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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 5

1 PSICOPATOLOGIA................................................................................... 6

1.1 Fenômenos em Psicopatologia ................................................................. 7

2 O NORMAL E O PATOLÓGICO.............................................................. 11

3 O DIAGNÓSTICO EM SAÚDE MENTAL................................................. 13

3.1 Avaliação Psicopatológica ....................................................................... 15

4 AS FUNÇÕES MENTAIS ........................................................................ 16

4.1 Transtornos Mentais ................................................................................ 17

4.2 Manifestação dos sintomas e transtornos mentais .................................. 18

5 SÍNDROMES DEPRESSIVAS................................................................. 19

6 SÍNDROMES MANÍACAS E TRANSTORNO BIPOLAR ......................... 20

7 SÍNDROMES ANSIOSAS........................................................................ 23

7.1 Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG ....................................... 24

7.2 Crises de Pânico ..................................................................................... 24

7.3 Transtorno de Pânico .............................................................................. 25

7.4 Transtorno Fóbico ................................................................................... 25

7.5 Transtorno de Estresse Pós-Traumático ................................................. 25

7.6 Transtorno Obsessivo Compulsivo .......................................................... 25

7.7 Transtorno Hipocondríaco ....................................................................... 26

8 SÍNDROMES PSICÓTICAS .................................................................... 26

8.1 Esquizofrenia ........................................................................................... 27

8.2 Transtorno Delirante ................................................................................ 27

8.3 Transtorno Esquizoafetivo ....................................................................... 28

9 SÍNDROME PSICOMOTORA ................................................................. 28

9.1 Síndrome de Agitação Psicomotora ........................................................ 28

9.2 Síndromes de Estupor ............................................................................. 29


9.3 Síndrome de Comportamento Disruptivos na Infância e Adolescência ... 30

9.4 Transtorno disruptivos da desregulação do humor .................................. 30

9.5 Transtorno de Oposição Desafiante ........................................................ 30

9.6 Transtorno da Conduta ............................................................................ 31

9.7 Transtorno Explosivo Intermitente ........................................................... 31

10 TRANSTORNOS ALIMENTARES ........................................................... 31

10.1 Anorexia Nervosa.............................................................................. 32

10.2 Bulimia Nervosa ................................................................................ 32

11 TRANSTORNO DEVIDO AO USO DE SUBSTÂNCIAS E


COMPORTAMENTOS ADITIVOS ........................................................... 33

11.1 Transtornos por uso de substâncias ................................................. 34

11.2 Transtornos induzidos por substâncias ............................................. 35

11.3 Transtornos por uso do álcool........................................................... 35

11.4 Transtornos por uso da maconha ..................................................... 36

11.5 Transtorno por cocaína e crack ........................................................ 36

12 TRANSTORNOS ASSOCIADO AO SONO ............................................. 37

12.1 Transtorno de insônia ....................................................................... 38

12.2 Transtorno de hipersonolência.......................................................... 38

12.3 Síndrome das pernas inquietas ........................................................ 39

12.4 Transtornos do sono relacionados à respiração ............................... 39

12.5 Transtornos do sono-vigília do ritmo circadiano ................................ 39

12.6 Narcolepsia ....................................................................................... 40

12.7 Parassonias ...................................................................................... 40

13 SEXUALIDADE E PSICOPATOLOGIA ................................................... 40

14 TRANSTORNOS OU DISFUNÇÕES SEXUAIS ...................................... 41

14.1 Disfunções do desejo e da resposta sexual ...................................... 41

14.2 Transtornos parafílicos e parafilias ................................................... 42

14.3 Homofobia e Transfobia .................................................................... 42


15 TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS ................................................. 43

16 DEMÊNCIAS E OUTROS TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS DE


LONGADURAÇÃO .................................................................................. 43

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 46
INTRODUÇÃO

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e
prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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1 PSICOPATOLOGIA

Segundo o autor Campbell (1986), a psicopatologia é o ramo da ciência que


cuida da natureza essencial da doença ou transtorno mental, quais são suas
causas, as mudanças estruturais e funcionais a ela associadas e suas maneiras de
manifestação. Numa compreensão mais ampla, a psicopatologia pode ser descrita
como o conjunto de conhecimentos pertinentes ao adoecimento mental do ser
humano. É um conhecimento que busca ser organizado, esclarecedor e
desmistificante.

Fonte: i.ytimg.com

Estudo que propõe ser científico, a psicopatologia não abarca parâmetros


de valor, tão pouco acolhe supostas verdades. No estudo e na prática da
psicopatologia, não há preconceitos ao que se estuda; tem como objetivo a
observação, identificação e compreensão dos diferentes componentes do
transtorno mental. Na psicopatologia não se aceita suposições, verdades rígidas,
inflexíveis, seja qual for sua natureza, filosófica, religiosa, biológica ou psicológica.
Portanto o entendimento buscado está propício a reavaliações, considerações,
reestruturações contínuas.

O campo da psicopatologia inclui uma variedade de fenômenos


h umanos especiais, associados ao que se denominou historicamente de
doença mental. São vivências, estados mentais e padrões

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comportamentais que apresentam, por um lado, uma especificidade
psicológica (as vivências das pessoas com doenças mentais apresentam
dimensão própria, genuína, não sendo apenas “exageros” do normal) e,
por outro, conexões complexas com a psicologia do normal (o mundo da
doença mental não é totalmente estranho ao mundo das experiências
psicológicas “normais”). (Dalgalarrondo, 2019)

Para Dalgalarrondo (2019), apesar de se beneficiar das tradições


neurológicas, psicológicas e filosóficas, a psicopatologia não se confunde com a
neurologia das chamadas funções corticais superiores (não se resume, portanto, a
uma ciência natural dos fenômenos relacionados às zonas associativas do cérebro
lesado) nem com a hipotética psicologia das funções mentais desviadas. Assim,
podemos defini-la como uma ciência autônoma, e não um prolongamento da
neurologia, da neuropsicologia ou da psicologia (seja ela experimental, seja ela
psicométrica ou social). Ela é ricamente nutrida por essas tradições, mas não se
confunde com elas.

“[...] quanto mais reconhece e caracteriza o típico, o que se acha de


acordo com os princípios, tanto mais reconhece que, em todo indivíduo,
se oculta algo que não pode conhecer” (Jaspers, 1979, p. 12).

1.1 Fenômenos em Psicopatologia

O conhecimento pela doença ou transtorno mental, se dá pela observação


minuciosa de suas manifestações, assim como qualquer busca por conhecimentos.
A observação propicia a exposição dos fenômenos e sua disposição. Que irá
determinar, especificar, organizar o objeto de estudo em certa concepção, se
direcionando com determinada coerência na observação e classificação.
Dalgalarrondo (2019) classifica três distintos tipos de fenômenos humanos
na psicopatologia, sendo eles:
Fenômenos semelhantes em todas ou quase todas as pessoas. É o
plano dos fenômenos psicológicos, fisiológicos, daquilo que é o normal. De modo
geral, todo ou quase todo ser humano sente fome, sede ou sono. Aqui se inclui
também o medo de um animal perigoso, a ansiedade perante desafios difíceis, o
desejo por uma pessoa amada, etc. Embora haja uma qualidade pessoal própria
para cada ser humano, certas experiências são basicamente semelhantes para
todos.

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Fenômenos em parte semelhantes e em parte diferentes. É o plano em
que o psicológico e o psicopatológico se sobrepõem. São fenômenos que o ser
humano comum experimenta, mas que apenas em parte são semelhantes aos
vivenciados pela pessoa com transtorno mental. Assim, todo indivíduo comum pode
sentir tristeza, mas a alteração profunda, avassaladora, que uma paciente com
depressão psicótica experimenta é apenas parcialmente semelhante à tristeza
normal. A depressão grave, por exemplo, com ideias de ruína, lentificação
psicomotora, apatia, etc., introduz algo qualitativamente novo na experiência
humana.
Fenômenos qualitativamente novos, distintos das vivências normais. É
o campo específico das ocorrências e vivências psicopatológicas. São
praticamente próprios a apenas (ou quase apenas) certas doenças, transtornos e
estados mentais. Aqui, incluem-se alguns fenômenos psicóticos, como alucinações
e delírios, ou cognitivos, como turvação da consciência, alteração da memória nas
demências, entre outros.
De acordo com Dalgalarrondo (2019), a psicopatologia é, por natureza e
destino histórico, um campo de conhecimento que requer debate constante e
aprofundado, no qual não há e não pode haver uma teoria ou perspectiva
amplamente hegemônica. Aqui, o conflito de ideias não é uma debilidade, mas uma
necessidade. Não se avança em psicopatologia negando e anulando diferenças
conceituais e teóricas; evolui-se, sim, pelo esforço de esclarecimento e
aprofundamento de tais diferenças, em discussão aberta, desmistificante e
honesta.
Dentre as principais linhas de estudo da psicopatologia que se dispõe de
modoaleatório, devido rigorosas razões didáticas, pode-se destacar:

PSICOPATOLOGIA DESCRITIVA E PSICOPATOLOGIA DINÂMICA

A psiquiatria descritiva, refere-se especialmente a definição das maneiras


que ocorrem as mudanças psíquicas, a organização dos sintomas, detalha e
qualifica a manifestaçãodoentia como sinais quase que específicos.
A psiquiatria dinâmica se volta para a essência das experiências, as mudanças
intrínsecas dos afetos, vontades e receios da pessoa.
A prática em saúde mental requer a conciliação de ambas abordagens descritiva
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dinâmica.
Quando um médico se defronta com a grande tarefa de ajudar uma
pessoa psiquicamente enferma, vê à sua frente dois caminhos: ele pode
registrar o que é mórbido. Irá, então, a partir dos sintomas da doença,
concluir pela existência de um dos quadros mórbidos impessoais que
foram descritos. [...] ou pode trilhar outro caminho: pode escutar o doente
como se fosse um amigo de confiança. Nesse caso, dirigirá a sua atenção
menos para constatar o que é mórbido, para anotar sintomas
psicopatológicos e, a partir disso, chegar a um diagnóstico impessoal, e
mais para tentar compreender uma pessoa humana na sua singularidade
e co-vivenciar suas aflições, seus temores, seus desejos e suas
expectativas pessoais (Bleuler, 1985, p. 1).

PSICOPATOLOGIA MÉDICA E PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL

Na concepção médica o estudo se volta para o corpo humano, na biologia do


ser, como ser universal. Então o sofrimento mental é descrito como desajuste,
transtorno, alteração no cérebroou parte dele, o sistema biológico.
Na concepção existencial, a percepção do paciente é em sua vivência individual,
única, como um ser natural e biológico, na sua extensão fundamental, ser
substancialmente histórico e humano. Nessa concepção a construção do ser se dá
através de suas vivências sociais, singulares, que são determinantes para sua
construção pessoal. Aqui o sofrimento mental tem sua causa tanto no desajuste
psicológico quanto biológico, significando a singularidade de cada ser que se
constróiem grande parte de maneira dolorosa.

PSICOPATOLOGIA COMPORTAMENTAL/COGNITIVISTA E
PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA
Sob o olhar comportamental, o indivíduo é percebido como um complexo com
comportamentos perceptíveis, passível de dimensionar, controlados por impulsos
peculiares e comuns, como também pelas consequências inerentes aos
comportamentos. O comportamento se fundamenta em determinados preceitos e
motivadores do conhecimento. Não separada do olhar comportamental, a
concepção cognitiva, focaliza nas abstrações cognitivas singular de cada pessoa. As
abstrações são fundamentais para desenvolvimento mental, seja ele são ou doentio.
As manifestações dos sinais procedem de comportamentos e abstrações
desequilibrados, assimilados e ampliados a partir das vivências social e familiar. Já
a concepção psicanalítica vê o indivíduo como um ser determinado por vários
fatores, comandado por energias, vontades, confrontos internos, inconscientes.
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Nessa perspectiva os afetos têm relevância, pois seriam eles que controlam a
psique. O autocontrole, a coerência, autonomia aqui é um devaneio para o ser
humano.

PSICOPATOLOGIA CATEGORIAL E PSICOPATOLOGIA DIMENSIONAL

A linha de estudos categorial classifica as doenças mentais, descrições


específicas, particularizadas, muito bem delimitados, com caráter biológico, da qual
o reconhecimento rigoroso, estabelece um dos papéis da psicopatologia. Deste
modo as patologias são identificadas em sua natureza básica, pois nessa
perspectiva há a distinção clara das mesmas.
Paralelo ao estudo categorial, tem a linha de estudo dimensional, que se aproxima
mais à rotina da clínica. Nessa perspectiva as patologias são dimensionadas por
exemplo a esquizofrenia tem formas mais ou menos deteriorantes, com
sintomas/comprometimentos leves à graves. Nesse sentido podemos exemplificar
as extremidades dimensionais em psicopatologia como: depressão moderada,
bipolar ougrave, transtornos afetivos menores, esquizofrenia benigna ou deficitária.

PSICOPATOLOGIA BIOLÓGICA E PSICOPATOLOGIA


SOCIOCULTURAL

A perspectiva biológica se volta para os aspectos neurofisiológicos,


cerebrais das doenças mentais. Nesse viés, o todo transtorno mental ocorre devido
alterações nos mecanismos neurais e de áreas específicas, no funcionamento
cerebral. O psiquiatra Griesinger (1997) sintetiza essa concepção “[...] doenças
mentais devem ser vistas como afecções do cérebro”. Já na perspectiva
sociocultural os transtornos mentais são entendidos como condutas divergentes,
que se manifestam em resposta a condições socioculturais, tais como migração,
pobreza, discriminação, estresse ocupacional entre outros. Analisados sob o olhar
de seu cenário sociocultural, histórico e simbólico. Os transtornos e sintomas são
significados de acordo com os valores e normas culturais eminentes, sendo
passíveis de estudos, uma vez que a cultura é fator substancial na delimitação
entre o normal e patológico, desde o estabelecer de um transtorno à terapêutica
que trata destes.

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PSICOPATOLOGIA OPERACIONALPRAGMÁTICA E PSICOPATOLOGIA

FUNDAMENTAL

A atuação operacional-pragmática, delineia os sintomas e transtornos de


modo eventual, de acordo com seu aproveitamento prático, direcionado à produção
de estudos. Nesse olhar, a essência das doenças e sintomas e seu embasamento
não são relevantes. Em contrapartida a concepção da psicopatologia
fundamental, concentra-se no embasamento teórico e histórico de toda definição
patológica, que realça a ideia de doença mental como suplício, indiferença, paixão.
Tais divisões denotadas expõe a diversidade conceitual assim como
aplicabilidade prática das abordagens. Percepções que agregam de modo
imparcial são mais interessantes, pois sobressaem às divisões dos aspectos
ambientais e biológicos.

2 O NORMAL E O PATOLÓGICO

Fonte: encrypted-tbn2.gstatic.com

Para Almeida Filho (2000), o conceito de saúde e de normalidade em


psicopatologia é questão de grande controvérsia, sendo fundamental o
questionamento permanente e aprofundado sobre o que seriam o normal e o
patológico.
Determinar o que é normal ou patológico não é tarefa fácil, pois tal definição
se relaciona ao que é desejável ou não, aprazível ou não, e mesmo que de modo
11
implícito tendo a rotular a pessoa como normal ou anormal. Ademais, a conduta e a
condição mental dos indivíduos são aspectos relevantes, inerentes aos propósitos
humanos, que não permanece inerte no cuidado para com os sentimentos,
condição mental e comportamento alheio.

Como afirma Dalgalarrondo (2019), classificar de normal/anormal ou


patológico/saudável alguém cuja orientação do desejo erótico é homossexual ou
cuja identidade de gênero é de transgênero afeta marcadamente milhares de
pessoas reais, para as quais essas definições interferem diretamente em suas
vidas. Assim, o debate sobre normalidade em psicopatologia é um debate vivo,
intenso, interessado, repleto de valores (explícitos ou não), com conotações políticas
e filosóficas (explícitas ou não) e conceitos que implicam o modo como milhares de
pessoas serão situadas em suas vidas na sociedade.
Casos onde o comprometimento mental é grave, produzindo distúrbios
intensos, bem como psicose grave, demência profunda, delimitar entre o saudável
e patológico é menos complexo. Todavia, em casos onde os sintomas/sinais são
mais leves, e casos onde a definição é complexa, a definição entre saudável e
patológico se torna delicado.

O conceito de normalidade em psicopatologia também implica a própria


definição do que é saúde e doença/transtorno mental. Os próprios termos
levantam discussão. No século XIX, usava-se o termo “alienação”, oriundo
do direito; no século XX, passou-se a usar o termo “doença mental”; e, nas
últimas décadas, com os sistemas diagnósticos Classificação
internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID) e
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM) ganhando
protagonismo, passou-se a usar o termo “transtorno mental”.
(Dalgalarrondo, 2019)

Sobre a normalidade, Canguilhem (1978) diz, há vários e distintos critérios


de normalidade e anormalidade em medicina e psicopatologia. A adoção de um ou
outro depende, entre outras coisas, de opções filosóficas, ideológicas e
pragmáticas do profissional ou da instituição em que ocorre a atenção à saúde.
Entre os critérios basilares acerca da normalidade aplicados na psicopatologia,
podemos destacar: normalidade como ausência de doença, onde a ausência de
sinais e sintomas é sinônimo de saúde, sendo este um critério muito precário por se
embasar na negativa dos sintomas para determinar a normalidade, conforme cita
LERICHE (1936), “a saúde é a vida no silêncio dos órgãos”; normalidade ideal, cria-

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se hipoteticamente um ideal que se constitui na sociedade, que dependerá dos
aspectos ideológicos, dogmáticos, socioculturais de cada sociedade; normalidade
estatística, este quantifica os fenômenos, sua ocorrência e regularidade, delimita-
osna população, sendo também um critério falho, pois a frequência não significa
que é saudável; normalidade como bem-estar, critério disposto pela Organização
Mundial da Saúde e, 1946, caracterizando a normalidade como bem-estar físico,
mental e social, por ser muito amplo poucas pessoas se adequariam; normalidade
funcional, relaciona-se a questões funcionais, onde patológico é quando o
fenômeno é disfuncional, desestruturado causando dor, sofrimento ao indivíduo ou
para os que estão ao seu redor; normalidade como processo, ressalta-se questões
dinâmicas da evolução psicossocial, suas alterações ao longo do tempo, sua
concepção é de grande utilidade quando se refere à psicopatologia clínica de
crianças, adolescentes e idosos; normalidade subjetiva, a concepção subjetiva do
indivíduo tem maior relevância no tocante a sua condição de saúde, tal critério
deixa lacunas o sentir-se feliz ou saudável, pode estar presentes em muitas
pessoas, inclusive em situação de fase maníaca do transtorno bipolar;
normalidade como liberdade, onde a ausência, perda da liberdade de viver, existir
é caracterizado como doença mental, como afirma Henry Ey (2008),[...] as
enfermidades físicas são ameaças à vida, as enfermidades mentais são ataques à
liberdade. [...] no transtorno mental [...] o processo mórbido travando, bloqueando,
dissolvendo a atividade psíquica, diminui a liberdade e responsabilidade do
paciente mental; normalidade operacional, tal critério é parcial, com desígnios
objetivos e claros, ao determinar o que é normal e patológico, empenha-se
funcionalmente acerca do conceito.
Diante do exposto, percebe-se a variabilidade dos critérios de normalidade
bem como sua aplicabilidade, que dependerá da orientação teórica do profissional
ou instituição, não descartando a possibilidade da aplicação de diversos critérios.
Contudo uma conduta de análise, atenta do profissional é necessária.

3 O DIAGNÓSTICO EM SAÚDE MENTAL

Para o diagnóstico em saúde mental, faz-se necessário seguir alguns


princípios das ciências médicas, que também apresentam questões singulares,
como destaca Dalgalarrondo (2019):
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O diagnóstico de um transtorno psiquiátrico é quase sempre baseado
preponderantemente nos dados clínicos. É importante ressaltar, entretanto, que os
exames complementares (semiotécnica armada) não substituem o essencial do
diagnóstico psicopatológico: uma história clínica bem colhida e um exame do
estado mental minucioso, ambos interpretados com habilidade; o diagnóstico
psicopatológico, com exceção dos quadros psico-orgânicos (delirium, demências,
síndromes focais, etc.), de modo geral, não é baseado em mecanismos etiológicos
supostos pelo avaliador. Baseia-se principalmente no perfil de sinais e sintomas
apresentados pelo paciente na história do transtorno, desde que surgiu até o
momento atual da avaliação. De modo geral, não existem sinais ou sintomas
psicopatológicos específicos de determinado transtorno mental;
O diagnóstico psicopatológico é, em inúmeros casos, apenas possível com
a observação do curso do transtorno. Dessa forma, o padrão evolutivo de
determinado quadro clínico obriga o psicopatólogo a repensar e refazer
continuamente seu diagnóstico. Uma das funções do diagnóstico em medicina é
prever e prognosticar a evolução e o desfecho da doença (o diagnóstico deveria
indicar o prognóstico). Ressaltou o psiquiatra brasileiro Leme Lopes (1954), o
diagnóstico psiquiátrico deve ser sempre pluridimensional. Várias dimensões
clínicas e psicossociais devem ser incluídas para uma formulação diagnóstica
completa: identifica-se um transtorno mental como a esquizofrenia, a depressão, a
dependência de álcool, etc., diagnosticam-se condições ou doenças ou condições
físicas associadas (hipertensão, cirrose hepática, obesidade, etc.) e avaliam-se a
personalidade e o nível intelectual desse paciente, sua rede de apoio social, além
de fatores ambientais protetores ou desencadeantes;
Confiabilidade e validade do diagnóstico em psicopatologia, a confiabilidade
de um procedimento diagnóstico (técnica de entrevista padronizada, escala, teste,
diferentes entrevistadores, etc.) diz respeito a sua capacidade de produzir, em
relação a um mesmo indivíduo ou para pacientes de um mesmo grupo
diagnóstico, em circunstâncias diversas, o mesmo diagnóstico. Ao mudar
diferentes aspectos do processo de avaliação (avaliador ou momento de
avaliação), o resultado final permanece o mesmo. Assim, quando a avaliação é
feita por examinadores distintos ou em diferentes momentos, obtém-se o mesmo
diagnóstico. Tem-se um indicador dereprodutibilidade do diagnóstico.
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3.1 Avaliação Psicopatológica

A avaliação dos pacientes em psicopatologia é realizada principalmente


através de entrevistas. Esta não deve ser considerada superficial, apenas um
questionar o paciente sobre determinados aspectos da vida. Na verdade, além da
observação cuidadosa dos indivíduos, é também a principal ferramenta de
conhecimento da psicopatologia. Por intermédio da entrevista feita com
habilidades e estratégias, os profissionais podem obter valiosas informações
clínicas diagnósticas, compreender a dinâmica emocional do paciente e, mais
relevante, pragmaticamente, para as intervenções e planos de tratamento mais
adequados.
A prática profissional em saúde mental tem como pilares essenciais, atingir
compreensão significativa do atendimento ao paciente, e nesse momento conduzir
de maneira proficiente e produtiva. Os elementos centrais da avaliação na
entrevista psicopatológica são a anamnese e exame psíquico. Inclui-se também a
avaliação física, avaliação neurológica, avaliação psicológica (psicodiagnóstico),
exames complementares.
O método e a aptidão em desenvolver entrevistas são características
essenciais e imprescindível do especialista da saúde mental em particular. Essa
aptidão pode ser desenvolvida ou ser característica do perfil do especialista, de
sua percepção das relações interpessoais, sendo neste caso instintiva.
Em primeiro lugar, pode-se dizer que as habilidades do entrevistador são
reveladas pelas perguntas que faz, pelas perguntas que evita e quando e como
falar ou apenas pela decisão de calar-se. Uma particularidade essencial dos
entrevistadores é a aptidão de estabelecer uma relação empática e tecnicamente
útil com a prática clínica. O profissional deve ser capaz de acolher a dor do
paciente, propiciar uma escuta qualificada, ouvindo suas dificuldades e
características. Além de serenidade e respeito, os profissionais também precisam
de certo temperamento e habilidade para instituir limites para os pacientes
ofensivos ou severos, a fim de se proteger e garantir o contexto da entrevista. A
entrevista bem desenvolvida dependerá do “felling” do profissional em discernir o
momento em que se faz necessário ouvir o paciente com tranquilidade e atenção
do momento em que sua intervenção e participação são mais significantes.
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A primeira entrevista bem estruturada e elaborada é primordial para um bom
desenvolver do tratamento, proporciona ao paciente segurança, alívio, confiança,
do contrário onde a estruturação não existe, havendo desencontros, causando
sentimentos de hostilidade no paciente, tende ao afastamento do tratamento.
Dalgalarrondo (2019) destaca, logo no início, o olhar e, com ele, toda a
comunicação não verbal já têm sua importância: é o centro da comunicação, que
inclui toda a carga emocional do ver e ser visto, do gesto, da postura, das
vestimentas, do modo de sorrirou expressar sofrimento.

“A primeira impressão tem o seu valor próprio e dificilmente poderá ser


recapturada em ocasiões posteriores [...] com maior frequência, essa
impressão é correta, mesmo que desapareça aos poucos ou passe a ser
considerada como enganosa, quando a atenção estiver voltada para os
detalhes, as ideias e as informações fornecidas pelo paciente”. Mayer-
Gross,Slater e Roth (1976).

4 AS FUNÇÕES MENTAIS

Fonte: super.abril.com.br

Embora se perceba basilar a análise minuciosa das funções mentais


estremadas tal como suas variações, importante salientar que a disjunção da
atividade mental e da vida em diversos planos ou funções psíquicas mostra-se um
movimento por demais ilusório. Tal disjunção refere-se somente ao procedimento de
interpretação da vida mental, demonstrando-se prestadio por um lado propiciando
análise minuciosa de certas questões da vida psíquica (normal e patológica), porém
perigoso, por tender a equívocos e reducionismo indevido, fomentando a crença na
16
autonomia de tais fenômenos. O exercício clínico leva a presumir que a afetividade,
memória, a vontade, a consciência sejam esferas autônomas e naturais,
independentes.
Nesse sentido Dalgalarrondo (2019) pontua, deixa-se de lembrar o que elas
realmente são, isto é, construtos aproximativos da psicologia e da psicopatologia
que permitem uma comunicação mais fácil e um melhor entendimento dos fatos.
Que fique claro: não existem funções psíquicas isoladas e alterações
psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a
pessoa na sua totalidadeque adoece.
Na doença mental, discorre-se não somente sobre as séries dos sintomas
que se manifestam com frequência expondo sua origem. Sendo tais sintomas,
componentes da doença mental, conectados e dispostos entre si. A divisão de
qualquer psicopatologia se torna perigoso para o diagnóstico.

Em um ato psíquico, apenas pode ocorrer uma separação teórica, não


uma separação real, entre as distintas qualidades psíquicas de que se
trata. [...] na observação e descrição do mundo das manifestações
psíquicas e psicopatológicas tendemos, de há muito, à fragmentação:
descrevemos funções psíquicas singulares (como a sensação, a
percepção, a atenção, a memória, o pensamento, o juízo). [...] se reunirmos
estes fragmentos, ficamos com a impressão de que a vida psíquica pode
ser compreendida como um mosaico, a partir de uma soma de
manifestações isoladas. Esta impressão, não obstante, não corresponde
à realidade. [...] cada função parcial na vida psíquica e cada aspecto da
realidade psíquica só existem em vinculação estreita com toda a vida e
com a realidade psíquica total. (Eugen Bleuler 1985, p. 16)

4.1 Transtornos Mentais

De acordo com Ferreira (1999), transtorno tem por característica um


comportamento que exprime contrariedade, decepção, marcadas por atitudes que
revelam desarranjo ou desordem neurológica. Em alguns casos, o termo pode
referir-se também a qualquer perturbação da saúde.
Transtornos mentais (ou doenças mentais, transtornos psiquiátricos ou
psíquicos, entre outras nomenclaturas) são condições de anormalidade,
sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica, mental ou cognitiva. Em
geral, um transtorno representa um significativo impacto na vida do paciente,
provocando sintomas como desconforto emocional, distúrbio de conduta e
enfraquecimento da memória.
Dentre os fatores causadores, a genética, a química cerebral (problemas
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hormonais ou uso de substâncias tóxicas que afetam o cérebro) e o estilo de vida
são tidos como os principais desencadeadores dos diversos transtornos existentes.
Doenças em outras partes do corpo podem afetar a mente, e inversamente,
transtornos ou doenças mentais podem também desencadear outras doenças pelo
corpo, produzindo sintomas somáticos.
Uma doença ou transtorno mental pode ser cuidado por meio de
intervenção medicamentosa, ou diversas formas de psicoterapia. O diagnóstico
envolve o exame do estado mental e seu histórico clínico, podendo também ser
utilizados testespsicológicos, exames neurológicos, de imagem e exames físicos.

4.2 Manifestação dos sintomas e transtornos mentais

Importante destacar a particular ligação entre histórico de vida, eventos vitais


e propósito de vida do indivíduo. Ademais, no que refere aos sintomas quanto às
síndromes, interessante elucidar as prováveis condições que predispõe, tais como
fatores genéticos, vivências emocionais tanto na infância como na adolescência,
circunstâncias precedentes de vida e precipitantes como stress, rompimentos,
causas atuais e o aparecimento dos desarranjos mentais. É indispensável atentar a
forma que se manifesta no decorrer da vida, a junção das condições biológicas,
psicológicas e sociais para a incidência de sintomas, síndromes ou transtornos
mentais.
Então em psicopatologia, acredita-se que junto às condições genéticas
(gestacional e perinatal), que antecedem o começo da vida relacional do indivíduo,
existem as razões predisponentes. No desenvolvimento gestacional, as pessoas
trazem junto de si uma fragilidade própria, a hereditariedade, para os diversos
transtornos. Tais razões predisponentes se constituem com a conexão da
fragilidade própria e as vivências iniciais, que compõem a primeira e segunda
infância.
As síndromes são grupos de sinais e sintomas que se agregam de modo
regular e são analisados na atuação clínica diária. Esses agrupamentos regulares
dos sintomas, são desenvolvidos por diversas razões. De acordo com Lemes
Lopes (1980), identificar síndromes é o primeiro passo no sentido de ordenar a
observação psicopatológica dos sinais e dos sintomas dos pacientes.
O diagnóstico sindrômico é uma prática clínica simples, porém
18
habilidosamente relevante no discernimento clínico. Segundo Van Den Berg (1970)
é uma indicação preciosa para o diagnóstico. Desse modo, o discernimento clínico
se desenvolve progressivamente no decorrer das avaliações iniciais, promovendo
um entendimentomais intenso acerca do paciente e seu desarranjo mental.
Para Dalgalarrondo (2019), é interessante e mais útil que os transtornos
sejam definidos segundo sistemas internacionais de diagnóstico e classificação,
estabelecidos por grupos de pesquisadores e profissionais experientes (como
DSM-5 e CID-11), com vocabulário e construtos compreendidos e utilizados de
forma estável pelos profissionais e pesquisadores, visto que, dessa forma, o
conhecimento pode progredir no mundo todo, de modo mais rápido e fecundo.

Em muitas situações clínicas, por dispor-se de pouca informação sobre o


paciente, pela dificuldade intrínseca do caso ou pela insuficiência de
conhecimento científico, faz-se necessário utilizar e se contentar
provisoriamente com o diagnóstico sindrômico (Eisenberg, 1993).

5 SÍNDROMES DEPRESSIVAS

Na perspectiva da psicopatologia, as síndromes depressivas apresentam


como características relevantes o humor triste, o desânimo, relativamente
acentuado. Na depressão, a tristeza e o desânimo são, desmedidamente
profundos e prologados comparados às reações corriqueiras de tristeza que se
manifestam no decurso da vida. Os quadros depressivos caracterizam-se por uma
multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e
cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade e à psicomotricidade.
(Dalgalarrondo,2019).
Em quadros graves de depressão, é passível de se manifestarem sintomas
psicóticos, como alucinação ou delírio, notável mudança psicomotora (lentidão),
comotambém fatos biológicos associados.
Dos sintomas característicos das síndromes depressivas podemos citar
conforme Dalgalarrondo (2019):

Tristeza, sentimento de melancolia, na maior parte do dia, todos ou quase


todosos dias;
Choro fácil e/ou frequente Apatia (indiferença afetiva) na maior parte do dia,
todos ou quase todos os dias;
19
Sentimento de falta de sentimento;
Sentimento de tédio, de aborrecimento crônico Irritabilidade aumentada (a
ruídos, pessoas, vozes, etc.), na maior parte do dia, todos ou quase todos os dias;
Também se manifestam comumente a angústia, ansiedade, o desespero e
a desesperança, entre outros agrupamentos de sinais e sintomas como alterações
da volição e da psicomotricidade, alterações ideativas, alterações da esfera
instintiva e neurovegetativa, alterações da autovaloração, alterações cognitivas,
sintomas psicóticos.
Sobres as síndromes depressivas, vale ressaltar que são distribuídas em
subtipos, sendo eles – Episódio de depressão e transtorno depressivo maior
recorrente; Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico; Depressão
atípica; Depressão tipo melancólica ou endógena; Depressão psicótica; Estupor
depressivo ou depressão catatônica; Depressão ansiosa ou com sintomas
ansiosos proeminentes e transtorno misto de depressão e ansiedade; Depressão
unipolar ou depressão bipolar Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual;
Depressão mista; Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a
condição médica (incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância
ou medicamento).

6 SÍNDROMES MANÍACAS E TRANSTORNO BIPOLAR

Fonte:
www.minutopsicologia.com.br

Belmaker, (2004) destaca que, a base da síndrome maníaca são sintomas


20
de euforia, alegria exacerbada, elação (expansão do Eu), grandiosidade ou
irritabilidade marcante, desproporcionais aos fatos da vida e distintos do estado
comum de alegriaou entusiasmo que o indivíduo sadio apresenta em sua vida.
Nos quadros maníacos, frequentemente se nota o taquipsiquismo
(aceleração das funções psíquicas), ocasionando agitação psicomotora,
loquacidade e pressão para falar, exaltação, bem como aceleração do pensamento
e escape das ideias. Para o diagnóstico, o quadro deve permanecer por pelo menos
uma semana, no entanto a média de permanência do episódio maníaco gira em
torno de três meses.
Geralmente o indivíduo em estado maníaco, demonstra-se eufórico, alegre,
brincalhão, como também arrogante, irritado e por vezes agressivo. As alterações
ocorrem também na área ideativa, com pensamentos de conteúdo de
grandiosidade, imprecisão, alegria, sendo imprudente e aparente. De acordo com
Binswanger (1973)na mania “o paciente fala mais do que pensa”.
Dalgalarrondo (2019) pontua que, o manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais (DSM-5) exige, para o diagnóstico de episódio maníaco, que
estejam presentes, na maior parte do dia, por pelo menos uma semana
(geralmente duram bem mais que isso), além de humor elevado (euforia, elação),
pelo menos mais três dos sintomas de mania (quatro, se o humor for apenas
irritável).

Sobre os sintomas de mania podemos citar: aumento da autoestima,


diminuição da necessidade de sono, loquacidade, logorreia, pressão para falar,
alterações formais do pensamento, distraibilidade, aumento de atividade ou
agitação psicomotora, envolvimento excessivo em atividades potencialmente
perigosas ou danosas, labilidade afetiva, agitação psicomotora, arrogância,
heteroagressividade., desinibição social e sexual, grandiosidade, ideias de
grandeza não psicóticas, confusão, irritabilidade, euforia, expansibilidade
(sensação do eu engrandecido, elação), redução da necessidade de sono,
comportamentos de ataque ou comportamentos violentos, hiper-religiosidade
(aumento de atividades religiosas, pregação, canto de hinos, etc.), catatonia,
incontinência fecal e/ou sujidade (comportamento de urinar ou defecar em
qualquer lugar).
Dos sintomas psicóticos no episódio de mania podemos citar: delírio de
21
grandeza, delírio de perseguição, delírio de passividade, alucinações auditivas,
alucinações visuais, alucinações olfativas, história de sintomas psicóticos no
passado,transtornos do pensamento.
As síndromes maníacas são descritas nos subtipos – mania franca ou
grave, mania irritada ou disfórica, mania com sintomas psicóticos, mania mista ou
mania com características mistas, hipomania (ou episódio hipomaníaco), ciclotimia
ou transtornociclotímico.
O transtorno bipolar tem caráter fásico (episódios), possui vários tipos.
Tanto os episódios de mania e depressão acontecem de forma um tanto quanto
definida no tempo, com certa frequência, com períodos atenuados, onde o humor
da pessoa fica normal, eutímico, com o regresso das modificações psicopatológicas
intensas.
Mesmo com a probabilidade de períodos de melhora quase completa, o
transtorno bipolar é um transtorno mental grave, com consequências significativas
no que tange a decadência na qualidade de vida, na performance e interação social
dos indivíduos acometidos, como também dano neuropsicológico e propensão a
doenças físicas e suicídio. A probabilidade de suicídio é intensificada em indivíduos
que manifestam episódios mistos, aumento dos sintomas ansiosos e mudança
súbita dos episódios, geralmente no início do transtorno bipolar, que não recebem
tratamento adequado. Em casos de comorbidades com transtornos de
personalidade ou uso de substâncias ilícitas (drogas) a probabilidade é ainda
maior.

Então o transtorno bipolar é caracterizado como do tipo I e II e ciclagem


rápida. Sendo que no tipo I, pode-se dizer mais leve, apresenta os episódios
depressivos alternados com período normal e ao menos uma fase maníaca, já no
tipo II apresenta episódios depressivos com fases hipomaníacas. No caso do
transtorno bipolar I e II, os sintomas característicos da fase maníaca são:
autoestima elevada ou grandiosidade muito falante, loquaz ou logorreico, fuga de
ideias distraibilidade, queda da necessidade de sono, aceleração psicomotora,
desinibição social e/ou sexual ou aumento do gasto de dinheiro, aumento
envolvimento em atividades prazerosas de risco. Para o diagnóstico é preciso
identificar humor anormal elevado, expansivo ou irritável e com ao mais três dos
sintomas supracitados, com duração mínima de uma semana.
22
De acordo com Dalgalarrondo (2019) o episódio hipomaníaco, deve se
apresentar por pelo menos quatro dias, haver três ou mais sintomas bem
demarcados de humor persistentemente elevado, irritado ou expansivo. Não pode
haver sintomas psicóticos, assinala que os sintomas não perturbam claramente o
funcionamento profissional ou social, e não há necessidade de hospitalização.
No transtorno bipolar tipo ciclagem rápida, caracterizado pela alteração
súbita de episódio, em seu diagnóstico é necessário que seja observado no período
de dozes meses a manifestação ao menos quatro episódios bem definidos e
distintos de transtorno do humor, mania (ou hipomania) e/ou depressão.

Embora seja um tema polêmico e centro de muita discussão, o transtorno


bipolar pode acometer crianças e adolescentes. Nesse caso para o diagnóstico de
episódio de mania antes da adolescência, a identificação de sintomas como
grandiosidade, fuga de ideias ou pensamento acelerado, hipersexualidade, euforia,
diminuição da necessidade de sono é um requisito. Estudioso ampliam esses
sintomas, defendendo que a irritabilidade, impulsividade, raiva e ataques de birra,
concentração ruim, hiperatividade e dificuldades comportamentais são sintomas
apresentados na infância que podem configurar o transtorno bipolar infantil, nesse
sentido tal diagnóstico na infância se torna mais frequente.

7 SÍNDROMES ANSIOSAS

Fonte:
www.galenoalvarenga.com.br
23
As síndromes ansiosas têm uma incidência significante na sociedade,
grande parte da população sofreu ou já sofreu algum transtorno de ansiedade e/ou
fobia. Pode-se dizer que as síndromes ansiosas num primeiro momento são
referenciadas em dois ordens, sendo ansiedade generalizada, livre e flutuante que
apresentam uma característica permanente e constante, e as crises de ansiedade
abruptas relativamente intensas, também chamadas crises de pânico. Quando tais
crises se manifestam de modo recorrente, caracteriza o transtorno de pânico.

7.1 Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG

É caracterizada pela manifestação de sintomas ansiosos descomedido,


estão presentes em grande parte do dia e permanece por muito meses.
Ocasionando irritabilidade, ansiedade e preocupação na pessoa. O diagnóstico
deve ser feito através da análise dos sintomas, sua duração e interferência na
vida pessoal, social e no trabalho, se está causando sofrimento na vida da pessoa.
Os sintomas característicos da TAG são: falta do sono, dificuldade em relaxar,
angústia contínua, irritabilidade elevada e dificuldade em concentrar-se, dores de
cabeça, dores musculares, dores ou queimação no estômago, taquicardia, tontura,
formigamento e sudorese fria.

7.2 Crises de Pânico

Como descreve Dalgalarrondo (2019), as crises de pânico são crises


marcantes de ansiedade, nas quais ocorre importante descarga do sistema
nervoso autônomo. Nelas ocorrem sintomas como batedeira ou taquicardia, suor
frio, tremores, desconforto respiratório ou sensação de asfixia, náuseas,
formigamentos em membros, dedos e/ou lábios. Nas crises intensas, os pacientes
podem experimentar diversos graus da chamada despersonalização, que se revela
como sensação de a cabeça ficar leve, de o corpo ficar estranho, sensação de
perda do controle, estranhar- se a si mesmo. Pode ocorrer também a desrealização,
ou seja, a sensação de que o ambiente, antes familiar, parece estranho, diferente,
não familiar.

24
7.3 Transtorno de Pânico

De acordo com Dalgalarrondo (2019), o transtorno de pânico é denominado


com a manifestação de crises recorrentes, com evolução do medo de ter novas
crises, desconfortos com prováveis consequências da crise (perda do controle,
ataque cardíaco ou sentimento de enlouquecer) e sofrimento intrínseco relevante.
Tal transtorno pode ou não ser manifestado junto de agorafobia, causando
desconforto expressivo e medo de lugares extensos e agrupamentos.

7.4 Transtorno Fóbico

Esse transtorno é descrito por medo agudo e incoerente, desmedidos,


ocasionados por momentos, objetos ou animais que absolutamente não
apresentam

à pessoa risco real e congruente à força de tal medo. Dentre os transtornos


fóbicospodemos citar Agorafobia, fobia simples ou específica, ansiedade social e
fobia social.

7.5 Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Caracterizado pela elevada manifestação de ansiedade que surge após a


vivência da pessoa a uma ou mais situações excessivamente ameaçadores,
traumáticos e horríveis (como violência sexual, rapto, assalto, homicídio,
desabamentos, incêndios, catástrofes naturais, entre outros). O indivíduo é pego
por lembranças recorrentes da situação vivida no trauma, normalmente essas
lembrançastrazem consigo emoções fortes (ansiedade, medo, sensações físicas).

7.6 Transtorno Obsessivo Compulsivo

São caracterizados por pensamentos, imaginação e imagens obsessivas e


por ação, ritos ou condutas compulsivas, agindo como uma imposição sobre o
indivíduo, fazendo-o se submeter a tal situação, como se estivesse sendo obrigado
a tal ato.

25
7.7 Transtorno Hipocondríaco

Nesse transtorno a pessoa busca continuamente por atendimento médico e


serviços de saúde devido ao temor de adoecer, assim ele pode “se assegurar” de
não ter doenças. Muito embora exista o anseio de adoecer, não caracteriza
comportamento delirante, pois em algum momento a pessoa pode questionar o
excesso de preocupação. Constantemente comorbidades de personalidade se
manifestam junto a este transtorno.

8 SÍNDROMES PSICÓTICAS

Fonte: gilsantosnoticias.com

As síndromes psicóticas são caracterizadas por vivências como delírios e


alucinações, desestrutura significativa do pensamento e do comportamento.
Sensação de perseguição ou ameaça, mudanças na vida familiar, social e pessoal,
são situações que se manifestam com frequência nesses quadros.
Dalgalarrondo (2019) expõe que a orientação da psiquiatria clínica, enfatiza
a noção de psicose como presença de sintomas psicóticos (delírios, alucinações,
desorganizações marcantes de pensamento e comportamento). Esses elementos
clínicos são os critérios de identificação e diagnóstico de psicoses propostos pela
CID11 e DSM-5.

26
8.1 Esquizofrenia

A esquizofrenia é das síndromes psicóticas com mais incidência no mundo.


Nos primeiros estudos, a esquizofrenia era classificada com subtipos, a paranoide,
catatônica, hebefrênica, simples, no entanto tais classificações não foram
mantidas pelos sistemas de classificação atuais por não se demonstrarem úteis.
Assim os estudos buscaram identificar grupos de sintomas e comportamentos que
manifestam nas diversas faces da esquizofrenia, estes grupos de sintomas em
alguns casos se combinam de modo variado. Os grupos de sintomas foram
delimitados da seguinte forma: sintomas negativos; positivos; de
desorganização; psicomotores/catatonia;humor; prejuízos cognitivos.

8.2 Transtorno Delirante

De acordo Dalgalarrondo (2019), o transtorno delirante é uma forma distinta


de psicose próxima à esquizofrenia, que se caracteriza pelo surgimento e pelo
desenvolvimento de um delírio ou sistema delirante (vários delírios de alguma
forma interligados tematicamente) com considerável preservação da
personalidade, da afetividade, da cognição e do resto do psiquismo do indivíduo
acometido. Não deve haver pensamento e/ou comportamento francamente
desorganizado ou sintomas negativos marcantes.

O transtorno delirante, tal como descrito nos sistemas diagnósticos atuais


(CID-11 e DSM-5), é um construto heterogêneo. Poucos casos são
subagudos e transitórios, com remissão completa após alguns meses, e
outros evoluem para quadros mais graves de esquizofrenia. Entre esses
dois extremos, há pessoas com delírios persistentes, que expressam a
ideia clássica de paranoia (Opjordsmoen, 2014).

A ocorrência do transtorno delirante é mais comum em pessoas acima de


40 ou 50 anos de idade e normalmente tem um percurso crônico e estável. A
duração do delírio deve durar ao menos um mês (DSM-5) ou três meses (CID-11),
podendo ser mais longa, durando anos.
Há também o transtorno psicótico agudo que apresenta sintomas parecidos
com a esquizofrenia, como o delírio e alucinação. Tem surgimento agudo bem
como a remissão dos sintomas é também rápida.
Dalgalarrondo (2019) alerta que, o transtorno psicótico agudo pode
27
confundir- se com transtorno de estresse pós-traumático ou com quadros graves e
prolongados de transtorno dissociativo (frequentemente denominado na tradição
psicopatológica de histeria). Transtornos ou traços de personalidade do grupo B
(sobretudo transtornos da personalidade borderline e histriônica) e transtorno da
personalidade esquizotípica, além de traços de personalidade do tipo “psicoticismo”,
podem preceder ou predispor as pessoas a apresentar transtorno psicótico
agudo/breve.

8.3 Transtorno Esquizoafetivo

O transtorno esquizoafetivo é caracterizado pelo surgimento de sintomas


requisitados para o diagnóstico de esquizofrenia em conjunto (no mesmo episódio,
concomitantemente, ou com espaço de poucos dias entre eles) com sintomas
próprios de um quadro de depressão maior, de mania ou de episódio misto (para a
CID-11, concomitância com duração de pelo menos um mês).

9 SÍNDROME PSICOMOTORA

As síndromes psicomotoras são classificadas como de agitação psicomotora


e as de estupor e lentificação psicomotora. Compreender essas síndromes é muito
importante para a atuação clínica em psiquiatria e atendimentos à saúde mental.

9.1 Síndrome de Agitação Psicomotora

Nas síndromes de agitação psicomotoras, é percebida intensa


aceleramento da esfera motora e elevação da excitabilidade; ademais, o paciente
se apresenta desinquieto, andando de um lado para outro, gesticulando,
expressando contínua inquietação. Podem estar relacionados à agitação
psicomotora sintomas como loquacidade ou logorreia, insônia, irritabilidade,
hostilidade e agressividade.
A agitação psicomotora é classificada por subtipos como, agitação maníaca,
paranoide, catatônica, psico-orgânica, nas demências, nos quadros de deficiência
intelectual, explosiva associada a transtorno da personalidade, histriônica, ansiosa.
Na agitação maníaca pode-se identificar agitação psicomotora intensa,
28
logorreia, inquietude, ideia de grandeza, irritabilidade, arrogância, irritabilidade.
Na agitação paranoide pode-se identificar ideias delirantes, desconfiança,
estado de vigília, tensão.
Na agitação catatônica identifica-se impulsividade, reações agressivas,
presença de alucinação e delírio.
Na agitação psico-orgânica identifica-se confusão mental, desorientação,
dificuldade de compreensão das situações ao redor. Sua maior incidência é em
situações de uso abusivo de drogas, síndromes de abstinência.

Na agitação nas demências, em pessoas acometidas por alzheimer, dentre


outras, identifica-se muita desconfiança, medo, cognição comprometida.
Na agitação nos quadros de deficiência intelectual, devido ao
comprometimento cognitivo, e ter dificuldade em lidar com determinadas situações,
pode manifestar choro, grito, birra, agressividade num momento de agitação.
Na agitação explosiva associada a transtorno da personalidade, pessoas
acometidas por tais transtornos tem propensão a reagir a frustrações, de maneira
agressiva e explosiva. Essa agitação pode surgir subitamente e sumir quando a
pessoa consegue o que deseja.
Na agitação histriônica tem por característica um comportamento de chamar
a atenção, teatral, a pessoa se demonstra escandalosa, buscando ser o centro das
atenções.
Na agitação ansiosa, pessoas com quadros elevados de ansiedade
apresentam inquietude, tensão nas mãos, ato de roer unhas, profunda angústia.
Devido a ansiedade intensa há o risco de suicídio.

9.2 Síndromes de Estupor

De acordo com Rasmussen et. al. (2016) as síndromes de estupor incluem


quadros de diferentes etiologias, com retardo psicomotor em graus variáveis e
ausência de reatividade com preservação de consciência. Definida pela inabilidade
ou negativa das pessoas em responder, reagir ou conduzir-se conforme exigências
do ambiente. Frequentemente a pessoa apresenta mutismo, se limitando à sua
cama ou a uma cadeira, sem interação social, não se alimenta. Tal comportamento
é involuntário, a pessoa não escolhe agir assim.
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Dalgalarrondo (2019) expõe que existem quatro subtipos de estupor,
relacionados a quadros nosológicos específicos ou distintos mecanismos
produtores: estupor depressivo, estupor na esquizofrenia, estupor psicogênico e
estupor orgânico.

9.3 Síndrome de Comportamento Disruptivos na Infância e Adolescência

Tem maior presença na infância e adolescência, se associa ao autocontrole


do comportamento e das emoções. A presença desse transtorno traz dificuldades
com o controle emocional, potencializa condutas agressivas que infringem direitos
de outros, atos destrutivos consigo e como os outros, causando atritos com regras
sociais.

9.4 Transtorno disruptivos da desregulação do humor

Tem por característica principal a irritabilidade crônica grave. Seu


diagnóstico geralmente é realizado antes dos dez anos de idade, no entanto não
pode ser feito em crianças menores de seis meses. Os sintomas manifestados
neste transtorno são explosão de raiva, humor constante irritável e zangado,
podem surgir em diferentes ambientes.

9.5 Transtorno de Oposição Desafiante

A respeito desse transtorno, Dalgalarrondo (2019) fala que nessa condição,


observa-se, em crianças e adolescentes, humor de base irritável ou raivoso, assim
como comportamento frequentemente desafiante ou questionador e índole
vingativa. E complementa, o comportamento desafiante e/ou questionador revela
frequente questionamento de figuras de autoridade (pais, professores, pessoas
adultas com papel de educador ou disciplinar), recusa a obedecer a regras ou
pedidos de tais figuras e atitude desafiadora dirigida a tais pessoas. Crianças com
o transtorno com frequência culpam outros por seus erros ou mau comportamento
e incomodam deliberadamente as demais pessoas.
Crianças com esse transtorno apresentam humor raivoso, se incomodam
comfacilidade e com frequência perdem a calma.
30
9.6 Transtorno da Conduta

Também chamado de transtorno dissocial de conduta, é definido por


condutas violentas que violam normas (leis, regras, direitos alheios), de modo
recorrente e resistente. Para seu diagnóstico é necessário a presença desses
comportamentos num período mínimo de um ano.

9.7 Transtorno Explosivo Intermitente

Caracterizado por explosões comportamentais regular, a criança ou


adolescente não consegue conter os impulsos de agressividade, acarretando em
verbalização agressiva com xingamentos, discussões violentas, agressividade
física (com pessoas ou animais), podendo também quebrar objetos.

A dimensão da agressividade expressa durante as explosões é claramente


desproporcional em relação às provocações ou aos estressores
psicossociais desencadeantes. Deve-se atentar aqui para o fato de as
explosões de agressividade não poderem ser premeditadas, não terem
objetivos de atingir a um fim predeterminado tangível (obter dinheiro,
intimidar os outros ou obter mais poder). São explosões impulsivas, e não
instrumentais para obter ganhos desejados. (Dalgalarrondo, 2019).

10 TRANSTORNOS ALIMENTARES

Gerbasi et al. (2014) enfatiza que a conduta alimentar é motivada pelas


sensações básicas de fome, sede e saciedade. Estas são geradas, controladas e
monitoradas por diversas áreas do organismo: o hipotálamo (centro da saciedade)
e várias estruturas límbicas e corticais, mediadas por substâncias como a insulina,
a leptina e a grelina. Além disso, mudanças sociais e culturais relacionadas ao
padrão de beleza, sobretudo feminina (beleza magra), têm tido impacto
internacional sobre a prevalência e o curso das síndromes de comportamento
alimentar, que têm aumentado em muitas regiões do mundo.

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10.1 Anorexia Nervosa

Fonte: encrypted-tbn3.gstatic.com

É definida pela presença de baixo peso relacionado ao peso ideal por


consequência da redução de alimentação necessária, a pessoa não se alimenta,
provoca vômitos, faz uso de laxantes, diuréticos e anorexígenos, levando a perda
de peso autoinduzida. Existindo um empenho infindável de emagrecer por medo
exagerado e doentio de ficar ou parecer gordo.
Há busca implacável de magreza e medo intenso e mórbido de parecer ou
ficar gorda, trazendo outras complicações para a saúde. Ela apresenta dois
subtipos, o tiporestritivo e o tipo compulsão alimentar purgativa.

10.2 Bulimia Nervosa

Fonte: www.infoescola.com
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A bulimia nervosa para Mehler (2003) é descrita por preocupação excessiva
com controle do peso corporal, que leva o paciente a tomar medidas extremas,
como vômitos autoinduzidos, purgação, enemas e diuréticos, a fim de mitigar os
efeitos do aumento de peso decorrente da ingestão de alimentos. A pessoa
acometida por esse transtorno apresenta medo resistente de comer e a vontade de
se alimentar, propiciando episódio de hiperfagia, os constantes de “ataques à
geladeira”. Pessoas acometidas por este transtorno normalmente é negam tal
prática quando questionadas por profissional da saúde. É dividido em níveis de
gravidade, sendo leve,moderada, grave e extrema.
O transtorno de compulsão alimentar tem por característica, a pessoa
manifesta o ato de comer compulsivamente, tem o sentimento que perdeu o
controle em comer, sofre rejeita seus comportamentos, sente culpa, mas nesse
caso não apresenta comportamentos purgativos.
No transtorno de ruminação há a presença de conduta recorrente e
proposital de regurgitar o alimento engolido.

11 TRANSTORNO DEVIDO AO USO DE SUBSTÂNCIAS E


COMPORTAMENTOS ADITIVOS

Fonte:
www.adesg.net.br

33
Substâncias como cafeína, tabaco, álcool, cocaína, maconha, crack,
opioides, alucinógenos, anfetamínicos, sedativos, inalantes, hipnóticos e
ansiolíticos agem sobre o cérebro, proporcionam sensação de prazer ou excitação
(ativando o sistema de recompensa do cérebro). Gardner (2011) destaca que as
principais estruturas desses circuitos são o nucleus accumbens (NAc), a área
tegmental ventral e a amígdala, e o principal neurotransmissor envolvido é a
dopamina.
Há uma tendência maior das pessoas com transtornos mentais graves em
desenvolver dependência à essas substâncias.
Dalgalarrondo (2019) cita que segundo a Classificação internacional de
doenças e problemas relacionados à saúde (CID-11), os transtornos devidos a
substâncias são ordenados em categoria única, para cada tipo de substância
(álcool, cocaína, maconha, etc.). Nessa categoria (p. ex., transtorno devido ao
álcool), para cada tipo de problema, deve-se, quando necessário, acrescentar os
especificadores ou subtipos – por exemplo, transtorno devido ao álcool:
intoxicação, dependência, abstinência e quadros psicopatológicos induzidos.
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5),
classifica os transtornos associados a substâncias em dois grupos, sendo
transtornos por uso de substâncias e transtornos induzidos por substâncias.

Não há uma razão única que explique, para todas as pessoas, por que se
passa a usar substâncias ou quando e por que tal uso se torna um
transtorno destrutivo para o indivíduo e para a sociedade (Dawes et al.,
2000).

Observa-se que o começo do uso de substâncias, geralmente na


adolescência, é associado a aspectos como a curiosidade, convivência
(companheiros (as) que já fazem o uso), busca por aceitação pelo grupo,
sentimento de pertença a uma subcultura, prazer em infringir normas (fazer algo
ilegal), desejo de diminuição de sentimentos desagradáveis como ansiedade,
solidão, impotência, tensão, tristeza, baixa autoestima.

11.1 Transtornos por uso de substâncias

Nessa situação, é identificado o uso constante e habitual de uma

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substância, mesmo diante dos prejuízos relevantes que o uso traz. A pessoa
acometida por esse transtorno não consegue ter controle sobre o uso, é submetido
a problemas psicossociais e sociais visíveis, prejuízos psicológicos e físicos,
apresenta tolerância e abstinência.
A pessoa apresenta sentimento de fracasso, devido às tentativas frustradas
em cessar o uso, a fissura, que geralmente é incitada pelo ambiente de uso da
substância. Apresenta comprometimento na responsabilidade em cumprir deveres
como trabalho, estudos, assim como a deserção de atividades importantes da vida.
Não conseguindo extinguir o uso mesmo com os s prejuízos em sua vida pessoal, o
afastamento das pessoas, isolamento, bem como os prejuízos na saúde física. A
tolerância à substância utilizada é cada vez maior, ou seja, a necessidade do
aumento da quantidade utilizada, para obtenção do efeito esperado. Apresente
também a abstinência, que ocorre quando o teor da substância no organismo
diminui causando ansiedade, tremores, insônia, sudorese, os sintomas variam de
acordo com a substância usada.

11.2 Transtornos induzidos por substâncias

De acordo com Dalgalarrondo (2019), os transtornos induzidos são, devidos


aos efeitos fisiológicos da substância no cérebro. Há uma relação específica entre
o uso e a síndrome induzida. Trata-se de quadros geralmente reversíveis que
podem durar horas ou dias, mas que não ultrapassam, de modo geral, um mês
sem o uso da substância. Os transtornos induzidos podem ser a intoxicação, a
síndrome de abstinência da substância, diversas psicopatologias como depressão,
transtorno neurocognitivo, ansiedade, psicose, delirium. A intoxicação apresenta
mudanças mentais e comportamentais, perda do grau de consciência, confusão da
atenção, do pensamento, da percepção, do julgamento, da psicomotricidade,
agressividade, provocados pelo consumo intenso de uma substância.

11.3 Transtornos por uso do álcool

De acordo com a CID-11, os transtornos oriundos do uso de álcool


representam um modelo de consequências negativas subsequente ao uso da
substância, até mesmo intoxicação, uso arriscado, dependência, síndrome de
35
abstinência e transtornos mentais induzidos pelo álcool.
Duffy (1995) cita que é comum que o indivíduo negue terminantemente ou
minimize que o álcool seja um problema em sua vida, que usa bebidas alcoólicas
de forma claramente perigosa e prejudicial, que não consegue parar de beber ou
que perdeu o controle sobre seu padrão de ingesta. O uso abusivo de álcool pode
causar delirium tremens, alucinose alcoólica (alucinações audioverbais), delírio de
ciúmes, embriaguez patológica.

11.4 Transtornos por uso da maconha

O transtorno por uso da maconha tem como fatores de risco problemas nas
relações familiares, dificuldades escolares, influência de familiares próximos, o
fácil acesso à droga. O início do uso normalmente é antes dos quinze anos e seus
efeitos pode variar entre sensação de prazer, relaxamento, riso sem motivo,
muita fome,

confusão da percepção tempo-espacial, dispersão da atenção e concentração,


bocaseca, olhos vermelhos.

11.5 Transtorno por cocaína e crack

A cocaína pode ser inalada, injetada ou fumada (no caso do crack). A ação
da cocaína no organismo quando aspirada é rápida, durando até 45 minutos. No
caso do crack, a ação é imediata, no entanto dura cerca de 10 minutos, causando
enorme fissura para o uso, favorecendo a dependência, sendo esta uma das
dependências mais graves.
Dalgalarrondo (2019) destaca que os efeitos imediatos mais frequentes da
cocaína (pó ou crack) são: “sensação subjetiva de bem-estar ou euforia”, de estar
“mais ativo, mais alerta, autoconfiante ou forte”, com “mais energia” e pensamento
acelerado, fisicamente, pode haver taquicardia, aumento da frequência
respiratória, sudorese, dilatação das pupilas, tremores leves de mãos e pés, tiques
e contrações musculares de língua e mandíbula, ansiedade e crises de pânico,
sensação de desconfiança, perseguição, sua ação no coração está relacionada a
risco aumentado de infarto do miocárdio, arritmias, dor torácica, acidentes

36
vasculares cerebrais e mortesúbita em jovens usuários.
Outros transtornos como jogo e apostas, dependência da internet,
compulsão por sexo e compras, trazem também grandes prejuízos às pessoas por
ele acometido como a perda de controle e a intensidade crescente de prioridade de
tal atividade, o que prejudica significativamente outros aspectos relevantes da vida.

12 TRANSTORNOS ASSOCIADO AO SONO

Fonte: encrypted-tbn1.gstatic.com

A necessidade do sono é uma questão individual, há pessoas com maior


necessidade dele para sentir-se descansada e outras que com poucas horas de
sono estão renovadas para realizar suas atividades diárias. Portanto para seu
diagnóstico, é importante uma anamnese minuciosa, sobre os comportamentos
ligados ao sono e à sonolência, de preferência acompanhado com alguém de seu
convívio que trará observações quanto seu padrão de sono e vigília. Geralmente,
dificuldades com o sono são seguidas de depressão, distúrbios cognitivos,
ansiedade, agravando o transtorno.
Entre os transtornos de sono mais relevantes podemos destacar o
transtorno de insônia, transtorno de hipersonolência, síndrome das pernas
inquietas, transtornos do sono relacionados à respiração (apneias do sono),
transtornos do sono-vigília do ritmo circadiano (tipo fase do sono atrasada e fase
do sono avançada), narcolepsia, parassonias (sonambulismo, terror noturno,
bruxismo). Estes tem elevada frequênciae grande impacto na sociedade.
37
12.1 Transtorno de insônia

Segundo especificações da APA (2014), a insônia é um dos sintomas mais


comuns em saúde mental; calcula-se que cerca de um terço da população
adulta tenha pelo menos alguns dias de insônia clinicamente significativa durante
um ano e que 6 a 10% da população adulta apresentem o transtorno de insônia. É
caracterizado pela dificuldade em “pegar no sono” e permanecer dormindo, acordar
pela madrugada e não conseguir mais dormir, que devem ser observadas ao
menos três vezes na semana por um período mínimo de três meses. Além do
cansaço, baixa produtividade, a insônia causa prejuízos na qualidade de vida, na
saúde física e emocional.
Entre os fatores que estão relacionados ao sono podemos citar a ingestão
de café à tarde ou à noite e de bebidas alcoólicas à noite, alimentação copiosa à
noite, trabalhos difíceis e estressantes no período noturno, atividade tensa no
período noturno, televisão no quarto, hábito de despertar e levantar da cama a
cada dia em horários muito diferentes, trabalho em turnos. Já os que facilitam o
sono são o hábito de acordar todos os dias na mesma hora, não forçar o sono e
retirar o despertador do lado da cama, atividades relaxantes no período noturno,
quarto escuro, fresco e silencioso, peso corporal adequado, atividade física
regular.

12.2 Transtorno de hipersonolência

Neste caso, mesmo dormindo, a pessoa relata excesso de sono ao longo do


dia. Dalgalarrondo (2019) enfatiza que pessoas com esse transtorno conseguem
dormir rapidamente, e há boa eficiência do sono (≥ 90%); entretanto, podem ter
dificuldade para acordar pela manhã e, às vezes, parecem confusas ou atáxicas
(desequilíbrio motor) ao acordar. Queda da habilidade motora, percas de memória,
confusão no tempo e no espaço e sensação de atordoamento são alguns sintomas
vivenciados por pessoas acometidas por esse transtorno quando acordadas no
meiodo sono.

38
12.3 Síndrome das pernas inquietas

Esta síndrome é caracterizada pela precisão de movimentar as pernas


durante o sono, podem ter sensação de desconforto nas pernas, formigamentos. O
desconforto é aumentado quando a pessoa está em repouso, aliviando com o
movimento. É agravado devido a inatividade, prejudicando o sono.

Esse desconforto se intensifica com o repouso e melhora com o movimento.


A sensação se agrava durante período de repouso ou inatividade e é pior no final
da tarde ou à noite, prejudicando gravemente o sono.

12.4 Transtornos do sono relacionados à respiração

A apneia do sono caracteriza-se pela ocorrência de muitas pausas


respiratórias curtas, de 10 a 50 segundos, durante o sono. Nos episódios de
apneia, o indivíduo pode roncar, a saturação sanguínea de oxigênio cai, e, com
frequência, ocorre brevedespertar (Dalgalarrondo, 2019).
Esse transtorno é subdividido em:
Apneia e hipopneia obstrutivas do sono que é um tipo de apneia/hipopneia
provocada pelo bloqueio das vias aéreas superiores, abalando-as. Comumente
relacionado à obesidade, pescoço curto, mudanças estruturais da cavidade
orofaríngea. Roncos sãocomuns nesse caso.
Apneia central do sono é causada pela oscilação no empenho respiratório
(involuntário), apresenta episódios repetidos de apneia e hipopneia durante o
sono. Neste caso, com frequência, a pessoa acordo ao longo da noite, muitas
vezes sentindo sufocamento, tendo sonolência, insônia, cansaço pela manhã.
Hipoventilação relacionada ao sono, apresenta respiração no sono reduzida
associada a níveis elevados de gás carbônico. Pessoas acometidas por esse
transtorno sentem sonolência exagerada ao longo do dia, dores de cabeça ao
amanhecer, insônia.

12.5 Transtornos do sono-vigília do ritmo circadiano

É caracterizado por um modelo insistente ou periódico de conturbação do


39
sono causado pelas mudanças do sistema circadiano (regulação fisiológica do
ritmo sono- vigília durante 24 horas), onde há instabilidade entre o ritmo circadiano
endógeno (o ritmo biológico do indivíduo, durante o dia) e os horários de sono e de
vigília propostos pelo ambiente físico (como a luminosidade) e social, podendo ser
as regras da família,ou requisitos do trabalho e/ou escola.

12.6 Narcolepsia

Nesta situação, a pessoa tem uma necessidade incontrolável de dormir,


cochilar durante o dia, com sonolência acentuada e repentina, Dalgalarrondo
(2019) descreve que além da sonolência diurna, a narcolepsia manifesta-se
clinicamente por ataques de cataplexia, que é uma crise breve (de segundos a
minutos) de perda bilateral de tônus muscular, com manutenção da consciência,
geralmente desencadeados por risos ou brincadeiras. A pessoa acometida por
este transtorno, cai inesperadamente no chão. Para seu diagnóstico os ataques
devem se manifestar ao menos três vezes por semana, pelo período mínimo de
três meses.

12.7 Parassonias

São caracterizadas por fatos comportamentais ou fisiológicos diferentes


relacionados a estágios característicos do sono ou da transição sono-vigília,
mudanças do despertar ou despertar incompleto. O sonambulismo, o terror
noturno, o sonilóquio, a paralisia do sono, bruxismo, enurese noturna, pesadelos,
são situaçõespresentes nesse transtorno.

13 SEXUALIDADE E PSICOPATOLOGIA

Basson (2006) descreve que a sexualidade, desejo fundamental do ser,


ocupa um lugar central em nossa condição existencial. Ela compreende três
dimensões básicas: biológicas, psicológicas e socioculturais.
Na dimensão biológica temos os aspetos neuronais, hormonais e
anatomofisiológicos genitais. Na dimensão psicológica destaca-se aos aspectos
40
singulares e individuais da vontade erótica, das fantasias sexuais e da extensão
subjetiva de prazer que a vida sexual pode produzir. Nas dimensões socioculturais
estão referenciados padrões culturais, atos, produções e objeções expressa por
cadasociedade relacionados à sexualidade.

14 TRANSTORNOS OU DISFUNÇÕES SEXUAIS

Nas palavras de Dalgalarrondo (2019) as disfunções sexuais são síndromes


que incluem as várias formas pelas quais indivíduos adultos apresentam
dificuldades na experiência pessoal de atividade sexual não coercitiva. E de acordo
com CID-11 a disfunção sexual para ser conceituada como tal, necessariamente tem
que apresentaras condições abaixo:
 Ocorrência frequente do transtorno ou disfunção, podendo estar
ausenteem algumas situações;
 O transtorno deve estar presente por pelo menos alguns meses;
 O transtorno deve estar associado a sofrimento ou disfunção
clinicamente significativos.

14.1 Disfunções do desejo e da resposta sexual

Nesse transtorno, acontecem disfunções que prejudicam a satisfação/prazer


do ato sexual. Dos distúrbios relacionados com esse transtorno podemos citar a
inibição do desejo sexual que é caracterizada pela constante inibição de desejo de
cunho sexual, que é influenciada aos valores culturais, idade e momento da vida
da pessoa acometida. Se esta ausência do desejo sexual causa sofrimento na
pessoa acometida ou em seu parceiro (a), identifica-se o transtorno. Dificuldades
intrínsecas, proibição voltada para assuntos sexuais, ligação da sexualidade ao
pecado devido normas culturais, sentimento de culpa, bem como disfunções
fisiológicas são fatores que favorecem a inibição do desejo sexual.
Vale citar também o transtorno da dor gênito-pélvica/penetração (ocorre na
mulher), transtorno do orgasmo feminino (dificuldades ou ausência de excitação),
transtorno erétil (falha parcial ou total em alcançar e/ou manter a ereção),
transtornosda ejaculação (ejaculação precoce ou retardada).
41
14.2 Transtornos parafílicos e parafilias

Esses transtornos se referem a formatos de fantasias, estímulos sexuais


que envolvem sofrimento expressivo vivenciado pela pessoa acometida por
este transtorno. Neste caso a realização do estímulo sexual acarreta prejuízo a
outros, como quando o outro não consente a realização sexual, ou quando envolve
pedofilia. Entre os transtornos parafílicos estão o transtorno exibicionista, o
transtorno voyeurista, transtorno do sadismo sexual, transtorno do masoquismo
sexual, transtorno pedofílico, transtorno fetichista, zoofilia, transtorno transvéstico,
transtorno frotteurista. Para o diagnóstico é necessária a relação com elevado
sofrimento ou prejuízo para si e/ou outros, com a duração mínima de seis meses.

Na hipersexualidade ocorre estímulos e comportamentos sexuais


exacerbados, que causa sofrimento significativo, sejam em homens ou mulheres.
Há a tendência em tensões excessivas e recorrentes com fantasias sexuais, uma
precisão excessiva desexo.

14.3 Homofobia e Transfobia

São tipos de preconceitos repulsivos que agridem psicologicamente a


pessoa homossexual ou transgênero. A homofobia e são relatos e convicções,
condutas, atos e práticas de ódio, para com pessoas homossexuais somente pelo
fato de serem homossexuais ou bissexuais. Na transfobia ocorre o mesmo para
com a população transgênero, na maioria das vezes mais expressiva. São formas
de preconceito e discriminação hediondas e inaceitáveis e que devem ser
claramente combatidas.
A homofobia internalizada e a transfobia internalizada retratam a
autoimagem negativa construída, internalizada pela pessoa LGBT, que
desencadeia sentimentos de vergonha, culpa, experiências negativas direcionada
a si própria. Está relacionada a valores, mensagens e ideologias socioculturais e
políticas negativas.

42
15 TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS

Nesses transtornos se encaixam delirium, demências, transtorno


amnéstico, Alzheimer, Parkinson, encefalite, insuficiências renal ou hepática, entre
outros. Esses transtornos se subdividem em delirium e transtorno neurocognitivo
de longa duração. O delirium é uma síndrome aguda onde acontece rebaixamento
do nível da consciência e alteração da atenção, desorientação alopsíquica,
pensamento ilógico, confuso e desorganização do discurso, alterações da
sensopercepção, alteração do humor, labilidade afetiva, agitação psicomotora,
sonolência, alucinações visuais, sonolenta, com pensamento muito confuso,
desorientada, com alucinações visuais, perturbação do ciclo sono-vigília.

16 DEMÊNCIAS E OUTROS TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS DE


LONGADURAÇÃO

Dalgalarrondo (2019) expõe que na grande maioria das vezes, as


demências são transtornos que surgem na senilidade (após os 65 anos), mas
também ocorrem, embora bem menos frequentemente, na forma pré-senil (entre
os 50-65 anos). As perdas cognitivas nas demências evoluem para déficits bem
mais marcantes do que em transtornos como esquizofrenia e transtorno bipolar. O
autor enfatiza que esses transtornos não são transtornos do desenvolvimento que
surgem na infância, adolescência ou juventude e permanecem ao longo da vida.

Nas demências, o curso das perdas cognitivas e da limitação da vida


funcional é quase sempre progressivo (na esquizofrenia, por exemplo, as
perdas tendem a ser precoces e mais estáveis). Os TNCs (demências)
são causados por doenças neurodegenerativas e cerebrovasculares, ou seja,
têm uma etiologia neuropatológica específica e bem estabelecida.
(Dalgalarrondo, 2019)

De acordo com CID-11 a demência é caracterizada como uma síndrome


mental orgânica, e ela manifesta o declínio do funcionamento cognitivo prévio,
afetando a memória, linguagem, funções executivas, julgamento, atenção,
velocidade de processamento, cognição social, velocidade psicomotora e
habilidades visuoespaciaisou visuoperceptivas.

A doença de alzheimer é derivada de uma condição neurodegenerativa que


43
se apresenta por perdas cognitivas, especialmente da memória episódica e da
aprendizagem. Sendo também prejudicadas, a linguagem, a capacidade
visuoconstrutiva e perceptomotora.
Doença cerebrovascular se refere ao conjunto de quadros de perdas
cognitivas que configuram um TNC, maior ou leve, e nos quais a doença
cerebrovascular, seja decorrente de acidentes vasculares em grandes vasos, seja
de doença microvascular, é o principal fator, a patologia dominante ou exclusiva
que determina o declínio cognitivo e a demência (Dalgalarrondo, 2019). Seu
diagnóstico é mais assertivo através de exames que mostram se há lesão no
cérebro relacionada à doença cerebrovascular.
Na degeneração lobar frontotemporal acontece o comprometimento da
memória de trabalho, da atenção e da cognição social, além de prejuízo no
controle dos impulsos. Produzindo relevantes alterações da personalidade e do
comportamento.
Doença com corpos de Lewy é uma demência alfa-sinucleidopatia.
Acontece devido a uma modificação anormal nos neurônios da região do córtex
cerebral e apresenta os sintomas prejuízo cognitivo flutuante, alucinações visuais,
declínio cognitivo progressivo, sintomas de parkinsonismo, transtorno
comportamental do sono REM, efeitos colaterais dos antipsicótico.
A demência mista é o acometimento por duas ou mais razões que
ocasionam o declínio cognitivo e demência, podendo acontecer com quaisquer
junções de disfunções que acarretam a demência.
O transtorno amnéstico é caracterizado pela queda agravada da memória
em comparação à idade da pessoa acometida e seu grau intelectual.
Apresentando uma queda desigual da memória se comparado aos outros domínios
cognitivos, dificuldade em fixar informações, apreender assuntos novos bem como
recordar os assuntos aprendidos.

No contexto da psicopatologia contemporânea, faz-se necessário o esforço


contínuo de integração de conhecimentos e construtos das neurociências
cognitivas, da epidemiologia clínica e da farmacologia, em acentuado
desenvolvimento e crescente influência, com a perspectiva de se valorizar de
forma cuidadosa e hábil a importância indelével e decisiva da cultura e dos

44
processos sociais na experiência subjetiva e interpessoal, intrínsecas aos
transtornos mentais. (Choudhury; Kirmayer, 2009).

45
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