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MATERIAL EXTRA PARA APROFUNDAMENTO

TEORIA E QUESTÕES

PROF. RENATO MARTINS| DIVERSIDADE MOLECULAR DOS SERES VIVOS – ELETRÓLITOS 1


SAIS E ELETRÓLITOS
Alguns minerais como sódio, potássio, cálcio, fósforo, cloro e
magnésio são considerados macronutrientes por serem necessários
em grande quantidade ao organismo (100 mg/dia ou mais) e são
chamados de macrominerais. Outros, micronutrientes, como ferro,
zinco, cobre, manganês, molibdênio, selênio, iodo e flúor,
necessários ao organismo em pequenas quantidades, são
chamados microminerais. Os sais minerais, na matéria viva, são
encontrados sob três formas principais, geralmente reversíveis:
✓ Cristalina ou molecular: o cálcio e o fósforo são
encontrados sob este tipo de forma nos ossos.
✓ Iônica: podem formar soluções verdadeiras, encontrando-
se sob a forma de íons nos líquidos. Os mais comuns são
Cl-, HCO3-, CO3-- e fosfatos, entre os ânions, e Na+, K+, Ca++
e Mg++, entre os cátions.
✓ Orgânica: Fe na hemoglobina e nos citocromos, P no DNA,
ATP, fosfolipídios, etc..
Todos os sais minerais das células e tecidos provêm da ingestão de
alimentos ou da absorção do solo ou das águas salgadas e doces.

OS ELETRÓLITOS NA TRANSMISSÃO DO IMPULSO NERVOSO


O sistema nervoso é responsável por perceber estímulos internos e
externos e adequar o organismo a elaborar respostas para esses
estímulos. É a atividade de células e a comunicação entre elas,
através de regiões de encontro, denominadas sinapses que mantém
o pleno funcionamento do organismo. O maior exemplo de célula
responsável por receber e transmitir é o neurônio.

Esquema geral de um neurônio.

COMO OS NEURÔNIOS GERAM E CONDUZEM SINAIS?


Os potenciais de ação são gerados quando os canais iônicos na membrana
plasmática dos neurônios se abrem por um curto intervalo de tempo e
permitem que íons se movam através da membrana. O movimento dessas
moléculas carregadas eletricamente direciona-se pelas diferenças nos seus
gradientes de concentração e por diferenças de cargas elétricas nos dois
lados da membrana. Em repouso, o lado de dentro de um neurônio é
eletricamente negativo quando comparado ao lado externo. A diferença no
potencial elétrico através da membrana plasmática é o potencial de
membrana, medido em milivolts. Quando o neurônio encontra-se em
repouso e não está disparando potenciais de ação, o potencial de
membrana denomina-se potencial de repouso.
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Devido à força da voltagem (diferença de potencial elétrico), as partículas
eletricamente carregadas se movem entre dois pontos. A voltagem está
para o fluxo de partículas eletricamente carregadas assim como a pressão
está para o fluxo de água. Se os pólos negativos e positivos de uma bateria
conectam-se por um fio, uma corrente elétrica fluirá através do fio, porque
há uma diferença de voltagem entre os dois pólos da bateria. Esse fluxo de
corrente elétrica pode ser usado para realizar trabalho, assim como uma
corrente de água pode ser usada para realizar trabalho.
Nos fios, a corrente elétrica conduz-se por elétrons, mas em soluções e
através de membranas celulares a corrente elétrica conduz-se por íons. Os
principais íons que conduzem correntes elétricas através das membranas
plasmáticas dos neurônios são sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+) e
cloro (Cl-). Lembre que íons com cargas opostas atraem uns aos outros, e
os com mesma carga repelem uns aos outros. Como esses princípios
simples de bioeletricidade estabelecem o potencial de repouso da
membrana plasmática neuronal? E de que forma este fluxo de íons através
da membrana plasmática é iniciado e terminado para gerar potenciais de
ação? Discorreremos sobre essas questões a seguir.
O potencial de membrana pode ser medido com eletrodos
Um eletrodo pode ser feito a partir de uma pipeta de vidro que se alonga
para ficar com uma ponta extremamente afiada, que se preenche com uma
solução contendo íons que conduzem carga elétrica. Usando eletrodos
podemos registrar eventos elétricos em uma célula. Se um eletrodo
colocado na parte interna da membrana plasmática de um axônio, e outro
eletrodo for colocado logo no lado de fora do axônio, a diferença na voltagem
pode ser medida. O típico potencial de repouso de um axônio, medido deste
modo, é uma diferença de voltagem usualmente entre -60 e -70 milivolts
(mV). O potencial de repouso proporciona um mecanismo para que os
neurônios respondam a estímulos. Devido à diferença de voltagem através
da membrana, íons passariam através da membrana, se pudessem. Uma
vez que o lado de dentro de uma célula em repouso apresenta-se negativo,
por exemplo, íons carregados positivamente como o sódio (Na +) entrariam,
se pudessem. Portanto, qualquer estímulo químico ou físico que mude a
permeabilidade da membrana plasmática aos íons, produzirá uma mudança
no potencial de membrana das células. A mudança mais extrema em um
potencial de membrana é o potencial de ação, que consiste em uma
repentina e rápida inversão na voltagem através de uma porção da
membrana plasmática. Por um ou dois milissegundos, íons positivamente
carregados fluem para dentro da célula, tornando o lado interno da célula
mais positivo do que o lado externo. Os potenciais de ação são conduzidos
ao longo dos axônios, usualmente a partir do corpo celular para as
terminações desse axônio.
Bombas iônicas e canais geram potenciais de membrana
As membranas plasmáticas dos neurônios, como todas as outras células,
são bicamadas lipídicas impermeáveis a íons, mas contêm várias moléculas
proteicas que servem como canais e bombas iônicas. As bombas iônicas e
os canais responsabilizam-se pela distribuição através da membrana de
cargas que criam os potenciais de repouso e de ação. As bombas iônicas
dependem de energia para mover íons ou outras moléculas contra seus
gradientes de concentração ou elétricos. A principal bomba iônica na
membrana plasmática de neurônios consiste na bomba de sódio-potássio,
assim denominada porque expulsa ativamente o Na + de dentro da célula,
trocando este por K+ do lado de fora da célula. A bomba de Na+/K+ também
é conhecida como sódio-potássio ATPase, por ser uma enzima complexa
que necessita ATP para realizar seu trabalho. A bomba de sódio-potássio
mantém a concentração de K+ do lado de dentro da célula maior do que a
do fluido extracelular e a concentração de Na + do lado de dentro da célula
menor do que a do fluido extracelular. As diferenças de concentração
estabelecidas pela bomba significam que o K+ poderia difundir-se para fora
da célula e o Na+ para dentro se os íons pudessem cruzar a bicamada
lipídica. Como esses gradientes de concentração se relacionam com os
gradientes elétricos que aprendemos anteriormente?
Os canais iônicos permitem a difusão dos íons através das membranas.
Esses canais constituem poros preenchidos por água formados por
proteínas da bicamada lipídica e são geralmente seletivos - permitem que
alguns tipos de íons passem por eles mais facilmente do que outros. Dessa
maneira, existem canais de potássio, canais de sódio, canais de cloro,
canais de cálcio, além de diferentes tipos de cada canal. Os íons podem se
difundir através desses canais em ambas as direções. A direção e a
magnitude do movimento de íons por um canal dependem do gradiente de
concentração desses íons através da membrana plasmática, assim como
da diferença de voltagem através da membrana. A atuação dessas duas
forças motoras sobre um íon denomina-se gradiente eletroquímico.

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Bomba de Na+ e K+

Canais de Na+ e K+

Bombas e canais iônicos


A bomba de sódio potássio move K+ para dentro do neurônio e Na+ para fora. Os canais iônicos permitem a difusão de íons específicos de
acordo com seus gradientes de concentração; o K+ tende a deixar os neurônios quando os canais de potássio estão abertos e o Na+ tende a
entrar nos neurônios quando os canais de sódio estão abertos.

Os canais de potássio são os canais mais comumente abertos na membrana plasmática de neurônios em
repouso (não estimulados). Como consequência, os neurônios em repouso são mais permeáveis ao K + do
que a qualquer outro íon. Assim, a abertura de canais de potássio é a grande responsável pelo potencial
de membrana. Por que os canais de potássio tornam a membrana permeável ao K +, e por que a bomba de
sódio-potássio mantém a concentração de potássio dentro da célula muito maior que a concentração de K+
fora da célula, o potássio tende a se difundir, de acordo com seu gradiente eletroquímico, para fora da
célula, através de canais. Como os íons K+ positivamente carregados difundem-se para fora da célula,
deixam para trás cargas negativas não balanceadas, gerando um potencial elétrico através da membrana
que tende a puxar íons K+ de volta para dentro da célula.

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Os canais iônicos e suas propriedades agora podem ser estudados
diretamente
Hodgkin e Huxley trabalharam bem antes que as técnicas de laboratório que
possibilitaram a demonstração de canais iônicos surgissem, e por isso eles
só puderam hipotetizar sobre as propriedades destes. Com o advento de
uma técnica chamada patch clamping, desenvolvida em 1980 por B.
Sakmann e E. Neher, os neurobiologistas agora conseguem registrar
correntes causadas pela abertura e fechamento de um único canal iônico.
O eletrodo do patch clamping consiste em uma micropipeta de vidro polida,
preenchida com uma solução com condutivida- de elétrica que tem a mesma
composição do fluido extracelular. A ponta desse eletrodo é então
posicionada contra a membrana da célula. Quando uma leve sucção aplica-
se ao eletrodo, esta é selada com a membrana. Uma vez que se forma o
selo quaisquer trocas de íons através do pedaço de membrana rodeado pelo
selo são trocas de íons com o fluido da micropipeta, e estas trocas podem
ser registradas como correntes elétricas. Se um único canal iônico, ou
poucos canais iônicos estão no pedaço de membrana coberto pela pipeta,
as aberturas e fechamentos destes canais iônicos individuais serão
registrados pelo eletrodo. Se a pipeta é retirada, ela pode retirar o pedaço
de membrana para fora da célula e as atividades dos canais iônicos no
pedaço podem continuar a ser registradas (Figura 50.8). Em 1991, Sakmann
e Neher receberam o prêmio Nobel por seu trabalho com a técnica de patch
clamping.

A técnica de patch clamping pode registrar a abertura e o fechamento de um


único canal iônico.

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Canais iônicos com portões alteram o potencial de membrana
Muitos canais iônicos nas membranas plasmáticas dos neurônios comportam-se como se tivessem um
"portão" que se abre sob algumas condições, mas que se fecha quando exposto a outras. Os canais
voltagem-dependentes se abrem ou fecham em resposta a mudanças na voltagem através da membrana
plasmática. Os canais ligante-dependentes se abrem ou fecham dependendo da presença ou da ausência
de uma molécula específica que se liga à proteína que forma o canal ou a um receptor separado que
posteriormente altera a proteína-canal.
Os canais mecano-dependentes se abrem ou fecham em resposta à aplicação de uma força mecânica à
membrana plasmática. Os canais com portão desempenham papéis importantes na função neuronal.

Proteínas receptoras sensoriais de membrana respondem a estímulos


As proteínas receptoras de mecanorreceptores são canais iônicos. Os quimiorreceptores e fotorreceptores
metabotrópicos iniciam a sinalização que leva à abertura dos canais iônicos.

Aberturas e fechamentos de canais iônicos nas membranas plasmáticas perturbam o potencial de repouso.
Imagine o que aconteceria, por exemplo, se os canais de sódio da membrana plasmática se abrissem. O
Na+ se difundiria de acordo com o gradiente eletroquímico. Como resultado da entrada dos íons Na +, o lado
de dentro da célula se tornaria menos negativo. Quando a parte interna de um neurônio se torna menos
negativa (ou mais positiva) em comparação com sua condição de repouso, essa membrana plasmática
chama-se despolarizada.
Uma mudança oposta no potencial de repouso ocorre se os canais de K + se abrem. Quando aumenta o
efluxo de K+do neurônio, o potencial de membrana se torna cada vez mais negativo, e a membrana
plasmática é dita hiperpolarizada.
A abertura e o fechamento dos canais iônicos, que resultam em mudanças na voltagem através da
membrana plasmática, são os mecanismos básicos pelos quais os neurônios respondem a estímulos, sejam
eles elétricos, químicos ou mecânicos. De que maneira um neurônio usa uma mudança em seu potencial
de repouso para processar e transmitir informação?
Uma mudança no potencial de membrana pode resultar da atividade de uma sinapse. Quando o potencial
de ação, ao longo de um axônio, atinge o terminal axonal, causa a liberação de neurotransmissores
químicos. As moléculas de neurotransmissores difundem-se através de uma pequena fenda entre as
membranas pré e pós-sinápticas e se ligam ao receptor na membrana pós-sináptica. Esses receptores
podem ser canais iônicos, ou controlar canais iônicos indiretamente. Em ambos os casos, o
neurotransmissor causa a abertura do canal, os íons fluem de acordo com seus gradientes eletroquímicos
e o potencial de membrana do neurônio pós-sináptico se altera. Como essa mudança local no potencial de
membrana é comunicada a outras partes da célula?
Uma mudança local no potencial de membrana do neurônio pós-sináptico causa um fluxo de íons que se
propaga e muda o potencial de membrana das regiões adjacentes da membrana. Por exemplo, quando o
Na+ entra nos neurônios pós-sinápticos através dos canais de sódio que se encontram abertos em um local,
estes íons carregados positivamente são atraídos para as áreas adjacentes no lado de dentro da membrana
que está mais negativa, e então ocorre um rápido fluxo de corrente elétrica a partir do ponto onde se abrem
os canais de Na+. Entretanto, este fluxo local de corrente elétrica decai e se espalha, e conseqüentemente
não se propaga para muito longe.
As correntes elétricas não se propagam para muito longe nas células porque as membranas celulares não
são completamente impermeáveis a íons. Uma corrente elétrica viajando ao longo de uma membrana
assemelha-se a água fluindo por uma mangueira furada. O fluxo de corrente elétrica ao longo da membrana
plasmática é útil para transmitir sinais apenas para distâncias muito curtas. Portanto, os axônios não
transmitem informação com fluxo contínuo de corrente elétrica (como os fios de telefone fazem). Entretanto,
o fluxo local de corrente elétrica é parte importante do mecanismo pelo qual os neurônios geram os
potenciais de ação, os verdadeiros sinais de longa distância.
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As membranas podem ser despolarizadas ou hiperpolarizadas
O potencial de repouso é produzido pela abertura de canais de K+. Uma mudança do potencial de repouso para um
potencial de membrana menos negativo, como a que ocorre quando o Na+ entra na célula através dos canais de Na+,
chama-se despolarização. A hiperpolarizaçao ocorre quando o potencial de membrana se torna mais negativo, e
quando mais K+ deixa a célula, através dos canais de K+.

Mudanças súbitas nos canais de Na+ e K+ geram os potenciais de ação


Os potenciais de ação são grandes, súbitas e transientes mudanças no potencial de membrana que ao
longo de axônios não-mielinizados conduzem-se a velocidades de até 2 metros por segundo, enquanto em
axônios mielinizados a velocidade de condução pode ser 100 metros por segundo. Pense em correr em
uma pista de 100 metros em 1 segundo - o recorde mundial é aproximadamente 10 segundos.
Se colocarmos as pontas de um par de eletrodos em ambos os lados da membrana plasmática em um
axônio em repouso e medirmos a diferença de voltagem, a leitura será em torno de -60 mV. Se esses
eletrodos estão colocados quando um potencial de ação viaja para ao longo do axônio, eles registram uma
rápida mudança no potencial de membrana, de -60 mV para cerca de +50 mV. O potencial de membrana
rapidamente retorna para o seu nível de repouso de -60 mV quando o potencial de ação passa.
Os canais voltagem-dependentes de Na+ e K+ da membrana plasmática do axônio são os responsáveis
pelo potencial de ação. No potencial de repouso da membrana, a maioria destes canais encontra-se
fechada. A despolarização da membrana causa sua abertura. Por exemplo, se o estimulo sináptico de um
neurônio for suficientemente forte para a membrana plasmática do seu corpo celular despolarizar, essa
despolarização pode se propagar por fluxo local de corrente até o cone de implantação na base do axônio,
onde os canais voltagem-dependentes de Na+ estão concentrados. Quando a membrana plasmática nessa
área apresenta-se despolarizada, alguns destes canais voltagem-dependentes se abrem brevemente - por
menos de um milissegundo. A concentração de Na+ é muito maior do lado de fora do axônio do que do lado
de dentro, e o lado de dentro é negativamente carregado. Deste modo, quando os canais se abrem, o Na +
entra no axônio. A entrada de Na+ despolariza ainda mais a membrana, causando a abertura de mais canais
de Na+, um efeito de retroalimentação positiva. Quando a membrana despolariza-se em torno de 5 a 10 mV
além do potencial de repouso, um limiar é atingido no qual o influxo despolarizante de Na + não pode ser
neutralizado pelo efluxo de K+. Neste ponto, um grande número de canais de sódio está aberto, e o potencial
de membrana se torna positivo - um potencial de ação. A fase crescente de um potencial de ação termina
abruptamente em um ou dois milissegundos, e o potencial de membrana rapidamente se torna negativo
novamente.

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O caminho do potencial de ação
Os potenciais de ação resultam de mudanças rápidas nos canais voltagem-dependentes de Na+ e K+.

Por que um axônio retorna ao potencial de repouso? Existem dois fatores que contribuem: os canais
voltagem-dependentes de Na+ fecham e os canais voltagem-dependentes de K+ se abrem. Os canais
voltagem-dependentes de K+ se abrem mais lentamente que os de Na+ e permanecem abertos por mais
tempo, permitindo ao K+ levar o excesso de cargas positivas para fora do axônio. Como resultado, o
potencial de membrana retorna a um valor negativo, e usualmente se torna mais negativo que o potencial
de repouso até que os canais de K+ se fechem. Outra característica dos canais de sódio voltagem-
dependentes consiste em que uma vez que abriram e fecharam eles passam por um período refratário de
um a dois milissegundos no qual não podem abrir novamente. Essa propriedade pode ser explicada porque
eles possuem dois portões: um portão de ativação e um portão de inativação. Sob condições de repouso,
o portão de ativação está fechado e o portão de inativação aberto. Com a despolarização da membrana
além do limiar, ambos os canais mudam o seu estado, mas o portão de ativação responde mais
rapidamente. Como resultado, o canal abre-se para a passagem de íon Na+ por um breve momento entre
a abertura do portão de ativação e o fechamento do portão de inativação. O portão de inativação permanece
fechado por um a dois milissegundos, antes de abrir novamente de maneira espontânea; isso explica por
que a membrana tem um período refratário antes de poder disparar outro potencial de ação. Quando o
portão de inativação finalmente se abre, o portão de ativação fecha-se, e a membrana está pronta para
responder novamente ao estímulo despolarizante e desencadear outro potencial de ação. Outro fator que
contribui para o período refratário é a duração da abertura dos canais voltagem-dependentes de K+,
conforme falado anteriormente. A queda no potencial de membrana após um potencial de ação chama-se
pós-hiperpolarização. A diferença da concentração de Na+ através da membrana plasmática dos neurônios
e o potencial de repouso negativo constituem a "bateria" que impulsiona o potencial de ação. Com que
rapidez a bateria descarrega? Pode parecer que um número substancial de íons tenha cruzado a membrana
para que o potencial de membrana mude de -60 mV para +50 mV e volte para -60mV novamente. De fato,
apenas uma pequena porcentagem do Na+ concentrado fora da membrana plasmática se move através
dos canais durante a passagem de um potencial de ação. Assim, o efeito de um simples potencial de ação
nas concentrações de Na+ ou K+ é muito pequeno. É possível, na maioria dos casos, para a bomba de
sódio-potássio manter a "bateria" carregada, mesmo quando o neurônio gera muitos potenciais de ação a
cada segundo.

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O potencial de ação viaja ao longo do axônio
(A) Não há nenhuma perda do sinal à medida que um potencial de ação viaja ao longo do axônio. (B) Quando um potencial de ação ocorre em
uma região da membrana, correntes elétricas fluem para áreas adjacentes da membrana e despolarizam-nas. (C) Devido à onda despolarizante
que avança, mais canais de Na+ se abrem, e o potencial de ação é gerado novamente na próxima secção da membrana. Enquanto isso, na região
onde o potencial de ação foi recém-disparado, os canais de Na+ são inativados e os canais voltagem-dependentes de K+ permanecem abertos,
levando essa secção ao período refratário. Deste ponto o potencial de ação não pode voltar, mas move-se continuamente para frente ao longo do
axônio regenerando a si próprio. chama-se despolarização. A hiperpolarizaçao ocorre quando o potencial de membrana se torna mais negativo,
e quando mais K+ deixa a célula, através dos canais de K+.

Potenciais de ação são conduzidos ao longo do axônio sem redução no sinal


Potenciais de ação podem viajar por longas distâncias sem nenhuma perda de sinal. Se colocarmos dois
pares de eletrodos em dois locais diferentes ao longo do axônio, podemos registrar um potencial de ação
nesses dois locais enquanto ele viaja ao longo do axônio. A magnitude do potencial de ação não muda
entre os dois pontos de registro. Esta constância é possível porque o potencial de ação é um evento auto-
regenerante do tipo tudo ou nada.
O potencial de ação é tudo ou nada devido à interação entre os canais de Na+ voltagem-dependentes e o
potencial de membrana. Se a membrana despolariza-se levemente, alguns canais de Na+ voltagem-
dependentes se abrem. Alguns íons sódio cruzam a membrana plasmática e a despolarizam ainda mais,
abrindo mais canais de Na+ voltagem-dependentes, até que a membrana atinja o limiar e gere um potencial
de ação.

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Esse mecanismo de retroalimentação positiva garante que os potenciais de ação sempre atinjam seus
valores máximos.
O potencial de ação é auto-regenerante porque ele se espalha pelo fluxo de corrente local para regiões
adjacentes da membrana. A despolarização resultante leva as áreas vizinhas da membrana ao limiar. Desse
modo, quando um potencial de ação ocorre em um local no axônio, ele estimula a região adjacente do
axônio a gerar um potencial de ação, e assim por diante, descendo ao longo do axônio.

Você já tocou em algo muito quente e sentiu a dor antes de sentir o calor?
Os potenciais de ação não viajam ao longo de todos os axônios com a mesma velocidade, eles viajam mais
rapidamente em axônios mielinizados do que em axônios não-mielinizados e viajam mais rapidamente em
axônios com diâmetro grande do que em axônios com diâmetro pequeno. Invertebrados não tem mielina e,
portanto, a velocidade de condução dos seus axônios depende principalmente do diâmetro axonal. Os
axônios de invertebrados que transmitem mensagens envolvidas nos comportamentos de fuga são muito
grandes, como, por exemplo, o axônio gigante de lula.
Potenciais de ação podem saltar ao longo dos axônios
No sistema nervoso de vertebrados, o aumento da velocidade do potencial de ação pelo aumento do
diâmetro dos axônios não é praticável, devido ao enorme número de axônios que se necessitam. Por
exemplo, cada um de nossos olhos tem cerca de um milhão de axônios que os conectam ao encéfalo.
Esses axônios conduzem potenciais de ação com aproximadamente a mesma velocidade do axônio gigante
de lula - cerca de 20 metros por segundo - ainda que o diâmetro de cada um desses axônios seja cerca de
200 vezes menor que o diâmetro do axônio de lula. Imagine seus nervos ópticos sendo 200 vezes maiores
que eles são. Cada um teria mais de meio metro de diâmetro! Os vertebrados encontraram um modo
diferente de aumentar a velocidade de condução dos axônios, e essa adaptação é a mielinização.
Quando as células gliais se enrolam ao redor de axônios, cobrindo-os com camadas concêntricas de
mielina, elas deixam porções descobertas espaçadas regularmente, chamadas nodos de Ranvier. A
passagem deíons através das regiões envoltas por mielina reduz-se. Logo, a corrente elétrica pode se
propagar ao longo de maiores distâncias no axônio mielinizado do que ao longo do axônio não-mielinizado.
Além disso, os canais voltagem dependentes concentram-se nos nodos de Ranvier. Deste modo um axônio
pode disparar potenciais de ação apenas nos nodos e estes potenciais de ação não podem ser propagados
às porções de membrana cobertas pela bainha de mielina. As cargas positivas que fluem para dentro do
axônio nos nodos, contudo, fluem internamente na forma de corrente elétrica. Quando a corrente atinge o
próximo nodo, a membrana plasmá- tica do nodo despolariza-se até o limiar e dispara outro potencial de
ação. Portanto, os potenciais de ação parecem pular de nodo a nodo ao longo do axônio. A velocidade de
condução aumenta nesses axônios cobertos por mielina porque a corrente elétrica flui muito mais rápido
através do citoplasma do que com a abertura e fechamento de canais iônicos. Essa forma de propagação
rápida do impulso denomina- se condução saltatória.

Cobrindo o axônio
As células de Schwann produzem camadas de mielina, um tipo de membrana plasmática que permite o isolamento
elétrico do axônio. Nos intervalos entre as células de Schwann — os nodos de Ranvier — o axônio é exposto.
Abaixo, um axônio mielinizado, visto em uma secção transversal com microscopia eletrônica de transmissão.

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Os potenciais de ação saltatórios Os potenciais de ação parecem pular de
nodo a nodo nos axônios mielinizados.

Você já tocou em algo muito quente e sentiu a dor antes de sentir o calor?
Os neurônios que levam as sensações de dor aguda são mielinizados e transmitem os potenciais
de ação cerca de 10 vezes mais rapidamente que os neurônios não-mielinizados, que transmitem as
sensações de frio e de calor.

Eletrólitos como Na+, K+, PO43-, Ca2+ e Mg2+ são


importantes na transmissão do impulso nervoso.

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Qual a relação entre sódio, potássio, cálcio e cloro com a labirintite?
Na verdade o nome correto da doença é labirintopatia, a qual pode se apresentar de formas diferentes,
relacionando sintomas que afetam o equilíbrio e/ou a audição.
O labirinto corresponde a uma estrutura localizada na orelha interna, apresentando uma parte óssea e outra
membranosa.

Estruturas da orelha humana.


A orelha humana utiliza células pilosas para transformar ondas sonoras em
potenciais de ação.

Suas funções são:


1) Transformar as forças provocadas pela aceleração da cabeça e da gravidade em um sinal biológico.
2) Informar os centros nervosos sobre a velocidade da cabeça e sua posição no espaço.
3) Iniciar alguns reflexos necessários para a estabilização do olhar, da cabeça e do corpo.
Todas essas funções são importantes para o equilíbrio (capacidade de manter a postura apesar de
circunstâncias adversas). Além do aparelho vestibular periférico, o equilíbrio é também determinado pelos
olhos, com sua percepção das relações espaciais,
No interior do labirinto circula um fluido denominado endolinfa, enquanto que na periferia do labirinto flui a
perilinfa.
A endolinfa é um líquido incolor, semelhante aos líquidos intracelulares (rica em K +, 120 a 150 mmol/l, e
pobre em Na+, 1 a 2 mmol/l, além de possuir glicose e proteínas) e preenche o labirinto membranoso. Sua
secreção ocorre em algumas regiões do epitélio labiríntico, com possível controle hormonal. Já a perilinfa
localiza-se entre o labirinto membranoso e o ósseo com função de amortecer as vibrações ósseas. Sua
composição é semelhante a do líquido extracelular, sendo o Na + o principal cátion e Cl- o principal ânion.

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O corpo está sujeito a constantes mudanças de posição, sofrendo aceleração linear. Os otólitos são
grânulos de carbonato de cálcio que se localizam sobre um material gelatinoso. Mergulhadas nesse material
gelatinoso encontram-se células ciliadas do labirinto. Os otólitos, mais densos que os tecidos, deformam os
cílios na direção do movimento da cabeça. A inclinação dos cílios causa aumento de Potencial de Ação nas
fibras nervosas, indicando o sentido de deslocamento.
O movimento lateral dos cílios das células ciliadas permite a abertura dos canais iônicos, o que permite a
entrada de potássio proveniente da endolinfa. Quando o potássio entra provoca despolarização da célula
auditiva o que permite a entrada de cálcio e a consequente abertura dos canais de potássio dependentes
de cálcio. Assim o potássio pode sair (para a perilinfa) e dá-se repolarização da célula.
Logo, a carência de potássio, repercutirá negativamente na despolarização da célula auditiva, ocasionando
alguns dos sintomas característicos da labirintopatia.

Órgãos responsáveis pelo equilíbrio


A porção óssea da orelha interna de um ser humano inclui órgãos responsáveis
pelo equilíbrio - três canais semicirculares - bem como o órgão da audição, a
cóclea.

Células pilosas têm mecanossensores nos estereocílios


(A) Células pilosas têm estereocílios conectados entre si por
pequenos filamentos.
(B) Quando um cílio se curva em uma direção, o filamento abre
um canal iônico mecanossensorial na ponta do cílio vizinho. A
célula pilosa despolarizada libera neurotransmissores para um
neurônio sensorial.

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OS ELETRÓLITOS NA CONTRAÇÃO MUSCULAR

Rosie era uma rã-touro competindo no Concurso


de Pulo de Sapo, no condado de Calaveras, De
certa forma, o pulo de Rosie é bastante
impressionante – uma vez que alcançou
aproximadamente 20 vezes o comprimento do
seu corpo. Tal salto foi realizado pelo músculo
esquelético. O tecido muscular é um efetor que
responde a comandos do sistema nervoso. Os
mecanismos moleculares e celulares da
contração muscular são essencialmente
dependentes de proteínas, energia e eletrólitos.

Saltadores campeões
Relativamente ao seu tamanho, muitos animais
apresentam habilidade para saltar mais impressionante do
que os humanos. Esta rã do Pacífico (Pseudacris gegilla)
pode saltar distâncias até 20 vezes o comprimento de seu
corpo.

Como os músculos se contraem?


A maioria do comportamento e muitas ações fisiológicas, como os batimentos cardíacos e a movimentação
de alimento ao longo do trato digestivo, dependem da contração muscular. Onde quer que os tecidos se
contraiam, as células musculares são as responsáveis. Existem três tipos de músculo nos vertebrados:
• Músculo esquelético - responsável por
todos os movimentos voluntários, como
correr ou tocar um piano. Ele também
gera os movimentos inconscientes da
respiração.
• Músculo cardíaco - responsável pelos
batimentos do coração.
• Músculo liso - cria o movimento em
muitos órgãos internos ocos, como os
intestinos, a bexiga, os vasos
sanguíneos; está sob controle do
sistema nervoso autônomo
(involuntário).

Todos os três tipos de músculos utilizam


o mesmo mecanismo contrátil e
começaremos o nosso estudo dos
efetores descrevendo os mecanismos
moleculares subjacentes à habilidade de
se contrair. Utilizaremos o músculo
esquelético de vertebrados como nosso
exemplo primário, e discutiremos sua
estrutura em detalhe. Posteriormente,
aprenderemos sobre as diferenças nos
músculos cardíaco e liso que os
adaptaram às suas funções específicas.
O músculo esquelético também chama-
se músculo estriado devido à sua
aparência listrada. As células
musculares esqueléticas, chamadas
fibras musculares, são grandes e
possuem muitos núcleos. Essas células
multinucleadas formam-se durante o
desenvolvimento através da fusão de
muitas células musculares embrionárias
individuais chamadas mioblastos. Um
músculo específico como o seu bíceps
(o qual dobra o seu braço) é composto
de centenas ou milhares de fibras
musculares unidas por tecido conjuntivo.

Existem três tipos de músculos


Todas as células musculares contêm filamentos protéicos de actina e miosina.
(A) As células do músculo são grandes e formam fibras. Cada célula contém múltiplos núcleos.
(B) Células do músculo cardíaco
(C) e do músculo liso são menores, apresentam núcleos individuais, e formam camadas de tecido contrátil nas quais as
células são eletricamente acopladas.

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A estrutura do músculo
esquelético
Um músculo esquelético é constituído
de feixes de fibras musculares. Cada
fibra muscular consiste em uma célula
multinucleada contendo numerosas
miofibrilas, as quais são conjuntos de
filamentos espessos de actina e finos
de miosina altamente organizados. A
estrutura das miofibrilas confere às
fibras musculares sua aparência
estriada característica.

Filamentos deslizantes
O padrão das bandas do sarcômero modifica-se à medida
que encurta. Observações em microscopia eletrônica,
como estas, levaram à hipótese dos filamentos deslizantes
da contração muscular.

A contração muscular ocorre devido à


interação entre as proteínas
contráteis actina e miosina. Dentro
das células musculares as moléculas
de actina e miosina são organizadas
em filamentos que consistem em
muitas moléculas. Os filamentos de
actina também denominam-se
filamentos finos, e os filamentos de
miosina são os filamentos grossos.
Os dois tipos de filamentos
encontram-se paralelos uns aos
outros. Quando a contração muscular
é desencadeada, os filamentos de
actina e miosina deslizam um sobre o
outro.

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As interações actina-miosina fazem os filamentos deslizar
Para entender como o modelo do deslizamento dos filamentos explica a contração muscular, precisamos
primeiramente examinar as estruturas da actina e da miosina. Uma molécula de miosina consiste em duas
longas cadeias polipeptídicas enroladas, cada uma delas terminando em uma grande cabeça globular. Um
filamento de miosina é armado de muitas moléculas de miosina arranjadas em paralelo, com suas cabeças
projetando lateralmente de um ou de outro terminal do filamento. Um filamento de actina consiste em duas
cadeias de monômeros de actina torcidos como dois colares de pérolas em uma hélice. Enrolado ao redor
das cadeias de actina encontra-se outra proteína, a tropomiosina, e conectada à tropomiosina em alguns
intervalos encontram-se moléculas de troponina. As cabeças da miosina podem se ligar em sítios
específicos na actina, e deste modo, formar pontes cruzadas entre a miosina e os filamentos de actina.
Além disso, quando a cabeça da miosina liga-se a um filamento de actina, sua conformação é alterada, ela
se inclina e exerce uma força que desliza o filamento de actina entre 5 a 10 nm em relação ao filamento de
miosina. As cabeças da miosina também possuem uma atividade ATPásica; quando estão ligadas à actina,
elas podem ligar e hidrolisar ATP. A energia liberada quando isso acontece altera a conformação da cabeça
da miosina; com isso, ela libera a actina e retorna à sua posição estendida, a partir da qual pode novamente
ligar-se à actina. Em conjunto, esses detalhes explicam o ciclo de eventos que fazem a actina e os
filamentos de miosina deslizar um sobre o outro e encurtar o sarcômero.

Os filamentos de actina e miosina sobrepõem-se para formar as miofibrilas


Os filamentos de miosina são feixes de moléculas com cabeças globulares e caudas polipeptídicas; a proteína titina prende esses filamentos
centralizados dentro do sarcômero. Os filamentos de actina consistem em duas cadeias de monômeros de actina trançados um sobre o outro. Eles
são envoltos por cadeias do polipeptídio tropomiosina e sustentados em intervalos intercalados, por uma outra proteína, a troponina.

As interações actina- miosina são controladas por íons cálcio

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Contrações musculares são encenadas por potenciais de ação
provenientes de neurônios motores chegando à junção
neuromuscular. Em geral, os terminais axonais de neurônios
motores são altamente ramificados e podem formar sinapses com
centenas de fibras musculares. Todas as fibras ativadas por um
único neurônio motor constituem-se uma unidade motora e
contraem-se simultaneamente em resposta a potenciais de ação
disparados por um neurônio motor. Um músculo pode consistir em
muitas unidades motoras. Portanto, há duas maneiras para se
aumentar a força de contração de um músculo - aumentando-se a
taxa de disparo de um neurônio motor individual ou recrutando o
disparo de mais neurônios motores.
Assim como os neurônios, as células musculares são excitáveis;
isto é, suas membranas plasmáticas podem
gerar e conduzir potenciais de ação. Em fibras musculares
esqueléticas (mas não em fibras musculares lisas ou cardíacas),
todos os potenciais de ação são gerados por neurônios motores.
Quando um potencial de ação chega à junção neuromuscular, o
neurotransmissor acetilcolina é liberado dos terminais do neurônio
motor, difunde-se na fenda sináptica, liga-se aos receptores na
membrana pós-sináptica e provoca a abertura de canais iônicos
na placa motora. A maioria dos íons que fluem através destes
canais são íons Na+, e desta forma, a placa motora é despolarizada. A despolarização espalha-se ao longo
da membrana plasmática da fibra muscular que contém canais de sódio voltagem-dependentes. Quando
se atinge o limiar, a membrana plasmática dispara um potencial de ação que é conduzido rapidamente a
todos os pontos da superfície da fibra muscular.
Um potencial de ação em uma fibra muscular também é conduzido para dentro da célula. A membrana
plasmática é contínua com um sistema de túbulos de distribuição que penetra no citoplasma da fibra
muscular (também chamado de sarcoplasma). O potencial de ação que se espalha sobre a membrana
plasmática também é conduzido através desse sistema de túbulos transversais, ou túbulos T.
Os túbulos T chegam muito perto do retículo endoplasmático da célula muscular.

A liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático


desencadeia a contração muscular
Quando o Ca2+ liga-se à troponina, expõe os sítios de
ligação de miosina na molécula da actina. Enquanto
os sítios de ligação e o ATP estiverem disponíveis, o
ciclo das interações entre actina e miosina continua, e
os filamentos deslizam uns sobre os outros.

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Nas células musculares o retículo endoplasmático é chamado de retículo
sarcoplasmático, um compartimento fechado encontrado ao redor das
miofibrilas. Bombas de cálcio no retículo sarcoplasmático captam íons Ca2+
do sarcoplasma. Portanto, quando a fibra muscular está em repouso, existe
uma concentração de Ca2+ mais elevada no retículo sarcoplasmático e mais
baixa no sarcoplasma.
Ocupando o espaço entre as membranas dos túbulos T e as membranas
dos retículos sarcoplasmáticos existem duas proteínas. Uma proteína, o
receptor di-hidropiridina (DHP), localiza-se na membrana do túbulo T, é
sensível à voltagem e altera sua conformação quando um potencial de ação
chega ao túbulo T. A outra proteína, o receptor rianodina, localiza-se na
membrana do retículo sarcoplasmático e é um canal de Ca2+. Essas duas
proteínas são fisicamente conectadas. Quando o receptor DHP é ativado
por um potencial de ação, sua conformação é alterada; com isso, o receptor
rianodina permite a saída de íons Ca 2+ do retículo sarcoplasmático. Íons
Ca2+ difundem-se no sarcoplasma ao redor dos filamentos de actina e
miosina e desencadeiam a interação da actina e dos filamentos deslizantes
de miosina. Como os íons Ca2+ fazem isto? Como vimos, um filamento de
actina é um arranjo helicoidal de duas fitas de monômeros de actina.
Localizada no espaço entre as duas fitas de actina está a proteína
tropomiosina. Em intervalos regulares, o filamento também inclui uma
proteína globular, a troponina. A molécula de troponina tem três
subunidades: a primeira liga-se a actina, a segunda liga-se a tropomiosina
e a terceira liga ao Ca2+.
Quando o músculo está em repouso, as fitas de tropomiosina posicionam-
se de modo a bloquear os sítios no filamento da actina onde as cabeças da
miosina podem ligar-se. Quando o Ca2+ é liberado no sarcoplasma, ele liga-
se na troponina modificando sua conformação. Já que a troponina está
ligada à tropomiosina, esta alteração conformacional torce suficientemente
a tropomiosina para expor os sítios de ligação actina-miosina. Dessa forma,
o ciclo que faz e desfaz as ligações entre actina e miosina é iniciado, os
filamentos são puxados um sobre o outro e a fibra muscular contrai. Quando
as bombas removem os íons Ca2+ do sarcoplasma, a tropomiosina retorna
à posição em que bloqueia a ligação das cabeças da miosina à actina e a
fibra muscular retorna à sua condição de repouso.
O músculo cardíaco faz o coração bater
O músculo cardíaco tem a aparência estriada assim como o músculo
esquelético, devido ao arranjo regular dos filamentos de actina e miosina
nos sarcômeros. A diferença entre os músculos cardíacos e esqueléticos é
que as células musculares cardíacas são muito menores e apresentam
apenas um núcleo cada. As células musculares cardíacas ramificam-se e
as ramificações de células adjacentes interdigitam-se em uma rede que
resiste a rompimentos. Como resultado, as paredes do coração podem
suportar elevadas pressões ao bombear o sangue sem correr o risco de
desenvolver vazamentos. Adicionando força ao músculo cardíaco estão os
discos intercalados que fornecem fortes adesões mecânicas entre as
células adjacentes. As junções comunicantes (gap) - estruturas proteicas
que permitem a continuidade citoplasmática entre as células - nos discos
intercalados oferecem vias de baixa resistência para as correntes iônicas
fluírem entre as células. Desta forma, as células musculares cardíacas são
eletricamente acopladas. Um potencial de ação iniciado em um ponto do
coração espalha-se rapidamente ao longo de uma grande massa de
músculo cardíaco.
Certas células musculares cardíacas se especializaram na geração e na
condução de sinais elétricos. Essas células marca-passo e condutoras não
apresentam elementos contráteis, mas elas iniciam e coordenam as
contrações rítmicas do coração. As células marca-passo fazem o batimento
cardíaco miogênico - gerado pelo próprio músculo cardíaco - dos
vertebrados. O sistema nervoso autônomo modifica o ritmo das células
marca- passo, mas não é essencial para sua função rítmica continuada. Um
coração quando removido de um vertebrado pode continuar a bater sem
estímulo do sistema nervoso. A natureza miogênica dos batimentos
cardíacos constitui o principal fator que toma os transplantes cardíacos
possíveis.
O mecanismo de acoplamento entre excitação-contração nas células
musculares cardíacas difere daquele encontrado nas células musculares
esqueléticas. Os túbulos T são maiores, e as proteínas DHP sensíveis à
voltagem encontradas no túbulo T são, na verdade, canais de cálcio. Essas
proteínas nos túbulos T não se conectam fisicamente com os receptores
rianodina no retículo sarcoplasmático. Ao invés disso, os receptores
rianodina são canais ativados por íons, sensíveis ao Ca 2+. Quando um
potencial de ação propaga-se pelos túbulos T, os canais dependentes de
voltagem abrem-se, permitindo que o Ca2+ extracelular flua para dentro do
sarcoplasma.

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Essa pequena elevação na concentração de Ca2+ sarcoplasmática abre os
canais de Ca2+ do retículo sarcoplasmático, o que, por sua vez, provoca um
grande aumento na concentração sarcoplasmática de cálcio, resultando na
contração da fibra. Esse mecanismo é chamado liberação de Ca 2+ induzida
por Ca2+.

Em 1775, um médico inglês soube que uma cigana estava tendo sucesso ao
tratar pessoas com problemas cardíacos usando ervas medicinais. Ele
descobriu que o remédio possuía um extrato da planta dedaleira, Digitalis
purpurea. Essa droga, chamada de digitaleína e ainda utilizada nos dias de
hoje, aumenta as concentrações de Ca2+ nas células musculares cardíacas,
aumentando a intensidade e duração da sístole. O médico enriqueceu, a
cigana não.

O músculo liso provoca contrações lentas de muitos órgãos internos


O músculo liso é responsável pela força contrátil da maioria de nossos
órgãos internos, os quais estão sob controle do sistema nervoso autônomo.
O músculo liso move o alimento ao longo do trato digestivo, controla o fluxo
sanguíneo através dos vasos e esvazia a bexiga urinária. Estruturalmente,
as células musculares lisas são as mais simples das células musculares.
Elas geralmente são longas e fusiformes, e cada célula apresenta um único
núcleo. Elas são "lisas" porque os filamentos de actina e miosina não são
tão regularmente arranjados como nos músculos esqueléticos e cardíacos,
e, portanto, não produzem a aparência estriada.
O tecido muscular liso, tal como o da parede do trato digestivo, apresenta
propriedades interessantes. As células organizam-se em camadas, e as
células individuais em uma mesma camada estão em contato elétrico umas
com as outras através das junções gap, assim como no músculo cardíaco.
Como resultado, um potencial de ação gerado na membrana de uma célula
muscular lisa pode propagar-se para todas as células na camada do tecido.
Desta forma, as células de uma camada podem contrair de maneira
coordenada.
As membranas plasmáticas das células musculares lisas são sensíveis ao
estiramento, com consequências importantes. Se a parede do trato digestivo
é estirado em um ponto (como por uma porção de alimento passando pelo
esôfago em direção ao estômago), as membranas das células estiradas
despolarizam, atingem o limiar e disparam potenciais de ação que fazem as
células se contraírem. Portanto, o músculo liso contrai após ter sido estirado,
e quanto maior for esse estiramento, mais forte será a contração. Os
neurotransmissores do sistema nervoso autônomo também podem alterar o
potencial de membrana das células musculares lisas. Por exemplo, pela
ação da acetilcolina, as células musculares lisas do trato digestivo
despolarizam; aumentando a probabilidade de disparo de potenciais de
ação e de contração. Antagonicamente, a norepinefrina provoca a
hiperpolarização dessas células musculares, diminuindo a probabilidade de
dispararem potenciais de ação e de se contraírem.
Embora a contração das células musculares lisas não seja controlada pelo
mecanismo troponina-tropomiosina, o cálcio ainda desempenha um papel
importante. Um influxo de Ca2+ no sarcoplasma de uma célula muscular lisa
pode ser estimulado por potenciais de ação, hormônios ou estiramento. O
Ca2+ que entra no sarcoplasma combina-se com uma proteína chamada
calmodulina. O complexo calmodulina-Ca2+ ativa uma enzima chamada
miosina-quinase, a qual fosforila as cabeças da miosina. Quando as
cabeças da miosina no músculo liso são fosforiladas, elas sofrem ciclos de
ligação e liberação da actina, provocando a contração muscular. À medida
que o Ca2+ é removido do sarcoplasma, dissocia-se da calmodulina e a
atividade da miosina-quinase cai. Uma enzima adicional, a miosina-
fosfatase, desfosforila a miosina para ajudar a interromper as interações
actina-miosina.

OS ELETRÓLITOS E A TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA NOS


PROCESSOS METABÓLICOS
O grupo fosfato ligado covalentemente na
hidroxila 5´ de um ribonucleotídeo pode ter
um ou dois fosfatos adicionais ligados. As
moléculas resultantes são conhecidas como
nucleosídeos mono, di e trifosfatos. A
hidrólise de nucleosídeos trifosfatos produz a
energia química para direcionar muitas
reações celulares. A adenosina 5´-trifosfato,
ATP, é sem dúvida o mais amplamente
utilizado em algumas reações, mas UTP,
GTP e CTP também são usados em algumas
reações.
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OS ELETRÓLITOS E O SANGUE
A energia necessária para que os organismos realizem suas atividades transmissão de impulsos nervosos,
contração muscular, etc.) pode ser obtida por diferentes processos metabólicos como por exemplo,
fermentação, respiração celular anaeróbica ou respiração celular aeróbica, sendo que nesta última, a
participação do gás oxigênio é fulcral para ocorrência do processo e a síntese do ATP. O O2 é transportado
às células de vertebrados por meio do sangue, o qual contém células denominadas glóbulos vermelhos,
eritrócitos ou simplesmente hemácias. Nas hemácias, existe uma proteína, a hemoglobina, a qual é
composta por quatro cadeias polipeptídicas em estrutura terciária (o que faz da hemoglobina uma proteína
de estrutura quaternária, haja vista que duas ou mais cadeias polipeptídicas de estrutura terciária, juntas,
forma uma proteína de estrutura quaternária). As cadeias polipetídicas da proteína “globina” ligam-se, cada
uma, a um anel porfirínico, cujo centro apresenta um átomo de ferro com seis ligações, sendo quatro
realizadas com átomos de nitrogênio do próprio anel e duas ligações – uma com um resíduo de aminoácido
da cadeia e a outra com uma molécula de algum gás, geralmente com CO 2 (dióxido de carbono ou gás
carbônico), O2 (gás oxigênio) ou CO (monóxido de carbono), em ordem crescente de afinidade.

Grupo heme
Este grupo está presente na
mioglobina, hemoglobina, citocromos e
muitas outras proteínas (as proteínas
heme). (a)
O heme consiste em uma estrutura de
anel orgânico complexo, a
protoporfirina, que liga um átomo de
2+
ferro no seu estado ferroso (Fe ). O
átomo de ferro tem seis ligações
coordenadas, quatro delas no plano da
molécula da porfirina (e ligadas a ela) e
duas perpendiculares a ela. (b) Na
mioglobina e na hemoglobina, uma das
ligações perpendiculares está ligada a
um átomo de nitrogênio de um resíduo
do aminoácido Histidina. A outra está
“vaga”, servindo de sítio de ligação
para a molécula de O2.

Mecanismo de formação do grupo heme.

Sobre reis e vampiros


As porfirias são um grupo de doenças genéticas que resultam de defeitos em enzimas da via biossintética
da glicina às porfirinas; precursores específicos de porfirinas acumulam-se nas hemácias, nos fluidos
corporais e no fígado. A forma mais comum é a porfiria intermitente aguda. A maioria das pessoas que
herdam essa condição é heterozigota e, em geral, assintomática, pois a única cópia normal do gene fornece
um nível suficiente de função enzimática. Contudo, certos fatores nutricionais ou ambientais (ainda não
completamente esclarecidos) podem levar a um aumento de d-aminolevulinato e porfobilinogênio (ambos
precursores da porfirina), levando a crises de dor abdominal aguda e disfunção neurológica. O rei George
III da Inglaterra sofria de porfiria, alteração metabólica que causa o não funcionamento de enzimas na vía
da porfirina, que sintetiza o pigmento heme da hemoglobina. Seus sintomas - episódios de febre alta
intermitente, dor e delírio - podem ter levado às decisões administrativas infelizes de George III, que
resultaram na revolução americana e na perda das colônias da Inglaterra na América do Norte.
Uma das mais raras porfirias resulta de um acúmulo de uroporfirinogênio I, isômero anormal de um
precursor da protoporfirina. Esse composto cora a urina de vermelho, faz os dentes fluorescerem fortemente
sob luz ultravioleta e torna a pele anormalmente sensível à luz do sol. Muitas pessoas com essa porfiria
são anêmicas, pois é sintetizada uma quantidade insuficiente de heme. Essa condição genética pode ter
originado os mitos dos vampiros nas lendas folclóricas. Os sintomas da maioria das porfirias atualmente
são controlados com facilidade com a manipulação da dieta ou com a administração de heme ou de
derivados do heme.

PROF. RENATO MARTINS| DIVERSIDADE MOLECULAR DOS SERES VIVOS – ELETRÓLITOS 20


O átomo de ferro no centro do grupo heme apresenta duas
posições de ligação (coordenação) perpendiculares ao plano do
heme. Uma delas se liga ao grupo R de um resíduo de Histidina na
posição 93; a outra corresponde ao local onde a molécula de O2 se
liga. Dentro dessa fenda, a acessibilidade do grupo heme ao
solvente é bem restrita. Isso é importante para a função, pois
grupos heme livres em uma solução oxigenada são rapidamente
oxidados do estado ferroso (Fe2+), que é ativo na ligação reversível
com o O2, para o estado férrico (Fe3+), que não se liga ao O2.

Vista lateral do grupo heme


Esta vista mostra as duas
ligações de coordenação com o
Fe2+ perpendiculares ao sistema
de anel da porfirina. Uma é
ocupada por um resíduo de
Histidina, também chamado de
His proximal; a outra é o sítio de
ligação para o oxigênio. As
Vias de formação do grupo heme e quatro ligações de coordenação
tipos de porfirias oriundas dos remanescentes estão no plano
defeitos em enzimas específicas de do anel e ligadas ao sistema de
cada via. anel planar da porfirina.

O heme consiste em uma complexa estrutura orgânica em anel, protoporfirina, à qual se liga um único
átomo de ferro no estado ferroso (Fe2+). Esse átomo de ferro tem seis ligações de coordenação, quatro
delas com os átomos de nitrogênio que fazem parte do sistema plano do anel de porfirina e duas
perpendiculares à porfirina. Os átomos de nitrogênio coordenados (que têm caráter de doador de elétrons)
ajudam a prevenir a conversão do ferro do heme para o estado férrico (Fe3+). No estado Fe2+, o ferro liga
oxigênio de forma reversível; no estado Fe3+, ele não liga oxigênio.
Quando o oxigênio se liga, as propriedades eletrônicas do ferro são alteradas; isso leva à mudança de cor
do sangue venoso pobre em oxigênio, roxo-escuro, para o vermelho-brilhante do sangue arterial rico em
oxigênio. Algumas moléculas pequenas, como o monóxido de carbono (CO) e o óxido nítrico (NO),
coordenam com o ferro do heme com maior afinidade do que o O2. Quando uma molécula de CO está
ligada ao heme, o O2 é excluído; por isso o CO é altamente tóxico para os organismos aeróbios. Pelo fato
de envolverem e sequestrarem o heme, as proteínas de ligação ao oxigênio regulam o acesso do CO e de
outras moléculas pequenas ao ferro do heme.

A vitamina C (ácido ascórbico ou ascorbato) em meio com O2 se oxida formando desidroacorbato e


evitando assim que o Fe2+ se oxide a Fe3+.

Todas as células devem obter o ferro para a atividade das muitas proteínas que o requerem como cofator.
Em humanos, a deficiência grave de ferro resulta em anemia, em suprimento insuficiente de eritrócitos e
em uma redução da capacidade transportadora de oxigênio que podem ser fatais. O excesso de ferro
também é prejudicial: ele se deposita e danifica o fígado na hemocromatose e em outras doenças. O ferro
ingerido na dieta é transportado na corrente sanguínea pela proteína transferrina e entra nas células por
meio da endocitose mediada pelo receptor de transferrina. Uma vez dentro da célula, o ferro é utilizado na
síntese de grupos heme, citocromos, proteínas Fe-S (ferro-enxofre) e outras proteínas dependentes de Fe,
e o excesso de ferro é armazenado em ligação com a proteína ferritina. Os níveis de transferrina, receptor
de transferrina, e ferritina são, portanto, cruciais para a homeostase celular de ferro.

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OS ELETRÓLITOS NA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA
Um corte ou arranhão ocasional não apresenta risco de vida porque os componentes do sangue vedam os
vasos sanguíneos rompidos. Uma ruptura na parede de um vaso sanguíneo expõe proteínas que atraem
as plaquetas, iniciando a coagulação, a conversão de componentes líquidos do sangue em um coágulo
sólido. O coagulante, ou selante, circula em uma forma inativa denominada fibrinogênio. Em resposta a um
vaso sanguíneo rompido, as plaquetas liberam fatores de coagulação que desencadeiam reações que
levam à formação da trombina, uma enzima que converte fibrinogênio em fibrina. A fibrina recém-formada
se agrega em fios que formam a estrutura do coágulo. A trombina também ativa um fator que catalisa a
formação de mais trombina, conduzindo para a conclusão da coagulação por meio de retroalimentação
positiva.
Qualquer mutação genética que bloqueie uma etapa no processo de coagulação pode causar hemofilia,
doença caracterizada pelo sangramento excessivo e equimose, mesmo por pequenos cortes e batidas. às
vezes os coágulos se formam dentro de um vaso sanguíneo, bloqueando o fluxo de sangue. Um coágulo
desse tipo é chamado de trombo. As figuras a seguir, mostram de forma resumida e de forma mais
detalhada, respectivamente, o mecanismo de coagulação sanguínea.

Coagulação sanguínea
Esquema simplificado.

Coagulação sanguínea
Esquema detalhado.

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Fatores da Coagulação do Sangue Humano

OS ELETRÓLITOS E A REGULAÇÃO OSMÓTICA

As células que compõem os organismos multicelulares, a depender do tecido que formam, encontram-se
imersas em uma solução denominada líquido extracelular, cuja concentração de sais pode desencadear
importantes respostas fisiológicas e alterações no líquido intracelular.
Diferentes eletrólitos participam da composição de solutos importantes na osmolaridade, sendo o sódio
(Na+), o mais comum.
Nos seres humanos, por exemplo, a osmolaridade interfere diretamente na pressão arterial, cuja regulação
envolve a participação de íons sódio, água e proteínas como por exemplo, a albumina sérica. Um
mecanismo comum relacionado à regulação da pressão arterial, trata-se do SRAA – Sistema da Renina-
Angiotensina-Aldosterona.

Sistema da Renina-Angiotensina-Aldosterona
1. A diminuição da pressão arterial ocasiona a queda da perfusão renal, ou seja, da quantidade de sangue
que chega aos rins.
2. A queda da perfusão renal leva os rins a produzirem renina.
3. A renina converte o angiotensinogênio produzido no fígado, em angiontensina I.
4. A ECA (Enzima Conversora de Angiotensina), produzida nos rins e pulmões, convertem a angiotensina
I em angiotensina II.
4a. A angiotensina II estimula atividade no sistema nervoso simpático.
4b. A angiotensina II estimula a retenção de água, reabsorção de Na + e Cl- e excreção de K+ nos túbulos
renais.
4c. A angiotensina II estimula a atividade do córtex das glândulas adrenais, favorecendo a secreção do
hormônio mineralocorticoide aldosterona.
4d. A angiotensina II (angio = vaso, tensina = promotor de tensão), promove vasoconstrição de arteríolas,
o que provoca o aumento da pressão sanguínea.
4e. A angiotensina II estimula a neurohipófise ou hipófise posterior a liberar o ADH (Hormônio Antidiurético).
5. A aldosterona estimula a reabsorção de Na+ e excreção de K+ nos túbulos renais.
6. O ADH aumenta a reabsorção de água nas células dos ductos coletores.
7. A retenção de água e sais, o aumento da volemia (volume sanguíneo) e da perfusão, aumentam a
pressão arterial e e inibem a produção de renina pelos rins.

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OS ELETRÓLITOS NA NUTRIÇÃO E PERCEPÇÃO DE SABORES

A obtenção de energia perpassa pelos tipos de nutrientes assimilados pelos seres vivos e, em se tratanto
de animais, dos tipos de alimentos mais atrativos para a composição de sua dieta, o que encontra-se
relacionado à percepção dos sabores de tais alimentos. Alguns sistemas sensoriais possuem um único tipo
de receptor celular que utiliza um mecanismo de transdução, como o sistema auditivo, por exemplo.
Entretanto, a transdução gustativa envolve muitos processos e cada sabor básico pode usar um ou mais
desses mecanismos. Estímulos gustativos podem (1) passar diretamente através de canais iônicos
(estímulos salgado e azedo), (2) ligar e bloquear canais iônicos (estímulos azedo ou amargo), (3) ligar e
abrir canais iônicos (alguns aminoácidos), ou (4) ligar-se a receptores de membranas que ativam sistemas
de segundos mensageiros que, por sua vez, abrem ou fecham canais iônicos (estímulos doce, amargo e
umami). Estes são processos familiares, peças funcionais básicas da sinalização em todos os neurônios e
sinapses.

Os estímulos podem interagir diretamente


com os canais iônicos, passando através Os estímulos podem interagir
diretamente com os canais iônicos, Mecanismos de transdução para
deles. Assim, os potenciais de membrana
tanto passando através deles (H+) ou estímulos doces. Os estímulos doces
influenciam os canais de Ca2+ na
bloqueando-os (bloqueio do canal de ligamse a receptores acoplados a
membrana basal, os quais, por sua vez,
potássio por H+). Assim, os potenciais proteínas G e desencadeiam a síntese de
influenciam o cálcio intracelular e a
de membrana influenciam os canais de AMPc, que promove o bloqueio de um
liberação de neurotransmissores.
Ca2+ na membrana basal, os quais, por canal de potássio, com as consequentes
sua vez, influenciam o cálcio despolarização, entrada de Ca2+ e
intracelular e a liberação de liberação de neurotransmissor.
neurotransmissores.

O uso de pimenta-malagueta como isolante ao redor dos cultivos de milho, sorgo e


painço para deter a invasão e destruição das plantações pelos elefantes, búfalos e
outros grandes mamíferos - que são repelidos pelo sabor da pimenta - é incentivado
na África. Uma alternativa utilizada pelos fazendeiros é borrifar uma mistura de
capsaicina (o ingrediente ativo das pimentas) e engraxar os arames das cercas ao
redor das plantações. Você sabe porque sentimos sabores picantes?

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Mecanismos de transdução para o sabor Mecanismos de transdução para estímulos amargos. Estímulos amargos tanto podem
umami do glutamato. bloquear um canal de potássio (substância amarga 1) ou podem ligar-se diretamente a um
Alguns aminoácidos ligam-se a canais receptor acoplado a proteínas G (substância amarga 2) que desencadeie a síntese de IP3
permeáveis a cátions, levando a uma e a liberação de Ca2+ de estoques intracelulares. PIP2 é o fosfolipídio de membrana
mudança nas correntes e no potencial de fosfatidil-inositol-4,5-bisfosfato.
membrana e, portanto, na entrada de Ca2+.

Recentemente, a nossa compreensão


sobre o termo percepção aumentou
substancialmente, graças a cientistas com
uma apreciação por alimentos picantes.
As pimentas Jalapeno e Caiena, que
descrevemos como “quentes”, contêm
uma substância chamada capsaicina.
Aplicar capsaicina a um neurônio sensorial
ocasiona um influxo de íons cálcio.
Quando os cientistas identificaram a proteína do receptor em
neurônios que se liga à capsaicina, eles fizeram uma descoberta À esquerda, pimenta jalapeño, à
fascinante: o receptor abre um canal de cálcio em resposta não direita, pimenta caiena e abaixo,
somente à capsaicina, mas também a temperaturas elevadas (42°C estrutura da molécula de
ou superiores). Em essência, condimentos apresentam gosto picantes capsaicina.
“quentes” porque ativam os mesmos receptores de calor que a sopa e
o café.
Os mamíferos têm uma variedade de termorreceptores,
cada qual específico para uma faixa de temperaturas
particular. O receptor de capsaicina e, pelo menos, cinco
outros tipos de termorreceptores pertencem à família
TRP (do inglês, transient receptor potential, que significa
potencial receptor transitório) de proteínas de canal
iônico. Da mesma forma que o receptor do tipo específico
de TRP em alta temperatura é sensível à capsaicina, o receptor para temperaturas inferiores a 28°C pode
ser ativado pelo mentol, um produto vegetal cujo sabor percebemos como “gelado”.

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A atividade de eletrólitos no estômago e a úlcera péptica

As células dos orifícios gástricos que secretam o HCl denominam-se


células parietais. Elas podem secretar tanto HCl - em torno de 2 litros por
dia - a ponto de baixar o pH dos conteúdos estomacais para menos de
1, o que é o mesmo que uma bateria ácida e 10 vezes mais ácido que
suco de limão puro. Isso significa que ao longo de suas membranas
plasmáticas, os orifícios gástricos podem criar uma diferença de
concentração de H+ de 3 milhões de vezes. Tal tipo de transporte não
aparece em nenhum outro lugar no organismo. Como elas fazem isto? A
enzima anidrase carbônica presente nessas células catalisa a hidratação
do CO2 a H2CO3, o qual se dissocia em H+, HCO3-. O HCO3- é trocado
ativamente por Cl no lado sanguíneo dos orifícios gástricos. O H+ é
trocado ativamente por K+ proveniente do lúmen dos orifícios gástricos.
Entretanto, esse K+ pode vazar de volta ao lúmen a favor de seu
gradiente de concentração. Portanto, o transporte de K + para dentro da
célula funciona como cinturão sem fim bombeando H+ no lúmen
estomacal. O Cl também vaza passivamente do lado lúmen estomacal
das células parietais para manter a neutralidade elétrica.

Os eletrólitos e a respiração:
A fibrose cística
O fenótipo clínico dessa doença
genética consiste na presença
incomum de um muco espesso e
seco que recobre a superfície de
tecidos tais como as vias aéreas do
sistema respiratório e os duetos de
glândulas. Nas vias respiratórias,
esse muco espesso obstrui a
passagem de ar e também impede
que os cílios na superfície das células
epiteliais funcionem eficientemente
para varrer para fora as bactérias e
esporos de fungos que entram com o
ar a cada respiração. Os resultados
são infecções recorrentes bem como
insuficiências hepáticas,
pancreáticas e digestivas, causando
desnutrição e crescimento deficiente.
Os indivíduos com fibrose cística
geralmente morrem por volta dos
trinta anos de idade.

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OS ELETRÓLITOS E A COMPOSIÇÃO DE ESTRUTURAS RÍGIDAS
Exoesqueletos
A concha que você encontra em uma praia uma vez serviu de exoesqueleto,
um revestimento duro depositado na superfície de um animal. As conchas
de ostras e da maioria dos outros moluscos são feitas de carbonato de cálcio
secretado pelo manto, uma extensão da parede do corpo. Moluscos e outros
bivalves fecham sua concha articulada utilizando os músculos ligados ao
interior desse exoesqueleto. Conforme o animal cresce, sua concha se
estende em direção à borda exterior.

Quíton – um molusco poliplacóforo (apresenta concha com oito placas calcárias).

Endoesqueletos

Animais como as esponjas até os


mamíferos têm um esqueleto interno
endurecido, ou endosqueleto, inserido
dentro de seus tecidos moles. Nas
esponjas, o endoesqueleto é composto
por estruturas em forma de rígida
agulha de material inorgânico ou fibras
produzidas por proteínas.
Os corpos dos equinodermos são
reforçados por ossículos, placas duras
compostas de cristais de carbonato de
magnésio e carbonato de cálcio.
Enquanto os ossículos de ouriços- do-
mar estão fortemente unidos, nos
ossículos de estrelas-do-mar essa
união é mais fraca, permitindo que uma
estrela-do-mar modifique a forma de
seus braços.
Os cordados têm um endosqueleto constituído de cartilagem, osso ou a
combinação desses materiais. O esqueleto de mamíferos contém mais de
200 ossos, alguns fundidos e outros ligados às articulações pelos
ligamentos, permitindo a liberdade de movimento.

OS ELETRÓLITOS E O METABOLISMO

Os eletrólitos e a fotossíntese
Quando a luz encontra a matéria, ela pode ser refletida, transmitida ou
absorvida. Substâncias que absorvem a luz visível são conhecidas como
pigmentos. Diferentes pigmentos absorvem diferentes comprimentos de
onda da luz, e os comprimentos de onda absorvidos desapa recem. Se o
pigmento é iluminado com luz branca, a cor visível é mais refletida ou
transmitida pelo pigmento. (Se um pigmento absorve todos os
comprimentos de onda, ele aparenta ter a cor preta.) Enxergamos o verde
quando olhamos para a folha porque a clorofila absorve a luz azul-violeta e
a vermelha enquanto reflete e transmite a luz verde. Muitos pigmentos
fotossintetizantes são estruturas orgânicas que contém átomos metálicos
como é o caso das clorofilas – pigmentos que apresentam um anel
porfirínico em sua estrutura química. No caso das clorofilas, o átomo
metálico que se encontra ligado ao anel, não é o ferro, mas sim, o magnésio.

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Estrutura das moléculas de clorofila nos
cloroplastos de vegetais
A clorofila a e a clorofila b diferem somente em um dos grupos funcionais ligados à
estrutura orgânica chamada de anel porfirínico.

Eletrólitos e estômatos

O transporte de K+
(simbolizado pelos pontos)
através da membrana
plasmática e da membrana
vacuolar causa mudanças
de turgor das células-
guarda.
A absorção de ânions,
como malato e íons cloreto
(não mostrados), também
contribuem para a expansão das células-guarda.

Os canais iônicos de plantas abrem e fecham em resposta a fatores como


voltagem, extensão da membrana e químicos. Quando abertos, os canais
iônicos permitem a difusão de íons específicos através das membranas.

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Eletrólitos e o alongamento das plantas

O papel da auxina no alongamento celular Uma das principais funções da auxina é estimular o alongamento
de células em partes aéreas jovens em desenvolvimento. Com o movimento descendente da auxina do
ápice da parte aérea para a região de alongamento celular, o hormônio estimula o crescimento celular,
provavelmente pela ligação a um receptor na membrana plasmática. A auxina estimula o crescimento
apenas em uma faixa de concentrações, em torno de 10-8 a 10-4M. Em concentrações mais altas, a auxina
pode inibir o alongamento celular, pela indução da produção de etileno, hormônio que geralmente retarda
o crescimento. Retornaremos a essa interação hormonal quando discutirmos o etileno.
De acordo com o modelo denominado hipótese do crescimento ácido, as bombas de prótons exercem um
papel importante na resposta de crescimento das células à auxina.
Na região de alongamento da parte aérea, a auxina estimula as bombas de prótons (H+) da membrana
plasmática. Esse bombeamento de H+ aumenta a voltagem na membrana plasmática (potencial de
membrana) e diminui o pH na parede celular em poucos minutos. A acidificação da parede ativa proteínas
denominadas expansinas, que rompem as ligações cruzadas (ligações de hidrogênio) entre as microfibrilas
de celulose e outros constituintes da parede celular, afrouxando a sua estrutura. O aumento do potencial
de membrana intensifica a absorção de íons pela célula, causando a absorção osmótica de água e o
aumento do turgor. O aumento do turgor e da plasticidade da parede celular permite o alongamento celular.

Eletrólitos e a regulação do pH

Muitas reações do metabolismo celular ocorrem em faixas adequadas de pH, o qual pode ser regulado por
compostos formados pelo íon fosfato.
H2PO4- ↔ H+ + HPO42-

O dihidrogênio-fosfato é um composto capaz de se ionizar liberando íons H + e monohidrogênio-


fosfato diminuindo o pH e aumentando a acidez do meio. Este último tem a capacidade de sequestrar
íons H+ favorecendo o aumento do pH e a diminuição da acidez do meio.

Eletrólitos e o controle do metabolismo

A glândula tireóide envolve a porção frontal da traquéia e expande-se em dois lobos para cada lado. Dois
tipos celulares na glândula tireóide produzem os hormônios tiroxina e calcitonina. A tiroxina é produzida,
estocada e liberada emvários conjuntos de estruturas arredondadas conhecidos como folículos. Células
nos espaços entre os folículos produzem calcitonina.
A tiroxina, que começa como uma tireoglobilina no lúmen folicular, é composta por duas moléculas de
tirosina ligadas a quatro átomos de iodo.

Por isso a tiroxina é conhecida comoT4.

O folículo também produz e libera triiodotirosina, uma versão da tiroxina que tem somente três átomos de
iodo e denomina-seT3.

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A tireóide usualmente libera cerca de quatro vezes mais T 4 do que T3. O T3 constitui-se o hormônio mais
ativo nas células do corpo; porém, quando na circulação, o T 4 pode ser convertido em T3 por uma enzima
nas células-alvo. Dessa forma, cada célula-alvo pode definir sua sensibilidade aos hormônios da tireóide,
por controlar a conversão de T4 para a forma mais ativa, o T3.

Mecanismo de síntese dos hormônios tireoidianos T3 e T4


Células epiteliais sintetizam e iodinam a tireoglobulina. A tireoglobulina iodinada é estocada nos folículos até serem
processadas para gerar T3 e T4. A deficiência de iodo pode resultar em bócio hipotireóideo. Nestas condições, a falta
de tiroxina funcional resulta na síntese aumentada de tireoglobulina e subseqüente aumento dos folículos.

Eletrólitos e o estresse oxidativo

Cerca de 95% a 98% do O2 distribuído à


nossas células, é utilizado na respiração
celular aeróbica, mais precisamente na
fosforilação oxidativa, formando, ao reagir
com íons H+ e potenciais redutores
(elétrons), radical hidroxila (OH·) e H2O.
Parte do radical hidroxila formado pode
causar estresse oxidativo na célula, uma vez
que se trata de um tipo de EROs (Espécies
Reativas de Oxigênio), ou seja, é um radical
livre que muitas vezes liga-se a compostos
antioxidantes como o betacaroteno
(precursor da vitamina A, o tocoferol
(vitamina E) e o ácido ascórbico (vitamina C).
De 2% a 8% do O2 do metabolismo,
converte-se ao íon superóxido O2• -, o qual
também configura um tipo de ERO. Nesse
ínterim, é fulcral a participação de eletrólitos
como o Zinco, Cobre, Manganês e o Selênio
que possibilitam a inibição de tais radicais
livres. A seguir, um esquema que mostra
mecanismos de inibição de espécies reativas.

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Infere-se do texto que o objetivo da adição de
cafeína em alguns medicamentos contra a dor de
QUESTÃO 01 cabeça é
(ENEM) As células possuem potencial de contrair os vasos sanguíneos do cérebro,
membrana, que pode ser classificado em diminuindo a compressão sobre as
terminações nervosas.
repouso ou ação, e é uma estratégia
eletrofisiológica interessante e simples do ponto aumentar a produção de adrenalina,
de vista físico. Essa característica proporcionando uma sensação de analgesia.
eletrofisiológica está presente na figura a seguir, aumentar os níveis de adenosina, diminuindo
a atividade das células nervosas do cérebro.
que mostra um potencial de ação disparado por
uma célula que compõe as fibras de Purkinje, induzir a hipófise a liberar hormônios,
responsáveis por conduzir os impulsos elétricos estimulando a produção de adrenalina.
para o tecido cardíaco, possibilitando assim a excitar os neurônios, aumentando a
contração cardíaca. Observa-se que existem transmissão de impulsos nervosos.
quatro fases envolvidas nesse potencial de ação,
sendo denominadas fases 0, 1, 2 e 3. QUESTÃO 03
A resposta das células a pulsos elétricos sugere
que a membrana plasmática assemelha-se a um
circuito elétrico composto por uma associação
paralela entre um resistor (R) e um capacitor (C)
conectados a uma fonte eletromotriz (E). A
composição por fosfolipídios e proteínas é que
confere resistência elétrica à membrana,
enquanto a propriedade de manter uma diferença
de potencial elétrico, ou potencial de membrana,
é comparável a um capacitor.
(Eduardo A. C. Garcia. Biofísica, 2002. Adaptado.)
A figura mostra a analogia entre um circuito
elétrico e a membrana plasmática.

O potencial de repouso dessa célula é


−100mV, e quando ocorre influxo de íons Na+
e Ca2+ a polaridade celular pode atingir valores
de até +10mV o que se denomina despolarização
celular. A modificação no potencial de repouso
pode disparar um potencial de ação quando a
voltagem da membrana atinge o limiar de disparo A diferença de potencial elétrico na membrana
que está representado na figura pela linha plasmática é mantida
pontilhada. Contudo, a célula não pode se manter pelo bombeamento ativo de íons promovido
despolarizada, pois isso acarretaria a morte por proteínas de membrana específicas.
celular. Assim, ocorre a repolarização celular, pela difusão facilitada de íons através de
mecanismo que reverte a despolarização retorna proteínas canais que transpassam a
a célula ao potencial de repouso. Para tanto, há membrana.
o efluxo celular de íons K+. pela constante difusão simples de íons por
entre as moléculas de fosfolipídios.
Qual das fases, presentes na figura, indica o pela transferência de íons entre os meios extra
processo de despolarização e repolarização e intracelular por processos de endocitose e
celular, respectivamente? exocitose.
Fases 0 e 2 Fases 0 e 3 pelo fluxo de água do meio mais concentrado
Fases 1 e 2 Fases 2 e 0 em íons para o meio menos concentrado.
Fases 3 e 1

QUESTÃO 04
QUESTÃO 02
“O Prêmio Nobel de Química de 2003 foi
(ENEM) A cafeína atua no cérebro, bloqueando outorgado ao descobridor dos canais de água e
a ação natural de um componente químico a um estudioso da estrutura e mecanismos dos
associado ao sono, a adenosina. Para uma célula canais de íons. (...). Metade do prêmio foi
nervosa, a cafeína se parece com a adenosina e outorgada ao químico e médico Peter Agre da
combina-se com seus receptores. No entanto, Universidade Johns Hopkins, em Baltimore,
ela não diminui a atividade das células da mesma EUA, pela descoberta dos canais de água, e a
forma. Então, ao invés de diminuir a atividade por outra metade ao bioquímico e médico Roderick
causa do nível de adenosina, as células MacKinnon da Universidade Rockfeller, em Nova
aumentam sua atividade, fazendo com que os Iorque, EUA, por estudos estruturais e
vasos sanguíneos do cérebro se contraiam, uma mecanísticos de canais de íons.”
vez que a cafeína bloqueia a capacidade da (Química Nova na Escola. Canais de água e de íons,
adenosina de dilatá-los. Com a cafeína N° 18, 2003).
bloqueando a adenosina, aumenta a excitação Sobre os canais de íons, é correto afirmar que
dos neurônios, induzindo a hipófise a liberar o transporte de uma espécie ao longo de um
hormônios que ordenam às suprarrenais que gradiente de concentração é mediado por
produzam adrenalina, considerada o hormônio proteínas canais na membrana, enquanto o
do alerta. transporte contra um gradiente de concentração
Disponível em: http://ciencia.hsw.uol.com.br. Acesso é mediado por bombas na membrana tais como
em: 23 abr. 2010 (adaptado). a ATPase Na+/K+.
PROF. RENATO MARTINS| DIVERSIDADE MOLECULAR DOS SERES VIVOS – ELETRÓLITOS 31
os canais de água são cruciais para a vida, O gráfico no qual cada um dos três sistemas
sendo encontrados em todos os organismos apresenta uma alteração compatível com o efeito
exceto nas bactérias. da substância é o de número:
há muitas proteínas canais de água I II III IV
(aquaporinas) no mundo vivo, sendo que nos
seres humanos existem pelo menos 11
aquaporinas diferentes, porém nas plantas estes
QUESTÃO 07
canais são ausentes. (ENEM) Uma das estratégias para conservação
no caso dos canais de água no pâncreas, seu de alimentos é o salgamento, adição de cloreto
funcionamento é estimulado pelo hormônio de sódio (NaCl) historicamente utilizado por
antidiurético “vasopressina”; pessoas com tropeiros, vaqueiros e sertanejos para conservar
deficiência deste hormônio podem sofrer da carnes de boi, porco e peixe.
doença diabetes insípida, que causa a produção O que ocorre com as células presentes nos
de 10 − 15L de urina por dia. alimentos preservados com essa técnica?
O sal adicionado diminui a concentração de
solutos em seu interior.
QUESTÃO 05 O sal adicionado desorganiza e destrói suas
As curvas A e B representam transportes de membranas plasmáticas.
sódio (Na+) entre os meios intra e extracelulares A adição de sal altera as propriedades de suas
de um neurônio. membranas plasmáticas.
Os íons Na+ e Cl- provenientes da dissociação
do sal entram livremente nelas.
A grande concentração de sal no meio
extracelular provoca a saída de água de
dentro delas.

QUESTÃO 08
A desidratação provocada pela diarreia é ainda a
segunda maior causa de mortalidade infantil no
Brasil. O problema tem sido combatido pela
distribuição de uma mistura de sais considerada
eficaz pela Organização Mundial de Saúde
Pela análise do gráfico e de acordo com seus (OMS) - indicada na tabela a seguir como
conhecimentos, é correto afirmar, EXCETO: teores/OMS - e pela divulgação de receita
A curva A representa transporte ativo. simplificada, conhecida como soro caseiro. A
Em B está ocorrendo difusão através de população de baixa renda e os que pretendem
canais. restringir o uso da alopatia utilizam chás caseiros.
O uso de uma droga que bloqueie a produção Em um estudo que objetivava verificar a
de ATP é essencial para que B ocorra. eficiência dos produtos mais usados no
A transmissão de impulsos nervosos depende tratamento da diarreia infantil, observaram-se os
da alternância entre as curvas A e B. dados contidos na seguinte tabela.

QUESTÃO 06
Um pesquisador verificou que a substância por
ele estudada apresentava como efeito, em meio
de cultura de linfócitos, a diminuição da
concentração intracelular do íon potássio. A
explicação admitida pelo pesquisador para essa
diminuição foi a ocorrência de alterações na
função de, pelo menos, um dos seguintes
sistemas: a bomba de sódio-potássio, os canais
de transporte passivo de potássio ou a síntese de
ATP na célula. Os gráficos a seguir mostram
possíveis alterações nas funções de cada um
A partir dos dados da tabela, marque a alternativa
desses sistemas; o ponto 0 representa a função
INCORRETA.
normal, na ausência da substância estudada, e o
sinal positivo e o negativo representam, Os teores de eletrólitos presentes nas
respectivamente, o aumento e a diminuição da amostras dos chás caseiros variam de planta e
função. são insuficientes para repor os sais minerais
perdidos pelo organismo na diarreia.
A substituição da água do soro caseiro pelos
chás das plantas carqueja e funcho ou pela água
de coco verde leva a uma composição química
mais próxima da estipulada pela OMS do que o
próprio soro caseiro.
O sal de cozinha possui baixos teores de
potássio.
Entre as amostras citadas, o chá de
pitangueira é o mais recomendado para a
recuperação dos impulsos nervosos, nos casos
de desidratação.

PROF. RENATO MARTINS| DIVERSIDADE MOLECULAR DOS SERES VIVOS – ELETRÓLITOS 32


QUESTÃO 09 As doenças podem causar desde uma leve
confusão mental até convulsões e paralisia.
Considere o texto a seguir.
“Temos casos relatados de alterações
Soro Caseiro
neurológicas em pessoas que tiveram
SAL CONTRA A DESIDRATAÇÃO
diagnóstico clínico de zika”, afirma a diretora
O soro caseiro é a maneira mais rápida de evitar
científica do Idor, Fernanda Tovar Moll,
a desidratação em crianças com diarreia. A
professora da UFRJ e especialista em
doença ainda mata cerca de 3 milhões de neuroimagem.
crianças nos países em desenvolvimento, de [...]
acordo com dados da Organização Mundial da Disponível em:
Saúde. A diarreia pode levar à morte devido à <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160
perda de água, sais minerais e potássio. Quando 223_problema_zika_adultos_rj_lab>. Acesso em:
cuidada adequadamente, a maior parte das 05/05/2016.
crianças com diarreia evolui sem desidratação e, A Síndrome de Guillain-Barré é uma doença
dentre aquelas que desidratam, 95% podem ser autoimune que, aparentemente, vem sendo
reidratadas por via oral. A Organização Mundial desencadeada pela presença do zika vírus. Ela
de Saúde elaborou o soro e passou a distribuí-lo se caracteriza pela inflamação dos nervos, das
em todo o mundo, principalmente nos países em raízes nervosas proximais e nervos cranianos.
desenvolvimento. O soro é distribuído em Postos Além disso, ela é desmielinizante e, por
de Saúde pelo Ministério da Saúde. O pacote consequência, afeta a condução nervosa. Caso
seja desencadeada porque o vírus afeta a célula
deve ser diluído em 1 litro de água limpa e
glial produtora da bainha de mielina, a célula
ingerido após cada evacuação líquida. Cada
afetada seria:
embalagem é composta por cloreto de potássio,
o astrócito protoplasmático.
cloreto de sódio, nitrato de sódio e glicose.
Disponível em:
o astrócito fibroso.
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/curiosidades/so o neurônio.
ro-caseiro>. Acesso: 17 de jun. 2017. a célula de Schwann.
O principal motivo para adicionar o açúcar a micróglia.
(glicose) no soro caseiro, se o objetivo principal é
a reposição de sais perdidos e água, é que QUESTÃO 11
a presença da glicose torna o interior do tubo
digestório hipotônico facilitando a passagem da
água para o interior das células, processo que
ocorre por osmose.
sais minerais e água atravessam a membrana
plasmática das células respectivamente por
transporte passivo e ativo, a glicose é utilizada Assinale a alternativa correta a respeito da célula
como fonte de energia para garantir o transporte representada acima.
ativo. A seta A indica os dendritos, responsáveis por
a glicose atua de forma competitiva com o sítio emitir impulsos nervosos para outra célula.
de ligação de proteínas membranosas, as A bainha de mielina está apontada pela seta
perforinas, impedindo a desidratação. C e tem como função acelerar a condução dos
a glicose presente no soro serve de fonte de impulsos nervosos.
energia para a produção de ATP necessário no A estrutura D é mais abundante na substância
processo de reabsorção de sais que ocorre de cinza do sistema nervoso.
forma ativa. A seta B é o principal componente dos nervos.
a reidratação feita com água ocorre por Em E ocorre a produção dos
osmose, nesse processo ativo a fonte de energia neurotransmissores.
(ATP) deriva da quebra da glicose.
QUESTÃO 12
QUESTÃO 10 Para o desempenho das práticas desportivas, o
Observe o fragmento de texto a seguir: equilíbrio é fundamental. Os órgãos de equilíbrio
Pesquisa investiga possíveis problemas detectam a posição do corpo e permitem
neurológicos causados por zika em adultos perceber se estamos de cabeça para cima ou
Pesquisadores acreditam que zika causa outros para baixo e a velocidade em que estamos nos
problemas neurológicos além de Guillan-Barré deslocando. A orelha humana é o órgão
Um grupo de pesquisadores da Universidade responsável pela audição e pelo equilíbrio e uma
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto de suas regiões, a orelha interna, é um complexo
D'or de Pesquisa e Ensino (Idor, ligado à rede labirinto membranoso conhecido como aparelho
D'or de hospitais) começou a estudar, nesta vestibular.
segunda-feira, se adultos infectados pelo zika Qual das estruturas citadas a seguir é um dos
vírus podem desenvolver problemas componentes do aparelho vestibular responsável
neurológicos, além da já conhecida síndrome de pelo equilíbrio?
Guillain-Barré. A decisão de fazer o estudo veio Cóclea
depois da constatação de alguns casos suspeitos Membrana timpânica
de síndromes neurológicas associadas à Canais semicirculares.
infecção por zika. Médicos de diferentes Bigorna.
hospitais do Estado vêm relatando um número Órgão de Corti.
acima da média de casos de Guillain-Barré (um
problema autoimune que ataca o sistema QUESTÃO 13
nervoso) e também de encefalites e
encefalomielites – inflamações no cérebro e na A espectroscopia de emissão com plasma
medula normalmente decorrentes de infecções induzido por laser (Libs, na sigla em inglês) é a
virais. tecnologia usada pelo robô Curiosity, da Nasa,

PROF. RENATO MARTINS| DIVERSIDADE MOLECULAR DOS SERES VIVOS – ELETRÓLITOS 33


em Marte, para verificação de elementos como espectrômetro, o elemento químico fósforo, que
ferro, carbono e alumínio nas rochas marcianas. compõe as moléculas de
Um equipamento semelhante foi desenvolvido na lipídios proteínas
Embrapa Instrumentação, localizada em São aminoácidos glicídios
Carlos, no interior paulista. No robô, um laser nucleotídeos
pulsado incide em amostras de folhas ou do solo
e um conjunto de lentes instaladas no QUESTÃO 14
equipamento e focadas em um espectrômetro
possibilita identificar os elementos químicos que O macronutriente essencial ao desenvolvimento
compõem o material. das plantas por fazer parte da molécula de
Pesquisa Fapesp, janeiro de 2014. Adaptado. clorofila é o
Incidindo-se o laser pulsado em amostras de ferro cobre
folhas, certamente será identificado, por meio do zinco magnésio
manganês

QUESTÃO 15
O tecido nervoso é um dos mais especializados e complexos do corpo humano. Por meio dele, percebemos
o mundo, aprendemos e armazenamos memórias. Sua origem é ectodérmica, sendo constituído por células
altamente especializadas, responsáveis pela recepção e resposta adequada aos estímulos, atuando na
condução do impulso nervoso. Em relação às células gliais, estabeleça relação entre o nome, o desenho e
as funções de cada uma.
CÉLULAS DESENHOS FUNÇÕES

I. São células fagocitárias, que participam


tanto do processo de inflamação quanto
da reparação do SNC. Também
1. Oligodendrócitos secretam diversas citocinas
reguladoras do processo imunitário e
removem os restos celulares, que
surgem nas lesões do SNC.

II. São responsáveis por revestir os


ventrículos do cérebro e o canal central
da medula espinhal. Em alguns locais,
2. Astrócitos
por serem ciliadas, atuam na
movimentação do líquido
cefalorraquidiano.

III. São responsáveis pela produção da


3. Células de bainha de mielina, que possui a função
Schwann de isolante elétrico para os neurônios
do SNC.

IV. Possuem a mesma função de uma


outra célula descrita no quadro,
4. Células
embora formem a bainha de mielina
Ependimárias
em torno do axônio em neurônios do
sistema nervoso periférico.

V. Participam do controle da composição


iônica e molecular do ambiente
extracelular dos neurônios, podendo
5. Células de
influenciar a atividade e a
Micróglia
sobrevivência deles, absorvem
excessos localizados de
neurotransmissores e sintetizam
moléculas neuroativas.
Assinale a alternativa que apresenta a associação CORRETA.
1-D-IV; 2-B-I; 3-A-II; 4-E-III; 5-C-V 1-E-IV; 2-B-III; 3-C-V; 4-D-I; 5-A-II
1-A-III; 2-C-V; 3-E-IV; 4-B-II; 5-D-I 1-B-IV; 2-E-II; 3-D-V; 4-A-I; 5-C-III
1-C-II; 2-A-IV; 3-B-I; 4-D-III; 5-E-V

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QUESTÃO 16 As hemácias são conhecidas como glóbulos
vermelhos devido ao seu alto teor de
Crianças e adultos, geneticamente predispostos,
hemoglobina, uma proteína avermelhada que
ao ingerirem glúten (mistura de proteínas que se
contém ferro em sua composição. A hemoglobina
encontram naturalmente no endosperma de
capacita as hemácias a transportar o oxigênio a
sementes de gramíneas) iniciam a produção de
todas as células do organismo.
anticorpos que atacam o próprio epitélio
As plaquetas, por serem fragmentos de
intestinal. Esse ataque resulta na perda das
células, fazem parte do plasma sanguíneo.
microvilosidades intestinais que desencadeia um
O sangue é composto aproximadamente por
conjunto de sinais e sintomas conhecidos como
66% de elementos figurados (células: hemácias,
Doença Celíaca.
leucócitos e plaquetas) e 34% de plasma (matriz
A figura abaixo demonstra o epitélio de indivíduos
extracelular). Ou seja, a maior parte do sangue é
normais e as alterações que ocorrem em
composta por células.
indivíduos portadores de Doença Celíaca.
QUESTÃO 18
(ENEM) Existem bactérias que inibem o
crescimento de um fungo causador de doenças
no tomateiro, por consumirem o ferro disponível
no meio. As bactérias também fazem fixação de
nitrogênio, disponibilizam cálcio e produzem
auxinas, substâncias que estimulam diretamente
o crescimento do tomateiro.
PELZER, G. Q. et al. “Mecanismos de controle da
murcha-de-esclerócio e promoção de crescimento em
tomateiro mediados por rizobactérias”. Tropical PIant
Os portadores de Doença Celíaca ficam Pathology, v. 36, n. 2, mar. abr. 2011 (adaptado).
predispostos a desenvolverem Qual dos processos biológicos mencionados
hemofilia por deficiência na produção de indica uma relação ecológica de competição?
fatores de coagulação. Fixação de nitrogênio para o tomateiro.
infecções respiratórias por deficiência no Disponibilização de cálcio para o tomateiro.
movimento ciliar da traqueia. Diminuição da quantidade de ferro disponível
infertilidade devido à falta de mobilidade do para o fungo.
flagelo do espermatozoide. Liberação de substâncias que inibem o
anemia por deficiência na absorção de ferro, crescimento do fungo.
vitamina B12 e ácido fólico. Liberação de auxinas que estimulam o
crescimento do tomateiro.
QUESTÃO 17
QUESTÃO 19
O estudo do transporte e regulação do íon cálcio
no coração tem-se estendido e o projeto
“Transporte de cálcio em miócitos ventriculares
de ratos durante o desenvolvimento pós-natal” é
um exemplo disso.
Sendo um íon responsável pela contração do
músculo cardíaco, há fortes indicações de que
muitas doenças que levam a insuficiências nas
funções do coração, como hipertensão arterial,
isquemia miocárdica, hipertrofia e distúrbio de
ritmo, estão ligadas a alterações no transporte de
cálcio.
Disponível em:
<http://revistapesquisa.fapesp.br/1999/03/01/dentro-
O tecido hematopoiético (do grego hematos,
do-coracao/>. Acesso em: 11/10/2017 (Adaptado).
sangue, e poese, formação, origem) é um tipo de
Com base nos conhecimentos sobre o íon cálcio
tecido conjuntivo responsável pela produção de
no organismo, é correto afirmar que
células sanguíneas e da linfa, e se localiza no
ele é responsável pela contração do músculo
interior de alguns tipos de ossos. O sangue
cardíaco porque promove os deslizamentos dos
circula pelo sistema vascular em animais com
miofilamentos delgados de miosina sobre os
sistemas circulatórios fechados. É formado por
miofilamentos espessos de actina.
uma porção celular de natureza diversificada
a ocorrência do relaxamento da célula
chamada “elementos figurados” do sangue, que
muscular cardíaca depende do gasto energético
circula em suspensão em meio fluido, o plasma.
para a remoção do cálcio e devolução ao interior
Em relação ao tecido hematopoiético e sua
do retículo endoplasmático rugoso.
constituição, assinale a alternativa CORRETA.
ele atua na contração dos miócitos, na
Os linfócitos apresentam-se com núcleo
coagulação sanguínea e na transmissão do
bilobado e citoplasma preenchido por muitos
impulso nervoso.
grânulos róseos. Móveis e fagocitários atuam nos
se houver uma redução da concentração de
organismos envolvidos por reações alérgicas.
paratormônio, também ocorrerá um aumento na
Os leucócitos, também chamados de glóbulos
concentração do cálcio na circulação sanguínea,
brancos, fazem parte da linha de coagulação
e doenças que levam à insuficiência cardíaca
sanguínea e são acionados em casos de
tornam-se menos prováveis.
infecções, para que cheguem aos tecidos na
o transporte dele em miócitos ventriculares de
tentativa de destruírem os agressores, como
ratos, durante o desenvolvimento pós-natal,
vírus e bactérias.
envolve a sua passagem pelo tonoplasto.
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QUESTÃO 20 outro lado, é um problema enfrentado por
A contração muscular depende da astronautas que passam longos períodos no
disponibilidade de íons cálcio, e o relaxamento espaço, os quais apresentam redução na massa
está na dependência da ausência desses íons. A de _________ e de _________.
regulação do fluxo do íon cálcio está intestinos / neurônios
corretamente descrita em: intestinos / ossos
A membrana do retículo endoplasmático músculos / ossos
rugoso é polarizada por estímulo nervoso; os músculos / estômago
íons Ca3+, concentrados nas cisternas, são neurônios / estômago
liberados passivamente e atingem os filamentos
finos e grossos da vizinhança; ligando-se à QUESTÃO 22
troponina e permitindo a formação de pontes (ENEM) A cárie dental resulta da atividade de
entre a actina e a miosina; ao terminar a bactérias que degradam os açúcares e os
polarização, o retículo endoplasmático rugoso, transformam em ácidos que corroem a porção
por processo de ativação, transporta novamente mineralizada dos dentes. O flúor, juntamente
o cálcio para o interior das cisternas, o que com o cálcio e um açúcar chamado xilitol, age
novamente aciona a atividade contrátil. inibindo esse processo. Quando não se escovam
A membrana do retículo sarcoplasmático é os dentes corretamente e neles acumulam-se
despolarizada por estímulo nervoso; os íons restos de alimentos, as bactérias que vivem na
Ca2+, concentrados nas suas cisternas, são boca aderem aos dentes, formando a placa
liberados passivamente e atingem os filamentos bacteriana ou biofilme. Na placa, elas
finos e grossos da vizinhança; ligando-se à transformam o açúcar dos restos de alimentos
troponina e permitindo a formação de pontes em ácidos, que corroem o esmalte do dente
entre a actina e a miosina presentes nas fibras formando uma cavidade, que é a cárie. Vale
musculares; ao terminar a despolarização, o lembrar que a placa bacteriana se forma mesmo
retículo sarcoplasmático, por processo ativo, na ausência de ingestão de carboidratos
transporta novamente o cálcio para o interior das fermentáveis, pois as bactérias possuem
cisternas, o que interrompe a atividade contrátil. polissacarídeos intracelulares de reserva.
A membrana do retículo endoplasmático Disponível em: http://www.diariodasaude.com.br.
rugoso é polarizada por estímulo nervoso; os Acesso em: 11 ago. 2010 (adaptado).
íons Ca1+, concentrados nas cisternas, são cárie 1. destruição de um osso por corrosão
liberados passivamente e atingem os filamentos progressiva.
finos e grossos da vizinhança; ligando-se à * cárie dentária: efeito da destruição da estrutura
miosina e permitindo a formação de pontes entre dentária por bactérias.
a troponina e a actina; ao terminar a polarização, HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico. Versão 1.0.
o retículo endoplasmático liso, por processo de Editora Objetiva, 2001 (adaptado).
ativação, transporta novamente o cálcio para o A partir da leitura do texto, que discute as causas
interior das cisternas, o que interrompe a do aparecimento de cáries, e da sua relação com
atividade contrátil. as informações do dicionário, conclui-se que a
A membrana do retículo endoplasmático liso é cárie dental resulta, principalmente, de
despolarizada por estímulo nervoso; os íons falta de flúor e de cálcio na alimentação diária
Ca2+, concentrados nas cisternas, são liberados da população brasileira.
passivamente e atingem os filamentos finos e consumo exagerado do xilitol, um açúcar, na
grossos da vizinhança; ligando-se à actina e dieta alimentar diária do indivíduo.
permitindo a formação de pontes entre a actina e redução na proliferação bacteriana quando a
a troponina; ao terminar a despolarização, o saliva é desbalanceada pela má alimentação.
retículo sarcoplasmático rugoso, por processo de uso exagerado do flúor, um agente que em
ativação, transporta novamente o cálcio para o alta quantidade torna-se tóxico à formação
interior das cisternas, o que interrompe a dos dentes.
atividade contrátil. consumo excessivo de açúcares na
A membrana do retículo sarcoplasmático é alimentação e má higienização bucal, que
despolarizada por estímulo nervoso; os íons Ca2- contribuem para a proliferação de bactérias.
, concentrados nas cisternas, são liberados
ativamente e atingem os filamentos finos e QUESTÃO 23
grossos da vizinhança; ligando-se à troponina e (ENEM) O ambiente marinho pode ser
permitindo a formação de pontes entre a actina e contaminado com rejeitos radioativos
a miosina; ao terminar a despolarização, o provenientes de testes com armas nucleares. Os
retículo sarcoplasmático, por processo passivo, materiais radioativos podem se acumular nos
transporta novamente o cálcio para o interior das
organismos. Por exemplo, o estrôncio − 90 é
cisternas, o que interrompe a atividade contrátil.
quimicamente semelhante ao cálcio e pode
substituir esse elemento nos processos
QUESTÃO 21 biológicos.
Durante sua recente missão na Estação Espacial FIGUEIRA, R. C. L.; CUNHA, I. I. L. A contaminação
Internacional, o primeiro astronauta brasileiro, dos oceanos por radionuclídeos antropogênicos.
Química Nova na Escola, n. 1, 1998 (adaptado).
Coronel Marcos Pontes, deu início a um conjunto
Um pesquisador analisou as seguintes amostras
de experimentos que avaliam como a ação da
coletadas em uma região marinha próxima a um
microgravidade afeta a cinética das enzimas, a local que manipula o estrôncio radioativo: coluna
germinação de sementes e outros mecanismos vertebral de tartarugas, concha de moluscos,
biológicos. Seu corpo, no entanto, não foi afetado endoesqueleto de ouriços-do-mar, sedimento de
pela ação da microgravidade, pois o Coronel recife de corais e tentáculos de polvo.
permaneceu poucos dias exposto a ela. A Em qual das amostras analisadas a
exposição prolongada à microgravidade, por radioatividade foi menor?

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Concha de moluscos. Coluna vertebral de tartarugas.
Tentáculos de polvo. Endoesqueleto de ouriços-do-mar.
Sedimento de recife de corais.

QUESTÃO 24
(ENEM) Parte do gás carbônico da atmosfera é absorvida pela água do mar. O esquema representa
reações que ocorrem naturalmente, em equilíbrio, no sistema ambiental marinho. O excesso de dióxido de
carbono na atmosfera pode afetar os recifes de corais.

O resultado desse processo nos corais é o(a)


seu branqueamento, levando à sua morte e extinção.
excesso de fixação de cálcio, provocando calcificação indesejável.
menor incorporação de carbono, afetando seu metabolismo energético.
estímulo da atividade enzimática, evitando a descalcificação dos esqueletos.
dano à estrutura dos esqueletos calcários, diminuindo o tamanho das populações.

QUESTÃO 25
A anemia é uma doença que atinge inúmeras pessoas em todo o mundo, mesmo em países desenvolvidos,
trazendo fadigas e diminuição do desempenho físico e cognitivo. O esquema a seguir destaca alguns
fatores envolvidos direta ou indiretamente na eritropoiese.

No esquema E.P.O (eritropoietina) é um hormônio produzido e liberado em resposta a baixos teores de


oxigênio no sangue que passa pelos rins.

De acordo com o esquema e seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a afirmativa INCORRETA.
Uma das vitaminas mostradas acima é necessária para a síntese de DNA e RNA e sua deficiência
tem profundo efeito na eritropoiese.
A anemia perniciosa surge em consequência de deficiência de uma vitamina necessária para a absorção
de ferro pelo organismo.
Doença renal crônica pode acarretar anemia, que pode ser corrigida pela administração de E.P.O.
recombinante.
Três dos fatores mostrados acima estão envolvidos com a síntese do grupo prostético da hemoglobina.

QUESTÃO 26 Sobre os Ca++, leia as opções a seguir e marque


Os íons cálcio (Ca++) estão presentes no corpo a correta.
humano com diferentes funções, sendo Durante o repouso, antes da contração
fundamentais em atividades do dia, como uma muscular, os Ca++ são liberados no músculo,
simples caminhada ou o ato de falar. São para retirar o excesso de ácido lático produzido
importantes, ainda, na hemostasia e podem na contração anterior.
aparecer como co-responsáveis por patologias.

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O Ca++ está presente na cascata de de sódio, que, por ser insolúvel, se dissocia em
coagulação sanguínea, atuando, juntamente com cátions e ânions. Estes reagem com os íons de
a tromboplastina, na conversão de protrombina sódio do sangue, formando um sal solúvel, o que
em trombina. impede a coagulação do sangue, e este pode ser
O excesso de Ca++ retirado dos ossos devido estocado com quase todas as suas
à hipofunção das glândulas paratireoides e a propriedades.
grande reabsorção de água pelos túbulos Uma das técnicas utilizada pelos Bancos de
coletores retos, ocasionada por glomerulonefrites Sangue é misturar ao sangue o sal oxalato de
e cistites, são os fatores responsáveis pela sódio, que por ser solúvel, se dissocia em cátions
calculose renal. e ânions. Estes reagem com íons de cálcio do
O tecido ósseo, tipo de tecido conjuntivo, além sangue, formando um sal insolúvel, o que impede
de importantes funções como proteção do a coagulação do sangue. Assim, este pode ser
sistema nervoso central, também constitui a estocado mantendo quase todas as suas
segunda maior reserva de Ca++ do organismo, propriedades.
perdendo apenas para os dentes.
QUESTÃO 28
QUESTÃO 27 O esquema abaixo refere-se a um fenômeno
Considere as informações abaixo: sanguíneo.
I. O sal oxalato de sódio é solúvel em meio
aquoso.
II. O sal oxalato de cálcio é praticamente
insolúvel em meio aquoso.
III. O ânion oxalato tem mais afinidade química
com o cálcio do que com o sódio.
IV. O sangue é uma solução aquosa e possui,
entre outras coisas, íons de cálcio e de sódio.
V. Entre os vários fatores que levam à
coagulação sanguínea, temos o cálcio como um
dos mais importantes.
VI. A diminuição exagerada dos íons de cálcio no Assinale a alternativa que indica corretamente o
sangue impede a coagulação sanguínea. tipo de fenômeno esquematizado e os nomes das
VII. Recipientes asséptico impedem a substâncias I e II
contaminação do sangue mas não estão coagulação; I - trombina e II - fibrina
relacionados com a coagulação. transporte de O2; I - trombina e II - fibrina
Após a análise das informações, assinale a defesa; I - fibrina e II - trombina
alternativa correta. coagulação; I - fibrina e II - trombina pç
Os Bancos de Sangue armazenam o sangue transporte de O2; I - fibrina e II - trombina
porque este não coagula, uma vez que o sódio
junto com o cálcio impede as mudanças das QUESTÃO 29
características sanguíneas.
Os Bancos de Sangue estocam o sangue em
(ENEM) Durante a aula, um professor apresentou
frascos plásticos e a vácuo. O vácuo é asséptico
uma pesquisa nacional que mostrava que o
e impede a coagulação dos elementos
consumo de sódio pelos adolescentes brasileiros
sanguíneos.
é superior ao determinado pela Organização
Uma das técnicas utilizadas pelos Bancos de
Mundial da Saúde. O professor, então, destacou
Sangue é a de misturar ao sangue o sal oxalato
que esse hábito deve ser evitado.
de cálcio, que, por ser solúvel, se dissocia em
A doença associada a esse hábito é a
cátions e ânions. Estes reagem com os íons de
obesidade.
sódio do sangue, formando um sal insolúvel, o
osteoporose.
que impede a coagulação do sangue, que pode
diabetes tipo II.
ser estocado mantendo quase todas as suas
hipertensão arterial.
propriedades.
hipercolesterolemia.
Uma das técnicas utilizadas pelos Bancos de
Sangue é a de misturar ao sangue o sal oxalato

QUESTÃO 30
Em mamíferos, o controle osmorregulatório envolve diversos mecanismos neurais e endócrinos. Quando
ocorre diminuição da ingestão de sódio, há redução do volume sanguíneo, com consequente redução da
pressão arterial. A redução da pressão arterial leva a um aumento da produção de angiotensina II, que, por
sua vez, atuará em diversos órgãos, conforme quadro abaixo:

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Com base no exposto, assinale a alternativa que apresenta o efeito da angiotensina II nas adrenais, na
hipófise e nas arteríolas.
Secreção de
Secreção de
vasopressina
aldosterona pelas Diâmetro das arteríolas
adrenais (ADH) pela hipófise

aumento aumento vasodilatação

diminuição diminuição vasodilatação

diminuição aumento vasodilatação

diminuição diminuição vasoconstrição

aumento aumento vasoconstrição

QUESTÃO 31
O fluxograma ilustra a participação de alguns órgãos e substâncias (angiotensinogênio, angiotensina,
renina e aldosterona) no controle da pressão arterial humana.

Considere que os números 1, 2 e 3 indicados no fluxograma representem uma ação do tipo estimulante
( + ) ou uma ação do tipo inibidora ( −) e que o aumento da reabsorção de sódio nos túbulos renais promova
um deslocamento hídrico nos túbulos renais.
De acordo com essas informações, assinale a alternativa que indica, correta e respectivamente, o tipo da
ação representada pelos números 1, 2 e 3 e o resultado do deslocamento hídrico.
( + ); ( −); ( + ); aumento da reabsorção de água.
( −); ( −); ( −); aumento da reabsorção de água.
( + ); ( + ); ( + ); aumento da reabsorção de água.
( −); ( + ); ( −); redução da reabsorção de água.
( + ); ( −); ( −); redução da reabsorção de água.

QUESTÃO 32 insulina pelo pâncreas.


tiroxina pela tireoide.
Louco por um saleiro, sal foi uma das primeiras
vasopressina pelo hipotálamo.
palavras que o garoto aprendeu a falar, antes de
somatotrofina pela hipófise.
completar 1 ano de idade. Quando conseguiu
caminhar com as próprias pernas, passou a
revirar os armários da cozinha em busca de tudo QUESTÃO 33
que fosse salgado e, sempre que podia, atacava Uma enzima foi retirada de um dos órgãos do
o saleiro. Aos 3 anos e meio, por causa da sistema digestório de um cachorro e, após ser
suspeita de puberdade precoce, o menino foi purificada, foi diluída em solução fisiológica e
internado num hospital. distribuída em três tubos de ensaio com os
(Fonte: Christante, L. Sede de sal. Revista Unesp seguintes conteúdos:
Ciência, n.17, 2011.) - Tubo 1: carne
O apetite por sal da criança, cujo relato tornou-se - Tubo 2: macarrão
clássico na história da Medicina, era causado por - Tubo 3: banha
um desequilíbrio endócrino. Após a sua morte, Em todos os tubos foi adicionado ácido clorídrico
descobriu-se que a criança apresentava uma HCl e o pH da solução baixou para um valor
deficiência na produção de: próximo a 2. Além disso, os tubos foram mantidos
aldosterona pelas glândulas adrenais. por duas horas a uma temperatura de 37ºC. A
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digestão do alimento ocorreu somente no tubo 1.
De qual órgão do cachorro a enzima foi retirada? QUESTÃO 35
Fígado.
(ENEM) No século XVII, um cientista alemão
Pâncreas.
chamado Jan Baptista van Helmont fez a
Estômago.
seguinte experiência para tentar entender como
Vesícula biliar.
as plantas se nutriam: plantou uma muda de
Intestino delgado.
salgueiro que pesava em um vaso contendo
2,5 kg, de terra seca. Tampou o vaso com uma
QUESTÃO 34
placa de ferro perfurada para deixar passar água.
Sobre a fibrose cística, é CORRETO afirmar que:
Molhou diariamente a planta com água da chuva.
é uma doença caracterizada por abundante Após 5 anos, pesou novamente a terra seca e
secreção de muco na pele.
é uma doença relacionada com a ausência de encontrou os mesmos 100 kg, enquanto que a
uma proteína normal nas membranas celulares planta de salgueiro pesava 80 kg.
responsável pelo transporte de íon sódio. BAKER, J. J. W.; ALEEN, G. E. Estudo da biologia.
caracteriza-se como doença genética, São Paulo: Edgar Blücher, 1975 (adaptado).
relacionada com a ausência de uma proteína Os resultados desse experimento permitem
normal nas membranas celulares responsável confrontar a interpretação equivocada do senso
pelo transporte do íon cloro. comum de que as plantas
no combate à fibrose cística, o organismo absorvem gás carbônico do ar.
envia, inicialmente, os eosinófilos e, em seguida, usam a luz como fonte de energia.
os macrófagos. absorvem matéria orgânica do solo.
é caracterizada por intensa hemorragia nos usam a água para constituir seu corpo.
pulmões. produzem oxigênio na presença de luz.

QUESTÃO 36
O mapa mundi a seguir mostra o itinerário da mais importante viagem que modificou os rumos do
pensamento biológico, realizada entre 1831 a 1836. Acompanhe o percurso dessa viagem.

Essa viagem foi comandada pelo jovem capitão FitzRoy que tinha na tripulação do navio H. M. S. Beagle
outro jovem, o naturalista Charles Darwin. No dia 27 de dezembro de 1831, o Beagle partiu de Devonport,
na Inglaterra, rumo à América do Sul com o objetivo de realizar levantamento hidrográfico e mensuração
cronométrica.
Durante cinco anos, o Beagle navegou pelas águas dos continentes e, nesta viagem, Darwin observou,
analisou e obteve diversas informações da natureza por onde passou, o que culminou em várias
publicações, sendo a Origem das Espécies uma das mais divulgadas mundialmente.
Contudo, o legado de Darwin é imensurável, pois modificou paradigmas e introduziu uma nova forma de
pensar sobre a vida na Terra.
Em 2006, completou-se 170 anos do término desta viagem.

Em 13 de abril, durante a sua visita à Fazenda Sossego, Darwin descreve em seu diário de bordo:
A mandioca também é cultivada em larga escala. Todas as partes dessa planta são úteis: os cavalos comem
as folhas e talos, e as raízes são moídas em polpa que, quando prensada, seca e assada, dá origem à
farinha, o principal componente da dieta alimentar no Brasil. É curioso, embora muito conhecido, o fato de
que o suco extraído dessa planta altamente nutritivo é muito venenoso. Há alguns anos, uma vaca morreu
nesta fazenda, depois de ter bebido um pouco desse suco.
A planta descrita por Darwin possui glicosídeos cianogênicos que, ao serem hidrolisados, liberam ácido
cianídrico (HCN). O HCN possui alta afinidade por íons envolvidos no transporte de elétrons, como ferro e
cobre. Assim, a morte do animal citada no texto foi decorrente do bloqueio, pelo HCN,
do ciclo de Calvin.
do ciclo de Krebs.
da cadeia respiratória.
da glicólise.
da fotofosforilação.

PROF. RENATO MARTINS| DIVERSIDADE MOLECULAR DOS SERES VIVOS – ELETRÓLITOS 40


QUESTÃO 37 O fato de a planta do experimento crescer na
direção horizontal, e não na vertical, pode ser
Analise as imagens de uma mesma planta sob as
explicado pelo argumento de que o giro faz com
mesmas condições de luminosidade e sob
que a auxina se
condições hídricas distintas.
distribua uniformemente nas faces do caule,
estimulando o crescimento de todas elas de
forma igual.
acumule na face inferior do caule e, por isso,
determine um crescimento maior dessa parte.
concentre na extremidade do caule e, por isso,
iniba o crescimento nessa parte.
distribua uniformemente nas faces do caule e,
por isso, iniba o crescimento de todas elas.
concentre na face inferior do caule e, por isso,
iniba a atividade das gemas laterais.

QUESTÃO 39

A célula fotovoltaica é uma aplicação prática do


efeito fotoelétrico. Quando a luz incide sobre
certas substâncias, libera elétrons que,
circulando livremente de átomo para átomo,
formam uma corrente elétrica. Uma célula
fotovoltaica é composta por uma placa de ferro
recoberta por uma camada de selênio e uma
película transparente de ouro. A luz atravessa a
Os estômatos desta planta estão película, incide sobre o selênio e retira elétrons,
abertos na condição 1, pois há intenso que são atraídos pelo ouro, um ótimo condutor de
bombeamento de íons k+ das células-guarda eletricidade. A película de ouro é conectada à
para as células acessórias, resultando na perda placa de ferro, que recebe os elétrons e os
de água e flacidez destas últimas. devolve para o selênio, fechando o circuito e
fechados na condição 2, pois há redução na formando uma corrente elétrica de pequena
troca de íons k+ entre as células acessórias e as intensidade.
células-guarda, mantendo a turgidez de ambas. DIAS, C. B. Célula fotovoltaica. Disponível em:
abertos na condição 2, pois há intenso http://super.abril.com.br.
bombeamento de íons k+ das células-guarda O processo biológico que se assemelha ao
para as células acessórias, resultando na perda descrito é a
de água e flacidez destas últimas. fotossíntese fermentação
fechados na condição 1, pois há intenso quimiossíntese hidrólise de ATP
bombeamento de íons k+ das células acessórias respiração celular
para o interior das células-guarda, resultando na
perda de água e flacidez destas últimas. QUESTÃO 40
abertos na condição 2, pois há intenso
bombeamento de íons k+ das células acessórias (ENEM) A radioterapia é uma especialidade
para o interior das células-guarda, resultando na médica utilizada para o tratamento de diversos
turgidez destas últimas. tipos de câncer. Uma das radioterapias utilizadas
atualmente é a terapia à base de iodo radioativo.
Nessa, o paciente ingere uma pílula contendo o
QUESTÃO 38 iodo radioativo (131I) que migra para a corrente
(ENEM) A produção de hormônios vegetais sanguínea e circula pelo organismo até ser
(como a auxina, ligada ao crescimento vegetal) e absorvido pelo órgão-alvo, onde age nas células
sua distribuição pelo organismo são fortemente tumorais, destruindo-as e impedindo a
influenciadas por fatores ambientais. Diversos proliferação do câncer para outras regiões do
são os estudos que buscam compreender melhor corpo.
essas influências. O experimento seguinte Usa-se o iodo porque o órgão-alvo dessa terapia
integra um desses estudos. é o(a)
fígado tireoide hipófise
gônada pâncreas

QUESTÃO 41
(ENEM) Os distúrbios por deficiência de iodo
(DDI) são fenômenos naturais e permanentes
amplamente distribuídos em várias regiões do
mundo. Populações que vivem em áreas
deficientes em iodo têm o risco de apresentar os
distúrbios causados por essa deficiência, cujos
impactos sobre os níveis de desenvolvimento
humano, social e econômico são muito graves.
No Brasil, vigora uma lei que obriga os
produtores de sal de cozinha a incluírem em seu
produto certa quantidade de iodeto de potássio.
Essa inclusão visa prevenir problemas em qual
glândula humana?

PROF. RENATO MARTINS| DIVERSIDADE MOLECULAR DOS SERES VIVOS – ELETRÓLITOS 41


Hipófise
Tireoide
Pâncreas
Suprarrenal
Paratireoide

QUESTÃO 42
Leia o texto a seguir.
A cisplatina é uma droga antineoplásica efetiva
contra vários tipos de cânceres humanos, tais
como de testículo, ovário, cabeça, pescoço e
pulmão. Entretanto, a lesão renal é um dos
principais efeitos colaterais da terapia com a
cisplatina. A gravidade dessa lesão é atribuída ao
dano oxidativo causado pela droga. Contudo, a
administração de antioxidantes é eficiente em
reduzir esse efeito colateral.
REVISTA DE NUTRIÇÃO. Campinas, v. 17, 2004. p.
89-96. [Adaptado].
Os antioxidantes possuem efeito protetor sobre
as células renais, pois
estimulam o processo de oxirredução durante
a respiração celular. Analisando o gráfico e a tabela acima, pode-se
inibem a síntese por desidratação de bases afirmar que os íons representados por I, II e III
nitrogenadas durante a transcrição gênica do são respectivamente:
DNA. Ca+2 , Na+ e K+
aumentam a desnaturação das ligações entre Na+ , K+ e Ca+2
as bases nitrogenadas do DNA. K+ , Ca+2 e Na+
diminuem a produção de radicais livres K+ , Na+ e Ca+2
durante o metabolismo celular. Na+ , Ca+2 e K+
estimulam a saturação da bicamada lipídica da
membrana nuclear. QUESTÃO 45
(ENEM)
QUESTÃO 43 A MONTANHA PULVERIZADA
Uma criança de aproximadamente 1 ano, com Esta manhã acordo e
acentuado atraso psicomotor, é encaminhada não a encontro.
pelo pediatra a um geneticista clínico. Este, após Britada em bilhões de lascas
alguns exames, constata que a criança possui deslizando em correia transportadora
ausência de enzimas oxidases em uma das entupindo 150 vagões
organelas celulares. Esse problema pode ser no trem-monstro de 5 locomotivas
evidenciado no dia, ao se colocar H2O2 em - trem maior do mundo, tomem nota -
ferimentos. No caso dessa criança, a H2O2 "não foge minha serra, vai
ferve". deixando no meu corpo a paisagem
O geneticista clínico explica aos pais que a mísero pó de ferro, e este não passa.
criança tem uma doença de origem genética, é
Carlos Drummond de Andrade. Antologia poética. Rio
monogênica com herança autossômica
de Janeiro: Record, 2000.
recessiva. Diz também que a doença é muito
grave, pois a criança não possui, em um tipo de A situação poeticamente descrita sinaliza, do
organela de suas células, as enzimas que ponto de vista ambiental, para a necessidade de
deveriam proteger contra a ação dos radicais I. manter-se rigoroso controle sobre os processos
livres. de instalação de novas mineradoras.
A organela que apresenta deficiência de enzimas II. criarem-se estratégias para reduzir o impacto
nessa criança é denominada ambiental no ambiente degradado.
lisossoma centríolo III. reaproveitarem-se materiais, reduzindo-se a
complexo de Golgi mitocôndria necessidade de extração de minérios.
peroxissoma É correto o que se afirma
apenas em I.
apenas em II.
QUESTÃO 44 apenas em I e II.
Os sais minerais são de importância vital para o apenas em II e III.
bom funcionamento de diversos processos em I, II e III.
fisiológicos, sendo necessária a reposição da
concentração de cada íon para que seja mantida
a homeostasia do organismo. O gráfico e a tabela
abaixo mostram a concentração e algumas
atividades biológicas de três íons em seres
humanos.

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