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Terapias Cognitivo-Comportamentais: analisando teoria e prática por meio de


filmes / Cognitive Behavioral Therapy: theory, practice and movies

Book · May 2018

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2 authors:

Bruno Luiz Avelino Cardoso Janaína Bianca Barletta


Universidade Federal de São Carlos University of São Paulo
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Terapias Cognitivo-Comportamentais

Analisando teoria e prática


por meio de filmes
315t Terapias cognitivo-comportamentais: analisando teoria e
prática por meio de filmes / organizado por Bruno Luiz
Avelino Cardoso e Janaína Bianca Barletta. – Novo
Hamburgo : Sinopsys, 2018.
16x23 cm; 448p.

ISBN 978-85-9501-080-2

1. Psicologia cognitivo-comportamental – Cinema –


Filmes. I. Cardoso, Bruno Luiz Avelino. II. Barletta, Janaína
Bianca. III. Título.

CDU 159.922:791.43

Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023


2AQUEL×"ARBOZA×,HULLIER

Terapias Cognitivo-Comportamentais

Analisando teoria e prática


3$86$12
por meio de filmes

&27,',$12
2EFLEXOES×PARA×PAIS ×EDUCADORES×E×TERAPEUTAS
^
Bruno Luiz Avelino Cardoso
Janaína Bianca Barletta
Organizadores


2018
© Sinopsys Editora e Sistemas Ltda., 2018
Terapias Cognitivo-Comportamentais:
analisando teoria e prática por meio de filmes
Bruno Luiz Avelino Cardoso e Janaína Bianca Barletta (Orgs.)

Capa: Fabiana Franck


Fotos Shutterstock: Human brain and its capabilities –
conceptual vision. Projetor – Fer Gregory.
Supervisão editorial: Mônica Ballejo Canto
Assistente editorial: Jade Arbo
Editoração: Formato Artes Gráficas

Todos os direitos reservados à


Sinopsys Editora
Fone: (51) 3066-3690
E-mail: atendimento@sinopsyseditora.com.br
Site: www.sinopsyseditora.com.br
Autores

Bruno Luiz Avelino Cardoso (org.). Psicólogo. Vice-delegado da Federa-


ção Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC) no Maranhão, Doutorando
em Psicologia (Comportamento social e processos cognitivos) pela Universi-
dade Federal de São Carlos (UFSCar). Mestre em Psicologia (Processos clí-
nicos e saúde) pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com está-
gio de pesquisa sobre violência e habilidades sociais na UFSCar. Especialista
em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Instituto WP (IWP/FACCAT).
Diretor acadêmico e sócio-fundador do Instituto de Teoria e Pesquisa em
Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (ITPC). Membro do Grupo de
Pesquisa Relações Interpessoais e Habilidades Sociais (RIHS, UFSCar) e do
Grupo de Estudos em Prevenção e Promoção da Saúde no Ciclo de Vida
(GEPPSVida, Universidade de Brasília). Professor convidado de cursos de
Especialização em Terapias Cognitivo-Comportamentais.
Janaína Bianca Barletta (org.). Psicóloga. Doutora em Ciências da Saúde
pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestre em Psicologia pela Uni-
versidade de Brasília (UnB). Psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental
com certificação da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC). Es-
pecialista em Psicologia Clínica da Saúde pela UnB e em Psicoterapia Cog-
nitivo-Comportamental pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Ge-
rais (FCMMG-CESSR). Possui Título de Especialista em Psicologia Clínica
vi Autores

pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Foi delegada da FBTC no DF


entre os anos de 2015 e 2018. Participa do Grupo de Trabalho (GT) Rela-
ções Interpessoais e Competência Social da Associação Nacional de Pesquisa
e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP). É pesquisadora colaboradora
do  Grupo de Estudos em Prevenção e Promoção de Saúde no Ciclo de
Vida (GEPPSVida-UnB) e do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cogni-
tivo-Comportamental (LaPICC). Supervisora da prática clínica em TCC e
de Psicologia da Saúde.

Adriana Munhoz Carneiro. Psicóloga e Pesquisadora. Mestre em Psicologia pela


Universidade São Francisco (USF), Especialista em Terapia Cognitivo-Comporta-
mental pelo Ambulatório de Ansiedade da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (AMBAM-FMUSP) e em Neuropsicologia pelo Instituto de Neurolo-
gia da Universidade de São Paulo. Doutoranda em Psiquiatria pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-FMUSP). Membro do Programa de
transtornos afetivos ProGruda IPq/HCFMUSP. 
Aline Henriques Reis. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal
de Uberlândia (UFU), Especialização em Psicologia clínica na abordagem Cogniti-
vo-Comportamental pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Mestrado em
Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Formação em Terapia
do Esquema pela Wainer e Piccoloto Centro de Psicoterapia (IWP) e Doutorado
em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tesourei-
ra da Federação Brasileira de Terapias Cognitivo-Comportamentais na gestão 2011-
2013. Terapeuta Cognitiva certificada pela Federação Brasileira de Terapias Cogniti-
vas. Atualmente é professora adjunta do curso de Psicologia da Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul (UFMS). 
Alissandra Grego D’Andrea. Psicóloga clínica e organizacional, delegada da Fede-
ração Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC) no Maranhão. Especialista em Psi-
cologia Organizacional pela Universidade de Salvador (UNIFACS), Especialista em
Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Centro de Terapia Cognitiva VEDA
(CTC-VEDA). Sócia fundadora da empresa Psiorg – atendimento clínico & con-
sultoria RH, e do Instituto de Teoria e Pesquisa em Psicoterapia Cognitivo-Com-
portamental (ITPC).
Ana Karina  Curado Rangel de-Farias. Psicóloga Clínica. Possui Graduação em
Psicologia e Mestrado em Psicologia - Processos Comportamentais pela Universida-
de de Brasília (UnB). Assessora Técnica na Gerência de Psicologia (GePsi), na Secre-
taria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Atua principalmente nos temas Análi-
se Comportamental Clínica e Psicologia da Saúde. É organizadora do livro Análise
Autores vii

Comportamental Clínica: Aspectos teóricos e estudos de caso (Artmed, 2010), e co-or-


ganizadora de Skinner vai ao cinema (ESETec, 2007, reeditado em 2014, pelo Insti-
tuto Walden4), Skinner vai ao cinema: Volume 2 (Instituto Walden4, 2014); Skinner
vai ao cinema: Volume 3 (Instituto Walden4, 2016), e Teoria e formulação de casos em
Análise Comportamental Clínica (Artmed, 2018).
André Luiz Moreno. Psicólogo pela Universidade de São Paulo (USP-RP). Mestre
em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Especia-
lista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Instituto WP (IWP), Doutoran-
do em Saúde Mental pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade
de São Paulo (FMRP-USP). Professor de cursos de especialização em Terapia Cog-
nitivo-Comportamental.
Bárbara Maria Barbosa Silva. Psicóloga. Mestre em Psicologia na Área de Desen-
volvimento de Carreira pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Especialista em Psicoterapia Cognitivo Comportamental pelo Instituto Wainer e
Piccoloto (WP/FACCAT). Desenvolveu atividades de coordenação de curso de gra-
duação em Psicologia e do Núcleo de Orientação e Desenvolvimento de Carreira
(NODeC). Supervisora de estágio e orientadora de trabalho de conclusão de curso
de graduação em Gestão de Pessosas e Psicologia Clínica na abordagem Cognitivo-
Comportamental. Atualmente, desenvolve atividades como professora titular no
curso de graduação em Psicologia da Faculdade SOBRESP. É professora convidada
no Instituto Cognitivo.
Carlos Eduardo Portela. Graduado em Psicologia pela Universidade de Brasília
(UnB) e pós-graduado em Saúde Mental pela Fiocruz. Especialista em Terapia Cog-
nitivo-Comportamental, Mestre em Psicologia Clínica pela UnB. Professor, Coor-
denador pedagógico e Supervisor Clínico em Terapia Cognitivo-Comportamental
pelo Centro de Terapia Cognitiva VEDA (CTC VEDA). Tutor e preceptor do pro-
grama de residência em Saúde Mental do Adulto pela Secretaria de Saúde do Distri-
to Federal (SES-DF).
Êdela Aparecida Nicoletti. Psicóloga. Especialista em Terapia Cognitiva Compor-
tamental e Mentora Tutora de Proficiência em Terapia Cognitiva. Tem Treinamento
em Ensino e Supervisão pelo Beck Institute, assim como Certificação em TEPT
pelo mesmo Instituto. Diretora do Centro de Terapia Cognitiva VEDA. Professora
honorária da equipe formadora da Equipe Formadora do The Nora Cavaco Institu-
te de Portugal. Terapeuta Cogntiva certificada pela Federação Brasileira de Terapias
Cognitivas (FBTC) e DGERT. Tem Formação em Terapia Racional Emotivo-Com-
portamental pelo Albert Ellis Institute e Formação em Dialectical Behavior Therapy
pelo Btech/Linehan Institute.
Elane Barros Damasceno. Psicóloga. Graduada pela Universidade de Fortaleza
(UNIFOR). Sócia fundadora e diretora do Núcleo de Terapia Cognitivo-Compor-
viii Autores

tamental (NUTCC) no Ceará. Associada pela Federação Brasileira de Terapias Cog-


nitivas (FBTC). Especialista em Neuropsicologia pelo Centro Universitário Christus
(UNICHRISTUS), Especialista em formação em Terapia Cognitivo-Comporta-
mental pelo Instituto WP (IWP/FACCAT).
Fillipe Rodrigues Santos Pereira. Graduando em Psicologia pela Universidade
Federal do Maranhão (UFMA). Monitor do Instituto de Teoria e Pesquisa em Psi-
coterapia Cognitivo-Comportamental (ITPC), colaborador da pesquisa “Inventá-
rio de habilidades de enfrentamento antecipatório para a abstinência de álcool e
outras drogas (IDHEA-AD): estudos psicométricos adicionais e elaboração de
manual para aplicação, apuração e interpretação” com o plano de trabalho “Análi-
se confirmatória de estrutura interna”. Participante da Liga Acadêmica de Psiquia-
tria e Saúde Mental (LAMP), membro do Grupo de Estudos em Terapia Cogniti-
vo-Comportamental (GETCC), do Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicometria
e Avaliação Psicológica (GEPPAP) e do Grupo de Estudos em Neuropsicologia
(GENp), todos da UFMA.
Gabrielle de Oliveira Freitas. Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA). Membro do grupo de estudos em Terapia Cogniti-
vo-Comportamental da UFMA. ​
Heitor Pontes Hirata. Psicólogo com licenciatura plena pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) e com Formação em Terapia Cognitivo-Comportamental. Espe-
cialista em Psicologia Clínica (IPCS/CFP), Mestre e Doutor em Psicologia pelo Progra-
ma de Pós-graduação em Psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (IP/UFRJ). Terapeuta Cognitivo certificado pela Federação Brasileira
de Terapias Cognitivas (FBTC). Membro da diretoria da Associação de Terapias Cogni-
tivas do Estado do Rio de Janeiro (ATC-Rio), gestões 2014-2016 e 2016-2019. Primei-
ro autor do livro infantil “Preocupanda e Marrumina” (Editora Sinopsys).
Igor Lins Lemos. Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental avançada
pela Universidade de Pernambuco (UPE). Mestre em Psicologia pela Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Com-
portamento (UFPE). Psicoterapeuta cognitivo-comportamental certificado pela Fe-
deração Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC), palestrante, professor e pesquisa-
dor na área das dependências tecnológicas.
Jéssica de Assis Silva. Doutoranda em Psicologia Clínica pela Universidade de São
Paulo (USP). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFS-
Car), Especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva pela USP, Graduada em
Psicologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
Jéssica Gomes Cordeiro. Psicóloga Clínica. Formação Básica em Análise Compor-
tamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC).
Autores ix

Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). For-


mação Avançada em Análise Comportamental Clínica, pelo IBAC. É co-autora do
capítulo “Mentiras e Seguimento de Regras em A vez da Minha Vida” do livro “Skin-
ner vai ao cinema: Volume 3” (2016, Instituto Walden4).
Júlia Gonçalves. Psicóloga. Doutoranda em Psicologia na área de Psicologia das
Organizações e do Trabalho, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
com período sanduíche no Departamento de Psicologia Social da Universidade Au-
tônoma de Barcelona (UAB/Espanha). Mestre em Psicologia com ênfase em Psico-
logia da saúde pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Especialista em
Gestão de Pessoas e Marketing pela Universidade Franciscana (UFN), Especialista
em Psicoterapia Cognitivo Comportamental pelo Instituto Wainer e Piccoloto
(IWP/FACCAT). Experiência como consultora em Gestão de pessoas e como do-
cente de cursos de graduação. Supervisora de estágio e orientadora de trabalho de
conclusão de curso. Professora convidada em cursos de Especialização. Atualmente é
docente da graduação na Faculdade Meridional IMED.
Julia Luiza Schäfer. Psicóloga formada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS). Mestre em Psicologia com ênfase em Cognição Humana pela Ponti-
fícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Possui treinamento
em Terapia Comportamental Dialética (DBT) pelo Behavioral Tech/EUA e Linehan
Institute/EUA. Atua como psicóloga clínica, é colaboradora do Núcleo de Estudos
e Pesquisa em Trauma e Estresse (NEPTE/PUCRS) e estudante de especialização
em Terapia Cognitivo-Comportamental (PUCRS).
Juliana Isola Vilar. Jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco
(UNICAP). Especialização em andamento na área de Comunicação e Marketing
em Mídias Digitais pela Faculdade Estácio de Sá/FIR. Atua na área corporativa,
com foco em presença digital, produção e monitoramento de mídias digitais.
Leonardo Martins Barbosa. Possui Graduação, Mestrado – em Terapia de Aceita-
ção e Compromisso, mindfulness e valores; mecanismos de mudança do comporta-
mento - e Doutorado – na área de preparação para a aposentadoria; envelhecimento
saudável; prevenção e promoção em saúde mental – em Psicologia pela Universida-
de de Brasília (UnB). Atende em consultório como Psicólogo Clínico Cognitivo-
Comportamental e em uma clínica de emagrecimento como facilitador de grupos.
Autor de quatro capítulos de livro e quatro artigos científicos - dois nacionais e dois
internacionais -, pesquisa preditores de ajustamento à aposentadoria e desenvolveu
programa de preparação à aposentadoria focado em mudança de comportamento
baseada em valores. Membro da Association for Contextual Behavioral Science
(ACBS), Grupo de Estudos em Prevenção e Promoção da Saúde Mental no Ciclo
da Vida (GEPPSVida) e associado-fundador da Associação Brasileira de Pesquisa em
Prevenção e Promoção da Saúde (BRAPEP).
x Autores

Lívia Lira de Lima Guerra. Psicóloga.  Doutoranda e Mestre em Psicologia pela


Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Graduada e licenciada em Psicologia
pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).  Atua como pesquisadora na área de
Psicologia do Desenvolvimento, Relações Interpessoais, Habilidades Sociais e copa-
rentalidade. Tem experiência clínica na área de Psicologia Cognitivo-Comporta-
mental, com ênfase em Psicologia Infantil.
Mariana Gomes Ferreira Petersen. Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Uni-
versidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). É especialista em Terapia Cogniti-
vo-Comportamental pelo Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental Wainer e
Piccoloto, com treinamento em Terapia Cognitiva pelo  Beck Institute  (Philadelphia,
EUA). Mestre em Psicologia Clínica pela PUCRS. Atualmente trabalha como psicóloga
clínica em consultório particular e é pesquisadora colaboradora no Grupo de Pesquisa
Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas (GPeVVIC) da PUCRS. É coordena-
dora do programa de emagrecimento Treinamento Vida Magra. Tem experiência na área
de Psicologia Clínica, com ênfase em Terapia Cognitivo-Comportamental.
Marina Pante. Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS).  Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo
Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental Wainer e Piccoloto, com treina-
mento em Terapia Cognitiva pelo  Beck Institute  (Pennsylvania, EUA).   Mestre em
Cognição Humana (PUCRS) e Doutoranda em Psicologia no Programa de Pós-Gra-
duação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS – Bol-
sista CAPES), integrando o Laboratório de Psicologia Experimental, Neurociências e
Comportamento (LPNeC). Atua como professora convidada dos cursos de Especiali-
zação e Formação do Cognitivo IWP, como psicóloga clínica em consultório particu-
lar e como psicóloga no Centro de Recuperação e Estudo da Obesidade (CREEO).
Nahara Rodrigues Laterza Lopes. Psicóloga. Mestre e Doutora em Psicologia pela
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Atuou em diferentes pesquisas na
área de violência intrafamiliar, especialmente maus-tratos infantis e Síndrome do
Bebê Sacudido. Atualmente faz especialização em Terapia Comportamental no Ins-
tituto de Terapia por Contingências de Reforçamento (ITCR-Campinas) e é psicó-
loga da Prefeitura Municipal de Valinhos, atuando com crianças e adolescentes.
Patrícia Pasquali Godoy. Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Ca-
tólica do Rio Grande do Sul (PUCRS). É especialista em Terapia Cognitivo-Com-
portamental pelo Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental Wainer e Pic-
coloto. Tem Formação no Curso de Terapia do Esquema  pela Wainer Psicologia
Cognitiva credenciado junto à International Society of Schema Therapy (ISST) e ao
New Jersey/ New York  Institute of Schema Therapy  - USA. Atualmente trabalha
como psicóloga clínica em consultório particular, e é coordenadora do treinamento
em psicologia do emagrecimento Vida Magra.
Autores xi

Samily Natania Alves Meireles Aquino. Psicóloga. Membro da Federação Brasilei-


ra de Terapias Cognitivas (FBTC). Mestranda em Psicologia (Avaliação e Clínica
Psicológica) pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Especialista em Psi-
coterapia Cognitivo-Comportamental pelo Instituto WP (IWP/FACCAT). Sócia
fundadora do Instituto de Teoria e Pesquisa em Psicoterapia Cognitivo-Comporta-
mental (ITPC).
Tamires Pereira Macêdo. Psicóloga Clínica. Graduada pela Universidade de Forta-
leza (UNIFOR). Sócia fundadora e diretora do Núcleo de Terapia Cognitivo-Com-
portamental (NUTCC) no Ceará, associada pela Federação Brasileira de Terapias
Cognitivas (FBTC). Especialista em Avaliação Psicológica pelo Centro Universitário
Christus (UNICHRISTUS), Especialista em formação em Terapia Cognitivo-Com-
portamental pelo Instituto WP (IWP/FACCAT).
Tamires Pimentel Souza. Psicóloga. Graduada pela Universidade do Vale do Rio
dos Sinos (UNISINOS), Mestranda em Psicologia com ênfase em Psicologia Clíni-
ca pela UNISINOS, possui Formação em Terapias Comportamentais Contextuais
pelo Instituto de Terapia Cognitivo-Comportamental (InTCC) e treinamento em
Terapia Comportamental Dialética (DBT) pelo Behavioral Tech/EUA e Linehan Ins-
titute/EUA. Sócia fundadora do Instituto do Comportamento (São Leopoldo/RS),
onde coordena o Programa Café com DBT. Atua como psicóloga clínica nas Tera-
pias Comportamentais Contextuais e supervisora clínica em DBT. É membro do
Laboratório de Estudos em Psicoterapia e Psicopatologia (LAEPSI/UNISINOS).
Yasmin Costa Barros Ribeiro. Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA). Membro do grupo de estudos em Terapia Cog-
nitivo-Comportamental da UFMA.​
Sumário

Prefácio............................................................................................. 17
Êdela Aparecida Nicoletti

Apresentação.................................................................................... 21
Bruno Luiz Avelino Cardoso e Janaína Bianca Barletta

Parte I
Terapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração
1 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente... 27
Leonardo Martins Barbosa
2 Voltando a Viver: avaliação e intervenção a
partir da Terapia Cognitiva Focada em Esquemas....................... 49
Aline Henriques Reis
3 Uma Mente Brilhante: contribuições da Terapia Metacognitiva
para compreensão e tratamento da esquizofrenia..................... 81
Bruno Luiz Avelino Cardoso e Heitor Pontes Hirata
4 Malévola vai à terapia: aceitação, dialética e
mudança no tratamento em DBT................................................ 103
Tamires Pimentel Souza e Julia Luiza Schäfer
xiv Sumário

5 A função terapêutica de relações de intimidade


em Um Senhor Estagiário............................................................ 131
Jéssica Gomes Cordeiro e Ana Karina C. R. de-Farias

Parte II
Psicopatologia e Terapia Cognitivo-Comportamental

6 As Faces de Helen: a depressão sob a perspectiva


da Terapia Cognitivo-Comportamental....................................... 167
Bruno Luiz Avelino Cardoso, Elane Barros Damasceno,
Tamires Pereira Macêdo e André Luiz Moreno

7 Mr. Jones: aplicabilidade da Terapia


Cognitivo-Comportamental no Transtorno Afetivo Bipolar......... 191
Adriana Munhoz Carneiro

8 Maus Hábitos: a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental


para os Transtornos Alimentares................................................. 213
Marina Pante, Patrícia Pasquali Godoy e
Mariana Gomes Ferreira Petersen

9 O Aviador: análise e intervenção cognitivo-comportamental


para pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo.............. 237
Samily Natania Alves Meireles Aquino,
Bruno Luiz Avelino Cardoso e Alissandra Grego D’Andrea

10 Como Estrelas na Terra: definição, avaliação e possibilidades


de intervenção cognitivo-comportamental para a dislexia......... 259
Lívia Lira de Lima Guerra

11 Primeiro socorro e intervenção em crise na prevenção


do suicídio: uma análise do filme Perfume de Mulher................ 283
Carlos Eduardo Portela

12 It: A Coisa: a origem do medo sob o enfoque


cognitivo-comportamental.......................................................... 303
Bruno Luiz Avelino Cardoso, Yasmin Costa Barros Ribeiro,
Fillipe Rodrigues Santos Pereira, Gabrielle de Oliveira Freitas
Sumário xv

Parte III
Intervenções diversas sob o enfoque das
Terapias Cognitivo-Comportamentais
13 Black Mirror e as dependências tecnológicas:
as múltiplas telas hipnóticas....................................................... 329
Igor Lins Lemos e Juliana Isola Vilar

14 A Terapia Cognitivo-Comportamental e a Psicologia da


Saúde: reflexões da atuação em contexto hospitalar
a partir do filme Um Golpe do Destino........................................ 351
Janaína Bianca Barletta

15 À Procura da Felicidade: a resiliência e o otimismo


no contexto do trabalho.............................................................. 379
Júlia Gonçalves e Bárbara Maria Barbosa Silva

16 Foi Apenas um Sonho: análise, conceitualização e


treinamento de habilidades sociais conjugais............................. 403
Bruno Luiz Avelino Cardoso

17 Intervenções cognitivo-comportamentais com crianças


e adolescentes vítimas de violência intrafamiliar à luz
do filme Preciosa: Uma História de Esperança............................ 427
Nahara Rodrigues Laterza Lopes e Jéssica de Assis Silva
Prefácio

Em primeiro lugar, gostaria de expressar meu agradecimento


aos colegas Janaína Barletta e Bruno Cardoso pelo honroso convite
para prefaciar esta obra, que sem dúvida é extremamente relevante
no âmbito da TCC, pois traz aos leitores não só uma atualização
das principais abordagens, como uma explanação teórica, prática e
agradável. Tenho contato com diversos autores deste livro há bas-
tante tempo, podendo atestar as qualidades pessoais e profissionais
dos mesmos, além da abnegação, que se faz necessária para produ-
zir um trabalho dessa envergadura no Brasil.
Um time de profissionais extremamente habilidosos e com-
petentes foi reunido, utilizando-se de uma abordagem bastante in-
teressante (a analogia a situações exibidas em filmes), para tornar
um assunto, que de outra maneira poderia parecer árido e sobre-
maneira técnico, agradável e palatável para toda a comunidade psi-
cológica, e ouso dizer, até para profissionais de outras áreas inte-
ressados em informar-se sobre as terapias cognitivas. Ao destrin-
char teorias diversas de maneira clara e associá-las a situações coti-
dianas e, especialmente, ilustrá-las com trechos de conhecidos fil-
18 Prefácio

mes, apela não só para nosso lado profissional, como para as emo-
ções subjacentes que essas obras nos proporcionaram, criando um
feliz vínculo que aumenta nossa receptividade e satisfação com a
leitura. As dissertações técnicas sobre os trabalhos desenvolvidos
nas teorias mais recentes da TCC são impecáveis, demonstrando o
pleno domínio dos autores sobre os temas discorridos, que são ri-
camente ilustrados, seja pelos exemplos de filmes, seja pelas situa-
ções clínicas do dia a dia terapêutico, como já bem experenciados
por todos nós. A estruturação dos capítulos, evidenciando temas e
filmes correlatos, é bastante didática e atraente, convidando-nos à
leitura e reflexão.
Não obstante não seja uma grande cinéfila (por falta de tem-
po e disposição), concordo plenamene com a premissa de que, re-
tratando frequentemente situações de nossa vida cotidiana, seja
com histórias e imagens reais ou metafóricas, o cinema reveste-se, à
perfeição, de características que o credenciam a ilustrar princípios
basilares de nossa profissão, pelo talento de diretores, atores e rotei-
ristas que desenvolvem dramas, dilemas, ilusões e sonhos que tor-
nam inteligíveis e transmitem as ideias que, de outra forma, soa-
riam demasiado herméticas e acadêmicas. Sou de opinião que,
como instrutores e disseminadores das Terapias Cognitivas no país,
todos nossos esforços devem ser envidados para tornar essa teoria
conhecida, compreendida e multiplicada em nossas plagas, assim
como temos o compromisso de manter a atualização científica para
nossos colegas de todo o país.
Como corresponsável pelo CTC Veda, cuja missão é imple-
mentar a formação e especialização de terapeutas cognitivos, só
posso aplaudir entusiasticamente iniciativas desse quilate, pois sa-
bemos co­mo nosso país é carente de ciência e tecnologia de quali-
dade, dependendo, frequentemente, de iniciativas individuais ou
de grupos dedicados, para que não percamos o nível de excelência
Terapias Cognitivo-Comportamentais 19

que se faz necessário para o exercício ético e competente de nossa


profissão.
Parabenizo todos os profissionais envolvivos na produção des-
sa obra, desde já considerando-a uma expressiva contribuição para
o entendimento e divulgação das técnicas das TCs, e desejando que
tenha grande sucesso junto ao público brasileiro.
Êdela Aparecida Nicoletti
Apresentação

As terapias cognitivo-comportamentais (TCCs) fazem parte de


um conjunto de sistemas psicoterápicos que tem contribuído signifi-
cativamente para a prática profissional. Diversos estudos que ampliam
o modelo cognitivo desenvolvido por Aaron Beck têm sido desenvol-
vidos. Esse fator resulta na abrangência e na complexidade das teorias
cognitivas para responder as diversas demandas cotidianas.
Como um sistema de psicoterapia estruturado e baseado em
evidências, as TCCs alcançaram notoriedade por meio das suas diver-
sas publicações sobre diferentes temáticas, sendo hoje a proposta tera-
pêutica mais pesquisada no mundo. As TCCs apresentam como fun-
damento central a compreensão da influência da cognição sobre os as-
pectos emocionais, comportamentais e fisiológicos do indivíduo, que,
por sua vez, fortalecem a forma de interpretar as experiências, respal-
dando a interrelação entre todas essas dimensões do funcionamento
humano. Assim, compreendemos que o sofrimento ou bem-estar hu-
mano está diretamente vinculado à forma como processamos as infor-
mações que estão contidas em nosso ambiente, à forma como regula-
mos nossa emoção, à forma como expressamos e nos comportamos.
22 Apresentação

Do mesmo modo que interpretamos um estímulo e podemos


produzir diversos significados, os modelos terapêuticos cognitivo-
comportamentais apresentam uma variedade teórica considerável.
Destacam-se, nesta obra, as Terapias de Terceira Geração e as suas
contribuições para a compreensão do funcionamento humano. Esses
modelos, além de favorecerem uma visão holística sobre o bem-estar e
sofrimento, utilizam-se da aplicação de técnicas e da consolidação do
vínculo terapêutico, a fim de fomentar o autoconhecimento e flexibi-
lidade psicológica/cognitiva mediante os desafios contemporâneos.
Essas premissas podem ser facilmente observadas por meio dos
recursos cinematográficos, que em diversos casos se aproximam da re-
alidade. Cotidianamente, notamos em algumas situações a identifica-
ção das pessoas com os personagens de tal filme ou série. Esse tipo de
semelhança coopera para o processo de psicoeducação tanto para os
clientes que estão em terapia, quanto para os estudantes e profissio-
nais da área de saúde mental que pretendem compreender os pressu-
postos teóricos e suas interfaces práticas das abordagens cognitivo-
-comportamentais.
Considerando a análise de filmes uma ferramenta didática para
o ensino e compreensão da teoria e formulação de casos, notamos a
aplicabilidade das TCCs nos mais diversos gêneros cinematográficos.
Nesta obra serão destacadas algumas dessas contribuições para o apro-
fundamento teórico e atuação dos profissionais, a partir da análise de
filmes. Para tanto, diversos autores puderam colaborar com esta pro-
posta, tornando este livro uma ferramenta de qualidade, pluralidade,
conhecimento e aplicação prática, recheado de entretenimento e di-
versão dos filmes escolhidos. Assim, concretiza-se a proposta de refle-
tir sobre as TCCs, de maneira significativa e leve ao mesmo tempo.
Este livro foi organizado em três partes e contém 17 capítulos,
que têm como elo as perspectivas cognitivo-comportamentais. Na pri-
meira parte serão discutidos, em cinco capítulos, os principais concei-
Terapias Cognitivo-Comportamentais 23

tos das terapias de terceira geração e os possíveis encaminhamentos


práticos para atuação profissional sob esses enfoques. Em segundo
momento, com sete capítulos, serão apontadas as compreensões do te-
rapeuta e as estratégias de intervenção cognitivo-comportamentais
para algumas psicopatologias recorrentes ao setting de trabalho do te-
rapeuta cognitivo-comportamental. Por fim, na terceira e última par-
te, diversos tópicos especiais e aspectos da atualidade serão facilitados
pela análise dos conteúdos cinematográficos por meio do olhar das
TCCs, em cinco capítulos.
Desejamos a você, leitor, que este livro possa ser de utilidade na
sua prática, no seu estudo e/ou no favorecimento da produção de no-
vos conhecimentos. Desejamos ainda, que a leitura desta obra possa
proporcionar um momento de lazer, prazer e satisfação. Por último,
gostaríamos de agradecer aos colaboradores por acreditarem no nosso
projeto e tornarem possível a concretização deste livro.
Bruno Luiz Avelino Cardoso
Janaína Bianca Barletta
Parte I
Terapias Cognitivo-
-Comportamentais de
Terceira Geração

Discussão dos conceitos das


Terapias Cognitivo-Comportamentais de
Terceira Geração e encaminhamentos
para a atuação sob esses enfoques
1
Terapia de Aceitação e Compromisso
no filme Divertida Mente
Leonardo Martins Barbosa

“A Tristeza vocês já viram: ela, ela... Eu não entendo bem o


que ela faz. E eu já olhei e não posso mandar ela embora”.
(Alegria)

Divertida Mente (Inside Out, 2015) é um filme que mostra a história de uma garota
americana, Riley, e sua agitada vida psicológica. Como todas as pessoas, ela tem cin-
co emoções básicas: Alegria, Tristeza, Nojo, Medo e Raiva. Em conjunto, elas traba-
lham organizando as memórias e influenciando comportamentos. Quando Riley
completa 11 anos de idade, sua família se muda de Minnesota para São Francisco,
onde seu pai conseguiu um emprego novo. No entanto, a vida na nova cidade se
mostra muito abaixo das expectativas de Riley. Com isso, a Alegria, que até então
era a emoção dominante, começa a enfrentar muitos desafios para controlar as ou-
tras emoções. Em uma disputa pela influência das memórias de longo prazo, Alegria
e Tristeza acabam se perdendo na vastidão da mente. Enquanto procuram o cami-
nho de volta, os outros sentimentos assumem o comando da vida emocional, mas
as coisas saem do controle e Riley enfrenta problemas com os pais e colegas. De-
pois de muitas aventuras, quando Riley estava prestes a fugir para Minnesota, Ale-
gria e Tristeza conseguem retornar à sede de comando das emoções e Riley volta
para casa. Mais madura, no entanto, agora ela tem uma vida psicológica mais com-
plexa, capaz de formar memórias que abrangem diferentes emoções.
28 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT; Barbosa & Mur-


ta, 2014; Hayes, Strosahl, & Wilson, 1999, 2012) é uma abordagem
baseada em princípios comportamentais básicos (Hayes & Wilson,
1994) e em uma teoria comportamental da cognição e da linguagem
(Hayes, Barnes-Holmes, & Roche, 2001).
No entanto, essa caracterização pode ser mais complexa. Ana-
lisando textos conceituais sobre o assunto, encontra-se que a ACT
pertence à terceira onda das terapias comportamentais (Hayes,
2004). Também pode ser considerada integrante da família das tera-
pias cognitivo-comportamentais (Hayes et al., 1999), das aborda-
gens contextualistas (Hayes, Luoma, Bond, Masuda, & Lillis, 2006)
ou mesmo uma terapia cognitivo-comportamental contextualista
(Hayes, Villatte, Levin, & Hildebrandt, 2011). E ainda é possível
destacar sua sobreposição com tradições humanistas e holísticas
(Hofmann, 2008). Descrições tão distintas podem confundir e difi-
cultar a compreensão sobre o que exatamente trata a ACT.
Parece incoerente integrar todos esses atributos em uma única
abordagem. Um princípio fundamental, no entanto, dá sentido a
essa diversidade: trata-se de uma abordagem contextualista, que
identifica o sentido de uma situação no seu contexto e na sua fun-
ção, e não na sua aparência. Por exemplo, imagine que um cliente
questione sobre o que é melhor, fazer terapia ou usar medicação psi-
cotrópica. Antes de responder, uma terapeuta contextualista ques-
tiona qual é a demanda e quais são os objetivos esperados, pois essas
informações podem alterar a resposta. Não se trata da coisa em si,
mas do seu propósito (Carr, 1993). Isso explica como a ACT se
mantém coerente enquanto integra elementos derivados de aborda-
gens tão distintas como psicanálise, gestalt, abordagem centrada na
pessoa e existencialismo (Hayes et al., 2004). Preservando-se suas
características básicas, “virtualmente qualquer técnica de mudança
de comportamento é aceitável” e poderia ser caracterizada como
ACT (Hayes et al., 1999, p. 258).
Terapias Cognitivo-Comportamentais 29

A ACT se baseia em um modelo denominado flexibilidade


psicológica (Hayes et al., 2006), utilizado tanto para explicar o fun-
cionamento humano quanto para orientar intervenções clínicas.
Esse modelo representa a habilidade de conscientemente guiar o
próprio comportamento em função dos valores pessoais. A flexibi-
lidade psicológica resulta da interação entre três estilos de habilida-
des: aberto, presente e engajado. Cada estilo abrange dois compo-
nentes que devem ser entendidos não como estados definitivos,
mas como contínuos que variam entre um polo saudável e outro
psicopatológico.
O estilo aberto representa a habilidade de lidar com os eventos
que a vida apresenta. Esse estilo envolve os componentes “aceitação” e
“desfusão cognitiva” (Hayes et al., 1999). Aceitação implica lidar com
a vida da forma como ela se apresenta, incluindo situações agradáveis
e desagradáveis. No extremo oposto está a evitação, tendência a mini-
mizar ou eliminar o sofrimento por meio de tentativas de modificar
pensamentos, sentimentos ou sensações físicas, assim como de evitar
situações que possam despertá-los. Imagine, por exemplo, que você
considera um cliente especialmente difícil e costuma terminar a sessão
sentindo-se exausta. Ao pensar nesse cliente, você se sente mal e tem
vontade de cancelar a próxima sessão. Nesse contexto, experimentar o
desconforto e manter a consulta é um exemplo de aceitação, enquan-
to cancelar é um exemplo de evitação.
Desfusão cognitiva é a habilidade de experimentar pensamentos
e sentimentos livremente, sem se apegar ao seu conteúdo (Hayes et
al., 1999). O oposto da desfusão é a fusão cognitiva, processo em que
a pessoa interpreta seus eventos internos de forma literal – e passa a
tomar decisões ou a agir a partir deles. Considere um cliente que se
queixa de insegurança no namoro. Ele constantemente checa o celular
à espera de mensagens da namorada; se ela não fez contato, ele se sen-
te abandonado. Embora seja dolorosa, a sensação de abandono é legí-
30 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

tima – como qualquer evento interno – e experimentá-la de modo de-


sapegado é um exemplo de desfusão; por outro lado, escrever para a
namorada questionando seu amor é um exemplo de fusão.
O estilo presente representa a atenção consciente sobre o que
acontece no momento presente em relação ao mundo e a si. Esse esti-
lo envolve os componentes “atenção plena” e “self observador”. Aten-
ção plena é a habilidade de se concentrar conscientemente e sem jul-
gamentos (Kabat-Zinn, 2003). Mesmo com as distrações provocadas
pela constante estimulação externa (como a interação social) e interna
(como pensamentos, sentimentos e sensações físicas), é possível reto-
mar a atenção no presente. No outro extremo está a atenção rígida no
passado ou no futuro: independente do que está acontecendo, o foco
é desviado para eventos que já aconteceram ou que ainda acontecerão.
Imagine, por exemplo, uma cliente que está muito ansiosa com a
apresentação que fará no trabalho. Reconhecer a preocupação, voltar
a atenção ao presente e se dedicar à preparação da atividade é um
exemplo de atenção plena; por outro lado, permanecer engajada em se
arrepender de ter assumido essa responsabilidade, questionar a própria
capacidade ou visualizar o fracasso na apresentação é um exemplo de
atenção rígida no passado ou no futuro.
Self observador é uma forma de descrever o próprio self a partir
do estado em que a pessoa se encontra (Hayes et al., 1999). As obser-
vações são momentâneas, podendo divergir de características percebi-
das no passado e abrindo espaço para que mudanças ocorram no fu-
turo. Sem o estabelecimento de características definitivas, a pessoa é
livre para experimentar pensamentos, sentimentos e sensações varia-
dos sem que isso represente uma ameaça ao próprio eu. Essa concep-
ção diverge da perspectiva tradicional de self como conceito: um con-
junto de traços, características que definem uma pessoa de forma mais
ou menos permanente ao longo do tempo. O apego a essa estabilida-
de pode ser prejudicial quando a pessoa apresenta características com
Terapias Cognitivo-Comportamentais 31

as quais não se identifica. Por exemplo, imagine um cliente que está


com dificuldade para manter a ereção durante o sexo. Mesmo antes de
começar, ele pensa sobre o desempenho na relação sexual e se sente
inseguro e envergonhado. Nesse contexto, entender o self como um
ponto de observação permite observar a própria insegurança, reconhe-
cer sua legitimidade e continuar a relação. Por outro lado, a concep-
ção de self como conceito ressalta a incoerência entre a insegurança no
sexo e a autoimagem, gerando mais sofrimento e desconfiança e ame-
açando ainda mais a qualidade relação.
O estilo engajado envolve a congruência entre princípios pesso-
ais e comportamentos. Esse estilo envolve os componentes “valores” e
“comprometimento”. Valores são elementos simbólicos que se mani-
festam por meio de ações, tornando essas ações naturalmente reforça-
doras (Wilson & Dufrene, 2008). Por exemplo, imagine uma cliente
que é juíza e que escolheu a ética como principal valor profissional:
ela orienta suas ações no trabalho de acordo com a ética. Por outro
lado, agir com base em valores indefinidos, que visam agradar outras
pessoas ou evitar o sofrimento, não é naturalmente reforçador. O
comprometimento indica se o comportamento está efetivamente ba-
seado nos valores ou se a pessoa age de forma impulsiva, evitativa ou
apenas deixa de agir quando seria importante fazer algo. Por exemplo,
se a cliente juíza é coagida a cometer um ato ilegal e se recusa a cola-
borar ou denuncia a coerção, esses são comportamentos baseados em
valores. Por outro lado, participar do ato ilícito por medo de receber
críticas dos colegas é um comportamento baseado na evitação, e não
nos valores.
Imagine os três estilos como pilares: quando firmes, interagem e
se influenciam mutuamente, favorecendo a expressão da flexibilidade
psicológica e contribuindo para uma vida consciente baseada nos va-
lores pessoais (Hayes et al., 1999). Esclarecido o modelo clínico da
ACT, agora vamos abordar seus fundamentos.
32 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

Conhecer os fundamentos filosóficos de uma abordagem psico-


terapêutica esclarece sua configuração e a diferencia de outros sistemas
terapêuticos. Por exemplo, imagine que você está em uma festa e co-
nhece um homem que também é psicólogo clínico. Quando ele men-
ciona qual abordagem terapêutica usa, é suficiente para você imaginar
como ele interage com os clientes, os resultados que ele espera do tra-
tamento, as técnicas que ele usa para isso e até mesmo sua concepção
sobre o ser humano. O mesmo acontece ao se conhecer os fundamen-
tos filosóficos de uma abordagem: você pode identificar seus objeti-
vos, seu funcionamento e sua perspectiva do ser humano.
A ACT se baseia em uma filosofia da ciência chamada contex-
tualismo funcional (Hayes & Hayes, 1992), que possui três caracterís-
ticas distintivas. A primeira se refere aos objetivos: predizer e influen-
ciar o comportamento de forma tão ampla, profunda e precisa quanto
possível (Hayes, Hayes, & Reese, 1988). Ou seja, se o seu cliente teve
um episódio de pânico antes de realizar uma apresentação pública,
uma análise bem-sucedida da situação precisa cumprir duas metas: ex-
plicar o que aconteceu e orientar uma intervenção para amenizar ou
prevenir novas crises. A segunda se refere à unidade de análise e apon-
ta que o psicólogo deve levar em conta ações contextualizadas. Consi-
derando que o ser humano vive e interage em um contexto e com um
contexto, a análise de um comportamento deve considerar seu con-
texto situacional e histórico. Por isso a informação de que o cliente
teve um episódio de pânico é tão importante quanto outras informa-
ções, como o local onde ocorreu, quem estava presente e suas emoções
e expectativas naquele instante. E a terceira característica se refere à
causalidade dos comportamentos: é escolhida como causa a situação
que permite realizar uma intervenção bem-sucedida. No caso do epi-
sódio de pânico, mesmo que o cliente revele ter crescido em uma fa-
mília emocionalmente instável e que seus pais tinham expectativas al-
tas sobre seu desempenho, esses eventos não são passíveis de interven-
Terapias Cognitivo-Comportamentais 33

ção. Por outro lado, desenvolver suas habilidades de regulação emo-


cional pode permitir uma intervenção efetiva na redução da frequên-
cia ou da intensidade das crises.
A ACT também se baseia na teoria dos quadros relacionais
(TQR; Hayes et al., 2001), que apresenta uma explicação comporta-
mental sobre o funcionamento da cognição e da linguagem humanas.
Enquanto os fundamentos filosóficos esclarecem os objetivos, o fun-
cionamento e a concepção de ser humano da ACT, a fundamentação
teórica esclarece o funcionamento da mente, a natureza e a origem do
sofrimento psicológico.
Segundo a TQR, o ato de pensar é uma habilidade aprendida e
influenciada pelo contexto (Hayes et al., 2001). Ela nos permite asso-
ciar eventos, ou quadros, de forma espontânea e arbitrária e, depen-
dendo dos eventos associados, seu sentido – sua função – pode mu-
dar. Por exemplo, imagine uma cliente que engravidou sem planejar.
Inicialmente a gravidez lhe remete apenas à frustração dos planos pro-
fissionais e às críticas familiares; por isso, ela se sente muito mal. Com
o tempo, no entanto, começa a sonhar com a oportunidade de gerar
uma nova vida e com as muitas possibilidades que a criança terá após
nascer; então começa a se sentir muito bem. Nos dois momentos, a
natureza imprevista da gravidez é a mesma, mas os eventos aos quais
se relaciona altera sua função, deixando de eliciar sofrimento e passan-
do a eliciar bem-estar.
Essa habilidade saudável de relacionar eventos pode, no entan-
to, ter efeitos psicopatológicos (Hayes et al., 2001). Imagine sua clien-
te dizendo que engravidar sem planejamento é uma irresponsabilidade
e que as pessoas vão julgá-la quando descobrirem; e que quanto mais
sua barriga crescer, mais evidente ficará sua irresponsabilidade; sentin-
do raiva e decepção por não ter se prevenido; e sentindo culpa por es-
tar tão abalada emocionalmente que pode arriscar a saúde do bebê,
etc. Esse é um exemplo de fusão cognitiva, a cliente interpreta seus
34 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

pensamentos e emoções de forma literal e sofre em decorrência dessas


associações. E o quadro se agrava quando esses eventos internos co-
meçam a controlar seus comportamentos: por exemplo, ela evita falar
com as pessoas que podem julgá-la, evitar os lugares que essas pessoas
frequentam e evita situações que podem despertar essas associações e
aumentar seu sofrimento. Deixa de ir à igreja, pois seus amigos po-
dem considerá-la um mau exemplo; deixa de sair com as colegas do
trabalho, pois podem pensar que engravidou porque se sentia incapaz
de crescer profissionalmente. Esse é um exemplo de evitação, a pessoa
age visando minimizar o sofrimento. Assim, mesmo o funcionamento
saudável da cognição e da linguagem – a habilidade de relacionar
eventos espontânea e arbitrariamente, alterando suas funções – pode
resultar em uma condição psicopatológica.
A compreensão das dimensões terapêutica, teórica e filosófica
esclarece situações e estratégias pelas quais a ACT pode ser aplicada.
Finalmente estamos prontos para analisar o filme sob essa perspectiva.

EVITAÇÃO E ACEITAÇÃO ACEITAÇÃO

Cena 1.1
– Tristeza, eu tenho um super trabalhinho para você!
Então a Alegria desenha um círculo em torno dos pés da Tris-
teza e diz:
– Esse é o Círculo da Tristeza, o seu papel é fazer com que toda
a tristeza fique dentro dele!

Cena 1.2
– Olha, eu entendo, não tá nada fácil… mas já foi pior. Va-
mos fazer uma lista com as coisas boas daqui, somente as
muito boas!.
Terapias Cognitivo-Comportamentais 35

Então os outros sentimentos relatam várias coisas ruins e Ale-


gria responde:
– Ah, vamos, podia ser pior”.
E os sentimentos apontam mais problemas.
– Tá bom, eu sei que foi ruim, mas tem sim umas coisas boas....

Cena 1.3
Em busca do caminho de volta para a sala de comando, Ale-
gria diz:
– Tristeza, para! Você pode magoá-la! Se você vier junto, as me-
mórias vão ficar tristes… Desculpa, a Riley precisa ser feliz – e
parte sozinha.

As três cenas são exemplos de comportamentos evitativos. Na


tentativa de manter a Riley feliz, a Alegria age para neutralizar as emo-
ções aversivas. Na Cena 1.1, a Alegria tenta manter a Tristeza restrita
a um espaço pequeno, impedida de influenciar lembranças e compor-
tamentos da Riley e prevenindo que ela se sinta triste. Na Cena 1.2, a
Alegria ouve queixas dos outros sentimentos e responde com argu-
mentos que poderiam minimizar os efeitos das queixas. E na Cena
1.3, a Alegria entra sozinha no tubo que dá acesso de volta à sala de
comando carregando as memórias e abandona a Tristeza.
A evitação envolve tentativas de reduzir ou eliminar o sofri-
mento. Para isso, no entanto, a Alegria permanece sempre alerta,
continuamente atenta a todas as situações que possam despertá-lo.
Quando esse esforço é bem-sucedido, traz uma agradável sensação
de alívio. O problema é que, em seguida à supressão, tende a pro-
mover ainda mais sofrimento. Por exemplo, após ser contida pela
Alegria dentro círculo, a Tristeza escapa e assume o painel de co-
mando, causando um impacto tão grande que Riley começa a cho-
rar em frente a sua turma na escola. Mais ainda, o sofrimento pode
36 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

surgir por meio de lugares, pessoas e mesmo eventos internos sur-


preendentes (Hayes et al., 2001), como na situação em que a Alegria
se lembra da Riley recebendo o carinho dos pais, mas a Tristeza lem-
bra que isso aconteceu porque Riley estava chateada com a derrota
no jogo de hóquei. Ou seja, a evitação consome muito esforço, res-
tringe a liberdade e ainda assim fracassa.
Os comportamentos de evitação podem ser abordados com
intervenções que promovam aceitação. Em princípio, qualquer ati-
vidade que favoreça a habilidade de lidar com a vida como ela se
apresenta pode ser considerada uma intervenção promotora de acei-
tação e permitir que o cliente não viva em função de combater o
sofrimento, mas busque o que lhe importa. É o que acontece no
fim do filme, quando Riley está fugindo de casa. Dentro do ônibus,
para Minnesota, apática, ela só percebe o que está acontecendo e
desce do ônibus quando pensa nas boas memórias de infância com
os pais e se sente triste porque está prestes a se afastar deles. E tam-
bém é como termina o filme, quando a aceitação do desconforto
permite criar memórias formadas por mais de um sentimento,
como alegria e tristeza. As novas memórias são mistas e mostram
que emoções, pensamentos e sensações diversos podem coexistir de
forma saudável.
Por exemplo, a metáfora dos passageiros no ônibus (Hayes et
al., 1999) envolve lidar com os eventos internos aversivos como um
motorista de ônibus lida com os passageiros. Por um lado, o moto-
rista transporta todos os passageiros que estão no ônibus. Alguns são
agradáveis, outros fazem bagunça e criam confusão – mas são todos
passageiros e têm lugar garantido. Por outro lado, é o motorista
quem dirige. Independentemente de quem são, ou do que fazem os
passageiros que estão lá atrás, é do motorista a autonomia sobre a
viagem. Assim como os passageiros são livres para serem como qui-
serem, o motorista é livre para decidir o destino.
Terapias Cognitivo-Comportamentais 37

Outra metáfora, a do “João mendigo” (Hayes et al., 1999), tem


um efeito semelhante. Imagine que está inaugurando sua nova casa
com uma festa aberta a toda a vizinhança. Mas… de repente entra um
mendigo. Você se sente desconfortável, não quer que ele atrapalhe a
festa e pede que ele se retire. Algum tempo depois, você está se diver-
tindo e nota que o João está de volta. E isso se repete ao longo da fes-
ta: você o leva para fora, mas ele volta. Ou você deixa de aproveitar a
festa enquanto se dedica a expulsar o João e a evitar que ele retorne ou
você, ainda que desconfortável, aceita sua presença, aproveita a festa e
se diverte com os outros convidados.
Uma das primeiras formas mencionadas na literatura da ACT
(Hayes et al., 1999) sobre como experimentar sensorialmente a dife-
rença entre a evitação e a aceitação é a “algema chinesa”. Trata-se de
um tubo do tamanho de uma caneta no qual se deve inserir um
dedo em cada extremidade. Como o tubo é estreito e composto de
fios entrelaçados, ele se comprime quando se tenta retirar os dedos;
quanto mais a pessoa puxa os dedos para fora, mais o tubo se estrei-
ta e prende os dedos. A solução é tolerar um pequeno aperto e se
mexer delicadamente, assim os dedos ficam relativamente soltos e há
espaço para se mover dentro do tubo. É possível comprar a algema
chinesa em sites como Mercado Livre e assistir vídeos sobre seu fun-
cionamento no Youtube.

FUSÃO

Cena 1.4
– Essas são as memórias base. Cada uma é de um momento su-
per importante da vida da Riley. (...) E cada memória base
molda um aspecto da personalidade da Riley, como a Ilha do
Hóckey, (...) a Ilha da Bobeira, (...) a Ilha da Amizade, (...) a
38 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

Ilha da Honestidade, (...) a Ilha da Família (...). Enfim, as


ilhas de personalidade são o que faz da Riley, a Riley.

Nesse trecho, Alegria explica que a personalidade da Riley é


formada por conjuntos de memórias sobre temas comuns: as ilhas,
que podemos imaginar como partes do ego. Por exemplo, as memó-
rias na Ilha da Amizade informam quem é a Riley em relação à ami-
zade e as memórias na Ilha da Família informam quem é a Riley em
relação à família. Esses conjuntos são importantes porque criam
uma referência estável sobre si mesma. Sem eles, imagine quanto
trabalho Riley teria diariamente ao acordar: me levanto ou durmo só
mais um pouquinho? Escovo os dentes ou tomo banho? Desejo um bom
dia aos meus pais, abraço, beijo, faço tudo isso ou não faço nenhum?
Além de cansativo, são tantas decisões que ela provavelmente se
atrasaria para a aula...
Por outro lado, as ilhas também podem criar problemas
quando são acatadas de forma rígida. Por exemplo, imagine que
parte da personalidade da Riley é formada pela Ilha de Minnesota,
um conjunto de memórias, emoções e sensações sobre seu estado
natal. Mais ainda, imagine que Riley se identifica intensamente
com essas experiências, como se apenas os eventos relacionados a
Minnesota fossem bons e os eventos relacionados a outros lugares
fossem ruins ou desinteressantes. Essa identificação rígida com
eventos internos é um exemplo de fusão cognitiva: as experiências
incompatíveis com esses registros podem gerar desconforto. Nesse
contexto, gostar de uma experiência na Califórnia seria uma amea-
ça às experiências vividas em Minnesota. Paradoxalmente, mesmo
as boas experiências vividas em São Francisco poderiam gerar con-
fusão e sofrimento ao ressaltar que Riley não está em Minnesota,
seu lugar querido.
Terapias Cognitivo-Comportamentais 39

As intervenções para abordar a fusão cognitiva e promover a


desfusão envolvem a tomada de perspectiva. Essa categoria de inter-
venções mostra que os eventos internos são passíveis de interpretações
diversas e a diversidade é natural, não uma ameaça ao indivíduo, ao
ego ou à personalidade. Isso pode ser feito, por exemplo, apresentan-
do a metáfora do tabuleiro de xadrez (Hayes et al., 1999). Imagine
que Riley é sua cliente e está sofrendo muito com a mudança de cida-
de. Para ajudá-la, você propõe uma analogia que permite entender
essa situação como um jogo de xadrez. Pensamentos e emoções são as
peças do jogo. De um lado do tabuleiro, estão as peças boas, como
lembranças dos jogos de hóquei e passeios com os pais em Minnesota;
do outro lado, estão as peças inimigas, como a pizza sabor brócolis e o
atraso do caminhão da mudança para São Francisco. O conflito cons-
tante entre os dois grupos de peças também gera sofrimento constan-
te, pois sempre há possibilidade de ataque pelas peças inimigas. A so-
lução engenhosa para esse conflito é que, na verdade, a Riley não está
no jogo: o jogo é que está na Riley, ela é o tabuleiro onde as peças dis-
putam. Dessa perspectiva, sequer interessa quais são as peças em jogo
ou quais serão vencedoras, pois o tabuleiro é apenas o lugar onde as
peças se dispõem. Houve diversos jogos antes e haverá muitos outros
ainda; as peças vencedoras de ontem podem ser derrotadas amanhã.
Enquanto isso, o tabuleiro permanece neutro, testemunhando de uma
posição privilegiada as intermináveis batalhas travadas entre pensa-
mentos, sentimentos e emoções.
Outras intervenções que promovem perspectivas alternativas
sobre o mesmo problema (Mchugh, Barnes-Holmes, & Barnes-Holmes,
2004) – e, consequentemente, reduzem a rigidez da perspectiva ori-
ginal – podem ser consideradas exercícios de desfusão. Por exemplo,
registrar pensamentos e emoções agradáveis e aversivos em post-its
e colar no corpo do próprio cliente pode mostrar que os eventos
internos são acessórios e arbitrários, e não pedaços de si mesmo
40 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

(Luoma, Hayes, & Walser, 2007). Perguntas que sugerem pontos de


vista alternativos também tem função de desfusão, como “O que seu
melhor amigo diria sobre isso?” ou “Imagine que daqui a 10 anos
você estivesse olhando para o passado, o que você pensaria sobre
isso?” (Stoddard & Afari, 2014). Outro exercício sugere elegante-
mente lidar com os eventos internos de forma tão delicada quanto
você lidaria com uma borboleta (Luoma, Hayes, & Walser, 2007).
Imaginando que uma borboleta pousasse na sua mão, como você a
seguraria? Fechando a mão com força, ela morre; abanando a mão
abruptamente, ela se machuca. Então a melhor forma de segurar
essa borboleta é estender a mão permitindo que ela pouse, ao mes-
mo tempo permitindo que ela se movimente ou voe livremente. As-
sim como lidaria com a borboleta, você pode lidar com os eventos
internos permitindo que eles ocorram e que eles desapareçam, sem
prendê-los e sem lutar contra eles.

ATENÇÃO PLENA

Cena 1.5
Depois de a Alegria tentar minimizar diversas queixas sobre os
problemas com a mudança para São Francisco, a Raiva diz:
– Alegria, não tem o menor motivo para a Riley se sentir feliz
agora. Pode deixar com a gente.
E os outros sentimentos continuam:
– Eu voto em matar aula!
– Não temos nem roupa, ela não pode ir pra escola!
– Eu vou chorar até não poder mais!
– Trancamos a porta e gritamos todos os palavrões que aprende-
mos!
Terapias Cognitivo-Comportamentais 41

Nesse trecho, a Alegria mostra pouco contato com o momento


presente – o contrário do que é atenção plena. A cada comentário, ela
responde de imediato, e isso cria um grande risco: agir sem considerar
o que está acontecendo agora pode criar problemas porque impede
que a Riley se adapte a cada circunstância.
A dificuldade em manter contato consciente e sem julgamento
com o momento presente coloca em risco a liberdade da Riley para es-
colher como agir. Se ela considera apenas pensamentos e sentimentos
sobre o passado ou sobre o futuro, ela permanece insensível ao que
acontece no presente. Se ela pensa durante todo o tempo sobre o passa-
do em Minnesota, por exemplo, pode não perceber que em São Fran-
cisco também há pessoas e atividades legais. Ou se ela pensa apenas so-
bre o lado bom da mudança, pode não se preparar para os novos desa-
fios, como conviver com a falta dos seus móveis e das suas roupas até a
chegada da mudança; se não quer comer pizza de brócolis, precisará sa-
ber onde há pizzarias que vendem seus sabores preferidos; tolerar o tem-
po necessário para fazer novos amigos e lidar com suas qualidades e pro-
blemas diferentes dos amigos de Minnesota. A atenção plena não tem o
objetivo de deixá-la feliz, mas de conhecer o que ocorre momento a
momento e tomar decisões livremente (Kabat-Zinn, 2003).
Assim como as outras habilidades, a atenção plena também é
definida funcionalmente: resulta de qualquer atividade que ajude o
cliente a observar o momento presente de forma consciente e sem
julgamentos (Hayes et al., 1999). Um exercício simples envolve ape-
nas dois passos: observar a respiração e o que acontece dentro de si.
Preferencialmente em um local reservado, de olhos fechados e em
uma posição confortável, mantém-se o foco na respiração. Ao obser-
var que a atenção foi desviada, o cliente apenas retoma o foco na
respiração. Podem surgir pensamentos neutros, como “Tenho de
abastecer o carro antes de ir para casa”; e podem surgir pensamentos
negativos, como “Talvez eu seja incapaz de mudar”; e ainda podem
42 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

surgir emoções e sensações físicas aversivas, como mágoa, tristeza,


aperto no peito e dor no estômago. Em todos os casos, independen-
temente do conteúdo e do desconforto gerado pelos eventos inter-
nos, o exercício é simples: ao observar que a atenção foi desviada, o
cliente apenas retoma o foco na respiração. Somos naturalmente
preparados para prestar atenção em estímulos variados, então o exer-
cício visa desenvolver a habilidade de também conseguir voltar a
atenção para o foco desejado.
Conhecer essa versão simplificada permite adaptar outras for-
mas de atenção plena às preferências de cada cliente. Desde que o
exercício envolva prestar atenção de forma consciente e sem julga-
mentos, quaisquer adaptações são bem-vindas. Por exemplo, observar
a respiração é uma referência para manter a concentração, mas algu-
mas pessoas preferem se concentrar em uma meditação, um mantra
ou mesmo um ponto na parede. Em uma versão ainda mais simples
desse exercício, “escaneamento corporal” (Walser & Westrup, 2007),
o cliente mantém a atenção nas próprias sensações físicas e observa os
estímulos presentes em cada parte do corpo, dos pés até a cabeça. O
essencial é preservar estes dois passos: voluntariamente manter a aten-
ção em um foco e observar quaisquer eventos que distraiam a atenção,
redirecionando a atenção para o foco inicial quantas vezes forem ne-
cessárias (Kabat-Zinn, 2003).

VALORES

Cena 1.6
Enquanto Alegria e Tristeza enfrentam desafios para retornar à
sala de comando, o amigo imaginário Bing Bong sugere um
atalho. A Tristeza alerta sobre o risco desse caminho, mas Bing
Bong responde:
Terapias Cognitivo-Comportamentais 43

– Isso é apenas um boato, eu passo aqui o tempo todo. Isso é


um atalho! Tá vendo? P-E-R-I-G-O: atalho! Eu vou provar
para vocês!

Então Alegria diz para Tristeza:


– Se você quer ir por aí e andar mais, pode ir. Mas agora a Riley
está precisando de mim! Eu não vou perder o trem.

Nesse trecho, a Alegria demonstra mais uma vez sua responsabi-


lidade pelo bem-estar da Riley. O problema é que, algumas vezes, esse
valor também tem uma função evitativa. A Alegria mostra dificuldade
em tolerar momentos em que a Riley fica mal e faz de tudo para eli-
minar o desconforto. Essa função evitativa é tão forte que Alegria ig-
nora a advertência da Tristeza, a única que leu os manuais das memó-
rias e conhecia os riscos do atalho. Em decorrência, envolvem-se no
descarrilamento do trem.
Os valores são vivenciados momento a momento por meio de
ações que os representem. Em primeiro lugar, é necessário ter clareza
sobre quais são os valores do cliente. A descoberta ou definição dos
valores pode ser feita, por exemplo, por meio do exercício “escrevendo
sua autobiografia” (Stoddard & Afari, 2014). O cliente deve escrever
duas versões da própria vida: na primeira, narra os fatos mais impor-
tantes da sua história real e identifica que valores se destacam nessa
história; na segunda, narra os fatos mais importantes imaginando que
viveu exatamente a vida que gostaria e então também identifica os
principais valores expressos nessa história. A comparação das versões
pode esclarecer que valores são caros ao cliente e o quanto estão pre-
sentes na sua vida. Uma versão mais curta, mas emocionalmente in-
tensa, desse exercício é a redação da eulogia (Hayes et al., 1999): o
cliente escreve um discurso para ser lido no próprio funeral. Diante
da finitude, o cliente reavalia sua vida e seleciona os eventos mais im-
44 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

portantes. A partir dessa descrição, pode identificar seus valores mais


caros. Um último exercício de identificação dos valores é a “lista de
valores” (Cohen, Garcia, Apfel, & Master, 2006): o cliente lê uma re-
lação de palavras que podem ter a função de valores (e. g., justiça, ho-
nestidade e carinho) e escolhe aquelas com que mais se identifica e
que representam seus valores essenciais. Em todos os casos, é impor-
tante testar os valores no dia a dia do cliente e observar se eles se man-
têm relevantes e úteis ao longo de diferentes contextos. Isso pode con-
tribuir para refinar e aprimorar a relação de valores.

COMPROMETIMENTO

O comprometimento indica a manutenção de comportamentos


coerentes com os valores. Essa coerência pode ser promovida por meio
de técnicas cognitivo-comportamentais tradicionais. Por exemplo, a
tabela de ativação comportamental (Kanter, Busch, & Rusch, 2009).
Trata-se de uma tabela com as seguintes colunas: O que, Quando, Com
quem, Onde, Barreiras, Soluções e Resultado. Geralmente usada no tra-
tamento da depressão, a tabela pode ser usada para promover com-
portamentos que representam os valores do cliente. Ela permite tanto
o planejamento quanto a antecipação de problemas, favorecendo a re-
alização da atividade e a preparação para lidar com adversidades. Ou-
tras variações, como a tabela para Registro Diário de Pensamentos
Disfuncionais (RDPD), também são úteis para identificar barreiras e
estratégias de enfrentamento. De forma geral, o estabelecimento con-
sensual de tarefas para casa favorece a realização de ações comprome-
tidas com os valores. Versões da tabela de ativação comportamental e
do RDPD são encontradas gratuitamente na internet por meio de fer-
ramentas de pesquisa, como o Google. Além de usar uma das versões,
você também pode adaptá-las conforme suas necessidades.
Terapias Cognitivo-Comportamentais 45

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ACT é uma abordagem terapêutica contextual baseada filoso-


ficamente no contextualismo funcional e em um modelo teórico da
cognição e da linguagem, a teoria dos quadros relacionais. Essas bases
pressupõem que todo o trabalho clínico deve se basear em análises das
circunstâncias atuais e históricas. Mais importante do que sua classifi-
cação como uma terapia comportamental ou cognitiva, é a compreen-
são do contexto do cliente que deve orientar a intervenção. Além de
ser uma abordagem terapêutica, a ACT também representa um mo-
delo de funcionamento humano, a flexibilidade psicológica, que se
propõe a explicar tanto sua condição de saúde quanto sua condição
psicopatológica. Esse modelo se baseia em três estilos de enfrentamen-
to da vida – aberto, presente e engajado – que, interagindo de manei-
ra harmônica, favorecem a realização pessoal voluntária e consciente
com base nos próprios valores.
O filme Divertida Mente mostra de forma simples e clara que
temos emoções divergentes e, algumas vezes, antagônicas. O conflito
entre emoções permeia a adaptação de Riley à vida em São Francis-
co: a casa é diferente do que esperava, as pessoas tem hábitos estra-
nhos, não tem amigos na nova escola e surgem desavenças na famí-
lia. Depois de uma grande aventura psicológica, suas emoções final-
mente passam a conviver harmonicamente. Perceber que todas as
emoções não apenas são legítimas, mas necessárias, e também po-
dem coexistir em equilíbrio favorece seu amadurecimento psicológi-
co, com uma vida emocional mais complexa que permite gostar da
vida antiga e se adaptar à vida nova.
46 Terapia de Aceitação e Compromisso no filme Divertida Mente

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