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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE MEDICINA
BIOFÍSICA IIIA – ICSG03
DOCENTE: MARCIA BARBOSA, RODRIGO CUNHA,
SIMONE MACAMBIRA

EDUARDA OLIVEIRA SANTANA


GABRIEL SOUZA SANTA ROSA MASCARENHAS
JOADSON DE SANTANA BRANDÃO
ROSEANNE OLIVEIRA SILVA

ESTUDO DIRIGIDO - BIOELETROGÊNESE

SETEMBRO DE 2023
SALVADOR-BA
1-Diferencie: potencial eletroquímico e potencial de membrana (repouso e ação).
O potencial eletroquímico é a soma de duas forças que regem a difusão de íons sobre uma
membrana semi-permeável: a força elétrica dada pelo gradiente de cargas dentro e fora da
membrana, na qual cargas diferentes atraem umas às outras e cargas iguais se repelem, e o
gradiente químico que é a tendência das moléculas se difundirem de espaços com maior
concentração para espaços com menor concentração, buscando atingir o equilíbrio.
Já o potencial de membrana é a carga assumida por uma bicamada lipídica após os íons
permeáveis entrarem em equilíbrio eletroquímico levando em consideração o equilíbrio de
Gibbs Donnan já que: a membrana apresenta concentração assimétrica de íons, possui em seu
interior íons impermeantes, é permeável somente a alguns desses íons e apresentam bombas
eletrogênicas. Além disso que dita o potencial de membrana em repouso é a carga do íon
impermeante, no caso os componentes aniônicos das proteínas intracelulares, que torna o
interior com carga negativa, e devido a sua maior permeabilidade ao íon potássio assume
uma ddp mais próxima do potencial de equilíbrio Nernst do íon (-85 mlv), contudo esse íon
não o único íon permeável a membrana o que se faz chegar a um valor de -70 mlV que pode
ser comprovado pela equação de Goldman, Hodgkin e Katz (GHK) que leva em conta todos
os íons permeáveis. Portanto esse potencial de repouso é alcançado quando a resultante do
efluxo e influxo de potássio é igual a zero, mantido principalmente pelas bombas
eletrogênicas como a de bomba de sódio/e potássio ( já que o potássio não é o único íon
permeável). O potencial de ação seria uma propriedade específica de células excitáveis que
possibilita a inversão, por um curtíssimo período de tempo, da polaridade e ddp assumida
pela membrana que após armazenar cargas (semelhante a um capacitor ) pode estabelecer
uma corrente nesses casos através do influxo rápido de outros íons com grande gradiente
eletroquímico para o interior da célula, na maioria das vez o sódio, que por apresentar uma
constante de equilíbrio de Nernst positiva ( em torno de +55 mlv) faz com que a membrana
chegue a valores positivos de +30 mlv invertendo transitoriamente a polaridade e
possibilitando um potencial de ação que é mediado através de canais voltagem-dependentes
ou canais dependentes de ligantes.

2-Aplique os termos “assimetria”, “permeabilidade de membrana” e “bombas


eletrogênicas” à gênese do potencial de membrana
A gênese do potencial de membrana ocorre justamente devido a permeabilidade seletiva da
membrana a certos íons, o que torna possível a assimetria na concentração desses íons dentro
e fora da membrana. Essa assimetria por sua vez é mantida através das bombas eletrogênicas
que permitem a entrada e saída de íons contra seus gradientes de concentração tornando as
concentrações assimétricas. As bombas eletrogênicas mantém essa assimetria, pois deslocam
íons contra o gradiente de concentração e de maneira irregular, por exemplo, a bomba de
sódio-potássio carrega três íons de Na+ para fora (local onde há mais Na+), embora coloque
apenas dois íons K+ para dentro (região mais abundante de K+).Portanto a permeabilidade
da membrana aos diferentes íons é o que possibilita o potencial de membrana usual (-70 a -90
mlV) já que por ser mais permeável ao potássio estabelece valores mais próximos a seu valor
de equilíbrio.
3- Explique, com base nos princípios biofísicos, como a diferença de concentração de
íons contribui para a manutenção do potencial de repouso

As células excitáveis são permeáveis a mais de um íon. Nelas, o K + , o Na + e o Cl - passam


pela membrana através de canais seletivos próprios para cada tipo. A permeabilidade desses
íons é determinada pelo número de canais disponíveis. Desse modo, o K +é o íon que tem a
maior permeabilidade, e, como está mais concentrado dentro das células, tende a sair através
de seus canais de vazamento. Como o sódio também é permeável, o equilíbrio eletroquímico
simétrico não é alcançado.

Além disso, a bomba de sódio-potássio ATPase liga-se a 3 íons Na + na face citoplasmática ,


e 2 íons K + na face extracelular. Quando o ATP é hidrolisado em ADP e Pi (fosfato
inorgânico), a energia química é liberada, e o carreador sofre uma mudança conformacional
que carreia os íons citoplasmáticos para fora, e, simultaneamente, os íons extracelulares para
dentro da célula. Portanto, essas bombas ajudam a manter a assimetria dos gradientes iônicos,
pois a cada ciclo da bomba, a célula ficará um pouco mais negativa do lado de dentro. As
proteínas intracelulares negativamente carregadas não difusíveis também contribuem para
manter o citosol mais negativo com relação ao meio extracelular.

4- Qual a definição de potencial limiar? Descreva sua importância para a


eletrofisiologia dos neurônios.

O potencial limiar é a quantidade mínima de estímulo capaz de gerar o potencial de ação.


Sendo o valor em que a corrente de influxo de Na+ supera brevemente a corrente de efluxo
de K+ . Assim, o potencial de ação é deflagrado no cone de implantação, percorrendo todo o
axônio até o botão axonal, para viabilizar a exocitose dos neurotransmissores. Toda vez que o
limiar é atingido, o potencial de ação é deflagrado, esse princípio é conhecido como tudo ou
nada, e se aplica a todos os tecidos excitáveis normais.Tal princípio é essencial para o
funcionamento dos neurônios que transmitem apenas os sinais relevantes pelos axônios e tão
rede de sinalização pode ser regulada ou inibida além de um potencial limiar permitir que o
potencial de ação se renove ao percorrer o axônio.

5- Descreva os passos envolvidos na geração de um potencial de ação, incluindo


despolarização, repolarização e hiperpolarização, destacando as principais estruturas.

O potencial de ação corresponde à capacidade da célula de conduzir sinais elétricos por meio
dos quais são transportadas informações que percorrem a membrana celular e se propagam de
uma célula para outra, sem haver decaimento dessa onda de descarga elétrica.
Para a geração de um potencial de ação é preciso que haja uma mudança abrupta e transitória
no potencial elétrico de repouso da célula, o que promove a despolarização. O principal íon
envolvido na despolarização da membrana da célula é o íon Na+. Por conta do seu grande
influxo para dentro da célula, por meio dos canais dependentes de voltagem, o sódio contribui
para o disparo do potencial de ação através do princípio conhecido como lei do tudo ou nada.
A lei do tudo ou nada depende da amplitude e frequência do estímulo e, o potencial de ação
só ocorre quando o estímulo alcança o limiar de excitabilidade. Logo, se o estímulo é
subliminar, não vai disparar o potencial de ação que geraria uma despolarização e a
consequente propagação do impulso nervoso.

O potencial de ação é caracterizado por três etapas que diferem entre si. São elas:
despolarização, repolarização e hiperpolarização.
Quando o neurônio está no seu estado de repouso em sua membrana há canais de vazamento
principalmente para os íons Na+ e K+, com maiores canais para o K +. Assim, o potencial de
membrana de repouso se aproxima mais do potencial de equilíbrio do K + que possui valores
negativos.
No entanto, o neurônio pode ser estimulado/ pode receber informações de um outro neurônio,
que libera neurotransmissores próximos de uma região de sua membrana. Esses
neurotransmissores podem atuar abrindo canais iônicos específicos para o sódio. Além do
canal de vazamento vai haver, também, canais permitindo a entrada do íon sódio através da
membrana. A entrada de íons positivos faz o potencial de membrana subir, ficando mais
positivo, e promovendo a despolarização que vai se propagar pelo citoplasma do neurônio
até chegar ao cone do axônio- zona de disparo.
Se a onda de despolarização atingir uma voltagem mínima na zona de disparo (limiar), um
potencial de ação será gerado. Conforme o Na+ vai entrando na célula, mais a voltagem da
membrana vai ficando positiva, abrindo mais canais e permitindo a entrada de mais Na+ e
assim sucessivamente. Isso leva o potencial de membrana a valores positivos mais próximos
do potencial de equilíbrio do sódio. Ao chegar no pico (30 mV), os primeiros canais de Na+
dependentes de voltagem que se abriram começam a se inativar.
Os canais de K + dependentes de voltagem também são abertos quando a membrana
despolariza e atinge o potencial limiar. Contudo, os canais de K+ são mais lentos e terminam
de se abrir por completo quando os canais de Na+ já estão sendo fechados. Vai haver,
portanto, o aumento do transporte de K+ através da membrana. A saída do K+ possibilita a
retomada do potencial de membrana para os valores negativos do potencial de repouso.
A volta do potencial de membrana ao potencial de repouso (-70 mV) compreende a
repolarização.
Mesmo depois da repolarização da membrana, como ainda há muitos canais de potássio
dependentes de voltagem abertos, mais potássio deixa o neurônio e o potencial de membrana
acaba atingindo valores mais negativos (próximos ao potencial de equilíbrio do K+),
ocorrendo uma hiperpolarização no final do potencial de ação. Quando finalmente todos os
canais dependentes de voltagem se fecham, a permeabilidade tanto quanto ao sódio quanto ao
potássio voltam a ser determinados principalmente pelos canais de vazamento, fazendo com
que o potencial volte ao potencial de repouso.

6- Explique a sentença: “a membrana plasmática trabalha de maneira análoga a um


circuito resistor-capacitor.”
A membrana atua como um capacitor, pois armazena energia na forma de íons eletricamente
carregados, com cargas opostas, separados por uma barreira isolante. Assim, esta energia
potencial elétrica está disponível para ser recuperada rapidamente, além de estabilizar a
membrana evitando que este sistema seja perturbado por outros fatores. Como a membrana
armazena cargas, que as células excitáveis essa cargas tem uma funcionalidade , para tanto
são necessários à presença de canais e bombas que atuam como resistores ao possibilitar o
fluxo de ions e cargas ou seja estabelecendo uma corrente que passa sobre eles formando um
circuito fechado de capacitor e resistores.

7- O que é o período refratário? Relacione os períodos refratários absoluto e


relativo com a dinâmica de abertura e/ou fechamento dos canais de sódio e
potássio.

O período refratário absoluto é quando, por mais intenso que seja o estímulo, a célula é
incapaz de gerar um potencial de ação. Esse período ocorre quando, outro potencial de
ação já está acontecendo e os canais de sódio estão na conformação inativa.

O período refratário relativo ocorre quando a célula está ou no início ou na fase


hiperpolarizante ou seja, canais de potássio abertos, canais de sódio fechados e alguns
inativos. Nessa fase, é possível gerar um segundo potencial de ação, porém é necessário
um estímulo mais intenso, ou seja maior frequência de estímulos, do que o normal para
recrutar um número crítico de canais de sódio para deflagrar o potencial de ação.

8- Cite as conformações espaciais possíveis apresentadas pelo canal de sódio voltagem


dependente e explique como essas alterações em sua forma estão relacionadas com o
impulso nervoso.

Os canais de sódio voltagem-dependentes desempenham um papel crucial na geração e


propagação do potencial de ação nas membranas celulares, especialmente em neurônios e
células musculares. Desta forma, as conformações espaciais desse canal, é: aberto, fechado e
inativo. Inicialmente, os canais de sódio voltagem-dependentes se encontram na
conformação fechada (comporta de ativação fechada). Quando a célula recebe um estímulo
que a despolariza e atinge o limiar excitação, é deflagrado o potencial de ação e os canais de
sódio voltagem-dependentes passam a ficarem abertos (comporta de ativação aberta)
permitindo a passagem de sódio para o meio intracelular despolarizando ainda mais a célula.
Após isso, o potencial de ação atinge o pico de ultrapassagem e os canais de sódio passam a
se inativar (comporta de inativação fechada), é válido ressaltar que a comporta de inativação
não é voltagem dependente. Assim, os canais de potássio passam a se abrir lentamente
repolarizando a célula. Como os canais de potássio se abrem e fecham lentamente, há uma
entrada significativa de potássio, permitindo que o potencial fique mais negativo que o
potencial de repouso. Essa fase é chamada de hiperpolarização, onde os canais de potássio
ainda estão abertos, uma parte dos canais de sódio estão inativos e outra parte estão fechados.
Assim, as diferentes conformações dos canais de sódio são imprescindíveis para a
propagação do impulso nervoso.

9- Conceitue:

a. Fenda sináptica
Consiste no espaço entre o terminal do axônio do neurônio pré-sináptico e a membrana da
célula pós-sináptica. É neste espaço que ocorre a liberação do neurotransmissor, em razão de
uma atividade elétrica neuronal, que induz uma despolarização e possivelmente um
posterior o potencial de ação na célula pós sináptica.

b. Junção neuro-muscular
Corresponde ao espaço onde uma terminação nervosa - um neurônio motor - se junta ao
tecido muscular esquelético, cuja função é a transmissão do impulso nervoso, a fim de
realizar a contração muscular.

10- Além dos canais de sódio e potássio voltagem-dependente, nas regiões terminais dos
axônios são expressos também os canais de cálcio voltagem-dependente. Explique a
participação destes canais nas sinapses neuromusculares.

Os canais de cálcio voltagem-dependente têm um papel muito importante para as sinapses


neuromusculares. A chegada do potencial de ação no terminal axonal possibilita a abertura
dos canais de cálcio voltagem-dependentes, o que permite o influxo de cálcio para o meio
intracelular. O cálcio se liga a com calmodulina que forma um complexo que interage com a
sinapsina liberando as vesículas para sofrerem exocitose, para tanto, essa alta de Ca+ também
possibilita uma interação com a sinaptotagmina (proteína Snare vesicular), e a
sinaptotagmina catalisa a fusão da vesícula contendo os neurotransmissores com a membrana
da célula. Após a fusão, os neurotransmissores são liberados na fenda sináptica para se ligar
com os receptores das células musculares.

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