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Potencial de membrana e potencial de ação

Centro Universitário de João Pessoa


Curso de Graduação em Fisioterapia
Unidade Curricular: Fisiologia Humana
Docente: Janine Agra Padilha
Potencial de membrana e potencial de ação

1. Introduzindo conceitos básicos:

1.1 Potencial de difusão (PD):

 É a diferença de potencial gerada através de uma


membrana devido a uma diferença de concentração de
determinado íon.

 Um PD só pode ser gerado se a membrana for


permeável ao íon.

 A amplitude do PD depende do valor do gradiente de


concentração.
Potencial de membrana e potencial de ação

 O sinal do PD depende da carga elétrica do íon que se


difunde.

1.2 Potencial de equilíbrio:

 É o potencial de difusão que equilibra (se opõe)


exatamente a tendência à difusão causada por uma
diferença de concentração.

 No equilíbrio eletroquímico, as forças propulsoras


químicas e elétricas que atuam sobre determinado íon são
iguais e opostas, e não ocorre mais difusão efetiva do íon.
Potencial de membrana e potencial de ação

1.3 Uso da equação de NERNST: utilizada para calcular o


potencial de equilíbrio em uma determinada diferença de
concentração de um íon ao qual a membrana celular é
permeável.

 Informa qual o potencial que equilibrará exatamente a


tendência à difusão a favor do gradiente de concentração
→ em qual potencial o íon estaria em equilíbrio
eletroquímico.

Determinado pela proporção entre as concentrações


desse íon específico nos dois lados da membrana.
Potencial de membrana e potencial de ação

Fonte: http://pt.slideshare.net/ari10/potencial-de-ao-bio
 Valores aproximados dos potenciais de equilíbrio nos nervos e
nos músculos.
ENa+ = +65mV ECl- = -85mV

ECa2+ = + 120mV EK+ = -85mV


Potencial de membrana e potencial de ação

1.4 Potencial de repouso da membrana:


 É expresso como a diferença de potencial através da
membrana celular, em milivolts (mV). Por convenção é
expresso como o potencial intracelular em relação ao
potencial extracelular.

 O potencial de repouso da membrana é estabelecido


pelos potenciais de difusão → resultam das diferenças de
concentração dos íons que atravessam a membrana.
Determinado pela distribuição desigual de íons entre o
interior e o exterior da célula e pela permeabilidade
diferenciada da membrana para diferentes tipos de íons.
Potencial de membrana e potencial de ação

• Voltagem: corrente
de íons.
• Todos os sinais
elétricos que os
neurônios usam
para comunicar são
despolarizações ou
hiperpolarizações
do potencial de
repouso da
membrana.

Fonte: https://pt.khanacademy.org/science/biology/human-biology/neuron-nervous-system/a/the-membrane-potential
Potencial de membrana e potencial de ação

 Cada íon que atravessa a membrana procura


impulsionar o potencial de membrana em direção ao seu
potencial de equilíbrio.
ÍONS COM MAIORES PERMEABILIDADES OU CONDUTÂNCIAS → DARÃO
MAIOR CONTRIBUIÇÃO PARA O POTENCIAL DE REPOUSO, ENQUANTO OS
QUE APRESENTAM PERMEABILIDADES MENORES DARÃO POUCA OU
NENHUMA CONTRIBUIÇÃO.

 Exemplo: o potencial de repouso da membrana nos


neurônios é de -30mV à -90mV, que está próximo do
potencial de equilíbrio do potássio (-85mV), mas distante
do potencial de equilíbrio do sódio (+65mV) → Em
repouso, a membrana do nervo é muito mais permeável
ao potássio do que ao sódio.
Potencial de membrana e potencial de ação

 A bomba de sódio e potássio só contribui de maneira


indireta para o potencial de repouso da membrana →
mantém os gradientes de concentração de sódio e
potássio, que geram, potenciais de difusão.
A contribuição direta da bomba é pequena.

 Mais cargas positivas são bombeadas para fora que


para dentro, gerando o potencial negativo, no lado de
dentro das membranas celulares.
Potencial de membrana e potencial de ação

Então:
 O valor do potencial de repouso da membrana é
determinado pelo:

 Vazamento de potássio e sódio: as proteínas são mais


permeáveis ao potássio do que ao sódio.

 Transporte ativo dos íons sódio e potássio: bomba de


sódio e potássio.
Potencial de membrana e potencial de ação
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1.5 Potenciais de ação:

 É a súbita alteração do potencial de membrana


normalmente negativo para um potencial positivo,
terminando então com retorno quase tão rápido para o
potencial negativo.

 É uma propriedade das células excitáveis (nervos e


músculos), que consiste em uma rápida despolarização, ou
fase ascendente, seguida de repolarização do potencial de
membrana.

 O impulso nervoso é a transmissão do processo de


despolarização ao longo da fibra nervosa.
Potencial de membrana e potencial de ação

O limiar é o potencial de membrana em que o potencial


de ação é inevitável.

 No potencial limiar (20mV acima do potencial de


repouso), a corrente de influxo efetiva torna-se maior do
que a corrente de efluxo efetiva → A despolarização
resultante se torna autossustentada e dá origem à fase
ascendente do potencial de ação.

 Se a corrente de influxo efetiva for menor do que a


corrente de efluxo, NÃO ocorrerá potencial de ação.
Potencial de membrana e potencial de ação
Potencial de membrana e potencial de ação

IMPORTÂNCIA DO POTENCIAL DE AÇÃO:

 As células transmitem informações de uma célula à


outra e por exemplo, nos músculos, dá início ao
mecanismo de contração muscular.

CONTRAÇÃO MUSCULAR SENSAÇÕES DOLOROSAS

SENSAÇÕES TÁTEIS
SENSAÇÕES TÉRMICAS
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 Importante!

 Despolarização: torna o potencial de membrana menos


negativo (o interior da célula fica menos negativo).

 Hiperpolarização: torna o potencial de membrana mais


negativo (o interior da célula fica mais negativo).
Potencial de membrana e potencial de ação

 Importante!

 Corrente de influxo: fluxo de cargas elétricas positivas


para dentro da célula. Essa corrente despolariza o
potencial de membrana.

 Corrente de efluxo: fluxo de cargas elétricas positivas


para fora da célula. Essa corrente hiperpolariza o potencial
de membrana.
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1.6 Base iônica do potencial de ação do nervo:

 Potencial de repouso da membrana: membrana está


“polarizada”

 É cerca de – 30mV à -70mV, célula negativa.

 Resulta da elevada condutância do k+ em repouso, que


propulsiona o potencial de membrana em direção ao
potencial de equilíbrio do k+ .

 Em repouso, os canais de Na+ estão fechados e a


condutância do sódio é baixa.
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Despolarização: Fase ascendente do potencial de ação:

 A corrente de influxo despolariza o potencial de


membrana até atingir o limiar.

 A despolarização é a curva ascendente do potencial de


ação. É a diminuição na diferença de potencial da
membrana celular.
Rápida abertura das comportas de
ativação do canal de Na+ aumentando
a sua condutância, chegando a ser mais
alta do que a condutância ao k+. O
aumento da condutância ao Na+ resulta
em um rápido influxo de sódio.
Potencial de membrana e potencial de ação

 Com o aumento da condutância ao Na+ , o potencial de


membrana se desloca em direção ao potencial de
equilíbrio do Na+ de +65mV.

A despolarização rápida durante a fase ascendente é


causada por uma corrente de influxo de sódio.
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 Repolarização: é a curva descendente do potencial de


ação.

 A despolarização também fecha as comportas de


inativação do canal de Na+ (porém mais lentamente do que
abre as comportas de ativação).

 O fechamento das comportas de inativação → fim da


curva ascendente e chegada a um pico de despolarização.

 O fechamento das comportas de inativação → inativação


dos canais de Na+ , e a condutância do Na+ retorna em
direção ao zero.
Potencial de membrana e potencial de ação

 A despolarização abre lentamente os canais de k+ (são


lentos)e aumenta a condutância do potássio a níveis ainda
mais elevados do que em repouso. Considera-se que esse
canal está realmente aberto, quando há inativação dos
canais de sódio.

 Inativação dos canais de sódio + maior abertura dos


canais de potássio = condutância maior ao potássio do
que ao sódio.
POTENCIAL DE MEMBRANA REPOLARIZADO
A repolarização é produzida por uma corrente de efluxo
de potássio.
Potencial de membrana e potencial de ação
Potencial de membrana e potencial de ação
Potencial de membrana e potencial de ação

 Pós-potencial hiperpolarizante:

 Devido ao retardo no fechamento das comportas do


canal de potássio, a condutância do potássio permanece
acima daquela em repouso por algum tempo após o
fechamento dos canais de sódio.

 Durante esse período, o potencial de membrana é


impulsionado para muito próximo do potencial de
equilíbrio de potássio. Ou seja, o potencial de membrana
se torna momentaneamente mais negativo que o
potencial em repouso.
Potencial de membrana e potencial de ação

 O movimento relativo do potássio é interrompido no


momento em que o gradiente elétrico passa a se
aproximar do gradiente químico.
O potencial de membrana se repolariza
ligeiramente, voltando ao nível de
repouso e, assim, é mantido pela ação
conjunta da bomba de sódio e potássio e
dos canais de vazamento para sódio e
para potássio que mantém seus
respectivos gradientes até que um novo
estímulo perturbe esse equilíbrio
dinâmico.
Ciclo de eventos que ocorrem na geração do potencial de ação. 1) Potencial de
repouso da célula. 2) Estímulo despolarizante. 3) Abertura de canais de Na+
dependente de voltagem. 4) Entrada de Na+ na célula. 5) Inativação de canais de
Na+ e abertura de canais de K+ dependentes de voltagem mais lentos. 6) Saída de
K+ da célula. 7) Canais de K+ dependente de voltagem ainda abertos,
hiperpolarizando a célula. 8) Fechamento de canais de K+ dependente de
voltagem. 9) Retorno da permeabilidade iônica e do potencial de repouso da
célula.
Desp = despolarização da membrana. Rep = repolarização da membrana.
Fonte:https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Ciclo-de-eventos-que-ocorrem-na-geracao-do-potencial-de-acao-1-Potencial-de_fig1_236809603
Potencial de membrana e potencial de ação

 Os canais de sódio e potássio regulados pela voltagem:

a) Canais de sódio: despolarização e repolarização.

 Comporta de ativação: fechado no repouso.

 Estado de ativação: as duas comportas estão abertas.

 Comporta de inativação: se fecha no pico do potencial e


não se abre até que o potencial de membrana volte ao
valor do repouso.
Potencial de membrana e potencial de ação

b) Canais de potássio: aumenta a rapidez da


repolarização.

 A abertura do canal de potássio ocorre exatamente no


mesmo momento em que os canais de sódio estão
inativados.
 Neurônio Mielinizado
Potencial de membrana e potencial de ação

 Período refratário:

 É o período de tempo entre o pico da despolarização


(canais de sódio se encontram inativados) e, praticamente,
a maior parte da repolarização (condutância ao potássio se
encontra elevada).

 É o período durante o qual um novo estímulo não pode


desencadear um segundo potencial de ação.
Potencial de membrana e potencial de ação

 Período refratário absoluto:

 É o período durante o qual outro potencial de ação não


pode ser gerado, não importa a intensidade do estímulo.

 Coincide com quase toda a duração do potencial de ação.

 Corresponde ao tempo necessário para que os canais de


sódio voltem a sua configuração de repouso.

 Nenhum potencial de ação pode ocorrer até a abertura


das comportas de inativação dos canais de sódio.
Potencial de membrana e potencial de ação

 Período refratário relativo:

 Começa no final do período refratário absoluto e


continua até que o potencial de membrana retorne ao
nível de repouso. Alguns canais de sódio voltagem
dependentes já está disponível para ativação.

 Um potencial de ação só pode ser gerado durante esse


período se houver uma corrente de influxo maior do que a
habitual, pois, a condutância ao potássio é maior do que
em repouso, e o potencial de membrana está mais
próximo do potencial de equilíbrio do potássio e mais
distante do limiar.
Potencial de membrana e potencial de ação

Os canais de sódio estão inativados


e os canais de potássio estão
abertos.
Absoluto

Relativo
Potencial de membrana e potencial de ação

Bibliografia:

COSTANZO, L. S. Fisiologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

CURI, R.; e ARAÚJO FILHO, J. P.. Fisiologia Básica. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2009.

GUYTON, A. C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

PRESTON, R. R.; e WILSON, T. E. Fisiologia Ilustrada. Porto Alegre:


Artmed, 2014.

SILVERTON, D. U. Fisiologia Humana - Uma Abordagem Integrada.


7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Potencial de membrana e potencial de ação

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