Você está na página 1de 6

APS: ESTUDO DO CASO

Tema central: Neurotransmissão

Problema

Pedro, domiciliado em Aracaju, 20 anos de idade, solteiro e estudante de Medicina.


Não apresenta história pregressa de quadros neuropsiquiátricos nem/ou clínico-
cirúrgicos, bem como antecedentes familiares de transtornos mentais. Há cerca de 1
ano passou a frequentar assiduamente festas rave onde usava ecstasy, em média,
uma vez por semana.

Passou a referir à ocorrência de sintomas subjetivos, como aumento da


sensibilidade a estímulos externos e da libido. Foi trazido ao serviço psiquiátrico
pelos pais que relataram ter abandonado os estudos há 2 meses, permanecia
isolado em seu quarto, com higiene pessoal precária e muito angustiado. Relatou a
seus pais arritmia e que não se sentia a mesma pessoa.

Em consulta com Dr. Rafael, ao examinar Pedro foi constatada a arritmia que já é
um efeito danoso em outro sistema e também um quadro delirante resultante da
estimulação dopaminérgica. Dr. Rafael explica ainda que as alterações
comportamentais de Pedro são consequência da comunicação alterada entre os
neurônios e suas células de suporte e que as drogas costumam modificar aspectos
da neurotransmissão. E segue afirmando que, no caso específico da MDMA, a
hipótese mais aceita sobre a gênese do delírio, relacionado ao ecstasy, é a da
depleção serotoninérgica. Este aspecto, segundo ele, levaria à hiperfunção
dopaminérgica e, consequentemente, aos sintomas apresentados por Pedro.

Iniciou o tratamento e percebeu atenuação dos seus sintomas e aos poucos voltou a
rotina moderando os excessos das sextas-feiras.
1-Descrever as Células Neuronais e não neuronais e os mecanismo

de neurotransmissão.

Resposta:

Os neurônios são divididos em Sensoriais, Motores e Interneurônios. Eles realizam


diversas funções além de transmitir sinapses aferentes e eferentes no SN.

A Glia é a célula do SNC que interage com os neurônios. E dividida em


Astrocitos,Microglia,Olegodentrocito e Apendimarias que atuam no SNC, com
exceção de Schwann que atua no SNP.

A neurotransmissão ocorre quando substâncias são liberadas das vesículas pré-


sinápticas é atuam no neurônio pós-sináptico.

2-Classificar os neurotransmissores e suas propriedades.

Resposta:

Serotonina(Moléculas Pequenas): Sono/Vigília/Apetite/Libido e Regulação da Dor.

Dopamina(Moléculas Pequenas): Motivação/Prazer/Recompensa e Regulação da


Cognição.

Norepinefrina(Moléculas Pequenas):
Sono/Vigília/Apetite/Libido/Humor/Atenção/Alerta e Concentração.

Epinefrina(Moléculas Pequenas): Adrenalina.

GABA(Moléculas Pequenas): Inibi sua função.

2
Glutamato(Moléculas Pequenas): Aprendizado/Memória/ Regulador da Cognição.

Acetilcolina(Moléculas Pequenas): Foco/Memória/Regulador da Contração Muscular.

Glicina(Moléculas Pequenas): Inibi sua função.

Adenosina(Moléculas Pequenas): Resto de ATP/Diminuição do Nível de


Alerta/Supressão da Excitação /Aumento do Cansaço/Aumento da Sonolência.

Ocitocina(Peptídeos): Laços afetivos/Contato Físico/Ejeção de Leite.

Opioides endógenos(Peptídeos): Recompensa/Analgesia/Euforia.

3-Entender os mecanismos que interferem na neurotransmissão.

Resposta: Aumentou em excesso a liberação do neurotransmissor da vesícula pré-


sináptica além de inibir os processos de inativação como receptação, difusão e
metabolização. Fazendo que houvesse desperdício desse neurotransmissor
causando depleção serotoninérgica.

4-Entender os efeitos tóxicos do ecstasy no sistema Nervoso


Central e demais sistemas.

Resposta:

Os efeitos a curto prazo são euforia, insônia, fadiga, humor deprimido e diminuição
da ansiedade.

SNC: incluem alterações na cognição, comportamento bizarro, psicoses e


alucinações. Mudanças na percepção e alucinações ocorrem em casos de
intoxicação com altas doses.

3
O MDMA interfere em vários neurotransmissores causando liberação de serotonina
(5-hidroxitriptamina), dopamina e norepinefrina no SNC, os quais estão envolvidos
no controle do humor, termorregulação, sono, apetite e no controle do
SNP(Autônomo).

O MDMA age diretamente sobre os neurônios, principalmente os que utilizam um


neurotransmissor conhecido como serotonina. As evidências científicas apontam
para uma destruição desses neurônios, impossibilitando a transmissão dos sinais
elétricos dentro do SNC.

O mecanismo de ação do MDMA envolve a liberação de neurotransmissores como a


serotonina, noradrenalina e dopamina, em diversas partes do SNC. Libera
noradrenalina e serotonina em taxas semelhantes, ambas maiores que dopamina.
Assim, as alterações no humor e na percepção são atribuídas à liberação de
dopamina e serotonina, enquanto as alterações na temperatura corporal ocorrem por
ação de todos (dopamina, serotonina e noradrenalina). Além disso, o MDMA atua
como agonista indireto no receptor serotoninérgico pré-sináptico, que não só
aumenta a liberação de serotonina, como inibe sua recaptação.

A longo prazo são uma das principais ameaças, sendo que estudos apontam a
destruição de axônios e terminações nervosas, e há relatos de menores níveis de
serotonina no SNC de usuários crônicos. Além disso, exames de imagem indicam
lesões cerebrais em usuários.

• Quais os perigos?

Cardiovasculares: o uso de MDMA pode cursar com aumentos da frequência


cardíaca e pressão arterial de maneira letal, apresentando emergências
hipertensivas, infarto miocárdico, dissecção aórtica e arritmias. Além disso, pode
haver hemorragia intracraniana e, até mesmo, aneurismas.

4
Hipertermia: a combinação de liberação maciça de neurotransmissores e aumento
da movimentação, como manifestação da agitação induzida pela substância, e
exposição ambiental ao calor pode cursar com hipertermia, com relatos de pacientes
admitidos com temperatura corporal de 43ºC. Há relatos de óbitos em casos com
temperatura corporal superior a 41,5ºC. Essa condição pode levar a coagulação
intravascular disseminada, insuficiência renal e rabdomiólise. Vale ressaltar não
haver indicação de uso de antipiréticos nesses pacientes, sendo o resfriamento
externo a medida mais adequada.

Hiponatremia: a intensa sudorese associada ao consumo de MDMA, bem como


ingesta exagerada de água e secreção aumentada do hormônio antidiurético (ADH),
com retenção de água, pode cursar com hiponatremia grave (Na sérico <120meq/L).
A hiponatremia pode levar a acometimento neurológico grave, cursando com crises
convulsivas, confusão, edema cerebral, herniação e morte. A população feminina
parece ser de maior risco para hiponatremia grave e sequelas neurológicas ligadas
ao quadro.

Neurológico: a principal manifestação neurológica relacionada ao uso de MDMA é a


agitação psicomotora, as demais relacionadas principalmente com a hiponatremia,
como citado anteriormente. Porém, as alterações de sensopercepção, juízo, empatia
e capacidade defensiva podem levar a outros quadros graves como agressões.
Acidentes, exposição sexual e estupro, sendo essas causas frequentes de busca a
serviços de urgência.

Hepatotoxicidade: além da hepatotoxicidade ligada à coagulação intravascular


disseminada e à hipertermia, são descritos casos de necrose centro lobular, hepatite
e fibrose hepática relacionados ao abuso de MDMA.

5
Síndrome serotoninérgica: trata-se de uma condição potencialmente fatal
caracterizada pela disfunção autonômica, atividade neuromuscular anormal e
alteração do estado mental.

Você também pode gostar