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FUNDAMENTOS DO ELETROCARDIOGRAMA (ECG)

DEFINIÇÃO - O sódio e o potássio são os íons eletricamente mais importantes cujo


gradiente entre o meio intra e extracelular define a polaridade relativa do
meio interno em relação ao meio externo à célula;

- Ambos têm valência (cargas elétricas) = +1 (Respectivamente Na+ e K+ );

- Esses íons migram do meio intra para o extracelular e vice-versa por


difusão osmótica passiva via canais iônicos e por transporte ativo induzido
pela bomba sódio-potássio;

- A bomba sódio-potássio carreia o sódio para fora da célula e o potássio


para dentro, mantendo um gradiente contra-osmótico desses íons entre os
meios intra e extracelular caracterizado por maior concentração de sódio fora
da célula em relação ao seu interior e maior concentração de potássio no
meio intracelular do que fora da célula;

- O eletrocardiograma (ECG) é um exame médico na área de cardiologia - Para cada íon potássio que a bomba põe para dentro, ela põe dois íons
onde é feito o registro da variação dos potenciais elétricos gerados pela sódio para fora. Essa diferença mantém um potencial mais positivo fora da
atividade elétrica do coração, garantida pelo automatismo cardíaco. célula do que dentro. Devido a isso, dizemos que uma célula em repouso
Representa, em outras palavras, um valioso registro do funcionamento da tem cargas elétricas positivas no seu exterior e cargas negativas em seu
atividade elétrica cardíaca. interior. Na verdade queremos expressar a diferença relativa de potencial
entre dentro e fora da célula, estabelecido pela maior positividade exterior;
- Exame não invasivo, barato e versátil;
- Os íons cálcio têm valência = +2 (Ca++) e regulam, por mecanismo
- A informação registrada no ECG representa os impulsos do coração (isto competitivo, a difusão osmótica do sódio transmembrana celular via canais
é, o potencial elétrico das células cardíacas). Estes potenciais são gerados iônicos de transporte passivo. Além disso, estimulam a contração muscular
a partir da despolarização e repolarização das células cardíacas. através do mecanismo actina-miosina. Ativam-se e inativam mais
lentamente que os canais Na+.
UTILIDADES DO ECG

POTENCIAL DE AÇÃO
▪ Orientação anatômica do coração,
▪ Dimensões relativas das diversas câmaras cardíacas;
- Quando ocorre a ativação do potencial de membrana, há redução da
▪ Alterações do ritmo e condução;
resistência e aumento da condutância aos íons intra e extracelulares,
▪ Extensão, localização e progressão das lesões isquêmicas do miocárdio; permitindo seu deslocamento em sintonia com seus gradientes
▪ Efeitos de alterações de concentrações de eletrólitos; eletroquímicos, gerando inversão da polaridade (de –90 mV para +30 mV) e
consequente despolarização celular.
▪ Influência de determinados fármacos.
- Ao sofrer um estímulo despolarizante, desencadeia-se um intenso influxo
de sódio (para o interior da célula) e um efluxo de potássio (para o exterior).
NOÇÕES ANÁTOMO – FISIOLÓGICAS DO CORAÇÃO Isso inverte o gradiente elétrico de modo a tornar o meio interno positivo em
relação ao meio externo. O estímulo despolarizante trafega ao longo da
célula a partir do ponto estimulado;
ELETROFISIOLOGIA DA CÉLULA CARDÍACA

LEMBRETE!!! OBSERVAÇÃO!!!
A atividade elétrica cardíaca provém das diferenças na composição ou
A excitação dos miócitos contráteis é dominada por canais Na+
concentração iônica entre os meios intra e extracelular e da sucessão
dependentes de voltagem → Os miócitos atriais e ventriculares
cíclica de ativação celular (inversão do potencial de membrana)
expressam um PA rápido que ascende rapidamente durante a ativação da
condicionada pelos fluxos transmembrana desses íons. Os principais
INa (corrente de Na+).
responsáveis pelos eventos da atividade elétrica cardíaca são sódio,
potássio e cálcio.
A excitação das células nodais é dominada por canais Ca2 do tipo L→
Sabe-se que: As células nodais expressam PAs lentos que dependem da ICa para
promover a fase ascendente.

- Tipos de potencial de ação cardíaco;

A) RÁPIDA

- É o potencial de ação encontrado nos miócitos contráteis e fibras de


Purkinje.

- É dividido em 05 fases:
• Fase 0- Despolarização Ascendente: Essa fase é marcada pela entrada
de Cálcio na célula. As correntes de sódio estão inativadas nessa fase.

• Fase 3- Repolarização: É uma fase marcada pelo aumento da


condutância ao Potássio, com sua saída da célula.

• Fase 4- Despolarização espontânea: Essa é a fase que determina a


propriedade de automatismo. Diferentemente da fase 04 do potencial de
resposta rápida, essa fase apresenta um aumento lento e gradual da
voltagem sem precisar de um estímulo externo.

OBSERVAÇÃO!!!

Quanto mais inclinado essa fase, maior a frequência de despolarização da


célula (maior a frequência cardíaca). Quando a curva atinge o valor de -
40mV, acontece o potencial de disparo e é gerado um novo potencial de
ação.

FISIOLOGIA DO MÚSCULO CARDÍACO

• Fase 0: Fase inicial de rápida despolarização. Representa a abertura dos


canais rápidos de Na+ com grande influxo para o interior da célula. É
representada por uma linha vertical ascendente.

• Fase 1: É uma pequena e rápida repolarização. Representa o fechamento - As fibras do músculo cardíaco são estriadas, assim como do
dos canais rápidos de Na+ e abertura do canais lentos de K+ com um efluxo musculoesquelético, mas são menores, ramificadas e mononucleadas.
de K+ para o exterior da célula. É representada por uma pequena linha vertical
descendente. - Essas células estão unidas em série por junções, chamadas de discos
intercalares (junções GAP). O potencial de ação se propaga de uma célula
• Fase 2: Platô. Fase marcada pelo equilíbrio, com entrada de Cálcio na célula para outra com facilidade, através delas.
e saída de potássio, mantendo a polaridade aproximadamente em 0mV. A
entrada de Cálcio na célula nessa fase é responsável pelo processo de MECANISMO DE CONDUÇÃO ELÉTRICA DO CORAÇÃO
contração muscular. Mesmo com a reserva de cálcio existente no retículo
sarcoplasmático, a concentração muscular cardíaca necessita de uma
Feixe de Bachman
demanda de cálcio extracelular a mais, que é transportada pelos túbulos T.

• Fase 3: Início da Fase de repolarização. Representa a abertura dos canais


lentos de K+ com grande efluxo de K+ para o exterior da célula. Restabelece
a diferença de potencial elétrico.
Tratos Internodais
• Fase 4: Fase final da repolarização. Retorno ao potencial negativo de (A,M,P)
repouso, onde as concentrações iônicas são restabelecidas 9mecanismo da
bomba de NA+ e K+).

B) LENTA

- É o potencial de ação encontrada nas células que tem a propriedade de


automatismo e função de marca passo como o nó sinusal e nó atrioventricular.

- A principal diferença é a ausência dos canais rápidos de Na+ , sendo o influxo


de Ca2+, através de canais especializados, o responsável pela
despolarização.

- Dividido em 3 fases:

1) Nó sinusal ou sinoatrial (o chamado marca-passo natural do coração);

2) Feixe de Bachman (facilita a condução de impulsos para o átrio


esquerdo);

3) Feixes internodais (localizados entre os dois nodos principais do


coração, sendo responsáveis ainda pela excitação atrial);

4) Nó atrioventricular (tem a importante função de retardar o impulso


elétrico que nele chega para que os ventrículos se encham de sangue e
se esvaziem em tempos diferentes com relação aos átrios);

5) Feixe de His (que conduz o potencial elétrico para toda a musculatura


ventricular);

6) Fibras de Purkinje (ramificações do feixe de His responsáveis por


distribuir de forma uniforme os impulsos elétricos nas paredes
ventriculares).
OU SEJA...

As derivações são o registro da diferença de potencial elétrico entre dois


pontos.

A) DERIVAÇÕES NO PLANO FRONTAL (DERIVAÇÕES DE MEMBROS


OU PERIFÉRICAS)

Registram a diferença de potencial entre dois eletrodos localizados em


diferentes membros.

• D1: diferença de potencial entre o braço direito e o braço esquerdo.


• D2: diferença de potencial entre o braço direito e a perna esquerda.
• D3: diferença de potencial entre o braço esquerdo e a perna esquerda.

TEORIA DO DIPOLO

- Representação Vetorial dos fenômenos elétricos;

- Chama-se de dipolo ao conjunto formado por duas cargas de mesmo


módulo, porém de sinais contrários, separadas por uma distância;

- Proporcional à magnitude da MASSA MUSCULAR ativada;

- O eletrodo positivo do ECG que “olha” para a ponta da seta vetorial


- Derivações unipolares aumentadas: São aquelas em que apenas um
(resultante da despolarização cardíaca) registra uma onda positiva. O
elétrodo contribui para o registro eletrocardiográfico, o outro elétrodo serve
eletrodo positivo que “olha” para a cauda da seta registra uma onda negativa;
como neutro;
- “Onda” de despolarização.
Fazem o registro da diferença de potencial entre um ponto teórico no centro
do triângulo de Einthoven, com ângulos de 30º entre si e obtém-se as
derivações unipolares dos membros:

• aVR: eletrodo no braço direito.


• aVL: eletrodo no braço esquerdo.
• aVF: eletrodo na perna esquerda.

DERIVAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS

- Na superfície do corpo existem diferenças de potencial consequentes aos


fenômenos elétricos gerados durante a excitação cardíaca. Estas diferenças
podem ser medidas e registradas;

- Os pontos do corpo a serem explorados são ligados ao aparelho de registro


por meio de fios condutores (eletrodos);

- A ideia básica é observar o coração em diferentes ângulos onde registra


uma vista diferente da mesma atividade cardíaca.

- As derivações podem ser definidas de acordo com a posição dos eletrodos


no plano frontal (formando as derivações periféricas – bipolares ou
unipolares) e no plano horizontal (formando as derivações precordiais,
unipolares).
- Essas derivações, denominadas “precordiais”, exploram a face anterior do
tórax, que registram o potencial elétrico em relação a um ponto de referência
teórico zero;

- Em todas essas derivações, considera-se positivo o eletrodo explorador


colocado nas seis posições diferentes sobre o tórax, sendo o pólo negativo
situado no dorso do indivíduo:

• V1 está localizado no 4º espaço intercostal, imediatamente a direita do


esterno;
• V2 está localizado no 4º espaço intercostal, imediatamente a esquerda do
esterno;
• V3 é colocado entre V2 e V4;
• V4 é colocado no 5º espaço intercostal, na linha médio-clavicular esquerda;
• V5 é colocado também no 5º espaço intercostal na linha axilar anterior;
• V6 é colocado também no 5º espaço intercostal na linha axilar média.

IMPORTANTE!!!

JUNTANDO TUDO.... São 12 derivações padrão.

EIXO ELÉTRICO DO CORAÇÃO

B) DERIVAÇÕES PRECORDIAIS (DERIVAÇÕES DO PLANO


HORIZONTAL)
- O vetor de despolarização atrial (em vermelho) é direcionado para baixo, para
frente e da direita para a esquerda no plano frontal (uma vez que o Nó Sinusal
está localizado no alto do átrio direito).

NOÇÕES DO ELETROCARDIOGRAMA

- À medida que o impulso elétrico se difunde ao longo das fibras musculares


cardíacas, os eletrodos de superfície cutânea realizam o registro gráfico
desta atividade elétrica do coração na forma de ondas, complexos
(conjunto de várias ondas), segmentos (linhas isoelétricas) e intervalos
(conjunto de segmentos e ondas).
- O eletrocardiógrafo registra por meio de uma agulha térmica a leitura da
atividade elétrica do coração. Assim, enquanto a agulha oscila, o papel corre I. ONDAS E COMPLEXO
a uma velocidade de 25 mm/s, no caso dos eletrocardiógrafos de papel “em
fita”. ONDA P
- O papel onde é traçada a linha do ECG é padronizado: um quadriculado
composto de quadrados maiores (linhas grossas) preenchidos com
quadrados menores (linhas finas). Essa delimitação em gráfico com x e y
permite a leitura, no eixo x (vertical), de medidas de amplitude calculadas em
milivolt (mV) e, no eixo y (horizontal), de medidas de tempo calculadas em
segundo (s). Os quadrados maiores (linha grossa) possuem 0,5 mV de
amplitude, ou seja, cada um dos cinco quadrados menores que compõem um
quadrado maior tem 0,1 mV. Quanto à grandeza tempo, o quadrado maior
representa 0,20 s, e cada quadrado menor dos cinco que o compõem
representa 0,04 s
- A onda P é a primeira onda registrada em qualquer derivação do ECG, ela
OBSERVAÇÃO!!! representa a ativação dos átrios e é composta, na verdade, do registro da
ativação de cada átrio apresentado como uma única onda;
1 minuto de traçado a uma velocidade de 25 mm/s apresenta cerca de
1500 quadrados menores. - Entretanto, como o nódulo SA localiza-se do lado direito, a despolarização
do átrio direito começa e termina antes do que a do átrio esquerdo;

- Duração: 0,06 – 0,09s;


REGRA DOS 300, 150, 100, 75, 60
- Amplitude: a voltagem normal da onda P varia entre 0,25 mV e 0,30 mV
(avaliada em DII).

- Polaridade: as ondas P na superfície corporal podem ter registro positivo


ou negativo, dependendo da orientação do eletrodo explorador,
normalmente positiva nas derivações DI, DII e DIII, sempre negativa em aVR;

COMPLEXO QRS

- Definidas as medidas do papel de registro, é possível calcular as variações


de frequência cardíaca com precisão.

- Consiste em uma divisão simples: 1 minuto de traçado a uma velocidade de


25 mm/s apresenta cerca de 1500 quadrados menores, basta então dividir
esse valor pelo número de quadrados menores entre o pico de duas ondas R
sequenciais.

REGISTROS DO ELETROCARDIOGRAMA NORMAL


- O complexo QRS corresponde à despolarização total dos ventrÌculos,
representando a maior onda do eletrocardiograma.

- Duração: 0,05 - 0,12 s.


- Amplitude: É muito variável. SEGMENTO PR
- O complexo QRS consiste em várias ondas distintas, que são designadas
de acordo com cada deflexão:

1. Se a primeira deflexão for para baixo, é chamada de onda Q.


2. A primeira deflexão para cima é chamada de onda R.
3. Se houver uma segunda deflexão para cima, ela é chamada R’.
4. A deflexão para baixo depois de R, é chamada de onda S.

A) Onda Q: é resultado da
despolarização das primeiras células
musculares do coração no septo - Corresponde ao momento que os átrios estão totalmente contraídos e o
interventricular. Apesar de ser uma impulso chega ao nó atrioventricular.
despolarização, exatamente como a
onda P, o sentido dessa despolarização - Nesse momento, o impulso sofre um atraso e para, fazendo com que os
é contrário ao vetor. Por isso a ventrículos comecem a se contrair depois da contração atrial.
representação é de uma onda negativa.
SEGMENTO ST

B) Onda R: corresponde à
despolarização completa do septo
interventricular, dessa vez em direção
ao ápice do coração. Ou seja, esta
despolarização segue o mesmo
sentido do vetor de referência. Como é
uma quantidade massiva de músculo,
o sinal é muito mais intenso e tem
orientação positiva.

- Há total despolarização dos ventrículos. Então não há uma variação de


C) Onda S: O ventrículo continua se
eletricidade por um curto período de tempo. Ou seja, fim da contração
despolarizando, seguindo dos Feixes
ventricular ao início da repolarização ventricular.
de His para as Fibras de Purkinje. Ao
chegar às Fibras, o sinal elétrico se
afasta do ápice do coração, se
C) INTERVALOS:
afastando também da extremidade do
vetor. Por isso, tem grande INTERVALO PR
intensidade e é negativa.
- O espaço compreendido desde o início da ativação atrial até o início da
ativação ventricular;
ONDA T
- Duração: 0,12 a 0,20 s.

INTERVALO QT

- Esse intervalo corresponde à duração total da sístole ventricular.

- Duração: 0,30 a 0,46s.

INTERVALO RR

- Intervalo entre duas contrações ventriculares;

RESUMINDO...
- Após a despolarização dos ventrículos, as células miocárdicas passam por
um período refratário no qual são resistentes a outra estimulação. Neste meio O ECG serve para detectar:
tempo, as células repolarizam.
1) REGULAR OU IRREGULAR;
- Esta onda representa a repolarização ventricular e tal processo se realiza no 2) FREQUÊNCIA CARDÍACA;
mesmo sentido da ativação ventricular. 3) EIXO ELÉTRICO DO CORAÇÃO;
4) SOBRECARGA DE CÂMARAS;
- Duração: sua duração específica não é medida, e sim incluída na duração 5) DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS;
do intervalo QT. 6) ARRITMIAS CARDÍACAS;
7) ALTERAÇOES ISQUÊMICAS AGUDAS E CRÔNICAS;
- Amplitude: menor do que a amplitude do QRS. 8) CARDIOPATIAS – MIOCARDIOPATIAS/PERICARDITES.

- Polaridade: positiva na maioria das derivações.

II. SEGMENTOS

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