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POTENCIAL DE REPOUSO
No líquido extracelular (LEC), para cada íon positivo existe um íon negativo BOMBA DE SÓDIO-POTÁSSIO
próximo que o neutralize; caso contrário, apareceriam potenciais de bilhões
de volts. Voltagem/tensão/ddp é a medida da energia potencial gerada por Todas as membranas celulares apresentam essa bomba de sódio-potássio,
cargas separadas, a diferença de potencial entre dois pontos. Potencial que é uma proteína transcelular que realiza transporte ativo de íons. Ela
elétrico é a capacidade de um corpo energizado de realizar trabalho, isto é, bombeia continuamente Na+ para o exterior da célula e K+ para o interior,
atrair ou repelir cargas elétricas. Quando nos referimos a células, dizemos numa razão de 3 para 2, de modo que o lado de fora fica com mais cargas
“potencial de membrana”. Quanto maior a diferença entre as áreas positivas positivas e, portanto, mais positivo. 3 Na + entram na bomba; então, 1 ATP
e negativas, maior a voltagem e maior o potencial. Além da voltagem, no também se ligará a ela para ser hidrolisado, liberando energia e fosforilando
corpo existe corrente de eletricidade de um ponto a outro, sendo corrente a bomba. Isso altera a conformidade da proteína: ela fecha sua entrada
= voltagem/resistência. A corrente elétrica é o movimento ordenado de intracelular e abre a saída extracelular; perdendo a afinidade com os íons
cargas positivas ou negativas.A resistência elétrica é a dificuldade oferecida Na+. Os íons sódio são lançados no meio extracelular e íons K+ se ligam à
à passagem dessas cargas. No caso das células, as membranas celulares bomba. Depois disso, a bomba é desfosforilada, retornando à sua
representam a resistência. conformação original, de forma que não haverá mais afinidade pelos íons
potássio, os quais serão liberados no meio intracelular.
Ou seja, o ambiente é eletricamente neutro (cargas positivas = cargas
negativas), mas algumas áreas são mais positivas ou negativas que outras. No entanto, não é apenas a bomba de sódio-potássio que determina o
Os íons são mantidos separados para garantir a formação de potencial potencial elétrico das membranas celulares. Chamamos de gradiente
elétrico, a fim de fornecer energia para a passagem de uma corrente eletroquímico o conjunto de fatores que favorecem a movimentação dos íons
elétrica. Os íons mais importantes no desenvolvimento dos potenciais de Na+ para dentro da célula, sendo estes fatores o gradiente de concentração e
membrana são os íons sódio, potássio e cloreto. Quando um neurônio é o gradiente elétrico, causados pela ação da bomba. Esse gradiente
estimulado o suficiente, ele envia um impulso elétrico, o qual tem sempre a eletroquímico é usado pelas células como uma fonte de energia potencial.
mesma força e a mesma velocidade; o que pode variar é a frequência com Um exemplo do uso dessa energia e da importância de uma maior
que esse impulso é enviado. Os sinais nervosos são transmitidos por concentração de íons sódio no meio externo é garantir outros transportes
potenciais de ação, que são variações rápidas do potencial de membrana. A ativos, como o cotransporte de glicose para dentro da célula. A esse tipo de
diferença necessária de potencial em fibras nervosas normais de mamíferos processo damos o nome de transporte ativo secundário, pois há utilização de
é de aproximadamente 90 mV, com negatividade na face interna da energia armazenada de outro transporte ativo; no caso, a bomba de sódio-
membrana. potássio.
Existem nas membranas celulares proteínas de canal por onde podem vazar
íons sódio ou potássio; no entanto, cabe ressaltar que a permeabilidade para
o potássio em condições normais é cerca de 100 vezes maior que a
permeabilidade para o sódio. Desse modo, conclui-se que a difusão do difundam para dentro da célula, neutralizando o potencial de repouso
potássio contribui muito mais para o potencial de membrana que a difusão mencionado. Em outras palavras, a despolarização é quando o interior da
do sódio. célula fica menos negativo graças à entrada de íons Na +. No estágio de
repolarização, os canais de sódio se fecham e os canais de potássio se
O movimento de íons através da membrana alterando o potencial elétrico é a abrem, de forma que a difusão de Na + para o meio intracelular pare e
chave para todos os eventos elétricos nos neurônios. O potencial de ação ocorra uma rápida difusão de íons K+ para o exterior, fazendo com que o
acontece basicamente quando ocorre a despolarização da membrana celular, potencial de repouso seja restabelecido.
causando uma variação no potencial elétrico que abre os canais
transportadores de íons, os quais permanecem normalmente fechados O canal de sódio regulado pela voltagem e o canal de potássio regulado pela
(potencial de membrana em repouso). A permeabilidade do sódio e do voltagem são agentes responsáveis pela despolarização e pela repolarização
potássio são primariamente responsáveis pela transmissão de sinais nos da membrana, bem como atuam de forma adicional com a bomba de sódio-
neurônios, pois a permeabilidade dos canais de cloreto não se altera muito potássio e com os canais de vazamento de K+/Na+.
durante a transmissão dos impulsos nervosos. A rápida alternância de íons,
então causa os sinais nervosos. Além dos íons sódio e potássio, é necessário considerar a participação dos
ânions negativos e os íons cálcio na geração do potencial de ação. Na
POTENCIAIS DE AÇÃO membrana de quase todas as células existe uma bomba de cálcio semelhante
à de sódio, que em algumas células contribui para a formação do potencial
de ação. Existem também canais de cálcio regulados pela voltagem, que
“vazam” esses íons para o lado de dentro, visto que o meio extracelular
possui concentração de Ca2+ maior que o meio intracelular. A principal
função desses canais é contribuir para a fase de despolarização do potencial
de ação em algumas células. Os canais de cálcio são muito numerosos no
músculo cardíaco e no músculo liso.
Em alguns casos, por exemplo, nas fibras musculares do coração, a SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
membrana estimulada não se repolariza de imediato após a despolarização;
o potencial permanece como platô por vários milissegundos e só então a O sistema nervoso autônomo (SNA) é a parte do sistema nervoso que
repolarização começa. controla as funções viscerais do organismo. Uma de suas características é a
rapidez e a intensidade com que ele pode alterar essas funções. O SNA
A hiperpolarização refere-se ao efluxo excessivo do K+, porque a comporta
também opera reflexos viscerais: sinais sensoriais subconscientes de órgão
de inativação desse íon é lenta, fazendo com que saia mais potássio que o
visceral podem chegar aos gânglios autônomos, no tronco cerebral ou no
necessário para atingir o potencial de repouso. Assim, o neurônio fica com
hipotálamo e então retornar como respostas reflexas subconscientes
um potencial mais negativo que o de repouso. Isso é corrigido pela bomba
diretamente de volta para o órgão visceral. Os sinais autônomos eferentes
de sódio-potássio. Nesse momento, há um período refratário.
são transmitidos aos diferentes órgãos do corpo por meio de duas grandes
divisões: o sistema nervoso simpático (SNS) e o sistema nervoso
Em alguns tecidos, ocorrem descargas repetitivas espontâneas. Essas
parassimpático (SNP).
descargas rítmicas causam o batimento ritmado do coração, o peristaltismo
rítmico dos intestinos e alguns eventos neuronais, como o controle ritmado
SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO
da respiração. Para que a ritmicidade espontânea ocorra, é necessário que a
membrana seja suficientemente permeável aos íons, mesmo em seu estado
normal, a fim de permitir a despolarização automática.
Os íons não são capazes de passar pela bainha de mielina que existe nas
fibras nervosas de maior calibre, todavia, podem passar facilmente através
dos nodos de Ranvier. Portanto, os potenciais de ação só ocorrem nos nodos
de Ranvier e são passados de um nodo a outro. Por esse motivo, dizemos
que os impulsos nervosos são “saltatórios”.
correspondente. Após deixar o canal espinhal, as fibras simpáticas pré- Fibras parassimpáticas do NC IX (glossofaríngeo): glândula
ganglionares deixam o nervo espinhal e passam pelo canal comunicante parótida.
branco para um dos gânglios da cadeia simpática. Um gânglio é um Fibras parassimpáticas do NC X (vago): coração, pulmões,
aglomerado de corpos celulares e neurônios situados fora do SNC; esôfago, estômago, intestino delgado, a metade proximal do
geralmente aparecem como pequenas dilatações em certos nervos. Então, as cólon, fígado, vesícula biliar, pâncreas, rins e porções superiores
fibras podem seguir um dos três caminhos a seguir: sinapse com neurônios dos ureteres.
simpáticos pós-ganglionares no gânglio em que entra; fazer sinapse com
outro gânglio na cadeia; ou sair da cadeia por meio de um dos nervos O sistema parassimpático possui também neurônios pré-ganglionares e pós-
simpáticos para fazer sinapse com um gânglio simpático periférico. O ganglionares, porém, salvo algumas exceções, as fibras pré-ganglionares
neurônio pós-ganglionar se origina nos gânglios da cadeia simpática ou nos passam ininterruptamente até o órgão a ser controlado. Na parede do órgão,
gânglios simpáticos periféricos e se dirigem para seus destinos nos órgãos. ficam os neurônios pós-ganglionares, com os quais as fibras pré-
ganglionares realizam sinapse.
SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO
NEUROTRANSMISSORES
Para que exerça sua função corretamente, a acetilcolina, bem como os subdivididos em beta 1, beta 2 e beta 3. A norepinefrina excita sobretudo os
demais neurotransmissores, deve ser removida ou inativada de acordo com receptores alfa, mas também os receptores beta em menor grau; ao passo
as demandas de tempo para cada resposta sináptica específica pretendida. que a epinefrina excita igualmente os receptores alfa e beta. Portanto, os
Portanto, a acetilcolinesterase catalisa a quebra da acetilcolina em acetato e efeitos desses neurotransmissores secretados pela medula adrenal serão
colina, de forma que a colina possa ser aproveitada novamente na síntese determinados pelos receptores presentes nos órgãos efetores.
desse neurotransmissor. Dessa forma, essa enzima é capaz de modular a
intensidade da resposta sináptica ao evitar a difusão lateral e a ativação EFEITOS ESPECÍFICOS DA ESTIMULAÇÃO SIMPÁ TICA E
sequencial dos receptores envolvidos. PARASSIMPÁTICA
FARMACOLOGIA DO SNA
ação dos fármacos. Os fármacos podem atuar como agonistas do pulmonar (16% do volume sanguíneo, considerando coração [7%] e pulmões
neurotransmissor ou podem bloquear a função do receptor. O antagonismo [9%]).
dos receptores constitui um mecanismo de ação comum dos fármacos do
SNC. PARTES FUNCIONAIS DA CIRCULAÇÃO
A acetilcolina é inativada por meio de degradação enzimática, e não pela sua Artérias: transportam sangue sob alta pressão para os tecidos; possuem
recaptação. As anticolinesterases bloqueiam a degradação da acetilcolina e, paredes vasculares fortes; sangue flui em alta velocidade.
portanto, prolongam a sua ação. Arteríolas: agem como condutos de controle nos quais o sangue é liberado
para troca nos capilares; possuem paredes musculares fortes, que podem
Atropina é antagonista da acetilcolina. Muscarina e nicotina são agonistas. ocluir ou dilatar seu diâmetro a fim de alterar o fluxo sanguíneo conforme
necessário.
Prazosina, iombina, atenolol, practolol e butoxamina são antagonistas da Capilares: possuem paredes finas com muitos poros capilares permeáveis à
norepinefrina. Fenilefrina, clonidina, isoprotenerol, dobutamina, albuterol e água e outras moléculas, pois sua função é a troca de líquidos, nutrientes,
salbutamol são agonistas. eletrólitos, hormônios e outras substâncias entre o sangue e o tecido
intersticial.
REFERÊNCIAS Vênulas: coletam o sangue dos capilares e gradualmente formam veias
maiores.
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall Tratado de Veias: transportam sangue sob baixa pressão; possuem paredes finas;
carregam o sangue de volta ao coração; são musculares o suficiente para ter
fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
capacidade de se contrair e se expandir para armazenar sangue extra
conforme as necessidades circulatórias.
KATZUNG, Bertram G.; TREVOR, Anthony J. Farmacologia básica e
clínica. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.
Problema 2.1
OBJETIVOS
CIRCULAÇÃO
FLUXO SANGUÍNEO progressivamente até cerca de 0 mmHg no fim das veias cavas que levam o
sangue até o átrio direito. Isso acontece porque ocorre perda de energia
como consequência da resistência ao fluxo oferecida pelos vasos.
O fluxo laminar ocorre quando o sangue flui de forma estável por vaso
sanguíneo longo e uniforme, organizando-se em linhas de corrente, com
camadas de sangue equidistantes das paredes do vaso, com a porção mais
central do sangue no centro do vaso. Nesse caso, a velocidade do fluxo pelo
centro do vaso é maior que nas proximidades das paredes. Esse perfil
parabólico ocorre porque as moléculas de sangue que tocam as paredes
vasculares sofrem aderência com o endotélio e, por isso, se movimentam
mais devagar.
PRESSÃO SANGUÍNEA
Quando o sangue chega nas veias, a pressão diminui por causa do atrito e vaso. Portanto, maior será a pressão necessária para que o fluxo corra pelos
não há mais uma onda de pressão. O sangue sob baixa pressão das veias vasos.
localizadas abaixo do coração precisa fluir contra a gravidade para retornar
ao coração. Para auxiliar o retorno venoso, algumas veias possuem valvas PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FUNÇÃO CIRCULATÓRIA
unidirecionais que garantem que o sangue que passe por elas não retorne. O
fluxo de sangue venoso é constante ao invés de pulsátil. O retorno venoso ao 1) A velocidade do fluxo sanguíneo para cada tecido corporal é quase sempre
coração é auxiliado pela bomba muscular esquelética e pela bomba controlada em relação às atividades teciduais. Os microvasos em cada tecido
monitoram a disponibilidade de oxigênio e de outros nutrientes e o acúmulo
respiratória.
de dióxido de carbono e outros metabólitos; os quais agem diretamente sobre
os vasos sanguíneos locais, dilatando-os ou contraindo-os. Outro mecanismo
Se a pressão sanguínea estiver muito baixa (hipotensão), a força propulsora
para a regulação do fluxo sanguíneo tecidual é o controle neural, pelo SNC e
para o fluxo do sangue é incapaz de superar a oposição gerada pela
pelos hormônios.
gravidade, de forma que o fluxo sanguíneo e a oferta de oxigênio para o
2) O débito cardíaco é controlado principalmente pela soma de todos os fluxos
encéfalo são prejudicados, podendo causar tontura ou desmaios. Se a locais. O coração responde às demandas teciduais, porém frequentemente
pressão estiver cronicamente elevada (hipertensão), a alta pressão sobre a precisa de auxílio na forma de sinais nervosos especiais para bombear a
parede dos vasos sanguíneos pode fazer com que áreas enfraquecidas sofram quantidade necessária de fluxo sanguíneo.
rupturas e ocorra sangramento nos tecidos. 3) A regulação da PA é geralmente independente do fluxo sanguíneo local ou do
débito cardíaco. O sistema circulatório tem extensivo controle da PA. No caso
RESISTÊNCIA AO FLUXO SANGUÍNEO de alguma alteração que possa ser prejudicial, um conjunto de reflexos
nervosos desencadeia mudanças na circulação para normalizar a pressão.
A resistência é o impedimento ao fluxo sanguíneo pelo vaso, sendo calculada
pelas medidas do fluxo e da diferença de pressão entre dois pontos no vaso. INTER-RELAÇÕES DA PRESSÃO, FLUXO E RESISTÊNCIA
A resistência de toda a circulação sistêmica (resistência periférica total –
RPT) depende da viscosidade do sangue, do comprimento dos vasos e do O fluxo sanguíneo por um vaso é determinado pela diferença de pressão
raio dos vasos, sendo proporcional ao inverso da quarta potência do raio. entre as extremidades do vaso (gradiente de pressão) e pela resistência
Essa relação mostra que mesmo uma pequena alteração no calibre do vaso vascular. O gradiente de pressão é a força que impulsiona o sangue pelo
possui um grande impacto na resistência. vaso e a resistência vascular é o impedimento ao fluxo sanguíneo pelo vaso.
A resistência ocorre como resultado do atrito entre o sangue em movimento
Quanto mais hematócrito (a proporção de glóbulos vermelhos no sangue), e o endotélio intravascular em todo o interior do vaso.
mais viscoso fica o sangue e maior será a resistência à sua passagem pelo
DISTENSIBILIDADE VASCULAR
O fluxo pelo vaso pode ser calculado pela lei de Ohm: F=ΔP/R, sendo que F Todos os vasos sanguíneos são distensíveis, sendo as veias os vasos com
é o fluxo sanguíneo, ΔP é a diferença de pressão entre as extremidades do maior distensibilidade. Dessa forma, as veias desempenham papel de
vaso (P1-P2) e R é a resistência. reservatório de grandes quantidades de sangue que podem ser mobilizadas
para uso quando necessário. As paredes das artérias são bem mais fortes que
O aumento da PA não aumenta só a força que impulsiona o sangue pelos as das veias e, portanto, menos distensíveis.
vasos, mas também inicia aumentos compensatórios da resistência vascular.
Portanto, o aumento da PA não aumenta proporcionalmente o fluxo A estimulação simpática aumenta a pressão por causa do aumento do tônus
sanguíneo. Essa capacidade de cada tecido de ajustar sua resistência do músculo liso vascular, bem como a inibição simpática causa a diminuição
vascular é denominada autorregulação. da pressão. isso é importante para diminuir as dimensões de um segmento
da circulação, transferindo sangue para outros segmentos, por exemplo,
Em vasos sanguíneos que não possuem autorregulação, variações da PA fazendo mais sangue chegar ao coração para aumentar o bombeamento
podem ter grande influência no fluxo sanguíneo. A pressão arterial cardíaco.
aumentada não aumenta apenas a força que empurra o sangue pelos vasos,
mas também distende os vasos elásticos, diminuindo a resistência vascular. Um vaso exposto a maior volume irá inicialmente apresentar grande
Reciprocamente, a diminuição da PA em vasos sanguíneos passivos aumenta aumento da pressão, mas o estiramento retardado da parede vascular
a resistência, à medida que os vasos elásticos gradualmente colapsam devido permitirá que a pressão retorne a seu valor normal em minutos ou horas.
à pressão distensora reduzida. Quando a pressão cai abaixo da pressão Esse efeito é chamado de relaxamento por estresse.
crítica de fechamento, o fluxo cessa.
Sem a distensibilidade das artérias, o fluxo sanguíneo só ocorreria durante a
sístole. A combinação da distensibilidade arterial com a resistência ao fluxo
sanguíneo reduz as pulsações da pressão a quase zero no momento em que
o sangue chega aos capilares.
AS VEIAS E SEU FUNCIONAMENTO movimento do líquido recebe o nome de filtração. A filtração capilar é
causada pela pressão hidrostática que força o líquido a sair dos capilares
O sangue, em todas as veias sistêmicas, flui para o átrio direito. A pressão no através de junções celulares permeáveis. A maioria dos capilares apresenta
átrio direito é chamada de pressão venosa central. Qualquer coisa que afete uma transição da filtração resultante na extremidade arterial para a
a pressão no átrio direito também afeta a pressão venosa em todo o corpo na absorção resultante na extremidade venosa. Exceções são os capilares de
maioria das vezes. A fraqueza do coração aumenta a pressão do átrio direito, parte dos rins que filtram líquidos ao longo de todo o seu comprimento e
bem como qualquer efeito que produza influxo rápido do sangue nas veias alguns capilares intestinais que são somente absortivos.
para o átrio direito. Alguns fatores que podem causar isso são o volume
sanguíneo aumentado, o aumento do tônus dos vasos sanguíneos mais SISTEMA LINFÁTICO
calibrosos com consequente aumento das pressões venosas periféricas e
dilatação das arteríolas, que diminui a resistência periférica. Os mesmos Os vasos do sistema linfático interagem com outros três sistemas: o
fatores que regulam a pressão no átrio direito também participam da circulatório, o digestório e o imunitário. As funções do sistema linfático são:
regulação do débito cardíaco. A pressão do átrio direito normal é restituir de volta ao sistema circulatório os líquidos e proteínas filtrados
aproximadamente 0 mmHg. para fora dos capilares; capturar a gordura absorvida no intestino delgado e
transferi-la para o sistema circulatório; e atuar como um filtro para ajudar a
Mais de 60% do sangue fica nas veias, por isso dizemos que elas funcionam capturar e destruir patógenos.
como reservatório de sangue para a circulação. Quando sangue é perdido
pelo corpo e a PA começa a cair, reflexos de pressão são ativados e
produzem sinais neurais simpáticos para as veias, causando vasoconstrição e
retirando grande parte da folga no sistema circulatório causada pela perda
de sangue. Certas partes do sistema sanguíneo são tão extensas e
complacentes que recebem a denominação de reservatórios sanguíneos, por
exemplo, o baço, que é também um reservatório para o armazenamento de
glóbulos vermelhos; o fígado, as grandes veias abdominais, os plexos
venosos subcutâneos, o coração e os pulmões.
(capilares linfáticos) ficam próximos de todos os capilares sanguíneos, (como resultado de desnutrição grave ou insuficiência hepática) ou aumento
exceto os dos rins e do SNC. Existem grandes lacunas entre as células dos nas proteínas intersticiais.
vasos linfáticos, as quais permitem o fluxo de massa através das paredes
desses vasos. Uma vez dentro do sistema linfático, o líquido é chamado de RESUMO DAS CAUSAS DE EDEMA EXTRACELULAR
linfa.
Os vasos linfáticos nos tecidos unem-se uns aos outros a fim de formarem
vasos linfáticos maiores. Esses vasos possuem um sistema de valvas
semilunares semelhantes às valvas venosas. Os ductos linfáticos maiores
desembocam na circulação venosa logo abaixo das clavículas, onde as veias
subclávias direita e esquerda juntam-se ás veias jugulares internas. Em
intervalos ao longo do percurso, os vasos penetram nos linfonodos, que são
nódulos que possuem uma cápsula externa fibrosa e uma coleção interna de
células ativas imunitariamente, como macrófagos e linfócitos.
EDEMA Existem três fatores de segurança que evitam acúmulo de líquido nos
espaços intersticiais: baixa complacência do interstício, quando a pressão
Edema refere-se à presença de excesso de líquido nos tecidos do corpo. Na intersticial for negativa; a capacidade do fluxo linfático de aumentar por 10
maioria das vezes, o edema ocorre no compartimento de líquido a 50 vezes o normal; e a diluição das proteínas do líquido intersticial,
extracelular, mas pode também envolver o líquido intracelular. O edema é quando a filtração capilar aumenta, o que causa a redução da pressão
um sinal de que as trocas normais entre os sistemas circulatório e linfático coloidosmótica do líquido intersticial.
estão alteradas, geralmente por drenagem inadequada da linfa ou filtração
capilar sanguínea excede muito a absorção capilar. A drenagem inadequada MECANISMOS DE CONTROLE DO FLUXO SANGUÍNEO
da linfa ocorre por obstrução do sistema linfático, particularmente nos
linfonodos. Os fatores que afetam o equilíbrio entre a filtração e a absorção O fluxo sanguíneo para cada tecido é usualmente mantido no nível mínimo
capilares incluem aumento na pressão hidrostática capilar (comumente por suficiente para suprir as suas necessidades. O controle do fluxo sanguíneo
insuficiência cardíaca), diminuição na concentração de proteínas plasmáticas garante que os tecidos quase nunca passem por deficiência nutricional de
Letícia Teixeira Guimarães
Turma 73
FUNÇÕES BIOLÓGICAS 2019
oxigênio e a carga de trabalho do coração seja mantida no menor nível SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem
possível. integrada. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Problema 2.2
Os vasos que mais participam na regulação da velocidade do fluxo sanguíneo
por todo o corpo são designados vasos de resistência (arteríolas). As paredes
das arteríolas são em grande parte constituídas por músculo liso, que torna
possíveis as variações do diâmetro da luz vascular.
OBJETIVOS
O controle local do fluxo sanguíneo pode ser dividido em duas fases:
controle agudo e a longo prazo. O controle agudo é realizado por meio de 1) Descrever ciclo cardíaco, circulação coronariana, histologia e
variações rápidas da vasoconstrição/vasodilatação local das arteríolas, organização funcional cardíaca.
metarteríolas e esfíncteres pré-capilares, que ocorre em segundos ou 2) Descrever débito cardíaco, volume sistólico e retorno venoso.
minutos para permitir a manutenção muito rápida do fluxo sanguíneo
tecidual local apropriado. O controle a longo prazo consiste em variações ANATOMIA, HISTOLOGIA E ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL
lentas e controladas do fluxo ao longo de dias, semanas ou até mesmo CARDÍACA
meses, como resultado de aumento ou diminuição nas dimensões físicas e
no número de vasos sanguíneos que suprem os tecidos, causando um LOCALIZAÇÃO
melhor controle do fluxo em proporção às necessidades teciduais.
O coração se localiza no centro da caixa torácica, mais precisamente no
Grande parte dos vasodilatadores (bradicinina, histamina) e dos
mediastino, que e o espaço entre o dois pulmões. Seus limites são
vasoconstritores (norepinefrina, epinefrina, vasopressina, angiotensina II)
determinados pelo diafragma inferiormente, pelos pulmões lateralmente,
exerce pouco efeito a longo prazo no fluxo sanguíneo, a menos que alterem
pela coluna vertebral posteriormente e pelo esterno e costelas
a intensidade metabólica dos tecidos. Os tecidos possuem capacidade de
anteriormente. O coração tem o formato de uma pirâmide inclinada, com o
autorregular seu fluxo sanguíneo conforme suas necessidades, desde que a
ápice na direção anteroinferior e para a esquerda e a base oposta ao ápice.
pressão arterial seja adequada para a perfusão desses tecidos.
Muitos íons e outros fatores químicos diferentes podem dilatar ou contrair ENVOLTÓRIOS
os vasos sanguíneos locais, embora a maioria tenha pequena função na
regulação geral da circulação. O pericárdio é um saco fibrosseroso que reveste a cavidade serosa que
circunda o coração. O pericárdio fibroso e inelástico, esta fixado anterior e
Quando uma artéria ou veia é bloqueada em praticamente qualquer tecido inferiomente ao esterno e ao diafragma, e funde-se com a túnica externa dos
do corpo, em geral surge um novo canal vascular que se desenvolve ao grandes vasos quando estes entram ou saem desse saco. Assim, mantém o
redor do bloqueio e permite pelo menos uma nova irrigação parcial de coração em sua posição mediastinal média e limita sua capacidade de
sangue para o tecido afetado. O desenvolvimento de uma circulação enchimento. A ocupação do pericárdio por líquido ou tumor compromete o
contralateral é um fenômeno a longo prazo da regulação local do fluxo enchimento do coração. A inflamação do pericárdio (pericardite) causa a
sanguíneo. diminuição do líquido pericárdico, de forma que o coração sofra mais com o
atrito conforme se movimenta.
REFERÊNCIAS
O pericárdio seroso reveste o pericárdio fibroso e pode ser divido em duas
DAVIS, Joshua P. Scallan Scott D. Zawieja Jorge A. Castorena‐gonzalez lâminas: visceral e parietal. O pericárdio seroso tem uma superfície
Michael J.. Lymphatic pumping: mechanics, mechanisms and brilhante lubrificada que permite que o coração tenha a liberdade necessária
malfunction. The journal of physiology, Columbia, v. 594, p. 5749- para seus movimentos de contração com torção. Entre os pericárdios
5768, mai. 2016 visceral e parietal está a cavidade pericárdica, onde se localiza o liquido
pericárdico, no qual o coração desliza quando se move. A lâmina parietal do
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall Tratado de pericárdio seroso é sensível. Os impulsos álgicos originados nela e
Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. conduzidos pelos nervos frênicos somáticos resultam em sensações de dor
referida.
ORGANIZAÇÃO FUNCIONA L CARDÍACA As paredes das artérias e veias também possuem três camadas: túnica intima
(tecido epitelial), túnica media (músculo liso) e túnica externa (tecido
O coração é uma bomba dupla de sucção e pressão, que impulsiona o sangue conjuntivo). Portanto, pode-se dizer que essas camadas são análogas as do
pela dupla alça infinita formada pelos circuitos pulmonar e sistêmico. Cada coração.
lado do coração tem uma câmara de recepção (átrio) e uma câmara de
Entre o AD e o AE existe o septo interatrial, que impede a comunicação entre
sucção, compressão e expulsão (ventrículo). As câmaras bilaterais são
essas câmaras. Da mesma forma, entre o VD e o VE está localizado o septo
separadas por um septo cardíaco formado principalmente por tecido
interventricular. A comunicação interatrial (CIA) e a comunicação
muscular, mas parcialmente membranáceo. Existem valvas
interventricular (CIV) são anomalias congênitas que podem adquirir maior
atrioventriculares (AV) entre as câmaras unilaterais para facilitar o
ou menor importância clínica, de acordo com seu tamanho e localização.
bombeamento em duas fases (acumulo e ejeção). Na saída de cada lado,
existem valvas arteriais unidirecionais semilunares (pulmonar e aórtica) que
O nodo sinusal ou sinoatrial (SA) é uma faixa pequena, achatada e elipsoide
impedem o refluxo (exceto aquele que enche as artérias coronárias) e
de músculo cardíaco especializado. Está situado na parede posterolateral do
mantêm a pressão diastólica das artérias.
AD, imediatamente abaixo e pouco lateral à abertura da VCS. O nodo AV está
situado na parede posterior do AD, imediatamente atrás da valva tricúspide.
Entre o AD e o VD, a válvula existente é chamada de tricúspide. Entre o AE e
o VE, mitral ou bicúspide. Essas valvas fazem com que o sangue flua
HISTOLOGIA CARDÍACA
somente dos átrios para os ventrículos e não no sentido contrário. Na saída
do VD para a artéria pulmonar, esta a valva pulmonar. Na saída do VE para a
artéria aorta, está a valva aórtica.
condutoras são encontradas no nodo AS, nos tratos internodais, no nodo AV,
no feixe de His e no sistema de Purkinje.
CIRCULAÇÃO CORONARIA NA
As fibras musculares cardíacas são muito menores que as fibras musculares
esqueléticas e em geral possuem um núcleo por fibra. As células musculares Nos seres humanos, o fluxo sanguíneo coronário corresponde de 4 a 5% do
cardíacas individuais se ramificam e se juntam com as células vizinhas débito cardíaco total. O infarto do miocárdio ocorre basicamente quando o
criando uma rede complexa. As junções celulares (discos intercalares, que fluxo de algumas artérias que irriga o coração fica obstruída, levando à
são sinciciais) consistem em membranas interdigitadas com dois isquemia de uma parte do coração. As artérias coronárias são inicialmente
componentes: os desmossomos e as junções comunicantes. Os desmossomos duas (esquerda e direita) e possuem seus óstios presentes nas válvulas da
são conexões fortes que mantêm as células adjacentes unidas permitindo valva aórtica.
que a força criada em uma célula seja transferida para a célula vizinha.
A artéria coronária direita (ACD) e seus ramos são responsáveis por nutrir o
As junções comunicantes conectam eletricamente as células umas às outras, AD e o VD, o septo interatrial e os nodos SA e AV. Alguns ramos irrigam
permitindo a passagem das ondas de despolarização de forma rápida; assim, parte das câmaras esquerdas, principalmente a parte posterior do VE e um
quase todas as células do músculo cardíaco se contraem quase pouco do septo interventricular. Os principais ramos da ACD são o ramo
simultaneamente. Os túbulos T das células miocárdicas são maiores que os atrial, o ramo do nodo sinoatrial, o ramo do cone arterial, os ramos AV
do músculo esquelético e se ramificam dentro das células miocárdicas. O anteriores, o ramo marginal direito, os ramos AV posteriores, os ramos
retículo sarcoplasmático miocárdico é menor que o do músculo esquelético; interventriculares e o ramo do nodo AV. A artéria coronária esquerda (ACE) é
por isso, o músculo cardíaco depende, em parte, do Ca2+ extracelular para mais calibrosa que a ACD e é responsável por irrigar as câmaras direitas do
iniciar a contração. As mitocôndrias ocupam cerca de um terço do volume coração, boa parte do septo interventricular e o sistema de Purkinje. Seus
celular de uma fibra contrátil cardíaca, porque a demanda energética do principais ramos são a artéria interventricular anterior (ou artéria
coração é alta. descendente anterior - DA), da qual também saem ramos ventriculares,
sendo o mais significativo o ramo lateral ou diagonal; e a artéria circunflexa
(CX), da qual sai o ramo marginal esquerdo.
ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA
Purkinje e ventrículos. O potencial de ação também se propaga de uma As células ventriculares, atriais e de Purkinje possuem potenciais de ação de
célula muscular cardíaca à outra por meio de vias de baixa resistência entre longa duração e, por conseguinte, longos períodos refratários. Além disso,
as células (junções abertas ou gap junctions). Um ritmo sinusal normal seus potenciais de repouso são estáveis e os potenciais de ação são
significa que o padrão e o momento da ativação elétrica do coração são caracterizados por um platô. Quanto maior a duração do potencial de ação,
normais. Para se qualificar o ritmo sinusal como normal, os três critérios a maior o período refratário.
seguir devem ser atendidos: o potencial de ação tem de se originar no nodo
SA; os impulsos nodais SA devem ocorrer regularmente na frequência de 60 FASES DO POTENCIAL DE AÇÃO
a 100 impulsos por minuto; e a ativação do miocárdio deve ocorrer na
sequência correta e com o momento e atrasos corretos. Fase 0: deflexão inicial ou fase ascendente. O potencial de ação
nas células supramencionadas começa por uma despolarização
O potencial de membrana das células cardíacas é determinado pelas muito rápida, chamada de deflexão inicial ou upstroke. Essa
condutâncias relativas (ou permeabilidades) a íons e pelos gradientes de despolarização causa um aumento transitório da condutância ao
concentração para os íons permeantes. O potencial da membrana em Na+ e a abertura dos canais de Na+. Assim, ocorre a corrente de
repouso das células cardíacas é determinado principalmente pelos íons K+. influxo de Na+, despolarizando o potencial de membrana até
Alterações no potencial de membrana são causadas pelo fluxo de íons para valor da ordem de + 20 mV.
dentro ou para fora da célula. Para que ocorra o fluxo de íons, a membrana Fase 1: repolarização inicial. Ocorre uma corrente de efluxo dos
da célula deve ser permeável ao íon. A despolarização ocorre quando íons Na+. As comportas dos canais de Na+ fecham, cessando seu
acontece movimento efetivo de cargas positivas para dentro da célula influxo; além de que ocorre uma corrente de efluxo de íons K+,
(corrente de influxo). A hiperpolarização ocorre quando há movimento causando por forças motrizes tanto químicas quanto elétricas (a
efetivo de carga positiva para fora da célula (corrente de efluxo). concentração intracelular de K+ é superior à concentração
extracelular de K+, e o interior da célula é eletricamente
POTENCIAIS DE AÇÃO DOS VENTRÍCULOS, ÁTRIOS E positivo).
SISTEMA DE PURKINJE Fase 2: platô. Durante o platô, ocorre longo período (150 a 200
ms) de potencial de membrana despolarizado relativamente
estável, particularmente nas fibras ventriculares e de Purkinje.
Os canais de Ca2+, que se abrem durante o platô,são canais tipo L
e são inibidos pelos bloqueadores do canal de Ca2+ nifedipina,
diltiazem e verapamil. Para contrabalancear a corrente de
influxo de Ca2+, ocorre a corrente de efluxo de K+, impulsionada
pela força motriz eletroquímica sobre os íons K+. Assim, durante
o platô, a corrente efetiva é zero e o potencial de membrana
permanece em um valor despolarizado estável.
Fase 3: repolarização. Ocorre redução da condutância de Ca 2+ e o
aumento da condutância de K+, causando diminuição do influxo
de Ca2+ e aumento do efluxo de K+. No fim dessa fase, a corrente
de efluxo de K+ diminui.
Fase 4: potencial de membrana em repouso (diástole elétrica). O
potencial de membrana se repolariza, totalmente, durante a fase
3 e volta ao nível de repouso de cerca de −85 mV. Durante a
fase 4, o potencial de membrana fica de novo estável, e as
correntes de influxo e de efluxo são iguais.
sangue. Quanto maior a corrente de influxo, mais rapidamente as correntes A onda P é causada pelos potenciais elétricos gerados pelos átrios ao se
locais irão se espalhar para áreas adjacentes e despolarizá-las até o limiar. A despolarizarem antes de se contraírem. Representa, portanto, a contração
propagação do potencial de ação depende também das propriedades de cabo atrial.
das fibras do miocárdio.
O intervalo PR é o tempo decorrido desde a despolarização inicial dos átrios
EXCITABILIDADE E PERÍODOS REFRATÁRIOS até a despolarização inicial dos ventrículos. Assim, o intervalo PR inclui a
onda P e o segmento PR, parte isoelétrica (em linha reta) do ECG, que
Excitabilidade é a capacidade do miocárdio de gerar potenciais de ação em corresponde à condução AV.
resposta a correntes despolarizantes de influxo. Os seguintes períodos
O complexo QRS é causado pelos potenciais gerados quando os ventrículos
refratários refletem as diferenças de excitabilidade ao longo da duração do
se despolarizam antes de se contraírem. A duração total do complexo QRS é
potencial de ação:
semelhante à da onda P.
Período refratário absoluto: durante a maior parte do tempo da
A onda T é causada por potenciais gerados conforme os ventrículos se
duração do potencial de ação, a célula ventricular é
recuperam do estado de despolarização (repolarização).
completamente refratária para disparar outro potencial de ação.
Independentemente do tamanho do estímulo (corrente de O intervalo QT inclui o complexo QRS, o segmento ST e a onda T, e
influxo) que poderia ser aplicado, a célula é incapaz de gerar um representa a primeira despolarização ventricular até a última repolarização
segundo potencial de ação, durante o período refratário absoluto ventricular. O segmento ST é um trecho isoelétrico do intervalo QT que se
(PRA), porque a maior parte dos canais de Na + está fechada. O correlaciona ao platô do potencial de ação ventricular.
período refratário absoluto inclui a deflexão ascendente, todo o
platô e parte da repolarização. Esse período termina quando a EFEITOS AUTONÔMICOS NO CORAÇÃO E VASOS
célula já se repolarizou a aproximadamente -50 mV. SANGUÍNEOS
Período refratário efetivo: o PRE inclui o período refratário
absoluto e é ligeiramente mais longo que ele. Ao final do período A estimulação do SNS e das catecolaminas circulantes produz aumento da
refratário efetivo, os canais de Na+ começam a se recuperar. A contratibilidade (efeito inotrópico positivo). Esse efeito é mediado por meio
distinção entre os períodos refratários absoluto e efetivo é que da ativação dos receptores beta 1. A estimulação do SNP e da ACh exerce
no absoluto absolutamente nenhum estímulo é suficientemente efeito inotrópico negativo sobre os átrios. Esse efeito é mediado por
grande para gerar outro potencial de ação; e no efetivo, um receptores muscarínicos.
potencial de ação conduzido não pode ser gerado.
Período refratário relativo: o PRR começa ao fim do PRA e CICLO CARDÍACO
continua até a repolarização total da membrana celular. Durante
o PRR, ainda mais canais de Na+ se recuperaram e é possível A abertura e o fechamento das valvas são processos que estão sempre
gerar segundo potencial, embora seja necessário estímulo maior relacionados à diferença de pressão entre as cavidades comunicantes. Toda
que o normal. Se um segundo potencial de ação é gerado, manifestação mecânica é precedida por uma manifestação elétrica.
durante o PRR, terá fase de platô encurtada.
Período supranormal: o PSN ocorre após o PRR. A célula é mais DIÁSTOLE
excitável que o normal, ou seja, menos corrente de influxo é
necessária para despolarizar a célula até o potencial limiar. RELAXAMENTO ISOVOLUMÉTRICO
aumenta, pois o volume está aumentando. Quando a pressão do AE supera a representada pela onda P no eletrocardiograma. Essa contração causa o
do VE, a valva mitral se abre. aumento das pressões atriais e as pressões de enchimento do VE. A quarta
bulha (B4) pode ser auscultada.
SÍSTOLE
ENCHIMENTO VENTRICULAR RÁPIDO
CONTRAÇÃO ISOVOLUMÉTRICA
A abertura das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) determina o
início dessa etapa. Essa abertura é abrupta e causa o enchimento rápido do
Logo após a contração do AE que ejetou o resto de sangue contido em seu
ventrículo. Nesse momento, a pressão do VE está inferior à do AE. B3 pode
interior, ocorreu a onda R e o aumento das pressões causado pelo aumento
ser auscultado nesse momento, principalmente em adolescentes; sendo um
de volume provoca o fechamento da valva AV, o que acontece de fato quando
marcador de dilatação ventricular e disfunção. B3 representa o choque do
a pressão do VE supera a pressão do AE. Entretanto, a pressão do VE ainda
sangue ejetado pelo AE com a quantidade de sangue represada no VE
não é suficiente para superar a pressão de dentro da aorta; então, o sangue
durante a dilatação isovolumétrica por não ter sido ejetada na contração do
começa a fazer pressão sobre
VE.
as valvas aórticas (semilunares). É o intervalo entre o fechamento da valva
ENCHIMENTO VENTRICULAR LENTO (DIASTASE) AV até a abertura da valva aórtica. As valvas aórtica, pulmonar, mitral e
tricúspide estão fechadas. A valva mitral fecha antes da tricúspide. Os
A valva está aberta e a pressão do AE ainda é maior que a do VE. Como a
ventrículos permanecem com capacidade máxima de volume. É a pressão
circulação não para, o sangue que estava passando pelas veias pulmonares
diastólica final.
continua escorrendo, embora com velocidade menor. Destacam-se a redução
progressiva do gradiente de pressão entre átrios e ventrículos; o aumento do
EJEÇÃO VENTRICULAR RÁPIDA
volume do VE graças à sua complacência; o aumento gradativo das pressões
A valva aórtica se abre porque houve um aumento gradativo da pressão
de enchimento do VE; e o período da perfusão coronariana.
sobre ela. Com a abertura dessa valva, a pressão é liberada para a circulação.
Ocorre o esvaziamento rápido do volume ventricular e a dilatação transitória
CONTRAÇÃO ATRIAL
da raiz de aorta. A pressão nos ventrículos e nas artérias atinge seu maior
nível. Isso acontece imediatamente após o complexo QRS.
A contração atrial inicia-se após estímulo elétrico do nó sinusal,
o débito cardíaco por metro quadrado da área da superfície corporal. O débito cardíaco é controlado basicamente pelo retorno venoso. O retorno
venoso é afetado por quatro fatores: o gradiente de pressão venosa, a
O débito cardíaco é uma medida do desempenho cardíaco e pode ser postura (efeitos gravitacionais), a presença de válvulas venosas e a “bomba”
calculado multiplicando a frequência cardíaca (bpm) pelo volume sistólico muscular esquelética. As veias varicosas têm um calibre maior que o normal
(ml por batimento ou por contração): DC = FC x VS. Levando em e as cúspides de suas válvulas não se tocam ou foram destruídas por
consideração a fórmula, é possível descrever os fatores que afetam o DC: a
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inflamação. Diz-se que elas são válvulas incompetentes, porque são OBJETIVOS
incapazes de desempenhar sua função de forma eficaz. As veias varicosas são
comuns nas partes posterior e medial dos membros inferiores. 1) Descrever mecanismos de controle a curto prazo da pressão
arterial.
O princípio ou lei de Frank-Starling diz que quando quantidades
2) Analisar reação isquêmica do sistema nervoso central.
aumentadas de sangue fluem para o coração, há distensão das paredes das
3) Descrever mecanismos de controle a longo prazo da pressão
câmaras cardíacas. Por conseguinte, o músculo cardíaco se contrai com
arterial.
maior força e esvazia as câmaras quase tanto quanto normalmente. Assim,
todo o sangue adicional que flui para o coração e automaticamente REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL
bombeado para a aorta. Esse princípio independe da regulação pelo SNA. A
regulação do débito cardíaco é a soma de todas as regulações do fluxo
sanguíneo local.
REFERÊNCIAS
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall Tratado de
fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
KIERSZENBAUM, Abraham L. Histologia e biologia celular: Uma A pressão arterial média é a força propulsora do fluxo sanguíneo e precisa
introdução à patologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. ser mantida em valor elevado e constante de aproximadamente 100 mmHg.
A equação para a PA é dada por: PA = DC x RPT, sendo PA a pressão arterial
MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F.; AGUR, Anne M. R. Anatomia média (mmHg), DC o débito cardíaco (ml/min) e RPT a resistência periférica
orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. total (mmHg/ml/min). A partir dessa equação, infere-se que a PA pode ser
alterada pela variação do DC, pela RP ou por ambos. Apesar de parecer
NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 6 ed. Rio de Janeiro:
simples, é pertinente ressaltar que essas variáveis não são independentes,
Elsevier, 2015.
pois se afetam mutuamente.
ROY, A. et al. Cholinergic activity as a new target in diseases of the
Os mecanismos rápidos de controle da PA que agem em segundos ou
heart. Molecular medicine. 2014.
minutos consistem quase inteiramente de reflexos nervosos ou outras
SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem respostas
integrada.5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
A PA é regulada por dois mecanismos principais: o reflexo baroceptor (curto
prazo), de mediação neural; e o sistema renina-angiotensina-aldosterona
Problema 2.3 (longo prazo), de mediação hormonal. Entretanto, esses não são os únicos
BARORRECEPTORES E CONTROLE DA PA
Em resumo, o sistema renina-angiotensina-aldosterona produz uma série de arterial elevado e seus quimiorreceptores são sensíveis a alterações das
respostas biológicas que aumentam o retorno venoso e o débito cardíaco, o pressões parciais de O2 e de CO2, bem como do pH. A resposta dos
qual causa aumento da PA. Ademais, o efeito de vasoconstrição das quimiorreceptores periféricos à PO2 arterial é maior quando PCO2 está
arteríolas causado pela angiotensina II aumenta a RPT, o que contribui para simultaneamente aumentada ou o pH está reduzido.
o aumento da PA.
Quando a PO2 arterial diminui, os centros de vasoconstrição simpática são
OUTROS MECANISMOS REGULADORES ativados, causando vasoconstrição arteriolar nos leitos vasculares do
músculo esquelético, renais e esplâncnicos. Ademais, ocorre aumento do
HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO fluxo parassimpático para o coração, que produz diminuição transitória da
FC. A diminuição da PO2 arterial também produz aumento da ventilação que
O hormônio antidiurético (ADH) é secretado pelo lobo posterior da hipófise. diminui, de modo independente, o fluxo parassimpático para o coração,
Sua secreção é aumentada por aumento da osmolaridade sérica e pela aumentando a FC (reflexo da insuflação do pulmão).
diminuição do volume de sangue e da PA.
BARORRECEPTORES CARDIOPULMONARES (BAIXA
Existem dois tipos de receptores de ADH. Os receptores V 1 estão presentes no PRESSÃO)
músculo liso vascular e causam vasoconstrição das arteríolas e aumento da
RPT. Os receptores V2 estão presentes nas principais células dos ductos Além dos barorreceptores de alta pressão que regulam a PA (reflexo
coletores renais e estão envolvidos na reabsorção de água, nos ductos barorreceptor), existem barorreceptores de baixa pressão nas veias, nos
coletores e na manutenção da osmolaridade do LEC. átrios e nas artérias pulmonares. Eles se localizam no lado venoso da
circulação, onde a maior parte do volume sanguíneo é mantida; e detectam
QUIMIORRECEPTORES CENTRAIS as variações do volume sanguíneo ou a “plenitude” do sistema vascular. As
respostas ao aumento do volume sanguíneo incluem o seguinte:
Os quimiorreceptores são células sensíveis à falta de oxigênio e ao excesso
de dióxido de carbono e de íons hidrogênio. Se há diminuição do fluxo Aumento da secreção do peptídeo natriurético atrial (PNA). O
sanguíneo cerebral (isquemia), a PCO2 cerebral aumenta e o pH diminui. Os PNA é secretado em resposta ao aumento da PA e seu principal
quimiorreceptores do bulbo detectam essas mudanças e causam aumento do efeito é o relaxamento da musculatura lisa, resultando em
fluxo simpático, provocando vasoconstrição das arteríolas e aumento da vasodilatação e redução da RPT. Nos rins, isso leva ao aumento
RPT. Assim, o fluxo sanguíneo é redirecionado para o cérebro a fim de da excreção de Na+ e água, diminuindo a concentração
manter sua perfusão. Por conseguinte, a PA aumenta drasticamente. extracelular de Na+, o volume de LEC e o volume sanguíneo.
Redução da secreção de ADH. Ocorre diminuição da reabsorção
Na reação de Cushing, ocorre o seguinte: quando a pressão do líquido de água nos ductos coletores, resultando em aumento da
cefalorraquidiano (LCR) aumenta ao redor do cérebro e da caixa craniana, as excreção de água.
artérias cerebrais são comprimidas, resultando em diminuição da perfusão
Vasodilatação renal. Ocorre inibição da vasoconstrição simpática,
cerebral. Se essa pressão se iguala à PA, o suprimento sanguíneo cerebral é
nas arteríolas renais, levando à vasodilatação renal e ao aumento
bloqueado. Então, ocorre aumento imediato da PCO2 e diminuição do pH,
da excreção de Na+ e água.
pois CO2, gerado a partir do tecido cerebral, não é adequadamente removido
Aumento da FC. Enquanto o aumento nos receptores arteriais de
pelo fluxo sanguíneo. Os quimiorreceptores bulbares respondem a essas
alta pressão produz diminuição da frequência cardíaca (tentando
mudanças, direcionando o aumento do fluxo simpático para os vasos
diminuir a pressão arterial de volta ao normal), o aumento da
sanguíneos. Então, o efeito global das mudanças é aumentar a RPT e
pressão nos receptores venosos de baixa pressão produz
aumentar drasticamente a PA. Com o aumento da PA até superar a pressão
aumento da frequência cardíaca (reflexo de Bainbridge). Os
do LCR, o sangue pode fluir novamente pelas artérias cerebrais, aliviando a
receptores atriais de baixa pressão, sentindo que o volume
isquemia.
sanguíneo está demasiado elevado, produzem aumento da
frequência cardíaca e, portanto, aumento do débito cardíaco; o
QUIMIORRECEPTORES PERIFÉRICOS EM CORPOS
aumento do débito cardíaco leva ao aumento da perfusão renal e
CAROTÍDEOS E AÓRTICOS
aumento da excreção de Na+ e de água.
Os quimiorreceptores periféricos para O2 se localizam nos corpos carotídeos,
RESPOSTA ISQUÊMICA DO SNC
no seio carotídeo; e nos corpos aórticos, no arco aórtico. Eles tem fluxo
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Esse balanço negativo de líquido não cessará até que a pressão caia até
atingir precisamente o ponto de equilíbrio, que é quando o débito de água e
sal se iguala à ingestão. Se a PA cair abaixo do ponto de equilíbrio, a
ingestão de água e sal passa a ser maior que o débito. Portanto, o volume de
água e sal aumenta junto com o volume sanguíneo, e a PA se eleva de novo
até chegar ao ponto de equilíbrio. Isso é chamado de feedback quase infinito
da regulação da PA pelo mecanismo rins-líquidos corporais.
QIAN, Qi. Salt, water and nephron: mechanisms of action and link to SEIOS PARANASAIS
hypertension and chronic kidney disease. Nephrology (Carlton). 2018.
Os ossos do crânio (etmoide, esfenoide, frontal e maxilar) contêm grandes
Problema 3.1 espaços forrados com mucoperiósteo, os seios paranasais, que se comunicam
com a cav. nasal.
OBJETIVOS
CAVIDADE NASAL
Todas essas células estão em contato com a lâmina basal, mas nem todas Os brônquios primários apresentam estrutura igual à da traqueia, porém,
chegam ao lúmen. A lâmina própria é composta por tecido conjuntivo com menor diâmetro e paredes mais delgadas. O brônquio direito é mais
variando de frouxo a denso não modelado, vascularizado, contendo reto que o brônquio esquerdo e se divide em três brônquios lobares,
glândulas seromucosas e elementos linfoides. A faringe é um órgão enquanto o brônquio esquerdo se divide em dois. Esses brônquios penetram
muscular. Da laringe em diante, o tecido predominante é o cartilaginoso. no parênquima dos pulmões e passam a constituir os brônquios
intrapulmonares.
LARINGE
BRÔNQUIOS INTRAPULMONARES (SECUNDÁRIOS E
A laringe é um tubo rígido cilíndrico, com cerca de 4 cm de comprimento, TERCIÁRIOS)
localizado entre a faringe e a traqueia. Ela é responsável pela fonação e
impede a entrada de comida no sist. respiratório. A laringe é revestida por Cada brônquio intrapulmonar constitui a via aérea que supre um lobo do
epitélio colunar pseudoestratificado ciliado. pulmão. Estas vias aéreas são semelhantes aos brônquios primários, mas os
anéis cartilaginosos em C são substituídos por placas irregulares de
A parede da laringe é reforçada por várias cartilagens hialinas (a tireoidea, cartilagem hialina que envolvem completamente a luz dos brônquios
as cartilangens cricoideas e o aspecto inferior do par de aritenoides) e intrapulmonares.
cartilagens elásticas (a epiglote, as cartilagens corniculadas e cuneiformes, e
a região superior da cartilagem aritenoide). Estas cartilagens estão ligadas Existem nos brônquios intrapulmonares glândulas seromucosas e elementos
entre si por ligamentos e seus movimentos são controlados por músculos linfoides na lâmina própria e na submucosa. Os ductos dessas glândulas
esqueléticos intrínsecos e extrínsecos. A luz da laringe é caracterizada pela lançam o produto da secreção na superfície de revestimento epitelial
presença das pregas vestibulares (superiores) e das cordas vocais pseudoestratificado ciliado, voltado para a luz. Nódulos linfáticos são
(inferiores). particularmente evidentes nos locais de ramificação dos brônquios
intrapulmonares.
TRAQUEIA
Ao entrarem nos lobos pulmonares, os brônquios secundários subdividem-se
nos brônquios terciários ou segmentares, os quais se arborizam e vão para
A traqueia é um tubo de aproximadamente 12 cm de comprimento que
uma seção definida de tecido pulmonar denominada segmento
começa na cartilagem cricoide da laringe e termina ao se bifurcar formando
broncopulmonar. Os ramos dos brônquios terciários se arborizam,
os dois brônquios primários ou principais (direito e esquerdo). O ponto de
diminuem de tamanho e tornam-se bronquíolos.
bifurcação da traqueia é chamado de carina. A traqueia tem três camadas:
mucosa, submucosa e adventícia. Na camada adventícia, existem anéis em C
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Os bronquíolos são considerados como sendo a 10ª a 15ª gerações de As duas principais funções da respiração são captar para oferecer aos tecidos
ramificações da árvore brônquica. Eles não possuem cartilagem em sua e remover o dióxido de carbono. Para isso, a respiração pode ser dividida
parede e sua lâmina própria não possui glândulas. em quatro grandes eventos: a ventilação pulmonar; a difusão de O 2 e CO2
entre alvéolos e sangue; o transporte de O2 e CO2; e a regulação da
BRONQUÍOLOS TERMINAIS ventilação.
Os bronquíolos terminais formam a região menor e mais distal da porção A ventilação pulmonar é o movimento do ar entre a atmosfera e os alvéolos
condutora do sistema respiratório. Eles se ramificam dando origem aos pulmonares, que se dá por meio da diferença de pressão entre os dois
bronquíolos respiratórios. ambientes através de características elásticas próprias do tecido pulmonar e
da contração muscular esquelética.
BRONQUÍOLOS RESPIRATÓRIOS
MÚSCULOS DA RESPIRAÇÃO
Os bronquíolos respiratórios são a primeira região do sistema respiratório
em que pode ocorrer troca gasosa. Sua estrutura é semelhante à dos Os pulmões são contraídos e expandidos de duas maneiras: pelo movimento
bronquíolos terminais, mas sua parede está interrompida pelos alvéolos, nos do diafragma para baixo e para cima alongando ou encurtando a cavidade
quais pode haver troca de O2 por CO2. Após ramificar-se várias vezes, cada torácica; e pela elevação ou depressão das costelas aumentando e
bronquíolo respiratório termina em um duto alveolar, que é um arranjo diminuindo o diâmetro ântero-posterior e transversal da cavidade torácica.
linear de alvéolos.
Quando o diafragma se contrai na inspiração, ele é rebaixado, aumentando o
ALVÉOLOS diâmetro supero-inferior e diminuindo a pressão intra-torácica, favorecendo
a entrada do ar. Na expiração, o diafragma relaxa e move-se para cima,
Os alvéolos são pequenos sacos constituídos por pneumócitos tipo I e diminuindo o volume da cavidade torácica e aumentando a pressão,
pneumócitos tipo II. Eles constituem a unidade estrutural e funcional favorecendo a saída do ar. A inspiração tanto no indivíduo em repouso
primária do sistema respiratório, pois suas paredes delgadas possibilitam a quanto na respiração intensa é um processo ativo. A expiração no repouso é
troca de CO2 por O2 entre o ar na sua luz e o sangue dos capilares adjacentes. um processo majoritariamente passivo (relaxamento do diafragma), mas a
A região entre dois alvéolos adjacentes é denominada septo interalveolar, o expiração forçada inclui esse mecanismo passivo e a atuação de forma ativa
qual contém um extenso leito capilar. de outros músculos que auxiliam na ventilação, chamados de músculos
acessórios da respiração.
Em repouso, as costelas ficam inclinadas para baixo e o esterno se projeta contraídas, estado ao qual tendem a retornar quando os pulmões estão
posteriormente. Na inspiração forçada, a elevação da caixa torácica provoca expandidos, com as fibras elasticamente alongadas.
a projeção anterior do gradil costal deslocando o esterno no mesmo sentido
(afastando-se da coluna vertebral), de forma que há aumento do diâmetro A tensão superficial dos alvéolos resulta das forças de atração entre as
ântero-posterior do tórax em 20% (inspiração máxima em relação à moléculas de líquido que os revestem internamente; e é responsável por 2/3
expiração). Todos os músculos que elevam a caixa torácica são inspiratórios: das forças elásticas totais. Quando se forma uma interface entre água e ar, as
intercostais externos, auxiliados por esternocleidomastoideo, serrátil moléculas de água situadas na superfície têm atração especialmente forte
anterior e escaleno. Os músculos que deprimem a caixa torácica são os umas pelas outras. Nos alvéolos, a superfície de água também está tentando
expiratórios: retos abdominais e intercostais internos. se contrair (princípio da tensão superficial), o que tende a forçar o ar para
fora dos alvéolos, através dos brônquios e, assim, fazer com que os alvéolos
PRESSÕES PULMONARES entrem em colapso. Quanto menores forem os alvéolos, maior será a força de
colapso.
O pulmão é uma estrutura elástica que só se prende ao mediastino por meio
O surfactante é um agente tensoativo que não se dissolve uniformemente na
de seu hilo, mas não se fixa às paredes torácicas. Na ausência de força
água, espalhando-se sobre ela. O surfactante é sintetizado pelos pneumócitos
contrária, ele expulsará o ar.
tipo II e consiste principalmente no fosfolipídio dipalmitoilfosfatidilcolina
O movimento do ar tem relação direta com a pressão pleural, que é a (DPPC). O surfactante reveste internamente os alvéolos e reduz a tensão
pressão do líquido existente no espaço entre a pleural visceral e a pleura superficial ao romper as forças intermoleculares do líquido interalveolar.
parietal. Como existe um ligeiro grau de sucção deste líquido pelos canais
linfáticos, essa pressão é ligeiramente negativa. Durante a inspiração, essa RELAÇÕES ENTRE PRESSÃO, FLUXO DE AR E RESISTÊNCIA
pressão diminui de - 5 cmH2O para - 7,5 cmH2O, evento que contribui para a
entrada do ar. Na expiração, ocorre o oposto. As relações entre pressão, fluxo de ar e resistência são análogas às relações
entre PA, fluxo sanguíneo e resistência no sistema cardiovascular. O fluxo de
A pressão alveolar é a pressão no interior dos alvéolos. Quando a glote está ar é impulsionado pela diferença de pressão e é inversamente proporcional à
aberta e não há entrada e nem saída de ar dos pulmões, as pressões em resistência das vias respiratórias. O principal local de resistência das vias
todas as partes dos pulmões, incluindo os alvéolos, são iguais à pressão respiratórias são os brônquios de calibre médio.
atmosférica. Para que o ar entre nos alvéolos, durante a inspiração, a
pressão interalveolar deve cair para valor ligeiramente menor à P atm. Uma vez que a inspiração é ativa e a expiração é normalmente passiva, pode-
se dizer que só há trabalho na inspiração, considerando um indivíduo em
A pressão transpulmonar é a diferença entre a pressão alveolar e a pressão repouso. O trabalho inspiratório pode ser dividido em três partes: trabalho
pleural, ou seja, é a diferença entre a pressão nos alvéolos e na superfície da complacência ou trabalho elástico, que é o trabalho necessário para
externa dos pulmões. Ela fornece uma medida das forças elásticas nos vencer as forças elásticas dos pulmões e do tórax; trabalho da resistência
pulmões que tendem a produzir colapso dos pulmões a cada momento da tecidual, que é o trabalho necessário para vencer a viscosidade do pulmão e
respiração, a chamada pressão de retração. das estruturas da parede torácica; e trabalho da resistência ao fluxo de ar
pelas vias respiratórias. No repouso, maior trabalho é o usado para vencer a
COMPLACÊNCIA complacência e a resistência dos tecidos. Na respiração intensa, mais
trabalho é exigido para vencer a resistência nas vias respiratórias.
A complacência dos pulmões refere-se ao grau de expansão dos pulmões que
ocorre para cada unidade de aumento da pressão transpulmonar, ou seja, a Na respiração normal, cerca de 3 a 5% da energia total do corpo é
distensibilidade dos pulmões e da parede torácica. É a mudança de volume necessária. No exercício, a quantidade de energia pode chegar a ser 50 vezes
em consequência de determinada alteração da pressão As características da maior. Portanto, uma das principais limitações à intensidade do exercício
complacência são determinadas pelas forças elásticas dos pulmões que que uma pessoa pode executar consiste na sua capacidade de fornecer
podem ser divididas em dois grupos: as forças elásticas do próprio tecido energia suficiente aos músculos apenas para o processo respiratório.
pulmonar; e a força elástica da tensão superficial do líquido alveolar.
CICLO RESPIRATÓRIO que se movimenta pelas vias aéreas a cada minuto. Um indivíduo
pode viver por um curto período de tempo com volume-minuto
Antes de a inspiração começar: a pressão alveolar é igual à de apenas 1,5 L/min e FR de 2 a 4 irpm. Se a FR se eleva para 40
pressão atmosférica e o volume pulmonar é igual à CRF. A a 50 irpm e o volume corrente ficar tão grande quanto a
pressão intrapleural é negativa. capacidade vital (4600 ml), o volume-minuto será superior a 200
Durante a inspiração: os músculos respiratórios se contraem, L/min, 30 vezes maior que o normal. A maioria das pessoas não
causando aumento do volume do tórax e diminuição da pressão consegue sustentar mais da metade a dois terços desses valores
alveolar para um valor menor que a pressão atmosférica, por mais de um minuto. VMR = VC x FR
provocando o fluxo de ar para dentro dos pulmões. A pressão Espaço morto anatômico: é o volume das vias respiratórias de
intrapleural torna-se mais negativa. condução e normalmente corresponde a cerca de 150 ml.
Durante a expiração: a pressão alveolar torna-se maior que a Espaço morto fisiológico: é o volume dos pulmões que não
pressão atmosférica, causando a saída do ar. A pressão participa na troca gasosa. É aproximadamente igual ao espaço
intrapleural retorna a seu valor de repouso durante a expiração morto anatômico nos pulmões normais, mas pode ser maior em
normal, mas na expiração forçada ela se torna positiva. O volume certas doenças pulmonares.
pulmonar retorna à CRF. Ventilação alveolar por minuto: é o volume total de ar fresco que
penetra nos alvéolos e áreas adjacentes de trocas gasosas a cada
VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES minuto. VA = FR x (VC – volume do espaço morto).
Os volumes pulmonares referem-se à quantidade de ar que entra ou sai dos As capacidades pulmonares são a combinação de dois ou mais volumes
pulmões. pulmonares.
Volume corrente (VC): é o volume de ar inspirado ou expirado em Capacidade inspiratória: refere-se à quantidade de ar (3500 ml)
cada incursão respiratória normal; seu valor é cerca de 500 ml. que a pessoa pode inspirar, começando no nível expiratório
Volume de reserva inspiratório (VRI): é o volume máximo de ar normal e distendendo ao máximo os pulmões. CI = VC + VRI
adicional que pode ser inspirado além do volume corrente Capacidade residual funcional (CRF): refere-se á quantidade de ar
normal; em geral é igual a cerca de 3000 ml. É utilizado durante (2300 ml) que permanece nos pulmões ao final da expiração
o exercício físico. funcional. CRF = VRE + VR
Volume de reserva expiratório (VRE): é o volume máximo de ar Capacidade vital (CV): refere-se à quantidade máxima de ar que a
adicional que pode ser eliminado por expiração forçada, após o pessoa pode expelir dos pulmões após enchê-los ao máximo e,
término da expiração corrente normal; em condições normais é em seguida, expirar completamente (4600 ml). CV = VRI + VC
cerca de 1100 ml. +VRE
Volume residual (VR): é o volume de ar que permanece nos Capacidade pulmonar total (CPT): refere-se ao volume máximo
pulmões após esforço expiratório máximo; em média, é igual a que os pulmões podem alcançar com o maior esforço possível
1200 ml. O VR não pode ser medido na espirometria e é o que (5800 ml). CPT = CV + VR
impede o colabamento dos pulmões.
Volume minuto respiratório (VMR): é a quantidade total de ar Todos os volumes e capacidades pulmonares são cerca de 20 a 25% menores
em mulheres que em homens, além de serem maiores em pessoas de grande
porte e de porte atlético do que em pessoas de pequeno porte e sedentárias. mais baixo; passando às partes mais baixas, esse fluxo aumenta
progressivamente, atingindo um pico próximo à base e diminuindo um
CIRCULAÇÃO PULMONAR pouco nas bases.
O volume sanguíneo dos pulmões é igual a cerca de 450 ml (9% do sangue Sob diferentes condições pulmonares, qualquer uma das três zonas ou
corporal), dos quais 70 ml encontram-se nos capilares pulmonares e o padrões de fluxo pulmonar pode ser encontrada.
restante é dividido entre veias e artérias. Os pulmões possuem uma
quantidade variável de reservatório de sangue, que varia desde a metade até Zona 1: ausência de fluxo sanguíneo durante todas as partes do
o dobro do normal, por causas fisiológicas ou patológicas. ciclo cardíaco. Essa zona ocorre quando a PA sistólica pulmonar
é muito baixa ou quando a pressão alveolar é muito alta para
O pulmão tem duas circulações. A circulação de alta pressão e fluxo baixo permitir o fluxo.
supre a traqueia, a árvore brônquica, os tecidos de sustentação do pulmão e Zona 2: fluxo sanguíneo intermitente (intermediário). Ocorre
as camadas externas dos vasos sanguíneos, artérias e veias com sangue durante os picos da PA pulmonar porque a pressão sistólica é
arterial sistêmico. As artérias brônquicas, que são ramos da artéria torácica, maior que a pressão do ar alveolar, mas a pressão diastólica é
suprem a maior parte de sangue arterial sistêmico, com pressão um pouco menor.
menor que a aórtica. A circulação de baixa pressão e fluxo elevado leva Zona 3: fluxo sanguíneo contínuo. A pressão capilar alveolar
sangue venoso de todas as partes do corpo para os capilares alveolares, o permanece mais alta que a pressão do ar alveolar durante todo o
local das trocas gasosas. O sangue permanece nos capilares pulmonares, em ciclo cardíaco.
situações normais, por cerca de 0,8 segundo, podendo diminuir para 0,3
segundo quando o DC aumenta. A artéria pulmonar e seus ramos levam Durante o exercício, as pressões vasculares pulmonares aumentam o
sangue para os capilares alveolares e as veias pulmonares levam o sangue suficiente para converter os ápices pulmonares de padrão zona 2 para
para o AE. Os vasos linfáticos estão presentes em todo o tecido do pulmão e padrão de fluxo zona 3. No exercício intenso, o fluxo sanguíneo aumenta de
cursam sobretudo em direção ao ducto linfático torácico direito. quatro a sete vezes e é acomodado pelos pulmões mediante os seguintes
mecanismos: aumento do número de capilares abertos; distensão de todos os
O fluxo de sangue pelos pulmões é essencialmente igual ao débito cardíaco e capilares e aumento da velocidade de fluxo; e aumento da pressão arterial
é controlado pelos mesmos fatores que controlam o DC. Quando a pulmonar.
concentração de oxigênio no ar dos alvéolos cai abaixo do normal, os vasos
sanguíneos adjacentes se contraem, aumentando a resistência vascular, ao REFERÊNCIAS
contrário do que acontece na circulação sistêmica, em que a baixa de O2
causa vasodilatação. Isso acontece para que o sangue seja direcionado para CONSTANZO, Linda S. Fisiologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
onde ele seja mais eficiente, ou seja, para as áreas do pulmão mais bem
GARTNER, Leslie P.; HIATT, James L. Tratado de Histologia em cores. 3
aeradas.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
Problema 3.2
OBJETIVOS
HEMATOSE maior em área que outra, haverá difusão efetiva da área de alta pressão para
a área de baixa pressão. Ou seja, a diferença de pressão causa difusão. A
As trocas gasosas no sistema respiratório referem-se à difusão de O2 e de CO2 difusão efetiva do gás da área de alta pressão para a área de baixa pressão é
nos pulmões e nos tecidos periféricos, respeitando as características igual ao número de moléculas que se move nessa direção menos o número
químicas e físicas dos gases, bem como os fatores relacionados à condição de moléculas que se move na direção oposta.
atual do indivíduo (saúde, doença, repouso, exercício). Os mecanismos das
trocas gasosas são baseados nas propriedades fundamentais dos gases e LEI DE FICK
incluem seu comportamento quando em solução.
Além da diferença de pressão, a solubilidade de gás no líquido, a área de
corte transversal do líquido, a distância pela qual o gás precisa se difundir,
LEIS DOS GASES
o peso molecular do gás e a temperatura do líquido influem na difusão
gasosa em líquido.
LEI DE BOYLE
Pela lei de Fick, temos que VX = (D x A xΔP) / ΔX, sendo que VX é o
É um caso especial da lei geral dos gases. Ela estabelece que, para uma
volume de gás transferido, por unidade de tempo; D, o coeficiente de difusão
determinada temperatura, o produto da pressão pelo volume, para um gás, é
do gás; A, a área da superfície; ΔP a diferença de pressão parcial do gás; e
constante: P1V1 = P2V2
ΔX a espessura da membrana. Ressalta-se que a força propulsora, para a
LEI DE DALTON difusão de um gás, é a diferença de pressão parcial do gás, não a diferença
de concentração. O coeficiente de difusão de um gás é uma combinação do
A pressão é diretamente proporcional à concentração das moléculas de gás. coeficiente de difusão usual, que depende do peso molecular, com a
Na fisiologia respiratória, lidamos com misturas de gases, sobretudo O 2, N2 e solubilidade do gás.
CO2. A pressão parcial de um gás, em uma mistura de gases, é a pressão que
esse gás iria exercer se ocupasse todo o volume da mistura. As pressões AR ALVEOLAR X AR ATMOSFÉRICO
parciais de cada gás dissolvido na água ou nos tecidos corporais são
designadas da mesma forma que as pressões parciais no estado gasoso. O ar alveolar guarda várias diferenças em relação ao ar atmosférico, as quais
podem ser explicadas pelas seguintes razões:
Segundo a lei das pressões parciais (lei de Dalton), a soma das pressões
parciais de todos os gases, em uma mistura, é igual à pressão total da Umidificação do ar nas vias respiratórias. O vapor d’água dilui
mistura (pressão barométrica). Assim, temos que PX = (PB – PH2O) x F, todos os gases no ar inspirado, diluindo também a pressão
sendo PX a pressão parcial do gás; PB, a pressão barométrica; PH2O, a pressão parcial do O2 e do N2.
do vapor d’água a 37 °C (47 mmHg); e F, a concentração fracional do gás. Intensidade com que o ar alveolar é renovado pelo ar
atmosférico. O volume do ar alveolar substituído por ar
LEI DE HENRY atmosférico novo a cada respiração é de apenas um sétimo do
total. Isso é importante para evitar mudanças repentinas nas
A lei de Henry é usada para a conversão da pressão parcial de um gás, na
concentrações de gases no sangue, tornando o controle do
fase líquida, na concentração do gás no líquido. No equilíbrio, a pressão
mecanismo respiratório mais estável.
parcial de um gás, na fase líquida, é igual à sua pressão parcial, na fase
Concentração de oxigênio e pressão parcial nos alvéolos. Esses
gasosa. Cabe ressaltar que a concentração de um gás em solução só se aplica
fatores são controlados pela intensidade de absorção de oxigênio
ao gás que esteja livre na solução, não incluindo qualquer gás que esteja
pelo sangue e pela intensidade de entrada de novo oxigênio nos
presente em forma fixa. Assim, para o sangue: CX = PX x solubilidade, sendo
pulmões pelo processo ventilatório.
CX a concentração do gás dissolvido (ml de gás / 100 ml de sangue); PX, a
Concentração e pressão parcial de CO2 nos alvéolos. Assim como
pressão parcial do gás (mmHg) ; e solubilidade, a solubilidade do gás no
no tocante ao oxigênio, esses fatores são controlados pela
sangue (ml de gás / 100 ml de sangue / mmHg).
intensidade de absorção e de excreção do gás.
DIFUSÃO
MEMBRANA RESPIRATÓRIA
A transferência de gases, através de membranas celulares ou das paredes
Todas as membranas que o ar precisa atravessar para realizar troca gasosa
capilares ocorre por difusão simples. Quando a pressão parcial do gás é
são coletivamente denominadas membrana respiratória. Elas são:
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FUNÇÕES BIOLÓGICAS 2019
TRANSPORTE DE GASES
TRANSPORTE DO OXIGÊN IO
98% do conteúdo de O2 do sangue é transportado pelo corpo acoplado de Essa diferença de afinidade também ajuda a explicar por que o O 2 é
forma reversível à hemoglobina, no interior das hemácias. A Hb é uma carregado para o sangue capilar pulmonar e descarregado do sangue capilar
proteína globular com quatro subunidades, encontrada apenas nas sistêmico: nos pulmões, a cooperatividade positiva é máxima, ao passo que
hemácias, cuja função é transportar O2 dos pulmões até os capilares dos nos tecidos a hemoglobina está apenas 75% saturada e a afinidade por O 2
tecidos. Cada subunidade contém um radical heme (um complexo de está diminuída, o que facilita a descarga de O2 para os tecidos.
protoporfirina IX e ferro, o qual está preso no centro da molécula do heme)
e uma cadeia polipeptídica denominada alfa ou beta. A hemoglobina adulta Uma série de fatores pode deslocar a curva de saturação oxigênio-
ou hemoglobina A é também conhecida como alfa2beta2, pois contém duas hemoglobina para a direita ou para a esquerda. Esses desvios refletem
cadeias alfa e duas beta. Cada subunidade pode fixar uma molécula de O 2, de alterações da afinidade da Hb pelo O2. Os desvios para a direita ocorrem
forma que uma Hb pode transportar quatro moléculas de O2. Para as quando há menor afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, o que facilita a
subunidades possam fixar O2, o ferro nos radicais heme deve estar no estado descarga de O2 para os tecidos. Os desvios para a esquerda ocorrem quando
ferroso (Fe2+). há aumento da afinidade da hemoglobina pelo O2, tornando a descarga de O2
para os tecidos mais difícil.
CURVA DE DISSOCIAÇÃO OXIGÊNIO-HEMOGLOBINA
que o normal estão disponíveis para suprir as necessidades de oxigênio do TRANSPORTE DO CO2 COMO ÍON BICARBONATO
organismo. Níveis elevados de 2,3-BPG diminuem a afinidade da
hemoglobina pelo oxigênio, possibilitando uma descarga maior de O 2 nos O CO2 no sangue reage com a água formando ácido carbônico (H2CO3-), reação
capilares dos tecidos. catalisada pela anidrase carbônica. Em seguida, o ác. carbônico se dissocia
em íons hidrogênio (H+) e em íons bicarbonato (H2CO3-), Grande parte dos
O monóxido de carbono (CO) liga-se fortemente ao ferro da hemoglobina, íons hidrogênio se combina com a hemoglobina nas hemácias, pois a
formando carboxiemoglobina (HbCO). Quando o CO se liga a um ou mais dos hemoglobina é um poderoso tampão ácido-básico. Por sua vez, grande parte
quatro grupos heme, a Hb muda sua conformação, de modo que os grupos dos íons bicarbonato se difunde das hemácias para o plasma, enquanto íons
remanescentes se ligam ao O2 com maior afinidade. Por conseguinte, a Hb cloreto (Cl-) se difundem para as hemácias, tomando seu lugar. Isso é
torna-se incapaz de liberar O2 para os tecidos. O envenenamento por CO é possibilitado pela presença da proteína carreadora de bicarbonato-cloreto,
tratado com terapia hiperbárica de oxigênio, que facilita a dissociação do CO na membrana das hemácias, que lança esses dois íons em direções opostas
da hemoglobina. muito rapidamente. Assim, o conteúdo de cloreto das hemácias venosas é
maior que o das hemácias arteriais, o que é conhecido como desvio do
A hemoglobina fetal (hemoglobina F) é composta por duas cadeias alfa e
cloreto.
duas cadeias gama (alfa2gama2). Ela é a principal hemoglobina encontrada
no feto e no recém-nascido. A síntese hemoglobina A inicia na medula óssea O ácido carbônico reduz o pH do sangue. Entretanto, a reação desse ácido
a partir do oitavo mês de gestação e substitui gradualmente a Hb F. Em com os tampões ácido-básicos do sangue evita que a concentração de H+
condições fisiológicas, a Hb F possui uma afinidade maior por oxigênio que aumente muito, o que faria com que o pH caísse demais.
a Hb A, porque se liga apenas fracamente ao 2,3-BPG, cuja função é diminuir
a afinidade da Hb ao O2. A maior afinidade da Hb F pelo O2 em comparação Cerca de 70% do carbono transportado dos tecidos para os pulmões se
com a Hb A facilita a transferência de oxigênio da circulação materna para combina reversivelmente com água nas hemácias. Quando um inibidor da
as hemácias do feto através da placenta. anidrase carbônica (acetazolamida) é administrado a um animal para
bloquear a ação da enzima, o transporte de CO2 fica muito deficiente.
TRANSPORTE DO DIÓXIDO DE CARBONO
CARBAMINOEMOGLOBINA
O CO2 é transportado pelo sangue sob três formas: dissolvido, como
carabaminoemoglobina (CO2 ligado à Hb) e como bicarbonato (HCO3-). Além de reagir com a água, o CO2 reage diretamente com radicais amina da
Dessas formas, o bicarbonato é quantitativamente mais importante. molécula de hemoglobina, formando carbaemoglobina (CO2HgB). Essa
combinação é uma reação reversível que ocorre com elo fraco, de modo que
o dióxido de carbono é facilmente liberado para os alvéolos, onde a PCO 2 é encefálico. Há quatro componentes nesse sistema: quimioceptores para O 2 e
menor do que nos capilares pulmonares. H+ (CO2); mecanorreceptores nos pulmões e nas articulações; centros
controladores da respiração no tronco encefálico (bulbo e ponte); e os
CURVA DE DISSOCIAÇÃO DO CO 2 músculos respiratórios, cuja atividade é controlada pelos centros do tronco
encefálico. Além disso, comandos voluntários podem ser exercidos pelo
córtex cerebral.
CENTRO INSPIRATÓRIO
CENTRO APNÊUSTICO
CENTRO PNEUMOTÁXICO
CÓRTEX CEREBRAL
QUIMIOCEPTORES
Problema 4.1
5) Esse estímulo sinaliza o centro inspiratório para causar
hiperventilação.
QUIMIOCEPTORES PERIFÉRICOS
OBJETIVOS
Nos corpos carotídeos e nos corpos aórticos existem quimioceptores
periféricos para O2, CO2 e H+. Informação sobre a PO2, a PCO2 e o pH arteriais 1) Descrever a anatomia e a histologia do sistema urinário.
é transmitida para o centro inspiratório bulbar por meio dos NC IX e NC X. A 2) Identificar os principais exames de avaliação da função renal.
diminuição da PO2, o aumento da PCO2 e a redução do pH nas artérias são 3) Descrever o que é a urina, sua composição e formação.
detectadas pelos quimioceptores periféricos, produzindo aumento do ritmo 4) Analisar a regulação do sistema renal.
respiratório. 5) Descrever o fluxo sanguíneo renal e a filtração glomerular.
6) Relacionar edema, hipertensão e sistema renal.
OUTROS RECEPTORES
ANATOMIA E HISTOLOGIA
Receptores pulmonares de estiramento: são mecanorreceptores
localizados no músculo liso das vias aéreas. Quando estimulados, O sistema urinário é formado pelos rins, ureteres, bexiga e uretra.
causam redução reflexa do ritmo respiratório (reflexo de Hering-
Breuer).
Receptores musculares e articulares: mecanorreceptores situados
nas articulações e nos músculos detectam o movimento para
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formam o labirinto cortical; e estrias longitudinais, os raios medulares. nos capilares glomerulares resulta na filtração rápida de líquidos e
eletrólitos; ao passo que a pressão hidrostática mais baixa nos capilares
peritubulares permite sua rápida reabsorção.
Os capilares peritubulares se esvaziam nos vasos do sistema venoso que
circulam paralelamente aos vasos arteriolares. Os vasos do sistema venoso
progressivamente formam a artéria interlobular, a veia arqueada, a veia
interlobar e a veia renal, que é tributária da VCI.
TÚBULO URINÍFERO
Os rins são irrigados pelas artérias renais, as quais entram no hilo e se NÉFRON
ramificam em artérias interlobares, artérias arqueadas, artérias
interlobulares ou radiais, e arteríolas aferentes, que terminam em capilares Há dois tipos de néfrons, segundo a localização dos seus corpúsculos renais
glomerulares. As extremidades distais dos capilares glomerulares coalescem e do comprimento da alça de Henle: os néfrons corticais, mais curtos; e os
para formar a arteríola aferente, que forma segunda rede de capilares, os néfrons justamedulares, mais longos, cujo corpúsculo renal está situado no
capilares peritubulares, que circundam os túbulos renais. A circulação córtex e cujas partes tubulares estão localizadas na medula. As partes que
renal é única, visto que tem dois leitos capilares. A alta pressão hidrostática constituem o néfron estão modificadas para executar funções fisiológicas
específicas. O corpúsculo renal, com o glomérulo associado a ele, forma um permeabilidade do endotélio glomerular, o que pode ser causado por lesão
fluido filtrado sob pressão do sangue. As partes subsequentes do néfron vascular, hipertensão, envenenamento por mercúrio e exposição a toxinas
modificam o filtrado formando a urina. bacterianas.
O corpúsculo renal é composto por um tufo de capilares, o glomérulo, que O espaço de Bowman drena para o túbulo proximal no polo urinário. Este
está invaginado dentro da cápsula de Bowman, a extremidade proximal, túbulo possui duas regiões: o túbulo contorcido proximal ou pars convoluta
dilatada e em forma de bolsa. O espaço dentro da cápsula de Bowman é e o ramo espesso descendente da alça de Henle ou pars recta. Cerca de 67%
chamado de espaço urinário ou espaço de Bowman. a talvez 80% do sódio, cloreto (Cl=) e água são reabsorvidos do ultrafiltrado
glomerular e transportados para o estroma do tecido conjuntivo pelas
GLOMÉRULO células do túbulo proximal. O sódio é bombeado ativamente para fora da
célula ao nível das membranas plasmáticas basolaterais por uma bomba de
O glomérulo é irrigado pela arteríola glomerular aferente e drenado pela sódio associada a um sódio potássio adenosina trifosfatase (Na +/K+
arteríola glomerular eferente; portanto, seu leito capilar é totalmente ATPase). O sódio (Na+) é acompanhado pelo cloreto a fim de manter a
arterial. A região na qual os vasos entram e saem do glomérulo é o polo neutralidade elétrica, e pela água, para manter o equilíbrio osmótico.
vascular; a região na qual há continuação do corpúsculo renal com o túbulo
proximal é o polo urinário. O glomérulo é formado por vários tufos de RAMOS FINOS DA ALÇA DE HENLE
capilares anastomosados originados de ramos da arteríola glomerular
aferente. As células dos capilares do glomérulo são endoteliais com grandes Os segmentos delgados ou ramos finos da alça de Henle possuem três
poros, que agem como uma barreira para os elementos figurados do sangue. regiões: o ramo fino descendente, a alça de Henle e o ramo fino ascendente.
O ramo fino descendente é altamente permeável à água devido à presença de
numerosos canais de aquaporina-1; ele é razoavelmente permeável à ureia,
sódio, cloreto e outros íons. A principal diferença entre os ramos finos
ascendentes e descendentes é que os ramos finos ascendentes são apenas
moderadamente permeáveis à água.
TÚBULO DISTAL
Como acontece nos capilares sanguíneos, as pressões que provocam o As arteríolas aferentes e eferentes são inervadas por fibras nervosas
movimento do líquido pelos capilares glomerulares são as pressões de simpáticas e a vasoconstrição de qualquer um dos dois grupos aumenta a
Starling ou forças de Starling. Teoricamente, existem quatro pressões de resistência vascular renal e, por conseguinte, reduz o FSR. Por exemplo,
Starling, duas hidrostáticas (uma no sangue capilar e uma no líquido numa resposta à hemorragia, há perda de volume sanguíneo com
intersticial) e duas pressões oncóticas (uma no sangue capilar e uma no consequente queda na PA. Assim, a estimulação simpática aos receptores
líquido intersticial). Quando essas pressões são aplicadas aos capilares alfa 1 adrenérgicos nas arteríolas aferentes provoca vasoconstrição,
glomerulares, existem duas modificações: o espaço urinário é considerado aumentando a resistência e diminuindo o FSR e a FG. A desidratação ou
análogo ao líquido intersticial e sua pressão oncótica é considerada zero, fortes estímulos emocionais, como o medo e a dor, ativam os nervos
visto que a filtração de proteínas é desprezível. simpáticos. A renalase, um hormônio metabolizador de catecolaminas,
produzido pelos rins, facilita a degradação dessas substâncias.
A pressão hidrostática nos capilares glomerulares favorece a filtração. A
pressão hidrostática no espaço urinário se opõe a filtração. A pressão ÓXIDO NÍTRICO
oncótica nos capilares glomerulares favorece a filtração. A pressão efetiva de
ultrafiltração, a força propulsora, é a soma algébrica das três pressões de O NO, o fator de relaxamento derivado do endotélio, é um importante
Starling. Quanto maior for a pressão efetiva de ultrafiltração, maior será a vasodilatador, em condições basais, contrabalançando a vasoconstrição
intensidade da filtração glomerular. A única pressão que varia é a pressão provocada pela angiotensina II e pelas catecolaminas. Quando ocorre
oncótica do sangue nos capilares glomerulares. O sangue capilar peritubular aumento do fluxo, as células endoteliais das arteríolas são submetidas a
terá, consequentemente, pressão oncótica, que se torna força propulsora maiores forças de cisalhamento, o que aumenta a produção de NO. Além
para a reabsorção no túbulo proximal do néfron. disso, diversos hormônios vasoativos, como a acetilcolina, a histamina, a
bradicinina e o ATP, facilitam a liberação de NO, pelas células endoteliais. O
aumento da produção de NO provoca dilatação das arteríolas aferente e
eferente dos rins. Enquanto níveis elevados de NO reduzem a resistência
periférica total, a inibição da produção de NO aumenta a resistência
periférica total.
ANGIOTENSINA II
que poderia causar insuficiência renal. Os anti-inflamatórios não esteroidais causa aumento da resistência arteriolar aferente. Isso contrabalança o
(AINEs), como aspirina e ibuprofeno, inibem a síntese das prostaglandinas. aumento da PA, mantendo o FSR constante.
Assim, a administração de tais fármacos durante a isquemia renal e o
choque hemorrágico é contraindicada, pois, por bloquearem a produção de O feedback tubuloglomerular funciona da seguinte maneira: quando há
prostaglandinas, reduzem o FSR e aumentam a isquemia renal. aumento da PA, o FSR e a FG também aumentam. O aumento da FG resulta
em chegada aumentada de soluto e de água á região da mácula densa, no
BRADICININA início do túbulo distal, que detecta algum componente da carga aumentada
que chega. A mácula densa é parte do aparelho justagloomerular responde a
A calicreína é enzima proteolítica produzida pelos rins, que cliva o esse estímulo secretando uma substância vasoativa, que contrai as arteríolas
cininogênio em bradicinina circulantes, que é vasodilatador que atua aferentes e reduz o FSG e a FG de volta a seus níveis normais.
estimulando a liberação de NO e prostaglandinas, aumentando o FSR. A ECA
degrada a bradicinina, inativando-a, e transforma a angiotensina I,
hormônio inativo, em angiotensina II, que é ativa. Assim, a ECA aumenta os
níveis de angiotensina II e reduz os de bradicinina. Os fármacos chamados
inibidores da ECA (penalapril, captopril), que reduzem a pressão arterial
sistêmica, em pacientes com hipertensão, diminuem os níveis de
angiotensina II e elevam os de bradicinina. Esses dois efeitos reduzem a
resistência vascular sistêmica, a pressão arterial e a resistência vascular
renal, aumentando o FSR.
ENDOTELINA
A inulina é uma substância que obedece a esses critérios, pois seu clearance
Acredita-se que na autorregulação renal a resistência seja regulada é exatamente igual à intensidade de filtração glomerular (FG). A inulina é
primariamente em nível das arteríolas aferentes. As principais teorias um polímero de frutose não produzido pelo corpo humano e encontrado nas
explicativas da autorregulação do FSR dependem do mecanismo miogênico e raízes de certas plantas. Sua administração intravenosa pode ser útil para a
do feedback tubuloglomerular. medida da filtração glomerular. Por essas razões, a inulina é uma substância
de referência, chamada de marcador glomerular. Além da inulina, podem
A hipótese miogênica propõe que aumento da pressão na artéria renal estira
as paredes das arteríolas aferentes, que respondem com contração, o que
Letícia Teixeira Guimarães
Turma 73
FUNÇÕES BIOLÓGICAS 2019
REFERÊNCIAS
KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A. Berne & Levy Fisiologia. 6. ed. MECANISMOS DE TRANSPORTE
Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
Para que a substância seja reabsorvida, ela deve primeiramente ser
NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 6 ed. Rio de Janeiro: transportada através das membranas epiteliais tubulares para o líquido
Elsevier, 2015. intersticial renal e, depois, através da membrana dos capilares
Problema 4.2 peritubulares, retornar ao sangue. Água e solutos podem ser transportados
tanto através das próprias membranas celulares (via transcelular) quanto
através dos espaços juncionais entre as junções celulares (via paracelular).
OBJETIVOS
TRANSPORTE ATIVO
1) Analisar o transporte de íons, água e solutos pelos túbulos
O transporte ativo pode mover o soluto contra gradiente eletroquímico e
renais.
requer energia derivada do metabolismo. O transporte que é acoplado
2) Descrever os mecanismos de ação dos diuréticos.
diretamente à fonte de energia é chamado de transporte ativo primário; e o
transporte que é acoplado indiretamente à fonte de energia é chamado de
REABSORÇÃO E SECREÇÃ O TUBULARES
transporte ativo secundário (exemplo: reabsorção de glicose pelo túbulo
renal). A água é sempre reabsorvida por mecanismo físico passivo (osmose).
Após o filtrado glomerular entrar nos túbulos renais, ele flui pelas porções
sucessivas do túbulo antes de ser excretado como urina. A urina total A importância especial do transporte ativo primário é que ele pode mover
formada representa a soma de três processos renais básicos: excreção solutos contra seu gradiente eletroquímico. Os transportes ativos primários
urinária = filtração glomerular – reabsorção tubular + secreção tubular. conhecidos nos rins incluem a sódio-potássio ATPase, a hidrogênio-sódio
As alterações na reabsorção tubular e na filtração glomerular são ATPase, a hidrogênio-potássio ATPase e a cálcio ATPase.
precisamente coordenadas, de forma que grandes variações na excreção
urinária são evitadas. A reabsorção resultante dos íons Na+ envolve pelo menos três etapas: a
difusão através da membrana luminal para dentro da célula a favor do
gradiente eletroquímico estabelecido pela bomba sódio-potássio ATPase, na
porção basolateral da membrana; o transporte através da membrana
basolateral contra o gradiente eletroquímico pela bomba sódio-potássio
ATPase; reabsorção de sódio, água e outras substâncias para os capilares
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Após a absorção que ocorre através das células epiteliais tubulares para o
líquido intersticial, a água e os solutos são transportados pelo restante do
caminho através das paredes dos capilares peritubulares para o sangue, por
meio de ultrafiltração, a qual é resultante do balanço de forças hidrostáticas
e oncóticas. diuréticos entra no líquido tubular por esse sistema saturável e compete
com os ácidos orgânicos endógenos pela excreção, o que explica, por
TÚBULO PROXIMAL exemplo, a hiperuricemia observada no uso de certos diuréticos. O sistema
secretor de bases orgânicas é responsável pela secreção de creatinina e
Os túbulos proximais têm elevada capacidade para a reabsorção ativa e colina.
passiva. Normalmente, cerca de 65% da carga filtrada de sódio e água e
porcentagem ligeiramente menor de Cl- são reabsorvidos pelo túbulo RAMO DESCENDENTE DA ALÇA DE HENLE
proximal.
A osmolaridade aumenta ao longo da porção descendente da alça de Henle,
Praticamente toda glicose, bicarbonato, aminoácidos e outros metabólitos em decorrência do mecanismo de contracorrente, que é responsável pela
são reabsorvidos nesse trecho. Aproximadamente 2/3 do Na + também são reabsorção de água. Isso resulta em um líquido tubular com uma
reabsorvidos. O cloreto entra no lúmen do túbulo em troca de um ânion, concentração de sal triplicada. Os diuréticos osmóticos exercem parte de sua
como o oxalato, bem como de forma paracelular através do lúmen. A água ação nessa região.
segue passivamente, do lúmen para o sangue, para manter o equilíbrio
osmolar. O Na+ reabsorvido é bombeado para o interstício pela Na +/K+ RAMO ASCENDENTE DA A LÇA DE HENLE
ATPase. A anidrase carbônica na membrana luminal e nas cél. do túbulo
proximal modula a reabsorção do bicarbonato. As células do ramo ascendente da alça de Henle são impermeáveis à água e
essa região é o principal local de reabsorção de sal; portanto, esse é um
Os sistemas de secreção de ácidos e bases orgânicas estão localizados no local de diluição do líquido tubular. A reabsorção ativa de Na +, K+ e Cl- é
túbulo proximal, no terço médio e nos segmentos superior e inferior, mediada por um cotransportador de Na +/K+/2 Cl-. Mg2+ e Ca2+ entram no
respectivamente. O sistema secretor de ácidos orgânicos secreta vários líquido intersticial pela via paracelular.
ácidos, como o ácido úrico, alguns antibióticos e diuréticos, do leito
sanguíneo para o lúmen do túbulo proximal. A maioria dos fármacos
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TÚBULO CONTORCIDO DISTAL A angiotensina II pode ser considerada o hormônio de retenção de sódio
mais potente do organismo. O aumento da formação da angiotensina II
As células do túbulo contorcido distal também são impermeáveis à água. permite a retenção de sódio e água pelos rins, sem causar retenção dos
Cerca de 10% do NaCl filtrado são reabsorvidos por meio de transporte de produtos residuais metabólicos. Sua formação é estimulada pela baixa
Na+/Cl-. A reabsorção de cálcio ocorre pela passagem através de um canal e, pressão sanguínea e/ou por volume de LEC diminuído. A angiotensina II
então, ele é transportado pelo mecanismo de troca Na +/Ca2+ para o líquido possui três efeitos principais:
intersticial. A excreção de Ca2+ é regulada pelo hormônio da paratireoide.
Estímulo à secreção de aldosterona, que aumenta a reabsorção
TÚBULO E DUCTO COLETOR de sódio.
Contração das arteríolas eferentes, o que reduz a pressão
As células principais do túbulo e do ducto coletor são responsáveis pelo hidrostática dos capilares peritubulares, aumentando a
transporte de Na+, K+ e água; e as células intercaladas são responsáveis pela reabsorção tubular efetiva; e
secreção de H+. O sódio entra nas células principais através de canais de reduz o FSR, aumentando a FG, bem como a concentração de
sódio epiteliais. Uma vez dentro da célula, a reabsorção do sódio depende da proteínas e a pressão coloidosmótica nos capilares tubulares, o
Na+/K+ ATPase para ser transportado ao sangue. Os receptores de que aumenta a reabsorção tubular de sódio e água.
aldosterona nas células principais influenciam a reabsorção de Na + e a Estímulo à reabsorção de sódio nos túbulos proximais, nas alças
secreção de K+. de Henle, nos túbulos distais e nos túbulos coletores, por
estimular a sódio-potássio ATPase, a troca de sódio-hidrogênio e
REGULAÇÃO DA REABSORÇÃO TUBULAR o cotransporte de sódio e bicarbonato.
O balanço glomerulotubular refere-se à capacidade intrínseca dos túbulos de A ação renal mais importante do ADH é a de aumentar a permeabilidade à
aumentar sua intensidade de reabsorção quando o influxo tubular aumenta. água dos epitélios do túbulo distal, do túbulo coletor e do ducto coletor. O
A importância desse mecanismo é que ele ajuda a evitar a sobrecarga dos ADH se liga a receptores V2 específicos nesses locais, aumentando a formação
segmentos tubulares distais quando a FG aumenta. de AMPC e ativando proteinocinases. Isso estimula o movimento da proteína
intracelular aquaporina-2 (AQP-2) para o lado luminal das membranas
CONTROLE HORMONAL celulares. As moléculas de AQP-2 se agrupam e se fundem à membrana
celular por exocitose, formando canais para água que permitem a difusão
rápida de água para as células.
ALDOSTERONA
Aumentos crônicos dos níveis de ADH aumentam a formação de AQP-2 pela
A aldosterona é secretada pelas células da zona glomerulosa do córtex
estimulação da transcrição do gene dessa proteína. Quando a concentração
adrenal e é um importante regulador da reabsorção de sódio e da secreção
de ADH diminui, as moléculas de AQP-2 são deslocadas de volta para o
de potássio pelos túbulos renais. A aldosterona estimula a bomba sódio-
citoplasma, removendo, assim, os canais de água da membrana luminal e
potássio ATPase, aumentando a reabsorção de sódio e a secreção de
diminuindo a permeabilidade à água.
potássio. Além disso, ela aumenta a permeabilidade ao sódio da face luminal
da membrana.
HORMÔNIO DA PARATIREOIDE
Os estímulos mais importantes para a aldosterona são a concentração de
A ação principal desse hormônio é aumentar a reabsorção tubular de cálcio,
potássio extracelular aumentada e níveis elevados de angiotensina II. Na
sobretudo nos túbulos distais. O hormônio da paratireoide também inibe a
ausência de aldosterona, como na doença de Addison, ocorre perda
reabsorção de fosfato pelo túbulo proximal e estimula a reabsorção de
acentuada de sódio do corpo e acúmulo de potássio. Inversamente, o excesso
magnésio pela alça de Henle.
de aldosterona, como na síndrome de Conn, ocorre retenção de sódio e
diminuição da concentração plasmática de potássio.
ANGIOTENSINA II
A pressão hidrostática dos capilares peritubulares é influenciada pela PA e Os diuréticos são fármacos que aumentam o fluxo urinário por inibirem os
pelas resistências das arteríolas aferentes e eferentes. Aumentos da PA transportadores renais de íons e diminuírem a reabsorção de Na + em
diferentes partes do néfron. Os principais usos clínicos dos diuréticos são no DIURÉTICOS DE ALÇA OU POTENTES
tratamento de alterações que envolvem a retenção anormal de líquidos
(edema) ou no tratamento da hipertensão, na qual a ação diurética causa A butmetanida, a furosemida, a torsemida e o ácido etacrínico, comparados
uma diminuição do volume de sangue, que diminui a resistência periférica com as outras classes de diuréticos, apresentam a maior eficácia na
e, por conseguinte, baixa a PA. mobilização de Na+ e Cl- do organismo. Os diuréticos de alça inibem o
cotransporte de Na+/K+/2 Cl- na membrana luminal no ramo ascendente da
TIAZÍDICOS E CORRELA TOS alça de Henle, de modo que a reabsorção desses íons diminui. Eles são os
fármacos de escolha para a redução de edema pulmonar agudo da
Os tiazídicos são os fármacos diuréticos mais amplamente utilizados. Eles insuficiência cardíaca. Os diuréticos de alça acompanhados de hidratação são
são derivados da sulfonamida e afetam a região cortical do ramo ascendente úteis no tratamento da hipercalcemia, pois estimulam a excreção tubular de
da alça de Henle e o túbulo distal, diminuindo a reabsorção de Na +. Os Ca2+. Eles também são úteis na hiperpotassemia.
diuréticos tiazídicos causam diurese com aumento da excreção de Na + e Cl-,
o que pode resultar na excreção de uma urina muito hiperosmolar. Como os Os diuréticos de alça atuam rapidamente, mesmo em pacientes com função
tiazídicos aumentam o Na+ no filtrado, mais K+ também é trocado por Na+, renal prejudicada ou em pacientes que não responderam a outros diuréticos.
resultando em perda contínua de K+ do organismo com o uso prolongado Os diuréticos potentes diminuem a resistência vascular renal, aumentam o
desses fármacos. Portanto, é imperativo medir o K+ sérico com frequência FSR e a síntese de prostaglandinas. A furosemida e o ácido etacrínico
para assegurar que não ocorra hipopotassemia. Frequentemente o K+ pode competem com o ácido úrico pelos sistemas secretores biliar e renal,
ser suprido somente pela dieta, com o aumento da ingestão de frutas causando ou agravando os ataques de gota. A audição pode ser afetada pelos
cítricas, bananas e ameixas. Dietas pobres em sódio abrandam a depleção de diuréticos de alça, particularmente quando usados em conjunto com
potássio causada pelos tiazídicos. antibióticos aminoglicosídeos. Os diuréticos de alça causam redução rápida e
grave do volume sanguíneo, com possibilidade de hipotensão, choque e
Os tiazídicos diminuem o conteúdo de Ca2+ na urina por promoverem sua arritmias cardíacas. A elevada oferta de Na + no túbulo coletor causa
reabsorção. Pode ocorrer deficiência de magnésio no uso crônico de aumento da troca de Na+ por K+, podendo induzir hipopotassemia.
tiazídicos. Além disso, esses fármacos aumentam o ácido úrico sérico pela
diminuição da quantidade de ácido excretado pelo sistema secretor de ácido DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO
orgânico.
Os diuréticos poupadores de potássio atuam no túbulo coletor inibindo a
Há muito tempo os tiazídicos (clorotiazida, hidroclorotiazida) têm sido a
reabsorção de Na+ e a excreção de K+. A espironolactona deve ser evitada
principal medicação anti-hipertensiva, pois são baratos, fáceis de
em pacientes com disfunção renal devido ao risco de hiperpotassemia, mas é
administrar e bem tolerados. A clortalidona, a metolazona e a indapamida
o diurético de escolha em pacientes com cirrose hepática. É extremamente
são compostos desprovidos de estrutura tiazídica, mas, como os tiazídicos,
importante que os pacientes em tratamento com algum diurético poupador
apresentam grupo sulfonamídico não substituído e compartilham seu
de potássio sejam cuidadosamente monitorados quanto aos níveis desse íon.
mecanismo de ação.
A espironolactona é um esteroide sintético que antagoniza a aldosterona no aguda decorrente de choque, toxicidade por drogas e traumatismo. A
receptor intracelular citoplasmático, por evitar a translocação do complexo manutenção do fluxo urinário preserva a função renal em longo prazo e
receptor para o interior do núcleo das células-alvo, de forma que ele não se pode salvar o paciente da diálise. Os efeitos adversos incluem expansão da
ligue ao DNA. Como resultado, há falha na produção de proteínas que água extracelular e desidratação.
normalmente são sintetizadas em resposta à aldosterona, as quais em geral
estimulam a troca Na+/K+ no túbulo coletor. Assim, a falta dessas proteínas REFERÊNCIAS
evita a reabsorção de Na+ e a secreção de K+ e H+. A espironolactona
frequentemente é administrada junto com o diurético tiazídico ou de alça, CLARK, Michelle A.; FINKEL, Richard; REY, Jose A.; Whalen, Karen.
para evitar a excreção de K+. Farmacologia ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
A espironolactona pode causar distúrbios gástricos, bem como pode induzir CONSTANZO, Linda S. Fisiologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
ginecomastia em homens e irregularidades menstruais em mulheres, porque
se assemelha quimicamente a alguns esteroides sexuais, podendo atuar em GARTNER, Leslie P.; HIATT, James L. Tratado de Histologia em cores. 3
receptores de outros órgãos. Nesse viés, esse fármaco não deve ser usado em ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
doses elevadas por períodos prolongados. O triantereno e a amilorida
KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A. Berne & Levy Fisiologia. 6. ed.
bloqueiam os canais de transporte de Na+, resultando em diminuição na
troca de Na+/K+, mas diferem da espironolactona porque não dependem da Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
presença da aldosterona.
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall Tratado de
Fisiologia Médica. 13 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
INIBIDORES DA ANIDRA SE CARBÔNICA
DIURÉTICOS OSMÓTICOS
Inúmeras substâncias químicas hidrofílicas simples que são filtradas pelos
glomérulos, como manitol e ureia, resultam em algum grau de diurese. Isso
se deve à sua propriedade de carregar água consigo para o interior do
líquido tubular. Os diuréticos osmóticos são o principal tratamento em
pacientes com aumento de pressão intracraniana ou com insuficiência renal
Problema 4.3
OBJETIVOS
consideráveis de Mg2+ e SO42-. As células contêm quase quatro vezes mais potássio e o restante é dividido entre as diversas outras substâncias
proteínas que o plasma. intracelulares.
mEq/L), o indivíduo tem hiponatremia. Quando a concentração de sódio no detectam alguma alteração do volume do LEC, enviam sinais para os rins, a
plasma está acima do normal, o paciente tem hipernatremia. fim de que ocorra o ajuste apropriado da excreção do NaCl e da água.
Doenças do córtex adrenal podem alterar os níveis de aldosterona e
HIPONATREMIA dificultar a habilidade dos rins de manter o balanço de Na + e euvolemia.
BALANÇO DE ÍONS
SÓDIO
O volume do LEC é monitorado por múltiplos sensores que respondem ao A manutenção do balanço do potássio é essencial para o funcionamento
estiramento induzido pela pressão nas paredes do receptor (vasos normal dos tecidos excitáveis. A maior parte do conteúdo corporal total de
sanguíneos ou átrios cardíacos). Quando os sensores vasculares de volume
Letícia Teixeira Guimarães
Turma 73
FUNÇÕES BIOLÓGICAS 2019
K+, cerca de 98%, fica situada no LIC. Esse grande gradiente de ativação de receptores beta-adrenérgicos. Inversamente, o
concentração é mantido pela Na+-K+ ATPase. tratamento da hipertensão com beta-bloqueadores, como o
propranolol, causa a saída de K+ das células, gerando tendência
Uma das dificuldades de manter a baixa concentração extracelular de K + é a para a hipercalemia.
grande quantidade de K+ presente no interior das células. A distribuição do Anormalidades ácido-básicas: a acidose metabólica aumenta a
K+ através das membranas celulares (balanço interno do K+) é alterada por concentração extracelular de K+, enquanto a alcalose metabólica
hormônios, fármacos e diversas condições patológicas, afetando, aumenta a concentração intracelular do íon.
consequentemente, a concentração extracelular de K+. A excreção urinária Aldosterona: a aldosterona promove a captação de K+ pelas
de K+ deve ser igual à sua ingestão para manter o balanço do íon. Os células. Aumento dos níveis de aldosterona causa hipocalemia,
mecanismos renais que permitem essa variabilidade são chamados de ao passo que redução dos níveis desse hormônio, como na
balanço externo do K+. doença de Addison, causa hipercalemia.
O deslocamento de K+ para fora das células produz aumento da A manutenção do balanço de K+ é um desafio especial, visto que a ingestão
concentração sanguínea de K+ (hipercalemia ou hiperpotassemia). O de K+ na dieta é muito variável. O potássio é processado pelos rins por
deslocamento de K+ para dentro das células baixa a concentração sanguínea combinação de mecanismos de filtração, reabsorção e secreção.
de K+ (hipocalemia ou hipopotassemia).
urina e nas fezes; e a distribuição do Ca2+ entre o osso e o LEC, regulada os solutos são reabsorvidos, a água também se difunde por osmose.
pelo paratormônio, pelo calcitriol e pela calcitonina. Portanto, a osmolaridade do líquido permanece quase a mesma do FG.
Os diuréticos tiazídicos aumentam a reabsorção de Ca 2+ e diminuem sua RAMO DESCENDENTE DA ALÇA DE HENLE
excreção, razão pela qual esses fármacos são usados no tratamento de
hipercalciúria idiopática. As outras classes de diuréticos diminuem a O ramo descendente é muito permeável à água, porém muito menos
reabsorção de Ca2+. permeável ao NaCl e à ureia. Portanto, a osmolaridade do líquido que flui
pela alça descendente aumenta de forma gradativa até se tornar próxima à
FOSFATO do líquido intersticial adjacente, quando a concentração plasmática de ADH
é elevada.
85% do fosfato está presente na matriz óssea, 15% no LIC e menos de 0,5%
no LEC. Os rins regulam a concentração de fosfato no sangue. Cerca de 15% RAMO ASCENDENTE DELGADO DA ALÇA DE HENLE
da carga filtrada de fosfato são excretados, um valor relativamente alto. A
importância fisiológica disso é que o fosfato não absorvido será utilizado O ramo ascendente delgado da alça de Henle é basicamente impermeável à
como tampão urinário de H+ (ácido titulável). água. Assim, o líquido tubular fica mais diluído, já que o NaCl se difunde
para fora do túbulo e a água permanece no túbulo. Parte da ureia
O paratormônio (PTH) regula a reabsorção do fosfato no túbulo proximal,
reabsorvida pelo interstício medular a partir dos ductos coletores também
inibindo o cotransportador Na+-fosfato, causando fosfatúria, uma vez que os
se difunde pelo ramo ascendente delgado, retornando a ureia para o sistema
segmentos adiante do túbulo proximal têm pouca ou nenhuma capacidade
tubular e auxiliando na manutenção da medula hiperosmótica por impedir
de reabsorver esse íon.
que o interstício medular seja diluído (reciclagem da ureia).
MAGNÉSIO
RAMO ASCENDENTE ESPESSO DA ALÇA DE HENLE
Embora o NaCl seja um dos principais solutos que contribuem para a vasos pulmonares) e de pressão alta (arco aórtico e seio carotídeo), no
hiperosmolaridade do interstício medular, o rim pode, quando necessário, sistema circulatório. Esses dois grupos de receptores são sensíveis ao
excretar urina muito concentrada com pouca quantidade desse sal Por outro estiramento e são chamados de barorreceptores. Quando a pressão ou o
lado, grandes quantidades de urina diluída podem ser excretadas sem volume diminuem, esses barorreceptores enviam sinais pelas fibras
aumentar a excreção de sódio. aferentes dos NC IX e X ao núcleo do trato solitário no bulbo, que controla a
FC e a PA. Então, sinais são emitidos do bulbo para as células secretoras de
Devemos considerar a existência de um volume urinário obrigatório, ditado ADH nos núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo.
pela capacidade máxima de concentração de urina pelo rim e pela
quantidade de soluto deve ser excretada. Consequentemente, se a excreção
de grande quantidade de soluto for necessária, ela deverá ser acompanhada
por quantidade mínima de água necessária para excretá-lo.
ADH
mOsm/kg H2O, de modo que a sede é estimulada quando a secreção de ADH O PH DOS LÍQUIDOS CORPORAIS
já é máxima. A sensação de sede é satisfeita pelo ato de beber água, mesmo
antes que água suficiente para corrigir a osmolalidade do plasma seja A concentração de íons hidrogênio (H+) dos líquidos corporais é
absorvida pelo TGI. extremamente baixa. Uma vez que é complicado usar números tão pequenos,
a concentração de H+ pode ser expressa como uma função logarítmica, o pH:
DIABETES INSIPIDUS pH = -log10 [H+]. À medida que a concentração de H+aumenta, o pH
diminui; entretanto, cabe ressaltar que essa não é uma relação linear, mas
O diabetes insipidus central pode ocorrer secundariamente a um trauma logarítmica.
cranioencefálico em que há depleção das reservas de ADH da neuro-hipófise.
O túbulo distal e os ductos coletores ficam impermeáveis à água, de modo A faixa de variação normal do pH arterial é de 7,37 a 7,42. Abaixo de 7,37
que não ocorre a reabsorção de água nesses trechos e ocorre excreção de até diz-se que há uma acidemia e, acima de 7,42, uma alcalemia. A faixa de pH
15 L/dia de urina muito diluída. O tratamento consiste na administração de compatível com a vida é de 6,8 a 8,0. Os mecanismos que mantém o pH
um análogo do ADH, como a 1-desamino-8-D-arginina vasopressina (dDAVP). dentro de sua faixa normal incluem o tamponamento do H+ tanto no LEC
quanto no LIC, a compensação respiratória e a compensação renal.
No diabetes insipidus nefrogênico, embora a secreção de ADH seja normal,
um defeito no receptor, na proteína GS ou na adenilciclase faz com que as PRODUÇÃO DE ÁCIDO PELO CORPO
células principais fiquem insensíveis ao ADH. A água não é reabsorvida no
túbulo distal e nos ductos coletores, a osmolaridade plasmática aumenta e a
CO 2
neuro-hipófise é estimulada a secretar ainda mais ADH. Os níveis circulantes
de ADH ficam anormalmente altos, mas ainda sem efeito sobre as células
O CO2, também chamado de ácido volátil, por si só não é um ácido.
principais.
Entretanto, ao reagir com água forma um ácido fraco, o ácido carbônico:
CONSTANZO, Linda S. Fisiologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. O H2CO3 se dissocia em HCO3-e H+, o qual deve ser tamponado. Nos pulmões,
essas reações ocorrem na direção inversa, regenerando o CO 2 que é expirado.
KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A. Berne & Levy Fisiologia. 6. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. ÁCIDO FIXO
isso os líquidos corporais contêm uma grande variedade de tampões, que REABSORÇÃO DO HCO 3 - FILTRADO
atuam como uma primeira linha de defesa contra as variações do pH. A
segunda linha de defesa é o controle da respiração e a terceira linha é A membrana luminal contém um trocador Na+/H+. Conforme Na+ é
constituída pelos mecanismos renais. reabsorvido, H+ é secretado e se combina com HCO3- filtrado, formando
H2CO3. A anidrase carbônica da borda em escova catalisa a decomposição do
As compensações respiratória e renal tentam normalizar o pH pela criação
H2CO3 em CO2 e H2O, que atravessam a membrana luminal e entram na célula.
de valores anormais da PCO2 e da concentração de HCO3-, que podem
Dentro da célula, a anidrase carbônica intracelular catalisa a combinação do
produzir valores normais ou quase normais do pH, ou seja, restabelecem o
CO2 com a água para formar novamente H2CO3, que é convertido em H+ e
equilíbrio. A acidemia estimula os quimioceptores centrais, produzindo
HCO3-. O H+ vai ser secretado para participar da reabsorção de outro HCO3- e
hiperventilação, de modo que o excesso de CO2 é expirado. Os rins ainda são
o HCO3- é transportado pela membrana basolateral ao sangue.
necessários parta o restabelecimento total do balanço acidobásico, pois
excretam o H+ e repõem o HCO3- consumido no tamponamento. Qualquer HCO3- filtrado que não possa ser reabsorvido é excretado. A
expansão do volume do LEC inibe a reabsorção isosmótica no túbulo
TAMPÕES DO LEC proximal e, assim, inibe a reabsorção de HCO3-. As diminuições do volume do
LEC estimulam o sistema renina-angiotensina-aldosterona: a angiotensina II
TAMPÃO HCO 3 - /CO 2 estimula a troca Na+/H+ no túbulo proximal, estimulando a reabsorção de
HCO3- e aumentando sua concentração sanguínea. Isso explica a alcalose de
O tampão extracelular mais importante é o HCO3-+/CO2. Quando um ácido contração, que é a alcalose metabólica secundária à contração de volume do
forte (com alto grau de ionização) como o HCl é adicionado ao LEC, o H+ se LEC.
combina com parte do HCO3-, formando H2CO3, que é um ácido fraco (com
baixo grau de ionização). O ácido carbônico é dissociado em CO 2 e H2O, e O aumento da PCO2 aumenta a reabsorção de HCO3-, ao passo que a redução
ambos são expirados pelos pulmões. da PCO2 diminui. Na acidose respiratória, a PCO2 fica aumentada. Uma vez
que mais CO2 está disponível para as células renais gerarem H+ para ser
TAMPÃO HPO 4 2 - /H 2 PO 4 - secretado pelo trocador Na+/H+, mais HCO3- é reabsorvido.
TAMPÕES DO LIC
EXCREÇÃO DO H + COMO ÁCIDO TITULÁVEL Ramo ascendente grosso: o NH4+ é reabsorvido por substituir o
K+ no cotransportador Na+/K+/2Cl-. Como resultado, o íon
O ácido titulável é o H+ excretado com tampões urinários pelo túbulo amônio participa da multiplicação por contracorrente e é
proximal, pelo túbulo distal e pelos túbulos coletores. O fosfato é o mais concentrada na medula interna e nas papilas renais.
importante desses tampões. Ducto coletor: há dois mecanismos de transporte ativo primário
que secretam H+ para o líquido tubular: a H+ ATPase,
A membrana luminal contém H+ ATPase, que secreta H+ da célula para o estimulada pela aldosterona; e a H+/K+ ATPase.
lúmen. O H+ se combina com o HPO42-, formando H2PO4-, que é o ácido Simultaneamente à secreção de H+ por essas bombas, NH3 se
titulável que será excretado. O H+ secretado pela H+ ATPase é produzido a difunde de sua alta concentração para o lúmen do túbulo
partir do CO2 e da H2O, que se combinam na presença da anidrase carbônica coletor, onde se combina com o H+ para formar NH4+. Somente
e formam H2CO3. O H2CO3 se dissocia em H+ que é reabsorvido e HCO3-, que é a amônia é lipossolúvel e pode se difundir para o lúmen do
reabsorvido. Para cada H+ excretado como ácido titulável, um novo HCO3- é túbulo, ao passo que o íon amônio não é lipossolúvel, de forma
sintetizado e reabsorvido. que fica retido no túbulo e é excretado. A origem do H +
secretado pelas células intercaladas alfa é o CO2 e a H2O. Para
A quantidade de H+ excretado como ácido titulável depende da quantidade cada H+ secretado, um novo HCO3- é sintetizado e reabsorvido.
disponível de tampão urinário. O pH mínimo da urina é de 4,4.
EXCREÇÃO DO H + COMO NH 4 +
A intensidade da síntese do NH3 depende da quantidade de H+ a ser
Três segmentos do néfron participam da excreção de H+ como NH4+: o excretada. A hipercalemia inibe a síntese de NH3 e reduz a capacidade de
túbulo proximal, o ramo ascendente grosso da alça de Henle e as células excretar NH4+, porque na hipercalemia o K+ entra nas células renais
intercaladas alfa dos ductos coletores. enquanto o H+ sai. O aumento resultante do pH inibe a síntese de amônia a
partir da glutamina.
Túbulo proximal: o metabolismo da glutamina produz NH3 e alfa-
cetoglutarato, que por sua vez é metabolizado em glicose, a qual Nas pessoas normais, todo o ácido fixo produzido é excretado. Nas pessoas
é degradada a CO2 e H2O e, em seguida, a HCO3-. Dentro da célula, com cetoacidose diabética, a produção de ácido pode estar aumentada em
o NH3 é convertido em NH4+, que é secretado para o lúmen pelo até dez vezes, aumentando também a excreção de NH4+. Na insuficiência
trocador Na+/H+, no lugar do H+. O HCO3- é reabsorvido. Parte renal crônica, a excreção de ácido fixo diminui porque há diminuição da FG
do NH4- é excretada diretamente na urina; o restante segue pelo e diminuição da quantidade de fosfato. A excreção de NH 4+ é diminuída
túbulo e é excretada indiretamente. graças ao comprometimento da síntese de NH3 nas células renais doentes.
Por consequência da incapacidade dos rins de excretar todo o H + fixo
produzido diariamente, ocorre acidose metabólica.
Letícia Teixeira Guimarães
Turma 73
FUNÇÕES BIOLÓGICAS 2019
ALCALOSE METABÓLICA
A hipoventilação causa retenção de CO2 e aumento da PCO2, com A integração celular e tecidual depende do inter-relacionamento de vários
consequentes aumentos das concentrações de HCO3- e de H+, com baixa do tipos de mensageiros químicos: os neurotransmissores, os hormônios
pH. Para ser tamponado pelas proteínas intracelulares e pelos fosfatos endócrinos, os neuroendócrinos, os parácrinos, os autócrinos e as citocinas.
orgânicos, o CO2 se difunde para dentro das células, onde é convertido em A palavra hormônio vem do grego “hormon”, que significa “aquilo que
H+ e em HCO3-. A compensação renal consiste em aumento da excreção de coloca em movimento, estimula”. Os hormônios são transportados pelo
H+ como ácido titulável e NH4+, bem como síntese e reabsorção aumentadas sistema circulatório em baixas concentrações (biocatalíticas) e atuam em
de HCO3-. A acidose respiratória pode ser causada por inibição do centro receptores específicos, pelos quais têm alta afinidade e alta especificidade.
respiratório bulbar, paralisia dos músculos respiratórios, obstrução das vias
aéreas ou falha na troca de CO2 entre o sangue capilar e o ar alveolar.
ALCALOSE RESPIRATÓRIA
REFERÊNCIAS
KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A. Berne & Levy Fisiologia. 6. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
Problema 5.1
OBJETIVOS
HORMÔNIOS PEPTÍDICOS E PROTEICOS seguinte maneira: depois que o estímulo causa liberação do hormônio,
condições ou produtos decorrentes da ação do hormônio tendem a suprimir
A maioria dos hormônios no corpo é dessa classe. Os hormônios peptídicos e sua liberação adicional, para impedir a hipersecreção do hormônio ou sua
proteicos são sintetizados no retículo endoplasmático rugoso; geralmente hiperatividade no tecido-alvo.
são secretados como pré-pró-hormônios e clivados para formar pré-
hormônios menores no RE. Os pró-hormônios são transferidos para o No feeedback positivo, a ação biológica do hormônio causa sua secreção
aparelho de Golgi para armazenamento em vesículas secretoras. Nesse adicional. É o caso do LH: sua secreção ocorre em decorrência do efeito
processo, as vesículas clivam os pró-hormônios para produzir hormônios estimulatório do estrogênio sobre a adeno-hipófise antes da ovulação. O LH
menores biologicamente ativos e fragmentos inativos. As vesículas são secretado estimula os ovários a secretarem mais estrogênio, que causam
armazenadas no citoplasma e muitas ficam ligadas à membrana celular até mais secreção de LH. Quando o LH atinge a concentração apropriada, ocorre
que sua secreção seja necessária; então, as vesículas se fundem com a controle por feedback negativo.
membrana e seu conteúdo é expelido no interstício ou no sangue por
Existem variações periódicas da liberação de hormônio que se sobrepõem ao
exocitose.
controle por feedback positivo e negativo. Essas variações são influenciadas
HORMÔNIOS ESTEROIDES por alterações sazonais, etapas do desenvolvimento e do envelhecimento,
ciclo circadiano e sono.
A estrutura química dos esteroides é semelhante à do colesterol e na maioria
das vezes, eles são derivados do colesterol. Embora normalmente não sejam TRANSPORTE DE HORMÔN IOS NO SANGUE
muito armazenados, um estímulo pode rapidamente mobilizar grandes
Os hormônios hidrossolúveis são dissolvidos no plasma e transportados de
quantidades de colesterol dos vacúolos para a síntese dos hormônios. Por
seus locais de síntese até os tecidos-alvo, onde se difundem dos capilares,
serem muito lipossolúveis, uma vez sintetizados os esteroides se difundem
entram no interstício e então às células-alvo. Os hormônios lipossolúveis e
através da membrana celular, entram no interstício e depois, no sangue.
da tireoide circulam no sangue, em grande parte, ligados ás proteínas
HORMÔNIOS DERIVADOS DA TIROSINA plasmáticas; no entanto, nesse estado não são capazes de se difundirem
facilmente pelos capilares para as células-alvo, de modo que são inativos até
Os dois grupos de hormônios derivados da tirosina são os tireoidianos e os que se dissociem das proteínas plasmáticas.
adrenais.
DEPURAÇÃO DE HORMÔNIOS NO SANGUE
Os hormônios da tireoide são sintetizados e armazenados na glândula
tireoide e incorporados a macromoléculas da proteína tireoglobulina, que é Após exercerem seus efeitos, deve haver interrupção da atividade hormonal,
armazenada em grandes folículos na tireoide. A secreção hormonal ocorre por mecanismos que levam à inibição da atividade hormonal. Dentre esses
quando as aminas são eliminadas da tireoglobulina e os hormônios livres mecanismos, estão a degradação total ou parcial do hormônio, os
são liberados no sangue. Então, a maior parte dos hormônios da tireoide se mecanismos compensatórios (fosfatases/fosfodiesterases), ubiquitinação,
combina com proteínas plasmáticas, em especial a globulina de ligação à retroalimentação negativa intracelular, inativação e/ou degradação do
tiroxina, que lentamente libera os hormônios para os tecidos-alvo. hormônio, ações contrarregulatórias e depuração hormonal.
A epinefrina e a norepinefrina são formadas na medula das glândulas Os hormônios são depurados do plasma por vários modos, incluindo
suprarrenais, que geralmente secretam cerca de 4x mais epinefrina que destruição metabólica pelos tecidos, ligação com os tecidos, excreção na bile
norepinefrina. As catecolaminas ocupam as vesículas pré-formadas que são pelo fígado e excreção na urina pelos rins. Os hormônios são algumas vezes
armazenadas até serem secretadas, por exocitose. As catecolaminas podem degradados em suas células-alvo por processos enzimáticos que causam
existir no plasma na forma livre ou conjugadas com outras substâncias. endocitose do complexo hormônio-receptor na membrana; o hormônio é
então metabolizado na célula e os receptores em geral são reciclados de
SECREÇÃO, TRANSPORTE E DEPURAÇÃO volta à membrana celular. Hormônios que se ligam a proteínas são
removidos do sangue com intensidade muito menor e podem continuar na
CONTROLE DA SECREÇÃO POR FEEDBACK circulação por várias horas ou mesmo dias.
SEGUNDOS MENSAGEIROS nucleares que iniciam a transcrição de DNA e síntese de novas proteínas. Em
contraste ainda maior com os hormônios peptídicos, que agem rapidamente
Um dos meios pelos quais os hormônios exercem ações intracelulares é pelo sobre suas células-alvo (em minutos), os hormônios esteroides agem
estímulo da formação de segundo mensageiro na face interna da membrana lentamente (demoram horas).
celular, que causa efeitos subsequentes do hormônio. Dessa maneira, o
único efeito direto que o hormônio tem sobre a célula é ativar um só tipo de HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO
receptor de membrana e o segundo mensageiro faz o restante. A importância
dos segundos-mensageiros é que eles aumentam a resposta biológica na O hipotálamo é parte do diencéfalo e se dispõe nas paredes do II ventrículo,
ordem de 109, garantindo economia energética, multiplicação do sinal e um abaixo do sulco hipotalâmico, que o separa do tálamo. Ele é constituído
controle fino. fundamentalmente de substância cinzenta que se agrupa em núcleos. O
hipotálamo tem um papel regulador sobre o SNA e o sistema endócrino,
ADENILIL CICLASE – AMPC além de controlar vários processos importantes, como o controle da
temperatura corporal, do comportamento emocional, do sono e da vigília, da
A ligação dos hormônios ao receptor permite o acoplamento a uma proteína ingestão de alimentos, da ingestão de água e da diurese, bem como a
G. Se essa proteína G estimular o sistema adenilil ciclase - AMPC, ela será geração e a regulação dos ritmos circadianos. O hipotálamo tem conexões
chamada de proteína Ge (estimuladora). Se a ligação do hormônio a seus com o sistema límbico, com a área pré-frontal do córtex cerebral, com a
receptores for acoplada a uma proteína Gi (inibitória), a adenilil ciclase será hipófise e com as vísceras.
inibida.
A hipófise é uma glândula pequena situada na sela túrcica, uma cavidade
A estimulação da adenilil ciclase catalisa a conversão de uma pequena óssea localizada na base do cérebro e que se liga ao hipotálamo pelo
quantidade ATP em AMPC dentro da célula, o que ativa a proteína-cinase pedúnculo hipofisário. Seis hormônios peptídeos importantes são secretados
dependente de AMPC, que fosforila proteínas específicas da célula, pela parte anterior da hipófise (adeno-hipófise) e diversos outros hormônios
desencadeando reações bioquímicas que, finalmente, produzem a resposta de menor importância; da parte posterior da hipófise (neuro-hipófise), são
da célula ao hormônio. secretados dois hormônios peptídeos importantes. Em geral, existe apenas
um tipo celular para cada hormônio principal na adeno-hipófise, e pelo
FOSFOLIPÍDIOS DA MEMBRANA CELULAR
menos cinco tipos celulares podem ser identificados com corantes especiais:
Alguns hormônios ativam receptores transmembranas que ativam a enzima os somatotropos (GH), os corticotropos (ACTH), os tireotropos (TSH), os
fosfolipase C. O mecanismo envolve a ligação do hormônio o receptor e o gonadotropos (LH e FSH) e os lactotropos (PRL). Os corpos das células que
acoplamento por proteína Gq à fosfolipase C. Os níveis intracelulares de Ca2+ secretam os hormônios da neuro-hipófise se localizam em neurônios
e de IP3 são aumentados, produzindo as ações fisiológicas finais. grandes (magnocelulares), nos núcleos supraópticos e paraventriculares do
hipotálamo.
CÁLCIO-CALMODULINA
RELAÇÕES HIPOTÁLAMO-HIPOFISÁRIAS
A entrada de cálcio pode ser iniciada por alterações do potencial de
membrana que abrem os canais de cálcio, ou hormônios interagindo com O hipotálamo tem apenas conexões eferentes com a hipófise, que são feitas
receptores de membrana que abrem os canais de cálcio. Ao entrar na célula, através dos tratos hipotálamo-hipofisário e túbero-infundibular. O trato
os íons cálcio se ligam à proteína calmodulina. Essa proteína tem quatro hipotálamo hipofisário é formado por fibras que se originam nos neurônios
sítios para a ligação de cálcio; quando três ou quatro desses locais se magnocelulares dos núcleos supraópticos e paraventriculares e terminam na
ligaram ao cálcio, a calmodulina altera sua forma e inicia múltiplos efeitos neuro-hipófise. Os neurônios magnocelulares sintetizam o ADH e a ocitonina,
dentro da célula, iniciando ativação ou inibição de proteinocinases. Isso, por bem como a neurofisina, proteína que serve como “portadora” desses
sua vez, causa ativação ou inibição de proteínas envolvidas na resposta hormônios até a neuro-hipófise.
celular ao hormônio.
e sua meia-vida é de cerca de 20 horas. Os pigmeus da África apresentam Antes da puberdade, os níveis excessivos do hormônio do crescimento
incapacidade de sintetizar quantidades significativas de somatomedina C, causam gigantismo. Após a puberdade, quando o crescimento linear está
assim como ocorre em outros tipos de nanismo. completo e não pode mais ser influenciado, os níveis anormalmente altos de
GH causam aumento do crescimento ósseo do periósteo, aumento do
A secreção do GH é controlada por dois fatores secretados pelo hipotálamo: tamanho dos órgãos, aumento do tamanho das mãos e dos pés, aumento da
um estimulante, o GHRH; e um inibitório, a somatostatina ou fator de língua, embrutecimento das características faciais, resistência à insulina e
inibição da liberação de somatotrofina (SRIF). O GHRH estimula a secreção intolerância à glicose. O tratamento é feito com análogos da somatostatina,
do GH ao se ligar a receptores nas superfícies dos somatotrofos: ocorre a que inibem a secreção de GH.
ativação do sistema adenilil ciclase, com efeitos a curto e longo prazo. A
curto prazo, há aumento do transporte de íons cálcio para a células, levando ACTH
à fusão das vesículas secretoras do GH com a membrana celular e à liberação
do hormônio no sangue. A longo prazo, há aumento da transcrição dos O hormônio adrenocorticotrófico ou ACTH é um polipeptídeo sintetizado nas
genes responsáveis pela estimulação da síntese do GH. Além disso, pode-se células corticotróficas da hipófise anterior. Os efeitos biológicos do ACTH se
afirmar que a secreção do GH está sujeita a controle de feedback negativo resumem na estimulação da síntese e secreção de glicocorticoides,
típico, de modo que o maior controlador do GH é o próprio estado de mineralocorticoides e esteroides androgênicos pelo córtex da adrenal.
nutrição tecidual a longo prazo, especialmente o estado de nutrição
proteica. A secreção de ACTH é influenciada, basicamente, pelos neuropeptídios
hipotalâmicos e pelo sistema de retroalimentação negativa, representado
pelos glicocorticoides. O CRH estimula a síntese e a secreção do ACTH; o ADH
também estimula e aumenta a resposta do ACTH ao CRH.
TSH
Nas últimas semanas de gravidez, apesar dos altos níveis de PRL, não ocorre
a síntese de leite. O fato de que esse fenômeno só ocorre após o parto pode
ser explicado pelo quadro hormonal resultante. Acredita-se que a queda
acentuada dos níveis de estrógenos e progesterona interrompa a inibição da
O ADH se associa aos receptores V2 nas membranas das células principais dos
expressão dos receptores para a PRL, permitindo que esse hormônio possa
túbulos distais finais e dos ductos coletores, ativando a adenilil ciclase,
atuar.
levando à formação de AMPC no citoplasma. Isso leva à fosforilação dos
A prolactina é secretada em pulsos. Sua secreção está sob o controle de elementos nas vesículas especiais, que se inserem nas membranas celulares
fatores hipotalâmicos inibidores e estimulantes que alcançam a adeno- formando canais de aquaporina-2, fornecendo muitas áreas de alta
hipófise pelo sistema porta-hipofisário. Os estrógenos aumentam a secreção permeabilidade à água. Na ausência de ADH, o processo é revertido.
de prolactina e os glicocorticoides, bem como os hormônios tireoidianos,
tendem a suprimir a secreção de PRL induzida por TRH. A estimulação do OCITOCINA
mamilo em mulheres não grávidas também provoca liberação da PRL.
A ocitocina estimula poderosamente a contração do útero grávido, sobretudo
GONADOTROFINAS (LH E FSH) no fim da gestação. O estímulo do colo uterino desencadeia a liberação de
sinais neurais que se dirigem para o hipotálamo e causam aumento da
As gonadotrofinas são glicoproteínas produzidas pelos gonadotropos. Esses secreção de ocitocina que, ao atuar na musculatura uterina, induz novas
hormônios agem fundamentalmente sobre as gônadas, estimulando seu contrações e realimenta o processo que leva à sua secreção por um
crescimento e diferenciação, tornando-as aptas para sua função reprodutiva mecanismo de feedback positivo; esse mecanismo perdura até a expulsão do
e endócrina. feto.
A secreção das gonadotrofinas é regulada pela concentração plasmática dos Na lactação, a ocitocina faz com que o leite possa ser expulso pelos alvéolos
produtos de secreção das glândulas-alvo (esteroides sexuais e peptídeos) e para os ductos da mama, de modo que o bebê pode obtê-lo por meio da
também pelos neuropeptídios produzidos no hipotálamo. O feedback sucção. O estímulo da sucção sobre o mamilo mamário provoca a
negativo que os esteroides sexuais exercem no eixo hipotálamo-hipófise- transmissão de sinais por nervos sensoriais para os neurônios
gônadas ocorre tanto na hipófise, onde é mais efetivo, quanto no ocitocinérgicos nos núcleos paraventricular e supraóptico no hipotálamo, o
hipotálamo, onde promove inibição da secreção de GnRH. que leva à liberação da ocitocina pela neuro-hipófise. A ocitocina é então
transportada pelo sangue para as mamas, onde provoca a contração das
ADH células mioepiteliais que se localizam externamente e formam malha em
volta dos alvéolos das glândulas mamárias. Em menos de um minuto depois
ADH, hormônio antidiurético ou vasopressina é o principal hormônio do começo da sucção, o leite começa a fluir (ejeção do leite ou descida do
relacionado à regulação da osmolaridade do LEC. O ADH é secretado pela leite).
neuro-hipófise em resposta ao aumento da osmolaridade sérica. O ADH age
sobre as células principais do túbulo distal final e do ducto coletor, Apesar de ser tradicionalmente associada a funções reprodutivas, vem sendo
aumentando a reabsorção de água e diminuindo, assim, a osmolaridade dos demonstrado que a ocitocina também participa da regulação da função
líquidos corporais de volta ao normal. cardiovascular, uma vez que se detectou a presença de receptores de
ocitocina em todos os compartimentos do coração e na vasculatura. Também
foi demonstrado, que a ocitocina induz a liberação do PNA e do óxido nítrico
(NO) de coração perfundido e fatias de átrios. As ações cardiovasculares da
ocitocina incluem: natriurese, queda da pressão arterial, efeitos inotrópicos
e cronotrópicos negativos, neuromodulação parassimpática, bem como
vasodilatação desencadeada pelo NO.
Problema 5.2
OBJETIVOS
O retículo endoplasmático e o aparelho de Golgi sintetizam e secretam para hormonal tireoidiana no DNA. Ao se ligarem ao hormônio tireoidiano, os
os folículos a tireoglobulina; cada molécula contém cerca de 70 aminoácidos receptores são ativados e iniciam o processo de transcrição; há formação de
tirosina, que se combinam com o iodo para formar os hormônios grande número de diferentes RNAm que são traduzidos e formam novas
tireoidianos. O primeiro estágio da formação dos hormônios tireoidianos é a proteínas. O efeito geral dos hormônios tireoidianos consiste em ativar a
oxidação do iodeto para a forma oxidada do iodo ou iodo nascente (I0) ou I3-. transcrição nuclear de grande número de genes e, como resultado, há
A enzima responsável é a peroxidase, acompanhada de peróxido de aumento generalizado da atividade funcional de todo o organismo. As ações
hidrogênio. Quando esse sistema é bloqueado ou quando está não genômicas incluem a regulação de canais iônicos e fosforilação
hereditariamente ausente das células, não há produção de hormônios oxidativa.
tireoidianos.
Cerca de 93% dos hormônios secretados são tiroxina; entretanto, metade Aumento da concentração de ácidos graxos livres no plasma
dessa tiroxina é desiodada formando tri-iodotironina. Ambos os hormônios
se ligam a proteínas plasmáticas, principalmente a globulina ligadora de Aumento da secreção de colesterol na bile
tiroxina, mas também a pré-albumina ligadora de tiroxina e a albumina.
Indução de maior número de receptores de LDL nas células
Pelo fato de essas ligações serem de alta afinidade, a liberação para as
hepáticas
células teciduais ocorre lentamente. Ao penetrarem nas células, novamente
os hormônios se ligam a proteínas; portanto, são novamente armazenados e Necessidade aumentada de vitaminas
usados lentamente pelas células-alvo. A ação dos hormônios tireoidianos tem
início lento e duração longa. Aumento do metabolismo basal
Aumento da respiração
Os receptores de hormônio tireoidiano estão ligados às fitas de DNA ou se
localizam perto delas. O receptor, em geral, forma heterodímero com o Aumento da motilidade gastrointestinal
receptor de retinoide X (RXR) nos elementos específicos de resposta
Letícia Teixeira Guimarães
Turma 73
FUNÇÕES BIOLÓGICAS 2019
Efeitos excitatórios sobre o SNC (aumento da velocidade do supercrescimento da tireoide, o que pode levar ao desenvolvimento de
pensamento, porém, frequentemente o dissocia) bócio.
Efeito sobre a função muscular (leve aumento do hormônio: O propiltiouracil reduz a formação de hormônio tireoidiano por bloquear a
vigor. Excesso de hormônio: enfraquecimento muscular devido peroxidase, necessária para a iodização da tirosina, e por bloquear a
ao catabolismo proteico) conjugação de duas tirosinas iodadas para formar T3 ou T4. Altas
concentrações de iodeto (100 vezes mais que o nível plasmático normal)
Tremor muscular leve (hipertireoidismo) reduzem a atividade tireoidiana e o tamanho da tireoide.
Aumento da FC
O TSH, por sua vez, é controlado pelo TRH. O TRH se liga a seus receptores
na membrana das células hipofisárias que ativa o sistema de segundo
mensageiro da fosfolipase C, que por sua vez desencadeia uma cascata de
outros segundos mensageiros incluindoCa2+ e DAG. Porfim, hásecreção de
TSH. A exposição ao frio aumenta a secreção de TRH pelo hipotálamo e, por
DOENÇAS DA TIREOIDE
consequência, a secreção de TSH pela hipófise anterior. Condições que
estimulam intensamente o SNS causam redução aguda da secreção de TSH. A
elevação dos hormônios tireoidianos nos líquidos corporais causa efeito de HIPERTIREOIDISMO
feedback negativo sobre o TSH.
A doença de Graves é a forma mais comum de hipertireoidismo. É uma
Os íons tiocianato reduzem a capacidade de captação de iodeto. Assim, doença autoimune em que anticorpos chamados de imunoglobulinas
tireoglobulina não pode ser iodada e os hormônios tireoidianos não podem estimulantes da tireoide (TSIs) se formam contra o receptor de TSH na
ser formados. Isso causa maior secreção de TSH, provocando o glândula tireoide. Esses anticorpos se ligam aos receptores e induzem a
ativação contínua do sistema da adenilil-ciclase. Com o alto nível de secreção ocasionalmente aumento de peso, constipação, lentidão mental, insuficiência
de hormônio tireoidiano, a secreção de TSH fica inibida. O hipertireoidismo de muitas funções tróficas do organismo, evidenciada por redução do
ocasionalmente resulta de tumor que se desenvolve no tecido tireoidiano e crescimento do cabelo e descamação da pele, desenvolvimento de rouquidão
secreta grande quantidade de hormônio tireoidiano. e, em casos graves, aparência edematosa em todo o corpo. O mixedema se
desenvolve no paciente com ausência quase total da função do hormônio
Os sintomas do hipertireoidismo são estado de alta excitabilidade, tireoidiano. Muitospacientes com hipotireoidismo, particularmente os com
intolerância ao calor, aumento da sudorese, perda de peso ligeira a extrema, mixedema, desenvolvem aterosclerose, que por sua vez resulta em doença
graus variáveis de diarreia, fraqueza muscular, nervosismo ou outros vascular periférica, surdez e DAC, com a consequente redução da expectativa
transtornos psíquicos, fadiga extrema acompanhada de insônia, tremor nas de vida.
mãos, exoftalmia.
Os exames já descritos para o hipertireoismo apresentam resultados opostos
O exame diagnóstico mais preciso é a medida direta da concentração da no hipotireoidismo. O tratamento consiste na ingestão oral de um ou mais
tiroxina livre no plasma, usando procedimentos apropriados de comprimido contendo tiroxina.
radioimunoensaio. Outros exames ocasionalmente usados são o metabolismo
basal, a concentração de TSH e a concentração de TSI no plasma.O O cretinismo é causado por hipotireoidismo extremo em fetos, bebês ou
tratamento mais direto para o hipertireoidismo é a remoção cirúrgica da crianças. Esse distúrbio é caracterizado pela deficiência do crescimento
maior parte da glândula. corporal e por retardo mental; resulta da ausência congênita da tireoide, de
sua incapacidade de produzir hormônio tireoidiano devido a defeito
HIPOTIREOIDISMO genético, ou da ausência de iodo na dieta (cretinismo endêmico). A menos
que o cretinismo seja tratado a partir de algumas semanas após o
O hipotireoidismo é provavelmente iniciado por autoimunidade contra a nascimento, o desenvolvimento mental permanece retardado de forma
tireoide (doença de Hashimoto). A tireoide da maioria desses pacientes permanente. Isso ocorre devido ao retardo no crescimento, ramificação e
apresenta "tireoidite" autoimune, com destruição progressiva e, por fim, mielinização das células neuronais do SNC nesse momento crítico do
fibrose da glândula. desenvolvimento. O crescimentoesquelético da criança com cretinismo está
caracteristicamente mais inibido que o do tecido mole. Consequentemente, a
Em certas regiões do mundo, como nos Alpes Suíços, nos Andes e na região
criança com cretinismo apresenta aparência obesa, estrutura brevilínea e
dos Grandes Lagos nos EUA, existe quantidade insuficiente de iodo no solo,
baixa estatura. Ocasionalmente, a língua se torna tão grande em relação ao
de modo que os alimentos não possuem a quantidade mínima necessária
crescimento esquelético que obstrui a deglutição e a respiração, induzindo
para a formação de quantidade adequada de hormônio tireoidiano. Nesse
respiração gutural característica, que às vezes sufoca a criança.
viés, nos tempos anteriores ao sal de cozinha iodado, muitas pessoas dessas
áreas desenvolviam tireoides muito aumentadas, ou bócios endêmicos. A
ANATOMIA E HISTOLOGIA DAS SUPRARRENAIS
falta de iodo impede a produção de T3 e de T4, de modo que não há
hormônios que inibam o TSH, que por sua vez estimula as células
tireoidianas a secretarem grande quantidade de coloide de tireoglobulina
nos folículos; e a glândula torna-se cada vez maior.
de ACTH. As intensidades secretoras do CRH, do ACTH e do cortisol são altas secretados em pequenas quantidades. Normalmente, os androgênios
no início da manhã, mas baixas no fim da noite. adrenais têm um efeito fraco em humanos.
DOENÇA DE ADDISON
Quando a secreção de ACTH está aumentada, como na doença de Addison, a DOENÇA DE CONN
formação de alguns dos outros derivados do POMC também pode aumentar.
Nos melanócitos localizados em abundância entre a derme e a epiderme, o Ocasionalmente ocorre um pequeno tumor das células da zona glomerulosa
MSH estimula a formação do pigmento negro melanina. que secreta grandes quantidades de aldosterona, causando o aldosteronismo
primário ou doença de Conn. Além disso, em alguns casos, o córtex adrenal
ANDROGÊNIOS ADRENAIS hiperplásico secreta aldosterona em vez de cortisol.
Diversos hormônios sexuais masculinos moderadamente ativos, chamados Os efeitos incluem hipocalemia, alcalose metabólica leve, ligeira redução do
androgênios adrenais, são continuamente secretados pelo córtex adrenal, volume de LEC e sangue, aumento muito pequeno na [Na +] no plasma e
sobretudo durante a vida fetal. Progesterona e estrogênios também são
Letícia Teixeira Guimarães
Turma 73
FUNÇÕES BIOLÓGICAS 2019
quase sempre hipertensão. Podem haver períodos ocasionais de paralisia características que na mulher (crescimento de barba, masculinização da voz,
muscular, por causa da hipocalemia. distribuição masculina dos pelos corporais, deposição de proteínas na pele e
especialmente nos músculos). No homem adulto, as características
Um dos critérios diagnósticos é a redução da [renina] plasmática, porque há virilizantes são geralmente obscurecidas pela virilização normal causada
supressão por feedback da secreção de renina devido ao excesso de pela testosterona secretada pelos testículos.
aldosterona ou LEC e da PA resultantes do aldosteronismo. O tratamento
consiste em remoção cirúrgica do tumor ou de quase todo o tecido adrenal; REFERÊNCIAS
ou tratamento farmacológico com antagonista do receptor de
mineralocorticoide (espironolactona, epierenona). HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall Tratado de
Fisiologia Médica. 13 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
SÍNDROME DE CUSHING
KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A. Berne & Levy Fisiologia. 6. ed.
A síndrome de Cushing é caracterizada por altos níveis plasmáticos de ACTH Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
e cortisol. Quando a síndrome é secundária à secreção excessiva de ACTH
pela hipófise anterior, é chamada de doença de Cushing. Na síndrome de SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem
Cushing independente de ACTH, os pacientes geralmente apresentam níveis integrada. 5 ed. São Paulo: Artmed, 2010.
baixos ou indetectáveis de ACTH; ao passo que na doença de Cushing tanto
os níveis de cortisol quanto os de ACTH encontram-se elevados no sangue.
SÍNDROME ADRENOGENITAL