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RESUMO

SAÚDE
MENTAL
2021.1
Sumário
1. PROPEDÊUTICA PSIQUIÁTICA: .............................................................................................................................4
2. NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA ...........................................................................................................8
HIPOCAMPO ...................................................................................................................................................................16
O SISTEMA LÍMBICO ...................................................................................................................................................18
3. NEUROTRANSMISSORES E VIAS ........................................................................................................................21
4. FARMACOLOGIA: .....................................................................................................................................................25
5. PSICODINÂMICA:......................................................................................................................................................35
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA ...........................................................................................................................................35
6. DOENÇAS/TRANSTORNOS MENTAIS: ...............................................................................................................39
TRANSTORNOS MENTAIS DEVIDO À CONDIÇÃO MÉDICA GERAL ..............................................................42
TRANSTORNOS MENTAIS ORGÂNICOS (TMO)/ TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS .........................42
TRANSTORNOS DECORRENTES DO USO DE SUBSTÂNCIAS .......................................................................49
TRANSTORNOS DECORRENTES DE ALTERAÇÕES DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO ......................49
ESQUIZOFRENIA ..........................................................................................................................................................49
DELÍRIOS: .......................................................................................................................................................................50
ALUCINAÇÕES: .............................................................................................................................................................52
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS PRIMÁRIOS ........................................56
TRANSTORNOS DECORRENTES DAS ALTERAÇÕES AFETIVAS..................................................................61
TRANSTORNO DO HUMOR ............................................................................................................................................61
TRANSTORNO DEPRESSIVO ........................................................................................................................................62
DISTIMIA (TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE): ....................................................................................67
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE .............................................................................................................................69
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA ...................................................................................................69
ATAQUE DE PÂNICO .......................................................................................................................................................73
TRANSTORNO DE PÂNICO ............................................................................................................................................74
TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL) ...................................................................................76
OBSESSÃO X COMPULSÃO ..........................................................................................................................................78
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) ................................................................................................................78
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT) ..................................................................................79
TRANSTORNO DE AJUSTAMENTO .............................................................................................................................84
ANOREXIA NERVOSA (AN) ........................................................................................................................................85
BULIMIA NERVOSA ......................................................................................................................................................87
TRANSTORNO DA COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA (TCAP) ..............................................................88
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE ..................................................................................................................89
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO A .......................................................................................90
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO B .......................................................................................91
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO C .......................................................................................93
TRANSTORNOS DE CONTROLE DOS IMPULSOS ..............................................................................................94
TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DA INFÂNCIA .....................................................................................................95
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO EMOCIONAL DA CRIANÇA........................................................................97
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) .......................................................98
TRANSTORNO DE OPOSIÇÃO E DESAFIO (TOD) ............................................................................................ 100
TRANSTORNO DE CONDUTA (TC) ....................................................................................................................... 100
RETARDO MENTAL ................................................................................................................................................... 101
TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO ........................................................................................... 102
TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 102
7. ORGANIZAÇÃO DA ASSITÊNCIA À SAÚDE MENTAL E PROCESSOS DE REABILITAÇÃO
PSÍQUICA: ........................................................................................................................................................................ 103
8. EMERGÊNCIA/URGÊNICA PSIQUIÁTRICA: .................................................................................................... 108
9. SUICIDIO................................................................................................................................................................... 118
1. PROPEDÊUTICA PSIQUIÁTICA:
Para o exame do estado mental – revisar os termos aprendidos no pré-internato quanto aos
itens específicos da disciplina. – Afeto, pensamento, sensopercepção, memória, orientação,
atenção, psicomotricidade, consciência, critica da realidade.

Dicas para uma boa entrevista psiquiátrica


•Tudo interfere – minhas crenças, a participação voluntária/involuntária do paciente em
relação a doença e seu tratamento. Se voluntária, o tratamento vai ser positivo e caso involuntária
não vai ter um bom tratamento, exemplo deste são os alcoólatras que não aceitam ser
alcoólatras/violentos e continuam sempre com o mesmo comportamento.
•Rapporte vínculo maneira de deixar o paciente a vontade, ou seja, se sentir a vontade de
falar, dar o contexto para a pessoa de abrir e falar sobre a sua vida. para isso podemos oferecer
água, café, lenço de papel quando necessário. Falar para o paciente que não vai julgar, a garantia do
sigilo. Sempre ter um tempo sozinho com o paciente, pois muitas vezes a causa do problema é o
familiar que acompanha.
•Paciente acompanhado de, pelo menos, um familiar impor limites quando necessário ao
familiar.
•Sensibilidade e respeito – anos de exclusão e inumanidade.
•Paciência e ansiedade – controle da consulta pela psiquiatra.
•Escuta ativa, interesse e cuidado desde as primeiras consultas perguntar para o paciente
se ele se importa se o profissional de saúde anotar informações no prontuário enquanto conversam.

1. Dados sociodemográficos, histórico de saúde e biografia do paciente


•1.1 Identificação: Nome, sexo, idade, estado civil, grupo étnico, procedência, religião,
profissão; •1.2 Queixa principal: origem e motivo do encaminhamento, acrescentar a descrição
da linguagem do paciente;
•1.3 Histórico da Moléstia atual: início dos sintomas, frequência, duração e flutuações dos
mesmos. Descrever na sequência cronológica dos sintomas e eventos;
•1.4 Pré-Natal/Nascimento: gestação, parto, condições do nascimento (incluindo peso,
anorexia, icterícia, distúrbio metabólico);
•1.5 Desenvolvimento na Infância, Adolescência e Idade Adulta (MUITO IMPORTANTE
SABER SOBRE ESTAS FASES): condições de saúde, desenvolvimento motor, da linguagem e o
controle esfincteriano, vida escolar (como era as notas, contato com os amigos), relacionamentos,
sexualidade (violências sexuais na infância), relacionamento conjugal, traumas (automutilações) etc;
•1.6 História Médica e Psiquiátrica: internações, cirurgias, doenças (distúrbio metabolito,
principalmente hipotireoidismo), tratamentos, medicamentos utilizados;
•1.7 Histórico Familiar: fazer genograma e ecomapa, descrever histórico de doenças,
histórias de suicídio, violação de lei, funcionamento social;
•1.8 Personalidade Pré-Mórbida: atitudes e padrões de comportamento (ex.;
competitividade, preocupações com limpeza, humor habitual, capacidade de expressar sentimentos,
etc.) como você era antes destes comportamentos que hoje relata;
•1.9 Situação sócio-econômica; classe alta, média alta, média baixa, baixa, pobreza
absoluta;
•1.10 Condições de habitação (moradia): água encanada, energia elétrica, esgoto sanitário
e coleta de lixo;
•1.11 Estrutura e funcionamento familiar: equilibrada, conflitos frequentes, apoio;
•1.12 Grau de sociabilidade: lazer e atividades sociais
•1.13 Escolaridade (porque parou os estudos?)
•1.14 Trabalho: ocupação/profissão;
•1.15 Tabagismo, etilismo e outras drogas: Tipo, quantidade, início, motivação para parar,
quando parou.

Atenção:situações especiais
Luto: Tristeza por uma perda importante. Tem curso previsível (cerca de um ano) no ser
humano saudável.
Transtornos de adaptação: angústia, desconforto emocional depressão e estresse reativos
à necessidade de adaptação por mudanças importantes e impactantes de vida (Ex.: divórcio,
separação dos filhos, mudança de casa, escola, país, etc.). São mais intensos nas crianças,
adolescentes e idosos, pessoas adultas intolerantes às frustrações e imaturas. Tem início em até 30
dias após o evento perturbador/modificador da vida da pessoa. Cursa com humor lábil, impaciência,
irritabilidade, desgaste emocional, sensação de desânimo. Pode causar alterações na atividade
laboral.

2. Exame do Estado Mental

A) Avaliação geral do paciente


•Aparência: modo de andar, o tipo das roupas, adornos, maquiagem utilizados, higiene
pessoal, cabelos alinhados ou em desalinho.
•Posturas e atitudes na situação do exame: relação e a atitude perante o
entrevistador. (Ex.: cooperante, indiferente, passivo, fóbico, agressivo, petulante, cabisbaixo,
dissimulado, inseguro, histriônico-padrão generalizado de excessiva emocionalidade e busca de
atenção-, sedutor, dentre outros). Deve existir fundamentação sobre o que levou à conclusão.

(B) Exame das funções mentais


NÍVEL DE CONSCIÊNCIA:
•É o estado de lucidez em que a pessoa se encontra. Inclui o reconhecimento da
realidade externa ou de si mesmo em determinado momento, e a capacidade de responder a
estímulos.

•Vigil: Apresenta abertura ocular espontânea, estado alerta e responsivo.


•Sonolência: Lentificação dos processos ideacionais.
•Torpor: Está dormindo, exceto quando estimulado.
•Coma: não pode ser acordado.

ORIENTAÇÃO (autopsíquica e alopsíquica)


Autopsíquica: (reconhecimento de si)
a) saber o próprio nome;
b) reconhecer as pessoas do seu meio imediato, através de seu nome ou de
seu papel social e;
c) saber quem é o entrevistador.

Alopsíquica:
a) a orientação no tempo, englobando saber informar o ano, o mês, o dia da
semana, o período do dia, ou ainda a estação do ano, ou marcos temporais como Natal/ Carnaval/
Páscoa;
b) a orientação no espaço envolve saber informar onde se encontra no
momento, nomeando o lugar, a cidade e o estado.

ATENÇÃO: capacidade para centrar-se em uma atividade. O seu exame envolve


observar: a vigilância, a tenacidade e a concentração.
Vigilância: compreende a manutenção de um foco de atenção para estímulos
externos. Pode estar aumentada (hipervigilante) e diminuída (hipovigilante).
Tenacidade: capacidade de manter-se em uma tarefa específica.
Concentração: capacidade de manter a atenção voluntária, em processos internos de
pensamento ou em alguma atividade mental. Para a sua observação, pode-se pedir que se subtraia,
consecutivamente, o número 7, a partir do 100 (Mini Exame do Estado Mental –MEEM).

MEMÓRIA: capacidade de registrar, fixar ou reter, evocar e reconhecer objetos,


pessoas, experiências ou estímulos sensoriais. Sua análise engloba a avaliação das memórias
imediata, recente e remota.
•Memória imediata: que cobre os últimos 5 minutos.
•Memória recente: engloba os últimos dias e horas.
•Memória remota: desde os primeiros anos de vida.

INTELIGÊNCIA: conjunto de habilidades cognitivas resultante dos diferentes processos


intelectivos. Inclui raciocínio, planejamento, resolução de problemas, pensamento abstrato,
compreensão de ideias complexas, aprendizagem rápida e aprendizagem a partir da
experiência.
Para avaliação, utiliza-se de comparação com a média esperada para o grupo sócio-cultural
e para a faixa etária do indivíduo. Avaliar:
•Raciocínio lógico; Capacidade de fazer contas; Dificuldades em estudar;
•Capacidade de abstração: capacidade de formular conceitos e idéias, compará-los,
relacioná-los. Observe se o paciente recorre a analogias e metáforas. (pode ser avaliada a
compreensão de provérbios);
•Capacidade de generalização: perguntar sobre grupos de coisas, animais.

Sobre a avaliação da inteligência


•Na situação de entrevista deve ser observado: o vocabulário, sua propriedade e nível de
complexidade, e a capacidade de articular conceitos, de abstrair e generalizar.
•Atividades: a) que é o atual presidente da república? b) Compro pães por R$4,00 e dou uma
nota de R$10,00, quanto é o troco?

JUÍZO CRÍTICO DA REALIDADE


•Capacidade de perceber e avaliar adequadamente a realidade externa e separá-la
dos aspectos do mundo interno ou subjetivo. Inclui a aptidão para autoavaliação adequada e uma
visão realista de si mesmo.
•Considera-se que o juízo crítico da realidade está alterado, por exemplo, quando as
decisões do paciente são determinadas por delírios ou alucinações- paciente adulto se acha um bebe.

PENSAMENTO: Conjunto de funções integrativas capazes de associar conhecimentos


novos e antigos, integrar estímulos externos e internos, analisar, abstrair, julgar, concluir,
sintetizar e criar. Avaliar pela linguagem.
•Forma: Relação e nexo das ideias entre si. Avalie:
-Coerência: construção das frases em relação à sintaxe
-Incoerência: seria a salada de palavras;
-Logicidade: pensamento fundado na realidade.
-Circunstancialidade: alteração na qual há expressão do pensamento por meio de
detalhes irrelevantes e redundantes, porém paciente consegue chegar ao objetivo paciente da
muito detalhe e fala varias vezes sobre o mesmo assunto;
-Tangencialidade: o objetivo nunca é alcançado, ou não é claramente definido;
embora o paciente fique sempre próximo ao que seria sua meta;
-Fuga de ideias: associações tênues ou livres
•Fluxo: velocidade com que as ideias passam pelo pensamento (acelerado, lentificado,
adequado ou bloqueado).
•Conteúdo: neste item investiga-se os conceitos emitidos pelo paciente e sua relação com a
realidade.
Avaliar:
•Conteúdo predominante;
•Preocupações; Obsessões;
•Ideação suicida ou homicida;
•Presença de delírios: elucidar conteúdo – grandioso, persecutório, de ruína
etc.

LINGUAGEM: É o modo de se comunicar. Envolve linguagem verbal, gestos, olhar,


expressão facial e escrita. A linguagem falada é o principal ponto de observação.
•Quantidade: pode demonstrar um indivíduo em mutismo, monossilábico, prolixo, não
espontâneo, etc.
•Velocidade: pode ser rápida, lenta, hesitante, latência para iniciar respostas.
•Qualidade: conteúdo do discurso (pobre, elaborado), alterações na articulação das
palavras, neologismo (criação de novas palavras), ecolalia (repetição da última ou das últimas
palavras dirigidas ao paciente).
•Volume: alto ou baixo.

SENSOPERCEPÇÃO: Designa a capacidade de perceber e interpretar os estímulos que


se apresentam aos órgãos dos cinco sentidos. Alterações:
•Ilusões: Ocorrem quando os estímulos sensoriais reais são confundidos ou
interpretados erroneamente. Ex.: confundir a imagem de uma pessoa com outra.
•Alucinações: Ocorrem quando há percepção sensorial na ausência de estímulo
externo (percepção sem objeto). Ex.: ouvir vozes sem que haja estímulo auditivo. Obs: Estar atento
a sinais sugestivos de alucinações, mesmo quando o cliente as nega.
•Despersonalização: alteração na percepção de si próprio manifestada por
sentimentos de estranheza ou irrealidade.
•Desrealização: alteração na percepção do meio ambiente.

HUMOR: estado emocional de longa duração, interno, não dependente de estímulos


externos. É a tonalidade de sentimento predominante. Pode influenciar a percepção de si
mesmo, e do mundo ao seu redor  É O SENTIMENTO PREDOMINANTE (DEPRESSIVO, POR
EXEMPLO).
AFETO: experiência imediata e subjetiva das emoções sentidas em relação à situação.
• Avalia-se o humor/afeto pela expressão facial, gestos, tonalidade afetiva da voz,
conteúdo do discurso e psicomotricidade, choro fácil, risos imotivados, etc. Avaliar:
•Qualidade do afeto: tristeza, culpa, alegria, vergonha, etc.
•Modulação do afeto: hipermodulação, hipomodulação, embotamento, rigidez,
labilidade emocional;
•Tonalidade afetiva: hipotimia (sintomas depressivos), hipertimia (euforia), disforia
(tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada).

PSICOMOTRICIDADE: Integração das funções motrizes e mentais sob o efeito da


educação e do desenvolvimento do sistema nervoso. Avaliar:
•Velocidade e intensidade da mobilidade geral na marcha, quando sentado e na gesticulação.
•Agitação ou retardo
•Acatisia(movimento de “amassar barro”);
•Maneirismos (movimentos involuntários estereotipados);
•Tiques(movimentos involuntários e espasmódicos).
•Presença de sinais de catatonia (obediência automática, flexibilidade cérea).
2. NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA
O SISTEMA NERVOSO CONSISTE EM UM CONJUNTO DE ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELA
COORDENAÇÃO E INTEGRAÇÃO FUNCIONAL DOS DEMAIS SISTEMAS ORGÂNICOS, RELACIONANDO
O ORGANISMO COM AS VARIAÇÕES DO MEIO EXTERNO E CONTROLANDO AS FUNÇÕES VISCERAIS,
MANTENDO A HOMEOSTASE
OS TRÊS NEURÔNIOS FUNDAMENTAIS:

 NEURÔNIO SENSITIVO: CONDUZ A INFORMAÇÃO (IMPULSO NERVOSO) AO SISTEMA NERVOSO


CENTRAL
 NEURÔNIO MOTOR: CONDUZ A RESPOSTOU GERA RESPOSTASA ELABORADA (IMPULSO NERVOSO)
PELO SISTEMA NERSVOSO CENTRAL AO ÓRGÃO EFETUADOR (MUSCULO OU GLÂNDULA)
 NEURÔNIO DE ASSOCIAÇÃO: INTERLIGA OS NEURÔNIO SENSITIVO E MOTOR. ENCONTRADO
SOMENTE NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL. ANALISA AS INFORMAÇÕES, ARMAZENA-AS SOB A
FORMA DE MEMÓRIA, ELABORA PADRÕES DE RESPOSTAS ESPONTÂNEAS. QUANTO MAIOR O
NÚMERO DE NEURÔNIOS DE ASSOCIAÇÃO PARTICIPANDO EM UMA VIA NERVOSA, MAIS ELABORADA
SERÁ A RESPOSTA
SINAPSES NERVOSAS
UM IMPULSO NERVOSO É TRANSMITIDO PELO NEURÔNIO AXÔNIO ATRAVÉS DE SINAPSES, UMA
REGIÃO DE CONTATO ENTRE A EXTREMIDADE DO AXÔNIO DE UM NEURÔNIO E A SUPERFÍCIE DE
OUTRAS CÉLULAS, QUE PODEM SER TANTO OUTROS NEURÔNIOS COMO CÉLULAS SENSORIAIS,
MUSCULARES OU GLANDULARES. UMA SINAPSE É FORMADA PELA TERMINAÇÃO PRÉ-SINÁPTICA,
FENDA SINÁPTICA, E A MEMBRANA PÓS-SINÁPTICA, SENDO RESPONSÁVEL PELO PROCESSAMENTO
DA INFORMAÇÃO PELO SISTEMA NERVOSO, PODENDO SER, DEPENDENDO DO PROCESSO DE
TRANSMISSÃO DESTES SINAIS, QUÍMICAS OU ELÉTRICAS
TIPOS DE SINAPSES:
ELÉTRICAS: NAS SINAPSES ELÉTRICAS, AS CORRENTES IÔNICAS PASSAM DIRETAMENTE PELAS
JUNÇÕES COMUNICANTES ATÉ CHEGAREM ÀS OUTRAS CÉLULAS POR MEIO DE PROPAGAÇÃO
ELÉTRICA COM UM RETARDO NULO NA TRANSMISSÃO. FISIOLOGICAMENTE, ESSAS SINAPSES
ATUAM NA ATIVIDADE SINCRONIZADA DE GRUPOS DE NEURÔNIOS, CÉLULAS MUSCULARES LISAS
OU CARDÍACAS. ESSES CANAIS TÊM UMA CONDUTÂNCIA QUE VARIA DE ACORDO COM O TIPO DE
PROTEÍNA CONSTITUTIVA, POR ONDE PASSAM SOLUTOS DE BAIXO PESO MOLECULAR QUE IRÃO
LEVAR OS SINAIS DE UMA CÉLULA À OUTRA.
QUÍMICAS: NAS SINAPSES QUÍMICAS A TRANSMISSÃO OCORRE ATRAVÉS DE
NEUROTRANSMISSORES. NA SINAPSE QUÍMICA O TERMINAL PRÉ-SINÁTICO É SEPARADO DO CORPO
CELULAR DO NEURÔNIO PÓS-SINÁTICO PELA FENDA SINÁPTICA. O TERMINAL PRÉ-SINÁPTICO
POSSUI VESÍCULAS TRANSMISSORAS QUE CONTÉM SUBSTÂNCIAS TRANSMISSORAS QUE SERÃO
LIBERADAS NA FENDA SINÁPTICA, ESSA LIBERAÇÃO É CONTROLADA POR CANAIS DE CÁLCIO. A
SECREÇÃO DE UMA SUBSTÂNCIA QUÍMICA CHAMADA NEUROTRANSMISSOR, QUE IRÁ ATUAR
EMPROTEÍNAS RECEPTORAS PRESENTES NA MEMBRANA DO NEURÔNIO SUBSEQUENTE,
PROMOVENDO A EXCITAÇÃO OU INIBIÇÃO.AS SUBSTÂNCIAS NEUROTRANSMISSORAS. OS
NEUROTRAMISSORES MAIS CONHECIDOS SÃO: ACETILCOLINA, NOREPINEFRINA, EPINEFRINA,
HISTAMINA, ÁCIDO GAMAAMINOBUTÍRICO, GLICINA, SEROTOMINA E GLUTAMATO
ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL
VIA AFERENTE: CONDUZ A INFORMAÇÃO (IMPULSO NERVOSO ) AO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
VIA EFERENTE: CONDUZ A RESPOSTOU GERA RESPOSTASA
ELABORADA (IMPULSO NERVOSO) PELO SISTEMA NERSVOSO
CENTRAL AO ÓRGÃO EFETUADOR (MUSCULO OU GLÂNDULA)
VIA DE ASSOCIAÇÃO: INTERLIGA OS NEURÔNIO SENSITIVO E
MOTOR. ENCONTRADO SOMENTE NO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL. ANALISA AS INFORMAÇÕES, ARMAZENA-LAS SOB A
FORMA DE MEMÓRIA, ELABORA PADRÕES DE RESPOSTAS
EXPONTÂNEAS. QUANTO MAIOR O NÚMERO DE NEURÔNIOS DE
ASSOCIAÇÃO PARTICIPANDO EM UMA VIA NERVOSA, MAIS
ELABORADA SERÁ A RESPOSTA
DIVISÃO
ENCÉFALO: É A PARTE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL SITUA
DA NA CAIXA CRANIANA.
MEDULA ESPINHAL: É A PARTE DO SISTEMA
NERVOSO CENTRAL CONTINA NO CANAL
VERTEBRAL
ENCÉFALO: É A PARTE DO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL MAIS EVOLUIDAS, DEVIDO A MAIOR
QUANTIDADE DE NEURÔNIOS DE ASSOCIAÇÃO.

 TRONCO CEREBRAL:
o BULBO OU MEDULA OBLONGA
o PONTE
o MESENCÉFALO
 CEREBELO
 CÉREBRO:
o DIENCÉFALO
o TELENCÉFALO
MEDULA ESPINHAL:
É A PARTE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL MENOS DESENVOLÍVDA, CONSERVA MESMA
DISPOSIÇÃO ESTRUTURAL DO TUBO NEURAL
ESTRUTURA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

 SUBSTÂNCIA CINZENTA: ÁREAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL CONTENDO OS CORPOS DOS


NEURÔNIO E FIBRAS NERVOSAS SEM MILENINA.
 SUBSTÂNCIA BRANCA: ÁREAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL CONTENDO OS FIBRAS NERVOSAS
REVISTIDAS DE BAINHA DE MIELINA.
 NÚCLEOS: MASSAS DE SUBSTÂNCIA CINZENTA ENVOLVIDAS POR SUBSTÂNCIA
BRANCAORGANIZAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS
 TRATOS: FIBRAS NERVOSAS COM A MESMA ORIGEM,
DESTINO, TRAJETO E FUNÇÃO
 FASCÍCULOS: TRATOS MAIS COMPACTADOS
 LEMNISCOS: FIBRAS NERVOSAS COM DESPOSIÇÃO EM
PARALELO ENTRE SI
COMPORTAMENTO DAS FIBRAS NERVOSAS

 FIBRAS DE ASSOCIAÇÃO: ASSOCIAM ÁREAS DENTRO DO


MESMO ÓRGÃO.
 FIBRAS DE PROJEÇÃO: ASSOCIAM ÁREAS DE ÓRGÃOS
DIFERENTES.
 DECUSSAÇÃO: CRUZAMENTOS DE FIBRAS NERVOSAS OBLIQUAMENTE AO PLANO MEDIANO.
 COMISSURA: CRUZAMENTOS DE FIBRAS NERVOSAS
PERPENDICULARMENTEAO PLANO MEDIANO

CAVIDADES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

 VENTRÍCULOS LATERAIS: CAVIDADES DO TELELECÉFALO


(HEMISFÉRIOS CEREBRAIS)
 III VENTRÍCULO: CAVIDADE DO DIENCÉFALO
 AQUEDUTO CEREBRAL: CAVIDADE DO MESENCÉFALO
 IV VENTRÍCULO: CAVIDADE DO ENTRE AO CEREBELO,
PONTE E BULBO
 CANAL EPÊNDIMÁRIO OU CENTRAL DA MEDULA: CAVIDADE DA MEDULA ESPINHAL

MENINGES - MENINGES CONSTITUEM UM SISTEMA DE


MEMBRANAS QUE REVESTEM E PROTEGEM O SISTEMA
NERVOSO CENTRAL, CONSISTINDO EM TRÊS CAMADAS: A
DURA-MÁTER, ARACNÓIDE E PIA-MATER. TENDO COMO
FUNÇÃO PRIMÁRIA JUNTAMENTE COM O LÍQUIDO
CEFALORRAQUIDIANO, PROTEGER O SISTEMA NERVOSO
CENTRAL
DURA-MÁTER: MENINGE MAIS EXTERNA, ESPESSA, FORMA
UMA SACO DE PROTEÇÃO DO SNC, O SACO DURAL.
ARACNÓIDE: MENINGE MÉDIA, PARESENTA UMA FINA
LÂMINA ADERIDA INTERNAMENTE A DURA-MÁTER E EMITE
PROLONGAMENTO EM DIREÇÃO A PIA-MÁTER, AS
TRABÉCULAS ARACNOÍDEAS. NO ENCEFALO, APRESENTA PROJEÇÕES PAR O INTERIOR DO SEIO
VENOSO DA DURA-MÁTER, AS GRANULAÇÕES ARACNOÍDEAS.
PIA-MÁTER: MENINGE INTERNA, ESTÁ ADERIDA A SUPERFICIE DO SNC, SENDO RESPONSAVEL PELA
SUA FORMA E ESTÁ FIXADA A DURA.MÁTER
PELO LIGAMENTOS DENTICULAS
(TRANGULARES), A CADA LADO.
VASCULARIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL
ARTÉRIA ESPINHAL ANTERIOR
ARTÉRIAS VERTEBRAIS
ARTÉRIA BASILAR
ARTÉRIAS CEREBRLARES

 ARTÉRIA CEREBELAR ANTERIOR


 ARTÉRIA CEREBELAR MÉDIA
 ARTÉRIA CEREBELAR POSTERIOR
ARTÉRIAS CEREBRAIS

 ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR


 ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA
 ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR

FORMAÇÃO RETICULAR
É UMA PARTE DO TRONCO CEREBRAL (OU TRONCO ENCEFÁLICO) QUE ESTÁ ENVOLVIDA EM AÇÕES
COMO OS CICLOS DE SONO, O DESPERTAR E A FILTRAGEM DE ESTÍMULOS SENSORIAIS, PARA
DISTINGUIR OS ESTÍMULOS RELEVANTES DOS ESTÍMULOS IRRELEVANTES. A SUA PRINCIPAL
FUNÇÃO É ATIVAR O CÓRTEX CEREBRAL
APRESENTA UMA ESTRUTURA INTERMÉDIA ENTRE A
SUBSTÂNCIA BRANCA E A SUBSTÂNCIA CINZENTA.
A FORMAÇÃO RETICULAR OCUPA A PARTE CENTRAL DO TRONCO
CEREBRAL, E PROJETA-SE CRANIALMENTE PARA DENTRO DO
DIENCÉFALO, E CAUDALMENTE PARA A PORÇÃO MAIS ALTA DA
MEDULA ESPINHAL. ASSIM, A FORMAÇÃO RETICULAR É
APARENTEMENTE UMA ÁREA DIFUSA COM CÉLULAS E FIBRAS
QUE AS CRUZAM EM DIFERENTES DIRECÇÕES E QUE FORMA A
PARTE CENTRAL DO TRONCO CEREBRAL.
É TODA A ZONA DO TRONCO CEREBRAL ONDE NÃO EXISTE
NENHUM NÚCLEO ESPECÍFICO E É POR ALGUNS AUTORES DESIGNADA DE PÂNTANO NEURONAL.
PRINCIPAIS NÚCLEOS:

 NUCLEOS DA RAFE (NEURÔNIOS SEROTONÈRGIGICOS)


 LOCUS COERULEUS (NEURÔNIOS NORADRENÈRGIGICOS)
 SUBSTÂNCIA PERIAQUEDUTAL
 ÁREA TEGMENTAR VENTRAL (NEURÔNIOS DOPAMINÈRGIGICOS)
PRINCIPAIS FUNÇÕES:

 ATIVAÇÃO DO CORTEX CEREBRAL


 REGULAÇÃO DO SONO
 REGULAÇÃO DA ATIVIDADE DOS NEURÔNIO MOTORES
 CONTROLE EFERENTE DA SENSIBILIDADE
 ATENÇÃO SELETIVA
DIENCÉFALO:
É A PARTE DO CÉREBRO ENTRE O TRONCO CEREBRAL E O TELENCÉFALO, RECOBERTO PELOS
HEMISFÉRIOS CEREBRAIS. LOCALIZADA INFERIOR E ANTERIOR AO CORPO CALOSO, PARTE DO
TELENCÉFALO, E SUPERIOR AO MESENCÉFALO, DELIMITANDO POR ESTE ÚLTIMO POR UMA LINHA
IMAGINÁRIA QUE CORRE DO CORPO MAMILAR
PARA A COMISSURA POSTERIOR (EPITÁLAMO).
DIVISÃO:

 TÁLAMO: MASSA VOLUMOSA OVÓIDE


CONSTITUÍDA DE SUBSTÂNCIA CINZENTA.
RECEBE E EMITE FIBRAS PARA O CÓRTEX
CEREBRAL (CÁPSULA INTERNA).
 HIPOTÁLAMO: SITUA-SE ABAIXO DO TÁLAMO E
É O CENTRO DE COPNTRÔLE VISCERAL.
 EPITÁLAMO: POSSUI FUNÇÕES ENDÓCRINAS,
RELACIONADAS ÀS EMOÇÕES E NÃO
ENDÓCRINAS.
 SUBTÁLAMO: VISTO SOMENTE EM CORTES CORONAIS, RELACIONA-SE COM A ATIVIDADE MOTORAS
AUTOMATIZADAS.
ESTUDO DO TÁLAMO

 TUBÉRCULO ANTERIOR: PERTENCE AO SISTEMA LÍBICO,


QUE CONTROLA COMPORTAMENTO EMOCIONAL
 PULVINAR: RELACIONA-SE COM ÁREAS DE MEMÓRIA DO
TELENCÉFALO
 CORPO GENICULADO LATERAL: VIA DA VISÃO
 CORPO GENICULADO MEDIAL: VIA DA AUDIÇÃO
 ADERÊNCIA INTERTALÂMICA: SURGE DO CONTATO
ENTRE OS DOIS TÁLAMOS (INCONSTANTE)
 CORPO PINEAL: É UMA PEQUENA GLÂNDULA ENDÓCRINA
LOCALIZADA PERTO DO CENTRO DO CÉREBRO, ENTRE OS DOIS HEMISFÉRIOS, ACIMA DO
AQUEDUTO CEREBRAL E ABAIXO DO ESPLÊNIO DO CORPO CALOSO, NA PARTE ANTERIOR E
SUPERIOR DOS TUBÉRCULOS QUADRIGÊMEOSE NA PARTE POSTERIOR DOIII VENTRÍCULO. ESTÁ
PRESA POR DIVERSOS PEDÚNCULOS. APESAR DAS FUNÇÕES DESTA GLÂNDULA SEREM MUITO
DISCUTIDAS, PARECE NÃO HAVER DÚVIDAS QUANTO AO IMPORTANTE PAPEL QUE ELA EXERCE NA
REGULAÇÃO DOS CHAMADOS CICLOS CIRCADIANOS, QUE SÃO OS CICLOS VITAIS (PRINCIPALMENTE
O SONO) E NO CONTROLE DAS ATIVIDADES SEXUAIS E DE REPRODUÇÃO
ESTUDO DO HIPOTÁLAMO

 ÁREA NUCLEAR
 CONTRÔLE DO SISTEMA NERVOSO AUTONOMO
o HIPOTALAMO ANTERIOR (SIMPATICO)
o HIPOTALAMO POSTERIOR (PARASSIMPATICO)
 REGULAÇÃO DA TEMPERATURA:
o HIPOTALAMO ANTERIOR (CENTRO DE PERDA DE CALOR)
o HIPOTALAMO POSTERIOR (CONCENTRA CALOR)
 SULCO HIPOTALÂMICO: SULCO QUE SEPARA O TÁLAMO E O HIPOTÁLAMO
 QUIASMA OPTICO: CRUZAMENTO DE PARTE DAS FIBRA NERVOSAS DO NERVO OPTICO
 CORPOS MAMILARES: INTEGRA O SISTEMA LIMBICO
 TUBER CINÉREO
 HASTE
 HIPÓFISE
 ADENO-HIPÓFISE (PORÇÃO GLÂNDULAR)
o STH – SOMATOTRÓPICO: ATUA NAS ZONAS METAFISÁRIAS DO OSSOS LONGOS ESTIMULANDO O
CRESCIMENTO
o LTH – PROLACTINA: ATUA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA GLÂNDULA MAMÁRIA E A SÍNTESE DO
LEITE
o TSH – TIREOTROFINA: ATUA SOBRE A GLÂNDULA TIERÓIDE REGULAANDO A PRODUÇÃO DOS SEU
HORMÔNIOS
o ACTH – ADRENOCORTICOTROFINA: ATUA ESTIMULANDO A SECREÇÃO DOS HORMÔNIOS CORTICAIS
ADRENAIS
o FSH – FOLICULO-ESTIMULANTE: ESTIMULA A GAMOTOGENESE NAS GÔNADAS MASCULINAS E
FEMININAS
o LH – LUTEINIZANTE: CONTROLA O AMADURECIMENTO FOLICULAR, REGULA A SECREÇÃO
PROGESTENÔNICA OVARIANA
 NEURO-HIPÓFISE
o OCITOCINA: QUE VEM DO NÚCLEO SUPRA-ÓPTICO E, EM MAIOR EXTENSÃO, NO NÚCLEO
PARAVENTRICULAR DO HIPOTÁLAMO; HORMONA RESPONSÁVEL PELA CONTRAÇÃO DO ÚTERO NO
PERÍODO DE GRAVIDEZ; AUXILIA NA PRODUÇÃO DE LEITE MATERNO, NA MEDIDA EM QUE TEM UM
IMPORTANTE EFEITO GALACTOCINÉTICO, ACÇÃO ACOMPANHADA DE UM SIGNIFICATIVO AUMENTO
DE JUNÇÕES COMUNICANTES ENTRE AS CÉLULAS DO MÚSCULO LISO UTERINO E MAMÁRIO,
AUMENTANDO TAMBÉM A DENSIDADE DE RECEPTORES DE OXITOCINA
o VASOPRESSINA (ANTIDIURÉTICO): HORMONIO ANTIDIURÉTICO, TAMBÉM CONHECIDO COMO ADH
(VASOPRESSINA), QUE VEM DO NÚCLEO SUPRAÓPTICO DO HIPOTÁLAMO, PRINCIPALMENTE, MAS
TAMBÉM DO NÚCLEO PARAVENTRICULAR. JÁ ESSE TRABALHO JUNTO AOS NEFRONS
CONTRÔLE DAS EMOÇÕES (ESTRUTURAS LIMBICAS)
REGULAÇÃO DA FOME (NÚCLEO VENTRAL)

TELENCÉFALO:
FORMA A MAIOR PORÇÃO DO ENCÉFALO, COMPREENDE OS DOIS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS,
DIREITO E ESQUERDO, INCOMPLETAMENTE SEPARADOS PELA FISSURA LONGITUDINAL DO
CÉREBRO, OCUPANDO A MAIOR PARTE DA CAIXA CRANIANA. A SUPERFICIE DOS HEMISFÉRIOS
CEREBRAIS É CONSTITUÍDA POR CIRCUNVOLUÇÕES, SEPARADAS POR SULCOS, CUJA FUNÇÃO É
AUMENTAR AO MÁXIMO A ÁREA DE SUPERFÍCIE DO CÓRTEX CEREBRAL SEM EXIGIR UM AUMENTO
CORRESPONDENTE DO VOLUME CEREBRAL. ALÉM DAS FUNÇÕES PSÍQUICAS, COORDENA OS
ESTÍMULOS SENSORIAIS E A MOTRICIDADE. AGE DE MANEIRA INTEGRADA, SENDO QUE
ENCONTRAMOS ALGUMAS ÁREAS COM FUNÇÕES ESPECIALIZADAS
DIVISÃO EM LOBOS
ELEMENTOS DEMARCATÓRIOS:

 SULCO CENTRAL: (ENTRE OS LOBOS FRONTAL


E PARIETAL)
 SULCO LATERAL (RAMO POSTERIOR): (ENTRE
OS LOBOS FRONTAL, PARIETAL E TEMPORAL)
 IINCISURA PRÉ-OCCIPITAL: (ENTRE OS LOBOS
OCCIPITAL E TEMPORAL)
 SULCO PARIETO-OCCIPITAL: (ENTRE OS
LOBOS OCCIPITAL E PARIETAL)
LOBOS:

 LOBO FRONTAL: POSSUI ATIVIDADE MOTORA VOLUNTÁRIA E INVOLUNTÁRIA


 LOBO PARIETAL: RELACIONA-SE COM SENSIBILIDADES GERAIS (DOR, TATO, PRESSÃO E
TEMPERATURA E PROPRIOCEPÇÃO) E GUSTAÇÃO
 LOBO OCCIPITAL: TEM SUAS ATIVIDADES RELACIONADAS COMO SENTIDO DA VISÃO
 LOBO TEMPORAL: TEM SUAS ATIVIDADES RELACIONADAS COM AUDIÇÃO E EQUILIBRIO
 LOBO DA INSULA: FUNÇÕES VISCERAIS

SULCOS:
GIROS:
HIPOCAMPO
É UMA ESTRUTURA LOCALIZADA NOS LOBOS TEMPORAIS DO CÉREBRO HUMANO, CONSIDERADA A
PRINCIPAL SEDE DA MEMÓRIA E IMPORTANTE COMPONENTE DO SISTEMA LÍMBICO.
ESTA ESTRUTURA PARECE SER MUITO IMPORTANTE PARA CONVERTER A MEMÓRIA A CURTO
PRAZO EM MEMÓRIA A LONGO
PRAZO. O HIPOCAMPO ATUA EM
INTERAÇÃO COM AAMÍGDALA E
ESTÁ MAIS ENVOLVIDA NO
REGISTRO E DECIFRAÇÃO DOS
PADRÕES PERCEPTUAIS DO QUE
NAS REAÇÕES EMOCIONAIS.
CORPO CALOSO
É UMA ESTRUTURA DO CÉREBRO
DE MAMÍFEROS LOCALIZADA NO
ASSOALHO DA FISSURA
LONGITUDINAL, QUE CONECTA
OS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS
DIREITO E ESQUERDO.
É A MAIOR ESTRUTURA DE SUBSTÂNCIA BRANCA NO CÉREBRO, CONSISTINDO DE MILHÕES DE
PROJEÇÕES AXÔNICAS CONTRALATERAIS. O TRONCO DO CORPO CALOSO DILATA-SE
POSTERIORMENTE NO ESPLÊNIO DO CORPO CALOSO E SE FLETE, NA PORÇÃO ANTERIOR, EM
DIREÇÃO À BASE DO CÉREBRO, PARA CONSTITUIR O JOELHO DO CORPO CALOSO. O CORPO
CALOSO É FORMADO POR ROSTRO, JOELHO, CORPO E ESPLÊNIO
NÚCLEOS DA BASE
SÃO UM GRUPO DE NÚCLEOS NO CÉREBRO INTERCONECTADOS COM O CÓRTEX CEREBRAL,
TÁLAMO E TRONCO CEREBRAL. OS NÚCLEOS DA BASE DE MAMÍFEROS ESTÃO ASSOCIADOS A
DIVERSAS FUNÇÕES: CONTROLE MOTOR, COGNIÇÃO, EMOÇÕES E APRENDIZADO.

 NÚCLEO CAUDADO
 NÚCLEO LENTIFORME:
 PUTAME
 GLOBO PÁLIDO
 CORPO AMIGDALÓIDE
(AMIGDALA CEREBRAL)
 CORPO ESTRIADO: (NUCLEO
CAUDADO + NÚCLEO
LENTIFORME)
 NÚCLEO BASAL DE MEYNERT:
(DOENÇA DE ALZEIMER)

CÓRTEX CEREBRAL
CORRESPONDE À CAMADA MAIS EXTERNA DO CÉREBRO DOS VERTEBRADOS, SENDO RICO EM
NEURÔNIOS E O LOCAL DO PROCESSAMENTO NEURONAL MAIS SOFISTICADO E DISTINTO.
DESEMPENHA UM PAPEL CENTRAL EM FUNÇÕES COMPLEXAS DO CÉREBRO COMO NA MEMÓRIA,
ATENÇÃO, PERCEPÇÃO E PENSAMENTO. EM ANIMAIS COM CAPACIDADE CEREBRAL MAIS
DESENVOLVIDA, O CÓRTEX FORMA SULCOS PARA AUMENTAR A ÁREA DE PROCESSAMENTO
NEURONAL, MINIMIZANDO A NECESSIDADE DE AUMENTO DE VOLUME.
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO BRODMANN: 52 ÁREAS

 ÁREA DAS SENSIBILIDADES GERAIS – 1, 2 E 3


 ÁREA MOTORA PRIMÁRIA - 4
 ÁREA DA VISÃO – 17
 ÁREA AUDIÇÃO – 41
 ÁREA OLFAÇÃO – 34

ÁREAS FUNCIONAIS DO
CÓRTEX CEREBRAL:

 ÁREAS DE PROJEÇÃO
CORTICAL DE
SENSIBILIDADES (ANÁLISE)
 ÁREA DAS SENSIBILIDADES GERAIS (GIRO PÓS-CENTRAL) DOR, TATO, PRESSÃO, TEMPERATURA E
PROPRIOCEPÇÃO)
 ÁREA DA VISÃO (EM TORNO DO SULCO CALCARINO)
 ÁREA DA AUDIÇÃO (GIRO TEMPORAL TRANSVERSO ANTERIOR)
 ÁREA DA OLFAÇÃO (UNCUS)
 ÁREA DA GUSTAÇÃO (GIRO PÓS-CENTRAL- PREGRA FRONTOPARIETAL INFERIOR)
BLOCO SENSITIVO:

 ÁREAS PRIMÁRIAS (ANÁLISE – SENSAÇÃO)


 ÁREAS SECUNDÁRIAS (SÍNTESE – PERCEPÇÃO)
 ÁREAS TERCIÁRIA (INTEGRAÇÃO)

ÁREAS
RELACIONADAS
COM A
LINGUAGEM:

 ÁREA DE
PERCEPÇÃO
(ÁREA DE
WERNICK)
 ÁREA DE
EXPRESSÃO
(ÁREA DE BROCÁ)
ESPCECIALIZAÇÕES DOS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS

 HEMISFÉRIO DIREITO (HABILIDADE ARTÍSTICAS, PERCEPÇÃO DE RELAÇÕES ESPACIAIS,


RECONHECIMENTO DE FISIONOMIAS)
 HEMISFÉRIO ESQUERDO (LINGUAGEM E RACIOCÍNIO MATEMÁTICO)
ESTRUTURAS LÍMBICAS:

 COMPONENTES CORTICAIS
 COMPONENTES
SUBCORTICAIS

ÀREAS RELACIONADAS
COM MEMÓRIA:

 MEMÓRIAS DE CURTA
DURAÇÃO (HIPOCAMPO)
 MEMÓRIAS DE MÉDIA DURAÇÃO
 MEMÓRIAS DE LONGA DURAÇÃO (ÁREA SENSITIVAS SECUNÁRIA)

O SISTEMA LÍMBICO
ESTRUTURAS PRINCIPAIS:

 GIROS CORTICAIS
 NÚCLEOS DE SUBSTÂNCIA CINZENTA
 TRATOS DE SUBSTÂNCIA BRANCA
DISPOSTOS NAS SUPERFÍCIES MEDIAIS DE
AMBOS OS HEMISFÉRIOS E EM TORNO DO
TERCEIRO VENTRÍCULO
ESTAS ESTRUTURAS, FUNCIONALMENTE, SE
RELACIONAM COM OS INSTINTOS, EMOÇÕES
E MEMÓRIA E, ATRAVÉS DO HIPOTÁLAMO,
COM A MANUTENÇÃO DA HOMEOSTASE.
SÉRIE DE CURVAS EM FORMA DE ”C” QUE TEM
COMO CENTRO O TÁLAMO E O HIPOTÁLAMO
EM CADA HEMISFÉRIO
AMÍGDALA:
SE LOCALIZA NO INTERIOR DA METADE ANTERIOR DO UNCO DO
GIRO PARAHIPOCAMPAL, IMEDIATAMENTE ANTERIOR À CABEÇA
DO HIPOCAMPO QUE OCUPA A SUA METADE POSTERIOR E,
PORTANTO, CONSTITUI A PAREDE ANTERIOR DO CORNO
TEMPORAL
É COMPOSTO PELAS SUAS DIFERENTES PARTES:

 BASOLATERAL - É MUITO SEMELHANTE AO CÓRTEX, RECEBE AS SUAS AFERÊNCIAS DO CÓRTEX


CEREBRAL E DE NÚCLEOS TALÂMICOS POLIMODAIS E, COMO O CÓRTEX, SE PROJETA PARA O
STRIATUM VENTRAL E PARA O TÁLAMO
 OLFATÓRIA - ADJACENTE AO CÓRTEX OLFATÓRIO TEMPORAL, RECEBE AS SUAS AFERÊNCIAS E SE
PROJETA, PRINCIPALMENTE, PARA A PARTE CENTROMEDIAL DA PRÓPRIA AMÍGDALA E PARA O
HIPOTÁLAMO.
 CENTROMEDIAL - RECEBE AFERÊNCIAS DA FORMAÇÃO HIPOCAMPAL, DA ÍNSULA, DO CÓRTEX
ÓRBITO-FRONTAL E DE NÚCLEOS TALÂMICOS DA LINHA MÉDIA (MAIS PARTICULARMENTE
RELACIONADOS COM INFORMAÇÃO INTEROCEPTIVA), E SE PROJETA SOBRE O HIPOTÁLAMO E
TRONCO ENCEFÁLICO
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL: CONSTITUI O PRINCIPAL CENTRO DE ORGANIZAÇÃO E DE PLANEJAMENTO
DE AÇÕES, INCLUSIVE EMOCIONAIS. AS ÁREAS CORTICAIS PRÉFRONTAIS, PORTANTO,
ORQUESTRAM AS REAÇÕES EMOCIONAIS, EXERCENDO UMA INTENSA ATIVIDADE MODULATÓRIA
SOBRE A AMÍGDALA.

EMOÇÕES
PRAZER E RECOMPENSA
AS EMOÇÕES MAIS ”PRIMITIVAS” E BEM ESTUDADAS PELOS NEUROFISIOLOGISTAS, COM A
FINALIDADE DE ESTABELECER SUAS RELAÇÕES COM O FUNCIONAMENTO CEREBRAL, SÃO A
SENSAÇÃO DE RECOMPENSA (PRAZER, SATISFAÇÃO) E DE PUNIÇÃO (DESGOSTO, AVERSÃO),
TENDO SIDO CARACTERIZADO, PARA CADA UMA DELAS, UM CIRCUITO ENCEFÁLICO ESPECÍFICO.
O ”CENTRO DE RECOMPENSA” ESTÁ RELACIONADO, PRINCIPALMENTE, AO FEIXE PROSENCEFÁLICO
MEDIAL, NOS NÚCLEOS LATERAL E VENTROMEDIAL DO HIPOTÁLAMO, HAVENDO CONEXÕES COM O
SEPTO, A AMÍGDALA, ALGUMAS ÁREAS DO TÁLAMO E OS GÂNGLIOS DA BASE.
JÁ O ”CENTRO DE PUNIÇÃO” É DESCRITO COM LOCALIZAÇÃO NA ÁREA CINZENTA CENTRAL QUE
RODEIA O AQUEDUTO CEREBRAL DE SYLVIUS, NO MESENCÉFALO, ESTENDENDO-SE ÀS ZONAS
PERIVENTRICULARES DO HIPOTÁLAMO E TÁLAMO, ESTANDO RELACIONADO À AMÍGDALA E AO
HIPOCAMPO E, TAMBÉM, ÀS PORÇÕES MEDIAIS DO HIPOTÁLAMO E ÀS PORÇÕES LATERAIS DA ÁREA
TEGMENTAL DO MESENCÉFALO
ALEGRIA
A INDUÇÃO DE ALEGRIA, RESPOSTA À IDENTIFICAÇÃO DE EXPRESSÕES FACIAIS DE FELICIDADE, À
VISUALIZAÇÃO DE IMAGENS AGRADÁVEIS E/OU À INDUÇÃO DE RECORDAÇÕES DE FELICIDADE,
PRAZER SEXUAL E ESTIMULAÇÃO COMPETITIVA BEM-SUCEDIDA, PROVOCOU A ATIVAÇÃO DOS
GÂNGLIOS BASAIS, INCLUINDO O ESTRIADO VENTRAL E O PUTÂMEN. ALÉM DISSO, VALE
RELEMBRAR QUE OS GÂNGLIOS BASAIS RECEBEM UMA RICA INERVAÇÃO DE NEURÔNIOS
DOPAMINÉRGICOS DO SISTEMA MESOLÍMBICO, INTIMAMENTE RELACIONADOS À GERAÇÃO DO
PRAZER, E DO SISTEMA DOPAMINÉRGICO DO NÚCLEO ESTRIADO VENTRAL.
A DOPAMINA AGE DE MODO INDEPENDENTE, UTILIZANDO RECEPTORES OPIÓIDES E GABAÉRGICOS
NO ESTRIADO VENTRAL, NA AMÍGDALA E NO CÓRTEX ÓRBITO-FRONTAL, ALGO RELACIONADO A
ESTADOS AFETIVOS (COMO PRAZER SENSORIAL), ENQUANTO OUTROS NEUROPEPTÍDEOS ESTÃO
ENVOLVIDOS NA GERAÇÃO DA SENSAÇÃO DE SATISFAÇÃO POR MEIO DE MECANISMOS
HOMEOSTÁTICOS.
DESCRIÇÕES NEUROANATÔMICAS DE LESÕES DAS VIAS CÉREBRO-PONTOCEREBELARES EM
INDIVÍDUOS COM RISO E CHORO PATOLÓGICOS SUGEREM QUE O CEREBELO SEJA UMA
ESTRUTURA ENVOLVIDA NA ASSOCIAÇÃO ENTRE A EXECUÇÃO DO RISO E DO CHORO E O
CONTEXTO COGNITIVO E SITUACIONAL
MEDO
AS RELAÇÕES ENTRE A AMÍGDALA E O HIPOTÁLAMO ESTÃO INTIMAMENTE LIGADAS ÀS SENSAÇÕES
DE MEDO E RAIVA. A AMÍGDALA É RESPONSÁVEL PELA DETECÇÃO, GERAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS
EMOÇÕES RELACIONADAS AO MEDO, BEM COMO PELO RECONHECIMENTO DE EXPRESSÕES
FACIAIS DE MEDO E COORDENAÇÃO DE RESPOSTAS APROPRIADAS À AMEAÇA E AO PERIGO.
A LESÃO DA AMÍGDALA EM HUMANOS PRODUZ REDUÇÃO DA EMOTIVIDADE E DA CAPACIDADE DE
RECONHECER O MEDO. POR OUTRO LADO, A ESTIMULAÇÃO DA AMÍGDALA PODE LEVAR A UM
ESTADO DE VIGILÂNCIA OU ATENÇÃO AUMENTADA, ANSIEDADE E MEDO.
ATUALMENTE, SE RECONHECE QUE PROJEÇÕES DA AMÍGDALA PARA O CÓRTEX CONTRIBUEM
PARA O RECONHECIMENTO DA VIVÊNCIA DO MEDO E OUTROS ASPECTOS COGNITIVOS DO
PROCESSO EMOCIONAL.
A AMÍGDALA É UMA ESTRUTURA QUE EXERCE LIGAÇÃO ESSENCIAL ENTRE AS ÁREAS DO CÓRTEX
CEREBRAL, RECEBENDO INFORMAÇÕES DE TODOS OS SISTEMAS SENSORIAIS. ESTAS, POR SUA
VEZ, PROJETAM-SE DE FORMA ESPECÍFICA AOS NÚCLEOS AMIGDALIANOS, PERMITINDO A
INTEGRAÇÃO DA INFORMAÇÃO PROVENIENTE DAS DIVERSAS ÁREAS CEREBRAIS, ATRAVÉS DE
CONEXÕES EXCITATÓRIAS E INIBITÓRIAS A PARTIR DE VIAS CORTICAIS E SUBCORTICAIS.
OS NÚCLEOS BASOLATERAIS SÃO AS PRINCIPAIS PORTAS DE ENTRADA DA AMÍGDALA, RECEBENDO
INFORMAÇÕES SENSORIAIS E AUDITIVAS; JÁ A VIA AMIGDALOFUGAL VENTRAL E A ESTRIA TERMINAL
ESTABELECEM CONEXÃO COM O HIPOTÁLAMO, PERMITINDO O DESENCADEAMENTO DO MEDO.
A ESTRIA TERMINAL ESTÁ RELACIONADA À LIBERAÇÃO DOS HORMÔNIOS DE ESTRESSE DAS
GLÂNDULAS HIPÓFISE E SUPRA-RENAL DURANTE O CONDICIONAMENTO. PARA O APRENDIZADO DO
CONDICIONAMENTO DO MEDO, AS VIAS QUE TRANSMITEM A INFORMAÇÃO DO ESTÍMULO
CONVERGEM NO NÚCLEO LATERAL DA AMÍGDALA, DE ONDE PARTE A INFORMAÇÃO PARA O NÚCLEO
CENTRAL. ESTE, POR SUA VEZ, ESTABELECE CONEXÃO COM O HIPOTÁLAMO E SUBSTÂNCIA
CINZENTA PERIAQUEDUTAL NO TRONCO CEFÁLICO, EVOCANDO, POR FIM, RESPOSTAS MOTORAS
SOMÁTICAS.
RAIVA
UMA DAS PRIMEIRAS ESTRUTURAS ASSOCIADAS À RAIVA FOI O HIPOTÁLAMO, EM DECORRÊNCIA
DE ESTUDOS REALIZADOS NA DÉCADA DE 1920, NOS QUAIS SE DESCREVERAM MANIFESTAÇÕES
DE RAIVA EM SITUAÇÕES NÃO CONDIZENTES, APÓS A REMOÇÃO TOTAL DO TELENCÉFALO.
ENTRETANTO, ESSE MESMO COMPORTAMENTO NÃO ERA OBSERVADO QUANDO A LESÃO SE
ESTENDIA ATÉ A METADE POSTERIOR DO HIPOTÁLAMO, LEVANDO À CONCLUSÃO DE QUE O
HIPOTÁLAMO POSTERIOR ESTARIA ENVOLVIDO COM A EXPRESSÃO DE RAIVA E AGRESSIVIDADE,
ENQUANTO O TELENCÉFALO MEDIARIA EFEITOS INIBITÓRIOS SOBRE ESSE COMPORTAMENTO.
A RAIVA, ASSIM COMO O MEDO, É UMA EMOÇÃO RELACIONADA ÀS FUNÇÕES DA AMÍGDALA, EM
DECORRÊNCIA DE CONEXÕES COM O HIPOTÁLAMO E OUTRAS ESTRUTURAS.
TRISTEZA
A TRISTEZA E A DEPRESSÃO PODEM SER VISTAS COMO “POLOS” DE UM MESMO PROCESSO. A
PRIMEIRA É CONSIDERADA “FISIOLÓGICA”, E A SEGUNDA, “PATOLÓGICA”, ESTANDO, POR CONTA
DISSO, RELACIONADAS EM TERMOS NEUROFISIOLÓGICOS. É CADA VEZ MAIS FREQUENTE A
DESCRIÇÃO DA CORRELAÇÃO ENTRE DISFUNÇÕES EMOCIONAIS E PREJUÍZOS DAS FUNÇÕES
NEUROCOGNITIVAS. DE FATO, A DEPRESSÃO ASSOCIA-SE A DÉFICITS EM ÁREAS ESTRATÉGICAS
DO CÉREBRO, INCLUINDO REGIÕES LÍMBICAS. NÃO OBSTANTE OS FATORES EMOCIONAIS
RELACIONADOS, HÁ VÁRIOS DETERMINANTES BIOLÓGICOS IMPLICADOS NO SEU
DESENVOLVIMENTO; OBSERVANDO-SE ALTERAÇÕES OCORRIDAS NO SISTEMA IMUNOLÓGICO ES
OCORRIDAS NO SISTEMA IMUNOLÓGICO.
ESTUDOS RECENTES DEMONSTRARAM QUE A REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES QUE EVOCAM ESSE
SENTIMENTO RELACIONA-SE À ATIVAÇÃO DE ÁREAS CENTRAIS, COMO OS GIROS OCCIPITAIS
INFERIOR E MEDIAL, GIRO FUSIFORME, GIRO LINGUAL, GIROS TEMPORAIS PÓSTERO-MEDIAL E
SUPERIOR E AMÍGDALA DORSAL, RESSALTANDO-SE, TAMBÉM, A PARTICIPAÇÃO DO CÓRTEX PRÉ-
FRONTAL DORSOMEDIAL.
A INDUÇÃO DA TRISTEZA RELACIONA-SE:
1. ATIVAÇÃO DE REGIÕES LÍMBICAS, PORÇÃO SUBGENUAL DO GIRO DO CÍNGULO E ÍNSULA
ANTERIOR;
2. DESATIVAÇÃO CORTICAL, CÓRTEX PRÉ-FRONTAL DIREITO E PARIETAL INFERIOR;
3. DIMINUIÇÃO DO METABOLISMO DA GLICOSE NO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL

Fonte: http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2010/RN1803/426%20revisao.pdf
3. NEUROTRANSMISSORES E VIAS

GLUTAMATO E ASPARTATO - excitatórios


Presentes no córtex cerebral, cerebelo e medula espinal. Em neurônios, a síntese de óxido
nítrico aumenta em resposta ao glutamato. O glutamato em excesso pode ser tóxico,
causando aumento de cálcio intracelular, radicais livres e atividade da proteinase.
Esses neurotransmissores podem contribuir para a tolerância à terapia por opioides e mediar
a hiperalgesia.
Os receptores de glutamato são classificados como receptores NMDA e não NMDA.

ÁCIDO GAMA-AMINOBUTÍRICO (GABA) – inibitório


É um aminoácido derivado do ácido glutâmico, o qual é descarboxilado por glutamato
descarboxilase. Após interação com o seu receptor, o GABA é recaptado ativamente para o
interior da terminação nervosa e metabolizado.
Os receptores de GABA são classificados como GABAA (ativam canais de cloro) e GABAB
(potencializam a formação de AMPc). Os receptores GABA-A são o local de ação de vários
fármacos neuroativos, incluindo benzodiazepínicos, barbitúricos, picrotoxina e muscimol. O
álcool também se liga aos receptores GABA-A. Os receptores GABA-B são ativados pelo
baclofeno, utilizado para tratar espasmos musculares.

SEROTONINA
A serotonina (5-HT) é produzida pelos núcleos da rafe e neurônios da linha mediana da ponte e da parte
superior do tronco encefálico. O triptofano é hidroxilado pelo triptofano hidroxilase em 5-hidroxitriptofano
e este, em seguida, é descarboxilado em serotonina.

Os níveis de serotonina são controlados pela captação de triptofano e pela MAO intraneuronal que
degrada a serotonina. Finalmente, a serotonina é excretada na urina como ácido 5-hidroxi-indoacético,
ou 5-HIAA.

Receptores serotoninérgicos (5-HT, com pelo menos 15 subtipos) são classificados como 5-HT1 (com
4 subtipos), 5-HT2 e 5-HT3. Os agonistas seletivos do receptor de serotonina (p. ex., sumatriptana)
podem cessar a migrânea.

ACETILCOLINA
A acetilcolina é o principal neurotransmissor dos neurônios motores bulboespinais, fibras pré-
ganglionares autônomas, fibras pós-ganglionares colinérgicas (parassimpáticas) e muitos outros
neurônios do sistema nervoso central (p. ex., nos gânglios basais e no córtex motor). É sintetizada a
partir da colina e da acetilcoenzima A pela colina acetiltransferase e sua ação encerra-se rapidamente
por hidrólise local em colina e acetato pela acetilcolinesterase. Os níveis de acetilcolina são regulados
pela colina acetiltransferase e pela captação de colina. Os níveis desse neurotransmissor são mais
baixos em pacientes com doença de Alzheimer.
Os receptores colinérgicos são classificados como nicotínicos N1 (na medula suprarrenal e nos gânglios
autônomos) ou N2 (nos músculos esqueléticos) e muscarínicos M1 a M5 (amplamente distribuídos pelo
sistema nervoso central).

O receptor M1 está presente no sistema nervoso autônomo, corpo estriado, córtex cerebral e
hipocampo; o receptor M2 no sistema nervoso autônomo, coração, musculatura lisa do intestino, ponte,
bulbo e cerebelo.

DOPAMINA
A dopamina interage com alguns receptores em algumas fibras nervosas periféricas e muitos neurônios
centrais (p. ex., na substância negra, mesencéfalo, área tegmentar ventral e hipotálamo). O aminoácido
tirosina é captado por neurônios dopaminérgicos e convertido pela tirosina hidroxilase em 3,4-di-
hidroxifenilalanina (dopa), que é descarboxilada por L-aminoácido aromático descarboxilase
em dopamina. Após a liberação e a interação com os receptores, a dopamina é bombeada ativamente
(recaptada) de volta à terminação nervosa. A tirosina hidroxilase e a MAO (que decompõem a dopamina)
regulam os níveis de dopamina nas terminações nervosas.

Os receptores dopaminérgicos são classificados como D1 a D5. Os receptores D3 e D4 atuam no


controle do pensamento (limitando os sintomas negativos da esquizofrenia); a ativação do receptor
D2 controla o sistema extrapiramidal.

NORADRENALINA
A noradrenalina é o neurotransmissor presente na maioria das fibras simpáticas pós-ganglionares e
em muitos neurônios centrais (p. ex., no lócus cerúleo e no hipotálamo). O precursor tirosina é convertido
em dopamina, que é hidroxilada pela dopamina beta-hidroxilase em noradrenalina. Após liberação
e interação com receptores, uma parte da noradrenalina é degradada pela COMT e o restante é
recaptado pela terminação nervosa, onde é degradada pela MAO.

Os receptores adrenérgicos são classificados como alfa1 (pós-sinápticos no sistema simpático), alfa2
(pré-sinápticos no sistema simpático e pós-sinápticos no encéfalo), beta1 (no coração) e beta2 (em
outras estruturas inervadas pelo sistema simpático).

ENDORFINAS E ENCEFALINAS
Endorfinas e encefalinas são opioides.

As ENDORFINAS são polipeptídeos que ativam muitos neurônios centrais (p. ex., no hipotálamo, nas
tonsilas, no tálamo e no lócus cerúleo). O corpo celular contém um polipeptídeo extenso denominado
pró-opiomelanocortina, o precursor de alfa, beta e gamma-endorfinas. A pró-opiomelanocortina é
transportada distalmente pelo axônio e clivada em fragmentos; uma é a beta-endorfina, presente em
neurônios que se projetam para a substância cinzenta central (periaqueductal) do mesencéfalo,
estruturas límbicas e principais neurônios catecolaminérgicos do encéfalo. Após liberação e interação
com receptores, a beta-endorfina é hidrolisada por peptidases.
ENCEFALINAS incluem a met-encefalina e a leu-encefalina, que são pequenos peptídeos presentes
em muitos neurônios centrais (p. ex., no globo pálido, tálamo, núcleo caudado e na substância cinzenta
central). A proencefalina, seu precursor, é formada no corpo celular e, em seguida, é clivada por
peptidases específicas em peptídeos ativos. Essas substâncias também estão presentes na medula
espinal, onde atuam como neuromoduladores dos sinais de dor. Os neurotransmissores desses sinais,
no corno posterior da medula espinal, são o glutamato e a substância P. As encefalinas diminuem a
quantidade dos neurotransmissores liberados e hiperpolarizam (tornam mais negativa) a membrana
pós-sináptica, reduzindo a geração dos potenciais de ação e percepção de dor no giro pós-central. Após
liberação e interação com receptores peptidérgicos, as encefalinas são hidrolisadas em peptídeos
menores inativos e aminoácidos. A inativação rápida impede que essas substâncias sejam clinicamente
úteis. Por outro lado, moléculas mais estáveis (p. ex., morfina) são usadas como analgésicos.
Os receptores de endorfina-encefalina (opioides) são classificados como mu-1 e mu-2 (afetam a
integração sensorimotora e a analgesia), delta-1 e delta-2 (afetam a integração motora, a função
cognitiva e a analgesia) e kappa-1, kappa-2 e kappa-3 (afetam a regulação do balanço hídrico, a
analgesia e a ingestão de alimentos). Os receptores sigma são atualmente classificados como não
opioides e a maioria localiza-se no hipocampo, ligando-se à PCP. Novos dados sugerem a presença de
uma quantidade muito maior de subtipos de receptores, com implicações farmacológicas. Os
componentes do precursor molecular da proteína receptora podem ser rearranjados durante a síntese
do receptor para produzir diversas variantes do receptor (p. ex., 27 variantes de splicing do receptor
opioide mu). Além disso, 2 receptores podem combinar-se (dimerizar-se) para formar um novo receptor.
4. FARMACOLOGIA:
Revisar os conceitos básicos de farmacocinética e farmacodinâmica, vistos na farmacologia
e mais os temas específicos da área.

ANTIDEPRESSIVOS= SEMPRE INGERIR ESTES MEDICAMENTOS DURANTE/APÓS AS


REFEIÇÕES.

Conceitos fundamentais GERAIS


Classe variada de medicações
- Algumas com ações em neurotransmissores diferentes
Latência de resposta
- 2 a 4 semanas
- Resposta plena em 8 semanas
Efeitos colaterais agudos
- Piora inicial ou surgimento de sintomas ansiosos com a introdução da medicação
- Alguns efeitos colaterais diminuem com o tempo de uso (cefaleia; gastrointestinal e
insônia).
Principais indicações: Síndromes depressivas; Síndromes ansiosas e Bulimia nervosa
Indicações não-psiquiátricas: Síndromes dolorosas (ex: tricíclicos e duloxetina);
Enxaqueca; Incontinência urinária (tricíclico) e Ejaculação precoce.

 ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS É a segunda linha do tratamento de DM, TRANSTONO


DO PANICO, SINDROME DOLOROSA, ENURESE, TAQUICARDIA, PROFILAXIA A
DESENVOLVER A PIZZA, TAG BULINICO.
Mecanismo de ação
- Ação não seletiva em diversos neurotransmissores
- Destaque para ação noradrenérgica e serotoninérgica
Principais medicações disponíveis no SUS
- Amitriptilina (75-300mg)
- Clomipramina (75-250mg)
- Nortriptilina (50-150mg)
Características gerais
Vantagens: Medicações muito eficazes em doses corretas; Menor custo
Desvantagens: Pior tolerabilidade; Mais efeitos colaterais; Pior perfil de segurança
(maior letalidade) e Muitas interações medicamentosas.
Efeitos colaterais
Cardiovascular- Alargamento do segmento QT; Hipotensão postural; Taquicardia
Gastrointestinal - Boca seca; constipação
Metabólico- Aumento de apetite e ganho de peso
Neurológico - Diminuição do limiar convulsivo (clomipramina) e sedação
Oftalmológico- Precipitação de glaucoma de ângulo agudo e visão turva
Sexual/Urológico- Diminuição de libido; Retardo ejaculatório/Anorgasmia; Retenção
urinária.
Amitriptilina (25-50mg, Dmáx: 300mg/d):Frequentemente utilizada em quadros de dor
neuropática e profilaxia de enxaqueca
Clomipramina: Tricíclico com maior ação serotoninérgica, frequentemente utilizada em
quadros de TOC refratário
Nortriptilina (Di: 10-25mg/d Dmáx: 150mg/d): Tricíclico com maior ação noradrenérgica
e pode ser usado como tratamento de segunda linha para TDAH.

 INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRS) Classe


dominante dos antidepressivos. É utilizado como 1ª linha do tratamento de TAG, Transtorno estresse
pós-traumático, Transtorno do Pânico, TOC, Transtorno Depressivo Maior/Distímia, Fobia social,
Bulimia.eficaz também no tratamento de fibromialgia e outras dores neuropáticas, raiva,
impulsividade.
É aconselhável ingerir esta classe de medicamento junto com a alimentação e de preferência
pela manhã para ter menos efeito colateral gastrointestinal e também não interferir no sono, exceto a
paroxetina, tomar a noite, pois ele favorece o sono.
Obs: no inicio do tratamento pode ser necessário à associação de um benzodiazepínico para
regular o sono/agitação.
Mecanismo de ação: Atuam através da inibição seletiva da recaptura de serotonina,
aumentando a ativação de receptores de serotonina.
Principais medicações disponíveis no SUS :Fluoxetina (20-80mg); Sertralina (50-300mg)
Outras medicações: Escitalopram (10-20mg) ; Paroxetina (20-60mg); Vortioxetina (5-20mg)
Características gerais:
 Melhor tolerabilidade: Menor taxa de descontinuação
 Maior segurança: Menor letalidade em superdosagem e menores interações
medicamentosas.
Também causam piora inicial da ansiedade ao serem introduzidos (associar BZD no início)
Efeitos colaterais
Gastrointestinal- Diarreia, náuseas e azia.
Neurológico- Alterações do padrão de sono (insônia), cefaleia e hipotensão postural.
Sexual/Urológico- Diminuição da libido e retardo ejaculatório
Escitalopram (10-20mg): Fármaco com poucas interações medicamentosas (boa para idosos)
e ação serotoninérgica isolada (menos efeitos colaterais)
Fluoxetina (20-80mg)  mais seletivo, portanto tem maior potencia.
– Possui mais interações medicamentosas
– Pode reduzir o apetite, pode interferior no sono e ter um efeito mais ativador em
relação a outros ISRS.
– Maior meia-vida (1-2 semanas)
Paroxetina (20-60mg)
– Pode ter um efeito mais ansiolítico e hipnótico devido à ação anticolinérgica
– Interações medicamentosas mais importantes
– Maior taxa de síndrome de retirada (ansiedade, tontura, tremores e náuseas)
Sertralina (50-300mg)
– Pode ter uma ação dopaminérgica, ainda que menos potente que a ação
serotoninérgica
– Medicação com maior literatura de segurança quanto ao uso em pacientes
cardiopatas
Vortioxetina (5-20mg)
-Possui um perfil de ação mais complexo que outros ISRS
-Via seu mecanismo de ação, aumenta a liberação de serotonina, norepinefrina,
dopamina, glutamato, acetilcolina e histamina, além de reduzir a liberação de GABA
-Efeito pró-cognitivo em pacientes com Transtorno Depressivo Maior
-Menor impacto em ganho de peso e menor chance de disfunções sexuais.
Observação: NÃO UTILIZAR IMAO DEVIDO A SINDROME SEROTONERGICA.

 INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTURA DE SEROTONINA E NORADRENALINA (DUAL)


Mecanismo de ação: Atuam através da inibição seletiva da recaptura de serotonina e de
noradrenalina
Medicações mais importantes
– Duloxetina (30-120mg)
– Desvenlafaxina (50-400mg)
– Venlafaxina (75-375mg)
Efeitos colaterais: nas primeiras 2-3 semanas, possui poucas interações medicamentosas,
pois bloqueia o citocromo P450.
Cardiovascular - Aumento de PA ; Taquicardia
Gastrointestinal- Diarreia, náuseas, boca seca, constipação, retenção urinaria.
Neurológico- Alterações do padrão de sono e cefaleia
Sexual/Urológico- Diminuição da libido - Retardo ejaculatório
Desvenlafaxina: Metabólito ativo da Venlafaxina
Duloxetina: Fármaco muito utilizado no tratamento da dor neuropática e mais potente que a
Venlafaxina
Venlafaxina:Maior chance de causar síndrome de retirada e maior potencial de efeitos
colaterais cardiovasculares
Obs.: interação medicamentosa= síndrome serotoninérgica quando utilizado com IMAO. Na
descontinuidade podemos trocar o dual pela sertralina ou ondansetrona.
DUAL> TRICICLICOS
 INIBIDORES DA ENZIMA MAO (IMAO)
Mecanismo de ação
– Atuam inibindo a enzima MAO, responsável por degradar monoaminas
Não é disponível no SUS
Medicação mais importante: Tranilcipromina (5-10mg/d)
Características gerais
– Antidepressivos extremamente potentes
– Potencial tóxico importante  Risco de síndrome hiperadrenérgica quando usada
com outro antidepressivo/estimulante ou com alimentos que contenham o aminoácido tiramina
(presente em queijos maturados, embutidos, peixes defumados, alguns tipos de vinho, cerveja, favas,
tofu e banana verde).
Não usao com ADT, ISRS, Carbamazepina e Miperidina.

 ANTIDEPRESSIVOS ATIPICOS
Bupropiona (Zyban)
Mecanismo de ação
– Inibidor da recaptura de noradrenalina e dopamina  UNICICLICO
Características gerais
– Também utilizada para cessação do tabagismo e como tratamento de TDAH
– Potencial diminuição do limiar convulsivo
– Pode diminuir sonolência excessiva e fadiga
Efeitos colaterais: insônia, boca seca, tremores, baixa disfunção sexual.
Pode ser adicionado aos estabilizadores de humor. Não usar com IMAO, devido à crise
hipertensiva e também não utilizar com drogas ou algool devido ao risco de convulsão.

Mirtazapina
Mecanismo de ação
– Potente medicação antidepressiva com ação noradrenérgica,
serotoninérgica e anti-histamínica
Características gerais: Causa sedação, aumento do apetite e diminui náuseas;
possui poucas interações medicamentosas (idosos e associação com venlafaxina)

Trazodona
Mecanismo de ação
- Bloqueio de receptores 2A de serotonina
- Bloqueio menos potente de bomba de recaptura
Características gerais: Causa sedação e é primariamente utilizada em quadros de insônia.

 ESTABILIZADORES DE HUMOR
Conceitos fundamentais: Classe extremamente heterogênea de medicações,
composta pelo lítio e por alguns anticonvulsivantes. Utilizada como tratamento de primeira linha
para algumas patologias psiquiátricas e como adjuvante
Principais indicações: Transtorno Afetivo Bipolar e Transtorno Esquizoafetivo
Outras indicações: Potencialização no tratamento da depressão; Compulsão
alimentar; Adjuvante em outros quadros psiquiátricos (ansiedade; TP e T. uso S.P.A)
LÍTIO
Características Gerais: Mecanismo de ação desconhecido e complexo
Primeira linha no tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar
- Eficaz em fases de mania assim como em fases depressivas
- A dosagem sérica desta medicação pode ser feita
- Importante monitorização pois a dose terapêutica é próxima da tóxica
- 0,6-1,2 no tratamento crônico
- 1,0-1,5 no tratamento da mania aguda
-Importante seguimento da função renal e tireoidiana ao longo do ano
Efeitos Colaterais
Cardiológicos - Arritmia
Dermatológicos - Acne, queda de cabelo e piora de psoríase
Gastrointestinais - Dispepsia, náusea (pensar em versão CR) e diarréia
Neurológicos - Ataxia e problemas de memória
Renal- Diabetes insipidus nefrogênico e toxicidade renal, Atenção a
medicações com efeito nefrotóxico ou que podem interferir com a excreção do lítio, AINE,
Hidroclorotiazida e iECAs

 ANTICONVULSIVANTE
Indicações
– Transtorno Afetivo Bipolar
– Depressão unipolar
– Transtornos Ansiosos
– Impulsividade
– Compulsão alimentar
Efeitos Colaterais
– Comuns à maioria dos anticonvulsivantes
Dose dependente
– Discrasias sanguíneas
– Efeitos sobre o SNC (leves, transitórios) – Elevação de enzimas hepáticas
– Gastrointestinais
– Ganho de peso
– Hiponatremia
Idiossincráticos
– Hepatite fulminante
– Pancreatite fulminante

ÁCIDO VALPRÓICO
Características
Atua por um mecanismo desconhecido, bloqueando canais de sódio voltagem-
dependentes
Há uma equivalência de dose entre o ácido valpróico, divalproato e valproato de
sódio
Valproato é o único com uma apresentação líquida
Utilizada também como adjuvante em alguns quadros de esquizofrenia
(agressividade)
Pode causar malformações fetaisParticularmente malformação do tubo neural
Possível monitorar o nível sérico do acido valproico.

CARBAMAZEPINA
Características
– Bloqueia canais de sódio voltagem-dependentes
– Age como um potente indutor enzimático - Diminui o nível sérico de diversas
medicações (AD e A.C.O.)
– Indicado como segunda linha de tratamento na mania – Causa importante
sedação
– Possível monitor seu nível sérico

GABAPENTINA
Características
– Ação em canais de cálcio voltagem-dependentes
– Utilizada em: T.Ansiosos, dores crônicas e TAB (off-label)
– Geralmente requer 3 doses ao dia

LAMOTRIGINA
Características
– Bloqueia canais de sódio voltagem-dependentes
– Baixo potencial de efeitos colaterais
– Aproximadamente 10% dos pacientes apresentam um rash benigno
• Aumentos lentos de dose diminuem o risco
– Importante interação com valproato
– Usado: TAB; EDM e estabilização do humor (monoterapia)
OXCARBAZEPINA
Características
– Bloqueia canais de sódio voltagem-dependentes- Mesmo mecanismo de ação da
carbamazepina, porém com menos efeitos colaterais
– Indicado como terceira linha de tratamento na mania
– 2-3% dos pacientes podem evoluir com hiponatremia clinicamente
significativa (<125) nos três primeiros meses de tratamento

PREGABALINA
Características
– Ação em canais de cálcio voltagem-dependentes- Aparentemente melhor
tolerada do que a Gabapentina
– Baixo potencial de interações medicamentosas
– Utilizada em: Fibromialgia; Quadros de dor neuropática e Transtornos
ansiosos

TOPIRAMATO
Características
– Bloqueia canais de sódio voltagem-dependentes
– Baixo potencial de ganho de peso Habitualmente, há perda de peso com seu
uso.
– Pouca evidência no tratamento do TAB
– Pode ter impacto cognitivo significativo: Reversível com a suspensão da medicação
– Pode causar ureterolitíase

 HIPNÓTICOS
Conceitos fundamentais
- Classe também conhecida como “ansiolíticos”
- Composta basicamente por benzodiazepínicos, zolpidem e similares
- Tem como alvo de ação receptores GABAérgicos no sistema nervoso central
Efeitos:Hipnótico-sedativo, Anticonvulsivante e Relaxante muscular.
Principais indicações dos Benzodiazepínicos: Abstinência alcóolica, Agitação
psicomotora (midazolam IM), Catatonia, Epilepsia, Insônia, Síndromes ansiosas (fase aguda).
Efeitos colaterais:
Neurológicos – Amnésia, Déficit de atenção,Descordenação motora, Lentificação
psicomotora, Quadros demências e Síndrome de dependência.

 ANTICOLINESTERÁSICOS
Conceitos fundamentais
- Medicações utilizadas no tratamento do déficit cognitivo em demências do tipo
Alzheimer e em demências vasculares.
- Reduzem a inativação da acetilcolina, aumentando a neurotransmissão colinérgica
- Melhora comportamental e sintomatológica
- Por compensação parcial da degeneração de neurônios colinérgicos que regulam a
memória
- Diminuem a velocidade de progressão da doença
Efeitos colaterais
Cardiovascular - Arritmias ; Hipotensão
Gastrointestinal- Diarreia ; Inapetência ; Náuseas
Músculo-esquelético- Cãimbras ; Fraqueza muscular
Medicações: Donepezila (5-10mg), Galantamina (16-24mg) e Rivastigmina (6-12mg).

DONEPEZILADose de 5-10mg e os aumentos lentos de dose diminuem o risco de efeitos


colaterais

GALANTAMINADose de 16-24mg; Tomar duas vezes ao dia; Possui efeito em modulação


nicotínica além da ação colinérgica e tem potencial ação em outros transtorno cognitivos

RIVASTIGMINA  Dose de 6-12mg, Tomar duas vezes ao dia, possui apresentação


transdérmica e apresenta maior potencial de efeitos colaterais gastrointestinais do que os outros
anticolinesterásicos

 PSICOESTIMULANTES
Conceitos fundamentais: Medicações com efeito simpatomimético e há potencial de abuso
Principais indicações: Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, Narcolepsia e
Adjuvante em EDM refratário.
Efeitos colaterais:
Gastrointestinal - Anorexia; Náusea; Perda de peso.
Neurológico- Insônia; Pesadelos; Tontura.
Psiquiátrico- Ansiedade; Disforia; Irritabilidade.

METILFENIDATO
Características
– Ação noradrenérgica e proeminentemente dopaminérgica
– Utilizada no TDAH, narcolepsia e na depressão refratária
– Apresenta três formulações diferentes
• Liberação imediata (3-4 horas)
• Liberação sustentada (12horas)
• Liberação estendida (14-16horas)

LISDEXANFETAMINA
Características
– Ação noradrenérgica e proeminentemente dopaminérgica
– Utilizada no TDAH, narcolepsia e no tratamento da depressão refratária ao
tratamento - Único tratamento aprovado para T. Compulsão alimentar periódica
– Menor potencial de abuso em relação a outros estimulantes

ATIPSICÓTICOS
Conceitos fundamentais: Classe de medicação também conhecida como “neurolépticos” utilizados
para o tratamento de psicoses
História
o 1910 – 20: sem terapêutica para esquizofrenia
o 1930: primeiro tratamento para esquizofrenia
o 1950 – 60: surgem os primeiros antipsicóticos
 1957: CLORPROMAZINA
 1959: HALOPERIDOL
o 1990: surgem os antipsicóticos de 2ª geração
Classificação
1.Típicos ou Primeira geração: CLORPROMAZINA, HALOPERIDOL
2.Atípicos ou Segunda geração  melhor, pois tem menos efeitos extrapiramidais:
CLOZAPINA, OLANZAPINA, QUETIAPINA, RISPERIDONA
Tempo de ação: + 12 semanas (a resposta é lenta e variavel)
 Atuação:
Apresentação: Oral, Injetável e Depósito.
Principais indicações:
Quadros psicóticos: Esquizofrenia e transtorno Delirante Persistente
Transtorno Afetivo Bipolar Inclusive na estabilização de humor)
Depressão Psicótica
Outras indicações: Agitação psicomotor; Controle do impulso e Adjuvante em diversos quadros.
Efeitos Colaterais
Cardiovascular: Aumento do intervalo QT, Hipotensão postural, Síndrome metabólica
Gastrointestinal: Constipação e Disfagia
Endocrinológico: Galactorreia, Ginecomastia
Músculo-esquelético: Distúrbios do movimento
Neurológico: Diminuição do limiar convulsivo e Sedação
Urológico: Diminuição da libido e Retardo ejaculatório

ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS ou 1ª GERAÇÃO


Mecanismo de ação: Bloqueio de receptores de dopamina, em especial de receptores D2

Incisivos  ALTA POTENCIA MENOS SELETIVO


- HALOPERIDOL (1 a 20mg): Único com apresentação de depósito no SUS

- Trifluoperazina (2 a 20mg)
Sedativos  BAIXA POTENCIA MAIS SELETIVO
- Clorpromazina (25-800mg) (Amplictil200-800mg/dia)
- Levomepromazina (25 a 300mg) (Neozine/Levozine200-800 mg/dia)
- Periciazina (5-30mg) (Neuleptil 15-30 mg/dia)
- Tioridazina (Melleril150 -600 mg/dia)
Ef. Anticolinérgicos e antiadrenérgicos mais comuns baixa potência: Boca seca, visão turva,
Constipação, taquicardia, e hipotensão arterial, Retenção urinária, delirium, sonolência.
Características gerais
Vantagens: Amplamente disponíveis e medicações muito estudadas com menor custo.
Desvantagens: Risco aumentado de distúrbios do movimento
- Síndrome extrapiramidal: Risco aumentado de distúrbios do movimento
Tríade: rigidez muscular, roda denteada e acinesia/bradicinesia
Causa: diminuição da atividade de dopamina em áreas nigroestriatal.
- Acatisia: Inquietude psicomotora com necessidade de ficar em movimento, incapacidade de
ficar sentado.
Causa: Uso de antipsicóticos e vários antidepressivos. A etiologia é pouco compreendida,
sugere-se que envolve diminuição do tônus dopaminérgico em algumas vias.
Fatores de Risco: Mulheres de meia-idade, rápidos aumentos de dose e utilização de
doses altas.
Tratamento: Tentar redução de dose ou trocar medicação
- 1a opção: Benzodiazepínicos
- 2a opção: Propranolol
- Discinesia tardia: Caracterizada por movimentos repetitivos e involuntários da
musculatura orofacial e de membros.
Causa: Afecção causada pelo uso crônico de antipsicóticos
Tratamento: Tentar redução de dose ou trocar medicação  Clozapina
- Distonia aguda
Definição: Contração involuntária de grupo(s) muscular(es). Ex: torcicolo, trismo,
blefaroespasmo, crise oculógira e laringoespasmo
Causa: Uso de antipsicóticos e habitualmente dias após o início do uso
Fatores de Risco: Sexo masculino, jovens, história familiar positiva e uso de cocaína.
Tratamento: Biperideno IM e podemos considerar trocar ou redução do antipsicótico.
• DISTONIA AGUDA
• PARKINSONISMO
• SÍNDROME NEUROLÉPTICA MALIGNA : H H ↓NC

ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS
Mecanismo de ação
- Bloqueio de receptores de dopamina, além de
atuação em serotonina
Principais medicações disponíveis no SUS
• Clozapina: Leponex 200-500mg/dia
• Risperidona: Risperdal 2-6 mg/dia
• Paliperidona: Invega 3-12mg/dia
• Olanzapina: Zyprexa: 5-20 mg/dia
• Quetiapina: Seroquel: 600mg/dia
• Sulpirida: Equilid: 400-800mg/dia
• Amilsuprida: Socian: 300-800mg/dia
• Ziprasidona: Geodon 160 mg/dia
• Aripiprazol: Abilif 15-30 mg/dia

Características gerais
Vantagens
- Causam menos sintomas extrapiramidais
- Maior disponibilidade de medicações de depósito (não disponíveis no SUS)
Desvantagens
- Risco aumentado de síndrome metabólica
- Aumento de apetite
- Dislipidemia
- Intolerância à glicose
- Hipertensão

 Indicações
o Pacientes com quadros psiquiátricos refratários
 Na esquizofrenia  uso de dois antipsicóticos por tempo e dose adequada,
sem resposta satisfatória
o Pacientes com discinesia tardia
o Eficaz nos sintomas negativos da esquizofrenia (anedonia, afeto apático, desinteresse)
o Medicação bastante sedativa e ocasiona importante ganho de peso
o Habitualmente utilizada em casos de psicose ou transtorno bipolar refratário ao tratamento
o Muito utilizada em depressão bipolares ou depressões unipolares resistentes ao tratamento
 Características
o Medicação bastante sedativa e ocasiona importante ganho de peso
o Alto custo
o Possui uma meia-vida de eliminação de 10 a 17 horas, e sua absorção não é
afetada pela ingestão de alimentos. O pico plasmático é atingido em 1 a 3 horas, podendo
levar mais de 10 dias para atingir a estabilização de níveis séricos.
o É metabolizada no fígado, provavelmente pelo CYP1A2, e, em menor grau, pelo
2D6 e 3A4, em norclozapina, a qual possivelmente tem alguma afinidade com receptores 5HT1c,
5HT2 e D2.
o DOSE INICIAL: 25mg/d  ate atingir dose 200 a 500 mg, em média 300 mg/dia, que
é a dose terapêutica. Dose máxima recomendada é de 900 mg/dia. Doses superiores a 450
mg/dia têm risco aumentado de reações adversas, particularmente de convulsões. Na
ocorrência de convulsões, considerar a hipótese da administração concomitante de um
anticonvulsivante (quando necessário, usar preferencialmente ácido valpróico).
 FARMACODINÂMICA E MECANISMOS DE AÇÃO: Embora tenha atividade antipsicótica,
não produz catalepsia em animais nem sintomas extrapiramidais significativos nos humanos (o que
é um efeito direto do bloqueio D2 no sistema nigro-estriatal).
Tem atividade anticolinérgica e antiserotonérgica.
 Efeitos ColateraisMais comuns: alteração da função hepática, ansiedade, aumento do
apetite, aumento da glicemia, aumento dos níveis de colesterol, boca seca, cefaléia,
constipação, convulsões (dose-dependentes), fadiga, ganho de peso, hipocinesia, hipotensão
postural, hipertensão arterial, hipertermia leve, leucopenia, náuseas, redução do limiar
convulsivante, salivação ou sialorréia (à noite), sedação, sonolência, taquicardia, tonturas,
vertigem, visão borrada.
o Agranulocitose
o Requer monitoração
o Diminuição do limiar convulsivo
o Miocardite
 INTOXICAÇÃO O quadro clínico é de alteração da consciência, delirium, taquicardia,
hipotensão, depressão respiratória, hipersalivação e convulsões. As doses acima de 2.500 mg
são letais; porém, há casos de recuperação em pacientes que ingeriram mais de 4 g.
ManejoManter as vias aéreas permeáveis. Iniciar ventilação/oxigenação.
Preferir carvão ativado com sorbitol, que é melhor do que êmese ou lavagem gástrica. Fazer
monitorização cardíaca. Evitar epinefrina na hipotensão. Descartar o uso de outras drogas que
deprimam o SNC (p.ex., BZDs).

QUETIAPINA
Características
• 25-150mg: ação de um sedativo hipnótico
• 200-350mg: efeito noradrenérgico e serotoninérgico (tratamento de quadros depressivos)
• >350mg: efeito antipsicótico

RISPERIDONA
Características
• Sedativa
• Grande potencial de aumento de prolactina
• Mais “típico” dos “atípicos”
• Possui uma formulação de depósito

ZIPRAZIDONA
Características
• Pouco ganho de peso
• Baixo potencial de sedação
• Absorção depende da utilização em conjunto com alimentos

ARIPIPRAZOL
Características
• Não disponível no SUS
• Pouco ganho de peso
• Baixo potencial de sedação
• Adjuvante no tratamento da depressão (doses baixas)
5. PSICODINÂMICA:
A formação e estruturação da personalidade, assim como as teorias do
desenvolvimento psíquico constituem abordagem que são utilizadas nas diversas áreas
do conhecimento médico, não sendo e não devendo ser privativas da saúde mental.
Desta maneira, os conhecimentos das teorias e das características da personalidade
da pessoa que adoece ou requer assistência médica deve ser compreendida pelo
médico e utilizada como ferramenta tanto para o tratamento, quanto para relação
médico paciente.

HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

ANTIGUIDADE
- Assírios, babilônios, egípcios: visão mágica da doença mental
- Noção primitiva de punição por uma divindade
- Velho Testamento: possessões

GRÉCIA ANTIGA
- Busca pela base física da doença
- As crenças no sobrenatural passam a ser confrontadas com a medicina grega
- Hipócrates: “Sobre a doença sagrada” traz a epilepsia como doença do cérebro
- Escola hipocrática: cérebro é o centro das funções mentais e suas
alterações; teorias incorporavam aspectos anatômicos, fisiológicos e de
temperamento na gênese das doenças.

ESCOLA HIPOCRÁTICA
- Cérebro é o centro das funções mentais e suas alterações;
- Teorias incorporavam aspectos anatômicos, fisiológicos e de
temperamento na gênese das doenças.
- Descrição da epilepsia, histeria, delirium, psicoses puerperais, fobias,
frenites -> entidades clínicas da psiquiatria vão sendo descritas.
- Desenvolvimento de métodos psicoterápicos

GALENO – ESCOLA HIPOCRÁTICA EM ROMA


- Estudos em anatomia e proposição do Sistema
Nervoso como centro das sensações, dos movimentos e da
alma -> principal médico na época de Roma
- Descrição e classificação da melancolia (depressão) e das psicoses
- Teoria dos humores: ar; água, fogo e terra.

IDADE MÉDIA
- Saúde e doença como resultado da batalha entre Deus e o diabo
- Rezas, rituais e trepanações para libertar os corpos dos demônios
- Malleus Maleficarum: manual com critérios diagnósticos para
reconhecimento e inquisição de bruxas
- Mulher: relação com o demônio; histeria e psicoses são compreendidas como bruxaria

RENASCIMENTO
- Humanismo: perspectiva filosófica daquele que sofre -> aquele que sofre é
compreendido de forma diferente, predomina-se o racionalismo.
- Racionalismo: base para a cisão entre sabedoria e loucura, que passa a
caracterizar não mais indivíduos desviantes, mas doentes a serem reconduzidos
ao equilíbrio
IDADE MODERNA E ILUMINISMO
- Retomada do empirismo e estudo da anatomia
- Thomas Willis: estudos anatomopatológicos permitem a distinção de doenças
com e sem base orgânica, descrição da paralisia geral (sífilis) e miastenia, idiotia
(esquizofrenia)
- Thomas Sydenham: tentativa de construção de classificação “ateórica” dos
quadros mentais, incorporação de conhecimentos psicológicos e fisiológicos em
visão mais sistemática da insanidade e suas causas (internas, externas e
antecedentes)

REVOLUÇÃO FRANCESA E PINEL


- Doentes viviam em asilos, sujeitos a maus tratos, acorrentados
- Busca de condições mais humanitárias
- Pinel: reformas em Bicêtre e Salpetriere (abolição de correntes e algemas)
- “Tratamento moral” se opõe a métodos físicos de tratamento e restrição em
manocômios (se aproxima da psicoterapia)

TEORIA DA DEGENERAÇÃO
- Inspiração darwinista: quadros psiquiátricos seriam hereditários ou
precocemente adquiridos e transmitidos por gerações
- Eclosão ativada por fatores externos, como doenças, traumatismos,
alcoolismo, conduta sexual exagerada, avareza, entre outros.
- Lombroso: “O homem delinquente” influencia a criminologia (estigmas
morfológicos do criminoso) -> através das características físicas, verifica-se se o
paciente tem doença mental.

EMIL KRAEPELIN - PSIQUIATRIA ALEMÃ


- Defende a base genética das doenças psiquiátricas
- Observação clínica: padrão de sintomas, curso e prognóstico
- Divisão das psicoses em PMD (Transtorno Bipolar – alteração de humor) e
Demência precoce (Esquizofrenia)
- Teorias são as bases dos sistemas de classificação diagnósticas atuais
- Em conjunto com Alois Alzheimer: Mal de Alzheimer -> descreveu o mal de Alzheimer
FREUD
- Psicanálise -> homem não é o centro de si mesmo
- Estudo das neuroses
- A descoberta do inconsciente (acessa por meio da hipnose e depois tentou
outros métodos como o da livre associação)
- Trauma e conflitos como fatores etiológicos das doenças psiquiátricas

Terapias Biológicas – Século XX


- Julius von Wagner-Jeuregg: tratamento da paralisia geral da neurossífilis com
febre induzida por malária antes da penicilina
- Indução de convulsões para tratamento de psicoses
- Eletroconvulsoterapia -> melhor tratamento para depressão refratária
- Psicocirurgia (Egas Moniz)
- Descoberta das vitaminas (pelagra, escorbuto, Wernicke)

Psicoterapia – Presença comum de efeitos


colaterais 1952: Clorpromazina

As pessoas ao invés de irem para o asilo,


puderam se medicar – foi
revolucionário 1949: Lítio; década de 70:
anticonvulsivantes Tricíclicos Inibidores de Recaptação
Década de 60: benzodiazepínicos Sonolência de Serotonina
1957: Imipramina (antidepressivo tricíclico, assim Boca seca
Visão turva Náuseas e vômitos
como a amitriptilina)
Ganho de peso Dor epigástrica
Anos 80: ISRS (Prozac, excitalopram,
Constipação Disfunção sexual
fluoxetina, sertralina, paroxetina) – menor
Diarreia
efeito colateral
Hipotensão Postural
Anos 80: Ritalina

Objetivo Apresentar e discutir as principais teorias psicológicas da personalidade utilizadas em


psicoterapias na Psiquiatria.

Psicanálise
Segundo Sigmund Freud (1856- 1939), fundador da Psicanalise: Psicanalise é uma teoria, um
método de investigação e uma pratica profissional.
Atualmente Bion, Winnicott, Lacan, Melanie, Kliein e Jung (outra abordagem).

O INCONSCIENTE: guarda conteúdos que não estão na consciência. Por que as pessoas
esquecem tantos fatos traumáticos ou até vivências intensamente prazerosas? (Sonhos e atos falhos –
meios de acesso)
•Repressão –faz desaparecer da consciência.
•Resistência –força psíquica que não deixa vir a tona, que encobre.
PULSÃO DE VIDA (Eros):Afeto, sexualidade, amor.
•PULSÃO DE MORTE (Thânatos): Agressividade, maldade etc.
•SEXUALIDADE –fonte de vida e formação de personalidade
•Libido –energia sexual.
APARELHO PSÍQUICO PARA FREUD:
•ID (instinto, desejo desejo de tomar cerveja, quero sair, quero transar)
•EGO (eu, corpo, consciência, fico sozinha em casa, mecanismos de defesa para não deixar eu
fazer de tudo, porem se não tiver equilíbrio o ego surta)
•SUPEREGO (cultura, valores, lei, repressão).

Psicanálise –fases do desenvolvimento psicossexual


• Cada fase deixa traços de personalidade, como uma fixação em cada fase. Exemplos:
a) Oral – fumar;
b) Anal – colecionar;
c) Fálica – dificuldade em escolher parceiro(a);
d) Latência – repressões sexuais;
e) Genital – questões sobre o ato sexual.

Fenomenologia Existencialista
•Husserl;
•Método Epoché -O primeiro passo consiste em abster-se da atitude natural, colocando o mundo
entre parênteses (epoqué). Isso não significa negar sua existência, mas metodicamente renunciar ao seu
uso.
•Ao analisar, após essa redução fenomenológica, a corrente de vivências puras que permanecem,
constata que a consciência é consciência de algo. Esse algo chamamos de fenômeno.
•Para que haja a redução fenomenológica é preciso excluir todos os julgamentos, as crenças, os
estereótipos e as impressões que temos do mundo.
•Devemos nos concentrar apenas na experiência e levar em consideração a sua pureza.
•Colocar a doença/transtorno entre parênteses –princípio da epoché –Franco Baságlia.
•Existencialismo –Heidegger e Sartre;
•Desein –Ser-aí-no-mundo. A existência precede à essência;
•Somos livres por nossas escolhas e responsáveis por estas.

TCC –Terapia Cognitivo Comportamental


•Aaron Beck –Judith Beck
•O tratamento está baseado em uma formulação cognitiva, as crenças e as estratégias
comportamentais que caracterizam um transtorno específico. Também sobre cada paciente –suas crenças
específicas e padrões de comportamento.
•A(o) terapeuta procura produzir de várias formas uma mudança cognitiva –modificação no
pensamento e no sistema de crenças do paciente –para produzir uma mudança emocional e
comportamental duradoura.
•Um pensamento disfuncional (que influencia o humor e o pensamento do paciente) é comum em
transtornos psicológicos.
•Quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de forma mais realista e adaptativa, elas
obtêm uma melhora em seu estado emocional e no comportamento.
•Pensamentos automáticos –vêm sem controle.
•Média da sessão –45 minutos. Esquizofrênicos, por exemplo, menos tempo.

PRINCIPIOS:
1) Está baseada em uma formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes
e em uma conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos;
2) Requer uma aliança terapêutica sólida;
3) Enfatiza a colaboração e a participação ativa;
4) Orientada para os objetivos e focada nos problemas;
5) Enfatiza inicialmente o presente;
6) É educativa, tem como objetivo ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a
prevenção de recaída;
7) Visa ser limitada no tempo;
8) Sessões estruturadas;
9) Ensina-se a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais;
10) Usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento.
6. DOENÇAS/TRANSTORNOS MENTAIS:

Grandes Síndromes Psiquiátricas:

1. Mentais orgânicas (delirium, demência, Alzheimer, etc)


2. Alteração de humor (depressiva, mania, mista, distimia, etc)
3. Ansiosas (TOC, TAG, Transtorno do pânico, TEPT, Fobiais, etc)
4. Psicóticas (Esquizofrenia, surto psicótico, TSPA, etc)
5. Alimentares (Buliminia, anorexia, etc)

DIAGNÓSTICO EM PSIQUIATRIA
- Designação do transtorno mental para que um tratamento adequado seja instituído
- Raciocínio lógico: entender as causas da alteração patológica e assim a formulação
de modos eficazes para reduzir, controlar ou erradicar o problema.
- Outras implicações do diagnóstico: companhias de seguro determinam as
condições de tratamento, pagamentos e reembolso; investimentos em pesquisa; indústria
farmacêutica; orçamentos em saúde e políticas públicas.
-> são feitos os diagnósticos e a indústria farmacêutica faz remédios em cima disso

SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO ATUAIS: CID-10 (1992) E DSM-5 (2013)


- são classificações diferentes que tendem a convergir o tema.
- são os sistemas Neokraepelinianos que são: sistema categorial (transtornos do
humor, ansiosos, psicóticos) + critérios operacionais (utilizados para diagnóstico e que
podem variar de pessoa para pessoa, pois os sintomas podem ser diferentes)
- Quadros heterogêneos: nem todos os sintomas devem estar presentes para dado
diagnóstico. (não falou)
CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS
As doenças podem ser classificadas de acordo com sua:
- Fisiopatologia: em algumas doenças, ainda é desconhecida e outras incompletas
e por isso é uma classificação considerada difícil.

- Sintomatologia: é hoje o principal critério de classificação

- Etiologia: na Psiquiatria a abordagem etiológica é de difícil aplicação, pois a


causalidade parece ser multifatorial; é pouco frequente.
- Evolução
- Tratamento: não é o padrão, mas a resposta ao tratamento direciona alguns
diagnósticos. Por exemplo, se inicia determinado tratamento para um paciente e ele não
apresenta uma resposta, precisa refazer o diagnóstico.
- Categorial x Dimensional. Atualmente é categorial na maioria, mas existem
algumas propostas de serem Dimensional.

Dificuldades das classificações das doenças devido à diversidade cultural e variações da


normalidade (o que é considerado normal para uma pessoa, para outra não é)

CLASSIFICAÇAO DE DOENÇAS: TRANSTORNOS MENTAIS


- Quadros puros e monossintomáticos são raros.
- A comorbidade é frequente - comum depressão e ansiedade juntos.
- Necessidade de hierarquização: é necessário sempre
descartar os transtornos mentais orgânicos e
substancias/medicamentos (essa ultima são causas
potencialmente reversíveis).
- Transtornos mentais orgânicos = condições médicas gerais
ou neurológica.

EVIDENCIAS DE ORGANICIDADE
- Organicidade se trata de uma lesão direta no SNC: AVC, tumor, infecção do SN
(encefalite), trauma, LES.
- Clínica
-Estrutura cerebral alterada (neuroimagem – ressonância, tomografia) - buscar evidencia
da organicidade através de uma neuroimagem
- Disfunção eletroencefalográfica: será que é uma forma de epilepsia?
- Prejuízo cognitivo: se há um declínio de memoria importante ou confusão mental,
desorientação em tempo e espaço, dificuldade de atenção (atenção no sentido de estado
de alerta, qualquer movimento tira a atenção). Essas condições podem sugerir
alterações orgânicas também.

CID-10 (OMS, 1992)


- Classificação dos transtornos mentais e de comportamento
- Instrumento internacional de comunicação, educação e pesquisa em saúde
- Busca o aumento da concordância entre
os clínicos (tanto no diagnóstico como definição
da doença)
- Melhoria das estatísticas (uso dos
serviços, tratamentos e evolução dos
transtornos)

DSM: Manual diagnóstico e estatístico dos


transtornos mentais
- 5ª edição Associação Psiquiátrica Americana,
2013.
- Critérios operacionais
- Modelo ateórico; termos são despidos de conotação etiológica
- Estabilidade na pesquisa clínica e psicofarmacológica
- Correspondência com CID
- Problemas: mau uso, aumento das categorias diagnósticas, passível de
influências ideológicas, políticas e mercadológicas (ex: os homens que iam para a guerra
voltavam com uma condição de trauma devido à guerra “neurose da guerra”, e o sistema
de saúde foi pressionado para que essa parcela da sociedade fosse incluída em
determinados tipos de indenização, pagamento, aposentadoria). E atualmente o
diagnostico é de transtorno de estresse pós traumático.
-
TRANSTORNO MENTAL

- Síndrome caracterizada por perturbação clinicamente


significativa na cognição, na regulação emocional ou no
comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos
processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento
subjacentes ao funcionamento mental.

- Importante: Estão frequentemente associados a sofrimento ou incapacidade


(prejuízo) significativos que afetam atividades sociais, profissionais ou outras atividades
importantes.
- Uma resposta esperada ou aprovada culturalmente a um estressor ou perda
comum, como a morte de um ente querido, não constitui transtorno mental. O luto é
acompanhado de tristeza, inapetência, insônia, desesperança, e até determinado nível
não é considerado um transtorno e atualmente tem-se uma tendência de medicalizar
demais o luto. Mas se o individuo deixa de trabalhar por um período além do esperado,
deixa de socializar-se, ou pensa em suicídio, reflete um prejuízo significativo podendo
fazer diagnostico de transtorno mental.
- Desvios sociais de comportamento (por exemplo, de natureza política, religiosa ou
sexual) e conflitos que são basicamente referentes ao indivíduo e à sociedade não são
transtornos mentais a menos que o desvio ou conflito seja o resultado de uma disfunção
no indivíduo, conforme descrito. As vezes confunde um conflito entre um individuo e a
sociedade como sendo uma doença, por exemplo a orientação sexual e gênero.
Atualmente, a transexualidade não é mais considerar um transtorno mental.
- Portanto, o que define se uma classe de comportamentos, sentimentos e
pensamentos é ou não um transtorno mental é o sofrimento clinicamente significativo
e/ ou a incapacitação acadêmica, profissional ou em outra área importante da vida.
- Não esquecer o prejuízo ou dano que pode causar a outras pessoas como uma
informação relevante.

TRANSTORNOS MENTAIS DEVIDO À CONDIÇÃO MÉDICA GERAL

TRANSTORNOS MENTAIS ORGÂNICOS (TMO)/ TRANSTORNOS


NEUROCOGNITIVOS

Transtornos orgânicos Delirium, demência, transtornos amnéstico e outros transtornos


cognitivos.
Características comuns: Comprometimento na cognição (memória, linguagem, atenção,
funções excutivas- planejamento).
Teste prático para avaliação do comprometimento cognitivo: Mini – Mental (Teste de triagem)
Outros TMO, como transtornos delirantes, do humor, de ansiedade, de personalidade podem
ocorrer devido a alterações/disfunção de estrutura cerebral.

Delirium sindrome caracterizada pela alteração global das funções psiquicas e manifesta-se
fundamentalmente atraves do comprometimento da consciencia, da atenção e das funcoes cognitivas,
podendo ou estar acompanhado de alterações do ciclo sono-vigilia e da psicomotricidade.
• Transtorno comum, de 10-15% dos pacientes de enfermaria cirúrgica, 15-25% de enfermarias
clínicas; 30 % das unidades cirúrgicas e cardíacas de tratamento intensivo.
• Delirium é um Sinal de mau prognóstico, taxa de mortalidade em um ano: 50%
• Doenças infecciosa: 67%// Doença terminal: 88%
• Fatores de risco: Idade avançada, lesão cerebral prévia e comprometimento cognitivo
• Delirium é conhecido tambem como Síndrome Confusional Agudo/confusao mental/
encefalopatia metabolica, caracterizada pela alteração global das funções psíquicas
• Manifesta-se através do comprometimento do nível de consciência, atenção e funções cognitivas.
• Alterações do ciclo sono vigília e psicomotricidade.
• Outros sintomas psiquiátricos: (alt. humor, comportamento e percepção); neurológicos (tremores,
incontinencia urinária)
• Início súbito, de horas a dias com um curso breve e flutuante e uma melhora rapida quando o fator
causal é identificado e eliminado.
• Causas diversas – maioria fora do SNC. Ex: Insuficiencia Renal e hepática

SINTOMAS NUCLEARES X ACESSORIOS


NUCLEARES: deficit de atenção, desorientação, perturbações do ciclo sono vigilia,
comprometimento da memoria, anormalidades do pensamento, comprometimenro visuoespacial,
alterações motoras, disturbios da linguagem.
ACESSORIOS: transtornos perceptivos (alucinações e ilusoes), delirios, alterações afetivas.

Delirium: Etiologia
As principais causas incluem doenças do sistema nervosa central (epilepsia), doenças sistemicas
(IC) e intoxicação ou abstinencia de agentes farmacologicos ou toxicos. O principal neurotransmissor é
acetilcolina e a area neuroanatomica é a formacao reticular.

Delirium: Fisiopatologia
• Alterações na homeostase corpórea podem cursar com delirium
• Associado a desequilíbrio as vias colinérgicas e dopaminérgicas, principalmente NT
envolvido acetilcolina (reduzido) (formação reticular)
• Ocorre lentificação difusa no EEG
Álcool e hipnóticos: ativação rápida de baixa voltagem.
Causas de Delirum:
Intracraniana epilepsia e estado pos-ictal. Atualme não faz o uso correto e atende a coordenação.

intracranianas

Delirium: Diagnóstico
• Perturbação da consciência, com diminuição do foco, da manutenção ou deslocamento da atenção.
• Prejuízo cognitivos (distúrbios da memória/orientação/ linguagem) – não atribuído a quadro de
demência instalada ou em desenvolvimento.
• Distúrbio da atenção: elemento central (seg DSM V)
• Comprometimento da cogniçãopensamento pode ser confuso, afrouxamento de idéias e
tangencial.
• Desorientação temporal é mais comum (especial geralmente casos mais graves)
• Alterações da sensopercepção podem ocorrer: Ilusões patológicas, alucinações (pcp visuais)
• Sintomas psicóticos/ alt. do comportamento: podem dificultar avaliação clínica  aumento risco de
óbito (causas?)
• Instabilidade emocional, ansiedade, agitação, depressão/irritabilidade são comuns
• Memória recente prejudicada (remota geralmente preservada)
• Inquietação, agitação, letargia e apatia.
• Inversão ciclo sono vigília, insônia, sonolência diurnal, pesadelos vívidos, piora dos sintomas ao
anoitecer (sundowning)
• Valorizar relato enfermagem/ familiares (flutuação dos sintomas)
• Diagnóstico CLÍNICO!! Utilizar instrumentos que auxiliam diagnóstico MEEM.

Segundo o DSMV:
A. Disturbio da atenção (capacidade reduzida para diferenciar, focalizar, manter e mudar a atenção)
e da consciencia (menor orientação para o ambiente);
B. A perturbação se desenvolve em um periodo breve de tempo (geralmente horas ou dias),
representa uma mudança da atenção e da consciencia basais e tende a oscilar quando a gravidade ao
longo do dia.
C. Perturbação adicional na cognicao (deficit de memoria, desorientação, linguagem, capacidade
visuoespacial ou percepção);
D. As perturbações dos criterios A e C não são mais bem explicadas por outro transtorno
neurocognitivo preexistente, estabelecido ou em desenvolvimento e não ocorrem no context de um nivel
gravemente diminuido de estimulação, como no coma;
E. Ha evidencias a partir da historia, do exame fisico ou de achados laboratoriais de que a perturbação
é uma consequencia fisiologica direta de outra condição medica, intoxicação ou abstibencia de substancia
(devido a uma droga de abuso ou a um medicamento), de exposição a uma toxina ou de que ela se deva
a multiplas etiologias.

Tipos:
Hiperativo: caracterizado pela agitação, alucinação, tremor, instabilidade autonomic. Sao mais
faceis de serem diagnosticados.
Hipoativo: apatia, sonolencia e lentidao psicomotora.
Misto: mistura do hiperativo ecom hipoativo. Flutua com as manifestações ao longo do dia.

MEEM Avaliação: Orientação no tempo e no espaço, memória de trabalho e episódica-evocação,


atenção, linguagem, habilidades visuoespaciais e praxia.
• Analfabetos: 20 pontos
• Escolaridade : 1- 4 anos: 25 pontos
• Escolaridade: 5-8 anos: 26,5 pontos
• Escolaridade: 9-11 anos: 28 pontos
• Escolaridade: >ou= 12 anos: 29
Delirium x Demência
• Podem ocorrer sobrepostas (66% dos idosos ).
• Paciente com prejuízo cogntivos prévios são mais susceptíveis.
• Diferenciação: Curso temporal e reversibilidade.
Delirium : Agudo/ desatenção/ flutuação da gravidade dos sintomas/ alt consc.
Demência: curso progressivo e deteriorante/ Memória prejudicada/ atenção relativamente
preservada

Delirium x Esquizofrenia
• Quadros psicóticos agudos: desorganização do comportamento (dd: delirium)
• Delirium: início: paciente idosos pcp/ esquizo: mais jovens (traços de personalidade pré-mórbida)
• Alucinações: visuais e táteis
• Esquizofrenia: desenvolvimento insidioso, sem flutuação da sintomatologia, sem alt. NC e da
orientação
• Alucinações predom. auditivas

Delirium x Transtornos do Humor


• Mania/ Depressão
• Mania: Agitação, irritabilidade, euforia, sintomas psicóticos
• Depressão: Baixa atenção concentração, memória prejudicada
• Delirium: flutuação é a marca!

Tratamento Delirium
• Devemos identidicar e tratar rapidamente as possíveis causas
• Medicamentoso (sedação se necessário) + não medicamentoso (manejo ambiental/ orientação de
equipe e familiares)
• Profilaxia é importante!

Profilaxia/ Prevenção
Intervenções profiláticas não medicamentosas: Atividades terapêuticas, Reorientação,
Otimização do sono, Exercícios e mobilização do paciente, HO, auxílio visual e auditivo, medidas gerais
incluem manter o paciente em ambiente tranquilos, moderadamente iluminados, evitando o isolamento
total.
Profilaxia medicamentosa: Não há comprovação do uso de medicamentos, antipsicóticos/
anticolinesterásicos para PREVENIR delirium!

Tratamento Não Farmacológico: cuidar familiares + cuidadores + equipe multidisciplinar


Proprocionar ambiente adequado/calmo / confortável/ pouco barulho e ruídos
Subsídios de orientação (data/lugar com frequência)
Acompanhante familiar
Evitar trocas na equipe assistencial
Períodos ininterruptos de sono a noite; temporalidade do ambiente
Óculos e aparelhos auditivos (quando possível)

Tratamento Farmacológico:
• Uso empírico: Antipsicotico: intervenção farmacológica de 1ª linha.
• BZD: SOMENTE casos específicos! EVITAR, devido a piora do deficit cognitivo
• Medicações sedativas podem ofuscar e comprometer a avaliação de mudanças na função cognitiva
• Antipsicotico: HALOPERIDOL: mais utilizado. (VO/IM)
VO: 1-2 mg/dia (início), pode se aumentar a dose progressivamente// dose noturna
Mais agitados: IM (5-20mg/dia)
• Antipsicoticos Atípicos: OLANZAPINA, RISPERIDONA, QUETIAPINA
• Benzodiazepínicos: CASOS ESPECÍFICOS:
• Delirium secundário a abstinência de álcool ou de sedativo/ hipnótico  delirium tremens
• Evitar possível efeitos adversos dos Antipsicotico como a acatisia, SEP, desejo de maior
sedação (visando ao controle de sintomas psicomotores)
• Se usar, geralmente o uso de Antipsicotico é necessário em conjunto!
• Preferência meia vida curta e sem metabólitos ativos : LORAZEPAM
• Uso de BZD pode piorar confusão mental e até mesmo aumentar o risco de delirium!

Caso clinico 1:
Mulher, 86 anos, aposentada, é admitida no Pronto Socorro com quadro de alteração comportamental
aguda (início há uma semana), com agitação psicomotora, irritabilidade, heteroagressividade,
desorientação temporal, alteração do ciclo sono-vigília, e recusa de cuidados. Está acompanhada pelo
sobrinho, que relata a paciente vinha fazendo tratamento psiquiátrico há 6 anos, devido a um quadro de
desânimo, falta de iniciativa, insônia e interrupção de atividades diárias (por exemplo, parou de costurar e
de cozinhar, atividades que antes lhe agradavam). Obteve melhora com o tratamento e, até pouco tempo
atrás, encontrava-se recuperada e estável com uso das medicações (escitalopram 20mg/dia e trazodona
50mg ao deitar). É tabagista há mais de cinquenta anos (hoje fuma cinco cigarros por dia) e não faz uso
de álcool. Outros medicamentos em uso: esomeprazol 40mg, levotiroxina 75mcg, enalapril 10mg 12/12h
e sinvastatina 20mg à noite.
• Qual a sua hipótese-diagnóstica para o quadro atual?
• Qual é a conduta mais adequada para o manejo inicial deste caso no pronto-socorro?
• Uma vez resolvido o quadro emergencial, qual a investigação adicional necessária para este caso e por
quê?

Caso clinico 2:
Homem, 77 anos, trazido pelo filho com queixa de esquecimento progressivos nos últimos 03 anos, além
não saber se localizer no tempo (semana; dia ou mês). Há 03 dias, diminuiu a concentração, ficou mais
agressivo, pensamentos incoerentes com oscilação destes ao longo do dia. EF: AAA, corado, hidratado,
eupnéico, desorientado com agitação psicomotora. Sem outras alterações de exame.
• Qual o diagnóstico sindrômico?
• Realizado exames com alteração do PCR: 40 mg/dl; Hemograma: apresentava leucitose com bastões
aumentados de forma importante (> 10%); EAS com leucocitose, nitro +, bactérias presentes. Rx de tórax
sem alterações.
• Cite um possível diagnóstico etiológico do caso 2.
• Neste quadro agudo do paciente, qual a melhor opção terapêutica para tratar este paciente? E quais
medicação deveriam ser evitadas.

TRANSTORNOS DECORRENTES DO USO DE SUBSTÂNCIAS

TRANSTORNOS DECORRENTES DE ALTERAÇÕES DO CONTEÚDO DO


PENSAMENTO
ESQUIZOFRENIA
Doença de prognóstico pior do que outras. Tem pessoas que respondem bem ao
tratamento e outras que após tratamento não melhoram, ficam sem perspectivas.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

A. Durações de pelo menos seis meses, e no mínimo dois dos seguintes sintomas de
psicose devem estar presentes durante um mês:
- Delírios: crença irrefutável, não compartilhada pelo restante das pessoas na realidade
- Alucinações: pode ser visuais, mas geralmente são auditivas, visuais. Se for táteis,
olfativas estão mais associadas a um transtorno mental orgânico, secundários a uma
condição médica geral.
- Discurso desorganizado: difícil de entender, a estrutura da frase e conexão das ideias estão
desorganizadas (sem nexo entre elas). No seu extremo, pode evoluir para incoerência –
não entende nada do que esta falando, uma “salada de palavras”.
- Comportamento desorganizado ou catatônico:
Desorganizado
chão, subir no telhado, se vestir como roupa muito inadequada, sair na rua enrolado em
uma bandeira, rasgar dinheiro;
Catatônico paralisia, ausência de movimento, paciente em mutismo, não reage, não
conversa, não se movimenta, não aceita alimentação.
- Sintomas negativos: sintomas que representam uma perda de alguma habilidade/função
psíquica. Ex: embotamento afetivo, pois a pessoa deixa de expressar afeto, não tendo uma
resposta emocional adequada, não modula o afeto em sua fala, expressão, mímica. A falta
de iniciativa, de vontade (avolia), de interesse em geral pelas coisas, porém não é de
episódio depressivo, é uma “demência precoce”, evidenciando um declínio cognitivo nos
pacientes, com verbalização e interação social dificultadas. Esses sintomas negativos
são a marca da
esquizofrenia cronicamente, no qual o paciente fica sem perspectiva, dorme o dia todo,
ficam olhando para o nada.
Obs: Delírios, alucinações, discurso e comportamento desorganizados são sintomas
positivos e geralmente melhoram com uso de antipsicóticos, enquanto que os sintomas
negativos não melhoraram tanto.
Obs1: Somente um dos sintomas acima é necessário quando os delírios são bizarros, as
alucinações auditivas envolvem comentários sobre o paciente ou existem duas ou mais
vozes conversando entre si.
Obs2: a esquizofrenia é uma doença que tem um prognóstico um pouco pior, pois na
depressão, no TAB, ao tratar o paciente ele retorna a um padrão de bom funcionamento,
enquanto que nessa patologia, grande parcela dos pacientes retorna com funcionamento
inferior (é variável, algumas voltam com funcionamento melhor).

B. Deve haver uma significativa disfunção social e/ou ocupacional.


C. Alguns sintomas precisam estar presentes por no mínimo seis meses; eles podem incluir
apenas sintomas negativos ou sintomas positivos menos intensos.
D. O transtorno esquizoafetivo e o transtorno do humor com características psicóticas precisam
ser descartados.
E. Os sintomas não podem ser causados por substância (de abuso ou medicação) nem por
condição clínica ou neurológica (traumas, infecções, doenças inflamatórias/autoimunes,
tumores, epilepsia, alterações metabólicas - delirium).
Obs: Se no caso clínico 1 o paciente tivesse feito uso de drogas em menos de 06 meses,
seria difícil diferenciar se era a maconha que desencadeou o surto psicótico ou se ela piorou
os sintomas da esquizofrenia. Faria então observação do paciente em abstinência da
substância, e se ele melhorasse os sintomas, provável que a substância tenha papel
importante, porém se mantivesse os sintomas mesmo sem a substância, talvez a droga
desencadeou mas a pessoa já tinha uma predisposição para Esquizofrenia.

DELÍRIOS:
- De perseguição: Mais comum. Para identificar pergunta se tem alguém te
perseguindo, ou querendo te prejudicar? Eu tenho certeza que pessoas do meu trabalho
estão me perseguindo e que tem câmeras, escuta no telefone.
- De referência: A pessoa acha que tem alguma coisa do meio externo que diz algo
direto para ela. Por exemplo: frases de outdoor, placas, estampas de camisetas, músicas,
notícias, comentários está sendo diretamente para ela. Ou a pessoa acha que algum
acontecimento tem significado especial. Ex: alguém diz algo, e a pessoa interpreta que algo ruim
vai acontecer com ela mesmo. Isso é diferente do normal, pois se identificar com alguma música é
normal, mas achar que a música é algo diretamente para ela não é normal.
Os delírios de perseguição e de referência costumam estar associados – a paciente acha
que uma pessoa esta falando mal dela (sentindo que estão contra ela – perseguição e os
comentários são sobre ela – referência).

- De relação: a pessoa faz uma interpretação que alguma coisa significa outra, porém
não tem nada a ver. O indivíduo acha que as coisas que acontecem são coincidências,
sinais. Ex: caneta cai no chão e interpreta que aquilo é um sinal, que aconteceu devido
alguma coisa.
- De influência: a pessoa sente que seu comportamento está sendo regido por uma
máquina, ou satellite. Geralmente associados a casos de esquizofrenia mais graves, não
estão tão presentes em outros tipos de transtornos – característico de esquizofrenia.
- De grandeza: a pessoa acha que tem um poder especial, de cura, ou acha que tem
contato com Deus/diabos/entidades espirituais. Porém, ao perguntar se a pessoa tem
contato com Deus ou diabo, deve separar a fé/crença de delírio, por exemplo, “Deus me
disse que sou o enviado dele na terra, e eu saio curando as pessoas na rua de uma maneira
bizarra”. Mais comum no episódio maníaco, menos comum na esquizofrenia.
- Erótico: o paciente tem a interpretação de que as pessoas têm um interesse afetivo
sexual amoroso por ele – geralmente ocorre com pessoas famosas.
- De ciúmes: difícil de avaliar. Paciente relata ter certeza de que está sendo traído,
que tem algo acontecendo e tem evidências.
- Místico-religioso: é comum na mania, associado ao delírio de grandeza.
- De ruína: comum na depressão. O paciente acredita que já morreu, que já está
enterrada e que não tem mais nada na vida. É o extremo da menos valia.
- Hipocondríaco: A pessoa tem certeza que possui uma doença grave e nada vai
convencê-la do contrário, nem mesmo exames.
- Cenestopático: a pessoa acredita que tem animais dentro do seu corpo, como uma
serpente caminhando dentro do seu abdômen - presente na Esquizofrenia.
- Outros delírios frequentes na Esquizofrenia: de irradiação ou inserção de
pensamentos - a pessoa sente que seus pensamentos estão sendo transmitidos ou
inseridos por outras forças, não reconhece o pensamento como sendo dela.
ALUCINAÇÕES:
- Nos quadros psiquiátricos primários: alucinações auditivas são mais comuns; as
formas visuais, olfativas e táteis requerem uma especial atenção para investigação de
condições clínico- neurológicas ou efeito de substâncias.
É mais comum na esquizofrenia vozes de comando ou vozes que comentam entre si, ou
alucinações visuais de vultos mal definidos, difíceis de descrever, que dão medo e não há
diálogo com esse vulto.
Se tiver uma alucinação muito colorida, como de filmes, por exemplo, a pessoa contar que
viu um vulto de uma criança, de vestido rosa, laço na cabeça e que parece com ela mesma
na infância, é difícil que seja de esquizofrenia, estando mais relacionado ao quadro de
personalidade, perfil mais dramático.
- Se os sintomas psicóticos (delírios, alucinações) aparecerem em idade tardia, é
necessário avaliar, buscar por condição clínica associada.
- No início ou fim de sono (hipnagógicos ou hipnopômpicos): não devem ser
consideradas legítimas alucinações de distúrbios psicóticos. Quando está quase dormindo
ou quando acabou de acordar vê uma imagem - fenômeno comum relacionado à transição
das fases entre o sono com a vigília. Mais comum em crianças e adolescentes, tem a ver
com o desenvolvimento do SNC, mas também podem acontecer com adultos e não tem
nenhum significado.
- Alucinações histéricas ou pseudoalucinações: presentes em quadros de conversão
ou somatizações, ocorrem de forma frouxa, associadas à situação de medo ou estresse, e
não promovem alteração significativa no comportamento. Ex: quadros floridos, está vendo
um vulto de uma menina e não tem medo disso – paciente esquizofrênico geralmente sente
muito medo da alucinação.
- Vivências “perceptivas” fortemente emocionais e compartilhadas pela cultura do
indivíduo (vivências breves) que não apresentem outros elementos para um diagnóstico de
psicose - sem relevância clínica. Ex: Comum após uma forte experiência emocional como
morte de um ente querido, alguém da família vê a pessoa (“sua avó apareceu para mim e
falou que está tudo bem, ou vê a pessoa andando pela casa”).

IMPORTANTE

- Os pacientes frequentemente relatam mal sua história devido aos seus sintomas
psicóticos, principalmente após o surto.
- Colher informações de outras fontes - registros anteriores, membros da família ou
companheiros.
- Uma história completa pode ajudar a esclarecer a questão.
Obs: muitas vezes o paciente esquizofrênico usa outra terminologia falando que tem
depressão. Então é essencial pesquisar se é mesmo essa doença com os familiares, pedir
aonde é feito o acompanhamento, checar medicamentos em uso. Muitas vezes confunde
os sintomas negativos com a depressão
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

1) O paciente está em uso atual ou recente de medicamento que pode estar


associado a quadro alucinatório ou delirante? Essas medicações podem causar
alucinações, de diversa intensidade:

ATB: menos comuns.

Idosos em uso de anticolinérgicos,


determinados corticoides são mais
comuns ter alucinações.

2) O paciente estava em uso recente de substância psicoativa que poderia estar


associada à alucinação ou ao delírio?
- Alcool* (intoxicação ou - Barbitúricos - Cocaína/Anfetaminas
abstinência) (incluindo - Hipnóticos e sedativos
- Alucinógenos (LSD, PCP) síndrome -
de Inalantes
abstinência) - Opiáceos
- Cannabis

*Geralmente associado à cocaína estão presentes quadros de paranoia com delírios


perseguitórios.

3) O paciente apresenta uma condição neurológica que pode estar associada à alucinação ou ao
delírio-? - Esclerose múltipla
Doença de
Alzheimer*

- Doença de Parkison* - Hidrocefalia


- Doença de Pick - Epilepsia (lobo temporal)*
- Doença de Wilson - Acidente vascular cerebral*
- Doença de Huntington - Traumatismo cranioencefálico*

Obs: Varia de acordo com a clínica do paciente, como sintoma focal, paresia (AVC).
4) O paciente apresente alguma condição clínica que pode estar associada à
alucinação ou ao delírio?

EXAMES COMPLEMENTARES

BIOQUIMICOS:

Esses exames fazem parte do protocolo do primeiro episódio


psicótico. Raio-x de tórax: pedir se tiver clínica direcionada.
Glicemia: devido as condições endocrinológicas associados a
esquizofrenia. Sorologias para HIV, sífilis e hepatites.
Pesquisa de THC e Benz.: componentes da maconha e cocaína, respectivamente – screning
toxicológico.
ECG: necessário antes de prescrever alguns antipsicóticos ou estabilizadores do humor.
EXAMES DE IMAGEM

Pedir se:

- Faixa etária usual de evolução de quadro psicótico: adolescência e início da fase


adulta – se aparecer no idoso, solicitar exame de imagem.
- Suspeita de processo demencial: visualizar se há redução do volume cortical.
- Exemplo: paciente sofreu acidente de carro, teve TCE e desenvolveu epilepsia.
Apresentou sintomas psicóticos com alucinações olfativas
pois apresentou primeiro episódio psicótico com histórico de epilepsia associada e
alteração de comportamento pós TCE (não é estresse pós traumático, pois não tem
revivência, hipervigilância).
- Quadro psicótico refratário – não responde ao medicamento
Pedir EEG e imagem
Observações:
- Em casos de epilepsia: exame de imagem + eletroencefalograma
- Histórico de alcoolismo: se tiver interrupção do uso da bebida recentemente é
abstinência. Se tiver no efeito da bebida é intoxicação.
- Quadro 6: alteração de memória - o paciente evolui com um declínio cognitivo de
memória e junto a isso apresenta sintomas neuropsicóticos, podendo ser uma quadro
neurodegenerativo como Alzheimer.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS
PRIMÁRIOS
1. Transtornos de humor (Episódio Depressivo ou Maníaco):
Pesquisar sintomas de depressão ou mania:
Se o paciente entrou no episódio depressivo e após isso desenvolveu sintomas
pensar em episódio depressivo grave com sintomas psicóticos.
Se o paciente apresenta elevação de humor, euforia, irritabilidade, aceleração de
pensamento, e evolui com delírio de grandeza, alucinações auditivas ou delírios
místicos religiosos episódio maníaco do transtorno bipolar - TAB).
2. Transtorno Esquizoafetivo: não é tão frequente, mas tem características da
Esquizofrenia e do Transtorno de humor. Paciente apresentou em sua história
momentos psicóticos, mesmo sem depressão ou mania (=Esquizofrenia), porém
tem também episódios maníacos e depressivos concomitantes com sintomas
psicóticos. Esquizofrenia + Transtorno Bipolar
3. Esquizofrenia:
Sintomas psicóticos por mais de 6 meses
4. Transtorno Esquizofreniforme: Mesmos critérios da esquizofrenia.
Sintomas psicóticos que duram de 1 a 6 meses
5. Transtorno Psicótico Breve: Comum evoluir do 4 para o 5.
Sintomas psicóticos que duram menos de 1 mês

6. Transtorno Delirante: o único sintoma psicótico presente é o delírio.


Excluiu todos os outros diagnósticos para chegar nesse transtorno. Não é muito
comum, porém se presente, a pessoa tem um núcleo central delirante de pensamento
e fora disso tem funcionamento normal. Ex: tem absoluta certeza que o vizinho está
fazendo de tudo para prejudicá-la, mas funciona bem fora desse delírio.
EPIDEMIOLOGIA

- Prevalência: 1% da população
- Apenas metade recebe tratamento
- Idade média de início: 18 a 25 anos (homens), 25 a 35 anos (mulheres)

SUBTIPOS

Depende dos sintomas que prevalecem


*(não precisa decorar, nem colocar na prova o subtipo).
1. Paranoide: um ou mais delírios ou alucinações auditivas frequentes (de controle,
perseguição, influência, referência)
2. Desorganizada: discurso e comportamento desorganizados e afeto embotado ou
inadequado
3. Catatônica: dois ou mais dos seguintes sintomas:
(a) imobilidade motora (catalepsia/torpor);
(b) atividade motora excessiva sem propósito;
(c) negativismo extremo (manutenção de postura rígida) ou mutismo;
(d) pecularidade dos movimentos voluntários com postura, movimentos
estereotipados, maneirismos;
(e) ecolia/ecopraxia
4. Indiferenciada: dois ou mais dos seguinte sintomas:
- delírios
- alucinações
- discurso desorganizado
- comportamento amplamente desorganizado e sintomas negativos
Entretanto, o paciente não satisfaz os critérios para os outos subtipos desse transtorno.
5. Residual: ausência de delírios, alucinações, discurso desorganizado ou
comportamento amplamente desorganizado / catatônico evidente. Existem indícios
contínuos de perturbação, indicados pela presença de sintomas negativos ou por dois
ou mais critérios de forma atenuada.

CURSO

É variável:
- Pode ter exacerbações e remissões
- Crônicos (geralmente) – acompanha por toda vida
- A remissão total é pouco provável: entre 40 e 60% dos pacientes tem prejuízos
significativos durante a vida.
- Entre 20 a 40% dos pacientes tentam suicídio - 10% conseguem suicídio.
ETIOLOGIA

Modelo neurobioquímico:
- Manifestações psicóticas podem ser grosseiramente explicadas por meio do que
se chama hipótese dopaminérgica da esquizofrenia:
- Os sintomas psicóticos estão associados a um excesso de ação em parte do
sistema neurotransmissor dopaminérgico
- A melhora dos sintomas psicóticos é devida a um bloqueio parcial desse sistema
- A síndrome extrapiramidal (SEP) traduz no sistema motor o bloqueio dopaminérgico
A hipótese é que existe um funcionamento excessivo do sistema dopaminérgico, e
com isso um bloqueio desse sistema seria o objetivo do tratamento (medicamentos que
antagonizam os receptores D2 de dopamina).
Efeitos adversos: O bloqueio de dopamina na via nigroestriatal dará o Parkinsonismo
(dificuldade de marcha, tremor, rigidez – sintomas extrapiramidais); o bloqueio de
dopamina na via tuberoinfundibular promoverá secreção de prolactina-
hiperprolactinemia (inibe quem inibe a secreção, então libera).

Vias dopaminérgicas do SNC:

- Tuberoinfundibular: controla a secreção


de prolactina
- Nigroestriatal: controla os movimentos (alterada
no Parkinson)
- Via mesolímbica: controle de emoções, medo -
Sintomas positivos.
- Via mesocortical: relacionado com Sintomas
negativos. Planejamento, funcionamento
executivo.
As duas últimas estão associadas aos sintomas
psicóticos.

- Então, os sintomas psicóticos estão associados ao excesso da ação em parte do


sistema neurotransmissor dopaminérgico. A melhora desses sintomas se deve a um
bloqueio parcial desse sistema e a SEP (síndrome extrapiramidal – parkinsonismo)
traduz o bloqueio dopaminérgico no sistema motor, e a hiperprolactinemia traduz no
sistema hipotalâmico- hipofisário.
- Sabe-se que a Esquizofrenia é uma alteração do neurodesenvolvimento.
Quando tem o primeiro surto psicótico, já é o evento final de vários eventos que
aconteceram desde a formação do sistema nervosa central e que conferem à pessoa
uma vulnerabilidade a psicose.
- Há uma interação de fatores genéticos e ambientais - há manifestações mesmo
antes do surto psicótico, como crianças que apresentam sintomas subclínicos,
características prodrômicas como dificuldade em velocidade de processamento,
leituras e quando associados a fatores ambientais como exposição a vírus no período
intrauterino ou drogas na adolescência podem resultar no primeiro surto.
FATORES DE RISCO

- Histórico familiar
- Complicações obstétricas
- Infância: alterações motoras, do funcionamento cognitivo e de comportamento
- Adolescência: uso de canabis, evento traumático…
- Alterações neurodegenerativas (é uma doença de
neurodesenvolvimento e neurodegenerativa)

TRATAMENTO

- Transtorno psicótico secundário: tratar a causa de base + antipsicóticos (haloperidol,


risperidona, quetiapina, olanzapina)
- Transtorno de humor com características psicóticas: tratamento com antidepressivos (se for
depressão) e/ou estabilizadores de humor (se for TAB) por aproximadamente 6 meses
+ antipsicóticos (ex: depressão com sintomas psicóticos ou episódio maníaco com
sintomas psicóticos)
- Esquizofrenia: antipsicóticos no tratamento agudo e para manutenção (importante para
manter o paciente em remissão, pois essa doença tende a cronicidade).
*Não precisa saber dose, saber efeitos adversos e levar em consideração suporte familiar.

CUIDADO!

- Avaliar o risco associado ao prejuízo da crítica à realidade (fuga, suicídio, adesão ao


tratamento) – pode ser que tenha um paciente com uma esquizofrenia mais leve e com
bom suporte familiar, podendo ser tratado ambulatorialmente, enquanto outros com
risco de fuga, suicídio pode ser necessário a internação.
- Avaliar necessidade de contenção física e medicamentosa
- Reavaliar indicação de contenção periodicamente – a contenção também tem suas
complicações e pode ser traumatizante ao paciente, devendo, portanto, ser realizada
somente quando realmente necessário.
- Avaliar a presença de efeitos adversos dos antipsicóticos

Antipsicóticos típicos ou de 1ª geração

- Mais utilizados: Haloperidol e Clorpromazina


-Efeitos adversos mais comuns: SEP, distonia aguda (movimentos distônicos - contrações
involuntárias dos músculos), discinesia tardia (complicação à longo prazo se doses mais
altas, fica com movimentos estereotipados como movimentos orofaciais, mastigatórios).

Antipsicóticos atípicos ou de 2ª geração

- Efeitos colaterais mais comuns: síndrome metabólica, ganho de peso, alterações


de glicemia e do lipidograma.
- Ziprasidona: alteração no ritmo cardíaco (pedir ECG)
- Olanzapina e Quetiapina: sonolência ou sedação excessiva

Antipsicótico Clozapina
somente por psiquiatras. Essa medicação pode causar discrasia sanguínea, podendo
levar a anemia aplástica, e, por esta razão, deve ser acompanhada de perto, realizar
hemograma mensalmente. Além disso, também pode estar associada ao aumento do risco
de convulsões e não pode ser usado concomitantemente com benzodiazepínicos.
Essa medicação está indicada para esquizofrenia refratária, ou seja, quando já foram
utilizados pelo menos dois antipsicóticos de primeira ou segunda geração e não obteve
resultado – na prática tenta mais de duas opções.
É importante diferenciar refratariedade de má adesão ao tratamento - paciente em
tratamento de Esquizofrenia, se tiver recaída, a primeira coisa a se pensar é se o paciente
está tomando a medicação (má adesão ao tratamento). Muitos reduzem a medicação ou
deixam de tomá-la devido aos efeitos adversos.
EFEITOS ADVERSOS

*Acatisia: paciente anda com as “pernas amassando o barro”, fica inquieto mesmo parado.
*Sindrome neuroléptica maligna: alterações autonômicas (variações da PA, FC);
alterações do nível de consciência (confusão, desorientação, torpor). É uma das
complicações mais graves associadas ao uso de antipsicóticos, geralmente em doses
altas.

TRATAMENTO ALÉM DO MEDICAMENTO

- Orientação e suporte da família – orientar sobre a doença para que o familiar participe
do tratamento.
- Psicoterapia e terapia ocupacional (depende do paciente - pacientes com verbalização e
compreensão razoáveis podem fazer psicoterapia, já pacientes com pensamentos mais
concretos, com dificuldade de abstração e de fala, a terapia ocupacional que trabalha com
atividades lúdicas e produção artística pode ser mais interessante).
- Estratégias de socialização, grupos (compartilhar experiências).
- Atividades físicas (para amenizar os efeitos adversos como síndrome metabólica).

DESAFIOS

- Tratamento dos sintomas negativos


- Recuperação funcional

*Antipsicóticos bloqueiam os receptors D2 nas vias mesolímbica e mesocortical.

TRANSTORNOS DECORRENTES DAS ALTERAÇÕES AFETIVAS

TRANSTORNO DO HUMOR

Classificação
Transtorno Depressivo Recorrente
- Transtorno Depressivo Maior
- Distimia
Transtorno Afetivo Bipolar (TAB)
- TAB Tipo I e TAB Tipo II
- Mania
Outros Transtornos do Humor
-Devido à condição médica geral
- Induzido por substância

Humor tônus afetivo de individuo, o estado emocional basal que colore a percepção que a pessoa
tem do mundo. Esta ligada ao afeto e pode ser descrito como ansioso, deprimido, eufórico.
Afeto qualidade emocional que acompanha uma ideia, expressão externa e pode ser ou congruente
com o humor.
Transtornos do humor (antes denominado de psicoses maníaco-depressivas) grupo de
condições clinicas caracterizado pela perda do senso de controle das expressões afetivas e pela
experiência subjetiva de grande sofrimento. A perturbação fundamental é uma alteração do humor, no
sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de uma exaltação.

DEPRESSÃO
Primária Episódio depressivo do Transtorno Depressivo Recorrente
Episódio depressivo de Transtorno Bipolar
Distimia
Secundária “devido a” SUBSTÂNCIAS e/ ou “devido a” Condições médicas

TRANSTORNO DEPRESSIVO
Introdução:
- É uma doença comum, incapacitante, custosa e frequentemente mortal.
- Estima-se prevalência em torno de 15% ao longo da vida.
- É a maior causa de piora da saúde e incapacitação do mundo (DEPRESSAO > ALCOOLISMO
> ESQUIZOFRENIA > TRANSTORNO BIPOLAR > TOC).
- Principal causa de suicídio
- Altamente tratável e demanda tratamento precoce.
- Depressão como um sintoma social.
- Cultura baseada em critérios de desempenho (Ex: nos na faculdade que temos media para ser
aprovado de semestre).
- Liquidez das relações.
Obs: devemos tomar cuidado com a vulgarização e simplificação dos diagnósticos, portanto
devemos avaliar os sintomas assim como os sintomas ligados a acontecimentos da vida cotidiana.
- É o mal do século.

Causas:
Fatores biológicos: Aminas biogênicas= noradrenalina e serotonina, é a causa mais frequente
associada a fisiopatologia da depressão e também a dopamina, sistema GABA e peptídeos neuroativos;
serotonina; regulação hormonal; atividade do eixo tireoidiano; estudos de neuroimagem.
Fatores genéticos: Herdabilidade de 40% em famílias de primeiro grau de indivíduos com TD
tem risco de 2 a 4 vezes maior em desenvolver a doença do que a população em geral.
Estudos de famílias: 01 genitor  risco 10-25%; 02 genitores  risco 20-50%.
Estudos de gêmeos: 50 a 70% concordância.
Filhos adotivos permanecem com risco aumentado de desenvolver transtorno de humor,
mesmo que afastados dos pais biológicos acometidos por este tipo de transtorno.
Fatores psicossociais: Acontecimentos na vida e estresse ambiental, como experiências
adversas na infância e fatores estressores.
Fatores de personalidade e psicodinâmicos
Os acontecimentos vitais estressantes precedem mais frequentemente os primeiros
episódios de humor, tanto depressivos quanto maníacos, do que subsequentes. A presença de agentes
estressores permanentes precipita e influencia o curso dos transtornos de humor, interfere na
sintomatologia e na recuperação, independente das estratégias terapêuticas adotadas.
O acontecimento mais vital associado ao desenvolvimento da depressão é a perda de um
dos pais antes dos onze anos de idade. As síndromes e reações depressivas surgem com muita
frequência após perdas significativas: de uma pessoa querida, de um emprego, de um local de moradia,
de uma situação socioeconômica ou de algo puramente simbólico.

Diagnósticos levar em conta o DSMV + Analise Subjetiva dos sintomas clínicos


(DSM V): Apresentar 5 ou mais dos seguintes sintomas abaixo presente em um periodo de 2
SEMANAS OU MAIS, sendo que um deles DEVE SER HUMOR DEPRIMIDO (OU IRRITÁVEL) OU
ANEDONIA:
1.Humor deprimido a maior parte do dia, quase todos os dias ou irritável nas
crianças principalmente
2.Anedonia = interesse ou prazer acentuadamente diminuídos
3.Perda ou ganho de peso (5% em 1 mês) ou diminuição/aumento do apetite
4.Insônia/hipersonia
5.Agitação/retardo psicomotor
6.Fadiga/perda de energia
7.Menos valia ou inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada
8.Diminuição da concentração ou indecisão
9.Pensamentos de morte recorrente (não apenas medo de morrer), ideação suicida
recorrente sem um plano especifico, plano suicida ou tentativa de suicídio.
Sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo social/ocupacional
NUNCA HOUVE EPISODIO MANIACO OU HIPOMANIACO.
Exclusão: Não são devido ao uso de substâncias ou outras condições médicas (hipotireoidismo).
Não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, trantorno
esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno relacionado a esquizofrenia ou psicotico
especificado.
I- HUMOR Tristeza, Anedonia, Ansiedade.
II- Cognitivos Baixa autoestima, Pensamentos de culpa, Pessimismo, Desesperança,
Dificuldade de atenção, Lentificação de pensamentos.
III – Sintomas Motores: Lentificação Psicomotora
IV – Sintomas Somáticos: Alterações do Sono, Alterações do Apetite, Alterações da Libido.

CID 10: Apresenta diferenças no diagnostico, pois ela diferencia os episódios depressivos em leve,
moderado e grave, podendo ser este com ou sem sintomas psicóticos.
Portanto o diagnostico é feito com base no humor deprimido, perda de interesse e prazer e
energia reduzida, levando em conta a fatigabilidade aumentada e atividade diminuída. Outros sintomas:
concentração e atenção reduzida, autoestima reduzida, ideia de culpa e inutilidade, visões pessimistas
do futuro, ideias ou atos autolesivos ou suicídio, sono perturbado e apetite diminuído.
Episodio Depressivo Leve: > 2 sintomas a seguir: humor deprimido, perda de interesse e
prazer, fatigabilidade aumentada + 2 destes sintomas: concentração e atenção reduzida,
autoestima reduzida, ideia de culpa e inutilidade, visões pessimistas do futuro, ideias ou atos
autolesivos ou suicídio, sono perturbado e apetite diminuído.
Os sintomas não prejudica o funcionamento ocupacional ou social, pois apresenta poucos
sintomas ou baixa intensidade.
Episodio Depressivo Moderado: > 2 sintomas a seguir: humor deprimido, perda de
interesse e prazer, fatigabilidade aumentada + >3 destes sintomas: concentração e atenção
reduzida, autoestima reduzida, ideia de culpa e inutilidade, visões pessimistas do futuro, ideias
ou atos autolesivos ou suicídio, sono perturbado e apetite diminuído.
Episodio Depressivo Grave: o paciente apresenta angustia ou agitações consideráveis, a
menos que retardo seja de aspecto importante. O suicídio é um perigo marcante nestes casos.
Muitos sintomas ou em grande intensidade, marcada interferência nas esferas social e ocupacional.
Presença de sintomas psicóticos como delírios (ideias de pecado, pobreza ou desastre iminentes. Ex:
Síndrome de COTARD paciente acredita estar morto ou que seus órgãos não funcionam mais),
alucinações (vozes depreciativas)ou estupor; ou ideação suicida/homicida.

TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR: Tem que apresentar aqueles sintomas citados pelo DSMV.
Pergunta de investigação: VOCE FICA TAO DEPRIMIDO A PONTO DE NÃO FAZER SUAS
COISAS?
Protótipo diagnóstico: apatia, tristeza, sem energia e determinação, agitação, irritabilidade,
dificuldades cognitivas, baixa autoestima, desesperança, alterações do sono e alimentação.
Exame do estado mental: características coerentes com o HUMOR (NÃO É O AFETO): Quando as
preocupações depressivas viram convicções ilusórias e ligadas a sentimentos de culpa ou
supervalorização da realidade negativa.
Características psicóticas coerentes com o humor: Quando preocupações depressivas viram
convicções ilusórias, Ligadas a sentimentos de culpa ou a supervalorização da realidade negativa

Outros tipos de Transtornos Depressivos:


- Depressão reativa: ativada por estressores externos, grave e constante e responsiva mais
rápida ao contexto/tratamento.
- Depressão sazonal: depressão que ocorre durante o menor período de luz diurna, no inverno
e outono, e desaparece durante a primavera e verão.

O QUE NÃO PODEMOS CONSIDERAR DEPRESSAO?


NÃO É TRISTEZA: dores, sentimentos e anseios da vida. Tem causa, é finita, não reflete
baixa autoestima e não tem causa do comprometimento significativo. Ou seja, é normal durante o dia
termos sentimentos de felicidade e tristeza. Tristeza normal Menos intensa, Menos duradoura, Reage
a estímulos positivos, Prejuízo funcional limitado, Melhora com o tempo, Tem fator causal, Sem
lentificação psicomotora.
Obs: Depressão é: Depressão Mais intensa, Mais duradoura, Não reage aos estímulos positivos,
Prejuízo funcional, Piora com o tempo, Sem fator causal necessariamente, Lentificação
psicomotora.
NÃO É LUTO: luto é proporcional à perda da pessoa, de casa, de emprego, de um sonho entre
outros. Não há ideação suicida, não há culpa exagerada, sem baixa autoestima, não persistente e não
tem retardo psicomotor.

Definição de Luto e Melancolia (Freud, 1917)


No luto acontece um estado de rebaixamento libidinal e sofrimento pela morte ou a perda de algo-
trabalho psíquico de elaboração (renuncia do objeto).
Na melancolia a perda do objetivo toma outro destino, o objeto perdido é o próprio motivo da
condição trágica do sujeito: “A sombra do objeto recai sobre o ego”- vazio absoluto (identificação com o
objeto).

Diagnostico Diferencial:
Transtorno Bipolares 30 a 40% dos pacientes foram diagnosticados inicialmente com
deprimidos são na verdade bipolares.
Transtorno Depressivo devido a outra condição médica, principalmente em pacientes mais
velhos.
Transtorno Depressivo induzido por substancias.
Distimia mais leve e persistente ao longo dos anos (2anos).
Esquizofrenia, esquizoafetivo e Transtorno Delirante: ilusões ou alucinações em periodos sem
sintomas de humor.
Transtorno Psicótico Breve: sintomas sem episodio de depressão podem surgir em reação a um
estresse e se resolvem rapidamente.
Transtorno disfórico Pré – Menstrual “Você tem muitos sintomas físicos e psicológicos que
ocorrem por volta da menstruação?  Depressão, Irritabilidade, Mudança repentina ou reativa de humor,
Ansiedade, Redução de interesse e energia, Alteração de sono e de apetite, Outros sintomas físicos.
Casos para encaminhamento para psiquiatria:
Depressão moderada e grave com comprometimento significativo
Risco de suicídio: presença de plano, tentativas previas, meios para tal.
Psicose: delírios, alucinações, comportamento bizarro.
Bipolaridade: ser de lua, gastos inapropriados, espectro bipolar.

Dicas diagnósticas:
Relação com os estressores: diferenciar de uma reação temporária, mais tempo para fechar
(ou não) o diagnostico.
Diagnostico nos jovens: cuidado com crianças e adolescentes, considerar outros fatores
(devemos considerar a dinâmica familiar, o uso de substancias). Fobia escolar e apego excessivo aos
pais; mau desempenho escolar, abuso de drogas, comportamento antissocial; promiscuidade sexual,
ociosidade e fuga de casa.
Diagnostico nos idosos: inicio tardio pode indicar sintomas secundários a condições clinicas ou
efeito colateral de medicamentos. Lentificação psicomotora, sensação de corpo pesado e de diminuição
de energia. Prejuízo funcional: Isolamento social e diminuição do rendimento em atividades sobrepõe-
se sobre a percepção de humor deprimido e Pseudodemência depressiva são queixas de memória
secundárias ao quadro depressivo.
Curso da depressão: varia muito 6 a 13 meses sem tratamento e 3 meses com tratamento.
Após o primeiro episodio chance de 50% de ter outro e o segundo episodio aumenta em
70% e a chance de ter o terceiro é de 90%, se não tratado adequadamente.

Devemos avaliar:
História psiquiátrica: presença de história prévia de mania/hipomania e risco de suicídio.
História clínica: Comorbidades clínicas e medicações em uso.
História familiar:Comorbidades clínicas
Investigação laboratorial: Primeiro episódio, suspeita de doenças clínicas e depressão grave
com sintomas de melancólia ou psicóse e sintomas catatônicos e também a refratariedade ao
tratamento.
Neuroimagem=Sinais neurológicos focais, catatonia, idosos em primeiro episódio depressivo
Investigação laboratorial: hemograma completo, eletrólitos e função renal, TGO/TGP, TSH e
T4 livre, Á́cido fólico, vitamina D e B12, Sorologias, Toxicológico, Beta-hcg, Glicemia,colesterol
total e frações.

TRATAMENTO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO


Entre 30 e 50% dos pacientes depressivos tem uma resposta inadequada ao primeiro
antidepressivo utilizado. Razões para a falta de eficácia: dosagem muito baixa ou duração muito curta
ou falta de aderência ou efeitos colaterais intoleráveis (disfunção sexual e efeitos gastrointestinais,
principalmente pelo uso de ISRS).
Qual fármaco escolher?
Eficácia evidencia clinica e pela resolução de sintomas emocionais e somáticos.
Mecanismo de ação, tolerabilidade, segurança, facilidade de admiração, custo (direto e
indireto), historia pessoal e familiar de tratamento e comorbidades.
Objetivos do tratamento: escolher o melhor antidepressivo, iniciar no momento adequado, com
uma dose adequada e tratar os sintomas residuais, manejo dos efeitos colaterais (disfunção sexual,
efeitos gastrointestinas) e outros tratamentos. Os antidepressivos produzem uma melhora de 60 a 70%
dos sintomas depressivos em um mês.
Depressão LEVE somente tratamento psicoterápico.
Depressão MODERADA- GRAVE: psicoterapia + medicamentoso.
Se paciente tem HF ou HÁ de resposta positiva a determinado fármaco, começar por ele.
Se HP 1ª escolha deve se ISRS e monitorar por 2 a 3 semanas.

Antidepressivos por grupo:


-ISRS: FLUOXETINA (20-80), PAROXETINA (20-60), SERTRALINA (50-200), CITALOPRAM,
ESCITALOPRAM, FLUVOXAMINA.
1ª escolha, devido ao melhor perfil de tolerabilidade. Os efeitos colaterias tendem a diminuir com
o tempo como tontura, perda da libido, náusea, vomito, perda do apetite.

-TRICICLICOS: AMITRIPTILINA (75-300), IMIPRAMINA (150-300), CLOMIPRAMINA,


NORTRIPTILINA.
Principais efeitos colaterais: efeitos anticolinérgicos: tontura, sedação, boca seca, visão turva,
constipação intestinal e esforço para urinar, ganho de peso, hipotensão ortostática e alterações na
condução cardíaca.
Contraindicado: glaucoma de ângulo fechado, BAVT/BRD, disfunções prostáticas, risco de
suicídio (em função do risco de intoxicação fatal quando há ingestão excessiva)
-DUAL: DEVENLAFAXINA, DULOXETINA (também atua a dor), LEVOMILNACIPRANO,
MILNACIPRANO E VENLAFAXINA (75-375).
Semelhantes aos ISRS, aumentam a pressão, portanto NÃO recietar para hipertensos.

-IMAO (aumentam a noradrenalina, serotonina e dopamina): TRANILCIPROMINA, SELEGILINA,


MOCLOBEMIDA.
Efeito colateral: crise hipertensiva, evitar TIRAMINA (queijo, leite, vinho, cerveja).

-TETRACICLICOS (Bloqueio na recaptaão de serotonina e noradrenalina): MAPROTILINA.


Efeitos colateriais= tricíclicos.

-ATPICOS (Antidepressivos + estabilizador do humor):


BUPROPIONA=inibição da recaptação da noradrenalina e dopamina para dependência de
nicotina, baixo limiar convulsivo, pouco risco de disfunção sexual,
MIRTAZAPINA (15-45)= Bloqueio adrenérgico e serotoninérgico dose baixa tem dependência
sedativa, aumenta apetite, não causa disfunção sexual,
AGOMELATINA= agonista dos receptores da melatonina bem tolerada para insônia
concomitante. .
Indicados para depressão atípica, no entanto, o risco de crise hipertensiva quando
associada a alimentos que contenham tiramina (queijo, leite, vinho, cerveja) o aparecimento de
antidepressivos com melhor perfil de efeitos colaterais e a contraindicação absoluta de utilização de
diversas drogas, tem contribuido para não utilizar.

-MODULADORES DA SEROTONINA (Inibidores de 5HT2) aumentam a noradrenalina, serotonina e


dopamina TRADAZONA (200-600)= é bem tolerada, priapismo (ereção involuntária e pesistente sem
excitação), sedativa e boa para idoso.

DE MODO GERAL: Fase “aguda”: Iniciar com inibidor seletivo de recaptura de serotonina E Reavaliar
a cada 4 semanas: se sem resposta: aumentar dose; se resposta parcial: esperar mais 4 semanas e
repetir passo 2 até remissão completa ou dose máxima tolerada.
Se dose máxima tolerada sem remissão completa: com melhora parcial: associar outra
medicação de classe diferente, se sem resposta: trocar por outro ISRS ou se já utilizou dois ISRS,
iniciar dual.
Fase de continuação: após remissão completa: manter medicação por 12 meses
Fase de manutenção
• 1 episódio: 1 ano após remissão
• 2 episódios: 2 anos após remissão
• 3 ou mais episódios: uso por toda a vida.
Opções de Associação:Lítio; Antidepressivos não-ISRS (Tricíclicos/ Mirtazapina/ Bupropiona/
Trazodona); Antipsicóticos de segunda geração (Quetiapina, Olanzapina e Aripiprazol); Levotiroxina
ou
Psicoestimulantes.
Tratamento não-farmacológico Eletroconvulsoterapia (ECT): alta eficácia; Estimulação magnética
transcraniana (EMT); Estimulação do nervo vago; Fototerapia (bright light therapy); Psicoterapia, Pode
ser feita isoladamente em quadros depressivos leves. Mudanças comportamentais  Controle do álcool,
Exercícios físicos, Administrar o estresse, Convívio social.

Hospitalização: Risco de suicídio e homicídio; Depressão com sintomas psicóticos; Baixo suporte
social ou econômico; Necessidade de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos.

DISTIMIA (TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE):


• Depressão leve, de intensidade duradoura, constante de inicio insidioso.
• Maioria dos dias cinzas e sem graça
• A pessoa é capaz de funcionar “escondendo a depressão”
• Vida é um fardo contínuo
Epidemiologia
Mais comum em mulheres
Ocorre mais frequentemente em pessoas com historia de estresse prolongado ou perdas
súbitas, pode coexistir com outros transtornos psiquiátricos, como abuso do uso de substancias e
transtorno de personalidade.
Começa no inicio da vida adulta e os sintomas devem estar presentes em pelo menos 2 anos.
Fatores de Risco
– Genéticos: familiares de primeiro grau com transtornos do humor.
Critérios Diagnósticos (DSM V)
– Humor depressivo na maior parte do dia e na maior parte dos dias por pelo menos 2
anos
– Dois ou mais:
• Aumento/diminuição do apetite
• Insônia/hipersonia
• Diminuição de energia/irritabilidade
• Baixa autoestima
• Dificuldade de concentração e de tomar decisões
• Desesperança
– Não preenche critérios para T. depressivo maior
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: DISTIMIA
• Tristeza normal
• Depressão maior recorrente
• Transtornos Bipolares (investigar fases maníacas ou hipomaníacas)
• TD induzido por substâncias
• Transtornos Psicóticos crônicos

Curso
– Início do quadro:
• Sintomas insidiosos antes dos 25 anos
– Início precoce é fator de risco para TAB e T. Depressivo Maior
• Habitualmente há um intervalo de 10 anos antes da procura de tratamento
– Prognóstico
• 10-15% dos pacientes apresentam remissão um ano após início do tratamento
• 25% dos pacientes não apresentam remissão completa.

Tratamento Farmacológico
– Antidepressivos , porem em doses maiores que pata TDM
Por tempo indeterminado – ISRS
Duais
Bupropiona
+ Psicoterapia
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA


DEFINIÇÃO:
o Ansiedade excessiva ou incontrolável persistente durante pelo menos 6
meses. A pessoa luta para controlar a preocupação.
o Presença de 3 destes seis critérios:
1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele (agitação, impaciência)
2. Cansaço fácil (“exausta ao final do dia com tensão muscular
principalmente em região cervical, cefaleia”)
3. Dificuldade de concentração ou sensações de “branco” na mente
(Obs: déficit de atenção não é comum aparecer na vida adulta, então
analisar outros sintomas)
4. Irritabilidade
5. Tensão muscular
6. Perturbação do sono:
Insônia inicial: dificuldade de pegar no sono,
Insônia intermediária: sono picado, despertares noturnos, sono agitado
Insônia terminal: acordar mais cedo do que acordaria e não conseguir
dormir novamente.
Os: a insônia terminal é mais comum na depressão do que na ansiedade. A
insônia inicial está mais relacionada com ansiedade, pois o individuo ansioso tem
pensamentos e preocupações acelerados, e não consegue dormir.
- Se for ansiedade excessiva por tempo inferior a 6 meses provável que seja
uma resposta normal, exceto se causar sofrimento importante podendo ser assim
transtorno de ajustamento.
- A ansiedade precisa causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo
no funcionamento. Esse prejuízo pode ser ocupacional ou social, observado
quando perguntarmos ao paciente sobre como estão diversas áreas da sua vida
(exemplo: paciente relata que não consegue ter atividades de lazer como ver
filmes, as pessoas relatam que ela está chata).
- A ansiedade não é causada pelos efeitos diretos de uma substância de
abuso ou medicamento. Algumas substancias como cafeína presente no café, por
exemplo, eleva os níveis de ansiedade, podendo piorar o estado de irritabilidade,
cansaço fácil, e por isso é importante orientar o paciente ansioso.

IMPORTANTE!
Ansiedade: são manifestações psíquicas
(medo/preocupações) e somáticas (físicas como
dores, tensão, agitação) que pode estar presente
em indivíduos saudáveis (resposta) ou serem
patológicas.
Adaptação
Com o aumento de estresse, até um certo ponto a ansiedade
é normal até a performance máxima. A partir disso, o estresse
passa a ser prejudicial tendo ponto de desintegração, sendo
então patológica com perda de desempenho importante.

QUANDO A ANSIEDADE É PATOLÓGICA?


Quando houver:
- Preocupação desproporcional, excessiva (exagerada, não era pra tanto,
quando há generalização das situações de doença ou perigo - “todo mundo tem
câncer, e se eu tiver?”).
- Dificuldade de controle (não consegue controlar a preocupação, ou não
conseguir relaxar, ou seja, deixar de se preocupar).
- Interferência na vida cotidiana
ETIOLOGIA
-É multifatorial
-Existem fatores genéticos e por isso a importância de questionar sobre o
estado de saúde mental dos familiares.
-Fatores psicológicos - os medos e as reações são aprendidos durante a vida,
então pode ser que a pessoa uma vez exposta ao medo desenvolve uma reação
que é aprendida, e o condicionamento se forma.
-Existem neurotransmissores implicados: serotonina, noradrenalina e dopamina.
Nos circuitos cerebral controlados por esses neurotransmissores, existe um
tendência de formar um mesmo caminho, como se fosse um curto circuito das
regiões que deflagram respostas de medo e assim elas passam a se tornar
generalizadas para qualquer estimulo mesmo que não seja um estímulo
adequado, que não deveria ter desencadeado a resposta de medo.
Obs: Sistema límbico se comunica com o sistema endócrino pelo hipotálamo,
amigdala e isso elevam os níveis de cortisol.
PREVALÊNCIA
População mundial: 3,6% nos últimos 12 meses. Aumento de 15% entre 2005 e
2015 (264 milhões) Brasil: 9% da população (18 milhões) - recordista mundial. Um
dos problemas de saúde mental mais importante na população brasileira
Mais comum em mulheres (55 a 60%): causas hormonais, genéticas e sociais. As
mulheres tem pensamento mais acelerado, com mais responsabilidades e poder
reduzido muitas vezes. Porém as mulheres tem maior expectativa de vida por
buscarem mais atendimento médico.

CURSO
- É crônico; início precoce (começo da vida)
- A ansiedade piora em situações estressantes e eventos negativos (Ex:
nascimento de um filho, puerpério – risco aumentado)
- Sintomas somáticos comumente associados, mas que não são critérios para
classificação: sudorese, náusea, diarreia (Síndrome do Intestino Irritável), cefaleia
tensional, taquicardia, ejaculação precoce (tratamento com ISRS – ansiedade de
desempenho na ejaculação).
- Apenas 1/3 dos pacientes procura tratamento para a condição; os outros
procuram médicos pelos sintomas somáticos (náusea, dor de cabeça, sintomas
sexuais).
- Comorbidade: 50 a 90 % apresentam outro diagnóstico comórbido
ASSOCIAÇÕES DA TAG

-TAG associada à Depressão:


-Ansiedade é um fator de risco para depressão
-Demora na resposta ao tratamento: lembrar que no inicio do tratamento da
depressão, pode ter ansiedade e assim é interessante associar um ansiolítico até
o antidepressivo fazer efeito. Cuidado com a prescrição de Benzodiazepínicos,
explicar ao paciente que seu uso a longo prazo causa dependência, então
utilizará esse medicamento por um curto período, cerca de 3 meses, diminuindo
risco de dependência.
-Maior risco de suicídio
- TAG + álcool e drogas
- Associação comum. Usam drogas (automedicação) como maconha para
relaxar e trazer bem estar. Logo após o uso da maconha tem um efeito relaxante,
porém o uso prolongado, os circuitos que promovem as respostas de medo e
preocupação são intensificados, existindo risco de cronificação da ansiedade e
aumento do risco de ataques de pânico.
- Pessoas com ansiedade social optam pelo uso do álcool para que assim
possam curtir mais as festas, porém também pode causar dependência.

- TAG + outros transtornos de ansiedade (Transtorno do Pânico e Fobias)


- Por isso é importante perguntar ao paciente que está se queixando de
sintomas ansiosos, como está o humor, se há outras preocupações ou medos
além do uso de álcool e substâncias.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
-Condições médicas: hipertireoidismo/Graves, embolia pulmonar, convulsões.
Hipertireoidismo: sudorese, insônia, irritabilidade
-Uso de substâncias psicoativas
-Depressão com características ansiosas
Avaliação com: ECG, bioquímica, função tireoideana (TSH)

TRATAMENTO
- Antidepressivos (ISRS, IRSN, tricíclicos)
ISRS: sertralina, fluoxetina, citalopram, escitalopram, paroxetina, fluvoxamina.
IRSN (mecanismo dual de ação – serotonina e noradrenalina): Venlafaxina,
Desvenlafaxina e Duloxetina.
- Benzodiazepínicos: (risco de dependência!)
Diazepam, Clonazepam (Rivotril), Alprazolan, Lorazepam (lorax), Bromazepam (Lexotan).
Melhor escolha: Clonazepam. Pois tem tempo de meia vida maior, cobrindo o
paciente por um período maior e assim é necessário tomar menos vezes ao dia e
tem menos sintomas nas variações plasmáticas das substâncias.
O Alprazonal (frontal) tem uma meia vida mais curta tendo que tomar 3x ao dia,
então cada vez que tem uma queda do nível do medicamento entre as tomadas, o
paciente sente os sintomas e tem que tomar novamente o medicamento,
favorecendo assim a dependência. Isso não acontece como o Clonazepam por ter
uma meia vida maior tendo menos variações de sintomas e não sendo necessário
recorrer à medicação antes do tempo

- PSICOTERAPIA

-Duração: 6 a 12 meses ou até o final da vida (depende do paciente).


Ao retirar o medicamento, o paciente não terá os sintomas novamente, pois a
medicação atua na quebra dos curtos circuitos que promovem respostas de medo
e preocupação, além de aumentar os neurotransmissores. Além disso, com a
psicoterapia aliada, o paciente pode desenvolver/aprender outros
comportamentos, respostas. A psicoterapia com a medicação é o ideal. Porem se
a psicoterapia não for possível os pacientes conseguem encarar o estressor de
outra forma.
- Além do tratamento medicamentoso e da psicoterapia, é importante orientar
o paciente a mudanças do estilo de vida (atividades físicas, de lazer, reduzir
trabalho).
- Há terapias alternativas que estão sendo usadas e trazem benefícios como
acupuntura, yoga, meditação.
-Em quadros mais leves como o transtorno de ajustamento ou reação ao estresse,
pode-se utilizar somente benzodiazepínicos, porem exige um acompanhamento
mais de perto, com encaminhamento para psicoterapia.

ATAQUE DE PÂNICO

Para diagnostico de transtorno de pânico, é necessário ter ataque de pânico.


DEFINIÇÃO:
-Episódios distintos de pelo menos quatro dos seguintes sintomas:

o Palpitações* o Dor no peito * o Desrealização ou


o Sudorese* o Náusea* despersonalização
o Tremores o Tontura o Medo de perder o controle
o Sensação de falta de ar * o Parestesias* ou enlouquecer
o Sensação de asfixia o Calafrios ou ondas de calor
o Medo de morrer*

DESREALIZAÇÃO: por alguns momentos a pessoas não reconhece a realidade


ao seu redor, sensação de tudo distante, estranho, ou seja, sensação de
distanciamento em relação a realidade imediata

DESPERSONALIZAÇÃO: a pessoa não reconhece a si mesma, tendo a


sensação de estar fora do corpo, ou seja, estranhamentos em relação a
realidade imediata)
- Sintomas como (*) podem confundir com IAM, sendo muito comum no PA.
TRANSTORNO DE PÂNICO

DEFINIÇÃO:
-São Ataques de pânico recorrentes, inesperados. Devem ser inesperados, ao
acaso – não está fazendo nada específico que cause medo e de repente tem o
ataque
-Esses Ataques são seguidos por um mês de um dos seguintes sintomas:
preocupação acerca de ter ataques adicionais, das consequências dos ataques
ou mudança de comportamento como resultado dos ataques. Ex: mudança de
comportamento: paciente deixa de sair de casa por medo de ter um novo ataque,
ou não fica mais sozinha por medo de passar mal MEDO DO MEDO.
-Os ataques não se devem a abuso de substâncias, a medicamento ou a uma
condição médica geral.
-Os ataques não são mais bem explicados por outro transtorno mental.
PREVALÊNCIA
-Na população em geral: 1,5 a 5%.
- Aumento na adolescência até idade adulta; média de idade: ~ 25 anos
- Mulheres têm propensão 2 vezes maior que os homens.
- Cerca de um terço dos pacientes com transtorno de pânico também tem agorafobia*

AGORAFOBIA
-Ansiedade acerca de estar em locais ou situações de onde possa ser difícil (ou
constrangedor) escapar ou onde o auxílio possa não estar disponível na
eventualidade de ocorrer um ataque de pânico.
Ex: estar fora de casa desacompanhado, estar em meio a uma multidão, estar em
uma ponte ou viajando de ônibus, trem ou automóvel, avião. Medo de estar dentro
de um avião e passar mal e não ter janelas para abrir e não ter como pousar de
repente e sair para ter socorro rápido, passando vergonha por isso.

- Obs: as pessoas que apresentam transtorno do pânico e agorafobia


associada, não vão em lugares nos quais elas não possam ver a porta.
- Obs: Pode ter transtorno do pânico associada à agorafobia, ou cada um
separadamente. Porém é habitual ambos caminharem juntos. Se associados,
pode optar por só tratar o transtorno. No tratamento da agorafobia é importante
que o paciente se exponha às situações que tem ansiedade para superar (fazer
psicoterapia com psicólogo ou psiquiatra)
Condições clínicas que provocam ataques de pânico
-Como existem essas condições que também podem provocar os ataques, é
necessário realizar uma avaliação completa do paciente antes de fechar um
diagnóstico psiquiátrico primeiro.

Substâncias que podem provocar ataques de pânico


-Intoxicação por cafeína, anfetaminas (Ritalina, remédios para emagrecer),
cocaína ou alucinógenos (aceleram)
-Abstinência de álcool ou outros agentes sedativos e hipnóticos (desaceleram)
-Esteroides, anticolinérgicos, teofilina

Obs: Pacientes com transtorno do pânico tem muito medo de perder o controle e
não estar bem fisicamente, como no caso 2 no qual o paciente reduziu o consumo
de álcool desde que os episódios começaram.
Uma situação comum é quando o paciente promove uma hipervigilância em
relação ao próprio funcionamento do corpo, e às vezes isso se torna exagerado.
Ex ao fazer um atividade física é fisiológico tem-se um aumento da FC e a pessoa
com transtorno do pânico interpreta isso como sendo um ataque, patológico.

CONDUTA
-História física completa (lembrar sempre de uso de SPA - substâncias psicoativas)
-Exames laboratoriais
-Exame físico: PA e pulso
-ECG
TRATAMENTO
-Antidepressivos:
ISRS – paroxetina
(FDA) Tricíclicos –
clomipramina ISRSN –
Venlafaxina
-Benzodiazepínicos: bom ter esse medicamento na hora do ataque de pânico,
corta/abrevia o ataque, começa a desaprender o medo
Alprazolam (ação mais
rápida) Clonazepam-

PSICOTERAPIA:
Terapia Cognitivo-Comportamental (mais evidenciada): cognitivo analisa as
crenças dos indivíduos que não são baseadas na realidade e tenta corrigi-las,
comportamental são mudanças de comportamento que vão favorecer o paciente.
Essa terapia vai descondicionar o paciente das respostas de medo exagerado.
Técnicas de respiração e mindfulness - meditação
Pode ter o TAG ou ataque de pânico ou ambos. TAG é uma ansiedade continua,
o tempo todo. Já o transtorno do pânico é uma ansiedade paroxística, tem picos
de ansiedade.

ETIOLOGIA
-Tônus simpático aumentado.
Sistemas neurotransmissores implicados: noradrenalina,
serotonina e GABA. Há um desbalanço entre esses
neurotransmissores
Serotonina – Hipersensibilidade pós-sináptica?
GABA – Atenuação da transmissão
Noradrenalina - Atividade alterada

Regiões envolvidas do SN: Córtex pré-frontal (controla


comportamento e sua antecipação), mesencéfalo (locus
ceruleus) e sistema límbico.

TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL)

DEFINIÇÃO DE FOBIA:
- É o medo persistente, irracional, exagerado e patológico de
uma situação ou um estímulo específico, que resulta em evitar de
forma consciente a circunstância temida.

A pessoa evita a situação ou se vive a situação com extremo sofrimento


tendo sintomas como taquicardia, sudorese, tremor, diarreia, náuseas.
TIPOS:
Fobia social: também é uma fobia especifica, mas separa por ser mais
prevalente. Fobia específica: de altura, aranha, palhaço, avião, insetos, de
ver sangue, de chuva.
Definição de Transtorno de Ansiedade Social
-Medo acentuado e persistente de pelo menos uma situação social ou de
desempenho em que o indivíduo é exposto a pessoas estranhas ou a possível
avaliação por terceiros. O indivíduo teme agir de um modo ou mostrar sintomas
de ansiedade que seja vexatório ou constrangedor. A pessoa se incomoda, fica
tensa de que as pessoas vejam que ela está nervosa.
-A exposição à(s) situação(ões) temida(s) invariavelmente provoca ansiedade,
que pode assumir a forma de um ataque de pânico.
Se esse ataque acontece toda vez em resposta por um medo especifico pode não
ser por um transtorno do pânico (são ataques frequentes e inesperados)
-A pessoa reconhece que o medo é irracional/absurdo, mas não consegue controlar.
-A esquiva, a antecipação ansiosa ou o sofrimento na(s) situação(ões) temida(s)
interferem na rotina normal da pessoa, ou existe ansiedade acentuada por ter a
fobia.
-O temor ou a esquiva não estão relacionados a substâncias nem a uma condição médica geral.
Se estiver presente uma condição médica geral, o medo no primeiro critério não
está relacionado a ela (p. ex., o medo de gaguejar ou de tremer no paciente com
doença de Parkinson).
Obs: Esses pacientes costumam a evitar falar com estranhos, falar com pessoas
em posição hierárquica superior, evitar comer ou escrever em público, evita ir ao
banheiro público.
TRATAMENTO
-A terapia comportamental ou cognitivo-comportamental é o tratamento mais
indicado
Treino de relaxamento e dessensibilização progressiva - se expor
gradualmente ao que te provoca fobia, como medo de avião - simulações de voo.
-As intervenções farmacológicas incluem:
- Benzodiazepínicos ou betabloqueadores a curto prazo (geralmente
quando a pessoa vai se expor para diminuir o tremor e a taquicardia)
- ISRSs: sertralina ou fluoxetina - é uma fobia muito ampla
- Inibidores da IRSN, como venlafaxina.
-Sempre perguntar se o paciente está fazendo uso de álcool ou drogas, substancias. Se sim,
retirar.
.
OBSESSÃO X COMPULSÃO
Obsessão: são pensamentos, impulsos ou imagens intrusivas e recorrentes, que
invadem e ficam voltando na mente causando extremo desconforto e ansiedade
para a pessoa. A pessoa sabe que esses pensamentos são irracionais, um
absurdo, porem não consegue controlar.
Compulsão: comportamentos ou atos mentais que visam anular o sofrimento
causado pela obsessão.
EX 1: A pessoa tem um pensamento de que ela vai se contaminar caso vai
cumprimentar alguém ou ao encostar em algum lugar. Nesse caso, a obsessão é
o pensamento de contaminação, e o ato compulsivo que visa neutralizar a
ansiedade associada a esse pensamento é a lavagem repetitiva das mãos.

EX 2: A pessoa tem um pensamento de que ela está desprotegida e a qualquer


momento sua casa pode ser invadida, e o ato compulsivo que visa neutralizar a
ansiedade associada a esse pensamento é checar repetidamente se já trancou a
casa. Sabe que é absurdo, pois já checou uma vez, mas não consegue de deixar
de pensar nisso e continua checando.

É importante diferenciar o natural do patológico, o patológico aprisiona a pessoa,


não conseguindo para de ter esses pensamentos, causando sofrimento e ficando
na compulsão. Se checar uma vez ou outra, ou organiza uma vez ou outra, mas
não atrapalha a vida, é natural. Esses atos de lavagem, checagem tendem a ser
ritualizados, sempre realizados do mesmo jeito.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

DEFINIÇÃO
-Presença de obsessões ou compulsões.
Ex: de ordem, de limpeza, de contagem (pensa que
algo ruim vai acontecer com a família e a compulsão
é contar ate determinado número para proteger) –
sintomas variáveis.
-A pessoa reconhece que as obsessões ou
compulsões são excessivas e irracionais (essa
exigência não se aplica a crianças), mas não
consegue deixar de praticá-las. Diferente de
Delirium, no qual a pessoa tem uma crença inabalável,
irrefutável, acreditando que é racional.
-As obsessões ou compulsões causam sofrimento acentuado,
consomem tempo ou interferem de modo significativo na rotina normal da pessoa.
-Se outra doença mental estiver presente, o conteúdo das obsessões ou
compulsões não está restrito a ela.
Obs: Paciente que tinha obsessões de conteúdo sexual e achava que as pessoas
olhavam para ela e pensavam que ela era lésbica, tinha que fazer algum ritual para
neutralizar esse pensamento. As vezes a pessoa vê imagens de santo mas com
algum conteúdo sexual (vê imagem do santo nu) e isso gera extremo desconforto,
tendo que fazer algum ritual para neutralizar esse pensamento (rezar mais vezes).
TRATAMENTO
Antidepressivo associado à psicoterapia:
-ISRS ou Clomipramina (clomipramina é um tricíclico que tem evidencias de
ser superior em relação aos outros para tratamento do TOC)
-Psicoterapia
- Atenção com comorbidades relacionadas como depressão e ansiedade.
No DSM-5 o TOC está na família dos transtornos compulsivos. Junto a ele têm os
transtornos de escoriação (arranhar ou tirar pequenos pedaços de pele), de
acumulação, de cotilomania (arrancar os cabelos) e o dismórfico corporal
(pensamento obsessivo de que tem algum defeito físico e ela busca o tempo todo
correções cirurgias/abordagens para eliminar o mal estar associado a essa
percepção. Se não diagnosticado pode ser devastador, Michael Jackson).

Transtorno que vem muitas vezes associado ao TOC são os TIQUES - são
comportamentos focais ou motores involuntários que a pessoa tem, e há piora
quando está ansiosa, assim como TOC.
Ex de TOC: enfermeira que acaba o atendimento do paciente e fica voltando no
atendimento para conferir, checar se faltou algo, perguntando novamente ao
paciente. Relaciona isso com erros cometidos durante a graduação. “Efeito do
urso branco”: não pense no urso branco e a primeira coisa que vem na mente é o
urso branco. Ela tenta não pensar nos erros cometidos, mas é aí que ela pensa e
se concentra demais nesse pensamento, tendo dificuldade de trabalhar.

Ex: A pessoa tem pensamento que vai agredir os familiares, e assim tem que fazer
um ato para evitar esse impulso de agressão.

TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT)

DEFINIÇÃO
O diagnostico do TEPT reflete a presença de um sofrimento psicológico após
evento traumático ou estressante, sendo variável de pessoa a pessoa, de
situação para situação. A maneira como expressamos o sofrimento pode ser
reações de:
Ansiedade/medo
Anedonia/disforia (mal
humor/irratabilidade)
Raiva/agressividade (sintomas
externalizantes)
Sintomas dissociativos
(despersonalização/desrealização – sintomas nos
quais há distanciamento da realidade, podendo ser breve
em curtos períodos)
Combinação de sintomas (com ou sem ansiedade)
Obs: Na classificação do DSM (5), o TEPT saiu da família dos transtornos de
ansiedade, fazendo parte dos transtornos relacionados a trauma e estressores.
Por isso é necessário identificar nos casos de TEPT que houve uma reação
psicológica a um evento estressante.
Obs: Nem todo acidente, por exemplo, como acidente de carro, será um TEPT.
Devem-se analisar os sintomas presentes de acordo com cada caso (ver se tem
evidencia, evitação, hiperestimulação, sintomas de humor). Pode ser algo do SNC,
como Transtorno psicótico secundário a uma condição médica geral- biológica
(tinha TCE e epilepsia).
Obs: Nem todo trauma vai desencadear um TEPT. Não é regra. A reação mais
comum após um trauma é a depressão, mais comum do que o TEPT.
FATOR DESENCADEANTE E SITUAÇÕES
O evento estressante do TEPT é gerado por fator desencadeante como a
exposição a evento traumático, (concreto ou ameaça), que envolva uma das 3
situações:
-Morte (acidental ou violenta, mortes esperadas como em idoso em ITU não entra nesse caso)
-Lesão grave
-Violência sexual
Lembrar que essas situações podem ter: “acontecido comigo ou eu testemunhei
ou familiar próximo passou por isso”. Quando é o familiar próximo que passou por
isso, é a situação de morte acidental ou violência. (dúvida)

SINTOMAS DO TEPT
São sintomas de 4 categorias.
REVIVÊNCIA: a pessoa revive o trauma,
como se estivesse novamente na mesma
situação. Pode ser na forma de pesadelos
traumáticos ou flash back lembrando
vividamente como se estivesse de novo na
cena do trauma, com muito sofrimento
associado a essa lembrança.

EVITAÇÃO: a pessoa tenta não pensar/não


falar do assunto/não entrar em contato com
situações ou pessoas ou caminhos que
lembram o trauma.
COGNIÇÃO NEGATIVA E HUMOR: anedonia, humor disfórico, irritabilidade,
agressividade, dificuldades de concentração, distanciamento emocional (relata
perder o sentido da vida, ou estar muito distante das outras pessoas ou acha
que o mundo não é um lugar confiável para ela viver ou que as pessoas não
são confiáveis ou ela mesma é culpada de algo que aconteceu). Cognição
negativa= pensamentos negativos.

HIPERESTIMULAÇÃO: é o constante estado de alerta e vigilância


desencadeado por um barulho, e assim a pessoa vive em sobresalto, reagindo
de maneira exagerada a qualquer pequeno estímulo. Fica sempre em
hipervigilância, e tem insônia. Exemplo: pessoa estuprada na rua por uma
pessoa que estava andando de moto e quando ela está em casa e houve barulho
de moto, se assusta, coração acelera, lembra-se do trauma e tenta evitar lembrar
também.

CRITÉRIOS DOS SINTOMAS DE TEPT

Os: lembrar dos veteranos de guerra de filmes, que voltam da guerra tendo
flashback, se fecham, não falam do assunto, e ficam emocionalmente distantes,
sem ter emoções positivas.

CRITÉRIO B:
-Revivência (1/5)
Lembranças intrusivas (que ficam voltando
na mente) Pesadelos truamáticos
Flashbacks
dissociativos
Sofrimento psíquico
Reações fisiológicas (sintomas físicos de ansiedade)
CRITÉRIO C:
-Evitação (1/2)
Evita Pensamentos e sentimentos associados
ao trauma Evita Atividades, locais ou pessoas
associados ao trauma
CRITÉRIO D:
-Cognição e humor (2/7)
Incapacidade de recordar aspectos do trauma (‘brancos” não lembrando
de tudo sobre o trauma, causa incômodo)
Crenças negativas distorcidas sobre si ou sobre o mundo ( a pessoa é
culpada, ou o mundo não é lugar para ela ou ninguém é confiável)
Culpar a si mesmo ou aos outros pelo
ocorrido Emoções negativas
persistentes
Interesse diminuído em atividades signifivativas (parece
com anedonia) Sentimento de alienação (distanciamento
emocional)
Afeto restrito – incapacidade de sentir emoções positivas (anestesiada,
distante da própria vida).
CRITÉRIO E:
-Hiperestimulação
(2/6) Insônia
Irritabilidade ou
agressividade* Dificuldade
em se concentrar
Hipervigilância
Sobressalto exagerado
Comportamento autodestrutivo (mutilação ou suicídio)

CRITÉRIO F:
-A perturbação dura mais de um mês.

Obs: No transtorno de estresse agudo a perturbação dura entre 3 a 30 dias. Os


sintomas são iguais do TEPT, a diferença é o tempo de duração, pode aparecer
com frequência porem vão se resolvendo dentro de um mês, porém alguns
transtornos de estresse agudo evoluem para TEPT necessitando do tratamento
medicamentoso associado a psicoterapia. Reações menores de 3 dias são
chamadas de reações agudas ao estresse, não chega a ser um transtorno, é
comum após um acontecimento traumático como assalto ou perda de ente
querido em um acidente a pessoa tem insônia, pesadelos e evitação que vão se
resolvendo dentre 3 dias. Mais de 30 dias é o TEPT

Obs: A insônia é um mecanismo de proteção, o aprendizado se dá durante o


sono. Então a insônia, nesse caso, vai impedir que a reação ao estresse fosse
aprendida durante o sono. Não deve dar sedativos, benzodiazepínicos durante
as reações agudas ao estresse (nos três primeiros dias), pois a pessoa vai dormir
e consolidar a memória traumática. Optar por esperar sem medicação ou caso
necessário, como em situações de estupro no qual a pessoa fica muito agitada,
sem conseguir relaxar, pode entrar com um antidepressivo ou antipsicótico em
doses baixas.

Obs: No TEPT o medo é diferente, desproporcional, pois a pessoa já passou por


aquele trauma, mas é como se ela estivesse sempre no risco de voltar a
passar pelo trauma, e por isso está sempre evitando (critério C).
CRITÉRIO G:
-Sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou
outras áreas importantes.
CRITÉRIO H:
-Não é resultado de outra condição médica, medicamentos, álcool ou outras substâncias.
PREVALÊNCIA
-EUA: 8,7% aos 75 anos e 3,5% nos últimos 12 meses. No Brasil 6%.
-Pode variar entre grupos culturais, idade, tipo de trauma (violência interpessoal,
ou seja, de uma pessoa para outra, são os eventos nos quais tem maior chance
de desencadear o estresse pós- traumático)
-Estudo Sri Lanka mostra sobre a violência interpessoal: Houve um genocídio
entre um grupo de pessoas geneticamente parecidas, com culturas muito
similares e em uma população muito próxima teve um tsunami natural. Foi feito
um levantamento psiquiátrico nessas duas populações, e notou-se que na
população do genocídio, a proporção de estresse pós-traumático foi muito maior
do que na população do tsunami. Concluindo assim que a violência interpessoal
é um dos principais fatores de risco para esse transtorno.
CURSO
-Sintomas se desenvolvem geralmente nos primeiros 3 meses.
-Em alguns casos pode haver “expressão tardia”, manifestando os sintomas em 6 meses/1
ano.
-Metade dos adultos tem recuperação completa em 3 meses mas alguns
indivíduos podem permanecer sintomáticos por mais de 12 meses

-TEA x TEPT: um dos fatores de risco para o TEPT é a pessoa ter desenvolvido
o transtorno de estresse agudo (sintomas <30 dias)
Obs: vitimas de estupros após 15 dias do evento, se a situação for muito grave,
sendo visível que a pessoa não iria melhorar rápido, então já inicia a medicação
antecipadamente por notar difícil recuperação do TEA, podendo evoluir para
TEPT.
Obs: Fatores de risco para iniciar medicação no TEA devido a grande chance de
evoluir para TEPT: presença de comorbidades psiquiátricas prévias como
ansiedade, depressão, ou se já teve tratamento, ou se teve experiências de
violência na infância. Esses fatores já sensibilizaram o eixo hipotálamo-
hipofisário-adrenal.

Consequências funcionais do TEPT


-Incapacidade social, profissional, física, custos econômicos consideráveis e
altos níveis de utilização de serviços médicos – sintomas de evitação, deixa de
fazer as coisas que fazia antes
-Se o TEPT for muito crônico pode levar a relações empobrecidas
(distanciamento emocional, incapacidade de sentir emoções positivas, de
confiar), problemas sexuais (pela dificuldade de entrega em nova relação
sexual), ausências no trabalho, renda mais baixa e menor sucesso acadêmico e
profissional.

COMORBIDADES
-Indivíduos com TEPT são 80% mais propensos a terem outro transtorno
mental (transtornos do humor, ansiedade ou por uso de substâncias, Transtorno
de Personalidade Borderline)
-Suicídio: risco 6x maior
TRATAMENTO
-Psicoterápico
-Terapia Cognitiva Comportamental focada no trauma (maior evidência na literatura)
-Terapia de exposição (gradualmente se expõe a situação relacionada ao trauma)
-Medicamentoso
-Antidepressivos: importante por tratar já as comorbidades como transtornos
depressivos e ansiosos:
ISRS Sertralina e
Paroxetina IRSN
(alternativa) Venlafaxina
-Duração do tratamento: 6 a 12m vs 12 a 24m, depende da gravidade e do
impacto na vida da pessoa
Obs: pesadelo não significa TEPT. Nesse caso o pai viajou para o Afeganistão, mas não
teve morte acidental ou violenta, ou lesão grave.
- Não fecha diagnóstico para depressão (não apresenta humor deprimido na maior
parte do tempo, anedonia -só chora com frequência mas ao conversar com os amigos
se sente melhor)
- Não fecha diagnóstico para TAG (está com esses sintomas há 4 semanas e a TAG
é de pelo menos 6 meses e também apresenta cefaleia, dor de estomago – sintomas
somáticos que acompanham a ansiedade mas não são critérios, insônia e pesadelos)
- Não é TEPT, pois não houve um trauma, uma exposição a um evento traumático,
concreto ou ameaça.

Diagnóstico: Transtorno de ajustamento com sintomas ansiosos (nesse caso,


aparece com sintomas predominantemente ansiosos).
- Esse transtorno pode ocorrer também em situações:
Após diagnosticado uma doença, como câncer de mama, mulher passou a ter
pesadelos, insônia, choro fácil, tonturas e dores de cabeça.
Após demissão ou separação conjugal.

TRANSTORNO DE AJUSTAMENTO

DEFINIÇÃO
-Presença de um estressor e uma resposta emocional a esse estressor que causa
sofrimento e prejuízo.
-Envolve sintomas que causam prejuízos, mas que são suficientes para o diagnostico
de um transtorno psiquiátrico primário.
- A ansiedade pode estar circunscrita cronologicamente com o estressor, sem
ser um transtorno de ansiedade, ou de humor.
-É um diagnóstico de exclusão.

Vídeo: Paciente ansiosa, com falta de ar, acontece ao acaso, há 6 meses. Teve 5 crises
que duravam 10 minutos. As crises atrapalham a vida, tendo medo de sair, se relacionar,
prejuízo no trabalho, deixou de fazer um concurso. Cobra-se demais, e se não acontece
oque planeja, se decepciona. Crença familiar de que ter sucesso profissional não é mais
do que a obrigação (“é o meu lema”). Procurou ajuda, mas não realizou o tratamento.
Não tem histórico familiar de transtornos. Agora tem vontade de realizar tratamento
(ideal é a psicoterapia). Não tem transtorno de personalidade, pessoa bem adaptada,
que tem relações e amigos. Esta com esse prejuízo agora relacionada com os sintomas
de medo de ter novas crises, novos ataques.

Observações: pacientes ansiosos apresentam dificuldade de fazer tratamento


medicamentoso, seja pelo medo de que o medicamento pode alterar seu estado ou
por serem muito sensíveis aos efeitos colaterais. É importante investigar sobre
família, trabalho, amigos. Sintomas de medo, ataques de pânicos e medo de ter
novas crises. Já tinha sintomas de ansieda

TRANSTORNOS ALIMENTARES

CARACTERÍSTICAS E EPIDEMIOLOGIA:
- Os transtornos alimentares, como a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN),
assumiram grande importância nas últimas décadas, com melhor reconhecimento de sua
prevalência e de suas consequências.
- Os transtornos alimentares afetam principalmente mulheres jovens, com prevalência
média da relação homem/mulher de 1:10, chegando até a 1:20. Provavelmente há
subdiagnósticos dos homens, por vergonha de levar suas queixas ao médico.
- A diferença entre os sexos vem diminuindo entre os indivíduos mais novos, com
adolescentes homens correspondendo a 19 a 30% dos casos de anorexia.
- Observa-se diminuição na idade de manifestação do quadro, com um aumento da
prevalência em crianças, relacionado atualmente com as dietas impostas, comportamento
alimentar e preocupação excessiva com o que se come, além da preocupação com a imagem
corporal.
- Casos resistentes ao tratamento são frequentes, cerca de 25% dos pacientes
desenvolvem quadros crônicos com consequências orgânicas importantes; as taxas de
mortalidade são altas e variam de 5 a 20%.
- Alguns subgrupos são mais vulneráveis, como mulheres que trabalham como
bailarinas, atletas e modelos, apresentando risco maior de desenvolver quadros alimentares.
Porém, todos os jovens estão sujeitos a esses transtornos pela influência da mídia social e
julgamentos externos.
- São quadros que resultam em grande prejuízo social e emocional e acometem
indivíduos jovens, gerando um impacto muito importante.
- Frequentemente, são pessoas isoladas, com sequelas sociais e afetivas, que
apresentam maior incidência de transtornos de humor e ansiedade em paralelo ao quadro
nutricional e a uma variedade de complicações metabólicas.
- A ocorrência de depressão maior e distimia são frequentes, com prevalência de 50 a
75%. Os quadros ansiosos são igualmente prevalentes na população com transtornos
alimentares (65% nas anoréxicas e de 36 a 58% nas bulímicas), com predomínio dos quadros
de TAS e TOC.
- Abuso de substâncias (anfetaminas, medicamento para emagrecer, por exemplo)
ocorre entre 30 e 37% na bulimia e em 12 a 18% na anorexia.

ANOREXIA NERVOSA (AN)


- Padrão de redução extrema da alimentação ingerida, de forma consciente e
deliberada (indivíduo QUER emagrecer), em busca de um ideal de corpo magro com medo
exagerado de engordar, levando a vários graus de emagrecimento (IMC baixo).
- Costuma causar manifestações clínicas e laboratoriais diversas, que podem ir de
alterações cutâneas sem maior gravidade até manifestações cardíacas e neurológicas mais
graves.

EPIDEMIOLOGIA:
- A prevalência varia entre 0,5 e 3,7% (90 a 95% do sexo feminino).
- A taxa de cronicidade está em torno de 20%. As taxas de mortalidade variam de 5
a 20%. Entre os transtornos psiquiátricos, é um dos maiores índices de mortalidade.
- As principais causas de mortalidade são de 50 a 54% complicações da própria
anorexia nervosa - de 24 a 27% suicídio, e de 15 a 19% desconhecidas.

- Na realimentação pode ter ICC porque há retenção muito grande de volume para o qual o
organismo não está preparado
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:

Recusa em manter o peso corporal em um nível igual ou acima do peso normal adequado
à idade e à altura (85% do peso esperado, provocado por perda de peso ou pela ausência
do ganho de peso esperado).

Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, mesmo estando com peso abaixo do

normal (paciente se vê gorda mesmo estando magra, há uma distorção da autoimagem).


Perturbação no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo, influência indevida do
peso ou da forma do corpo sobre sua autoimagem ou negação da gravidade do baixo
peso corporal atual (distorção do pensando sobre a sua própria forma).

Nas mulheres pós-menarca, pode estar presente amenorreia (a baixa quantidade de

gordura corporal não há síntese dos hormônios sexuais).

COMPLICAÇÕES:

Quase imita quadro demencial


- Intoxicação aquosa pela quantidade de água excessiva que o paciente ingere, ao
invés de se alimentar.
- Bupropiona pode reduzir o limiar convulsivo, portanto, não deve ser administrada para
esses pacientes.
*Não precisa saber todas as complicações, apenas algumas e saber identifica-las.

AVALIAÇÃO:
- Devem‑se afastar condições médicas gerais, assim como outras doenças psiquiátricas
que levam à perda de peso. Nesses casos, apesar de haver perda de peso, os indivíduos não
têm distorção da imagem corporal e a magreza não é desejada.
- A decisão de hospitalização é geralmente indicada para pacientes com declínio rápido
ou persistente da ingestão alimentar, nos pacientes não aderentes ou refratários ao
tratamento, ou quando houver alterações clínicas importantes levando ao risco de morte.
- A realimentação em pacientes com desnutrição severa deve ser realizada com cuidado
(de forma gradual) e com monitoração clínica e laboratorial, pois pode ser associada a graves
complicações se realizada de forma intempestiva, como por exemplo, a insuficiência cardíaca
(devido ao rápido aumento do metabolismo por conta da ingesta).

TRATAMENTO :
- Inicial: internação e recuperação do estado nutricional.
- Desidratação, inanição e desequilíbrios eletrolíticos precisam ser corrigidos antes de
fazer terapia. A paciente deve ser pesada todos os dias, e a ingestão e a excreção diárias de
líquidos devem ser monitoradas.
- Deve-se, também, iniciar terapia (psicoterapia individual, educação familiar e terapia em
grupo), mas primeiro seu estado nutricional instável deve ser tratado - a terapia em grupo é
uma boa opção, uma vez que, através dela, a paciente consegue perceber as distorções
corporais em outras pacientes.

BULIMIA NERVOSA

- Caracterizada por episódios de hiperfagia (perde o controle e come muito) e métodos


compensatórios inadequados (vômitos, laxantes, exercícios físicos extenuantes, diuréticos)
para evitar o ganho de peso.
- Um episódio bulímico é definido pela ingestão, em um período limitado, de uma
quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria sob
circunstâncias similares.
- Ao contrário dos pacientes com anorexia, os pacientes com bulimia costumam
apresentar peso próximo da faixa normal (em alguns casos tem até sobrepeso) e têm
evolução clínica geralmente mais favorável.
- As perturbações hidroeletrolíticas resultantes do comportamento purgativo podem ser
graves. Complicações raras, porém fatais, incluem rupturas esofágicas, ruptura gástrica e
arritmias cardíacas.
*Na anorexia há uma distorção na imagem corporal (mesmo magra, não se vê assim) e
restrição alimentar. Já na bulimia, tem compulsão alimentar e após isso realiza métodos
compensatórios inadequados. Pode haver sobreposição de quadros e, nessas situações,
deve-
se observar o que prevalece, se é restrição ou compulsão para caracterizar se é anorexia ou
bulimia (paciente anorexo além de comer pouco, induz vômitos).

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:

TRATAMENTO:
- A associação de psicoterapia com tratamento medicamentoso geralmente é indicada
em pacientes com BN.
- Os antidepressivos são importantes no tratamento, com redução da frequência de
episódios bulímicos e vômitos, além de atuar em sintomas depressivos e ansiosos, que são
comorbidades muito comuns nesses pacientes. Os ISRS (principalmente a fluoxetina, pode ser
também a sertralina) são as medicações com maior evidência de eficácia e com o melhor perfil
de efeitos colaterais. Mesmo paciente que não tem transtorno depressivo se beneficia do ISRS.

TRANSTORNO DA COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA (TCAP)

- Caracterizada por episódios de ingestão de grande quantidade de alimentos em um


período limitado de tempo (até 2h), acompanhados de sensação de perda de controle sobre o
que ou quanto se come.
- Diferentemente dos pacientes bulímicos, os episódios de restrição alimentar são menos
frequentes, assim como não são frequentes métodos compensatórios inadequados para se
evitar o ganho de peso.
- Os pacientes em geral são obesos ou com sobrepeso.
- Possibilidades de tratamento: ISRS, bupropiona (pois não apresentam comportamento
purgativo), naloxona.
RESUMINDO:

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

Definição: padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia


acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na
adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo.
Os pacientes com transtorno de personalidade apresentam padrões profundamente estranhos,
inflexíveis, mal-ajeitados de relacionamento, percepção do ambiente e de si mesmos. São pacientes
difíceis de aceitar auxílio psiquiátrico e tendem a negar seus problemas.
Os transtornos da personalidade estão reunidos em três grupos, com base em semelhanças
descritivas.
Grupo A  transtornos da personalidade paranoide, esquizoide e esquizotípica.
Indivíduos com esses transtornos frequentemente parecem esquisitos ou excêntricos.
Grupo B transtornos da personalidade antissocial, borderline, histriônica e
narcisista. Indivíduos com esses transtornos costumam parecem dramáticos, emotivos ou
erráticos.
Grupo C transtornos da personalidade evitativa, dependente e obsessivo-
compulsiva. Indivíduos com esses transtornos com frequência parecem ansiosos ou medrosos.

Critérios para a classificação de transtorno de personalidade


A. Um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia
acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Esse padrão manifesta-se em duas (ou
mais) das seguintes áreas:
1. Cognição = formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos.
2. Afetividade = variação, intensidade, labilidade e adequação da resposta emocional.
3. Funcionamento interpessoal.
4. Controle de impulsos.
B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações pessoais e
sociais.
C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da
adolescência ou do início da fase adulta.
E. O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência
de outro transtorno mental.
F. O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância, por exemplo,
droga de abuso ou medicamento ou a outra condição médica como traumatismo cranioencefálico.

TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO A

Transtorno da Personalidade Paranóide (F60) estes pacientes possuem problemas nos


relacionamentos e são de difícil convivência. Apresentam desconfiança e hostilidade
(Sensibilidade) excessivas e podem se expressar sob a forma de argumentações ostensivas, queixas
recorrentes ou, indiferença calma e aparentemente hostil. Como são hipervigilantes em relação a
ameaças potenciais, podem agir de maneira discreta, secreta ou indireta e parecer “frios” e sem
sentimentos afetivos. Ainda que possam parecer objetivos, racionais e não emotivos, frequentemente
demonstram labilidade afetiva, com predomínio de expressões hostis, inflexíveis e sarcásticas.
Tendência a guardar rancores persistentemente, recusa a perdoar; Desconfiança e uma tendência a
distorcer e interpretar erroneamente ações neutras ou amistosas como hostis ou desonrosas; Uma
suspeita recorrente, sem justificativa, sobre a fidelidade de seu companheiro; Tendência a explicações
conspiratórias, sem fundamento, de eventos ocorrendo próximo ao indivíduo.

Critérios Diagnósticos
A. Um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros, de modo que suas
motivações são interpretadas como malévolas, que surge no início da vida adulta e está presente
em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Suspeita, sem embasamento suficiente, de estar sendo explorado,
maltratado ou enganado por outros.
2. Preocupa-se com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou da
confiabilidade de amigos e sócios.
3. Reluta em confiar nos outros devido a medo infundado de que as
informações serão usadas maldosamente contra si.
4. Percebe significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em
comentários ou eventos benignos.
5. Guarda rancores de forma persistente  não perdoa insultos, injúrias ou
desprezo.
6. Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são percebidos pelos
outros e reage com raiva ou contra-ataca rapidamente.
7. Tem suspeitas recorrentes e injustificadas acerca da fidelidade do
cônjuge ou parceiro sexual.
B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou
depressivo com sintomas psicóticos ou outro transtorno psicótico e não é atribuível aos efeitos
fisiológicos de outra condição médica. Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de
esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”, isto é, “transtorno da personalidade paranoide (pré-
mórbido)”.

TRATAMENTO:
Psicoterapia é a escolha mais adequada.
Terapia farmacológica é usada em casos de agitação e ansiedade, podendo-se usar
antipsicóticos em doses baixas e benzodiazepínicos, respectivamente.
OBS.: Deve-se ter cuidado para diferenciá-lo dos transtornos delirantes persistentes. É uma condição
que perdura por toda a vida, mantendo o paciente com constantes problemas no meio em que vive.

Transtorno da Personalidade Esquizoide (F60.1) padrão difuso de distanciamento das relações


sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais.
Caracteriza-se por: Poucas atividades produzem prazer; Frieza emocional, afeto distante ou
embotado; Capacidade limitada de expressar sentimentos; Preferência por atividades solitárias; Falta
de amigos ou de relacionamentos; Comportamento introspectivo e fantasioso.
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de
expressão de emoções em contextos interpessoais que surgem no início da vida adulta e estão
presentes em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família.
2. Quase sempre opta por atividades solitárias Preferem tarefas mecânicas ou
abstratas, como jogos matemáticos ou de computador.
3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra
pessoa.
4. Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma.
5. Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de 1º não
se casam.
6. Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros indiferente a tudo.
7. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo.
B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou
depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista e não
é atribuível aos efeitos psicológicos de outra condição médica.

TRATAMENTO:
Psicoterapia: grande importância.
Farmacoterapia tem sua eficácia questionada, mas utilizamos antidepressivos e
antipsicóticos conforme a intensidade ou predominância dos sintomas.

Transtorno da Personalidade Esquizotípica - (F21) É caracterizado por: Crenças bizarras,


pensamentos mágicos, ex.: crença em superstições, telepatia, “sexto sentido”; Experiências
perceptivas incomuns, incluindo ilusões; Pensamento e discurso extravagantes; Desconfiança ou
indicação paranoide.
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e
capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou
perceptivas e comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em
vários contextos, presente por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência).
2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e
são inconsistentes com as normas subculturais superstições, crença em clarividência, telepatia ou
“sexto sentido”; em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações bizarras.
3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais.
4. Pensamento e discurso estranhos vago, circunstancial, metafórico,
excessivamente elaborado ou estereotipado.
5. Desconfiança ou ideação paranoide.
6. Afeto inadequado ou constrito.
7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar.
8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de 1º.
9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar
associada mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo.
B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou
depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista.

TRATAMENTO
Psicoterapia
Antipsicóticos
OBS.: Deve-se ter cuidado para não confundir com esquizofrenia, outros transtornos delirantes ou
mesmo com o transtorno de personalidade paranoide. Tendem a perdurar por toda a vida e uma
parcela pode evoluir para esquizofrenia.

TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO B

Transtorno da Personalidade Antissocial (F60.2) Caracterizado por: Indiferença e insensibilidade


pelos sentimentos alheios; Irresponsabilidade e desrespeito por normas, regras e obrigações sociais;
Incapacidade de manter relacionamentos, embora não haja dificuldade em estabelecê-los; Muito baixa
tolerância à frustração, com respostas agressivas, muitas vezes com violência; Incapacidade de
experimentar culpa e aprender com a experiência; Propensão marcante em culpar os outros e oferecer
explicações racionais aos seus comportamentos.
Critérios Diagnósticos
A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que
ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes:
1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais,
conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção.
2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes
falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal.
3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro.
4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou
agressões físicas.
5. Descaso pela segurança de si ou de outros.
6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma
conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras.
7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em
relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas.
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade.
D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de
esquizofrenia ou transtorno bipolar.

TRATAMENTO
São muito comuns as associações com abuso de álcool e substâncias psicoativas. Também
possuem um curso crônico, e o tratamento mais eficaz é a psicoterapia.

Transtorno da Personalidade BORDERLINE (F60.3) padrão difuso de instabilidade das relações


interpessoais, da autoimagem e de afetos e de impulsividade acentuada que surge no começo da
vida adulta e está presente em vários contextos.
Apresenta um padrão de sabotagem pessoal no momento em que uma meta está para ser
atingida (p. ex., abandono da escola logo antes da formatura; regressão grave após conversa sobre
os bons rumos da terapia; destruição de um relacionamento bom exatamente quando está claro que
ele pode durar).
Critérios Diagnósticos
1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado.
2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela
alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da
percepção de si mesmo.
4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos,
sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar).
5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento
automutilante.
6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia
episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas
raramente de mais de alguns dias).
7. Sentimentos crônicos de vazio.
8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de
irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes).
9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.

TRATAMENTO
Psicoterapia
Farmacoterapia antidepressivos, antipsicóticos para controlar a raiva, e
anticonvulsivantes para a instabilidade emocional e impulsividade.

Transtorno da Personalidade Histriônica (F60.4) Dramatização, teatralidade, expressão


exagerada das emoções; Sugestionabilidade, são pessoas facilmente influenciadas por outras;
Afetividade superficial e lábil; Procura constante para ser o centro das atenções; Comportamento
sedutor, inapropriado; Preocupação excessiva com a aparência.
Critérios Diagnósticos padrão difuso de emocionalidade e busca de atenção em excesso que
surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou
mais) dos seguintes:
1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções.
2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamento
sexualmente sedutor inadequado ou provocativo.
3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções.
4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si.
5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes.
6. Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções.
7. É sugestionável (i.e., facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias).
8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são.

TRATAMENTO:

Transtorno da Personalidade Narcisista (F60.81)


Critérios Diagnósticos padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento),
necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em
vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex., exagera conquistas e
talentos, espera ser reconhecido como superior sem que tenha as conquistas correspondentes).
2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal.
3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado
a, outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada.
4. Demanda admiração excessiva.
5. Apresenta um sentimento de possuir direitos (i.e., expectativas irracionais de tratamento
especialmente favorável ou que estejam automaticamente de acordo com as próprias expectativas).
6. É explorador em relações interpessoais (tira vantagem de outros para atingir os próprios
fins).
7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as
necessidades dos outros.
8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam.
9. Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes.

TRATAMENTO:
Psicoterapia
Estabilizador de Humor (Lítio)

TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE DO GRUPO C

Transtorno da Personalidade Evitativa (F60.6)


Critérios Diagnósticos inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a
avaliação negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme
indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo
de crítica, desaprovação ou rejeição.
2. Não se dispõe a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que será
recebido de forma positiva.
3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido a medo de passar vergonha ou
de ser ridicularizado.
4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais.
5. Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de inadequação.
6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros.
7. Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas
atividades, pois estas podem ser constrangedoras.

OBS.: Estes indivíduos são capazes de funcionar, desde que estejam em ambientes protegidos. Alguns
casam e têm filhos, mas vivem suas vidas cercados somente pela família. São sujeitos muito
vulneráveis à depressão e à ansiedade.

TRATAMENTO:
Psicoterápia.
Antidepressivos e Ansiolíticos

Transtorno da Personalidade Dependente (F60.7)


Critérios Diagnósticos necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a
comportamento de submissão e apego que surge no início da vida adulta e está presente em
vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de
conselhos e reasseguramento de outros.
2. Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de
sua vida.
3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio
ou aprovação. (Nota: Não incluir os medos reais de retaliação.)
4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais
a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de motivação ou
energia).
5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer
coisas desagradáveis.
6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados
de ser incapaz de cuidar de si mesmo.
7. Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após
o término de um relacionamento íntimo.
8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte.

Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva (F60.5)


Critérios Diagnósticos preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e
interpessoal à custa de flexibilidade, abertura e eficiência que surge no início da vida adulta. Abertura
e eficiência que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado
por quatro (ou mais) dos seguintes:
1. É tão preocupado com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários a ponto
de o objetivo principal da atividade ser perdido.
2. Demonstra perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (p. ex., não consegue
completar um projeto porque seus padrões próprios demasiadamente rígidos não são atingidos).
3. É excessivamente dedicado ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades
de lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade financeira).
4. É excessivamente consciencioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de
moralidade, ética ou valores (não explicado por identificação cultural ou religiosa).
5. É incapaz de descartar objetos usados ou sem valor mesmo quando não têm valor
sentimental.
6. Reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas a menos que elas se submetam
à sua forma exata de fazer as coisas.
7. Adota um estilo miserável de gastos em relação a si e a outros; o dinheiro é visto como
algo a ser acumulado para futuras catástrofes.
8. Exibe rigidez e teimosia

TRATAMENTO:
Benzodiazepínicos
Antidepressivos

TRANSTORNOS DE CONTROLE DOS IMPULSOS


TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DA INFÂNCIA

SAÚDE MENTAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

- Principalmente nos casos de crianças e adolescentes podemos fazer


prevenção e evitar desfechos clínicos desfavoráveis, como cronificação de casos
com depressão.
-Compreende o desenvolvimento de senso de identidade e de autoestima
(maneira como a criança se relaciona e cria vínculos); relacionamentos saudáveis
com familiares e pares; habilidades para aprender e produzir;
-Uma boa saúde mental na infância e na adolescência é requisito para um
desenvolvimento psicológico ótimo, relacionamentos sociais produtivos,
aprendizado efetivo, habilidade de autocuidado, autocuidado, boa saúde física e
uma efetiva participação social e econômica na idade adulta.
-Transtornos não tratados favorecem a ocorrência de desfechos
desfavoráveis na idade adulta: problemas de saúde mental, envolvimento com
criminalidade, uso abusivo de álcool e drogas, desemprego e problemas com a
educação dos filhos.

EPIDEMIOLOGIA
-Prevalência de TM em crianças e adolescentes no Brasil entre 7,0 e 12,7%.
-Ansiedade e medo são situações muito frequentes na infância, principalmente
frente ao novo, pois tudo é novo na vida das crianças como ir à escola, aprender
esporte, sair de perto dos pais pela primeira vez, dormir sozinha na cama e não no
berço. Isso tem uma graduação normal, porém algumas crianças tem dificuldade
em passar por essas situações, sofrendo muito, dificultando seu desenvolvimento
e assim tem necessidade de tratamento.

Mais prevalente

PARTICULARIDADES DO ATENDIMENTO
-Apresentações atípicas dos principais transtornos mentais. Ex: Nas
crianças é mais comum ter irritabilidade do que humor deprimido ou tristeza
no quadro depressivo.
-Quadros clínicos polimórficos: há sintomas de vários grupos que mimetizam
várias doenças dificultando localizar de que transtorno se trata. Ex: criança
irritada, agitada, com dificuldade de aprendizado na escola pode resultar de
quadros depressivos ou déficit de atenção.
-Os diagnósticos são geralmente provisórios, pois as crianças estão em
constante desenvolvimento. Pode trazer estigma também. Cuidado com
diagnósticos permanentes.
-Alta prevalência de comorbidades: Transtornos ansiosos, alimentar,
depressivos, do sono, do aprendizado podem aparecer.
-Forma de reconhecimento dos sentimentos e emoções difere da
apresentação dos adultos. As crianças passam por estagio de
desenvolvimento psicológico e em alguns desses estágio elas não sabem
nomear, simbolizar seus sentimentos, tornando mais difícil a avaliação do
médico. Em outros casos também, não formam raciocínio lógico de relações
de causa e efeito tornando a história mais difícil de entender (não sabe contar
o que aconteceu).
-Necessidade de múltiplos informantes, como pais, avós, tios. É importante
também saber como é o comportamento da criança no ambiente fora desse
sistema, como escolar pelo professor.
-Considerar o desenvolvimento neuropsicomotor na avaliação dos sintomas.

AVALIAÇÃO
- Buscar início dos sintomas
-Possíveis fatores desencadeantes ou precipitantes (p. ex., crise conjugal,
morte ou separação, doença na família e nascimento de irmãos - quando
nasce um irmão às vezes a criança regride para obter atenção).
-Nível atual de desenvolvimento da criança ou adolescente (p. ex., nível
intelectual e caracteres sexuais secundários).
-Temperamento (p. ex., presença de comportamento inibido ou timidez), o tipo
de apego que ela tem com seus pais (p. ex., seguro ou inseguro, se for
inseguro normalmente a criança tem sempre a sensação de falta dos pais,
ficam buscando eles a todo momento) e o estilo de cuidados paternos (p. ex.,
a superproteção ou situações de negligência- ambas podem ter impacto no
desenvolvimento, se os pais fazem tudo, não deixando a criança passar pelo
aprendizado, posteriormente ela não conseguirá desenvolver sua identidade
em relação a determinados assuntos).
-Comorbidades clínicas: analisar se a criança tem alguma comorbidade e ver
se tem relação com a psicopatologia.
-Métodos para a entrevista: desenhos, brinquedos e atividades lúdicas com
crianças mais novas; no caso de crianças maiores e adolescentes, é possível
conversar diretamente com elas sobre os sintomas e problemas enfrentados.
São instrumentos nos quais representam o que a criança está sentindo
(podem desenhar a família “separada”, monstrinhos)
-Observar o comportamento do paciente (nível de atividade e de atenção,
qualidade do contato social- tem empatia? Reage em contato com o
examinador ou é indiferente? Sorri quando é engraçado?-, reação ao
observador, compartilhamento de interesses comuns compatíveis com a
idade e analisar o nível de desenvolvimento), parte física (estatura, peso,
tônus muscular e coordenação motora) e investigar sintomas emocionais,
história de abusos e traumas, vida social e percepção sobre a própria vida
(como conta da rotina, grau de autonomia e responsabilidades dentro da
dinâmica familiar).
-Nas entrevistas com os familiares, devem ser avaliadas as interações entre
os membros da família (como o adulto interage com a criança, analisando se
existe medo, ou apego acessivo, ou rebeldia) e devem ser obtidos dados
sobre o ambiente e o contexto cultural em que vivem. As vezes a criança vem
de um meio mais carente e testemunha situações de violência, é importante
saber isso também.
-Além disso, é importante investigar o entendimento dos pais acerca dos
problemas do paciente, suas expectativas em relação ao tratamento e a
motivação para se envolverem com o tratamento. Às vezes os
cuidadores/pais que levam a criança para a consulta acreditam que é algo,
mas não é. É importante saber quais são as expectativas dos cuidadores em
relação ao tratamento, além das expectativas do paciente.

IMPORTANTE!
- Avaliar as dificuldades apresentadas pelos pais, a dinâmica e o sistema
familiar, em vez de focar exclusivamente nos problemas apresentados pela
criança.
-Frequentemente o sintoma da criança é apenas o reflexo de um ajuste
inadequado entre os pais e a criança ou entre a escola e a criança, ou a
reação da criança a um estressor ambiental. A criança responde muito frente
ao que esta acontecendo no ambiente dela.
- Ficar atento em como os pais lidam com a verdade durante uma consulta, se
negam, tentam disfarçar ou minimizam a situação, ou tem olhar rígido.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO EMOCIONAL DA CRIANÇA

INFÂNCIA (0-2 ANOS)- PERÍODO SENSÓRIO-MOTOR:

-Mudanças rápidas do comportamento.


-Desenvolvimento das capacidades sensoriais e habilidades motoras.
-Por volta dos 2 meses de idade, o bebê começa a sorrir e a imitar a
expressão de outras pessoas.
-Entre 3 e 4 meses, começa a balbuciar e, aos 4 meses, a rir.
-Com cerca de 6 meses, consegue saber que um objeto continua a existir
mesmo quando está fora de seu campo de visão (permanência do objeto).
-Ao redor dos 8 meses, passa a manifestar desconforto diante de
pessoas com as quais não esteja familiarizado.
-Entre 1 e 2 anos, consegue fazer inferências acerca de causa e efeito.

PRÉ-ESCOLAR (2 A 6 ANOS)- PERÍODO PRÉ-OPERACIONAL:


-Rápido desenvolvimento da linguagem, o que permite que a criança
passe a raciocinar de forma simbólica em vez de motora.
-A atribuição de causa se dá exclusivamente pela justaposição
temporal ou espacial (raciocínio transdutor).
-A criança supõe que todas as pessoas veem o mundo como ela,
não sendo capaz de ver as situações do ponto de vista de outra
pessoa
-Têm início as brincadeiras de “faz de conta”, sendo comum crianças
nessa faixa etária fazerem referência a companheiros imaginários.

ESCOLAR (6 A 12 ANOS)- PERÍODO DAS OPERAÇÕES CONCRETAS:


-A criança passa a entender que ações físicas e operações mentais
podem ser revertidas (reversibilidade), e também adquire o conceito de
conservação de volume e quantidade.
-Ocorre a emergência do pensamento lógico e da compreensão de causa e efeito.
-Começa também a poder apreciar o ponto de vista de outras pessoas.

ADOLESCÊNCIA- PERÍODO DAS OPERAÇÕES FORMAIS:


-Este período tem início na puberdade, processo de maturação biológica
durante o qual ocorrem modificações anatômicas e fisiológicas que
levam à transformação da criança em adulto.
-Nas meninas, a puberdade tem início entre 8 e 13 anos; nos meninos, entre 10 e 14
anos.
-A partir dos 12 anos, o adolescente adquire a capacidade de raciocinar
de maneira lógica sobre conceitos abstratos, utilizar o raciocínio
hipotético-dedutivo, adquirindo a capacidade metacognitiva (capacidade
de pensar sobre o próprio pensamento).

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

-Transtorno neurobiológico (raiz no desenvolvimento do SN), de causas


genéticas e ambientais, com alta taxa de herdabilidade, que aparece na
infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida,
embora vá modificando com o tempo.
-TRÍADE: DESATENÇÃO, HIPERATIVIDADE E IMPULSIVIDADE.
Frequentemente a hiperatividade e a impulsividade vêm agrupadas,
enquanto a desatenção é outro grupo.
*Deve-se ter pelo menos 3 características da desatenção e 3 de
hiperatividade ou de impulsividade para ser diagnosticado com TDAH. Mas
as vezes predomina um sobre o outro, assim faz o diagnostico e o tratamento
se chama muito a atenção (não precisa saber).

-Desatenção: falta de atenção a detalhes ou descuido, falta de atenção


sustentada; há incapacidade de concluir tarefas, falta de organização,
relutância em atividades que exijam esforço mental (briga quando tem que
estudar, não consegue se dedicar muito tempo a uma atividade que não seja
prazerosa); o sujeito é um ouvinte desatento, perde coisas com frequência,
tem facilidade de se distrair e esquecer objetos. Levar em consideração que
varia de acordo com a própria idade da criança
-Hiperatividade-impulsividade: inquietação psicomotora, aborrecimento fácil,
incapacidade de permanecer sentado, correr bastante ou fazer “escaladas”
inapropriadas em móveis ou outros locais, apresentar dificuldade de exercer
atividades tranquilas, incapacidade de ficar quieto, fala excessiva, dar
respostas impensadas ou precipitadas, comportar-se de forma impaciente.

- Em geral esse distúrbio inicia na infância e tende a melhorar na idade


adulta. Nas meninas, as vezes tem-se um predomínio na desatenção sob a
hiperatividade, demora mais para procurar atendimento, pois a criança é
tachada de lerda, desatenta mas não consegue ver isso como um problema.
Em meninos é mais comum a hiperatividade, e costuma dar mais trabalho e
com isso procura atendimento mais precoce, realizando diagnostico e
tratamento.

TRATAMENTO: psicoestimulantes, ex: metilfenidato; terapia parental ou


comportamental em associação ao tratamento medicamentoso. Além disso,
a criança poderá precisar fazer mudanças de hábitos como ter um horário
estruturado, um ambiente de estudo mais organizado, usar agenda, estudo
intercalado com descanso, recompensas quando faz algo certo como a
tarefa, restringir uso de celulares (o uso de celular dificulta a memorização-
deixar celular em outro cômodo) e computador.

- Muitas crianças na vida adulta não apresentam mais os sintomas desse


transtorno ou apresentam mais uma apresentação subclínica que não chega
a fechar o diagnóstico, porém o prejuízo desse transtorno pode permanecer,
por isso é necessário tratar. Com o passar dos anos, na adolescência vai
reduzindo a medicação até a retirada completa do medicamento. Se evoluir
bem, ok, se não deve continuar o tratamento.

99
-O diagnóstico é feito principalmente abaixo dos 7 anos, mas a partir de
2013, expandiu para abaixo dos 12 anos. Se surgiu depois dos 12 anos,
descartar esse transtorno, e pensar em outras causas como uso de
substancias.

TRANSTORNO DE OPOSIÇÃO E DESAFIO (TOD)

-Transtorno disruptivo, caracterizado por um padrão global de desobediência,


desafio a pessoas em posição de autoridade (não aceitam autoridade) e
comportamento hostil.
-Os pacientes discutem excessivamente com adultos (p. ex., os pais), não
aceitam responsabilidade por sua má conduta, incomodam as demais
pessoas a sua volta, possuem dificuldade de aceitar regras e limites impostos
pelos outros e perdem facilmente o controle se contrariados em suas
vontades. Criança faz birra normalmente, porém nesse transtorno são
situações bastante graves, que geram problemas sociais, não é uma simples
birra.
-O quadro leva a importante comprometimento social e muitas vezes outras
crianças as isolam, não suportam ficar perto de crianças tão ameaçadoras.
-Muitas vezes vem associado com o TDAH
-Tratamento: O uso de antipsicóticos de 1ª ou 2ª geração (ex. risperidona), é
indicado em casos graves ou com prejuízo funcional importante. A terapia
familiar é utilizada com sucesso, assim como o treinamento parental de cunho
comportamental (colocar no canto do castigo, dar limites, estabelecer
premiações, dizer não). Um trabalho de orientação dos pais sobre a colocação
de limites e psicoeducação é fundamental para a maioria dos casos.

TRANSTORNO DE CONDUTA (TC)

-Transtorno disruptivo definido por mentiras patológicas, violações mais graves até
legais e comportamentos mais explosivos, como roubo, agressão e crueldade com
animais e pessoas.
-É parecido com o TOD, porém é mais grave.
-Problemas legais por conta de atos ilícitos
-Falta de suporte social adequado; Geralmente, famílias já desestruturadas.
TRATAMENTO: Além da terapia familiar, o uso de antipsicóticos de 2ª
geração também é indicado nesses casos, porém a TCC costuma
apresentar melhores resultados, especialmente quando a família participa
ativamente do tratamento.
Obs: O TDAH, TOD E TC são muitas vezes comórbidos:

100
TDAH: déficit de atenção, hiperatividade, impulsividade
TOD: desobediência e comportamento hostil, enfrentamento diante as
autoridades, dificuldades de seguir regras.
TC: mais grave, comportamentos de delinquências, crueldade, falta de empatia.

RETARDO MENTAL

SINÔNIMOS: Oligofrenia, deficiência intelectual, transtorno do desenvolvimento


intelectual.

-Grupo heterogêneo de indivíduos com variado grau de funcionamento nas


diversas atividades cotidianas e escolares ou de trabalho.

-Apresentam, de forma geral, um substancial limite no funcionamento global


atual e um funcionamento intelectual abaixo do esperado para a idade
cronológica, com dois ou mais comprometimentos nas áreas de linguagem,
autocuidado, independência, sociabilidade, rendimento escolar e
profissional.

-Pode ser documentado em testes de QI (é oque define mesmo esse


transtorno, porém nem sempre está disponível) e testes neuropsicológicos,
mas suspeita-se em crianças que se relacionam apenas com crianças
menores (reflete a idade menor dela), crianças com baixo desempenho
escolar e que tiveram atrasos dos marcos de desenvolvimento e com
histórico de agressividade (costuma bater nos colegas de sala).

-A maioria dos retardos mentais são leves (criança ou adolescente que não
consegiu passar de ano, mas consegue se vestir e alimentar sozinha,
precisa de algum suporte porém em situações mais complexas não
consegue agir) e a causa é idiopática. À medida que se torna mais grave
(situações nos quais as crianças não conseguem compreender, verbalizar é
dependente para realizar atividades básicas), é mais frequente ter uma
etiologia conhecida como síndromes genéticas (síndrome de Down), anóxia
cerebral, infecções intrauterinas, exposição a substancias (síndrome fetal do
álcool).

-O tratamento medicamentoso é indicado apenas quando existem sintomas


importantes que prejudicam o dia a dia da criança, como em casos de auto
ou heteroagressividade ou agitação importantes, nos quais o uso de
antipsicóticos pode ser necessário. Às vezes pode precisar de orientações
sobre comportamentos adequados durante a adolescência, para assim
adquirir juízo crítico.

101
TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO

DEFINIÇÃO: Ansiedade excessiva em relação ao afastamento dos pais ou


cuidadores, não adequada ao nível de desenvolvimento, que persiste por,
no mínimo, quatro semanas, causando sofrimento intenso e prejuízos
significativos em diferentes áreas da vida da criança ou adolescente. Em
alguns casos, a criança deixa de frequentar escola por conta do transtorno.
-É precursor de outros transtornos (pânico, ansiedade social), importante
tratar para prevenir transtornos ansiosos no futuro.

TRATAMENTO: psicoterapia, orientações aos pais (treinamento), e em


casos mais graves pode ser necessário uso de antidepressivo.

TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO

SINÔNIMOS: Autismo infantil, transtorno do espectro autista, transtorno


invasivo do desenvolvimento, transtorno desintegrativo.

DEFINIÇÃO: Síndrome de base biológica, cursa com prejuízos na


socialização (tem-se a impressão que ela não esta se importando muito com
as outras crianças, ou brincadeiras, estímulos externos), déficits na linguagem
(não fala muito, tem repertório pequeno para idade) e na parte motora
(estereotipias ou maneirismos- comportamentos repetitivos e sempre do
mesmo jeito, não explora as diversas possiblidades do brinquedo, faz sempre
a mesma coisa), além do repertório restrito em termos de atividades e
padrões restritivos de comportamento.

TRÍADE: SOCIALIZAÇÃO, LINGUAGEM E ESTEREOTIPIAS/MANEIRISMO

-Muitas vezes vem associado ao retardo mental e pelo menos 50% dos
pacientes apresentam déficits cognitivos. Alguns casos, não há deficiência
intelectual, ou seja, o QI é normal, entretanto tem déficits na socialização e
na linguagem que acabam por prejudicar a escolarização. As dificuldades
escolares, quando em presença de inteligência normal, são mais
frequentemente decorrentes dos déficits de socialização e de linguagem. Tem
grande impacto para a criança, pois a criança fica isolada, não interage, nada
desperta a atenção dela dificultando seu desenvolvimento. Geralmente inicia-
se por volta dos 2 anos, quando a linguagem começa a se desenvolver.

-A abordagem deve ser multidisciplinar (médico, fonoaudiologia, nutrição,


psicologia, terapia ocupacional, psicopedagogia).
102
-O uso de medicação psicotrópica é indicado no tratamento de sintomas
específicos, como ansiedade ou o emprego de antipsicóticos (p. ex.,
risperidona) em casos de auto ou heteroagressividades ou quadros de
agitação psicomotora.

7. ORGANIZAÇÃO DA ASSITÊNCIA À SAÚDE MENTAL E PROCESSOS DE


REABILITAÇÃO PSÍQUICA:

REDE DE ATENÇÃO PRIMARIA- RAPS


1 - Fragmentos da História da Loucura
• Idade Antiga– louco como presente dos céus, intervenção d
Deuses – banhos e alimentação especial;
• Idade Média– loucura como estar possuído pelo demôn
Nau dos Loucus; torturas; exclusão social do louco;
• Idade Moderna – nascimento da Psiquiatria, loucura co
doença.
• Philippe Pinel (1745-1826), a sistematização das doenç
os primeiros hospitais psiquiátricos e o tratamento moral.

2 - Reformas Psiquiátricas no mundo


• Amarante (2011) divide as ‘Reformas Psiquiátricas’ em ‘dois grupos + um’
1º grupo: Comunidade Terapêutica e Psicoterapia Institucional
2º grupo: Psiquiatria de Setor e Psiquiatria Preventiva
“Outro grupo”: Antipsiquiatria e Psiquiatria Democrática

Psiquiatria democrática
A) País de destaque: Itália.
B) Principal nome e período: Franco Baságlia (início dos anos 1960).
C) Principais avanços:
Em 1961, quando Baságlia assumiu a direção do Hospital Provincial
Psiquiátrico de Gorizia, viu os internos todos nas celas de isolamento e trancados nos pavilhões,
recordando-se de quando estava preso. Pensou em usar o seu poder para melhorar a vida destas
pessoas.

A INSTITUIÇÃO NEGADA
- Psiquiatria era considerada por Baságlia, um instrumento de saber e poder, de
controle e segregação;
- Baságlia dizia que a Psiquiatria tinha o dever de devolver a liberdade a quem
outrora havia tirado (o louco);
-Crítica teórica ao modelo de “doença” adotada pela Psiquiatria. A Fenomenologia
Existencial, abordagem de Baságlia, evidenciava a questão do sofrimento e da experiência do
louco;
- Assim como Foucault e Goffman, Baságlia compreende a instituição psiquiátrica
como produtora de sofrimento e que contribui para a piora.

103
- “A instituição psiquiátrica deveria ser, então, negada enquanto saber e poder.”
(AMARANTE, 2015, p. 44).

A DOENÇA ENTRE PARÊNTESES “Numa atitude autenticamente husserliana,


Baságlia propõe inverter esta estratégia, isto é, colocar a doença mental entre parênteses para
poder lidar e perceber o sujeito em sua experiência sofrimento”. (AMARANTE, 2015, p. 44)
A individuação da pessoa, não ocupando-se apenas da doença mental, mas tudo
aquilo que se constituiu em torno da doença.

A NOÇÃO DE “DUPLO”  “...por duplo da doença mental é entendido tudo aquilo que
se constrói em termos institucionais em torno do internado: é a face institucional da doença
mental, construída tomando-se por base a negação da subjetividade do louco, da negação das
identidades, a partir da objetivação extrema da pessoa como objeto do saber.” (AMARANTE,
1996, p.81).
“Preconceitos científico” periculosidade, irrecuperabilidade e
incompreensibilidade da doença mental.

DESINSTITUCIONALIZAÇÃO  Não só a deshospitalização, mas também criar um


aparato social, uma rede substitutiva no atendimento. Quebrar os muros, não só dos manicômios,
mas também da sociedade sobre a loucura.
O TRABALHO: A primeira e consagrada experiência italiana da construção de
uma cooperativa de loucos, é utilizada como referência histórica em estudos e práticas
brasileiras. Esta experiência diz que no ano de 1973, Franco Basaglia, protagonista na
desinstitucionalização triestina, constatou que muitas das pessoas que trabalhavam no Hospital
Psiquiátrico Ospedale San Giovanni, em Trieste, eram pacientes internados. Assim, como
descreve Amarante (2011), Basaglia achava justo que eles fossem remunerados pelo trabalho,
mas foi repudiado pela administração pública. “Foi assim que a história registrou a ‘primeira greve
dos loucos’ em toda a humanidade.” (p.91), já que Basaglia deu alta a todos os envolvidos que
formaram a Cooperativa Lavoratori Uniti (Trabalhadores Unidos), que a partir daquele momento,
prosseguiam com a prestação de serviços neste mesmo hospital, porém de maneira remunerada.

3- A reforma psiquiátrica brasileira


• 1978: crítica do modelo hospitalocêntrico
Início do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos: Movimento
dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM).
Denúncias contra a violência, a mercantilização da loucura e a hegemonia
de uma rede privada de assistência.
• 1978 – Vinda de Baságlia, junto com Felix Guatarri, Robert Castel, Erving Goffman,
Thomas Szasz – 1º Congresso Brasileiro de Psicanálise, Grupos e Instituições- RJ;
• 1979: • I Congresso Nacional do MTSM;
• Criada a Sosintra: 1ª associação de familiares do país (até hoje);
• III Congresso Mineiro de Psiquiatria (BH) – visita histórica de Baságlia ao Hospital
Psiquiátrico de Barbacena.
MANICÔMIO EM BARBACENA O LUGAR-ZERO
- Um lugar de gente enterrada viva!
• 1987 – II Congresso do MTSM – Neste momento, - Na cidade, um cemitério com mais de 60 mil
além dos trabalhadores em Saúde covas de não pessoas;
Mental, - Década de 1960; (começou a mudar na década
se de 1980 com a visita de Baságlia)
uniram - Baságlia visitou o local e o chamou de campo
de concentração;
usuários e profissionais dos serviços.
• Lema: “Por uma sociedade sem
manicômios”.

104
• Associações e cooperativas criadas até então: Loucos pela vida (Juquery e
Ribeirão Preto); SOS Saúde Mental (SP); Franco Baságlia (SP); Associação Franco Rotelli
(Santos); Cabeça Feita (São Gonçalo, RJ); Loucos por Você (Ipatinga, MG); Loucos por
Cidadania (Olinda,PE); Lokomotiva (Natal, RN); Qorpo Santo (Alegrete, RS); Praia
Vermelha (RJ).
• 1988 – Constituição Federal – participação social, direito à saúde, liberdade;
• 1989: Projeto de Lei Paulo Delgado - regulamentação dos direitos da pessoa com
transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios. Ficou 12 anos tramitando no
Congresso;
• 1990 – SUS – Lei 8.080;
• 1990 – Lei 8.142 – Lei do “controle social” – Próximas Conferências Nacionais
ganharam muito com isto. Participação de usuários, familiares e profissionais.

4. LEI 10.216 DE 2001 Ficou conhecida como a Lei da Reforma Psiquiátrica brasileira ou
Lei Paulo Delgado PROVA
✓Redireciona a assistência em saúde mental;
✓ Privilegia tratamento em serviços de base comunitária;
✓Protege direitos das pessoas com transtornos mentais;
✓Não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios.

5. CAPS – Centros de Atenção Psicossocial


• Influência: experiência italiana de desinstitucionalização em psiquiatria;
• 1987: primeiro CAPS - São Paulo;
• 1989: intervenção no hospital psiquiátrico (Casa de Saúde Anchieta) maus-tratos e
mortes de pacientes - repercussão nacional.
• São serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe
multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento
às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades
decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise
ou nos processos de reabilitação psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar (BRASIL,
2017).

ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ESTRATÉGICA

CAPS I  Atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam prioritariamente


intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes,

105
incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações
clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.
CAPS II Atende pessoas que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico
decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso
de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços
sociais e realizar projetos de vida. Diferença populacional.
CAPS III  Atende prioritariamente pessoas que apresentam intenso sofrimento psíquico
decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso
de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços
sociais e realizar projetos de vida. Diferença: horário de funcionamento.
CAPS i Atende crianças e adolescentes (até 24 anos) que apresentam prioritariamente
intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo
aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que
impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.
CAPS AD II Atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam prioritariamente
intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de substâncias psicoativas.
CAPS AD III Funcionamento 24 horas. Poderá atender a população infanto-juvenil de acordo
com o ECA.

6- A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)


O que é a Rede de Atenção Psicossocial? A Política Nacional de Saúde Mental busca
consolidar um modelo de atenção aberto e de base comunitária. A proposta é garantir a livre
circulação das pessoas com problemas mentais pelos serviços, pela comunidade e pela
cidade.
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estabelece os pontos de atenção para o
atendimento de pessoas com problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos do uso de
crack, álcool e outras drogas. A Rede integra o Sistema Único de Saúde (SUS). A Rede é
composta por serviços e equipamentos variados, tais como: os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); os Centros de
Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs), e os leitos de atenção integral
(em Hospitais Gerais, nos CAPS III).
Faz parte dessa política o programa de Volta para Casa, que oferece bolsas para
pacientes egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos. As informações completas
para adesão à Rede estão na Portaria do GM Nº 3.088. RAPS: é no município que ela
acontece!

Definições
• Rede de saúde mental integrada, articulada e efetiva nos diferentes pontos de
atenção para atender as pessoas em sofrimento e/ou com demandas decorrentes dos
transtornos mentais e/ou do consumo de álcool, crack e outras drogas;
• Deve-se considerar as especificidades loco-regionais;
• Ênfase nos serviços com base comunitária, caracterizados por plasticidade de
se adequar às necessidades dos usuários e familiares e não os mesmos se adequarem aos
serviços;
• Atua na perspectiva territorial, conhecendo suas dimensões, gerando e
transformando lugares e relações.
• Respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia, a liberdade e o exercício
da cidadania;
• Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde;
• Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e
assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar;
• Ênfase em serviços de base territorial e comunitária, diversificando as estratégias
de cuidado com participação e controle social dos usuários e de seus familiares;

106
• Organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com
estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado;
• Desenvolvimento da lógica do cuidado centrado nas necessidades das pessoas
com transtornos mentais, incluídos os decorrentes do uso de substâncias psicoativas.

OBJETIVOS
• Ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral;
• Promover a vinculação das pessoas em sofrimento/transtornos mentais e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e suas famílias aos pontos de
atenção;
• Garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde
no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e
da atenção às urgências.

Componentes da RAPS:
- ATENÇÃO BASICA EM SAUDE (CAPS)
• Unidade Básica de Saúde;
• Núcleo de Apoio a Saúde da Família;
• Consultório de Rua;
• Apoio aos Serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório;
• Centros de Convivência e Cultura.
- ATENÇAO PSICOSSOCIAL ESTRATEGICA
• Centros de Atenção Psicossocial nas suas diferentes modalidades.
- ATENÇÃO DE URGENCIA E EMERGENCIA
• SAMU 192;
• Sala de Estabilização;
• UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência /pronto socorro, Unidades Básicas de
Saúde.
- ATENÇÃO RESIDENCIAL DE CARATERTRANSITORIO
• Unidade de Acolhimento;
• Serviço de Atenção em Regime Residencial.
- ATENÇÃO HOSPITALAR
• Enfermaria especializada em hospital geral;
• Serviço Hospitalar de Referência (SHR) para Atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno
mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.
- ESTRATEGIA DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO
• Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT);
• Programa de Volta para Casa (PVC).
- ESTRATEGIAS DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL.
• Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda;
• Empreendimentos Solidários e Cooperativas Socias.

REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL HOJE


CAPS (Centro de atenção psicossocial), em suas diferentes modalidades
Serviço residencial terapêutico (SRT)
Unidade de acolhimento (adulto e infanto-juvenil)
Enfermarias especializadas em hospital geral
Hospital psiquiátrico
Hospital dia
Atenção básica
Urgência e emergência
Comunidades terapêuticas
Ambulatório multiprofissional de saúde mental.

107
8. EMERGÊNCIA/URGÊNICA PSIQUIÁTRICA:

A objetividade na avaliação visa, fundamentalmente, o controle da situação de risco que


trouxe o paciente para atendimento de emergência e o estabelecimento do diagnóstico e a
terapêutica adequada com a maior brevidade possível. O diagnóstico final mais preciso é obtido
após um período de internação de 24 a 48 horas no serviço de emergência.

Diagnóstico em contexto de emergências psiquiátricas


A avaliação inicial deve ser encarada como um diagnóstico sindrômico, sendo a sua
confirmação dependente da exclusão de outras condições médicas e/ou do uso de
substâncias psicoativas. O diagnóstico diferencial é particularmente relevante à época da
ocorrência das primeiras manifestações psiquiátricas, mas não podemos esquecer que
indivíduos com diagnóstico psiquiátrico estabelecido de longa data também podem apresentar
outras condições médicas que se instalam após o estabelecimento do diagnóstico psiquiátrico
primário.

Diretrizes para diagnóstico diferencial de PRIMEIRO EPISÓDIO PSICÓTICO*


1. Colher dados da história da moléstia atual, usando todas as fontes de
informação possíveis, com ênfase na caracterização detalhada de sinais e sintomas, início,
gravidade e evolução.
2. Buscar ativamente informações sobre uso de substâncias psicoativas e
medicamentos. Caracterizar padrão de uso, frequência, quantidade.
3. Buscar ativamente informações sobre queixas clínicas e neurológicas.
Realizar Interrogatório dos Diversos Aparelhos (IDA).
4. Buscar informações relevantes sobre antecedentes pessoais e familiares.
5. Buscar informações sobre ocorrência de eventos vitais ou estressores e
estabelecer possível relação temporal com o início dos sintomas.
6. Realizar exame do estado mental.
7. Realizar exame físico, incluindo exame neurológico sumário.
8. Solicitar exames complementares hemograma completo, glicemia de
jejum, eletrólitos (sódio e potássio), avaliação de funções renal (ureia e creatinina), hepática
(transaminases, tempo de atividade da protrombina) e tireoidiana (hormônio estimulante da
tireóide), screening para doenças imunológicas (fator antinuclear), sorologia para HIV e sífilis e
exame de neuroimagem cerebral.
9. Aplicar escalas padronizadas para a avaliação da presença e gravidade dos
sintomas. 10. Discutir o caso com o supervisor, levantar a(s) hipótese(s)
diagnóstica(s) inicial(is) e instituir terapêutica inicial, se for o caso.
11. Registrar as informações obtidas no prontuário médico e no protocolo clínico
de avaliação de primeiro episódio psicótico.
12. Checar resultados de exames complementares. Verificar a necessidade de
rever a impressão diagnóstica inicial, solicitar avaliação de outras especialidades, solicitar novos
exames, ou reformular a terapêutica instituída. Registrar as informações obtidas no prontuário
médico/protocolo de clínico de avaliação de primeiro episódio psicótico.
13. Manter o paciente em observação no serviço, por pelo menos 24 horas,
com pelo menos 2 avaliações diárias.
14. Decidir, em conjunto com o supervisor, pelo encaminhamento adequado,
tendo em vista a resposta clínica à terapêutica inicial, presença de comorbidades, suporte social
e características dos serviços disponíveis na rede. Informar ao paciente e seus familiares sobre
a proposta terapêutica e seguimento.
15. Aplicar escalas de avaliação de gravidade de sintomas no momento da
alta do serviço.

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16. Registrar no prontuário médico/protocolo clínico de avaliação de primeiro
episódio psicótico as informações relativas ao momento de alta (diagnóstico definitivo, conduta
terapêutica, encaminhamento e gravidade de sintomas).

SUICÍDIO Avaliação de risco suicida


O suicídio está entre as dez causas mais frequente de óbito e ocupa a terceira posição
entre as causas mais frequentes de morte na população de 15 a 44 anos de idade.
Os comportamentos suicida e autodestrutivo são responsáveis por 15% das
emergências psiquiátricas.
Paciente homicida  INICIALMENTE VERIFICAR A SEGURANÇA DE TODA A
EQUIPE antes de iniciar a avaliação. Ao entrevistar o paciente, o médico deve ter uma rota de
saída. Os dados sobre os pacientes com ideias homicidas não fornecem indícios para identificar
os pacientes que são propensos a cometer homicídios. Os indicadores mais confiáveis de
violência são história de comportamento violento anterior e intoxicação aguda com
substâncias.

SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES


Comportamento agressivo Trantornos psiquiatricos da infancia (TC, TDO, RM,
AUTISMO, TDAH, ESQUIZOFRENIA, TB), uso de substancias psicoativas, transtorno
conversivo-dissociativo.
Intoxicações e quadros confusionais uso de alcool e de outras drogas, transtornos
psiquiatricos pimarios.
Comportamento suicida depressao, reação de ajustamento, traços de personalidade
borderline (em adoslecentes mais velhos), psicose, TC, patologias fisicas cronicas, estresse
familiar.
Psicoses primiero surto esquizofrenico, maia ou depressao psicotica, uso de drogas.
Transtornos ansiosos e somatoformes transtorno do panico, TEPT, transtornos
dissociativos e conversivos.
Desnutrição grave com recusa alimentar transtorno alimentar, depressao e abuso.
Maus tratos e abuso violencia fisica, psicologica ou sexual, ameacas, tortura
domestica e negligencia.

Roteiro de entrevista para avaliação de risco suicida*


1. Dados demográficos • Idade, sexo, cor referida, estado civil, procedência, escolaridade
2. Suporte social
• Com quem mora? (Familiares, amigos, sozinho, instituição)
• Tem filhos? Se sim, quantos? Quais idades? Características do relacionamento.
• Tem renda pessoal. Se sim, descrever. Se não, como se sustenta?
• É profissionalmente ativo? Se sim, qual a profissão/ocupação? Se não, há
quanto tempo está inativo, por que razões, qual e quando foi o último emprego?
• Tem religião? Se sim, descrever (tipo de religião e características da prática
religiosa, hábito de frequentar cultos/ missas).
• Tem atividades sociais/ de lazer? Se sim, descrever.
3. Caracterização da tentativa de suicídio
• Método utilizado (medicações, venenos, arma de fogo, arma branca,
enforcamento, precipitação de local elevado, etc).
• Comunicou a intenção suicida antes da tentativa? (Não comunicou, comunicação
duvidosa, comunicação clara). Descrever.
• Tomou precauções para evitar que alguém o impedisse? (Nenhuma precaução,
precauções duvidosas, precauções claras). Descrever.
• Tomou precauções para que alguém o encontrasse após a tentativa? (Nenhuma
precaução, precauções duvidosas, precauções claras). Descrever.
• Buscou ativamente ajuda após a tentativa? Se sim, descrever.

109
• Tem tentativas anteriores? Se sim, número. Data da tentativa anterior, método
utilizado.
4. Tratamento psiquiátrico atual
• Se sim, serviço e tempo de seguimento, Tipo de tratamento/medicações em uso,
diagnóstico referido.
5. Presença de condição de saúde dolorosa ou incapacitante
• Se sim, descrever.
6. Uso atual de substâncias psicoativas
• Se sim, descrever.
7. Estressores psicossociais atuais (problemas de vida)
• Se sim, descrever.
8. História de suicídio na família?
• Se sim, descrever.
9. Avaliação do quadro psiquiátrico atual
• Diagnóstico psiquiátrico inicial e conduta inicial.
10. Risco suicida atual
• Se sim, discriminar se ideias recorrentes de morte, ideação suicida e
planejamento suicida. Descrever.
• Tem suporte social? Descrever.
• Tem acesso a meios letais? (Medicações, venenos, arma de fogo, mora em local
elevado, mora em local isolado, etc). Se sim, descrever.
• Tem risco profissional (profissionais de saúde, policiais, outros). Se sim,
descrever.
• É receptivo a tratamento em Saúde mental? Descrever.
• Há disponibilidade do tratamento indicado? Descrever.

Determinação do risco suicida


A classificação da urgência se divide em:
A) BAIXA caracterizada pela ocorrência de ideação suicida, mas sem
planejamento específico e com baixa intencionalidade, onde o paciente ainda consegue
encontrar outras alternativas para lidar com seu sofrimento;
B) MÉDIA caracterizada pela ocorrência de planos suicidas factíveis, mas o
paciente projeta a ação no futuro, caso a situação de crise não se modifique favoravelmente;
C) ALTA caracterizada por planejamento claro e intencionalidade de levar a
cabo o suicídio nas próximas horas ou dias.
O nível de periculosidade a si próprio considera o grau de letalidade dos meios à
disposição do paciente (p. ex: medicações, venenos, armas de fogo) e o grau de
acessibilidade do paciente a estes meios (p. ex: em casa ou no local de trabalho). Desta forma,
o nível de periculosidade também pode ser considerado baixo, médio ou alto. Aqui vale
destacar que intrinsicamente algumas profissões permitem maior acesso à meios letais, e,
portanto, aumentam a periculosidade da possível tentativa. Estão neste grupo – por exemplo –
policiais, bombeiros e profissionais de saúde.
Pacientes com ideação/planejamento suicida devem sempre ser encaminhados
para reavaliação e seguimento em serviços de saúde mental. Pacientes com risco suicida
considerado baixo podem ser encaminhados para seguimento em serviços
extrahospitalares, mas é fundamental que seja garantida a admissão rápida no serviço, com
possibilidade de consultas frequentes e disponibilidade para atendimentos não agendados.
Pacientes com risco considerado médio também podem ser encaminhados para
seguimento extra-hospitalar, desde que sejam atendidas algumas condições, tais como:
a) disponibilidade de suporte familiar capaz de manter acompanhamento
constante nas 24 horas;
b) comprometimento em iniciar tratamento psiquiátrico disponível; e
c) estabelecimento de um “contrato de vida”, que se caracteriza pelo
compromisso sincero e empático por parte do paciente de não tentar suicídio e de

110
procurar atendimento de emergência ou ajuda caso perceba agravamento da ideação
suicida.
Situações de alta gravidade e devem ser encaminhadas para acompanhamento em
ambiente protegido (internação hospitalar).

Critérios clínicos para diagnostico de sintomas psiquiátricos secundários ou ao uso


abusivo de substancias:

AGITAÇÃO PSICOMOTORA: HETERO E AUTOAGRESSIVIDADE


Agitação psicomotora, agressividade e violência comportamentos que podem ser
observados em diversos transtornos psiquiátricos.
Agitação aumento da excitabilidade, inquietação, resposta exacerbada a
estímulos internos e externos, irritabilidade e atividades motora e verbal inapropriadas e
repetitivas.
Violência agressão física dirigida a determinada pessoa. Os sinais de violência
iminente incluem comportamento provocador, irritabilidade, discurso em voz alta e tom agressivo,
mudanças frequentes na posição do corpo e postura tensa, por exemplo, segurar os braços ou
as mãos com força, cerrando os punhos.

111
FATORES DE RISCO

Condutas perante o paciente agitado ou agressivo


- fornecer treinamento e reciclagem para a equipe assistencial;
- espaço físico deve estar desprovido de objetos que possam ser quebrados ou usados
para agressão;
- o acesso à porta deve ter a mesma distância tanto para o médico como para o paciente;
- o atendimento não deve ser realizado por um único membro da equipe, pois a presença
de outros profissionais de saúde ou de seguranças no local de atendimento ajuda a inibir
comportamentos violentos.
- Um membro da equipe assistencial deve assumir a coordenação da abordagem junto
ao paciente, aos familiares. Cabe ao coordenador promover o vínculo terapêutico logo no início
do atendimento. Deve-se ouvir o paciente e informá-lo sobre sua evolução e seu tratamento.
Além disso, devem-se identificar os fatores de melhora e piora da agitação/agressividade, intervir
junto à equipe e aos familiares, falar em voz baixa e ficar atento aos comportamentos verbais e
não verbais da equipe e dos familiares, providenciar para que as avaliações e as medidas
tomadas sejam registradas no prontuário do paciente; e considerar as abordagens e as condutas
mais adequadas após a avaliação dos fatores de risco, da situação clínica e da segurança.

Técnicas de atenuação:
Nível 1 (ocorre alguma mudança ou intensificação dos comportamentos: choro,
andar de um lado para o outro, inquietação, elevação do tom de voz) é utilizado neste nível a
técnica em dar apoio e escutar ativamente o paciente; realizar perguntas abertas, ajudar o
paciente a expressar seus pensamentos e sentimentos; reduzir estímulos; reavaliar as
abordagens; oferecer medicação.
Nível 2 (ocorre um comprometimento da racionalização, assim o paciente grita,
tem comportamento beligerante, sarcástico. Podem ocorrer intimidações com ameaças verbais,
alem de movimentos desproporcionais) neste nível, delimitamos o ambiente de atendimento,

112
isola a situação, permite que o paciente expresse suas emoções; perguntamos sobre seu
problema e estimulamos a racionalização; ofereceremos e negociamos opções realistas;
fazemos perguntas abertas sobre os motivos de irritação do paciente; demonstramos
preocupação e atenção e mobilizamos a equipe, planejamos técnicas de atenuação e se
necessário o controle físico.
Nível 3 (ocorreu perda de controle por parte do paciente e houve necessidade de
ação física) imobilizamos fisicamente o paciente e realizamos a contenção mecânica e uso de
medicações.
Nível 4 (requisitação de controle) restabelecemos o vinculo terapêutico.

De maneira geral: Diretrizes para manejo de agitação psicomotora*


1. Tomar medidas para garantir a segurança do próprio paciente, dos demais pacientes
e acompanhantes presentes no setor e da equipe de atendimento.
• Atendimento precoce e com privacidade. Redução de estímulos externos.
2. Envolver as equipes de enfermagem e de segurança no manejo da situação.
3. Avaliar clinicamente a gravidade da agitação psicomotora e quantificá-la por meio da
pontuação de escala de avaliação da gravidade de agitação-tranquilização (ACES).
4. Iniciar o manejo da situação de agitação psicomotora por meio de intervenções verbais,
atitudinais e comportamentais sempre que possível.
• Manter certa distância física do paciente, evitar movimentos bruscos, olhar
diretamente para o paciente, evitar fazer anotações.
• Apresentar-se e apresentar outros membros da equipe. Fala pausada, mas firme.
Perguntas clara e diretas.
• Não fazer ameaças ou humilhações. Não confrontar. Colocar limites de maneira
acolhedora. Não barganhar.
• Estimular o Paciente a expressar seus sentimentos em palavras. Assegurar que
pretende ajuda-lo a controlas os impulsos.
5. No caso de tentativas de manejo verbal fracassadas, indicar tratamento
farmacológico. Sempre que possível, iniciar com medicação via oral. Na escolha da
medicação a ser utilizada, considerar, quando disponíveis, as seguintes informações: idade,
sexo, índice de massa corporal, medicações prescritas anteriormente e possível uso de
substâncias psicoativas. Registrar em prontuário as justificativas clínicas para a escolha da(s)
droga(s).
6. Se paciente cooperativo, mas com risco de agitação, usar medicação por via oral.
Escolher entre uma das opções listadas:
• Haloperidol (2,5 a 5 mg)
• Diazepam (10 mg)
• Haloperidol (2,5 a 5 mg) + Diazepam (10 mg)
• Risperidona (2 mg)
• Risperidona (2 mg) + Lorazepam (2 mg)
• Obs: Se condição médica geral presente – evitar benzodiazepínicos
7. Se paciente não cooperativo, agitado, ou com risco iminente de violência ou fuga,
usar medicação por via intramuscular (exceto diazepam, que deve ser por via endovenosa).
Escolher entre uma das opções listadas.
• Se outra condição médica presente: Haloperidol (2,5 a 5 mg); Olanzapina
(10 mg); Ziprazidona (10 mg)
• Intoxicação por estimulantes: Midazolam (5 a 7,5 mg), Diazepam (5 a 10 mg)
• Intoxicação por álcool ou outras substâncias psicoativas: Haloperidol (2,5
a 5 mg)
• Transtornos psiquiátricos primários: Haloperidol (2,5 a 5 mg); Haloperidol
(2,5 a 5 mg) associado a Midazolam (5 a 7,5 mg); Olanzapina (10 mg); Ziprazidona (10 mg).
Se transtorno psiquiátrico primário as opções seriam a associação de HALOPERIDOL e
MIDAZOLAM ou os antipsicóticos de nova geração, como a olanzapina e a ziprasidona. Obs: a

113
combinação haloperidol + prometazina apresentou maior risco de sintomas extrapiramidais nas
24 horas subsequentes.
• Gestantes: Haloperidol (2,5 a 5 mg)
8. Se necessário, realizar contenção física, a ser prescrita pelo médico responsável
pelo atendimento, que deverá estar presente durante todo o procedimento. Ao prescrever a
contenção física, o médico deverá também prescrever a verificação imediata de sinais
vitais (pressão arterial, pulso, temperatura), e registrar os dados obtidos pela enfermagem no
prontuário do paciente.
9. O paciente deve ser reavaliado após 30 minutos da abordagem inicial. Novamente,
a quantificação das condições de agitação/tranquilização deverá ser feito por meio da pontuação
da escala ACES. Em caso de necessidade de medicação adicional para manejo da agitação
psicomotora, a droga (ou combinação de drogas) usada inicialmente e a sua posologia devem
ser repetidas.
10. Os procedimentos de reavaliação da agitação psicomotora descritos no item
anterior devem ser repetidos 60 e 90 minutos após a medicação inicial. Havendo
necessidade de medicação adicional, deve ser mantida a mesma droga (ou combinação de
drogas), na mesma dose usada inicialmente.
11. Em todas as reavaliações, devem ser avaliados e registrados em prontuário os sinais
vitais e as condições e/ou necessidade de manutenção da contenção física.
12. Nas 24 horas subsequentes ao uso de medicação injetável para o manejo de agitação
psicomotora deve ser observada e registrada em prontuário a ocorrência de efeitos colaterais e
medidas terapêuticas adotadas no manejo destes.
13. As informações relativas à avaliação e condutas tomadas durante o manejo de
agitação psicomotora devem ser registradas no prontuário médico/protocolo de manejo de
agitação psicomotora.

Contenção mecânica: Seu uso restringe-se às situações onde os demais recursos falharam e
há risco iminente de auto e heteroagressividade.
Sequencia de ações durante a contenção mecânica:
Comunicar ao paciente o que se passa e manter as tecnicas de atenuação
garantir a não obstrução das vias respiratorias do paciente monitorizar os sinais vitais e o
comportamento do paciente considerear o uso de medicações a fim de evitar as contenções
prolongadas.
Obs: A contenção física adequada necessita de cinco pessoas treinadas, uma para cada
membro e uma protegendo a cabeça. A contenção deve ser realizada com faixas específicas
que não comprimam os vasos sanguíneos e plexos nervosos e em camas e leitos adequados
para tal finalidade.

Manejo farmacológico
O objetivo do uso de medicações é tranquilizar o paciente o mais rapidamente possível,
reduzindo o risco de auto e heteroagressividade e a ocorrência de efeitos colaterais, mas de
maneira a permitir a continuidade da investigação diagnóstica e da abordagem terapêutica.
As medicações disponíveis para o uso em casos de agitação psicomotora são os
antipsicóticos, os benzodiazepínicos e as associações dessas medicações.
RISCOS sedação excessiva, interação medicamentosa com substancias ilícita,
interação dos psicofarmacos com os quadros clínicos e/ou psíquicos, efeitos colaterais
específicos das diferentes medicações.
CUIDADOS manter comunicação com o paciente e seus familiares, manter o uso das
técnicas verbais de atenuação, monitorizar os sinais vitais e o comportamento do paciente,
registrar em prontuário as medicações e as doses administradas, verificar a dose total diária
administrada.

Via de administração medicamentosa depende da colaboração do paciente. Quando


a administração por via oral (VO) não for possível ou se mostrar ineficaz, o uso de uma

114
medicação via intramuscular (IM) deve ser considerado. A troca da administração IM para VO
deve ocorrer assim que for possível.

Medicações mais utilizadas:


1-ANTIPSICOTICOS DE ALTA POTENCIA/TIPICOS apresentam um perfil de efeitos
colaterais mais adequados para o manejo de casos agudos, com baixa incidência de
sedação excessiva ou hipotensão, baixa propensão ao efeito quinidina-like (menor
probabilidade de arritmias cardíacas) e menor efeito na redução do limiar convulsivo.
Os principais efeitos colaterais observados com os antipsicóticos de alta potência incluem
efeitos extrapiramidais, como acatisia e distonia aguda e um maior risco de síndrome
neuroléptica maligna.
Haloperidol VO (ANTIPISICOTICO TIPICO) Indicada para esquizofrenia e outros
quadros psicóticos agudos; agressividade, agitação e automutilação em pessoas com retardo
mental e nas síndromes mentais orgânicas, inclusive em idosos.
Pico sérico: 2 a 6hrs
Meia vida de eliminação: 10 a 36hrs.
Haloperidol INJETÁVEL Indicada para esquizofrenia e outros quadros psicóticos
agudos; agressividade, agitação e automutilação em pessoas com retardo mental e nas
síndromes mentais orgânicas, inclusive em idosos.
Pico sérico: 15 a 60 minutos.
Meia vida de eliminação: 10 a 36hrs.
Obs: Se história de sintomas parkinsonianos evitar antipsicóticos de alta potência.

2-ANTIPSICOTICOS DE BAIXA POTENCIA/ATIPICOS Os antipsicóticos de baixa


potência (ex.: clorpromazina) são medicações pouco seguras para o uso nesses casos, pois
podem provocar sedação excessiva, hipotensão, arritmias cardíacas e diminuição do
limiar convulsivo.
Os antipsicóticos atípicos apresentam melhor perfil de efeitos colaterais, com uma alta
efetividade em reduzir a agitação sem sedação. No entanto, são medicações com custo
elevado e pouco disponíveis nos serviços de saúde.
Olanzapina VO (ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS) Indicado para episódios agudos de
esquizofrenia e episódios de mania moderados e graves.
Pico sérico: 5 a 8hrs.
Meia vida de eliminação: 32 a 50hrs.
Suas propriedades anti-histamínicas podem promover um efeito sedativo útil em
episódios de agitação psicomotora, entretanto, a curta duração de ação torna frequente a
necessidade de reinjeção.

Olanzapina INJETAVEL (ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS) Indicado para quadros de


agitação psicomotora, apisodios de manis e esquizofrenia.
Pico sérico: 15 a 45 minutos.
Meia vida de eliminação: 32 a 50hrs.

Risperidona VO (ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS) Indicado para episódios de mania


moderados a graves.
DOSE: 2-6 mg/dia
Pico sérico: 1 a 2hrs.
Meia vida de eliminação: 24hrs.
OBS: RISPERIDONA + LORAZEPAM PSICOSE AGUDA

Quetiapina VO (ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS) Indicados para agressividade


DOSE: 300-800 mg/dia Doses entre 150 e 750 mg têm efeitos diretos sobre o
controle da agitação independentemente de seu efeito na melhora da psicose.
Pico sérico: 1,5hrs.

115
Meia vida de eliminação: 6hrs.

Ziprasidona VO/IM (ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS) Indicada para agitação aguda na


esquizofrenia.
DOSE: 10-20 mg IM- SEM CAUSAR SEDAÇÃO.
Pico sérico: 30 a 45 minutos.
Meia vida de eliminação: 2 a 5hrs (IM) e 7hrs (VO).
OBS: Em razão do possível prolongamento do intervalo QTc, é aconselhável a
realização de eletrocardiograma de controle antes do uso da ziprasidona IM.
OBS: Aripiprazol
O aripiprazol mostrou-se eficaz, seguro e bem tolerado no tratamento da agitação
em pacientes com transtorno bipolar I, esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo. Um estudo
multicêntrico comparando risperidona com aripiprazol no tratamento da agitação psicomotora por
exacerbação da esquizofrenia e do transtorno esquizoafetivo mostrou que ambas as drogas
foram significativamente superiores em todas as medidas de eficácia em comparação com
placebo.

3-BENZODIAZEPINICOS apresentam ação sedativa e ansiolítica, que levam a uma


tranquilização do paciente. Podem causar depressão respiratória, sedação excessiva,
ataxia e desinibição paradoxal. Devido ao efeito depressor do sistema nervoso central,
devem ser evitados em pacientes intoxicados por outros depressores como álcool,
barbitúricos ou opióides. Também devem ser evitados em pacientes com função
respiratória prejudicada ou com suspeita de traumatismo crânio-encefálico.
Os benzodiazepínicos mais utilizados são o diazepam, o lorazepam e o midazolam.
O DIAZEPAM pode ser administrado por via oral ou endovenosa. Nós evitamos o uso
intramuscular do diazepam por esta via levar a uma absorção errática da droga. Seu rápido
início de ação, mesmo por via oral, faz com que seja uma medicação bastante utilizada em
emergências.
Obs.: Se o paciente apresenta comorbidade clínica desfavorável, com risco de
rebaixamento do nível de consciência ou risco de depressão respiratória evitar
benzodiazepínicos.
Lorazepam VO Indicado para sintomas de ansiedade moderados a graves, inclusive
em síndromes mentais orgânicos e transtornos psicóticos.
DOSE: 2-4 mg
Pico sérico: 60 a 90 minutos.
Meia vida de eliminação: 12 a 16hrs.
O lorazepam é muito utilizado para manejo de agitação psicomotora em países que
dispõem das apresentações intramuscular e intravenosa, porém, no Brasil só está
disponível na apresentação oral.
OBS: Pode ser usado em associação com o haloperidol para o rápido controle da
agitação psicomotora. A apresentação IM não é comercializada no Brasil, pois necessita de
refrigeração.
O MIDAZOLAM é uma medicação muito utilizada, por via intramuscular. Pode ser
também administrado por via oral e endovenosa. Possui rápido início de ação, porém tem meia
vida curta, o que faz com que esta medicação seja em geral utilizada em associação com
outras drogas de meia vida mais longa.
OBS: Midazolam Um estudo randomizado comparando midazolam IM com
haloperidol mais prometazina IM para tranquilização rápida de pacientes violentos mostrou que
ambos os tratamentos foram eficazes, entretanto, o midazolam apresentou curto período para o
início de ação, reduzindo o tempo de exposição de terceiros à agressão.
A associação de diferentes classes de medicamentos traz a vantagem do sinergismo de
ação, que leva à utilização de doses menores de ambas as drogas e menores efeitos colaterais.
A associação de um antipsicótico de alta potência com um benzodiazepínico é a
prescrição mais frequentemente utilizada para agitação psicomotora.

116
Medicações NÃO RECOMENDADAS no controle de agitação psicomotora
- CLORPROMAZINA associa-se a risco cardiotóxico. A apresentação injetável
apresenta distribuição errática, além de poder causar irritação no local de aplicação.
- DIAZEPAM IM e de ANTIPSICÓTICOS DE DEPÓSITO não é recomendado em
situações de urgência em razão do risco de absorção errática e de pouca previsibilidade em
relação à eficácia aguda.
- BENZODIAZEPÍNICOS e ANTIPSICÓTICOS por via endovenosa (EV) não deve ser
indicado, exceto em circunstâncias excepcionais, em virtude do risco de depressão
respiratória e do sistema nervoso central.
- Benzodiazepínicos
Vantagem variedade de substâncias com diferentes características
farmacocinéticas.
Desvantagens sedação excessiva, prejuízo de memória e depressão
respiratória. No Brasil, estão disponíveis dois BZD com apresentação IM: o diazepam e o
midazolam.

Escala de Avaliação Agitação-Tranquilização (ACES)*


1. Agitação acentuada: nível elevado de atividade motora; pode demonstrar níveis
acentuados de expressão verbal, pode estar fisicamente violento, não consegue controlar os
sinais de agitação se solicitado, pode requerer cuidado de enfermagem contínuo/supervisão e/ou
contenção física.
2. Agitação moderada: aumento moderado dos níveis de atividade motora; demonstra
aumento nos níveis de expressão verbal e pode estar verbalmente ameaçador, não é violento
fisicamente, pode controlar parcialmente os sinais de agitação se solicitado, necessita de cuidado
de enfermagem/supervisão de rotina.
3. Agitação branda: discreto aumento dos níveis de atividade física; pode demonstrar
discreto aumento dos níveis de expressão verbal (por ex.: pode aumentar o tom da voz), não é
ameaçador ou violento, pode controlar os sinais de agitação se solicitado, necessita de cuidado
de enfermagem/supervisão de rotina. 4. Normal: níveis normais de atividade física; níveis
normais de expressão verbal, acordado com os olhos continuamente abertos.
5. Tranqüilização branda: moderada redução dos níveis de atividade verbal e física,
olhos continuamente abertos, permanece alerta e responsivo ao ambiente.
6. Tranqüilização moderada: níveis moderadamente reduzidos de atividade verbal e
física, olhos podem estar abertos intermitentemente, facilmente despertado ou responsivo a
estímulos leves verbais (p.ex.: chamando o seu nome) ou físicos (p.ex.: um toque suave),
permanece acordado quando o estímulo cessa.
7. Tranqüilização acentuada: redução importante da atividade verbal ou física, dormindo
superficialmente, acordado por estímulos leves a moderados verbais (p.ex.: chamando o seu
nome) ou físicos (p.ex.: um toque).
8. Sono profundo: sem atividade verbal ou física, dormindo profundamente, acordado
somente com grande dificuldade por estímulos vigorosos verbais (p.ex.: o chamado alto e
repetido do seu nome) e/ou físicos (p.ex.: sacudir repetidamente e vigorosamente os ombros do
paciente), volta a dormir imediatamente quando o estímulo cessa.
9. Torpor: dormindo profundamente, não pode ser acordado por meio de estímulo verbal
ou físico (p.ex.: sacudir repetidamente e vigorosamente os ombros do paciente).

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9. SUICIDIO

Suicídio: deriva da palavra latina “auto-assassínio”.


A cada ano, mais de 30 mil pessoas morrem por suicídio nos EUA.
Os homens cometem suicídio 4x mais do que as mulheres. As mulheres, entretanto, têm 4x
mais probabilidade de tentá-lo. A taxa mais alta de suicídio bem-sucedido em homens está
relacionada aos métodos utilizados: armas de fogo, enforcamento ou saltos de lugares altos.

- Violência autoprovocada Compreende ideação suicida, autoagressões, tentativa de


suicídio e suicídio consumado.
- Ideação suicida Quando o suicídio é visto como uma saída para uma situação de sofrimento.
Pode abrir as portas para um plano de suicídio. É um fator de risco considerável, que deve ser
diferenciado da intenção de suicídio. A ideação pode ser passiva, transitória, intermitente, ativa,
intensa, com ou sem a intenção de morrer.
- Intenção suicida Expectativa e desejo subjetivos de morrer por meio de um ato
autodestrutivo.
- Autoagressão Qualquer ato intencional de automutilação (com faca, aparelho de barbear,
caco de vidro, etc) ou outras formas de causar dano a si mesmo (como queimar-se com cigarro),
sem intenção de morte. Por vezes, crianças e adolescentes relatam que se autoagridem com o
objetivo de controlar e/ou aliviar uma dor emocional.
- Tentativa de suicídio Quando o indivíduo se autoagride com a intenção de tirar a própria
vida, utilizando um meio que acredite ser letal, sem resultar em óbito.
- Suicídio Ato deliberado de tirar a própria vida, com desfecho fatal.
Obs.: Um indivíduo que tomou 10 aspirinas por acreditar erroneamente que isso vai matá-lo tem
a intenção de cometer o suicídio, apesar de o método não ser fatal. Um indivíduo que
acidentalmente morre enforcado, devido à asfixia autoerótica, não tem a intenção de morrer.

Avaliação do Risco de Suicídio


O objetivo da avaliação de risco de suicídio é identificar aspectos de periculosidade
modificáveis e tratáveis, assim como fatores de proteção que orientem o tratamento do
paciente e as necessidades para manejo da segurança.

Fatores de Risco O suicídio é resultado da soma de vários determinantes, incluindo


diagnóstico (psiquiátrico e médico) e fatores psicodinâmicos, genéticos, familiares, ocupacionais,
ambientais, sociais, culturais e contextuais.
FATOR DE ALTO RISCO depressão, tentativas anteriores, desesperança, ideação
suicida, abuso de álcool e/ou cocaína e perda recente de relacionamento significativo.
FATORES DE RISCO DE CURTO PRAZO crises de pânico, ansiedade, perda de
prazer e interesse, abuso moderado de álcool, estados mistos de humor, diminuição da
concentração e insônia global.
FATORES DE RISCO AGUDOS em geral são tratáveis ou modificáveis. Por exemplo,
tratar ansiedade ou insônia grave em um paciente deprimido pode diminuir com rapidez o risco
de suicídio. Outrossim, modificar apenas alguns fatores de risco agudos pode reduzir
significativamente o risco de suicídio do paciente.

Fatores de Proteção: habilidades de sobrevivência e enfrentamento, responsabilidade com a


família, preocupações com os filhos, medo de suicídio, receio de desaprovação social e valores
morais/ religiosos. Outros fatores de proteção envolvem a disponibilidade e o acesso comunitário
a cuidado clínico efetivo para transtornos orgânicos, mentais e de abuso de substâncias; adesão
aos tratamentos recomendados; apoio da família e comunidade; valores culturais pró-vida que
desencorajam o suicídio; habilidades para solução de problemas e dissolução não violenta de
conflitos; crianças em casa; e gestação.

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Populações em Risco de Suicídio
Crianças e Adolescentes Os fatores de risco para o suicídio de adolescentes incluem
tentativas anteriores, transtorno do humor, abuso de substâncias, morar sozinho, sexo
masculino, idade igual ou superior a 16 anos e história de abuso físico ou sexual. Experiências
adversas na infância, como abuso físico, emocional e sexual, estão associadas a maior risco de
tentativa de suicídio durante a vida.
Idosos acima dos 65 anos, os fatores de risco para suicídio no fim da vida incluem depressão,
doenças físicas, incapacidade funcional, traços de personalidade neurótica, isolamento social e
perda de relacionamentos significativos.
Minorias Sexuais O risco de suicídio pode ser maior em indivíduos que vivenciam altos
índices de estresse resultantes de experiências de homofobia, assédio e revelação da orientação
sexual para familiares e amigos, bem como outras dificuldades associadas à não conformidade
com o gênero.
População Carcerária A taxa de suicídio em prisões (prisões rurais e urbanas e cadeias na
delegacia de polícia) é alta em comparação àquele entre prisioneiros do sistema penitenciário.
O perfil da vítima de suicídio é jovem, branco, solteiro, sem história carcerária, cometimento do
primeiro crime (não violento) sob intoxicação, história de abuso de substâncias, em isolamento,
método de enforcamento com os lençóis e morte em 24 horas após a prisão.
Religião as taxas de suicídio entre populações católicas têm sido mais baixas do que as taxas
entre protestantes e judeus.
Estado civil taxa de suicídio 11 por 100.000 para pessoas casadas; as solteiras, que nunca
se casaram, registram uma taxa global quase 2x maior.
Ocupação quanto mais alta a condição social de uma pessoa, maior o risco de suicídio, mas
uma queda na condição social, também aumenta o risco. O trabalho, em geral, protege contra o
suicídio.
Suicídio de médicos tanto médicos, quanto médicas cometem suicídio quase sempre por
meio de superdosagem de substâncias. Médicas têm um risco na vida para transtornos de humor
bastante alto, que pode ser o principal determinante do elevado risco de suicídio. Entre médicos
considera-se que os psiquiatras tenham o maior risco.
Saúde física fatores associados a doença e que contribuem para tentativas de suicídio
consumado são perda de mobilidade; desfiguração, particularmente entre as mulheres e dor
crônica, intratável.
Saúde mental abuso de substâncias, transtornos depressivos, esquizofrenia e outros
transtornos mentais. Quase 95% de todas as pessoas que cometem ou tentam suicídio têm um
transtorno mental diagnosticado. Os transtornos depressivos respondem por 80% desse número,
esquizofrenia por 10% e demência ou delirium por 5%.
O risco para suicídio de pacientes psiquiátricos é de 3 a 12x o de indivíduos saudáveis.
Dependência de álcool até 15% de todas as pessoas dependentes de álcool tiram a própria
vida.

Tratamento
- Psicoterapias reduzem os riscos de tentativas de suicídio ou de suicídios completos
em pacientes psiquiátricos.
- Intervenções Somáticas O lítio diminui significativamente o risco de suicídio em
pacientes com transtorno bipolar.
A clozapina reduz o índice de tentativa e completação de suicídio em indivíduos
com esquizofrenia e transtorno esquizoafetivo.
A ideação, a intenção e o planejamento do suicídio em determinados indivíduos
com transtornos do humor são indicações para eletroconvulsoterapia (ECT), especialmente
quando os tratamentos alternativos não são adequados ou não apresentaram benefícios. A ECT
deve ser o tratamento de escolha quando são necessários resultados rápidos para o paciente
sob alto risco de suicídio e cuja vida está em perigo na demora da intervenção. Em um estudo
prospectivo de 22 anos com indivíduos com transtornos do humor internados, a farmacoterapia
de longo prazo (antidepressivos, lítio e neurolépticos, isolados ou combinados) reduziu

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significativamente os índices de suicídio, apesar de terem sido tratados os pacientes mais
graves. O risco de suicídio nos pacientes foi mais alto antes do início da farmacoterapia,
diminuindo paulatinamente após o início do tratamento com antidepressivos. O tratamento com
antidepressivos dos pacientes sob risco de suicídio frequentemente é inadequado.
Os ISRSs ainda são considerados o tratamento de primeira linha para a depressão
com comportamento suicida.
- Tratamento Colaborativo ou Compartilhado A duração da internação é breve para a
maioria dos pacientes psiquiátricos. Os indivíduos encaminhados para hospitalização parcial
recebem alta rapidamente, sendo enviados para tratamento compartilhado em contexto
ambulatorial. O manejo medicamentoso de pacientes sob risco de suicídio em tratamento
compartilhado exige monitoramento cuidadoso. Os psiquiatras têm o dever de cuidar de seus
pacientes enquanto durar a prescrição do medicamento. O paciente pode receber uma
prescrição para 90 dias, que pode ser enviada pelo correio para uma farmácia. Contudo, a
prescrição de grandes quantidades de medicamentos para indivíduos em risco de suicídio pode
ser fatal. O psiquiatra deve contar com a avaliação e o manejo do risco de suicídio pelo
psicoterapeuta durante o período de 90 dias.

Manejo de segurança
É necessário manejo de segurança em relação a armas. O psiquiatra normalmente
solicita que um responsável da família remova as armas e munições da casa; contudo, o paciente
suicida também pode ter armas no carro, no escritório ou em outros locais.

- Pacientes Ambulatoriais a segurança do paciente normalmente é administrada por meio


de intervenções clínicas como aumento na frequência das visitas, fortalecimento da aliança
terapêutica, fornecimento ou ajuste de medicamentos e envolvimento da família ou de outros
indivíduos no tratamento, se o paciente permitir. A internação voluntária, ou involuntária, se
necessária, continua uma opção para pacientes suicidas em alto risco que não podem mais ser
tratados de maneira segura em caráter ambulatorial.
Após avaliação sistemática do risco de suicídio, o médico pode decidir que o paciente
precisa ser internado. Os riscos e benefícios de manter o tratamento ambulatorial são
comparados aos riscos e benefícios da internação. Se o paciente concordar, os processos para
internação imediata são iniciados. O paciente, acompanhado por um responsável, deve ir
diretamente para o hospital, ou seja, ele não pode parar para fazer outras coisas, pegar roupas
ou realizar organizações de última hora. Um desvio no caminho pode fornecer ao paciente a
oportunidade de cometer o suicídio. Se o paciente for levado de carro para o hospital, é
necessário um passageiro adicional para evitar que ele pule do veículo.

- Pacientes Internados Com um paciente em risco de suicídio, as precauções-padrão de


segurança devem ser observadas, como a remoção de cadarços dos sapatos, cintos, objetos
pontiagudos ou de vidro e até mesmo fronhas de travesseiro que possam ser usadas para
sufocação, assim como outros instrumentos potencialmente letais.
O método mais comum e disponível para o suicídio em pacientes internos é o
estrangulamento, geralmente realizado com um cinto, com peças de roupa, cadarços de sapato
ou lençóis presos na cama, na porta ou no banheiro. A instalação segura de encanamentos para
o vaso sanitário e o uso de forro sólido são necessários para diminuir o risco de enforcamento.

Contratos de Prevenção de Suicídio (“contrato de não lesão”, “contrato de não suicídio”,


ou “contrato de segurança”)  é um acordo clínico, não jurídico. É um entendimento mútuo
entre clínico e paciente quanto à colaboração para a prevenção do suicídio. É usado com
frequência por profissionais da área da saúde mental em situação de internação e ambulatorial,
bem como no setor de emergência em hospitais.

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