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Avaliação Psicológica: contextos de atua ção, teoria e modos de fazer. No trabalho de avaliaçã o psi cológi ca, o pr ofi ssi onal pode lançar mã o de uma a mpla gama de técni cas para a coleta de infor mações, a sa ber: entrevistas, o bservaçã o direta do comportame nto, dinâ mi cas, testes psicol ógicos, tarefas e xperime ntais, técni cas pr ojetivas e expre ssivas, role -playing, e ntre outras. O recome ndado é que o profi ssi onal utilize di ferente s técni cas para a coleta e validação de infor maçõ es para que o estudo psicológico da pe ssoa e m avaliação re sulte em um quadr o que re prese nte fi de digna mente se u real e atual funciona ment o. A abordage m multimét odo de coleta de da dos possi bilita a triangulação de i nforma ções , de modo que o psi cólog o t enha disponível uma varieda de de dados que funda mentarão s uas de cis ões ao fi nal do process o.

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Avaliação
Psicológica
945a Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer
/ organizado por Sabrina Martins Barroso, Fabio Scorsolini-
Comin e Elizabeth do Nascimento. – Novo Hamburgo :
Sinopsys, 2019.

16x23 ; 320p.

ISBN 978-85-9501-117-5

1. Avaliação psicológica. I. Barroso, Sabrina Martins. II.


Scorsolini-Comin, Fabio. III. Nascimento, Elizabeth do. IV. Título.

CDU 159.9

Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023


Avaliação
Psicológica
contextos de atuação, teoria
e modos de fazer

Sabrina Martins Barroso


Fabio Scorsolini-Comin
Elizabeth do Nascimento
Organizadores

2019
© Sinopsys Editora e Sistemas Eireli, 2019
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer
Sabrina Martins Barroso, Fabio Scorsolini-Comin e
Elizabeth do Nascimento (Organizadores)

Capa: Fabiana Franck


Imagem da capa: Shutterstock
Assistente editorial: Jade Arbo
Supervisão editorial: Mônica Ballejo Canto
Editoração: Formato Artes Gráficas

Todos os direitos reservados à


Sinopsys Editora
Fone: (51) 3066-3690
E-mail: atendimento@sinopsyseditora.com.br
Site: www.sinopsyseditora.com.br
Autores

Sabrina Martins Barroso (Org.) – Psicóloga pela Universidade Federal de São


João del-Rei (UFSJ), mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e doutora em Saúde Pública (UFMG). Professora Adjunta
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Coordenadora do
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFTM. Coordenadora/Líder
do grupo de Pesquisa Núcleo de Avaliação Psicológica e Investigações em
Saúde (NAPIS-CNPq).

Fabio Scorsolini-Comin (Org.) – Psicólogo, mestre e doutor em Psicologia


pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo, com pós-doutorado em Tratamento e Prevenção Psicológica pela
mesma instituição. Professor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e
Ciências Humanas e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem Psiquiátrica
da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Coordenador do ORÍ USP – Laboratório de Pesquisa em Psicologia, Saúde e
Sociedade. Coordenador do Centro de Psicologia da Saúde da EERP-USP.

Elizabeth do Nascimento (Org.) – Psicóloga pela Universidade Federal de Mi-


nas Gerais (UFMG), mestrado em Psicologia pela UFMG, doutorado em Psi-
cologia pela Universidade de Brasília (2000). Professora associada da UFMG.
Integrante do Laboratório de Avaliação e Intervenção em Saúde (LAVIS).
vi Autores

Alexsandro de Andrade – Psicólogo e mestre em Psicologia pela Universidade Federal


de Santa Catarina, doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito
Santo, com pós-doutorado pela University of Hawaii. Professor do Departamento de
Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal
do Espírito Santo.

Ana Carolina Braz – Psicóloga, mestra e doutora em Psicologia pela Universidade


Federal de São Carlos, com doutorado sanduíche e pós-doutorado pela Universidade
do Porto. Colaboradora do Programa de Mestrado em Psicologia Forense da Uni-
versidade Tuiuti do Paraná.

Andrea Kotzian Pereira – Psicóloga e mestra em Psicologia Clínica pela Pontifícia


Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Especialista em Psicoterapia
Psicanalítica de Crianças e Adolescentes pelo CEAPIA. Codiretora administrativa,
professora e coordenadora do Setor de Adoção do CEAPIA.

Cláudia Sampaio Correa da Silva – Psicóloga, mestra e doutora em Psicologia


pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com doutorado sanduíche pela
Universidade de Lisboa. Psicóloga do Núcleo de Apoio ao Estudante da UFRGS e do
Serviço de Orientação Profissional da UFRGS.

Érika Arantes de Oliveira-Cardoso – Psicóloga, mestre e doutora em Psicologia pela


Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo (FFCLRP-USP). Psicóloga do Departamento de Psicologia da FFCLRP-USP.
Professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da FFCLRP-USP.

Fábio Camilo da Silva – Psicólogo pela Universidade Guarulhos, mestre em


Psicologia pela Universidade São Francisco e doutorando em Psicologia da Saúde
pela Universidade Metodista. Professor em cursos de especialização em Psicologia do
Trânsito e Avaliação Psicológica. Autor do Teste de Atenção Seletiva (TAS), da Escala
de Avaliação do Bullying Escolar (EAB-E) e coautor do Teste de Inteligência Verbal
(TIV). Gerente de Educação da Vetor Editora.

Fernanda Kimie Tavares Mishima-Gomes – Psicóloga, Mestre e Doutora em Psico-


logia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo (FFCLRP-USP). Psicóloga do Departamento de Psicologia da FFCLRP-
-USP. Coordenadora do Serviço de Triagem e Atendimento Infantil e Familiar do
Centro de Psicologia Aplicada da FFCLRP-USP.
Autores vii

João Carlos Alchieri – Doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio


Grande do Sul (UFRGS). Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Diretor Institucional da Associação Brasileira de Psicologia do Tráfego (ABRAPSIT)
e Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Jurídica (ABPJ 2017-2019).

Juliane Callegaro Borsa – Psicóloga, mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Un-
iversidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), doutora pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS). Experiência de estágio de doutorado no Grupo di
Ricerca P.A.T. Psicometria Assessment e Testistica (Università di Bologna, Itália). Pro-
fessora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Líder do Grupo
de Pesquisa em Avaliação Psicológica APlab – Pessoas & Contextos. Coordenadora do
Laboratório de Avaliação Psicológica de Crianças e Adolescentes (LAPcriad).

Manoel Antônio dos Santos – Psicólogo, mestre e doutor em Psicologia Clínica pelo
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP). Professor Titular da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo (FFCLRP-USP) e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da FFCLRP-
USP. Membro da Comissão de Assessoramento do CNPq, Membro da Comissão
de Avaliação Quadrienal da CAPES. Coordenador da equipe de Psicologia/Psico-
-Oncologia do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Reabilitação de Mastectomizadas
(REMA-EERP-USP) e do Serviço de Psicologia do Grupo de Assistência em
Transtornos Alimentares (GRATA-FMRP-USP). Coordenador do Grupo de Ação e
Pesquisa em Diversidade Sexual e de Gênero – VIDEVERSO, da FFCLRP-USP.

Manuela Ramos Caldas Lins – Psicóloga pela Universidade Estadual da Paraíba


(UEPB), mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB). Fundadora e
coordenadora do Núcleo de Estudos em Avaliação Psicológica (NEAPsi).

Marcelo Augusto Resende – Psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela


Universidade Federal de Minas Gerais. Professor da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais e coordenador do curso de pós-graduação em Avaliação e Diagnóstico
Psicológico (PUC-MG).

Marco Antônio Pereira Teixeira – Psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pe-


la Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor do Departamento de
Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, onde coordena o Núcleo de Apoio ao Estudante e o Serviço
de Orientação Profissional.
viii Autores

Maria Lucia Tiellet Nunes (in memorian) – Psicóloga pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), mestre em Psicologia pela Universidade
Federal da Paraíba (UFPB) e doutora em Psicologia Tratamento e Prevenção pela
Freie Universität Berlin. Professora da PUC-RS. Vice-presidente da Associação
Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos.

Mariana Silva Cecílio – Psicóloga e mestre em Psicologia pela Universidade Federal


do Triângulo Mineiro (UFTM). Membro do GIPA – Grupo Interinstitucional Pró-
-Adoção – e coordenadora nas Oficinas Preparatórias para Pretendentes à Adoção do
município de Uberaba-MG. Professora da Universidade de Uberaba (UNIUBE).

Marianna Carla Maia Dantas de Lucena – Psicóloga pela Universidade Federal do


Rio Grande do Norte (UFRN), mestre em Psicologia pela UFRN, doutoranda em
Ciências da Saúde pela UFRN.

Priscilla de Oliveira Martins-Silva – Psicóloga, mestre e doutora em Psicologia


pela Universidade Federal do Espírito Santo. Professora do Departamento de
Administração e dos Programas de Pós-graduação em Administração e Psicologia da
Universidade Federal do Espírito Santo.

Sérgio Eduardo Silva de Oliveira – Psicólogo pela UNILAVRAS, mestre e doutor


em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com estágio na
University of Minnesota. Professor do Departamento de Psicologia Clínica da
Universidade de Brasília e pesquisador do Grupo de Estudo, Aplicação e Pesquisa em
Avaliação Psicológica (GEAPAP-UFRGS).

Sonia Regina Pasian – Psicóloga pela Universidade de São Paulo, mestre em Filosofia
(Epistemologia da Psicologia e da Psicanálise) pela Universidade Federal de São
Carlos, doutora em Ciências (Saúde Mental) pela Universidade de São Paulo e Livre-
-Docência pela Universidade de São Paulo. Professora Associada da Universidade
de São Paulo no Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras de Ribeirão Preto, campus Ribeirão Preto. Coordenadora do Centro de
Pesquisas em Psicodiagnóstico.

Valeria Barbieri – Psicóloga pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de


Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), mestre e doutora
em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
(IP-USP). Realizou pós-doutorado na Universidade Paris Diderot – Paris 7. Livre
Docente em Psicodiagnóstico pela USP. Professora do Departamento de Psicologia e
do Programa de Pós-graduação em Psicologia da FFCLRP-USP.
Autores ix

Vanessa Barbosa Romera Leme – Psicóloga e mestra em Psicologia do Desenvolvimento e


da Aprendizagem pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Doutora
em Psicologia pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado pela Universidade
Federal de São Carlos e estágio na Universidade do Porto. Professora do Instituto de
Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre
Desenvolvimento Humano e Relações Interpessoais (NuDERI).

Vivian de Medeiros Lago – Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas


e psicóloga pela Universidade Católica de Pelotas. Mestre e doutora em Psicologia
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com estágio na Universidade de
Portsmouth, Reino Unido. Coordenador do curso de Psicologia da Universidade do
Vale do Rio dos Sinos e pesquisadora do Grupo de Estudo, Aplicação e Pesquisa em
Avaliação Psicológica da UFRGS (GEAPAP).
Sumário

Prefácio ............................................................................................. 13
Sonia Regina Pasian

1 Técnicas de entrevista e suas aplicações


em avaliação psicológica clínica ................................................. 19
Sérgio Eduardo Silva de Oliveira
2 U lização de métodos proje vos na avaliação psicológica....... 41
Fernanda Kimie Tavares Mishima-Gomes
Valeria Barbieri
3 Técnicas de observação em avaliação psicológica clínica .......... 69
Sérgio Eduardo Silva de Oliveira
4 Avaliação da agressividade na infância ...................................... 91
Juliane Callegaro Borsa
Manuela Ramos Caldas Lins
5 Avaliação psicológica aplicada ao contexto da adoção ............. 119
Andrea Kotzian Pereira
Maria Lucia Tiellet Nunes
Mariana Silva Cecílio
Fabio Scorsolini-Comin
xii Sumário

6 Avaliação psicológica no contexto judiciário cível ..................... 141


Vivian de Medeiros Lago
7 Avaliação psicológica no contexto dos transtornos alimentares ... 165
Érika Arantes de Oliveira-Cardoso
Manoel Antônio dos Santos
8 Avaliação psicológica em cirurgia bariátrica .............................. 187
Marianna Carla Maia Dantas de Lucena
João Carlos Alchieri
9 Avaliação psicológica para concessão do porte
de arma de fogo .......................................................................... 209
Marcelo Augusto Resende
Elizabeth do Nascimento
10 Avaliação psicológica no contexto do
aconselhamento de carreira ....................................................... 225
Marco Antônio Pereira Teixeira
Cláudia Sampaio Correa da Silva
11 Avaliação psicológica aplicada à seleção de pessoas ................ 249
Alexsandro de Andrade
Priscilla de Oliveira Mar ns-Silva
Fábio Camilo da Silva
12 Avaliação em habilidades sociais ............................................... 273
Vanessa Barbosa Romera Leme
Ana Carolina Braz
13 Laudo: a formalização do processo de avaliação psicológica .... 293
Sabrina Mar ns Barroso
Elizabeth do Nascimento

Anexos disponíveis em
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Prefácio
Sonia Regina Pasian

A alegria proporcionada pelo convite para elaborar o prefácio


deste livro soma-se a responsabilidade de apresentá-lo de forma com-
patível à qualidade de seu conteúdo. A iniciativa dos organizadores
vem em bom tempo, para tratar de questões teóricas e práticas da ava-
liação psicológica em diferentes contextos, como aponta o próprio tí-
tulo da obra, a qual é recheada de dilemas do cotidiano profissional.
Há que se valorizar muito positivamente a organização desse
conhecimento no campo da avaliação psicológica, pois, aos olhos de
muitos, trata-se da área a qual todo titulado em psicologia pode
exercer. Mas, aos que labutam no cotidiano, onde a psicologia é so-
licitada a responder questões complexas e, no geral, envoltas em di-
lemas, vem a preocupação e clara percepção de que nem todo profis-
sional de psicologia possui segurança e adequada competência técni-
ca nos processos de avaliação psicológica. O livro busca preencher
essa lacuna, vem auxiliar alunos e profissionais a se atualizarem e a
se fundamentarem em práticas de avaliação psicológica consistentes
e cientificamente embasadas, que darão o devido suporte para en-
frentar a complexidade dos contextos onde a psicologia é solicitada.
Assim, nossas ações profissionais poderão ter a positiva consequên-
cia social por todos tão almejada.
14 Prefácio

Postos esses princípios, o livro nos convida, no Capítulo 1, a


caminhar por diferentes terrenos com os quais a avaliação psicológica
tem a contribuir. Inicia-se nas questões relativas aos procedimentos de
entrevista, abordando questões clássicas e embasando possibilidades
de uso desse instrumento na prática profissional, altamente relevante
para os mais variados contextos de trabalho do psicólogo, com o devi-
do destaque para a atuação clínica. Definições operacionais para fun-
ções psicológicas a serem examinadas durante entrevista, bem como
os processos psicológicos nela envolvidos, são descritos de forma didá-
tica e clara, ofertando recursos técnicos para o iniciante e para o pro-
fissional de psicologia em seu contexto de estudo/trabalho.
O Capítulo 2 envolve-nos nas possibilidades de contribuição
científica dos métodos projetivos de avaliação psicológica. Há um
convite a rememorar a história dos instrumentos de exame da psicolo-
gia, reconstruindo a definição de metodologia projetiva e a exemplifi-
cando em sua diversidade técnica. Esse capítulo ainda nos oferece de-
talhada ilustração clínica de caso de avaliação psicológica infantil,
onde é minuciosamente explorada a riqueza advinda da entrevista, do
Desenho da Figura Humana (DFH) e do Teste de Apercepção Infan-
til/Figuras de Animais (CAT-A).
No contexto da avaliação clínica, o Capítulo 3 é primoroso em
abordar as técnicas de observação como recursos para a prática no campo
da avaliação psicológica. Muitos profissionais ou estudantes deixam de trei-
nar nos procedimentos observacionais, incorrendo em falhas técnicas des-
necessárias, muitas vezes ingênuas. Observar exige treinamento e formação
qualificada para ser recurso profissional. Não é pura intuição ou olhadela
sobre a realidade. O capítulo aborda exatamente esse conteúdo e ilustra as
implicações práticas possíveis de serem obtidas com adequada observação
clínica, oferecendo-nos, inclusive, quadros ilustrativos de variáveis a serem
focalizadas e sistematizadas nos processos observacionais, convidando-nos
a fundamentar nossas práticas profissionais em psicologia. Favorece a cien-
tificidade de nossas ações no campo do psicodiagnóstico.
O Capítulo 4 aborda a temática da agressividade no contexto
do desenvolvimento infantil. Define o construto no campo da psico-
Avaliação Psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 15

logia e nos convida a pensar nos procedimentos técnicos disponíveis


para sua avaliação em crianças. São listados vários instrumentos psico-
lógicos, expondo suas principais características técnicas, além de apre-
sentar reflexões sobre o uso das técnicas gráficas (em especial o Dese-
nho de Figura Humana) para essa finalidade, atrelada a entrevista de
anamnese e entrevista lúdica. O capítulo encerra-se com caso ilustrati-
vo dessas questões, deixando vir à tona não só as bases teóricas, mas a
forma como se processa no cotidiano essa avaliação da agressividade
na história de uma criança.
No campo da adoção, a avaliação psicológica tem suscitado vá-
rios questionamentos. Essa realidade é abordada no Capítulo 5. Os
autores apresentam elementos históricos e técnicos para embasar a
prática do psicólogo nesse campo, ilustrando as diferentes perspectivas
pelas quais um profissional pode ser chamado para atuar com crianças
e suas famílias, caracterizando a diversificada demanda existente.
Apresentam, por fim, exemplo clínico de processo psicodiagnóstico de
uma criança cujos pais buscaram o profissional para “conhecer o fi-
lho”. A riqueza das informações clínicas e reflexões derivadas desse
processo psicodiagnóstico certifica a complexidade do campo e nos
convida ao aprimoramento e responsabilidade profissional, compatí-
vel com os avanços técnico-científicos da psicologia.
No capítulo seguinte, o livro volta-se aos processos de avaliação
psicológica realizados no contexto judiciário. A autora aponta a diversi-
dade de demandas nele embutidas, utilizando o termo “avaliação foren-
se”, explanando seus objetivos, possíveis estratégias técnicas e derivações
profissionais aí implicadas, chamando-nos a refletir sobre a seriedade
dos posicionamentos do psicólogo nesse campo, seja como perito ou
como assistente técnico. Há riqueza de detalhamentos técnicos para a
boa condução dos processos de avaliação psicológica nesse contexto, in-
cluindo orientações relativas aos documentos produzidos, apaziguando
dúvidas frequentes no contexto forense. Esse capítulo traz a exemplifi-
cação de perícia psicológica judicial (disputa de guarda).
O Capítulo 7 aborda a avaliação psicológica no contexto dos
transtornos alimentares, caracterizando-os teoricamente e oferecendo
16 Prefácio

recursos para a compreensão dos mesmos, em especial da anorexia e


bulimia nervosas. Em acréscimo apresentam dados empíricos obtidos
com 27 avaliações psicodiagnósticas realizadas com casos de transtor-
nos alimentares em tratamento, examinados por meio do método de
Rorschach e pelo teste de Pfister, abordando seu funcionamento lógi-
co e afetivo, além da adaptação social.
O tema da avaliação psicológica em casos de cirurgia bariátrica
é assunto do Capítulo 8. Os autores contextualizam o tema da obesi-
dade e seus possíveis tratamentos, chegando ao processo de avaliação
psicológica nos casos em que a cirurgia bariátrica constitua a indica-
ção terapêutica da equipe multidisciplinar. Elementos teóricos e técni-
cos dessa avaliação são tratados de forma clara, de modo a embasar o
psicólogo em sua atuação nesse campo, chegando a apresentar uma
listagem dos instrumentos mais recorrentes e seus principais achados,
apontando a contribuição dos métodos projetivos, inclusive para in-
tervenções futuras com os casos.
Na sequência, o Capítulo 9 focaliza os processos de avaliação
psicológica para concessão de porte de arma de fogo, de natureza
obrigatória (avaliação compulsória). Os autores apontam os cuidados
técnicos necessários para o trabalho nessa área, fortemente regulamen-
tada, bem como ilustram caminhos possíveis para o profissional de
psicologia. Sabiamente o capítulo ainda nos convida a pensar sobre os
desafios inerentes nesse campo. Ilustra o processo com um estudo de
caso, enriquecedor para embasar as ações nessa área.
Já no Capítulo 10 tem-se o tema do aconselhamento de carreira
e seu vínculo com a avaliação psicológica. Há um importante históri-
co da área logo no início do texto, apontando os paradigmas envolvi-
dos nesse contexto e seus derivados nos processos de avaliação psico-
lógica. Chegam a oferecer instrumentos úteis para esses processos na
tentativa de facilitar a atuação do psicólogo, concluindo o capítulo
com detalhado estudo de caso.
Dimensões históricas e conceitos técnicos da avaliação psicoló-
gica no campo da seleção de pessoas constituem o tema do Capítulo
11. Os autores caminham de modo a oferecer condições para o profis-
Avaliação Psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 17

sional se inserir nessa área de forma competente e cuidadosa, respei-


tando princípios éticos. Ao final são apresentados exemplos práticos,
bastante úteis ao psicólogo que atuar nesse contexto.
O penúltimo capítulo aborda a avaliação psicológica de habili-
dades sociais, apresentando o histórico do campo, seus principais con-
ceitos e sua interlocução com a perspectiva bioecológica do desenvol-
vimento. Por fim, exemplificam os princípios abordados num proces-
so de treinamento de habilidades sociais com idosos, permitindo-nos
acompanhar a avaliação psicológica realizada a partir dessa perspectiva
teórico-metodológica da psicologia, envolvendo necessidades dos ido-
sos e treinamento da equipe de trabalho.
Para encerrar, tem-se o Capítulo 13, voltado ao laudo enquanto
formalização final do processo de avaliação psicológica. Esse texto vem
preencher séria lacuna no Brasil, pois oferece informações preciosas so-
bre os princípios, as diretrizes e os passos necessários para elaboração do
laudo, resultado da avaliação psicológica. As autoras partem de casos re-
ais, ilustrando erros e acertos desses processos, de modo a nos ofertar ri-
quíssimo material para estudo e reflexão profissional, estimulando nosso
aprimoramento técnico-científico no campo.
A análise cuidadosa do conjunto dos capítulos organizados nes-
te volume nos leva a testemunhar sua atualidade e importância para o
campo da avaliação psicológica no Brasil, ofertando relevante conhe-
cimento para o aprimoramento da área. Por ter percorrido esse cami-
nho de leitura atenta do material, encontro-me fortalecida em princí-
pios teóricos, exemplos práticos e didáticos nos variados contextos de
aplicação da avaliação psicológica. Resta-me, portanto, concluir este
prefácio convidando-os, enfaticamente, para também realizarem a mes-
ma cuidadosa análise deste conjunto de capítulos, compondo um
todo superior à somatória de suas unidades, como classicamente apren-
demos na psicologia. Parabenizo os organizadores pela obra e desejo a
todos uma profícua leitura!
1
Técnicas de entrevista
e suas aplicações em
avaliação psicológica clínica
Sérgio Eduardo Silva de Oliveira

No trabalho de avaliação psicológica, o profissional pode lançar


mão de uma ampla gama de técnicas para a coleta de informações, a sa-
ber: entrevistas, observação direta do comportamento, dinâmicas, testes
psicológicos, tarefas experimentais, técnicas projetivas e expressivas, role-
-playing, entre outras. O recomendado é que o profissional utilize dife-
rentes técnicas para a coleta e validação de informações para que o estu-
do psicológico da pessoa em avaliação resulte em um quadro que repre-
sente fidedignamente seu real e atual funcionamento. A abordagem
multimétodo de coleta de dados possibilita a triangulação de informa-
ções, de modo que o psicólogo tenha disponível uma variedade de da-
dos que fundamentarão suas decisões ao final do processo.
Na avaliação psicológica, tanto os aspectos verbais quanto os não
verbais são de igual importância para o entendimento do funcionamen-
to psicológico da pessoa que está sendo avaliada. O conteúdo das narra-
tivas possibilita que o psicólogo levante diferentes tipos de informações,
tais quais: autopercepções, valências afetivas atribuídas às experiências,
formas de representações dos outros, memórias de fatos e eventos de
vida, entre outras. Para além do conteúdo narrativo, as expressões com-
portamentais, as atitudes e as condutas das pessoas são também fontes
ricas de informações. O psicólogo pode identificar incongruências entre
20 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

o conteúdo narrado e o comportamento expresso acerca de uma per-


cepção, assim como observar reações comportamentais durante o pro-
cesso avaliativo que indicam estados emocionais (p. ex.: constante fric-
ção das mãos, balançar das pernas e respiração ofegante como indicati-
vos de ansiedade; tom de fala monotonal, empobrecida expressão emo-
cional e olhar baixo como sinais de humor disfórico, etc.).
Para fins deste capítulo, serão abordadas algumas técnicas de con-
dução de entrevista que podem ser empregadas na avaliação psicológica
no contexto clínico. O objetivo aqui é instrumentalizar tecnicamente o
psicólogo para a condução de entrevistas no psicodiagnóstico, aumen-
tando a qualidade de sua prática profissional. Sabe-se que diferentes
contextos de atuação, como o escolar, hospitalar, forense, organizacio-
nal, entre outros, demandam posturas e condutas diferenciadas. Contu-
do, reconhece-se que existem aspectos e técnicas de entrevista que são
compartilhados entre os diferentes contextos de atuação.

TIPOS DE ENTREVISTAS

A entrevista é a principal ferramenta do psicólogo para a prática


da avaliação psicológica no contexto clínico (Tavares, 2007a). Por
meio dela, o profissional pode acessar o mundo interno do paciente1,
suas representações, crenças, visões de si, do outro e de mundo, suas
experiências, etc. Para tanto, é importante que o clínico2 conheça e
domine técnicas de condução de entrevistas. A literatura psicológica é
rica em materiais que auxiliam nisso. Os dois principais manuais de
avaliação psicológica do país, Psicodiagnóstico – V (Cunha, 2007) e
Psicodiagnóstico, da coleção Avaliação Psicológica (Hutz, Bandeira,
Trentini, & Krug, 2016), possuem capítulos voltados especificamente
1
Diferentes abordagens psicológicas denominam as pessoas que estão em avaliação psicológica
no contexto clínico como pacientes. Existem abordagens que preferem nomear essas pessoas
como clientes, examinandos, avaliandos, entre outros. Neste capítulo, a palavra paciente
refere-se à pessoa que está sendo atendida em um processo de avaliação psicológica.
2
No contexto de atuação clínica, o profissional da Psicologia também é usualmente denomi-
nado como clínico. Dessa forma, esse termo (clínico) refere-se, neste capítulo, ao psicólogo
que atua com avaliação psicológica no contexto clínico.
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 21

para a prática de entrevistas. Dessa forma, não se pretende aqui, neste


capítulo, rever o que a literatura brasileira já apresenta sobre o tema,
mas sim apresentar algumas técnicas de comunicação verbal.
Contudo, antes de apresentar as técnicas comunicativas pro-
priamente ditas, faz-se importante delimitar os tipos de entrevistas
que o psicólogo pode conduzir em um psicodiagnóstico. Os tipos de
entrevista podem ser classificados de acordo com seus aspectos formais
(Tavares, 2007b): de livre estruturação, semiestruturada e estruturada.
A principal diferença entre essas formas de entrevista encontra-se no
protagonismo dos agentes: a forma de livre estruturação implica maior
protagonismo do entrevistado, a semiestruturada compreende uma
diretividade compartilhada e, na estruturada, o entrevistador assume
um papel mais diretivo.
O tipo de livre estruturação permite que o paciente protagonize
a entrevista falando dos temas e assuntos que lhe vier à mente. Esse
tipo de entrevista é melhor representado pela técnica psicanalítica de
associação livre (para mais detalhes recomenda-se a leitura de Celes,
2005; Macedo & Falcão, 2005; Priszkulnik, 1998). Contudo, obvia-
mente, outras abordagens psicológicas podem valer-se dessa modali-
dade de entrevista, variando a técnica de condução e análise. No psi-
codiagnóstico3 esse tipo de entrevista não é comumente usado devido
ao limite de tempo que o processo tem. Contudo, também não há
nenhuma contraindicação do uso dessa técnica no psicodiagnóstico.
A entrevista semiestruturada, por sua vez, permite essa troca de
protagonismo entre o profissional e o paciente. O clínico geralmente
tem um roteiro com pontos previamente estabelecidos para serem es-
clarecidos, mas sua sequência não é fixa e permite que o paciente in-
clua novos assuntos e produza em seu ritmo. O tipo de entrevista se-
miestruturada mais comum na prática da avaliação psicológica é a en-
trevista de anamnese (para detalhes recomenda-se a leitura de Silva &
Bandeira, 2016). Nesta modalidade, o psicólogo busca investigar as-
pectos desenvolvimentais, de saúde, de contexto, intra e interpessoais
3
O termo psicodiagnóstico é historicamente colocado como sinônimo de avaliação psicológi-
ca no contexto clínico (Krug, Trentini, & Bandeira, 2016).
22 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

que são relevantes para explicar ou para relacionar com o estado psi-
cológico atual da pessoa em avaliação.
Finalmente, as entrevistas estruturadas se caracterizam pelo pro-
tagonismo do profissional, o qual possui um roteiro fixo a ser seguido
e geralmente deve ter critérios claros e objetivos de codificação das
respostas dos pacientes. As principais representantes dessa modalidade
de entrevista são as Entrevistas clínicas estruturadas para o Manual
diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais – DSM (Tavares, 2007a).
Neste caso específico é recomendado que o psicólogo tenha um pro-
fundo conhecimento de psicopatologia, de acordo com o sistema de
classificação do DSM (American Psychiatric Association, 2014). Du-
rante esse tipo de entrevista, o psicólogo verifica, por meio de pergun-
tas e provas (perguntas complementares que comprovem o sintoma),
se um determinado sintoma está presente ou não, assim como o nível
de atenção clínica do sintoma presente. Esse tipo de entrevista au-
menta a fidedignidade das conclusões, uma vez que a forma estrutura-
da e os critérios objetivos uniformizam a entrevista, aumentando a
concordância entre avaliadores.
Todos esses três tipos de entrevistas podem ser aplicados com
pessoas de qualquer fase do ciclo vital, desde que tenham condições
cognitivas para isso. Além disso, elas também podem ser aplicadas
com outros informantes com o intuito de validar informações ou co-
letar novos dados (para entrevista com outros informantes, recomen-
da-se a leitura de Giacomoni & Bandeira, 2016). Note-se, aqui, que a
entrevista de livre estruturação não é proveitosa nesses casos, uma vez
que o foco dessas entrevistas é a própria pessoa e, na entrevista com
outros informantes, o foco é a pessoa a ser avaliada e não o entrevista-
do. Finalmente, quando se trata de entrevista com crianças, técnicas
específicas usando brinquedos ou outros materiais lúdicos são reco-
mendadas (para detalhes, recomenda-se a leitura de Krug, Bandeira,
& Trentini, 2016; Werlang, 2007).
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 23

TÉCNICAS COMUNICATIVAS

Feitas as devidas delimitações acerca dos tipos de entrevistas, vale


agora apresentar algumas técnicas de comunicação verbal que podem
auxiliar na condução das entrevistas. García-Soriano e Roncero (2012)
sumarizaram uma série de técnicas de comunicação verbal, as quais fo-
ram agrupadas em dois blocos: (1) não diretivas (com as técnicas de pa-
ráfrases, reflexo das emoções, clarificação, resumo, autorrevelação e ur-
gência); e (2) diretivas (com as técnicas de indagação, interpretação, en-
quadre, confrontação, afirmação de capacidade, informações e instru-
ções). Entretanto, para o presente capítulo, foi feita uma atualização dos
agrupamentos em: (1) técnicas não diretivas; (2) técnicas semidiretivas;
e (3) técnicas diretivas.
As técnicas não diretivas, ou de escuta, compreendem inter-
venções verbais que sinalizam uma escuta ativa. A utilização dessas
técnicas favorece o estabelecimento de uma relação positiva entre
o entrevistado e o avaliador e elas são consideradas não diretivas
por serem apenas um feedback do avaliador para o entrevistado
acerca do entendimento da mensagem (García-Soriano & Ronce-
ro, 2012). Esse grupo de técnicas serve para fortalecer o vínculo
entre o entrevistador e o entrevistando e para encorajar o paciente
a seguir com sua produção narrativa. Neste momento, recomendo
que o leitor observe as informações referentes às quatro técnicas de
comunicação verbal não diretivas, na Tabela 1.1, antes de retomar
a leitura do próximo parágrafo.
Após a leitura das técnicas descritas na Tabela 1.1 o leitor é ca-
paz de perceber que essas quatro técnicas têm em comum o objetivo
de mostrar para a pessoa que está sendo entrevistada que ela é ouvida
e compreendida. Essa postura pode favorecer a produção verbal do
paciente de forma colateral. Uma vez que a pessoa percebe que ela
está de fato sendo ouvida e que há um interesse no que ela está dizen-
do, espera-se que ela melhore a sua produção narrativa. Além disso,
essas técnicas têm um caráter organizador, isto é, elas buscam devolver
ao paciente suas falas de forma resumida e organizada.
Tabela 1.1 Síntese das técnicas não dire vas de comunicação verbal
Técnica Descrição Obje vos Recomendações Exemplos
Paráfrases Repe r, com suas – Transmi r ao E o significado central da – Introduza algumas palavras-chave do E: “Foi quando eu fui transferido para cá. Eu
próprias palavras, o mensagem. entrevistado (com moderação – para estava acostumado com o ritmo da minha
conteúdo cogni vo – Facilitar a organização e expressão do não parecer um “papagaio”). cidade e agora estou tendo que me virar com
da mensagem que o E pensamento do E. – Seja breve e exato. o frenesi dessa cidade”.
acabou de dizer. – Focar no conteúdo cogni vo da – Nunca modifique ou adicione A: “Parece que essa mudança forçou você a se
mensagem. informações. adaptar a um novo ritmo de vida”.
– Facilitar a compreensão do A e
possibilitar a comprovação do E sobre o
que foi entendido.
Reflexo Enfa zar as emoções – Comunicar ao E que as emoções foram – Não use demasiadamente a técnica de E: “Desde então eu tenho do dificuldades
explicitamente entendidas adequadamente. reflexo para não induzir o E. para dormir, me alimentar... Parece que não
expressadas na – Facilitar o entendimento e expressão – Conheça adje vos emocionais para usar consigo me desligar e relaxar”.
mensagem que o E emocional do E. o mais adequado. A: “Essa adaptação tem deixado você um
acabou de dizer. tanto ansioso”.
Resumo Sinte zar os principais – Demonstrar ao E que ele tem sido – O resumo pode ser feito no início A: “Em nosso úl mo encontro você me contou
aspectos cogni vos e entendido. da entrevista (resumindo a sessão de sua transferência para essa cidade e que
emocionais de uma – Ligar e organizar os aspectos tratados na anterior), durante a entrevista (para todas essas mudanças estavam lhe deixando
comunicação. entrevista. fechar uma parte), ou no final; um pouco ansioso. Estou certo?”
– Relacionar os temas-chave da entrevista. – Inclua o E para incrementar a exa dão.
– Iden ficar temas comuns nas diferentes
mensagens.
– Facilitar a transição entre temas.
– Diminuir a intensidade emocional do E.
– Valorizar o progresso.
Clarificação Pedir que o E esclareça – Esclarecer as caracterís cas precisas da – Empregue a técnica somente se a A: “Eu não consegui ouvir direito, você
aspectos os quais o mensagem. informação confusa for importante. poderia repe r?”
A não está seguro de – Iden ficar o problema impreciso. – Avalie se é preferível esclarecer A: “Se entendi direito, a transferência
ter compreendido a informação no momento ou somente ocorreu por causa da troca da
adequadamente. se ela poderá ser esclarecida coordenação do setor, estou certo?”
espontaneamente no decorrer da A: “A transferência foi devida à troca da
entrevista. coordenação ou por causa da queda na
24 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

produção?
Nota: E = examinando; A = avaliador. As informações desta tabela são baseadas (adaptações e traduções livres) na obra de García-Soriano e Roncero (2012, p. 111-115).
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 25

As duas primeiras técnicas descritas, a saber, a paráfrase e o re-


flexo, são formas de organizar os aspectos ideacionais e afetivos do pa-
ciente, respectivamente. Enquanto a primeira propõe uma organiza-
ção das ideias e das narrativas, a segunda busca significar as experiên-
cias emocionais. Essas técnicas podem favorecer o insight e a organiza-
ção interna do paciente.
A técnica do resumo tem uma função de continuidade. Por
meio dela, o profissional mostra à pessoa o que foi compreendido até
um dado momento, sinalizando que ela pode continuar de onde pa-
rou. Essa técnica pode também ser aplicada solicitando que a própria
pessoa faça um resumo do que aconteceu (García-Soriano & Ronce-
ro, 2012). Nesse caso, o psicólogo pode dizer algo como: “Como você
resumiria os aspectos mais importantes que conversamos até agora?”
A aplicação dessa técnica permite, além de outras coisas, que o clínico
observe quais aspectos do assunto são mais relevantes para o paciente.
Além disso, o psicólogo pode avaliar a capacidade de síntese e de or-
ganização do pensamento da pessoa que está em avaliação.
Finalmente, a técnica de clarificação é bastante útil na avaliação
psicológica e ela busca sanar imprecisões e confusões. Essa técnica
pode ser aplicada de diferentes formas, como, por exemplo, quando o
psicólogo não entende uma informação que foi dita ou quando deseja
comprovar que entendeu uma informação corretamente (García-So-
riano & Roncero, 2012). Neste caso, o psicólogo pode pedir ao pa-
ciente que clarifique essas incertezas. Na avaliação psicológica, é im-
portante que o clínico esteja certo de que compreendeu corretamente
a mensagem de seu paciente. Contudo, a técnica de clarificação deve
ser empregada somente nos casos em que o tema em questão tem re-
levância para o caso. De outra maneira, o uso constante de clarifica-
ções pode alongar a entrevista.
Como salientam García-Soriano e Roncero (2012), não há um
consenso quanto à classificação das técnicas de autorrevelação e urgên-
cia; há quem as considere como não diretivas e há quem as considere
diretivas. As autoras as classificaram como não diretivas, entretanto,
para este capítulo, elas foram classificadas como semidiretivas. Esta é
26 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

uma nova categoria, a qual foi formulada haja vista que essas duas téc-
nicas tendem a exercer certo efeito de direcionamento no entrevistado,
ainda que não de forma explícita. Esse potencial de diretividade foi a
razão para a elaboração dessa nova categoria. Note que essas duas técni-
cas implicam na introdução da figura e experiências do avaliador e elas
atuam na relação profissional-paciente. A Tabela 1.2 apresenta tais téc-
nicas. Recomenda-se que o leitor faça a leitura dessa tabela e depois re-
torne a leitura para o próximo parágrafo.
O leitor deve ter observado que as duas técnicas semidiretivas, a sa-
ber, a autorrevelação e a urgência, têm em comum a emergência de ques-
tões referentes à relação entre o clínico e o paciente. A primeira (autorre-
velação) deve ser usada com muita cautela e com pouca frequência. Algu-
mas pessoas precisam, e às vezes demandam abertamente, que o psicólogo
conte algo de si para se sentirem mais confiantes e confortáveis para con-
tarem suas experiências íntimas. Não existe uma receita de quando o psi-
cólogo deve usar essa técnica. Não é porque o paciente demanda, implíci-
ta ou explicitamente, que o psicólogo conte algo de si, que o mesmo deve
assim o fazer. O psicólogo deve estar atento ao ritmo de produção da pes-
soa na avaliação, ao grau de cooperação dela, aos afetos manifestados, às
condutas e atitudes expressas e à qualidade do vínculo estabelecido. A
ideia do uso dessa técnica é fortalecer a relação para que o paciente se sin-
ta mais confortável para continuar produzindo, isto é, relatando suas ex-
periências, medos, vergonhas, ansiedades, sintomas, etc. Chama-se a aten-
ção para que o psicólogo não use essa técnica para sanar necessidades pes-
soais (como, por exemplo, um desabafo).
A segunda técnica (urgência) refere-se à exposição de questões
problemáticas da relação no momento em que ocorrem. A ideia é des-
velar o que não foi dito, mas foi percebido; é trazer às claras atuações
ou situações subentendidas que podem interferir na produção e no
processo psicodiagnóstico. Essa é uma técnica que também deve ser
usada com cautela, devido ao risco de respostas indesejáveis dos pa-
cientes. Contudo, a abstenção de seu uso também pode ser bastante
prejudicial, pois pode dar a impressão de que temas importantes são
evitados (García-Soriano & Roncero, 2012).
Tabela 1.2 Síntese das técnicas semidire vas de comunicação verbal
Técnica Descrição Obje vos Recomendações Exemplos
Autorrevelação - Revelar informações – Promover o vínculo com o E. – Use somente se necessário, pois esta E: “A área onde fica a empresa aqui
demográficas pessoais ou – Aumentar a empa a para que o técnica é pouco recomendada. é extremamente confusa e é sempre
experiências pessoais. E se sinta compreendido. – Esteja certo de que seu uso está um estresse chegar lá. Ah! Vou parar
– Facilitar a autorrevelação do E. ajudando na relação com o E e de falar isso, porque você vai ficar
– Compar lhar informação. não servindo às suas próprias pensando que eu sou um chato!”
– Sugerir que há algo comum necessidades. A: “Diversas vezes que eu precisei
entre A e E. fazer algo naquela região, eu ve
dificuldades de me locomover, pois
a circulação de pessoas nessa área é
realmente alta”.
Urgência - Descrever o que está – Discu r explicitamente algo – Limite-se a descrever o que ocorre A: “Sinto muito, estou tendo
acontecendo em um dado que o A sente sobre si mesmo, no exato momento (aqui e agora). dificuldades de concentrar-me,
momento a respeito da sobre o E ou sobre a relação – Proporcione uma decisão sem julgar podemos voltar sobre essa ideia de
relação entre A e E. que não tenha sido expressado a situação. novo?” (foco no A).
de forma direta. – Assuma a responsabilidade A: “O ambiente parece tenso hoje,
– Fornecer um feedback sobre do enunciado (“eu me sinto parece que hoje está mais di cil
um momento concreto da incomodado com isso”, ao invés de trabalhar” (foco na relação).
entrevista. “você está me deixando incomodado
– Auxiliar a autoexpressão do E. com isso”).
– Avalie se o E está preparado para
enfrentar a intervenção e se é o
momento adequado.
Nota: E = examinando; A = avaliador. As informações desta tabela são baseadas (adaptações e traduções livres) na obra de García-Soriano e Roncero (2012, p. 115-117)
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 27
28 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

Vale notar que o uso dessa técnica deve desvelar questões no


momento em que elas ocorrem. Isto é, não deve se esperar o mo-
mento passar, não a empregue ao final da sessão, como, por exem-
plo, dizendo: “eu fiquei incomodado com seu tom de voz naquela
hora em que você se queixou da nossa última sessão”. Ou mesmo
dizendo: “eu tenho ficado incomodado com sua postura de reclama-
ção das sessões”. O recomendado é utilizar essa técnica no momento
em que a questão problema ocorre e sempre identificando o respon-
sável pelo enunciado. No exemplo, isso poderia ser: “eu me sinto
um pouco incomodado frente a essa sua queixa”. Note que, nesse
exemplo, o psicólogo assume a responsabilidade pelo afeto negativo
que está experimentando. Ele diz: “eu me sinto um pouco incomo-
dado frente a essa sua queixa” ao invés de “você está me deixando
incomodado com essa sua queixa”. O clínico deve ter em mente que
essa técnica serve para que o paciente reflita e tenha insights sobre a
forma como a relação está acontecendo no aqui e agora, e não so-
mente para expressar as próprias insatisfações.
Por fim, as técnicas diretivas ou de influência são caracterizadas
por intervenções verbais que o avaliador faz para influenciar direta-
mente o comportamento do entrevistado. Elas são mais complexas
que as técnicas de escuta, uma vez que seu emprego pode gerar, por
exemplo, respostas de resistência. O uso dessas técnicas é indicado
quando um rapport está bem estabelecido e quando o entrevistado
oferece sinais de receptividade a estes tipos de intervenções verbais
(García-Soriano & Roncero, 2012). As sete técnicas diretivas têm em
comum o objetivo de influenciar o comportamento e/ou percepção
do paciente. Note que algumas técnicas, tais quais a interpretação e o
enquadre, são mais comuns em entrevistas de psicoterapia, contudo,
elas podem ser perfeitamente aplicadas à avaliação psicológica. Seus
valores no psicodiagnóstico estão em possibilitar a avaliação da reação
e do grau de adaptação e insight dos pacientes após suas administra-
ções. Leia na Tabela 1. 3 os tipos de técnicas diretivas e depois retorne
à leitura do próximo parágrafo.
Tabela 1.3 Síntese das técnicas dire vas de comunicação verbal
Técnica Descrição Objetivos Recomendações Exemplos
Indagação – Indagar sobre o 1) Perguntas abertas: – Evite converter perguntas abertas em 1) Perguntas abertas:
entrevistado. – Iniciar a entrevista. fechadas. A: “Qual o motivo que te trouxe aqui
– Duas formas: – Convidar o E a falar. – Use perguntas abertas para entender hoje?”
1) Perguntas abertas: – Incentivar o E a gerar o funcionamento do E. A: “Qual sua experiência com esse tipo
Formular perguntas informações. – Use perguntas fechadas para obter de atividade?”
cujas respostas reflitam – Incentivar o E a descrever informações específicas. A: “Em quais situações você
as ideias do E. seus comportamentos, – Cuide para que a pergunta não geralmente se sente dessa forma?”
2) Perguntas fechadas: sentimentos e pensamentos. resulte em resposta longa. A: “O que você normalmente faz
Formular perguntas 2) Perguntas fechadas: – Não pergunte por curiosidade. quando isso acontece?”
cujas respostas – Estreitar a área de discussão. – Não faça perguntas cujos objetivos 2) Perguntas fechadas:
informem algo – Obter informações não estejam claros para você. A: “Quando isso aconteceu?”
concretamente. específicas. – Evite perguntas que comecem A: “Você tem experiência com esse tipo
– Esclarecer aspectos com “por quê?”, pois podem gerar de atividade?”
concretos. respostas defensivas (“Por que não?”). A: “Onde você estava durante esse
– Dê tempo para o E pensar. episódio?”
– Evite fazer várias perguntas de uma vez. A: “Com quem você discutiu?”
– Não formule perguntas em sentido
negativo (“Não tem bebido muito,
certo?”).
– Não faça perguntas duplas (“Você
tem alterações no sono ou apetite?”).
– Faça perguntas curtas para evitar
confundir o E.
Interpretação – Proporcionar uma – Melhorar a relação positiva, – Não faça interpretações absolutas, E: “Tem sido bastante difícil lidar com
explicação alternativa reforçando a autorrevelação mas tentativas, incluindo uma tudo isso. Nova cidade, nova equipe de
ao problema ou do E e a credibilidade do A. clarificação no final, para se trabalho, novas atividades, nova casa.
preocupação do E com – Identificar padrões entre as assegurar que ela está correta e Até hoje não consigo acreditar que
base nas observações mensagens e condutas do E. evitar reações de resistência. fui transferido. Minha vida antes era
do A acerca das – Tornar explícitas as uma maravilha. Agora estou tendo que
condutas, padrões, mensagens implícitas do E. começar tudo de novo e aprender tudo
desejos e sentimentos novamente”.
implícitos do E.
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 29

con nua
Tabela 1.3 Síntese das técnicas dire vas de comunicação verbal (con nuação)
Técnica Descrição Objetivos Recomendações Exemplos
Interpretação – Entender o problema à luz de – Faça a interpretação somente quando A: “Eu tenho a impressão de que
um marco teórico; o E está próximo a chegar a essa a principal questão que pode estar
– Promover o mesma interpretação, podendo incomodando você, mais do que a
autoconhecimento do assumir o novo significado e quando mudança e todas as coisas novas que
entrevistado. houver tempo suficiente na sessão você tem que lidar, é uma sensação
para o manejo da ansiedade ou de impotência que você parece estar
resistência que podem advir dessa experimentando frente à decisão da
técnica. nova coordenação em transferi-lo.
Estou certo?”
Enquadre – Oferecer uma nova – Auxiliar o E a considerar – Aplique esta técnica quando o E E: “Agora, toda hora tem uma pessoa
perspectiva para o E a possibilidade de que estiver vendo o mundo de forma ao meu lado me dizendo o que fazer,
interpretar o mundo de existem modos diferentes disfuncional. me falando das regras locais da
forma mais adaptativa, de ver a realidade, levá-lo a empresa, me perguntando se tudo
mas sem fazer explorar essas alternativas e está indo bem. Não aguento mais
explícitos processos aproximá-lo da mudança. ser vigiado. Todos ficam em cima,
implícitos ou não – Motivar o E a permanecer esperando que eu cometa um erro”.
conscientes. na entrevista ou a iniciar um A: “Esses comportamentos de
tratamento. seus colegas não poderiam ser de
– Ajudar o E a compreender os auxílio? Ao invés de eles estarem te
objetivos do tratamento. monitorando, eles podem estar, na
– Ajudar o E a entender a verdade, interessados em seu bem-
conduta de outra pessoa e estar e na sua adaptação. Pode ser que
responder de modo diferente. o foco não seja o seu ‘mau passo’”.
Confrontação – Apresentar contradições – Ajudar a explorar modos – Utilize somente quando houver E: “Agora estou bem mais tranquilo e
no discurso e/ou diferentes de perceber algum evidências suficientes para aceitando melhor a situação”.
conduta do E. aspecto. demonstrar a incongruência. A: “Você me diz que está se sentindo
– Tornar a pessoa mais – Fundamente com exemplos melhor, mas expirou profundamente
consciente das discrepâncias específicos da conduta do E evitando enquanto falava isso e esfregou
ou incongruências em seus generalizações. suas mãos” – incongruência entre
pensamentos, sentimentos ou – Adicione uma clarificação ao final. o conteúdo do discurso e as
condutas. manifestações corporais.
30 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

con nua
Tabela 1.3 Síntese das técnicas dire vas de comunicação verbal (con nuação)
Técnica Descrição Objetivos Recomendações Exemplos
Confrontação – Empregue um tom de voz e uma E: “Estou me esforçando para me
postura que indiquem preocupação e adaptar a essa nova etapa de minha
apoio e não enfrentamento. vida. Mas, agora não me peça para ter
– Utilize expressões como “por um que ficar de ‘blá blá blá’ com esse povo
lado... e por outro...” ao invés de “por na hora do intervalo”.
um lado..., mas daí...”. A: “Você está me dizendo que está
– Somente utilize essa técnica se uma se esforçando para se adaptar à
relação de confiança foi estabelecida. nova empresa, mas se recusa a
– Utilize quando o E estiver preparado se relacionar com seus colegas de
para mudar ou dar-se conta da trabalho?” – incongruência entre o
incongruência. conteúdo do discurso e a conduta.
– Utilize somente se há tempo
suficiente na sessão para trabalhar a
reação do E.
Afirmação de - Comunicar ao E sua - Incentivar o E a realizar uma – Utilize somente quando o E A: “Eu realmente gostaria de me
Capacidade capacidade para determinada atividade. manifestar seu desejo de levar a cabo adaptar a esse novo trabalho e seguir
realizar uma atividade. - Ajudar o E a tomar a atividade e quando estiver seguro minha vida aqui nessa cidade.”
consciência de sua própria de que o E tenha as habilidades E: “Antes de se mudar para cá, você
capacidade. necessárias para isso. tinha uma adequada produtividade
- Enfatizar os benefícios para – Não utilize quando o E tem uma na empresa, mantinha saudáveis
o entrevistado se implicar na imagem de si mesmo muito negativa. relacionamentos com seus colegas de
atividade. trabalho e tinha seus amigos. Estou
certo de que você pode desenvolver
boas relações aqui também. Você é
comunicativo e sociável. Você tem
capacidade de aprender novas tarefas e
se esforça para ser bem-sucedido nelas”.
con nua
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 31
Tabela 1.3 Síntese das técnicas dire vas de comunicação verbal (con nuação)
Técnica Descrição Objetivos Recomendações Exemplos
Informação - Comunicar fatos e - Ajudar o E a identificar - Seja objetivo na transmissão da A: “Você sabia que nessa filial existe
dados. alternativas ante uma informação (não oculte efeitos um programa de experimentação que
determinada situação. negativos, não dê opinião pessoal sobre os funcionários podem se candidatar?
- Avaliar as consequências ou qual opção é mais recomendável). Os funcionários experimentam em três
implicações de cada alternativa - Não sobrecarregue o E com meses cinco diferentes postos de trabalho
ou decisões. informações desnecessárias. dentro da filial e ao final desse período
- Corrigir informações não - Forneça somente informações que você pode optar por uma das áreas
exatas ou dissipar mitos. você esteja seguro delas. experimentadas” – informação específica.
- Motivar o E a examinar - Avalie o momento adequado para A: “Suas dificuldades em dormir, de
aspectos que ele pode estar dar as informações, quando o E as se concentrar, de se alimentar, sua
evitando. necessite e possa aceitá-las. excessiva preocupação são sintomas
- Proporcionar uma estrutura à de ansiedade” – informação de
entrevista ou à avaliação ou ao conceitos ou modelos.
tratamento. A: “Os resultados de sua avaliação
- Psicoeducar por meio de sugeriram que você apresenta
informações importantes ao um Transtorno de Ajustamento” –
caso. informação de notícias desagradáveis.
Instruções - Oferecer um conjunto de - Ensinar o E a realizar (ou - Use linguagem adaptada às A: “Agora eu vou dar a você algumas
pautas sobre como fazer deixar de realizar) uma habilidades do entrevistado. instruções e preciso de sua atenção.
algo. determinada tarefa ou - Dê instruções específicas, explique os Eu gostaria que, para nossa próxima
comportamento. passos detalhadamente. sessão, você listasse os aspectos que
- Verifique se o E entendeu. você julga positivos e negativos em
- Solicite explicitamente a atenção do E. estar aqui. Gostaria que você listasse
- Dê as instruções mais como os aspectos positivos e negativos de
sugestões do que como ordens. morar nessa cidade. Gostaria também
- Instrua claramente o E quando ele que você listasse os aspectos positivos
tiver que realizar uma tarefa que de trabalhar nessa filial e os aspectos
envolva outra pessoa, contando-lhe o negativos. Você entendeu? O que você
que será pedido por ele, o porquê e o acha dessa ideia? Para que fique claro,
resultado possível. você poderia, por gentileza, repetir
a tarefa que eu pedi para você fazer
32 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

nessa semana?”
Nota: E = examinando; A = avaliador. As informações desta tabela são baseadas (adaptações e traduções livres) na obra de García-Soriano e Roncero (2012, p. 118-128).
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 33

A técnica de indagação é a mais comumente usada no psicodiag-


nóstico e visa a coleta de dados das mais diferentes naturezas, como
cognitivas, afetivas, comportamentais, históricas, entre outras. As técni-
cas de interpretação e enquadre, como dito anteriormente, não são mui-
to comuns na prática da avaliação psicológica, mas nem por isso são
contraindicadas. Pelo contrário, essas técnicas são bastante valorizadas
no modelo de psicodiagnóstico interventivo (Heck & Barbieri, 2016).
A técnica de confrontação é bastante útil para verificar o nível de cons-
ciência, insight e intencionalidade do paciente sobre os seus relatos e/ou
suas percepções. As três últimas técnicas listadas na Tabela 1.3, a saber,
afirmação de capacidade, informação e instrução, demandam um pro-
tagonismo mais ativo do clínico. A administração dessas técnicas requer
do clínico habilidades e conhecimentos específicos. Por exemplo, o psi-
cólogo somente pode fazer a afirmação de capacidade quando ele pos-
suir diferentes fontes de evidências de que o paciente realmente apre-
senta capacidade para a realização da tarefa. Qualquer incentivo irrealis-
ta poderá trazer prejuízos importantes para o processo de avaliação
como um todo. Para aplicar a técnica de informação, é importante que
o psicólogo esteja seguro das informações que vai oferecer. Não é ad-
missível que o clínico transmita ideias ou crenças sem embasamento
científico e conhecimento adequados. A informação deve ser clara, pre-
cisa e sincera. Essa técnica é muito útil na entrevista de devolutiva. Fi-
nalmente, a técnica de instruções é bastante usada no psicodiagnóstico.
O psicólogo deve usar linguagem apropriada para instruir o paciente
nas atividades que ele precisa desempenhar ao longo das sessões.

APLICAÇÕES PRÁTICAS DE ENTREVISTAS


EM PSICODIAGNÓSTICO

As reflexões e categorizações discutidas neste capítulo servem


para fins didáticos e formativos. Na prática, entende-se que tanto
os diferentes tipos de entrevista quanto as distintas técnicas comu-
nicativas podem ocorrer concomitantemente dentro de um sistema
34 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

dinâmico e complexo de interação clínico-paciente. Para auxiliar


no aprendizado da aplicabilidade dessas técnicas apresento, a se-
guir, alguns trechos de entrevistas com diferentes pacientes e em
momentos variados do psicodiagnóstico.

Caso A: entrevista de triagem


Diferentes serviços de saúde e serviços-escolas empregam a prá-
tica da entrevista de triagem para uma avaliação inicial da demanda.
Essa prática tem como objetivo encaminhar o paciente para o serviço
que melhor atenda a demanda apresentada. Essas entrevistas de tria-
gem são, geralmente, semiestruturadas, e visam levantar informações
básicas da demanda e motivo do encaminhamento.
Certa vez, uma criança de família de baixo nível socioeconô-
mico foi encaminhada para avaliação psicológica. Vieram para a
entrevista de triagem os pais da menina de 12 anos de idade. No
começo da entrevista, o entrevistador se apresentou e informou
aos pais sobre os propósitos do encontro. Logo depois, foi iniciada
a entrevista com a pergunta:

Entrevistador (E): Por que vocês vieram procurar o serviço de avalia-


ção psicológica para a filha de vocês?
Mãe (M): O médico pediu. Olha aqui (mostrou o encaminhamento de
um neurologista que tinha escrito: “Solicito avaliação neuropsicológica”).
(E): Por que o médico pediu essa avaliação?
(M): Eu não sei! Ele pediu um monte de exames e esse também.
(E): E por que a sua filha está indo no médico?
(M): Porque a professora da escola mandou. Ela disse que ela não está
conseguindo aprender.
(E): E o que o médico falou?
(M): Ele fez um monte de exames e não deu nada. Então ele mandou
para a psicóloga.
(E): Entendi. E ela está fazendo algum tratamento médico ou com
psicólogo ou com qualquer outro profissional?
(M): Ainda não. Foi por isso que eu vim aqui.
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 35

(E): E qual a dificuldade que ela tem tido na escola?


(M): A professora disse que ela não está aprendendo. Disse que ela
não está conseguindo ler e nem escrever.
[Neste momento, apliquei a técnica de resumo para me certificar de
que tinha entendido tudo corretamente e para verificar se após esse
resumo alguma informação nova poderia emergir.]
(E): Então, se eu entendi correto, a filha de vocês está tendo dificul-
dades na escola, pois ela não está conseguindo aprender a ler e a es-
crever, e a professora sugeriu que vocês procurassem um médico por
causa disso. O médico fez alguns exames que deram resultados nor-
mais e então ele pediu uma avaliação neuropsicológica. É isso?
(M): Isso mesmo.
[A entrevista continuou, o entrevistador tentou levantar breves infor-
mações de histórica clínica, escolar e familiar. Os pais eram pouco
instruídos (tinham apenas o Ensino Fundamental completo) e ti-
nham um padrão restrito de comunicação e interação. As respostas
eram curtas e pouco informativas. As perguntas eram feitas ao casal,
mas era a mãe quem sempre as respondia. Foram feitas perguntas di-
retas ao pai, o qual se mostrou reticente e, também, pouco informati-
vo. Ao final, concluiu-se pela inclusão da menina para a avaliação psi-
cológica, tendo agendado para a próxima sessão uma nova entrevista
de anamnese com os pais para coleta de dados mais completos sobre
o desenvolvimento e a história de vida da paciente].

Caso B: entrevista de anamnese


A entrevista de anamnese é uma entrevista semiestruturada que
busca investigar aspectos do desenvolvimento e da história de vida do
paciente que possam estar relacionados à queixa atual. Esse relato re-
fere-se ao caso de uma senhora de 52 anos de idade que buscou a ava-
liação psicológica por queixas de problemas de memória. Ao investi-
gar eventos na infância, a senhora informou que ela sempre teve mui-
tas dificuldades escolares e de relacionamento, descrevendo-se como
impulsiva, briguenta e difícil. Ela contou alguns exemplos e o entre-
vistador continuou a entrevista com a intenção de verificar um possí-
vel padrão familiar ou genético.
36 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

(E): Os filhos da senhora também apresentaram alguma dificuldade


escolar?
Paciente (P): Mas por que você quer saber disso? O que isso tem a ver
com meu caso? O que te importa saber se meus filhos tiveram dificul-
dades na escola?
[Neste momento, o entrevistador percebeu certo descontentamento e
sentimento hostil por parte da paciente. Então, foram aplicadas as
técnicas de urgência, reflexo e informação.]
(E): Parece que você se aborreceu com essa pergunta, mas a ideia aqui
é saber se, além de você, outras pessoas da sua família apresentam ou
apresentaram dificuldades similares às suas. Isso porque várias condi-
ções clínicas possuem componentes hereditários e quanto mais pes-
soas da família apresentarem essas dificuldades, mais informações eu
vou ter para entender o que se passa com você.
(P): Ah! Sim, entendi. Na verdade, os meus filhos também tiveram
dificuldades na escola. A minha filha mais nova...
[Após a aplicação dessas técnicas, a paciente mudou o tom de voz e se
mostrou mais pacífica. Ela de fato relatou que todos os filhos apresen-
taram dificuldades escolares, tendo inclusive inscrito, posteriormente,
o filho do meio para avaliação psicológica. Para além das informações
que esse evento (aborrecimento) foi trazido para a compreensão do
caso dela o emprego das técnicas fortaleceu a relação e resultou na co-
laboração da paciente para o processo de coleta de dados.]

Caso C: entrevista diagnóstica


As entrevistas diagnósticas são, geralmente, estruturadas e visam à ve-
rificação da presença de sintomas de diferentes quadros nosológicos. Na
ocasião, o entrevistador estava avaliando uma mulher de 25 anos de idade
com suspeita de transtorno de personalidade borderline. O trecho que segue
ocorreu durante a aplicação da MINI (Entrevista Internacional Neuropsi-
quiátrica) (Amorim, 2000), enquanto era aplicado o módulo de Suicídio.

(E): Durante o último mês, você tentou suicídio?


[A paciente ficou parada, com os olhos fixos numa parte da mesa,
sem qualquer reação corporal ou emocional. Ela permaneceu assim
Avaliação psicológica: contextos de atuação, teoria e modos de fazer 37

por quase três minutos, até que olhou para mim e serenamente per-
guntou]:
(P): Correr até a janela, mas não pular é uma tentativa? [Ela morava
no quinto andar de um prédio.]
[Ficou claro que aquela pergunta mobilizou pensamentos e afetos im-
portantes. Considerando que estávamos ainda no início da sessão
(cerca de 15 minutos) e que a paciente demandava elaborar todo
aquele afeto eliciado pela pergunta, o entrevistador, então, decidiu
mudar a técnica da entrevista estruturada para a de livre estruturação,
permitindo que a paciente falasse daquilo que ela quisesse. Essa mu-
dança foi com fins tanto avaliativos quanto interventivos. Buscou-se,
com isso, avaliar a forma como a paciente lida com situações estres-
santes e angustiantes, assim como possibilitar que ela elaborasse e
buscasse significar esse evento.]

Caso D: entrevista lúdica


A técnica da entrevista lúdica é direcionada à avaliação de crian-
ças e adolescentes (Krug et al., 2016). Busca-se, por meio da brinca-
deira, identificar habilidades, potencialidades, características pessoais,
limitações e sintomas das crianças. Esse tipo de entrevista foi aplicado
em um menino de 11 anos que estava apresentando dificuldades esco-
lares e que sofria bullying na escola por causa de seu elevado peso. En-
quanto brincava, ele pegou um carrinho e começou a atropelar todos
os personagens da história (bonecos, animais e objetos – como uma
casinha). Enquanto ele “matava” os personagens, dizia: “toma, seus
malvados”. Com base nos dados coletados e nas manifestações com-
portamentais e afetivas do menino naquela brincadeira, foi utilizado
técnicas de interpretação e enquadre.

(E): Olha só! Esse carrinho está bastante bravo. Ele atropelou todo
mundo. Você não acha que de vez em quando a gente fica bravo igual
e fica com vontade de bater em todo mundo que nos machuca? Mas,
se o carrinho matar todo mundo, com quem ele vai brincar depois?
Será que não tem ninguém que é bom? Todo mundo é mau?
38 Técnicas de entrevista e suas aplicações em avaliação psicológica clínica

(P): É sim. Todo mundo vai morrer e o carrinho vai brincar sozinho
com os brinquedos dele.
[O entrevistador confessa que a sua expectativa era de que a criança
refletisse e dissesse que nem todo mundo era mau. Contudo, não
foi isso o que aconteceu. Apesar disso, o emprego dessas técnicas
forneceu indícios sobre o nível de generalização da perspectiva ne-
gativa que o menino tinha sobre seus pares, bem como o grau de
sofrimento que ele estava experimentando por causa das agressões
que estava sofrendo.]

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espera-se que o presente capítulo tenha ajudado o leitor a am-


pliar seu repertório de técnicas e competências profissionais. Como
costuma dizer a Profa. Dra. Denise Ruschel Bandeira: “não adianta
testes válidos se não se tem psicólogos válidos”. Dessa forma, é impor-
tante que o psicólogo, na prática da avaliação psicológica, saiba perfei-
tamente o que está fazendo, de modo a validar todas as informações
coletadas por meio de métodos válidos. O presente capítulo teve por
objetivo instrumentalizar tecnicamente o psicólogo para a condução
de entrevistas no psicodiagnóstico, aumentando a validade de suas ati-
vidades profissionais.

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