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A IMPORTÂNCIA DA PSICOEDUCAÇÃO NA TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

THE IMPORTANCE OF PSYCHOEDUCATION IN COGNITIVE-


BEHAVIORAL THERAPY: A SYSTEMATIC REVIEW

Carlos André Nogueira1


Kelly Nunes Crisostomo2
Rafaela dos Santos Souza3
Jessica de Macedo do Prado4

1 - Professor do curso de Psicologia da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB),


Barreiras/BA.
2 - Acadêmica do curso de Psicologia, 9 semestre, Faculdade São Francisco de
Barreiras (FASB), Barreiras/BA.
3 - Acadêmica do curso de Psicologia, 9 semestre, Faculdade São Francisco de
Barreiras (FASB), Barreiras/BA.
4 - Acadêmica do curso de Psicologia, 9 semestre, Faculdade São Francisco de
Barreiras (FASB), Barreiras/BA.

Endereço para correspondência:


1- Faculdade São Francisco de Barreiras, Avenida São Desiderio, 2440, Bairro
Ribeirão, CEP: 47.808-180, Barreiras-BA.
E-mail: andreoliveira@fasb.edu.br

RESUMO

Introdução: A psicoeducação como uma das técnicas da Terapia Cognitivo-


Comportamental tem uma importante função na orientação de diversos aspectos, seja
a respeito das consequências de um comportamento, na construção de crenças,
valores, sentimentos e na repercussão destes na vida dos/as pacientes. Objetivo:
analisar os estudos que abordam a importância da Psicoeducação na Terapia
Cognitivo-Comportamental no Brasil nos últimos dez anos (01/2006 a 12/2016).
Método: trata-se de uma revisão sistemática realizada a partir da análise de 15 artigos
científicos selecionados dentre 52 trabalhos encontrados por mecanismos de buscas
nas bases de dados: Lilacs, Medline e Index. Para tanto, foram realizadas três buscas
nas bases de dados, utilizando primeiramente as seguintes palavras-chave:
“Psicoeducação” combinada com “terapia”, em seguida as palavras-chave:
“Psicoeducação” e “psicologia”, posteriormente, utilizou-se as palavras-chave:
“Psicoeducação” e “transtornos”. Resultados: comprovou-se que no intervalo de 2006
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até 2009, houve uma quantidade pequena de publicações (cinco artigos), com a
proporção de 33,30% da produção. Já de 2010 à 2016 ocorreu um avanço na
produção de artigos, o qual foi responsável por dez artigos, totalizando 66,70% da
amostra. Os principais temas de pesquisa abordados neste artigo foram selecionados
por categorias e os de maior representatividade foram: a psicoeducação sobre os
transtornos, com oito artigos (55%), e a Psicoeducao em grupos, aparecendo com sete
artigos (45%). Conclusão: a literatura revelou a importância da psicoeducação para
Terapia Cognitivo-Comportamental tanto individual, trabalhando com os variados
transtornos psicológicos, como intervenções em grupo, compartilhando experiências,
diminuindo as crenças disfuncionais e consequentemente melhorando a
funcionalidade psicossocial nos domínios da autonomia, lazer e relacionamentos
interpessoais.

Palavras-chave: Psicoeducação; Terapia Cognitivo-Comportamental; revisão


sistemática.

ABSTRACT

Introduction: Psychoeducation as one of the techniques of Cognitive-Behavioral


Therapy has an important function in the orientation of several aspects, be it about the
consequences of a behavior, in the construction of beliefs, values, feelings and in the
repercussion of these in the life of the patients. Objective: to analyze the studies that
address the importance of Psychoeducation in Cognitive-Behavioral Therapy in Brazil
in the last ten years (01/2006 to 12/2016). Method: This is a systematic review based
on the analysis of 15 scientific articles selected from 52 works found by search engines
in the Lilacs, Medline and Index databases. To do so, three searches were carried out
in the databases, using the following keywords: "Psychoeducation" combined with
"therapy", then the keywords "Psychoeducation" and "psychology". The Keywords
"Psychoeducation" and "disorders" were used later. Results: it was verified that in the
interval between 2006 and 2009, there was a small amount of publications (five
articles), with the proportion of 33.30% of the production. From 2010 to 2016, there was
an increase in the production of articles, which was responsible for ten articles, totalling
66.70% of the sample. The main themes of research in this article were selected by
categories and the most representative were: psychoeducation on disorders, with eight
articles (55%), and psychoeducation in groups, appearing within seven articles (45%).
Conclusion: The literature has revealed the importance of psychoeducation for both
individual cognitive-behavioral therapy while working with various psychological
disorders, and as group intervention in the sharing of experiences, in the reducing of
dysfunctional beliefs and consequently improving psychosocial functionality in the
domains of autonomy, leisure and the development of Interpersonal relationship skills.

Keywords: Psychoeducation; Cognitive behavioral therapy; systematic review.

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INTRODUÇÃO

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), desenvolvida por volta de 1960 por


Aaron Beck, é uma abordagem da psicologia que tem por objetivo reduzir reações
emocionais excessivas e os comportamentos desadaptativos, partindo da modificação
de pensamentos e crenças disfuncionais subjacentes a estas reações1
A Terapia Cognitivo-comportamental (TCC), se realiza através de um trabalho
colaborativo, entre paciente e terapeuta, de forma ativa, diretiva e breve, além de ser
uma proposta altamente centrada e estruturada, na qual se fundamenta na
modificação de pensamentos disfuncionais desenvolvidos pelo individuo 1,2
A teoria cognitiva de Beck acredita que não é a situação em si que determina o
que as pessoas sentem ou se comportam, porém, é o modo como interpretam e
pensam os fatos dessa situação que geram vários sentimentos, como ansiedade,
tristeza ou raiva2. A TCC tem o intuito de avaliar as estratégias cognitivas do/da
paciente, proporcionando maior flexibilidade cognitiva ao analisar determinadas
situações e modificá-las, possibilitando alívio sintomático e mudanças duradouras de
comportamentos3.
Esta abordagem tem sido empregada em diversas práticas e modalidades de
intervenção coletiva e/ou individual. Sua eficácia tem sido investigada e comprovada
por vários estudos, sendo ampliada sua aplicabilidade em diversos contextos para as
atividades de promoção de saúde nas áreas clínicas, coletivas, escolares. Dessa
forma, a TCC apresenta vantagens no tratamento de vários transtornos psicológicos,
principalmente por ser indicada em casos de co-morbidade, em grupo e associada a
tratamento farmacológico,4,5.
Uma das técnicas utilizada pela Terapia Cognitivo-Comportamental é a
Psicoeducação que tem uma importante função de orientar o/a paciente em diversos
aspectos, seja a respeito das consequências de um comportamento, na construção de
crenças, valores, sentimentos e como estes repercutem em sua vida e na dos outros,
bem como nortear um/a paciente e sua família quanto à existência ou prevalência de
doenças, sejam elas de ordem física, genética ou psicológica2,6.
Segundo Menezes, Melo e Souza7, a Psicoeducação foi uma técnica que
começou a ser utilizada como tratamento adicional de fármacos a partir dos anos 70,
visto que sentiu-se a necessidade não só do tratamento medicamentoso, mas também

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de uma orientação aos/às pacientes sobre os diversos fatores que envolvem uma
doença ou transtorno.
Sendo uma técnica recorrente na Terapia Cognitivo-Comportamental, a
psicoeducação é uma forma de aprendizagem que, segundo Beck 2, é capaz de
proporcionar o indivíduo a desenvolver pensamentos, ideias e reflexões sobre as
pessoas, sobre o mundo e como comportar-se diante de algumas situações através de
atividades que podem colaborar justamente na reflexão e obtenção de valores, tanto
nas intervenções individuais como nas coletivas.
Portanto, este trabalho visa analisar os estudos que abordam a importância da
psicoeducação na Terapia Cognitivo-Comportamental no Brasil nos últimos dez anos,
a partir de uma análise sistemática de 15 artigos científicos encontrados nas bases de
dados: Lilas, Medline e Index, com objetivo de identificar as pesquisas que estão
sendo produzidas referente à temática e averiguar os anos de publicações onde houve
mais artigos produzidos com o tema em questão.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Refere-se a um estudo de revisão sistemática acerca da importância da


psicoeducação na Terapia Cognitivo-Comportamental. As etapas do presente estudo
foram as seguintes: delimitar os objetivos da revisão sistemática; seleção da amostra;
demarcar os critérios de inclusão e exclusão de artigos; definir as informações a serem
extraídas dos artigos selecionados; análise dos resultados e discussão dos achados.
Os principais objetivos desta revisão sistemática é analisar os estudos que são
produzidos com relação à importância da psicoeducação aliada à Terapia Cognitivo-
Comportamental e averiguar os anos de publicações em que há mais estudos
produzidos sobre essa temática.
A revisão sistemática se deu mediante busca eletrônica de artigos indexados
em três bases de dados: Lilacs, Medline e Index (Psicologia- Periódicos Técnicos-
Científicos), nas versões ampliadas. Para tanto, foram realizadas três buscas nas
bases de dados, utilizando primeiramente as seguintes palavras-chave:
“Psicoeducação” combinada com “terapia”, em seguida as palavras-chave:
“Psicoeducação” e “psicologia”, posteriormente, utilizou-se as palavras-chave:

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“Psicoeducação” e “transtornos”. Visto que, esses termos citados anteriormente foram
selecionados devido o interesse em abordar sobre a importância da psicoeducação na
Terapia Cognitivo-Comportamental. Porém, deve-se salientar a grande dificuldade em
encontrar artigos, devido ao fato de haver poucas produções relacionadas ao tema.
As consultas às bases de dados foram efetuadas no período de março a abril de
2017 e limitou-se a amostra publicada em formato de artigo. Inicialmente, foi realizado
um levantamento dos artigos por meio da leitura dos resumos e, posteriormente,
delimitou-se os critérios de inclusão e de exclusão dos estudos.
Os critérios de inclusão foram: a) estar publicado nas bases de dados
selecionadas em formato de artigos; b) ser do idioma português; c) ter sido publicado
entre Janeiro de 2006 à Dezembro 2016; e d) ser especificamente sobre a Terapia
Cognitivo-Comportamental. Os critérios de exclusão foram: a) estudos não disponíveis
na íntegra; b) artigos repetidos nas bases de dados selecionadas e c) não ter
relevância para os objetivos do estudo.
Após a especificação dos critérios, os artigos selecionados foram recuperados
na íntegra e classificados nas seguintes dimensões de análise: a) base de dados; b)
título do artigo; c) autores; d) ano de publicação; resultados; discussão e conclusão.
Deve-se salientar que, as bases de dados consultadas nesse estudo se
limitaram a Lilacs, Medline e Index (Psicologia-Periódicos Técnicos-Científicos).
Contudo, foram selecionados somente artigos. Sendo assim, mais estudos poderiam
ser encontrados se fossem aumentados as bases de dados e os tipos de trabalhos
selecionados.

RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta a quantidade de artigos encontrados nas bases de dados


(Lilacs, Medline e Index Psicologia- Periódicos Técnicos-Científicos), utilizando três
buscas com as palavras-chave (Psicoeducação-Terapia; Psicoeducação-Psicologia;
Psicoeducação-Transtornos), os artigos descartados por não se enquadrarem em
todos os critérios de inclusão ou por possuírem de exclusão e, ainda, artigos
selecionados para a revisão.

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Tabela 1. Publicações encontradas, descartadas e selecionadas.


Base de Dados Palavras- Chave Publicações Publicações Publicações
Encontradas Descartadas Selecionadas
LILACS Psicoeducação- 18 (n= 4 não ter
Terapia (9); relevância para
Psicoeducação- os objetivos do
Psicologia (9); estudo, 6
Psicoeducação- 24 n= 14 textos
Transtornos (6) repetidos)
MEDLINE Psicoeducação-
Terapia (1);
Psicoeducação-
Psicologia;
Psicoeducação-
Transtornos 1 - 1

INDEX- Psicoeducação- 19 (n= 3 não ter


PSICOLOGIA Terapia (12); relevância para
Psicoeducação- os objetivos do
Psicologia (10); estudo, n= 16
Psicoeducação- textos repetidos)
Transtornos (5) 27 8

15
Selecionados

Conforme a tabela, foram selecionados 15 artigos em todos os bancos de dados


nas três buscas realizadas, sendo analisadas as produções dos últimos 10 anos. No
intervalo de 2006 até 2009, houve quantidade pequena de publicações 5 artigos,
33,30% da produção da temática em análise. Já de 2010 à 2016, ocorreu um avanço
na produção identificando-se 10 artigos, 66,70% das publicações. Dessa forma, os
últimos anos foram responsáveis por uma aceleração na produção de estudos
realizados sobre a importância da psicoeducação na Terapia Cognitivo-
Comportamental.
As tabelas 2 e 3, indicam as bases de dados, os anos das produções
selecionadas e sobre o que a psicoeducação está relacionada, dividindo-se em duas
categorias: transtornos e grupos. Na tabela 2 estão assinalados os artigos sobre a
psicoeducação como proposta de intervenção em transtornos psicológicos e a tabela 3
evidencia os artigos associados à importância da psicoeducação em grupos.

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Tabela 2. Distribuição dos artigos quanto à base de dados, artigo, ano e Psicoeducação dividida na
categoria de Transtornos Psicológicos.
Base de Artigo Ano de Psicoeducação
dados publicação
1) Index Siegmund G, Nonohay RG, Gauer G. Ensaio de
Psicolo Usabilidade de uma Intervenção Psicoeducacional
gia Computadorizada sobre Transtorno Obsessivo- 2016 Transtornos
Compulsivo. Trends in Psychology/ Temas em
Psicologia 2016, 24 (1): 261-276.
2) Index Ribeiro MV, Macuglia GCR, Dutra MM. Terapia
Psicolo cognitivo-comportamental na depressão infantil: uma
2013 Transtornos
gia proposta de intervenção. Revista Brasileira de Terapias
Cognitivas 2013, 9(2): 81-92.
3) Index Petersen CS. Evidências de efetividade e
Psicolo procedimentos básicos para Terapia Cognitivo-
2011
gia Comportamental para crianças com transtornos de
Transtornos
ansiedade. Revista brasileira de psicoterapia
2011,13(1):39-50.

4) Hodgins DC, Peden N. Tratamento cognitivo-


Lilacs comportamental para transtornos do controle do
impulso. Revista Brasileira Psiquiatra 2008, 30 (Supl I): 2008 Transtornos
31-40.

5) Index Oliveira MIS. Intervenção cognitivo-comportamental em


Psicolo transtorno de ansiedade: Relato de Caso. Revista
gia Brasileira de Terapias Cognitivas 2011, 7(1): 30-34. 2011 Transtornos

6) Figueiredo AL, Souza L, Jr Áglio JCD, Argimon IIL. O


Lilacs uso da psicoeducação no tratamento do transtorno
2009 Transtornos
bipolar. Revista Brasileira de Terapia Comportamental
Cognitiva, Campinas-SP 2009, XI, (1): 15-24.
7) Index Gonçalves RM, et al. Impacto da co-terapia no
Psicolo tratamento do TEPT com Terapia cognitivo-
gia comportamental. Revista brasileira de terapias 2010 Transtornos
cognitivas, 2010, 6, (1): 32-41.

8) Index Mesquita CM, Porto PR, Rangé BP, Ventura PR. Terapia
Psicolo cognitivo-comportamental e o tdah subtipo desatento:
gia uma área inexplorada. Revista brasileira de terapias 2009 Transtornos
cognitivas 2009, 5, (1):35-44.

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Tabela 3. Distribuição dos artigos quanto à base de dados, artigo, ano e Psicoeducação dividida na
categoria de grupos.
Base de Artigo Ano de Psicoeducação
dados publicação
1) Menezes SL, Souza MCBM. Grupo de psicoeducação
Mediline no transtorno afetivo bipolar: reflexão sobre o modo
2011 Grupos
asilar e o modo psicossocial. Rev Esc Enferm USP,
2011; 45(4):996-1001
2) Index Santana SM, Silva NG, Gonçalves DM, Melo MCMD.
Psicologia Intervenções em grupo na perspectiva cognitivo-
comportamental: Experiências no contexto da clínica- 2014 Grupos
escola. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2014,
10(1): 47-53.
3) Lilacs Farina M, Terroso LB, Lopes RMF, Argimon IIL.
Importância da psicoeducação em grupos de
2013 Grupos
dependentes químicos: relato de experiência. Aletheia
2013, 42:175-185.
4) Lilacs Rabelo DF, Neri Al. Intervenções psicossociais com
grupos de idosos. Revista Kairós Gerontologia, São 2013 Grupos
Paulo 2013, 16(6): 43-63.
5) Lilacs Ponciano ELT, Cavalcante MT, Carneiro TF.
Observando os grupos multifamiliares em uma 2010 Grupos
instituição psiquiátrica. Rev Psiq Clín 2010, 37(2):43-7.
6) Lilacs Gomes BC, Lafer B. Psicoterapia em grupo de
pacientes com transtorno afetivo bipolar. Rev. Psiq. Clín 2007 Grupos
2007, 34 (2): 84-89.
7) Index Pinto MCN, Picon P. Adoção: proposta preliminar para
Psicologia uma abordagem psicoterápica cognitivo-
comportamental para pais adotantes. Revista brasileira 2009 Grupos
de terapias cognitivas 2009, 5(1): 3-16.

Como pode-se observar nas tabelas 2 e 3, foram selecionados oito artigos


relacionados a psicoeducação sobre transtornos psicológicos e sete sobre a
psicoeducação em grupos.
Os 15 artigos foram classificados em duas categorias: Transtornos e Grupos.
Na categoria sobre os Transtornos, aparecem com oito artigos (55%). Nos estudos
(2,3,4,7,8) apontam que há diversas técnicas de intervenções baseadas na Terapia
Cognitivo-Comportamental para os diferentes transtornos, tais como depressão,
transtornos da ansiedade, transtornos do controle de impulso, transtorno de estresse
pós-traumático e transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. No entanto, a
psicoeducação apresenta-se como uma técnica mais eficaz no tratamento psicológico,
trabalhando tanto individualmente quanto em grupo.
Já os artigos (1,6) trazem a importância de psicoeducar o/a paciente sobre a
TCC e sobre o seu transtorno, que é um dos princípios da Terapia Cognitivo-
Comportamental, ensinar o/a paciente a ser seu próprio/a terapeuta. Nesse sentido, a
partir do artigo (5), salienta-se que a psicoeducação é eficiente para familiarizar o/a
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paciente sobre o funcionamento da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Dessa
forma, para compreender essa terapia deve-se fazer menção de alguns conceitos, tais
como, o modelo cognitivo-comportamental que se refere à relação que existe entre os
pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Outros princípios importantes são os erros cognitivos e pensamentos
automáticos que se caracterizam como raciocínio rápido e superficial, que geralmente
estão relacionados a cognições ideais carentes de suporte lógico, que residem em
alguns transtornos. Os estudos salientam também que juntamente com a
Psicoeducação, utiliza-se tarefas de casa, que é parte integral da terapia, sendo uma
continuidade do que se tem trabalhado nas sessões.
Nota-se nos artigos (6,8) que a psicoeducação, apesar de não substituir a
importância do tratamento farmacológico, apresenta-se eficaz na melhoria significativa
do/a paciente. Desse modo, o tratamento unicamente medicamentoso pode ser
insuficiente, sendo interessante aliar o mesmo à Terapia Cognitivo-Comportamental,
para se desenvolver novas habilidades nos/as pacientes, que podem ter sido
prejudicadas devido aos transtornos, como também para diminuir os sintomas
residuais destes.
Por outro lado, a categoria relacionada à psicoeducação em grupos aparece
com sete estudos (45%), na qual, os artigos (1,2,6) apontam a importância de trabalhar
com grupos de pacientes com diferentes transtornos como o transtorno bipolar, de
forma a promover o funcionamento social dos mesmos, sendo a psicoeducação vista
como uma das intervenções mais importantes a ser utilizada na TCC.
No artigo (3) constata-se que é possível desenvolver grupos para discutir
problemas de saúde pública, tais como grupos terapêuticos de dependentes químicos.
Por isso, através da utilização da Psicoeducação é possível a aderência dos/as
pacientes da TCC no tratamento e amplificam-se sentimentos de mútua ajuda entre
os/as próprios/as participantes do grupo.
Já os artigos (4,5,7) trazem que em grupos terapêuticos, pode-se utilizar da
técnica de psicoeducação, com o intuito de psicoeducar os integrantes do grupo a lidar
com seus problemas e angústias, proporcionando um espaço para reflexões e novas
aprendizagens.

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DISCUSSÃO

Considerando a importância da psicoeducação para Terapia Cognitivo-


Comportamental, os autores afirmam que, sendo uma técnica da TCC, a
Psicoeducação é eficaz para nortear um/a paciente e sua família, por exemplo, sobre o
funcionamento de uma doença ou transtorno, sobre diagnósticos, sintomas, bem como
o próprio tratamento, facilitando processos de mudança, de aceitação ou melhora
dos/as pacientes de acordo com a situação e o contexto em que estão inseridos/as 8,3,2.
Além disso, juntamente com a Psicoeducação, pode-se utilizar tarefas de casa
tanto para os/as pacientes quanto para os familiares, ou seja, utilizando materiais com
cientificidades nas informações, livros, artigos, filmes de acordo com gostos e
interesses das pessoas a serem psicoeducadas e que possa auxiliar na aquisição de
aprendizagens e na continuação do processo terapêutico6,2.
No que toca à categoria que emergiu sobre os transtornos psicológicos, os
estudos ressaltam que a psicoeducação é considerada como uma estratégia eficaz
para modificar aspectos negativos vivenciados por pessoas que enfrentam doenças e
transtornos, como por exemplo, para pessoas com Transtorno Afetivo Bipolar,
depressão, transtorno Obsessivo-compulsivo e tantos outros problemas psicológicos,
visto que fornece informações aos/às pacientes e familiares sobre a natureza e o
tratamento da doença, promovendo ensinamentos teóricos e práticos para que possam
compreender e desenvolver melhores estratégias para lidar com o transtorno 9,4,10.
Além disso, a psicoeducação contribui para que a pessoa possa enfrentar
possíveis estigmas e preconceitos por parte de outras pessoas, assim como favorece
uma melhor adesão ao tratamento farmacológico, auxilia a promoção de hábitos
saudáveis e a regularidade no estilo de vida, bem como colabora para o controle do
abuso de substâncias, como álcool e outras drogas, licitas e ilícitas7.
Além de ser aplicada na clínica, seja de modo individual para um/a paciente e
sua família, a psicoeducação também é bastante utilizada na área da saúde, no que
toca à intervenção e tratamento em grupos terapêuticos, como por exemplo, em
grupos de pessoas com dependência química, pessoas com transtornos obsessivo-
Compulsivos, ansiedade social, etc. Assim, através da psicoeducação os/as pacientes
podem ser orientadas/os coletivamente através da contribuição dos grupos

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terapêuticos sobre a doença que possuem, seus sintomas, origens e percursos
trocando experiências através do relato9,10.
O trabalho em grupo permite um ambiente terapêutico em que à pessoa lida
com questões interpessoais constantemente. E, além de trabalhar os aspectos que
envolvem o percurso de uma doença ou perturbação, propicia também explorar melhor
as habilidades de relacionamento, o ajustamento social e os estilos de vida. Conforme
a literatura, esse tipo de intervenção permite vivências semelhantes às situações do
dia a dia por favorecer a aprendizagem a partir da experiência do/a outro/a. Não
menos importante, a intervenção psicológica em grupo, democratiza o serviço
terapêutico que representa ainda um custo alto para a maioria da população 4.
Alguns estudos4,9,10 abordam que existem intervenções cognitivo-
comportamentais em grupo utilizando a psicoeducação em grupos de apoio; grupos de
orientação e/ou treinamento e grupos terapêuticos. Sendo que, cada um possui sua
especificidade, no entanto, a atividade psicoeducativa se encontra presente em todas
as modalidades, abordando as dificuldades dos/as participantes dos grupos e os
conhecimentos sobre os cursos, características e tratamentos eficazes. Além disso,
abre espaço para que os/as pacientes reconheçam as suas dificuldades e o que tem
relação a elas (pensamento, emoção e comportamento), discutindo estratégias de
intervenções para promover mudanças.
As intervenções psicoeducativas colaboram para que as pessoas sintam-se
mais motivadas a ajudar uma as outras que vivenciam experiências parecidas, no que
abrange as dificuldades e sofrimentos compartilhados. Dessa forma, é perceptível que
o grupo de Psicoeducação lhes proporciona, também, a oportunidade de ajudarem
outras pessoas, bem como de serem ajudados por outros8, 11.

CONCLUSÃO

De acordo com a análise dos artigos, é perceptível que os benefícios da


Psicoeducação, tanto a nível individual como em grupo, vão além da adesão ao
tratamento, redução das taxas de recaídas e hospitalizações. Assim, incluem também
a melhora da qualidade de vida das pessoas, colaborando para o desenvolvimento da
autoestima, bem-estar e para mudanças no estilo de vida significativas11.

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A literatura revelou a importância da Psicoeducação para Terapia Cognitivo-


Comportamental tanto individual, trabalhando com os variados transtornos
psicológicos, como intervenções em grupo, compartilhando experiências, diminuindo
as crenças disfuncionais e consequentemente melhorando a funcionalidade
psicossocial nos domínios da autonomia, lazer e relacionamentos interpessoais.
Contudo, salientam-se as dificuldades de encontrar estudos relacionados à
temática, devido à escassez de artigos produzidos especificamente sobre o tema em
questão. Além disso, o estudo limitou-se as consultas nas bases de dados Lilacs e
Medline e Index, tendo-se selecionado somente artigos. Sendo assim, se espera que
mais estudos poderiam ser encontrados se fossem aumentadas as bases de dados,
país, anos e os tipos de trabalhos selecionados.
Portanto, torna-se necessário, mais estudos que relatam a importância da
psicoeducação tanto em grupos terapêuticos como também para uma orientação
individual, haja vista que a psicoeducação é uma técnica funcional em todos os
âmbitos que envolvem a necessidade de informação, orientação e mudanças no
campo cognitivo e comportamental.

REFERÊNCIAS

1. Oliveira MS. Abordagens psicoterápicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.


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2013.
3. Knapp P, Luz E, Baldisserotto. Terapia cognitiva no tratamento da dependência
química. In B Rangé (Org.). Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo
com o psiquiatra. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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perspectiva cognitivo-comportamental: Experiências no contexto da clínica-escola.
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2014, 10(1): 47-53.
5. Silva CJ, Serra AM. Terapias Cognitiva e Cognitivo-Comportamental em
dependência química. Revista Brasileira de Psiquiatria, 2004; 26(1): 33-39.
6. Wright JH, Basco MR, Thase ME. Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental.
Porto Alegre: Artmed, 2008.

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7. Menezes SL, Souza MCBM. Grupo de psicoeducação no transtorno afetivo bipolar:
reflexão sobre o modo asilar e o modo psicossocial. Rev Esc Enferm USP, 2011;
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