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Resumo de Potencial de Repouso da Célula 0

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Potencial de
Repouso da Célula

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1. Introdução
Existem potenciais elétricos através das membranas de todas as células do
organismo. Esses potenciais são estabelecidos pelas diferentes concentrações de
diferentes íons entre os meios intra e extracelular.
Bioeletrogênese é a capacidade de gerar ou alterar a diferença de potencial das
membranas. Algumas células, chamadas de excitáveis, são capazes de mudar seus
potenciais de membrana a fim de transmitir sinais, como ocorre nas células nervosas e
musculares. Nesse sentido, o potencial de repouso é definido como o potencial das
membranas celulares quando estas não estão emitindo nem recebendo sinais, sendo -
90 mV o potencial de repouso de células excitáveis.

2. Transporte e Difusão dos Íons


Todas as membranas celulares possuem a bomba de sódio e potássio, que
transporta ativamente 2 íons potássio (K+) para dentro da célula e 3 íons sódio (Na+) para
fora (figura 1), gerando potencial negativo dentro da célula, visto que mais cargas
positivas são lançadas para fora do que para dentro.

Figura 1 – Bomba de sódio e potássio. Fonte: https://bit.ly/2HmXjoH


Concomitante à ação da bomba de Na =-K+, o potássio é retirado da célula pelos
canais de vazamento de potássio, que também podem ser minimamente permeáveis
ao sódio, mas são muito mais seletivos ao potássio, pois o tamanho do íon sódio é maior
que o do íon potássio, dificultando a passagem pela membrana. A difusão do potássio é

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autolimitante, pois ao atingir o equilíbrio, não ocorre gasto de ATP para continuar o
transporte. Esses canais são importantes na determinação do potencial de repouso
normal (-90mV) e estão permanentemente abertos.
Existem ainda os canais de sódio voltagem dependente, que possuem duas
comportas: uma de ativação, mais próxima da abertura externa do canal, e outra de
inativação, mais próxima da abertura interna do canal. Quando o potencial da
membrana se torna menos negativo que durante o repouso, aumentando de -90mV até
zero, ocorre uma mudança conformacional do canal, tornando a comporta de ativação
aberta. Esse é o chamado estado ativado do canal, que permite a entrada de sódio na
célula (despolarização). O processo de inativação é mais lento, e ocorre quando o
potencial da membrana começa a retornar ao potencial de repouso (repolarização) – a
comporta inativa só irá abrir novamente quando o potencial da membrana retornar ou
se aproximar do potencial de repouso normal, ou seja, após a repolarização.
O potássio também é transportado por canais de potássio regulados por
voltagem. Durante o repouso, esses canais estão fechados e os íons de potássio ficam
retidos dentro da célula. Quando o potencial da membrana aumenta da -90mV para
zero, ocorre uma mudança conformacional do canal, que abre permitindo a saída de
potássio. Porém, a abertura desses canais sofre um retardo, e a maioria só se abre
quando os canais de sódio estão se fechando, levando a repolarização da membrana,
que consiste na recuperação do potencial de repouso. Todo esse processo ocorre em
décimos de milésimos de segundo (figura 2).

Figura 2 - canais de Na+ e K+ voltagem dependentes. Fonte: https://bit.ly/2Pb28rJ

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Além do sódio e do potássio, outros íons participam do potencial de membrana,


contribuindo ou se modificando com o potencial de repouso, como o cálcio e o cloreto.
O cálcio é um íon positivo que se difunde pela membrana plasmática, porém ele é pouco
encontrado no citoplasma das células em repouso, sendo importante para gerar a
contração muscular. O cloreto, por sua vez, possui carga negativa, e por ser uma
molécula pequena, difunde-se para dentro da célula gerando eletronegatividade. A
permeabilidade dos canais de cloreto não se altera muito durante as transmissões dos
impulsos elétricos pela membrana plasmática.

Todo esse fluxo iônico promove a comunicação dos neurônios, a contração


muscular e os processos endócrinos (secreção das glândulas).

3. Potencial de Nerst
Potencial de Nerst é o valor do potencial que se opõe ao potencial de difusão
efetiva de determinado íon. Esse potencial é estabelecido pela proporção entre as
concentrações de um íon específico nos dois lados da membrana. Quanto maior essa
proporção, maior será a tendência para que o íon se difunda em uma direção e assim,
maior o potencial de Nerst necessário para evitar difusão efetiva adicional desse íon.
Como é sabido, os íons se movimentam do local onde estão mais concentrados
para os locais onde sua concentração está menor. Esse movimento é estabelecido pelo
potencial de difusão, que é determinado pelas diferenças de potencial dentro e fora da
membrana, assim, por causa do alto gradiente de concentração de potássio de dentro
para fora, há maior tendência que esse íon se difunda para fora da célula, o que ocorre
até que o potencial de difusão (Nerst) seja grande o suficiente para bloquear a saída do
potássio. O mesmo ocorre com o sódio, porém o sódio tem maior concentração na parte
externa, tendo maior tendência para se difundir para dentro da célula.
Nas fibras nervosas normais de mamíferos, o potencial de difusão do potássio é
cerca de 94 mV, com negatividade na face interna da membrana, e o potencial de
difusão do sódio é em torno de 61 mV positivo dentro da fibra nervosa. Se o potencial
for positivo, significa que íons positivos estão se difundindo, e se o potencial for
negativo, significa que está ocorrendo movimento de íons negativos.

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4. Equilíbrio de Gibbs-Donnan
Equilíbrio elétrico pode ser definido como estado de energia mínima. Nesse
sentido, o equilíbrio de Gibbs-Donnan consiste na distribuição desigual das cargas
difusíveis, ou seja, dos íons, que é mantida normalmente pelas células em repouso.
Essa distribuição é determinada pelas proteínas, que são macromoléculas
carregadas negativamente. Por serem macromoléculas, as proteínas não são capazes de
atravessar a membrana plasmática (MP) das células, concentrando-se no interior do
citoplasma e, por possuírem carga negativa, atraem cargas positivas e repelem cargas
negativas.
Essa assimetria de concentrações iônicas entre os meios intra e extracelulares
promove uma diferença de potencial através da MP e, consequentemente, uma
redistribuição iônica constante. O principal íon responsável pelo equilíbrio de Gibbs-
Donnan (figura 3) é o potássio, que se difunde passivamente pela MP através dos canais
de vazamento de potássio.

OBSERVAÇÃO: Quando o equilíbrio é atingido, não cessa o movimento dos


solutos propriamente dito, o que cessa é o movimento líquido, ou seja, no sentido
matemático da questão, pois a entrada e saída de solutos dos dois lados da membrana
se tornam iguais.

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Figura 3 – Equilíbrio de Gibbs-Donnan. Fonte: https://bit.ly/2NwmH0w

OBSERVAÇÃO: Células excitáveis são capazes de alterar seu potencial de


repouso, podendo até inverter sua polaridade por brevíssimos períodos, quando o
interior da célula fica positivo e o exterior negativo, graças a processos de
despolarização e repolarização, que constituem o potencial de ação e o retorno ao
potencial de repouso, respectivamente. A membrana plasmática atua como um
capacitor, ou seja, dois materiais condutores (meios intra e extracelulares) separados
por um isolante (bicamada lipídica). Pensando assim, o potencial de repouso funciona
como uma corrente contínua e o potencial de ação, que será assunto de outro resumo,
funciona como uma corrente alternada.

Referências Bibliográficas

1. GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica. 12ªed.


2. AIRES, Margarida, et al. Fisiologia. 4ªed.

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