sinais pós sinápticos são graduais,


isto é, variam em intensidade e
aumentam ou diminuem a
probabilidade de um impulso nervoso
ser ativado na célula pós sinápticas.
Neurotransmissores e o
Comportamento
• Os neurotransmissores são fundamentais
para o nosso comportamento,
apresentado um papel fundamental em
tudo, da execução de movimentos até o
nosso humor e saúde mental.
Neurotransmissores e Neuromoduladores

Aminas
Aminoácidos Peptídeos Outros
Biogênicas Ex. Gaba, Glutamato Ex. Endorfinas Ex. Adenosina

Colinas Monoaminas

Acetilcolina Indolamina Catecolaminas Histamina

Serotonina Dopamina

Noradrenalina

Adrenalina
Neurotransmissor Funções e Características
Acetilcolina (ACh) Ativa os neurônios motores controlando os músculos do
esqueleto. Contribui para regular a Atenção e Memória.

Dopamina (DA) Contribui para controlar os movimentos voluntários, as


emoções, o prazer. Desempenham um papel fundamental na
seleção atencional da informação e na cognição. Níveis baixos
são associados ao mal de Parkinson. Níveis elevados são
associados aos sintomas da Esquizofrenia.

Noradrenalina (NA) Contribui para a modulação do humor e da estimulação. O


uso de cocaína e anfetaminas elevam a atividade nas sinapses
de NA

Serotonina Envolvida na regulação do sono e da vigília, agressividade e


do ato de comer. Níveis anormais podem contribuir para a
depressão e o distúrbio obsessivo-compulsivo. Inibidores
seletivos da receptação de serotonina e antidepressivos
semelhantes (Fluoxetina) afetam os circuitos da serotonina.

Endorfinas São semelhantes aos opiatos em estrutura e efeito, agindo na


sensação de dor e prazer.
Catecolaminas
• Uma catecolamina (CA) é uma monoamina, um
composto orgânico que tem um grupo catecol
(grupo benzeno com duas hidroxilas laterais em
carbonos 1 e 2) e uma cadeia lateral de amina.

• Incluída entre as catecolaminas estão


a adrenalina, a noradrenalina e a dopamina, que
são produzidos a partir de fenilalanina e
tirosina.
Catecolaminas

Aminoácidos precursores Fenilcetonúria


• Fenilalanina: é um dos aminoácidos • Doença metabólica congênita
essenciais ao ser humano, ou seja,
não pode ser sintetizado pelo • A fenilcetonúria é causada
organismo humano e tem de ser pela falta da enzima necessária
adquirido através da dieta. para converter a fenilalanina
• Tirosina: é um aminoácido
aromático não essencial, ou seja,
em tirosina.
que é produzido pelo organismo a • Os sintomas incluem
partir de outro aminoácido, a deficiência intelectual,
fenilalanina. Além disso, também
pode ser obtido a partir do consumo convulsões, náusea, vômitos e
de alguns alimentos, como queijos, erupção cutânea semelhante a
peixes, abacate e nozes, por eczema e um odor corporal
exemplo, e na forma de suplemento
nutricional, como L-tirosina.
característico.
Catecolaminas
• As catecolaminas são sintetizadas a partir da
tirosina. Essa síntese ocorre nas terminações
nervosas simpáticas e em menor grau nos corpos
celulares neuronais. A síntese de adrenalina
predomina na glândula suprarrenal, enquanto os
neurônios adrenérgicos produzem em sua
maioria noradrenalina.
Catecolaminas

Tirosina Dopa Dopamina Noradrenalina Adrenalina


Indolaminas

• As Indolaminas são um grupo de


neurotransmissores caracterizados pela ligação
de grupos indol definidos com um grupo amina
sintetizado a partir do aminoácido triptofano.

• Em seres humanos, o triptofano é essencial, o


que significa que não pode ser sintetizado
endogenamente: precisa compor a dieta. Além
disso, ele é o precursor da serotonina, que por
sua vez, é precursor da melatonina.
Indolaminas

Luz Escuro

Serotonina Melatonina
Triptofano (5-Hidroxitriptofano) N-Acetilserotonina N-acetil-5-
( 5-HT) metoxitriptamina

Hidroxitriptofano N-Acetiltransferase Hidroxindol-O-


(NAT) Metiltransferase
(HIOMT)
Substâncias Agonistas e Antagonistas
• Agonista é uma substância que imita a ação de
um neurotransmissor.

• Antagonista é uma substância que se opõe à ação


de um neurotransmissor.
O antagonista ocupa, mas não ativa o
receptor.

Primário Agonista Antagonista


• Os receptores pós sinápticos seletivos podem ser
“enganados” por outras substâncias químicas.

• Por exemplo, se você fuma, algumas de suas


sinapses de Acetilcolina (ACh) serão estimuladas
pela nicotina que chega a seu cérebro.

• Nessas sinapses a nicotina funciona como a


própria acetilcolina, ativando receptores ACh e
produzindo potenciais pós-sinápticos.
• Assim, a nicotina é uma ACh Agonista.
• Algumas substâncias fundem-se a receptores,
mas não conseguem produzir PPS. Com efeito,
elas bloqueiam a ação do transmissor natural
temporariamente, ocupando os receptores e
tornando-os inúteis. Essas substâncias são
chamadas Antagonistas.

• Exemplo: curare.
Acetilcolina (ACh)
• Foi o primeiro neurotransmissor descoberto
sendo encontrado em todo o sistema nervoso.

• Cada movimento que se faça- andando,


conversando e respirando- depende da liberação
de ACh nos músculos.
Monoaminas
• As monoaminas incluem 3 neurotransmissores:

▫ Dopamina (DA)
▫ Noradrenalina (NA)
▫ Serotonina (5-HT)
Serotonina- Grupo das Indolaminas
• A serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5-HT)
é uma monoamina envolvida na comunicação
entre neurônios.

• Esta comunicação é fundamental para a percepção


e avaliação do meio e para a capacidade de
resposta aos estímulos ambientais. Diferentes
receptores detectam este neurotransmissor,
envolvido em várias patologias.
• A serotonina parece ter funções diversas,
como o controle da liberação de
alguns hormônios e a regulação do ritmo
circadiano, do sono e do apetite. Diversos
fármacos que controlam a ação da
serotonina como neurotransmissor são
atualmente utilizados, ou estão sendo
testados, em patologias como
a ansiedade, depressão, obesidade,
enxaqueca e esquizofrenia, entre outras.
• Drogas como o "ecstasy" e o LSD "mimetizam"
alguns dos efeitos da serotonina em algumas
células alvo. O ecstasy promove liberação maciça
de serotonina e posterior depleção delas.
Dopamina – Grupo das Catecolaminas
• A dopamina (DA) é um neurotransmissor monoaminérgico, da
família das catecolaminas, produzido pela descarbonização
de dihidroxifenilalanina (DOPA). Os receptores de dopamina são
subdivididos em D1, D2, D3, D4, e D5 de acordo com localização no
cérebro e função. A dopamina é produzida especialmente
pela substância nigra e na área tegmental ventral (ATV).

• É precursora natural da adrenalina e da noradrenalina, outras


catecolaminas com função estimulante do sistema nervoso central
• A desregulação da dopamina está relacionada a
transtornos neuropsiquiátricos como Mal de
Parkinson, no qual ocorre escassez na via
dopaminérgica nigro-estriatal, e na
Esquizofrenia, no qual ocorre excesso de
dopamina na via dopaminérgica
no mesolímbico e escassez na via mesocortical.
Circuito Dopaminérgico
Noradrenalina
•A Noradrenalina, também chamada
de Noraepinefrina, é uma das monoaminas do
grupo das catecolaminas que mais influenciam o
humor, ansiedade, sono e alimentação.
Endorfinas
• As endorfinas são substâncias produzidas
internamente que se assemelham aos opiáceos
em estrutura e efeitos.

• Produzido na hipófise (glândula pituitária), na


base do cérebro.
Organização do Sistema Nervoso
e Neuroplasticidade
• O Sistema Nervoso Periférico

 O sistema nervoso periférico é formado por


todos os nervos que ficam fora do cérebro e da
medula espinhal.
Sistema nervoso somático
O sistema nervoso somático é formado por
nervos que se conectam aos músculos
esqueléticos voluntários e aos receptores
sensoriais.

Esses nervos transmitem a informação dos


receptores da pele, músculos e juntas ao sistema
nervoso central e informações do sistema
nervoso central aos músculos.
Essas funções requerem dois tipos de fibras nervosas:

As Fibras Aferentes e as Fibras Eferentes


 As fibras aferentes são axônios que carregam
informações para dentro do Sistema Nervoso
Central da periferia do corpo.

 As fibras eferentes são axônios que carregam


informações para fora do Sistema Nervoso
Central para a periferia do corpo.
Sistema Nervoso Autônomo
 O sistema nervoso autônomo (SNA) é formado
por nervos que se ligam ao coração, aos vasos
sanguíneos, aos músculos lisos e às glândulas.

 O sistema nervoso autônomo controla funções


automáticas, involuntárias, viscerias, nas quais
normalmente as pessoas não pensam, como a
batida do coração, a digestão e a transpiração.
• O sistema nervoso autônomo pode ser
dividido em dois ramos:

Sistema Simpático
Sistema Parassimpático

O sistema simpático é o ramo do sistema


nervoso autônomo que mobiliza os recursos do
corpo para emergências.

Reação de Luta ou Fuga- Muito importante


nas respostas emocionais
• O sistema parassimpático é o ramo do
sistema nervoso autônomo que geralmente
conserva os recursos corporais,
diminuindo o ritmo cardíaco, a pressão
sanguínea e promovendo o relaxamento
muscular.
O cérebro
• O Rombencéfalo: Inclui o cerebelo e duas
estruturas encontradas na parte mais
baixa do tronco cerebral: bulbo e a ponte
(estruturas importantes para a regulação
de vários comportamentos e do sono)
• O Mesencéfalo é o segmento do tronco
cerebral que se localiza entre o
rombencéfalo e o prosencéfalo.
 Apresenta importantes estruturas
dopaminérgicas e da realização de
movimentos voluntários.
• O Prosencéfalo é a região mais complexa e maior do cérebro,
abrangendo uma variedade de estruturas, incluindo o tálamo,
hipotálamo, o sistema límbico e o córtex.

• O Tálamo é uma estrutura no prosencéfalo através da qual toda a


informação sensorial (exceto o olfato) deve passar para chegar ao
córtex cerebral.
O Rinencéfalo é a porção do córtex cerebral dos vertebrados que constitui o centro
do olfato. Em humanos, inclui o bulbo olfativo, o trato olfativo e outras partes.
• Sistema Límbico é uma rede de estruturas
conectadas localizadas ao longo da borda
entre o córtex cerebral e áreas
subcorticais, incluindo partes do tálamo,
hipotálamo, hipocampo e amídala.

Memória Emocional
Córtex
Áreas Importantes
Plasticidade Cerebral
• A plasticidade cerebral é a capacidade que
o cérebro tem em se remodelar em função
das experiências do sujeito, reformulando
as suas conexões em função das
necessidades e dos fatores do meio
ambiente.
• Até pouco tempo acreditava-se que mudanças
significativas na anatomia e organização do
cérebro estavam limitadas aos primeiros
períodos do desenvolvimento humano.

• Contudo, recentemente um número crescente


de pesquisas tem demonstrado que a
estrutura anatômica e funcional do cérebro
são mais flexíveis que o esperado.
Aspectos da experiência podem modelar
as características da estrutura cerebral.

Danos a estruturas cerebrais podem levar


a reorganização neural.

O cérebro adulto pode gerar novos


neurônios
• A plasticidade opera em vários níveis:
▫ Neuroquímico
▫ Hedológico: padrões de conexões
▫ Comportamental.
• A plasticidade cerebral envolve:
▫ Crescimento e formação de novas conexões
sinápticas;
▫ Crescimento de espículas dendríticas
▫ Mudança de conformação de macroproteínas das
membranas pós-sinápticas
▫ Aumento de neurotransmissores e
neuromoduladores
▫ Aumento das áreas sinápticas funcionais
• Do ponto de vista funcional, a plasticidade
cerebral implica a reorganização funcional de
circuitos subjacentes a lesões cerebrais que se
reorganizam com a finalidade de restabelecer
capacidades adaptativas.
Manifestações comportamentais
subjacentes a uma lesão cerebral
• Diasquise: Corresponde à perda temporária de
função em áreas distantes da lesão, mas conectadas.
• Reorganização funcional: Relaciona-se ao
recrutamento de circuitos amplos que permitem a
manutenção de um comportamento adaptativo.
• Modificação da conectividade sináptica:
Mecanismo no qual neurônios sobreviventes
desenvolvem ramificações sinápticas e dendrítricas.
• Alteração da estimulação sensorial:
aferências sensoriais estruturadas podem
aumentar a conectividade de circuitos
parcialmente desconectados ou diminuir a
excitabilidade de um circuito hiperfuncionante.
• Regulação inter-hemisférica: Refere-se à
interferência recíproca entre áreas do hemisfério
lesado no preservado.
Tipos de plasticidade
• Plasticidade do desenvolvimento.
▫ É relacionada aos padrões específicos de atividade
neural em cada ciclo do desenvolvimento
ontogenético.
▫ Enquanto as primeiras etapas da maturação neural são
independentes do meio ambiente e geneticamente
determinadas (neurogênese, migração, diferenciação)
as etapas posteriores são dependentes dos estímulos
ambientais (retração e remodelamento, taxa de morte
neural (apoptose), arborização dendrítica e formação
de novas sinapses.
• Essa plasticidade posterior apresenta períodos
sensíveis nos quais há um grau máximo de
modelização neural (janela de maturação).

• Exemplo: A linguagem apresenta um período


sensível extremamente precoce, sendo os
estímulos de linguagem mais eficientes quando
introduzidos antes do quarto ano de vida.
• Plasticidade dependente da experiência

▫ É a capacidade que diferentes experiências têm


em mudar determinados circuitos neuronais
proporcionando mudanças comportamentais.

▫ Nesse sentido, a plasticidade tem equivalência


com vários fenômenos relacionados à
aprendizagem.
• Potencial de longo prazo: Estimulação
intensa de grupos funcionais e
morfológicos causa alterações
morfológicas nas sinapses.

• A criação de novas sinapses e o


recrutamento de neurônios formando
novas conexões pode ocorrer.
Plasticidade por neurogênese
• A neurogênese, ou o surgimento de novos
neurônios, ocorre em algumas áreas do cérebro,
com destaque para:

▫ Ventrículos cerebrais
▫ Giro denteado do hipocampo
•Obrigado!

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