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PSICOPATOLOGIA

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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SUMÁRIO

PSICOPATOLOGIA ................................................................................... 1

INTRODUÇÃO ........................................................................................... 4

DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA E ORDENAÇÃO DOS SEUS


FENÔMENOS ................................................................................................... 5

FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS: PATOGÊNESE E


PATOPLASTIA .............................................................................................. 6

A ORDENAÇÃO DOS FENÔMENOS EM PSICOPATOLOGIA ......... 7

OS PRINCIPAIS CAMPOS E CORRENTES DA PSICOPATOLOGIA 9

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO .. 11

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA À PSICOPATOLOGIA .............. 13

RELAÇÕES DA PSICOPATOLOGIA COM A PSICOLOGIA GERAL


.................................................................................................................... 14

CONSTITUIÇÃO E MANIFESTAÇÃO DOS SINTOMAS E DOS


TRANSTORNOS MENTAIS ........................................................................... 16

OS PRINCIPAIS TIPOS DE PSICOPATOLOGIA ............................. 17

SÍNDROMES DEPRESSIVAS .......................................................... 19

SÍNDROMES MANÍACAS E TRANSTORNO BIPOLAR .................. 20

SÍNDROMES ANSIOSAS ................................................................. 23

SÍNDROMES PSICÓTICAS ............................................................. 26

SÍNDROMES DE COMPORTAMENTOS DISRUPTIVOS E


AGRESSIVOS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA ............................... 32

SÍNDROMES RELACIONADAS AO COMPORTAMENTO


ALIMENTAR ................................................................................................ 35

TRANSTORNOS DEVIDOS OU RELACIONADOS A SUBSTÂNCIAS


E COMPORTAMENTOS ADITIVOS ........................................................... 38

SÍNDROMES RELACIONADAS AO SONO ..................................... 42

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 44

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INTRODUÇÃO

A psicopatologia é o campo da psicologia que se dedica ao estudo dos


distúrbios mentais ou psicológicos. Ela envolve a investigação e a compreensão
das causas, sintomas, classificação e tratamento das doenças mentais. Os
profissionais nessa área buscam entender as alterações no pensamento,
emoções e comportamento que podem indicar a presença de um transtorno
psicológico.

A psicopatologia abrange uma ampla variedade de condições, desde


transtornos de ansiedade e depressão até esquizofrenia, transtorno bipolar e
outros. Esses transtornos podem ser causados por uma combinação de fatores
genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais.

Os profissionais de saúde mental, como psicólogos clínicos, psiquiatras e


outros terapeutas, utilizam os princípios da psicopatologia para avaliar,
diagnosticar e tratar pacientes com distúrbios mentais. O Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), publicado pela Associação Americana
de Psiquiatria, é uma referência amplamente utilizada para classificar e
diagnosticar transtornos mentais.

A abordagem terapêutica na psicopatologia pode variar, incluindo terapias


cognitivo-comportamentais, terapia psicodinâmica, farmacoterapia (uso de
medicamentos psicotrópicos) e outras disciplinas. O objetivo é aliviar os sintomas,
melhorar o funcionamento psicológico e promover o bem-estar emocional.

É importante notar que a psicopatologia não se limita apenas à patologia,


mas também se preocupa em compreender a diversidade da experiência humana
e como os fatores contextuais podem influenciar o desenvolvimento de problemas
mentais. Além disso, a psicopatologia está em constante evolução à medida que
novas pesquisas e descobertas são feitas na área da saúde mental.

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DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA E ORDENAÇÃO DOS SEUS
FENÔMENOS

A psicopatologia busca compreender a natureza, causas, classificação e


tratamento dos transtornos psicológicos. A palavra "psicopatologia" pode ser
dividida em dois componentes: "psico", relacionado à mente, e "patologia",
relacionado ao estudo das doenças. Portanto, a psicopatologia lida com a análise
dos processos mentais anormais que levam a disfunções psicológicas.

A ordenação dos fenômenos psicopatológicos refere-se à classificação e


categorização dos sintomas e comportamentos observados em indivíduos com
distúrbios mentais. Essa ordenação é crucial para a compreensão, diagnóstico e
tratamento adequado dos transtornos psicológicos. O Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é uma das principais ferramentas
utilizadas para esse fim. Ele fornece critérios específicos para a classificação de
diferentes transtornos mentais, facilitando a comunicação entre profissionais de
saúde mental e garantindo uma abordagem sistemática para o diagnóstico.

A ordenação dos critérios psicopatológicos pode incluir vários aspectos,


tais como:

Sintomas Cognitivos: Distúrbios no pensamento, como pensamento


desorganizado, delírios e dificuldades de concentração.

Sintomas Emocionais: Alterações no afeto, como depressão, ansiedade,


euforia ou irritabilidade excessiva.

Sintomas Comportamentais: Comportamentos observáveis que podem


ser indicativos de um transtorno mental, como aperfeiçoamento, isolamento
social, impulsividade, entre outros.

Sintomas físicos: Algumas condições psicológicas podem se manifestar


através de sintomas físicos, como fadiga, insônia, dores físicas sem causa
aparente, entre outros.

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Sintomas Sociais: Dificuldades nas interações sociais e relacionamentos
interpessoais.

A ordenação das tendências psicopatológicas é dinâmica e sujeita às


revisões à medida que a compreensão científica dos distúrbios mentais evolui.
Essa ordenação é fundamental para orientar os profissionais de saúde mental no
diagnóstico e tratamento terapêutico, contribuindo assim para a melhoria da
qualidade de vida dos indivíduos afetados por transtornos psicológicos.

FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS: PATOGÊNESE E


PATOPLASTIA

Os conceitos de "forma e conteúdo dos sintomas" e "patogênese e


patoplastia" são termos frequentemente usados na psicopatologia para descrever
diferentes aspectos dos distúrbios mentais. Vamos explorar cada um desses
conceitos:

Forma dos Sintomas: Consulte-se à maneira como os sintomas se


manifestam. Por exemplo, a forma do pensamento pode ser descrita como
consistente, desorganizada, acelerada ou lenta.

Conteúdo dos Sintomas: Consulte o tema específico ou o significado do


sintoma. Por exemplo, o conteúdo delirante pode envolver temas como paranóia,
grandiosidade, culpa, etc.

No contexto da esquizofrenia, por exemplo, a forma do pensamento


desorganizado pode se manifestar na fala incoerente, enquanto o conteúdo pode
incluir delírios de perseguição (tema) expressos de maneira desorganizada
(forma).

Patogênese: Refere-se ao desenvolvimento e origem de uma doença ou


distúrbio. Envolver a compreensão dos fatores biológicos, genéticos, ambientais
e psicológicos que afetam o surgimento de um distúrbio mental. A patogênese

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busca responder à pergunta: "Como a doença se desenvolveu?"

Por exemplo, na depressão, a patogênese pode envolver fatores como


desequilíbrios neuroquímicos, história genética de depressão, estresse
psicológico e eventos de vida relacionados.

Patoplastia: Refere-se à manifestação e expressão clínica de um distúrbio


mental. Diz respeito à forma como a doença se apresenta em termos de sintomas
e sinais observáveis. A patoplastia busca responder à pergunta: "Como a doença
se manifesta clinicamente?"

Continuando com o exemplo da depressão, a patoplastia pode incluir


sintomas como humor deprimido, perda de interesse ou prazer, alterações no
sono e no apetite, fadiga, sentimentos de culpa, entre outros.

Em resumo, enquanto a forma e o conteúdo dos sintomas descrevem como


os sintomas se apresentam e o que eles representam, a patogênese e a
patoplastia abordam o desenvolvimento e a manifestação clínica dos distúrbios
mentais, respectivamente. Esses conceitos são fundamentais para uma
compreensão abrangente e holística dos transtornos psicológicos.

A ORDENAÇÃO DOS FENÔMENOS EM PSICOPATOLOGIA

A ordenação das características em psicopatologia refere-se à


classificação e categorização dos sintomas e comportamentos observados em
indivíduos com distúrbios mentais. Essa ordenação é fundamental para a
compreensão, diagnóstico e tratamento adequado dos transtornos psicológicos.
Existem várias abordagens para ordenar essas preferências, e o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é uma das ferramentas
mais amplamente utilizadas para esse propósito.

A ordenação das tendências em psicopatologia é dinâmica e sujeita a


revisões à medida que a pesquisa avança e a compreensão dos transtornos

7
mentais se aprofunda. Essa ordenação é fundamental para orientar os
profissionais de saúde mental no diagnóstico e tratamento terapêutico,
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos afetados por
transtornos psicológicos.

Aqui estão alguns aspectos da ordenação das preferências em


psicopatologia:

Categorias Diagnósticas: O DSM organiza os transtornos mentais em


categorias diagnósticas. Cada categoria engloba um conjunto específico de
critérios que devem ser atendidos para que um diagnóstico seja feito. Por
exemplo, transtornos de ansiedade, transtornos de humor (como depressão e
transtorno bipolar) e transtornos psicóticos (como esquizofrenia) são categorias
distintas.

Dimensões Sintomáticas: Além das categorias diagnósticas, a


psicopatologia também pode ser abordada em termos de dimensões sintomáticas.
Isso permite que os transtornos mentais existam em um espectro e que os
sintomas possam variar em intensidade. Por exemplo, uma dimensão da
ansiedade pode ser considerada em uma ampla gama, desde preocupação
moderada até ataques de pânico intensos.

Sintomas específicos: A ordenação também envolve a identificação e


descrição de sintomas específicos associados a cada transtorno. Por exemplo,
nossos transtornos de ansiedade, sintomas como tensão muscular, preocupação
excessiva e evasão podem ser destacados.

Desenvolvimento temporal: A ordenação das preferências também pode


levar em consideração o desenvolvimento temporal dos sintomas. Isso pode
incluir a avaliação da cronologia dos eventos que ocorreram ao surgimento dos
sintomas e como esses sintomas evoluem ao longo do tempo.

Contexto Cultural: A compreensão das especificidades em psicopatologia


também deve levar em consideração o contexto cultural. Alguns sintomas podem
ser interpretados de maneira diferente em diferentes culturas, e as práticas

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diagnósticas devem ser sensíveis a essas diferenças culturais.

OS PRINCIPAIS CAMPOS E CORRENTES DA PSICOPATOLOGIA

A psicopatologia é influenciada por várias correntes teóricas que oferecem


diferentes perspectivas sobre a natureza, etiologia e tratamento dos distúrbios
mentais. Algumas das principais correntes da psicopatologia incluem:

Modelo Psicanalítico:

Teórico Principal: Sigmund Freud e seguidores.

Ênfase: Exploração do inconsciente, papel de pensamentos mentais


inconscientes, influência da infância e da dinâmica intrapsíquica na formação dos
distúrbios mentais.

Modelo Comportamental:

Teóricos Principais: BF Skinner, John B. Watson.

Ênfase: Foco no comportamento observável e mensurável. A


psicopatologia é vista como resultado de aprendizagem desadaptativa, reforço e
condicionamento.

Modelo Cognitivo:

Teóricos Principais: Aaron Beck, Albert Ellis.

Ênfase: Enfatiza o papel dos pensamentos distorcidos e que pensam


irracionais na origem dos distúrbios mentais. A terapia cognitivo-comportamental

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(TCC) é uma abordagem comum associada a essa corrente.

Modelo Humanista-Existencial:

Teóricos Principais: Carl Rogers, Abraham Maslow.

Ênfase: Aborde questões existenciais e enfatize a importância da


autorrealização e desvantagens. O sofrimento psicológico está frequentemente
relacionado à falta de sentido na vida.

Modelo Biológico:

Teóricos Principais: Emil Kraepelin, Kurt Schneider.

Ênfase: Destaca os fatores biológicos, como genética, neuroquímica e


estrutura cerebral, na explicação dos distúrbios mentais. O tratamento muitas
vezes envolve disciplinas farmacológicas.

Modelo Sociocultural:

Ênfase: Considerar os fatores sociais, culturais e ambientais na origem e


manifestação dos distúrbios mentais. Aborda questões como estigma,
discriminação e influências culturais na expressão dos sintomas.

Modelo Integrativo ou Eclético:

Ênfase: Combina elementos de diferentes abordagens teóricas,


acompanhando a complexidade dos distúrbios mentais e a necessidade de uma
abordagem multidimensional.

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Modelo Transdiagnóstico:

Ênfase: Aborda os processos psicológicos subjacentes que são comuns a


vários transtornos mentais, em vez de focar em categorias diagnósticas
específicas. Visa identificar mecanismos transdiagnósticos e intervenções.

Essas correntes muitas vezes se complementam, e a abordagem


preferencial pode variar entre profissionais e contextos clínicos. A compreensão
contemporânea dos distúrbios mentais frequentemente incorpora elementos de
múltiplas perspectivas, conhecendo a complexidade e a interação de diferentes
fatores na psicopatologia.

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO

O diagnóstico psicopatológico é uma parte essencial da prática clínica em


psicologia e psiquiatria. Existem vários princípios gerais que orientam esse
processo. Aqui estão alguns deles:

1. Entrevista Clínica: A entrevista clínica é uma ferramenta crucial no


diagnóstico psicopatológico. Ela envolve a coleta de informações diretamente do
paciente, permitindo ao profissional observar comportamentos, padrões de
pensamento, emoções e história de vida.

2. Observação do Comportamento: Observar o comportamento do


paciente em diferentes contextos pode fornecer insights valiosos. Isso inclui a
atenção a expressões faciais, linguagem corporal, vocalização e interações
sociais.

3. História Clínica: A obtenção de uma história clínica abrangente, que


inclui informações sobre o desenvolvimento, eventos de vida significativos,
histórico médico e familiar, é fundamental para entender o contexto do paciente.

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4. Colaboração Multidisciplinar: O diagnóstico psicopatológico muitas
vezes requer uma abordagem multidisciplinar. A colaboração entre profissionais
de diferentes áreas, como psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e outros,
pode proporcionar uma compreensão mais abrangente do quadro clínico.

5. Critérios Diagnósticos Padronizados: O uso de manuais de


diagnóstico, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais) ou a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), fornece critérios
padronizados para a classificação de transtornos mentais.

6. Avaliação Psicométrica: A utilização de instrumentos psicométricos,


como questionários e testes psicológicos, pode fornecer medidas objetivas que
auxiliam no diagnóstico e na compreensão das características do paciente.

7. Consideração do Contexto Cultural: O diagnóstico deve levar em


conta as diferenças culturais, reconhecendo que as manifestações de sofrimento
psicológico podem variar significativamente entre diferentes culturas.

8. Avaliação Longitudinal: O diagnóstico psicopatológico muitas vezes


beneficia de uma abordagem longitudinal, acompanhando o paciente ao longo do
tempo para observar padrões de sintomas e mudanças no funcionamento
psicológico.

9. Abordagem Holística: Considerar o indivíduo como um todo, levando


em conta não apenas os sintomas específicos, mas também os fatores biológicos,
psicológicos e sociais que contribuem para o quadro clínico.

10. Ética Profissional: Os profissionais devem aderir a padrões éticos


rigorosos ao conduzir avaliações psicopatológicas, garantindo a
confidencialidade, respeito pelos direitos do paciente e práticas baseadas em
evidências.

Esses princípios são fundamentais para um diagnóstico psicopatológico


preciso e abrangente, proporcionando uma base sólida para o desenvolvimento
de planos de tratamento eficazes.

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CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA À PSICOPATOLOGIA

A psicologia desempenha um papel fundamental no campo da


psicopatologia, contribuindo significativamente para a compreensão, diagnóstico
e tratamento dos distúrbios mentais. Aqui estão algumas das principais
contribuições da psicologia à psicopatologia:

Compreensão dos Processos Mentais: A psicologia oferece insights


importantes sobre os processos mentais, incluindo percepção, cognição, emoção
e comportamento. Essa compreensão é essencial para identificar e interpretar
sintomas psicopatológicos.

Desenvolvimento de Modelos Teóricos: Diferentes abordagens teóricas


dentro da psicologia (como psicanálise, comportamentalismo, cognitivismo)
desenvolveram modelos explicativos para os distúrbios mentais. Esses modelos
fornecem estruturas conceituais para entender as origens e a natureza dos
problemas psicológicos.

Contribuições da Psicologia Clínica: A psicologia clínica é uma disciplina


que se concentra no entendimento e no tratamento de distúrbios mentais. Os
psicólogos clínicos desempenham um papel fundamental no diagnóstico e
tratamento, utilizando técnicas terapêuticas baseadas em evidências.

Avaliação Psicológica: Psicólogos desenvolvem e aplicam ferramentas


de avaliação psicológica para diagnosticar distúrbios mentais. Isso pode envolver
entrevistas clínicas, testes psicométricos e observações do comportamento.

Terapia Psicológica: A psicoterapia é uma intervenção crucial na


psicopatologia. Diferentes abordagens terapêuticas, como a terapia cognitivo-
comportamental, a terapia psicodinâmica e outras, são usadas para tratar uma
variedade de transtornos mentais.

Prevenção e Intervenção: A psicologia contribui para o desenvolvimento


de programas de prevenção e intervenção. Isso pode envolver a identificação de
fatores de risco, promoção de habilidades de enfrentamento e intervenções para

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prevenir o desenvolvimento ou agravamento dos distúrbios mentais.

Pesquisa Empírica: Uma pesquisa em psicologia fornece uma base


empírica para a compreensão dos distúrbios mentais. Estudos sobre genética,
neurobiologia, psicofarmacologia e outros aspectos importantes para a
compreensão científica dos transtornos mentais.

Abordagem Biopsicossocial: A perspectiva biopsicossocial é uma


abordagem integrativa que permite a interação complexa entre fatores biológicos,
psicológicos e sociais na psicopatologia. Isso influenciou a compreensão
contemporânea dos distúrbios mentais.

Fase na Cultura e Diversidade: A psicologia destaca a importância da


atenção cultural na compreensão e tratamento dos distúrbios mentais.
Abordagens culturalmente sensíveis são fundamentais para a prática ética em
psicologia.

Avanços em Neurociência Cognitiva: A neurociência cognitiva contribui


para a compreensão dos substratos neurais dos transtornos mentais, promovendo
a integração entre a psicologia e a neurociência.

Em resumo, a psicologia desempenha um papel central na psicopatologia,


proporcionando uma compreensão abrangente dos aspectos mentais, emocionais
e comportamentais dos distúrbios mentais, além de oferecer intervenções
terapêuticas práticas.

RELAÇÕES DA PSICOPATOLOGIA COM A PSICOLOGIA GERAL

A psicopatologia e a psicologia geral estão interligadas, pois a


psicopatologia é uma subdisciplina da psicologia que se concentra
especificamente no estudo dos distúrbios mentais, enquanto a psicologia geral
abrange um espectro mais amplo de audiências psicológicas, incluindo processos
normais e saudáveis. Aqui estão algumas relações importantes entre a

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psicopatologia e a psicologia geral:

Contexto Histórico e Teórico: Ambos têm raízes na história da psicologia.


O desenvolvimento da psicologia geral, desde os primórdios como Wilhelm
Wundt, até os movimentos psicanalíticos, behavioristas, cognitivos e outros,
influenciaram a maneira como a psicopatologia é compreendida e abordada.

Estudo de Fenômenos Normais e Anormais: A psicologia geral explora


uma ampla gama de características psicológicas normais, como percepção,
aprendizado, memória, motivação e emoção. A psicopatologia, por outro lado,
concentra-se em características psicológicas anormais, investigando distúrbios
mentais e comportamentos desadaptativos.

Compreensão do Espectro Psicológico: A psicologia geral fornece uma


base para compreender a diversidade e complexidade da mente humana,
incluindo variações normais de personalidade e comportamento. A psicopatologia
se aprofunda nas manifestações extremas ou desviadas dessas tendências,
considerando como e por que ocorrem os desvios.

Diagnóstico e Tratamento: A psicopatologia utiliza conceitos e métodos


da psicologia geral no diagnóstico e tratamento de distúrbios mentais. A
compreensão dos princípios psicológicos é essencial para desenvolver
intervenções terapêuticas eficazes.

Pesquisa e Métodos Científicos: Tanto a psicologia geral quanto a


psicopatologia empregam métodos científicos para investigar questões
psicológicas. Ambas as áreas realizam pesquisas empíricas, utilizam
metodologias experimentais e correlacionais, e buscam desenvolver teorias
fundamentadas em evidências.

Abordagem Biopsicossocial: A abordagem biopsicossocial, que


considera fatores biológicos, psicológicos e sociais na compreensão das reflexões
mentais, é relevante tanto para a psicologia geral quanto para a psicopatologia.
Ambas as áreas reconhecem a complexidade dessas questões.

Contribuição para a Prática Clínica: A psicologia geral contribui para a


prática clínica ao fornecer conhecimentos sobre processos cognitivos, emocionais

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e comportamentais normais. Essa base é crucial para compreender a normalidade
e a anormalidade, auxiliando no diagnóstico e tratamento em psicopatologia.

Prevenção e Promoção da Saúde Mental: Ambas as áreas estão


envolvidas na promoção da saúde mental e na prevenção de distúrbios mentais.
A psicologia geral contribui para estratégias de promoção da saúde mental,
enquanto a psicopatologia aborda as intervenções necessárias quando ocorrem
distúrbios.

Ao considerar a relação entre a psicopatologia e a psicologia geral, é


importante considerar que ambas as disciplinas são complementares e se
beneficiam mutuamente, proporcionando uma compreensão mais abrangente da
mente humana em sua variedade de estados normais e patológicos.

CONSTITUIÇÃO E MANIFESTAÇÃO DOS SINTOMAS E DOS


TRANSTORNOS MENTAIS

Os sintomas e transtornos mentais podem manifestar-se de diversas


maneiras, e a sua constituição muitas vezes é influenciada por uma interação
complexa de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Aqui estão algumas
considerações sobre a constituição e manifestação desses fenômenos:

Sintomas Afetivos (Emocionais): Inclui alterações no humor, como


tristeza persistente (depressão), euforia excessiva (mania), ansiedade intensa,
medo, raiva descontrolada, entre outros.

Sintomas Cognitivos: Afetam o pensamento e incluem dificuldades de


concentração, pensamentos intrusivos, distorções cognitivas (pensamentos
negativos distorcidos), alucinações e delírios.

Sintomas Comportamentais: Englobam mudanças no comportamento


observável, como isolamento social, mecânico, impulsividade, comportamentos
compulsivos ou rituais repetitivos.

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Sintomas físicos: Algumas condições mentais manifestam-se por meio de
sintomas físicos, como dores de cabeça, problemas gastrointestinais, tensão
muscular, fadiga extrema, entre outros.

Sintomas Sociais: Podem incluir dificuldades nas relações interpessoais,


isolamento social, dificuldades de comunicação e interação.

Variação de Intensidade e Persistência: A intensidade dos sintomas


pode variar ao longo do tempo, e a persistência dos sintomas é um fator
importante para o diagnóstico de transtornos mentais.

Adaptação Contextual: A expressão de sintomas pode ser influenciada


pelo contexto cultural. Por exemplo, a manifestação de sintomas de depressão
pode variar entre culturas.

Interferência no Funcionamento Diário: A presença de sintomas e


transtornos mentais é significativa quando eles causam angústia significativa ou
interferem no funcionamento diário do indivíduo.

É importante destacar que a avaliação e o diagnóstico de transtornos


mentais devem ser realizados por profissionais de saúde mental específicos,
levando em consideração a complexidade e a individualidade de cada caso. O
tratamento muitas vezes envolve abordagens integradas, como psicoterapia,
medicamentos e suporte social.

OS PRINCIPAIS TIPOS DE PSICOPATOLOGIA

A psicopatologia abrange uma ampla variedade de campos e tipos que se


concentram no estudo dos transtornos mentais e das características psicológicas
anormais. Aqui alguns dos principais campos e tipos de psicopatologia estão:

Transtornos: Inclui depressão maior, transtorno bipolar e distimia. Os


transtornos de humor envolvem alterações persistentes no humor, como períodos
de tristeza intensa, desespero (em depressão) ou variações extremas entre

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períodos de depressão e mania (em transtorno bipolar).

Transtornos de Ansiedade: Envolvem condições como transtorno de


ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobias específicas e transtorno
obsessivo-compulsivo (TOC). Esses transtornos estão associados a
preocupações excessivas, medos irracionais, ataques de ansiedade ou
comportamentos compulsivos.

Transtornos Psicóticos: Inclui esquizofrenia e transtornos relacionados.


Os transtornos psicóticos envolvem distorções na percepção da realidade, como
alucinações, delírios e pensamentos desorganizados.

Transtornos de Personalidade: Englobam condições como transtorno de


personalidade borderline, transtorno de personalidade antissocial, entre outros.
Esses transtornos estão associados a padrões persistentes de comportamento,
cognição e relacionamento que se desviam das expectativas culturais.

Transtornos do Controle dos Impulsos: Inclui transtornos como


transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno de controle
de impulsos e transtornos relacionados. Esses transtornos envolvem dificuldades
no controle de comportamentos impulsivos.

Transtornos do Espectro Autista (TEA): Caracterizados por déficits de


comunicação social e comportamentos repetitivos ou restritos. O transtorno do
espectro autista é um exemplo proeminente nesse campo.

Transtornos Alimentares: Inclui anorexia nervosa, bulimia nervosa e


transtornos alimentares relacionados. Esses transtornos estão associados a
padrões de agressão e preocupações excessivas com peso e imagem corporal.

Transtornos do Sono: Englobam condições como insônia, apneia do sono


e narcolepsia. Esses transtornos estão relacionados a dificuldades na qualidade,
duração ou padrão do sono.

Transtornos de Estresse e Trauma: Inclui transtorno de estresse pós-


traumático (TEPT) e transtorno de adaptação. Esses transtornos estão
associados a situações anormais ao estresse ou a eventos traumáticos.

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Transtornos Sexuais: Englobam disfunções sexuais, como disfunção
erétil, transtorno do desejo sexual hipoativo e transtorno orgásmico feminino.

Esses são apenas alguns exemplos e a psicopatologia é um campo vasto


que continua a evoluir com pesquisas e descobertas na área da saúde mental.
Cada tipo de transtorno exige uma abordagem específica de diagnóstico e
tratamento, muitas vezes envolvendo uma equipe multidisciplinar de profissionais
de saúde mental.

SÍNDROMES DEPRESSIVAS

As síndromes depressivas referem-se a um conjunto de condições


específicas por sintomas depressivos significativos. Essas síndromes podem
variar em gravidade, duração e impacto no funcionamento diário. As síndromes
e as reações depressivas surgem com muita frequência após perdas
significativas: de pessoa muito querida, emprego, moradia, status socioeconômico
ou algo puramente simbólico.

A ordenação da depressão em vários subtipos é um desafio


psicopatológico permanente. Os subtipos de síndromes e transtornos depressivos
mais utilizados na prática clínica, de acordo com a Classificação internacional de
doenças e problemas relacionados à saúde (CID11) e o Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais (DSM-5), são:

1. Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente


(CID-11 e DSM-5)
2. Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID-11 e
DSM-5)
3. Depressão atípica (DSM-5)
4. Depressão tipo melancólica ou endógena (CID-11 e DSM-5)
5. Depressão psicótica (CID-11 e DSM-5)
6. Estupor depressivo ou depressão catatônica (DSM-5)
7. Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID-

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11 e DSM5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID-11)
8. Depressão unipolar ou depressão bipolar
9. Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID-11 e DSM-
5)
10. Depressão mista (DSM-5)
11. Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição
médica (incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância ou
medicamento) (CID-11 e DSM-5)

É importante ressaltar que o diagnóstico preciso e o tratamento eficaz para


as síndromes depressivas devem ser realizados por profissionais de saúde
mental. A terapia cognitivo-comportamental, a psicoterapia, a terapia
medicamentosa (antidepressivos) e o suporte social são algumas das abordagens
comuns para o tratamento dessas condições.

SÍNDROMES MANÍACAS E TRANSTORNO BIPOLAR

Síndromes maníacas

As síndromes maníacas e o transtorno bipolar são condições psiquiátricas


descritas por alterações significativas no humor, energia e atividade.

A base da síndrome maníaca são sintomas de euforia, alegria exacerbada,


elação (expansão do Eu), grandiosidade ou irritabilidade marcante,
desproporcionais aos fatos da vida e distintos do estado comum de alegria ou
entusiasmo que o indivíduo sadio apresenta em sua vida.

A mania é um estado de humor elevado, expansivo ou irritável,


acompanhado por um aumento anormal na energia e atividade. Nos sintomas
maníacos inclui aumento da autoestima, diminuição da necessidade de sono, fala
rápida, pensamento acelerado, distração, aumento do envolvimento em

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atividades de risco (como gastos excessivos, comportamento sexual impulsivo).

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) exige,


para o diagnóstico de episódio maníaco, que estejam presentes, na maior parte
do dia, por pelo menos uma semana (geralmente duram bem mais que isso), além
de humor elevado (euforia, elação), pelo menos mais três dos sintomas de mania
(quatro, se o humor for apenas irritável) descritos a seguir:

1. Aumento da autoestima: O paciente se sente superior, melhor que


os outros, mais potente.
2. Diminuição da necessidade de sono: Às vezes, os familiares
referem como insônia, mas, trata-se, de fato, de diminuição do tempo de sono,
sem queixas do paciente (que dorme pouco, de 3 a 4 horas por noite, sem que
isso o afete).
3. Loquacidade: Produção verbal rápida, fluente e persistente, ou
Logorreia: Produção verbal muito rápida, fluente, com perda das concatenações
lógicas, substituídas por associações contingenciais ou por assonância.
4. Pressão para falar: Tendência irresistível de falar sem parar, de
não conseguir interromper a fala.
5. Alterações formais do pensamento: Expressam-se como fuga de
ideias, desorganização do pensamento, superinclusão conceitual,
tangencialidade, descarrilhamento, incoerência, ilogicidade, perda dos objetivos e
repetição excessiva. Pacientes maníacos apresentam também pensamentos com
combinações extravagantes, com irreverência e jocosidade.
6. Distraibilidade: Atenção voluntária diminuída, e espontânea,
aumentada.
7. Aumento de atividade: dirigida a objetivos (no trabalho, na escola,
na sexualidade) ou agitação psicomotora.
8. Envolvimento excessivo em atividades potencialmente
perigosas ou danosas, como comprar objetos ou dar seus pertences
indiscriminadamente e realizar investimentos financeiros insensatos ou
indiscrições sexuais; há comportamentos sexuais aumentados, desinibidos, e o
paciente se torna particularmente vulnerável a exposições sexuais de risco (sexo
desprotegido).

21
Transtorno bipolar

O TB, em seus vários tipos, é marcado por seu caráter fásico, episódico.
Os episódios de mania e depressão ocorrem de modo relativamente delimitado
no tempo, e, com frequência, há períodos de remissão, em que o humor do
paciente encontra-se normal, eutímico, e as alterações psicopatológicas mais
intensas regridem.

O Transtorno Bipolar é uma condição de saúde mental caracterizada por


flutuações extremas de humor, envolvendo episódios de mania, hipomania e
depressão. Existem vários tipos de Transtorno Bipolar, e o diagnóstico é
geralmente baseado na natureza e gravidade dos episódios de humor. Aqui estão
alguns aspectos importantes sobre o Transtorno Bipolar:

Transtorno Bipolar Tipo I: Caracterizado por pelo menos um episódio


maníaco, que pode ser seguido por episódios depressivos ou mistos. Episódios
maníacos podem incluir sintomas graves, como comportamento impulsivo e
alucinações.

Transtorno Bipolar Tipo II: Caracterizado por episódios depressivos


recorrentes e episódios hipomaníacos (uma forma mais leve de mania que não
inclui sintomas psicóticos).

Transtorno Ciclotímico: Uma forma mais leve do transtorno bipolar, onde


a pessoa experimenta flutuações crônicas de humor, mas não atende aos critérios
para mania, hipomania ou depressão maiores.

O manejo eficaz do Transtorno Bipolar requer uma abordagem


personalizada e uma colaboração contínua entre o paciente e a equipe de saúde
mental. O suporte social e a compreensão da condição são cruciais para o
sucesso do tratamento.

22
SÍNDROMES ANSIOSAS

As síndromes ansiosas referem-se a condições de saúde mental


caracterizadas por níveis elevados de ansiedade e preocupação persistentes.
Estas condições podem variar em gravidade, duração e impacto na qualidade de
vida.

Abaixo estão algumas das principais síndromes ansiosas:

1. Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG):

Características:

Preocupação excessiva e persistente sobre várias áreas da vida, como


trabalho, saúde ou relacionamentos.

Dificuldade em controlar a preocupação.

Sintomas físicos, como tensão muscular, fadiga, irritabilidade, dificuldade


de concentração e distúrbios do sono.

2. Transtorno do Pânico:

Características:

Episódios súbitos e intensos de medo, acompanhados por sintomas físicos


como palpitações, tremores, falta de ar, sudorese e sensações de desrealização.

Pode levar a comportamentos de evitação de lugares ou situações


associadas a ataques de pânico.

23
3. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT):

Características:

Desenvolve-se após a exposição a um evento traumático.

Os sintomas incluem flashbacks, pesadelos, hipervigilância, evitação de


gatilhos relacionados ao trauma e alterações de humor.

4. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC):

Características:

Pensamentos intrusivos e indesejados (obsessões) que levam a


comportamentos repetitivos (compulsões) para aliviar a ansiedade.

Comportamentos compulsivos podem incluir lavagem excessiva das mãos,


verificação constante e contagem.

5. Transtorno de Ansiedade Social (TAS):

Características:

Medo intenso e persistente de ser julgado ou criticado por outros.

Evitação de situações sociais, resultando em impacto significativo nas


relações interpessoais e no funcionamento social.

6. Fobia Específica:

Características:

Medo intenso e irracional de um objeto, animal, situação ou atividade


específica.

24
Comportamentos de evitação são comuns, impactando a vida cotidiana.

7. Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS):

Características:

Ansiedade excessiva ao se separar de figuras de apego, geralmente


associada a crianças.

Pode resultar em deficiência escolar, pesadelos e sintomas físicos quando


a separação ocorre.

8. Transtorno de Ansiedade de Doença:

Características:

Preocupação persistente sobre a possibilidade de ter uma doença grave,


apesar da ausência de evidências médicas.

Comportamentos de verificação de saúde frequentes

9. Transtorno de Ansiedade Noturna:

Características:

Ansiedade intensa e perturbações do sono relacionadas à preocupação


excessiva durante a noite.

Pode levar a insônia crônica e fadiga diurna.

O diagnóstico e tratamento de síndromes ansiosas devem ser personalizados


para atender às necessidades individuais de cada pessoa e devem ser realizados
por profissionais de saúde mental. O suporte social e a compreensão são
componentes importantes do processo de tratamento.

25
SÍNDROMES PSICÓTICAS

As síndromes psicóticas caracterizam-se por experiências como


alucinações e delírios, desorganização marcante do pensamento e/ou do
comportamento ou comportamento catatônico. Experiência intensa de estar
sendo perseguido ou ameaçado (por pessoas ou forças estranhas), assim como
alterações evidentes na vida pessoal, familiar e social, são frequentes nos
quadros psicóticos. São condições, de modo geral, de acentuada gravidade.

As síndromes psicóticas referem-se a condições psiquiátricas em que os


indivíduos experimentam sintomas psicóticos, que envolvem uma perda de
contato com a realidade. Os sintomas psicóticos incluem alucinações, delírios,
pensamento desorganizado e alterações no pensamento, percepção e
comportamento.

Aqui estão algumas das síndromes psicóticas mais comuns:

Esquizofrenia

Entre as mais importantes propostas para conceitualizar o que deve ser


compreendido como esquizofrenia estão as noções apresentadas tanto por
autores importantes da psicopatologia como pelos sistemas diagnósticos atuais,
como apresentado a seguir (Emil Kraepelin (1856-1926); Eugen Bleuler (1857-
1939); Karl Jaspers (1883-1969); Kurt Schneider (1887-1967); Cid-11; DSM-5).

Emil Kraepelin (1856-1926):

 Alterações da vontade (perda do elã vital, negativismo).


 Aplainamento até embotamento afetivo Alterações da atenção e da
compreensão.

26
 Transtorno do pensamento, no sentido de associações frouxas
Alterações do juízo, da avaliação da realidade.
 Alucinações, especialmente auditivas.
 Vivências de influência sobre o pensamento
 Evolução deteriorante (83% dos casos) no sentido de embotamento
geral da personalidade.

Eugen Bleuler (1857-1939)

 Alterações formais do pensamento, no sentido de afrouxamento até


perda das associações.
 Aplainamento até embotamento afetivo.
 Ambivalência afetiva; afetos contraditórios vivenciados
intensamente ao mesmo tempo “Autismo”, como tendência a isolamento psíquico
global em relação ao mundo.
 Dissociação ideoafetiva, desarmonia profunda entre as ideias e os
afetos.
 Evolução muito heterogênea; muitos casos podem apresentar
evolução benigna.

Karl Jaspers (1883-1969)

 Ideias delirantes primárias, não compreensíveis psicologicamente.


 Humor delirante precede o delírio.
 Alucinações verdadeiras, primárias.
 Vivências de influência, vivências do “feito”.

Analisando-se a vida total do paciente, nota-se que ocorreu quebra na


curva existencial, transformação radical da personalidade e da existência da
pessoa.

27
Kurt Schneider (1887-1967)

 Percepção delirante.
 Vozes que comentam a ação.
 Vozes que comandam a ação Eco ou sonorização do pensamento.
 Difusão do pensamento.
 Roubo do pensamento.
 Vivências de influência no plano corporal, dos afetos, das
tendências, da vontade ou do pensamento.

Cid-11

Podem estar presentes alterações em múltiplas dimensões mentais e


comportamentais, inclusive:

 Pensamento (delírios e/ou desorganização da forma do


pensamento) percepção (alucinações)
 Experiências de alterações do self (experiência de que os
sentimentos, impulsos, pensamentos ou atos estão sob controle de forças
externas)
 Perdas cognitivas (déficits na atenção, na memória verbal e na
cognição social)
 Alterações da volição (perda da motivação) alterações dos afetos
(aplainamento emocional)
 Alterações psicomotoras, inclusive catatonia.

São considerados sintomas nucleares: delírios e/ou alucinações


persistentes, transtornos formais do pensamento, experiências de influência,
passividade ou controle. Os sintomas devem estar presentes por, pelo menos, um
mês.

28
DSM-5

A. Dois ou mais dos seguintes sintomas (de 1 a 5) devem estar presentes


com duração significativa por, pelo menos, um mês:
1. Delírios alucinações.
2. Discurso desorganizado.
3. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico.
4. Sintomas negativos (embotamento afetivo, alogia, avolição).
B. Disfunções sociais, no trabalho e/ou no estudo, denotando perdas nas
habilidades interpessoais e produtivas.
C. Duração dos sintomas principais de pelo menos um mês (de A. 1 a 5) e
do quadro deficitário (sintomas prodrômicos ou residuais) de pelo
menos seis meses.

Transtorno delirante (paranoia) e esquizofrenia tardia (parafrenia)

Uma forma de psicose próxima à esquizofrenia, mas distinta, é o transtorno


delirante, que se caracteriza pelo surgimento e pelo desenvolvimento de um
delírio ou sistema delirante (vários delírios de alguma forma interligados
tematicamente) com considerável preservação da personalidade, da afetividade,
da cognição e do resto do psiquismo do indivíduo acometido. Não deve haver
pensamento e/ou comportamento francamente desorganizado ou sintomas
negativos marcantes.

O transtorno delirante, tal como descrito nos sistemas diagnósticos atuais


(CID-11 e DSM-5), é um construto heterogêneo. Poucos casos são subagudos e
transitórios, com remissão completa após alguns meses, e outros evoluem para
quadros mais graves de esquizofrenia. Entre esses dois extremos, há pessoas
com delírios persistentes, que expressam a ideia clássica de paranoia.

O termo parafrenia é uma entidade nosológica da tradição psicopatológica

29
(mas que não aparece nos sistemas atuais) referente a formas de psicose
esquizofreniforme, de aparecimento tardio (após os 50 ou 60 anos), em que
surgem delírios, em geral organizados e acompanhados de alucinações, mas nas
quais, de forma semelhante ao transtorno delirante, há relativa preservação da
personalidade, sem alterações ou com alterações mínimas da afetividade e da
vontade (e quando ocorrem são relacionadas ao delírio e às alucinações). Alguns
autores consideram a parafrenia uma forma tardia de esquizofrenia, que surge em
geral após os 50 anos de idade.

Transtornos psicóticos agudos, breves e transitórios

A observação clínica registra, desde há muitas décadas, casos de


pacientes com quadros psicóticos, com sintomas mais ou menos semelhantes à
esquizofrenia (pode haver alucinações e delírios, bem como discurso e
comportamento desorganizados), de surgimento bem agudo (geralmente eclodem
e alcançam máxima gravidade em até duas semanas). Entretanto, tais quadros,
diferentemente da esquizofrenia (com curso em geral grave e deteriorante)
revelam remissão relativamente rápida dos sintomas (dias ou semanas) e não
implicam deterioração da vida social ou empobrecimento psíquico em forma de
sintomas negativos ou perdas cognitivas.

A duração do episódio não deve ultrapassar três meses (CID-11) ou um


mês (DSM-5), mas, de modo geral, dura de poucos dias a um mês. Há, após o
episódio psicótico, retorno completo ao nível de funcionamento anterior à eclosão
dos sintomas psicóticos agudos.

Uma parte (mas nem todos) desses casos surge após estressores
evidentes, mais ou menos intensos, como assalto, acidente grave de trânsito ou
de trabalho, morte de parentes ou amigos queridos, perder-se em uma cidade ou
em uma floresta, entre ouras situações.

No transtorno psicótico breve, predominam, de característica, sintomas


floridos, como ideias delirantes ou deliroides (em geral paranoides), alucinações

30
visuais e/ou auditivas, muitas vezes com intensa perplexidade, certa confusão
mental e turbulência emocional, e pode haver ansiedade acentuada e medos
difusos. Sintomas catatônicos também podem estar presentes. Os sintomas
tipicamente mudam muito, tanto em sua natureza como em sua intensidade, às
vezes, de um dia para outro, ou no mesmo dia. Deve-se notar também que o
surgimento de sintomas exuberantes, floridos e rapidamente mutáveis, sobretudo
em casos de início bem agudo e com estressores importantes que desencadeiam
o quadro, indica, de modo geral, melhor prognóstico para tais episódios psicóticos.

Transtorno esquizoafetivo

O transtorno esquizoafetivo se caracteriza pela presença de proeminentes


sintomas requeridos para o diagnóstico de esquizofrenia em conjunto (no mesmo
episódio, simultaneamente, ou com distância de poucos dias entre eles) com
sintomas típicos de um episódio de depressão maior, de mania ou de episódio
misto (para a CID-11, concomitância com duração de pelo menos um mês).

Para o DSM-5, o transtorno esquizoafetivo se caracteriza pela


concomitância de sintomas evidentes de esquizofrenia (critérios A) associados a
sintomas suficientes para o diagnóstico de episódio depressivo maior ou episódio
maníaco. Entretanto, para diferenciar o transtorno esquizoafetivo dos quadros de
depressão ou mania psicótica, o DSM-5 exige que haja pelo menos duas semanas
de delírios ou alucinações na ausência de episódio depressivo maior ou mania.
Além disso, para o DSM-5, os episódios de depressão maior ou mania estão
presentes na maior parte da duração total do transtorno.

31
SÍNDROMES DE COMPORTAMENTOS DISRUPTIVOS E AGRESSIVOS
NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA

Transtornos agressivos ou disruptivos são relativamente frequentes na


infância e na adolescência e se relacionam com o autocontrole das emoções e do
comportamento. Crianças e adolescentes com tais transtornos têm problemas na
regulação emocional, revelam comportamentos agressivos, que violam os direitos
dos outros, além de apresentarem conflitos com normas sociais e figuras de
autoridade e atitudes destrutivas com os outros e consigo mesmos.

Os transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta tendem a


ser mais frequentes em meninos, ocorrem em vários ambientes (não são restritos
a um único ambiente como escola, lar, clube, etc.) e são relativamente
duradouros, em geral com duração de vários anos.

Transtorno disruptivo da desregulação do humor: Nesse transtorno, o


sintoma central é a irritabilidade crônica grave. O diagnóstico geralmente é feito
antes dos 10 anos de idade (e não pode, pela primeira vez, ser feito depois dos
18 anos), e tal categoria diagnóstica não deve ser aplicada a crianças com menos
de 6 anos de idade. A criança tem explosões de raiva que não se explicam pela
sua idade e estágio de desenvolvimento; as explosões são frequentes, de três ou
mais vezes por semana; e o humor entre as explosões é persistentemente irritável
ou zangado. As explosões geralmente ocorrem em diversos ambientes, mas, para
o diagnóstico, devem ser graves em pelo menos um dos ambientes.

Transtorno de oposição desafiante: Nessa condição, observa-se, em


crianças e adolescentes, humor de base irritável ou raivoso, assim como
comportamento frequentemente desafiante ou questionador e índole vingativa.
Assim, são crianças que em seu humor raivoso ou irritável perdem com frequência
a calma, são muito sensíveis ou facilmente incomodadas e se apresentam
também frequentemente raivosas ou ressentidas.

O comportamento desafiante e/ou questionador revela frequente


questionamento de figuras de autoridade (pais, professores, pessoas adultas com

32
papel de educador ou disciplinar), recusa a obedecer a regras ou pedidos de tais
figuras e atitude desafiadora dirigida a tais pessoas. Crianças com o transtorno
com frequência culpam outros por seus erros ou mau comportamento e
incomodam deliberadamente as demais pessoas. Por fim, cabe mencionar que
nesse transtorno é frequente uma índole vingativa, raivosa e com níveis altos de
reatividade emocional.

A CID-11 traz uma interessante distinção no transtorno de oposição


desafiante (TOD). Foram incluídas duas novas dimensões que diferenciam
subtipos de TOD: com ou sem irritabilidade e raiva crônicas, assim como os
subtipos com emoções pró-sociais presentes ou com ausência ou limitação de
emoções pró-sociais. Esse é um esforço para individualizar subtipos de
transtornos disruptivos mais específicos. Tais comportamentos, para se fazer o
diagnóstico pelo DSM-5, devem estar presentes pelo menos uma vez por semana,
por pelo menos seis meses.

Transtorno da conduta (DSM-5 e CID-11): o transtorno da conduta (DSM-


5), ou transtorno dissocial de conduta (CID-11), se caracteriza por um padrão de
comportamentos agressivos e transgressivos repetitivos e persistentes (devem
estar presentes por pelo menos um ano para o diagnóstico). Os direitos básicos
dos outros são desrespeitados, e as normas, as regras sociais e as leis são
violadas.

A criança ou adolescente apresenta comportamento agressivo, geralmente


sádico, para com os outros (muitas vezes menores) ou com animais. Também
pode estar presente a destruição de propriedades; mentiras são comuns, assim
como roubos. O transtorno, em geral, é de longa duração (anos) e prejudica
gravemente a vida da criança e de seus familiares. Atos violentos, criminosos ou
antissociais isolados não devem receber esse diagnóstico.

É comum nessas crianças e adolescentes o fracasso escolar, e


diagnósticos comórbidos frequentes são transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH), deficiência intelectual leve ou inteligência limítrofe
e, na adolescência, os transtornos por uso de substâncias. A CID-11 introduziu
uma interessante distinção no transtorno da conduta, diferenciando aqueles com

33
emoções pró-sociais presentes de um subtipo com ausência ou limitação de
emoções pró-sociais.

Transtorno explosivo intermitente (DSM-5 e CID-11)

Nesse caso, há explosões comportamentais recorrentes; a criança ou


adolescente apresenta uma falha básica em controlar os impulsos agressivos.
Produz agressões verbais em acessos de raiva, xingamentos, discussões
violentas. Nas explosões, pode quebrar objetos e bater em animais ou em outras
pessoas.

A dimensão da agressividade expressa durante as explosões é claramente


desproporcional em relação às provocações ou aos estressores psicossociais
desencadeantes. Deve-se atentar aqui para o fato de as explosões de
agressividade não poderem ser premeditadas, não terem objetivos de atingir a um
fim predeterminado tangível (obter dinheiro, intimidar os outros ou obter mais
poder).

São explosões impulsivas, e não instrumentais para obter ganhos


desejados. Esse diagnóstico pode ser difícil de diferenciar do transtorno disruptivo
da desregulação do humor. Neste último, o básico é a irritabilidade crônica grave,
enquanto no transtorno explosivo intermitente a falha básica é em controlar os
impulsos agressivos. De toda forma, há sobreposição conceitual entre esses dois
construtos.

34
SÍNDROMES RELACIONADAS AO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

O comportamento alimentar, apesar de sua aparente banalidade na vida


cotidiana, é um fenômeno humano complexo e de importância central nas
sociedades humanas e na experiência subjetiva das pessoas, o comportamento
alimentar reúne algumas dimensões básicas:

• Dimensão fisiológico-nutritiva: Relaciona-se a aspectos


metabólicos, endócrinos, neuroquímicos e neuronais, que regulam os
mecanismos de fome e saciedade, a demanda e a satisfação das necessidades
nutricionais.
• Dimensão afetiva e relacional: A fome e a alimentação vinculam-
se à satisfação e ao prazer. O prazer alimentar oral tem, segundo a psicanálise,
uma conotação nitidamente libidinal. No desenvolvimento da criança, a zona bucal
e a amamentação são os mediadores da primeira relação interpessoal
fundamental: a relação mãe-bebê. O alimentar seu filho, para a mãe, é muito mais
que uma tarefa fisiológica: tem sentido afetivo especial, pode exprimir sentimentos
e participar da construção de um dos vínculos humanos mais importantes (Dara
et al., 2009).
• Dimensão social e cultural: Ao longo da história da humanidade,
todas as sociedades e culturas estabelecem regras, tabus e rituais em relação
aos alimentos e aos comportamentos alimentares. Por exemplo, é muito comum
que se prefira fazer refeições com pessoas e grupos por quem se tem particular
afeição. Os mais importantes momentos da vida pessoal e social são demarcados
por encontros nos quais a alimentação é ponto central, como jantares de
formatura, noivado, almoços de família, de aniversário, cerimônias de casamento
e, em muitas sociedades, mesmo os funerais são marcados por refeições
cerimoniais.

A conduta alimentar é motivada pelas sensações básicas de fome, sede e


saciedade. Estas são geradas, controladas e monitoradas por diversas áreas do
organismo: o hipotálamo (centro da saciedade) e várias estruturas límbicas e
corticais, mediadas por substâncias como a insulina, a leptina e a grelina. Além

35
disso, mudanças sociais e culturais relacionadas ao padrão de beleza, sobretudo
feminina (beleza magra), têm tido impacto internacional sobre a prevalência e o
curso das síndromes de comportamento alimentar, que têm aumentado em muitas
regiões do mundo.

Anorexia nervosa (DSM-5 E CID-11)

A anorexia nervosa caracteriza-se pela presença de peso muito baixo em


relação à altura devido à restrição de ingesta calórica em relação às
necessidades, o que leva à perda de peso autoinduzida. Tal perda se dá, portanto,
por abstenção de alimentos que engordam ou por comportamentos como vômitos
e/ou purgação autoinduzidos, exercício excessivo e uso de anorexígenos e/ou
laxantes e diuréticos.

Atualmente, o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais


(DSM-5) reconhece dois subtipos de anorexia nervosa: o tipo restritivo, no qual a
paciente se torna e permanece anorética pela restrição de alimentos, podendo
apresentar ou não sintomas obsessivo-compulsivos, e o tipo compulsão alimentar
purgativa, no qual, além de evitar ingerir alimentos calóricos, a pessoa tem
comportamentos ativos de perda de calorias, como vômitos autoinduzidos,
exercícios excessivos e uso de laxantes, diuréticos e enemas.

Deve-se diferenciar a anorexia nervosa do transtorno alimentar


restritivo/evitativo (CID-11 e DSM-5). Este se caracteriza por esquiva ou restrição
graves na área da alimentação, “produzidas”, em certo sentido, pela aversão a
alimentos pela pessoa acometida (não por falta de alimentos). Geralmente o
padrão começa a desenvolver-se na fase de criança lactente ou na primeira
infância (0-3 anos) e pode persistir ao longo da infância, da adolescência e do
período adulto. O comportamento alimentar restritivo resulta em aporte
inadequado e insuficiente de quantidade e variedade de alimentos para o gasto
energético e as necessidades nutricionais.

A restrição alimentar causa perda de peso significativa, falha em ganhar

36
peso adequado para o desenvolvimento infantil ou, na gestante, para o
desenvolvimento da gestação. A alimentação pode depender de suplemento
nutricional ou nutrição enteral por sonda. Importante salientar aqui que o padrão
alimentar restritivo, diferentemente do que ocorre na anorexia nervosa, não reflete
preocupações com o peso ou com as formas corporais. O comportamento está
centrado em evitar alimentos, não em parecer magro ou no pavor de engordar

Bulimia nervosa (DSM-5 E CID-11)

A bulimia nervosa (BN) caracteriza-se por preocupação persistente com o


comer e desejo irresistível de se alimentar, com o paciente sucumbindo a
repetidos episódios de hiperfagia, ou binge eating (“ataques” à geladeira, à
despensa, com sensação de perda do controle no comer). Caracteriza-se, ainda,
por preocupação excessiva com controle do peso corporal, que leva o paciente a
tomar medidas extremas, como vômitos autoinduzidos, purgação, enemas e
diuréticos, a fim de mitigar os efeitos do aumento de peso decorrente da ingestão
de alimentos.

Os indivíduos com BN estão geralmente dentro da faixa de peso normal,


embora alguns possam apresentar-se levemente acima ou abaixo dela (mas na
obesidade mórbida ela também está presente). O comportamento purgativo pode
produzir alterações hidreletrolíticas (hipocalemia, hiponatremia e hipocloremia).

A perda de ácido gástrico por meio dos vômitos pode ocasionar alcalose
metabólica, e a frequente indução de diarreia pelo abuso de laxantes pode causar
acidose metabólica. O vômito recorrente pode acarretar perda significativa e
permanente do esmalte dentário, o que pode levar à perda dos dentes

Como a BN é um comportamento socialmente condenável, as pacientes


costumam negar os sintomas quando inquiridas por profissionais de saúde. O
DSM-5 indica quatro níveis de gravidade da BN:

1. Leve, com média de 1 a 3 episódios de bulimia e comportamentos

37
compensatórios inapropriados (vômitos autoinduzidos, uso de laxantes,
diuréticos, entre outros) por semana;
2. Moderada, com 4 a 7 episódios semanais;
3. Grave, com 8 a 13 episódios por semana;
4. Extrema, com mais de 14 episódios semanais.

Por fim, é importante citar que o transtorno de compulsão alimentar (DSM-


5 e CID-11) se caracteriza por episódios frequentes e recorrentes de comer
compulsivo (binge eating), pelo menos uma vez por semana, por vários meses. O
indivíduo tem a sensação subjetiva de perda do controle em comer, não
consegue, na compulsão, parar de comer. Sente muito sofrimento com isso,
acompanhado de sentimentos de culpa e repulsa de seus comportamentos.
Entretanto, nesse caso, diferentemente da BN, não há comportamentos
purgativos após a compulsão alimentar. A pessoa não produz vômito
autoinduzido, não faz exercícios extremos e não abusa de laxantes ou enemas;
ela apresenta apenas a compulsão alimentar.

TRANSTORNOS DEVIDOS OU RELACIONADOS A SUBSTÂNCIAS E


COMPORTAMENTOS ADITIVOS

As substâncias com ação no cérebro e repercussões no


psiquismo/comportamento que fazem parte deste capítulo da psicopatologia são:
álcool, cafeína, tabaco, Cannabis (ou maconha), psicoestimulantes como cocaína
(pó ou crack) e anfetamínicos, opioides, alucinógenos, inalantes, sedativos,
hipnóticos e ansiolíticos.

Essas substâncias produzem, de modo geral, sensações de prazer ou


excitação (respostas de recompensa), cuja correspondência cerebral está
vinculada às chamadas áreas e circuitos de recompensa do cérebro. As principais
estruturas desses circuitos são o nucleus accumbens (NAc), a área tegmental
ventral e a amígdala, e o principal neurotransmissor envolvido é a dopamina.

Segundo a Classificação internacional de doenças e problemas

38
relacionados à saúde (CID-11), os transtornos devidos a substâncias são
ordenados em categoria única, para cada tipo de substância (álcool, cocaína,
maconha, etc.). Nessa categoria (p. ex., transtorno devido ao álcool), para cada
tipo de problema, deve-se, quando necessário, acrescentar os especificadores ou
subtipos – por exemplo, transtorno devido ao álcool: intoxicação, dependência,
abstinência e quadros psicopatológicos induzidos.

Já no Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), os


transtornos relacionados a substâncias são classificados em dois grandes grupos:
1) transtornos por uso de substâncias e 2) transtornos induzidos por substâncias.
A seguir, são apresentados esses dois grupos.

Transtornos por uso de substâncias (DSM-5)

O diagnóstico desta categoria inclui a utilização persistente e repetitiva de


uma substância específica (a especificar), apesar das graves consequências. O
indivíduo em questão apresenta uma significativa falta de controle sobre o uso
desta substância, resultando em repercussões psicossociais e sociais adversas,
bem como em riscos físicos e mentais. Além disso, eles podem encontrar
ocorrências farmacológicas como tolerância e abstinência.

Dentro do DSM-5, a classificação de “transtorno por uso de substâncias”


substitui o termo anterior, definido de forma mais restrita, “dependência química”,
que se refere estritamente a ocorrências farmacológicas e pode não encapsular
com precisão esses transtornos. Um componente essencial dos transtornos por
uso de substâncias é a falta de controle sobre o uso, evidenciada por esforços
malsucedidos para regular ou diminuir o consumo. As pessoas afetadas podem
dedicar uma quantidade significativa de tempo à aquisição da substância e suas
atividades diárias podem girar inteiramente em torno da droga.

Normalmente, existe um desejo ou necessidade de uso de drogas que é


comumente ativado pelo ambiente em que a droga foi previamente adquirida ou
consumida. O uso de substâncias pode levar a prejuízos sociais e psicológicos,

39
como a incapacidade de cumprir obrigações no trabalho, na escola ou em casa,
bem como o abandono de atividades sociais, profissionais ou recreativas cruciais.

A pessoa persiste no uso da droga apesar de enfrentar dificuldades nas


relações pessoais ou sociais decorrentes do uso. Além disso, o uso continuado
da droga representa um perigo para o seu bem-estar mental e/ou físico. Apesar
de ter consciência desses riscos, a pessoa não consegue se abster do uso do
medicamento.

Existem critérios farmacológicos adicionais que podem ser indicativos de


transtorno por uso de substâncias, mas não são um requisito para o diagnóstico
conforme descrito no DSM-5. Esses critérios incluem o desenvolvimento de
tolerância e a ocorrência de abstinência.

A necessidade de doses significativamente maiores de uma substância


para atingir o mesmo efeito, ou a diminuição do efeito das mesmas doses ao longo
de um período de tempo, são indicadores de tolerância. Certas drogas, incluindo
opioides, benzodiazepínicos e álcool, apresentam frequentemente esse
fenômeno. A síndrome de abstinência ou abstinência pode ocorrer quando a
concentração do medicamento no organismo diminui, resultando em sintomas
como ansiedade, tremores, sudorese, insônia ou sonolência. Os sintomas
específicos experimentados dependem da substância em questão.

É comum que os indivíduos apresentem sintomas de abstinência ao


interromper o uso de determinadas substâncias. Essas substâncias podem incluir
álcool, opioides, cafeína, tabaco, estimulantes (como cocaína e anfetaminas) e
sedativos (como benzodiazepínicos).

40
Transtornos induzidos por substâncias (DSM-5)

O DSM-5 é um manual de diagnóstico utilizado por profissionais de saúde


mental em todo o mundo. Inclui uma seção que detalha os transtornos induzidos
por substâncias, que são transtornos de saúde mental causados pelo uso de
substâncias. Esses distúrbios podem se manifestar de diversas maneiras, com
sintomas que variam de leves a graves. É importante diagnosticar com precisão
esses distúrbios, a fim de fornecer tratamento e apoio eficazes para indivíduos
que lutam contra o abuso de substâncias.

Esta classificação abrange uma série de transtornos que surgem da


intoxicação e da síndrome de abstinência de substâncias, bem como uma
variedade de estados psicopatológicos que podem ser desencadeados pelo uso
de substâncias, incluindo, entre outros, transtornos de humor, como depressão ou
mania, ansiedade, delírio, distúrbios neurocognitivos, distúrbios e psicoses. Esses
distúrbios induzidos decorrem do impacto fisiológico da substância no cérebro.

A síndrome induzida pelo uso de substâncias está intrinsecamente ligada


à frequência desse uso. Embora estas condições sejam na sua maioria
reversíveis, podem persistir durante algumas horas ou dias, mas raramente
ultrapassam um mês sem consumo continuado. A intoxicação é uma síndrome de
natureza reversível e caracterizada por alterações no comportamento e no estado
mental, incluindo, mas não se limitando a, função cognitiva prejudicada,
alterações na percepção, atenção, julgamento e comportamento psicomotor, bem
como mudanças emocionais imprevisíveis e instáveis. Esta síndrome é o
resultado da ingestão recente de substâncias. O termo "binge" refere-se a um
episódio de consumo compulsivo intenso, rápido e intimamente associado à
intoxicação.

Ao trabalhar clinicamente com pacientes, é crucial diferenciar entre


condições psicopatológicas graves causadas por substâncias (ou às vezes por
síndrome de abstinência) e episódios independentes (como esquizofrenia, mania,
depressão e outros). Existem dois parâmetros cruciais empregados para fazer
essa distinção.

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1. Quando o uso de substâncias ou a síndrome de abstinência são a
causa da condição de um paciente, espera-se que os sintomas se dissipem em
um período máximo de 30 dias após a cessação do uso. Normalmente, a condição
do paciente melhora alguns dias após a abstinência, e dentro de uma ou duas
semanas, todos os sintomas desaparecem. Os sintomas específicos que surgem
como resultado do uso ou abstinência de substâncias estão diretamente
correlacionados ao efeito que a substância ou síndrome de abstinência tem no
cérebro do paciente. Por exemplo, as substâncias que mais frequentemente
induzem condições psicóticas incluem alucinógenos como dietilamida do ácido
lisérgico (LSD), cocaína, maconha e anfetaminas.

2. Quando um paciente apresenta uma condição causada pelo uso ou


abstinência de uma substância, espera-se que os sintomas desapareçam dentro
de trinta dias a partir da data em que parou de consumir a substância. Geralmente,
os sintomas diminuem alguns dias após a abstinência e, num período de uma a
duas semanas, desaparecem completamente. O tipo de condição induzida que
um paciente experimenta está diretamente relacionado aos efeitos da substância
no cérebro ou à síndrome de abstinência. Por exemplo, alucinógenos como a
dietilamida do ácido lisérgico (LSD), a cocaína, a maconha e as anfetaminas são
substâncias que muitas vezes levam a condições psicóticas induzidas.

SÍNDROMES RELACIONADAS AO SONO

Há grande variabilidade individual em relação ao padrão e à necessidade


de sono. Algumas pessoas sentem-se descansadas e ativas durante o dia
dormindo 5 horas por noite; outras necessitam de 10 a 12 horas de sono para se
sentirem bem durante o dia. Com frequência, problemas com o sono são
acompanhados de depressão, ansiedade e alterações cognitivas, o que revela
comorbidades frequentes que agravam os transtornos. Os transtornos do sono,
pela sua frequência e impacto, representam um importante desafio à saúde
pública.

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Segundo a Classificação internacional dos distúrbios do sono (CIDS-2),
existem mais de 81 distúrbios (estudados pela chamada medicina do sono).
Entretanto, essa classificação é feita para uso de especialistas nesses
transtornos. Para os profissionais da saúde não especialistas em sono, em geral,
os transtornos do sono mais importantes devem ser apresentados de forma mais
acessível:

1. Transtorno de insônia;
2. Transtorno de hipersonolência;
3. Síndrome das pernas inquietas;
4. Transtornos do sono relacionados à respiração (apneias do sono);
5. Transtornos do sono-vigília do ritmo circadiano (tipo fase do sono
atrasada e fase do sono avançada);
6. Narcolepsia;
7. Parassonias (sonambulismo, terror noturno, bruxismo).

O diagnóstico dos transtornos do sono é realizado por meio de anamnese


detalhada referente aos comportamentos relacionados ao sono e à sonolência,
sempre que possível com o paciente e pessoa que convive com ele e observa
com frequência seu tipo e padrão de sono e vigília.

Deve-se também, sempre que possível, utilizar o laboratório de sono, no


qual são feitas as polissonografias com avaliações global, fisiológica e
comportamental do sono, por meio de exames como eletrencefalograma,
eletrocardiograma, eletroculograma, avaliação do fluxo aéreo oral e nasal, gases
sanguíneos (saturação de oxigênio, concentração de dióxido de carbono),
monitoração de movimentos corporais (como eletromiograma tibial), entre outros.

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