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CAP(TULO 1

~
fletrofisiologia da
Célula Cardíaca
Gerson P. Goldwasser

INTRODUÇÃO Energia
--+
Energia
--+
Energia
--+
Contração
química elétrica mecânica muscular
A função primária do coraçã o é mecânica .
Quando o íon flui de uma solução de maior
Atua como uma bomba hidráulica que envia
concentração para uma de menor concentra-
o sangue oxigenado aos tecidos, para sa tisfa-
ção, a movimentação iônica entre os meios
zer as necessidades metabólicas, e recolhe o
intra e extracelular, através da membrana
sangue insaturado com os produtos do me-
celu lar, produz e libera certa quantidade de
tabolismo celular, para que sejam eli minados
energia elétri ca . É a teoria iônica da bioele-
do organismo.
trogênese de Berstei n, formulada no início do
Essa atividade de bomba card íaca reflete a
século XX.
contração isolada de cada célu la miocárdica.
Eletrocardiograma é o regist ro gráfico,
É o conj unto, sincronizado, das contrações
por meio de um traçado, dos fenômenos elé-
celulares que resu lta na contração cardíaca
tricos que result am da atividade do múscu-
eficaz.
lo cardíaco. Para a melhor compreensão da
É necessária uma fonte de energia para
eletrocardiografia, torna -se necessário iniciar
executar est a atividade contrátil. Sabe-se que seu estudo por uma revisão das propriedades
essa força motriz é uma energia elétrica . Cada eletrofisiológicas da célu la cardíaca.
fibra cardíaca comporta-se como um gerador
elétrico, pois transforma a energia química,
gerada pelas trocas de íons que se processam
ELETROFISIOlOGIA DA CÉlUlA CARDÍACA
através da membrana celu lar, em energia elé- Sarcolema é a membrana que envolve a célula
trica, que é transformada em energia mecâni- cardíaca. É constituída de duas camadas de
ca, utilizada na contração celular. fosfolipídios e uma de proteínas. Apresenta
Em 1887, é descrita, por Waller, a capta- a propriedade da permeabilidade seletiva, ou
ção de corrente elétrica na superfície corporal, seja, permite a passagem de íons através de
produzida pelo músculo cardíaco. suas ca madas na dependência de alguns fa-
4 fletrocardiograma Orientado para o Clinico

tores. um dos q uais é a relação entre o tama- • Carga elétrica: a positiva registrada na
nho do íon versus o diâmetro do canal iônico face externa da membrana deve-se aos cá-
específico. t ions Na· e Ca+·, e a negativa na face inter-
O canal iônico é um componente do sar- na da m embrana deve-se ao ânion (A).
colema que permite a movimentação de íons
O transporte dos íons através da membrana
através da membrana . É específico para cada
se faz por dois processos: o passivo e o ativo
íon : existe canal próprio para o sódio, o potás-
O transporte passivo ocorre sem gasto de
sio e o cá lcio. O canal iônico apresenta meca-
energia e é representado por duas forças: a
nismos intrínsecos, dependentes da voltagem
difusional e a elétrica.
e do tempo, denominados de "portões" que,
• Força difusional : é a força impulsora
em determinadas condições, abrem-se e fe-
que movimenta os íons do meio de maior
cham-se, permitindo ou não a passagem dos
concentração para o de menor concentra-
respectivos fons.
ção (gradiente químico), com a finalidade
A célula cardíaca está em repouso ou em
de rest abelecer o equilíbrio iônico.
diástole ou polarizada, quando ocorrem os
• Força elétrica : é a força impulsora que
equilíbrios iônico e elétrico nos meios intra e
movimenta os íons em conform idade com
extracelular, configurando a seguinte disposi-
a propriedade q ue estabelece que os íons
ção (Figura 1. 1):
com a mesma carga elétrica se repelem,
• Meio intracelular: grande concentra-
e íons com cargas elétricas d iferentes se
ção de íons K- (1 SSmEq/L) e de proteínas
atraem (gradiente elétrico), com a fina li-
(A-); pequena concentração de íons Na+
dade de restabelecer o equilíbrio elétrico.
(1 SmEq/L). A concentração intracelular de
K+ é 30 vezes maior que a extracelu lar. O transporte ativo se processa com gasto
• Meio extracelular: grande concentração de energia eé representado pelo mecanismo
de íons Na- (1 40mEq/L), Ca+· (1 OmEq/L) e conhecido como bomba de Na-;K+. Mediante
Cl (1 20mEq/L); pequena concentração de ativação da enzima Na+f K+-ATPase, ocorre a
íons K+ (4,5mEq/L). A concentração extra- hidrólise do ATP. A célula cardíaca elimina 3
celular de Na+ é 1O vezes maior q ue a in- íons Na· e retorna 2 íons K+ para cada molé-
tracelular. cula de ATP hidrolisada .

+ + + + + + + +
- - - - - - - -

K+ Na+A-
- - - - - - - -
+ + + + + + + +
Ca++
Figura 1.1 Célula cardfaca em repouso ou polarizada
Hetrofisiologia da Célula Cardíaca 5

Apesar de a força impulsora que age sobre duzido diâmetro, podem ser introduzidos no
os íons Na •, resultante dos gradientes químico interior da célula sem lhe causar danos.
e elétrico, direcionar o fluxo para o interior da Na célula cardíaca em repouso, o meio
cél ula em repouso, tal fenômeno não ocorre, intracelular encontra-se de modo uniforme
pois os "portões" dos canais específicos para eletricamente negativo, e o meio extracelu-
o sódio estão fechados, abrindo-se somente lar, eletricamente positivo, como mencionado
em condições especiais. anteriormente. Assim, em cada um desses
Com relação aos íons K-. a força impulso- meios, qua ndo examinados isoladamente,
ra resu ltante do gradiente químico maior que não se observa diferença de potencial. Portan-
o elétrico direciona o fluxo para o exterior da to, ao se posicionarem os dois microeletrodos
célula. Observa-se, portanto, a saída do po- simultaneamente, ou no interior ou no exterior
tássio da célula em repouso, até se estabele- da célula, o aparelho registra zero de voltagem.
cer o equilíbrio dinâmico. Todavia, ao se introduzir um dos microele-
Pode-se aferir a voltag em gerada pela trodos no interior da célula. permanecendo o
movimentação iônica através da membrana segundo no seu exterior, será então observada
celular com instrumentos especializados que uma diferença de potencial aí existente, denomi-
medem com precisão a intensidade da cor- nada de potencial transmembrana (Figura 1.2).
rente elétrica: o galvanômetro e o osciloscó- • Potencial (transmembrana) de re-
pio catódico. pouso da célula cardíaca (Vm) : é a
Esses aparelhos registram diferença de car- diferença de voltagem entre as superfícies
gas elétricas ou diferença de potencial entre interna e externa da membrana, cujo va-
seus dois terminais ligados a microeletrodos lor é de - 90mV (milivolts). Este potencial
com ponta de vidro, que, em razão de seu re- é mantido predominantemente à custa da

~
mV
o

+o +
+ +
A + I I+
+ + + +

mV
o
B + I I+
+ +
Figura 1.2A e B (A) Os dois microeletrod os estão posicionados dentro ou fora da célula. Po tencial zero. (B) Um
microeletrodo está posicionado dentro e outro fora da célula. Potencial de - 90mV
6 Hetrocard1ograma Orientado para oClln1co

movimentação dos íons potássio. Nessa ção à externa, em + 30mV. Esta fase acima
situação, a célu la encontra-se em repouso do OmV chama-se overshoot, e neste pon-
e polarizada. to a célula está com a sua polaridade in-
vertida. Os fenômenos elétricos desta fase
A ativação da célula cardíaca promove
O interferem na velocidade de condução
uma série de modificações nas propriedades
do estímu lo cardíaco.
eletrofisiológicas da membrana; ocorrem
• Fase 1 ou repolarização precoce:
aberturas e fechamentos nos "portões" dos corresponde à queda inicial da curva que
canais iônicos, alterando a permeabilidade da
se aproxima do OmV. Deve-se ao fecha-
membrana aos diversos íons. mento dos canais rápidos do Na- e, por
Ao conjunto dos fenômenos elét ricos que conseguinte, à interru pção do influxo des-
ocorrem na ativação da célula cardíaca, de- se íon. Ainda nesta fase, ocorre o influxo
nomina-se de potencial (transmembrana) de de ânions cloro, o que contribui para a re-
ação da célula cardíaca (PA), cuja representa- dução da voltagem de + 30mV para OmV.
ção gráfica é subdividida em cinco fases, que • Fase 2 ou repolarização lenta ou
vão de O a 4 (Figura 1.3). platô: corresponde à fase da curva que
• Fase O ou despolarização: corres- permanece estabilizada próximo ao OmV.
pende à fase de ascensão rápida. Inicia- Deve-se à saída lenta e em pequena quanti-
se em -90mV, ultrapassa o zero e alcança dade do íon K+ e ao influxo do íon cálcio. O
+ 30mV. a uma velocidade muito rápida, potássio e o cálcio são cátions, portanto a
aproximadamente de 800V/s. Deve-se à voltagem da célula não se modifica, perma-
abertura dos canais rápidos do Na· , que necendo em OmV. Esta fase é a mais longa
permanecem abertos por apenas 1 a 2ms, do PA. com duração entre 100 e 200ms.
o que resulta no grande influxo do cátion • Fase 3 ou repolarização rápida: cor-
sódio, mobilizado pelos gradientes quími- responde à queda rápida da curva . Deve-se
co e elétrico. ao aumento da permeabilidade da mem-
Momentaneamente, a superfície interna brana ao íon potássio, à custa da abertura
da membrana torna -se positiva com rela- dos canais iônicos específicos. Ocorre a

mV

+30 ---------
o ----- ----

-60 -- -------
4
·90 +----~

a b c Tempo

Figura 1.3 Potencial de ação de célula cardíaca de resposta rápida : (a) período refratário absoluto; (b) período
refratário relativo; (c) período supernormal
flelrofiSIOlogia da Célula [ardlaca 7

saída significativa do íon K+ com veloci- a célula encontra-se inexcitável. Cor-


dade rápida, mobilizado pelo gradiente responde às fases 0 -1-2, até próximo
químico. O efluxo desse cátion torna a a - 60mV na fase 3. Os cana is de Na +
superfície interna da célula novamente ne- estão fechados e inativáveis, portanto
gativa em relação à externa. Ao final desta nenhum estímulo é capaz de desenca-
fase, o potencial transmembrana retorna dear oPA.
a - 90mV. observando-se, entretanto. a in- b) Período Refratário Relativo (PRR):
versão do padrão iônico, ou seja, com o é o cu rto intervalo de tempo após o
predomínio do sódio, no meio intracelular, PRA, em que a célula responde de
e do potássio, no extracelular. modo inadequado ao estímu lo externo
• Fase 4 ou repouso ou polarização : de forte intensidade. Corresponde à
corresponde à fase da curva que perma- parte da fase 3 do potencial de ação.
nece estabilizada em - 90mV. Ocorre a res- 3 . Período supernormal : é o intervalo de
tauração iônica da célula devido à troca do tempo imediata mente após o PRR, em que
íon Na+ pelo íon K+, pelo mecanismo de a célula responde a estímulos de pequena
bomba de Na+/ K , ou seja, um transpor- intensidade.
te ativo com gasto energético . Observa-se
• Potencial de ação de resposta rápi-
também a saída do íon cálcio.
da: corresponde ao potencial de ação que
Ao final desta fase, a célula cardíaca en-
acabamos de descrever, cujas característi-
contra -se verdadeiramente em repouso ou
cas bási cas são:
polarizada, normalizada elétrica e quimi-
• Dependência dos canais rápid os de só-
camente, pronta para receber e responder
dio.
adequadamente ao novo estímulo.
• Rápida ascensão da fase O.
• Presença de overshoot.
OUTRAS CARACTERISTICAS ElETROFISIO- • Estabilização do potencial de repouso
LÓGICAS DA CÉLULA CARDIACA em - 90mV (fase 4), necessitando de
(ver Figura 1.3) estimulação externa para se ativar.
• É abolido com o uso de tetrodoxina e
1. Potencial limiar: é o nível do potencial
dos fá rmacos antiarrítmicos da classe I.
a partir do qual se deflagra o potencial de
ação, segundo a propriedade do "tudo ou Este potencial é apresentado, em condi-
nada". Situa-se entre - 60mV e -SOmV. Es- ções normais, por células não automáti-
tímulos incapazes de eleva r o potencial da cas, como as fibras contráteis dos átrios,
membrana até o nível do potencial limiar dos vent rículos e as de condução do es-
não produzem o PA, portanto não ativam t ímu lo.
a célula. • Potencial de ação de resposta lenta :
2. Período refratário: é o intervalo de difere do anterior e apresenta as seguintes
tempo em que célula está refratária . Refra- características (Figura 1.4):
tariedade é a propriedade da célula de fi- • Dependência dos canais lentos de cálcio.
car impossibilitada de responder adequa- • Lenta ascensão da fase O.
damente ao estímulo. • Ausência de overshoot.
a) Período Refratário Absoluto • lnstabilização do potencial de repouso
(PRA) : é o intervalo de tempo em que que se inicia em - 60mV (fase 4).
8 Hetrocard1ograma Or1entado para oClln1co

mV

+30

-45
-65
-90

Tempo

Figura 1.4 Potencial de ação da célula cardraca de resposta lenta

• É abolido com o uso de fármacos an- O automatismo cardíaco tem sua origem
tiarrítmicos da classe IV. no nódulo sinusal, a região do marca-passo
• Despolarização diastólica ou es- cardíaco. A fase de despolarização diastólica
pontânea : É a propriedade da elevação das célu las sinusais apresenta-se com inclina-
gradual e espontânea do potencial de ção mais íngreme e velocidade mais acelera-
repouso (instabilidade da fase 4) que, ao da, alcançando o potencial limiar mais rapida-
atingir o potencial limiar, deflagra o po- ment e que as demais células especializadas,
tencial de ação. Esse fenômeno independe dominando-as e impedindo-as de deflagrar
da estimulação externa e deve-se, primor-
impulsos elétricos.
dialmente, à diminuição da permeabilida-
Na circunstância de ocorrer a inibição do
de da membrana ao fon K-, resultando
nódulo sinusal, os demais tecidos especializa -
no acúmulo desse cátion no interior da
dos passam a exercer a função de marca-pas-
célula, tornando-a gradualmente menos
so cardíaco, na seguinte ordem hierárquica:
negativa.
junção atrioventricular, feixe de His e fibras de
O fenômeno da despolarização diastólica
determina o automatismo celular. Purkinje.
Automatismo é a propriedade da autoes- Em determinadas con dições anormais,
timulação. Em condições normais, o automatis- como, por exemplo, anoxia celular e ação tó-
mo está restrito a determinados grupamentos xica de certos fármacos, as célu las da mus-
celu lares especializados, localizados nas regiões culatura atrial ou ventricular, que originaria-
do nódulo sinusal, da junção atrioventricular, mente apresentam o PA tipo rápido, podem
dos anéis das válvulas mitral e tricúspide e do apresentar o fenômeno da despola rização
sistema de His-Purkinje. diast ólica e exercer atividade automática.
CAPÍTULO 2

~
Dipolos de Despolarização e
Repolar1zação
~erson P. ~oldwasser

DIPOLO DEDESPOLARIZAÇÃO Ao se estimular a fibra cardíaca por uma


de suas extremidades, produz-se uma "onda
É possível registrar os fenômenos da despo- de despolarização" que caminha por toda a
larização ou ativação e da repolarização ou fibra , at é ativá-la completamente. Em deter-
recuperação celular através de um único mi- minado momento, partes da fibra estão des-
croeletrodo posicionado na superfície externa polarizadas e outras, ainda não . Nesse insta.n-
da membrana . te, toda a onda de despolarização pode ser
No repouso celular ou diástole, o eletrodo representada por um dipolo de despolariza-
não capta diferença de cargas elétricas, pois, ção ou de at ivação (Figura 2.1).
no meio externo, o potencial elétrico é positi- Chama-se dipolo ao conj unto formado
vo por igual. Assim, o aparelho regist ra o zero, por duas ca rgas elétricas diferentes, uma po-
que se representa por uma linha isoelét rica. sitiva e outra negativa, de igual intensidade

Sentido

c=:::±) + +• + +
+ + + + •~~
,,, ,,
\'\~
Direção

Região Região
despola rizada pola rizada

Figura 2.1 Dipolo de despolarização


1o Hetrocard1ograma Orientado para oCl1n1co

e separadas entre si. O dipolo tem intensida- mais próximo o dipolo estiver do eletrodo,
de (força), direção (eixo do dipolo) e sentido maior será a deflexão e vice-versa.
(representad o por um vetor orientado sempre
para a carga p9sitiva) . DIPOLO DE REPOLARIZAÇÃO
O dipolo de cfespolarização apresenta as
seguintes características (Figura 2.2): A repolarização ou recuperação da fibra car-
• Caminha com a carga positiva à frente e a díaca começa pela mesma extremidade em
negat iva atrás. que se deflagrou a ativação, e caminha por
• O sentido do dipolo coincide com a direção. toda a fibra at é complet á-la.
• Na fibra cardíaca, o eletrodo colocado A "onda de repolarização" pode ser re-
em uma extremidade à f rente do dipolo presentada, em determinado momento, pelo
capta a carga positiva, produzindo uma dipolo de repolarização ou de recuperação
deflexão positiva; o eletrodo colocado em (Fi gura 2.3).
uma extremidade atrás do dipolo capta a O dipolo de repolarização apresenta as se-
carga negativa, produzindo uma deflexão guintes características (Figura 2.4):
negativa; e o eletrodo colocado no meio • Caminha com a carga negativa à frente e a
da fibra capta primeiro a carga positiva e positiva atrás.
logo a seguir a carga negativa do dipolo, • O sentido do dipolo não coincide com a di-
produzindo uma deflexão difásica, tipo reção . Apontam em direções opostas, por
posit iva/ negativa. isso diz-se que o vetor que representa a re-
• A amplitude da deflexão obtida va ria inver- polarização caminha em " marcha à ré" .
samente com o quadrado da distância en- • Na fibra cardíaca, o eletrodo colocado em
tre o dipolo e o eletrodo. Portanto, quanto uma extremidade à frente do dipolo cap-

A B C

B (~,,~ ~l(~ ~, ~ll: <: :'ll::.::l


\ I I
,. • ,__. -+ -+

~~
A
2\la ~
A B c
Figura 2.2 Despolarização da célula card íaca : d eflexões resultantes registradas nos eletrodos A, B e C
D1polos de Despolar1zaçdo e Repolamaçdo II

Sentido
4
+ + ++~-
+ + + +

Direção

Região Região
repolarizada despolarizada

Figura 2.3 Dipolo de repolarização

A
\
.
,. B
I
~
c
I
.__

aBBBB
h -.}
v
o
8

7
9

A B c
Figura 2.4 Repolarização da célula card íaca: deflexões resultantes registradas nos eletrodos A, B e C

ta a carga negativa, produzindo uma de- • A amplitude da deflexão obtida varia inver-
flexão negativa; o eletrodo colocado em samen te com o quadrado da distância en-
uma extremidade atrás do dipolo capta a tre o dipolo e o eletrodo. Portanto, quanto
carga positiva, produzindo uma deflexão mais próximo o dipolo est iver do eletrodo,
positiva; e o eletrodo colocado no meio maior será a deflexão e vice-versa .

da fibra primeiro capta a carga negativa e Como os fenômenos de ativação e recu-


logo a segui r a carga positiva, produzindo peração da fibra cardíaca são contínuos, as
uma deflexão difásica, tipo negativa/posi- deflexões que as representam ta mbém apre-
tiva. sentam continuidade.
12 Hetrocard1ograma Omntado para oCl1n1co

Registrados por um mesmo eletrodo, po- deflexão int rinsecoide. Corresponde ao t empo
demos observar (Figura 2.5): de ativação da fibra cardíaca (Figura 2.6).
• As deflexões da ativação e recuperação
têm polaridades opostas. VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM AAMPLITUDE
• A deflexão da ativação é mais estreita que EA FORMA DA DEFLEXÃO
a da recuperação, pois o processo da des-
polarização é mais rápido que o da repo- Distância entre o dipolo e o eletrodo
larização. (Figura 2.7)
• As áreas de ambas as deflexões são iguais.
A amplitude da deflexão, tradução da inten-
sidade do dipolo, varia de modo inverso com
DEFLEXÃO INTRINSECOIDE o quadrado da distância entre o dipolo e o
A deflexão intrinsecoide marca a queda eletrodo.
abrupta da deflexão após o cume da sua fase
l = ix1/d 2
positiva. Corresponde ao instante em que o
dipolo passa sob o eletrodo explorador. I = intensidade da curva
Tempo da def lexão intrinsecoide é o in- i = intensidade do dipolo
tervalo decorrido entre o início da curva e a d 2 = quadrado da distância

B c
Figura 2.5 Deflexões resultan tes da despolarização e da repola rização da célu la cardíaca, registradas nos elet rod os
A, B e C. D = Deflexão da despolarização; R = deflexão da repo larização

I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
...__....
I I

a b

Figura 2.6 Deflexão intrinsecoide e tempo da deflexão intrinsecoide. (a) Início da deflexão ; (b) = deflexão int rin-
secoide; (a-b) = tempo da deflexão intrinsecoide
01polos de Oespolamaçdo e Repolamaçáo 13

i i i A
• • •
A B C A B c
Figura 2.7 Amplitude da deflexão relacionada com a distância entre o dipolo eo eletrodo

Cosseno do ângulo entre o eixo do dipolo • Sempre que o ângulo localizar-se entre oo
e a linha de derivação (Figura 2.8) e 90°, a deflexão será positiva.
• Sempre que o ângulo localizar-se entre
A amplitude da deflexão va ria diretamente
90° e 180°, a deflexão será negativa.
com o cosseno do ângulo (cos. 9) formado
• Sempre que o ângulo for 90°, a deflexão
entre os eixos do dipolo e do eletrodo, o últi-
será zero, que se t raduz por uma linha isoe-
mo denominado de lin ha de derivação .
létrica ou isodifásica.
I= i X 1/ d 2 X cos. 9 • A deflexão posit iva será mais ampla quan-
to mais próximo de 0°, e a negativa mais
cos. e= cosseno do ângulo entre o eixo do
profunda quanto mais próximo de 180°
dipolo e a linha de derivação.
localiza r-se esse ângulo (Figura 2.9) .
Três valores numéricos são importantes:
1. cos. oo = + 1 (forma-se uma deflexão Oipolos simultâneos
positiva) .
2. cos. 90° = O (forma-se uma deflexão Se, em vez de apenas um, têm-se dois dipolos
zero). simultâneos, a serem captados pelo mesmo
3. cos. 180° = -1 (forma-se uma deflexão eletrodo, a deflexão obtida relaciona-se com
negativa). a resultante da soma dos vetores que repre-

Eixo do dipolo

Figura 2.8 Ângulo O, formado pelo eixo do dipolo e a linha de derivação


14 fletrocardiogromo Orientado paro o Clínico

c
I
' I /
' ----.-,..-
' _____u,_
/
/

----~---- ..
A B c D E

Figura 2.9 Amplitude e polaridade da deflexão relacionadas com o cosseno do ângulo 9

(J

Figura 2.1 O Dipolos não simultâneos e a deflexão resultante

sentam cada um dos dipolos, utilizando-se a de pressão e temperatura entre as duas cama -
regra do paralelograma. das, inicia-se no epicárdio e dirige-se perpen-
dicularmente à parede para o endocárdio .

Oipolos não simultâneos Registrados por um único eletrodo posi-


cionado no epicárdio, as deflexões de despo-
Dipolos não simultâneos (Figura 2.1O) são cap- la rização e repolarização serão essencialmen-
tados pelo eletrodo em tempos diferentes e te positivas (Figura 2.11).
sucessivos, de acordo com a ordem de apareci- Outro modo de se registrar esse f enômeno
mento. Cada dipolo inscreve uma parte da de- é por meio da soma algébrica das ondas mo-
flexão, observando-se sempre a influência que nofásicas da célula endocárdica e da epicárd i-
o cosseno do ângulo entre o eixo do dipolo e a ca. A onda monofásica da cél ula endocárd ica
linha de derivação exerce sobre a deflexão. inicia-se antes, tem maior duração e termina
Na parede ventricular, a despolarização depois que a da célula epicárdica. A curva di-
inicia-se no endocárdio e dirige-se, perpendi - ferencial ou a resultante, que representa a des-
cularmente à parede, para o epicárdio. A repo- polarização e a repolarização ventricular, tem
larização, por diversas razões, como diferença o predomínio da posit ividade (Fi gu ra 2. 12).
01polos de Oespolamaçáo e Repolamaçao I5

Endocárdio Epicárdio

D R

Figura 2.11 Despolarização e repolarização vent ricular. D = deflexão da despolarização; R = deflexão da repo-
larização

Figura 2.12 Onda mo nofásica da célula endocá rdica (a), da célula epicárdica (b) e a curva resultante
CAPÍTULO 3

~
Uetores Cardíacos
Gerson P. Goldwasser

VETORES CARDÍACOS - DESPOLARIZAÇÃO 20ms do início da despolarização ven tri-


VENTRICULAR cula r.
• Vetor 3 - ventrículo esquerdo: re-
O estímulo cardíaco nasce no nódulo sinusal presenta a resultante das despolarizações
ou nódulo de Keith-Fiack e, através de feixes simultâneas das paredes livres do ventrí-
de condução internodais, alcança o nódulo culo esquerdo (3E) e do ventrículo direito
atrioventricular ou nódulo de Aschoff-Tawara. (3D) . Em razão do predomínio da massa
Deste nódulo, o impulso ca rdíaco progride muscular do ventrículo esquerdo sobre a
por outras vias, o feixe de His, os ramos es- do ventrículo direito, o vetor resultante
querdo e direi to do feixe de His e o sistema dirige-se da direita para a esquerda e de
de Purkinje e, assim, alcança e despolariza os frente para trás. Ocorre a 40ms do início
ventrículos. Toda a despolarização ventricular da despolarização ventricular.
pode ser representada por quatro vetores car- • Vetor 4 - póstero-basal : representa
díacos (Figura 3.1 ): a resultante das despolarizações das re-
• Vetor 1 - septo médio: representa a giões altas do septo inteNentricular e das
resultante das despolarizações da região paredes livres dos ventrículos; dirige-se
média do septo inteNentricular; dirige-se para cima, para trás e algo para a direita.

da esquerda para a direita, de trás para a Ocorre a 60ms do in ício da despolarização

frente e de cima para baixo. Ocorre a 1Oms ventricular.

do início da despolarização ventricular. Sobrepondo-se os quatro vetores cardía -


• Vetor 2 - septo baixo: representa a cos com o sistema de eixos e utilizando-se o
resultante das despolarizações da região cosseno do ângulo entre o vetor cardíaco e a
baixa do septo inteNentricular; dirige-se linha de derivação, obtêm-se as cuNas regis-
da direita para a esquerda, de trás para tradas por eletrodos colocados em determina-
a frente e de cima para baixo. Ocorre a das posições (Figura 3.2).
18 Hetrocard1ograma Onentado para oEl1n1co

perpendicularmente à parede ventricular. Na


fase inicial da recupera ção, as correntes elé-
tricas desenvolvidas não são suficientemente
intensas para causar uma deflexão, sendo
en tão inscrita uma linha isoelétrica. Com a
continuação do processo, surgem potenciais
mais intensos que determinam a inscrição de
uma deflexão. Como o dipolo de repolariza -
ção caminha com a carga positiva voltada
para trás, em sentido contrário à direção,
portanto voltada para o epicárdio, a defle-
Figura 3.1 Despolarização ventricu lar representada xão registrada por um eletrodo nessa região
por quatro vetores card facos
será positiva.

No ponto A. situado à direita, a curva é ALÇA VETORIAL


do tipo pequena positividade-grande nega-
tividade; no ponto B, situado à esquerda, a Alça vetorial da ativação ventricular é a curva
curva é isodifásica do tipo positivo-negativo, que se obtém unindo-se as pontas dos quatro
e no ponto C, situado mais para a esquerda, vetores cardíacos. Representa o "caminho"
a curva é de pequena negatividade-grande da onda de despolarização ventricular. A alça
positividade-pequena negatividade terminal. vetorial normal dirige-se inicialmente para a
direita e para a frente, depois para a esquerda e
para trás e, ao final, retorna ao ponto de par-
REPOLARIZAÇÃO VENTRICULAR
tida, o ponto zero. Apresenta o sentido de
O processo da repolarização ventricular rotação para a esquerda ou anti-horário (Fi-
dirige-se do epicárdio pa ra o endocárdio, gura 3.3).

3
2
2

--------~~-------~
I
I
' ~
c
I

I
I ''
I
I ''
I
I ''
;A ~B A B c

Figura 3.2 Deflexões produzidas pelos quatro vetores da despolarização ventricular. reg istradas nos eletrodos
A, 8 eC
Uetores [drdldcos

~---,
,...,.""'"' ',3
,"' I
4 ; I
I
I
I

;
"
~,"~
2
---- ~

Figura 3 .3 Alça vetorial da despolarização ventricular


CAP[TULO 4

Oeriuações fletrocardiográficas e
fixo flétrico
~erson P ~oldwasser

INTRODUÇÃO Localização das derivações precordiais


(Figura 4.1)
A atividade elétrica do coração é captada
através da colocação de eletrodos em deter- • V1 : 4° espaço intercostal direito na linha
minados pontos da superfície corporal. paraesternal.
Derivação é a linha que une, eletricamente, • V2: 411 espaço intercostal esquerdo na li-
os eletrodos de um galvanômetro. A derivação nha paraesternal.
é bipolar quando o potencial é captado por • V3: entre V2 e V4.
dois eletrodos e unipolar quando o potencial • V4: sa espaço intercostal esquerdo na li-
é captado por apenas um eletrodo, uma vez nha hemiclavicular.
que o segundo está colocado com um ponto
eletricamente zero ou ponto neut ro.
Estuda-se o coração através de dois pla-
nos elétricos principais, o plano horizontal e
o frontal.

DERIVAÇÕES NO PLANO HORIZONTAL - '\_


DERIVAÇÕES PRECORDIAIS -
(_-.._)
,.--)
_,

O plano horizontal resulta de um "corte elétri-


.:--::. : )'
..... _ _ _ _ - ~A .!.-_-: _..
co" do coração no sentido ântero-posterior. É •4J,OC -= - --- - ~ -- - -- ; - ,\
~ojK~~- ---•f --.:~2·~- - - -
determinado através de seis derivações uni po- , ... ~ . ... _f: ....
"-.: , --/ -- ---J----3-r- 1
, 4- 6
lares, as derivações precordiais, posicionadas I
I
I
J
na face anterior do tórax e denominadas V1, ....
V2, V3, V4, VS e V6. '
Neste plano, é possível identificar a dire-
ção de um vetor cardíaco. para a direita ou Figura 4 .1 Derivações no plano honzontal: denva-
esquerda e para a frente ou para trás. ções precordiais
22 Hetrocard1ograma Or1entado para oCl1n1co

• VS: 5a espaço intercostal esquerdo na li- Utilizam-se letras padronizadas por Ein-
nha axilar anterior. thoven para designar as ondas eletrocardio-
• V6: sa espaço intercostal esquerdo na li- gráficas (Figura 4.3).
nha axilar média.

Os quatro vetores cardíacos da ativação Ativação ventricular - complexo ORS


ventricular determinam, nas derivações pre-
• Onda Q : deflexão negativa inicial.
cordiais, deflexões com padrões mais ou me-
• Onda R: deflexão positiva inicial ou a que
nos constantes. Assim, as ondas normais re-
segue a Q.
gistradas nessas derivações são (Figura 4.2):
• Em V1 - V2: pequena positividade seguida • Onda S: deflexão negativa que segue a
de grande negatividade. R.
• Em V3- V4: tendência a ser isodifásica com • Onda R'(r linha): deflexão positiva que
a fase inicial positiva. segue a S.
• Em V5- V6: pequena negatividade inicial, • Onda S' (s linha): deflexão negativa que
grande positividade, podendo ou não ha- segue a R'.
ver pequena negatividade terminal. • Onda QS: deflexão totalmente negativa.

Figura 4.2 Deflexões ventriculares registradas nas derivações precordiais


Oerwaçoes Hetrocard10gráf1cas e f1xo Hétmo 23

QRS QR AS

R as ASA '

Figura 4.3 Padronização dos complexos ventriculares

Repolarização ventricular • Em V5-V6: q-R-s (q pequeno, R grande e s

• Onda T. pequeno).

Ativação atrial Ao complexo QRS, segue-se uma linha


isoelét rica, denominada de segmento ST, que
• Onda P.
corresponde ao infcio do processo da repo-
Assim, emprega-se a seguinte designação
larização ventricular. Após o segmento ST, os
para as ondas ventriculares normais registra-
vetores da repolarização ventricular represen-
das nas derivações precordiais:
• Em V1-V2 : r-5 (r pequeno e S grande) . tam-se por uma onda, denominada de onda
• Em V3-V4: R-S (de ta man hos equiva len- T, que é positiva em praticamente todas as
tes). derivações precordiais (Figura 4 .4).

Figura 4.4 Deflexões ventriculares completas registradas nas derivações precordiais


24 fletrocardiograma Orientado para o Clínico

DERIVAÇÕES NO PLANO FRONTAL - • 02: mede a diferença de potencial ent re


DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS dois eletrodos, colocados um na perna es-
querda e outro no braço direito, sendo o
O plano front al resulta de um "corte elétrico" positivo na perna . O polo positivo de 02
do coração no sentido vertical. É determinado localiza-se embaixo.
através de seis derivações periféricas: três de-
• 03: mede a diferença de potencial entre
rivações bipolares (01, 02 e 03) e três deriva-
dois eletrodos colocados um na perna es-
ções unipolares (aVR, aVL e aVF).
querda e outro no braço esquerdo, sendo
Neste plano é possível identificar a direção
o positivo na perna. O polo positivo de 03
de um vetor cardíaco, para a direita ou a es-
localiza-se embaixo.
querda e para cima ou para baixo.
• aVR: mede o potencial absoluto através do
Einthoven foi quem primeiro idealizou um
eletrodo positivo colocado no braço direito.
sistema de captação de atividade elétrica do
O polo positivo de aVR localiza-se à direita.
coração, de aplicabilidade clínica, através das
três derivações bipolares do plano frontal. Os • aVL: mede o potencial absoluto através
eletrodos foram posicionados nos braços e na do eletrodo posit ivo colocado no braço
perna esquerda, de modo a formar um "triân- esquerdo. O polo positivo de aVL localiza-
gulo equilátero", o triângulo equilátero de se à esquerda.
Einthoven, em cujo centro estaria localizado • aVF: mede o potencial absoluto através
o coração. do eletrodo positivo colocado na perna
esquerda. O polo positivo de aVF localiza-
localização das derivações periféricas se embaixo.
(Figura 4.5) Cada derivação pode ser dividida ao meio
• 01 : mede a diferença de potencial entre por uma linha perpendicular. O vetor, ao se
dois eletrodos colocados um em cada bra- projetar na metade positiva da derivação, pro-
ço, sendo o eletrodo positivo à esquerda. O duzirá uma deflexão positiva; na metade ne-
polo positivo de O 1 localiza-se à esquerda. gativa da derivação, prod uzirá uma deflexão

o, - +
aVR . . - - - - - - - , -- -- - - . . . . , . aVL
<±> <±>

aVF
<±>

Figura 4.5 Derivações no plano frontal : derivações periféricas, em destaque o polo positivo de cada derivação
OerwaçOes Hetrocard1ograf1cas e[lHO Hetmo 25

negativa e, perpendicular à derivação, produ- • 01 faz ângulo de go• com aVF.


zirá uma deflexão isoelétrica ou isodifásica. • 02 faz ângulo de go• com aVL.
As seis derivações, quando sobrepostas, • 03 faz ângulo de go• com aVR.
constituem o sistema de eixos hexa-axial de
Bayley. As derivações com relação a O1 for- VETOR MÉDIOOU EIXO ELÉTRICO
mam determinados ângulos padrões, com
Corresponde ao vetor que representa a orien-
polaridades convencionadas. Assim, os ângu-
tação média dos vetores de ativação ou de
los situados abaixo da linha horizontal são po-
recuperação em determinado momento. Po-
sitivos e os situados acima da linha horizontal
de-se calcular o eixo elétrico da ativação atrial
são negativos (Figura 4.6):
(SâP), da ativação ventricular (SâQRS) e da re-
• D1 forma ângulos de (o•) e 180°.
polarização ventricular (SâTI.
• 02 forma ângulos de (+60°) e - 120• .
Um método prático de se determinar o
• 03 forma ângulos de - 60° e(+ 120•).
eixo elétrico, aqui exemplificado para o com-
• aVR forma ângulos de +30• e (-1so•).
plexo QRS, é o seguinte:
• aVL forma ângulos de (- 30°) e+ 1so•.
• Identificar a derivação onde o QRS está
• aVF forma ângulos de (+90°) e - 90°.
isoelétrico ou isodifásico (p. ex., 01 ).
Entre parênteses está ressaltado o ângulo • Anotar a derivação com que aquela pri-
em que se apresenta o polo positivo de cada meira {Dl) faz 90• (no exemplo, aVF).
derivação. • Observar na última derivação (aVF), se a
Neste sistema de eixos, três "duplas" de de- deflexão QRS se apresenta com predom í-
rivações se interseccionam em ângulos de go•: nio de positividade ou negatividade.

aVF
-900
02 03
-120° -soo

aVL(+)
-30°

Ângulos
negativos
01 o
180° 01 (+)
Ângulos
positivos

+150° +30°
aVL aVR

+120° +600
0 3(+) 02(+)
+90°
aVF(+)

Figura 4.6 Sistema de eixos hexa-axial. O sinal (+) ao lado da derivação marca o pelo positivo
26 fletrowdiograma Orientado para oClinico

• Se o predomínio for (A) de positividade, sig- Nest e exemplo, o eixo elétrico estará em
nifica que o vetor médio está direcionado +90° na situação (A) e em - 90° na situação
para o poto positivo dessa derivação {aVF), (B).
e se o predomínio for (B) de negatividade A seguir, vá rios exemplos:
significa que o vetor médio está direcionado Se a deflexão (no caso QRS) está isoelétrica
para o polo negativo dessa derivação (aVF). ou isodifásica em:

{ nesta, onda positiva = ângulo de +90°


01 ~ procurar aVF:
nesta, onda negativa = ângu lo de -90°
{ nesta, onda positiva = ângulo de -30°
02 ~ procurar aVL:
nesta, onda negativa = ângulo de + 1so•
procurar aVR:
{ nesta, onda positiva = ângulo de -150°
03 ~
nesta, onda negativa = ângulo de + 30°
aVR procurar 03:
{ nesta, onda positiva = ângulo de + 120•
~
nesta, onda negativa = ângulo de -60°
{ nesta, onda positiva = ângulo de + 60°
aVL ~ procurar 02:
nesta, onda negativa = ângulo de -120•
aVF procurar 01:
{ nesta, onda positiva = ângulo de o•
~
nesta, onda negativa = ângulo de 180°

Desse modo, é possível localizar-se um ve- e -7 5°,), empregando-se pequenas aproxima -


tor médio a cada 30° do sistema hexa-axial. ções {Figura 4.7).
Com a prática de execução desse método, Considera-se o eixo elétrico do coração o
também é possível determinar ângulos inter- eixo elétrico da ativação ventricular (SâQRS).
mediários (p. ex.,+ 15°, +45°, +75°, - 15°, -45°

aVR aVL aVF

A
ffiA-A--f-tl +90°

8
JlffiY+ i V -30°

~ t ~t±
c +30°

D +120°

F
i AL-tTJ
4- 1r1r ffi
+60°

Figura 4.7 Determinação do eixo elétrico do QRS no plano frontal. Em d estaque as deflexões isodifásicas
CAP[TULO 5

~
Rotações e
Posições flétr1cas
Gerson P Goldwasser

INTRODUÇÃO O coração desloca-se em torno de três ei-


xos elétricos: o transversal, o longitudinal e o
Os traçados obtidos nas derivações no plano ântero-posterior (Figura 5.1 ).
frontal (d erivações periféricas}, ao contrário
dos obtidos nas derivações no plano horizon- ROTAÇÃO PELO EIXO TRANSVERSAl
tal (derivações precordiais), não apresentam O coração assume as posições de ponta para
determinado padrão morfológico em razão a frente ou de ponta para trás.
das rotações elétricas do coração, que modi- • Ponta para a frente: produz onda Q
ficam a relação dos vetores cardíacos com os em 01 , 02 e 03, seguida de onda R e de-
eletrodos captadores. saparecimento da onda 5 (Figura 5.2).

A 8 c
Figura 5. 1A aC Rotações cardfacas sobre os três eixos elétricos. (A) transversal. (B) longit udinal, (C) ântero-
posterior
28 Hetr0Cdrd1ograma Onentado para oClin1co

O diagnóstico é feito pelo padrão: 0 1- posicionando o ventrículo direito mais para


02-03. a frente. Produz onda 5 em 01 e O em 03
• Ponta para trás: produz ondaS em 01, (Figura 5.4).
02 e 03, com desaparecimento da onda O O diagnóstico é feito pelo padrão: 51 -03 .
(Figura 5.3). Nas derivações precordiais, a morfologia
r-S de V1-V2 pode se estender até V4 ou
O diagnóstico é feito pelo padrão: S1-
V5, nas rotações acentuadas.
52 -53.
• Rotação anti-horária: ocorre o giro do
coração no sentido contrário ao dos pon-
ROTAÇÃO PELO EIXO LONGITUDINAL teiros do relógio, posicionando o ventrí-
culo esquerdo mais para a frente. Produz
O coração assume as rotações horária ou anti-
onda O em 01 e 5 em 03 (Figura 5.5).
horária (olhando o coração da ponta para a O diagnóstico é feito pelo padrão: 01 -53.
base). Nas derivações precordiais, a morfologia
• Rotação horária: ocorre o giro do co- q-R-s de V5-V6 pode se estender até V3,
ração no sentido dos ponteiros do relógio, nas rotações acentuadas.

Figura 5.2 ECG normal. com ponta para a frente. Notar o padrão 01 -0 2-03

Figura 5.3 ECG normal, com ponta para trás. Notar o padrão 51-52-53
Roldções e Pos1ções flelmds

Figura 5.4 ECG normal, com rotação horária. Notar o padrão S1-03

Figura 5.5 ECG normal, com rotação anti-horária. Notar o padrão 0 1-53

ROTAÇÃO PELO EIXO ÂNTERO-POSTERIOR O diagnóstico é feito pelo padrão: morfo-


logias de QRS semelhantes entre aVL e V1
O coração assume mais frequentemente três e entre aVF e V6.
posições: horizontal, vertical e intermediária. • Posição intermediária: os dois ven-
• Posição horizontal: ocorre o posicio- trículos posicionam-se aproximadamente
namento do ventrículo esquerdo mais no mesmo nível. A alça vetorial no plano
para cima, voltado para aVL, e do ventrí- frontal encontra-se perpendicular a D3.
cu lo direito mais para baixo, voltado para assim, o QRS será predominantemente
aVF (Figura 5.6). positivo em D1 e D2 e polifásico em D3
O diagnóstico é feito pelo padrão: morfo- (Figura 5.8).
logias de QRS semelhantes entre aVL e V6 O diagnóstico é feito pelo padrão: mor-
e entre aVF e V1 . fologias de QRS semelhantes entre aVL e

• Posição vertical: ocorre o posiciona- aVF.


ment o do ventrículo esquerdo mais para As rotações elétricas do coração geral-
baixo. voltado para aVF, e do ventrículo mente ocorrem de modo combinado e são
direito mais para cima, volt ado para aVL encontradas em indivíduos sem ou com car-
(Figura 5.7). diopatias. Por exemplo:
]0 Hetrocardiograma Orientado para oClínico

Figura 5 .6 ECG normal, com posição horizontal. Notar a semelhança de QRS entre aVL com V6 e aVF com V1

• Rotação horária + posição vertica l + ponta • Rotação anti-horária + posição horizontal +


para trás, pode ser encontrada em indiví- ponta para a frente, pode ser encontrada em
duos longilíneos, sadios, ou naqueles com indivíduos brevilíneos, sadios, ou naqueles
crescimento de ventrículo direito. com crescimento de ventrícu lo esquerdo.

Figura 5 .7 ECG normal, com posição vertical. Notar a semelhança de QRS entre aVL com V1 e aVF com V6

Figura 5.8 ECG normal, com posição intermediária. Notar a semelhança de QRS entre aVL com aVF, e em 03 o
padrão é polifásico
Oespolarização e
Repolarização Rtrial
Gerson P. Goldwasser

DESPOLARIZAÇÃO ATRIAL sultante que se orienta um pouco para baixo,


para trás e mais para a esquerda.
O marca-passo do coração, em condições O vetor resultante fi nal ou vetor da des-
normais, está si tuado no nódulo sinusal, de- polarização atrial (SâP), que corresponde à
vido às características peculiares das células soma vetorial dos vetores do AD com os do
automáticas localizadas neste nódulo.
AE, orienta-se para a esquerda. para baixo e
O nódulo sinusal ou nódulo de Kei th-Fiack
em paralelo ao plano frontal (Figura 6.1 ).
situa -se na face superior do átrio direito, sen-
A deflexão eletrocardiográfica que repre-
do essa, portanto, a primeira região do co-
senta a despolarização atrial é denominada
ração a se despolarizar. A segui r, a onda de
de onda P. Tem forma arredondada e peque-
despolarização progride por vias específicas
de condução, os feixes internodais anterior,
médio e posterior, alcançando e ativando o
nódulo atrioventricular ou nódulo de Aschoff- AE
Tawara. Pelo feixe de Bechman, que emerge
do feixe internodal anterior, o impulso elétri-
Nódulo
co é conduzido ao átrio esquerdo, ativando-o sinusal
por último.
A despolarização do átrio direito (AD)
inicia-se e termina anteriormente à do átrio
esquerdo (AE) . Devido à localização anatômi-
ca do átrio direito, mais para a direita e para
a frente, o vetor resultante da ativação do AD
orienta-se para baixo, para a frente e um pou-
co para a esquerda .
A despolarização do átrio esquerdo tam- Figura 6 .1 Orientação dos vetores das despolanza-
bém pode ser representada por um vetor re- ções dos átnos d1retto e esquerdo. e da resultante (SãP)
32 Hetrocard10grama Onenlado para oCl1n1co

na amplitude. Normalmente, precede obriga- ao nódulo sinusal, e segue a mesma direção


toriamente todos os complexos QRS. que a ativação, ou seja, para baixo e para a
A onda P pode, esquematicamente, ser esquerda. Entretanto, o vetor resultante da
subdivida em três fases: a inicial ou ramo as- repolarização tem o sentido oposto, para
cenden te deve-se à despolarização inicial e iso- cima e para a direita, uma vez que o dipolo
lada do AD; a intermediária ou ramo médio, à de repolarizaçã o t em a carga negativa voltada
despolarização simultânea dos dois átrios, ea para a frente. É representada por uma peque-
final ou ramo descendente, à despolarização na deflexão negativa (Ta).
final e isolada do AE (Figura 6.2). Em cond ições normais, esta onda de repo-
larização atrial, Ta, não se exterioriza no tra-

REPOLARIZAÇÃO ATRIAL çado, pois os eventos da repolarização atrial


e despolarização ventricular se processam ao
A repolarização atrial começa após o término mesmo tempo, tornando a onda Ta oculta no
da despolarização atrial, na região próxima QRS, cuja deflexão é de maior amplitude.

Onda P

Figura 6 .2 Onda P
fletrocardiograma Hormal
GersonP. Goldwasser

INTRODUÇÃO pelo número de pequenos quadrados ent re


dois QRS. A frequência cardíaca normal situa-
O papel de registro do ECG tem o desenho se entre 60 e 1 OObpm.
quadriculado : são pequenos quadrados de
1mm de cada lado. A abscissa marca o inter-
valo de tempo, em que cada 1mm correspon- 5 mm

de a 0,04s (40ms), considerando-se a veloci- 1mm


dade padrão de 25mm/s. A ordenada marca mm 0,1mV
a vo ltagem, em que cada 1mm corresponde
a O, 1 mV. No aparelho devidamente ajustado,
acionando-se o botão de calibração, a agulha 5mm
deflexiona 1Omm ou 1mV.
Cada cinco quadrados pequenos são des-
tacados por uma linha mais forte, delimitando
intervalos de 0,20s (200ms) e O,SmV (Figuras
40ms
7.1 e 7 .2) .
200ms
A frequência cardíaca pode ser calculada
diretamente no t raçado, dividindo-se o 1.500 Figura 7 .1 O papel de registro eletrocardiográfico

Figura 7 .2 Calibração do aparelho. Cada cinco quadrados pequenos representam 200ms na absc1ssa e O,SmV na
ordenada, considerando-se a velocidade de registro de 25mm/s
34 fletrocard10grama Orientado para o Clln1co

ANALISE DO TRAÇADO Intervalo ou espaço PR (iPR)


Onda P (OP) O intervalo ou espaço PR (iPR) (Figura 7.3) é o
intervalo medido entre o início da onda P e o
O traçado inicia-se co m a onda P (Figura 7 .3), do QRS. Corresponde ao tempo que o impul-
onda da ativação atrial. É uma deflexão de so cardíaco leva para despolarizar os átrios,
morfologia arredondada, simétrica, de peque- percorrer as vias de condução internodais, o
na amplitude e que precede imediatamente nódulo AV, o feixe de His e ramos até alcançar
todos os com plexos QRS . os ventrículos.
A duração, medida entre os ramos inicial Varia de um mínimo de 120ms até o má-
e fina l, é no máximo de 1OOms. A amplitude, ximo de 200ms. Dentro desses limites, o iPR
medida entre a linha de base e o ápice, é no será menor nas taquicardias e maior nas bra-
máximo de 2,5mm (0,25mV). dicardias.
A polaridade é positiva em D1 -D2 -aVF e
de V2 a V6; é também positiva, na maioria
Complexo ORS
das vezes, em D3-aVL; em V1 pode ser difási-
ca, tipo positivo/ negativo, com a fase negativa O complexo QRS (Figura 7.4) corresponde à
muito pequena; em aVR é sempre negativa. despolarização ventricular. É uma deflexão de
O eixo elétrico (SâP) sit ua-se entre oo e morfologia espiculada e de inscrição contí-
+90°, próximo de +60°. nua. Discretos espessamentos no ramo inicial
ou final, em uma ou outra derivação, não têm

Segmento PR (PRs) significado patológico .


A duração, medida entre o início e o tér-
O segmento PR (PRs) (Figura 7 .3) é o segmen- mino da deflexão, varia de 60 a 1OOms. A am-
to da linha de base ou isoelétrica que conecta plitude é variável: considera-se pequena ampli-
o final da onda P ao início do complexo QRS. tude ou baixa voltagem quando o tamanho
Corresponde ao tempo que o estfmulo leva do QRS, medido entre o ápice e o vértice da
para alcançar os ventrículos após a despola- deflexão, não ultrapassa a Smm nas deriva-
rização atrial. ções periféricas ou 8mm nas precordiais.

A B

t-------- ----
Amplitude I
I
da onda P

·-- I I I
~ ___ f ____ _.._~-~~t
I IPA
~------------ ..I

Figura 7. lA e B (A) Análise da onda P e do segmento PR. (B) Onda P em V1


HelrocardJOgrama Hormal 35

·-- ----- - A B

Amplitude
doQRS

I
I
I
I Figura 7 .5A e B Onda Q. (A) normal. (B) patológica
----1--- -~
I QRS I SEG
~ - -- - _. ST
Duração do QRS

Figura 7.4 Análise do complexo QRS Ponto J


É o ponto que ma rca a junção entre o final
da deflexão QRS eo início do segmento ST.
A polaridade ea morfologia do QRS são O ponto J (Figura 7.6) deve estar no nível da
variáveis: em geral, nos adultos. observa-se
linha isoelétrica de base do traçado.
um padrão mais ou menos constante nas de-
rivações precordiais, tipo: r-S em V1 -V2, R-S
em V3-V4 e qRs em V5-V6. Já nas derivações Segmento ST (sST)
periféricas, as deflexões são muito diversifica-
O segmento ST (sST) (Figura 7 .6) corresponde
das, em virtude das rota ções e posições elé-
à fase inicial da repolarização ventricu la r. É o
tricas.
segmento de linha que segue e une o comple-
O eixo elétrico (SâQRS) Situa-se. na maioria
xo QRS à onda T. Este segmento ST também
das vezes. en tre ooe +90 . Aceita-se como li- deve estar no nível da linha isoelétrica de base
mites máximos va riações entre - 30° e+ 120°.
do traçado. Eventualmente, podem ser en-
O tempo da deflexão intrinsecoide va ria
con trados discretos desníveis deste segmento,
ao máximo de 35ms nas derivações V1 -V2 e
que não refletem, necessariamente, estados
de 45ms nas derivações V5-V6.
patológicos, ocorrendo em indivíduos sim-
A análise da onda Q (Figura 7.5) deve ser
cuidadosa. Exceto em aVR, quando sua dura-
paticotônicos ou vagotônicos e naqueles que
ção exceder 30ms ou sua amplitude for maior apresentam uma variação do normal, deno-
que 3mm ou 1/ 4 da amplitude tota l do QRS, minada de repolarização precoce. Entretanto,
ela é considerada patológica e pode ser corre- em princípio, qualquer desnível do segmento
lacionada com necrose miocárdica. ST, seja para cima da linha de base- suprades-
Ao se observar uma onda Q alargada em nível, ou para ba1xo - infradesnível, deve ser
03, deve-se registrá-la novamente, com o cuidadosamente avaliado, pois pode corres-
paciente em inspiração profu nda. Se a onda ponder ao infarto agudo do miocárd io.
Q não se modificar, é dita patológica, ou, ao O segmento ST tem a forma ligeiramente
contrário, se a onda Q diminuir ou mesmo de- curva com a concavidade superior. Padrões re-
sapa recer, é dita não-patológica, sendo então tificados ou com convexidade superior em for-
consequente às rotações elétricas. ma de abóbada são considerados anormais.
36 !letrocard10grama Onentado para o[línico

A B c

Figura :1.6 Ponto J e segmento ST: (A) normal. (B) patológico (supradesnivelado), (C) patológico (infradesnivela·
do) e (D ) variante do normal (repolarização precoce)

Onda T das vezes. em 03-aVL-V1 ; é sempre negativa


em aVR. Nos obesos e nos brevilíneos, a onda
A onda T (Figura 7.7) corresponde à repola-
T pode estar negativa em V1 -V2, co rrespon-
rização ventricular, em sua quase totalidade.
dendo a uma variação do normal. Nas crian-
Tem a forma ligeiramente arredondada e as-
ças e adolescentes, normalmente a onda T se
simétrica , com a fa se ascendente mais lenta e
apresenta negativa de V1 a V4, sendo então
a descendente mais rápida . Onda T simétrica
denominada de onda T infantil ou juvenil.
e pontiaguda pode ser encontrada nos indiví-
duos vagotônicos ou naqueles com insuficiên- O eixo elétrico da onda T (SâT) situa-se, na
cia coronariana. maioria das vezes, entre 0° e +90°, próximo
A duração é de difícil mensuração, pois de +45°.
nem sempre é identificado o ponto de transi-
ção entre o final do segmento ST e o início da Intervalo OT (iOT)
onda T. Habitualmente, não se mede a dura-
ção da onda T. A amplitude é variável, sendo O intervalo QT (iQT) (Figura 7 .8) é o intervalo
em geral menor que o complexo QRS. de tempo entre o início do complexo QRS e o
A polaridade é positiva em 01 -02-aVF e fim da onda T. Corresponde à duração total
de V2 a V6; é também positiva. na maioria da sístole elétrica ventricular.

Figura 7 .7A a C Onda T: (A ) no rmal. (B) patológica (em tenda), (C) patológica (invertida)
Hetrocard1ograma Hormat 37

I I I I
I I I I
I I
: I
Pt0
l Onda:
I : I I

~Onda P ~SEG~
1
u
QRS J SEG Onda T
• •
I I

PA QT
Sfstole Diástole
elétrica elétrica

Figura 7 .8 Elementos do eletrocardiograma normal

O intervalo QT varia com relação à frequên- Tabela 7.1 Relação entre FC e OTe
cia cardíaca . Existem tabelas que o correlacio-
FC OTc (s) FC OTc (s)
nam ou corrigem de acordo com as diversas
40 0.42 45 0,41
frequências, sendo então denominado de in-
tervalo QT corrigido (QTc). Para esse cálculo, 50 0,40 55 0,39
utiliza-se mais frequen temente a fórmula de 60 0,38 65 0,37
Bazett:
70 0,36 75 0,3 5
QTc = iQT (em segundos) I raiz qua- 80 0,34 85 0,33
drada de R-R (em segundos) 0,31
'---- - 90 0,32 95
No entanto, para as finalidades clínicas e 100 0,30 105 0,29
nos limites normais da frequência cardíaca,
11 o 0,28 115 0,27
aceita-se como valor máximo de QTc 400ms
120 0,26 125 0,25
para os homens e 440ms para as mulheres.
De modo prático, utilizamos a Tabela7 .1. 130 0,24
O iQT pode estar prolongado em diver-
sas condições, como idade avançada, vago-
tania, bradicardia, sofrimento miocá rdico, Dispersão do intervalo QT
efeito de certos antiarrít micos, especialmen-
te os do grupo la. Pode es tar diminuído em Indica a existência de tempos de recuperação
simpaticotonia, taquicardia e pelo efeito de distintos do miocárdio ventricular, ou seja, uma
certos medicament os, em especial os digitá- variabilidade temporal na repolarização ventri-
licos. Distúrbios elet rolíticos também o mo- cular. O aumento dessa variabilidade induzido
dificam . por diversas cardiopatias diminui o limiar de
38 Hetrocardiograma Orientado para oClín ico

excitabilidade da fibra cardíaca, facilitando o diástole elétrica, interrompida por um novo


aparecimento de arritmias. ciclo cardíaco, e assim sucessivamente (Figu-
A dispersão do inteNalo QT é calculada pela ra 7.8).
diferença entre o maior e o menor inteNalo QT, Eletrocardiograma normal é aquele em
medidos em todas as 12 derivações do ECG. que o traçado se apresenta com todas as on-
Uma definição do corte para valor normal das, P-QRS-T, inter-relacionadas, de morfolo-
não está totalmente estabelecida, variando gias e durações normais; com os inteNalos PR
entre 65 e 1OOms, segundo os diversos estu- e QT normais; com os espaços entre as espí-
dos. Diferenças acima de 1OOms aumentam culas R-R dos complexos QRS iguais entre si e
o risco de arritmias, podendo ser utilizado com os segmentos PR e ST nivelados na linha
como índice de estratificação e preditor de de base (Figura 7 .9).
taquicardia e fibrilação ventricular, se relacio- É necessária a análise cuidadosa de cada
nado, principalmente, com a síndrome isquê- evento elétrico, em todas as derivações, sem
mica aguda do miocárdio. exceção, para que se possa conclu ir pela nor-
malidade do eletrocardiograma (Figuras 7.1 O
a 7 .15).
Gradiente QRS/T
Principais indicações de realização do ele-
Corresponde ao ângulo formado entre os eixos trocardiograma nos indivíduos sem doença
elétricos do QRS (SâQRS) e da onda T (SâT). estrutural do coração.*
Não deve ultrapassar 60°. Em condições pato- Classe I
lógicas, por exemplo insuf iciência coronariana • Exame médico e rotina em indivíduos d e
aguda, obseNa-se o aumento deste ângulo. 40 anos ou mais.
• Antes de iniciar terapêutica farmacológica

Onda U com agentes de conhecido ou potencial


dano card iovascu lar.
A onda U (Figura 7 .8) corresponde à repolari- • Antes da realização do teste de esforço.
zação tardia das f ibras de Purkinje. Nem sem- • Profissionais com atividade de risco, indivi-
pre esta onda é visualizada, porém, quando dual ou co letivo.
presente, é mais facilmente identificada nas • Avaliação pré-operatória em indivíduos de
derivações V2-V3-V4, após o término da 40 anos ou mais ou de qualquer idade nos
onda T. envolvidos em cirurg ia de tran splante.
Tem a forma arredondada, a duração é Classe 11
curta e a amplitude é pequena . O inverso, isto • Avaliação de atletas de competição.
é, duração e amplitude aumentadas, co rrela- • Avaliação pré-operatória em indivíduos
ciona-se com hipopotassemia grave. entre 30 e 40 anos.
Em uma mesma derivação, a polaridade Classe 111
da onda U deve ser coincidente com a pola- • Exame de rotina em indivíduos com me-
ridade da onda T. Polaridade diferente é sinal nos de 40 anos sem f at ores de risco.
de anormalidade, co mo a insuficiência coro- • Avaliação pré-operatória em indivíduos com
nariana. menos de 30 anos sem fatores de risco .
Após a onda T ou após a onda U, quando
esta existir, segue-se uma linha isoelétrica ou *Fonte: Adaptado de Guidelines of Electrocardiogra-
phy. In Braunwald, p. 190
linha de base do traçado, que representa a
flet rowd1ograma Hormal

Figura 7 .9 ECG normal. Notar a presença de todos os elementos, P-QRS-T. em uma sequência de ciclos cons-
tantes

Figura 7.1 O ECG normal. Ob-


servar a sequência de análise.
(A) Onda P s1nusal, pos1t1va em
D1 -D2-aVF-V5-V6, duração de
80ms, amplitude de 0,2mV,
precede a todos os QRS (rela-
ção A I V = 1:1). (B) Intervalo PR
de 160ms e segmento PR nive-
lado na hnha de base. (C) QRS
de morfologia normal, rotação
ponta para a frent e, duração de
80ms, SâQRS em + 30'. (D) Seg-
mento ST nivelad o na linha de
base. (E) Onda T de morfolog1a
e polaridade no rma1s e intervalo
QT de 360ms. (F) Frequênc1a car-
díaca de 7 1bpm

Figura 7 .11 ECG normal. Ob-


serva r a sequência d e análise:
onda P sinusal, duração e am-
plitude normais, precede os QRS
(relação A I V = 1: 1). intervalo
PR de 160ms, QRS de morfolo-
gia e duração normais, rotação
anti-horária, segmento ST mve-
lado na linha de base, onda T
de morfologia e polaridade nor-
mais, intervalo QT d e 360ms e
frequência cardíaca de 62bpm
40 Hetrocard1ograma Onentado paraoWn1co

o,

-.J..___J_~
l'::T aVL aVF

Figura 7 . 12 ECG normal. Observa r a presen-


ça de todos os elementos: onda P sinusal, d u·
ração e amplitude normais, relação A / V = 1:1,
intervalo PR de 180ms, QRS estreito de morfo-
logia e duração normais, SâQRS em +30•, seg-
mento ST nivelado na linha de base, onda T de
morfologia e polaridade normais, intervalo QT
de 320ms e frequência cardíaca de 83bpm

Figura 7.13 ECG normal, com repolarização ventricular precoce. Notar o segmento ST com discreto supradesnível,
curvo e de concavidade voltada para cima em D2-V4-V5-V6
flet rocard10gr ama Hormal 41

Figura 7 .14 ECG normal. Observar a presença de todos os elementos: onda P sinusal, duração e amplitude
normais, relação A 1 V = 1:1. intervalo PR de 140ms, QRS estreito de morfologia e duração normais, rotação anti-
horária, segmento ST nivelado na linha de base, onda T de morfologia e polandade norma1s, intervalo QT de 340ms
e frequência cardíaca de 86bpm

Figura 7 .15 ECG normal. Rit -


mo sinusal regular. Ondas P-QRS
e T normais. Intervalos PR e QT
normais. FC em 75bpm. Onda T
negativa, isolada. em V1 não tem
significado patológico
-.....·
CAPrTULO 8

Bloqueio do Ramo
Direito- BRD
Gerson P Goldwasser

INTRODUÇÃO Em correspondência ao grau de dificulda-


de de condução do impulso elétrico, da me-
Define a arritmia em que ocorre um distúrbio nor para a maior gravidade, os bloqueios de
da condução do estímulo elétrico em sua pas- ramos são classificados com o de 1°, 2° e 3°
sa gem pelo ramo direito do feixe de His. graus, segundo os estudos de Sodi-Pallares
Para que se caracterize um bloqueio de e cols. Os bloqueios de 111 e 2° graus podem
ramo, é necessário que haja o enlace atrio- também ser denominados de bloqueios par-
vent ricular, ou seja, que o estímulo tenha ori- ciais ou incompletos e o de 311 grau, de blo-
gem em regiões acima da bifurcação do feixe queio completo.
de His (reg ião sinusal, atrial ou juncional) e
que alcance os ventrículos através do nódulo
BLOQUEIO DO RAMO DIREITO DO 30. GRAU
atrioventricular e dos ramos do feixe de His.
Impulsos de origem ventricular não possibili- Define a existência de um impedimento to-
tam o diagnóstico de bloqueio de ramo. tal na propagação do estímulo cardíaco pelo
O septo interventricular pode ser subdi- ramo direito do feixe de His ou que essa con-
vido em duas reg iões eletrofisiologicamente dução se processa com extrema dificuldade
distintas: a região septal esquerda estimulada e lentidão, sofrendo um retardo maior que
pelo ramo esquerdo e correspondendo a 2/3 60ms. A ativação do ventrículo direito ocorre
da massa muscular, e a região septal direita de modo anômalo, havendo, portanto, altera-
estimulada pelo ramo direito e corresponden- ções na sequência dos vetores cardíacos.
do a 1/3 da massa muscular, separadas por
uma faixa eletrofisiológica denominada de
VETORES CARDIACOS NO BRD
"barreira elétrica sep tal" . Nos bloqueios dera-
mos, a região septal íntegra produ z vetores • VETOR 1: semelhante ao vetor 1 normal.
em direção à região bloqueada, por sobre essa Uma vez que a ativação da regi ão septal
barreira elétrica septal, denominados de veto- média decorre da condução do estímulo
res em "salto de onda" . pelo ramo esquerdo, o vetor 1 no BRD não
46 fletrowd10grama Onentado para oClinico

se altera. Orienta-se para a direita , para mento e espessamento do QRS. Étambém


baixo e para a frente. Produz a onda R (pe- responsável pelo giro ou rotação horária
quena) em V1-V2 e a onda Q (pequena) da alça vetorial.
em V5-V6. • VETOR 4 : semelhante ao vetor 4 normal.
• VETOR 2 : difere do vetor 2 normal. O es- Orienta-se para a direita e para cima. Com-
tímu lo não alcança a região septa t baixa pleta a configuração do QRS direcionando
através da via normal de condução, pois as deflexões para a linha isoelétrica do tra -
existe um bloqueio à sua passagem pelo çado. Promove o retorno da alça vetorial
ramo direito. Após a despolarização da re- ao ponto inicial ou ponto zero (Figuras 8.1
gião septat média, ocorre a despolarização e 8.2).
da parede livre do VE, originando o vet or 2 A repolarização ventricu lar no BRD tam-
no BRD, que se orienta para a esquerda e bém se encontra alterada. Áreas que primei-
para trás (semelhante ao vetor 3 normal). ro se despolarizam são as que também pri-
Produz a onda S em V1-V2 e a onda R em meiro se repolarizam, antes mesmo que a
V5 -V6. ativação ventricular, que está lentificada, se
• VETOR 3 : difere do vetor 3 normal. A complete. Os vetores de toda a repolariza ção
despolarização das regiões septal direita ventricular no BRD podem ser representados
e da parede livre do VD processa-se de por um único vetor resultante septal, que se
modo anômalo, por impulsos originados dirige para a direita, para cima e para a frente.
na região septat esquerda e do VE, já ati- A carga negativa do dipolo de repolarização,
vados. Estes impulsos progridem nos te- cujo sentido é inverso à direção, orienta-se
cidos musculares em sentido contrário ao para as derivações ca rdíacas direitas e a carga
normal, da esquerda para a direita - con- positiva o faz para as derivações esq uerdas .
dução antidrômica, resultando no vetor 3 Em consequência, a onda Testá negativa e as-
do BRD. Este vetor, denominado de vetor simétrica, co m discreto infradesnível do pon-
em "salto de onda", cuja velocidade de to J e do segmento ST em V1 -V2 e positiva
condução está tenta, orienta-se para a com discreto supradesnível do ponto J e do
direita e para a frente. Produz a segunda segmen to ST em V5-V6. Em conjunto, essas
onda positiva, onda R' (R li nha) espessa- modificações na repolarização ven tricular são
da ou em meseta em V1-V2, e a onda S denominadas de alterações secundárias da re-
espessada em V5-V6, promovendo alarga- polarização (Figura 8.3).

Vetor 1 Vetor 2 Vetor 3 Vetor 4

Figura 8 .1 Vetores cardíacos no bloqueio d o ramo direito (BRD)


Blo UeiOdo Ramo fll relfO- ano 47

A 8

Figura 8.2A e B Bloque10 do ramo d1re1to do 3° grau. (A) Morfolog1a em V1-V2 (R-S-R') e em VS-V6 (q-R-S). (B)
Alça vetonal

Figura 8.3 Repolarização ventricula r no bloqueio do ramo d1re1t0 do 3° grau. A onda T é negativa em V1 -V2 e
pos1tiva em VS-V6

Critérios diagnósticos (Figura 8.4) Critérios acessórios que complementam o diagnóstico

• Em V1 -V2: morfologia R-S-R', com R' • Em V3-V4: morfologia variável - R-5-R' ou


maior que R, espessada ou em meseta e R (espessada)-5 ou R-5-R' -5' e onda T ne-
onda T negativa. gativa.
• Em VS-V6: morfologia q-R-S, com 5 espes- • Em Dl e/ou aVL: morfologia semelhante a
sada e onda T positiva. V5-V6.
• Duração aumentada do QR5, maior que • Em D3 e/ou aVR: morfologia semelhante a

120ms. V1-V2 .
48 Hetrocard10grarna Omntado para o Clín1co

Figura 8 .4 Bloqueio do ramo direito do 3• grau

• Eixo elétrico do QRS (SâQRS) entre +90° e gia do QRS em V1-V2, tais como: R-R' com
+ 120°, próximo de +90°. R' larga ou Q-R com R larga, consideradas
• Rotação horária da alça vetorial (S 1Q3) . equivalentes ao padrão clássico R-S-R'. Em
• Tempo da deflexão intrinsecoide aumenta- presença de Q- R em V1-V2 , é necessário
do em V1.
que se faça a diferenciação entre BRD iso-
Podem ser observadas, menos frequen- lado e BRD com necrose septal (Figuras 8. 5
temente, pequenas variações na morfolo- a 8.7).

Figura 8 .5 ECG no bloqueio do ramo dtreito do 3• grau. Notar as características principais: em V1 -V2, R-5-R' (R'
larga) e onda T negativa, e em V6, q-R-5 (5 larga) e onda T positiva. A duração do QRS é maior que 120ms
BloQueio do Rdmo D1re1to- ORO

Figura 8 .6 ECG no bloqueio


do ramo d1reito do 3• grau.
Notar em V1-V2, R-5-R' (R' lar-
ga) e onda T negat1va, e em V6,
q -R-5 (5 larga) e onda T posi-
tiva QR5 de 03 e aVR é seme-
lhante a Vl e de 01 e aVL a V6

Figura 8 .7 ECG no bloqueio


do ramo direito do 3• grau. No-
tar em V1-V2, R-5-R' (R' larga) e
onda T negativa, e em VS-V6
onda 5 larga. Paciente com
doença aterosclerótica coro-
nariana
50 Hetrocardiograma Orientado para o Clínico

BLOQUEIO DO RAMO DIREITO DO BLOQUEIO DO RAMO DIREITO DO


2.o. GRAU 1.o. GRAU

No BRD do 22. grau, o distúrbio de condução No BRD do 12 grau, o distúrbio de condução,


é parcial, possibilitando a propagação do estí- além de parcial, é discreto, possibilitando a
mulo, com retardo de 40 a 50ms. A ativação propagação do estímulo sem grande dificulda-
do ventrículo direito se faz de modo anômalo. de, mas o suficiente para causar um reta rdo de
Produz-se o vetor de "salto de onda" e a re- 20 a 30ms na ativação da reg ião septal direi-
polarização ventricular está alterada. Tais mo- ta. Desse modo, alguns aspectos morfológicos
dificações ocorrem com menor intensidade, entre os BRD do 12 e 22 graus são semelhantes,
comparativamente ao BRD do 32 grau . Por- evidenciando-se apenas algumas diferenças.
tanto, os aspectos morfológicos do BRD do 22
e 32 graus são semelhantes, evidenciando-se
Critérios diagnósticos (Figura 8.12)
apenas algumas diferenças.
• Em V1-V2: morfologia R-S-R' com R' pou-

Critérios diagnósticos (Figura 8.8) co proeminente e menor que R ou R-S,


com S apresentando um d iscreto entalhe
• Em V1-V2: morfologia R-S-R' com R' maior na sua fase final. A onda T pode ou não
que R, pouco espessada, e onda T negativa. estar negativa.
• Em V5-V6: morfologia q-R-S com S pouco
• Em VS-V6: morfologia q-R-S com S pouco
espessada e onda T positiva .
profunda e pouco espessada e onda T po-
Esses espessamentos de R' em V1-V2 e S sitiva.
em V5-V6 são comparativamente menos
As alterações de R' em V1-V2 e S em V5-
expressivos que os observados no BRD do
V6 são comparativamente menos expressi-
3Qgrau.
vas que as observadas no BRD do 21l g rau.
• Duração do QRS entre 100 e 120ms.
• Duração normal do QRS entre 60 e 1 OOms.

Critérios acessórios que complementam o


diagnóstico Critérios acessórios que complementam o
diagnóstico
• Em V3 -V4: morfologia variável : R-S-R' ou
• Em V3 -V4: morfologia variável - R-S-R' ou
R (espessado)-S ou R-5-R'-S' e onda T ne-
R-S ou R-S-R'- S' . A onda T pode ou não
gativa.
estar negativa.
• Em D1 e/ou aVL: morfologia semelhante a
V5-V6. • Em D1 e/ou aVL: morfologia semelhante a
V5-V6 .
• Em D3 e/ou aVR: morfologia semelhante a
V1 -V2. • Em D3 e/ou aVR: morfologia semelhante a

• Eixo elétrico do QRS (SâQRS) entre +90° e V1-V2.

+ 120°, próximo de +90° • Eixo elétrico do QRS (SâQRS) próximo de


• Rotação horária da alça vetorial (S1 -Q3) . +90°.
• Tempo da deflexão intrinsecoide aumenta- • Rotação horária da alça vet orial (S 1-Q3)
do em V1 (Figuras 8.9 a 8.1 1). (Figuras 8.13 e 8 .14).
Bloqueio do Rdmo D1re1to- BRO 51

tttttt Figura 8.8 Bloqueio do


ramo d ireito do 2• grau

Figura 8 .9 ECG no blo-


queio do ramo d1reito do 2•
gra u. Notar em V1-V2, R-5-R'
(R' larga) e em V6, q-R-5 (S
larga). porém com alarga-
mentos menores que no de
3• grau

Figura 8.1 O ECG no blo-


queio do ramo d1reito do 2•
grau. Notar em V1-V2, R-5-R'
e em V6, q-R-5, e duração d e
QR5 de 100ms
52 Hetrocardioqrama Orien tado para o Clini co

1
aVF
+

Figura 8.11 ECG no bloqueio do ramo direito do 2° grau. Notar em V1-V2, R-S-R' (R' larga) e onda T negativa,
porém com alargamentos menores que no BRD do 3° grau

Figura 8.12 Bloqueio de ramo direito do 1° grau

BLOQUEIO DE RAMO DIREITO INSTÁVEL O bloqueio de ramo instável está relaciona-


do ao período refratário das fibras de Purkinje
Situação em que o bloqueio de ramo não é per- do ramo em questão e pode ser taquicardia de-
manente. O ECG apresenta-se ora com padrão pendente, com frequência cardíaca maior que
de BRD ora com padrão normal. É transitório 1OObpm (bloqueio de ramo fase 3 d o pot en -
quando este aspecto é observado no mesmo cia l de ação) ou bradicardia dependente (blo -
traçado ou intermitente quando ocorre um in- queio de ramo fase 4 do potencial de ação), e
tervalo de dias ou meses nesta instabilidade. o ECG retorna ao normal com a normalização
Bloqueio do Ramo D1re1to- BRD 53

de frequência cardíaca. Cursa na maioria das direito com bloqueio de ramo esquerdo, no
vezes de modo benigno, não implicando em mesmo traçado. Neste, o distú rbio de con-
pior prognóstico. dução localiza-se em regiões intra ou infra-
O bloqueio de ramo alternante refere-se hissianas evoluindo com mais f requência para
à alternância de padrão de bloqueio de ramo bloqueio atrioventricular total.

--t----t--+ ___,, __..__..,..\----+',- ~

aVR aVL aVF

Figura 8.13 ECG no bloqueio do ramo dire1to do 1° grau. Notar em Vl a onda S com pequeno entalhe e em V6
a onda Salgo mais profunda que o normal

Figura 8.14 ECG no bloqueio do ramo direito do 1• grau. Notar em Vl : R-s-r' e onda T negativa. Paciente sem
doença estrutural cardíaca
54 HetrocardJograma Onentado para oClfn1co

Significado clinico do bloqueio de ramo direito interatrial e pela drenagem anômala das veias
pulmonares.
No BRD do 311 grau deve-se procurar uma pa - O BRD do 111 grau também pode ser con-
tologia cardíaca. As principais são: doença sequente às patologias supracitadas, porém
aterosclerótica coronariana crônica, isquemia nem sempre indica uma doença cardíaca de
aguda do miocárdio, cardiopatia hipertensiva base. O BRD de 111 grau pode estar presen-
(in frequente), cardiopatia chagásica crônica te, com alguma freq uência, em indivíduos
(em 30% deles), card iopatia reumática, mio- sem evidências de cardiopatia (Figuras 8.15 a
cardite aguda, esclerose do ramo direito (em 8.21 ).
2% dos idosos), hipertrofia do VD (sugerido A ocorrência de BRD incompleto em in-
divíduo sem doença estrutural cardíaca não
pela onda R' maior que 15mm), cor pu/mo-
implica pior prognóstico, sendo o distúrbio
na/e e card iopatias congênitas (p. ex., doença
atribuído a uma possível "frag ilidade aumen-
de Ebstein, estenose pulmonar). Entretanto,
tada" do ramo direito ou à ativação tardia da
há relatos de raros casos de BRD do 3° grau
crista supraventricular.
em indivíduos sem doença cardíaca. Situação inversa ocorre quando o BRD é
O BRD do 211 grau, além das causas citadas. de instalação aguda, consequente à síndrome
pode corresponder ao crescimento diastólico coronariana aguda, significando uma compli-
do VD, como o produzido pela comunicação cação na evolução clínica.

Figura 8 .1 5 ECG no bloqueio do ramo


direito do 3• grau
Bloqueio do Ramo 0Imfo- BRO 55

o, v,

I . .----,......_----
~o.l...--"'"-

Figura 8.16 ECG no blo-


queio do ramo direito do 3°
grau

j~~~---~----~----------~

~-----~·~·-----N~-----v~-----~y-
~-·-------------•w _______
Figura 8 .17 ECG no bloqueto do ramo dtretto do 3• grau
56 Hetrowdtograma Ortentado para o [ltntco

o,

v,

Fi gura 8.18 ECG no bloqueio do ramo


direito do 2• grau

~~~
~~~ aVR aVL aVF

Figura 8.19 ECG no bloqueio do


ramo direito do 2• grau. Paciente
com hipertensão artenal
Bloqueio do Ramo D1re1to- BRD 57

B
Figura 8.20 ECG no bloqueio do ramo direito intermitente. (A) Notar a evolução do BRD de JGgrau para o de 3•
grau. (B) Regressão ao JGgrau. Em geral, as Intermitências estão relacionadas com bloqueiOS de fase 3 do potencial
de ação. dependentes da frequênCia cardíaca. É relativamente comum e não implica mau prognóstico

Figura 8.21 ECG no bloqueio do ramo direito intermitente. Notar a alternância de QRS normais e largos. O BRD
é mais facilmente identificado em Vl
58 Hetrocard10grama Orientado para oClln1co

SÍNDROME DE BRUGADA pão), estando plenamente documentada em


países fora dessa região.
Caracterizada pelo padrão eletrocardiográfi- Na prevenção de morte súbita cardíaca
co peculiar de bloqueio do ramo direito com podem-se utilizar fármacos como betabloque-
elevação do segmento ST e do ponto J, nas adores ou amiodarona; entretanto o resulta-
derivações precordiais direitas, V1 -V2-V3, e do mais satisfatório tem sido alcançado com
alta incidência de morte súbita, secundária a implante de cardioversor desfibrilador (reco-
taquica rdia ventricular polimórfica ou fibrila- mendação classe I, nos pacientes recuperados
ção ventricular. de parada card íaca por arritmia). Deve-se, por-
São descritos três t ipos de alterações: I, 11 tanto, investigar essa sfndrome nos pacientes
e 111, tendo em comum o bloqueio de ramo com BRD que apresentam história clínica de
direito incompleto e as va riantes são os for- taquiarritmias ventriculares. síncope ou morte
matos do segmento ST elevado e o grau da súbita na família (Figuras 8.22 a 8.25) .
elevação do ponto J. O padrão tipo I é o mais
frequente e se caracteriza por elevação do OClÍNICO DIANTE DO BLOQUEIO DO RAMO
ponto J e segmento ST maior que 2mm, de
DIREITO
concavidade para cima e onda T negativa.
As alterações eletrocardiográficas podem • BRD em indivíduos assintomát icos e sem
ter um curso intermitente e não ser plena- doença cardíaca não aumenta a taxa de
mente identificáveis no ECG. Testes com ad- mortalidade e não necessita de tratamen-
ministração endovenosa de fármacos como to especff ico. O tratamento é voltado para
ajmalina, flecainida ou procainamida podem a enfermidade primária que provocou o
" provocar" o aparecimento da elevação do BRD.
segmento ST. permitindo a identificação da • O BRD de 111 grau pode ser observado com
síndrome, entretanto sob risco de desenca- maior incidência em indivíduos sem doen-
dea r arritmias card íacas. ça ca rdíaca .
Acomete principalmente adultos jovens • BRD agudo ou recente e associado à sín-
ou adolescen tes, sem evidências de doença drome coronariana aguda (angina instável
estrutural cardíaca e sem apresentar intervalo ou infarto do miocárdio) é critério de mau
QT prolongado. De transmissão genética au- prognóstico, geralmente indicando infar-
tossõmica dominante, está relacionada com tos mais extensos e com evolução para ar-
mutação do gene SCNSA codificador dos ritmias cardíacas ou insuficiência cardíaca .
canais iônicos de sódio, determinando altera- • Apesar de infrequente, deve-se pesquisar
ções eletrofisiológicas no ventrículo direito. sfndrome de Brugada nos adultos jovens
Inicialmente, foi observada alta incidência com BRD incompleto e história de síncope
em países asiáticos (Tailândia, Filipinas e Ja- ou taquiarritmias ventriculares.

Tipo lA Tipo 18

v, /v, v,tv, v,tv, v,tv.


Figura 8.22 Sfndrome de Brugada. Três tipos de morfologia
Bloque1o do Ramo 01re11o- BRO

Figura 8.23 ECG na slndrome de Brugada. Notar o supradesnível do segmento ST em V1-V2-V3 na presença do
bloque1o do ramo direito

Figura 8.24 ECG na síndrome de Brugada tipo 1. Notar o padrão de BRD incompleto e o supradesnível do seg-
mento ST em V1-V2-V3
60 Hetrocardiograma Orien tado para oClínico

A B

11

111

aVR

aVL

aVF

V1

V2

V3

V4

V5

V6

25mm/s

Figura 8 .25A e B ECG na síndrome de Brugada. (A). Notar o supradesnfvel do segmento ST em V1 ·V2 na
presença de BRD. (B). Após a administração de ajmalina, houve acentuação dessas alterações, tornando-as mais
características
CAP[TULO 9

,A---
Bloqueio do Ramo
fsquerdo- BRf
GersonP. Goldwasser

INTRODUÇÃO O impulso elétrico se propaga pelo ramo


direito íntegro, alcança e despolariza a re-
Define a arritmia em que ocorre um distúrbio gião septal baixa. originando assim o vetor
da condução do estímulo em sua passagem 1 no BRE, semelhante ao vetor 2 normal.
pelo ramo esquerdo do feixe de His. Orienta-se para a esquerda, para baixo e
para a frente. Produz a fase inicial da onda
BlOQUEIO DO RAMO ESQUERDO DO 3a Q em V1-V2 e a fase inicial da onda R em
VS-V6.
GRAU
A alça vetorial dirige-se desde o início para
Define a existência de um impedimento to- a esquerda.
tal na propagação do estímulo cardíaco pelo • VETORES 2 e 3 : diferem dos vetores 2
ramo esquerdo do feixe de His. ou que essa e 3 normais. A despolarização da reg ião
condução se processa com extrema dificul- septal se processa de modo anômalo, por
dade e lentidão, sofrendo um ret ardo maior impulsos oriundos da região septal baixa,
que 60ms. A ativação do ventrículo esquerdo já ativada. Esta ativação septal é represen-
ocorre de modo anômalo, havendo. portan- tada por dois vetores resultantes, o vetor 2
to, alterações na sequência dos vetores car- (ativação da região septal média) e o vetor
díacos. 3 (ativação da região septal alta), deno-
minados de vetores em "salto de onda" .
Ambos orientam-se para a esquerda, para
VETORES CARDÍACOS NO BRE
trás e para cima.
• VETOR 1: difere do vetor 1 normal. Em Os impulsos progridem nos tecidos mus-
decorrência do bloqueio de condução culares em sentido contrário ao normal,
pelo ramo esquerdo, o impulso cardía- da direita para a esquerda - condução
co não se propaga por essa via. Não há antidrômica, resultando no alentecimento
a ativação inicial da região média septal. da velocidade de condução nessa região.
portanto não se produz o vetor 1 normal. Esses vet ores alargam e espessam a onda
62 Hetrocard1ograma Orientado pm o Cl1n1co

Q em V1-V2 e a onda R em VS-V6, promo- alça vetorial, retornando-a ao ponto in icial


vendo o alargamento e o espessamento ou ponto zero (Figuras 9.1 e 9.2).
do complexo QRS. A repolarização ventricular noBRE também
Os vetores 2 e 3 dirigem a alça veto- se encontra alterada. Inicia-se na região septal
rial mais para a esquerda e para trás. baixa, a primeira a se despolarizar, antes mes-
A ativação da parede livre do VD, simultâ- mo que toda a ativação vent ricular, que está
nea à ativação septal, produz vetores de lentificada, se complete. Os vetores de toda
pequena intensidade que não se manifes- a repolarização ventricular no BRE podem ser
tam no traçado. representados por um único vetor resultante
• VETOR 4 : difere do vetor 4 normal. Re- septa l, que se dirige para a esquerda e para
presenta a ativação final da parede livre do cima. A carga negativa do dipolo de repola ri-
VE . Orienta-se para a esquerda e para trás, zação, cujo sentido é inverso à direção, orien-
porém em menor grau que os vetores 2 e ta-se para as derivações cardíacas esquerdas
3. Completa a configuração do QRS, dire- e a carga positiva para as derivações direitas.
cionando a fase final da onda Q em V1 -V2 Em consequência, a onda Testá negativa e as-
e da onda R em VS-V6 à linha isoelétri- simétrica, com discreto infradesnível do pon-
ca do traçado. Promove o giro horário da to J e do segmento ST em VS-V6 e positiva

Figura 9.1 Vetores cardíacos no bloqueio do ramo esquerdo - BRE

Vs-Vs
3

_?
Jl ~ ....... _
·::.....,.·
/ "/J.
.......

'1
A

Figura 9 .2A
vetorial
1 as
e B Bloqueio do ramo esquerdo do
As ou as

3° grau. (A) M o rfologia em V1 -V2 (Q-S) e em V 5-V6 (R).


B

(B) Alça
Bloqueio do Ramo fsquerdo - BRf 63

com discreto supradesnível do ponto J e do Em alguns casos, d evido à situação espa-


segmento ST em V1 -V2. Em conjunto , essas cial do vetor 1 do BRE com relação às deri-
modificações na repolarização ventricular são vações precordiais d ireitas, pod e-se obser-
denominadas de al terações secund árias da re- var uma onda Rde pequena amplitude em
polarização (Figura 9.3). V1 -V2, o q ue não invalida o d iagnóstico
de BRE .
• Em V5 -V6: ausência d a onda Q e p resen-
Critérios diagnósticos (figura 9.4)
ça da onda R espessada ou em meset a e
• Em V1 -V2 : ausência de onda R e presença onda T negativa e assimétrica.
de onda Q-S espessada ou em meseta e • Duração aum entada do QRS, maior que
onda T positiva. 120ms.

Figura 9 .3 Repolarização ventncular no bloque1o do ramo esquerdo do 3• grau. Onda T pos1tiva em V 1-V2 e
' negativa em V5-V6

Figura 9 .4 Bloq ueio do ramo esq uerdo do 3• grau


64 fletrowd1ograma Or1entado para o Cl1n1co

Critérios acessórios que complementam o • Eixo elétrico do QRS (SâQRS) entre ao e


diagnóstico - 3a0 , próximo de ao.
• Tempo da deflexão intrinsecoide aumenta-
• Em V3 -V4: morfologia variável- em geral,
do em VS-V6 (Figuras 9.5 a 9.7).
R-S co m onda T positiva .
• Em D1 e/ou aVL: morfologia semelhante a
BLOQUEIO DO RAMO ESQUERDO DO 2~t GRAU
VS-V6.
• Em D3 e/ou aVR: morfologia semelhante a No BRE do 211 grau, o distúrbio de condução
V1 -V2 . é parcial, possibilitando a propagação do es-

Figura 9.5 ECG no bloqueio do ramo esquerdo do 3• grau. Notar as características principais: em V1 -V2 , ausência
de onda R (padrão Q-S) e o nda T positiva, e em V6, ausência de o nda Q (padrão R larga) e onda T negativa. A
duração do QRS é de 160ms
BloQueio do Rdmo fsquerdo- 8Rf 65

Figura 9.6 ECG no bloque1o do ramo esquerdo do 3• grau. Notar em V6, ausência da onda Q (pad rão R larga
com duração de 120ms) e onda T negativa e em Vl , r-Se onda T positiva. O QRS de D3 e aVR é semelhante a Vl
e de Dl e aVL a V6

Figura 9. 7 ECG no bloqueio do ramo esquerdo do 3• grau. Notar em D 1-aVL e V6 ausência de Q (padrão R larga
em 140ms) e a ausência de R em V 1-V2. Paciente com cardiopatia aterosclerótica

t ímulo, com retardo de 40 a SOms. A ativa- 3o grau . Portanto, os critérios morfológicos


ção do ventrfculo esquerdo se faz de modo do BRE do 211 e do 311 graus são semelhantes,
anômalo, ocorrendo primeiro a ativação da evidenciando-se apenas algumas diferenças.
região septal direita e depois à esquerda .
Produzem-se os vetores em "salto de onda" e
Critérios diagnósticos (Figura 9.8)

a repolarização ventricular está alterada . Tais • Em V1 -V2 : ausência da onda R e presença


modificações ocorrem em menor intensidade, da onda Q-S pouco espessada e onda T
comparativamente ao observado no BRE do positiva.
66 fletrocardiograma Orientado para oClinico

Figura 9.8 Bloqueio do ramo esquerdo do 2g grau

A presença de uma onda R de pequena BLOQUEIO DO RAMO ESQUERDO DO 1~ GRAU


amplitude em V1-V2 não inva lida o diag-
nóstico de BRE, como já assinalado ante- O distúrbio de condução, além de parcial,
riormente. é discreto, possibilitando a propagação do
• Em VS-V6: ausência da onda Q e presença estímu lo sem muita dificuldade, o suficien-
da onda R pouco espessada e onda T ne- te, porém, para causar um retardo de 20 a
gativa. 30ms na ativação da região septal esquerda.
Esses espessamentos de Q-S em V1-V2 e Desse modo, observam-se alguns aspectos
R em VS-V6 são comparativamente me- morfológicos semelhantes entre os BRE de
nos expressivos que os observados no BRE 12 e 2ll grau, evidenciando-se algumas dife-
do 3ll grau. renças.
• Duração aumentada do QRS, entre 100 e
120ms.
Critérios diagnósticos (Figura 9.10)

Critérios acessórios que complementam o • Em V1-V2 : ausência da onda R e presença


diagnóstico da onda Q-S e onda T positiva.
A presença de uma pequena onda R em
• Em V3- V4: morfologia va riável- em geral,
V 1-V2 não invalida o diagnóstico de BRE,
R-S com onda T positiva.
como já assinalado anteri ormente.
• Em D1 e/ou aVL: morfologia semelhante a
VS-V6. • Em VS -V6: ausência da onda Q e presen-
• Em D3 e/ou aVR: morfologia semelhante a ça da onda R pouco espessada . A onda T
V1 -V2 . pode ou não estar negativa . As alterações
• Eixo elétrico do QRS (SâQRS) entre oo e de R em VS-V6 são comparativamente
-30°, próximo de 0°. menos expressivas que as observadas no
• Tempo da deflexão intrinsecoide aumenta- BRE do 211 grau.
do em VS-V6 (Figura 9.9). • Duração normal do QRS, ent re 60 e 1OOms.
Bloqueio do Ramo fsquerdo- BRf 67

Figura 9.9 ECG no bloqueio do ramo esquerdo do 2• grau. Notar em Vl : r-S; e em V6: ausênc1a da onda Q, R
(R-larga), porém com alargamentos menores que os encontrados no BRE do 3• grau

Critérios acessórios que complementam o o bloqueio do ramo esquerdo instável é clas-


diagnóstico sificado como transitório e intermitente rela-
cionado com as fases 3 ou 4 do potencial de
• Em V3- V4: morfologia variável - em geral,
ação; e a forma alternante com alternância do
R-S com onda T positiva.
padrão de BRD com BRE é relacionada com
• Em D1 e/ou aVL: morfologia semelhante a
V5-V6. lesões no feixe de His.
• D3 e/ou aVR: morfologia semelhante a O bloqueio instável cursa na maioria das
V1 -V2. vezes de modo benigno. não implicando pior
• Eixo elétrico do QRS (SâQRS), variável, po- prognóstico. Entretanto, o bloqueio alternante
rém próximo de oo(Figura 9.11 ). merece acompanhamento clínico, pois pode
evoluir para bloqueio atrioventricular total.

BLOQUEIO DE RAMO ESQUERDO INSTÁVEL


Significado clinico do bloqueio do
Sttuação em que o bloqueio de ramo não é ramo esquerdo
permanente. O ECG apresenta-se ora com
padrão de BRE, ora com padrão normal. Se- Em presença de bloqueio de ramo esquerdo.
melhante ao descrito anteriormente no BRD. deve-se procurar uma patologia cardíaca. As
68 fletrocardiograma Orientado para oClln1co

Figura 9 .1 O Bloqueio do ramo esquerdo do 1~ grau

aVR aVL aVF

Figura 9.11 ECG no bloqueio do ramo esquerdo do 1• grau. Notar em Vl: r-5, e em V6: ausência da onda Q, R
(R pouco espessado). A duração do QRS é de 60ms
Bloqueio do Rdmo [squerdo - BRf

principais são: cardiopatia hipertensiva (em BLOQUEIO DO RAMO ESQUERDO COM


39% dos hipertensos), ca rdiopatia isquêmica ACENTUADO DESVIO DO EIXO ELÉTRICO
crônica e aguda, sendo que, nesta, o BRE pio-
São os eletrocardiogramas de BRE de 3° grau
ra o prognóstico, hipertrofia do VE, estenose
em que o eixo elétrico do QRS está co m acen-
valvular aórtica, degeneração aterosclerótica
tuado desvio para a esquerda além de -60° ou
do ramo esquerdo (em 1 a 2,5% dos idosos
acentuado desvio para a direita além de +90°,
sem doença cardíaca estrut ural), miocardites e geralmente associado ao alargamento do
e miocardiopatias hipertrófica e dilatada. Não QRS maior que 120ms, deformando seu aspec-
é frequente a ocorrência do BRE em indivíduos to. Os demais critérios de BRE estão presentes.
com menos de 65 anos sem doença ca rdíaca Esses desvios acentuados podem ser atribuídos
(Figuras 9.12 a 9.16). à associação de BRE a bloqueios fasciculares.

Figura 9.12 ECG no bloqueiO do ramo esquerdo do 3• grau


70 Hetrocard10grama Orien tado para oWn1co

Vs

Figura 9 .1 3 ECG no bloqueio do ramo esquerdo do 3• g rau

Figura 9 .14 ECG no bloqueio


do ramo esquerdo do 2° grau

aVR aVL aVF


Bloqueio do Ramo fsquerdo - 8Rf 71

Figura 9.15 ECG no bloqueio do ramo esquerdo do 3• grau


72 Hetrocardiograma Orientado para o Clínico

Figura 9 .16 Bloqueio do ramo esquerdo intermitente. Notar a alternância de QRS estreitos (BRE do 1° grau) e
largos (BRE do 30 grau). As intermitências estão relacionadas com bloqueios da fase 3 do potencial de ação, depen-
dentes da frequência cardíaca. Não implica mau prognóstico

BRE com QRS muito alargado maior que OCLiNICO DIANTE DO BLOQUEIO DO RAMO
150ms pode levar à dissincronia da contração ESQUERDO
dos ventrículos pelo significativo atraso do iní-
• OBRE relaciona-se com diversas cardiopatias:
cio da ativação do ventrículo esquerdo com
hipertrofia do ventrículo esquerdo, estenose
relação ao direito, agravando ainda mais o valvu lar aórtica, miocardiopatias diversas,
funcionamento cardíaco. miocardites, cardiopatia isquêmica e altera-
Em tais casos, observam-se complexos ções degenerativas das vias de condução.
QRS "bi partidos" ou fraturados, mais bem • É raro BRE mesmo incom pleto em indiví-
identificados nas derivações D2-D3 e aVF. O duos sem doença cardíaca.
• BRE agudo associado à síndrome corona-
QRS é iniciado por onda R larga - ativação
riana aguda - ang ina instável ou infarto
do VD seguida por onda S muito larga - ati-
do miocárdio é critério de mau prognós-
vação do VE, quase separadas entre si (Figura tico, geralmente indicando infartos mais
9.17). extensos e com evolução para arritmias
A importância dessas alterações está na cardíacas ou insuficiência cardíaca.
correlação com cardiopatia de base mais • BRE sabidamente "novo" ou presumivel-
grave, como no infarto do miocárdio exten- mente novo durante episódio de dor (an-
so, nas miocardiopatias dilatadas de várias gina de peito) tem a mesma implicação
clínica e procedimentos terapêuticos que
etiologias e outras cardiopatias, e fun ção
no infarto do miocárdio com supradesní-
cardíaca gravemente comprometida com
vel do segmento ST.
fração de ejeção do VE reduzida, em geral • BRE com QRS muito largo maior que 150ms
menor que 35%, denotando um pior prog- pode levar à dissincronia ventricu lar, agra-
nóstico evolutivo. vando a disfunção cardíaca.
Bloqueio do Ramo fsguerdo- BRf 73

25,0 mm/s 5,0 mm/mv

Figura 9.17 ECG no bloqueio do ramo esquerdo do 3• grau. Notar o complexo QRS largo em 180ms e "partido"
em D2-D3-aVF. Paciente com miocardiopatia d ilatada e comprometimento grave da função cardíaca. Há dissincro-
nia intraventricular de 80ms. medido pelo Doppler tecidual
·(_y
Bloqueios fasciculares ou
Oiuisionais
Gerson P. Goldwasser

INTRODUÇÃO despolariza as regiões ântero-lateral do VE


e anterior do septo interventricular.
O sistema específico de condução do estímulo 2. Fascículo póstero-inferior: conduz o
cardíaco que conecta o nódulo atrioventricu- estímulo para o músculo papilar posterior
lar aos ventrículos é mais complexo que odes- e despola riza as regiões inferior do VE e
crito anteriormente. posterior do septo interventricular.
O ramo direito localiza-se no bordo direito 3. Fascículo médio-septal : conduz o es-
do septo interventricular, é longo e mantém- tímulo para a região septal média do VE,
se único até alcançar a região terminal, quan- despolarizando-a.
do então se ramifica em três sub-ramos ou
Os fascículos têm entre si mú ltiplas cone-
fascículos :
xões até formarem o sistema de Purkinje, e
1. Fascículo ântero-superior: conduz o
são despolarizados, em cada lado, simulta-
estímulo para a parede anterior e superior
neamente.
do VD.
O bloqueio seletivo de qualquer desses
2. Fascículo médio: conduz o estímulo
sub-ramos determina os bloqueios fascicu-
para a região inferior do septo interventri-
lares ou divisionais. O termo hemibloqueio,
cular.
consagrado por Rosenbaum e cols., permane-
3. Fascículo póstero-inferior: conduz o
ce ai nda em uso, e define o bloqueio seletivo
estímulo para a parede inferior e posterior
do sub-ramo ântero-superior ou póstero-infe-
do VD.
rior, do ramo esquerdo do feixe de His.
O ramo esquerdo localiza-se no bordo es-
querdo do septo interventricular, bifurca-se a HEMIBLOQUEIO ÂNTERO-SUPERIOR
curta distância da sua origem, em três sub- (OU ANTERIOR) ESQUERDO - HBAE
ramos ou fascículos:
1. Fascículo ântero-superior: conduz o Define o distúrbio de condução do estímulo
estímulo para o músculo papilar anterior e pelo sub-ramo ântero-superior. O impulso
76 Hetrocardiograma Orientado para o Clinico

propaga-se pelo sub-ramo íntegro, o póstero- Critérios acessórios que complementam o


inferior, ativando inicialmente a região infe- diagnóstico
rior do VE, originando o vetor 1 do HBAE . A
• Presença de onda O em D1 e (às vezes) em
seguir, o estímulo progride através das rami-
aVL.
ficações de Purkinje, alcançando sem atraso
• Presença de onda R (mesmo que seja pe-
significativo a região ântero-superior do VE,
quena) em D2-D3-aVF, most rando o pa-
originando o vetor 2 no HBAE.
• VETOR 1 : orienta-se para a direita, para drão R-S .

baixo e um pouco para trás. • Presença de onda S, algo profunda, em


• VETOR 2 : orienta-se para a esquerda, para VS-V6.
cima e para trás. Éo vetor mais importante • Padrão R-S de V4 a V6.
nesse hemibloqueio, de grande magnitu- • Repolarização ventricular normal. na au-
de, determinando o desvio da alça vetorial sência de outra alteração.
e do eixo elétrico do ORS (SâORS) para a
esquerda e para cima (Figura 10.1). Considerações
• Para SâORS entre -60° e -90°, o HBAE está
Três critérios são essenciais ao
certamente presente; para SâORS entre
diagnóstico de HBAE (Figura 10.2)
-30° e -60°, o HBAE está provavelmente
• Desvio acentuado do eixo elétrico do ORS presente. O ponto limite para o diagnóstico
(SâORS) para a esquerda, próximo de situa-se, segundo alguns autores, em -45°.
- 60°. • Padrão 0153 no HBAE traduz a ativação
• Padrão 0153. anômala do VE, que se inicia na região in-
• Duração normal do ORS. ferior e termina na região ântero-superior.

aVL~

avF~

Figura 10.1 Vetores cardfacos no hemibloqueio anterior esquerdo - HBAE


Bloqueios fasc iculares ou Oiuisionais 77

Figura 10.2 Hemibloqueio anterior esquerdo- HBAE

• Apesar de haver algu m retardo na ativa- • Foram descritos por Rosenbaum e cols.
ção da região ântero-superior do VE, a quatro tipos de HBAE (Figura 10.3):
presença de intensa rede anastomótica 1. Tipo 1: é a forma clássica ou standard
de Purkinje faz com que a duração total padrão, cujas alterações eletrocar-
do QRS não ultrapasse o limite máximo diográf icas acabamos de relacionar.
normal. Correlaciona-se com frequência com

Tipo 11

Tipo IV

Figura 10.3 Quatro tipos de hemibloqueio anterior esquerdo - HBAE


Hetrocardiograma Orientado para oClínico

cardiopatia aterosclerótica, isquêmica, eletrocardiográficas básicas do HBAE


hipertensiva e chagásica; todavia, tam- estão presentes, modificadas em: di-
bém pode ser observado em ind ivíduos minuição da amplitude do ORS, baixa
sem card iopatia. voltagem, nas derivações periféricas e
2. Tipo 11: encontrado nos pacientes onda P de amplitude aumentada e pon-
obesos ou naqueles com coração em tiaguda em D2-D3 e negativa em aVL,
posição horizontal. As alterações ele- com característica da P pu/mona/e.
trocard iográficas básicas do HBAE 4. Tipo IV: encontrado nos pacientes
estão presentes, modificadas em: de- com hipertrofia do VE . As alterações
saparecimento da onda O em D1 e eletrocardiográficas básicas do HBAE
diminuição da amplitude do ORS nas estão presentes, modificadas em: di-
derivações periféricas. Não se observa minuiçã o ou desaparecimento da onda
o padrão 0153. O em D1, aumento da amplitude da
3. Tipo 111: encontrado nos pacientes onda S em D3 para mais de 15mm e
enfisematosos ou naqueles com cora- retificação ou negativação da onda T
ção em posição vertical. As alterações em D1-VS-V6 (Figuras 10.4 a 1 0.8).

Figura 10.4 ECG no hemiblo-


queio anterior esquerdo, tipo I.
Notar as características pri ncipais:
desvio do SâQRS para a esquerda,
em -60°, padrão 01-53 e duração
normal do QRS em 80ms

Figura 10.5 ECG no hemiblo-


queio anterior esquerdo. Notar
o desvio do SâQRS para - 60°,
padrão Q1 -S3 e QRS com dura-
ção de 60ms. Em 02-03-aVF a
morfologia r-S e em V6, onda S
profunda
Bloqueios fasmulares ou OIUISionals

Figura 10.6 ECG no hemibloqueio anterior esquerdo, tipo 111. Notar o desvio do SâQRS para -45•, QRS de peque-
na amplitude. Paciente portador de enfisema pulmonar

Figura 10.7 ECG no hemibloqueio anterior esquerdo, tipo 11. Notar o SâQRS em -45°
80 flet rocardiograma Orientado para oClinico

HBPE . A seguir, o est ímulo progride através


das ramificações de Purkinje, alcançando sem
atraso sig nificativo a região inferior do VE , ori-
ginando o vetor 2 no HBPE.
• VETOR 1: orienta-se para a esquerda e
para cima .
• VETOR 2 : orienta-se para a direita, para
baixo e para trás. É o vetor mais importan-
te nesse hemibloqueio. de grande magni-
tude, determinando o desvio da alça veto-
rial e do eixo elétrico do QRS (SâQRS) para
a direita e para baixo (Figura 10.9).

Três critérios são essenciais ao


diagnóstico de HBPE (Figura 10.10)
• Desvio acentuado do eixo elétrico do QRS
(SâQRS) para a direita, além de + 120°.
• Padrão S1Q3.
• Duração normal do QRS.

Critérios acessórios que complementam o


diagnóstico
Figura 10.8 ECG no hemibloqueio anterior esquer-
do, t ipo IV. Notar o SãQRS em - 55° e onda S em 03 • Presença de onda R ampla e S pequena em
> 15mm. Paciente com hipertensão arterial e cresci- V5-V6.
mento do ventrículo esquerdo
• Padrão Q-R ou q-R em D2-D3-aVF.
• Repolarização ventricular normal, na au-
Hemibloqueio anterior esquerdo isolado. sência de outra alteração.
na ausência de doença cardíaca orgân ica, é
usualmente benigno. Não aumenta a mortali-
Considerações
dade e raramente (menos de 3%) evoluiu para
bloqueios de condução mais graves. Pode ser • Nos desvios do SâQRS para o quadrante
de origem degenerativa, conseq uente à idade. inferior direito, além de + 120°, o HBPE
está certamente presente.
• Padrão 5103 no HBPE traduz a ativação
HEMIBLOQUEIO PÓSTERO-INFERIOR
anômala do VE, que se inicia na região
(OU POSTERIOR) ESQUERDO - HBPE
ântero- lateral e termina na região inferior.
Define o distúrbio de condução do estímulo • Apesar de haver algum reta rd o na ativa-
pelo sub-ramo póstero-inferior. O impulso ção da região inferior do VE. a presença
propaga-se pelo sub-ramo íntegro, o ânte- de intensa rede anastomótica de Purkinje
ro-superior. ativando inicialmente a região faz com que a duração total do QRS não
ântero-lateral do VE, orig inando o vetor 1 do ultrapasse o limite máximo normal.
Blogue10s fasc1 cularesou OIUISionals 81

aVF~
Figura 10.9 Vetores cardíacos no hem1bloqueio póstero-infenor esquerdo - HBPE

Figura 10.1O Hem1bloqueio póstero-infenor esquerdo - HBPE

• O HBPE é de rara ocorrência e de difícil BlOQUEIO 00 SUB-RAMO MEDIANO SEPTAL


diagnóstico eletrocardiográfico. São ne-
cessárias informações complementares cli- Define o distúrbio de condução do estímu-
nicoecocardiográficas, que denotem pato- lo pelo sub-ramo ântero-medial esquerdo. O
logia cardíaca . bloqueio desse fascfculo acarreta o atraso de
• Devem-se inicialmente excluir outras cau- condução do estímulo na região septal ante-
sas de desvio do SâQRS para a direita, tais rior do VE. É de difícil diagnóstico eletrocar-
como hipertrofia do VD, cor pu/mona/e diográfico, pois as alterações observadas são
agudo ou crônico, posição cardíaca verti - inespecíficas, caracterizando-se pelo aumento
cal e infarto do miocárdio da parede ân- da amplitude da onda R em V1-V2-V3 que de-
tero-lat eral. O HBPE correlaciona-se com
cresce progressivamente· até V6. Pode ser ob-
frequência com cardiopatia isquêmica,
servada, por vezes, a presença de onda Q em
aterosclerótica e chagásica.
V1-V2-V3 (simula onda Q de necrose) . Não
• Est e fascículo é o menos vulnerável e o seu
ocorrem modificações nas derivações perifé-
comprometimento infere na possibilidade
de alterações em outros segmentos no sis- ricas. A repolarização ventricular está normal,
tema de condução atrioventricular. porém torna-se negativa quando esse blo-
82 Hetrocard iograma Orientado para oWnico

queio é devido à isquemia miocárdica. Para o Éa alteração eletrocard iográfica que mais fre-
diagnóstico, é necessária a complementação quentemente representa a cardiopatia chagá -
com informações vetocardiográficas. sica (em 40%) (Figuras 10.13 a 10.16).

BLOQUEIOS BIFASCICULARES Bloqueio do ramo direito e hemibloqueio


posterior esquerdo - BRD + HBPE
Bloqueio do ramo direito e hemibloqueio
Define o distúrbio de condução do estímulo,
anterior esquerdo - BRD + HBAE
simultâneo no ramo direito com o fascículo
Define o distúrbio de conduçã o do estímulo, póstero-inferior esquerdo. Ocorre com menos
simultâneo no ramo direito com o fascículo frequência e é de difícil identificação eletro-
ântero-superior esquerdo. É a mais frequente cardiográfica (Figura 10.17):
associação de bloqueios bifasciculares (Figura
10.1 1). Critérios diagnósticos (Figura 10.18)

Critérios diagnósticos (Figura 10.12) • Morfologia de BRD (em geral do 311 grau):
em V1 -V2: R-5-R', R' larga ou em meseta
• Morfologia de BRD (em geral do 312 grau) :
e onda T negativa; em V5-V6: onda 5 pro-
em V1-V2: R-5-R' , R' larga ou em meseta
funda e onda T positiva .
e onda T negativa; em V5-V6: onda 5 pro- • Associado ao desvio do eixo elétrico do
funda e onda T positiva . QRS para a direita, próximo de + 120°.
• Associado ao desvio do eixo elétrico do • Geralmente se observa o prolongamento
QR5 para a esquerda, próximo de -60°. do intervalo PR, maior que 200ms.

As causas de BRD + HBAE são as cardio- As causas de BRD + HBPE são, em geral,
patias aterosclerótica (degeneração do siste- as mesmas que determinam o BRD + HBAE,
ma de condução), isquêmica e hipertensiva . descritas anteriormente.

Figura 10.11 Vetores cardíacos no blo-


queio bifascicular: bloqueio do ramo di-
reito + hem ibloqueio anterior esquerdo
- BRD + HBAE
Bloqueios fasciculares ou Diuis1ona1s 83

~ 4(, ~3 -1:: + 1:,


~+T ~++
Figura 10.12 Bloqueio bifascicular: BRD + HBAE

Figura 10.13 ECG no bloqueio


bifascicula r: BRD + HBAE. Notar
as características de BRD em Vl
e V6, associadas ao desvio do
SãQRS para a esquerda em - 60•

Figura 10.14 ECG no


bloqueio bifascicular: BRD
+ HBAE. Notar a morfolo-
gia de BRD em Vl e V6.
associada ao desvio do
SãQRS para a esquerda
em -60•
84 Hetrocard1ograma Or ientado para oClln1co

~ -~ -.Jt,
._. -4WiZl
~- -A.l- -AJ.

~ ....,.
"Y ~ . .y "V

t ,_
t-· t t ,..
~
'
Figura 10 . 15 ECG no bloqueio bifascicular: BRD+ HBAE. Notar V1·V2 , R-5-R' (R' larga) com onda T negativa, e
SâQRS em -45° definindo o HBAE associado
8loque1os fasmulms ou Dw1s1onm 85

Figura 10. 16 ECG no bloqueio bifascicular: BRD, HBAE . Notar a morfologia de BRD em V1 e V6, associada ao
desvio do SâQRS para a esquerd a em -60°. Observa-se o infarto do miocárdio da parede ântero-septal (detalhado
no Capítulo 14) como o fator etiológico desse distúrbio de conduçao

o,
aVL ~

aVF +

Figura 10.17 Vetores cardíacos no bloqueio bifascicular: bloqueio do ramo direito + hemibloqueio posterior
esquerdo- BRD + HBPE
86 Hetrocardtograma Orientado para o Wnico

~~+,r+ aVF

++Y-t-++
Figura 10.18 Bloqueio bifascicular: BRD + HBPE

Bloqueio do ramo esquerdo e hemibloqueio Critérios diagnósticos (Figura 10.22)


anterior esquerdo - BRE + HBAE
• Morfologia de BRD (em geral do 3° grau):
Define o distú rbio de condução do estímulo, em V1-V2: R-S-R', R' larga ou em meseta
simultâneo pelo ramo esquerdo (bloqueio e onda T negativa; em VS-V6: onda S pro-
parcial) com o fascículo ântero-superior es- funda e onda T posit iva.
querdo (Figura 10.19). • Associado ao desvio do eixo elétrico do
QRS para a esquerda, próximo de - 60°.
Critérios diagnósticos (Figura 10.20) • Associado ao aumento do intervalo PR,
maior que 200ms.
• Morfologia de BRE (em geral do 2° grau) :
Ou
em V1-V2 : Q-S larga e onda T positiva; em
• Morfologia de BRD (em geral do 311 grau)
VS-V6: onda R larga ou em meseta e onda
associado a bloqueios intermitentes pelos
T negativa.
fascículos anterior e posterior.
• Associado ao desvio do eixo elétrico do
QRS para a esquerda, próximo de - 60°. Bloqueio trifascicular está associado a car-
diopatia isquêmica, aterosclerót ica, m iocar-
As causas de BRE + HBAE são, em geral,
as mesmas que determinam os demais blo- diopatias (cardiopatia chagásica) e a doença
queios bifasculares, já descritas. degenerativa do sistema de condução (Figura
10.23) . Merece especial atenção em razão da
real possibilidade de evolução para bloqueio
BLOQUEIO TRIFASCICULAR atrioventricular t otal.

Bloqueio do ramo direito, hemibloqueio


anterior esquerdo e hemibloqueio Bloqueio fascicular ântero-superior do
posterior esquerdo - BRD + HBAE + HBPE ramo direito

Define o distúrbio de condução do estímulo, O ECG apresenta-se com padrão S1-52 -53
simultâneo e parcial, no ramo direito com os com 5 D2 >5 D1 e D3, e nas precordia is o
fascícu los ântero-superior e póstero-inferior padrão normal. Eixo do QR5 entre - 30° e
esquerdos (Figura 10.21 ). - 60°.
BloQueios fasmulares ou Owlslonm 87

Figura 10.19 Vetores cardíacos no bloqueio bifascicular: bloqueio do ramo esquerdo + hem i bloqueio anterior
esquerdo- BRE + HBAE

Figura 10.20 Bloqueio bifascicular: BRE + HBAE

Bloqueio fascicular póstero-inferior do Nos bloqueios fasciculares do ramo direi-


to, o diagnóstico necessita de complementa-
ramo direito
ção com informações vetocard iográficas. Esses
O ECG apresenta-se com padrão S1Q3 com R bloqueios podem ser observados em indivíduos
D2 >R D3, e nas precordiais o padrão normal. longilíneos sem doença cardíaca ou naqueles
com DPOC ou síndrome coronariana aguda.
Eixo do QRS entre +90° e+ 150°.
88 Hetrocardiograma Orientado para o Clinico

OCLINICO DIANTE DOS BLOQUEIOS • Bloqueio do fascículo póstero-inferior {BFPI)


FASCICULARES {HBPE) é a alteração eletrocardiográfica
menos comum em relação à BFAS. Geral-
• Bloqueio do fascículo ântero-superior (BFAS) mente relaciona-se com o BRD, isquemia
{HBAE) é alteração relativamente comum miocárdica, miocardiopatias e doenças de-
encontrada em 1,9% a 5% dos ECG; pode generativas do sistema de condução.
ser observado em parcela significativa de • Bloqueio bifascicular ou trifascicular rela-
indivíduos sem doença estrutural cardía- cionam-se mais comumente com isque-
ca documentada; no entanto, pode ser mia miocárdica {4 1% a 61 %), agravando
devido a hipertensão arterial {causa mais a evolução e piorando o prognóstico da
frequente), isquemia miocárdica, doenças doença isquêmica, alterações degenera-
degenerativas do sistema de condução, tivas do sistema de condução e miocar-
valvulopatia aórtica, más formações con- diopatias diversas {doença de Chagas).
gênitas tipo comunicação interatrial e de- Estes bloqueios podem evoluir para blo-
feito do coxim endocárdico e na miocardio- queio atrioventricular total, 11% dos bi-
patia do diabetes melito. Raramente evolui fasciculares e 50% dos trifasciculares, em
para bloqueios cardíacos mais graves. 5 anos.

Figura 10.21 Vetores cardlacos no bloqueio trifascicular: bloqueio do ramo direito+ hemibloqueio anteriores-
querdo + hemibloqueio posterior esquerdo- BRD + HBAE + HBPE
Bloque1os fasmulms ou Ow1s1ona1s

~T.1t~+r
+-'fr4V~++
v1 v2 v3 v4 v5 v6
Figura 10. 22 Bloqueio trifascicular: BRD + HBAE + HBPE

Figura 10.23 ECG no bloqueio trifascicular: BRD + HBAE + HBPE. Notar a morfologia de BRD em V1 e V6, o desvio
do SâQRS para -60• e o prolongamento do intervalo PR de 240ms
CAPÍTULO 11

Crescimentos Rtriais
Gerson P. Goldwasser

INTRODUÇÃO

Na configuração da onda P. a inscrição do


ramo inicial ascendente deve-se à despolariza-
ção isolada do átrio direito, a primeira câmara
atrial a se ativar, o ramo intermediário ou o
ápice da onda, à despola rização simultânea
dos dois átrios (terminal do AD e inicial do
AE) e o ramo final descendente corresponde à
ativação isolada e terminal do átrio esquerdo.
Assim, os crescimentos das câmaras atriais Figura 11 .1 Vetores atriais no crescimento atrial es-
traduzir-se-ão por modif icações nos ramos querdo - CAE

correspondentes da onda P.

Critérios diagnósticos (Figura 11.2)


CRESCIMENTO ATRIAL ESQUERDO- CAE • Onda P de duração aumentada, maior que
120ms.
O crescimento atrial esquerdo produz alte-
• Onda P com entalhe, de configuração bi-
rações no ápice e no ramo descendente da
modal ou bffida e com os ápices separa-
onda P, aumentando sua duração e modifi- dos de 40ms, ou mais. O primeiro ápice
cando sua configuração, tornando-a larga e corresponde à ativação do átrio direito e
bífida. Mantém-se com amplitude normal. o segundo, ao átrio esquerdo au mentado.
O incremento da força vetorial decorrente Esta morfologia denominada de P mitra/e
do átrio esquerdo aumentado desvia o eixo mostrou-se não exclusiva das lesões mi-
elétrico da onda P (SâP) mais para a esquerda trais e é mais facilmente identificada nas
e para trás (Figura 11.1 ). derivações D1 -D2-aVL-V4 a V6.
Hetrowdiograma Onentado para oClfmo

indices utilizados no diagnóstico

• Índice de Macruz: relaciona a duração


da onda P e do segmento PR. É positivo
quando o resultado é maior que 1,7 espe-

~ ., cialmente na derivação 02, em razão do


aumento da duração da onda P e da dimi-
nuição do segmento PR (Figura 11 .3A)

I M = duração da onda P I duração


do segmento PR > 1, 7

• Índice de Morris: corresponde ao au-


mento da fase negativa da onda P em V1,
expressa pelo aumento de sua área, maior
que 0,03mm/s ou pela duração igual
ou maior que 40mm/s (Figuras 11.38 e
Figura 11.2 Crescimento atrial esquerdo. a1 = onda 11.4).
P normal; a2 a a4 = ondas P no CAE

Significado clínico

• Em V1-V2: onda P com predomínio da As principais causas de crescimento atrial es-


fase negativa, normalmente de pequena querd o são: ca rd iopatia hipertensiva em que
amplitude, sobre a positiva. o CAE é o sinal mais precoce, cardiopatia reu-
• Desvio do eixo elétrico da onda P (SâP) mática crônica com lesão mitral ou aórtica e
para a esquerda, entre + 30° e - 30°, em miocardiopatias, em especial a chagásica (Fi-
geral, próximo de 0°. guras 11.5 e 11.6)

02 v1

1/
I
''
"v
I ~ , r
I

~
v
Onda _ Seg
p PA
A B

Figura 11 .3A e B Índices de crescimento atrial esquerdo . (A} Índice de Macruz. (B) Índice de Morris
CresCimentos RtridiS

aVR aVL aVF

~~~

Figura 11 .4 ECG no crescimen-


to atrial esquerdo. Notar a onda
P bífida, com intervalo de 40ms
entre os dois ápices; e em V1, a
fase negativa está pronunciada,
com índice de Morris presente

Figura 11.5 ECG no crescimen-


to atrial esquerdo. Notar a onda
P bífida com intervalo de 40ms
entre os dois ápices da onda P.
Paciente com hipertensão arterial
[letrocardiograma Orientado para oWnico

Figura 11.6 ECG no crescimento atrial esquerdo e ventricular esquerdo (ver detalhes no Capítulo 12.) Notar a
onda P larga em 120ms em D2-aVF e V1 . Índice d e Morris presente

CRESCIMENTO ATRIAL DIREITO- CAD


O crescimento atrial direito produz alterações
no ramo ascendente e no ápice da onda P,
modificando sua configuração, tornando-a
ampla e pontiaguda. Mantém-se com dura-
ção normal.
O incremento da fo rça vetorial decorrente
do átrio direito aumentado desvia o eixo elé-
trico da onda P (SâP) mais para a direita, para
baixo e para a f rente (Figura 11.7).

Critérios diagnósticos (Figura 11 .8)

• Onda P de amplitude aumentada, maior Figura 11.7 Vetores atriais no crescimento atrial di-
que 2, 5mm e de duração normal. reito- CAD
Crescimentos Atriais

Figura 11.9 Sinal indireto de crescimento atrial direi-


to: mudança súbita da amplitude do QRS de Vl a V2

c
I M = duração da onda P I duração
do segmento PR < 1
Figura 11.8A a C Crescimento atrial direito. (A) Onda P
normal. (B) Onda P congenitale. (C) Onda P pu/mona/e • Em V1-V2 : onda P maior que 1,5mm
tem-se associado ao CAD

• Onda P de forma pontiaguda ou apiculada. Existem alterações na onda P que se cor-


Essas modificações são mais facilmente rel acionam melhor com determinadas cardio-
identificadas nas derivações D2-D3-aVF- patias. Assim, é útil o conceito de:
V1 aV4. • Onda P pu/mona/e : corresponde ao
• Desvio do eixo elétrico da onda P (SâP) átrio direito aumentado secundário a
para a direita, entre + 60° e + 90°, em ge- doenças pulmonares, tais como cor pul-
ral próximo a + 90°. monale crônico e enfisema pulmonar. Os
• Um sinal indireto do CAD relacionado com critérios diagnósticos da onda P pu/mona-
as grandes dilatações é a mudança súbita /e são os mesmos descritos para o CAD,
da amplitude e da morfologia do QRS de incluindo o desvio do eixo elétrico da onda
V 1 com relação a V2. Em V1 observa-se P (SâP) para a direita, próximo de + 90°.
o complexo QRS de pequena amplitude e Nesta circunstância, a onda P em D3 é
de morfologia tipo q-r, Q-r, q-r-s, ou r-s-r', maior que em D1 .
em contraste com complexos QRS de am- • Onda P congenitale: corresponde ao
plitude normal ou aumentada em V2 (r-5). átrio direito aumentado secundário a
Isto se deve à anteriorização do AD muito certas cardiopatias congênitas, tais como
aumentado, situação que ocasiona o re- estenose da válvula pulmonar ou tricús-
gistro de potencial intracavitário do átrio pide e tetralogia de Fa llot. Os critérios
direito, na derivação V1 (Figura 11.9) . diagnósticos da onda P congenitale são os
mesmos descritos para o CAD, diferindo
apenas pela posição do eixo elétrico da
Índices utilizados no diagnóstico
onda P (SâP), que não se desvia para a di-
• Índice de Macruz: é positivo quando o reita, situando-se em geral, entre + 30° e
resultado é menor que 1, especialmente 0°. Nesta circunstância, a onda P em D1 é
na derivação D2. maior que em D3 (Figura 11 .10).
Hetrocard1ogr ama Onentado para oClínico

Figura 11 .1O ECG no crescimento atrial direito. Notar a onda P pontiaguda de amplitude aumentada e de aspecto
congenitale
Crescimentos Rtriais gg

CRESCIMENTO BIATRIAL lesões orovalvulares múlt iplas, como a dupla


lesão mitral, lesões mitrotricúspides ou na es-
O diagnóstico de cresciment o biatrial é possí- tenose mitral com hipertensão pulmonar.
vel peta associação dos elementos que identi-
ficam o crescimento do átrio esquerdo com os
do átrio direito, no mesmo t raçado.
OCLÍNICO DIANTE DO CRESCIMENTO
Como exemplo, pode-se encont rar onda
ATRIAL
P de amplitude aumentada e pont iaguda em • Ondas P amplas com característica da P
V1-V2-V3 correspondendo ao CAD e la rga e pu/mona/e também podem ser observa-
bífida em V4-VS-V6 correspondendo ao CAE. das em indivíduos longitíneos sem doença
O eixo elétrico da onda P (SâP) habitualmente atrial orgânica.
se encontra nos limites normais, podendo, no • Grandes aumentos atriais, isolados ou
entanto, apresentar desvios para a direita ou associados predispõem os pacientes à fi-
para a esquerda, na dependência de uma câ- brilação atrial e à formação secundária de
mara se encontrar mais crescida que a outra trombas nessas câmaras, com possibilida-
(Figura 11.11). de de desencadear episódios tromboem-
O crescimento biatrial deve-se principal- bólicos sistêmicos (no CAE) ou pulmona-
mente à cardiopatia reumática crônica com res (no CAD) (Figuras 11 .12 a 11.1 5).

Figu ra 11 .11 Crescimento biatrial

Figura 11 .12 Aumento atrial esquerdo de-


vido à dupla lesão mitral. Corte apical. AE =
Átrio esquerdo; AD = átrio direito; VE = ven-
trículo esquerdo; VD = ventrículo direito
100 Hetrocardiograma Orientado para o Clinico

Figura 11 .13 Grande aumento do átrio esq uerdo causado por dupla lesão
mitral. Corte a picai. AE = Átrio esquerdo; AD = átrio d ireito; VE = ventrícu-
lo esquerdo; VD = ventrículo direito

Figura 11.14 Aumento das cavidades di rei-


tas secundário à hipertensão pulmonar. (VD =
Ventrfculo direito; AD = átrio direito)

Figura 11.15 Aumento biatrial decorrente de comunicação intera-


trial (CIA) e comunicação interventricular (CIV). Cardiopatia congênita.
Corte apicai
CAPfTULO 12

Crescimentos Uentriculares
Gerson P. Goldwasser

CRESCIMENTO VENTRICULAR • VETOR 3 : difere do vetor 3 normal. Tem


ESQUERDO - CVE maior magnitude, devido ao aumento da
massa ventricular esquerd a.
Em condições normais, na configuração do • VETOR 4 : semelhante ao vetor 4 normal.
complexo QRS analisado a partir dos quatro
No CVE, a alça vetorial dirige-se mais para
vetores cardíacos, observa-se a nítida influên-
a esquerda e para trás, determinando o des-
cia do vetor 3E, em razão do predomínio das
vio do eixo elétrico do QRS (SâQRS) para a
forças vetoriais do ventrículo esquerdo sobre
esquerda; o tempo da deflexão intrinsecoide
as do ventrículo direito. aumenta, em razão do tempo necessário para
No crescimento ventricular esquerdo, esse a ativação da massa muscular aumentada.
predomínio vetorial se torna substancialmen-
te mais acentuado e, em consequência, tem-
Critérios diagnósticos (Figura 12.2)
se o aumento de amplitude das deflexões de-
terminadas pelo vetor 3E, que são a onda S de • Em V1-V2: morfologia r-Sou Q-S com au-
V1 -V2 e a onda R de V5-V6. mento da amplitude da onda S.
A ativação dos ventrículos no crescimento • Em V5-V6: morfologia q-R ou R com au-
ventricular esquerdo faz-se de modo seme- mento da amplitude da onda R.
lhante à ativação normal, portanto os quatro
vetores cardíacos são similares em ambas si- Critérios acessórios que complementam o
tuações. diagnóstico

• Em D1 e/ou aVL: morfologia semelhante a


Vetores cardíacos no CVE V5-V6.

(Figura 12.1) • Em D3 e/ou aVR: morfologia semelhante a


V1-V2 .
• VETOR 1 : semelhante ao vetor 1 normal. • Desvio do eixo elétrico do QRS (SâQRS) para
• VETOR 2 : semelhante ao vetor 2 normal. esquerda, entre +30° e - 30°, próximo de 0°.
102 Hetrocardiograma Orientado para oClinico

A B

Figura 12. 1A e 8 Vetores card íacos no crescimento ventricula r esquerdo - CVE. (A ) Vetores cardíacos. (8 ) Alça
vetorial

Figura 12.2 Crescimento ventricular esquerdo

• Tempo da deflexão intrinsecoide aumenta- amplitudes da onda S de V1 ou V2 com


do em V5- V6, maior que 45ms. a onda R de V5 ou V6. É posit ivo quando
• Sinal indireto de CVE é a presença de cres- o resultado for igual ou superior a 35mm
cimento do AE . (sensibilidade de 45% e especificidade de
95%).
Índices utilizados no diagnóstico

• Índice de Sokolow-Lyon: calculado I S L = onda S de V1 ou V2 + onda


pela soma, em milímetros, das maiores R de V5 ou V6 = ou >35mm .
Crescimentos Uentmulms 1o3

• Índice de Lewis: calculado pela fór- • Vale 1 ponto cada critério:


mu la: [(R1 + 53) - (R3 +5 1)]. É positivo - Aumento da duração do QRS aci-
quando o resultado for igual ou superior a ma de 100ms.
+1 7mm. - Tempo da deflexão intrinsecoide
• R1 e R3 = ondas R medidas em mm, aumentado em V5-V6 igual ou
em D1 e D3 . maior que SOms.
• 51 e 53 = ondas S medidas em mm, • Considera-se:
em Dl e D3. - CVE provável , quando a soma al-
• Amplitude da onda S em Vl, superior a cança 4 pontos.
24mm . - CVE definido, quando a soma al-
• A soma das ondas Rl + 53, superior a cança 5 pontos.
35mm . Em presença de BRE, utilizam-se os se-
• Critérios de Hutchins: guintes índices para o diagnóstico de HVE:
• Soma da onda S em V1 + onda R em • R (aVL) > 11 mm.
V5 ou V6, superior a35mm . • S (V l ) + R (V6) >40mm .
• Crescimento do AE. • S (V2) >30mm ou S (V3) >25mm.
• Aumento da deflexão intrinsecoide
Em presença de HBAE, utilizam-se os se-
maior que 50ms em V5 ou V6.
guintes índices para o diagnóstico de HVE:
• Critério de Cornell: soma da onda S
• R (aVL) > 13mm.
em V3 + onda R em aVL superior a 28mm
• S (Vl) + R (V6) >25mm.
para homens e 20mm para mulheres.
• S (D3) > 15mm.
• Crit érios de Romhilt e Est es: devido
à baixa sensibilidade e especificidade dos
índices supracitados quando empregados Miocardiopatia hipertrófica
isoladamente, utiliza-se preferencialmente
Miocardiopatia hipertrófica (ou cardiomiopa-
o sistema de contagem de pontos desen-
tia hipertrófica) corresponde a um amplo es-
volvido por Romhilt e Estes, que melhor se
pectro de hipertrofias do ventrículo esquerdo
correlacionam com o CVE (sensibilidade
sem estar associado à dilatação e sem apre-
de 60% e especificidade de 95%).
sentar causa cardíaca ou clínica evidente que
• Vale 3 pontos cada critério: justifique tal hipertrofia (hipertrofia inapro-
- Amplitude da onda S em V1 ou V2 priada). Cardiopatia de natureza hereditária,
ou da onda R em V5 ou V6, igual autossômica dominante, que determina mu-
ou maior que 30mm. tações nas proteínas do sarcômero.
- Crescimento do AE, estabelecido Desarranjo celular, fibrose celular, obstru-
pelo índice de Morris. ção da via de saída do VE e doença da mi-
- Alteração do segmento ST e da crocirculação podem desencadear alterações
onda T tipo strain (cujos detalhes elétricas que propiciam arritmias ventriculares
serão descritos mais adiante) . malignas, levando à morte súbita cardíaca no
• Vale 2 pontos cada critério: adolescente, no adulto jovem e em atleta de
- Desvio do eixo elétrico do QRS competição. Na idade mais adulta, os pacien-
(SâQRS) para a esquerda além de tes podem evoluir com doença isquêmica mio-
-30°. cárdica e/ou insuficiência cardíaca .
104 Helrocard10grama Or1enladopara oClinico

Em geral a hipertrofia é segmentar (hiper- • Em 03 e/ou aVR: morfologia semelhante


trofia assimétrica). envolvendo particularmen- a V1-V2.
te o septo interventricular (hipertrofia septal Observações:
assimétrica), e por vezes a alteração é mais di- • ECG anormal está presente na maioria dos
fusa, acometendo também outras regiões da pacientes, em 75%.
parede ventricular esquerda, como a apicai ou • Os critérios que identificam o CVE tipo sis-
a posterior do septo interventricular, porém tólico também estão presentes.
diferenciando-se da hipertrofia concêntrica, já • A presença de onda Q profunda nas deri-
descrita na HVE. vações esquerdas pode simular a onda Q
O septo hipertrofiado aumenta a magni- patológica do infarto do miocárdio.
tude do vetor 1, vetor septal, e, em conse- • Ondas T negativas, amplas e gigantes nas
quência, as deflexões dependentes desse vetor derivações precordiais, V3 -V4-V5-V6 são
apresentam-se com amplitudes aumentadas. observadas na hipertrofia da região apical
do VE.
Critérios diagnósticos (Figura 12.3) • Extrassístoles ventriculares e taquicardia
• Em V1 -V2 : aumento da amplitude da ventricu lar podem ser observadas em 20%
onda R. dos pacientes.
• Em V5-V6: aumento da amplitude da
Cabrera e Monroy sistematizaram o con-
onda Q.
ceito de crescimento sistólico (ou sobrecarga
sistólica ou hipertrofia concêntrica) e cresci-
Critérios acessórios que complementam o mento diastólico (ou sobrecarga diastólica)
diagnóstico
do ventrículo esquerdo, no qual ressaltaram
• Em 01 e/ou aVL: morfologia semelhante a importância das alterações observadas na
a V5-V6. repolarização ventricular.

Figura 12.3 Vetores cardíacos e critérios diagnósticos de miocardiopatia hipertrófica


Cresmentos Uentr iculares 105

Crescimento sistólico do VE ou hipertrofia Essas alterações constit uem o padrão

do ventrículo esquerdo (HVE) strain ou esforço.


É comum observar-se também:
Representa o aumento da massa muscular • Ausência da onda R em V1-V2 e da onda
do VE em resposta ao estresse imposto por Q em V5-V6, ou seja, morfologia de BRE
uma sobrecarga de pressão (ou sobrecarga (Figuras 12.5 a 12.12).
sistólica).
As ca usas mais frequentes são: cardiopatia Crescimento diastólico do VE
hipertensiva, estenose aórtica e a coarctação Representa o crescimento ventricular em res-
da aorta. posta ao estresse imposto por uma sobrecar-
Os critérios diagnóst icos são os mesmos ga de volume (ou sobrecarga diastólica).
descritos no CVE, acrescidos de (Figura 12.4): As causas mais frequentes são: insuficiên-
• Discreto infradesnível do ponto J e do seg- cia mitral crônica, insuficiência aórtica crônica,
mento ST em V5-V6. comunicação interventricular e a persistência
• Onda T negativa e assimétrica em V5-V6. do canal arterial.

l~ ~L
+t'
l '
l ~
01

l( 1' v
1 VJ V4 Vs Ve -Fi-g-u-ra_ 1_2-.4- C
ventrícu lo esquerdo
- r-es-c-im-e-
nt_o_s-is-t 6-li-co- do

Figura 12.5 ECG no cresci mento sistólico do ventrlcu-


lo esquerdo. Notar o indice de Sokolow-Lyon e o padrão
strain da repolarização ventricular
106 Hetrocardiograma Orientado para oClínico

aVR

Figura 12.6 ECG no crescimento sistólico do ventrículo esquerdo. Notar os critérios de Romhilt e Estes: o nda 5
em V1 de SOmm, CAE, padrão strain e o tempo da deflexão intrinsecoide maior que SOms. A soma t ot al é de 1O
pontos, definindo o CVE

m
Figura 12.7 ECG no crescimento sistólico do ventrículo esquerdo. Os critérios de Romhilt e Estes somam 7 pontos,
definindo o CVE
Erescímentos Uentmulares I07

Figura 12.8 ECG no crescimento sistólico do ventrlculo esquerdo. Notar em VS-V6 a amplitude da onda R e o
padrão strain da repolarização ventricular

Figura 12.9 ECG no crescimento sistólico do ventrículo esquerdo - HVE. Notar os critérios de Romhilt e Estes, que
somam 9 pontos. Paciente com cardiopatia devida à hipertensão arterial
1OB fletrocard10grama Orientado para o Clln1co

Figura 12.1 O ECG no crescimento ventricular esquerdo. Notar os critérios de Romhilt e Estes presentes, que so·
mam 9 pontos. Paciente com cardiopatia hipertensiva
Crescimentos Uentmulms

Figura 12.11 ECG na miocardiopatia hipertrófica. Notar os elementos do CVE. e em destaque a amplitude da
onda R em V1-V2 e da onda Q em VS-V6

Os critérios diagnósticos são os mes- cular esquerdo, e estão relacionados com o


mos descritos no CVE, acrescidos de (Figura índice de oxigenação miocárdica que, por sua
12.13): vez, correlaciona-se com a oferta e o consu-
• Discreto supradesnível do ponto J e do mo de 0 2 miocárd ico.
segmento ST em VS-V6.
• Onda T positiva, pontiaguda e assimétrica
lo = OFERTA DE 0 2 I CONSUMO DE 0 2
em VS-V6.

É comum observar-se também: No crescimento sistólico do ventrículo


• A presença de onda R ampla em V1 - V2
esquerdo, em razão de um maior trabalho
e de onda Q profunda em VS- V6 (Figura
cardíaco, o consumo de oxigênio miocárdico
12.14).
está aumentado e, inversamente, o índice de
Esses dois tipos morfológicos represen- oxigenação torna -se diminuído, o que resul-
tam, segundo Macruz, graus diferentes de taria em uma "isquemia miocárdica". A onda
um mesmo fenômeno, o crescimento ventri - T negativa refletiria o padrão isquêmico. No
11 o Hetrocard1ograma Orientado para oClln1co

aVR aVL aVF

Figura 12.12 ECG na hipertrofia septal. Notar a onda Q ampla em D1 -aVL-V5-V6, e onda R ampla em Vl e V2. O
ecocardiograma mostra o septo interventricular em 13mm e a parede posterior do ventrículo esquerdo em 1Omm
(resmentos Uentriculares 111

crescimento diastólico do ventrículo esquer- patias que induzem ao aumento da massa


do, todo esse processo existe, porém, inicial- ventricular não mostram as alterações típicas
mente, em menor intensidade, insuficiente do crescimento sistólico do VE, como seria
para aumentar o consumo de 0 2 miocárdico esperado. O autor sugere que esses pacientes
e inverter a relação oferta/ consumo de 0 2• não tenham ati ngido o estágio de "isquemia
Portanto, a onda T pode permanecer positiva miocárdica", justificando, assim, o padrão
(norma l) por longo tempo. normal ou pouco alterado da repolarização
Tal conceito é útil para compreender a ra - ventricular observado em seus eletrocardio-
zão pela qual alguns pacientes com cardio- gra mas.

Vs

Figura 12.13 Crescimento diastólico do ventrículo esquerdo

01 aVR

Figura 12.14 ECG no crescimento diastólico do ventrículo esquerdo. Notar os elementos do CVE e a ausência do
padrão strain da repolarização ventricular
112 fletrocardiograma Or1entado para o Cl1n1co

CRESCIMENTO VENTRICULAR 3E normal. Orienta-se para a esquerda e


DIREITO - CVD para a frente.
• VETOR 3 : semelhante ao vetor 2 normal.
No eletrocardiograma normal, há o predo- • VETOR 4 : semelhante ao vetor 3D. Éo ve-
mín io das forças vetoriais do ventrículo es- t or mais importante e de maior magnitude
querdo sobre as do ventrículo direito, pelas no CVD. Orienta-se para a direita, para a
razões já expostas ant eriormente. No cres- frente e para baixo.
cimento ventricular direito, modifica -se essa • VETOR 5: semelhante ao vetor 4 normal.
relação vetorial e, por esse motivo, altera-se
No CVD a força vetorial manifesta-se de
o eletrocardiograma já nos crescimentos in-
modo intenso para a frente e para a direita,
cipientes.
determinando o desvio do eixo elétrico do
Em decorrência do aumento da massa
QRS (SâQRS) para a direita; a alça vetorial gira
muscular do ventrículo direito, cresce sobre-
para a direita; o t empo da deflexão intrinse-
modo a importância do vetor 3D, normal-
coide aumenta, em decorrência do tempo ne-
mente sem expressão eletrocardiográfica,
cessário para a ativação da massa muscular
acarretando modificações intrlnsecas na des-
aumentada .
polarização e na repolarização ventriculares.

Critérios diagnósticos (Figura 12.16)


Vetores cardíacos no CVD (Figura 12.15)
• Em V1-V2: morfologia R-S com aumento
• VETOR 1: semelhante ao vetor 1 normal. de amplitude da onda R e diminuição da
• VETOR 2: difere do vetor 2 normal. De- amplitude da onda S, tornando a relação
vido ao aumento da massa ventricular RIS maior que 1.
direita, ocorre um retardo na ativação da • Em V5-V6: morfologia q-R-5 ou R-S com
região septal baixa, propiciando que a ati- diminuição da amplitude da onda R e au-
vação da parede livre do VE se processe mento da amplitude da onda S, tornando
primeiro. Este vetor é semelhante ao vetor a relação RIS menor que 1.

A B

'
.. /'

'''
'II
I
I , _- '

Figura 12.15A e B Vetores cardíacos no crescimento ventricular direito - CVD. (A) Vetores cardíacos. (B) Alça
vetorial
CreSCimentos Uentriculares 113

Critérios acessórios que complementam o intracavit ária direita igual ou maior que a es-
diagnóstico querda .
As caract erísticas eletrocardiográficas são
• Em D1 e/ou aVL: morfologia semelhante a
V5-V6. semelhantes às descritas para o CVD, acres-

• Em D3 e/ou aVR: morfologia semelha nte a cidas de:

V1 -V2. • Em V1-V2 : morfologia R-s com aumento

• Desvio do eixo elétrico do QRS (SâQR5) significativo da amplitude da onda R e a

para a direita, entre +90° e + 120°. relação RIS maior que 1; observam-se tam-

• Rotação horária: padrão S1 Q3 . bém as morfologias de onda R pu ra ou ain-

• Tempo da deflexão intrinsecoide aumenta- da q-R, a última explicada pela acentuada

do em V1 -V2, maior que 3 Sms. rotação horária do coração, que desloca


• Sinal indireto de CVD é a presença do cres- mais para a esquerda o 1ll vetor cardíaco,
cimento do átrio direit o. produzindo a onda Q em V 1-V2, ou pelo
reg istro epicárdico dos potenciais intraca-
[ndices utilizados no diagnóstico vitários do átrio direito dilatado.
• Em V5-V6: morfologia r-5 com nítido pre-
• Em V1 : onda R maior que Sou o tamanho
domínio da onda 5 e a rela ção r/S menor
da onda R maior que 7mm ou onda 5 me-
que 1.
nor que 2mm.
• Desvio acentuado do eixo elétrico do QRS
• Em V5 -V6: onda S maior que R ou o tama-
(SâQRS) para além de +120°, próxim o de
nho da onda 5 maior que 7mm .
+150°.
• fndice de Lew is igual ou menor que
-1 4mm:
CVD moderado
I L = [(R1 + 53) - (R3 +51)]!> - 14mm
Esta fase corresponde à existência de hiper-
tensão ventricu lar direita com pressão intraca-
CVD grave ou extremo vitária direita, menor que a da esquerda .
Esta fase corresponde à existência de hiper- As características eletrocardiográficas são
tensão ventricular direita grave, com pressão as mesmas descritas no CVD:

Figura 12.16 Crescimento ventricular direito


114 Hetrowdiograma Orientado para oClínico

• Em V1-V2: morfologia R- S com aumento Crescimento sistólico do VD ou hipertrofia


da amplitude da onda R e a relação RIS do ventrículo direito (HVD)
igual ou maior que 1.
Representa o aumento da massa muscula r do
• Em V5-V6: morfologia R-S e a relação RIS
VD em resposta ao estresse imposto por uma
igual ou menor que 1.
sobrecarga de pressão.
• Desvio do eixo elétrico do QRS (SâQRS)
As causas mais frequentes são: estenose
para a direita, próximo de+ 120°.
valvu lar pulmonar (ou lesões que cursam com
o mesmo perfil hemodinâmico), t etralogia de
CVO discreto Fallot, hipertensão pulmonar (Figura 12.29) e
estenose mitral grave.
Esta fase corresponde à existência de aumen-
Os critérios diagnósticos são semelhantes
to discreto da pressão intracavitária direita .
aos já descritos para o CVD, acrescidos de (Fi-
As características eletrocardiográficas, em-
gura 12.17):
bora pouco significativas, já permitem o reco-
• Discreto infradesnivel do ponto J e do seg -
nhecimento do CVD e se evidenciam por:
mento ST. de V1 a V4.
• Em V1-V2: morfologia R-S com relação RIS
• Onda T negativa e assimétrica de V1 a V4,
igual ou pouco maior que 1.
podendo às vezes estender-se at é V6 no
• Em V5-V6: morfologia R-S ou q-R-S com
CVD acentuado- alteração secundária da
onda S pronunciada. repolarização ventricu lar.
• Desvio do eixo elétrico do QRS (SâQRS)
para a direita, próximo de +90°. Essas alterações constituem o padrão
strain ou esforço (Figuras 12.18 e 12.19).
Cabrera e Monroy sistematizaram o cresci-
mento ventricular direito em sistólico (ou so-
Crescimento diastólico do VD
brecarg a sistólica ou hipertrofia) e diastólico
(ou sobrecarga diastólica), à semelhança do Representa o crescimento ventricular em res-
ant eriormente descrito para o ventrículo es- posta ao estresse impost o por uma sobrecar-
querdo. ga de volume.

-;rt:t+~+
+~ +tt:
Figura 12.17 Critérios diagnósticos de crescimento sistólico do ventrículo direito
(resctmentos Uentriculares 115

As causas mais frequent es são: comunica- ção eletrocardiográfica com as informações


ção interatrial, drenagem anômala das veias clínicas.
pulmonares e insuficiência tricúspide ou pul- Duas situações especiais merecem desta-
monar. que pela importância clínica e pela f requência
O critério diagnóstico é representado pelo com que são encontradas: CVD nos pacien-
padrão de bloqueio do ramo direito, geral- tes enfisematosos - cor pulmonale crônico,
mente do 2Qgrau : e CVD nos pacientes com embolia pulmonar
• Em V1-V2: morfologia R-5-R' com onda T aguda -cor pu/mona/e agudo.
negativa.
• Em V5-V6: morfologia q-R-S com onda S CVD nos pacientes enfisematosos -
profunda . Cor pulmonale crônico
Não se consegue diferenciar, apenas pela Caracteriza-se pelos seguintes sinais eletrocar-
análise do eletrocardiograma, se o padrão de diográficos (Figura 12.20):
BRD do 2Q grau corresponde ao crescimento • Crescimento atrial direito com ca racterís-
diastólico do VD ou a cardiopatia de outra t icas de onda P pu/mona/e e negativa em
natureza. É necessário correlacionar a altera- aVL.

Figura 12.18 ECG no crescimento sistólico do ventrículo direito. Notar em V1-V2 : onda R pura com onda T nega-
tiva (padrão strain); e em V6: onda S profunda e maior que R e desvio do SâQRS em+ 120°

Figura 12.19 ECG no crescimento sistólico do ventrículo direito. Notar em V1-V2 : onda R com onda T negativa e
em VS-V6: onda S profunda e maior q ue R (semelhante em 01) e desvio do SãQRS para a direita em + 120o
116 Hetrocardiograma Orientado para o [linico

• Padrão de baixa voltagem elétrica (QR5 de maior e de mais fácil visualização, em virtude
amplitude dimi nufda), especialmente nas da não interposição do pulmão entre o cora-
derivações periféricas. ção e os eletrodos torácicos.
• Rotação da ponta para trás (51-52-53).
• Habitualmente, o desvio do eixo elétrico CVD nos pacientes com embolia pulmonar
d o QR5 (5âQR5) para a direita, próximo
aguda - Cor pulmonale agudo
de +90°. Todavia, nas pessoas idosas, o
5âQR5 pode desviar-se, paradoxalmente, Caracteriza-se pelos seguintes sinais eletrocar-
para a esquerda . diográficos (Figura 12.2 1):
• Em V1-V2: morfologia r-5, podendo esse • Cresciment o atrial direito, com caracterís-
padrão estender-se até V4-V5. ticas de onda P pu/mona/e.
• Onda T pode ou não estar negativa nas • Padrão 51-03-B : onda 5 profunda em

derivações precordiais direitas. D1 , onda Q profunda em D3 e onda T ne-


gativa em D3 .
Para a melhor análise do traçado, é útil • Desvio do eixo elétrico do QR5 (5âQR5)
registrá-lo em um espaço intercosta l abaixo para a direita, próximo de +90°.
do habitual para as derivações precordiais, • CVD é mais frequentemente traduzido
pois assim a amplitude do complexo QR5 está pelo padrão de BRD .

YT~~-vr--Nr-
01 02 03 aVR aVL aVF

TTTit-+
Figura 12.20 Crescimento ventricular direito, em cor p u/mona/e crônico

++~s~~
~~++++
v1 v2 v3 v4 Vs Vs

Figura 12.21 Crescimento ventricular direito, na em bolia pulmonar


[resmentos Uentmulares 117

CRESCIMENTO BIVENTRICULAR • Em V5-V6: presença de onda S profunda


maior que 7mm .
O diagnóstico eletrocardiográfico do cresci-
Em presença de crescimento ventricular
mento btventricular se faz pela associação dos
direito, suspeita-se de aumento do ventrículo
elementos que indicam o crescimento dos
esquerdo quando se observam um ou mais
ventrículos esquerdo e direito.
dos sinais abaixo (Figura 12.23):
As causas mais frequentes de crescimento
• Crescimento do átrio esquerdo (exceto na
biventricular são: lesões orovalvulares múltiplas.
estenose mitral).
miocardiopatias em fase dilatada e cardiopa-
• Desvio do eixo elétrico do QRS (SâQRS)
tias congênitas diversas.
para a esquerda, próximo de 0°.
Em presença de crescimento ventricular
• Em V5-V6: presença de onda R ampla,
esquerdo. suspeita -se de aumento do ventrí-
maior que 25mm e aumento da deflexão
culo direito quando se observam um ou mais
intrinsecoide maior que 45ms.
dos sinais a seguir (Figura 12.22):
• Crescimento do átrio direito. Entretanto. deve-se ressaltar que nem
• Desvio do eixo elétrico do QRS (SâQRS) sempre esses elementos. quando combina-
para a direita, próximo de +90°. dos, são facilmente identificados, limitando a
• Em V1-V2: aumento da deflexão intrinse- capacidade diagnóstica do crescimento biven-
coide maior que 35ms. tricular pelo eletrocardiograma .

r ~ ~:trt
i:tYt+.~
Figura 12.22 Crescimento biventncular

* -t, t' .~ * :f
~ttt.+~
Figura 12.23 Crescimento biventricular
118 Hetrocardtogr ama Orientado par a oCltntco

OCLINICO DIANTE DO CRESCIMENTO o ECG normal de indivíduos adultos jo-


VENTRICULAR vens e magros com QRS de amplitude
aumentada, do verdadeiro CVE (Figura
• Hipertrofia ventricular esquerda envolven-
12.26) .
do de modo uniforme as paredes do VE
• Deve-se pesquisar miocardiopatia hiper-
e do septo interventricular configura o
trófica no adolescente e no adulto jovem
modelo de hipertrofia ventricular concên-
com HVE e história de síncope ou dor de
trica, com cavidade de tamanho normal,
insuficiência coronariana ou dispneia aos
e se constitui em um fator de risco inde-
pendente para eventos cardiovasculares e esforços ou arrit mias ventriculares (Figuras
morte súbita de causa cardíaca . Geralmen- 12.27 e 12.28).
te tem como causa a hipertensão arterial • Os sinais eletrocardiográficos pa ra o
sistêmica sem controle e de longa duração diagnóstico de embolia pu lmonar são de
(Figuras 12.24 e 12.25). baixa sensibil idade, entretanto são úteis
• Os cri térios de pontos no CVE são úteis no diagnóstico diferencial da dor torá -
e devem ser uti+izados para diferenciar cica .
.\.

Figura 12.24 Hipertrofia concêntrica das


paredes do VE . Paciente portador de hiper·
tensão arterial. Corte apical. AE = Átrio es-
querdo; AD = átrio direito; VE = ventrículo
esquerdo; VD = vent rfculo direito

Figura 12.25 Hipertrofia concêntrica das


paredes do VE com discreto predomínio do
septo interventricular. Paciente portador de
sarcoidose. Corte paraesternal. AE = Átrio
esquerdo; AO - aorta; VE = ventrículo es-
querdo; VD = ventrículo direito; SIV = septo
interventricular; PPVE - parede posterior do
ventrículo esquerdo
Crescimentos Uentriculares

Figura 12.26 Grande aumento do ventrí-


cu lo esquerdo. Miocard ite viral em paciente
jovem. Corte apical. AE = Átrio esquerdo;
AD = átrio direito; VE = ventrículo esquerdo;
VD = ventrículo direito

Figura 12.27 Cardiopatia hipertrófica septal


assimétrica. Modo unidimensional (M). Septo
interventricular apresenta 3,5cm de espes-
sura. VE = Ventrícu lo esquerdo; PP = parede
posterior do ventrículo esquerdo

Figura 12.28 Cardiopatia hipertrófica sep-


tal assimétrica. Nota-se a desproporção de
espessura entre o septo interventricular e a
parede lateral do VE. Corte apicai. AE = Átrio
esquerdo; AD = átrio direito; VE = ventrículo
esquerdo; VD = ventrículo direito
12o HetroCdfdtograma Ortentado para oCllntco

Figura 12.29 Grande au mento do ventrícu-


lo direito secundário à hipertensão pulmo-
nar. Corte paraesternal. AE = Átrio esquerdo;
VE = vent rículo esquerd o; VD = ventrfculo
direito
lsquemia
GersonP. Goldwasser

INTRODUÇÃO de circulação colateral adequada, leva a alte-


rações histológicas irreversíveis, denominadas
O eletrocardiograma é o exame de funda- de Necrose .
mental importância na avaliação de pacientes A /squemia, a Lesão c a Necrose traduzem-
co m ca rdiopatia isquêmica. Fornece de modo se no eletroca rdiograma, respectivamente,
imediato um grande número de informações por alterações na ONDA T, no SEGMENTO ST
concernentes ao diag nóstico e ao grau de so- e no COMPLEXO QRS .
frimento miocárdico. Durante a fase aguda do Insuficiência coronariana ou síndrome co-
comprometimento isquêmico, é praticamente ronariana tem como substrato fisiopatológico
certo que ocorram alterações no ECG. Nas ra- a oclusão da artéria coronária pela placa ate-
ras ocasiões em que as modificações iniciais rosclerótica ou por ateromas, com posta es-
são pouco expressivas, o estudo mais detalha- sencialmente de colágeno, colesterol de baixa
do e com traçados seriados, muito provavel- densidade (LDL-C), macrófagos e elementos
mente, evidenciará as anormalidades corres- sanguíneos pró-inflamatórios. Essa placa
pondentes ao quadro clínico isquêmico. pode permanecer estável no seu format o por
A insuficiência coronariana é a sfndrome longos períodos, causando uma oclusão par-
clínica decorrente de um desequilíbrio entre a cial da luz do vaso, ou sofrer uma inflamação
oferta e o consumo de oxigênio pelo miocár- mais intensa, tornando-se instável e vulnerá -
dio; ocorre um estado de hipoxia miocárdica. vel à ruptura . Nesta situação, o cont eúdo su -
A interrupção do fluxo sa nguíneo através bendotelial fica exposto aos elementos celu la-
de uma artéria coronariana ocluída resulta res da corrente sanguínea, desencadeando o
em importantes alterações histológicas. Existe processo de hi peratividade plaquetária, com
uma correspondência entre o grau da oclusão adesão e agregação das plaquetas, e o pro-
e o comprometimento tecidual: oclusão par- cesso de coagulação, resultando na formação
cial acarreta alterações histológicas transitó- de tromba geralmente oclusivo.
rias e reversíveis, denominadas de lsquemia e A placa estabilizada conduz a síndrome
Lesão ou Injúria; e oclusão total, na ausência coronariana crônica manifestada pela isque-

-
124 fletrocardiograma Orientado para oClinico

mia miocárdica crônica ou angina estável, e principais, a descendente anterior (ADA) ou


a placa instabilizada conduz à síndrome co- interventricular anterior, e a circunflexa (ACX)
ronariana aguda (SCA), que se manifesta por e seus diversos ramos, septais e marginais (Fi-
angina instável, infarto agudo do miocárd io e gura 13.1).
morte súbita cardíaca. Essencialmente, a artéria coronária direita
Com menor frequência , outros processos nutre o miocárdio do átrio direito e o ventrí-
podem comprometer as artérias coronárias culo direito e a região inferior do ventrículo
e produzir a síndrome coronariana aguda . esquerdo; a artéria descendente anterior nu -
Citam-se: espasmo da artéria coronária; em- tre o miocárdio do septo interventricular e a
bolização aguda originada em trombas intra- região anterior do ventrículo esquerdo; a ar-
cardíacos, próteses valvulares, na endocardite
téria circunflexa nutre o miocárdio do átrio
infecciosa; dissecção aguda da aorta com ex-
esquerdo e a região lateral, dorsal e em 1 5%
tensão para a artéria coronária; arterites como
a inferior do ventrículo esquerdo. O nódulo
poliarterite nodosa, lúpus eritematoso sistê-
sinusal é suprido pela artéria do nódulo sinu-
mico, células gigantes, Takayasu, Kawasaki;
sal, ramificaçã o da ACD (em 60%) ou da ACX
doenças hematológicas, como policitemia
(em 40%); o nódulo atrioventricular pela arté-
vera, anemia falciforme, síndrome antifosfo-
ria do nódulo atrioventricular, ramificação da
lipídio; traumatismo torácico; síndrome X, su-
gerindo doença microvascular. ACD (em 90%) ou da ACX (em 1O%); o feixe
Entretanto, é importante enfatizar que o de His, pelas ramificações da ACD; o ramo di-
processo aterosclerose I placa coronariana é reito do feixe de His, em maior parte, pelas
o fator causal mais importante da síndrome septais da ADA ou por colaterais da ACD; e o
coronariana aguda. ramo esquerdo pelas septais da ADA.
O miocárdio é irrigado pelas três artérias Desse modo, observa-se uma correlação
coronárias principais: artéria coronária direita entre a artéria coronária obstruída, denomi-
(ACD) e seus ramos, a descendente posterior nada de "artéria culpada pela lesão", e a re-
ou interventricular posterior e a marginal; ar- gião cardíaca comprometida. A Figura 13.2
téria coronária esquerda (ACE) e seus ramos identifica as regiões cardíacas.

Artéria
coronária
esquerda

Ramo
circunflexo

Ramo
interventricular
anterior

Figura 13.1 Artérias coronárias principais.


lsquem1a 125

I ' :

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Figura 13.2 Regiões cardfacas identificadas pela cintilografia tomográfica do miocárdio

No eletrocardiograma, é possível identi- em diminu ição de sua concentração no meio


ficar a região cardíaca comprometida pela intracelular.
análise das alterações observadas em um con- O desequilíbrio na relação entre o K• intra
j unto de derivações, permitindo o diagnóstico e o K... extracelular, que então ocorre, determi-
topográfico das alterações isquêmicas, descri- na o prolongamento da fase 3 e o alargamen-
tas mais adiante. to do potencial de ação da célula isquêmica.
A alteração isquêmica está mais relaciona-
da com distú rbios bioquímicas que com al-
ISOUEMIA
terações propriamente histopatológicas, fato
É um estado bioelétrico resultante de certo este que, provavelmente, é o determinante da
grau de hipoxia miocárdica. É o primeiro está- reversibilidade ao normal dessa alteração.
gio e o menos grave das alterações eletrocar- A célula isquêmica permanece com a sua
diográficas na cardiopat ia isquêmica. densidade iônica inalt erada, portanto a polari-
Nesta fase, a hipoxia altera a permeabi- zação da membrana durante a fase de repou-
lidade da membrana celular, produzindo-se so continua também inalterada - polarização
um distúrbio na regulação e no transporte completa (Figura 13.3). Densidade iônica é o
iônico, especialmente do potássio. Por inter- quantum de cargas elétricas nas duas faces da
ferência da isquemia na bomba Na•fK•, ocorre membrana celular.
o aumento do efluxo do íon potássio associa- As alterações eletrofisiológ icas men-
do a um retardo em seu influxo, resultando cionadas acima promovem, na área isquê-
126 Het rocardiograma Orientado para oClinico

mica, o atraso no início e o prolongamento dicularmente à parede para o endocárdio. O


do processo da repola rização celular; a repo- dipolo de repolarização tem a carga positiva
larização se faz lentamente, aumentando a voltada para o epicárdio, razão pela qual a
duração da síst ole elétrica. onda de repolarização (onda T) é positiva em
A região isquêmica permanece eletrica- praticamente t odas as derivações cardíacas,
mente negativa por mais tempo com relação como já referido no Capítulo 3.
à regiã o sadia. Esse fenômeno determina um Quando a isquemia predomina na região
vetor que se dirige da área isquêmica (negati- epicárdica - isquemia subepicárdica - ocorre
va) para a sadia (positiva) (Figura 13.4). o atraso no início e o prolongamento da repo-
"O vetor que representa a isquemia foge larização nessa região. Assim, a recuperação
da área comprometida." vent ricular tem início no endocárdio, progre-
dindo para o epicárdio, ou seja, o inverso do
+ + + + + + + + normal. Em tal circunstância, a carga elétrica
+ + + + + + + + negativa do dipolo encontra-se voltada para
+ + + + + + + +
- -- -- -- -- -- -- -- -- o epicárdio, razão pela qual a onda de repo-
- - - - - - - - larização- ONDA T apresenta-se negativa nas
Célula Célula
sadia isquêmica derivações que exploram o epicárd io isquêmi-
co. A onda T, além de negativa, torna-se Pon-
____J
- tiaguda , Simétrica e Profunda (Figura 13.5).
Figura 13.3 Densidade iônica da célula sadia e da
célula isquêmica
Critérios diagnósticos

• Onda T negativa, pontiaguda, simétrica


e profunda, geralmente maior que 3mm,
Célula Célula
denominada de alteração primária da re-
sadia isquê mica
polarização ventricular.
• Aumento do intervalo QT.
Figura 1 3 .4 Vetor de isquemia " foge" da área com-
prometida Essas alterações são as classicamente pre-
sentes na fase aguda da isquemia; todavia,
eventualmente pode-se observar onda T ne-
ISQUEMIA SUBEPICÁRDICA gativa, sem as demais características (Figuras
13.6 e 13 .7).
Em condições normais, a repo larização ventri- Paciente que apresenta previamente a re-
cu lar inicia-se no epicárdio e dirige-se perpen- polarização alterada por onda T negativa, no

Fig ura 13 .5 lsquemia subepicárdica: onda T


negativa, pontiaguda, simétrica e profunda
lsquemid 127

Figura 13.6 ECG na isquemia sube-


picárdica . Notar a onda T negativa,
pontiaguda, simétrica e profunda de
V1 aV6

Figura 13.7 ECG na isquemia subepicárdica. Notar a onda T negativa, pontiaguda e simétrica de V1 a V6

decurso de um novo episódio de isquemia T - apresenta-se positiva nas derivações que


miocárdica, pode mudar a polaridade dessa exploram o epicárdio isquêmico, como obser-
onda, tornando-a positiva, simulando uma vado normalmente. Todavia, a diferença con-
repolarização normal (pseudonormalização siste em que a onda T apresenta-se também
da onda n. Após a resolução desse quadro Pontiaguda, Simétrica e Ampla (Figura 13.8).
isquêmico, habitualmente, a onda T volta à
sua polaridade inicial, negativa. Critérios diagnósticos

• Onda T positiva, pontiaguda, simétrica


ISOUEMIA SUBENDOCÁRDICA e ampla, geralmente maior que 50% da
Na isquemia subendocárdica, ocorre o atraso onda R precedente, denominada de altera-
no início e o prolongamento da repolarização ção primária da repolarização ventricular.
na região endocárdica. Assim, a recuperação • Aumento do intervalo QT (Figura 13.9).
ventricular inicia-se no epicárdio e progride
para o endocárdio, semelhante à repolariza- ISOUEMIA TRANSMURAl
ção normal. A carga elétrica positiva do di-
polo encontra-se voltada para o epicárdio, Acomete de modo transversal toda a espessura
portanto a onda de repolarização - ONDA de uma região ventricular. A imagem observa-
12 B Uetrocardiograma Orientado para oClínico

da é semelhante à da isquemia subepicárdica,


ou seja, com onda T negativa, pontiaguda e
simétrica, não sendo possível a diferencia-
ção entre esses dois comprometimentos pelo
ECG .
A soma algébrica das ondas monofá-
sicas das células endocárdica e epicárdica,
aumentadas, respectivamente, em duração
pela isquemia, reflete as alterações na onda

Figura 13.8 lsquemia subendocárdica: onda T positi- T, como as descritas anteriormente (Figura
va, pontiaguda, simétrica e ampla 13 .10).

Figura 13.9 ECG na isquemia subendocárdica. Notar a onda T positiva, pontiaguda, si métrica e ampla de V2 a V5

11

Figura 13.10 Onda monofásica na isquemia. (I) Subepicárdica. (11) Subendocárdica


lsquemia

Diagnóstico topográfico da isquemia • lsquemia septal profunda: onda T


(Figura 13.11} alterada em D2-D3-aVF-V1-V2-V3.
• V7 = 5° espaço intercostal esquerdo
Existe correlação entre a região ventricular
na linha axilar posterior.
comprometida e as derivações eletrocardio-
• V8 = 5ll espaço intercostal esquerdo
gráficas em que o fenômeno é registrado, o
na linha escapular.
que possibilita a localização da alteração em
questão. Assim, tem-se: O conceito de imagem recíproca está es-
• lsquemia ântero-septal: onda T alte- pecificado no Capitulo 14.
rada em V1-V2 -V3-V4.
• lsquemia septal média (ou septal): Significado clínico da isquemia subepicárdica
onda T alterada em V1-V2 .
• lsquemia septal baixa (ou anterior A isquemia subepicárdica é observada na in-
estrita): onda T alterada em V3-V4. suficiência coronariana aguda e crônica (Figu-
• lsquemia ântero-lateral (ou lateral): ras 13.12 a 13.15).
onda T alterada em D1 -aVL-V4-V5-V6.
• isquemia lateral alta: onda T alterada Diagnóstico diferencial
em D1 -aVL.
• lsquemia apical: onda T alterada em • Alteração secundária da repolari-
V5-V6. zação ventricular: nos crescimentos
• lsquemia anterior extensa: onda T ventriculares sistólicos e nos bloqueios de
alterada em D1 -aVL-V1 a V6 . ramos, ocorre a alteração secundária da
• lsquemia inferior ou diafragmática: repolarização ventricular, cuja morfologia
onda T alterada em D2-D3-aVF. diferencia-se do padrão isquêmico, pelo
• lsquemia dorsal ou posterior: onda aspecto assimétrico da onda T.
T alterada em V7-V8 (imagem recíproca • Onda T cerebral: aproximadamente
em V1 -V2) . 90% dos pacientes com acidente vascu-

Figura 13.11A e B Diagnóstico topográfico da isquemia. (A) Parede anterior extensa. (B) Parede ântero-septal.
(C) Parede inferior
13 o Hetrocardiograma Orientddo para o [línico

lar encefálico, especialmente aqueles com intervalo QT prolongado e desnivelamento


hemorragia subaracnoide e hipertensão do segmento Sl Ocorrem bradiarritmias e
endocraniana, evoluem com alteração na bloqueios atrioventriculares variados.
repolarização ventricular e arritmias car- Essas alterações eletrocardiográficas são
díacas no eletrocardiograma. Estas altera- atribuídas à desregulação do sistema ner-
ções são semelhantes às encontradas na voso autônomo, com estimulação simpá-
isquemia miocárdica, ou seja, onda T ne- tica excessiva e a consequente lesão da
gativa e profunda nas diversas derivações, fibra miocárdica (Figura 13.16).

Figura 13.12 ECG na isquemia subepi-


cárdica de parede anterior extensa. Notar
a onda T isquêmica de Vl a V6. Observa-
se o infarto da parede antero-septal (de-
talhado no Capítulo 15)

TT~_j__j_
aVR aVL aVF

Figura 13.13 ECG na isquemia subepi-


cárdica de parede anterior extensa. Notar
a onda T isquêmica em D1 -aVL-V1 a V6.
Paciente com insuficiência coronariana
aguda
lsQuem1a 131

Figura 13.14 ECG na isquemia subepicárdica de


parede anterior extensa . Notar a onda T isquêmi-
ca . Paciente com insuficiência coronariana aguda

o, v,
~----~~~-"---~-~--- -----~r-,~--~-1,r-'

eVR

~~~.--------~~~·--------~
n
eVL
I\ Figura 13.15 ECG na is-
q uemia subepicárdica da
parede anterior extensa.
eVF Ve Notar a onda T isquêmica.
~4-~'---~~"--~~~-----AA--" Paciente com insuficiência
coronariana aguda
132 Helrocard10grama Onenladopara o Clm1co

aVR aVL aVF

v,

Figura 13.16 ECG na onda T cerebral. Notar a onda T gigante. negativa e profunda. Paciente com acidente vas-
cular encefálico hemorrágico

• Alterações inespecíficas da repola- As designações: inversão idiopática da


rização ventricular: são discretas de- onda T ou anormalidades da onda T não
pressões ou inversões da onda T e desní- diagnósticas ou alterações inespecíficas
veis de ST. tipo padrão juvenil, observado da onda T aplicam-se nessa situação. Tais
em até 4, 7% dos adultos, nos quais não achados devem ser analisados com cuida -
se identifica alguma cardiopatia. Causa- do, para não serem supervalorizados (Fi-
das por distúrbios metabólicos, infeccio- gura 13.17).
sos, alteração posicional, hiperventilação. • ECG no atleta : prevalência em 15% dos
Inversões transitórias da onda T podem atletas com bom cond icionamento. Ob-
ser encontradas em vagotônicos, após ali- servam-se inversão da onda T e elevação
mentação e ingestão de água fria. de ST nas derivações torácicas, configu-
lsquemld 133

rando pseudoisquemia . Deve-se diferen- Significado clinico da isquemia subendocárdica


ciar da isquemia miocárdica verdadeira e A isquemia subendocárdica é praticamente
da pericardite aguda por outros métodos restrita a insuficiência coronariana, como ob-
complementares. Ocorrem bradicardia si- servado na fase aguda da angina de peito ou
nusal com pausas longas, BAV do 1° grau, no período imediatamente anterior ao infarto
BAV do 211 grau M I, QRS de amplitude agudo do miocárdio.
aumentada. inversao da onda T. sao atri-
buídos ao aumento do tônus vagai ou re- Diagnóstico diferencial
dução do simpático. Não são encontradas • Ondas T amplas e normais nos indivíduos
doenças cardíacas de base (detalhado no magros.
Capítulo 34) . • Hiperpotassemia .

aVR aVL aVF

.
T

Figura 13.17 ECG na alteração inespecífica da repolarização ventricular. Notar onda T aplanada e pouco negativa
em diversas derivações. Paciente com sobrepeso e sem doença estrutural do coração
134 flelrocardiograma Omnlado para oClínico

OCLiNICO DIANTE DA ISQUEMIA M ~morfina


MIOCÁRDICA * O~ oxigênio
N ~nitrato ou nitroglicerina
Identificada a isquemia miocárdica aguda
A~ ácido acet ilsalicílico
pelas ma nifestações clínicas e por altera-
• Encaminhar o paciente à unidade especia-
ções eletrocardiográficas cujo ECG deve
lizada, onde seguirá as condutas ou rot as
ser realizado idealmente nos primeiros 1 O
previament e determinadas, exemplifica-
minutos do in ício da manifestação clínica,
devem-se adotar certos procedimentos já das no Capítulo 30, como rota 2 invasiva.
estabelecidos e normatizados pelas diversas Em resumo, iniciar o tratamento adjunto
diretrizes: quando indicado, betabloqueador, nitro-
• Coleta de sangue para identificação das en- glicerina EV, heparina EV, e considerar o
zimas marcadoras de necrose miocárdica cateterismo cardíaco visando à angioplas-
• Iniciar MONA tia transluminal corona riana .

*As condutas sugeridas levam em conta as restrições e as contraindicações próprias e individualizadas de cada
procedimento e medicamento.
lesão ou Injúria
Gerson P. Goldwasser

INTRODUÇÃO Em resumo, na área lesada observam-se as


seguintes alterações:
Persistindo a hipoxia ao tecido miocárdico, • O potencial de repouso diminui de - 90mV
prod uzem-se alterações bioelétricas mais gra- para - 65mV.
ves que as encontradas na isquemia, porém • A polaridade da célula em repouso encon-
ainda potencialmente reversíveis ao normal. tra-se incompleta.
A injúria altera a permeabilidade da mem- • Diminui significativamente a voltagem e a
brana celular, promovendo a perda de vários du ração da on da monofásica do PA.
elementos, ta is como o sódio, o cálcio, o mag-
• A velocidade de condução do estímulo
nésio e em especial o potássio, além de retardar
torna-se muito lenta: sístole elétrica lenta.
o influxo deste último fon em grau mais acen-
tuado que o causado pela isq uemia. Reduz-se, Em condições experimentais, ao se provocar
substancialmente, a concentração do potássio a lesão miocárdica e em razão da diferença de
intracelular, alterando-se a relação K+ intra/K+ polaridade entre a área lesada e a sadia, produ-
extracelular de tal modo que diminui a densi- zem-se duas correntes de injúria: a corrente de
dade iônica e, por conseg uinte, modifica-se a injúria diastólica e a corrente de injúria sistólica.
polarização da membrana dura nte a fase de A corrente de injúria diastólica, observada
repouso da célu la - polarização incompleta no momento da instalação da lesão cel ular,
(Figura 14.1). Em consequência, diminui o li- portanto identificada quase exclusivamente
miar do potencial de repouso para -65mV e em condições experimentais, promove um
diminuem a voltagem e a duração da onda fluxo de corrente entre a área injuriada e a
monofásica do potencial de ação. A área lesa- área sadia. O vetor que a representa é deno-
da torna-se eletricamente mais negativa que minado de vetor I de Bayley. Esse fenômeno
a área sadia, estabelecendo-se uma diferença produz um desnivelamento da linha de base
de potencial entre essas regiões. do traçado, na diástole. Ao se realizar o ECG,
Esse estado elet rofisiológico é denominado tem-se então a im pressão de que o traçado
de corrente (ou onda) de lesão ou de injúria. está sendo inscrito sobre duas linhas, a pri -
136 Hetrowdiograma Orientado para oClinico

+ + + +
+ + + +
+ + + + + + + +
----.... - - - -
- - -
Célula
- Célula
Célula Célula

-
sadia lesada
sadia lesada ou
injuriada -
Figura 14.2 Vetor de lesão ou injúria "aponta " para
Figura 14. 1 Densidade iônica da célula sadia e da a área comprometida
célula lesada

meira durante a sístole e a segu nda du rante a ral, o supradesnfvel do ponto J e do segmento
diástole ventricular. ST (Figu ras 14.3 e 14.4).
A corrente de injúria sistólica também "O vetor que representa a corrente de lesão
promove um fluxo de corrente entre as duas ou injúria aponta para a área comprometida ."
áreas eletricamente distintas no miocárdio, a
lesada e a sadia, e exerce um efeito inibitó-
Critérios diagnósticos (figura 14.5)
rio sobre a corrente diastólica. Ao se realizar
o ECG, não é possível discriminar essas duas • Supradesnível do ponto J e do segmen-
correntes de injú ria. to ST maior que 1 mm (mais sensível) ou
O fenômeno de injúria ou lesão pode ser maior que 2mm (mais específico) nas deri-
representado por um vetor que se dirige da vações que exploram a lesão.
área sadia para a lesada (Figura 14 .2). • Segmento ST com convexidade superior.
"O vetor que represen ta a corrente de lesão
• Aumento do tempo da deflexão intrinse-
ou injúria aponta para a área comprometida."
coide.
• Aumento do intervalo QT.
LESÃOOU INJÚRIASUBEPICÁRD ICA * OU
Essas alterações são as classicamente pre-
INFARTOCOM SUPR ADESNÍVEL DO
sentes na fase aguda da lesão; todavia, even-
SEGMENTO ST tualmente pode-se observar o segmento ST com
A lesão do tecido subepicárdico provoca a aspecto de concavidade superior ou retificado
descida da linha de base do traçado, sendo ascendente. O grau do desnível do segmento
então o complexo QRS inscrito sobre a linha ST depende inicialmente da quantidade da área
mais baixa e o segmento ST e a onda T sobre a lesada. Quanto maior a área lesada, maior será
tinha primit iva, mais acima. Desse modo, ob- o desnível de ST. Outro fator é a velocidade de
serva-se, na lesão subepicárdica ou transmu- condução do estímulo, que se torna lenta na
área lesada - bloqueio de lesão - . determinan-
*Optamos por manter a terminologia tradicional de do discretos alargamentos dos complexos QRS.
comprometimento subepicárdico, transmural e su- Nas lesões mais graves, com bloqueio de lesão
bendocárdico, por ser de mais fácil entendimento. mais intenso, os complexos QRS tornam-se
Entretanto, ressaltamos que anatomicamente o in-
mais alargados e os desníveis de ST mais acen-
farto não se l1mita às regiões acima citadas. e por
tuados, alterações que tendem a se normalizar
essa razão, atualmente essas alterações têm sido
classificadas como infarto com supradesnivel do seg- com a recuperação da lesão.
mento ST ou sem supradesnível d o segmento ST e Eletrocardiograma com padrão de blo-
ainda infarto com onda Q ou sem onda Q. queio de ramo esquerdo sa bidamente novo
Lesão ou Injúria 13 7

A------

B ----

Figura 14.3A e B Lesão ou injúria subepicárdica. (A) Linha de base primitiva, antes da lesão. (B) Linha de base após
a lesão

Figura 14.4 Lesão subepicárdica: supradesnível do ponto


J e do segmento ST

Figura 14.5 ECG na lesão ou injúria subepicárdica . Notar o supradesnfvel do segmento ST. de convexidade superior

ou presumivelmente novo no paciente com o complexo QRS inscrito sobre a linha mais alta
dor de angina de peito tem o mesmo signi- e o segmento ST e a onda T sobre a linha primi-
ficado clínico e segue as mesmas condutas tiva, mais baixa. Desse modo, na lesão suben-
adotadas nos pacientes de infarto agudo do docárdica observa-se o infradesnível do ponto J
miocárdio (IAM) com supradesnível de ST. e do segmento ST (Figuras 14.6 e 14. 7).
Nesses BRE, a indicação do infarto associado
é a presença da alteração primária da repo- Critérios diagnósticos (Figura 14.8)
larização, ou seja, elevação concordante do
segmento ST e onda T positiva nas derivações • lnfradesnível do ponto J e do segmento ST
esquerdas, 01-aVL-VS e V6, ou infradesnível maior que O,Smm nas derivações que ex-
de ST importante > Smm nessas derivações. ploram a lesão.
• Segmento ST com concavidade superior.
• Aumento do tempo da deflexão intrinse-
LESÃO OU INJÚRIA SUBENDOCÁRDICA OU coide.
INFARTO SEM SUPRADESNÍVEL DO • Aumento do intervalo QT.
SEGMENTO ST
Obs. : Pode-se eventualmente observar o
A lesão do tecido subendocárdico provoca a su- segmento ST com aspecto de convexidade
bida da linha de base do traçado, sendo então superior.
138 lletrocardiograma Orientado para o Clln1co

Figura 14.6 Lesão ou injúria subendocárdica: (a) linha de base primitiva, antes da lesão; (b) linha de base após
a lesão

Figura 14.7 Lesão subendocárdica: infradesnivel do ponto J e do segmento ST

Figura 14.8 ECG na lesão ou injúria subendocárdica. Notar o infradesnível do segmento ST. de concavidade
superior

LESÃO OU INJÚRIA TRANSMURAL Diagnóstico topográfico da lesão ou injúria


(Figura 14.10)
Acomete de modo transversal toda a espessura
de uma região ventricular. A imagem observa- • Lesão ântero-septal : desnível de ST
da é semelhante à da tesão subepicárdica, ou em V1-V2-V3-V4.
seja, com supradesnivetamento do segmento • Lesão septal média (ou septal) : des-
ST, não sendo possível a diferenciação entre nível de ST em V1 -V2.
esses dois comprometimentos pelo ECG. • Lesão septal baixa (ou anteriores-
A soma algébrica das ondas monofásicas trita) : desnível de ST em V3-V4.
das células endocárdica e epicárdica, com vol- • Lesão ântero-lateral (ou lateral) :
tagem e duração diminuídas pela lesão, refle- desnível de ST em D1-aVL-V4-V5-V6.
te as alterações no ponto J e no segmento ST. • Lesão lateral a lta : desnível de ST em
como as já descritas (Figura 14.9). 01 -aVL.
Lesao ou InJúria ]]g

11

Figura 14.9 Onda rronofásica na lesão. (I) Subepicárdica. (11) Subendocárdica

Figura 14.10A e B Diagnóstico topográfico da lesão ou injúria. (A ) Parede anterior extensa . (B) Parede ântero·
septal. (C) Parede inferior

• Lesão apical: desnível de ST em VS-V6. • Lesão do ventrículo direito: desnível


• lesão anterior extensa : desnível de ST de ST em V3R-V4R-V5R-V6R.
em 01-aVL-V 1 a V6. • V3R = entre V1 e V4R.
• lesão inferior ou diafragmática : • V4R = 511 espaço int ercostal direito , na
desnível de ST em 02 -03 -aVF. linha hemiclavicular.
• Lesão dorsal ou posterior: desnível • VSR = Sll espaço intercostal direi to, na
de ST em V7 -V8 (imagem recíp roca em linha axilar anterior.
V1-V2). • V6R = Sll espaço intercostal direito,
• Lesão septal profunda: desnível de ST na linha axilar média (Figuras 14.1 1 a
em 02 -03-aVF-V1-V2-V3 . 14. 13).
140 HelrocardJOgrama Orientado para o[linico

Figura 14.11 ECG no infarto agudo (subepicárdico) de parede anterior extensa . Notar a onda de lesão em
D 1-aVL-Vl a V6

aVR aVL aVF

Figura 14.12 ECG no infarto agudo (subepicárdico) d e parede inferior. Notar a onda de lesão em 02-03-aVF
Lesao ou Injuria 141

aVR aVL aVF

Figura 14.13 ECG no infarto agudo (subepicárdico) de parede ãntero-septal. Notar a onda de lesão de Vl a V4

Imagem reciproca ou imagem em espelho

Corresponde a imagens eletrocardiográficas,


obtidas no mesmo traçado, com aspect os
morfológicos inversos entre si, originadas de
uma única lesão miocárdica. Paredes ventri-
culares de localizações anat ômicas diame-
tra lmente opostas e no mesmo plano elétrico
prod uzem imagens contrárias en tre si. Assim, Figura 14.14 Regiões do ventrículo esquerdo: 1, an-
uma única lesão subepicárdica pode determi- terior; 2, lateral; 3, apical; 4, inferior; 5, posterior

nar o supradesnível de ST (imagem real) no


eletrodo que explora essa região e o infrades-
nível de ST (imagem recíproca ou em espelho) • Ântero-septal (V1 a V4) x Posterior ou dor-
no eletrodo localizado em região oposta à pri- sal (V7-V8).
meira (Figura 14.14). • Ântero-septal x Ínfero-dorsal (D2-D3-aVF-
As paredes ventriculares que mais fre- V7-V8).
quent emente refletem imagens recíprocas são • Ântero-lateral (D1 -aVL-V5-V6) x Inferior
(Figura 14.15): (D2-D3-aVF) (Figuras 14.16 a 14.18).
142 Hetrocardiograma Orien tado para o[lln ico

Figura 14.15 Imagem recíproca ou em espelho: lesão su bepicárd ica de parede posterior com imagem recíproca
em parede anterior

Informações acessórias que relacionam a • Supradesnível de ST em 03 > 02, oclu-


região do infarto e a "artéria culpada" são da ACD
• Supradesnível de ST em 02 > 0 3, ocl u-
Ressaltamos que est e modelo serve co mo uma são em ACX
orientação inicial, uma vez que as relações en- • No infarto da parede anterior extenso:
tre artéria culpada e a região do infarto po- • Oclusão em ADA
dem apresentar variações, na dependência de • No infarto d a parede ântero-septal:
modificações anatômicas das artéri as coroná- • Oclusão em AOA
rias, bem como a existência d e lesões em mais • No infarto d a parede posterior:
de um vaso. • Oclusão da ACX ou ACD
• No infarto da parede inferior ou diafrag- • No infarto d e VD:
mática : • Oclusão em ACD

o, aVR

~~~v
w~~
Figura 14.16 ECG no infa rto agudo (subepicárdico)
de parede ínfero-dorsal. Notar a onda de lesão em
D2-D3-aVF-V7-V8, com imagem reciproca de V 1 a V4
lesao ou ln)um 143

Figura 14.17 ECG no 1nfarto agudo (subepicárdico) de parede ínfero-dorsal. Notar a onda de lesão em 02-03-
aVF. O comprometimento da parede dorsal é definido pela imagem recíproca de VI a V3

Figura 14.18 ECG no infarto agudo (subepicárdico) de parede inferior. Notar a onda de lesão em 02-03-aVF, com
imagem recíproca em 01 -aVL
144 fletrocardiograma Orientado para oClinico

Aspectos diagnósticos e considerações práticas possibilitando a identificação de lesão na


região dorsal do VE e lesão no VD, respec-
1. Onda ou corrente de lesão ou injúria, até
prova em contrário, corresponde ao infar- tivamente.

to agudo do miocárdio (Figuras 14.19 a 3. Ao encontrarmos no mesmo traçado


14.25) algumas derivações com supradesnível
2. É necessário que se faça inicialmente o e outras com infradesnível do segmento
eletrocardiograma com as 12 derivações ST, considera-se como verdadeira a alte-
clássicas acrescidas de V7-V8 e V3R a V6R, ração do supradesnível e como imagem

Figura 14. 19 ECG no infarto agudo (subepicárdico) de parede ântero-septal. Notar a onda de lesão de Vl a V4,
e o desvio do SâQRS em -60°, evidenciando o HBAE associado, complicando o infarto
lesão ou InJúria 145

recíproca a alteração do infradesnfvel, fradesnível do segmento ST no traçado.


significando a existência de uma real le- Não são observados supradesníveis do
são subepicárdica. Entretanto, a análise segmento ST nas outras derivações, exceto
da contratilidade segmentar do miocárdio em aVR, correspondendo a última à ima-
pelo ecocardiograma permitiu identificar gem recíproca (Figura 14.26)
que o fenômeno da imagem em espelho 6. Lesão ou injúria do ventrículo direito re-
pode, mais raramente, corresponder à real presenta quase sempre uma extensão de
isquemia de uma outra região ventricular, comprometimento da parede inferior (em
denominando-se de isquemia à distância. 50%) ou anterior do VE. O diagnóstico se
Pelo eletrocardiograma convencional, não estabelece nas informações clínicas indica-
é possível fazer-se tal distinção com abso- tivas de infarto do miocárdio com hipo-
luta certeza. tensão arterial e/ou choque associados a
4. Ao encontrarmos o infradesnível do seg- alterações eletrocardiográficas que se ca-
mento ST em V1 -V2-V3, devemos prosse- racterizam pelas imagens de supradesnível
guir o registro incluindo V7-V8, pois aque- do segmento ST nas derivações V3R-V4R-
la primeira alteração pode corresponder à V5R-V6R, denominadas de precordiais di-
imagem recíproca de uma real lesão sube- reitas (Figura 14.27).
picárdica da parede posterior. 7. Lesão ou injúria atrial é alteração infre-
5. A verdadeira lesão subendocárdica é diag- quente e secundária às lesões extensas
nosticada pela presença exclusiva do in- do VE. O diagnóstico eletrocardiográfico

~ --L--l-y'-f
aVR aVF

Figura 14.20 ECG no infarto agudo (subepicárdico) de parede inferior. Notar a onda de lesão em D2-D3-aVF
146 lletrocardiograma Orientado para oClinico

Figura 14.21 ECG no infarto agu-


do (subepicárdico) de parede ínfe-
ro-apical. Notar a onda de lesão em
D2-D3-aVF-V3 a VS. Observa-se o BRD,
complicando o infarto

Figura 14.22 ECG no infarto agudo (subendocárdico) de parede ântero-lateral. Notar a onda de lesão subendo-
cárdica de V4 a V6
lesão ou Injúria 141

aVR aVL aVF

Figura 14.23 ECG no infarto agudo com supradesnível de ST de parede anterior extensa. Notar a onda de lesão
em D1-aVL-V1 a V6
148 fletrowdiograma Orienta~o para o[linico

vação das enzimas marcadoras de necrose


miocárdica, especialmente as troponinas I
e T, sem a apresentação do supradesnível
de ST e sem o desenvolvimento posterior
da onda Q de necrose no eletrocardiogra-
ma, NSTEMI (Non-ST Segment Elevation
Myocardiallnfarction). A suspeita clínica e
a identificação imediata desse aspecto do
infarto do miocárdio é muito importante
para a melhor evolução e prognóstico des-
ses pacientes.
9. Os sinais eletrocardiográficos que suge-
rem sucesso na reperfusão coronariana,
seja por meio de agentes trombolíticos ou
da angioplastia percutânea primária, são
a redução de 50% ou mais da amplitude
do desnível de ST inicial, nos primeiros 90
minutos após os procedimentos citados, e
as arritmias de reperfusão, sendo as mais
frequentes as extrassístoles ventriculares e
o ritmo idioventricular acelerado (Figuras
Figura 14.24 ECG no infarto agudo (subepicárdico} 14 .29 a 14.31)
de parede ínfero·dorsal. Notar a onda de lesão em
D2-D3-aVF e a imagem recíproca de V1 a V3
Significado clínico da lesão subepicárdica
se baseia na presença de desnível do seg- 1. Infarto agudo do miocárdio com supra-
mento PR. Com frequência, porém não ex- desnível de ST.
clusivamente. ocorre o supradesnível desse 2. Angina variante de Prinzmetal.
segmento nas derivações periféricas es- É uma forma incomum de isquemia car-
querdas e o infradesnívet nas direitas. Ou- díaca em indivíduos sem doença coro-
tras alterações que sugerem a lesão atrial nariana identificável, consequente a um
são o aparecimento de arritmias atriais intenso espasmo na artéria coronária. Ge-
variadas e modificações morfológicas da ralmente o paciente refere dor estando em
onda P. no decurso de infarto extenso do repouso e no período matinal. Durante a
ventrículo esquerdo (Figura 14.28). crise aguda da angina, o eletrocardiogra-
8. Infarto sem supradesnível de ST - o ele- ma evidencia um significativo suprades-
trocardiograma inicial no diagnóstico do nível do segmento ST. simulando o IAM,
infarto do miocárdio apresenta-se com as diferenciando-se deste pela rápida nor-
alterações clássicas em apenas 50% dos malização do supradesnível de ST após a
casos. A repetição seriada dos traçados administração de nitroglicerina ou nitrato.
aumenta a sensibilidade para próximo de Não é comum a necrose miocárdica (ECG
85%. Nesse espectro, tem sido observado exemplificado no Capítulo 35).
infarto do miocárdio identificado pela ele- 3. Miocardite ou pericardite aguda.
lesão ou Injúria

aVR aVL aVF

Figura 14.25 ECG no infarto agudo de parede anterior extensa. Notar o supradesnível de ST em 01 -aVL-V2 a VS,
com imagem recíproca em 02-03-aVF. O aspect o de ST em V2 denota a fase superaguda do infarto
15o fletrocardiograma Orientado para oClinico

Figura 14.26 ECG no infarto agudo sem supradesnível de ST de parede ântero-lateral. Notar a onda de lesão
subendocá rdica de V3 a V6 com imagem recíproca em aVR
lesão ouInjuria 151

Figura 14. 27 ECG no infarto agudo com supradesnível de ST da parede inferior do ventrículo esquerdo e ventrí-
culo direito. Notar: Onda de lesão em D2-D3-aVF e em V3R a V6R

Figura 14.28A e B ECG no infarto atrial. (A) Supradesnível do segmento PR. (B) Visto com d etalhe
152 [letrocard iograma O r ienta~ o para o Clinico

aVR aVL

Figura 14.29A e B ECG do infarto agudo com supradesnível de ST da parede anterior extensa. Notar: (A ) Onda
de lesão em 01, V1 a V6 (continua)

4 . Miocardiopatia de Takotsubo. Sinonímia: síndrome, ao contrário do IAM, as coro-


síndrome do coração partido ou síndrome nárias mostram-se desobstruídas ao exa -
do balonamento apical do ventrículo es- me e as alterações são atribuídas a injúria
querdo. Ocorre mais f requentemente em miocárdica catecolamínica, aumento do
mulheres com mais de 65 anos, após um tônus simpático e vasoespasmo corona-
estresse emocional muito intenso. As ma- riano. O ventrículo esquerd o assume um
nifestações clínicas são semelhantes às do aspecto de balonamento ou de haltere em
IAM, inclusive com elevação das enzimas sua ponta nos exames de imagens, como
marcadoras de necrose miocárdica e alte- a cineventriculografia ou ecocardiograma.
rações no ECG com desnivelamentos de Ocorre disfunção ventricular, em geral
segmento ST e ondas T de isquemia. Nesta transitória, com volta à normalidade em
lesão ou InJúria 15 3

:-·-~--"·-~
...- - -......A.t__....
__ _ __,~-~~1-.--. ____,.,. ___. . 1'---- ""'11,..

aVR aVL aVF

(B) ECG 24 horas após a administração de trombolítico. Notar a redução significativa do desnível de ST com relação
ao primeiro ECG, mostrando critério de reperfusão miocárdica

2 a 4 semanas. Destacam-se nessa mio- OCLÍNICO DIANTE DA LESÃO OU INJÚRIA


cardiopatia que a trombólise coronariana MIOCÁRDICA *
na fase aguda da dor é desnecessária e o
benefício do uso de betabloqueador. Identificada a f ase aguda do infarto do
miocárd io pelas man ifestações clínicas e
por alterações eletrocard iográficas (o ECG
Significado clínico da lesão subendocárdica
deve ser realizado idealmente nos primei-
1. Infarto agudo do miocárdio sem supra- ros 1O minutos do início da manifestação
desnível do segmento ST. clínica), devem-se adotar, de imediato, os
2. Fase aguda da crise da angina de peito. procedimentos já estabelecidos pelas diver-
3. Sinal de positividade à prova de esforço. sas di retri zes:
154 Hetrocard1ograma Orientado para oClinico

• Coleta de sangue para identificação das en- farmacológica com agent es f ibrinolí-
zimas marcadoras de necrose miocárdica. t icos, aquela que melhor se adequar
• Iniciar MONA: M = morfina, O = oxigênio, ao paciente em questão, segundo as
N = nitrato ou nitroglicerina. A = ácido normas das diretrizes, e o tratamento
acetilsalicílico. adjunt o quando indicado: betablo-
• Encaminhar o paciente à unidade especia- queador, nitroglicerina EV, heparina EV.
lizada, onde segu irá as condutas ou rotas
2. Infarto sem supradesnível de ST,
previament e determinadas, exemplificadas
IMSSST
no Capítulo 30.
• Referido como rota 2 invasiva. em
1. Infarto com supradesnível de ST, resumo, iniciar o tratamento adj unt o
IMCSST ou com BRE novo quando indicado: betabloqueador, ni-
• Referido como rota 1, em resu mo, ini- troglicerina EV, heparina EV, inibidor
cia r os procedimentos para reperfusão da glicoproteína 118/ II IA , e o catete-
por trombólise mecânica (angioplast ia rismo cardíaco visando à angioplast ia
translumina l coronariana primária) ou transluminal coronariana .

aVR

Figura 14.30A e B ECG do infarto agudo com supradesnfvel de ST das paredes: (A) inferior (D2- D3-VF) e anterio r
(Vl a V6). (continua)
lesãoou lnjúrid 155

3. Infarto de ventrículo direito potencial efeito adicional de hipoten-


• Manutenção volêmica com adminis- são arterial.
tração de solução glicosada ou f isioló- • A ocorrência de arritmias cardíacas na
gica EV, mantendo o controle da pres- fase aguda do infarto do miocárdio
são arterial e do balanço hídrico. Se não é rara. De modo geral, as bradi-
necessário, o suporte inotrópico com cardias e os bloqueios atrioventricula-
dobutamina. Seguem-se as orien- res de graus variados que surgem nas
tações similares às do infarto com primeiras 24 horas do infarto da pare-
supradesnível de ST com os procedi- de inferior evoluem, habitualmente, de
mentos para reperfusão precoce por modo benigno, com estabilidade clíni-
trombólise. Não está indicado o uso ca e de resolução em duas semanas.
de nitrato, morfina e diuréticos, pelo Entretanto, se associadas ao infarto da

aVR aVL aVF

..,___
'

(B) ECG 12 horas após a administ ração de trombolítico. Notar a redução significativa do desnível de ST com relação
ao primeiro ECG, mostrando critério de reperfusão miocárd ica
156 flet rocardiograma Or ientadopara oClin ico

parede anterior, podem evolu ir com mente benignas, não necessitando de


complicações hemodinâmicas e nessa tratamento especifico. Fibrilação atrial
circunstância necessitam quase sem- aguda pode indicar aument o da pres-
pre do im plante do marca-passo tem- são nos átrios ou pericardit e associada
porário (ver Capítulo 31 ). Extrassístoles ou piora da função cardíaca e, sempre
ventriculares ocasionais ou múltiplas que permit ido, objet iva-se a reversão
e monomórficas são comuns e geral- ao ritmo normal.

aVR aVL aVF

\-...! '\--

02 03

--;- -t

aVR aVL aVF

Figura 14.31A e B ECG no infarto agudo com su pradesnível de ST de paredes: (A) inferior (D2 · D3·VF) e anterior
(V1 a V6). (B) ECG 12 horas após a administração de trombolít ico. Notar a redução significa t iva do desnível de ST
com relação ao primeiro ECG, mostrando critério de reperfusão miocárdica

• As condutas sugeridas levam em conta as restrições e cont ra indicações próprias e ind ividualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
CAP[TULO 15

Hecrose
~erson P. ~oldwasser

INTRODUÇÃO
A hipoxia tecidual mais prolongada acarreta
- - - lsquemia
danos irreparáveis à estrutura da célula cardía- f----Lesão
ca; provoca a degeneração da membrana e a et---Necrose
perda da integridade dos componentes intra-
celulares, culminando com a morte ou necrose
da célula- alteração histológica irreversível.
O tecido miocárdico infartado exibe três
áreas eletrofisiológicas distintas, dispostas
concentricamente e circundadas por tecido
miocárdico sadio: a região central (área de ne-
crose), a intermediária (área de injúria) e a pe-
Figura 15.1 Áreas do miocárdio comprometidas pela
riférica (área de isquemia) (Figura 15.1 ). Essas hipoxia
regiões exibem um comprometimento isquê-
mico progressivamente mais grave, à medida
que se caminha da periferia para o centro. tions, especialmente do potássio, reduzin-
Os fenômenos eletrofisiológicos e anatô- do importantemente a sua concentração no
micos no infarto agudo progridem de modo meio intracelular. Altera-se de forma signifi-
dinâmico ao longo do tempo, podendo a cativa, a relação K• intra/K• ext racelular, fato
zona de injúria evoluir para necrose (pior evo- que resulta na diminuição do potencial de re-
lução) ou para a isquemia (melhor evolução). pouso para aproximadamente -4SmV. Neste
Quanto menor a área de necrose residual, nível de potencial, a célula está eletricamente
melhor o prognóstico. impossibilitada de gerar potencial de ação,
A necrose altera substancialmente a per- portanto incapacitada de se ativar e repolari-
meabilidade da membrana celular; produz a zar. O tecido necrosado, ao longo do tempo,
perda muito acentuada de ânions e de cá - é progressivamente substituído por tecido de
158 [letrocardiograma Orientado para oClinico

regeneração fibroso, inerte elétrica e mecani- • Duração maior que 30ms.


camente, funcionando apenas como um teci- • Amplitude maior que 3mm.
do condutor do estímulo cardíaco. • Amplitude do QRS maior que 1/4 da total.

Em geral, a amplitude e a duração da


Acélula necrosada onda Q patológica correlacionam-se, res-
• Não gera potencial de ação. pectivamente, com a profundidade (sentido
• Não produz vetores. endocárdio-epicárdio) e com a extensão (sen-
• Não se despolariza e não se repolariza. tido em paralelo ao epicárdio) da necrose na
• Não se contrai . Apenas conduz o estímulo. parede ventricular. Assim, quanto maior for a
área comprometida, maior será a onda Q com
Uma vez que a região de necrose, eletri-
camente negativa, não se despolariza, os ve- relação ao restante do QRS. As morfologias
tores resultantes das áreas íntegras circunvi- mais representativas da necrose elétrica são
zinhas, eletricamente positivas, predominam Q-R, Q-S e Q-r.
no campo elétrico. Os vetores resultantes des-
se fenômeno afastam-se da área de necrose NECROSETRANSMURAL
(Figura 15.2).
"O vetor que representa a onda de necro- A necrose invade em toda a profundidade
se foge da área comprometida." (sentido endocárdio-epicárdio) uma parte da
A necrose altera o QRS, sendo representa- parede ventricular. Traduz-se, no ECG, pela
da pela onda Q patológica e define a existên- morfologia Q-S que, associada à T negativa,
cia do infarto do miocárdio. representa o potencial intracavitário captado
Onda Q patológica é aquela de morfolo- pelo eletrodo explorador epicárdico através
gia larga e profunda e apresenta as seguintes da área necrosada, situação denominada ja-
características (exceto em aVR): nela elétrica de Wilson (Figura 15.3).

NECROSE SUBEPICÁROICA
Célula Célula
sadia necrosada A necrose acomete uma extensão variável
(sentido em pa ralelo ao epicárdio) da parede
Figura 15.2 Veto r de necrose "foge" da área com- ventricular. Na dependência do tamanho da
prometida área comprometida com relação à área sa -

Figura 15.3 Necrose transmural


Hecrose

dia, traduz-se no ECG pelas morfologias Q-r NECROSE SUBENDOCÁRDICA


(comprometimento maior) ou Q-R (compro-
metimento menor). A onda T negativa obser- Os critérios diagnósticos da necrose subendo-
vada corresponde à isquemia subepicárdica cárdica ainda são de difícil reconhecimento.
associada (Figura 15.4). Em termos clássicos, a necrose estritamente
Todavia, qua ndo a área de necrose sube- subendocárdica não produz onda Q patológi-

picárdica residual for significativamente pe- ca . A maioria dos infartos sem onda Q corres-
quena com relação à área sadia, pode não ser pende a essa alteração. Apesar de a necrose
observada a onda Q patológica - infarto sem subendocárdica não alterar o t raçado, é pos-
onda Q. Em tal circunstância, a necrose é re- sível identificar-se o comprometimento agudo
presentada por uma diminuição da amplitude dessa região por meio de informações clínicas
da onda R. O diagnóstico só é possível pela e das alterações eletrocardiográficas que ca-
comparação entre o ECG anterior e o poste- racterizam as ondas de isquemia e lesão (Fi -
rior ao evento. Esse tipo de infarto é observa- gura 15.6).
do mais frequentemente nas pequenas necro- A ausência da onda Q patológica na ne-
ses de parede látero-basal ou no ápice do VE crose subendocárdica pode ser entendida
(Figura 15.5). com o conceito do endocárdio elétrico.

Q-r Q -R

Figura 1 5 .4 Necrose de grande


área subepicárdica

A B
Figu ra 15.5 Necrose de peque-
na área subepicárdica: infarto sem
onda Q patológica
160 fletrocardJograma Omntado para o Clln1co

Figura 15.6 Necrose subendocárdica : infarto


sem onda Q patológica

O endocárdio elétrico, diferente do endo- de ativação nessa região, produzindo-se po-


cárdio anatômico, delimita uma área interna tenciais com intensidades insuficientes para
da parede ventricular estimada entre 30% e serem registrados na superfície epicárdica.
60% da espessura total do miocárdio, den- Somente ao término do endocárdio elétrico
samente penetrada pelas fibras de Purkinje. modificam-se as direções das fibras da Purkinje,
Estas inúmeras terminações nervosas dicoto- dispondo-se em sentido paralelo, tornando a
mizam-se em direções variadas. Os dipolos ativação mais lenta e aumentando de intensi-
originados em cada uma dessas terminações dade os potenciais, passíveis, então, de ser re-
seguem caminhos diferentes, por vezes opos- gist rados pelo elet rodo epicárdico.
tos, podendo ocorrer colisões e mútuas anu-
lações de seus potenciais, não havendo assim
Diagnóstico topog ráfico da necrose
a formação de vetores.
(Figura 15.7)
Outro possível aspecto desse fenômeno
correlaciona essa intensa rede de Purkinje su- • Necrose ântero-septal : onda Q pato-
bendocárdica com a aceleração da velocidade lógica em V1-V2 -V3-V4.

A+ +. i : ; t t i:;
IÇ,~ T.l: i: 1:-
B

C+t +.+.++ti:
Figura 15.7A a C Diagnóstico topográfico da necrose. (A) Parede inferior. (B) Parede anterior extensa. (C) Parede
posterior com imagem reciproca em parede anterior
• Necrose septal média (ou septal): Aspectos evolutivos do infarto
onda Q patológica em V1-V2. do miocárdio com supradesnível
• Necrose septal baixa (ou anterior do segmento ST e com onda O
estrita): onda Q patológica em V3-V4.
(subepicárdico) (Figura 15.8)
• Necrose ântero-lateral (ou lateral):
onda Q patológica em D1 -aVL-V4-V5-V6. Os aspectos temporais não são absolutamen-
• Necrose lateral alta: onda Q patológi- te deli mitados, porém na maioria das vezes se
ca em 01-aVL. observam as segu intes fases evolutivas:
• Necrose apical: onda Q patológica em
V5-V6. Fase superaguda ou precoce - as primeiras
• Necrose anterior extensa: onda Q 24 horas do IAM
patológica em D1 -aVL-V1 a V6.
• Necrose inferior ou diafragmática: 1. Modificação na onda T característica de
onda Q patológica em D2-D3-aVF. isquemia subendocárdica.
• Necrose dorsal ou posterior: onda Q 2. Manifestação da onda de lesão: desní-
patológica em V7-V8 (imagem recíproca vel de máxima intensidade do segmento
em V 1-V2, com ondas R de grande ampli - ST, constituindo a onda monofásica do
tude). QRS, denominação que se deve à seme-
• Necrose septal profunda: onda Q pa- lhança desse QRS com a onda monofási-
tológica em D2-D3-aVF-V1-V2-V3 . ca do PA.

c ou

o ou

Figura 15.8 Fases evolutivas do infarto. (A) ECG inicial. (B) . Superaguda. (q Aguda ou em evolução. (D) Tardia
162 fletrmrdiograma Orien tado para oCl ínico

Fase aguda ou intermediária ou em evolução -as


primeiras 2 a 4 semanas do IAM

1. Ampla manifestação da corrente de lesão:


supradesnível do segmento ST com conve-
xidade superior.
2. Desenvolvimento da onda Q patológica
denotando o infarto do miocárd io .
3. Negativação da onda T característica de
isquemia subepicá rd ica.
4 . Retorno gradual do segment o ST à linha
de base ao final dessa fase.

Fase tardia - período após a 4il ou 6il semana


do IAM:

1. A volta ao normal do segmento ST pelo


desaparecimento da corrente de lesão.
2. Permanece evidenciada a onda de necrose.
3. Diminuição da amplitude da onda T isquê-
mica, que ao longo dos meses pode ou não Figura 15.1 O ECG no infarto (antigo) de parede ân-
reverter ao normal (Figuras 15.9 a 15.1 4). tero-septal. Notar a onda de necrose de Vl a V3 e a is-
quemia (onda T negativa) de parede anterior extensa

Aspectos diagnósticos e considerações


práticas no infarto do miocárdio
2. As evidências eletrocardiográficas podem,
1. O diagnóst ico eletrocardiográfico das em alguns pacientes, tardar em vá rias ho-
formas recentes do infarto do miocárdio ras após o início dos sintomas. Portanto,
é relativamente fácil de ser feito, pois os não se deve desconsiderar o diagnóstico
sinais de isquemia , lesão e necrose estão do infa rto agudo apenas por um eletro-
presentes na grande maioria dos event os. cardiograma inicialmente normal.

~u~ aVR aVL aVF

Figura 15.9 ECG no infarto (antigo) de parede inferior. Notar a onda de necrose (onda Q patológica) em D2-
D3-aVF
Hecrose 16 3

Figura 15.11 ECG no mfarto (antigo) de parede anterior extensa . Notar a onda de necrose e de 1squemia de
V1 a V6

aVR aVL aVF

Figura 15.12 ECG no infarto (antigo) da parede inferior. Notar a onda de necrose (Q patológica) em D2-D3-aVF,
com isquemia ainda presente
164 Helrocardtograma Orienlado para o Clinico

\\.-,---J....---.JA\.-.,__. .J.,-
. . ,.....__._-lt\- _,..._ __ ....,..__ ('-
,_

aVR aVL aVF

._.,J'L-----..-.1"-

Figura 15.13 ECG no infarto (antigo) d e parede anterior extensa. Notar a onda de necrose em V3 a VS. Em V6,
onda R de pequena amplitude

3. Num período variável de meses a anos, a complicando o infarto. Essa anormalidade


área isquêmica residual pode normalizar- pode, no entanto, ser diagnosticada mais
se, revertendo ao normal a onda T. precocemente pelo ecocardiograma (Figu-
4. Em um percentual pequeno de pacientes, ra 1 5.15).
menos de 10%, as alterações eletroca rdio-
gráficas que permit em o diagnóstico do in-
OCLÍNICO DIANTE DA NECROSE
farto desaparecem com o decorrer do tem-
MIOCÁRD ICA*
po, tornando impossível sua identificação.
5. As evoluções eletroca rd iográficas anor- • Os sinais eletrocardiográficos da fase de
malmente lentas são sugestivas de má cir- necrose são quase simultâneos aos obser-
culação coronariana colateral. vados na fase de lesão, portanto as condu-
6. A persistência do supradesnível do seg- tas já estão citadas no capítulo anterior.
mento ST por um longo período, superior • O dano celular no infarto do miocárdio
a três meses, sugere aneurisma ventricular é muitas vezes irreversível, portan to os
Hecrose 16 5

Figura 15.14 ECG no infarto (ant1go) das paredes


infenor e antenor extensa. Notar a onda de necrose
em D2·D3·aVF·V3 a V6

aVR aVL aVF

Figura 15 .15 ECG no infarto (antigo) de parede ante-


rior extensa. O supradesnivel do segmento ST de Vl a V4
corresponde ao aneurisma ântero·apical, confirmado pelo
ecocardiograma.
166 Hetrowdiograma Orientado para oClln1co

esforços devem ser intensos para a pre- venção de DAC, é necessário o controle
venção da ateromatose coronariana e desses fatores de risco associado às medi-
vascular em geral. As diretrizes sobre os das dietéticas apropriadas e ao est fmu lo à
fatores de risco na doença aterosclerótica prática de exercícios f fsicos.
coronariana (DAC) servem de guias para • Ao médico, cabe identificar a síndrome
os procedimentos e condutas preventivas. corona riana aguda o mais precoce pos-
Aos fatores de riscos tradicionais, dislipi- sível, uma vez que, quanto mais rapida-
demia, tabagismo. diabetes metito, hi- mente forem realizados os procedimentos
pertensão arterial. obesidade abdominal, terapêuticos clássicos e os de reperfusão
sfndrome metabólica. estresse emocional, miocárdica com "abertura da artéria cul-
sedentarismo e história fam iliar de DAC. pada" . mais se preserva o miocárdio em
somam-se os fatores de risco emergentes, suas funções. Posteriormente ao evento,
protefna C reativa de alta sensibilidade, deve-se conduzir o paciente à reabilitação
homocistefna, lipoprotefna A. Para a pre- cardiovascular.

Figura 15.16 Aspecto hiper-refringente da


base da parede inferior. com redução de sua
espessura sugerindo fibrose. Após IAM (nfero-
basal. Corte apicai

Figura 15.17 Fibrose e aneurisma da base da parede inferior. Cardio·


patia isquêmica. AE = Átrio esquerdo; VE = ventriculo esquerdo

• As condutas sugeridas levam em conta as restrições e contraindicações próprias e individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
fletrocardiograma no
Teste frgométrico
Luiz Carlos Pimenta Godinho
WashingtonBarbosa de Araujo

INTRODUÇÃO observando-se os sinais e sintomas referidos;


hemodinâmicos e metabólicos, estudando o
O teste ergométrico é um método comple- comportamento da pressão arterial, da fre-
mentar de ampla utilização nos diversos cam- quência cardíaca e do consumo de oxigênio
pos da medicina e particularmente em cardio- (geralmente estimado, de forma indireta, pelo
logia. Consiste na realização de um esforço tempo de exercício). A análise de todos esses
gradual e programado, executado em apare- parâmetros possibilita maior precisão no re-
lhos denominados ergômetros, sendo os mais sultado do teste.
comuns a bicicleta e a esteira ergométrica. Não havendo contraindicações, o paciente
Durante a realização do exame, é feita será exercitado, segundo um protocolo ade-
uma avaliação que engloba aspectos ele- quado, até surg ir algum sintoma limitante ou
trocardiográficos, por meio de monitoração situação de risco. Atualmente, o protocolo
contínua e registros intermitentes; clínicos, mais utilizado é o de Bruce (Tabela 16.1).

Tabela 16.1 Protocolo de Bruce


Estágio Tempo Velocidade Inclinação
(milhas/h)
3' 1,7 10%
2 3' 2,5 12%
3 3' 3.4 14%
4 3' 4,2 16%

5 3' 5,0 18%

6 3' 5,5 20%

7 3' 6,0 22%


16 8 Hetrocardiograma Orientado para o Clinico

Sistema de registro
Eletrodos são colocados no tórax do paciente
para a monitoração e o registro eletrocardio-
gráfico. Rotineiramente, se utilizam no míni-
mo três derivações: MC5, V2 e aVF. A MC5
é constituída por um sistema bipolar, seme-
lhante à DI, no qual o eletrodo explorador (do
braço esquerdo) e o negativo (do braço direi-
to) encontram-se, respectivamente, em V5 e
no manúbrio esternal. É a derivação que mais
identifica alterações isquêmicas (Figura 16.1).
Equipamentos mais sofisticados permitem a J y
realização das 12 derivações a cada estágio
Figura 16.2 Pontos de referência para a interpreta·
do exercício, aumentando a sensibilidade do
ção do exame. LB = linha de base
método para a detecção de isquemia miocár-
dica e facilitando a interpretação de arritmias
e distúrbios da condução desencadeados pelo • Ponto J: identificado pela angulação que

esforço. marca o fim do QRS e o início do segmen-


to ST.
• Ponto V: localiza-se no segmento ST. dis-
Variações fisiológicas
tando 2mm (80ms) do ponto J.
Certos pontos no traçado eletrocardiográfico • Linha de base: interliga as junções PR
são utilizados como referência durante o exa - e PQ de um grupo de complexos QRS ali-
me (Figura 16.2): nhados.

BD

Figura 16.1 Posição dos eletrodos para monitoração com três derivações. BD = braço direito; BE = braço esquer·
do; PD = perna direita; PE = perna esquerda
Helrocardiograma no lesle frgomélrico

Durante o exercício, a acentuação do tê- Tabela 16.2 Indicações para o teste


nus simpático, variações respiratórias, altera- ergo métrico
ções metabólicas, entre outros fatores, pro-
• Avaliação de isquemia miocárdica:
duzem modificações consideradas fisiológicas
nos diversos elementos do ECG: • Dor precordial
• As ondas P e T inscrevem-se mais amplas • ECG alterado
e apiculadas, em particular logo após a in- • Sinais ou sintomas suspeitos
terrupção do exercício.
• Fatores de risco
• As ondas Q e 5 tornam-se mais profundas.
• A onda R tem sua amplitude reduzida. • Coronariopatas

• Pode-se observar um infradesnível do pon- • Pós-revascularização miocárdica


to J, porém com segmento ST ascendente • Pós-angioplastia
rápido e ponto Y na linha de base.
• Pós-infarto agudo do miocárdio
• A onda U deve manter a mesma polarida-
• Avaliação de arritmias
de com relação ao padrão inicial.
• Avaliação da resposta pressórica

Indicações para o exame • Avaliação funcional em diversas


cardiopatias:
A principal indicação para o teste ergométrico • Miocardiopatias
é a avaliação de isquemia miocárdica, embora
• Valvulopatias
tenha crescido consideravelmente o leque de
novas aplicações (Tabela 16.2). • Cardiopatias congênitas
Limitaremos nossa abordagem apenas às • Avaliação da capacidade laborativa
situações clínicas em que os aspectos eletro- (perícia médica)
cardiográficos observados no teste ergométri- • Avaliação da capacidade aeróbica
co (TE) são mais relevantes.
• Avaliação preventiva em exames periódicos

AVALIAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA PELO


TESTE ERGOMÉTRICO NA CARDIOPATIA manifestações clínicas, eletrocardiográficas e
ISOUÊMICA hemodinâmicas que caracterizam a doença
isquêmica.
Durante o exercício, ocorre aumento da fre-
quência cardíaca, da pressão arterial e da
Variações patológicas
contratilidade miocárdica, fatores que deter-
minam a elevação do consumo de oxigênio Algumas alterações no ECG do TE têm
miocárdico (MV02). No miocárdio normal, sido consideradas anormais por se correla-
esse incremento do MV02 é equilibrado pelo cionarem, em grau variado, com isquemia
maior afluxo coronariano. Entretanto, no miocárdica. Algumas delas (listadas a seguir)
miocárd io isquêmico, as lesões obstrutivas apresentam-se de forma inconstante e menos
coronarianas, o espasmo coronariano ou al- específica. Constituem critérios secundários
terações da microcirculação limitam o aporte que podem auxiliar, eventualmente, na inter-
sanguíneo, desequilibrando a relação entre pretação de exames em que a análise de alte-
a oferta e o consumo de 0 2, produzindo as rações mais típicas esteja limitada:
170 fletrocardiograma Orientado para oClinico

• Aumento da fase negativa da onda P em Há alguma variação, entre os diversos au-


V1 . tores, na interpretação das medidas utilizadas
• Diminuição da amplitude da onda Q. para definir um teste como isquêmico. Em-
• Aumento da amplitude da onda R. pregando-se como critério de isquemia uma
• Inversão da polaridade da onda T. depressão de ST mais acentuada, aumenta-
• Inversão da polaridade da onda U. mos o grau de certeza nos exames alterados
- maior especificidade. Entretanto, deixamos
Os dados que apresentam maior correla-
de identificar um grande número de pacientes
ção com isquemia miocárdica no teste ergo- isquêmicos que não atingem o grau de infra-
métrico são aqueles relacionados com o seg - desnível preconizado - menor sensibilidade.
mento ST. Mulheres antes do climatério apresentam
maior incidência de depressão do segmento
lnfradesnível do segmento ST ST de causa não isquêmica. Nesse grupo de
pacientes e naquele em que ocorre infrades-
É a alteração eletrocardiográfica mais caracte-
nível do segmento ST com padrão ascendente
rística de isquemia miocárdica desencadeada
(menos específico). utilizamos como critério
pelo exercício.
uma depressão de ST mais acentuada para
Em ordem crescente de significado especí- aumentar a precisão diagnóstica (Tabela 16.3)
fico, o segmento ST pode se apresentar com (Figuras 16.4 e 16.5).
morfologia ascendente, horizontal ou descen-
dente (Figura 16.3). Supradesnível do segmento ST
Ocorre com menor frequência com relação
à depressão do ST. porém, ao contrário dela,
Tipos de segmento ST apresenta correspondência entre a parede
ventricular onde o supradesnível se manifesta
e a lesão anatômica coronariana. Comumen-
te, a elevação do ST está associada a obstru-
ções graves e proximais.
A elevação do segmento ST. igual ou supe-
rior a 1mm ou 0,1mV, constitui critério especí-
fico para identificar testes isquêmicos. Entre-
tanto, é baixa a incidência desse achado.
Em alguns casos, quando a isquemia é
Ascendente Horizontal Descendente
mais intensa, pode haver infradesnível e su -
Figura 16.3 Padrões de depressão do segmento ST: pradesnível de ST. por formação de "imagem
ascendente, horizontal e descendente em espelho" .

Tabela 16.3 Critérios de isquemia pela depressão do segmento ST


Padrão Homem/Mulher Mulher Local de Medição
Pós-Climatério Pré-Climatério
Ascendente 2mm (0,2mV) 2,5mm (0,25mV) Ponto Y
Horizontal 1mm (0,1mV) 1,5mm (0,15mV) Ponto J ou Y
Descendente 1mm (0,1mV) 1,5mm (0,15mV) Ponto J
Hetrocardiograma no Teste hgométrico 171

B
Figura 16.4A e B Teste isquêmico. (A) Reg istro basal. (B) Pico do esforço evidenciando o infradesnível do segmen-
to ST com padrão horizontal em múltiplas derivações, atingindo 3mm de depressão em D1 (MC5) e D2

O supradesnível do ST pode ainda ocor- A Tabela 16.4 resume as principais variáveis


rer na angina de Prinzmetal, por espasmo que implicam mau prognóstico para o paciente.
coronariano, e também em região com fibra-
se miocárdica, devido à discinesia da parede Confiabilidade do exame
ventricular ou, mais raramente, em decorrên- A análise multifatorial em ergometria, inclu in-
cia de isquemia residual (Figura 16.6). do aspectos eletrocardiográficos, hemodinâ-
micos e clínicos, tem aumentado significativa-
Avaliação prognóstica mente a precisão dos resultados.
O conhecimento de uma série de situações
Embora inicialmente o teste ergométrico fosse (Tabela 16.5) que t em o potencial de produzir
utilizado basicamente para o diagnóstico de depressão do segmento ST, não correlaciona-
isquemia miocárdica, a evolução do método da com doença coronariana, pode evitar erros
diversificou suas possibilidades de aplicação de interpret ação.
nessa patologia . Atualmente, esse exame, no Ocasiona lment e, ocorre divergência entre
paciente isquêmico, pode ter também como os achados do teste ergométrico e a corona-
finalidades a avaliação terapêutica, prognósti- riografia correspondente. E, incorretamente,
ca e a organização de um programa adequa- utiliza-se a terminologia "teste positivo falso"
do de exercícios. quando a prova ergométrica é isquêmica e a
A avaliação prognóstica, quantificando o coronariografia é normal; e "teste negativo
grau de isquemia, é útil para orientar a se- falso" quando o teste ergométrico é normal
quência dos demais exames complementares e a coronariografia mostra alterações signifi-
e definir a melhor forma de tratamento. cativas.
172 fletrocardiograma Orientado para oClínico

Figura 16.5A a C Teste isquêmico. (A) Registro basal. (B) Pico do esforço com depressão adicional do ponto Y de
2,5mm, principalmente em 0 1 (MCS), 02 e aVL, com segmento ST ascendente. (C) Pós-esforço imediato, nota-se
o infradesnível ad icional do ponto J de Smm em 01 (MCS) e 02, com segmento ST descend ente

l
Hetrocardiograma no Teste frgométrico 1(3

Figura 16.6A e B Teste isquêmico com padrão de supradesnível do segmento ST. (A) Registro basal com infarto
inferior antigo. (B) Pico do esforço evidenciando o supradesnível do segmento ST em parede inferior (provável
discinesia) e infradesnível de ST em D1, D2, aVL e V4

Tabela 16.4 Variáveis associadas a mau prognóstico


• lsquemia com baixa carga d e trabalho
• lsquemia com pequena elevação da PA ou FC
• lsquemia em 5 ou mais derivações
• lsquemia persistente por mais de 5 min no período pós-esforço
• Queda da PA ou da FC durante o esforço
• Depressão do segmento ST igual ou maior que 2mm
• Elevação do segmento ST
• Angina, induzida pelo exercício, em baixa ca rga de trabalho
• Arritmias ventriculares complexas em baixa carga de trabalho
174 Hetrocardiograma Orientado para o Clínico

Tabela 16.5 Condições que podem alterar O acompanhamento por 5 anos de 5.303
o ST em não coronariopatas pacient es (estudo CASS) mostrou que, mesmo
no grupo dos que tinham lesões obstrutivas
• Hipertensão arterial
nos três vasos, havia subgrupos diferenciados
• Bloqueio do ramo esquerdo do feixe que exibiam taxas de mortalidade anual que
de His variavam de 12% para os que eram incapazes
• Miocardiopatias de completar o 1a estágio até 0% para aque-
les que atingiam o 5g estágio do exercício.
• Valvopatias
Consideramos, portanto, que o teste ergo-
• Pericardiopatias
métrico e a coronariografia são exames que se
• Prolapso da valva mitral complementam e que a soma de informações
• Síndromes de pré-excitação obtidas pelos dois métodos fornece valiosos
subsídios para a orientação do clínico.
• Cardiopatias congênitas
• Depressão inespecífica do ST
• Astenia neurocirculatória
AVALIAÇÃO DOS DISTÚRBIOS DO RITMO E
DA CONDUÇÃO PELO TESTE ERGOMÉTRICO
• Anemia
• Hiperventilação Indicações
• Hipoglicemia • Observar o comportamento, frente ao exer-
• Distúrbios eletrolíticos cício, de dist úrbios do ritmo ou da condu-
• Uso de drogas que alteram o ST (digital. ção (DRC) presentes em repouso.
amiodarona etc) • Detectar DRC desencadeados pelo exercício.
• Analisar sinais e sintomas sugestivos de
DRC, associados ao esforço.
Entretanto, é natural que haja discordân- • Avaliar pacientes com card iopatias correla-
cia eventual entre métodos que avaliam fenô- cionadas com o desenvolvimento de DRC
menos diferentes. A coronariografia analisa a de importante significado clínico (p. ex.,
anatomia coronariana em repouso e o teste pacientes com miocardiopatia chagásica,
ergométrico permite uma avaliação funcio- hipertrófica etc.).
nal e metabólica da relação entre a oferta e • Observar a resposta ao tratamento de DRC
o consumo de 0 2, em nível celular, durante o (medicamentoso, cirúrgico, por ablação
exercício. ou com o implante de ma rca-passo).
Um paciente com lesão obstrutiva corona - • Investigar possível etiologia isquêmica
riana importante pode não manifestar isque- para os DRC detectados.
mia durante o exercício, se possuir uma boa • Prescrever exercícios, em nível adequado,
rede de circulação colateral. Já um indivíduo para o paciente com DRC relacionados
com os vasos coronarianos aparentemente com o esforço.
normais no estudo angiográfico pode apre-
sentar isquemia ao esforço por alterações na Distúrbios do ritmo
microcircu lação, por espasmo coronariano ou As extrassístoles supraventriculares são os dis-
mesmo por placas ateroscleróticas com angu- túrbios do ritmo mais observados durante o
lações caprichosas, não detectáveis nas proje- teste ergométrico. São geralmente benignas
ções radiológicas habituais. e sem significado clínico aparente. Quando
Hetrocardiograma no leste frgomélrico ll5

mais frequentes, podem estar associadas a inicial da recuperação em atletas ou em indi-


doença pulmonar, prolapso da valva mitral, víduos com tônus vagai mais acentuado. Ge-
estresse, uso de álcool, tabaco ou cafeína. ralmente desaparecem com o exercício, sendo
A taquicardia paroxística supraventricu- considerados benignos.
lar, a fibrilação e o flutter atrial podem pro- O BAV do 2Q grau Mobitz 11 e o BAV do
duzir alterações no pad rão de repolarização 3Q grau, presentes em repouso ou desenca-
que tornam inviável a análise do segmento deados pelo exercício, estão relacionados com
ST na interpretação de isquemia miocárd ica comprometimento importante do sistema de
induzida pelo esforço. Podem ocorrer tanto em condução. Podemos realizar o TE em pacien-
indivíduos normais como naqueles com hiper- tes com BAV do 3Qgrau congênito para a ava-
t ireoidismo, doença pulmonar ou com car- liação da resposta cronotrópica, inotrópica
diopatias variadas (valvopatias, miocardiopa- e da capacidade funcional. Porém, constitui
t ias, cardiopatia isquêmica etc.). contraindicação relativa à execução do TE nos
As extrassístoles ventriculares (ESV) são que apresentam BAV total adquirido.

achados comuns durante o TE, com baixa O bloqueio divisional ântero-superior es-
querdo é o distúrbio de condução que sur-
reprodutibilidade em exames subsequentes.
ge mais comumente durante o exercício. Na
Embora, na maioria das vezes, sem significa-
maioria das vezes, parece ser um fenômeno
do patológico, podem ser decorrentes de hi-
dependente da frequência, secundário a va-
peratividade simpática, distúrbios eletrolíticos,
riações na refratariedade das vias de condu-
prolapso valvar mitral, cardiopatia isquêmica e
ção, ocorrendo acima de um ponto crítico de
miocardiopatias, entre outras possibilidades.
estimulação, em pacientes suscetíveis.
As ESV são mais valorizadas ao se manifes-
O bloqueio de ramo esquerdo do 2Qou do
tarem com aspecto polimórfico, de forma pa-
3Q grau, presente em repouso ou desencadea-
reada, em salvas ou com incidência superior a
do pelo exercício, impossibilita o uso de crité-
1O por minuto. A presença dessa complexida-
rios eletrocardiográficos para identificar uma
de em paciente com outros sinais de isquemia
resposta isquêmica do miocárdio. Já no caso
no TE e em baixa carga de trabalho aumenta
do bloqueio de ramo direito (2Qou 3Qgraus)
o valor preditivo do exame para essa patolo-
apenas não podemos utilizar as derivações
gia. Ocorrendo nas mesmas circunstâncias,
precordiais direitas para essa análise, devido
em cardiopatas, estão associadas a maiores às alterações secundárias da repolarização,
morbidade e mortalidade. geralmente presentes de V1 a V4. O signifi-
A taquicardia ventricular, não obstante cado clínico do BRE ou BRD desencadeados
poder ocorrer em indivíduos aparentemente durante o exercício não é claro, podendo ser
hígidos, em geral está associada a doença decorrentes de isquemia miocárdica, secundá-
coronariana importante ou outra cardiopatia rios a outro tipo de cardiopatia não-isquêmica
grave, se presente na sua forma sustentada e ou apenas um fenômeno dependente da fre-
acompanhada de precordialgia ou alterações quência (Figura 16.8).
de ST (Figura 16.7) . O teste ergométrico também pode ana-
lisar o comportamento, durante o exercício,
das síndromes de pré-excitação. Uma via
Distúrbios da condução
anômala oculta pode, eventualmente, ser
O BAV do 1Qgrau e o BAV do 2Qgrau Mobitz I evidenciada durante o esforço, bem como
podem ser observados em repouso ou na fase a condução por uma via anômala aparente
17 6 Hetrocordiogromo Onentodo poro o Clfn1co

n _
J~.,___
o3 __
a
A

Figura 16.7 A e B (A) ECG basal de paciente com relato de angina aos esforços. (B) Ocorrência de taquicardia
ventricular com baixa carga de trabalho e desconforto precordial concomitante, sugerindo grave comprometimen-
to isquêmico

ser suprimida pela facilitação da passagem AVALIAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA DE


pelo nódulo AV, secundária ao aumento do OUTRAS CARDIOPATIA$ PELO TESTE
t ônus simpático. Diversos tipos de arritm ia ERGOMÉTRICO
ocasionalmente se manifestam, esclarecen-
do sintomas descritos pelo paciente. A ava- Além dos dados eletrocardiográficos obtidos
liação de isquemia miocárd ica, utilizando-se durante o exame, o TE pode ser útil na ava-
os padrões morfológicos do segmento ST, liação das diversas cardiopatias (Tabela 16.2),
encontra-se prejudicada devido às alterações permitindo:
secundárias da repolarização, ordinariamen- • A análise da resposta cronotrópica e ino-
te observadas nas síndromes de pré-excitação trópica (geralmente deprimida quando há
(Figura 16. 9). disfunção ventricular).
Hetrocardíograma no leste frgométmo 177

Figura 16.8A e B (A) ECG basal normal em jovem de 26 anos, sem sintomas e com ecocardiograma sem altera-
ções, submetido a avaliação cardiológica por apresentar níveis de PA limítrofes. (B) Desenvolvimento de BRE do 3•
grau durante o exercício, sem sintomas ou repercussão hemodinãmica associada (provável fenômeno dependente
da frequência)

• Definir a classe funcional em que se encontra • Organizar um programa de exerdcios ade-


o paciente, utilizando parâmetros objetivos. quado, com menor risco de complicações.
• Acompanhar o cardiopata, realizando tes-
A avaliação eletrocardiográfica permite a
tes seriados, no mesmo protocolo, possi-
bilitando uma interpretação clara do agra- detecção de arritmias (que podem implicar

vamento ou não do seu estado funcional. pior prognóstico) e a evidenciação de infra-


• Verificar a resposta terapêutica, podendo desnível do segmento ST, decorrente de isque-
orientar novos exames, procedimentos ou mia miocárdica concomitante ou de disfun-
intervenção cirúrgica. ção ventricular.
17 8 fletrocardiograma Orientado para oClín1co

Figura 16.9A e B (A) ECG basal mostrando pré-excitação (WPW) em indivíduo com queixa de palpitações durante
atividade física intensa. (B) Após 15min de esforço, apresenta taquicardia paroxistica supraventricular, revertida
espontaneamente com a interrupção do exerdcio

A rritmias são achados frequentes na in- diomiopatia hipertrófica. ser ocasionada por
suficiência mitral, no prolapso da valva mitral coronariopatia concomitante, evidenciar dis-
(PVM) e, com maior gravidade, nas cardiomio- função do VE. ou ter causas mistas.
patias hipertrófica e dilatada (Figura 16. 1O). Quando o infradesnível do ST ocorre a in-
A depressão do segmento ST pode ter suficiência aórt ica. pode identificar, de forma
origem não-isquêmica como no PVM, ser precoce, disfunção do VE, servindo para indicar
causada por isquemia relativa como na car- o momento cirúrgico ideal. Nos pacientes com
Hetrocard10grama no leste [rgométmo

Figura 16.10A e B (A) ECG basal de paciente com prolapso m itral e referência a arritmias ocasionais. (B) Desen-
volve taquicardia paroxística supraventricular du rante o exercido com depressão de ST, que não pode ser valorizada
como critério de isquemia miocárdica
180 flelrocardtograma Orten lado pm o Eltntco

estenose aórtica, apresenta correlação com e risco mtmmo. Proporciona uma avaliação
a gravidade do quadro, associando-se a um objetiva da reserva coronariana e das respos-
gradiente sistólico VE-AO superior a SOmmHg tas cronotrópica, inotrópica e dromotrópica.
(Figura 16.11 ). Permite, assim, uma orientação racional do
Ao concluir, destacaríamos que o teste er- ponto de vista diagnóstico, terapêutico, evo-
gométrico é um método não invasivo, de fácil lutivo e prognóstico do paciente, tornando-se
execução, baixo custo, boa reprodutibilidade uma ferramenta essencial para o clínico.

Figura 16.11 A e B (A) ECG basal com padrão de sobrecarga ventricular esquerda em paciente com estenose aór-
tica . (B) Exibe boa t olerância ao esforço, havendo redução do infradesnível de ST. Ao eco-Doppler, foi evidenciada
estenose aórtica leve com gradiente sistólico VE-AO médio de 23mmHg e boa função sistólica .
fletrocardiograma no reste frgomélrico 1B1

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,
CAP(TULO 17

~
Mecanismos Rrritmogênicos e
Classificação das Arritmias
Gerson P. Goldwasser

INTRODUÇÃO 1. Alteração do automatismo normal.


2. Presença de automatismo anormal- pós-
Arritmia cardíaca é definida como a ocorrên- potenciais.
cia de qualquer alteração do ritmo cardíaco 3. Fenômeno de reentrada .
normal. Deve-se a perturbações na formação
- arritmia cronotrópica - e/ou na condução -
arritmia dromotrópica, do impulso elétrico do
ALTERAÇÃO DO AUTOMATISMO NORMAL
coração. São modificações que afetam a despolari-
Os impulsos elétricos do coração repetem- zação diastólica das células automáticas. As
se de modo automático e em sequência re- substâncias com atividade adrenérgica au-
gular, não necessitando de qualquer estimu- mentam a velocidade de ascensão da fase 4
lação externa para o seu desencadeamento. do PA, aceleram o automatismo e elevam a
Originam-se no nódulo sinusal, área do mar- frequência cardíaca. As substâncias com ati-
ca-passo cardíaco, em razão da ascensão mais vidade colinérgica, ação vagai, exercem um
rápida da despolarização diastólica (fase 4 do efeito inverso, deprimem o automatismo e re-
PA) das células automáticas aí existentes. Des- duzem a frequência cardíaca . Altera-se desse
se modo, o nódulo sinusal exerce um efeito modo o ritmo cardíaco normal.
inibitório sobre as demais áreas automáticas
do coração, localizadas nos átrios, na junção
AUTOMATISMO ANORMAL -
AV, no feixe de His e no sistema de Purkin-
PÓS-POTENCIAIS
je, deprimindo e impedindo-as de produzir
impulsos. Esse mecanismo é denominado de São oscilações que ocorrem no potencial de
overdrive supression- supressão de comando ação, durante a fase 3 ou no início da fase 4,
por estimulação de frequência mais rápida. interrompendo a sua inscrição. Essas oscila-
Três são os principais mecanismos eletro- ções fazem com que o potencial limiar seja al-
fisiológicos que desencadeiam as arritmias cançado antes do previsto, desencadeando-se
cardíacas: uma excitação cardíaca repetitiva chamada de
186 fletrocardiograma Orientado para o Clinico

atividade deflagrada ou em gatilho, respon - rios, no feixe B a velocidade de condução tor-


sável pela gênese de determinadas taquiar- na-se lenta e no feixe C não há a propagação
ritmias. Hiperautomatismo é uma forma de do estímulo, pois aí se processa um bloqueio
pós-potencial que ocorre na fase 4, em que de condução unidirecional.
um foco ectópico aumenta a sua frequência Nessa circunstância, estabelece-se circuito
de disparo, em paralelo ao nódulo sinusal. de reentrada, em que um único impulso car-
díaco, após ativar a região distai (feixe D), re-
toma à região de origem (feixe A), circulando
REENTRADA
anterogradamente pela via de condução lenta
É o fenômeno da reexcitação (reestimulação) (feixe B) e retrogradamente pela via do blo-
de determinado tecido cardíaco. Alterações queio unidirecional (feixe C), reativando uma
na fibra cardíaca tornam-na suscetível a que ou mais vezes o mesmo tecido cardíaco.
um único impulso elétrico retorne e excite O mecanismo da reentrada é a alteração
duas ou mais vezes a mesma região. Três con- eletrofisiológica mais frequente de produção
dições são necessárias para o fenômeno da de arritmias cardíacas.
reentrada: O nódulo AV é um exemplo de via ana-
1. Via anatômica propícia. tômica propícia ao fenômeno de reentrada.
2. Bloqueio unidirecional. As células da região superior do nódulo AV
3. Zona de condução lenta. apresentam períodos refratários diferentes,
determinando múltiplas vias intrínsecas de
Em condição normal (Figura 17.1 ), o im- condução nodal. Dois são os principais traje-
pulso cardíaco parte de uma via comum pro- tos de condução: trajeto alfa, nas células com
ximal (feixe A), propaga-se simultaneamente período refratário mais curto e velocidade de
em duas vias de condução (feixes B e C), al- condução mais lenta, e trajeto beta, nas células
cança e despolariza a via comum distai (feixe com período refratário mais longo e velocidade
D) e extingue-se. Em condições patológicas, de condução mais rápida. A reentrada se pro-
em razão de alterações nos períodos refratá- cessa com o impulso cardíaco propagando-se

Figura 17.1 Reentrada. (I) As fibras A, B, C e D estão íntegras. O impulso elétrico parte da fibra A, propaga-se
simultaneamente pelos feixes B e C, alcança e ativa a fibra D e extingue-se (situação normal). (la) O impulso par-
te da fibra A, é bloqueado no feixe C, prog ride lentamente pelo feixe B, alcança e ativa a fibra D, porém não se
extingue. (lb) O impulso retorna pelo feixe C (cujo bloqueio é unidirecional), alcança e ativa novamente a fibra A.
completando uma ou mais vezes o movimento circular.
Hecan1smos Rrntmogenicos e([ass1f1caçào das Rrr1tm1as 18 7

na direção atrioventricutar (via anterógrada) por Arritmias por distúrbios na formação e/ouna
uma via nodal (alfa ou beta), reentrando aos condução do impulso cardíaco
átrios (via retrógrada) por outra via nodal (alfa
• Por alteração no automat ismo e/ou fenô-
ou beta) contrária à anterior.
meno de reentrada :
Qualquer desses mecanismos eletrofisioló-
• Extrassístole (sinusal, atrial, juncional e
gicos, alterações no automatismo normal, no
ventricular).
automatismo anormal ou reentrada, de forma
• Taquicardia paroxística e não paroxísti-
isolada ou associada, pode produzir arritmias
ca (atrial, juncional e ventricular).
cardíacas.
A taquicardia paroxística juncional é
atualmente denominada de taquicar-
CLASSIFICAÇÃODAS ARRITMIAS QUANTO dia reentrante atrioventricular nodal.
AO MECANISMO ARRITMOGÊNICO FUNDA· • Flutter e fibrilação (at rial e ventricular).
MENTAL • Dissociação atrioventricular.

Arritmias por distúrbios na formação do


Arritmias por impedimento ou aceleração
impulso cardíaco
na condução do impulso cardíaco
• Por alteração do automatismo normal no
• Por impedimento parcial ou total da con -
nível do nódulo sinusal:
dução do impulso elétrico:
• Taquicardia sinusal.
• No nível do nódulo sinusal:
• Bradicardia sinusal.
- Bloqueio sinoatrial (de 1a, 211 e 3 11
• Arritmia sinusal.
graus).
• Parada sinusal. • No nível dos átrios:
• Pela ocorrência de automatismo anormal. - Bloqueio intra-atrial.
em que um foco ectópico assume o co- • No nível da junção AV:
mando cardíaco, impondo-se ao nódulo - Bloqueio atrioventricular (de 111, 211
sinusal: e 311 graus).
• Parassístole (sinusal, atrial. juncional e • No nível dos ramos do feixe de His:
ventricular). - Bloqueio do ramo direito (de 111 , 211
• Por alteração do automatismo, em que e 3!1 graus).
um foco ectópico assume o comando car- - Bloqueio do ramo esquerdo (de 111,
díaco em consequência da depressão da 211 e 3 11 graus).
atividade do nódulo sinusal: - Hemibloqueio ou bloqueio fasci-
• Complexo de escape (atrial, juncional e cular.
ventricular). • Por aceleração da condução do impulso
• Ritmo de escape (atrial, juncional e elétrico:
ventricular). • Síndromes de pré-excitação: Wolff-Par-
• Marca-passo migratório. kinson-White e Lown-Ganong -Levine.
CAPfTULO 18

Rrritmias Sinusais
Gerson P. Goldwasser

INTRODUÇÃO até 1OOms), pouco alargado (entre 100 e


120ms) ou largo (superior a 120ms). Obser-
Com a finalidade de facilitar a interpretação var a morfologia e a polaridade da onda T.
eletrocardiográfica das arritmias, é de g rande
utilidade a adoção de uma sequência ordenada
RITMO SINUSAL NORMAL OU RITMO
de análise do traçado. São cinco etapas de aná-
CARDÍACO NORMAL
lise (adaptado de Marriot HJL, 1982).
1. Determinação da frequência cardía- É o ritmo de base do coração, que tem a sua
ca (FC) : calcular a FC dividindo-se 1.500 origem no nódulo sinusal. No ECG, os ciclos

pelo número de quadrados pequenos en- se repetem de modo regular e uniforme. A

t re duas espículas contíg uas de QRS. conf igu ração das ondas P-QRS-T e os interva-
2. Determinação da ritmicidade (RIT): los PR e QT estão normais (ver descrição no
Capítulo 7) (Figura 18.1):
medir os intervalos entre os ciclos cardía -
cos, mais facilmente aferidos entre as es-
pículas dos QRS. O ritmo é regular quan- As cinco etapas da análise
do os intervalos são constantes e irregular 1. FC: variável, nos limites entre 60 e 1OObpm
quando os intervalos são inconstantes. (entre 25 e 15 quadrados pequenos, res-
3. Análise da onda P (OP) : identificar a pectivamente).
onda P em cada ciclo cardíaco, observando 2. RIT: regular; os interva los R-R são cons-
as suas características morfológicas e a sua tantes.
relação com o QRS que a sucede. Registrar, 3. OP: positiva em quase todas as derivações
se for o caso, a ausência da onda P. (exceto aVR, onde é sempre negativa);
4. Medida do intervalo PR (IPR) : medir precede todos os QRS .
todos os IPR do traçado. 4. IPR: variável, nos limites entre 120 e
5. Análise do complexo QRS e da onda 200ms.
T (QRS/T) : observar a morfologia e medir 5. QRS/T : QRS estreito e onda T de morfolo-
a duração do QRS: se estreito (duração de gia normal.
Hetrocardiograma Orientado para o Clinico

Figura 18.1 Ritmo sinusal regular. Notar a repetição uniforme dos complexos elétricos

TAQUICARDIA SINUSAl do traçado é de ECG normal, exceto pela fre-


quência baixa (Figura 18.28).
O marca-passo cardíaco é o sinusat, com a Bradicardia sinusal resulta do aumento
frequência de disparo acima de 1OObpm. O da atividade vagai, observado na estimulação
limite máximo alcançado é variável, em geral do seio carotideo, do globo ocular, pela ma-
situa-se próximo de 160bpm, podendo atin- nobra de Valsalva, durante vômitos ou sono;
gir 200bpm após um exercício vigoroso. O em atletas com bom condicionamento; após
aspecto do traçado é de ECG normal, exceto o uso de substâncias como digital, morfina,
pela frequência elevada (Figura 18.2A). prostigmina, beta bloqueador; ou consequen-
Taquicardia sinusal resulta do aumento da te a diversas enfermidades: mixedema, estados
atividade do sistema simpático, encontrado hipometabólicos, hipertensão endocraniana,
em indivíduos com ou sem cardiopatia sub- doença do nódulo sinusal, entre outras.
jacente. É observado nos episódios de ansie-
dade, excitação e durante ou após exercício
ARRITMIA SINUSAL
físico; após o uso de substâncias, tais como
atropina, epinefrina, vasodilatadores, álcool, O marca-passo cardíaco é o sinusal, porém os
cafeína e nicotina; ou consequente a diversas impulsos são produzidos a intervalos de tem-
enfermidades: infecção, anemia, febre, es- po variáveis, iguais ou superiores a 120ms,
tados de choque, hipertireoidismo, embolia tornando o ritmo cardíaco irregular. A arrit-
pulmonar, insuficiência cardíaca, infarto agu- mia sinusal é dita fásica ou respiratória quan-
do do miocárdio, entre outras. do se correlaciona com os ciclos respiratórios
e não-fásica ou não-respiratória quando não
BRADICARDIA SINUSAL apresenta tal correspondência.
Na forma fásica, os intervalos entre os
O marca-passo cardíaco é o sinusal, com uma ciclos cardíacos, intervalos R-R, diminuem com
frequência de disparo abaixo de 60bpm; em a inspiração - a FC acelera - e aumentam
geral, situa-se entre 40 e 60bpm. O aspecto com a expiração- a FC reduz (Figura 18.2().

Figura 18.2A a c Arritmias sinusais. (A) Taquicardia sinusal. (B) Bradicardia si nusal. (C) Arritmia sinusal.
Rrritmias Sinusais

A arrit mia fásica relaciona-se com flutua- 2. RIT: regular na taquicardia e na bradicar-
ções do tônus vagai, podendo ser encontrada dia e irregular na arrit mia sinusal. Nesta.
na criança e no adulto jovem normal. A arrit- os int ervalos RR têm variações iguais ou
mia não fásica geralmente associa-se à doen-
superiores a 120ms ent re si.
ça do nódulo sinusal.
3. OP: presente, antecedendo todos os QRS.
Estas t rês arritmias cardíacas, taquicar-
dia, bradicardia e arritmia sinusal. podem ser 4. IPR: variável, nos limites normais.
consideradas arritmias "não malignas", pois 5. QRS!T: QRS estreito e onda T de morfo-
habitualmente não induzem a deterioração logia normal (na ausência de bloqueio de
hemodinâmica do paciente. ramo preexistente) (Figuras 18.3 a 18.6).

As cinco etapas de análise


PARADA SINUSAL OU PAUSA SINUSAL
1. FC: aumentada na taquicardia, diminuída
na bradicardia e habitualmente normal na Ocorre a parada súbita e momentânea da ati-
arritmia sinusal. vidade automática do nódulo sinusal.

Figura 18.3 ECG na taquicardia sinusal. A frequência card íaca é rápida, de 144bpm

Figura 18.4 ECG na bradicardia sinusa l. A frequência cardfaca é lenta, de 41 bpm

-~ I
fletrocardiograma Orientado para oClinico

Figura 18.5 ECG na bradicardia sinusal. Notar: ritmo sinusal e frequência cardíaca lenta de 4 5bpm. Paciente
ginasta sem doença cardlaca estrutural
Arrilm1as S1nusals I 93

88 87688 91 60 59
892 858 184 1018 01

L... J__ J._ ~ J__ j J 02

03
L -A ~ ~ l
-L
aVR
--_,-
r---r---r• -r-v '"1- "*(" -v
aVL
.._..... ~ ~ ~ "4'*Y ., v= y=

aVF
L ..J.. ..J_,J_ j
- ~ ..~
"'i .,;r -y- Jr
v1

1 i i v v2

Vs

Figu ra 18.6 ECG na arritmia sinusal. Notar os intervalos RR variando entre 608ms a 1.0 16ms (FC entre 98 e 59
bpm)
fletrocardiograma Orientado para oClinico

Critérios diagnósticos (Figura 18.7) doença do nódulo sinusal, na síndrome isquê-


mica miocárdica, entre outros.
• Ausência de ciclos elétricos completos (P-
QRS-T).
• Pausas de durações variáveis que não são
As cinco etapas de análise
múltiplos exatos dos intervalos RR do ciclo 1. FC: em geral lenta, entre 40 e 60bpm.
de base. 2. RIT: irregular; o intervalo RR prolongado
• Irregularidade do ritmo cardíaco, determi- na pausa não é múltiplo exato dos interva-
nado pela pausa . los RR do ciclo de base.
A depressão do automatismo sinusal 3. OP: inexiste na pausa.
deve-se ao aumento exagerado do tônus va- 4 . IPR: inexiste na pausa.
gai, como o que ocorre na hipersensibilidade 5. QRS/T: inexiste na pausa (Figuras 18.8 e
do seio carotídeo. Pode também ocorrer na 18.9).

Figura 18.7 Parada sinusal

Figura 18.8 ECG na parada sinusal. Notar a pausa prolongada de 3.800ms, correspondendo a três ciclos elétricos
completos, cuja diástole é de 880ms

Figura 18.9 ECG na parada sinusal. Notar os ciclos cardíacos de 840ms (FC d e 7 1bpm), subitamente ap resenta
uma parada p rolongada com ciclo cardíaco de 2.760ms (FC de 22bpm) . Paciente com d oença d o nódulo sinusal
Rrritm Jas SJnusaJs 1gs

OClÍNICO DIANTE DAS ARRITMIAS acentuados da frequência cardíaca em si-


SINUSAIS* tuações fisiológicas. É mais frequente em
adultos jovens que cursam cl inicamente
• A5 arritmias sinusais constituem-se em arrit- com palpitações, cansaço e taquicardia
mias benignas, ou seja, não evoluem para persistente, sem causa desencadeante
arritmias que põem o paciente em risco de aparente.
morte. Na maioria das vezes, não se encon- • No t ratamento inicial ut ilizam-se os beta-
tra doença estrutural do coração como subs- bloqueadores e/ou antagonistas do canal
trato dessas arrit mias, portanto as condutas
de cálcio, e nos casos sintomáticos e refra-
e o tratamento inicial visam ao controle das
tários à medicação, visando à prevenção
situações clínicas que as desencadearam.
de taquicardiomiopatia, a ablação por ra-
• Taqui cardia sinusaf : observar o uso prévio
diofrequência do nódulo sinusal pode ser
de substâncias taquicardizantes, se há fe-
indicada (recomendação cla sse 118).
bre, anemia moderada a grave ou outras
• Taquicardiom iopatia, ou seja, miocardio-
enfermidades concom itantes e controlá-
patia dilatada com disfunção ventricular
tas, podendo-se utilizar os betabloquea-
induzida por taquicardias supraventricu-
dores apenas para o controle da frequên-
lares prolongadas ou permanentes, e ha-
cia cardíaca.
bitualmente reversível ao normal se reco-
• Taquicardia sinusal inapropriada ou taqui -
nhecida e controlada a tempo.
cardia sinusal permanente: é uma forma
• Bradicardia sinusal : observar o uso prévio
mais rara de taquicardia sinusal cujo me-
cani smo desencadeante ainda não está
de substâncias bradicard izantes e as en-

totalmente compreendido, estando rela- fermidades concomitantes, podendo-se

ci onado com a exacerbação da atividade utilizar os beta-agonistas apenas para o


neuro-humoral simpáti ca sobre o coração controle de frequência cardíaca.
ou reentrada no estímulo no nódulo si- • Arritmias sinusais: observar o control e da
nusal. Os critérios eletrocardiográficos frequência cardíaca.
são os mesmos descritos para a taqui- • Parada sinusal : as condutas sã o similares
cardia sinusal, observando-se taquicardia às descritas para os bloqueios sinoatriais,
em repouso, FC > 1OObpm e incrementos no Capítulo 23.

*As condutas sugerid as leva m em conta as restrições e as contrai ndicações próprias e individ ualizadas de cada
procedimento e medicamento.
CAPfTULO 19

fHtrassístoles
~erson P. ~oldwasser

INTRODUÇÃO ectópico que origina o complexo prematuro


localiza-se no miocárdio atrial.
Extrassístole significa a formação prematura
ou antecipada do estímulo cardíaco. Éo even-
Critério diag nóstico
to elétrico que ocorre antes do tempo previsto
para seu apareciment o. De acordo com o lo- Presença da onda P' (P linha para diferenciar
cal em que se processa a reentrada ou o local
da onda P sinusal) prematura e de morfolo-
da origem do foco ectópico, a extrassístole
gia diferente da onda P sinusal. O intervalo PR
pode ser sinusal, atrial, juncional ou ventri-
e o complexo QRS!T apresentam-se normais.
cular (Figura 19.1 ). É a arritmia cardíaca de
maior prevalência . Após a extrassístole, segue-se uma pausa
compensadora, habitualmente incompleta.
Todavia, em determinadas situações e em
EXTRASSiSTOLE ATRIAL - EA
função de uma acentuada precocidade da
Extrassístole atrial corresponde à arritmia na extrassístole, o que modifica o período refra-
qual a reentrada do impulso elétrico ou o foco tário do nódulo AV, o IPR pode prolongar-se

Figura 19.1 Extrassístole: complexo prematuro


fletrocard iograma Or ientado para oClín ico

além do limite máximo normal e o complexo que estejam submetidos a estresse intenso,
QRS pode tornar-se alargado. a estimulação adrenérgica, que façam uso
• Pausa compensadora ou pausa pós- abusivo de bebidas alcoólicas, café, cigarros
extrassistólica: é a pausa diastólica que ou com distúrbios eletrolíticos; também pode
segue a extrassístole. É mais longa que os ocorrer nos pacientes com hipertireoidismo,
demais intervalos diastólicos e compensa
insuf iciência cardíaca, doença isquêmica mio-
a prematuridade do complexo ectópico.
cárdica e outras.
Pode ser incompleta e completa.
• Pausa compensadora é incompleta:
quando a soma dos intervalos diastólicos, As seis etapas de análise
o que antecede com o que sucede a ex-
1. FC: variável. nos limites normais.
t rassístole, é menor que a soma de dois in-
t ervalos diastólicos do ritmo de base. Isto 2. RIT: irregular, determinado pelo complexo
se deve à interferência da extrassístole no prematuro e pela pausa compensadora.
ciclo sinusal que a sucede (Figu ra 19.2). 3. OP: a OP' é prematura e diferente das
• Pausa compensadora é completa : demais OP do traçado de base. Pode-se
quando a soma dos intervalos diastólicos, apresentar com diversas formas, bífida,
o que antecede com o que sucede a ex- alargada ou negativa .
trassístole, é igual à soma de dois interva- 4 . IPR: va riável, nos limites normais.
los diastólicos do ritmo de base. Deve-se à 5. QRS/T: QRS estreito e onda T de morfo-
não interferência da extrassístole no ciclo logia normal, semelhantes aos complexos
sinusal que a sucede.
do ritmo de base.
Extrassístole atrial pode ser observada em 6. Pausa compensadora : em geral. in-
indivíduos sem doença cardíaca subjacente, completa (Figuras 19.3 e 19.4).

l X
l y
l
Figura 19.2 Extrassístole atrial (EA). A onda P' prematura é seguida de QRS normal. A pausa compensadora (PC)
é incompleta. O intervalo Y é menor que duas vezes o intervalo X

Figura 19.3 ECG na extrassístole atrial (EA). Notar a onda P' premat ura, diferente da onda P si nusal. A PC é in·
completa
[xtrassísto les

Figura 19.4 ECG na extrassístole atrial (EA). O sinal ( • ) marca a EA. Notar o t erceiro complexo, prema turo, prece-
dido de onda T diferente das demais em razão da sobreposição com a onda P' extrassistólica. Pa usa compensadora
incompleta de 1.680ms

EXTRASSÍSTOLE ATRIAL BLOQUEADA - EAB de pausas súbitas que interrompem o ritmo


sinusal.
Corresponde à extrassístole atrial não con-
duzida aos ventrículos. Deve-se ao fato de
Critério diagnóstico
a extrassístole ser muito precoce, ocorrendo
durante o período refratá rio absoluto das cé- Presença de OP' precoce, não seguida de QRS/T.
lulas nodais AV, impossibilitadas, portanto, de porém seguida de uma longa pausa e por um
conduzir o impulso elétrico. É causa frequente novo ciclo elétrico (Figuras 19.5 a 19.8) .

Figura 19. 5 Extrassístole atrial bloqueada (EAB). A onda P' prematura não é segu ida de QRS

Figura 19.6 ECG na extrassístole atrial bloqueada (EAB). O sinal ( • ) marca a onda P' prematura, não seguida de
QRS. Após a pausa, os complexos voltam a ser sinusais
200 flet rocardiograma Onenlado para oClinico

Figura 19.7 ECG na extrassístole atrial bloqueada (EAB). O sinal (•) marca a onda P' prematura, não seg uida
de QRS

Figura 19.8 ECG na extrassístole atrial (EA) e a extrassístole atrial bloqueada (EAB). Os sinais marcam ( •) EA e
(*) EAB

EXTRASSÍSTOLE SINUSAL - ES EXTRASSÍSTOLE JUNCIONAL - EJ


Corresponde à origem sinusal da extrassfstole A reentrada do impulso elétrico ou o foco
ou reentrada sinusal. ectópico que origina o complexo prematuro
localiza-se na junção AV.

Critério diagnóstico A junção AV designa a região do coração


constituída por fibras atriais justanodais AV,
Presença de OP' prematura e similar à onda P pelo nódulo AV e por fibras do feixe de His
sinusal, seguida de QRS!f também normal e situadas acima de sua bifurcação. Observa-se
de pausa compensadora, em geral incomple- a correspondência entre as áreas anatômicas
ta. É arritmia de rara ocorrência. supracitadas com as eletrofisiológicas designa-
[xtrasslstoles 201

das de regiões AN (atrionodal), N (nodal AV) e terceira situação, a onda P' não é visualizada
NH (nodo-hissiana). O automatismo da junção no traçado, estando "oculta ou mascarada"
AV origina-se, essencialmente, na região NH. no complexo QRS. O intervalo P'R ou RP' está
Na extrassístole juncional, o impulso elétri- encurtado e o QRS!T tem morfologia normal.
co desloca-se em duas direções opostas. Para A pausa compensadora é, habitualmente, in-
baixo, via anterógrada, para ativar os ventrí- completa (Figura 19.9).
culos, e para cima, via retrógrada, para ativar A extrassístole juncional tem como causas
os átrios. Na dependência da velocidade de as mesmas condições clínicas observadas na
condução do estímulo, podem ocorrer três extrassístole atrial, vistas anteriormente.
situações, que se traduzem pelos aspectos
descritos a seguir. As seis etapas de análise
1. FC: va riável, nos limites normais.
Critérios diagnósticos
2. RIT: irregular, determinado pelo complexo
• O estímulo alcança o s átrios antes prematuro e pela pausa compensadora.
dos ventrículos: a onda P' antecede o 3. OP: a OP' é prematura e diferente das de-
QRS. mais OP do traçado de base. Está negativa
• O estímulo alcança os ventrículos em D2-D3-aVF, positiva em aVR e achata-

antes dos átrios: a onda P' sucede o da ou aplanada em VS -V6. Pode antece-
der, suceder ou coincidir com o QRS.
QRS.
• O estímulo alcança simultanea- 4. IPR: IP'R geralmente é menor que os IPR dos
complexos de base, menor que 120ms.
mente os átrios e os ventrículos: a
5. QRS/T: QRS estreito e onda T normal,
onda P' coincide com o QRS.
semelhantes aos com plexos do ritmo de
Nas duas primeiras situações, a onda base.
P' está negativa em D2-D3-aVF, positiva em 6. Pausa compensadora: em geral, In-

aVR e achatada ou aplanada em VS-V6. Na completa.

Figura 19.9 Extrassístole juncional (EJ). A onda P' prematura e negativa antecede. sucede ou coincide com o QRS,
em A, B e C. respectivamente. A derivação é 02
202 tletrocardJograma Orientadopara oClin ico

A extrassístofe atriat e a juncionat também ou o foco ectópico que origina o complexo


são denominadas de extrassístofes supraven- prematuro localiza-se no miocárdio ventri-
tricu tares - ESV (Figuras 19.1O e 19.11 ). cular.

EXTRASSÍSTOLE VENTRICU LAR- EV Critério diagnóstico

Extrassístole ventricular corresponde à arrit- Presença de complexo QRS prematuro e de


mia na qual a reentrada do impulso elét rico morfolog ia larga ou deformada, com dura-
ção superior a 120ms, evidenciando a forma
anômala da despotarização ventricular. O
segmento ST e a onda T apresentam-se com
polaridades opostas às do QRS. A pausa com-
pensadora é, habitualmente, completa.
A análise da polaridade e a forma dos
complexos QRS em V1 permitem deduzir-se a
procedência da extrassístofe (Figura 19.12):
• QRS positivo em V1 (padrão de
BRD) - a extrassístofe procede do VE ou
do septo interventricufar, abaixo da bifur-
cação do feixe de His. O complexo QRS
usualmente tem a morfologia Q-R ou R-R',
• com R maior que R', sendo o caso deno-
minado por algu ns autores de morfologia
em "orelha de coelho" .
• QRS negativo em V1 (padrão de
BRE) - a extrassístote procede do VD.
• QRS pouco a largado - a extrassístofe
procede da região afta do septo ou do sis-

EJ
aVF tema de condução próximo da bifurcação
do feixe de His.
Figura 19.1 O ECG na extrasslstole juncional (EJ).
Notar a onda P' prematura, negativa em 02-03-aVF. A onda P na extrassístole ventricular habi-
antecedendo o QRS tualmente não é percebida, pois encontra-se

Figura 19.11 ECG na extrasslstole juncional (EJ). Notar a onda P' prematura, negativa em 02-aVF, sucedendo o QRS
[xtrassistoles 203

sobreposta e oculta no complexo QRS extra- alcóolicas, de café, de cigarro ou de drogas


sistólico. Quando, eventualmente, conse- estimulantes e aos distúrbios eletrolíticos mais
gue-se 1dent1f1car a onda P. ela ocorre sem rntensos.
apresentar relação com o complexo ventricu-
lar. Ocasionalmente, a extrassís tole ventricular
Etapas de análise
despolanza completamente o nódulo AV e,
por via retrógrada , ativa os átrios - fenômeno • FC: va riável, nos limites normais.
de captura atrial. Inscreve-se neste caso uma • RIT: irregular, determinado pelo complexo
onda P' negat1va em D2-D3-aVF, sobre o seg- prematuro e pela pau sa compensadora .
mento ST do complexo extrass1stólico ventri- • OP: a OP, na extrassístole, habitualmente
cular precedente. não é percebida por estar sobreposta ao
Extrassfstole ventricular é uma das arrit-
QRS/T extrassistólico.
mias cardíacas ma1s frequentes observadas
• IPR: Inexiste na extrassístole.
em clínica. Ocorre em ind1víduos com e sem
• QRS/T: QRS prematuro e largo, em geral
cardiopatia subjacente. As causas principais
com duração supenor a 120ms. O seg-
da EV são: 1nsuf1c1êncía cardíaca descem-
mento ST e a onda T estão alterados, com
pensada, doença isquêm1ca miocárd1ca - em
polandade oposta ao QRS:
particular o infarto agudo do miocárdio, mio-
• Em V1 - QRS tipo " BRD", a EV origina-
cardiopatlas d1versas -. em especial a chagá-
se no VE ou no septo IV ba1xo.
sica, displasia do ven trículo direito - displa-
• Em V1 - QRS tipo " BRE", a EV origina-
sia arritmogên1ca, na intoxicação d1gitál ica,
nos portadores de prolapso da valva m1tral, nos se no VD.
paoentes submetidos a anox1a prolongada, • QRS pouco alargado, a EV origina-se
em consequênc1a ao uso abus1vo de beb1das no septo alto ou no feixe de His.

X y

Figura 19. 12A e B Extrassfstole ventricular (EV). (A) EV esquerda. (B) EV direita. A pausa compensadora (PC) é
completa. O intervalo Y é semelhante a duas vezes o intervalo X. A denvação é V1
204 Hetrocardiograma Orientado para oClinico

• Pausa compensadora: em geral, com- to precoce ou quando o complexo de base


pleta (Figuras 19.13 e 19.14). apresenta o intervalo QT prolongado. Este
fenômeno R/T propicia o desencadeamen-
É importante a observação de alguns pa-
to de arritmias repetitivas graves e poten-
râmetros, no estudo das extrassístoles:
cialmente fatais, como a taqu icardia e a fi-
• Intervalo (ou período) de acopla-
brilação ventricular observadas em alguns
mento: é o intervalo de tempo entre a
extrassístole e o complexo de base que a ca sos específicos, como na insuficiência

antecede. Em presença de várias extras- coronariana aguda (Figura 19.18).

sístoles unifocais, os intervalos de acopla - • Complexo de fusão ou soma e


mento são essencialmente semelhantes complexo de captura : co mplexo de
entre si , admitindo-se pequenas variações fusão ocorre quando a extrassístole ven-
de, no máximo, 80ms. A constância des- tricular tem seu aparecimento mais tardio.
ses intervalos determina a natureza extras- Dá ensejo a que um estímulo atrial inicie a
sistólica da arritmia, pois intervalos muito ativação ventricu la r, porém sem completá-
diferentes conduzem ao diagnóstico de la. A fusão das duas frentes de ondas de
parassístole (Figuras 19.15 a 19.17). ativação, a atrial e a ventricular, produz um
• Período vulnerável e fenômeno R/T complexo P-QRS-T de morfologia interme-
(R sobre T) : o fenômeno R/T define a diária entre o normal (atrial) e o aberrante
inscrição da onda R extrassistólica sobre (ventricular) (Figuras 19.19 e 19.20).
a onda T do comp lexo que a antecede - Complexo de captura oco rre quando o estí-
período vulnerável da excitabil idade ven - mulo atrial ativa completamente os ventrí-
tricular. É encontrado na extrassístole mui- culos, por um momento, durante uma ar-

Figura 19.13 ECG na extrassístole ventricular (EV) . O sinal ( • ) marca a EV. Notar o complexo QRS prematu ro e
largo (du ração de 120ms). A morfologia positiva em V1 -V2, tipo BRD, e negativa em V5-V6 define a reentrada (ou
foco ectópico) no ventrículo esquerdo
fx traSSJstoles 205

o,

aVF j l .l
~ l L

• • • - • t

Figura 19.14 ECG na extrassístole ventricular (EV). O sinal ( • ) marca a EV. Notar o complexo QRS prematu ro e
largo (duraç~o de 140ms). a o nda T alterada e ausência da onda P. O padr~o tipo BRE define a reentrada (ou foco
ectópiCO) no ventrículo direito

Figura 19.15 Intervalo


de acoplamento
206 Hetr0Cdrd1ograma Or1entado para o [!1n1co

ritmia ventricular, produzindo um complexo nodal AV. A extrassístole ventricular, ao se


P-QRS-T de morfologia normal - captura propagar para os át rios por via retrógra-
ventricular, e vice-versa, quando o estímulo da - condução ventriculoatrial oculta - ,
ventncular ativa os átrios, por um momento, pode despolarizar parcialmente e alterar a
durante uma arritmia ventncular, produzin- refratariedade do nódulo AV, diminuindo
do uma onda P retrógrada - captura atrial. a velocidade de condução nesse nódulo.
A importância clínica dos complexos de O impulso atrial subsequente será, então,
fusão e de captura é que ambos caracteri- conduzido aos ventrfculos com algum re-
zam a natureza ven tricular da arritmia em tardo. O fenômeno da condução ocu lta é
questão. identificado pelo prolongamento do inter-
• Fenômeno de condução oculta: defi- valo PR no complexo subsequente à ex-
ne a modifiCação de condutibihdade de- trassístole, ou por uma onda P bloqueada
corrente da ativação incompleta da região (sem QRS após) (Figuras 19.21 a 19.23).

Figura 19. 16 ECG na extrasslstole ventncular (EV). Notar que os intervalos de acoplamento são constantes em
480ms. O padrão tipo BRD da EV, define sua o rigem no ventrículo esquerdo
fxtr asslstoles 207

Figura 19.17 ECG na ext rassístole ventricular isolada. O sinal ( • ) marca a EV. Pausa com pensadora completa em
2 .160ms. Período de acoplamento constante em 520ms

Figura 19.18 Fenômeno R sobre T (R/T)

Figura 19.19 Complexo d e fusão ou soma ( • ). O complexo de fu são apresenta-se de morfologia intermed iária
entre a extrassístole ventricular e os demais complexos normais

Figura 19.20 ECG na extrassíst ole ventricular (EV). O sinal ( • ) marca o complexo de fusão. Notar que o complexo de
fusão tem morfologia intermediária entre o QRS sinusal (que a antecede) e o QRS do ritmo ventricular (que a sucede)
208 Hetrocard1ograma Orientado para oClln1co

• Extrassístole supraventricular com T negativa, e em V6: q-R-S com T po-


condução aberrante: ocorre quando sitiva.
a extrassístole supraventricular é con- • A polaridade da fase inicial do QRS
duzida de modo anômalo aos ventrícu- aberrante é semelhante ao QRS do ci-
los, em razão das vias de condução AV clo de base.
encontrarem-se ainda em seus perío- • A pausa compensadora é, habitual-
dos refratários. Caracteriza-se pela pre- mente, incompleta (Figuras 19.24 a
sença de complexo QRS largo devido à 19.26).
extrassístole supraventricular. É neces- A morfologia de bloqueio do ramo
sário que se faça a diferenciação, nem esquerdo (com alguma frequência) e
sem pre fácil, da origem dessa extrassís- em " orelha de coelho" correlaciona -se
tole, se supraventricular ou ventricular. com extrassfstole ventricular.
Alguns elementos eletrocardiográficos, As extrassístoles, de acordo com a frequên-
quando presentes, permitem o diagnósti- cia e a forma de suas apresentações, são clas-
co de aberrância de condução na extrassís- sificadas em (Figura 19.27):
tole supraventricular: • Isolada e/ou ocasional - ocorre espo-
• A extrassfstole é precedida por onda P rad icamente em todo o ECG. Geralmente
prematura. tem pouco significado clínico .
• O complexo QRS aberrante tem, na • Múltiplas ou frequentes - ocorrem
maioria das vezes, a morfologia de em número variável, porém acima de 30
BRD trifásico - em V1 : R-S-R' com ectopias por hora.

Figura 19.21 Condução oculta. Notar o intervalo PR subsequente à ext rassístole ventricular, maior que os demais

Figura 19.22 ECG na extrassistole ventricular (EV). Notar que o impulso atrial, marcado com o sinal ( • ). que
sucede imediatamente a EV. é conduzido com retardo para os ventrículos (intervalo PR de 440ms) com relação aos
demais (intervalos PR d e 160ms), configurando o fenômeno da condução oculta
fxtr assfstoles zog

• Ritmadas ou organizadas - as extras- • Trigeminadas : ocorre uma sucessão


sístoles repetem-se em determinada se- de dois complexos de base e uma ex-
quência . Podem ser: trassístole, produzindo-se complexos
triplos, separados por uma pausa dias-
• Bigeminadas: ocorre uma sucessão de
tólica mais longa .
um complexo de base e uma extrassís-
• Quadrigeminadas: ocorre uma suces-
tole, produzindo-se complexos duplos,
são de três complexos de base e uma
separados por uma pausa diastólica extrassístole, produzindo-se comple-
mais longa. Extrassístole ventricular bi- xos quádruplos, separados por uma
geminada é fortemente indicativa de pausa diastólica mais longa.
intoxicação digitálica nos pacientes em • Pareadas: ocorrem duas extrassístoles
uso de digital. acopladas entre si.

Figura 19.23 ECG na extrassístole ventricular (EV). O sinal ( • ) marca a EV. Notar o intervalo PR que sucede a EV em
200ms, maior que os demais intervalos PR em 140ms, configurando a condução oculta. A EV é interpolada

Figu ra 19.24 ECG na extrassístole supraventricular (ESV) com condução aberrante. O sinal ( • ) marca a ESV, larga,
de morfologia trifásica (em Vl: R-S-R' e em V6: q -R-S). A pausa compensadora é incompleta
21 o Hetrocardiograma Orientado para oClln1co

• • • •

Figura 19.25 ECG na extrassístole supraventricular (ESV) com condução aberrante. O sinal ( • ) marca a ESV de
morfologia de BRD trifásica em Vl e V2

aVR aVF

Figura 19.26 ECG na extrassístole ventricular (EV). O sinal ( • ) marca o complexo largo de morfologia R pura,
diferente do complexo visto no ECG anterior. O fenômeno da interpolação, visto em Dl e aVF, sugere a origem
ventricular da extrassístole. O ECG de base apresenta BRD do 2° grau
fH irasSIStoles 211

• Em salvas (ou taquicardia ventricular não


sustentada): ocorrem em série de três ou
mais complexos extrassistólicos ventricula-
res consecutivos. Podem conduzir a arrit-
mias graves, tats como a taquicard ia ven-
tricular sustentada e fibrilação ventricular.
• Monomórficas: ocorrem várias extras-
sístoles de mesma morfologia, quando
examinadas em uma derivação. Sugerem a
origem única do foco ectópico - unifocal,
ou o mesmo circuito de reentrada.
• Polimórficas: ocorrem várias extrassís-
toles de morfologias variadas, quando
examinadas em uma derivação. Sugerem
a ongem diversa dos focos ectópicos - po-
lifocal, ou circuitos diferentes de reentrada
(Figuras 19.28 a 19.37).

OCLINICO DIANTE DE EXTRASSÍSTOLE


SUPRAVENTRICULAR- ESV *
• Na ausência de sintomas e de doença es-
trutural cardíaca, na maioria das vezes não
há necessidade de invest igação mais espe-
cífica nem de tratamento medicamen toso
apropriado (recomendação classe 1) . Neste
caso, o tratamento orienta-se para os fato-
res causai s: alteração eletrolítica, fármacos
Figura 19.27 Classificação das extrassfstoles. (A) Iso- estimulantes, hipertireoidismo, estresse e
lada. (B) Múltiplas. (Cl) 81gem1nadas. (C2) Tngemina-
das. (C3) Quadngeminadas. (C4) Pareadas. (D) Interpo-
outros.
lada. (E) Em salvas. (F) MonomórfiCas. (G) PollmórfiCas • Na presença de sintomas que limita m as
atividades habituais, o tratamento leva em
conta os benefícios versus riscos da medi-
cação na situação, podendo-se optar por
• Extrassístole interpolada: ocorre antiarrítmicos (FM) da classe 11 ou 111 (re-
quando o complexo extrassistólico localiza- comendação classe liA).
se entre dois complexos do ritmo de base,
sem interferir nos mesmos. A caracteristica
OCLINICO DIANTE DE EXTRASSISTOLE
no ECG é a ausência da pausa compensa-
VENTRICULAR - EV*
dera. O fenômeno de interpolação sugere
a origem ventricular da extrasslstole, mes- • EV pode ocorrer em coração normal e
mo que o complexo QRS não se apresente habitualmente neste caso tem curso be-
alargado . nigno.
212 fletrocard1ograma Onentado para oClln1co

Figura 19.28 ECG na extrassístole ventricular isolada. O sinal ( • ) marca a EV

• • •

Figura 19.29 ECG na extras·


sístole ventricular bigeminada.
Notar os ciclos repetidos de
QRS estreito - QRS largo. O SI·
nal (• ) marca a EV

• • • • •

Figura 19.30 ECG na extrassístole (EV) ventricular bigeminada. O sinal ( • ) marca a EV. Notar os complexos QRS
largos em ciclos repetidos
fHtmmtoles 213

Figura 19.31 ECG na extrassístole ventricular quadrigeminada. O sinal ( • ) marca a EV

Figura 19.32 ECG nas extrassístoles ventriculares pareadas. Notar os dois complexos largos e sucessivos. O sinal
(• ) marca a EV

• •

Figura 19.33 ECG nas extrassístoles ventriculares (EV) pareadas. O sinal (• ) marca a EV. Notar os dois complexos
(QRS) largos e sucessivos
21 4 fletrowd10gr ama Orientado par a oClm1co

• •
Figura 19.34 ECG na extrassístole ventricular interpolada. O sinal (• ) marca a EV não segu1da de pausa compen-
sadora

• • • Figura 19.35 ECG nas extrassístoles ventnculares (EV)


pareadas. O smal ( •) marca as EV A terce1ra extrassístole
corresponde à EV Interpolada

Figura 19.36 ECG nas extrassístoles ventriculares em


salva (ou taqu1card1a ventncular não sustentada) . Notar a
sequênc1a de três EV consecutivas
fxtrdSSístoles 215

c
0J •
Figura 19.37A a C ECG nas extrassfstoles ventriculares (EV). O sinal (• ) marca a EV. (A) EV pareadas, (B e C) Salvas
de três e cinco extrassístoles consecutivas configurando taqu icardia ventricular não sustentada

• Para a decisão de investigação mais especí- • Riscos de AA: efeito pró-arritmia, ou


fica e tratamento, avaliam-se em co njunto seja, arri tmia ca rdíaca desencadeada
a presença de sintomas, a com plexidade pelos AA.
das EV. a presença de cardiopatia, a fun- • Na ausência de sintomas e de doença
ção ventricular e os benefícios versus riscos estrutural cardíaca, na maiori a das vezes
dos AA: não há necessidade de investigação mais
• Sintomas - palpitações prolongadas, específica nem tratamento medica men-
desconforto ou dor torácica e outros.
toso (recomendação classe 1). Neste caso,
• Complexidade de EV - maior que
o tratamento orienta-se para o controle
1OEV/h para média de 24h, ou maior
dos fatores causa is, semelhantes aos das
que 30EV/ h, ou maior que 3EV con-
ESV.
tíg uas com FC maior que 100 consti -
• Na presença de sintomas que limitam as
tuindo a taquicard ia ventricular não
atividades habituais ou EV complexas e au-
sustentada ou a taquicardia ventricular
sustentada e EV polimórficas. sência de doença estrutu ral cardíaca: beta-
• Cardiopat ias mais frequentes: isquê- bloqueador (recomendação classe liA).
mica, hipertensiva ou dilatada e mio- • Na presença de sintomas que limitam as
card ite. atividades habituais ou EV complexas e
• Função ventricular comprometida me- presença de doença estrutu ral cardíaca:
dida pela fração de ejeção do VE dimi- amiodarona ou sotalol ou outro betablo-
nuída. queador (recomendação classe liA).

*As condutas sugeridas levam em conta as restrições e contra indicações próprias e individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
Taquicardias Suprauentriculares e
Uentriculares
Gerson P. GoldwdSSer

TAQUICARDIA$ SUPRAVENTRICUlARES- Certos elementos eletrocardiográficos (des-


TSV critos a seguir), quando presentes, permitem
distinguir o mecanismo eletrofisiólogico bási-
Taquicardias supraventriculares são taquiarrit- co envolvido nas TSV.
mias cujos mecanismos de produção, circuito
de reentrada ou foco ectópico localizam-se
acima da bifurcação do feixe de His. Mecanismo do foco ectópico
Em comum, caracterizam-se por apre- (arritmias automáticas)
sentar ritmos rápidos maiores que 1OObpm e
• Fenômeno do "aquecimento" ou fenôme-
complexos QRS estreitos menores que 120ms,
no de Treppe, no início do surto: observa-
embora menos comumente possa ocorrer
condução" aberrante" para os ventrículos, de- se a aceleração da frequência cardíaca a
terminando complexo QRS largo, que requer partir dos primeiros batimentos.
diferenciação com a taquicardia ventricular, • Todas as onda P. inclusive a primeira, têm
como descrito a seguir. morfologias semelhantes.
As TSVtêm prevalência estimada de 2,5 por • A taquiarritmia se inicia por uma extras-
1.000 indivíduos, tendo em geral uma evolu- sístole.
ção clínica benigna, sem falência hemodinâmi-
ca no indivíduo sem cardiopatia estrutural.
Mecanismo de reentrada
Estudos eletrofisiológicos demonstram
que a grande maioria das TSV tem no fenô- • Geralmente, não se observa o fenômeno
meno de reentrada o seu mecanismo indutor, do "aquecimento" .
sendo que em 50% dos casos a reentrada • A primeira onda P difere das demais.
se processa no nódulo AV - reentrada nodal • A taquiarritmia pode ser terminada por
atrioventricular, em 40%, a reentrada ocorre uma extrassístole.
em um feixe acessório e nos 10% restantes
deve-se a outras arritmias, como taquicardias Paroxismo : refere-se ao surto arrítmico
atriais, flutter e fibrilação atriais. cujos início e término ocorrem de forma re-
21 B Hetrowd1ograma Orientado para o[[Imo

pentina e inesperada. Em geral é de curta du- As ondas P' (P linha) são algo diferentes
ração, variando de segundos a horas. das ondas P sinusais, estão relacionadas e
Taquicardia paroxística : indica a taquiarrit- precedem os complexos QRS. Todavia, nas ta-
mia de início e término repentinos e de cará- quicardias com frequência muito rápida, acima
ter repetitivo. de 200bpm, a onda P' pode não ser facilmente
Taquicardia não-paroxística: indica a ta- identificável, pois ocorre sua somação com a
quiarritmia de início e término progressivos e onda T precedente (P' + D. Usualmente, o in-
caráter não repetitivo. tervalo PR tem duração normal e o complexo
Síndrome pós-taquicardia: corresponde à QRS é de morfologia normal (Figura 20.1 ).
alteração da onda T de padrão isquêmico que As causas mais frequentes de TAP são: in-
perdura, às vezes por dias, após a reversão da suficiência cardíaca, prolapso da valva mitral,
arritmia ao ritmo sinusal. miocardites e cardiopatias isquêmica, hiper-
tensiva ou reumática . Pode ser encontrada
A grande maioria das taquicardias su-
em indivíduos sem doença cardíaca subjacen-
praventriculares é de natureza paroxfstica. A
te acometidos de doença pulmonar obstrutiva
taquicardia atrial paroxística, a taquicardia
crônica, hipertireoidismo, processos infeccio-
reentrante atrioventricular nodal e por via
sos sistêmicos, hipopotassemia ou que fazem
acessória são, genericamente, denominadas
uso abusivo de álcool, café ou cigarro e nos
de taquicardia supraventricular paroxística .
idosos.

TAQUICARDIAATRIAL PAROXISTICA - TAP


As cinco etapas de análise
Taquicardia atrial paroxística ocorre quando
um foco ectópico atrial dispara impulsos a 1. FC: atrial e ventricular elevadas, entre 150 e
uma frequência superior à do nódulo sinu- 250bpm; em geral próximas de 180bpm.
sal. em geral entre 150 e 250bpm, e assu- 2. RIT: geralmente regular.
me a função de marca-passo cardíaco, ou 3. OP: onda P' relaciona-se com e precede o
quando ocorre o fenômeno de reentrada na QRS, exceto pela ocorrência da somação
musculatura atrial. Os ventrfculos respondem (P' + T).
ao comando atrial de forma variável, depen- 4. IPR: normal, quando relacionada com a
dendo da condutividade do nódulo AV, frequência cardíaca.
contudo, geralmente a relação A I V é 1:1, 5. QRS/T: QRS estreito e onda T normal.
resultando em uma frequência ventricular semelhantes ao ritmo de base (Figuras
também elevada. 20.2 a 20.4) .

Figura 20.1 Taquicardia atrial paroxística (TAP). O sinal ( • ) marca o inicio da taquiarritmia
laqUJCardlas Suprauentmulares e Uentmulares

Figura 20.2A e B ECG na taquicardia atrial paroxíst ica . (A) Ritmo sinusal com frequência d e 93bpm, evolui para a
taquiarritmia regular com frequência de 176bpm. A onda P' marcada com o smal ( • ) precede o QRS. (B) Reversão
ao ritmo s1nusal

Figura 20.3 ECG na taqu1cardia atrial paroxística. Notar a taquiarntmia regular, com frequência de 200bpm e QRS
estre1to. A onda P' está sobreposta à onda T precedente (somação de P' + T)

Figura 20.4 ECG na taquicardia atrial paroxistica não sustentada . Notar a taquiarntmia regular com frequência
cardíaca de 1 36bpm e reversão espontânea ao ritmo sinusal.
220 He1rowd1ograma Onentado para o [l1n1co

TAQUICARDIA ATRIAL PAROXiSTICA f requência ventricular dependente do grau


COM BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR- do BAV.
TAP C/BAV 2. RIT: usualmente regular, os interva los P'-P'
e R-R são, em geral, regulares .
Corresponde à TAP associada ao distúrbio 3. OP: ondas P' estão em maior número e
de condução atrioventricula r, de modo que algumas não são seguidas de QRS. Existe
alguns dos impulsos atriais são bloqueados uma linha de base isoelétrica unindo duas
no nódulo AV. não sendo conduzidos para os ondas P' .
ventrículos. O mecanismo eletrofisiológico é o 4. IPR: usualmente normal nos impu lsos
do foco ect ópico atrial associado ao bloqueio conduzidos.
atrioventricu lar. 5. QRS/T: QRS estreito e onda T normal, se-
No ECG observam-se ondas P' em maior melhantes ao ritmo de base.
número do que os complexos QRS. Na depen-
dência do grau do bloqueio AV, têm-se 2, 3
TAQUICARDIA ATRIAL MULTIFOCAL - TAM
ou 4 ondas P' para cada QRS, sendo referidos
- OU TAQUICARDIA ATRIAL CAÓTICA
como TAP com BAV 2:1 - o mais frequente,
3:1 e 4:1, respectivamente. A linha de base É uma forma infrequente de taquicardia atrial
que une as ondas P' apresenta-se isoelétrica e em que as ondas P' apresentam configura-
os complexos QRS(f. usualmente, de morfolo- ções muito diversas, positivas, negativas ou
gias normais (Figuras 20 .5 e 20.6). Taquicardia difásicas, amplas ou pequenas, quando anali-
atrial paroxística com bloqueio atrioventricu lar sadas numa única derivação. Pode ou não vir
é fortemente indicativa de intoxicação digitáli- associada a bloqueio atrioventricular (Figura
ca nos pacientes em uso de digital e naq ueles 20.7). O mecanismo eletrofisiológico é o de
com ca rd iopatias diversas avançadas. focos ectópicos atriais diversos.
As causas mais frequentes de taquicardia
atrial multifocal são: cor pu/mona/e crônico,
As cinco etapas de análise
grandes dilatações atriais, isquemia miocárdi-
1. FC: frequência atrial elevada, entre 150 e ca e intoxicação por aminofilina.
250bpm, em geral próxima de 180bpm; Com frequência, evolui para fibrilação atrial.

• • • • • •

• • • • • • • • • • •
Figura 20.5 Taquicardia atrial paroxística com bloqueio atrioventricular 2:1. O sinal ( • ) marca a onda p· bloqueada
laQUICdfdlaS Suprmntriculms e Uentmulares 221

• • • • • • • •

Figura 20.6A e B ECG na taquicardia atrial paroxística com bloqueio atrioventricular: 1. O sinal ( • ) marca a o nda
P' bloqueada . Frequência atrial de 214bpm e ventricular de 107bpm . (A) Onda P' bem identificável. (B) Onda P'
sobreposta à onda T precedente

Figura 20.7 Taquicardia atrial multifocal (TAM). Notar as ondas P' de morfolog ias variadas

As cinco etapas de análise TAQUICARDIA REENTRANTE


ATRIOVENTRICULAR - TR-AV
1. FC: a frequência atrial e a ventricular, en-
tre 100 e 130bpm. A frequência ventri- Taquicardia reentrante atrioventricular, antes
cular difere na atrial em presença de BAV denominada de taquicardia juncional paro-
associado. xística, constitui a grande maioria das taqui-
2. RIT: irregular, intervalos P'-P' irregulares. cardias supraventriculares paroxísticas. O me-
3. OP: ondas P' de morfologias muito diver- canismo eletrofisiológico é o da reentrada no
sas entre si. nível do nódulo AV em 60% dos casos (taqui -
4. IPR: normal nos impulsos conduzidos. cardia reentrante nodal - TRN) ou no nível de
S. QRS/T: QRS estreito e onda T normal, se- via acessória nos restantes 40% (taquicardia
melhantes ao ritmo de base. reentrante atrioventricular por via acessória).
222 fletrocardiograma Orientado para oWnico

• Reentrada nodal AV: o nódulo AV indivíduo adulto jovem sem cardiopatia sub-
constitui-se de uma complexa estrutura jacente.
anatômica que delimita vias eletrofisioló-
gicas com diferentes velocidades de con-
As cinco etapas de análise
dução do estímulo, as vias alfa e beta, o
que propicia o fenômeno de reentrada. 1. FC: as frequências atrial e ventricular são
Geralmente, o estímulo propaga-se com elevadas, entre 150 e 250bpm, próximas
sentido anterógrado e com velocidade de 180bpm.
lenta pela via alfa e reentra (microrreen- 2. RIT: regu lar.
trada nodal) pela via bet a, de condução 3. OP: ondas P' negativas em D2-D3-aVF e
mais rápida . No ECG, pode-se identificar positiva em aVR e V1 .
esse mecanismo de reentrada nodal, pela 4. IPR: int ervalo R-P' menor que 140ms -
med ida do intervalo P'-R (a tivação lenta reentrada nodal AV; maior ou igual a
atrioventricular) maior que o intervalo R-P' 140ms - reentrada por via acessória .
(ativação rápida ventriculoatrial), ou então 5. QRS/T: QRS estreito e onda T normal, se-
pela ausência de ondas P' no t raçado, em melhante ao ritmo de base (Figuras 20.9 a
razão de estarem ocultas nos QRS. O inter- 20. 13).
valo R-P' , medido do início da onda R ao
nadir da onda P', é menor que 140ms, em TAQUICARDIA JUNCIONAL NÃO
geral entre 80 e 120ms. PAROX ÍSTICA - TJNP
• Reentrad a pela via acessória: o estí-
mulo propaga-se com sentido anterógra- Taquicardia juncional não paroxística difere
do pela via nodal AV. de conduçã o mais da taquicardia reentrante AV pelo mecanis-
lenta , e reentra (macrorreentrada) pela mo elet rofisiológ ico envolvido, pois naquela
via acessória, de condução mais rápida. ocorre o fenômeno do aut omatismo altera-
No ECG, frequentemente observam-se do, em razão de um foco ectópico acelerado
discretas alternâncias na morfologia dos na junção AV. Morfologicamente, ambas as
complexos QRS. O intervalo R-P' é igual ou arritmias são semelhantes, diferindo pela fre-
maior que 140ms. quência cardíaca, mais lenta na TJNP, entre
70 e 130bpm, em geral próximo de 1OObpm.
Os átrios são ativados com sentido retró- O estímulo juncional é conduzido com senti -
grado, assim, quando discerníveis, as ondas do anterógrado aos ventrículos e retrógrado
P' são negativas em D2-D3-aVF e positivas aos átrios, produzindo ondas P' negativas em
em aVR e V1, sugerindo BRD de 111 grau, na D2-D3-aVF. São mais facilmente identificáveis
reentrada nodal. A f requência atrial é rápida, e podem preceder, suceder ou coincidir com
entre 150 e 250bpm, em geral próximo de os QRS, na dependência da velocidade de
180bpm. Os ventrículos respondem ao co- condução do impulso (Figura 20.14).
mando supraventricular, relação A I V = 1:1, A taquicardia juncional não paroxística é
resultando em uma frequência cardíaca tam- de pior prognóstico, pois habitualmente est á
bém elevada. Os complexos QRS usualmente associada a cardiopatias com grave dano
são estreitos (Figura 20.8). miocárdico, tais como: miocardiopatia dilat a-
As causas que produ zem a TR-AV são ge- da com falência cardíaca, miocardite aguda,
ralmente as mesmas descrit as na TAP, entre- infarto agudo do miocárdio e na intoxicação
tanto dest aca-se sua frequente ocorrência no digitálica.
Iagu1card1as Supr auenlr 1culares e Uenlr1culares 223

Figura 20.8 Taquicardia reentrante atrioventricular (TR-AV). A espk ula positiva ao final do QRS corresponde à
onda P' retrógrada. A derivação é VI

aVF

Figura 20.9 ECG na taquicardia reentrante atrioventncular (TR-AV). Taqu1arntm1a regular com frequênoa de
166bpm e QRS estreito. Notar, em V1-V2, onda P' retrógrada a 80ms do inicio do QRS, simulando a onda R',
definindo a microrreentrada nodal AV
224 fletrocardJograma Onentado para oCtln1co

aVF

Figura 20.10 ECG na taquicardia reentrante atrioventricular. Notar, em Vl ·V2, onda P' retrógrada a 100ms do
infcio do QRS sobre o segmento ST, que tem aspecto diferente dos demais segmentos ST do ritmo de base. Define
a m1crorreentrada nodal AV
laguicardJas Suprauentmulms eUentmulares 225

aVR

aVL

aVF

Figura 20.12 ECG na taqu1cardia reentrante atrio·


ventricular. Notar a taquiarritmia regular, de QRS es·
treito e com frequência de 136bpm. A onda P' retró·
grada, mais bem identificada em 02 -03-aVF, situa-se
a 160ms do início do QRS, definindo a reentrada por
via acessória oculta

Figura 20.11 ECG na taqu1cardia reentrante atrio·


ventricular. Notar a taquiarritmia regular, de QRS es·
treito e com frequência de 272bpm
226 fletrocardrograma Orientado para onrnico

o, v,

Dz Vz

aVL Vs

aVF

Figura 20 .13 ECG na taquicardia supraventricular. (TSV) Notar a taquiarritmia regular de QRS estreito e frequência
cardfaca de 187bpm. Reversão espontânea para ritmo sinusal

Figura 20.14 Taquicardia juncional não paroxística


ldQUicardldS Suprmntmulms eUentmulms 227

As cinco etapas de análise superior a 1OObpm já configura taquicardia


ventricular.
1. FC: variável entre 70 e 130bpm, em geral
A ativação anômala dos ventrículos mo-
próx1ma de 1OObpm.
difica os complexos QRS. tornando-os largos
2. RIT: regular.
e bizarros, com duração superior a 120ms.
3. OP: ondas P' negativas em 02-03-aVF.
Na maioria das vezes, os complexos QRS
Podem anteceder, suceder ou coincidir
mostram o padrão de BRO, com deflexões
com QRS.
essencialmente positivas em V1, de aspecto
4. IPR: diminuído, menor que 120ms.
em "orelha de coelho", indicando a origem
5. QRS/T: QRS estreito e onda T normal, se-
ventricular esquerda dessa arntm1a. Com me-
melhantes ao ritmo de base.
nos frequenc1a, o padrão é de BRE, indicando
sua origem no ventrículo dire1to ou no septo
TAQUICARDIA$ VENTRICULARES - TV mterventncular. As ondas T encontram-se al-
teradas, com sentido oposto ao QRS (Figura
Taquicardia ventricular corresponde à taquiar-
20.15).
ritmla CUJOS mecamsmos de produção, circui-
As ondas P geralmente não estão pre-
to de reentrada ou foco ectópico localizam-se
sentes, porém, quando evidenciadas, são
abaixo da bifurcação do feixe de His.
independentes e não relacionadas com os
A TV em 85% das vezes inicia-se por ec-
topias tardias, em 13% por ectopias precoces QRS - dissociação AV. Menos frequente-

(incidente no período vulnerável do complexo mente, as ondas P podem ocorrer após o QRS,
anterior - fenômeno R/T) e em 2% por me- no segmento ST. de polaridade negativa em
camsmo ciclo-longo-curto; desencadeiam-se D2-D3-aVF, em razão da ativação retrógrada
reentradas nas fibras de Purkinje ou nas fibras dos átnos - captura atrial.
musculares ou mesmo macrorreentrada ramo Uma abordagem mais completa das ca-
a ramo, ou seja, entre o ramo direito e o racterísticas morfológicas da taquicardia ven-
ramo esquerdo do feixe de His. tricular foi organizada por Brugada e cols.,
Uma séne consecutiva de três ou mais cujos critérios estão descritos mais adiante,
extrassístoles ventriculares com frequência neste capítulo.

Figura 20.15A e B Taquicardia ventricular. (A) Com plexos com morfologia de BRE (reentrada em VD). (B) Com-
plexos com morfologia de BRD (reentrada em VE). O sinal ( • ) marca o inicio da taquiarritmia após uma EV. A
derivação é V l
228 Hetrocard10grama Onentado para oClinico

A taquicardia ventricular indica um grau dades elétricas tardias em regiões do mio-


extremo de irritabilidade do miocárdio ven- cárdio do VD alterado (Figura 20.33).
tricular e pode evoluir para fibrilação ventri-
cular. Frequentemente, associa-se a cardio- TAQUICARDIA VENTRICULAR PAROXISTICA
patias com grave degeneração miocárdica, - TVP - OU TAQUICARDIAVENTRICULAR
tais como a síndrome coronariana aguda de MONOMÓRFICA REPETITIVA
alto risco, aneurisma do VE, dilatação ventri-
cular, miocardite aguda, hipopotassemia ou Taquicardia vent ricular paroxística monomór-
hiperpotassemia graves, estados anóxicos, fica indica a taquiarritmia ventricular de início
intoxicação digitálica, uso de drogas ilfcitas e término súbitos, caráter repetitivo e cujos
e miocardioptias diversas como a chagásica, complexos QRS apresentam-se com formas,
a hipertrófica e a displasia arritmogênica de amplitudes e durações semelhantes, na mes-
ventrículo direito. ma derivação (Fi gura 20.15) .
• Displasia ou cardiomiopatia arrit-
mogênica de ventrículo direito: As seis etapas de análise
doença genética autossômica, rara, que 1. FC: frequência ventricular elevada, en-
acomete principalmente adulto jovem em tre 130 e 200bpm, em geral próxima de
quem se observa a substituição de regiões 170bpm.
normais do miocárdio por focos de tecido 2. RIT: em geral, regular, intervalos R-R cons-
fibrogorduroso na parede livre ou na via tantes. Todavia, discreta irregularidade
de saída do ventrículo direito, evoluindo pode, por vezes, ser encontrada .
com dilatação do VD e comprometimento 3. OP: em geral, não est ão presentes, porém
da função contrátil. Com relativa frequên- quando evidenciadas, as ondas P estão
cia, os pacientes cursam com episódios de dissociadas dos QRS, ou negativas sobre o
taquicardia ventricular, podendo evoluir segmento ST.
para fibri lação vent ricular e morte cardía- 4 . IPR: inexiste.
ca.* Em pacientes que já apresentaram es- 5. QRS/T: QRS largos e bizarros, com du-
tas arritmias, o tratamento mais indicado ração superior a 120ms. Na maioria das
é o implante de cardioversor-desfibrilador vezes, apresentam-se com morfologia t ipo
(recomendação classe 1). As características BRD, "em orelha de coelho", localizando a
eletrocardiográficas dessa miocardiopatia origem da arritmia no ventrículo esquerdo
são as ondas épsilon e ondas T negativas ou com morfologia tipo BRE, localizando a
em V1-V2-V3 em maiores de 12 anos na origem da arritmia no ventrículo direito ou
ausência de bloqueio do ramo direito. no septo IV. Ondas T alteradas com senti-
Onda Épsilon é uma pequena onda que do oposto ao do QRS.
distorce a porção terminal do complexo 6. Presença de complexos de fusão e de cap-
QRS, em V1 -V2-V3, determinada por ativi- tura.

• A taquicardia ventricular manifesta-se pelo padrão Va riedades de taquicardia ventricular


d e bloqueio de ramo esquerdo com eixo do QRS
• Taquicardia ventricular não susten-
para a esq uerda entre - 30° e - 60° se a origem da
tada ou não persistente: indica a ta-
arritmia localizar-se em ponta d e VD ou com eixo do
QRS entre o• e + 90° se a origem localizar-se em trato quicardia ventricular autolimitada, com du-
de saída de VD. ração inferior a 30s e que usualmente tem
faquteard1as Suprauentriculares e Uentriculares

o seu término espont âneo (Figuras 20. 16 • Taquicardia ventricular em torsa-


a 20.18). des de pointes: corresponde a uma
• Taquicardia ventricular sustenta- forma polimórfica da taquicardia ventri-
da ou persistente: indica a taquicardia cu lar paroxística . Arritmia "maligna" pelo
ventricular de duração prolongada, acima potencial risco de degenerar para f ibrila-
de 30s e usualmente necessita de interven- ção ventricular e morte súbita cardíaca.
ção para o seu término (Figuras 20. 19 a As alterações eletrocardiográficas caracte-
20.21 ). rizam-se por modificações nas configu-
• Taquicardia ventricular bidirecio- rações dos QRS, que se apresentam com
nal : corresponde à taquicardia ventricular formas, amplitudes e durações variadas.
em que os complexos QRS apresentam-se Os complexos QRS parecem girar em tor-
basicamente com duas configurações al- no da linha de base, dirigindo as suas
ternadas, deflexões positivas e negativas. "pontas", ou seja, a polaridade, ora para
A frequência ventricular varia entre 140 cima, ora para baixo, adquirindo o aspec-
e 200bpm . Os mecanismos eletrofisioló- to de trançado. A frequência ventricular
gicos propostos são a existência de dois est á elevada, entre 200 e 250bpm (Figura
focos ectópicos ventriculares distintos ou a 20.23).
alternância de bloqueios fasciculares com Os mecanismos eletrofisiológicos propos-
padrões de HBAE e HBPE (Figura 20.22). tos são a reentrada do impulso nas fibras
Taquicard ia ventricular bidirecional implica ventriculares ou o fenômeno de dispersão
mau prognóstico clínico, pois associa-se a da repolarização ventricular, em que as fi-
cardiopatias com grave dano miocárdico, bras cardíacas, em um determinado mo-
além de ser fortemente indicativa de into- mento, apresentam-se em graus variados
xicação digitálica . de recuperação.

Figura 20.16 ECG na taquicardia ventricular (1V) monom6rfica, não sustentada. Notar a série consecutiva de 6
complexos QRS largos (140ms), de morfologias semelhantes e com início e término determinados. A frequência é
de 150bpm
230 Hetrocard1ograma Orientado para oClln1co

Figura 20.17 A e B ECG na taqu1card1a ventncular monom6rf1ca, não sustentada Taquiarntmia de QRS largo
(140ms) e de morfolog1as semelhantes. A duração do epis6d1o paroxístlco é menor que 30s. (A) QRS de polandade
pos1t1va define a ongem noVE (B) QRS de polaridade negativa define a ongem no VD. A derivação é Vl

73 73 73 73 89 150 131 148 146 160 170 181 186

vvvvvvv~

81 81

B
Figura 20.18A e B ECG na taquicardia ventricular monomórfica não sustentada. Notar a taquiarrit mia de QRS
largos e de morfo logias semelhantes (A) lníc10 da TV. (B) Térmmo espo ntâneo da TV
Taqu1card1as Suprauentmulares e Uentmulares 231

o, Figura 20.19 ECG na taquicardia ventricular monomórfica


sustentada. A duração da arritmia é > 30s. Notar. em Vl , o
padrão em "orelha de coelho". A origem é noVE

Figura 20.20 ECG na taquicardia ven-


tricular monomórfica sustentada, de ori-
gem ventricular esquerda
232 Hetrocard1ograma Omntado para o ClJnJco

Figura 20.21 ECG na taquicardia ventricular (TV) monomórfica sustentada . Notar a taquiarritmia de QRS largos e
semelhantes; ritmo regular com frequência de 187bpm

Figura 20.22 Taquicardia ventricular bidireciona l. Notar os complexos QRS de polaridades alternadas

Figura 20.23 Taquicardia ventricular em torsades de pointes. As pontas dos QRS parecem girar em torno de uma
linha de base.
Iaqu1Cdfd1as Supr auentmulares e Uentmulares 233

A torsades de pointes está associada, na pfexos ventriculares com as caracterís-


quase totalidade dos casos, à sfndrome ticas supracitadas, intercalados com
do QT longo, seja de natureza congêni- ritmo sinusal.
ta, como nas síndromes de Jervell, Lang- • TV! do VE ou fascicular; ao ECG : TV
Nielsen e Romano-Ward. ou adquirida . A co m QRS de morfologia de BRO, ne-
forma adquirida está mais frequentemen- gativos em aVF e SâQRS desviado
te associada a distúrbios eletrolfticos. tais para a esquerda, entre - 30° e -60°,
como hipopotassemia, hipocalcemia, hi- indicando sua origem no fascfculo
pomagnesemia, ao uso não controlado de póstero-in ferior esquerdo (ou região
fármacos antiarrítmicos, principalmente ínfero-septal do VE), ou em menor fre-
as de classes IA e 111 (efeito pró-a rrítmico quência com QRS positivos em aVF e
dos fármacos antiarrítmicos), ou ao uso de SâQRS desviado para a direita, entre
determinados antibióticos, neurolépticos +60° e+ 120°, indicando a origem no
ou drogas ilícitas. Essa associação entre fascfculo ântero-superior esquerdo (ou
torsades de pointes e QT longo é de suma região ântero-septal do VE).
importância. pois o aumento ainda maior
Estas TVI são dependentes de catecolami-
do intervalo QT implica risco adicional de
nas, desencadeadas por estresse emocional
evolução para fibrilação ventricular. Int er-
ou exercícios f ísicos. São comuns em atletas
valo QT "de risco" é aquele de duração
e respondem ou revert em ao ritmo sinusal
igual ou maior que 500ms, ou o interva lo
com o uso de antiarrítmicos como o sotalol,
QT corrigido igual ou maior que 460ms
(Figuras 20.24 e 20.25). a propafenona, a adenosina e o verapamil -

• Taquicardia ventricular idiopática "TVI sensível ao verapamil" - e, naqueles com

- TVI: co rresponde à TV observada ge- persistência da TV refratária ao tratamento

ralmente em adult o jovem, sem doença medicamentoso, a ablação por meio de radio-
estrutural cardíaca identificável por outros frequência de focos arritmogênicos está indi-
métodos de exames complementares, e cada (recomendação classe 1).
que habitualmente não evolui para morte
cardíaca. Apresenta-se ao eletrocardiogra- TAQUICARDIA VENTRICULAR LENTA
ma como TV monomórfica sustentada de (NÃO PAROX[STICA) OU RITMO
QRS não muito alargados, < 150ms, com IDIOVENTRICULAR ACELERADO- RIVA
caract erísticas que permitem localizar o sí-
tio de origem. As mais frequentes são: Ritmo idioventricular acelerado ocorre quan-
• TV/ da via de saída do VD, a mais fre- do um foco ectópico ventricular assume o
quente em 70% dos pacientes; ao comando cardíaco com frequência de dis-
ECG: TV com QRS de morfologia de paro semelhante à do nódulo si nusal. Tal
BRE, positivos em 02-03-aVF e SâQRS determina a alternância de ritmo do marca-
desviado para baixo e à direita, entre passo cardíaco, observando-se períodos do
+60° e+ 120°. Uma forma de apresen- ritmo idioventricular, poucos segundos a
tação dessa arritmia. denominada de alguns minutos. e períodos mais longos do
TV monomórfica repetitiva de Galla- ri t mo sinusal. O mecanismo eletrofisiológi-
vardin, em que observam surtos não co é o do aumento do automatismo ven-
sustentados de TV com t rês a 1 5 com- tricular.
234 fletroCdfdJOgrama Orientado para oClln1co

••••••••••
Figura 20.24 ECG na taquicardia ventricular (TV) em torsades de pointes. Uma extrassistole ventricular (EV) incide
sobre o QRS precedente, cujo intervalo QT est á prolongado em 640ms, desencadeando a TV polimórfica. As pontas
dos QRS, marcadas com sinal (• ), estão voltadas para ci ma ou para baixo


Figura 20.25A e B ECG na taquicardia ventricular (TV) em torsades de pointes. (A) Extrassístoles ventricula res
incidem sobre o período vulnerável de complexos QRS cujos intervalos QT estão prolongados, em 560ms. (B) De·
sencadeiam a TV em torsades de pointes

Critérios diagnósticos (Figura 20.26} DIFERENCIAÇÃO ENTRE TAQUICARDIA


• Frequência ventricular entre 70 e 11 Obpm .
SUPRAVENTRICUlAR COM CONDUÇÃO
• Ondas P imperceptíveis, ocultas nos QRS.
ABERRANTE ETAQUICARDIA VENTRICUlAR
• Complexos QRS largos, em g eral com pa- - DIFERENCIAÇÃO DAS TAQUICARDIAS
drão de BRE. Ondas T alteradas com senti- COM QRS lARGO
do oposto ao QRS
Frente a uma taqu iarritmia com QRS la rgo, é
• Presença de bat imentos de fusão prece-
necessá rio que se faça a diferenciação entre a
dendo e desencadeando a taquiarritmia.
taquicardia ventricular e a taqu icardia supra-
RIVA é u ma forma "não-maligna" de arrit- ventricular, na qual o impulso é conduzido aos
mia ventricular, pois habitualmente não com- ventrículos de modo anômalo, gerando QRS
promete o quadro hemodinâmico e não piora aberrantes, seja por alteração no período refra-
o prognóstico do paciente. É uma das arrit- tário das vias de condução AV ou por bloqueios
mias de reperfusão miocárdica bem-sucedida de ramos preexistentes, pois as implicações de
no infarto agudo do miocárdio (Figuras 20.27 ordem clínica, terapêutica e prognóstica são
e 20.28). diferentes nas duas event ualidades.
laQulcardias Suprauentriculares e Uentmulares 235

Figura 2 0.26 Ritmo idioventricular acelerado (RIVA) ou taquicardia ventricular não paroxlstica

Figura 20.27 ECG no ntmo idioventricular acelerado (RIVA). Notar a alternãncia de ritmo sinusal com ritmo ventri·
cular. Esta arritmia correspondeu à reperfusão miocárdica, pós-infarto do miocárdio, com o uso de trombolltico

Figura 20.28 ECG no ritmo idioventricular acelerado (RIVA) . Arritmia de reperfusão miocárdica após o uso de
substância trombolítica no tratamento do mfarto agudo do miocárdio
236 Hetrmrd1ograma Omntado para o Cl1n1co

Brugada e co ls. (Circ. 199 1; 83:1.649) intervalo entre o início da onda r e o


desenvolveram o seguinte algoritmo, utiliza- vértice da onda S maior que 60ms.
do na diferenciação das duas arritmias, cujas • Em V6- morfologia QR ou QS.
sensibilidade e especificidade são superiores a
Auxilia no diagnóstico de taquicardia ven-
96%. Observar no ECG a seguinte sequência
tricular, se encontrarmos:
de eventos:
• O ramo inicial do QRS largo e do complexo
1. Ocorre a ausência de padrão R-Sem todas
normalmente conduzido com polaridades
as derivações precord iais?
diferentes.
• S IM ~TV.
• Padrão concordante e uniforme dos com-
• NÃO (existe padrão R-S em uma ou
plexos QRS de V1 a V6, especialmente se
mais derivações precordiais) ~ (passe
apresentarem polaridades negativas.
ao item 2).
• Complexos de fusão ou de captura (Figu-
2. A duração do intervalo R-S (medido do
ras 20.29 a 20.31 ).
início da onda R ao vértice da onda S) é
maior que 1OOms em pelo menos uma de-
rivação precordial? OCLiNICO DIANTE DA TAQUICARDIA
• S IM ~TV. SUPRAVENTRICULAR - TSV*
• NÃO (a duração do intervalo R-S é me-
Procurar at ravés do ECG diferenciar as diversas
nor que 1OOms) ~ (passe ao item 3).
taquiarritmias, o que permitirá a abordagem
3. Observa-se dissociação AV?
terapêutica apropriada. Geralmente, os pa-
• SI M~ TV.
cient es procuram os serviços de pronto aten-
• NÃO (não ocorre a dissociação AV) ~
dimento em razão dos sint omas causados pela
(passe ao item 4).
frequência cardíaca muito rápida, sendo as
4. Observam-se os critérios morfológicos em
queixas clínicas mais comuns as palpitações,
V1 e V6 (descritos a seguir) que indicam a
tonturas, fadiga e dispneia . Instabilidade clí-
TV?
nica se manifesta pelos sinais de hipotensão
• SIM ~Taquicard ia vent ricular.
arteria l grave ou choque, insuficiência cardíaca
• NÃO ~ Taquicardia supraventricu lar
aguda, dor de insuficiência coronariana aguda
com condução aberrante.
ou síncope, correspondendo a evoluções mais
graves e necessitando de procedimentos te-
Critérios morfológicos que indicam rapêuticos emergenciais. Os procedimentos
taquicardia ventricular iniciais são:
• QRS com padrão de BRD correspon- • TSV por reentrada nodal, com es-
de a TV, se: tabilidade clínica (Figura 20.32) : ma-
• Em V1 - morfologias R monofásica, nobras de estimu lação vagai (recomenda-
em "orelha de coelho", ou Q-R ou R-s ção classe I, C) e/ou fármacos antiarrítmicos
(R maior que S). (FAA) :
• Em V6- morfologias r-S (com S maior • Adenosina EV, ou
que R}, ou Q-R ou Q-S. • Antagonistas do canal de cálcio: vera-
• QRS com padrão de BRE correspon- pamil EV, ou diltiazem EV (recomenda -
de a TV, se: ção classe I, A), ou
• Em V1 - morfologia r-S, com a onda • Amiodarona EV (recomendação classe
r de duração maior que 30ms, ou o IIB).
ldQUICdfdldS Supmeotmulms e Ueotmulms 237

TRN e TRAV devem ser avaliados por ma-


peamento eletrofisiológico programado,
pelo potencial tratamento com ablação
por meio de radiofrequência da via reen-
trante (recomendação classe I nos pa-
cientes com TRN sintomáticos com crises
recorrentes ou naqueles com TRAV que
já tenham apresentado um episódio de
taquiarritmia). A ablação está descrita no
Capítulo 26.
• TSV com condução "aberrante":
quando a diferenciação com a taquicardia
ventricular não estiver caracterizada, se-
guir as condutas adotadas na taquicardia
ventricular.
• TSV com instabilidade clínica: pro-
cedimentos de cardioversão elétrica sin-
cronizada, iniciando-se com 1OOW e au-
mentos sucessivos em choques posteriores
(recomendação classe 1).

OCLÍNICO DIANTE DA TAQUICARDIA


VENTRICULAR - TV*
Taquicardia ventricular, exceto as idiopáti-
cas, em geral associa-se a cardiopatias mais
graves. As formas polimórficas e susten -
tad as, princi palmente nos pacientes com
Figura 20. 29 Critérios de Brugada. Análise das eta- fração de ejeção ventricular do VE igual
pas: (1) Não; existe padrão R-Sem V5-V6. (2) Não; o ou menor que 35%, são arritmias graves
Intervalo R-S é de 80ms. (3) Não; não se observam as e "malignas" pelo potencial evolu tivo para
ondas P. portanto, não se caracteriza a dissociação AV.
(4) Sim; em Vl o padrão é de "orelha de coelho" e em morte card íaca.
V6, a onda S é maior que R. Conclusão: taqUicard ia • TV sustentada monom6rfica com
ventricular. estabilidade clínica:
• Amiodarona EV ou procainamida EV
• TSV por via acessória: manobras de (recomendação classe 1}, ou
estimulação vagai e/ou fármacos antiarrít- • Lidocaína EV; betabloqueador pode

micos: ser usado nos pacientes com FE maior


• Amiodarona ou sotalol, ou que 40%.
• Propafenona . Em caso de refratariedade aos FAA, pro-
Após a normalização do ritmo cardíaco e ceder à cardioversão elétrica sincroni-
a estabilização clínica, os pacientes com zada .
238 Hetrocard1ograma Orientado para o Clinico

Figura 20.30 Critérios de Brugada . Em Vl o padrão é d e BRD t rifásico e em V6 a onda S é menor que R. O com-
plexo QRS da arritmia é semelhante ao complexo si nusal. Conclusão: taquicardia su pravent ricular com condução
aberrante
laquicardias Supr auentriculares e Uentriculares

aVL
aVF

Figura 20.31 ECG na taquicardia supraven-


tricular com condição aberrante. Notar em Vl
o padrão BRD t rifásico, semelhante ao QRS no
ritmo sinusal (os dois últimos complexos), e em
V6 a onda S é menor que R

B
Figura 20.32A e B ECG na taquicardia supraventricular. (A) Taquiarritmia com frequência cardíaca d e 187bpm.
(B) Reversão ao ritmo sinusal após o uso de adenosina EV. O sinal (• ) marca o início da ação do medicamento
240 Hefrowd1ograma Or1enfado para oCl1n1co

• TV sustentada monomórfica com rio, mecanismo de "overdrive supression". Na


instabilidade clínica: proceder à car- instabilidade clínica, pode-se proceder à car-
dioversão elétrica sincronizada. inicia n- dioversão elétrica.
do com 1OOW e aumentos sucessivos
em choques posteriores (recomendação
classe f).
• TV polimórfica: pode-se iniciar co m
FAA:
!
• amiodarona EV, ou ..
• procai namida, ou ~·

• betabfoquador e, em caso de não ha-


ver reversão, a cardioversão elétrica
/ '/f
~_,

sincronizada.
VD 41"
~
1' ~
Na TV em torsades de pointes: interrom-
per os fármacos que prolongam o fQT, admi-
•-
nistração de sulfato de magnésio EV (ação es-
tabilizadora da membrana celular) e, em caso
Figura 20.33 Displasia arritmogênica do VD. com
de refratariedade, proceder à estimulação ápiCe do ventrículo d1re1to apresentando trabecula-
elétrica ventricular com frequência afta, por ções (setas). VE = ventrlculo esquerdo; VD = ventrl-
implante de marca-passo cardíaco temporá - culo direito

• As condutas sugeridas levam em conta as restrições e contra indicações próprias e 1nd1v1dualizadas de cada proce-
dimento e mediCamento.
CAPÍTULO 21

Flutter e fibrllação
Gerson P. GoldwdSSer

FLUTTER ATRIAL - FA • Presença de bloqueio atrioventricular


(BAV) fisiológico, de modo que apenas 1
Define a taquiarritmia supraventricular na qual em cada 2, 3 ou 4 impulsos atriais é con-
a frequência atrial se encontra muito elevada, duzido aos ventrículos. Flutter atrial 2:1,
próxima de 300ipm . 3:1 ou 4:1 indica a respectiva relação en-
O mecanismo eletrofisiológico envolvido tre os impulsos atriais e ventriculares. O
no flutter atrial é o fenômeno da reentrada mais comum é a relação 2: 1, seguindo-
do impulso na musculatura do átrio direito se o 4:1 . A condução 1:1 é mais rara e
em circuitos uniformes ao redor de "barrei- denota gravidade clínica , uma vez que
ras" anatômicas normais (veias cavas, crista pode evoluir para o flutter ventricular.
terminalis, seio coronário e válvula tricúspide) Não é a onda F, imediatamente precedente
ou induzidas por cirurgia cardíaca. No flutter ao QRS, aquela que conduz o estímulo aos
comum, a reentrada se faz entre a veia cava ventrículos, pois devido ao BAV é neces-
inferior e a válvula tricúspide, região denomi- sário um tempo mínimo para a condução
nada de istmo do átrio direito. atrioventricular.
• Usualment e, o ritmo ventricular é regular
Critérios diagnóstico s (Figura 21.1) em razão da constância do BAV; com me-
nos frequência pode ocorrer o inverso.
• Frequência atrial muito elevada.
• Substituição das ondas P por outras de-
Classificação do flutter atrial
nominadas de ondas F - de flutter - , de
aspecto pontiagudo, algo largas, interliga- • De acordo com a direção do circui-
das umas às outras e semelhantes entre si. to de reentrada
• Substituição da linha de base isoelétrica • Típico ou tipo comum: o circuito de
por ondulações ou serrilhado monomór- reentrada t em rotação anti-horária ou
f ico, assumindo um aspecto denominado direção caudocranial - as ondas F es-
de "dent es de serra". tão negativas em 02-03-aVF.
242 Hetrocard1ograma Orientado para oClinico

• Atípico ou tipo incomum: o circuito de com doença cardíaca subjacente. As causas


reentrada tem rotação horária ou di- mais comuns são: doença isquêmica (infarto
reção craniocaudal - as ondas F estão do miocárdio ou angina), doença reumática
positivas em 02-03-aVF. com comprometimento da válvula mitral ou
• De acordo com a frequência dos tricúspide, miocardite/pericardite aguda, car-
impulsos atriais diopatia hipertensiva, do hipertireoidismo ou
• Tipo 1: a frequência atrial encontra-se congênita (como na doença de Ebstein e na
entre 250 e 350ipm (i mpulsos por mi- comunicação interatrial), em situações de hi-
nuto); este flutter pode, geralmente, poxemia (doença pulmonar obstrutiva crônica
ser interrompido por uma estimulação ou embolia pulmonar) e em pós-operatório
elétrica de frequência superior à atrial, de cirurgia cardíaca.
ou seja, o mecanismo de overdrive su-
pression . As cinco etapas de análise
• Tipo 11 : a frequência atrial encontra-se
entre 350 e 450ipm; este flutter geral- 1. FC: frequência atrial muito elevada, en-
mente não reverte com o tratamento tre 250 e 450ipm, em geral próxima de
supracitado. 300ipm; a freq uência ventricula r é variá-

• Impuro ou fibrilof/utter vel, na dependência da relação A I V.


• O circui to de reentrada faz-se em es- 2. RIT: atrial e ventricular estão, usualmen-
te, regulares; os intervalos FF e RR estão
truturas do átrio direito e esquerdo, de
regulares; com menos frequência, alguma
modo irregular. A ativação atrial tem a
irregularidade nesses ritmos pode ser ob-
frequência do flutter, porém com mor-
servada.
fologia variável das ondas atriais.
3. OP: substituídas por ondas F de aspec-
Overdrive supression é a supressão de ta- to denominado em "dentes de serra" .
quiarritmia mediante estimulação por marca- Estão negativas, na maioria das vezes, em
passo artificial, em frequência maior que a de 02-03-aVF.
taquiarritmia inicial. 4. IPR: não é medido, pois a linha de base é
Flutter atrial pode ocorrer mais raramente serrilhada.
em indivíduos com coração normal, porém, na 5. QRS/T: QRS estreito e onda T normal (Fi-
maioria das vezes, está associado a pacientes guras 21.2 a 21.7).

• • • • • • • •

Figura 21 .1 Flutter atrial (FA). O sinal ( • ) marca as ondas F, monomórficas, com aspecto de dentes de serra
f/utter e f1brllaçao 243

Figura 21 .2 ECG no flutter atrial (FA). O sinal ( • ) marca as ondas F. monomórficas. com frequência de 272ipm. A
linha de base foi substituída por um serrilhado d e aspecto em dentes de serra

aVR

aVL

aVF

Vs

Figura 21.3 ECG no flutter atrial atípico. Taquiarritmia de QRS estreito. Notar em D2-D3-aVF as ondas F, mono-
mórficas, com frequência de 375ipm, e o aspecto em dentes de serra . A relação A / V varia de 2: 1 a 4 :1
244 Hetrowd10grama Omntado para o Cllntco

Figura 21 .4 ECG no flutter atrial irregular. A relaçllo A I V é variável. Notar as ondas F, monomórficas, com frequência
de 333ipm e o aspecto em dentes de serra. A frequência ventricular é de 45bpm, aproximadamente

03

aVR

aVL

aVF

V1

V2

V3

V4

V5 Figura 21 . 5 ECG no flutter atrial (FA). Taquiar-


ritmia de QRS estreito. Notar em 02-03-aVF as
ondas F, monomórficas, negativas, e o aspecto
V6 em dente de serra. Relação A I V em 4:1
f/u/ler e fJbrJlação 245

Figura 21 .6 ECG no
flutter atrial (FA). No-
tar as ondas F iden-
tificadas em 02-03
quando a frequência
cardiaca diminui du-
rante a estimulação
v4 I vagai, tornando a re-
lação A I V 3:1. Ao fi-
...... Ir-' nal do ECG. a frequên-
~ ""'-' I "\.o 1""-' cia cardiaca volta a
ficar aumentada, ocul-
tando as ondas F

aVR aVL aVF

Figura 21 .7 ECG no
flutter atrial (FA). O si-
nal ( • ) marca a onda F.
Notar as ondas F, mo-
nomórficas e em den-
te de serra. Relação A /
V em 3:1. Diagnóst ico
acessório: infarto do
miocárdio da parede
ãntero-septal
246 Helrocard10gr ama Orrenlado pdfd oWnrco

FIBRILAÇÃOATRIAL - ta inconstante. As células nodais, ao serem


at ivadas em tempos diferentes, encon-
Define a taquiarritmia supraventricular em tram-se em períodos refratários diferentes,
que a estimulação atrial ocorre de forma bas- portanto ativam-se em tempos diversos,
tante desordenada e em uma frequência ex- fenômeno de condução oculta, resultando
tremamente elevada, acima de 400 estímulos em um ritmo cardíaco muito irregular.
por minuto. • Frequência ventri cular habitualmente en-
O mecanismo eletrofisiológico envolvido tre 60 e 1OObpm; a fibrilação atrial é de
na fibrilação atrial é o fenômeno da reentra- resposta lenta ou de resposta rápida ou
da do impulso na musculatura atrial, com di- não controlada, quando a frequência ven-
ferentes e pequenos circuitos de reentradas. tricular está menor que 60 ou maior que
Contudo, o mecanismo que desencadeia a 1OObpm, respectivamente.
fibrilação atrial parece ser o automatismo fo- • A morfologia e a duração dos complexos
cal, originado, na maioria dos casos, nas veias QRS, habitualmente estreitos. não diferem
pulmonares. dos complexos do rit mo de ba se. Entre-
tanto, na presença de QRS largo, faz-se
Critérios diagnósticos (Figura 21 .8) necessária a diferenciação entre a condu-
ção aberrante do estímulo supraventricu-
• Frequência atrial extremamente elevada, lar e a extrassístole ventricular.
entre 400 e 650 impulsos por minuto
(ipm), em geral, próximo de 500. Nes- No complexo com aberrância de condu-
ta situação, o processo de ativação atrial ção, o QRS tem habitualmente a morfolo-
encontra-se totalmente desordenado e gia de BRD trifásico {R-S-R') em V1 e (q-R-S)
caótico, resultando na perda da contração em V6, e é precedido de um ciclo diastólico

eficaz dos átrios, ocorrendo apenas oscila - longo-ciclo diastólico curto. A interferência

ções ou tremulações das fibras cardíacas. do comprimento do ciclo cardíaco no perío-

• Substituição das ondas P por outras deno- do refratário da fibra cardíaca e, portanto, na

minadas de ondas f - de fibrilação. Estas duração do complexo QRS, é denominada de


fenômeno de Ashman.
se apresentam muito diferentes umas das
outras, seja na ampli tude, na duração ou Na extrassístole ventricular, o QRS apresen-
ta a frente de onda diferente dos complexos
no formato, não guardando qualquer se-
de base, tem a morfologia em "orelha de coe-
melhança entre si.
lho" em V1 e é precedido de ciclos diastólicos
• A f ibrilação atrial é fina (fine) quando as
semelhantes.
ondas f são de pequena amplitude, meno-
Essencialmente, o diagnóstico eletrocar-
res que 0,5mm, sendo às vezes impercep-
diográfico da fibrilação atrial se caracteriza
tíveis; a fibrilação atrial é grossa (coarse)
por:
quando a amplitude é superior a 0,5mm.
• Ausência das ondas P, subst ituídas por um
• Substituição da linha de base isoelétrica
serrilhado polimórfico de ondas f. e
por ondulações ou serrilhado polimórfico.
• Ritmo cardíaco irregular (exceto pela con-
• Presença de bloqueio atrioventricular
comitância de BAV total).
(BAV), fisiológ ico, protegendo os ventrí-
culos da imensa quantidade de impulsos Fibrilação atrial é a segunda arritmia car-
atriais. Na fibrilação atrial, o BAV é sempre díaca em frequência . Pode ocorrer em alguns
flutter e fibrilação 247


c

Figura 21.8A a D Fibrilação atrial (fa). (A) "Grossa". (B) "Fina". O sinal ( • ) marca em (C) aberrância de condução
e em (D) extrassístole ventricular

poucos indivíduos com coração normal e estando os pacientes em maior risco de


sem um fator etiológico definido - f ibrilação sofrer um acidente vascular encefálico.
atrial solitária (Lone) ou naqueles após inges-
A permanência de frequ ência ca rd íaca
tão abusiva de bebidas alcoólicas ou uso de
elevada pode levar, ao longo do tempo, ao
substâncias simpaticomiméticas. Entretanto,
desenvolvimento de taquicardiomiopatia, já
na maioria das vezes, acomete pacientes com
referida no Capítulo 18.
doença cardíaca subjacente, sendo as cau sas
mais comuns: doença reumática com com pro-
metimento da válvula mitral, doença isquêmica Conceituação
(infarto do miocárdio ou angina), cardiopatia
hipertensiva, cardiopatia do hipertireoidismo, • Fa aguda: de início mu ito recen te, nas
miocardite/pericardite aguda, em situações de 48 horas prévias ao diagnóstico documen-
hipoxemia (doença pulmonar obstrutiva crô- tado, podendo ser ou não o primeiro epi-
nica ou embolia pulmonar), hipopotassemia, sódio.
em pós-operatório de ci rurg ia ca rdíaca e nos • Fa paroxística: de início e término súbi-
indivíduos com idade avançada (+/- 1O%) tos, autolimitados, em geral de curta du-
Na fibrilação atrial, a perda da cont ração ração e de resolução espon tânea ao ritmo
atrial acarreta : sinusal.
• Redução de aproximadamente 25% do • Fa persistente: de duração mais longa,
débito cardíaco, podendo levar a quadro mais que sete dias, e que necessita de tra -
clínico de baixo débito e de insuficiência tamento para a reversão ao ritmo sinusal.
cardíaca, principalmente no idoso e no pa - • Fa permanente (crônica): de longa
ciente com doença estrutural cardíaca, e duração, mais de um ano e que não re-
• Formação de trombas nos átrios e even- verte ao ritmo si nusal mesmo com o trata -
tos embólicos sistêmicos ou pulmona res, mento instituído.
24B Hetrowd1ograma Orientado para oClrn1co

As cinco etapas de análise 2. RIT: atrial e ventricular totalmente irregula-


res; os intervalos ff e RR estão irregulares.
1. FC: f requência atrial extremamente eleva- 3. OP: as ondas P estão substituídas pelas
da, entre 400 e 650ipm, próxima de 500; ondas f polimórficas.
frequência ventricular variável, na depen- 4. IPR: inexiste.
dência da relação A I V, encontrando-se 5. QRS/T: QRS usualmente estreito e onda T
usualmente entre 60 e 1OObpm. normal (Figuras 21.9 a 21.15).

Figura 21 .9 ECG na fibrilação atrial (fa). Notar as características principais: ausência das ondas P, substituídas
por ondas f, que formam um serrilhado polimórfico e irregularidade do ritmo ventricular. A frequência atrial é de
500ipm e a ventricular é de 90bpm, aproximadamente


1
'
' ' , ,., t -
Figura 21 .10 ECG na fibrilação atrial (fa). Notar o serrilhado polimórfico de ondas f, com frequência de 428ipm,
e o ntmo ventricular irregula r com frequência de 65bpm, aproximadamente

Figura 21 .11A e B ECG na fibrilação atrial (fa). Não se identificam as ondas f, porém a irregularidade do ritmo
ventricular e a ausência das ondas P definem a f a "fina". (A) fa com frequência ventricular de 156bpm. (B) f a com
frequência ventricular de 87bpm, aproximadamente
fluller e f1bnlação

Figura 21 .12 ECG na fibrilação atrial (fa) ··grossa"

B
Figura 21 . 13A e B ECG na fibrilação atrial (fa). Notar o ritmo cardíaco irregular e ausência das ondas P. (A) fa
"fina ", não se identificam as ondas f. (B) Notar o serrilhado polimórfico de ondas f, com frequência aproximada
de 437ipm

FLUTTER VENTRICULAR - FV de foco ectópico ventricular com velocidade


de disparo muito elevada .
Define a taquiarritmia ventricular na qual a fre- No flutter ventricular ainda se observam
quência ventricular encontra-se muito elevada contrações eficazes das fibras ventriculares
e cujas ondas adquirem um aspecto peculiar. e um débito cardíaco que permite a sobre-
Os mecanismos eletrofisiológicos envol- vida, ainda que por tempo lim itado . Entre-
vidos no FV são os mesmos da taquicardia tanto, o ma is comum é a evolução para a
ventricular, ou seja, circuitos de reentrada do fibrilação ventricular em curto espaço de
impulso nas fibras de Purkinje ou a presença tempo.
250 lletrocard1ograma Orientado para oClin1co

88 152 142 63 116 87 140


676 394 420 940 515 689 426

~ ~ ___
...

Figura 21.1 4 ECG na flbrilação atrial (fa). Notar a ausência das ondas P, substituídas por ondas f, mais bem iden-
tificadas em V1, de serrilhado pol imórfico e irregularidade do ritmo cardíaco
flulfer e f1brilaçao 251

J. ! Ll

Figura 21 .15 ECG na fibrilação atrial (fa). Notar as ondas f, polimórficas, de frequência elevada (aproximada-
mente S001pm), ma1s bem identificadas em Vl. Paciente com isquemia do miocárdiO de parede anterior do VE

A caract erística elet roca rdiográfica do tia dilatada co m insuficiência cardíaca, miocar-
flutter ventricular traduz-se essencialmente dit e aguda, intoxicação digit álica, estados anó-
na modificação morfológica dos complexos xicos, distúrbios eletrolíticos graves. evolução
QRS/T, que se fundem em uma única onda, maligna do ffuller atrial 1 :1, en tre outras.
larga, de grande amplitude, e que mantém
entre si alguma semelhança, assumindo o As cinco etapas de análise
aspecto de onda sinusoidal. A frequência 1. FC: ventricular elevada, entre 200 e
ventricular é muito rápida, acima de 200ipm, 300ipm, próxima de 300ipm.
habitualmente próxima de 300ipm. As ondas 2. RIT: em geral, regular.
P não são percebidas, por estarem ocultas nos 3. OP : inexiste.
QRS (Figura 21 .16). 4 . IPR: inexiste.
O flutter ventricular está associado a car- 5. QRSIT: fusão em uma única onda larga
diopatias com grave degeneração miocárdica, e monomórfica - onda sinusoidal (Figura
tais como infarto do miocárdio, miocardiopa- 21 .17).
252 fl etrocard1ograma Omntado para o Clfn1co

Figura 21 .16 Flutter ventricular (FV). Os complexos QRS(T são monomórficos e de aspecto si nusoidal

B
Figura 21 .17A e B ECG no flutter ventricular (FV). Notar as ondas sinusoidais. A frequência ventricular, aproxi-
mada. é de 214ipm

FIBRILAÇÃO VENTRICULAR- fv apenas oscilações ou tremulações das fibras


ventriculares. Em tal circunstância, inexiste
Define a taquiarritmia ventricular em que a esti-
débito cardíaco e, em caso de não se proces-
mulação ventricular ocorre em uma frequência
sar a reversão ao ritmo norma l, a circulação
extremamente rápida. acima de 400 impulsos
sanguínea cessa, evoluindo-se para o êxito
por minuto, e de forma bastante desordenada.
letal em minutos.
Os mecanismos eletrofisiológicos envolvi-
A característica eletrocardiográfica da fi-
dos na fibrilação ventricular são o fenômeno
brilação ventricu lar é a presença de complexos
de reentrada do impulso na musculatura ven-
tricular em circuitos muito variados, ou a pre- QRS polimórficos, totalmente anômalos. São

sença de vá rios focos ectópicos ventriculares deflexões bizarras, largas, com formatos dife-
com velocidades de disparo muito elevadas. rentes, não guardando qualquer semelhança
Na fibrilação ventricular, o processo de ati- entre si e com frequência muito rápida , próxi -
vação ventricu lar encontra-se completamente mo de SOOipm (Figura 21 .18).
desordenado e caótico, resultando na perda As causas da fibrilação ventricular são as
da cont ração cardíaca eficaz, observando-se mesmas já citadas para o flutter ventricular.

Figura 21.18 Fibrilação ventricular {fv). Os complexos QRS são polimórficos. largos e bizarros
f lu/ler e f1br1laçao 253

As cinco etapas de análise 4. IPR: inexiste.


5. QTR/T: complexos polimórficos, bizarros,
1. FC: extremamente elevada, próxima de
SOOipm. largos e diferentes entre si. Não é possível

2. RIT: totalmente irregular. a identificação de qualquer elemento (Fi -


3. OP: inexiste. guras 21 .19 a 21 .21 ).

Figura 21 .19 ECG na fibrilação ventricular (fv). Notar os complexos QRS polimórficos e bizarros, não sendo iden-
tificado elemento eletrocardiográfico algum

B
Figura 21.20A e B ECG na fibrilação ventricular (fv) . (A) Taquicardia ventncular, degenerando para (B) fibrilação
ventricular

c
Figura 21 .21 A a C ECG na fibrilação ventricular (fv). (A) e (B) Fibnlaç3o ventncular. (C) Ritmo idioventricular, após
a cardiovers3o elétnca
254 fl etrocardJograma Orien tado para oEl1nico

OCLÍNICO DIANTE DO FLUTTER ATRIAL- FA* • Paciente com instabilidade clínica


(hipotensão arterial, choque, insuficiência
• Paciente com estabilidade clíni- cardíaca aguda ou síndrome coronariana
ca: flutter atrial à semelha nça da fibrila- aguda) e frequência cardíaca rápida: pro-
ção atrial, pode favorecer a formação de ceder à cardioversão elétrica sincronizada.
trombas nos átrios e eventos embólicos
sistêmicos ou pulmonares. Desse modo,
no flutter atrial sustentado recomenda-se O CLÍNICO DIANTE DA FIBRILAÇÃ OATRIAL
proceder ao restabelecimento do ritmo - fa*
sinusal. O tratamento com fármacos an-
• Metas:
tiarrftmicos (FAA), amiodarona, sotalol,
• Restaurar o ritmo sinusal, ou
propafenona (recomendação classe liA),
• Controlar a frequência cardíaca eleva-
apresenta baixo índice de sucesso, sendo
da e
mais eficaz nesse contexto a cardioversão
• Prevenir as complicações: episódios
elétrica sincronizada (recomendação clas-
tromboembólicos, insuficiência cardía-
se 1). Inicia-se com cargas de baixa inten-
ca, síndrome coronariana e taquicar-
sidade, SOW, aumentando-se para 100 e
150W até reversão ao ritmo sinusal, se- diomiopatia .
guindo os mesmos cuidados empregados
• Fa em paciente com estabilidade
na fibrilação atrial. No paciente com alta clínica:
f requência cardíaca e que não possa ser • Com menos de 48 horas de arritmia,
revertido, o controle da frequência cardía- frequência cardíaca rápida e baixo ris-
ca para abaixo de 1OObpm, com FAA: an- co de trombose:
tagonistas do cálcio ou betabloqueador - controle da frequência cardíaca
trazem alívio dos sintomas. com diltiazem ou betabloqueador
Nos casos de recorrência do flutter, a tera- ou digital, ou
pia por ablação com radiofrequência do - reversão ao ritmo sinusal por car-
circuito de reentrada atrial é empregada dioversão elétrica sincronizada ou
com alto índice de sucesso (recomendação farmacológica com propafenona
classe I) (Figura 21.22) . ou amiodarona ou sota lol ou qui-
nidina .
• Com mais de 48 horas ou tempo inde-
terminado de arritmia ou de alto risco
de trombose:
- iniciar previamente a anticoagu-
lação com heparina não frac iona-
da EV por 24 a 48 horas ou com
anticoagulante oral, varfarina ou
coumadina por 3 a 4 semanas,
atingindo os índices de anticoa-
gulação. Documentar a ausência
de trombose intra-atrial por meio
do ecocardiograma transesofágico
Figura 21 .22 Flutter atrial. Circuito de reentrada e
local de ablação
(ETE). Preenchidos esses critérios,
flutter e f1 br1laç~o 255

proceder à cardioversão elétrica hipertensão arterial, aumento do átrio


sincronizada ou farmacológ ica. Em esquerdo e trombose intra-atrial.
caso de trombose documentada, As evidências eletrof isiológicas de que,
adiar a cardioversão e manter a an- nos átrios e nas veias pulmonares,
ticoagulação VO por 3 a 4 semanas podem ocorrer focos ectópicos que
e fazer nova reavaliação completa desencadeiam e perpetuam a fibrila-
(Figura 21 .23). ção atrial possibilit am a abordagem
Após a restauração do ritmo sinu- terapêutica por meio da ablação com
sal, deve-se manter anticoagulação radiofrequência desses focos arritmo-
oral por 4 semanas ou mais. gênicos ou o isolamento elétrico das
• Fa permanente: controle da frequên- veias pulmonares (recomendação clas-
cia cardíaca para 1OObpm com FAA. se 118) (Figura 2 1.24).
No paciente com alto risco de eventos • Fa em paciente com instabilidade
tromboembólicos, associar a anticoa- clinica : proceder à cardioversão elétrica
gulação VO, e naqueles de baixo risco sincronizada, precedida de anticoagula-
ou com contraindicação ao uso de an- ção com heparina EV.
t icoagulant es, associar ácido acetilsali-
cílico .
OCliNICO DIANTE DO FLUTTER
• Alto risco: idade acima de 65 anos,
VENTRICULAR - FV *
diabetes melito, histórico de acidente
vascular encefálico ou eventos trom- Proceder à cardioversão elétrica sincronizada.
boembólicos, disfunção ventricular,

OClÍNICO DIANTE DA FIBRILAÇÃO


VENTRICULAR - fv*
Os procedimentos imed iatos para rean i-
mação cardiopulmonar e cardiodesfibrilação.

Figura 21 .2 3 Trombo na aunculeta esquerda. Pacien- Figura 21 .24 Fibrilação atrial. M apeamento atrial
t e portador de fibrilação atrial. Ecocardiograma tra nse- identificando focos ectópicos no átrio esquerdo e nas
sofágico (AAE = Auriculeta esquerda; TR = tromba) veias pulmonares

*As condutas sugendas levam em conta as restnções e contraindicações próprias e Individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
CompleHos e
Ritmos de fscape
Gerson P. Goldwasser

INTRODUÇÃO à síndrome do seio carotídeo hipersensível; o


bloqueio sinoatrial, os bloqueios atrioventri-
Na vigência de uma falha ou depressão mais culares avançados e a interrupção súbita de
prolongada do nódulo sinusal em produ- uma taquiarritmia paroxística.
zir impulsos cardíacos ou ainda no bloqueio Em ordem decrescente de frequência,
atrioventricular total, torna-se vital que outra observam-se os seguintes focos de escape: o
região automática assuma tal função. juncional, o ventricular e o atrial.
Nessa eventualidade, pode-se produzir: O complexo de escape e o ritmo de esca-
• Apenas um único complexo ectópico - pe são analisados em conjunto, pois ambos
complexo de escape, ou apresentam características morfológicas se-
• Uma série sucessiva de complexos de esca- melhantes no eletrocardiograma.
pe - ritmo de escape.

Em ambas as arritmias, o complexo e o COMPLEXO DE ESCAPE JUNCIONAL ERITMO


ritmo de escape têm sempre o seu apareci- DE ESCAPE JUNCIONAL AV- RJ-AV
mento tardio, pois surgem após um ciclo dias-
tólico longo. Indica que o marca-passo card íaco está sen-
O fenômeno do escape representa um do exercido por um foco ectópico situado na
mecanismo de proteção, no qual focos de cé- junção AV. As características morfológicas do
lulas automáticas, ao assumirem o comando escape e do ritmo juncional assemelham-se
cardíaco em substituição ao nódulo sinusal, às descritas para a extrassístole juncional, di-
impedem a assistolia cardíaca. ferindo apenas pelo momento do seu apare-
Qualquer fator que prolongue em dema- cimento, precoce na extrassístole e tardio no
sia a diástole elétrica promove o fenômeno de escape (Figuras 22.1 e 22 .2).
escape. Portanto, as causas desencadeantes As causas mais f requentes são a depressão
dessas arritmias são a depressão do automa- medicamentosa ou lesão isquêmica do nódu-
tismo sinusal consequente à isquemia do nó- lo sinusal, o bloqueio sinoatrial e a intoxicação
dulo sinusal, à exacerbação do tônus vagai ou digitálica.
258 Hetrocard1ograma Onentado para oCtlnJco

Figura 22.1 Escape JUnCional (EJ). O sinal ( •) marca o EJ, que surge após a pausa prolongada. A derivação é 02

A B

aVF

Figura 22.2A e B Ritmo juncional. O sinal (• ) marca a onda P' negativa, que em (A) antecede o QRS e em (B)
sucede o QRS

As cinco etapas de análise diferindo apenas pelo momento de seu apare-


cimento, precoce na extrassístole e tardio no
1. FC: lenta, entre 40 e 60bpm. escape (Figura 22 .6).
2. RIT: regular, intervalos R-R regulares. Geralmente, correlacionam-se com cardio-
3. OP: onda P' negativa em D2-D3-aVF e po- patias com grave dano miocárdico, tais como
sitiva em aVR. Pode anteceder, suceder ou infarto extenso. dilatação cardíaca com falên-
coincidir com o QRS. cia, choque cardiogênico e o bloqueio atrio-
4. IPR: IP' -R encurtado, inferior a 120ms. ventricular total.
5. QRS(T: QRS estreito e onda T normal, se-
melhantes ao ritmo de base (Figuras 22.3
As cinco etapas de análise
a 22 .5) .
1. FC: lenta, entre 30 e 50bpm, próximo d e

COMPLEXO DE ESCAPE VENTRICULAR E 40.


2. RIT: em geral. regular.
RITMO IDIOVENTRICULAR - RIV
3. OP: usualmente não é identificada; quan-
Indica que o marca-passo cardíaco está sendo do presente. está dissociada do QRS.
exercido por um foco ectópico localizado nos 4. IPR: inexiste.
ventrículos. As ca racterísticas morfológicas do 5. QRS(T: QRS largo com duração maior que
escape e do ritmo idioventricular assemelham- 120ms. Onda T alterada, de polaridade
se às d escritas para a extrassístole ventricular, oposta ao QRS.
Complexos eR1tmos de fscape

Figura 22 .3 ECG no escape junCional (EJ). O sinal ( • ) marca a onda P' . Notar a pausa diastólica prolongada em
1.880ms (FC em 31 bpm), seguida de dois complexos ventriculares semelhantes aos do ritmo de base. A onda P'
sucede o QRS

Figura 22 .4 ECG no ritmo juncional. Notar do 4° ao go complexos a ausência da onda P. configurando um perlodo
d e ritmo juncional. Após, o ritmo cardfaco volta ao sinusal
260 Hetrocard1ograma Orientado para oCl1n1co

• • • •

aVR aVL

• • • •
~~
Figura 22 .5 ECG no ritmo juncional. Notar as ondas P' negativas em D2-03-aVF-VS-V6, situando o marca-passo
cardíaco na junção AV. Frequência cardíaca de 65bpm. O s1nal (•) marca a onda P'

Figura 22.6A a C Escape e ritmo ventricular. (A) Escape de origem ventricular esquerda. (B) Escape de origem
ventricular direita. (C) Ritmo idioventricular. O sinal (•) marca o complexo ectópico. A derivação é V1
(amplexos eRitmos de [scape 261

Ritmo de ventrículo esquerdo - a mor- esquerda para a direita e para cima. A onda
fologia do QRS é semelhante à do BRO. P apresenta-se negativa em 02-03-aVF e em
Ritmo de ventrículo direito- a morfologia 01-V4-V5-V6. Em V1, assume a morfologia
do QRS é semelhante ao BRE (Figuras 22.7 denominada em "cúpula e dardo ou arco e
a 22 .9). flecha", por apresentar-se com aspecto curvo
pontiagudo. O SâP localiza-se próximo a - 90°
(Figura 22.1 O).
COMPLEXO DE ESCAPE ERITMO DE FEIXE
DE HIS- RFH
As cinco etapas de análise
Indica que o marca-passo cardíaco est á sendo
exercido por um foco ectópico localizado no 1. FC: lenta, entre 50 e 60bpm.
feixe de His. As características eletrocardiográ- 2. RIT: regular, intervalos RR regula res.
ficas do ritmo do feixe de His são similares às 3 . OP: negativa em 01 -02-03-aVF-V4-V5-
descritas para o ritmo idioventricular, diferin- V6. Em V1, morfologia em "cúpula e dar-
do delas essencialmente pela morfolog ia do do ou arco e flecha".
QRS, que se apresenta estreito, com onda T 4 . IPR: normal, entre 120 e 200ms.
normal, e pela frequência cardíaca mais ele- 5. QRS/T: QRS estreito com onda T normal.
vada.

COMPLEXO ERITMO DE ESCAPE DO ÁTRIO


COMPLEXO ERITMO DE ESCAPE ATRIAL DIREITO
ESQUERDO - RAE
O marca-passo ca rdíaco está sendo exerci-
O marca-passo cardfaco está sendo exerci- do por um foco ectópico localizado no átrio
do por um foco ectópico localizado no átrio direito. O ECG diferencia-se do normal por
esquerdo, na maioria das vezes em uma re- apresentar as ondas P' diferentes das ondas
gião baixa. A despolarização atrial tem, por- sinusais e pela frequência cardíaca algo mais
tanto, direção inversa do normal, ou seja, da lenta, próxima de SObpm.

Figura 22.7 ECG no ritmo idioventricular. A morfologia do QRS com padrão de BRE situa o foco ectópico no
ventrículo direito. A frequência ventricular é de 25bpm. A derivação é D1

Figura 22.8 ECG no ritmo idioventricular. A morfologia do QRS pouco alterada situa o foco ectópico na região do
alto septo (sistema de condução). A frequência ventricular é de 24bpm. A derivação é D1
262 Hetrocard1ograma Or1entado para oClin1co

aVL

aVF

Figura 22.9 ECG no ritmo ventricular. A morfologia do QRS de bloqueio do ramo esquerdo situa o marca-passo
cardíaco no ventrículo direito. Frequência cardíaca de 46bpm . Paciente com bloq ue10 atrioventricular total
Complexos eR1tmos de [scape 263

Figura 22.1 O Ritmo de átrio esquerdo. Onda P em forma de cúpula e dardo em Vl, e negativa em D2-D3-aVF-
V4 a V6

RITMO DE ESCAPE DE MARCA-PASSO As cinco etapas de análise


ATRIAl MIGRATÓRIO OU MARCA-PASSO 1. FC : lenta, entre 40 e 60bpm, próxima de
MUTÁVEl- RMM 50.
O marca-passo cardíaco está sendo exercido 2. RIT : irregular.
por vários focos ectópicos localizados em di- 3. OP: onda P de amplitude, duração e pola-
ferentes regiões de ambos os átrios. O foco de ridade em co nstante variação, na mesma
marca-passo caminha entre os nódulos sinusal e derivação .
atrioventricular, sem um ponto de origem defi- 4. IPR: também em constante variação, em
nido. Observa-se no ECG uma constante modi- uma mesma derivação.
ficação na morfologia das ondas P examinadas 5. QRS(T : QRS estreito e onda T normal,
na mesma derivação, positivas, negativas ou semelhantes aos complexos do ritmo de
bifásicas, e nos intervalos PR (Figura 22.11). base.

Figura 22 .11 Ritmo de marca-passo migratório. Ondas P de morfologias diversas, em uma única derivação
264 Hetrowd10grama Omntado para o CliniCO

OCLÍNICO DIANTE DO COMPLEXO ERITMO cálcio, e antiarrítmicos das classes I e 111, e


DE ESCAPE* interromper sua administração.
• Ritmo juncional e atrial, em geral, o pa-
• Complexo de escape e o ritmo cardíaco de ciente encontra-se assintomático.
escape constituem ritmos de substituição
• Ritmo idioventricular, em geral. o paciente
e de auxílio ao coração, em que o nódulo
encontra-se sintomático e com instabilida-
sinusal está incapacitado de comandar o
de clínica: hipotensão arterial, tonturas ou
ritmo cardíaco normalmente, não deven-
síncope. Em tais casos, deve-se promover
do ser suprimido nem tratado com antiar-
a estabilização hemodinâmica e avaliar
ritmicos.
• Identificar as causas, já citadas, princi- para o implante de marca-passo tempo-
palmente as relacionadas com o uso de rário ou definitivo, princi palmente quando
fármacos cardiovasculares, como digital, apresentam QRS largo e FC muito lenta
betabloqueador, antagonista do canal do (recomendação Classe 1).

*As condutas sugeridas levam em conta as restrições e contraindicações próprias e individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
Bloqueios Sinoatriais e
Bloqueio lntra-Rtrial
GersonP Goldwasser

BLOQUEIO SINOATRIAL - BSA dando de modo constante o aparecimento da


onda P. Uma vez que todo o impulso sinusal é
Define o distúrbio de condução do estímulo
conduzido aos ventrículos e não se ident ifica
sinusal que, por alterações estruturais ou fun-
a alteração nos intervalos PP, não existem cri-
cionais no tecido perinodal Uunção sinoat rial),
térios no ECG convencional que permitam o
não consegue emergir do nódulo sinusal e
diagnóstico do BSA de 111 grau isolado.
penetrar na musculatura atrial - condução
bloqueada - ou o faz com muita dificuldade -
condução alentecida. BSA DE 2~ GRAU TIPO I
As causas de bloqueio sinoatrial são a lesão
isquêmica que acomete a junção sinoatrial, Corresponde ao alentecimento da condu-
miocardite aguda, cardite reumática aguda, ção do impulso sinusal na j unção sinoatrial,
intoxicação por digital, quinidina ou salicila- progressivamente mais intenso, até que num
tos, endotoxemia, exacerbação do tônus va- determi nado momento o impulso sinusal
gai e a doença do nódulo sinusal (DNS). t em a sua condução totalmente bloqueada.
O diagnóstico eletrocardiográfico é reco- O impulso não emerge do nódulo sinusal,
nhecido pelos seguintes critérios: portanto não ativa os átrios e os ventrículos,
• Modificações nos intervalos PP. pelo período de um ciclo, produzindo-se a
• Ausência de ciclo elét rico completo - pausa elétrica. Após a pausa, os impulsos
P-QRS-T - determinando uma pausa sinu- sinusais têm a sua condução normalmente
sal ou uma parada sinusal. restaurada.

O BSA é classificado como de 111, 211 e 311


graus. Critérios diagnósticos (figura 23.1)

• Ausência de um ciclo elétrico complet o -


BSA DE 1~ GRAU P-QRS-T - , traduzida por uma pausa elétrica.
Corresponde ao alentecimento da condução • Intervalos PP progressivamente mais cur-
do impulso sinusal na junção sinoatrial, retar- tos, até a ocorrência da pausa.
266 fletrocardJOgrama Orientado para oClrmo

Figura 23.1 Bloqueio sinoatrial do 2• grau, tipo I. Notar a pausa prolongada, menor que o dobro da diástole dos
complexos sin usais, e os intervalos PP progressivamente mais curtos. até a ocorrência da pausa

• O intervalo da pausa elétrica é menor que pausa ou a parada elétrica. Após a pausa, os
o dobro do intervalo diastólico do ciclo si- impulsos sinusais têm a sua condução nor-
nusal precedent e. malmente restaurada.

BSA DE 2° GRAU TIPO 11 Critérios diagnósticos (Figura 23.2)

Corresponde ao alentecimento da condução • Ausência de um ou mais ciclos elét ricos


do impulso sinusal na junção sinoatrial, de completos - P-QRS-T - traduzidos por
modo fixo, até que em determinado momen- uma pausa elétrica.
to a cond ução se encon tra totalmente blo- • Intervalos P-P co nstantes, nos ciclos de
queada. Em tal circu nstância, o impulso não base.
emerge do nódulo sinusal, portanto não ativa • O intervalo da pausa elétrica é o dobro do
os átrios e os vent rícu los, pelo período de um interva lo diast ólico do ciclo sinusal (Figu-
ou mais ciclos, não sucessivos, prod uzindo a ras 23 .3 a 23 .6).

Figura 23 .2 Bloqueio sinoatrial do 2• grau, tipo 11. Notar a pausa prolongada, igual ao dob ro d a d iástole dos
complexos sinusais, e os intervalos PP consta ntes. até a ocorrência da pausa

Figura 23.3 ECG no bloqueio sinoatrial d o 2• grau, tipo 11. Notar a ausência d e um ciclo completo. A pausa de
1.760ms é o dobro da d iástole dos complexos sinusais, de 880ms
Bloque1os SJnodtrldlS e Bloqueio lntr d-Atrldl 26 7

Figura 23.4 ECG no bloqueio sinoatrial do 2g grau, tipo 11. Notar a ausência de um ciclo completo. A pausa de
1 .200ms é o dobro da diástole dos complexos sinusais, de 600ms

Figura 23 .5 ECG no bloqueio sinoatrial do 2° grau, tipo 11. Notar a ausênc1a de dois c1clos completos. A pausa de
3.400ms corresponde ao triplo da d iástole dos complexos sinusats, de 1.1 20ms

Figura 23 .6 ECG no bloqueio sinoatrial do 2g grau tipo 11. Notar a pausa cardíaca prolongada em l .OOOms. cor·
respondendo ao triplo da diástole basal

BSA DE 3ll GRAU OU TOTAL tos. Para que não ocorra a assistolia, é neces-
I
sário que se desenvolva um ritmo de escape,
Corresponde ao bloqueio total da condução geralmente o juncional AV.
do impulso sinusal na junção sinoatrial. Ne- Não há como diferenciar no ECG conven-
nhum impulso sinusal consegue emergir do cional o BSA do 3g grau de outros ritmos que
nódulo sinusal e ativar os átrios e os ventrícu- cursam sem a onda P, tais como o ritmo jun-
268 Hetrocardiograma Or1entado para oClln1co

Figura 23.7 Bloqueio sinoatrial do 3° grau. Notar a ausência das ondas P e ritmo cardíaco regular

cional AV, o ritmo sinovent ricular e a fibrilação anormalidade da função do nódulo sinusal
atrial fina com BAVT (Figura 23 .7). ou na condução do impulso para o tecido
atrial adjacente, como nos bloqueios sino-
atriais. Entre as causas, as mesmas citadas
BLOQUEIO INTRA-ATRIAL - BIA
antes, incluem-se também a degeneração
Define o retardo significativo da condução do idiopát ica, comum no paciente idoso. No
impulso dentro dos átrios. A onda P torna- ECG, apresenta-se de várias formas, como
se alargada, com duração maior que 120ms, bradicardias persistentes sem causa defi-
entalhada ou bífida, com a distância entre os nida, paradas e pausas sinusais e BSA. É
ápices da onda P maior que 40ms. O BIA cor- frequente os pacientes apresentarem a
relaciona-se com os grandes aumentos atriais, síndrome taquicardia-bradicardia, ou seja,
como os observados nas lesões mitrais. episódios intermitentes de taquicardia
atrial, especialmente a fibrilação atrial, al-
ternando com bradicardia. Os sintomas e
OCLÍNICO DIANTE DOS BLOQUEIOS
sinais mais comuns são tonteiras ou sínco-
SINOATRIAIS*
pe em razão da parada sinusal prolonga-
• Identificar as causas, já citadas, pnncl- da acima de 3s, fadiga, dispneia, angina e
palmente as exógenas, ou seja, as rela- palpitações.
cionadas com o uso de fármacos cardio- • No paciente sintomático e com instabili-
vasculares, como digital, betabloqueador, dade clínica: hipotensão arterial, tonturas
antagonista do canal do cálcio e antiarrít- ou síncope, e naqueles com medicação
micos das classes I e 111, e interromper sua necessária e insubstituível, deve-se promo-
administração. ver a estabilização hemodinâmica e avaliar
• Identificar a doença ou disfunção do nódu- para o implante de marca-passo temporá-
lo sinusal - DNS. Corresponde a qualquer rio ou definitivo (recomendação classe 1).

* As condutas sugeridas levam em conta as restrições e contraindicações próprias e individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
Bloqueios
Rtr1ouentr1culares- BRU
Gerson P. Goldwasser

INTRODUÇÃO • As espículas A, H e V indicam a atividade


elétrica atrial. do feixe de His e dos ventrí-
Bloqueio atrioventricular define o distúrbio culos, respectivamente.
de condução do impulso cardíaco localizado • Intervalo PA: é o intervalo compreendi-
em qualquer nível do sistema de condução do entre o início da onda P, no ECG con-
atrioventricular. Traduz-se por um atraso de vencional, e a espícula A, no EFH. Corres-
propagação ou por um impedimento total do pende ao tempo de condução intra-atrial,
impulso supraventricular em ativar os ventrí- de duração entre 1O e 45ms.
culos. • Intervalo AH : é o intervalo compreendi-
O bloqueio atrioventricular é classificado do entre as espículas A e H. Corresponde
em: ao tempo de condução através do nódulo
AV, de duração entre 55 e 130ms.
• Incompleto ou parcial: BAV de 111 e de
• Intervalo HV: é o intervalo compreendi-
211 graus.
do en tre as espículas H e V. Corresponde
• Completo ou total : BAV de 311 grau ou
ao tempo de condução através do feixe de
BAVT.
His, de seus ramos e do sistema de Purkin-
O local exato do bloqueio no sistema de je, de duração entre 30 e 55 ms.
condução AV pode ser determinado por meio
De acordo com o local em que se proces-
do eletrograma do feixe de His (EFH), método sa o distúrbio de condução, identificado pelo
que consiste no registro de potenciais elétri- EFH, os BAVS são classificados em :
cos obtidos através de cateter endocárdico • Distúrbio pré·hissiano: a alteração lo-
posicionado no átrio direito, próximo à válvu- caliza -se no nível intra-atrial ou nodal AV.
la tricúspide. O intervalo PA e/ou AH está aumentado.
Obtém-se com o EFH o registro de três es- • Distúrbio intra· hissiano: a alteração
pículas, A- H-V, e três intervalos, PA, AH e HV localiza-se no nível do tronco do feixe de
(Figura 24.1 ). His. Observa-se o desdobramento da es-
270 Hetrocard1ograma Or1entado para o Clinico

pícula H passando a apresentar-se como O bloqueio pod e ocorrer em qualquer ní-


H-H '. vel do sistema de cond ução AV, sendo que em
• Distúrbio pós-hissiano : a alteração mais de 85% essa alteração se processa na re-
localiza-se no nível dos ramos principais gião nodal AV - distúrbio pré-hissiano.
(ramo direito ou esquerdo) ou no sistema
His-Purkinje. O mtervalo HV está aumen- Critérios diagnósticos (figura 24.2)
tado.
• Prolongamento do intervalo PR maior que
200ms, permanecendo constante em cada
traçado.
• Ritmo cardíaco supraventricu lar.
• Relação A I V, 1: 1.

O BAV de 1ll grau pode ser considerado


uma arritmia "não maligna", pois cursa com
estabilidade elétrica e raramente evolui para
formas mais graves de bloqueio AV. O curso
A H v clínico e o prognóstico são favo ráveis.
As causas mais frequentes são o aumento
do tônus vagai em indivíduos sem doença car-
Figura 24.1 Eletrograma do feixe de His
díaca, efeito medicamentoso (digital, antiar-
rftmicos das classes I e 111, bet abloqueadores
e bloqueadores do cálcio), infarto do mio-
cárdio, cardite reumática aguda, cardiopatia
BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR DE 1ll GRAU congênita (comunicação interatrial e Ebstein)
- BAV DE 1ll GRAU e o BAV de natureza congênita.

BAV de 1° grau define o distúrbio no qual o


impulso atrial sofre um retardo na sua condu - As cinco etapas de análise
ção aos ventrículos. de modo que o tempo d e 1. FC: normal, entre 60 e 1OObpm .
condução atrioventricular (IPR) está aumenta- 2. RIT: regu lar, intervalos RR regulares.
do, maior que 200ms. É fundamenta l para o 3. OP: morfologia sinusal. Toda onda P é se-
diagnóstico observar que todos os impulsos guida de QRS(T.
sinusais são conduzidos aos ventrículos (rela- 4. IPR: prolongado, maior que 200ms.
ção A I V = 1:1). ou seja, no ECG toda onda P 5. QRS/T: QRS estreito com onda T normal
é seguida de QRS(T. (Figuras 24.3 a 24.5).

I' I
p~ORS

Figura 24.2 Bloqueio atrioventricular do 10 grau. Todas as ondas P são seguidas de QRS/T, relação A / V= 1:1, com
intervalos PR constantes e prolongados, maiores que 200ms
Bloque1os R t r~ouen tmulares- BRU 271

Figura 24.3 ECG no bloqueio atrioventricular do 1g grau. Relação A 1 V = 1: 1. O intervalo PR é constante e pro-
longado em 260ms

Figura 24.4 ECG no bloqueio atrioventricular do 1o grau. Relação A I V = 1:1. O intervalo PR é constante e pro-
longado em 360ms

BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR DE 2~ GRAU Critérios diagnósticos


- BAV DE 20. GRAU • Eventuais ondas P não seguidas de QRS(f.
• Ritmo cardíaco supraventricular.
O bloqueio at rioventricular de 2ll grau ocorre • Relação A I V alterada.
quando o impulso si nusal sofre, por vezes,
Existem quatro m odalidad es de BAV de 2ll
uma interrupção t otal (ou bloqueio) na sua
grau :
condução aos ventrlculos. Traduz-se no ECG
• BAV de 2ll grau tipo Mobitz I.
pela presença de uma ou mais ond as P não • BAV de 2ll grau t ipo Mobitz 11.
seguidas de QRS(f. A relação A I V d eixa de • BAV de 2ll g rau tipo 2:1.
ser 1 :1 . • BAV de 2ll grau avançado.
272 Hetrocard10grama Orientado para o Cl1n1co

Figura 24.5 ECG no bloqueio atrioventricular de Ja do grau. Relação A 1 V = 1:1 O intervalo PRé consta nte e
prolongado em 360ms

BAV de 2° grau tipo Mobitz I ou estabilidade elétrica e raramente progride


Wenckebach para formas mais graves de bloqueio AV.

Nesta modalidade de BAV. a condução do im- Critérios diagnósticos (Figura 24.6)


pulso cardíaco apresenta-se progressiva e suces- • Eventuais ondas P não seguidas de QRS/T
sivamente mais dificultada. O tempo de condu- (a característica do BAV de 2g grau) .
ção atrioventricular (IPR) aumenta gradualmente • Os intervalos PR dos impulsos cond uzidos
a cada ciclo elétrico, até que num determinado são variáveis, aumentando a cada ciclo elé-
momento produz-se a interrupção total da con- t rico (a característica do Mobitz 1), entre-
dução do impulso - fenômeno de Wenckebach. tanto, com incrementos cada vez menores.
Tem-se, então, o complexo sinusal sem o corres- • O menor IPR corresponde ao complexo
pondente complexo ventricular. que sucede a onda P bloqueada e o maior
O distúrbio pode ocorrer em qualquer nível IPR ao complexo que antecede a onda P
do sistema de condução AV. Em mais de 75% bloqueada.
a alteração localiza-se na região nodal AV (dis- • O intervalo RR que contém a onda P blo-
túrbio pré-hissiano). Cursa, geralmente, com queada é menor que o dobro do intervalo
Bloqueios Atriouentmulares- BAU 273

Figura 24.6 Bloqueio atrioventricular do 2• grau, Mobitz I. O sinal ( •) marca a onda P não seguida de QRS/T. A
relação A I V não é I : 1. Os intervalos PR nos impulsos conduzidos aos ventrículos são variáveis

RR entre os dois últimos impulsos conduzi- BAV de 2Qgrau tipo Mobitz 11


dos. Os intervalos RR são progressivamen-
te menores a cada ciclo. Nesta m odalidade de BAV. a condução do
impulso sinusal para os ventrículos apresenta
• Usualmente, as relações A I V mantêm-se
constantes entre as ondas P bloqueadas; interrupções periódicas e totais e a intervalos

por exemplo, Wenckebach 3 :2 correspon- regulares. A diferença entre Mobitz I e Mo-


bitz 11 consiste em que, no último, o tempo
de a ciclos repetidos de 3 ondas P para
de condução AV nos impulsos conduzidos é
cada 2 QRS/T.
constante.
Por vezes, pode ocorrer que o impulso Na quase totalidade, o distúrbio de con-
atrial que sucede imediatamente a pausa dução localiza-se no sistema His-Purkinje (dis-
prolongada tem a sua condução aos ventrí- túrbio intra ou pós-hissiano), circunstância
culos alentecida, cursando co m IPR maior que que indica mau prognóstico, em virtude da
200ms, configu rando a associação de BAV de possibilidade de evoluir para BAV total.
111 grau com BAV de 211 grau Mobitz I.
As causas que levam ao BAV Mobitz I são Critérios diagnósticos (Figura 24.11)
em geral as mesmas observadas no BAV de 12
• Eventuais ondas P não seguidas de QRS/T
grau: aumento do tônus vagai, ação med ica-
(a característica do BAV de 2 11 grau).
mentosa, infarto agudo do miocárdio (espe-
• Os intervalos PR dos impulsos conduzidos
cialmente de parede inferior), cardite reumáti-
são f ixos (a característ ica do Mobitz 11).
ca aguda e outros.
Devem-se comparar os intervalos de dois
ciclos que antecedem a onda P bloqueada
As cinco etapas de análise com outros tantos que a sucedem.
• Os intervalos RR são regulares .
1. FC: normal, entre 60 e 1OObpm.
• Usualmente, as relações A I V mantêm-se
2. RIT: irregular, determinado pelo BAV e
constantes entre as ondas P bloqueadas; por
pela pausa; os intervalos RR diminuem
exemplo, Mobitz 11 3:2 corresponde a ciclos
progressivamente em cada ciclo.
repetidos de 3 ondas P para cada 2 QRS/T.
3 . OP: com morfologia sinusal. Eventuais
• Em geral, o complexo QRS apresenta pa-
ondas P não seguidas de QRS/T.
drão de bloqueio de ramo.
4 . IPR : diferentes entre si; aumentam pro-
gressivamente de duração até o momento As causas mais frequentes de Mobitz 11
do bloqueio do impulso, quando então os são: a doença aterosclerótica coronariana, o
ciclos se repetem. infarto agudo do miocárdio (especialmente de
5. QRS(T: QRS estreito com onda T normal parede anterior), a doença degenerativa dos
(Figuras 24.7 a 24.1O). feixes de condução e a cardiopatia chagásica .
274 életrocard10grama Orientado para oClínico

Figura 24.7 ECG no bloqueio atrioventricular do 2• grau, Mobitz I. O sinal (• ) marca a onda P bloqueada . A
relação A I V não é 1: 1. Os intervalos PR nos impulsos conduzidos aos ventrículos são variáveis e com durações
crescentes (160-260-320ms) até ocorrer o bloqueio


Figura 24.8 ECG no b'oqueio atrioventricular do 2• g rau. Mobitz I. O sinal ( • ) marca a onda P bloqueada. A rela-
ção A 1 V não é 1:1. Os intervalos PR nos impulsos conduzidos aos ventrkulos são variáveis (260 e 360ms). Notar
que o intervalo PR seguinte ao bloqueio está prolongado, configurando a presença de BAV do 1• grau, associado
Bloque1os Rtnouentmulares- BRU 275

Figura 24.9 Bloqueio atrioventricular do 2• grau, Mobitz I, 3:2. O sinal (• ) marca a onda P bloqueada. Existem
3 ondas P para 2 QRS/T. Os intervalos PR, nos impulsos conduzidos aos ventrículos, são variáveis até a ocorrência
do bloqueio

Figura 24 .1 O ECG no bloqueio atrioventricular do 2• grau, Mobitz I. Os intervalos PR nos impulsos conduzidos
aos ventriculos são inconstantes (1 60 a 320 ms) O sinal ( •) marca a onda P bloqueada

I
P._. OAS a---. • •
Figura 24.1 1 Bloqueio atrioventricular do 2• grau, Mobitz 11. O sinal ( •) marca a onda P não seguida de QRS/T. A
relação A 1 V não é 1:1. Os intervalos PR nos impulsos conduzidos aos ventrículos são constantes
276 Helrocard10grama Omnlado para o Wn1co

Figura 24.12 ECG no bloqueio atrioventricular do 2• grau. Mobitz li. O sinal ( • ) marca a onda P não seguida
de QRS/T. A relação A I V não é 1:1. Os intervalos PR nos impulsos conduzidos aos ventrículos são constantes em
180ms

As cinco etapas de análise O BAV 2:1 pode corresponder tanto ao


tipo Mobitz I quanto ao Mobitz 11. Os seguin-
1. FC: frequência ventricu lar variável, em ge- tes critérios são úteis para a diferenciação:
ral lenta. • Observar possfveis mudanças no tempo de
2. RIT: irregular, determinado pelo BAV e condução A I V. Va riações nos IPR indicam
pela pausa .
o fenômeno de Wenckebach - Mobitz I,
3. OP: com morfologia sinusal; eventuais on-
enquanto IPR fixos indicam o tipo Mobitz
das P não seguidas de QRS(f.
11 (este é o critério principal).
4. IPR: idênticos nos impulsos conduzidos.
• Não ocorrendo mudanças no IPR, devem-
5. QRS!T: complexos QRS, usualmente, com
se observar:
padrão de bloqueio de ramo e com a onda
• IPR dos impulsos conduzidos - IPR nor-
T alterada (Figuras 24.12 e 24.13).
mal sugere Mobitz 11 e IPR prolongado
sugere Mobitz I;
BAV de 2.Q grau tipo 2:1 • Configuração do QRS - QRS estreito
sugere Mobitz I e QRS largo com pa-
Nesta modalidade de BAV, de cada dois im-
drão de bl oqueio de ramo sugere Mo-
pulsos sinusais um tem a sua condução blo-
bitz 11 (Figuras 24.15 a 24.17).
queada. Traduz-se no ECG pela presença de
duas ondas P para um QRS(f, mantendo-se No BAV 2:1 com QRS estreito, o distúrbio
constante esta relação (Figura 24.14). de condução localiza-se preferencia lmente

Figura 24.13 ECG no bloqueio atrioventricular do 2• grau, Mobitz li. O sinal ( • ) marca a onda P não seguida
de QRS/T. A relação A 1 V não é 1:1. Os intervalos PR nos impulsos conduzidos aos ventrículos são constantes em
180ms
Bloqueios Rtr10uentmulares- BRU 277

na região nodal AV (pré-hissiano) e, naqueles com a mesma duração, denotando o enlace


com QRS largo, em mais de 80% a lesão ocor- A I V, que classifica esta forma de bloqueio
re nas regiões intra ou pós-hissianos. como de 211 grau, diferenciando-o do BAV de
3a grau. Reforça o diagnóstico a presença de
complexos de captura (Figura 24.18).
BAV de 2~ grau avançado ou de alto grau
O distúrbio pode localiza r-se em qualquer
Nesta modalidade de BAV a relação A I V é nível do sistema de condução AV. e com fre-
igual ou superior a 3:1. O tempo de condução quência evolui para o BAV de 3a grau (Figura
AV nos impulsos conduzidos é constante, IPR 24.19).

I I
PWORS• • • • • •
Figura 24.14 Bloqueio atrioventricular do 2• grau, 2:1. O sinal ( • ) marca a onda P não seg uida de QRS(T. Ocorre
a alternância entre uma onda P conduzida com out ra não conduzida aos ventrículos

---""""~

B • • •
Figura 24.15A e B ECG no bloqueto atrioventricular do 2° grau, 2: 1. O sinal ( • ) marca a onda P não seguida
de QRS(T. (A) Notar a presença de duas ondas P para um QRS!T. Existem critérios que correlacionam este BAV em
Mobitz 1: os int ervalos PR dos im pulsos conduzidos aos ventrk ulos são pro longados em 280 ms e o QRS é est reito.
(B) Traçado contfnuo. observa-se a evolução com períodos de Wenckebach
278 Hetrocard1ogrdmd Omntddo pdrd o Cl ln1co

Vs

v,~
,_.
• '1 •
-..1111
'r •
,_.
'1 •"'
..,. ,.___
• '1 •
&

P- R Po p ........,. R P • p ........,. R

Figura 24.16 ECG no bloqueio atrioventricular do 2• grau, 2:1. O sinal ( • ) marca a onda P não seguida de QRS/T.
Notar a presença de duas ondas P para um QRS/T. Existem critérios que correlacionam este BAV em Mobitz 11: os inter-
valos PR dos impulsos conduzidos aos ventrículos são constantes e normais em 180ms e o QRS tem padrão de BRE

aVL aVF

:--___....Ã....._ __ _ ----'--...,

• • • •

Figura 24.17 ECG no bloqueio atrioventricular do 2• grau, 2:1. O sinal ( • ) marca a onda P bloqueada. Os Intervalos
PR dos impulsos conduzidos são constantes em 180ms. Bloqueio atrioventricular por degeneração aterosclerótica
BloQueios Atnouentriculares- BAU

..
.......l QRS
pj
....... .. ....... .. ....... .. ....... .. ....... ..
Figura 24.18. Bloqueio atrioventricular do 2° grau, avançado. O sinal ( • ) marca a onda P não segu ida de QRS!T. O
intervalo PR constante, nos impulsos conduzidos aos ventrículos, caracteriza este bloqueio como de 2• grau

•P oP

Figura 24.19 ECG no bloqueio atrioventricular do 2• grau, avançado. O sinal ( •) marca a onda P bloqueada. Notar
três ondas P para um QRS(T. O intervalo PR do impulso conduzido é constante em 180ms, definindo o en lace A/V

BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR DE 3~ GRAU Critérios diagnósticos (Figura 24.20)


OU TOTAL- BAVT
• Ondas P sempre em maior número, não
Bloqueio atrioventricular total define a existên- seguidas e independentes dos QRS/T (que-
cia de um impedimento total a que o impulso bra do enlace A I V).
atrial alcance e ative os ventrículos. Ocorre a • Observam-se "pseudointervalos PR", mui-
quebra do enlace A I V. Não há mais a relação to diferentes entre si.
entre o ritmo atrial e o ventricular, estando os • QRS estreito indica que o foco ectópico
impulsos atriais independentes dos ventricula- subsidiário se origina em regiões acima da
res. O coração é comandado por dois marca- bifurcação do feixe de His, e a frequência
passos, o primeiro localizado acima da área ventricular varia entre 40 e 60bpm . QRS
do bloqueio, usualmente sinusal, e o segundo largo com morfologia de bloqueio de ramo
abaixo da referida área, em geral ventricular. indica que o foco ectópico subsidiário se ori-
A frequência atrial é sempre superior à ven- gina abaixo da bifurcação do feixe de His,
tricular, traduzindo-se no ECG por ondas P em nas fibras ventriculares (usualmente deter-
maior número do que os complexos QRS/T. mina o ritmo idioventricular), a frequência
No BAVT com QRS estreito, o distúrbio ventricular está muito lenta, em geral abaixo
de condução localiza-se, de preferência, na de 40bpm.
região nodal AV e habitualmente cursa com • O ritmo ventricular é, usualmente, regular.
bom prognóstico. No BAVT com QRS largo,
o bloqueio situa-se no sistema His-Purkinje As causas principais de BAVT são as lesões
e cursa com pior prognóstico, em razão de degenerativas e fibrocálcicas dos feixes de
ser comum a evolução com crises de Stokes- condução AV, representadas pelas doenças de
Adams. Lenegre e Lev. Na doença de Lenegre as lesões
280 Helrowd10grama Onenlado para oCllmco

Po .ORS • .. ..
Figura 24. 20 Bloqueio atrioventricular do 3• grau. Notar a total independência entre as ondas P e os complexos
QRS. Não existe o enlace A I V

restringem-se ao sistema de condução, sendo 2. RIT: regular; os intervalos PP e RR são re-


esta a causa mais frequente de bloqueio bifas- gulares.
cicular do tipo BRD + HBAE em pacientes com 3. OP: a onda P geralmente tem a morfo-
mais de 50 anos. Na doença de Lev as lesões logia sinusal; estão em maior número e
estendem-se ao longo do corpo fibroso cen- independentes dos complexos QRS/T.
tral, d o anel mitral e do septo interventricular 4 . IPR: inexiste; observam-se "falsos IPR"
e acometem pessoas mais idosas. com durações variáveis.
Outras causas são o infarto agudo do 5. QRS/T: ritmo de feixe de His-QRS estreito
miocárdio, insuficiência coronariana crônica, com onda T normal; ritmo idioventricular-
miocardiopatias - especialmente a chagásica, QRS largo com onda T alterada.
traumas cardíacos, complicação de cirurg ia
cardíaca, processos infiltrativos -, amiloidose, Por vezes, o BAVT ocorre em associação à
sarcoidose, esclerodemia e, em crianças, a na- fibrilação atrial, observando-se então no ECG
tureza congênita. as seguintes alterações:
• Ausência de ondas P. substituídas ou não
pelo serrilhado polimórfico da linha de
As cinco etapas de análise
base, caracterizando a fibrilação atrial.
1. FC : frequência atrial normal, entre 60 • Ritmo ventricular regular, caracterizan-
e 1OObpm; frequência ventricular lenta, do o BAVT associado (Figuras 24.21 a
próxima de 40bpm. 24.28).

• • • • • • • • • • • •
Figura 24. 21 ECG no bloqueio atrioventricular do 3• grau . O sinal ( • ) marca a onda P bloqueada. Notar as ondas
p em maior número e independentes dos QRS . Não há enlace A / V, produzindo-se falsos intervalos PR. A frequência
atrial é de 93bpm e a ventricular é de 37bpm
Bloque1os Rtr10uentmulares - BRU 28 1

Figura 24. 22 ECG no bloq ueio atrioventricular do 3• grau . O sinal ( • ) marca a onda P bloqueada. Notar as ondas
P independentes dos QRS. Não há enlace A I V, produzindo·se falsos intervalos PR. A frequência atrial é de 78bpm
e a ventricular é de 39bpm

. ,.,. .
---,----r~~
aVR aVL aVF

Figura 24.23 ECG no bloqueio atrioventricular do 3• grau. As ondas P estão independentes dos QRS. Não há
enlace A I V. A frequência atrial é de 1OObpm e a ventricular é de 27 bpm. Nota r a presença de infarto do miocá rdio
da parede inferior, a causa desta arritmia

Figura 24.24 ECG no bloqueio atrioventricular do 3• g rau . O sinal ( • ) marca a onda P bloq ueada. Não há enlace
A 1 V. Frequência atrial de 93bpm e ventricular de 46bpm. BAV por degeneração aterosclerótica
282 Hetrocard1ograma Onentado para oClln1co

• •

Figura 24.25 ECG no bloqueio atrioventricular do 3• grau. O sinal (• ) marca a onda P bloqueada. Não há enlace
A I V. Frequência atrial de 88bpm e ventricular de 40bpm

Figura 24.26 ECG no bloqueio


atrioventricular do 3° grau. No-
tar a ausência das ondas P. subs-

-r-----'lr----'1~---'lr- tituidas por ondas f - ritmo de


fibrilação atrial. Neste caso, o
BAVT é identificado pela regula-

y"---IL., lL L- ridade do ritmo ventricular. com


frequência de 28bpm
Btogue1os Rtr10uentmutares - BRU 283

.. , ..
A

8
Figura 24. 27A e B ECG no bloqueio atrioventricular do 3• grau . (A) BAVT com frequência atrial de 83bpm e ven·
tricular de 23bpm. (B) Após o implante de marca-passo cardíaco, identif1cado pela espkula que antecede o QRS

Fig u ra 24.28 ECG no bloqueio atrioventricular do 3g grau. Após o implante de marca-passo cardíaco, identificado
pela espkula que antecede o QRS
284 Hefrocardiograma Orientado para oClínico

OCLÍNICO DIANTE DOS BLOQUEIOS • BAV no infarto agudo do miocárdio:


ATRIOVENTRICULARES* • No infarto de parede inferior, os blo-
queios atrioventriculares costumam ser
• BAV transitório consequente ao uso de transitórios e em geral não instabilizam
fármacos cardiovasculares: deve-se inter- hemodinamicamente, entretanto, no
romper sua administração e analisar as BAV de 2ll grau Mobiz 11 e BAVT. reco-
condições hemodinâmicas apresentadas; menda-se o marca-passo temporário
se estável, a observação clínica; se instável, transcutâneo em demanda, por medida
a indicação de implante de marca-passo de segurança (recomendação classe 1).
temporário. • No infarto de parede anterior, pode-
se ter a conduta observacional para
• BAV do 1ll grau e do 2ll grau Mobitz I rara-
o BAV de 1ll grau e 2ll grau Mobitz I,
mente evoluem com instabilidade clínica,
entretanto no BAV de 2a grau Mobitz
permitindo a conduta observacional.
11 e BAVT recomenda-se o implan te de
• BAV do 2ll grau Mobitz 11 e BAVT que
marca-passo transvenoso tempo rário
cursam com frequência cardíaca lenta
(recomendação classe 1).
menor que 40bpm ou pausas cardíacas
• Nos pacientes com instabilidade clín ica de-
longas maiores que 3 segundos ou QRS
corrente do BAV de qualquer modalidade,
largo constituem indicações de implante mais comum no BAV de 2ll grau Mobitz li e
de marca-passo definitivo (recomendação BAV 3a grau, há indicação para os procedi-
classe 1). mentos de implante de marca-passo tem-
• BAV de alto grau e BAVT de instalação porário. A instabilidade clínica manifesta-se
aguda e com frequência cardíaca muito por sinais de baixo fluxo cerebral - tontu-
baixa, menor que 40bpm, geralment e le- ras, confusão mental, lipotimia e síncope
vam à instabilidade clínica e constituem (síndrome de Stokes-Adams) - e/ou baixo
indicações para implante de marca-passo fluxo coronariano: insuficiência coronaria-
temporário. na aguda; hipotensão arteria l e choque.

*As condutas sugeridas levam em conta as restrições e contraindicações próprias e individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
CAPrTULO 25

Parassfstole Uentr1cular e
Dissociação Atriouentricular
Gerson P. Goldwasser

PARASSISTOLE VENTRICULAR - PV um mecanismo denominado de bloqueio de


proteção ou de entrada, o que impede a sua
Parassistole ventricular define a presença de inativação.
um foco ectópico ventricular que se torna No ECG, a parassistole ventricular é mor-
um marca-passo em paralelo, independente e fologica mente semelhante à extrassfstole ven-
competitivo com o sinusal. O ritmo cardiaco é tricular, diferindo desta por apresentar duas
então exercido por dois marca-passos distin- características próprias (Figura 25.1 ):
tos e concomitantes, o sinusal e o ventricular. • Os intervalos de acoplamento são muito va-
A al teração eletrofisiológica é a presen- riáveis, com diferenças superiores a 80ms.
ça de foco ectópico ventricular. Este foco • Os intervalos entre os complexos ectópicos
arritmogênico se encontra protegido da in- estão relacionados entre si; são múlt iplos
terferência das despolarizações atriais por de um denominador comum, cujo valor

. 1.000ma 3.040ma
- ---- - -----·- --- - ------- ----------- ---- -------- ~

1.9e0ma
.. ----------------------4
Figura 25.1 Parassístole ventricular. Notar os intervalos de acoplamento, variáveis em 440, 320, 560, 340ms, e os
intervalos interectópicos são múltiplos aproximados de um intervalo comum, 1.000, 3.040, 1.960ms
286 fle trocardiograma Orientado para o Cl íni co

é obtido mediante o cálculo do máximo nódulo sinusal, de modo que esse foco
divisor comum de todos os intervalos in- ectópico "usurpa" e assume o comando
terectópicos. cardíaco. A taquicardia juncional não pa-
roxística, o ritmo idioventricular acelerado
As sete etapas de análise (RIVA) e as extrassístoles produzem disso-
ciação AV por usurpação.
1. FC: normal, entre 60 e 1OObpm. • Ruptura completa do enlace AV; o BAVT
2. RIT: irregular, pela presença dos comple- produz dissociação AV completa.
xos ectópicos.
3. OP: P sinusal no ritmo de base e ausente Convém enfatizar que BAVT e dissociação
nos complexos ectópicos. AV não são sinônimos. BAVT implica dissocia-
4. IPR: normal nos complexos conduzidos e ção AV completa, porém dissociação AV pode
ausente nos ectópicos. ocorrer com ou sem BAVT.
5. QRS/T: QRS largos com ondas T alteradas As duas frentes de ondas despolarizantes
nos complexos ectópicos. oriundas de marca-passos distintos com f re-
6. Intervalos de acoplamento: muito va- quência se encontram e interagem em algum
riáveis. ponto do sistema de condução, geralmente
7. Intervalos interectópicos: múltiplos no nódulo AV. Pode ou não ocorrer colisão
de um denominador comum. e mútua extinção das ondas de ativação. Em
tal circunstância, ocorre a interferência de um
DISSOCIAÇÃO ATRIOVENTRICULAR- marca-passo no outro. As duas primeiras con-
DISSOCIAÇÃO AV dições, ao propiciarem tal fenômeno, produ-
zem dissociação AV por interferência.
Nesta arritmia coexistem dois marca-passos, Eventualmente, o estímulo sinusal ul-
simultâneos e independentes, que competem
trapassa o nódulo AV e ativa os vent rículos
entre si, no comando do ritmo cardíaco. O
(controle anterógrado), ou o foco subsidiário
nódulo sinusal determina o comando atrial e
por caminho inverso ativa os átrios (controle
um foco ectópico juncional- o mais frequen-
retrógrado), produzindo complexos de captu-
te, ou ventricular - e o menos frequente de-
ra. O controle intermitente do ritmo cardíaco
termina o comando ventricular.
por um único marca-passo indica que a disso-
Este segundo marca-passo somente se ma-
ciação é incompleta. As duas primeiras cond i-
nifesta quando ocorre uma das seguintes con-
dições: ções produzem dissociação AV incompleta.
• Diminuição do automatismo sinusal ou Dissociação AV isorrítmica refere-se à con-
distúrbios no sistema de condução; tais dição na qual as frequências de disparo dos
alterações, ao produzirem pausas diastó- dois marca-passos estão muito próximas.
licas longas, propiciam o aparecimento de Usualmente, observa-se que as frequências
ritmos ectópicos de escape. A bradicardia atrial e ventricular são similares.
sinusal acentuada, o bloqueio sinoatrial e
o bloqueio AV avançado produzem disso- Critérios diagnósticos (Figura 25.2)
ciação AV por falha ou por bloqueio.
• Aumento do automatismo de focos ec- • Independência dos dois marca-passos;
tópicos; a frequência de disparo do foco ondas P independentes ou dissociadas dos
ectópico torna-se mais rápida que a do QRS.
PdfdsSISiole Uenlmular e 01ssociaçào Rlrrouenlmular 287

• • • • • •
Figura 25.2 Dissociação atrioventricular. Notar a independência entre os dois marca-passos cardíacos. o sinusal e
o ventricular, com frequências similares

• As frequências de disparo dos marca- As cinco etapas de análise


passos atrial e ventricular são similares; na
dissociação AV por falha ou por BAVT a • FC: normal, entre 60 e 1OObpm; a relação
frequência atrial é maior do que a ventri- entre a frequência atrial e a ventricular é
cular e na dissociação AV por usurpação variável, de acordo com o t ipo de disso-
(a forma clássica de dissociação AV) ob- ciação AV.

serva-se o inverso, a f requência ventricular • RIT: regu lar; os intervalos PP e RR estão


regulares.
encontra-se um pouco maior ou igual à
• OP: em geral, de morfologia sinusal e in-
frequência sinusal.
dependentes dos QRS/T. Podem anteceder,
• Periodicamente são produzidos comple-
coincidir ou suceder os QRS, causando a
xos de captura na dissociação AV incom-
impressão de estarem "caminhando ou
pleta .
atravessando" através dos complexos
As condições clínicas que mais frequente- QRS/T.
mente estão associadas à dissociação AV são • IPR: inexiste, exceto nos complexos de
a cardiopatia isquêmica, a aterosclerótica, a captura.
cardite reumática aguda e a intoxicação digi- • QRS/T: em geral, QRS estreito com onda T
tálica. normal (Figu ras 25.3 e 25.4).

Figura 25 .3 ECG na dissociação atrioventricular incompleta isorrftmica. Notar que as ondas P estão dissociadas
dos complexos QRS, parecendo "atravessá-los". O ritmo secundário é o juncional
288 Hetrocard1ograma Onentado para oCl1n1 co

Figura 25 .4 ECG na dissociação atrioventricular incompleta isorrítmica. As ondas P estão dissociadas dos comple-
xos QRS, produzindo-se "pseudointervalos PR"

OCLINICO DIANTE DA PARASS[STOLE les com doença cardíaca, a parassístol e

VENTRICULAR* não piora o progn óstico. As condutas


clínicas e terapêuticas adot adas são se-
• Parassístole ventricular pode ocorrer em melhantes às descritas nas extrassístoles
indivíduos sem doença cardíaca . Naque- ventricul ares.

• As condutas sugeridas levam em conta as restrições e contraindicações próprias e individ ualizadas de cada proce-
dimento e medicamento .
Sindrome de Wolff-Parkinson-
White elown-Ganong-leuine
Gerson P. Goldwasser

SÍNDROME DE WOLFF-PARKINSON-WHITE - cidades intrínsecas de condução dessas vias e

WPW da própria localização anatômica da via aces-


sória, o impulso sinusal caminha por uma, por
Wolff-Parkinson-White é a síndrome clinicoele- outra ou, mais frequentemente, pelas duas
trocardiográfica descrita em 1930, que ~e in- vias simultaneamente, resultando na ativação
'
sere às sfndromes de pré-excitação ventricular. ventricular por duas frentes de onda.
A WPW resulta da ativação precoce e alte- Quando a dominância da frente de onda se
rada de um dos ventrícu los, devido à existên- processa pela via nodai-AV, o ECG apresenta-
cia de uma conexão anômala - feixe de Kent, se normal. Ao contrá rio, quando a dominân-
unindo diretamente o átrio ao ventrículo cor- cia da onda de ativação se processa pela via
respondente. acessória, na qual a velocidade de condução
Existem diversas conexões anômalas, como está acelerada, o ECG se modifica, mostrando
a conexão de Mahaim, unindo o nódulo AV as seguintes alterações:
ao ventrículo, e a de James, unindo o átrio ao • O intervalo PR encurta .
feixe de His. Entretanto, a alteração mais fre- • O complexo QRS alarga, com espessamento
quente, em mais de 95%, e, portanto, clinica- em seu ramo inicial, configurando a mor-
mente a mais importante, é representada pela fologia denominada de ONDA DELTA (ô).
conexão anômala (ou via acessória) de Kent. • A onda T altera.
O feixe de Kent constitui-se em uma extensão • A onda P "parece" estar conectada direta-
da musculatura atrial que conecta diretamen- mente no QRS alterado.
te o átrio direito ao ventrículo direito ou o
átrio esquerdo ao ventrículo esquerdo, sendo Cri térios diagnósticos (Figura 26.2)
a ú ltima a mais frequente (Figura 26.1).
O impulso cardíaco tem duas vias de con- • Presença da onda delta, consequente ao
dução para alcançar os ventrículos: a via nor- alargamento e ao espessamento do ramo
mal nodal AV e a via acessória . Dependente inicial do QRS.
das propriedades eletrofisiológicas, das velo- • Intervalo PR curto , < 120ms.
He1rocard1ograma Onenlado para o Cllmo

A B

Figura 26.1A e B Wolff-Parkinson-White (WPW). O sinal ( • ) marca o feixe de Kent

iPR

t t
Figura 26. 2 Wolff-Parkinson-Wh1te. Notar a onda delta

As cinco etapas de análise delta) e onda T geralmente alterada, de


polaridade inversa à do QRS.
1. FC: normal, entre 60 e 1OObpm .
2. RIT: regular, intervalos RR regula res.
Classificação do WPW
3. OP: normal.
4. IPR: curto, inferior a 120ms. Inicialmente. de acordo com a polaridade da
5. QRS/T: QRS largo, de duração superior a onda delta. a sfndrome de WPW era classifi-
120ms, com espessamento em seu ra mo cada em tipos A. 8 e AB, com as seguintes
inicial (configuração denominada de onda características (Figura 26.3).

Figura 26.3 Wolff-Parkinson-White.


tipos A. B e AB. A derivação é V1
Smdrome de Wolff·Pdrkmson·Wh1te eLow n·Gdnong·le u ~ne

• Tipo A, onda delta positiva em V1; QRS localização da via acessória


predominantemente positivo em V1 (R ou
Inicialmente, correlacionou-se a localização
RIS), concordante com a onda delta; pa-
da via acessória com os padrões clássicos de
drão semelhante ao do BRD e desvio do
eixo elétrico do QRS para a direita , próxi- WPW. Tipo A referia -se ao feixe localizado no

mo de +90°. sulco AV esquerdo, e o tipo B ao feixe locali-

• Tipo B, onda delta negativa em V1; QRS zado no sulco AV direito. Entretanto, estudos

predominantemente negativo em V1 (QS e mapeamentos eletrofisiológicos demonstra-


ou r/ S), concordante com a onda delta; ram que as vias acessórias podem ser encon-
padrão semelhante ao do BRE e desvio do tradas em vários outros pontos do sulco AV ao
eixo elétrico do QRS para a esquerda, pró- redor dos anéis mitral e tricúspide, tornando
ximo de - 30°. insuficiente aquela classificação inicial (Figu-
• Tipo AB, onda delta positiva em V1 ; QRS ra 26.4). A parede livre (ou lateral) do VE é a
predominantemente negativo em V1 (QS localização mais comum, com 50% a 60%, a
ou r/ S), discordante da onda delta. parede póstero-septal com 20% a 30%, a pa-

Ântero·septal
5%

Parede livre Parede livre


esquerda direita
50% a 60% 10% a 20 %

Póstero-septal
20% a30 %

Figura 26.4 Esquema das regiões das vias acessórias. (1) parasseptal anterior direita; (2) anterior direi ta; (3) la·
teral direita; (4) posterior direita; (5) parasseptal posterior direita; (6) parasseptal posterior esquerda; (7) posterior
esquerda; (8) lateral esquerda; (9) antenor esquerda; (1O) parasseptal antenor esquerda
Hetrocardiograma Orientado para oClin ico

rede livre (ou lateral) do VD com 10% a 20%, Onda delta e ORS positivos em Vl : via
a parede ântero-septal com 5% e em mais de acessória em ventrículo esquerdo
uma região com 7% a 15%.
A localização do feixe acessório pode ser • Com onda delta negativa em 02-03-
mais bem determinada por um conjunto de si- aVF: via acessória em região ínfero-póst e-
nais eletrocardiográficos, esquematizados no ro-septal do VE.
seguinte modelo (Oig in JE, Zipes DP 2001 ). • Com onda delta positiva em 02-03-
aVF ou isoelétrica ou negativa em
01-aVL-V5-V6: via acessória em região
Onda delta e QRS negativos em Vl: via
lateral do VE (Figu ra 26.1 O e 26.11 ).
acessória em ventrículo direito
A presença de onda delta negativa mime-
• Com onda delta negativa em 02-03-
tiza a onda Q patológica, cabendo o diagnós-
aVF: via acessória em região ínfero-póste-
ro-septal do VD. tico diferencial com o infarto do miocárd io,

• Com onda delta positiva em 02- sendo esse aspecto de pseudoinfarto obser-
03-aVF e desvio do eixo elétrico do vado em aproximadamente 70% de WPW; o
QRS para baixo ou para a direita : via QRS largo no WPW dificulta o diagnóstico de
acessória em região ântero-septal do VD. bloqueios de ramos .
• Com onda delta positiva em 02- Wolff-Parkinson-White é geralmente uma
03-aVF e desvio do eixo elétrico do síndrome observada em um a três por 1.000
QRS para a esquerda: via acessória em pacientes; acomete com mais frequ ência indi-
parede livre do VD (Figuras 26.5 a 26.9). víduos do sexo masculino e sem cardiopatia

Figura 26.5 ECG no Wolff-Parkinson-White. Notar a onda delta negativa em V1 e positiva em D2-aVF-V5-V6,
localizando a via acessória na pa rede livre do ventrículo direito
Sfndrome de Wolff·Park1nson·Wh1te e lown·Ganong·leuine 2g]

aVR a \/L aVF

Figura 26.6 ECG no Wolff-Parkinson-


White. Notar a onda delta e o QRS si-
mulando BRE. Feixe acessório localizado
na parede livre e anterior do ventrículo
direito

prévia, tem pouca repercussão clínica, cons-


tituindo-se quase sempre em achado de exa-
me de rot ina. A associação a doença cardíaca
ocorre em : cardiopatia hipertrófica em 4%,
prolapso da válvula mitral em 7%, no hiper-
tireoidismo em 6% e em doenças congênitas
tipo Ebstein em 10%, comunicação intera-
trial e outras. Entre 10% e 36% dos pacien-
tes podem apresentar sintomas de tont eiras,
vertigens, pré-síncope ou síncope relacionados
com episódios de taquiarrit mias, e destas as
mais f requentes são: taquicard ia paroxística
supraventricular ou taquicardia reentra nde AV
(60% a 80%) e fib rilação at rial (15% a 30%),
que cursam com f requência ventricular eleva-
da. A intercorrência de fibrilação atrial agrega
um fator de mau prognóstico no WPW. Na de-
pendência do período refratário anteróg rado
da via acessória, a fibri lação atrial pode dege-
Figura 26.7 ECG no Wolff-Parkinson-White. No tar a
nerar em fibrilação ventricular e levar à mor- onda delta negativa em Vl -02-03-aVF. O feixe acessó-
te súbita, mesmo nos indivíduos previamente no localiza-se na região póstero-septal do ventrículo
assintomáticos. direito
Hetrocardiograma Or1entado para oCl1n1co

aVF

V1

V2

V3

V4

V5

V6

Figura 26.8 ECG no Wolff-Parklnson-Wh1te. Notar a onda delta negativa em Vl -03-aVF. localizando o feixe
acessório na região póstero-septal do ventrículo dire1to. Simula a onda de necrose da parede infenor do ventrículo
esquerdo
Sindrome de Wolff·Park1nson·Wh1te eLown · Ganong · Leu~ne

Figura 26 .9 ECG no Wolff-Parldnson-White. Notar a onda delta negativa em V1-D2-D3-aVF, localizando o feixe
acessório na região póstero-septal do ventrículo direito. Simula a onda de necrose da parede inferior do ventrículo
esquerdo
Hetrocard10grama Orientado para o((lnlco

Figura 26.1 o ECG no Wolf-Parkinson-White. Notar a onda delta positiva em V1 e negativa em 02-03-aVF. O feixe
acessório localiza-se na região póstero-septa l do ventrículo esquerdo

Figura 26.11 ECG no Wolff-Parkinson-White. Notar a onda delta positiva em V1, simulando bloqueio do ramo
direito. Feixe acessório localizado na região lateral do ventrículo esquerdo
Sfndrome de IIJolff·Pdfklnson·IIJhite eLown·tanong·Leu1ne

O mecanismo eletrofisiotógico dessas ta- SINDROME DE LOWN-GANONG-LEVINE


quiarritmias é o de movimento circular por
reentrada do estfmulo, utilizando as dúas vias Esta sfndrome, também referida à pré-excita-

de condução. As conexões anômalas podem ção ventricular, deve-se à existência de dupla

apresentar condução bidirecional. permitin- via de condução nodal AV. com condução

do a passagem do im pulso tanto no senti- acelerada pela via rápida . Acreditava-se que o

do atrioventricular (condução anterógrada) responsável por esta síndrome fosse um fascí-

quanto no sentido ventriculoatrial (condução culo acessório denominado de feixe de James,

retrógrada). conectando o átrio ao feixe de His, porém as


alterações são exclusivamente nodais.
• Arritmia tipo ortodrômica: o estí-
Após alcançar o feixe de His, o impulso
mulo atrial alcança os ventrículos pela
elétrico caminha por vias normais, razão pela
via nodai-AV e reentra nos átrios pela via
qual não altera o complexo QRS.
anômala . É a forma de arritmia mais fre-
Traduz-se no ECG pelas seguintes altera-
quente e traduz-se no ECG por complexos
ções (Figuras 26.13 a 26.15):
QRS estreitos com onda T normal e onda P
• Int ervalo PR curto, inferior a 120ms.
retróg rada após o QRS, com intervalo RP'
• QRS estreito com onda T normal.
ma1or que 120ms.
• Ausência de onda delta .
• Arritmia t ipo antidrômica: o estí-
mulo atrial alca nça os ventrículos pela via Portadores desta síndrome também são
acessória e reentra nos átrios pela via no- propensos a episódios de taquiarritmias car-
dai-AV. Os complexos QRS são largos com díacas (taquicardias por reentrada AV nodal).
onda T alterad a. Nesta circu nstância, ca be
o diagnóstico diferencial entre taqu icardia
OCLINICODIANTE DE WOLFF-PARKINSON-
supraventricular com QRS largo e taqui-
WHI TE*
cardia ventricular (Figura 26.12) .
• A maioria dos pacientes com WPW encon-
Em presença de taquicardia com QRS
tra-se assin tomática. sendo o diagnóstico
largo, deve-se suspeitar de WPW quando a
observado em um eletrocardiograma rea-
frequência cardíaca for maior que 240bpm
lizado por outra finalidade.
e acometer um paciente jovem sem história
• Na ausência de sintomas ou sinais de ta-
prévia de dvença cardíaca. Neste caso. ob- quiarritmia, em paciente de baixo risco de
servar no ECG : complexos QRS de polaridade morte súbita cardíaca, inicialmente não é
e morfologia semelhantes aos QRS antes da necessário uma invest igação ou tratamen-
taquicardia nas mesmas derivações. ondas P to específicos.
inscritas após os QRS e alternância de ampli- • Observar com atenção os fármacos an-
tude dos QRS. tiarrftmicos (FAA) que não devem ser ad-
Via acessória oculta refere-se ao paciente ministrados - digital, betabloqu eador,
com WPW que apresenta o eletrocardiogra- antagonista do canal do cá lcio - . pois in-
ma normal, em condições habituais, pois a terferem na refratariedade do nódulo AV,
condução AV faz-se pelo nódulo AV, e revela a prolongando ou bloqueando a cond ução
presença da via acessória durante um evento pelo nódulo AV, e assim facilitam a con-
de taquiarritmia, pelos padrões anteriormente dução pela via acessória, possibilitando a
descritos. ocorrência das taquiarritmias paroxísticas.
flelrocardiograma Omnlado para oClln1co

o,

Figura 26.12 ECG no Wolff· Parkinson-White em taquiarritmia antidrômica. Notar a frequência cardíaca elevada
de 250bpm, QRS largos e de amplitudes alternantes, e ritmo cardíaco irregular em fibrilação atrial. Paciente com
instabilidade clínica

Figura 26.13 Síndrome de Lown·Ga-


nong-Levine. Notar o intervalo PR curto
e QRS estreito
Stndrome de Wotff.Par~1nson · Uih1te elown-Ganong·leu1ne

Figura 26. 14 ECG na Sln-


drome de Lown-Ganong-
Levine. Notar o intervalo
PR curto. de 80ms, e QRS
estreito

Figura 26. 15 ECG na sín-


drome de Low n-Ganong-
Levine. Notar o interva lo
PR curto, de 80ms, e QRS
estre1to
]00 Hetrocardiograma Orientado para o Clínico

Os FAA permitidos são: • Ablação é a interrupção dos impulsos elé-


• Classe 111: amiodarona e sotalol; tricos mediante a destruição ou danifica-
• Classe te: propafenona . ção de uma via de condução ou de uma
• O paciente com sintomas ou o assinto- região produtora desses impulsos, através
mático que seja atleta de competição ou de um cateter que libera energia de ra-
desempenhe uma profissão que envolva diofrequência com aquecimento tecidual
risco ao próprio ou dependente de sua local. Tem-se mostrado um método segu-
função deve ser estratificado para o ris- ro e eficaz, obtendo sucesso em 90% dos
co de arritmias malignas e morte súbita procedimentos no tratamento de WPW,

cardíaca. Considera-se alto risco: história sendo recomendação classe I no paciente


que já tenha apresentado um episód io de
familiar de morte súbita, evento clínico de
taquiarritmia .
pré-síncope ou síncope, documentação
• WPW com taquiarritmia e estabilidade
eletrocardiográfica de fibrilação atrial ou
clínica: manobras de estimulação vagai;
de outra taquiarritmia sintomática, apare-
em caso de não reversão ao ritmo sinusal,
cimento ou persistência da pré-excitação
in iciar FAA, amiodarona EV ou propafe-
durante o teste de esforço e a duração
nona EV, ou ainda a cardioversão elétrica
menor que 250ms no período refratário sincronizada em caso de persistência da
da via anômala no exame eletrofisiológi- taquiarritmia. Não se deve administrar
co. Considera-se baixo risco: idade acima adenosina.
de 40 anos, intermitência de WPW nos • WPW com taquiarritmia e instabilidade clí-
eletrocardiogramas ou no Holter e desa- nica (hipotensão arterial grave ou choque,
parecimento da onda delta no teste de es- insuficiência cardíaca aguda, dor de insu-
forço . O paciente de alto risco é candida- ficiência coronariana aguda ou síncope):
to ao mapeamento eletrofisiológico com manobras de cardioversão elétrica sincro-
identificação e posterior ablação das vias nizada, iniciando-se com 1OOW e aumen-
acessórias. tos sucessivos em choques posteriores.

• As condutas sugeridas levam em conta as restrições e contraindicações próprias e individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
CAPÍTULO 27

Rlterações fletrocardiográficas
na Pericardite Rguda eno
Derrame Pericárdico
Oan iel ~oldwasser
~erson P. ~oldwasser

Pericárdio é uma serosa formada de duas pa- exceto aVR. As elevações do segmento
redes finas, o pericárdio visceral aderido fir- ST têm o aspecto de concavidade su-
memente ao epicárdio e o pericárdio parietal, perior, são de pequena magnitude, ra-
que formam entre si um espaço contendo de ramente excedendo Smm.
15 a 35ml de fluido ultrafiltrado do plasma, • Alterações no segmento PR: são alte-
que atua como um material lubrificante e nu- rações na onda de repolarização atrial,
triente dessas camadas. traduzindo-se por infradesnivelamento
As f unções do pericárdio consistem em do segmento PR, mais bem evidencia-
proteção do coração do atrito causado pelo do nas derivações V2 a V6.
contato com as estruturas vizinhas, barreira Estas alterações da fase 1, em conjun-
de proteção às infecções e estabilização do to, caracterizam eletrocardiografica-
coração em sua posição anatômica. mente a pericardite aguda.
O pericárdio, composto de tecido coláge- Nos dias subsequentes
no e fibras elásticas, é desprovido de atividade • Fase 2
elétrica detectável, portanto as alterações ele- • Retorno ao normal dessas alterações
trocardiográficas encontradas na pericardite ou surge o desnivelamento do seg-
aguda refletem o comprom etimento inflama- mento PR naqueles pacientes em que
tório das regiões miocárdicas adjacentes aos a alteração não tenha se manifestado
ventrículos ou átrios. na fase 1.
Classicamente, as alterações eletrocardio- • Fase 3
gráficas se processam em quatro fases evolu - • Onda T: torna -se negativa e simétrica
tivas (Figuras 27 .1 a 27 .4): nas derivações voltadas para as regiões
Nas primeiras horas ou dias comprometidas em razão da miocardi-
• Fase 1 te adjacente.
• Alterações no segmento ST: são altera- • Fase 4
ções difusas de padrão injúria subepi- • Retorno ao normal da onda T, norma-
cárdica, com supradesnível do segmen- lizando por completo o eletrocardio-
to ST em quase todas as derivações, grama, em sua grande maioria.
304 Helrocard10grama Onenlado para o Cl inico

Figura 27 .1A e B Pericardite aguda. (A)


Fase inicial: ocorre o su pradesnível difuso
do segmento ST. (B) Fase evolutiva: ocor-
re a inversão da onda T

o, aVR aVL aVf

Figura 27.2 ECG na pericardite aguda.


Notar o discreto supradesnível do seg-
mento ST em D1-D2 -aVF-V3 a VS, de
concavidade supenor

Figura 27 .3 ECG na pericardite aguda. Notar o supradesnível do segmento ST. de concavidade superior, e o infra-
desnível do segmento PR, mais bem evidenciados em D2-D3-aVF, V3 a V6
Rltmções fletrocardiográficas na Pemardite Rguda e no Oerrame Pericárdico 305

Figura 27 .4A e B ECG na pericardite aguda. (A) Notar o supradesnível do segmento ST, de concavidade superior
em várias derivações. (continua)
306 Hetrocardiograma ~rientado para oClínico

Figura 27.4 (B) ECG 15 dias após. Notar a inversão da onda Tem D2-D3-aVF-V4 a V6
Alterações Hetrocardiográficas na Pericardite Aguda e no Derrame Pericárdico 307

Em aproximadamente 50% dos pacientes, HIV. Epstein-Barr e Coxsackie A e B), infecção


a evolução etetrocardiográfica cursa com essa bacteriana (contaminação de infecção pulmo-
forma diferenciada em fases, podendo-se ob- nar, tuberculose), infecção fúngica, neoplasia
servar variações no restante dos casos, como primária (mesotelioma, sarcoma) ou metas-
a persistência por tempo mais prolongado da tática (pulmão, mamas ou linfoma), após
inversão da onda T. Geralmente, essas altera- radiação ionizante no tórax, após infarto do
ções têm resolução ao normal em aproxima- miocárdio (precoce nas primeiras 48 horas ou
damente duas semanas. tardia após a segunda semana, constituindo
É importante notar-se a ausência da onda a síndrome de Dressler), vasculites ou doença
Q patológica e da depressão recíproca do do colágeno (lúpus eritematoso sistêmico, ar-
segmento ST, comum no IAM, assim como é trite reumatoide), febre reumática, após ci rur-
frequente na pericardite o aparecimento de gia cardíaca ou pericardiotomia, doenças me-
arritmias atriais do tipo extrassístole ou fibri- tabólicas (uremia, hipotireoidismo) e outras
lação atrial. causas (trauma cardíaco e idiopáticas).
O diagnóstico eletrocardiográfico diferen-
cial da pericardite aguda se faz com: DERRAME PERICÁRD ICO DE GRANDE
• Infarto agudo do miocá rdio: o su- VOLU ME
pradesnível do segmento ST observado na
fase inicial da pericardite se deve à infla- As alterações eletrocardiográficas relacionam-
mação do miocárdio que altera a repola- se com o volu me de líquido e o tempo em que
rização ventricular. São alterações difusas se acumula no pericárdio.
simultâneas em várias derivações e têm Classicamente, tais alterações são:
a morfologia côncava para cima. A mor- • Baixa voltagem ou a mplitude do
fologia convexa para cima, observada no com plexo QRS: menores que Smm nas
infarto agudo do miocárdio, não é carac- derivações periféricas e 8mm nas precor-
terística de pericardite. Não se observam diais, e da onda P. esta relacionada com
as depressões recíprocas do segmento ST. derrames volumosos.
Não produz onda Q patológica. A baixa voltagem dos complexos QRS, ini-
• Angina variante de Prinzmetal: na cialmente explicada pelo efeito do afasta-

pericardite, as alterações do segmento ST mento do coração da parede torácica cau-

não revertem imediatamente com a me- sado por um derrame de grande volume,

lhora sintomática da dor ou o uso de ni- é hoje atribuída em grande parte ao efeito
de compressão que o coração sofre, dimi-
troglicerina, ao contrário do observado na
angina de Prinzmetal. nuindo o seu tamanho- efeito Brody.
• Alte rnância elétrica: alternância de
• Repolarização precoce: as semelhan-
amplitude dos complexos QRS a cada ba-
ças são grandes, mas na pericardite ob-
timento, que se evidencia pela sequência
serva-se o infradesnível do segmento PR
de complexo de tamanho normal seguido
devido à inflamação do miocárdio atrial,
de outro de tamanho reduzido, e assim
alteração que não ocorre nos pacientes
sucessivamente. Esse fenômeno reflete as
com repolarização precoce.
oscilações do coração dentro de volumoso
As causas mais comuns de pericardite derrame - "swinging heart" - , determi-
aguda são: infecção viral (herpes, influenza, nando mudanças e desvios do eixo elétrico
308 Hetrowdiograma Orientado para o Clinico

do QRS a cada ciclo. A remoção do liquido aspectos clínicos, é praticamente diagnóstica


pericárdico, normaliza, em geral, esta alte- de tamponamento cardíaco (Figu ra 27 .5).
ração. Tamponamento cardíaco é a situação clíni-
• Pequenos desnivelamentos do seg· ca grave em que o acúmulo de líquido e o au-
mento ST e inversão da onda T: re- mento importante da pressão intrapericárd ica
lacionados com a possível isquemia que o impedem o enchimento cardíaco adequado,
derrame de grande volume impõe ao mio- e em consequência diminuem significativa-
cárdio. mente o débito cardíaco, podendo levar ao
• Bradiarritmia e dissociação eletro· colapso hemodinâmico.
mecânica: presença de complexos QRS Derrame pericárdio de grande volume
ao ECG sem as correspondentes ondas de tem co mo causas as mesmas que produzem
pulso arterial. Podem ser observadas nos a pericardite aguda. O tamponamento agudo
estágios críticos de tamponamento. também pode ser devido à ruptura cardíaca,
de aneurisma da aorta ou após cirurgia car-
Alternância elétrica total, incluindo P-QRS-T, díaca, e o subagudo devido a neoplasias, ure-
com baixa voltag em, em conjunto com os mia, tuberculose ou idiopático.

Figura 27 .5 ECG no tamponamento cardíaco. Notar a alternância elétrica : complexos QRS alternam-se em am-
plitude a cada ciclo
Allmçoes !letrowdlograf1cas na Pemard1le Aguda e no Derrame Pemárd1co

OCLiNICO DIANTE DA PERICARDITE AGUDA* OBS: na pericardite aguda pós-infarto agu-


do do miocárdio, a opção terapêutica é
• Diagnóstico clínico manifestado por dor por ácido acetilsalicílico.
torácica retroesternal aguda tipo pleurítica
com alívio na posição sentada, presença OCLÍNICO DIANTE DO TAMPONAMENTO
de atrito pericárdico e alterações no ECG e CARDÍACO*
no ecocardiograma. A ressonância nuclear
• Diagnóstico clínico clássico manifestado
magnética constitui um exame de alta pre-
por hipotensão arterial, bulhas card íacas
cisão para o diagnóstico.
abafadas à ausculta cardíaca e turgência
• Presume-se que, na maioria das vezes, a
jugular patológica, constituindo a tríade
pericardite idiopática seja secundária a in-
de Beck. Outros sinais: atrito pericárdico,
fecção vira l, em razão da melhoria nos mé-
taquicardia persistente em repouso e pul-
todos de exames de identificação viral. so arterial parodoxal.
• Diagnóstico diferencia l com a síndrome • O ecocardiograma é o exame fundamental
coronariana aguda. para o diagnóstico, a conduta terapêutica
• Tratamento inicial com anti-inflamatórios e para orientar a pericard iocentese.
não esteroides, o ácido acetilsalicílico ou • O tratamento visa restaurar a estabilidade
ibuprofeno. Em situações especiais, po- clínica e os procedimentos para a drenagem
dem-se administrar corticosteroides ou pericárdica imediata e o posterior tratamen-
colchicina. to específico, de acordo com a etiologia.

Figura 2 7.6 Derrame pericárdico moderado a grave, em paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Corte
subcostal (AE = Átrio esquerdo; AO = átrio d ireito; VE = ventrículo esquerdo; VD = ventrícu lo d ireito; DP = der-
rame pericárdico)
31 o HelrocardJOgrama Orienlado para oWn1co

Figura 27.7 Derrame pericárdico moderado a grave, em paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Corte
apical (AE = Átrio esquerdo; AD = átrio direito; VE = ventrlculo esquerdo; VD = ventrículo direito; DP = derrame
pencárdico)

*As condutas sugeridas levam em conta as restrições e contraindicações próprias e individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
Rlterações fletrocardiográficas
Produzidas pela Digital
Gerson P. Goldwasser

INTRODUÇÃO Ocorre maior liberação deste Ca++ intrace-


lular ao retículo sarcoplasmático, e a intera-
A utilização terapêutica de substâncias digitá- ção mais acentuada das proteínas contráteis,
licas é das mais antigas, iniciando-se em 1785 actina e miosina, resultando no aumento da
no tratamento das hidropisias, e continua como contratilidade da fibra cardíaca . Entretanto,
medicação das mais prescritas nos dias atuais o aumento excessivo de Ca++ intracelula r ul-
pela sua ação em aumentar a força de contra- trapassa esses efeitos inicia lmente benéficos e
ção do miocárdio (efeito inotrópico positivo). induz ao aparecimento de arritmias cardíacas.
O eletrocardiograma é de grande utilidade O efeito pró-arritmia da digital deve-se ao en-
na identificação da ação farmacológica bené- curtamento do período refratário nas cél ulas
fica sobre a fibra cardíaca- efeito digitálico -, atriais, ventriculares, His-Purkinje e nas vias
como também da ação tóxica - intoxicação acessórias, e também pela faixa muito próxi-
digitálica que pode ocasionar arritmias cardía- ma entre a dose terapêutica e a tóxica.
cas, algumas potencialmente letais. No sistema nervoso au tônomo, a digi-
As propriedades eletrofisiológicas da digi- tal em baixas doses aumenta o tônus vagai
tal na célula cardíaca são complexas; em baixa e exerce um pequeno efeit o antiadrenérgico,
dose não modifica substancialmente o poten- porém em altas doses aumenta a atividade
cial de ação da célula cardíaca, porém em alta simpát ica, com importante efeit o de produ-
dose diminui a amplitude da fase O e aumenta ção de arritmias cardíacas.
a duração total desse potencial. De modo sumário, a digital exerce os se-
Na fibra cardíaca, a digital age na bomba guintes efei tos:
Na+JK+, ini bindo a enzima Na+f K+ adenosina • Diminui a frequência de disparo do nódu-
t rifosfatase (Na+f K+ ATPase). Resulta direta - lo sinusal.
mente em maior concentração do Na + intra- • Diminui a veloci dade de condução do im-
celular e indiretamente no aument o do Ca++ pulso na região nodal AV.
intracelular, uma vez que a troca de Na+ extra- • Aumenta a excitabilidade e o automatis-
celular por ca ++ int racelular está dimi nuída . mo no sist ema His-Purkinje.
312 Hetrocard10grama Orientado para oClínico

EFEITO OU IMPREGNAÇÃO DIGITÁLICA infradesnível, um discreto supradesnível


de ST. Diminuição da amplitude da onda
As modificações eletrocardiográficas que cor- T. inicialmente aplanada e posteriorment e
respondem à ação terapêutica da digital estão negativa.
correlacionadas com nível sérico menor que • Diminuição do intervalo QT. sinal de uti-
25% da dose letal, portanto não é necessári o, lidade, pois as doenças cardíacas em sua
a princípio, reduzir a dose do medicamento. maioria aumentam o IQT.
As características eletrocardiográficas bá- • Diminuição da frequência cardíaca .
sicas que denotam o efeito digitá lico são (Fi- • Aumento do intervalo PR, mantendo a
guras 28 .1 e 28.2): condução AV 1:1.
• Modificações do segmento ST e onda T -
infradesnível do ponto J e do segmento
INTOXICAÇÃO DIGITÁLICA
ST com concavidade superior, com a fase
inicial geralmente retificada e descenden- As modificações eletrocardiográficas que cor-
te nas derivações com QRS positivo, assu - respondem à ação tóxica e deletéria da digital
mindo o aspecto denominado de "pá" ou estão correlacionadas com nível sérico ma ior
"colher de pedreiro" (esta modificação é a que 80% da dose letal. É necessária a suspen-
que melhor traduz o efeito digitálico). Nas são imediata da digital.
derivações com QRS predominantemen - É fundamental o seu pronto reconheci-
te negativo, pode-se observar, em vez de mento, o que nem sempre é fácil, em razão

Figura 2 8 .1 Efeito ou impregnação digitálica. A modificação do segmento ST e da onda T configura a morfologia


em "pá de pedreiro". Ocorre também prolongamento do intervalo PR

aVR aVL aVF

Figura 28.2 ECG no efeito digitálico. Notar o infradesnível do segmento ST, de concavidade superior, configuran-
do o aspecto em "pá de pedreiro"
RltmçOes fletrowdJOgr af1cas Produzidas pela Digital 313

de semelhanças entre os sinais de intoxicação visuais, como visã o borrada ou amarelada; e


digitálica e os da doença cardíaca de base. alterações neurológicas, como desorientação,
O risco de intoxicação aumenta na presença confusão e delírio.
de fatores tais como distúrbios eletrolíticos A intoxicação digitálica traduz-se no ECG
(hipopotassemia, hipomagnesemia ou hiper- por arritmias cardíacas varia das, não observa-
calcemia), acidose metabólica, doença pul-
das antes do uso da digital. Desse modo, o
monar que cursa com hipoxemia, interação
surgimento de arritmia ca rdíaca no decurso
com fármacos que aumentam a atividade da
da utilização da digital conduz à suspeita de
digital, especialmente os antiarrítmicos das
intoxicação. As mais frequentes são:
classes IA e 111, idade avançada, doenças da
• Extrassfstole ventricular, em especial a bi-
tireoide, insuficiência renal e degeneração es-
trutural ca rdíaca. geminada (Figura 28.3). Arritmia mais

A suspeita clínica de intoxicação ocorre f requente, podendo ser monomórfica ou


quando, associadas ao uso da digital, obser- polimórfica.
vam-se alterações gastrointestinais, como ano- • Bloqueios AV variados, podendo chega r
rexia, náuseas, vômitos e diarreia; alterações ao BAVT.

Figura 28.3A e B ECG na intoxicação digitálica. (A) Notar o bigeminismo ventricular (continua)
314 Hetrocard10grama Or1entado para oClln1co

Figura 28.3 (B) ECG evolutivo após a reversão ao ritmo sinusal. Notar as alterações do segmento ST(f em V5-V6,
compatível com a morfologia em "pá de pedreiro" traduzindo o efeito da digital

• Taquicardia ventricular, em especial a bidi- cia cardíaca diastólica. Outra indicação é no


recional. controle da frequência card íaca ao normal
• Taquicardia atrial com bloqueio AV (geral - na fibrilação atrial de alta f requência.
mente 2:1). • O sina l no ECG de "pá de pedreiro" traduz
• Taquicardia juncional não paroxística. o efeito terapêutico da digital, portanto
• Fibrilação at rial com baixa frequência car- não há indicação da interrupção da digi-
díaca . tal.
• Fibrilação ventricular. • Digoxina sérica, dose efetiva: 0,7 a 1,2ng/
ml. Com nível aci ma de 1,8ng/ml, o risco
de toxicidade é maior que o benefício e
OCLINICO DIANTE DO USO DA DIGITAL*
sugestivo de intoxicação .
• A indicação principal da digital é na insufi- • Procedimentos iniciais na intoxicação digi-
ciência cardíaca congest iva com disfunção tálica :
sistólica, ou seja, com dilatação ventricular e • Interromper a administração da digital.
fração de ejeção ventricular diminuída. Não • Reposição de cloreto de potássio, por
tem indicação no tratamento da insuficiên- infusão venosa, mantendo normal o
AlteraçOes HelrocardiOgráfJcas Produzidas pela Oigllal 315

nível do K+ sérico. Evitar nas arritmias • Nos pacientes graves com arritmias re-
com BAV. fratárias ao t ratamento convencional,
• Reposição de sulfato de magnésio por pode-se u tilizar o anticorpo antidigo-
infusão venosa, mantendo normal o xina - Digibind ou DigFab - . que age
nível do Mg sérico. ligando-se e inativando a digoxina livre
• Nas arritmias ventriculares: fenitoína no soro.
EV ou lidocaína EV.

• As condutas sugeridas levam em conta as restnções e contraindicações pró prias e individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
CAP[TULO 29

Alterações fletrocardiográflcas
Produzidas por Distúrbios
fletrolitlcos
~ erson P. ~oldwasser

INTRODUÇ ÃO que 1mm), excedendo em tamanho a


onda T adjacente. As polaridades dessas
O eletrocardiograma constitui-se num sensível duas ondas devem ser concordantes, uma
exame de diagnóstico e de acompanhamento vez que o inverso pode co rresponder à in-
evolutivo das alterações de diversos eletrólitos. suficiência coronariana associada . A hipo-
A eficácia diagnóstica do eletrocardiograma potassemia não aumenta o intervalo QT. e
aumenta quando o interpretador é alertado os "intervalos QT" demasiadamente pro-
para a possibilidade do distúrbio eletrolftico longados correspondem, na realidade, à
em questão. medida do intervalo QU.
Destacam-se pela importância e pela fre- • Onda T: diminuição de amplitude e oca-
quência as modificações eletrocardiográficas sionalmente inversão da onda T.
causadas pelos íons potássio, cálcio e magnésio. • Segmento ST: infradesnível do segmen-
t o ST (maior que O,Smm) que, juntamente
HIPOPOTASSEMIA com a onda U, produz discretas ondula-
ções na linha de base.
A hipopotassemia (ou hipocalemia) torna • Intervalo PR: o prolongamento do inter-
mais lenta a fase 3 do potencial de ação, au- valo PRé observado nos casos mais graves.
mentando a duração do potencial de ação • Concentrações muito baixas de po-
e diminuindo a velocidade de repolarização tássio sérico, menores que 3mEq/L,
ventricular. podem levar ao aparecimento de
arritmias cardíacas diversas: blo-
Critérios diagnósticos (Figu ras 29.1 e 29.2) queios A-V variados, extrassístoles supra e
principalment e ventricu lares, taquicardia
• Desenvolvimento da onda U: (consti-
ventricular e fibrilação ventricular.
tui-se no melhor elemento diagnóstico de
hipopotassemia) - onda U torna-se mui- Deve-se ressaltar a situação potencialmen-
to evidente e de grande amplitude (maior te perigosa de hipopotassemia nos pacientes
31 B Helrocardiograma Omnlado para o[lJnJco

Figura 29. 1 Hipopotassemia. O sinal ( • ) marca a onda U, bem evidente

Figura 29 .2 ECG na hipopotassemia. Notar a onda U, de amplitude aumentada, que mantém a mesma polari-
dade que a onda T

em uso de digital, em razão da possibilidade Concentrações de potássio entre 5,5 e


de desenvolverem as arritmias relacionadas 7mEq/ l.
com intoxicação digitálica. • Onda T: torna-se de grande amplitude,
Com a normalização dos níveis séricos do simétrica, apiculada e de base estreita,
potássio, as alterações eletrocardiográficas ra- u ltrapassando quase sempre o tamanho
pidamente revertem ao normal. do QRS (onda T em tenda) . É a primeira
manifestação eletrocardiográfica da hiper-
potassemia.
HIPERPOTASSEMIA
• Concentrações de potássio entre 7 e
A hiperpotassemia (ou hipercalemia) aumen- 9mEq/L.
ta a permeabilidade da membrana ao íon • Intervalo PR: prolongamento do inter-
potássio, interferindo no potencial de ação: valo PR, não sendo rara a evolução para o
aumenta a velocidade de repolarização ao BAV do 2 ~ grau .
tornar a descida da fase 3 mais rápida e en- • Onda P: ocorrem, inicia lmente, modifi -
curtar a duração total do potencial de ação. cações morfológicas na onda P (bloqueio
As alterações eletrocardiográficas são pro- intra-atrial), evoluindo nas fases mais gra-
gressivamente mais graves e potencialmente ves para o desaparecimento da onda P. de-
letais, em correspondência ao nível de hiper- vido à paralisia da contração atrial que se
potassemia . processa. O impulso cardíaco tem origem
no nódulo sinusal, sendo conduzido aos
ventrfculos através dos feixes internodais;
Critérios diagnósticos
todavia, os átrios tornam-se inexcitáveis
Em ordem crescente de gravidade (Figuras (parada atrial), produzindo-se o ritmo si -
29.3 a 29.5): noventricular.
Rlleraçoes Hetrocard10graflcas Produzidas por D1sturb1os Hetrol111cos 31 g

Figura 29.3A e8 Hiperpotassemia . (A) Onda T em tenda. (8 ) Evoluindo com a ausência da onda P (paralisia
atrial) e QRS largo

o, eVR aVL eVF

Figura 29.4 ECG na hiperpotasse-


mia. Notar a onda T em tenda, api-
culada e simétrica

Figura 29.5 ECG na hiperpotassemia. Notar o ritmo sinoventncular, complexos QRS alargados e ondas T amplas.
Frequência cardíaca aproximada de 65bpm. K· = 7,6mEq/l
320 Eletrocard iograma Omntado para oClínico

Concentrações de potássio entre 9 e Critérios diagnósticos (Figura 29.8)


12mEq/L.
• Segmento ST: encurta significativamen-
• Complexo QRS: ocorrem grandes defor-
te a duração do segmento ST e, em con-
mações nos complexos QRS, adquirindo o
sequência, diminui o intervalo QT. Muitas
aspecto de bloqueios de ramos.
vezes visualizamos a onda T iniciando-se
• Fusão do complexo QRS à onda T
ao f im do complexo QRS, como se não
numa só onda alargada.
houvesse o segmento ST.
• Desenvolvem-se arritmias cardía-
• Nas situações de hipercalcemia muito in-
cas graves, incluindo o BAVT. a taqui-
tensa, podem ocorrer discretos aumentos
cardia ventricular e a fibrilação ventricular, nos intervalos PR e na duração do comple-
evoluindo para assistolia cardíaca . xo QRS, e nas formas graves pode evoluir
para BAV de 2g e 3g graus.
HIPOCALCEMIA
A hipocalcemia aumenta a duração e diminui
HIPOMAGNESEMIA
a amplitude da fase 2 do PA, interferindo, as- O magnésio é um importante elemento para
sim, na repolarização ventricular. a maioria das reações orgânicas. Ativa a ade-
nosina trifosfatase, enzima que age na produ-
Critério diagnóstico (Figuras 29.6 e 29.7) ção de energ ia celular.
A hipomagnesemia aumenta as concen-
• Segmento ST: prolonga significativa- trações intracelulares de cálcio e de sódio e
mente a duração do segmento ST e, em reduz as de potássio.
consequência, aumenta o intervalo QT. O Habitualmente não é possível o reconhe-
segmento ST torna-se, de modo peculiar, cimento desse distúrbio pelo ECG convencio-
retificado, como se tivesse sido desenhado nal, uma vez que a hipomagnesemia em geral
com uma régua . cursa associada à hipopotassemia ou hipocal-
cemia, e as alterações eletrocardiográf icas ob-
HIPERCALCEMIA servadas, tais como depressão do segmento
ST, diminuição da amplitude e negatividade
A hipercalcemia reduz a duração e aumenta da onda Te aumento da duração de QRS, po-
a amplitude da fase 2 do PA. interferindo na dem ser atribuídas tanto ao primeiro quanto
repolarização ventricular. aos demais distúrbios eletrolíticos.

Figura 29.6 Hipocalcemia. Ocorre o prolongamento do inteNalo QT. com o segmento ST retificado
Rlterações Hetrocardiográf1cas Produzidas por Distúrbios fletrolíticos 321

Figura 29.7 ECG na hipocalcemia. Notar. em D1 -D2-D3-AVF-V6, o segmento ST retificado e iQTC p rolongado em
400ms para a frequência cardíaca de 68bpm

Figura 29.8 Hipercalcemia. Ocorre o encurtamento significativo do intervalo QT

HIPERMAGNESEMIA de magnésio entre 6 e 1OmEq/L. Observam-


se prolongamento do intervalo PR, aumentos
A hipermagnesemia reduz as concentrações
discretos na duração do complexo QRS e o
intracelulares de cálcio e de sódio e aumenta
encurtamento do intervalo QT. Nas situações
as de potássio.
As alterações eletrocardiográficas são mais graves, pode culminar em BAVT ou assi s-
inespecíficas, ocorrendo em geral com níveis tolia ventricular.
322 fletrocard iograma Orientadopara o Clinico

OClÍNICO DIANTE DE HIPOPOTASSEMIA* • Nas formas moderadas e graves: solu-


ção de glicose-insulina em infusão EV
• Definição: nível sérico abaixo de e/ou gluconato de cá lcio EV e bicarbo-
3,5mEq/L
nato de sódio
• Causas mais frequentes: uso de diuré-
• Nas situações m uito graves: hemo-
ticos (furosemida, tiazídicos), substâncias
diálise.
betaestimulantes (solbutamol, terbuta li-
na), ação da insulina, perda gastrointesti-
nal (vômito, drenagem gást rica, diarreia), OCLINICO DIANTE DE HIPOCALCEMIA*
perda renal (acidose tubular renal), hipe-
• Definição: nível sé rico abaixo de 4, 5mEq/L
raldost eronismo, doença de Cushing.
(forma iônica) ou abaixo de 8mg/dl (for-
• Quadro clínico: alterações neuromuscu-
ma não iônica).
lares: fraqueza muscular, paralisia, pares-
• Causas mais frequentes: hipopara-
tesia, diminuição dos reflexos profundos,
tireoidismo, desnutrição, sínd rome de
íleo adinâmico, arritmias cardíacas.
má absorção, insuficiência rena l ou he-
• Tratamento inicial: reposição cuidado-
pática .
sa de potássio/EV.
• Quadro clínico: alterações neuromus-
culares, cãib ras, parestesias, hiper-reflexia
OCLÍNICO DIANTE DE HIPERPOTASSEMIA * profunda, tetania, sinais de Trousseau e
Chovstek; arritm ias cardíacas.
• Definição; nível sérico acima de 5mEq/L
• Tratamento inicial : reposição cuidado-
• Causas mais frequentes: administra-
sa de cálcio/EV.
ção de potássio em excesso ou infusões
EV mu ito rápidas, lesão tecidual ext en-
sa, como esmagamentos, queimaduras, OClÍNICO DIANTE DE HIPERCALCEMIA
rabdomiólise, hemólise maciça, admi-
nistração de substâncias poupadoras ou • Definição: nível sérico acima de 5,5mEq/L
retentoras de K+ (espirono lactona, anti- (forma iônica) ou acima de 10,5mg/ dl

inflamatório não esteroide, inibidores da (forma não iônica)


enzima converso ra da angiotensina, aci- • Causas mais frequentes: hiperparat i-
dose diabética e principalmente a insufi- reoidismo primário, hiperparatireoidismo
ciência renal) . secundário associado a neoplasias diversas
• Quadro clínico: alterações neuromus- como o mieloma múltiplo, câncer do pul-
culares, fraqueza muscular, paralisia mus- mão e linfoma.
cular, letargia, parestesias, arritmias car- • Quadro clínico: alterações neuromus-
díacas. cu lares, f raqueza muscular, hiporreflexia,
• Tratamento inicial: interromper a ad- náusea, vômito, conf usão, convulsão e
minist ração de K+ e das subst âncias que a arritmias cardíacas.
causam. • Tratamento inicial: hidrat ação volêmi-
• Nas formas leves: furosemida EV e resi- ca vigorosa com soro fisiológico, fu rose-
na de t roca (poliestirenossulfonato de mida EV. Na hi percalcemia devida a para-
cá lcio) . neoplasia, associar hidrocortisona EV.
Alterações Hetrocardiográficas Produzidas por Distúrbios Hetroliticos 323

OClÍNICO DIANTE DE HIPOMAGNESEMIA * OCLINICO DIANTE DE HIPERMAGNESEMIA


• Definição: nível sérico abaixo de • Definição : nível sérico acima de 2,5mEq/L
1,SmEq/L ou abaixo de 2mg/dl. ou acima de 3mg/dl
• Causas mais frequentes : uso de diu- • Causas mais frequentes : insuficiên-
rético, quimioterápico, perda gastrointes- cia renal, ingestão abusiva de substãncias
tinal (diarreia). com magnésio (laxantes).
• Quadro clínico: fraqueza muscular, cãi- • Quadro clínico: náusea, sonolência, di-
b ras, vertigem, letargia, confusão e arrit- minuição dos reflexos tendinosos e arrit-
mias cardíacas. mia cardíaca .
• Tratamento inicial: reposição cuidado- • Tratamento inicial: hidratação valê-
sa de magnésio/ EV. mica com soro fisiológico e gluconato de
cálcio/ EV

*As condutas sugeridas levam em conta as restnções e contraindicações próprias e Individualizadas de cada proce-
dimento e medicamento.
CAP(TULO 30

Importância do
fletrocardiograma na
Sala de fmergência
fuandro Tinoco Mesquita
Harcelo Assad
Harcelo Aiuas
INTRODUÇÃO A revolução desencadeada pelo aprimora-
mento dos métodos de cardioimagem (eco-
As patologias do aparelho cardiovascular re- cardiograma, tomografia computadorizada,
presentam a primeira causa mortis no mundo ressonância magnética, cintilografia) e de
ocidental e dentre elas destacamos as síndro- novos marcadores de necrose (CK massa ,
mes coronarianas agudas (SCA). representa- troponinas), inflamação (proteína C reativa
das em sua essência pelo infarto agudo do titulada) e função miocárdica (BNP) ainda re-
miocárdio (IAM) e pela angina instável (AI), presenta um desafio, devido ao seu elevado
como condições de alta prevalência nas quais custo e à indisponibilidade de recursos técni-
intervenções precoces determinam direta- cos e pessoais especializados fora dos grandes
mente seu prognóstico. centros urbanos. Os dados do estudo GUSTO
Estima-se em 1,7 milhão o número de 11 demonstram que 40% dos centros envolvi-
pacientes admitidos com dor torácica anual- dos não dispunham de recursos para a ade-
mente em todo o mundo. Desses, apenas quada avaliação dos marcadores de necrose
cerca de 30% realmente apresentam SCA. No miocárdica.
Brasil, segundo dados do DATASUS de 1999, A interpretação precisa das informações
ocorrem cerca de 500.000 casos de IAM por obtidas com o eletrocardiograma (ECG) na
ano, ocasionando 56.000 óbitos. avaliação das síndromes isquêmicas agudas é
O desafio diagnóstico representado pelas fundamental para a manutenção de sua pre-
SCA vem recebendo o suporte da eletrocar- cisão diagnóstica. O envolvimento do médico
diografia desde os estudos do Dr. Pardee, há emergencista com a apresentação clínica do
mais de 80 anos, primordialmente por seu im- paciente pode servir como elemento de disper-
prescindível papel na avaliação inicial do infar- são, em que alterações inespecíficas tendem
to agudo do miocárdio, e mais recentemente a ser hipervalorizadas em indivíduos com alta
como elemento indispensável à triagem dos probabilidade de doença aterosclerótica co-
pacientes admitidos nas unidades de dor to- ronariana (DAC) e achados patognomônicos
rácica (UDT). podem ser desconsiderados naquelas apre-
326 Hetrocardiograma Orientado para oClln1co

sentações atípicas. A nossa recomendação é obstruções coronarianas subtotais ou oclusões


que todo indivíduo com dor torácica aguda antigas nutridas por circulação colateral.
não t raumática deve ser submetido à avaliação As obstruções coronarianas agudas deter-
eletrocard iográfica à admissão na sala de emer- minam alterações do segmento ST. Este acha-
gência e a ECG seriados (à admissão - e 6 horas do eletrocardiográfico tem fundamental im-
depois) caso a causa da dor torácica não seja portância na classificação das SCA e reflete o
imediatamente definida como não cardíaca. fenômeno f isiopatológico subjacente, ou seja,
lesões subtotais cu rsando com correntes d ele-
CRONOLOGIA DAS ALTERAÇÕES DO são subendocárdica determinam infradesnível
ELETROCARDIOGRAMA do segmento ST e oclusões agudas gerando
isquemia transmu ral cu rsam com suprades-
A abordagem do paciente com dor torácica
nível do segmento ST. A partir dessas infor-
na sala de emergência requ er imediata avalia-
mações, foram reconhecidas duas diferentes
ção da história clínica e exame físico. A etapa
apresentações de infarto, IAM co m ou sem ST.
seguinte é a obtenção do ECG, ainda nos pri-
O adequado reconhecimento destas síndro-
meiros 1O minu tos do atendimento. Um dos
mes em sua fase aguda norteia a terapêutica,
principais indicadores de qualidade utilizado
mediante a anticoagulação dos pacientes com
na gestão da qualidade em unidades de dor
IAM sem supradesnível e trombólise ou revas-
torácica é a mensuração do tempo porta-ECG.
cularização precoce (percutânea ou cirúrgica)
Os principa is órgãos envolvidos co m essas po-
daqueles com IAM com supradesnfvel. Além
líticas de qualidade recomen dam que o tem-
disso, apesar de o prognóstico em longo pra-
po porta-ECG deve ser inferior a 1O minutos.
Qualquer um dos com ponentes dos co m- zo dessas duas patologias ser similar, nos pri -

plexos P, QRS, T e ocasionalmente a onda U meiros meses a taxa de mortalidade por IAM
(torna-se invertida) pode apresentar altera ções sem supradesnível é significativamente menor,
em vigência de SCA ou das demais patologias sob o ônus de maiores taxas de reinterna ção e
envolvidas no seu diagnóstico diferencial. recorrência dos sintomas anginosos.
Este espectro envolve desde altera ções A co nsequência fina l do processo isquêmi-
patognomônicas de IAM, tais como supra- co é a necrose. Em ta is condições, o miocá rdio
desnível do segmento ST em duas ou mais envolvido passa a representar uma área eletri-
derivações contíguas, até simples distúrbios camente silenciosa, em que o vetor de explora-
do sistema de condução, como o bloqu eio ção da despolarização ventricular se afasta das
atrioventricular de 1g grau, traduzindo ma- derivações que exploram esse segmento, pro-
nifestações indiretas e precoces de isquemia duzindo ondas negativas (ondas Q) no ECG.
envolvendo o nódulo atrioventricular.
As princi pais alterações do ECG em pa- VALOR DIAGNÓSTICO DO
cientes co m SCA incidem sobre o período da ELETROCARDIOGRAMA NAS
repolarização ventricular representado pelo EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS
segmento ST e pela onda T.
Inicialmente, ocorre inversão da onda T A mortalidade dos pacientes com IAM que
devido à modificação de seu eixo elétrico e a são inadvertidamente liberados das unida-
alterações das propriedades físico-químicas da d es de emergência situa-se em 25%, ou seja,
membrana celular dos miócitos, fenômeno que mais que o dobro daquela esperada nos casos
traduz a redução parcial da perfusão miocárdica com internação e submetidos a terapêuticas
nesse segmento e comumente relaciona-se com adequadas. Já a admissão de indivíduos com
lmporfânciado Hefrocardiogramana Sala defmergência 327

baixo risco de IAM sem adequada t riagem das Em nossa unidade de dor torácica , foram
demais causas de dor torácica tem um custo instituídas diferentes estratégias de investi-
financeiro elevado e desnecessário. gação diagnóstica e abordagem terapêutica,
Os casos de perda diagnóst ica ocorrem mais baseadas fundamentalmente nas alterações
comumente quando os sintomas são atípicos. o encontradas no ECG de admissão (supra ou
ECG apresenta poucas anormalidades, não há infradesnível de ST. inversão da onda Te BRE)

história de coronariopatia prévia, em mulheres aliadas às características clínicas da dor torá-


cica e à probabilidade de DAC de acordo com
e nos indivíduos com menos de 55 anos.
a avaliação dos fatores de risco. Essas "rotas"
Esses dados demonstram a importância da
estão exemplificadas na Figu ra 30 .1.
adequada interpretação do ECG e sua corre-
A observação do eletrocardiograma do
lação com os demais aspectos clínicos na sala
paciente com dor torácica envolve detalhada
de emergência.
análise do segmento ST e da onda T. Desvios
As análises retrospectivas dos pacientes
de ST superiores a O,SmV medidos em um
que são admitidos com IAM demonstram que ponto a 40ms do ponto J (J-40) definem po-
o ECG inicial é diagnóstico em aproximada- sitividade, part icularmente se essas alt erações
mente 60% dos casos, entretanto pode estar surgem com a dor e desaparecem com alívio
normal em mais de 15%. O principal recurso da dor (alterações dinâmicas do ST). Portan-
empregado pelas unidades de dor torácica to, é fundamental a repetição seriada d e ECG
para aumentar essa acurácia diagnóstica é a na sala de emergência (à admissão e 6 horas
rea lização de ECG seriados, medida que pode depois), assim como durante qualquer novo
elevar a sensibilidade para até 95%. episódio da dor torácica.

Suspeita clínica de SCA

Hist ória
Exame flsico
Tn I (0 e 6 h)
ECG (0 e 6h)
Alta/moderada probabilidade Baixa probabilidade

I
ECG ECG Infra ST/Inv T ECG normal/lnesp
Supra ST/BRE ou T n I (-) ou T n I (-)

$ CAT
imediato
CAT
programado
negativa

Tn I
l l'"t'
.-----------------~
Admissão hospitalar
Eco estreaae
ou cintilografia negrva

Alta hospitalar

= troponina I; lnv T = inversão de T; inesp = inespecífico; BRE


negativa

A dmissão hospit alar

= bloqueio do ramo esquerdo; CAT = cateterismo


Figura 30.1 Estratégias de condutas no paciente com dor torácica na unidade de emergência
328 Hetrocardiograma Or ientado para o Clín ico

Cerca de 80% dos pacientes que apresen- • Tratamento adjunto: MONA e, quando
tam dor torácica típica em vigência de supra- indicado, betabloqueador, nitrogliceri-
desnível do segmento ST evoluem para IAM , na EV, heparina EV, lnibidor da glico-
e naqueles com infradesnível do segmento ST proteína IIB/IIIA, principalmente.
apenas 20% têm essa evolução. Na ausência • Rota 2 conservadora: considerar a
de alterações ao ECG, o risco cai para 4% nos estratificação para síndrome coronaria-
indivíduos com corona riopatia prévia e para na aguda com exames complementares,
2% naqueles sem história de DAC. como a ecocardiografia de estresse ou a
Ao encontrarmos supradesnfvel de ST, a cintilografia miocárdica .
sensibilidade (poder de detectar indivíduos • Critério positivo: seguir a rota 2 invasiva.
com a doença) do ECG de admissão de pa- • Critério negativo: autorizada a alta
cientes com suspeita de IAM varia de 45% hospitalar sob supervisão. Considerar
a 60%. Porém, ao considerarmos também o o tratamento adjunto com MONA.
infradesnível do segmento ST e a inversão da • Rota 3: considerar a estratificação para
onda T, a sensibilidade aumenta para 70% a síndrome coronariana aguda com o exa-
90%, havendo entretanto uma queda na es- me de teste ergométrico.
pecificidade e no valor preditivo positivo. • Critério positivo: seguir a rota 2 con-
A exploração eletrocardiográfica da pa- servadora.
rede posterior do VE e do ventrículo direito • Critério negativo: autorizada a alta
depende da adição de seis novas derivações hospitalar sob supervisão.
ao ECG, a saber: V7, V8, V3R, V4R, VSR, V6R.
Existe uma forte correlação entre a topo-
Esta conduta padronizada permite a redução
grafia do IAM, a artéria coronária envolvida
dos ECG fa lsos negativos.
e a contiguidade das derivações afetadas ao
ECG. Esses dados também têm impactos te-
Resumo das condutas do fluxograma de rapêuticos e afetam o prognóstico. O número
atendimento de derivações com supradesnível do segmento
• Rota 1: considerar reperfusão miocárdica ST apresenta correlação direta com a mortali-
sem retardo. dade por IAM, possivelmente por representar
• Cateterismo cardíaco visando à angio- indiretamente a extensão de miocárdio envol-
plastia transluminal coronariana pri- vido (Tabela 30.1 ).
mária ou
• Terapêutica fibrinolítica fa rmacológica VALOR PROGNÓSTICO DO
seguindo-se as diretrizes quanto às ELETROCARDIOGRAMA NAS SÍNDROMES
normas de cada procedimento. CORONARIANAS AGUDAS
• Tratamento adjunto: MONA* e, quan-
do indicado, betabloqueador, nitrogli- Diversas variáveis clínicas afetam o prognós-
cerina EV. heparina EV, principalmente. tico da SCA. A análise da frequência cardía-
• Rota 2 invasiva: considerar o cateteris- ca (FC) à admissão de pacientes com IAM
mo cardíaco visando à angioplastia trans- submetidos à terapia trombolítica no estudo
luminal coronariana. GISSI-2 demonstrou correlação negativa entre
FC e a mortalidade intra-hospitalar, que variou
*MONA: morfina, oxigênio, nitrato, aspirina (ácido de 7,1% (FC menor que 60bpm) e 23,4% (FC
acetilsalicílico). maior que 1OObpm) . Em outro grande estu-
lmportãnm do Hetrocard1oqrama na Sala de fmerqênm 329

Tabela 30.1 Correlação anatomoclínica e eletrocardiograma no IAM


Artéria envolvida Área Derivações com Complicações mais
comprometida alterações frequentes
• Descendente • Anterior • D1 -aVL-V 1 a V6 • Disfunção do VE,
anterior extenso do VE ICC, arritmias
• Circunflexa • Latera l do VE • D1 -aVL-VS-V6 • Disfunção do VE, BAVs
• Direita • Inferior do VE • D2 -D3 -aVF • Hipotensão, BAVs
• Direita • Anterior do VD • V3R -V4R -VSR -V6R • Hipotensão, BAVs
• Descenden te • Posterior ou • V7-V8 • Disfu nção do VE
post erior dorsal do VE

do, o GUSTO I, a FC no ECG de admissão foi co de exclusão. Podem ser observadas uma
considerada preditor independen te de morta- ou mais das alterações efetrocardiográficas
lidade no primeiro mês de IAM. descritas a seguir (Figura 30.2).
A dinâmica das alterações eletrocardiográ- • Elevação do segmento ST a partir do
ficas nos pacientes com SCA pode auxi liar o ponto J do com plexo QRS, cerca de 1 a
reconh~c1mento das recana lizações corona- 4mm da linha isoelétrica, com concavi-
rianas ainda na fase aguda de sua apresen- dade su perior do segmento ST;
tação. Seja pela redução da amplitude do s • Onda T simétrica, de grande amplitu-
desvios do segmento ST ou aparecimento das
de e eventualment e invertida;
denominadas arritmias de reperfusão (ritmo
• Onda Q profunda e estreita nas deriva-
idioventricular acelerado, ectopias ventricula-
ções precordiais esquerdas e
res etc.), a eficácia da modalidade terapêutica
• Baixa frequência cardíaca .
inst ituída pode s~r mensurada.
• Acometimento miopericárdico agu-
do : causa alterações na repolarização atrial
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL- e ventricular, muitas vezes simulando o
ELETROCARDIOGRAMA NA SALA DE IAM, uma vez que sua apresentação clíni-
EMERGÊNCIA ca frequentemente envolve dor torácica e
supradesnível do segmento ST. As caracte-
O inquestionável papel do ECG nas emergên-
rísticas que auxiliam essa diferenciação na
cias card iológicas, principalmente nas unida-
des de dor torácica, não se restringe à avalia- fase aguda são:

ção dos pacientes com SCA (Tabela 30.2). • Envolviment o difuso não limitad o a
• Síndrome da repolarização ventricu- apenas uma das paredes do VE (salvo
lar precoce: é um achado benigno e va- raras exceções, em que haja pequenos
riant e do normal, encontrado em até 48% derrames seg ment ados ou restritos às
dos indivíduos atendidos em sala de emer- paredes inferior e posterior)
gência, mais usual em homens jovens e em - infradesnível do segmento PR;
negros. Na presença de dor torácica ou his- - supradesnível do segmento ST com
tória pregressa de DAC, é sempre diagnósti- padrão de concavidade superior.
330 Hetrowd10gr ama Orientado par a oWn1co

Tabela 30.2 Principais elementos no diagnóstico diferencial da dor torácica na sala de


emergência
Repolarização Miopericardite IAM
precoce
Localização Precordiais Todas Área com prometida
Arritmia Bradicardia sinusal A lternância elétrica Atrial/ventricular?
Intervalo e Curto/infradesnivela- lnfradesnivelamento Desnivelamento (infarto atrial)
segmento PR mento em precordiais em todas as
derivações
Morfologia Transição abrupta em Baixa voltagem; Ramo descendente do QRS
de QRS v2' empastamento mantém onda R interrompe queda, e continua
final do QRS com supra de ST convexo
Segmento ST Supra/côncavo p/ 1g estágio: supra/ Supra/convexo superior (até
cima/ 2 a Smm convexo p/ cima Smm), ou infra/côncavo superior
Onda T Ampla, pontiaguda Positiva, depois Ampla, pontiaguda, negativa e
e assimétrica negativa simétrica
Evolução Constante Alterações nos Alterações seriadas de Q e ST-T
4 estágios

• Evolução temporal em quatro fases: • Tromboembolismo pulmonar: gera


1. supradesnível do ST; uma súbita elevação das pressões na ar-
2. retorno à linha de base; téria pulmonar e no ventrículo direito, po-
3. inversão difusa das ondas T; dendo dar origem a um quadro de "cor
4. normalização do traçado. pu/mona/e agudo". Grandes distensões
• Volumosos derrames pericárdicos: do ventrículo direito geram uma redução
cursam com redução da amplitude do do fluxo coronariano para esse território por
QRS, ocasionando baixa voltagem tanto no compressão dos vasos epicárd icos e maior
plano frontal como no horizontal. O apare-
consumo de oxigênio devido ao aumento
cimento de alternância elétrica (variação in-
do trabalho ventricu la r. Essa isquemia re-
termitente da amplitude dos QRS) denuncia
gional se manifesta ao ECG pelo infrades-
o swinging heart no espaço pericárdico.
nível do segmento ST de V1 até V4, sendo
• Dissecção aórtica aguda : apresenta
o achado mais comum nesses pacientes
uma mortalidade d e 1% por hora desde o
(superado apenas pela taquicardia sinusal).
início dos si ntomas, nas primeiras 24 ho-
A presença de ondas Sem D1, Q em D3 e
ras, portanto seu reconhecimento precoce
é fundamental. Dissecções tipo I e 11 de De T invertida em D3 (padrão S1Q3T3) reflete
Bakey (envolvendo a porção ascendente a rotação anti-horária do coração devido
da aorta) podem estender seu plano de ao crescimento ventricular direito. Arrit-
dissecção até os óstios coronarianos (mais mias supraventriculares como a fibrilação
frequentemente o óstio da coronária direi- atrial. a sobrecarga atrial direita e o desvio
ta), gerando isquemia miocárdica e, con- do SâQRS para a direita são alterações fre-
sequentemente, alterações da repolariza- quentes do ECG, porém apresentam me-
ção ventricula r similares às das SCA. nor especificidade para esse diagnóstico.
lmportãnm do Hetrocard10grama na Sala de fmergência 331

aVR

Figura 3 0 .2 ECG na síndrome da repolarização ventricu lar precoce; diagnóstico diferencial com síndrome coro·
naria na aguda, na sala de emergência
332 Hetrocardiograma Orien tado para oClínico

DIAGNÓSTICO DE PATOLOGIAS NÃO imperceptível) com K+ entre 8 e 9mEq/L. Ní-


CARDIOLÓGICAS - CONTRIBUIÇÃO DO veis séricos de K+ acima de 9mEq/L propiciam

ELETROCARDIOGRAMA o desenvolvimento de dissociação A-V, taqui-


cardia ventricular ou fibrilação ventricula r.
A unidade de emergência representa a porta Os eventos neurológicos agudos e extensos
de entrada dos hospitais terciários, sendo, por- (p. ex. , traumatismo cranioencefálico, doença
tanto, destino de um amplo espectro de pato- cerebrovascu lar etc.) podem afetar a repolari-
logias, muitas das quais não cardiológicas. zação ventricular, ocasionando ondas T negati-
Diversas entidades clínicas cursam com al- vas, apiculadas, simétricas e com grande ampli-
terações eletrocard iográficas, que têm papel tude, alteração denominada onda T cerebral.
diagnóstico e prognóstico, podendo interferir Em resumo, o ECG é uma importante e in-
diretamente na evolução intra-hospitalar. dispensável ferramenta diagnóstica na sala de
As doenças inflamatórias agudas envol- emergência, servindo como método de tria-
vendo o abdome superior, principalmente gem de pacientes com dor no peito.
as vias biliares (p. ex., co lecistite), podem
alterar a repolarização ventricu lar na parede REFER~NCIAS
diafrag mática (inferior), possibilitando o apa-
recimento de inversões da onda T ou desvios Brady WJ, Chan TC. Electrocardiographic manifesta-
tions: benign early repolarization. J Emerg Med 1999;
do segment o ST. Sua concomitância com dor
17(3):473-8.
torácica e vômitos pode confundir o diagnós-
tico, simulando isquemia miocárdica aguda. Brady WJ, Perron AD, Ullman EA, et ai. Electrocardio-
graphic ST segment elevation : a comparison of AMI
Os distúrbios eletrolíticos alteram as pro-
and non-AMI ECG syndromes. Am J Emerg Med 2002;
priedades físico-químicas da membrana celular
20(7):609-12.
miocitária, gerando distúrbios de condução e
Ginzton LE, Laks MM. Thedifferential diagnosis of acute
modificações em qua isquer fases do potencial
pericarditis from the normal variant: new electrocar-
de ação atrial ou ventricular. Destacamos a hi- diographic criteria . Circu lation 1982; 65(5): 1004-9 .
perpotassemia, em que o ECG é um recurso
Engelmann MD, Hasbak P. Early repolarization. Dif-
imprescindível ao diagnóstico, pois apresenta ferential diagnosis of electrocardiographic ST segment
alterações clássicas. Uma onda T apiculada elevation. Ugeskr Laeger 2000; 162(44): 5914-7 .
("em tenda", amplitude maior que Smm) é a
Marinella MA. Electrocardiographic manifestations
primeira manifestação, ocorrendo com K+ en- and differential diagnosis of acute pericarditis. Am
tre 6 e 7mEq/L. O alargamento do QRS segui- Fam Physician 1998; 57(4):699-704.
do do "achatamento" da onda P ocorre com Vacanti, U. Dor torácica e sfndrome da repolarização
K+ entre 7 e 8mEq/L e o ritmo sinoventricular precoce na unidade de emergência cardiológica. Arq
(fusão das alterações de QRS e T, com onda P Bras Cardiol 1996; 67(5):335-8.
CAPfTULO 31

fletrocardiograma no Implante de
Marca-passo Cardíaco
GersonP. Goldwasser

INTRODUÇÃO cientes com bradiarritmias, bloqueios atrio-


ventricu lares de alto grau e pausas card íacas
Marca-passo cardíaco é um dispositivo que prolongadas que causam grave instabilidade
gera impulsos elétricos, t ransmitidos ao cora- hemodinâmica e risco de morte, até que
ção através de cateteres-eletrodos, produzin- ocorra a melhora da função cardíaca ou se
do a despolarização elétrica e a subsequent e decida pela colocação do marca-passo defi-
contração cardíaca. nitivo (Tabela 31 .1 ).
A indicação de colocação do marca-passo Na emergência, dois são os marca-passos
temporá rio visa restaurar a frequência car- temporários mais ut ilizados, o tran svenoso e
díaca e prover o adequado suporte aos pa- o t ranscutâneo.

Tabela 31.1 Indicações mais frequentes de implante de MP temporário


Bradiarrit mias com sintomas*
Arritmias ventriculares graves dependentes de bradicardias
BAV de 311 grau congênito ou adquirido com sintomas
BAV de 2 11 grau Mobitz li com sintomas
BAV de 311 grau no pós-operatório de cirurgia ca rd íaca
Arritmias ventriculares graves dependentes de bradicardias
No infarto agudo do miocárd io (transvenoso ou placas tra nscutâneas (recomendação classe 1):
Assisto lia
Bradicardia com sintomas
BAV de 311 grau
BAV de 2 11 grau Mobitz 11
BAV de 211 grau M obitz I com sintomas, não responsivo a atropina
Bloqueio bi ou trifascicular conseq uente ao infarto
*Sintomas: tontura, pré-síncope, sfncope, hipotensão arterial, choque, insuficiência coronária, insuficiência cardíaca .
334 Hetrocard1ograma Orientado para oClfn1co

MARCA-PASSO TRANSVENOSO pulso. cateter eletrodo de material flexível e


preferencialmente com balonete inflável em
O marca-passo transvenoso (MPTV) promove sua extremidade, introdutor venoso e material
a estimulação elétrica do coração através de de fixação do cateter. Na ausência de fluoros-
cateter posicionado no endocárdio do ventrf- copia, utiliza-se o eletrocardiógrafo ou moni-
culo direito ou em casos especiais no endo- tor cardíaco. O cateter de marca-passo, em
cárdio do átrio direito. seu polo distai, é conectado à derivação "V"
O cateter é introduzido no coração por do ECG. registrando-se o eletrocardiograma
meio de punção venosa. preferencialmente na intracavitário.
veia subclávia ou jugular interna, ou nos casos A localização da ponta do cateter no inte-
de dificuldade, pela ve1a braquial ou a femoral rior dos vasos ou das câmaras cardíacas pode
e, eventualmente, por dissecção venosa. ser identificada pelas diferentes morfologias
O material necessário para o implante do de padrões bem característicos do ECG intra-
MPTV consiste em: aparelho gerador do im- cavitário (Figura 31 .1).

\I\~ (I -
Ventrlculo direito-MP encunhado
- -

Figura 31.1 ECG endocav1tário no


1mplante do marca-passo cardíaco
transvenoso temporário
Hetrocard1ograma no Implante de Harca·passo Card1aco 335

LOCALIZAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA DO captura, ou seja, a que produz a estimulação


CATETER DE MP cardíaca eficaz, é inferior a 2mA. A estimula-
ção deve ser mant ida em duas vezes o limiar
• Ponta na veia cava superior: comple- mínimo que produz a captura. A frequência
xo P-QRS-T de pequena amplitude. Onda P cardíaca é controlada entre 60 e 100 bati-
negativa. mentos, o suficiente para restabelecer o equi-
• Ponta na região alta do átrio direi- líbrio hemodinâmico.
to: complexo P-QRS-T de pequena ampli- Após o implante, o eletrocardiograma va i
tude. Onda P negativa e geralmente maior evidenciar uma espícu la - a marca do impulso
que o QRS. elétrico, ampla e fina, precedendo imediata-
• Ponta na região média do átrio di- mente o QRS que mostra o padrão de BRE,
reito: complexo P-QRS-T de pequena am- uma vez que o cateter-eletrodo está posicio-
plitude. Onda P isoelétrica e geralmente nado no ventrículo direito.
maior que o QRS. As complicações deste procedimento são:
• Ponta na região baixa do átrio perfuração ventricular identificada pela mu-
direito, próxima à válvula tricúspi- dança do padrão de BRE para BRD com ondas
de: complexo P-QRS-T de pequena ampli- T negat ivas em diversas derivações; perfura-
tude. Onda P positiva e geralmente maior ção da parede do VD, identificada pela signifi-
que o QRS. cativa redução da amplitude do QRS antes de
• Ponta no interior do VD: complexo grande amplitude, sangramento no local da
P-QRS-T de grande amplitude. Onda P po- punção. infecção e pneumotórax.
sitiva e pequena. A unidade geradora é codificada por letras,
• Ponta inserida na parede do VD (ou abreviações da designação do tipo e do modo
encunhada): complexo P-QRS-T de gran- de estimulação do gerador (Tabela 31 .2).
de amplitude com aspecto de onda de le- I a V corresponde à ordem de registro das
são, ou seja, grande supradesnivelamento letras. Exemplo: W IM corresponde à estimu-
do segmento ST. semelhante ao observado lação unicameral ventricular, que responde
na fase aguda do infarto do miocárdio. Este ao impulso gerado, a unidade sendo inibida
aspecto de onda de lesão indica o posicio- quando ocorre o estímulo próprio do coração
namento adequado do cabo de MP. Se os e é multiprogramável; DDD corresponde ao
complexos QRS tornarem-se pequenos du- MP de dupla câmara, atrioventricular, e que es-
rante a manobra de inserção, pode ter havi- timula e sente o átrio e o ventrículo; a unidade
do a migração da ponta do cabo para a veia deflagra e inibe o estímulo nas duas câmaras.
cava inferior ou para a artéria pulmonar. A quinta letra corresponde à função antitaqui-
• Ponta na artéria pulmonar: comple- cardia intrínseca nos aparelhos modernos.
xo P-QRS-T de pequena amplitude. Onda P
negativa e pequena . MARCA-PASSO TRANSCUTÂNEO
• Ponta na veia cava inferior: comple-
xo P-QRS-T de pequena amplitude. Onda P O marca-passo transcutâneo (MPTC) promove
positiva e pequena . a estimulação elétrica do coração através de
dois eletrodos cutâneos posicionados sobre
o tórax, um aderido na face anterior e o se-
PARÂMETROS DO MARCA-PASSO gundo na face posterior. O impulso elétrico é
A região de implante está adequada quando conduzido através da pele Integra para ativa r
a energia liberada pelo MP que promove a o coração.
336 Hetrmrd10grama Orientado para oClinico

Tabela 31 .2 Codificação da unidade geradora de marca-passo


I 11 111 IV V
Câmara Câmara Módulo de Módulo de programa- Módulo
estimulada sentida estimulação ção de resposta antitaquicardia
O = nenhuma O = nenhuma O = nenhum O = nenhum O= nenhuma
A= átrio A= átrio I= inibido P =simples P = estimulação
V = ventrículo V = ventrículo T = triggered programação elétrica
D = dupla D = dupla (deflagrado) M = multiprogramável S = choque
câmara câ mara D =(I + T) R = modulação da D = (P + S)
resposta de
f requência
Fonte: Hurst's The Heart. 2008, p. 1.036.

A captura elétrica é reconhecida no ECG A unidade geradora é composta de uma


pela presença de espícula alargada, entre 20 bateria de duração longa, em média 1O anos,
e 40ms - a duração do pulso elétrico, seguida e circu itos eletrônicos com vá rias funções, en-
de QRS largo e onda T ampla . Não se deve con- tre as quais gravar e armazenar o eletrocar-
fundir esse aspecto com ou tro de espícula fina diog rama para que possa ser analisado poste-
seguida de onda larga e sem característica de riormen te. É possível, de modo não invasivo,
QRS, pois tal morfologia não significa captura modif icar os parâmetros funciona is do marca -
e resposta cardíaca adequadas. Deve-se avaliar passo e adequá-lo à melhor situação clínica
simultaneamente a presença de pu lso arterial
do paciente.
que mostra a eficácia da est imulação cardíaca.
O aparelho pode ser de estimulação unica -
A estimulação da pele e dos músculos torá-
meral ou de uma câmera (p. ex., estimulação
cicos provoca desconforto e dor, o que dificul-
atrial ou ventricu lar direito), bicameral ou du-
ta a tolerabilidade desse procedimento, sendo
pla câma ra (p. ex., estimulação atrial e ven-
necessário o uso de analgésicos e sedativos.
tricular di reitos, de modo a obter o benefício
A vantagem do MPTC é ser um procedimen -
to não invasivo, não necessitando de acesso hemodinâmico da contração at rial) e multis-
venoso profundo, sendo de rápida e fácil ins- sít io (p. ex., estimulação atrial direita e biven-
talação, com resposta clínica imedia ta, apesa r tricu lar) (Figuras 31.2 a 31 .5).
de até 30% dos pacientes não responderem a Os parâmetros monitorados no paciente
esse tipo de marca-passo. É um procedimento com marca-passo apresenta m uma nomen-
temporário, enquanto se prepara o paciente clatura própria, cujo entendimento é necessá-
para o implante de marca-passo transvenoso. rio para a uniformidade de comunicação.
• Espícu la do marca-passo : visualiza-
MARCA-PASSO DEFINITIVO se no ECG como uma "espícula", ou seja,
O marca-passo é implantado de modo definiti- uma li nha vertical, f ina e de curt a duração
vo nos pacientes em que as condições clínicas medida em mi lissegundos, e amplitude
e elet roca rdiográficas relacionadas com cardio- variável, medida em milvolts, positiva ou
patia primária não reverterão (Tabela 31 .3). O negativa na dependência da derivação ob-
dispositivo é implantado na região subcut ânea servada, e que precede imediatamente a
infraclavicular direita ou esquerda, num proce- onda P na est imu lação atrial ou o comple-
dimento cirúrgico de baixa complexidade. xo QRS na estimulação ventricular.
Hetrocard10grama no Implante de Harca-passo Card1aco 337

Tabela 31.3 Indicações mais frequentes de implante de MP definitivo


(recomendação Classe I)
• Síndrome do seio carotídeo - SSC
• Com síncope recorrente por assistolia > 3s documentada
• Doença do nódulo sinusal - DNS:
• Com bradiarritmiascom sintomas ou com bradiarritmias e uso de medicamentos necessários
e insubstitufveis que acentuam a bradicardia
• Com sfndrome taquicardia-bradicardia
• Com arritmias ventriculares graves dependentes de bradicardias
• Doença do nódulo atrioventricular:
• BAV de 311 grau congênito com sintomas
• BAV de 3° grau adquirido com sintomas ou sem sintomas, com QRS largo ou frequência
cardíaca < 40 bpm ou assistolia > 3s
• BAV de 2" grau Mobitz 11 e QRS largo ou intra-His
• BAV de 211 grau irreversível e com sintomas
• Bloqueio intraventricular:
• Bloqueio de ramo alternante com sintomas
Fonte: Diretrizes Brasileiras de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos lmplant~veis (DCEI), 2007 .

Figura 31.2 Modelos de dispositivos cardíacos eletrônicos implant~vei s (DCEI). 1: marca-passo uma câmara, 2:
marca-passo dupla câma ra

• Comando do marca-passo: é a pro- • Limiar de comando: é a menor energia


priedade do dispositivo de comandar ou liberada pelo aparelho que promove o co-
assumir o ritmo do coração, configurando mando eficaz.
o ritmo de marca-passo. Na falha ou perda • Captura: é a estimulação efetiva pelo
do comando, notam-se no ECG espículas dispositivo com a consequente contração
soltas, sem a respectiva onda P ou QRS. da câmara estimulada (Figura 31.6).
338 He1rocard10grama Onenlado para o Clln1co

Figura 31 .3 ECG no marca-passo unicameral. Notar a espícula ( • ) do marca-passo no comando do ventrículo


e deflagrando os QRS
d ireito, precedendo

• Demanda: é a sensibilidade (sense) do usual do marca-passo, como por exemplo


dispositivo em reconhecer a despolariza- o desconforto causado pela contração ven-
ção cardíaca espontânea e não deflagrar o tricular simultânea à contração atrial.
impulso elétrico neste ciclo. O aparelho fica • O pad rão eletrocardiográfico correlacio-
em espera até que a frequência dos impul- na-se com a região do implante do dis-
sos espontâneos torne-se mais lenta que a positivo.
programada no aparelho (Figura 31 .7). • Região de ponta ou apicai do VD - ECG
• Intervalo AV: é o intervalo programado tipo BRE de QRS largo maior que 120ms
no dispositivo entre a estimulação atrial e e com eixo elétrico para a esquerda en-
ventricular no aparelho de dupla câmara, tre - 30° e -60°, mostrando QRS positi-
equivalendo ao intervalo PR do ECG. vo em D1 e negativo em D2-D3 e aVF.
• Sensores: mecanismos que avaliam e • Região de trato de saída do VD - ECG
ajustam automaticamente a frequência de tipo BRE de QRS largo com eixo elé-
estimulação em resposta às necessidades trico entre oo e +90°, mostrando QRS
cronotrópicas fisiológicas do paciente. positivo em D2-D3 e aVF.
• Cardioversor-desfibrilador implan· • Região septal do VD - ECG t ipo BRE de
tável (CDI): dispositivos que percebem QRS mais estreito e eixo elétrico próxi-
taquiarritmias e acionam automaticamen- mo da normalidade; entretanto, certos
te mecanismos de choques programados pontos septais produzem o ECG tipo
para a reversão da arritmia (Figura 31 .8) . BRD.
• Síndrome do marca-passo: são alte- • Região epicárdica do VE- ECG tipo BRD.
rações adversas, hemodinâmicas ou eletro- • Implante multissít io - os complexos
fisiológicas, decorrentes do f uncionamento QRS são mais estreitos. As evidências
fletrocard1ograma no Implante de Harca·passo Cardlaco

Figura 31.4 ECG no marca-passo bicameral. Notar as espículas ( • A e • V) do marca-passo estimulando o átrio e
o ventrículo direito. respectivamente

Figura 31 . 5 ECG no marca-passo bica meral. Notar as d uas espfcu las (• A e • V) do marca-passo estimulando o
átrio e o ventrfculo direito, respectivamente, denotando a captura atrial e ventricular. Paciente com doença do
nódulo sinusal

sugerem que a estimulação em região Os pacientes com disposit ivos cardíacos


septal ou no trato de saída do VD cons- eletrônicos implantáveis (DCEI)* devem estar
tituem as melhores alternativas sob o atentos a fontes de interferência eletromag-
aspecto de funcionamento cardíaco. nética que possam danificar ou alterar a pro-
• Essa morfologia de QRS com marca-passo gramação previamente estabelecida . Os mais
dificulta sobremaneira o diagnóstico de in-
farto do miocárdio associado (Figura 3 1.9). * Marca-passo ou cardiodesfib rilado r.
34~ Hetrocardiograma Orientado para o Cl ínico

A
Figura 31 .6A a C Tes-
te de captura ventricu-
B lar. (A) ECG de superfí-
cie; (B) Limiar de 0,75V
apresentando captura;
c (C) limiar de O,SOV com
perda da captura

avRI
aVL

aVF -----lv--

Figura 31.7 ECG do marca-passo unicameral. Notar a espícu la ( • ) do MP. Ocorre falha de sense. O aparelho não
reconhece todos os batimentos cardíacos em frequência baixa e não deflagra o impulso elétrico. Paciente em BAVT

Figura 31 .8 M odelos de
dispositivos cardíacos ele-
t rônicos implantáveis (DCEI).
1: cardioversor desfibri lador
implantável, 2: ressi ncroni-
zador implantável
Helrowdlogrdmd nolmpldnlede HdrCd·pmo [drdlm 341

aVR
• aVL aVF

• •

• Vs • • Vs •

Figura 3 1.9 ECG no marca-passo unicameral. Notar as espículas ( • ) do marca-passo precedendo e deflagrando
os QRS. Paciente com infarto do miocárdio e BAVT

frequentes: equipamentos de ressonância mag- ção ventricular menor que 35% e ECG com
nética, sistemas detectores de metais e antifur- BRE de QRS largo maior que 150ms, condi-
to, eletrocautério, terapia com eletrochoque, ções que podem produzir o assincronismo
ablação por meio rad iofrequência e outros. de contração entre os ventrículos, o ajuste
• Ressincronização cardíaca é a utilização do dos intervalos da condução elétrica A-V (sin-
marca-passo multissftio no tratamento da
cronismo AV) e entre os ventrículos (sincro-
insuficiência cardíaca grave e refratária ao
nismo interventricular) através do dispositivo
tratamento otimizado. Em pacientes selecio-
ressincronizador cardíaco tem demonstrado
nados com parâmetros clínicos e eletrocar-
a melhora da condição hemodinâmica e da
diográficos determinados, como por exem-
plo miocardiopatias dilatadas em pacientes qualidade de vida, constituindo-se num pro-
em classe funcionallll ou IV do NYHA (New cedimento terapêutico de boa perspectiva
York Heart Association), com fração de eje- (recomendação classe I) (Figura 31 .1O).
342 Hetrocardiograma Orientado para o Clinico

03

aVR

aVL

aVF

V1

V2

V3

V4

V5

V6
A
Figura 31.1 OA e B ECG no paciente com assincronia interventricular. No tar: (A) BRE de QRS > 150ms, e
"partido" mas bem evidenciado em Dl -03-aVL-aVF; (continua)
Hetrocard1ograma no Implante de Harca-passo Cardlaco 343

03

aVF

V1

V2

V3

______A'"-___A
-
(B) após o dispositivo de ressmcronização, ocorre a normalizaç~o da duração do QRS Cateteres-eletrodos em AO,
VD septal, VE
Sistema Holter
fliane Mendonça Hansur
PauloJosé Garone dos Santos

INTRODUÇÃO da por telefone para uma central de análise.


Além dessa forma de gravação intermitente,
O sistema Holter, também conhecido como ele- existe também aquela realizada por monitores
trocardiografia dinâmica e eletrocardiografia implantáveis que são colocados no subcutâ-
contínua ambulatorial, é um exame não inva- neo da região infraclavicular do paciente. Tais
sivo utilizado para avaliação de pacientes com dispositivos permitem uma monitoração por
patologias e/ou sintomas que podem estar as- longo período, sendo recomendados para sin-
sociados à alteração do ritmo cardíaco. Por se tomas pouco frequentes.2
tra tar de um método que permite a avaliação
contínua de longa duração (24 ou 48 horas) e
possibilitar ao paciente manter suas atividades
EQUIPAMENTOS EANÁLISE
habituais, torna -se um importante instrumen- Desde a década de 1950, quando Norman
to no diagnóstico de distúrbios t ransitórios, os Jefferis Holter apresentou um sistema de ra-
quais não seriam detectados no exame clínico diotelemetria para gravação de sinal eletro-
nem no eletrocardiograma convencional. 1 cardiográfico am bulatorial, constantes aper-
Outro sistema de eletrocardiografia am- feiçoamentos t ecnológicos permitiram maior
bulatorial utilizado nos casos de sintomas conforto para o paciente e melhor acurácia
esporádicos (semanais ou mensais) é o moni- da análise.3 O armazenamento dos dados ini-
tor de eventos (Looper), que consiste em um cialmente realizado em fita cassete magnética
equipamento com gravação intermit ente, de (método ana lógico) é atualmente obtido, na
tamanho reduzido, leve e que pode ficar aco- grande maioria dos centros, em gravadores
plado ao paciente por longos períodos. Esse digitais de 2, 3 e até 12 can ais, com a van-
monitor possui um mecanismo de memória tagem de possuírem um tamanho bastante
que permite, na vigência de sint omas, reter re- reduzido. Após o término da monitoração, os
gistros eletrocardiográficos por vários segun- dados são transferidos dos gravadores para
dos antes e após ser acionado pelo paciente. um computador com programa para a análise
A gravação, em seguida, pode ser transmiti- do sistema Holter. Em geral, os diferentes pro-
346 Hetrocardiograma Orientado para oClínico

gramas existentes no mercado analisam a fre- da de uma tabela de avaliação geral e de um


quência cardíaca (mínima, média e máxima), gráfico que indicam, respectivamente, a dis-
incluindo sua variabilidade, avaliam o inter- tribuição horária dos eventos e a curva de
valo QT e o QTc, o segmento ST e o tempo de distribuição nas 24 horas. Éimportante obser-
estimulação artificia l. Determinam também o var que, no sistema Holter, extrassístoles são
número e as formas de apresentação das ar- consideradas frequentes quando acima de 30
ritm ias supraventriculares e ventriculares. Tais por hora, infrequentes igual ou acima de 1O e
resultados são revistos e retificados, se neces- igual ou abaixo de 29 por hora e raras abaixo
sário, pelo médico analista, que seleciona os de 1O por hora.4 Para o médico solicitant e, é
exemplos mais significativos para impressão. importante avaliar a distribuição circad iana
A esses exemplos são adicionados os t raçados das arritmias, uma vez que o predomínio de
eletrocardiográf icos que ocorreram concomi- eventos, no período de vigília, sugere influên-
tantemente às queixas e atividades referidas cia do sistema simpático, ao pa sso que maior
no relatório do paciente. concentração no período do sono sugere de-
Um resumo dos dados analisados em todo pendência do sistema parassimpático. Essa
o período de monitoração é apresentado na análise pode ser de grande auxílio na escolha
página inicial do exame (Figura 32.1), segui- da terapêutica adequada 5 (Fig ura 32 .2).

Relatório de Holter

1 • o.doe do Eume
nfl do Exame Data do Exeme: 1218/200811 :08 Código
200-00380 Protocolo: Hoher de 3 canais com ajus1e de Hora 200.00288

2· Dlldoado :
Nome: PACIENTE N" 01 ldade: 35
Sexo: F Altura: Peso: Fumante:
Modlflcaçio: 70 75
Diagnóstico:
Motivo do Exame:

13. INdico Sollcbnbt Tel.


Fax.

4 • Resumo Eatlltfatlco
Toblls: Frequincle C.rdlece:

Duração (h): 24:03 Min: 88bpm


No Total de ORS's: 126.270 Média: 95 bpm
Ectópícos Ventriculares: 4.053 (3%) Máx: 135 bpm
Ectópícos Supraventriculares: 10 (<1%)
Artefatos(%): <1

Arritmia Ventrlcu..,_: Pau-


4.049 !soladas, das quais O Pausas (>=2,0 s.)
O em O episódios de Bigemlnismo
2 Episódios em Pares Depressio do ST
O Taquicardias
C1 : o episódios
C2: o episódios
C3: o episódios
Arrltmles Suprevemrlculeres: Eleveçlo do ST
Fi gura 3 2.1 Folha inicial do
10 Isoladas C1: o episódios exame apresentando um resu-
O Paraadas C2: oepisódios mo dos dados analisad os em
O Taquicardia& C3: oepisódios
todo o período de monitoração
Sistema Holter 347

Relatório Tabular

n.!!do Exame Data do Exame: PACIENTE NO 01 Código


Data do Exame: 1218/2008 11 :08:00

-
20G-oo380 20G-oo288

11:08
12:00
13:00
14:00
PC
fllllnl
75
78
81
94
,.:.,
94
98
98
122
·-1
PC

119
131
112
135
QR8'•

4.878
6.192
5.778
5.300
VIM

200
230
228
297
Ypr Tllq
y
TotY

200
230
228
297
-
8V

1
8V
....!!!!!_ .,
Tllq Toe
8V

1
......

15:00 89 105 123 5.019 245 245 5 5


16:00 82 109 125 5.385 294 294
17:00 87 108 117 4.984 265 265
18:00 87 107 135 4.848 300 1 302
19:00 85 102 115 4.547 278 278
20:00 74 97 130 4.377 323 323 3 3
21:00 76 92 122 4.280 245 245
22:00 73 85 112 4.378 234 1 236
23:00 68 80 99 4.834 20 20
00:00 69 81 111 5.102 2 2
01 :00 68 80 102 5.026 3 3
02:00 70 78 93 5.016 1 1
03:00 68 80 106 5.671 2 2
04:00 69 78 96 5.659 o
05:00 70 84 112 5.378 2 2
06:00 69 97 120 5.641 20 20
07:00 80 100 133 5.837 90 90
08:00 78 98 122 5.603 155 155
09:00 77 94 126 5.685 188 188
10:00 72 100 125 5.567 193 193
11 :00 88 108 112 1.285 234 234 1 1
Tolllla: 68 95 135 128.270 4.049 2 4.053 10 10

Figura 32.2 Tabela de avaliação geral demonstrando a distribuição horária dos eventos. Observa-se um predomí-
nio de extrassístoles ventriculares no período de vigília, sugerindo influência do sistema simpático

INDICAÇÕES paciente. Já a presença de importantes al-


t erações eletrocardiográficas sem sint omas
Baseadas principalmente na recomendação simultâneos induz ao questionamento, se
americana (ACC/AHA), 1 e considerando outros um agravamento desses distúrbios pode
estudos e diretrizes, 2•6•7 as principais indicações ser responsável pela queixa que motivou
pa ra a realização do sistema Holter são: a realização do método. A ausência, tanto
• Avaliação de sintomas: uma das prin- de sintomas quanto de arritmias, torna o
cipais indicações para a realização do Hol- exa me pouco conclusivo. 1
ter. Sua reprodução durante a monitora- • Palpitação recorrente e inexplicada:
ção é o fator que melhor contribui para a palpitação é o si ntoma ma is frequen-
eficácia do método. A concomitância ou te na indicação do Holter. É definida
não de sintomatologia com alterações ele- como a percepção dos bat imentos car-
trocardiográficas compatíveis com as mes- díacos e pode esta r associada ou não à
mas pode, respectivamente, comprovar alteração do ritmo card íaco.8•9 Quando
ou tornar pouco provável o distúrbio do na presença de arritmia, pode estar re-
ritmo como ca usa da queixa referida pelo lacionada com extrassístoles, bradiar-
348 lletrocardiograma Orien tado para o[línico

ritmias e taquiarritmias, sendo mais não confirmar o diagnóstico etioló-


comumente percebidas quando início gico, contribui para um melhor dire-
recente, súbitas ou intermitentes.9 cionamento da investigação 1 (Figura
• Síncope, pré-síncope e tontura inex- 32.3). É importante salientar que, se-
plicáveis: são sintomas que compro- gundo alguns autores, 10 síncopes po-
metem a qualidade de vida e podem tencial mente graves, como aquelas em
estar associados a graves distúrbios do pacientes com diagnóstico ou suspeita
ritmo. Entre eles, a síncope que ocorre de cardiopatia, com história fami liar
em todas as idades é o mais alarman- de morte súbita, que apresentem ECG
te. Pode causar injúrias graves e ser um com anormalidades sugestivas de etio-
preditor de morte súbita. 10 Seu prog- log ia arritmogênica, que ocorram du-
nóstico é dependente do diagnóstico rante o exercício ou que resultem em
etiológico e aquelas relacionadas com injúria grave, a internação em unida-
causas cardíacas apresentam maior de hospitalar não deve ser postergada
mortalidade.11 para a realização desse exame.
A recorrência esporádica da síncope • Outros sintomas que também justi-
faz com que sua reprodução seja in- ficam a indicação do sist ema Holter:
frequente em uma monitoração de 24 dispneia, dor no peito e fadiga de ori-
horas; contudo, a presença, mesmo gem inexplicada que, embora menos
assintomática. de acentuadas bradiar- comumente. podem estar relacionados
ritmias ou taquiarritmias, apesar de com arritmias (Figura 32.4); ocorrência

Figura 32.3 Pausa de 8 .277ms em paciente com história de síncope. Durante a monitoração contínua, foram
detectados episódios de flutter e fibrilação atrial paroxíst icos com pausas sinusais prolongadas e assintomáticas
durante reversões espontâneas.
S1stema Holter

de eventos neurológicos quando exis- baixa variabilidade demonstra redu -


te suspeita de episódios de fibrilação ção do tônus vagai e/ou aumento do
e flutter atrial paroxísticos; persistência tônus simpático, o que pode elevar o
de síncope, pré-síncope, tontura e pal- risco de desenvolvimento de arritmias
pitações que não responderam à te- ventriculares malignas. 15 Sua avaliação
rapêutica adequada de outras causas no sistema Holter pode ser realizada
não arrítmicas previament e diagnosti- t anto pelo método que utiliza o domí-
cadas.1 nio de tempo quanto pelo domínio de
• Avaliação de risco em pacientes f requência. O SDNN (desvio padrão da
sem sintomas de arritmia duração de todos os ciclos cardíacos
• Após infarto do miocárdio com dis- normais durante a monitoração) é um
função do ventrículo esquerdo: a ta- índice de domínio do t empo ut ilizado
quicardia e a f ibrilação vent ricu lar são na estratificação de risco em pacientes
as causas mais comuns de morte sú- após IAM. São considerados anormais
bita nos pacientes após infarto agu- valores abaixo de 50ms. 2 Apesa r de a
do do miocárdio (IAM). 1 A presença, variabilidade da frequência cardíaca
no Holter, de taquicardia ventricular ser apontada como um preditor in-
sustentada (TVS), assim como de ec- dependente de mortalidade geral, em
topias ventriculares frequentes e ta- pacientes que sobreviveram ao IAM,
quicardia ventricular não sustentada seu valor predit ivo positivo para morte
(TVNS) associadas à disfunção do ven- arrítmica é baixo, sendo necessária sua
t rículo esquerdo, é considerada por associação a outros parâmetros, como
vários autores7•12·13 · 14 como fator de arrit mias ventriculares e disfunção do
risco para morte arrítmica nos pacien- ventrículo esquerdo, para aument ar
tes com IAM prévio. Outro parâmetro a probabilidade diagnóstica de morte
importante avaliado nesses pacientes súbita. 6·16
por uma gravação contínua é a varia- • Insuf iciência cardíaca congestiva: ape-
bilidade da freq uência cardíaca, que sar dos avanços terapêuticos, a in-
reflete a interferência do sistema ner- suficiência ca rdíaca congestiva (ICC)
voso autônomo no ciclo si nusal. Uma mantém ainda elevada taxa de morta-

Figura 32.4 Traçado de Holter demonstrando taquicardia ventricular sustentada com uma hora de du ração. Con-
comitantemente, houve relato de cansaço pela paciente
]50 Hetrocardiograma Or1entado para oClínico

lidade, com maior risco de morte sú- • Avaliação do efeito pró-arrítmico: na


bita. Possui também alta incidência de prática clínica, fármacos comumente
arritmias ventriculares. 17 Em diversos utilizados como antiarrítmicos po-
estudos, a presença, no Holter, de ex- dem, paradoxalmente, ocasionar o
trassístoles ventriculares frequentes e aparecimento de novas arritmias ou
complexas, TVNS e TVS, é considerada exacerbar as preexistentes, bem como
preditor de mortalidade nos pacientes prolongar o intervalo QT e provocar
com fração de ejeção reduzida .1s· 19.2o disfunção dos nódulos sinusal e atrio-
A variabilidade da frequência cardíaca ventricular.1 O diagnóstico desse efeito
também se encontra reduzida na ICC, pró-arrítmico pode ser real izado, atra-
devendo, porém, como nos casos após vés do sistema Holter, comparando os
IAM, ser associada a outros achados exames feitos antes e após o início do
para aumentar seu valor preditivo po- tratamento.
sitivo para morte arrítmica.w
• Controle terapêutico da f ibrilação
• Miocardiopatia hipertrófica: a estra-
atrial: a fibrilação atrial é a arritmia
tificação de risco na miocardiopatia
sustentada mais comum dentre as que
hipertrófica torna-se de grande impor-
evoluem com repercussões clínicas.
tância quando se observa que morte
apresentando morbidade e mortalida-
súbita pode ocorrer em pacientes com
de significativas. 25 O controle adequa-
ou sem sintomas prévios, atingindo,
do da resposta ventricular é uma das
principalmente, adolescentes e adultos
metas terapêuticas de maior importân-
jovens, incluindo atletas. 22 A presença,
cia, já que os casos que persistem com
no Holter, de TVS e/ou episódios múl-
frequência ventricular elevada podem,
tiplos, repetitivos, prolongados ou sin-
além de alterações hemodinâmicas.
tomáticos de TVNS, tem sido associada
evoluir com disfunção ventricular. a
a um maior risco de eventos arrítmicos
chamada taquicardiomiopatia. O siste-
fatais nesses pacientes. 22
• Avaliação da eficácia da terapia ma Holter torna-se um importante ins-
antiarrítmica trumento de avaliação da eficácia te-
• Avaliação da resposta antiarrítmica: o rapêutica nessa arritmia, uma vez que
controle da terapia antiarrítmica pelo os diversos fármacos utilizados para
Holter não deve ser indicado em pa- controlar a frequência ventricular po-
cientes sabidamente com baixa inci- dem não só falhar em atingir esse ob-
dência de arritmia, já que a conhecida jetivo, como também, principalmente
va riação espontânea desses eventos no período de repouso, produzir lon-
pode prejudicar essa avaliação. 8 Segun- gas pausas e acentuadas reduções da
do alguns autores, 23·24 em uma grava- frequência ventricular (Figura 32.5).
ção de 24 horas, para que se possa Outros benefícios de uma gravação
sugerir a eficácia terapêutica com rela- contínua de 24 horas são a detecção
ção às arritmias ventriculares, torna-se de episódios sintomáticos e assin-
necessária uma redução em torno de tomáticos de fibrilação atrial, assim
83% na média horária das extrassísto- como o diagnóstico dos mecanismos
les ventriculares, 75% das extrassístoles precipitantes. Como o sistema nervo-
acopladas e 65% das TVNS. so autônomo pode sabidamente atuar
Sislemd Holler 351

como um gatilho para o desenvolvi- temente localizadas nos territórios das


mento da FA. a análise da variabilidade veias pulmonares do átrio esquerdo,
da frequência cardíaca nos momentos o sistema Holter é útil não só em de-
que precedem o início da taquiarritmia monstrar a etiologia extrassístólica ,
poderá demonstrar se ela é desenca- como também, no caso de uma gra-
deada após um predomínio do tônus vação com 12 derivações, identificar a
parassimpático (dependente de bra- origem do foco ectópico, permitindo
dicardia), de uma hiperatividade sim- assim a opção por uma conduta não
pática (dependente de t aquicardia) ou farmacológica. 26
até mesmo de uma mudança brusca • Avaliação de isquemia miocárdica:
na modulação autonômica (variações diversos estudos27 ·28 têm demonstrado, em
súbitas da frequência cardíaca) . O co- pacientes coronariopatas, o va lor prognós-
nhecimento dessas característ icas po- tico da isquemia miocárdica documentada
derá ser extremamente relevante para em uma monitoração contínua ambula-
evitar o uso de fármacos que acen- torial. O mét odo possui a vantagem de
tuem os fatores precipitantes como poder, durante atividades diárias e estres-
aqueles bradicardizantes nas arritmias se emocional, quantificar a int ensidade, a
dependentes de tônus parassimpáti- duração e o padrão circadiano dos episó-
co. 26 Além disso, na FA originada de dios isquêmicos. Na tentativa de evitar a
extrassístoles, que estão mais frequen- utilização de diferentes par.§metros pelos

Figura 32.5A e B Traçado de Holter de um paciente portador de fibrilação atrial permanente em uso de fármacos
para controle da resposta ventricular. Durante atividade (A) observou-se frequência ventricular superior a 1OObpm.
Por outro lado, no período do sono (B) ocorreram longas pausas e reduções acentuadas da frequência cardíaca
352 HetrocardJOgr ama Orientado par a oClín1co

especialistas, foram sugeridos, na década da a um supradesnível transitório do


de 1980, critérios para o diagnóstico de segmento ST. 32 O risco de os pacientes
isquemia miocárdica no sistema Holter. 29 evoluírem com IAM e/ou morte súbita
Tais critérios são constituídos de infrades- e a presença muitas vezes de um tes-
nível do segmento ST de 1mm ou mais (a te ergométrico sem alterações torna
80ms do ponto J), com duração igual ou o sistema Holter, nessa patologia, de
superior a 1min e pelo menos 1 min de extrema importância (Figura 32.7).
intervalo entre os episódios isquêmicos • Pacientes incapacitados para atividade
(1 x 1x1). física : o Holter é um importante ins-
• Pesquisa de isquemia silenciosa: em trumento para estratificar pacientes
pacientes com doença arterial corona- incapacitados de realizar exercícios
riana conhecida, estudos com Holter quando apresentam dor torácica e/ou
demonstraram que cerca de 80% dos vão ser submetidos a cirurgia vascular.1

episódios isquêmicos são assintomá- O último caso, a presença de isquemia


miocárdica durante a gravação tem
ticos, ocorrendo principalmente nas
sido apontada como um preditor de
primeiras horas da manhã.27·30·31 Esses
eventos cardíacos durante e após o
achados, quando associados a teste
procedimento cirúrgico.33
ergométrico isquêmico, apresentaram
• Limitações do método para o diagnós-
um significativo valor prognóstico para
tico de isquemia miocárdica: as limita-
morte e/ou infarto agudo do miocár-
ções da análise do segmento ST são,
dio28 (Figura 32 .6).
no Holter, em grande parte semelhan-
• Angina variante de Prinzmetal: precor-
tes àquelas do teste ergométrico e in-
dialgia em repouso é uma das princi-
cluem, entre outras, bloqueio de ramo
pais indicações para a realização de esquerdo, taquiarritmias, pré-excita-
eletrocardiografia ambulatorial, sobre- ção ventricular e hipertrofia ventricular
tudo quando existe a suspeita de an- esquerda. 1 É importante salientar que
gina variante de Prinzmetal. A última um aumento na amplitude do comple-
tem como fator precipitante o espas- xo QRS, devido à mudança postura!,
mo das artérias coronárias e se ca rac- pode, proporcionalmente, acentuar al-
teriza clinicamente por dor isquêmica terações já existentes no segmento ST
durante inatividade (predominante- e ser erroneamente interpretado como
mente no período noturno) associa- isquemia miocárdica.

Figura 32.6 Traçado obtido na monitoração ambulatorial de um paciente com doença arterial coronariana conhe-
cida . Durante elevação da frequência cardíaca. nota-se no canal 2 (MCS - traçado inferior) depressão horizontal do
ponto J e do segmento ST na ausência de sintomatologia (isquemia silenciosa)
S1s1ema Holler 353

• Avaliação de m arca-passo artif icial do MP e do cardioversor-desfibrilador


e cardioversor-desfibrilador im- implantável (CDI) imediatamente após o
plantável: o sistema Holter é indicado implante, assim como para controle da
em pacientes portadores de marca-passo resposta t erapêutica farma cológica an-
(MP) para avaliar sintomas como sínco- tiarrítmica associada. Além disso, tem a
pe, palpitação e tontura, que podem ser vantagem de determinar a frequência ven-
consequência de pausas e/ou taquicardias tricular das taquiarritmias supraventricula-
resultantes de diversas disfunções na esti- res, o que permite uma programação ma is
mulação cardíaca artificial (Figura 32 .8). É segura na tentativa de evitar descarga ina-
indicado também para avaliar as funções propriada de alta energia pelo CDI. 1

-v v v v v v v- r v v--

c
...}.
-
A A._ L A L l A... "---- L-

Figu ra 32.7 A a C Exemplo de angina variante de Prinzmetal. (A) Paciente assint omático. (B) Paciente em repouso
referindo dor no braço esquerdo e dificuldad e de digestão. Concomitantemente, no traçado de Holter foi obser-
vado no canal 1 (MCS - traçado superior) acentuado supradesnivelamento do segmento ST com duração de 3
minutos. (C) Após a melhora clínica com a normalização do segmento ST
354 Hetrocardiograma Or ientadopara oClln 1co

Figura 32 .8 Marca-passo artificial de dupla câmara apresentando pausa de 1.855ms, interrompida por um bati-
mento de escape. A seguir, observa-se nova pausa de 1.077ms. A interferência observada na linha de base sugere
que a estimu lação artificial foi inibida pela contração dos músculos esqueléticos, erroneamente interpretada pelo
marca-passo como atividade cardíaca (inibição por mio potenciais)

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fletrocardiograma na
Criança eno feto
fduardo Hachado Andréa
JacobAtié
Washington Haciel

ELETROCARDIOGRAMA NA CRIANÇA Aná lises de eletrocardiografia dinâmica


(Holter) em neonatos a termo, não cardio-
A Organização Mundial de Saúde 1 classifica a patas, demonstraram variação da frequência
criança como todo indivíduo com idade me- cardíaca, mínima de 55 a 75bpm e máxima
nor ou igual a 20 anos, dividindo-os em cin- tão alta quanto 220bpm para o ritmo sinusal,
co categorias (classificação também adotada como também extrassistolia atria l (14%), ex-
pela Sociedade Brasileira de Pediatria): trassistolia ventricular (42%) e pausas sinusais
1. Recém-nato, de O a 29 dias de vida (72%).5
2. Lactente, de 30 dias a 2 anos de idade. Como no adulto, a análise das ondas e in-
3. Pré-escolar, de 2 a 4 anos de idade. tervalos eletrocardiográficos deve ser sequen-
4. Escolar, de 4 a 9 anos.
cial, ou seja: onda P, intervalo PR, complexo
5. Adolescente, de 1O a 20 anos de idade.
QRS, segmento ST, onda Te onda U.
O Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei Federal nll 8.069/90) diz que abaixo de 12 Onda P
anos é criança e de 12 a 18 anos de idade é
adolescente.2 A duração normal da onda P é menor que
As primeiras publicações de eletrocardio- 80ms (60 +/- 20ms) e a amplitude menor ou
grama em criança datam de 1908, e em 1913 igual a 0,25 mV;3 ·6 portanto, os valores (me-
um amplo estudo eletrocardiográfico foi feito didos na derivação D2) são semelhantes aos
em recém-natos a termo, prematuros, lacten- do adulto 7
tes e pré-escolares. Na década de 1930, as
mudanças eletrocardiográficas concorrentes Intervalo PR (iPR)
com o desenvolvimento da criança foram am-
plamente relatadas. 3 É o intervalo medido do início da onda P ao
Assim, uma faixa de variação dos valores início do complexo QRS, e sof re ampla va ria-
eletrocardiográficos normais foi criada na de- ção, na dependência da idade e da frequência
pendência da idade da criança (Tabela 33.1 ) .4 cardíaca (FC) (Tabela 33 .1). A FC é dependente
358 fle trocardiograma Orien tado para oClinico

Tabela 33.1 Parâmetros eletrocardiográficos normais na criança


Idade FC (BPM) iPR (MS)D2 ORS(MS)V5 Eixo ORS (PF)
O a 3 dias 90 a 160 80 a 160 25 a 75 60 a 195
3 a 30 dias 90 a 180 70 a 140 25 a 80 65 a 185
1 a 6 meses 105 a 185 70 a 160 25 a 80 10 a 120
6 a 12 meses 11 O a 170 70 a 160 25 a 75 10 a 100
1 a 3 anos 90 a 150 80 a 150 30 a 75 10 a 100
3 a 5 anos 70 a 140 80 a 160 30 a 75 10 a 105
5 a 8 anos 65 a 135 90 a 160 30 a 80 1O a 135
8 a 12 anos 60 a 130 90 a 170 30 a 85 1O a 120
12 a 16 anos 60 a 120 90 a 180 35 a 90 10 a 130
Valores observados em 2% a 98% das crianças normais no estudo'
FC = frequência cardíaca (bpm = batimentos por minuto); iPR = intervalo PR (ms = milissegundos);
QRS = complexo QRS (PF = plano frontal).

d a idade, do t ônus autonômico, da tempera- recém-nato (predom ínio ventricular direito) .


tu ra corporal e da atividade física J Em geral, Após 30 dias de vida o lactente pode apresen -
o iPR varia de 100 a 180 ms 8 (Figuras. 33.1 a ta r o eixo dentro da faixa de variação normal
33.3 e 33.6 a 33 .8). do ad ulto (- 30° a+ 120°), mas, com maior fre-
O iPR curto (menos de 80ms) ocorre em quência, ainda com desvio para a direita.
criança assintomática, seja por apresentar um Do 3 2 ao 52 mês de vida o eixo méd io do
nódulo AV embrionário, seja por uma co ndu - complexo QRS desvia-se para a esquerda e,
ção nodal rá p ida (simpaticotonia). O fato é com um ano de idade, fica p róximo a +60° a
que não se deve supervalorizar essa medida , partir de então. 10
exceto no caso de palpitação taquicárdica . O predomínio ventricular direito (VD) no
Neste caso específico, a criança pod e apresen- eletroca rdiograma 11 no recém-nato deve-se a
tar taquicard ia reentrante nodal AV. 9 sua hipertrofia imprimida pela circulação fetal.
Cabe lembrar que crianças entre os 5 e 1O Com o desenvolvimento da criança, ocorre o
anos de idade em geral apresentam queixa de predomínio ventricular esquerdo (VE) sobre
"dor no peito" durante a taqu iarritmia, que
o direito; em poucas semanas, fecha-se o ca-
na maioria das vezes é observa da pela família
nal art erial e as pressões pulmonares norma-
(em geral a mãe, pelo maior contato co m a
liza m, de tal sorte que, no primeiro semestre
crian ça) .
de vida, a árvore arteriolar pulmonar apresen-
ta padrão adulto. Este padrão d e pressão sis-
Complexo ORS tólica do ventrículo direito t ipo sistêmica para
A duração do complexo QRS é depend ente da níveis inferiores de pressão ocorre em horas a
idade (Tabela 33.1 ), sendo menor que 80ms dias, e a transição eletrocardiográfica do pre-
até os 8 anos de idade, e menor de 90ms aci- domínio do VD ao nascer para o predomínio
ma de 8 anos.l do VE retarda-se com relação à mudança he-
O eixo médio do complexo QRS (sempre modinâmica para o mesmo período . As pri-
calculado no plano frontal) é desviado para a meiras forças elétricas do VE são registradas
direita (ent re +90° a + 180°) e para a frente no por vo lta de um mês de vida.12
Hetrocard1ograma na [nança e no feto

Figura 33 .1 ECG em men1no de 1 mês, coração normal. Notar: FC de 160bpm, 1PR de 1OOms. QRS com duração
de 80ms. SâQRS em + 90•. padrão RS em V1 com onda T negativa e padrão R>5 em V6

Figu ra 33 .2 ECG em menina de 8 meses. coração normal. Notar: FC de 1OObpm, iPR de 120ms. QRS com duração
de 80ms. SâQRS entre + 300 e + 60•, padrão Rs em Vl , qR em V6, e onda T negativa de Vl a V3

Dessa forma. o complexo QRS demonstra Uma das formas de diferenciar o predomí-
padrão R. Rs ou RS (RIS >1) em V1-V2 e pa- nio fisiológico do VD e a verdadeira hipertro-
drão rS, qrS em V5-V6 no primeiro ano de vida fia ventricular direita (HVD) no recém-nato é
(Tabela 33.2) 13 (Figuras 33.1 e 33 .2). Já de 4 a o tempo de aparecimento da deflexão intrín-
8 anos, em geral, o padrão fica RS em V1 e Rs seca em V1 . Este tempo normal é menor que
em V5-V6" (Figura 33.3). Entretanto, 15% dos 40ms, ao passo que na HVD é maior ou igual
recém-natos apresentam padrão rS em V1 -V2 . a 40ms (Figura 33.4).
360 Hetrocardiograma Or1entado para oClínico

Tabela 33.2 Percentual de crianças normais de Oa 12 anos com predomínio do complexo


ORS positivo na derivação V1 13
Idade Oa 9 Meses 10 Meses a 2 anos 3 a 5 Anos 6 a 12 Anos
Onda R Rs RS (RIS> 1) 89% 77%

Figura 33 .3 ECG em menino de 7 anos, coração normal. Notar: iPR de 120ms, QRS com duração de 1OOms,
SâQRS entre + 60° e + 90°, pad rão RS em Vl, Rs em V6, e onda T negativa de V1 a V3

Segmento ST (sST) Onda T


A avaliação do supra ou inf radesnível do sST As alterações da onda T evolutivas com a ida-
f ica dependente da escolha da linha de base. de da criança são mais difíceis de int erpret ar
A linha de base é t irada do fi nal da onda T ao que as do complexo QRS.

início da onda P (Figura 33.5). Entret anto, na No primeiro dia de vida do recém-nato
a t ermo, a onda T é positiva em V1, como
criança é mais difícil usar est e parâmetro, pois
result ado da repola rização precoce do VE e
a alta freq uência cardíaca da pró pria idade faz
térmi no tardio da despolarização do VD. Esta
com que a onda T superponha-se à P. Neste
onda fica negativa em V l em todos os recém-
caso, o segmento PR (do final da onda P ao
nat os normais após as 72 horas de vida (Tabe-
início do complexo QRS) é ut ilizado como o la 33.3). 14 Onda T positiva após 7 2 horas deve
eixo da linha de base. ser considerada patológica, tipo sobreca rga
Supradesnível máximo ocorre, normal- ventricular direita. 16
mente, na adolescência (0, 11 a 0,37mV) (Fi- A onda T é negativa em V5-V6 em um t er-
gura 33.6). qua nto grandes inf radesníveis na ço dos recém-natos nas primeiras 72 horas,
pré-adolescência (0,04 a 0, 12mV)Y· 15 f icando positiva após o quarto dia de vida. 14
Hetrocardiograma na Criança e no feto 361

Figura 33.4 ECG em menino de 5 anos, portador de transposição dos grandes vasos operado. Notar: iPR de
140ms, QRS com duração de 1OOms, SâQRS entre + 150° e + 180°, padrão R em V1 com deflexão intrínseca da
onda R de 40ms devido a hipertrofia ventricu lar direita. Deflexão intrínseca é a medida do infcio do complexo QRS
ao pico da onda R
362 fletrocardiograma Orientado para o[linico

Figura 33. 5 A linha de base ideal do ECG é dada pela reta q ue passa pelos segmentos PR e ST (po ntilhad os)

Figura 33.6. ECG em menino de 6 anos, coração normal. Notar: iPR de 1 OOms, QRS com duração de 80ms, SâQRS
entre + 60° e + 90°, padrão rS em V1, qR em V6, onda T negativa em V1.V2, su pradesnível normal do seg mento ST
de V3 a V6 devido a repolarização vent ricular precoce

Tabela 33.3 Variação de polaridade de onda T na criança


Idade/onda T em Vl 24 a 72 horas 3 dias a 5 anos 6 a 14 anos
Positiva 80%a 88% 0% a 18%
Negativa 18% a 20% 100% 82% a 100%
fletrmrd1ograma na Cnança e no feto 363

Figura 33.7 ECG em memno de 9 anos, coração normal. Notar: 1PR de 120ms, QRS com duração de 80ms, SãQRS
em + 60°, padrão rS em Vl, qRs em V6, onda T negativa em Vl e b1modal em V2-V3, caracterizando o padrão
JUvenil de repolarização ventricular (em detalhe em V2 e V3 longo)

Após um mês de vida, os achados eletro- visualização da onda U depende da FC (Tabela


cardiográficos da repolarização ventricular 33.4) 16 (Figura 33 .8).
(onda T) assemelham-se aos do adulto. Esta onda é vista com mais nitidez entre
Existe uma forma de onda T definida como V2 e V5, tendo sua amplitude em torno de
padrão juvenil, em que a onda T é bimodal 10% da onda T (variando de 4% a 28%).7

(Figura 33 .7). podendo ser confundida com o


bloqueio atrioventricular 2:1. Tabela 33.4 Relação entre a frequência
cardíaca e a onda U
Onda U Variação da FC Visualização
da onda U
A onda U é muito comum no adolescente,
< 65bpm 90%
mas pode não ser evidenciada em criança
Entre 65 e 80bpm 66%
com menos de 8 anos.1s Talvez isso se deva
Entre 80 e 95bpm 25%
ao fato de a frequência cardíaca na criança
> 95bpm Raro
ser mais alta que a do adolescen te, já que a
364 Helrocardiograma Orientado para o Clinico

Figura 33.8A e B ECG com as seis derivações precordiais simultâneas. (A) Apresenta FC de 68bpm e onda U evi-
dente nas derivações de V2 a V6. (B) Demonstra aumento da frequência cardíaca para 78bpm, que leva à somação
de imagens das ondas TeU, que dá uma falsa impressão de aumento do intervalo QT e de uma onda T bimodal
Hetrmrd1ograma na [fldnça e no fe to 365

Figura 33.9 ECG com intervalo QT prolongado e 1ndução espontiinea de torsades de pointes. O iQT é de 920ms
medindo-se em V2, enquanto o intervalo QT corrigido é de 760ms. Na sequência, a derivação V4 demonstra a
indução de torsades de pointes

Intervalo OT (iOT) ritmias, tais como: extrassistolia atrial (2% a


33%), extrassistolia ventricular (6% a 17%),
O iQT é dependente da idade e da FC. Por- pausa e arritmia sinusal. 18
tanto, deve ser corrigido de acordo com a FC
(intervalo QT corrigido, QTc).
Desde 1920, a fórmu la proposta por Ba-
OELETROCARDIOGRAMA NO FET0 19-2o
zett ainda é a metodologia mais utilizada para O primeiro reg istro eletroca rd iográfico fetal
a medida do QTc em segundos. (ECGF) foi realizado em 1906, usando-se duas
O QTc normal é menor ou igual a 440ms. derivações na mãe (um eletrodo intracavitário
Valores superiores a 480ms devem ser avalia- e outro abdominal).21
dos com cautela, e valores acima de 600ms A partir de 1938, despertou-se o interes-
são prelúdio de arritmias ventriculares graves se na captação do potencial elétrico cardíaco
(torsades de pointes) - síndrome do QT longo fetal , que pode ser obtido tão precocemente
(Figura 33.9). quanto no quarto mês de gestação, mas com
maior regularidade após o sexto mês. A au-
CRIANÇA PREMATURA sência desse potencial elétrico não é sinal de
morte fetal. 22·23
O eletrocardiograma da criança premat ura Em 1953, foi feito o registro intrauterino
com relação àquela a termo apresenta dura- direto do ECGF através de um eletrodo com
ção do complexo QRS mais curta . Os interva- fio de prata dentro do saco amniótico.24
los PR e QT também são mais curtos, no caso Existem duas formas do registro ECGF: a)
como conseq uência de uma FC maior. registro indireto, onde o sinal é captado atra-
A criança prematura ao nascer demonstra vés de eletrodos colocados na mãe, o que
menor predomínio do ventrículo direito do limita a captação do sinal (geralmente só re-
que a criança a termo. No prematu ro, a FC é gistra o complexo QRS fetal) devido à baixa
maior e a voltagem precordial é red uzida no amplitude do sinal do coração fetal e à grande
prematuro com um ano de idade. 17 interferência materna; e (b) reg istro direto que,
Crianças prematuras e de baixo peso ao atualmente, é restrito ao período intraparto
nascer, não cardiopatas, apresentam FC va- após ruptura da bolsa amniótica, o que permi-
riando de 77 a 211 bpm, como também ar- te o reg istro de todas as ondas do ECG. 2s
366 fletrocardiograma Orientado para o Clínico

Com o advento da ecocardiografia fetal, nato apresenta taquicardia por27•29 (Figu-


foi possível o diagnóstico de muitas arritmias ras 33.13 e 33.14):
fetais, por conseguinte o registro do ECGF • Via anômala : 62% a 90%.
passa a ter lugar histórico, visto sua dificul- • Flutter atrial: 30% a 46% (Figura 33.15).
dade técnica. • Fibrilação atrial: 0,2%
A arritmia fetal é definida quando um rit- A hidropisia fetal ocorre em 43% dos
mo regular apresenta frequência cardíaca me- casos de taquicadia supraventricular
nor que 1OObpm ou maior que 200bpm, ou com controle clínico em 71% dos ca-
um ritmo irregular. Normalmente, a FC fetal sos e mortalidade feta l de 13% (Figura
fica em torno de 140bpm. 33 .16)
A arritmia fetal diagnosticada pela ecocar- • Taquicardia ventricular, que ocorre em
diografia apresenta incidência de 1% a 2%. 0,4% na qual a associação a bloqueio AV
Hoje, com a experiência adquirida, a maioria total levanta a suspeita da síndrome do
das arritmias fetais é passível de diagnóstico, iQT longo congênito.30
como as que seguem.26 • Bloqueio atrioventricular (BAV) (Figura
• Bradicardia sinusal, em que a FC varia de 33.17).
40 a 90bpm (Figura 33 .1O).
• Taquicardia sinusal onde a FC varia de A doença do nódulo sinusal (DNS) ainda
160bpm a 200 bpm. apresenta dificuldade diagnóstica . Em nossa
• Extrassistolia atrial e ventricular ocorre em experiência, temos cinco crianças com DNS
33% e 2%, respectivamente (Figuras 33.11 congênita, com idade entre uma hora de vida
e 33.12). e 12 anos, quando do diagnóstico e do acom-
• Taquicardia supraventricular, em que a FC panhamento de um mês a 1O anos, das quais
varia de 200 a 320bpm . Ao nascer o neo- duas tinham diagnóstico de bloqueio atrio-

Figura 33.1O Bradicardia sinusal avaliada pela contração atrial (A) e ventricular (V). Frequência ventricular (FC) em
90bpm; VD = ventrículo d ireito; AO =aorta; AE = átrio esquerdo. Ecocardiograma fetal módulo M .
fletrocard1ograma na [riança e no feto 367

ventricular total pela ecocardiografia fetal e lógico por taquiarritmias apresentavam taqui-
três com diagnóstico de bradicardia sinusal. 31 cardiomiopatia, que reverteu completamente
A taquicardia reentrante por via anômala em uma semana a três meses após a cura da
ocorre mais em fetos e neonatos, enquanto taquiarritmia pela ablação por meio de radio-
a reentrada nodal AV é rara antes dos 2 anos frequência (cauterização endocárdica do foco
de idade, não descrita em fetos, aparecendo arrítmico através de cateter).
tipicamente entre 5 e 1O anos de idade. A ta-
quiarritmia atrial (taquicardia, flutter, fibrita-
AGRADECIMENTOS
ção) concorre com cardiopatia orgânica, po-
dendo levar à insuficiência cardíaca pela alta Agradecemos à equipe da CARPE - Cardiolo-
frequência cardíaca e pelo caráter incessante gia Pediátrica, através do Dr. Francisco Cha-
da taquicardia, denominado taquicardio- mié, do Dr. Astolfo Serra Jr. e, em especial, da
miopatia. Em nossa experiência, 32 7 de 176 Dra. Eliane Lucas, por fornecerem as figura s
crianças (4%) submetidas a estudo eletrofisio- sobre ecocardiografia fetal.

Figura 33 .11 Extrassístole atrial (ESA) do


átrio esquerdo (AE). Nota r a sfstole atrial
precoce seguida de pausa. Ecocardiog rama
módulo M

Figura 33.12 Extrassístole atrial (ESA) bige-


minada e bloqueada no nódulo AV, simulan-
do bradicardia sinusal; Frequência cardíaca
de 102bpm. A = sistole atrial; V =- sístole
ventricular. Ecocardiograma módulo M
368 Hetrocard10grama ~rie n tado para oClln1co

Figura 33 .13 Taqu1card1a supraventncu-


lar sustentada com frequênc1a cardfaca de
240bpm. Ecocardiog rama Doppler

Figura 33 .14 TaquiCardia atnal com condu-


ção atrioventncular 2: 1. Notar: duas sfstoles
atriais (A) seguidas de uma sfstole ventricular
(V). Frequênc1a atnal (FCA) de 170bpm e fre-
quência ventncular (FCV) de 85bpm. Ecocar-
diograma mód ulo M

Figura 33 .15 Flutrer atrial fet al com con-


dução atrioventncular em 2 :1 e 3: 1 Notar:
as ondas F de flutcer atnal (F) com frequênc1a
entre 300 e 4001pm e a resposta ventncular
(V) entre 150 e 200bpm. Ecocard1ograma fe-
tal mód ulo M (à esquerda)
fletrocard1ograma na [fiança e no feto

Figura 33.16 Fet o com taquiarritmia e


sofrimento Notar o acúmulo de líquido ln-
trauterino (hidropisia). Ecocardiograma fetal
bidimensional

Figura 33 .17 Bloq ueio atnoventncular do


2a grau, 2:1. Notar: duas sísto les atnais (A)
seguidas de uma sístole ventncular (V). Eco-
cardiograma Doppler

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Coração do Rtleta- Repercussões
fletrocardiográficas e
Alterações Cardíacas
Roberto Hahon

A saúde do atlet a vem ganhando cada vez int errompa a atividade física de indivíduos
mais at enção da medicina. Tal fato se dá por saudáveis por alterações fisiológicas que não
múltiplos fatores ou variáveis, entre eles a trariam risco.
complexidade das alterações f isiológicas nes- Tal situação se deve em muito à expresão
sa população. Tais variáveis são tão comple- "coração do atleta", que desde sua primeira ci-
xas que existe uma especialidade médica - a tação, por H. Henschen, em 1899, foi entendi-
medicina do exercício e do esporte - que tem da como sinônimo de hipertrofia cardíaca pa-
como foco o praticante de atividade física, t ológica em razão de existir verdadeiramente
podendo ele ser ou não um atlet a. 1 uma hipertrofia cardíaca fisiológica, condições
A abordagem ao eletrocardiograma do diferentes que não devem ser conf undidas. 3
atleta pelo médico generalista visa a que, com Adotaremos a t erminologia "coração do
o entendimento e a avaliação do traçado, se atleta" para o coração de um determinado
consiga identificar e diferenciar as alt erações indivíduo que não possui qualquer patologia
fisiológicas que não representam patologia orgânica do coração, e apresenta somente
daquelas alterações que podem colocar em adaptações fisiológicas ao exercício intenso,
risco um paciente em at ividade física, compe- regular e progressivo, alterações essas que são
titiva ou não. reversíveis com a diminu ição do treinament o
A incidência de morte súbita cardíaca em ao longo do tempo.
atletas é especialmente alta, com casuíst ica
est imada de 1 a 1, 5 por 250.000 atletas nos
CORAÇÃO DO ATLETA
EUA. 2
A importância de entendermos o coração Coração do atleta foi a expressão introduzi-
do atleta se dá não somente em sua própria da na medicina no f inal do século XIX, quan-
complexidade, mas no fato de que pequenas do um grupo de esquiadores foi submetido
alterações no ECG podem fazer com que in- a exame físico com percussão e palpação do
divíduos com risco à prática de atividade fí- tórax, comparativo, após uma competição.
sica sejam liberados ou, ao contrário, que se Os dados foram considerados, erroneamente,
372 fle trocardiograma Orientado para oClinico

como sinais de alteração patológica ligada à frequência cardíaca, da força de contração


dilatação do coração em consequência does- em cada sístole e o maior enchimento das
forço daqueles atletas. Tal erro pode ser con- câmaras cardíacas, causando um aumento
textualizado pelo entendimento da época, no significativo do débito cardíaco durante o
qual o aumento de volume cardíaco constituía exercício.
sinal indicativo de cardiopatia hipertrófica . Nos primeiros momentos da atividade
Com o advento do eletrocardiograma, foi física, essa resposta hemodinãmica se ele-
possível uma medição mais objetiva, apesar va rápida e proporcionalmente com a carga
de indireta, do tamanho do músculo car- de exercício imposta até um valor máximo,
díaco, principalmente dos ventrículos. Entre- determinado pela incapacidade cardíaca de
tanto, a existência de outras alterações na bombear sangue suficiente para a demanda
repolarização ventricular, no eixo elétrico e na requisitada ou pela falha de outro componen-
frequência cardíaca também trouxe alguma te do exercício, como pulmões ou músculos,
dificuldade na diferenciação entre a hipertro- sem que necessariamente o miocárdio tenha
fia fisiológica e a patológica, causando mais chegado a seu ponto máximo de trabalho.
uma série de dúvidas na interpretação do ECG Todas essas alterações perduram por al-
do atleta. gum tempo após o término da atividade fí-
Com o melhor entendimento da fisiologia sica, quanto maior o esforço, mais demorará
do exercício e dos mecanismos de respostas o indivíduo para retornar ao estado basal e,
ao exercício, essas características puderam ser quanto ma is treinado o indivíduo, mais rapi-
entendidas não como doença, mas como si- damente os valores retornarão aos níveis ini-
nais de um coração que fisiologicamente res- ciais pré-atividade.4 Outro ponto importante é
ponde ao estímulo e ao longo do tempo apre- a rápida queda dos níveis de pressão diastóli-
senta suas adaptações. Essas respostas são ca quando o exercício intenso é interrompido,
separadas em dois tipos: (a) resposta imediata principalmente se o for de forma abrupta.
ao estímulo, chamada de resposta aguda ou As adaptações cardíacas crônicas liga-
alteração aguda, e (b) resposta não imedia- das ao exercício e ao desporto requerem
ta ao estímulo, chamada de resposta crônica um entendimento mais complexo e também
ou adaptação crônica. Deve-se entender que dependem de mais variáveis. Existem prima-
exercícios diferentes causam respostas dife- riamente duas respostas: aumento de carga
rentes, tanto no tipo agudo quanto no crôni- pressórica isométrica ou estática e aumento
co, bem como as alterações não são iguais em de carga volumétrica isotônica ou dinâmica,
todos os indivíduos, mesmo que pratiquem a não sendo estas mutuamente excludentes.
mesma atividade com a mesma intensidade, Determinada atividade física que aplique pre-
indicando também um papel genético e hor- dominantemente força (modalidade estática)
monal nessas adaptações causadas pelo exer- tem que "vencer" a resistência vascular perifé-
cício intenso e repetitivo. rica que está aumentada, utilizando a contra-
As alterações agudas resultam da modu- ção muscular máxima, que será mais intensa
lação do sistema nervoso autônomo; inicial- e pior se a contração for isométrica ou por
mente, nos primeiros segundos, ocorre dimi- tempo prolongado sem que haja períodos de
nuição do tônus parassimpático e a seguir o relaxamento dessa musculatura. Tal adapta-
aumento do tônus simpático em seu controle ção se fará com um aumento da capacidade
sobre o coração. É percebido o aumento da do coração de produzir força, levando ao au-
Coração do Atleta- Repercussoes fletrocard1ograf1cas e Alterações Cardlacas 373

menta de espessura das pa redes ventricula- • No mergulho de apneia, os atletas treinam


res. A atividade física que aplique velocidade para dim inuir a frequência cardíaca a fim
durant e longos períodos (modalidade dinâ- de atingir maior profundidade ou se man-
mica) necessita que o organismo aumente ter mais tempo em apneia .
muito o débito cardíaco para manter o me-
tabolismo predominantemente aeróbico fun-
AS ALTERAÇÕES NO ELETROCARDIOGRAMA
cionando de maneira adequada, sendo que a
DO ATLETA
adaptação ocorrerá com o aumento da carga
volumétrica que o coração passa a receber e
impulsionar, sem necessariamente um grande
HIPERTROFIA VENTRICULAR
aumento da força a ser vencida pelo coração, Quando ut ilizamos para atletas os critérios
existindo dessa forma um aumento volumé- eletrocardiográficos de hipertrofia ventricular,
trico das câmaras ventriculares, como adap- tem-se um grande número de resultados,
tação primária.5 possivelmente falsos positivos, que podem ser
Alguns exemplos de exercícios estáticos
associados ao aumento f isiológico da parede
intensos: artes marciais, levantamento e arre-
ventricular ou à diminuição da parede torácica
messo de peso, f isiculturismo e lutas diversas;
e de seu panículo adiposo. Com base na afir-
de exercícios dinâmicos intensos: esqui cross- mação de Rost de que "o desenvolvimento do
country, corridas de média e longa distância,
coração de um atleta nunca excede os limit es
basquetebol e natação; de exercícios estáticos
fisiológicos", conclui-se que os achados hi-
e dinâmicos intensos e simultâneos: boxe,
pertróficos simétricos no ECG não significam
remo, triat lo e decatlo.
necessariamente uma alteração orgânica.
Observações interessantes:
Todavia, a suspeita de que o indivíduo apre-
• Existem características adaptativas comuns
senta alterações patológicas reais e também
em esportes diferentes: remo com esqui
pratique exercícios competitivos ou não, ad i-
cross-country, corrida de 100 metros com
cionando risco ao próprio, deve ser investiga-
natação de 50 metros ou ainda de judô
da por outros métodos complementares.6 ·7
com cabo de guerra .
Hipertrofia patológica é sugerida no eco-
• No xadrez. os jogadores lidam com alto
grau de estresse e o débito cardíaco se cardiograma quando a espessura do septo é

torna elevado durante as partidas, fato maior que 15mm ou a relação SIV/PPVE maior
importante por se tratar de atividade emi- que 1,5. No ECG, a normalização da alteração
nentemente mental. Esses atletas devem da repolarização ventricular (onda T) durante
ter em seus treinamentos atividades físicas a atividade física, observado também no teste
regulares e métodos de apoio para dimi- eletrocardiográfico do exerdcio, associado à
nuir o nível de estresse durante as partidas ausência de alterações em exames da cinética
e minimizar os riscos decorrentes. cardíaca e de alterações estruturais ao ecocar-
• No tiro ao alvo, seja com arma ou com arco, diograma, nos reporta que as modificações
a frequência cardíaca e os batimentos car- iniciais no ECG correspondem a alterações fi-
díacos fortes são fatores que atrapalham siológicas. Desse modo, o ECG do atleta com
a mira correta, pois o braço é desviado de critérios de hipertrofia ventricular deve servir
forma sutil com as bat idas do coração, mas como sinal para uma avaliação mais criteriosa
significativo para uma competição. (Figura 34.1 ).
374 Hetrowd1ograma Or1entado para o CliniCO

Figura 34.1 ECG de atleta de competição de remo, feminina, 19 anos. Notar nas derivações precordiais os
complexos QRS de amplitudes aumentadas, porém sem critérios para HVE, confirmado por ecoca rdiog rama. ECG
normal
Coração do Atleta- Repercussões Hetrocardiogrãficas e Alterações Cardlacas 375

REPOLARIZAÇÃO VENTRICULAR INTERVALO RR


Outro ponto importante no eletrocardiogra- A bradicardia de repouso no atleta é uma
ma do atleta é a avaliação de alterações na re- adaptação observada em várias modalidades
polarização ventricular. Alterações em ondas de alto rendimento. como remo, atletismo ou
T (apiculadas, aplanadas, bifásicas ou inver- natação, sendo descrita como resposta de um
tidas) e/ou alterações do segmento ST. como coração com maior capacidade volumétrica e
depressões ou elevações, podem ser observa- maior tônus vagai durante o repouso nesses
das no repouso em várias derivações. atletas. Todavia, alguns esportes se benefi-
Característica marcante em atletas é a in- ciam quando a frequência cardíaca está di-
versão ou a negatividade da onda T, o chama- minuída durante a competição e esses atletas
do de padrão juvenil, podendo estar presente têm como finalidade de seu treinamento di-
de 0,5% até 4, 7% na população de adultos minuir sua frequência cardíaca, mesmo quan-
sem doenças cardíacas. São mais frequentes do submetidos a estresse físico ou mental.

nas derivações precordiais direitas e confundi- Dentre os esportes em que esse treinamento
é mais importante, e por este mot ivo a bra-
das com isquemia miocárd ica, principalmente
dicardia pode ser facilmente observada, des-
se estiverem associadas a alterações do seg-
tacamos as modalidades de tiro com arco ou
mento ST. Para o diagnóstico diferencial, é
com arma e as modalidades de mergulho em
fundamental o conhecimento da história do
apnéia, seja caça submarina seja mergulho de
paciente, assim como manobras que normal-
profundidade. Por fim, é importante lembrar
mente revertem esse padrão, como as que
que o fato de mergulhar a face em água causa
alteram a frequência cardíaca ou respiratória.
um reflexo que diminui a frequência cardíaca
Se, por fim, a dúvida persistir, devemos proce-
(aumento do intervalo RR) se os atletas forem
der a um teste ecocardiográfico de esforço ou
observados nessas condições.
ergométrico, em que, na ausência de patolo-
Outra característica que pode ser observada
gia, os resultados serão normais.8
no intervalo RR é a variabilidade da f requência
No segmento ST, a alteração mais co-
cardíaca. Esta medida pode ser obtida em um
mumente encontrada em atletas refere-se
eletrocardiograma contínuo de traçado longo.
à elevação com concavidade para cima, a Alguns protocolos são sugeridos, como o teste
qual pode ou não estar acompanhada de
de quatro segundos ou a observação cont ínua
aumento de amplitude da onda T de forma cruzada com respiração normal e manobra de
assimétrica e apiculada . Ela é normalmente Valsafva . Indiferentemente do protocolo utili-
revertida durante a atividade física ou por zado, espera-se que o atleta tenha maior va-
manobras simpaticomiméticas. Essas altera- riabilidade do intervalo RR do que o não atleta
ções estão relacionadas com os fenômenos de mesmo sexo e grupo etário.9· 10
de despolarização/repolarização, de forma
que existe ou uma lentificação da repolari-
INTERVALO OT
zação ou aceleração da despolarização na
população em que percebemos tal alteração. O prolongamento do intervalo QT, caracte-
Tais achados são conhecidos como padrão risticamente com duração maior que 420
de repolarização precoce do atleta (Figuras a 440ms, é citado como tendo relação com
34.2 e 34.3). morte súbita em atletas, mas também pode
376 Hetrocard10grama Orientado para o Clln1co

Figura 34.2 ECG de atleta de competição de maratona, masculino, 28 anos. Notar: ondas Q profundas em
V4-V5-V6, complexos QRS de amplitudes aumentadas e ondas T negativas em V1 -V2-V3, sugerindo hipertrofia
septal e alterações da repolarização ventricular. Teste de esforço: normal. ECG com alterações da repolarização
fisiológicas para atleta
[ordçào do Rtleld- Repercussões fletrowdiográfJCdS e Rltmções [drdlms 377

Figura ~4.3 ECG de atleta de competição de remo. masculino. 24 anos. Notar: com plexos QRS de amplitudes
aumentadas. supradesnivelamento de ST e ondas T negativas e profundas nas paredes inferior e anterio r do VE.
Teste ergoespirométrico: normal. ECG com alterações da repolarização fisiológicas para atleta

aparecer como resposta crônica ao exercício deve ser vista no ECG como sinal de doença,
intenso e repetitivo em atletas. Esse achado desde que a história do atleta não nos repo rte
tem uma relação im portante com o tipo de a alguma patologia w
atividade praticada e com o tempo de treina- Doenças estruturais cardíacas devem ser
mento. É mais comum em atletas de modali- obrigatoriamente pesquisadas no exame cli-
dades como corrida de fundo, maratonistas, nicocardiológico inicial e evolu tivo do atleta,
triatlo ou outras modalidades com várias ho- por aumentar sobremaneira o risco de morte
ras de treinamento e competição que deman- súbita cardíaca durante a atividade f ísi ca com-
dam grande débito cardíaco. Analogamente petitiva . São elas: miocardiopatia hipertrófica,
às outras alterações, também tem uma ca rac- miocardites principalmente de etiologia vi ra!
terística individual e pode não ser observada que podem evoluir para miocardiopatia dilata-
em todos os praticantes de atividade desporti- da, doença aterosclerótica coronariana, pri n-
va . Como essa alteração é resu ltado da adap- cipalmente no atleta com mais de 35 anos de
tação fisiológica ao exercício, também não idade, sfndrome de Marfan, entre outras. 11
378 fletrocardiograma Orientado para o[línico

Também devem ser cuidadosamente acom- a investigações complementares mais amplas,


panhados os atletas que apresentam arritmias como ECG de esforço, ecocardiograma e estudo
cardíacas ventriculares complexas, fibrilação eletrofisiológico, para se determinar a necessida-
atrial, os portadores da sfndrome do QT lon- de ou a indicação da ablação da via acessória.12
go, da síndrome de Brugada e da síndrome de As alterações eletrocardiográficas observa-
Wolff-Parkinson-White. das no coração do atleta em princípio estão
A síndrome de Wolff-Parkinson-White 0/VPW) relacionadas com a resposta fisiológica do
caracteriza-se pelos seguintes sinais: intervalo PR organismo ao treinamento continuado. Crité-
menor que 120ms e espessamento do ramo rios que se definem como não patológicos de-
inicial do complexo QRS, configurando a onda vem normalizar-se durante o esforço físico; os
delta. A relação WPW e arritmias ventriculares parâmetros da função sistólica e diastólica ao
complexas que podem evoluir para morte súbita ecocardiograma também retornam ao normal
cardíaca durante o exercício determina que atle- algum tempo após a suspensão da atividade
tas que apresentam WPW devem se submeter desportiva (Figura 34.4).

aVI.

Figura 34.4 ECG de atleta de


competição de judô, masculi-
no, 25 anos. Notar a morfologia
d e BRD e BAV de 1° grau (IPR =
360ms). Teste ergométrico e eco-
cardiograma : normais. ECG com
alterações fisiológicas para atleta
(oraçaodo Rtlela- Repercussões He1rocard10gráficas e Rllerações Card1acas

cardiomyopathy in an elite adolescent athlete: role


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fletrocardiograma nos
Pacientes Idosos
Gustauo luiz Gouuêa de Almeida

O perfil etário da população humana mundial dos essa idade sobe para 65 anos. No Brasil,
tem experimentado importantes modificações a pessoa considerada idosa é aquela com 60
em consequência do progressivo aumento da anos ou mais, segundo o Estatuto do Idoso
longevidade, representando o mais importante (Lei 10.741, de 1!!-10-2003).
fenômeno demográfico contemporâneo. Essa Durante o processo de envelhecimento,
evolução da expectativa de vida observada nos ocorrem progressivas modif icações estrutu-
países desenvolvidos também vem ocorrendo rais e f uncionais do sistema cardiocirculató-
de maneira relativamente acelerada no Brasil, rio, que resultam em crescente prevalência
onde dobrou o índice de envelhecimento nos de doenças card iovasculares e, com isso, as
últimos 25 anos (1980-2005), e a população alterações eletrocardiográficas crescem para-
acima de 80 anos triplicou, sendo atualmen- lelamente à idade. Portanto, é de fundamen -
te estimada em dois milhões de pessoas. Em tal importância um melhor conhecimento das
contrapartida, a taxa de centenários residentes características, da natureza e da prevalência
no país vem aumentando significativamente, dessas alterações observadas nos gerentes.
tendo sido calculada em 1,4:10.000 no ano Em geral, na idade avançada, o coração
2000, entretanto, ainda inferior à do Japão, tende a aumentar de tamanho, o que é acom-
da Itália, da Grécia, dos Estados Unidos. Esti- panhado de modificações histológicas, nota-
ma-se que em 2020 o Brasil terá a sexta maior damente fibrose, calcificação, infiltração gor-
população idosa do mundo, de forma que a durosa e amiloide, com isso afetando o tecido
especialidade da card iogeriatria e os serviços muscular, o sistema de geração e de condução
de saúde passam a enfrentar mais um formi- da atividade elétrica. A pressão arterial sistê-
dável desafio nas políticas de prevenção e tra- mica aumenta progressivamente, de forma
tamento dessa categoria de pacientes. 1•2•3•4 que a maioria dos gerentes é hipertensa. Nos
A Organização Mundial de Saúde concei- vasos sanguíneos, observa-se a degradação da
tua idoso como todo indivíduo com 60 anos matriz extracelular, especialmente das fibras
ou mais, nos países em desenvolvimento, en- de elast ina, resultando diminu ição da elastici-
quanto para as pessoas de países desenvolvi- dade da parede vascular, conferindo-lhe maior
382 Hetrocardiograma Orientado para o Clínico

rigidez. No miocárdio, ocorre aumento na sua nominado "oldest-old", em geral goza de boa
pigmentação peta deposição de lipofuscina saúde, apresentando-se substancialmente
no sarcoplasma, em sua região paranuclear. "saudáveis", sendo raros os sinais clínicos de
O número de miócitos diminui. ocorrendo alterações cardíacas e, surpreendentemente,
aumento no tamanho dos remanescentes e à necropsia, seus corações evidenciam altera-
maior deposição de células adiposas. ções de menor gravidade.3 ·7 ·8·9 A importância
Em idosos clinicamente normais, entretan- do ECG na gerontologia sobressai ainda mais
to, é difícil assegurar se determinadas altera- ao considerarmos que mais de 50% dos idosos
ções vistas no ECG de repouso são resultantes será submetida a pelo menos uma intervenção
de condições cardíacas subclínicas tão fre- cirúrgica até o fim de suas vidas, sendo que
quentes nessa população ou se simplesmente a frequência de complicações peroperatórias
seriam consequência do processo natural da aumenta paralelamente com o número de al-
senescência. Tais dificuldades de interpreta- terações eletrocardiográficas em idade acima
ção decorrem também do fato de que são de 60 anos 10 (Figuras 35.1 e 35.2).
relativamente recentes os trabalhos em que
foram estabelecidos os valores de referenda
FREQUÊNCIA CARDÍACA (FC)
para pessoas idosas aparentemente saudáveis
(pacientes do estudo de Rotterdam). 5 Em pa- Nos indivíduos idosos saudáveis, em repouso,
cientes superidosos, assim definidos como os a FC é substancialmente estável. No estudo de
que têm 80 anos ou mais, as anormalidades Framingham, demonstrou-se que a frequên-
mais encontradas são: sobrecarga ventricu- cia cardíaca de pacientes com idade acima de
lar esquerda, bloqueio atrioventricular do 111 60 anos era de 74 +/- 12bpm em repouso,
grau, fibrilação atrial, batimentos ectópicos,
avaliada pelo Holter de 20 minutos. Em nos-
bloqueio do ramo direito, hemibloqueio an-
so meio, em estudo feito com 50 pacientes
terior esquerdo e alterações da repolarização
acima de 65 anos, a FC mínima variou de 45
ventricular. 6 Estudo feito com 132 centenários
a 75bpm durante o sono (média de 60,9) ea
norte-americanos clinicamente sadios mos-
máxima de 60 a 150bpm durante as ativida-
trou que apenas 7% deles tinham ECG nor-
des diárias (média de 79,8). 11
mais (nenhum deles homem), identificando-
se 23 diferentes alterações, sendo as mais
comuns: fibrilação atrial (23%), extrassistolia VARIABILIDADE DA FREOUÊNCIA CARDÍACA
(23%), bloqueio atrioventricular do 111 grau (VFC)
(1 7%), desvio do SâQRS para a esquerda
{17%), hipertrofia ventricular esquerda (3%), Seu estudo tem o objetivo de avaliar a função
distúrbios da repolarização ventricular, blo- autonômica. Ela reflete, em última análise, a
queio do ramo esquerdo ou direito, estando ritmicidade intrínseca do nódulo sinusal, sen-
o infarto antigo presente em 10%. 7 do modulada pela atividade vagossimpática e
Não obstante a alta prevalência de altera- influenciada por diversos fatores fisiológicos,
ções eletrocardiográficas, os centenários re- como idade, posição postural e ritmo circa-
presentam uma seleta coorte de sobreviventes diano, sofrendo também interferência de
que se beneficiaram da capacidade de retar- condições mórbidas como insuficiência car-
dar ou escapar ao aparecimento de doenças díaca, neuropatia diabética, doença corona-
que geralmente causam morbimortalidade riana, bem como de distúrbios psicossociais
na população menos idosa. Esse grupo, de- adversos. Em pessoas clinicamente normais,
Hetrocardiograma nos Pamntes Idosos 3B3

Figura 3 5 .1 ECG de mulher de 96 anos, saudável. em pré-operatório de cirurgia de catarata. ECG: ritmo sinusal,
FC: 80bpm; iPR: 140ms. QRS: 1OOms. iQT: 320ms e repolarização normal. ECG com critérios de normalidade
384 Eletrocardiograma Onentado para oCl1n1co

aVR aVL aVF

.,

.
n r

Figura 35.2 ECG de mulher de 90 anos com hipertensão arterial sistêmica, leve ou estágio 1, pouco sintomática .
ECG: ritmo sinusal, FC: 62bpm; iPR: 140ms, QRS: l OOms, iQT: 360ms e repolarização normal. ECG com critérios
de normalidade

a atividade autonômica diminui consistente- única maneira comprovada do paciente au-


mente com a idade, sendo mais evidente nos mentar sua VFC é seguir um programa de
grupos etários acima dos 80 anos, sem dife- exercícios regulares. 12 • 13 • 14
rença entre os sexos. A frequência cardíaca,
bem como a VFC diminuem com a idade, sen-
ONDA P
do um marcador de disfunção autonômica,
comum na idade provecta, tendo valor prog- O vetor médio de P sofre influência do biotipo
nóstico para mortalidade cardiovascula r. Em individual, sendo que nos longilíneos tende
pessoas jovens, há maior VFC em decorrência para a direita (entre +60° e +80°) e nos brevilí-
da modulação autonômica ativa. enquanto neos para a esquerda (entre ooe +30°). A dura-
no envelhecimento a VFC muda menos em ção é tanto menor quanto maior a frequência
função da t endência ao sedentarismo, e a cardíaca, porém observa-se discreto aumen-
Hetrocard10grama nos Pamntes Idosos 385

to com o avançar da idade, sendo maior no 1° grau ocorre em cerca de 2% desses pacien-
sexo masculino. Onda P com duração igual ou tes, porém aumenta para cerca de 10% nos
maior do que 120ms é diagnóstica de anor- cardiopatas. Em centenários, sua prevalência
malidade atrial esquerda, sugerindo distúrbio foi de 17%, com predomínio no sexo mascu-
da condução interatrial e/ou aumento atrial lino. O bloqueio atrioventricular do 2° grau
por dilatação ou hipertrofia. Ambas as con- pode ser reversível (Mobitz 1), porém, quando
dições são frequentemente encontradas na resulta de comprometimento do tronco e de
população idosa (Figura 35.3). ramificações do sistema His-Purkinje (Mobitz
11), pode evoluir para bloq ueio atrioventricular
total. 7 •14
INTERVALO PR

Varia discretamente com a frequência cardía- COMPLEXO ORS


ca e, após os 60 anos, observam-se aumento
progress1vo do intervalo PR e encurtamento do Sua duração é maior no homem, porém não
R-R, sendo que o bloqueio atrioventricu lar do há alteração significativa com o envelheci-

-..I.__....___. . .~~
. --~_..,...__ _ __A . -

aVR aVL aVF

- 1r
Figura 35.3 ECG de homem de 115 anos. sem evidências clímcas de doença card1ovascular. Notar: ntmo s1nusal,
FC: 60bpm; d1stúrb1o de condução ~nteratnal, bloqueio de ramo d1re1to incompleto, QRS de voltagem proporcio-
nalmente menor e repolarização normal
386 Hetrocardiograma Orientado para oClinico

mento. A voltagem do complexo QRS tende esquerdo (a causa mais comum), bloqueio de
a diminu ir progressivamente com o avançar ramo esquerdo e mais raramente em pessoas
da idade. Os valores de Sokolow-Lyon e a clinicamente normais.
soma de voltagem e duração são menores na
mulher com menos de 75 anos, a partir dos
INTERVALO OT
quais as tinhas se cruzam, pois tendem a di-
minuir no homem e aumentar nas mutheres5 Representa a sístole elétrica e sua duração é
(Figura 35.4). diretamente proporcional à frequência car-
díaca, sendo mais apropriadamente avaliado
ONDA O pela frequência corrigida (QTc). Observa-se
um pequeno aumento do QTc durante o
A profundidade e a duração da onda Q têm sono, com a idade avançada, maior no sexo
considerável importância clínica, tendo em masculino. O aumento do intervalo QT é uma
vista a possibilidade de representar infarto alteração de considerável importância clínica,
agudo do miocárdio. Ondas Q patológicas pois predispõe a torsade de pointes, que é
representam áreas ventriculares eletricamen- uma arritmia de caráter maligno. O prolon-
te inativas e sua ocorrência aumenta com a gamento do QT pode ser desencadeado por
idade avançada, sendo observadas em 4,3% dim inuição da concentração sanguínea de
a 19% dos idosos card iopatas com 65 a 99 Na, K+ e Mg, bem como pela utilização de
anos de idade.4 certos fármacos muito usados em pacientes
gerontos, tais como psicotrópicos (antide-
EIXO ELÉTRICO DO ORS (SâORS) pressivos tricíclicos, haloperidol, tetracícli-
cos), antiarrítmicos dos grupos IA e 111 (qui-
Na população geral, o eixo elétrico situa-se en-
nidina, amiodarona, sotatol, disopiramida,
tre - 30° e + 100°, havendo uma tendência ao
dofetitida e procainamida) e certos antibiót i-
desvio do SâQRS para a esquerda com a ida-
cos, como eritromicina e pentamidina. Pode
de, independentemente do sexo. Um desvio
ainda ocorrer na síndrome coronária aguda,
para a esquerda ou para a direita não significa
na injúria cerebrovascu lar, na miocardite, na
necessariamente doença cardíaca, porém seu
intoxicação por arsênico e na hipotermia. 15
reconhecimento é fundamental na avaliação
O intervalo QT pode encurtar na taqu icard ia,
clínica do paciente. Os desvios do SâQRS mais
frequentemente estão relacionados com as na hipertermia, na acidose, na hipercalcemia,

seguintes condições: na hiperpotassemia e com o uso de digital.


Desvio do eixo para a direita : troca de ele- Como os idosos são submetidos frequente-
trodos na derivação D1, sobrecarga ventricu- mente a tratamento com tais fármacos, não
lar direita aguda (embolia pulmonar e ataque raro combinados, além de terem maior fre-
asmático grave) e crônica (DPOC, estenose quência de distúrbios endocrinometabólicos,
pulmonar, hipertensão pulmonar primária, es- a possibilidade de alteração do intervalo QT
tenose mitral), infarto do miocárdio de pare- é maior. A dispersão do QT (QTd) aumenta
de lateral, hemibloqueio posterior esquerdo, com a idade, sendo seu cálculo considerado
dextrocardia, e variante do normal. uma avaliação não invasiva do grau de insta-
Desvio do eixo para a esquerda : hipertrofia bilidade elétrica e do consequente potencial
ventricular esquerda, hemibloqueio anterior arritmogênico.
Hetrocard1ogr ama nos Pamntes Idosos 387

aVR aVL aVF

Figura 35 .4 ECG d e homem de 74 anos com dupla lesão aórtica e insuficiência mitral por cardiopatia reumática
crônica. Pouco sintomático. Notar os sinais de crescimento atrial e ventricular esquerdos e alterações da repolari-
zação ventncular. Ritmo sinusal, FC: 88bpm; iPR: 160ms; QRS: 1OOms; iQT: 360ms. Crescimento atrioventricular
esquerdo
388 Hetrocardiograma Orien tado para o[[ in ico

SEGMENTO ST (sST) a idade, estando relacionada com diversas


condições cardíacas e não cardíacas, de for-
Constitui um importante parâmetro na análise ma que o reconhecimento etiológico precoce
do ECG em idosos, pois os desvios para cima pode ser de considerável relevância clínica.
ou para abaixo da linha basallevam imediata-
mente à possibilidade de alteração isquêmica
em curso (síndrome coronariana aguda) cuja BLOQUEIOS DE RAMO
complicação mais temida é o infarto agudo
Trata-se de uma das alterações mais comuns,
do miocárdio. O diagnóstico diferencial de
aumenta cumulativamente com a idade, indo
supra ou infradesnivelamento de ST inclui:
de 1% aos 50 anos até 56% aos 97 anos,
pericardite aguda, efeito digitálico, dissecção
constituindo um marcador de processo dege-
aórtica, repolarização precoce.
nerativo progressivo do sistema de condução.
Quando ocorre em pacientes com doença
ONDA T coronariana, especialmente na vigência de
infarto agudo do miocárdio, implica evidên-
A inversão da onda T em idosos é bastante co-
cia de evolução desfavorável. Entretanto, pa-
mum, podendo estar relacionada com isquemia,
cientes com bloqueio de ramo e clinicamente
mas pode ocorrer em outras condições, como
saudáveis podem ter uma longevidade nor-
pericardite, hipertrofia do ventrículo esquerdo e
mal. Bloqueio de ramo esquerdo ocorre com
em lesões cerebrais. Sua amplitude diminui pro-
gressivamente com a idade avançada. O desvio maior frequência na doença coronariana, na

do eixo da onda T é considerado um marcador hipertensiva, nas cardiomiopatias, em valvu-

de anormalidade da repolarização ventricular, lopatias; observa-se também nos pacientes


podendo ser indicativo de dano miocárdico, e com marca-passo temporário e permanente
tem sido associado a risco aumentado de even- em VD. Na população geral, o BRE tem baixa
tos cardiovasculares adversos. 16 prevalência e é relativamente raro em pessoas
clinicamente saudáveis, enquanto em pacien-
tes com insuficiência cardíaca crôn ica sua
ONDA U prevalência chega a um terço dos doentes e
Inversão da polaridade pode ser observada na está associado a pior prognóstico. 17 Bloqueio
síndrome coronariana aguda e na sobrecarga de ramo direito é encontrado com mais fre-
ventricular esquerda, ao passo que ondas U quência queBRE . Várias entidades estão rela-
proeminentes podem eventualmente aparecer cionadas, como doença de Chagas, hiperten-
em condições como hipopotassemia, hipercal- são arterial sistêmica, cardiopatia reumática,
cemia, uso de digital, de antiarrítmicos dos gru- cor pu/mona/e agudo por embolia pulmonar,
pos 1A e 3, tireotoxicose e após acidente vascu- miocardite, miocardiopatia, doença degene-
lar encefálico.15 Essas anormalidades da onda U rativa do esqueleto cardíaco, porém frequen-
são mais frequentes na idade avançada. temente pode ser encontrado em pacientes
cardiologicamente saudáveis.

BLOQUEIO DA CONDUÇÃO
INTRAVENTRICULAR BLOQUEIOS FASCICULARES
Implica a lentificação da ativação elétrica dos Hemibloqueio anterior esquerdo ou bloqueio
ventrículos e sua ocorrência aumenta com da divisão ântero-superior do ramo esquerdo
Helrocard1ogr dmd nos Pmenles Idosos

é mais comum no sexo masculino, estando importante participação das arritmias, cujas
mais frequentemente associado a doença prevalência e complexidade aumentam acen-
coronariana, hipertensão arterial sistêmica, tuadamente com o avançar da idade.w
cardiomiopatia, doença de Lev e de Lénegre
e estenose subaórtica.' 9 No Brasil, entretanto, Fibrilação atrial (FA)
as causas mais comuns de HBAE em ordem de
frequência são a miocardiopatia chagásica, o É a arritmia sustentada mais frequente, es-
infart o do miocárdio, a miocardioesclerose, a tando usualmente associada a doença cardio-
valvopatia aórtica, a cardiopatia hipertensiva e vascular. Eventualmente ocorre em pessoas
a amiloidose cardíaca 181 9 {Figuras 35.5A e B). clinicamente normais (fone atrial fibrillation).
Hemibloqueio posterior esquerdo ou blo- Tendo em vista a alta porcentagem de car-
queio da divisão póstero-inferior do ramo es- diopatias nos gerentes, é fato a observação
querdo isolado é uma entidade considerada de que a FA aumenta cumulativamente com
bastante rara e seu aparecimento pode estar a idade, o que foi evidenciado no estudo de
associado a sobrecarga ventricular direita, cor Framingham, em que sua incidência foi de
pu/mona/e crônico, infarto do miocárdio de 0,4% na população geral, porém aumenta-
parede ântero-lateral. va para 20% a 40% em pacientes acima dos
Bloqueio bifascicular constitui um achado 90 anos. Nos centenários, é a anormalidade
relativamente frequente em idosos card iopa- mais comum e sua prevalência pode chegar
tas, sendo BRD + HBAE a combinação mais
a 30%. Os homens desenvolvem FA 1,5 vez
encontrada. Suas causas são as mesmas rela-
mais que as mulheres, porém, devido a sua
cionadas com bloqueios unifasciculares, sen -
maior longevidade, estima-se que 53% dos
do que suas combinações pressupõem maior
portadores de FA sejam do sexo feminino. As
gravidade. No Brasil, a combinação de BRD
condições mais f requentemente associadas a
com HBAE está mais frequentemente associa-
FA são: hipertensão arterial sistêmica, doen-
da a doença de Chagas e cardiopatia isquê-
ça arterial coronariana, valvulopatia mitral e
mica.
após ciru rgia cardíaca. No Brasil, a FA foi ve-
rificada em 4,8% de pacientes idosos (66 a
ARRITMIA$ 87 anos) na população ambulatorial e estava
mais frequentemente associada a hipertensão
Não obstante a diminuição da quantidade de
arterial sistêmica, ca rd iopatia reumática, car-
células do nódulo sinusal em idosos, chegan-
diomiopatia, doença coronariana e doença
do essa diminuição a cerca de 10% aos 75
anos, o ritmo cardíaco predominante é o si- de Chagas. Fibrilação atrial isolada foi encon-
nusal. Ectopias supraventriculares e ventricu- trada em 10% dos pacientes. Em indivíduos
lares são comuns em pacientes clinicamente muito idosos, a insuficiência cardíaca e a ti-
sadios, e quando isoladas ou não susten ta- reoidopatia são importantes comorbidades
das, geralmente não causam sintomas nem relacionadas com FA. É a arritmia que aumen-
modificam o prognóstico, não necessitando ta substancialmente o risco de tromboem-
de terapêutica antiarrítmica (Figura 35.6). Nos bolismo, especialmente nos gerontes. Esses
indivíduos idosos cardiopatas, entretanto, as dados denotam a gravidade e a malignida-
doenças cardiovascula res constituem as prin- de desta arritmia, tão frequente e por vezes
cipais causas de morbimortalidade, havendo subestimada.• 6·7 ,. 20·2 '
BO He1rocard1ograma Orientado para oClln1co

aVR aVL aVF

Figura 35 .5A e 8 (A) ECG de homem de 86 anos com hipertensão arterial sistêmica. Notar as alterações típicas
de HBAE: SâQRS encontra-se em -45° (os valores de QRS se dirigem para a esquerda e superiormente). onda Q em
Dl e aVL e onda R em D2, 03 e aVF. Alteração secundána da repolarização ventricular. Ritmo sinusal, FC: 60bpm;
iPR: 160ms; QRS: 160ms; iQT:440ms. HBAE tipo IV. (continua)
Hetrocardiograma nos Pacientes Idosos 3g1

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(B) Vetocardiograma do mesmo paciente; o vetorcardiograma de Frank mostra no PF alça larga de ativação do QRS,
com rotação anti-horária, inicialmente para a direita e para baixo, em seguida as forças principais se deslocam para
a esquerda e superiormente. O vetor máximo é de 1,52mV no PH e encontra-se a - 60°. Eixo de T para baixo, para
a esquerda e para a frente. Estas alterações caracterizam HBAE, conforme o encontrado no eletrocardiograma da
Figura 35.5A.
B2 Helrocard10grama Onenlado para o ClfOICo

Doença do nódulo sinusal conhecimento permite um tratamento ade-


quado. O paciente idoso apresenta um risco
Alguns pacientes, especialmente idosos, po- aumentado de efeitos adversos dos medica-
dem apresentar bradicardia acentuada, às ve- mentos em virtude das modificações farma-
zes intercalada com períodos de taquicardia. cocinét icas e farmacodinâmicas que ocorrem
É decorrente de alteração degenerativa do durante o processo de envelhecimento. Além
nódulo sinoatrial. Em virtude de seu potencial disso, há um potencial maior de interação de
de gravidade, o tratamento requer o implante efeitos adversos de diversos fármacos, tendo
de marca-passo nos pacientes sintomáticos. em vista que os idosos utilizam um número
proporcionalmente maior de med icamentos
do que pacien tes mais jovens. A polifarmácia
ECG DE ESTIMULAÇÃO ARTIFICIAL
e as comorbidades são fatores intera tivos na
Em virtude da frequência e da gravidade de cer- maior frequência de alterações eletrocardio-
tas arritmias no idoso, é cada vez mais comum gráficas nos gerentes.
a implantação de dispositivos artificiais, como Apesar de certas limitações, o ECG é um
marca-passos, cardioversores e ressincroniza- dos métodos mais simples para avaliar um pa -
dores, sendo que no Brasil sua prevalência é ciente com suspeita de distúrbio eletrolítico e
calculada em 5.7:100 mil habitantes; a idade metabólico. 23
média foi de 68,2 anos(::':: 15,9) e as indicações • Hipopotassemia: idade avançada é
eletrocardiográficas principais foram bloqueios independentemente associada ao desen-
atrioventriculares de 2ll e 3ll graus e doença volvimento de hipocalemia em doentes
do nódulo sinusal. 22 Quando o marca-passo idosos hospitalizados, particularmente na-
estimula eletricamente o coração, o ECG de queles sob uso de diuréticos de alça. Mo-
superfície mostra o aparecimento de uma fina dificações eletrocardiográficas geralmente
deflexão vertical (espícula de marca-passo), se- aparecem quando a concentração de po-
guida por um complexo QRS com padrão de tássio fica abaixo de 3mmoi/L, podendo-se
bloqueio de ramo. Marca-passo estimulando o observar: ondas T alargadas e aplanadas,
ventrículo direito produz ECG com padrão de infradesnível de ST. intervalo QT prolonga-
BRE e, quando a câmara estimulada é o ventrí- do e onda U proeminente. Quando asso-
culo esquerdo, o padrão do ECG é de BRD. ciada a hipomagnesemia, arritmias graves
são mais comuns, especialmente as ven-
t riculares, inclusive torsade de pointes.
Alterações do ECG em condições não
Outras arritmias, como taquicardia atrial
cardíacas
paroxística, taquicardia atrial multifocal,
A atividade eletrofisiológica das células car- fib rilação e flutter atrial, também podem
díacas depende da concentração normal de ser observadas.
vários fatores bioquímicas, como eletrólitos. • Hiperpotassemia: o aumento do potás-
oxigênio, hidrogênio, glicose, hormônio ti- sio total no organismo provoca modifica-
reoidiano, bem como fatores biofísicos, como ções no ECG, como ondas T altas e estrei-
a temperatura corporal. Alterações desses tas (Tem tenda), diminuição da amplitude
fatores provocam alterações no potencial e até desaparecimento da onda P. alarga-
transmembrana, gerando certas modificações mento do complexo QRS, diminuição do
características no ECG de superfície cujo re- QTc. O óbito na hiperpotassemia pode ser
Hetrocard10grama nos Pac1entes Idosos 3B

aVR aVL aVF

Figura 35.6 ECG de mulher de 92 anos com hipertensão arterial sistêmica, estágio 1, pouco sintomática . Notar
as extrassístoles ventriculares. Ritmo sinusal. FC: 88 bpm; iPR: 120ms; QRS: 1OOms, iQT:320ms. Doença cardíaca
degenerativa
Hetrocard10grama Onentado para oCllmo

devido a assistolia, fibrilação ventricular diminuindo a frequência cardíaca, a velo-


ou ritmo idioventricu lar sem pulso. cidade de condução elétrica do coração e
• Hipotermia: é uma condição caracteri- prolongando o intervalo QT. Diminuição
zada quando a temperatura interna está da voltagem do QRS, bloqueios atrioven-
abaixo de 35°C. Idosos apresentam risco triculares, extrassistolia, ondas T aplanadas
maior em virtude da menor capacidade de e alargadas podem ser encontrados. Os
homeostase dos mecanismos de regulação pacientes hipotireoidianos são mais sus-
térmica. Particularmente nas épocas mais cetíveis aos efeitos da digital, produzindo
frias e no período pós-anestésico é que os especialmente arritmias. Essas alterações
idosos são mais suscetíveis à hipotermia. frequentemente são revertidas com o con-
No início, a primeira alteração eletrocar- t role do estado tireoidiano.
diográfica é a irregularidade da linha de • Efeito digitálico: é muito frequente a
base, causada pelo tremor muscular, o qual utilização de digital em idosos, notada-
diminui ou cessa quando a temperatura di- mente em pacientes internados, onde cer-
minui abaixo de 32°C. A frequência cardía- ca de 30% recebem esse fármaco, ainda
que em muitos casos sua indicação não
ca e a velocidade de condução diminuem,
seja necessária. 2• Algumas comorbidades,
resultando em bradicardia, bloqueios
como insuficiência renal, tireoidopatia,
atrioventriculares diversos, prolongamento
alterações da potassemia, além do uso
do QRS e do QTc, arritmias ventriculares e
de fármacos como diuréticos, certos an-
assistolia. Arritmias ventriculares também
tiarrítmicos, antibióticos, antagonistas de
ocorrem quando se realiza reaquecimento
cálcio, aumentam a concentração da di-
de pacientes hipotérmicos. A onda Osborn
goxina, facilitando a intoxicação digitálica.
é considerada a alteração mais caracterís-
As alterações mais comuns do digital são:
tica de hipotermia, embora inespecífica.
bradicardia, bloqueios atrioventricu lares,
Onda de Osborn ou onda J é uma deflexão
extrassistolia ventricular e diminuição do
ascendente que distorce a junção entre o
QTc. O padrão mais conhecido do efeito
final do complexo QRS e o início do seg-
digitálico excessivo é a alteração de ST-T.
mento ST. mais evidente em 02, 03, aVF.
denominada "colher de pedreiro" .
VS e V6, e que desapa rece com a normali- • DPOC : relativamente comum na velhice,
zação da temperatura corpora l.
torna verticalizada a orientação da onda
• Disfunções tireoidianas: o sistema P. próxima de + 90° (P pu/mona/e); diminui
cardiovascular é bastante sensível às mo- a amplitude dos complexos QRS (efeito
dificações dos níveis circulantes dos hor- dielétrico) e leva ao desvio do eixo elétrico
mônios tireoidianos. São alterações mais para a direita; nota-se, também, posterio-
encontradas na idade avançada. Na tireo- rização da zona de transição do QRS no
toxicose, as alterações mais comuns são: plano horizontal.
taquicardia sinusal, aumento da voltagem • Hipoglicemia: é uma das condições clí-
do QRS e fibrilação atrial, que ocorre em nicas mais comu ns nos serviços de emer-
cerca de 20% dos casos. Particularmente gências médicas, sendo que as alterações
os pacientes idosos podem desenvolver eletrocardiográficas associadas nem sem-
alterações isquêmicas de ST-T. O hipoti- pre são reconhecidas, como por exemplo
reoidismo diminui a taxa metabólica. al- aplanamento da onda T e intervalo QT
terando muitas funções eletrofisiológicas, prolongado.
Hetrowd10grama nos Pamntes Idosos

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fHercicios de f[G

ECG-1 Mulher, assintomática.


40 0 Hetrocard10gr dffid OmntddD pdr dDCllnJcD

ECG- 2 Homem. assintomático.

aVR

ECG- 3 Mulher, assintomática.


fHefCICIOS de f[G

ECG-4 Mulher, com história de hipertensão arterial.

ECG- 5 Homem, com história de hipertensão arterial e cansaço aos esforços. As derivações precordiais estão em
N 12 (metade da voltagem normal).
402 Hetrocard10grama Omntado para oClJnJco

ECG- 6 Homem, com história de cansaço aos esforços. No exame, apresenta sopro cardfaco, sistólico, em foco
pulmonar.

ECG- 7 Homem, assintomático.


fHefCÍCIOS de m 403

ECG- 8 Mulher, com história de hipertensão arterial há longa data.

aVF

ECG- 9 Homem, 63 anos,


com hipertensão arterial.
Assintomático.
404 Hetrocard10grama Orientado para oClln1co

aVR aVL aVF

If -

t t

ECG-1 O Homem, 68 anos. Assintomático.


fHefCICIOS de f(fi 405

aVL aVF
aVR

Vs

ECG-1 1 Homem, 52 anos, referindo palpitações.


406 Hetrocard10grama Omntado para oClln1co

ECG-12 Homem, com dor precordial característica de insuficiência coronanana aguda.

o,

ECG-13 Mulher, com dor retroesternal característica de ang1na. História anterior de infarto do miocárdio.
fxerclcios de f[G
407

ECG- 14 Homem, com dor precordial típica de angina de início recente. Realiza ECG ainda sintomático .

DJ
~

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aVR

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aVL Vs

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--
ECG- 15 Homem, atualmente assintomático.
408 Helrocard10grama Omnlado para o CliniCo

ECG- 16 Mulher, com dor precordial tlpica de angina e tonteiras.

aVR aVL aVF

ECG- 17 Homem, com dor precordial tlpica de angina de início recente.


fmcícios de m

~~~
~~~

Vs

ECG- 18 Homem, com dor precordial típica de angina.

aVL aVF
aVR

ECG- 19 Homem, 65 anos, com d or retroesternal característica de angina de forma súbita e d e forte intensidade.
410 Hetrocard1ograma Onentado para oClinico

--"-*-=-

aVR aVL

ECG- 20 Mulher. 57 anos, com dor retroesternal característica de angina de inkio recente.
fHerCICIOS de f(G 4I I

aVI.. aVF
aVR

aVI.. aVF
aVR

B
ECG- 21A e B Homem, 61 anos, com dor retroesternal caracteristica de angina d e peit o; realiza ECG (A) sendo
submetido a um procedimento. ECG (B) 24 horas após.
412 Hetrowd10grama Or1entado para oCltn1co

aVR

aVF

A
J
ECG- 22A a C Homem, 47 anos, com dor retroesternal caraderística de angina de peito; realiza ECG (A). sendo
submetid o a um procedimento, evolui com ECG (continua)
fKerCICIOS de fH 4l3

aVR

aVF

B
ECG- 22 (B). ECG (continua)
414 Hetrocard10grama Onenlado para oWn1co

aVR

ECG- 22 (C) sete dias após.


fxermros de f(fi 415

Vs

ECG- 23 Mulher, 64 anos. com história antiga de tnfarto do miocárdio.


41 6 Hetrocard1ograma Orientado para o CliniCo

aVR aVL aVF

aVR aVL aVF

1-

r
v4 Vs

~ 11t-----.l\r1-L-LJ
B

ECG- 24A e B Homem. 55 anos. com dor retroesternal característica de angina, é submetido a trombólise farma-
cológica. ECG (A) imediato e ECG (B) oito dias após.
fxerclclos de fCG
417

aVR aVL aVF

ECG- 25 Homem em uso de betabloqueador.


418 Hetrocard10grama Orientado para o Wn1co

Vs

ECG- 26 Mulher, refere tonteiras.

o,
--y"-----'\-•_..,.,.... _-+-r-+-
02
~

ECG-27 Homem, assintomát ico.


l xerclc1os de f[G
419

ECG- 28 Homem, com m1ocard1opatia d1latada, em uso prolongado de digital e am1odarona.


420 Hetrocardiograma Onentado para oClín1co

aVR

aVF

ECG- 29 Homem, com palpitações constantes.


fKertiCIOS de fCG 421

ECG-30 Mulher. 37 anos, com palpitações.


422 Hetrocardiograma Orientado para oClinico

ECG- 31 Homem, com dor precord1al em repouso e palpitações; é realizado o ECG ainda com os sintomas presentes.

c
ECG- 32A a c Homem, é atendido em emergência com síncope, sendo realizado o ECG A. Após um procedimento,
repete os ECG B e C
fKercfCIOS defCG 423

A A v v v v A A v A A

ECG- 33 Homem, 70 anos. com palpitações. realiza Holter de 24 horas.

ECG- 34 Homem. 72 anos. com stncope, realiza Holter de 24 horas.


424 Hetrocardiogr ama Omntado par a o[limo

aVL

ECG- 35 Mulher. 58 anos, com palpitações ocasionais. Fumante.


[xerCICIOS de [[G
425

ECG-36 Homem, refere palpitações.

ECG- 37 Homem, com cansaço aos esforços.

8
ECG- 38A e B Homem. mon1torado. apresenta essas arritmias.
426 Hetrocard10grama Orientadopara oClln1co

ECG- 39A e B Mulher, 66 anos, com palpitações aos esf orços. Realiza Holter de 24 horas. (A) Durante um esforço.
(B) Após o repouso.

131 127 105 133 148 99 125 71 81 81 80 82

80 80 81 79 80 80 81 80 79 80

ECG-40 Homem, 62 anos, com palpitações. Realiza Holter de 24 horas.


[xercíCIOs de fCG 42 7

aVR

ECG-41 Mulher. 81 anos, com palpitações há 6 horas e dor torácica .

B
ECG-42A e B Paciente submetido a trombólise farmacológica, no monitor nota-se este ECG .
428 fletrocardiograma Orientado para o CllnJco

01
--4---127
72 71
141
'"
p

...
41
12341
.---
53
1112
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02

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aVR

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aVF
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Vs

ECG-43 Homem, 37 anos, com história de vertigem, é submetido à estimu lação do seio carotídeo.

ECG..44 Homem, refere tonteiras.

ECG-45 Homem, refere tonteiras ocasionais.


fKefCICIOS de fCG

aVR

aVL

aVF

ECG-46 Mulher. 57 anos, assinto mática.


430 fletrocardiograma Orientado para o Clínico

ECG-47 Homem, com tonteira, realiza Holter de 24 horas. O registro ocorre no momento de coleta de sangue
para exames.

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Vs
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-L .. L-J,_.. L--
Vs

ECG-48 Mulher, 80 anos, com tonteiras e cansaço.


fxerciCIOS de fCG 431

--

ECG-49 Mulher, 83 anos. com tonteiras e cansaço.

ECG- 50 Mulher, com história anterior de síncope. Atualmente assintomâtica.


432 Hetrocard10grama Or1entado para o Clin1co

ECG- 51 Mulher, assintomática

ECG- 52 Homem,
com palpitações aos
grandes esforços
[KerciCIOS de [(G 433

o,

ECG-53 Homem. 24 anos, refere palpitações.


434 Uetrocard1ograma Orientado para o Clfn1co

aVR aVL aVF

ECG- 54 Homem, 53 anos. com dor torácica em pontada que p1ora com a inspiração e a movimentação.
fxerc1c1os de fCG
435

ECG- 55 Homem, 72 anos, em uso de digital.

oVR

oVI.

v,

ECG- 56 Homem, 22 anos com palpitações ocasionais.


436 Hetrocard10grama Orientado para o Wn1co

ECG- 57 Menina, com história anterior


de sfncope. Atualmente assintomática
fKerCICIOSde !(G 437

aVI.

ECG- 58 Homem. 78 anos, atualmente assmtomático.

ECG- 59 Mulher, 82 anos. atualmente assintomática .


438 Hetrocardiograma Orientado para oClinico

aVF

ECG-60 Mulher, com insuficiência renal e bradiarritmia

ECG- 61 Mulher, assintomática


fxerc fcios de f[G

RESPOSTAS DOS EXERC[CIOS DE ECG rada . Notar: em V1-V2, onda R de grande am-
plitude, > 1Smm, e onda T tipo strain, em V5-V6
ECG- 1: 1) ritmo si nu sal regular, 2) FC em onda S profunda, maior do que R. Conclusão:
62bpm, 3) relação A/V= 1:1, 4) iPR em 160ms, hipertrofia do ventrículo direito (em paciente
5) QRS estreito e onda T normal. SâP= +45°, com estenose pulmonar grave). Pág. 114.
SâQRS = + 10°, SâT = +30°. Conclusão: ECG
normal. Pág. 33. ECG- 7: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em
65bpm, 3) relação A I V= 1:1, 4) iPR em
ECG-2: 1) ritmo sinusal regu lar, 2) FC em 160ms, 5) QRS largo em 120ms e onda T al -
54bpm, 3) relação A/V= 1:1, 4) iPR em 160ms, terada. Notar: em V1-V2, QRS com R-S-R' e
5) QRS estreito e onda T normal. Notar: dis- onda T invertida e em VS-V6, onda S larga .
creto supradesnível de ST em 01 -aVL-V4-VS- SâQRS em - 60°. Conclusão: bloqueio bifasci-
V6, de concavidade superior. Conclusão: ECG cular, bloqueio do ramo direito e hem ibloqueio
com bradicardia sinusal (vagotonia) e onda de anterior esquerdo. Este padrão é comum em
repolarização precoce (variante do normal). cardiopatia aterosclerótica degenerativa ou
Pág. 35. cardiopatia chagásica. Pág. 82.

ECG- 3: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em ECG- 8: 1) ritmo si nu sal regular, 2) FC em


52bpm, 3) relaçãoA/V= 1:1, 4) iPRem 160ms, 62bpm, 3) relação A/V= 1:1, 4) iPR em 120ms,
5) QRS largo em 120ms e onda T alterada. 5) QRS estreito e onda T alterada . Notar: em
Notar: em V1-V2, QRS com R-S-R' e onda T V1 , o índ ice de Morris de 40ms; índ ices de
invertida, e em 01 -aVL, ondaS larga . Conclu- Sokolow-Lyon e Romhilt e Estes (em 9 pon-
são: bradicardia sinusal e bloqueio do ramo t os) estão presentes. Conclusão: hipertrofia
direito do 211 grau. Pág . 50. do vent rículo esquerd o e do átrio esquerdo.
Em 02-03-aVF observa-se onda T invertida,
ECG-4: 1) ritmo si nu sal regular, 2) FC em podendo correlacioná -la com isquemia sube-
93bpm, 3) relaçãoA/V= 1:1, 4) iPRem 160ms, picárdica de parede inferior. Págs. 93 e 103.
S) QRS largo em 120ms e onda T alterada.
Notar: em V1 -V2, ausência da onda R e em ECG- 9: 1) ritmo si nu sal regular, 2) FC em
01 -VS-V6 ausência da onda Q e onda T inver- 75bpm, 3) relação A/V= 1:1, 4) iPR em 160ms,
tida. Conclusão: bloqueio do ramo esquerdo 5) QRS e ondas T alteradas. Notar em V1-V2,
do 3!1 grau. Pág. 61. QRS com R-S-R' e onda T invertida em V1.
Conclusão: bloqueio do ramo direito do 3!1
ECG- 5: 1) rit mo sinusal, 2) relação A I V= 1:1, grau, relacionado com aterosclerose cardíaca
3) iPR em 140ms, 4) QRS estreito e onda T alte- e hipertensão arterial. Pág. 45 .
rada. SâQRS em - 30°. Notar: em 01 -aVL-VS-V6
onda Rde grande amplitude e onda T tipo strain. ECG- 10: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em
Os critérios de Sokolow-Lyon e Romhilt e Estes 60bpm, 3) relação A/V= 1:1, 4) iPR em 160ms,
(em 6 pontos) estão presentes. Conclusão: hi- S) QRS estreitos e ondas T aplanadas. Notar:
pertrofia do ventrículo esquerdo. Pág. 103. SâQRS em -45° e ondas T aplanadas em 03-
aVF-V1 a V4. Conclusão: hemibloqueio ante-
ECG- 6 : 1) ritmo sinusal. 2) relação A/ V= 1:1, rior esquerdo, correlacionado com ca rd iopa-
3) iPR em 140ms. 4) QRS estreito e onda T alte- tia isquêmica crônica . Pág . 75.
440 fletrocard1ograma ümntado para oClfn1co

ECG-11 : 1) ritmo sinusal irregular pela pre- evolução eletrocardiográfica mostrou o infar-
sença de extrassístoles, 2) FC em 57bpm, 3) to extenso da parede anterior. Pág. 127.
relação A I V= 1: 1, 4) iPR em 180ms, 5) QRS
largo em 160ms e ondas T alterada s. Notar: ECG-15: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em
bloqueio do ramo direito do 311 grau + he- 60bpm, 3) relação A / V= 1:1, 4) iPR em 160ms,
mibloqueio anterior esquerdo, crescimento 5) QRS estreito e onda T alterada . Notar: em
atrial esq uerdo (índice de Morris) e extrassís- V1 a V4, morfologia QS (ausência da onda R
toles ventriculares. Conclusão: bloqueio bifas- inicial) e onda T invertida. O segmento ST está
cicular e crescimento atrial esquerdo. Paciente nivelado com a linha de base. Conclusão: in-
com ca rdiopatia chagásica. Págs. 82 e 94. farto antigo do miocárdio, com onda Q, na
parede ântero-septal do VE . Pág. 158.
ECG-1 2 : 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em
65bpm, 3) relação A/V= 1:1, 4) iPR em 160ms, ECG- 16: 1) ritmo cardíaco irregular, brad icár-
5) QRS e onda T alterados. Notar: em 02-03- dico, 2) FC em 45bpm, 3) QRS e onda T altera-
aVF, supradesnível deSTe, em aVL-V1-V2-V3, dos. Notar: ausência de ondas P discerníveis,
infradesnível de ST. Conclusão: infarto agudo em 02-03-aVF. supradesnfvel deST e em 01-
do miocárdio das paredes inferior e posterior aVL, infradesnível de ST. Nas derivações pre-
do ventrículo esquerdo. O infradesnível cor- cordiais direitas, V3R e V4R, observa-se tam-
responde à imagem em espelho do acometi- bém o supradesnível de ST. Conclusão: infarto
mento da parede posterior. Pág . 136. agudo do miocá rdi o da parede inferior do VE
com extensão para o VO. BAVT complicando
ECG- 13: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em o infarto. ECG em V2 ( • ) após o implante de
78bpm, 3) relação A /V= 1:1, 4) iPR em 140ms, marca-passo cardíaco. Pág. 145.
5) QRS estreito e onda T alterada. Notar: em
V2-V3 -V4, o infradesnível de ST, pronunciado, ECG-17 : 1) rit mo sinusal regu lar, 2) FC em
em 5mm, sem o supradesnível de ST nas de- 115 bpm, 3) relação A I V= 1: 1, 4) iPR em
mais derivações. Onda Q de necrose em 02- 160ms, 5) QRS largo em 120ms e onda T al-
03-aVF-V5-V6. Conclusão: infarto antigo do terada. Notar: em V1 a V5, supradesnível de
miocárdio, com onda Q, nas paredes inferior ST e em 02-03-aVF. infradesnível de ST. Con-
e lateral do ventrículo esquerdo e lesão su- clusão: taquicardia sinusal e infarto agudo do
bendocárd ica atual, ântero-septal. Este qua- miocárdio da parede anterior extenso, com
dro pode corresponder a angina instável ou a imagem em espelho da parede inferior do VE.
infarto não Q dessa região. Pág . 137. Observar em V1 -V2 a morfologia Q-R e em
V5-V6 onda S larga, correspondendo a BRO
ECG- 14: 1) ritmo sinusal regu lar, 2) FC em complicando o infarto. Pág. 136.
68bpm, 3) relação A / V= 1:1, 4) iPR em 140ms,
5) QRS estreito e onda T alterada . Notar: em ECG-18 : 1) ritmo sinusal regula r, 2) FC em
V2-V3-V4, supradesnível do ponto J e seg- 93bpm, 3) relação A / V= 1:1, 4) iPRem 160ms,
mento ST e onda T apiculada e ampla . Con- 5) QRS estreito e onda T alterada . Notar: em
clusão: infarto agudo do miocárdio da parede 01 -aVL-V3 a V6, o infradesn ível de ST. sem o
anterior do VE, em fase superaguda. Este as- supradesnível de ST nas demais derivações,
pecto da onda T, de isquemia subendocárdica, exceto em aVR. Conclusão: onda de lesão
caracterizou a fase superaguda do infarto. A subendocárdica de parede anterior, alteração
fKerciCIOS de fCG 441

que pode corresponder a angina instável ou a ECG- 23 : 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em


infarto não Q dessa região. Pág. 137. 68bpm, 3) relação A/V = 1:1, 4) iPR em 120ms,
5) QRS e ondas Talteradas. Notar: D2 -03-aVF-
ECG- 19: A: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC V5-V6, onda Q patológica (em 03-aVF, mor-
em 88bpm, 3) relação A I V= 1:1, 4) iPR em fologia QS) e ondas T negativas. O segmento
120ms, 5) QRS e ondas T alteradas. Notar: em ST está nivelado à linha de base. Conclusão:
D1 -aVL-V2 a V6, supradesnível de ST. Conclu- infarto antigo do miocárdio, com onda Q, da
são: infarto agudo do miocárdio com supra- parede ínfero-lateral do VE. Pág . 158.
desnível de ST da parede anterior extensa do
VE. Pág. 136. ECG- 24: (A) 1) ritmo cardíaco regular, 2) FC
em 55bpm, 3) ausência da relação A I V. 4)
ECG- 20: 1) ritmo sinusal regu lar, 2) FC em QRS e ondas T alteradas. Notar: o suprades-
68bpm, 3) relação A/V= 1:1, 4) iPR em 140ms, nível de ST em D2-D3-aVF-V3R a V6R, com
5) QRS estreitos e ondas T alteradas. Notar: infradesnível de ST em 01 e aVL e dissociação
em O1-aVL-V1 a V6, as ondas T negativas, atrioventricular. Conclusão: infarto agudo do
profundas e simétricas. Conclusão: síndrome miocárdio com supradesnível de ST. da parede
coronariana aguda por isquemia epicárdica inferior do VE e parede do VD. (B) evidencia
da parede anterior extensa do VE. Pág. 126. a necrose da parede inferior do VE. Paciente
clinicamente estável. Pág . 145.
ECG-21 : (A) 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em
68bpm, 3) relaçãoA/V= 1:1, 4) iPRem 140ms, ECG- 25 : 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em
5) QRS e ondas T alteradas. Notar o suprades- 50bpm, 3) relação A I V= 1:1, 4) iPR em
nível de ST. aspecto ascendente mais evidente 140ms, 5) QRS e ondas T normais. Conclusão:
em V2 a V5, e infradesnível de ST em 03 a VF. bradicardia sinusal, relacionada com o uso de
definindo o infarto agudo do miocárdio com betabloqueador. Pág . 190.
supradesnível de ST. da parede ântero-septal,
co m imagem recíproca na parede inferior. Esta ECG- 26: 1) ritmo sinusal, 2) FC em 53bpm,
morfologia de ST (ECG A) ocorre nas primei- 3) relação A I V= 1:1, 4) iPR em 160ms, 5) QRS
ras horas do infarto . Paciente foi submetido a e ondas T normais. Notar a sequência de um
trombólise farmacológica, e ECG (B) já eviden- complexo de base e uma extrassístole ventri-
cia a melhora dessas alterações. Pág. 136. cular. Conclusão: extrassístoles ventricu lares
bigeminadas. Os demais exames com plemen -
ECG-22: (A) Notar: o acentuado suprades- tares não definiram doença estrutural cardía -
nível de ST em 02-03-aVF-V5 e V6, com in- ca. Pág. 209.
fradesnível de ST em V1 -V2-V3, definindo o
infarto agudo do miocárdio com supra de ECG- 27 : 1) ritmo sinusal, 2) FC em 7 5bpm,
ST das paredes ínfero-látero-dorsal do VE. É 3) relação A I V= 1:1, 4) iPR em 160ms, 5) QRS
submetido a trombólise farmacológica, evo- estreito e onda T alterada. Notar: a cada 3 ba-
lui para fibrilação ventricular (B). sendo ime- timentos ocorre 1 QRS de aparecimento pre-
diatamente tratado com cardiodesfibrilação maturo, largo em 160ms, co m morfologia em
elétrica. (C) ECG evolutivo evidencia necrose "orelha de coelho" em V1 e onda T alterada.
ínfero-lateral. Paciente clinicamente recupera- Conclusão: extrassístoles ventriculares trigemi-
do. Págs. 136 e 252 . nadas. originárias noVE. Observar as ondas T
442 Hetrocardiograma Orientado para o[linico

difusamente aplanadas, correlacionadas com dos complexos largos (ondas ventriculares).


aterosclerose coronariana. Pág. 209. Pág. 234.

ECG-28: 1) ritmo cardíaco irregular, 2) FC do ECG-32: (A): 1) taquiarritmia regular, 2) FC


ritmo de base em 37bpm, 3) relação A / V= 1:1, em 214bpm, 3) ausência de ondas P. 4) QRS
4) iPR em 200ms, 5) QRS largo em 140ms e largo e onda T alterada. (B) : ritmo atrial e ex-
onda T alterada. Notar: a sequência de um trassístoles ventriculares múltiplas e polimór-
complexo de base e uma extrassístole com ficas, evoluindo para ritmo sinusal (C). Con-
QRS largo, produzindo complexos duplos. clusão: taquicardia ventricula r, monomórfica,
Conclusão: extrassíst oles ventriculares bige- sustentada, reverte ao ritmo sinusal após a
minadas. Arritmia frequente na intoxicação cardioversão elétrica . Pág . 228.
digitálica, nos pacientes em uso de digital. Os
complexos QRS de base com padrão de BRE se ECG-33 : Notar: ciclos de 4 complexos conse-
relacionam com miocardiopatia . Pág. 312 . cutivos de QRS largos. Conclusão: taquicardia
ventricular não sustentada. Pág . 228.

ECG-29: 1) taquiarritmia regular, 2) FC em


ECG-34: Notar: taquicardia regular de QRS
187bpm, 3) QRS estreito e onda T sem alte-
largos com FC entre 187 e 219bpm. Conclu-
ração . Notar: em V1, onda P' retrógrada a
são: taquicardia ventriculur monomórfica sus-
80ms do início do QRS, sugerindo onda R',
tentada . Págs. 229.
coincidente com entalhes em 01-02-03-aVF.
Conclusão: taquicardia reentrante atrioven-
ECG-35: Ritmo cardíaco irregular. No ritmo
tricular, nodal. Esses pacientes se beneficiam
de base: 1) ritmo sinusal. 2) relação A I V= 1:1,
com o estudo eletrofisiológico e ablação da
3) iPR em 140ms, 4) QRS estreitos e ondas T
via reentrante nodal. Pág. 221 .
normais. Notar a sequência de complexo duplo
normal seguida de extrassístole. Conclusão: ex-
ECG-30: 1) taquiarritmia regular, 2) FC em
trassístoles ventriculares bigeminadas. O eco-
166bpm, 3) QRS estreitos e ondas T normais.
cardiograma não definiu uma doença cardíaca
Notar: em V1 ondas P' ( • ) retrógradas a 80ms
estrutural para essa arritmia. Pág . 209.
do início do QRS, simulando onda R'. Conclu-
são: taquicardia reentrante atrioventricular, ECG-36: 1) ritmo cardíaco irregular, 2) FC
nodal. Pág . 221. média em 55bpm, 3) QRS estreito e onda T
alterada. Notar: ausência de ondas P substi-
ECG-31 : 1) taqu iarritmia regular, 2) FC em tuídas por ondas F, formando uma linha de
187bpm, 3) QRS largo e onda T alterada. No- base em serrilhado monomórfico, em "dentes
tar: ausência de onda P; em V1, QRS largo em de serra", com frequência média em 300bpm.
140ms, monomórfico com aspecto em "ore- Conclusão: ritmo de flutter atrial. As ondas F
lha de coelho" e em V6 onda S maior que R, negativas em 02 caracterizam o circuito de
que são critérios de Brugada para definir ta- reentrada com rotação anti-horária (ou cau-
quicardia ventricular. Conclusão: taquicardia docranial). Pág. 241 .
ventricular, monomórfica, sustentada. Reali-
zado ECG esofagiano, evidenciando comple- ECG-37: 1) ritmo cardíaco irregular, 2) FC
xos espiculados ( •) (ondas atriais), dissociados média em 83bpm, 3) QRS estreito e onda T
fxerclc10sdef[G 443

pouco alterada . Notar: ausência de ondas P difusamente aplanadas. Conclusão: fibrilação


substituídas por ondas F, formando uma li- atrial paroxística. Após os procedimentos que
nha de base em serrilhado polimórfico, com não identificaram trombos intracardíacos, a
frequência superior a 500bpm, mais bem evi- paciente foi submetida à card ioversão elétrica
denciada em V1 , e acentuada irregularidade sincronizada, com sucesso. Pág. 249.
do ritmo ventricular. Conclusão: ritmo de fi-
brilação atrial. Pág. 246. ECG-42 : (A): 1) Ritmo sinusal regular, 2) FC
em 83bpm, 3) ausência de ondas P, 4) QRS
ECG-38: (A): 1) taquiarritmia regular, 2) FC largos e ondas T alteradas. Conclusão: ritmo
média em 187bpm, 3) QRS largos, monomór- idioventricular acelerado (RIVA), evoluindo
ficos em forma sinusoidal. Evoluiu rapidamen- para ECG (B): retorno espontâneo ao ritmo
te para (B): 1) taquiarritmia irregular, 2) FC sinusal. Esta arritmia correlacionou-se à reper-
> 500bpm, 3) QRS polimórficos. Conclusão: fusão coronariana com sucesso. Pág. 233 .
A , ritmo de flutter ventricular, evoluindo para
B, ritmo de fibrilação ventricular. Pág. 249. ECG-43: Ritmo de base: 1) ritmo sinusal regu-
lar, 2) FC em 71 bpm, 3) relação A I V= 1:1, 4)
ECG-39: (A): 1) ritmo cardíaco irregular e iPR em 140ms, 5) QRS e ondas T normais. No-
ausência de ondas P, 2) FC em 204bpm, 3) tar a longa parada sinusal cursando com FC de
ausência da relação A I V e ausência de iPR, 13bpm. Conclusão: parada sinusal. Pág. 266.
4) QRS estreitos e ondas T alteradas. (B) (fi-
nal do ECG) 1) ritmo sinusal regular, 2) FC ECG-44: 1) ritmo cardíaco regular, 2) FC ini-
em 68bpm, 3) relação A I V= 1:1, 4) iPR em cial em 62bpm e final em 34bpm, 3) relação
140ms, 5) QRS e ondas T normais. Conclusão: A I V inicial = 1:1 evoluindo para 2:1, 4) iPR
(A) fibrilação atrial (paroxística) com frequên- constante e prolongado em 280ms, 5) QRS es-
cia cardíaca elevada, evoluindo para (B), que treito e onda T normal. Notar: o aparecimento
mostra reversão espontânea ao ritmo sinusal. de ondas P não seguidas de QRS. Conclusão:
O ecocardiograma e a cintilografia miocárdica bloqueio atrioventricular do 111, grau, evoluin-
não definiram uma doença cardíaca estrutural do para 211 grau, Mobitz 11, 2:1. Pág . 273.
para essa arritmia. Pág. 247 .
ECG-45: 1) ritmo cardíaco irregular, 2) FC
ECG-40: taquicardia irregular, com frequên- média em 83bpm, 3) relação A I V diferente
cia cardíaca entre 99 e 148bpm, mostrando de 1: 1, 4) iPR inconstante, variando de 160 a
ondas atriais. Ao reduzir-se a frequência car- 280ms, 5) QRS estreito e onda T normal. No-
díaca, tornam-se mais evidentes as ondas F de tar: o aparecimento de ondas P não seguidas
serrilhado monomórfico. Conclusão: flutter de QRS. Conclusão: bloqueio atrioventricular
atrial com frequência atrial de 300bpm, alter- do 211 grau, Mobitz I, ou Wenckebach, 4:3.
nando a relação A I V de 2:1 (ECGA) e 4:1 Pág. 272.
(ECGB). Pág. 241 .
ECG-46: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em
ECG-41: 1) ritmo cardíaco irregular e au- 53bpm, 3) relação A I V= 1:1, 4) iPR em
sência de ondas P, 2) FC em 125bpm apro- 120ms, 5) QRS e ondas T normais. Notar: on-
ximadamente, 3) ausência da relação A I V e das P invertidas em D2-D3-aVF-V3 a V6. Con-
ausência de iPR, 4) QRS estreitos e ondas T clusão: ritmo juncional. Pág . 257 .
444 fl etrocardiograma Orientado para oClinico

ECG-47 : Notar: pausa card íaca prolongada ECG-52: 1) ritmo sinusal regu lar, 2) FC em
reduzindo a FC de 75bpm para 25bpm, co m 93bpm, 3) relação A I V= 1: 1, 4) iPR curto
sintomas. Conclusão: bloqueio sinoatrial do em 80ms, 5) QRS largo co m espessamento
212 grau , tipo 11 , relacionado com hiperativida- em seu ramo inicial e onda T alterada . No-
de do tônus vagai. Pág . 266. ta r: onda delta, mais bem visualizada em 01 -
02-aVL-V5-V6. Conclusão: Wolff-Parkinson-
ECG-48: 1) ritmo cardíaco regular, 2) FC White. Onda delta negativa em V1 e positiva
em 45bpm, 3) relação A I V= 2:1, 4) iPR em em 02-aVF, localiza a via acessória em parede
140ms, nos impulsos conduzidos 5) QRS es- ântero-septal do ventrículo direito. Tais pa-
treitos e ondas T alteradas. Notar: o sinal ( •) cientes são suscetíveis a apresentar episódios
marca as ondas P não seguidas de QRS . Con- de taquiarritmias, beneficiando-se do estudo
clusão: bloqueio atrioventricular do 212 grau, eletrofisiológico e ablação da via acessória .
2:1, relacionado com cardiopatia ateroscleró- Pág . 292 .
tica degenerativa. O iPR normal e constante
nos impulsos conduzidos sugere BAV Mobitz ECG-53: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em
11 . Pág. 276. 65bpm, 3) relação A / V= 1:1, 4) iPR em 140ms,
5) QRS e ondas T normais. Notar: os QRS do
ECG-49: 1) ritmo cardíaco irregular, 2) FC en- quarto ao sexto complexos, a presença de
tre 47 e 50bpm, 3) ausência da relação A I V onda delta, simulando um bloqueio do ramo
e ausência de iPR, 4) QRS estreitos e ondas esquerdo. Conclusão: Wolff-Parkinson-White,
T alteradas. Notar: ondas P dissociadas dos alternando a via de condução atrioventricular.
QRS. Conclusão: bloqueio atrioventricular do Pág . 292 .
3a grau . A morfologia dos QRS estreitos indica
que o foco do comando ventricular situa-se ECG-54: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em
acima da bifurcação do feixe de His. Relacio- 88bpm, 3) relação A / V= 1:1, 4) iPR em 140ms,
nado co m cardiopatia aterosclerótica degene- 5) QRS e ondas T normais. Notar: o suprades-
rativa. Pág . 279. nível do segmento ST de concavidade superior
e o infradesnível do segmento PR, evidencia-
ECG-50: 1) ritmo card íaco regular, 2) FC em dos em 02-03-aVF. Conclusão: pericardite
62bpm, 3) QRS largo. Notar: ausência de on- aguda. Pág. 303.
das P; QRS largo, precedido por uma espícula
fina e ampla, e em V1 simulando BRE. Con- ECG-55: Notar: 1) prolongamento do iPR
clusão: ritmo de marca-passo cardíaco, com em 280ms, e 2) alteração do segmento ST de
estimulação em VO, em paciente que apre- morfologia em "colher de pedreiro" . Conclu -
sentava BAVT. Pág . 334. são: impregnação digitálica. Pág . 312.

ECG-51: 1) ritmo cardíaco regular, 2) FC ECG-56: 1) ritmo sinusal regular, 2) FC em


em 65bpm, 3) relação A I V= 1:1, 4) iPR em 63bpm, 3) relação A I V= 1: 1, 4) iPR em 80ms,
160ms, 5) QRS estreito e onda T normal. No- 5) QRS e ondas T alteradas. Notar: onda del-
tar: onda P negativa em 01-aVL-02-03-aVF- ta negativa em V 1 e positiva em 02-03-aVF.
V2 a V6 e de aspecto "curvo pontiagudo" em Conclusão: Wolff-Parkinson-White via acessó-
V1. Conclusão : ritmo de átrio esquerdo. Pág . ria em região ântero-septal do ventrículo di-
261 . reito . Pág. 292.
fxerclc1os de fCG 445

ECG- 57 : Notar: espícula de marca-passo dulo sinusal com bradiarritmias sintomáticas.


cardíaco precedend o o QRS com morfologia Pág. 336.
de bloqueio de ramo direito, localizando o
estímulo em ventrículo esquerdo. Conclusão: ECG- 60: 1) ritmo cardíaco regular, 2) FC em
ritmo de marca-passo cardíaco unicameral em 42bpm, 3) ausência de ondas P, 4) QRS largo

paciente que apresentava bloqueio atrioven- em 160ms e onda T alterada . Notar: onda T
ampla, em tenda . Conclusão: rit mo sinoven-
tricular total congênito. Pág . 336.
tricular e hiperpotassemia (K em 7,1 mEq/L).
Pág . 318.
ECG- 58: Notar: duas espículas de marca-pas-
so cardíaco, a primeira atrial e a segunda ven-
ECG- 61 : 1) ritmo cardíaco regular, 2) FC
tricular. Conclusão: ritmo de marca-passo car-
em 88bpm, 3) relação A / V= 1:1, 4) iPR em
díaco dupla câmara ou bicameral. Pág. 336. 160ms, 5) QRS estreito. Notar: onda P nega-
tiva em D1-aVL-V3 a V6; complexos QRS pre-
ECG- 59: Notar: duas espículas de marca- dominantemente negativos em 0 1-aVL, com
passo cardíaco, átrio direito (a primeira) e o padrão de V1 (r-S) estendendo-se até V6.
ventrículo direito (a segunda). Conclusão: rit- Conclusão: A. dextrocard ia. Observar as deri-
mo de marca-passo cardíaco bicameral - DDD vações precordiais direitas (V3R a V6R) em B,
em paciente que apresentava doença do nó- mostrando o aspecto normal do QRS.
Perguntas *

Capítulos 1 a 7 A. fase O
B. fase 2
1. A característica principal do potencial de C. fase 4
ação das células automáticas do nódulo sinu-
O. na bomba Na•;K•
sal e que a diferencia das células de Purkinje é:
A. a rápida ascensão da fase O 5. A velocidad e de condução do impulso elé-
B. a duração aumentada da fa se 2 trico está mais acelerada na(s):
C. a ascensão lenta e gradual da fase 4 A. região nodal sinusal
O. a ausência do período refratário absoluto B. região nodal AV
C. célula miocárd ica
2. A velocidade de condução do impulso ca r-
O. fibras do sistema de Purkinje
díaco depende basicamente da:
A. fase O do PA 6. Com relação ao efeitos do íon K· sobre o
B. fase 2 do PA potencial de ação (PA) da célula cardíaca, são
C. fase 3 do PA corretas as seguintes respostas, EXCETO:
O. fase 4 do PA
A. mantém o potencial de repouso da célula
3. O potencial de repouso transmembrana da de Purkinje em - 90mV
célula de Purkinje encontra-se estabilizado em B. a concentração extracelular elevada mod i-
- 90mV, graças ao equilíbrio do(a): fica a fase O do PA
A. íon Na • C. a concent ração intracelular é 30 vezes
B. íon K' maior que a extracelular
C. íon Ca++ O. ocorre o efluxo de K• na fase 3 do PA
O. proteína (ãnion) intracelular
7 . Com relação ao mecanismo denominado
4. A atividade primária do íon cálcio no po- bomba d e Na•JK• da célu la cardíaca, é correto
tencial de ação da célula cardíaca faz-se na: afirmar-se que:

*Respostas comentadas encontram-se no Capítulo 38.


448 Hetrocard1ograma Orientado para oClin1co

A. é o componente determinante da despo- B. a duração máxima do intervalo PR é de


tarização diastótica das células de poten- 200ms
cial do tipo lento C. a duração máxima do complexo QRS é de
B. promove a restauração de voltagem da 100ms
membrana aos níveis normais D. a duração máxima da onda T é de 120ms
C. promove a restauração iônica intra e ex-
tracelular 12. A magnitude da deflexão obtida co m um
D. é um mecanismo natural e passivo de di- eletrodo varia em função da distância entre o
fusão entre os íons Na+ e K- dipolo e o eletrodo e do cosseno do ângulo
formado entre o eixo do dipolo e a linha de
8. Marque a resposta FALSA com relação às derivação. Marque a resposta FALSA:
propriedades eletrofisiológicas da célula car- A. quanto menor a distância, maior a de-
díaca: flexão
A. ao ser alcançado o potencial limiar, ocorre B. o ângulo de ooproduz uma deflexão isoe-
a deflagração do PA létrica ou isodifásica
B. no período refratário relativo, estímulos C. ângulos entre 0° e 90° produzem defle-
de forte intensidade não conseguem de-
xões positivas
flagrar oPA D. ângulos entre 90° e 180° produ zem defle-
C. no período refratário absoluto, estímulos
xões negativas
de qualquer intensidade não conseguem
deflagrar o PA
13. Quanto ao fenômeno do automat ismo,
D. no período supernormal, estímulos de pe-
podemos afirmar que:
quena intensi dade conseguem deflagra r
A. só ocorre em fibras de tipo resposta rápida
oPA
B. só ocorre em células do tipo resposta lenta
C. pode ocorrer em células do tipo resposta
9. O íon cálcio participa ativamente na :
rápida ou lenta
A. estabilização do potencial de repouso
D. é dependente da corrente de potássio
B. contratilidade miocárdica
C. velocidade de condução do impulso
14. O processo de despolarização ventricular
D. duração do período refratário absoluto
pode ser representado por quatro vetores ca r-
díacos. Marque a resposta FALSA:
1 O. Dentre as características apresentadas por
um dipolo elétrico, marque a correta: A. vetor 1 de 1 Oms representa a despolariza-
A. as duas cargas elétricas são iguais ção exclusiva da reg ião interseptal
B. a intensidade depende da carga elétrica B. vetor 2 de 20ms representa a despolariza-

situada à f rente ção da região septal direita baixa e dirige-


C. no dipolo de repolarização da fibra cardía- se para a esquerda e para baixo
ca, o sentido não coincide com a direção C. vetor 3 de 40ms representa a despolari-
D. t odas as respostas anteriores zação exclusiva do ventrículo esquerdo e
dirige-se para a esquerda e para cima
11 . No ECG normal, devemos observar as se- D. vetor 4 de 60ms representa a despolariza-
guintes medidas. Marque a INCORRETA: ção das regiões basais do VE e do septo e
A. a duração máxima da onda Pé de 1OOms dirige-se para cima e al go para a direita
Perguntas

15. O eixo elétrico médio do QRS (SâQRS), lo- B. onda P negativa em aVR indica anormali-
cal izado em + 30°, define o seguinte padrão: dade na despolarização atrial
A. QRS isodifásico em 03 e negativo em aVR C. SâP normal localiza-se entre +60° e +90°
B. QRS isodifásico em 02 e positivo em aVL O. são normais os limites máximos de 1OOms
C. QRS isod ifásico em 01 e negativo em aVF e 0,25mV para a duração e a amplitude da
O. QRS isodifásico em aVR e positivo em 03 onda P

16. Considera-se normal o eixo elétrico médio


20. Com relação à onda de repolarização ven-
do QRS (SâQRS) quando encontramos o QRS
tricular normal, é correto afirmar-se que:
predominantemente:
A. dirige-se do endocárdio para o epicárdio
A. positivo em 01 e aVF
B. dirige-se do epicárdio para o endocárdio
B. positivo em 01 e negativo em aVF
C. tem a mesma direção que a onda de des-
C. negativo em 01 e aVF
pola rização
O. negativo em 01 e positivo em aVF
O. faz-se em sentido paralelo à parede, na
17. Com relação às morfologias dos comple- forma de ondas
xos QRS observadas nas derivações precordiais
de um indivíduo sem card iopatia subjacente, 21 . As seguintes medidas são normais no
as respostas abaixo são corretas, EXCETO: ECG, EXCETO:
A. em V1-V2 : r (pequeno)-S (grande) A. o intervalo PR varia entre 100 e 200ms
B. em V3-V4: q (pequeno)-R (grande) B. a duração do complexo QRS varia entre 60
C. em V5-V6: q (pequeno)-R (grande)-s (pe- e 100ms
queno) C. a duração máxima da onda Q não patoló-
O. em V5-V6: q (pequeno)-R (grande) gica é de 30ms
O. a duração máxima do intervalo QTc é de
18. Com relação às rotações elétricas sobre
440ms
os três eixos cardíacos principais, as modifica-
ções eletrocardiográficas são mais facilmente
22. Com relação à repolarização ventricular
identificadas nas derivações periféricas. Assi-
traduzida pela onda T, os seguintes critérios
nale a resposta correta:
são corretos, EXCETO:
A. os indivíduos obesos são particularmen-
A. SâT situa-se entre ooe +90°
te propensos a apresentar a morfologia
B. exceto em aVR, a onda T tem a forma ar-
S1-Q3
redondada, positiva e simétrica
B. a característica peculiar do padrão juvenil
C. a amplitude da onda T é menor do que a
é a morfologia 51-52-53
do complexo QRS
C. as gestantes no último trimestre podem
O. pode estar negativa de V1 a V4, normal-
apresentar a morfologia Q1-S3
mente, em crianças
O. a posição horizontal caracteriza-se pela
morfologia Q1-Q2-Q3
23. A sístole elétrica ventricular é representa-
19. Quanto à ativação atrial, podemos afir- da no eletrocardiograma pelo:
mar que: A. intervalo PR
A. a ativação dos dois átrios faz-se de modo B. complexo QRS
simultâneo, razão pela qual a inscrição da C. onda T
onda Pé uniforme O. intervalo QT
450 életrocardiograma Orientado para oWnico

24. No coração em posição elétrica horizon- 28. O plano elétrico horizontal é determinado
tal, observam-se no ECG complexos QRS de por seis derivações unipola res, V1 a V6. Assi-
morfologias semelhantes entre as seguintes nale a resposta FALSA:
derivações: A. V1 localiza-se no 4ll EICE, na linha paraes-
A. aVL com V6 e aVF com V1 ternal
B. aVL com V 1 e aVF com V6 B. V3 localiza-se entre V2 e V4, à esquerda
C. aVL com AVF e V1 com v6 C. VS localiza-se no 5° EICE, na linha axila r
D. em todas as derivações anteriores anterior
D. V6 localiza-se no 511 EICE, na linha axilar
25. No traçado normal, podem ser observa - média
das t odas as características abaixo, EXCETO :
A. o supradesnível de ST com concavidade su- 29. Assinale a resposta co rreta quanto à pre-
perior, denominado repolarização precoce sença da onda U:
B. a diminuição do intervalo PR nas taquicar- A. onda U positiva e ampla correlaciona-se
dias com derrame pericárdico
C. o infradesnível de ST nos pacientes obesos B. onda U manifesta-se somente nas deriva-
D. ondas T invertidas nas derivações direita s ções V2-V3
em cria nças C. onda U pontiaguda e simétrica ocorre na
hiperpotassemia
26. Com relação às derivações eletrocardio- D. onda U negativa e oposta à onda T pode
gráficas, é verdadeiro af irmar-se que: ind icar doença isquêmica miocárdica
A. D1 mede a diferença de potencial entre o
braço direito (polo positivo) e o braço es- 30. No ECG normal, habitualmente não iden-
querdo (polo negativo) t ificamos a onda de repola rização atrial (Ta),
B. D2 mede a diferença de potencial entre a porqu e:
perna esquerda (polo positivo) e o braço A. Ta coincide com a onda P do mesmo ciclo
direito (polo negativo) elétrico
C. D3 mede a diferença de potencial entre o B. Ta coincid e com o co mplexo QRS do mes-
braço esquerdo (polo positivo) e a perna mo ciclo elét rico
esquerda (polo negativo) C. Ta coincide co m a onda T precedente
D. t odas as respostas acima são verdadeiras. D. Ta coincide com a onda U precedente

27. O papel de reg istro do ECG, à velocidade 31. Onda T positiva, apiculada e simétrica ,
pad rão de 25mm/s, apresenta as seguintes re- pode ser encontrada nas condições a seguir,
ferências, EXCETO: EXCETO :
A. um quadrado pequeno na horizontal refe- A. hiperpotassemia
re-se a 0, 1s B. vagotonia
B. um quadrado pequeno na vertical refere- C. fase aguda da isquemia miocárdica
se a 0,1mV D. alteração secundária da repolarização ven-
C. a frequência cardíaca pode ser calculada tricular
dividindo-se 1.500 pelo número de qua-
drados pequenos entre 2 QRS 32. Marque a resposta correta quanto à aná-
D. a calibração normal é de 1 mV lise do intervalo PR:
Perguntas 451

A. na bradicardia, o IPR aumenta proporcio- 37. Qual o padrão eletrocardiográfico que


nalmente melhor se correlaciona com CVE?
B. reflete exclusivamente a condução atrio- A. padrão de BRD incompleto
ventricular B. padrão de BRE completo
C. as amplas variações entre 120 e 200ms C. padrão de bloqueio bifascicular (BRD +
correspondem a distúrbios da condução HBAE)
atrioventricular D. nenhuma das respostas está correta
D. todas as respostas estão corretas
38. São critérios de anormalidade ou crescimen-
33. Discretas elevações do segmento ST po-
to atrial esquerdo todos os abaixo, EXCETO:
dem ser encontradas em:
A. onda P de amplitude aumentada e forma-
A. indivíduos normais
to em tenda
B. na pericard ite aguda benigna
B. duração da onda P maior que 120ms
C. no aneurisma ventricular
C. fase negativa da onda P maior que 40ms
D. todas as condições estão corretas
em V1
D. relação entre a duração da onda P e a du-
Capítulos 8 a 12
ração do segmento PR maior que 1,8
34. O critério que possibilita o diagnóstico de
anormalidade ou crescimento atrial direito é: 39. O crescimento ventricular direito em grau
A. onda P com entalhes separados de 40ms acentuado é identificado no ECG pelo seguin-
B. onda P de amplitude maior que a onda T te padrão:
C. onda P da amplitude aumentada, apicula- A. em V 1: R> S e em V6: R<S
da e de base estreita B. em V1 : R-S-R' com onda T invertida e em
D. onda P com a fase positiva maior que a V6: S profunda
negativa em V1 C. em V 1: Q-R e em V6: S>R
D. em V1 : aumento da deflexão intrínseca
35. Nos critérios de bloqueio do ramo esquer-
com desvio do SâQRS para a direita
do, NÃO é compatível a ocorrência de:
A. presença de pequena onda R em V1
40. Os critérios morfológicos de hemiblo-
B. presença de pequena onda Q em V5-V6
queio anterior esquerdo incluem todos os
C. presença de onda T invertida em V5-V6
abaixo, EXCETO:
D. duração do complexo QRS menor que
A. duração do complexo QRS menor que
120ms
120ms.
36. Diz-se que o BRD é do 311. grau quando B. SâQRS localizado entre - 1ooe - 60°
observamos no ECG: C. padrão R-S em D2-D3-aVF
A. em V1 : R-S-R' com alargamento do QRS D. presença de onda S em V5-V6
maior que 120ms
B. em V6: presença da onda S com onda T 41. O índice de Sokolow-Lyon é positivo
negativa quando:
C. nas periféricas: S1-52-53 com alargamen- A. a soma de S D1 +R D3 é igual ou superior
to do QRS maior que 120ms a 25mm
D. em V1 : supradesnível de ST com onda T B. a soma de S V1 + R V6 é igual ou superior
invertida a 35mm
452 HetrocardJograma Omntado para oClln1co

C. a soma de R 01 + S 03 é igual ou superior 46. Bloqueio t rifascicular mostra caracteristi-


a 25mm camente o seguinte aspecto no ECG:
O. a soma de R V1 + S V6 é igual ou superior A. padrão de BRO + HBAE + IPR longo
a 35mm B. padrão de BRO + HBPE + IPR longo
C. padrão de BRO + BRE + IPR longo
42. Para o índice de Sokolow-Lyon, é correto O. padrão de HBAE + HBPE + IPR longo

afirmar-se que é:
47. P pu/mona/e é identif icada no ECG pelos
A. altamente sensível e específico para o
seguintes elementos, EXCETO:
diagnóstico de CVE
A. apiculada e de base estreita em 02-aVF
B. altamente sensível e específico para o
B. desvio do SâP para a direita, próximo de
diagnóstico de CVO
+90°
C. altamente sensível e específico para o
C. grande amplitude com a fase negativa au-
diagnóst ico de crescimento biventricular
mentada em V1
O. nenhuma das respostas está correta O. pequena amplitude ou isoelétrica em 03

43. Na miocardiopatia hipertrófica, ocorre o 48. NÃO faz parte dos critérios morfológicos
aumento de magnitude das ondas que resul- do BRE do 32 grau o seguinte aspecto:
tam do: A. complexo QRS com du ração superior a
A. vet or 1 - septal médio 120ms
B. vetor 2 - septal baixo B. presença de onda Q pequena em 01-aVL-
C. vetor 3 -ventricular esquerdo V5-V6
O. vetor 4 - ventricular alto C. presença de onda R pequena em V1 -V2
O. onda T invertida em oposição ao QRS, em
44. Na miocardiopatia hipertrófica, é critério V5-V6
diagnóstico no ECG a presença do seguinte
elemento:
49. Constitui sinal de dilatação do átrio direi-
to a seguinte alteração:
A. ausência de R em V1 e ausência de Q em
A. complexo QRS de baixa voltagem em V1
V6
B. ondas P de pequena amplitude em 02-
B. R-S-R' em V1 e R-S (profunda) em V6
03-aVF
C. R ampla em V1 e Q profunda em V6
C. ondas P com a sua fase negativa muito
O. T invertida em oposição ao QRS em V6
pronunciada em V1
O. ondas P substituídas por onda f
45. O ECG sugere hemibloqueio póstero-infe-
rior quando apresenta : 50. Nos critérios de Romhilt e Estes, é FALSO
A. desvio do eixo para a esquerda e padrão afirmar-se que:
r-Sem 02-03-aVF A. vale 3 pontos o crescimento atrial esquerdo
B. desvio do eixo para a direita e padrão r-S B. va le 3 pontos as alterações do segment o
em 0 2-03-aVF ST e onda T, definidos como strain
C. desvio do eixo para a esquerda e padrão C. va le 3 pontos o aumento da duração do
q-R em 02-03-aVF QRS
O. desvio do eixo para a direita e padrão q -R O. o CVE é definido quando a soma alcançar
em 02-03-aVF 5 pontos
Pergun tas 453

51 . Podem ser causas determinantes do blo- C. ondas R amplas com T negativa em V5-V6
queio do ramo direito todas as descritas a se- D. onda R-S (S profunda) com T positiva em
guir, EXCETO: V5-V6
A. alongamento do ramo direito em conse-
quência da sobreca rga de volume do VD 56. Na criança portadora da cardiopatia con-
B. trauma incidental durante a cirurgia car- gênita (estenose pulmonar com septo inter-
díaca ventricular fechado), o ECG característico evi-
C. alterações isquêmicas no tronco principal dencia:
do ramo direito A. onda P apiculada e pontiaguda em 01 e
D. interrupção da condução pelo hemifascí- onda R maior que S, com T negativa em
culo póstero-inferior devido à doença de V1
Chagas B. onda P bífida e alargada em 02 e onda R
maior que S, com T negativa em V l
52. O padrão eletroca rdiográfico que melhor C. onda P negativa em Vl e onda R menor
caracteriza o BRD, examinado por V1, é: que S, com T negativa em V6
A . onda QS alargada com T positiva D. nenhuma das respostas está correta
B. onda delta positiva com T negativa
C. onda R-S-R' com T negativa 57. Das possibilidades a seguir, a que melhor
D. onda R-S alargada com T negativa caracteriza a estenose mitral no ECG é:
A. SâP para a direita e SâQRS para a direita
53. O índice de Morris de 0,04mm/s é com- B. SâP para a esquerda e SâQRS para a es-
patível com o diagnóstico d e: querda
A. crescimento atrial direito C. SâP para a direita e SâQRS para a esquerda
B. crescimento atrial esquerdo D. SâP para a esquerda e SâQRS para a direita
C. hipertrofia ventricular direita
D. hipertrofia ventricular esquerda 58. A estenose aórtica pode ser representada
pela seguinte alteração no ECG:
54. As alterações eletrocardiográficas que A. em Vl : R pura e alargada com T invertida
correspondem à cardiopatia hipertensiva são e onda P apiculada em D2
as descritas a seguir, EXCETO: B. em V1 : R-S-R' alargada com T invertida e
A. ritmo sinusal regular com IPR entre 21 O e onda P alargada em 02
390ms C. em V6: R pura e alargada com T invertida
B. ondas P bffidas, com duração superior a e onda P alargada em D2
100ms em 02 D. em V6: q-R-S alargada com T positiva e
C. ondas T negativas em oposição ao QRS onda P apiculada em D2
positivo em V6
D. ausência da onda Q em V5-V6 59. No portador de comunicação interatrial, o
traçado mais característico mostrará em V1 :
55. No ECG com sinais de crescimento de VD, A. R-S-R' com onda T invertida
o diagnóstico de crescimento do VE associado B. R pura com onda T invertida
é possível quando observamos: C. R-S (pequeno) com suprad esnível discreto
A. ondas R amplas com T negativa em V1 -V2 do ST
B. ondas R-S-R' com T negativa em V1 -V2 D. QS alargado com T positiva
454 He1rocard1ograma Orienlado para o WRICo

60. Embo lia pulmonar (EP) modifica o ECG. Capítulos 13 a 16


Das alterações a seguir, marque aquela NÃO
relacionada com EP: 64. Com relação às diversas síndromes isquê-
A. padrão Q1 -Q2-Q3 micas, às correntes elétricas sistólicas e aos ve-
B. padrão S1-Q3 -T3 tores que as representam , marque a resposta
C. fibrilação atrial aguda certa:
D. alterações no segmento ST e na onda T A. o vetor que representa a isquemia aponta
para a área compromet ida
61. A doença pulmonar obstrutiva crônica B. o vetor que representa a injúria aponta
pode determi nar as segui ntes modificações para a área compromet ida
no ECG, EXCETO: C. o vetor que representa a necrose aponta
A. ondas R (pequena)-S estendendo-se até para a área comp rometida
V4 D. nenhu ma das respostas acima, pois todos
B. complexos QRS de baixa voltagem com os vetores se afastam da área comprome-
onda R peq uena em VS-V6 tida
C. desvio do SâP para a direita.
O. supradesnfvel do segmento ST em 02-03 - 65. A isquemia subepicárdica da parede infe-
aVF rior é diagnosticada pelo seguinte elemento:
A. supradesnível do segmento ST em 02-03-
62. A alteração eletrocardiográfica que me- aVF
lhor caracteriza a estenose mitral grave é: B. supradesnível do segmento ST em aVR,
A. em V1: onda P com fase negativa de dura- correspondendo à imagem recíproca
ção aumentada e onda R menor que S C. ondas T pontiagudas e positivas em V1-
B. em 02: onda P bífida e de duração au- V2, co rrespondendo à imagem recíproca
mentada e em Vl : onda R maior que S O. ondas T pontiagudas e negat ivas em 02-
C. em 02 : onda P apiculada e de amplitud e 03 -aVF
aumentada e em Vl: onda R pura
O. em Vl : ausência de ondas P e onda QS 66. No IAM, a primeira alteração a ocorrer
alargada no ECG é:
A. o nda Q patológica
63. A alteração eletrocardiográfica mais fre- B. supradesnível do segmento ST
quentemente observada na cardiopatia cha- C. alargamento do complexo QRS
gásica é: O. anormalidades na onda T
A. em Vl : R-S-R' alargado com T invertida
associado ao desvio do SâQRS para a es- 67. O infarto agudo exten so da parede an -
querda terior do VE é diagnost icado por alterações
B. em Vl : R pura e alargada com T invertida observadas nas seguintes derivações:
associado ao desvio do SâQRS para a di- A. 01 -aVL-Vl a V6
reita B. D2-D3-aVF-V7-V8
C. em V6: q-R-S alargado com T positiva C. D1-aVL-V4 a V6
associado ao desvio do SâQRS para a es- O. D2 -03-aVF-V3R-V4R
querda
O. em V6: R pura e alargada com T invertida 68. A ca racterística eletrocardiográfica da in-
sem desvio do SâQRS júria subendocárdica é:
Perguntas 455

A. onda T pontiaguda, simétrica e posit iva 73. O diagnóstico do infarto do ventrículo di-
B. supradesnível d e ST com convexidade pa ra reito ca racteriza-se por:
ci ma A. infradesnível de ST em V1 -V2-V3
C. infradesnível de ST com concavidade para B. supradesnível de ST em V3R-V4R-V5R
cima C. supradesnível de ST em V7-V8
D. onda O com mais de 3mm de amplitude D. supradesnível de ST em D2-D3-aVF

74. Dentre as manifestações eletrocardiográ-


69. O infarto atrial é mais bem evidenciado
ficas atípicas da isquemia miocárd ica, pode-se
pela seguinte alteração :
observar:
A. desaparecimento da onda P
A. onda U negativa em oposição à onda T
B. presença da onda delta
B. infradesnível do segmento PR
C. supradesnível do segmento ST C. encurtamento do intervalo OT
D. supradesnível do segmento PR D. alteração do segmento ST denom inado de
"pá de pedreiro"
70. A causa mais comum de elevação do seg-
mento ST de 2mm ou mais é: 75. Depressão do segmento ST em V1 -V2
A. doença isquêmica miocárdica pode corresponder às seguintes causas, EX-
B. pericardi te aguda CETO:
C. hipertrofia ventricular esquerda A. lesão suben docárdica da parede anterior

D. repolarização ventricular precoce B. lesão subepicárdica da parede posterior


C. bloqueio com pleto do ramo direito
D. hipopotassemia
71. Com relação à onda O patológica, as res-
postas a seguir estão corretas, EXCETO: 76. A elevação do segmento ST em aVR como
A. a amplitude relaciona-se com a profun- imagem recíproca corresponde a:
d idade da necrose no sentido epicárdio 1 A. infarto epicárdico da parede anterior.
endocárdio B. infarto endocárdico da parede inferior
B. a duração relaciona-se com a extensão da C. infarto epicárdico com BRD do 31! grau
necrose no sentid o em paralelo ao epi - D. infarto com aneurisma do VE
cárdio
C. é o sinal eletrocardiográ fico mais caracte- 77. A angina va riante de Prinzmetal correla-
rístico e presente em todos os infartos do ciona-se com a seguinte alteração no ECG:
miocárdio A. onda O profunda relacionada com a pare-
de comprometida, em V4-V5-V6
D. pode ser observada em doenças cardíacas
B. supradesnível transitório do segmento PR
não coronarianas
sem onda O. em V4-V5-V6
C. infradesnível transitório d o segmento ST
72. O infradesnível do segmento ST nas de-
sem onda O. em V4-V5-V6
rivações V 1-V2 pode corresponder à imagem
D. supradesnível transitório do segmento ST
recíproca de injúria epicárdica da parede:
sem onda O. em V4-V5-V6
A. anterior do VD
B. ântero-septal do VE 78. Ao se observar o infradesnível do seg-
C. inferior do VE mento PR, devemos suspeitar das seguintes
D. posterior do VE condições, EXCETO:
456 fletrocard10grama Orien tadopara o Clinico

A. é um achado normal representando a re- 83. O infarto não onda Q é mais frequente-
polarização atrial mente encontrado no:
B. infarto do miocárdio atrial A. IAM sem complições
C. pericardite aguda B. IAM atrial
D. nenhuma das respostas está correta C. IAM da parede subepicárdica
D. IAM da parede subendocárdica
79. A isquemia subendocárdica, manifesta-
ção precoce da síndrome coronariana agu- 84. Assinale a resposta FALSA com relação ao
da, caracteriza-se pela seguinte alteração no miocárdio isquêmico:
ECG: A. é possível fazer o diagnóstico de infarto
A. onda T pontiaguda, simétrica e negativa agudo não Q pelo ECG
B. onda T pontiaguda, simétrica e positiva B. onda U invertida em oposição à onda T
C. infradesnível do segmento ST de 2mm ou pode significar isquemia miocárdica
mais C. onda Q patológica constitui um bom crité-
D. aumento do intervalo QT rio para o diagnóstico do infarto da parte
inferior
80. Um infarto antigo pode ser diagnosticado D. na vigência de dor precordia l, um ECG nor-
pela persistência da seguinte alteração: mal exclui o diagnóstico de infarto agudo
A. onda T invertida
B. supradesnível do segmento ST 85. Não é possível identificar o infarto pelo
C. onda Q patológica ECG de 12 derivações:
D. onda U positiva A. da parede posterior do VE
B. do ventrículo direito
8 1. Durante um episódio transitório de dor C. atrial
aguda no paciente com história de angina de D. subendocárdico
peito "estável", encontramos mais freqüente-
mente no ECG: 86. A alteração eletrocardiográfica que me-
A. infradesnível transitório do segmento ST lhor caracteriza a discinesia ou o aneurisma
B. supradesnível transitório do segmento ST ventricular consequente ao IAM é:
C. inversão da onda T correlacionada com a A. o aparecimento de novas ondas T isquê-
parede comprometida micas no curso evolutivo do IAM
D. onda Q patológica correlacionada com a B. a persistência a longo prazo da onda Q
parede comprometida patológica
C. a elevação crônica do segmento ST, por
82. Na vigência do infarto agudo do miocár- mais de 2 meses após o IAM
dio da parede inferior, o achado de ondas R D. a persistência do infradesnível do segmen-
proeminentes com depressão do segmento ST to ST. na parede relacionada com o infarto
em V1-V2 correlaciona-se com:
A. extensão do infarto para o VD 87 . Com relação ao teste ergométrico (TE), é
B. extensão do infarto para a parede poste- correto dizer que:
rior do VE A. consiste exclusivamente na avaliação das
C. extensão do infarto para a parede ântero- variações eletrocardiográficas obtidas du-
septal do VE rante o exercício, comparadas com o pa-
D. extensão do infarto para os átrios drão em repouso
Perguntds 4J7

B. os dados clínicos obtidos durante o exer- B. aumento da magnitude da onda Q


cício, como a ocorrência de precordialgia C. depressão do segmento ST
típica, são os que realmente definem o D. apiculamento da onda T
diagnóstico de isquemia miocárdica de-
sencadeada pelo exercício 91. Marque a resposta ERRADA com relação
C. o exame pode fornecer dados clínicos, ele- ao teste ergométrico:
trocardiográficos e hemodinâmicos que A. o infradesnível do ST é o critério mais utili-
permitem uma análise mais completa e zado para definir a resposta isquêmica ao
precisa exercício
D. o TE engloba aspectos clínicos e eletro- B. o aumento na amplitude da onda R e a
cardiográficos, não tendo o potencial de inversão da polaridade da onda T no TE
identificar distú rbios hemodinâmicos são critérios isolados equivalentes à de-
pressão de ST para f irmar o diagnóstico
88. Constituem indicações para o teste ergo- de isquemia
métrico a avaliação de: C. o ponto J é identificado por uma angula-
A. ca rdiopa tia congênita ção que marca o fim d o complexo QRS e o
B. miocardiopatia chagásica início do segmento ST
C. isquemia miocárdica D. utilizamos o ponto Y para a avaliação de
D. todas as respostas estão corretas infradesnível do tipo ascendente do seg-
mento ST
89. Com relação ao teste ergométrico, é cor-
reto dizer que: 92. Com relação ao teste erg ométrico, das
A. durante o exercício, há aumento da FC e respostas abaixo marque a FALSA:
da contratilidade miocárdica, bem como A. quando a d epressão do segmento ST for
redução da PA, resultando em aumento igual ou superior a 1,5mm, o teste será
do consumo de 0 2 miocárdico (MV0 2) sempre considerado isq uêmico, indepen-
B. lesões obstrutivas coronarianas impossibi- dentemente do pad rão de segmento ST,
litam o aumento da oferta de 0 2 para o do sexo e da idade do paciente
miocárdio durante o exercício, podendo B. podemos considerar isquêmico um TE de
produzir alterações clín icas, hemodinâmi- homem de 45 anos que apresenta depres-
cas e eletrocard iográficas são de 1mm no segmento ST em MCS,
C. o aumento de MV0 2 no indivíduo saudá - com padrão horizontal
vel é equilibrado pela redução do aporte C. mulheres antes do climatério apresentam
sanguíneo coronariano, secundário ao maior incidência de depressão não isquê-
bom nível de co ndicio namento físico mica do segmento ST do que os homens
D. durante o exercício, o miocárdio isquêmi- na mesma faixa etá ria
co apresenta desequilíbrio entre a oferta e D. o infradesnível do segmento ST com pa-
o consumo de 0 2 pela diminuição da FC, drão ascendente é menos específico de
da PA e da contratilidade miocárd ica isquemia que os padrões horizontal e des-
cendente
90. Considera-se alt eração patológica no tes-
te ergométrico o seguinte elemento: 93. Quais das variáveis a seguir obtidas no teste
A. diminuição da amplitude da onda R ergométrico NÃO sugerem mau prognóstico:
458 fletrocard1ograma Orientado para o Clln1co

A. depressão de ST superior a 2mm com pa - 97. O BAV do 311 grau se caracteriza por todas
drão horizontal no primeiro estág io do as alterações a seguir, EXCETO:
exercício A. ondas P em menor número e independen-
B. depressão de ST igual a 2mm com frequên- tes dos complexos QRS
cia cardíaca inferior a 120bpm, associada B. os complexos QRS podem estar estreitos
à queda da pressão arterial ou alargados
C. depressão de ST de 1,5mm no ponto Y C. verdadeiramente, não ocorre intervalo PR
com padrão ascendente, ocorrendo no
algum
quinto estágio do protocolo de Bruce em
D. os intervalos PP e RR são constantes. entre si
mulher de 40 anos
D. supradesnível de ST de 1,5mm de V 1 a V4
98. O menor intervalo PR que corresponde ao
associado a extrassístoles ventriculares
BAV do 1g grau é:
A. 120ms
Capítulos 17 a 29
B. 200ms
94. Na arritmia sinusal, observamos os se- C. 21 Oms
guintes elementos, EXCETO: D. 240ms
A. no tipo não fásico, não ocorrem variações
na duração do ciclo cardíaco 99. A observação de um ritmo regular acele-
B. a inspiração profunda acelera a frequência rado com ondas P. sendo algumas não segui-
cardíaca das de complexo QRS-T, é compatível com o
C. a diferença entre a menor e a maior dura- diagnóstico d e:
ção do ciclo cardíaco é superior a 120ms A. extrassístole atrial com condução A-V blo-
D. as morfologias das ondas P e os intervalos
queada
PR são constantes
B. taquicardia atrial com condução A-V blo-
95. Qual das respostas a seguir é FALSA? queada
A. na arritmia sinusal, os intervalos PP são in- C. fibrilação atrial com BAV
constantes D. flutter atrial com BAV
B. na arritmia sinusal os intervalos PP encur-
tam à inspiração profunda 100. Correlaciona -se com batimento de esca-
C. na taquicardia sinusal os intervalos PP são pe ventricula r o complexo QRS alargado que:
maiores que 600ms A. sucede uma pausa prolongada
D. na bradicardia sinusal os intervalos PP são B. anteced e uma pausa prolongada
maiores que 1.000ms C. sucede um intervalo PR prolongado
D. não se relaciona com pausas ou intervalos
96. NÃO é critério eletrocardiográfico d e ex-
PR prolongados
trassístole atrial o seguinte elemento:
A. uma ou mais ondas P prematuras e dife-
rentes das demais 101. Caracterizam o flutter ventricular os
B. o intervalo P'R encontra -se usualmente complexos QRS que se apresentam:
entre 120 e 200ms A. alargados, monomórficos, regulares e fun-
C. o complexo QRS que segue a onda P ex- didos à onda T
trassistólica pode estar aberrante B. alargados, polimórficos, irregulares e fun-
D. a pausa com pensadora é completa didos à onda T
Perguntas

C. alargados e de polaridade alternante so- A. intervalos PR prolongados e fixos


bre a linha de base B. intervalos PP que encurtam progressiva-
D. não se identificam os complexos QRS mente
C. ausência de ondas P no traçado
102. Tem-se como critério eletrocardiográfico D. não é possível identificar o BSA de 12 grau
de hipopotassemia o seguinte elemento: no ECG convencio nal
A. presença de onda U
B. presença de onda U maior que a onda T 107. O bloqueio sinoatrial (BSA) do 3 2 grau
C. presença de onda U invertida de polarida - apresenta as seguintes características, EXCE-
de oposta à onda T TO:
D. o desaparecimento de onda U antes exis- A. ausência de ondas P no traçado
tente B. o impulso sinusal não consegue emergir
do nódulo sinusal
103. Das arritmias citadas a seguir, assinale C. ondas P em maior número e não seguidas
aquela que NÃO se correlaciona com hipopo- de complexo QRS
tassemia: D. o ritmo de base geralmente é o juncio-
A. flutter atria I nal AV
B. fibrilação ventricular
C. bloqueios atrioventriculares de graus va- 108. A alteração eletrocard iográfica que me-
riados lhor caracteriza a fibrilação atria l é:
D. taquicardia ventricular A. a ocorrência de BAV va riados
B. a frequência atrial elevada entre 250 e
104. Qual das ca racterísticas eletrofisiológicas 400bpm
a seguir constitui o fenômeno de reentrada? C. a ausência de ondas P e interva los RR in-
A. bloqueio bidirecional e condução lenta constantes
B. bloqueio bidirecional e condução rápida D. a ocorrência de comp lexos QRS bizarros
C. bloqueio unidirecional e condução rápida com ondas T de polaridades opostas ao
D. bloqueio unidirecional e condução lenta QRS

105. O critério que permite a diferenciação 109. Bloqueio atrioventricular do 22 grau , Mo-
entre a extrassístole ventricular (EV) e a paras- bitz I, apresent a as seguintes alterações, EX-
síst ole ventricular (PV) é: CETO:
A. aberrância do QRS na EV e não na PV A. encurtamento dos intervalos RR
B. interva los de acoplamentos f ixos na EV e B. encurtamento dos intervalos PR
não na PV C. ondas atriais ocasionalmente não seguidas
C. presença de batimentos de fusão na EV e de ondas ventricu lares
não na PV D. a maior pausa existente é menor que o do-
D. presença de QRS com padrão em "orelha bro da pausa imediatamente anterior
de coelho" na EV e não na PV
11 O. No flutter atrial 2:1, com freqüência car-
106. O diagnóstico elet rocardiog ráfico do díaca em 150 bpm, observa -se:
bloqueio sinoatrial (BSA) do 12 grau faz-se A. a frequência atrial e a ventricular são se-
pela seguinte observação: melhantes em 150bpm
460 fletrocardiograma Orientado par a oClinico

B. a freq uência atrial em 150bpm é a metade 11 5. O ECG que mostra ondas P ocasional-
da ventricular mente não seguidas de complexos QRS, com
C. a freq uência atrial é o dobro da ventricula r intervalos PR normais e constantes nos impul-
em 150bpm sos conduzidos, corresponde ao:
D. não é possível medir a frequência atrial A. BAV do 111 grau
nesta modalidade de flutter, somente a B. BAV do 211 grau Mobitz I
ventricular em 1 50bpm
C. BAV do 211 grau Mobitz 11
D. BAV do 311 grau
111 . A síndrome de Wolff-Parkinson-White
com via acessória localizada no VE, mostra as
116. Para a extrassístole ventricular, os crité-
seguintes características, EXCETO:
rios abaixo são corretos, EXCETO:
A. onda delta negativa e concordante com
A. o intervalo entre a extrassístole e a onda P
QRS, em V1 -V2
precedente varia entre 120 e 200ms
B. intervalo PR com duração menor que
B. o QRS extrassistólico pode ter o padrão de
120ms
C. pode ser confundida com hipertrofia do VD BRD

D. complexo QRS com duração maior que C. o QRS extrassistólico pode ter o padrão de
100ms BRE
D. a pausa compensadora é completa
112. A observação de ondas P de morfologias
diversas, intervalos PR inconstantes e ciclos elé- 117. No ECG, a alternância elétrica traduz-se
tricos com durações variáveis, em uma mesma pela sequência de:
derivação, é compatível com o diagnóstico de: A. QRS estreito com QRS largo
A. bloqueio AV do 111 grau B. duas ondas P e um QRS com uma onda P
B. bloqu eio AV do 211 grau, Mobitz I e um QRS
C. ritmo de dissociação AV C. QRS de voltagem normal com QRS de vol-
D. ritmo de marca-passo migratório tagem diminuída
D. salvas de extrassístoles de QRS largo com
113. O diagnóstico eletrocardiográfico de hi- ritmo sinusal
pocalcemia baseia -se no seguinte elemento:
A. prolongamento do segmento ST e do in-
118. Correlacionam-se com fi brilação ventri-
tervalo QT
cular os elementos a seguir referidos, EXCETO:
B. onda U proeminente de maior amplitude
A. os complexos QRS mostram-se como ondu-
que a onda T
lações de contornos e amplitudes variados
C. complexos QRS alargados e fundidos às
B. a polaridade dos complexos QRS parecem
ondas T
girar em torno da linha de base
D. onda T pontiaguda, simétrica e em tenda
C. a frequência de disparo dos impulsos elé-
114. A arritmia cardíaca mais frequentemen- tricos é próxima de 500
te encontrada no paciente com WPW é: D. não se observam ondas P
A. taquicard ia ventricular
B. flutter atrial 119. As repercussões eletrocardiográficas do
C. fibrilação atrial distúrbio do magnésio sérico são d escritas a
D. taquicardia supraventricular paroxística seguir. Assinale a FALSA:
Perguntas 461

A. hipomagnesemia promove depressão do 124. A condição clínica que menos frequente-


segmento ST mente se correlaciona com a fibrilação atrial é a:
B. hipermagnesemia promove bloqueios A. tireotoxicose
atrioventriculares B. doença isquêmica miocárdica
C. hipermagnesemia prolonga o intervalo QT C. doença reumática
D. mu itas vezes é impossível o diagnósti- D. ausência de cardiopatia subjacente
co eletrocardiográfico dos distúrbios do 125. O bloqueio sinoatrial do 2Q grau t ipo I
magnésio apresenta as seguintes características no ECG,
EXCETO:
120. No BAV do 1Q grau, podemos observar A. os intervalos PP estão progressivamente
no ECG todos os sinais a seguir, EXCETO: encurtados
A. ritmo de base sinusal seguido de despola- B. os intervalos PR aumentam de duração,
rização ventricular anômala progressivamente
B. ocasionais ondas P sinusais não seguidas C. ocorrem ausências de um ciclo elétrico
da despolarização ventricular completo
C. os intervalos PP são constantes D. o intervalo da pausa é menor que o dobro
D. condução AV = 1:1 do intervalo do ciclo precedente

126. No flutter atrial, a relação entre os im-


121. No paciente com nível do potássio sé- pulsos atriais e ventriculares mais frequente-
rico em 8,5mEq/L é comum observarmos a mente observada é:
seguinte alteração no ECG: A. 2:1
A. desaparecimento das ondas P B. 3:1
B. ondas P alargadas e bífidas c. 1:1
C. encurtamento do intervalo PR D. 3:2
D. ondas U apiculadas e em tenda. 127. A alteração eletrocardiográfica produzi-
da por hipercalcemia é:
122. Os critérios a seguir caracterizam o flut- A. prolongamento do intervalo QT
ter atrial tipo I, EXCETO : B. encurtamento da duração do complexo
A. os complexos QRS assumem a morfologia QRS
sinusoidal C. encurtamento da duração do segmento ST
B. a frequência atrial situa-se entre 250 e D. encurtamento do intervalo PR
350bpm
128. As modificações eletrocardiográficas indu-
C. as ondas F estão negativas em D2-D3-aVF
zidas por alterações da concentração do potás-
com aspecto em dentes de serra
sio sérico incluem todas as seguintes, EXCETO:
D. com frequência associa-se ao bloqueio
A. a hipopotassemia produz onda U proemi-
atrioventricular nente
B. a hipopotassemia pode infradesnivelar o
123. Com relação ao flutter atrial, marque a segmento ST
afirmativa INCORRETA: C. a hiperpotassemia alarga o complexo QRS,
A. pode ser causada por tireotoxicose simulando BRE
B. não promove trombo intra-atrial D. a hiperpotassemia primeiro encurta o in-
C. pode ser causada por pericardite aguda tervalo PR e depois produz o desapareci-
D. pode ser causada por cirurgia cardíaca mento da onda P
462 fletrorardiograma Omntado para o Wniro

129. São sinais de impregnação pela digital 134. A taquiarritmia supraventricular paro-
as seguintes modificações, EXCETO: xística no paciente com WPW é determi nada
A. intervalo PR prolongado por macrorreentrada; na condição em que
B. encurtament o do intervalo QT ocorre a ativação anterógrada do miocárdio
C. infradesnível do segmento ST ventricula r e retrógrada dos átrios, por via
O. extrassístoles ventriculares bigeminadas acessória, observamos no ECG os seguintes
aspectos, EXCETO:
130. O diagnóstico de WPW baseia-se nos A. ondas deltas discerníveis
seguintes critérios, EXCETO: B. ondas P retrógradas no segment o ST
A. presença de onda delta C. taquicard ia com QRS estreito
B. intervalo PR com duração superior a O. habitualmente tem o seu início desenca-
120ms deado por uma extrassístole atrial
C. complexos QRS com duração superior a
100ms 135. Pericardit e aguda produz as seguintes
O. podemos observar complexos QRS com alterações no ECG, EXCETO:
padrões de BRO ou BRE A. imagem de injúria subepicárd ica, difusa,
em várias derivações
131. A extrassístole juncional AV apresenta as B. na maioria das vezes, o infradesnível do
seguintes alterações, EXCETO: segmento PR está presente
A. ondas P' são negativas em 02-03-aVF C. ondas Q patológicas resulta ntes da epi-
B. ondas P' podem suceder aos QRS miocardite
C. os intervalos P'R são normais O. ondas T negativas e simétricas como resu l-
O. a duração dos complexos QRS é normal tado da isquemia epicárdica

132. É verdadeira a co rrelação com o ritmo 136. A impregnação por digital NÃO promove:
idioventricular com todas as respostas, EX- A. bradicardia sinusal
CETO: B. encurtamento do intervalo PR
A. é uma arritmia de reperfusão miocárdica, C. encurtamento do intervalo QT
portanto, em princípio, não necessita de D. infradesnível do segmen to ST
tratamento específico
B. a frequência ventricular está lenta, em ge- 137. As alterações eletrocardiográficas p ro-
ra l entre 30 e SObpm duzidas na dissociação AV incluem o seguinte
C. as ondas P. quando presentes, estão disso- aspecto:
ciadas dos com plexos QRS A. relação entre os impulsos atriais e ventri-
O. no ritmo do VE, a morfologia do QRS é culares, tipo 1:1
semelhante ao BRO B. a freq uência atrial encontra-se sempre
maior que a ventricular
133. No BAV do 2ll grau t ipo I, os intervalos C. ondas P antecedem ao QRS na relação 2:1
PR apresentam-se do seguinte modo: O. intervalos PR são variáveis, podendo estar
A. fixos nos impulsos conduzidos normais, aumentados ou diminuídos.
B. va riáveis nos impulsos conduzidos
C. encurtados nos impulsos co nduzidos 138. A morfologia do QRS na extrassístole
O. prolongados de modo constante em t o- supraventricular com aberrância de condução
dos os impulsos apresenta os seguintes aspectos, EXCETO:
Perguntas 463

A. encontra-se alargado C. intervalos interectópicos variáveis e inter-


B. apresenta a morfologia R-S-R' va los de acoplamentos variáveis
C. apresenta o aspecto em "orelha de coelho" D. intervalos interectópicos curtos e interva-
D. a polaridade inicial do QRS da extrassfstole los de acoplamentos longos
é a mesma dos outros complexos
143. Com relação ao flutter atrial (FA). é FAL-
139. Qual das respostas a seguir é a co rreta? SA a afirmação de que:
A. no BAV do 212 grau do tipo Wenckebach, A. FA t ípico com rotação anti-horária apre-
os intervalos RR encurtam progressiva- senta ondas F negativas em D2-D3-aVF
mente B. FA tipo I reverte ao normal com o procedi-
B. no BSA do 212 grau do tipo 11, os intervalos mento de overdrive supression
PP encurtam progressivamente C. FA tipo 11 apresenta frequência atri al entre
C. na fibrilação atrial, as ondas f em dentes 250 e 350 e reverte ao normal com o pro-
de serra são negativas em D2 -D3-aVF ced iment o de overdrive supression
D. a presença do complexo de fusão caracte- D. FA atípico com rotação horária apresenta
riza a extrassístole ventricular e não a pa- ondas F positivas em D2-D3-aVF.
rassístole ventricular
144. Qual das circunstâncias a seguir sug ere
140. Qual das arritmias a seguir NÃO é ha- a origem ventricular de uma taquicardia com
bitualmente correlacionada com intoxicação complexo QRS aberrante?
digitálica? A . padrão de BRD
A. d issociação atrioventricular B. padrão de BRE
B. extrassístoles ventriculares ritmadas C. presença de complexos R-S alargad os nas
C. flutter atrial derivações periféricas
D. taquicardia atrial paroxística com BAV D. concordância negativa dos QRS nas deri-
vações precordiais
141 . A síndrome de WPW com via acessória no
VD mostra a seguinte característica no ECG: 145. A modificação denominada em "pá de
A. intervalo PR encurtado com onda delta pedreiro" da impregnação digitálica caracteri -
positiva em V1-V2 za-se pela seguinte alteração:
B. onda delta positiva e QRS predo minante- A. depressão do segmento ST. côncavo de
mente positivo em V1 -V2 cima
C. intervalo PR encurtado com aberrância do B. supradesnível do seg mento ST. convexo de
QRS cima
D. onda delta negativa e QRS predominante- C. inversão peculiar da onda T, d e amplitude
mente negativo em V1-V2 aumentada e base larga
D. alargamento do complexo QRS com es-
142. Qual dos elementos a seguir sugere o pessamento de seu ramo inicial
d iagnóstico de parassístoles?
A. intervalos interectópicos fixos e intervalos
CAPÍTULOS VARIADOS
de acoplamentos fixos
B. intervalos interectópicos longos e interva- 146. No paciente clinicamente estável com
los de acoplamentos cu rtos infarto do miocárdio de pa rede inferior, em
464 fletrocardiograma Orien tado para o(lfnico

qual das arritmias citadas a colocação de mar- A. taquicardia atrial


ca-passo temporário NÃO está formalmente B. taq uica rdia reent rante do nódulo AV
indicada? C. flutter atrial
A. BAVT D. taquica rdia antidrômica
B. BAV do 2ll grau, Mobitz I
C. BAV do 2ll grau, Mobiz 11 152. No paciente usando quinidina, quando
D. bloqueio trifascicular o monitor ca rdíaco mostra um episódio tran-
sitório de ta quicardia ventricular em torsade
147. No paciente com síndrome coronariana de pointes, a conduta recomendada é:
aguda, clinicamente estável, o ECG mostra in- A. aumentar a dose de quinidina
fradesnível do segmento ST em 0 1-aVL-VS e B. interromper a quinidina e observar
V6. Qual das condutas a seguir terá MENOS C. administrar procainamida EV
benefício? D. interromper a quinidina e proceder à car-
A. heparina EV dioversão elétrica sincronizada
B. aspirina (ácido acetilsalicílico)
C. inibidor llb/llla 153. A onda delta está relacionada com:
D. trombólise farmacológica A. hipertrofia do VE
B. feixe acessório de condução AV
148. Assinale a contraindicação absoluta ao C. infarto do miocárdio de VD
uso de trombólise farmacológica : D. bloqueio do ramo esquerdo
A. AVE hemorrágico na história pregressa
B. menstruação atual 154. Assinale a alteração eletroca rd iográfica
C. punção vascular que NÃO se relaciona com hiperpotassemia:
D. úlcera péptica ativa A. alargamento do QRS
B. infradesnivelamento de ST
149. No paciente com Wolff-Parkinson-White C. ondas U proeminentes
de baixo risco e assintomático, qual a conduta D. ondas T proeminentes
mais apropriada a ser indicada?
A. estudo eletrofisiológico 155. Um paciente apresenta subitamente ta -
B. ablação por cateter quica rdia de 136bpm de QRS largo. Qual das
C. catet erismo cardíaco visando à angioplas- segu intes características deve sugerir a o rigem
tia coronariana ventricular dessa arritmia?
D. nenhuma conduta inicial A. alargamento do QRS maior que 120ms
B. aumento da amplitude do QRS maior que
150. Qual dos tratamentos citados é M ENOS 30mm
benéfico na síndrome do QT prolongado? C. ondas P sobre o segmento ST de cada QRS
A. propranolol precedente
B. mexiletina D. complexos QRS predom inant es negativos
C. sotalol e concordantes de V 1 a V6
D. simpatectomia cervicotorácica
156. Um paciente cl inicamente est ável é aten-
151 . A adenosina é eficaz na cessação de vá - dido por taquicardia ventricular monomórfica
rias t aquia rritmas, EXCETO: com FC em 170 bpm. Qual dos fá rmacos a se-
Perguntas 465

guir pode ser administrado por via EV para o procedimentos de reanimação: o aparelho
controle dessa arritmia? desfibrilador monofásico, seleção da carga de
A. amiodarona 360 Joules, posicionamento das pás, pediu a
B. adenosina todos que se afastassem do leito e promoveu
c. digoxina o choque elétrico. Onde está a falha?
D. verapamil A. não iniciou o choque com 200 Joules
B. não selecionou o sincronizador do aparelho
157. Um paciente com infarto agudo do mio- C. não aplicou o gel condutor às pás
cárdio de parede inferior clinicamente estável D. não se apoiou sobre as pás
apresenta BAV do 211 grau, Mobitz I. A condu -
ta a ser adotada é: 161 . Você atende um paciente portador de
A. observação clínica, pois normalmente essa Wolff-Parkinson-White em taquicardia . ECG :
arritmia é transitória taquicardia de QRS estreito, ritmo regular e
B. proceder ao implante de marca-passo car- FC em 170bpm. Qual dos fármacos a seguir
díaco temporário, pois essa arritmia evolui pode ser administrado EV?
para BAVT
A. adenosina
C. proceder ao cateterismo cardíaco visando B. amiodarona
à angioplastia coronariana
C. digoxina
D. suprimir essa arritmia com adenosina EV
D. verapamil

158. Um paciente com infarto agudo do mio-


162. Após uma trombólise farmacológ ica,
cárdio de parede anterior clinicamente estável
você identifica no monitor cardíaco do pa-
apresenta BAV do 211 grau, Mobitz 11. A con-
ciente o ritmo idioventricular acelerado. Tal
duta a ser adotada é:
situação requer:
A. observação clínica, pois normalmente essa
A. observação clínica e não iniciar tratamen-
arritmia é transitória
to medicamentoso
B. proceder ao implante de marca-passo
B. em caso de tonteira, proceder à cardiover-
cardíaco temporário, pois habitualmente
são elétrica sincronizada
evolui para BAVT
C. proceder ao cateterismo cardíaco visando C. colocação de marca-passo cardíaco tem-
à angioplastia coronariana porário
D. suprimir essa arritmia com adenosina EV D. proceder ao cateterismo cardíaco de ime-
diato, visando à angioplastia coronariana
159. Um paciente com infarto agudo do
miocárdio de parede inferior apresenta subi- 163. No paciente clinicamente estável em
tamente fibrilação ventricular. A conduta é: taquicardia supraventricular paroxlstica, com
A. desfibrilação cardíaca frequência de 170bpm, a conduta indicada é:
B. cardioversão elétrica sincronizada A . observação clínica por duas horas, t empo
C. estimulação vagai vigorosa em que ocorre a conversão espontânea ao
D. proceder à colocação de marca-passo car- ritmo sinusal
díaco temporário, transcutâneo B. iniciar de imediato os procedimentos para
cardioversão elétrica sincronizada
160. Durante uma parada cardíaca por fi- C. oxigênio, acesso venoso e manobras vagais
brilação ventricular, você preparou todos os D. administrar procainamida EV
466 fletrocardiograma Onentado para oClín1co

164. No paciente clinicamente instável em A usualmente é observada na mulher já em


taquicardia supraventricular paroxística, com menopausa
frequência de 170bpm , a conduta indicada é: B. deve-se à lesão obstrutiva em coronária
A. observação clínica por duas horas, tempo direi ta
em que ocorre a conversão espontânea ao C. ocorre o desnivelamento de ST
ritmo sinusal O. oco rre a elevação das enzimas marcadoras
B. iniciar de imediato os procedimentos para de necrose miocárdica
cardioversão elétrica sincronizada
C. oxigênio, acesso venoso e manobras va - 168. No acidente vascular encefálico hemor-
gais rágico pode-se constatar alteração no ECG.
O. administrar procainamida EV Assinale aquela mais frequentemente obser-
vada :
165. No infarto agudo do miocárdio de ven- A onda T negativa é proeminente
trículo direito, cli nicamente estável, assinale a B. elevação de ST de concavidade para cima
melhor conduta inicial. C. encurtamento do IQT
A oxig ênio, acesso venoso, carga volêmica O. onda Q alargada e proeminente
B. morfina, oxigênio, nitroglicerina
C. oxigênio, inibidor da enzima de conversão 169. Assina le a melhor indicação para abla-
da.angiotensina, betabloqueador ção por meio de radiofrequência:
O. morfina, aspirina, dobutamina A síndrome de Stokes-Adams
B. aneurisma ventricular
166. Qual das arritmias cardíacas a seguir não C. sindrome de Wolff-Parkinson-White
reverte ao normal com as manobras vagais? O. sínd rome de Brugada
A. taquicardia sinusal
B. taquicardia reentrante nodal 170. No Wo lff-Parkinson-White, a localização
C. taquicardia reentrante AV mais comum da via acessória é:
O. fibrilação atrial A. AE para VE
B. AO para VO
167. A cardiopatia de Takotusbo apresenta as C. AE para VO
seguintes características, EXCETO: O. AO para VE
CAPÍTULO 38

~
Respostas Comenta das*

1. Resposta C 4. Resposta B
Apesar das diferenças apresentadas nas fases O componente lento do PA-fase 2 faz com
Oe 2 entre os dois t ipos de potenciais de ação, que a repolarização celu lar não seja, in icial-
o t ipo rápido e o tipo lento, é a ascensão lenta mente, muito rápida, e é devida ao influxo
da fase 4, ou seja, a despolarização diastólica de Ca++; a fase O relaciona-se com o influxo de
lenta, a principal característica eletrofisiológi- Na+; na fase 4, a concentração extracelular do
ca que diferencia as células automáticas das K+ e a bomba de Na+/K+ mobilizam os íons em
demais. Ref.: (A) p. 42. questão. Ref.: (A).

2. Resposta B S. Resposta D
A velocidade de condução do impu lso elétrico A velocidade de condução é lenta (cerca de
depende da fase O do PA. Nas célu las de PA 0,05m/s) nas regiões nodais em virtude do PA
tipo rápido, é dependente do intenso influxo tipo lento, e a velocidade é rápida no mio-
de Na+ e, nas células de PA t ipo lento, o influ- cárdio comum (cerca de 0,8m/s) e nas fibras
xo de Na+ é coadjuvado pela entrada simultâ- de Purkinje (até 4m/s) porque o PA é do tipo
nea de Ca++. Ref.: (A) p. 39. rápido. Ref.: (A) p. 40.

3. Resposta B 6 . Resposta 8
A concentração extracelular do íon K+ é o A fase O do PA é dependente do influxo de Na+
maior determinante do potencial de repouso através dos canais específicos que se encontram
no miocárdio normal. Ref.: (A) p. 37 . permeáveis nesta fase do PA. Ref.: (8) p. 83.

*Na elaboração das respostas foram utilizadas, principalmente, as seguintes referências bibliográficas:
(A) Paes de Carvalho A., Costa A. F. Circulação e Respiração: Fundamentos de Biofísica e Fisiologia. 2• ed. Rio de
Janeiro, Fename, 1976.
(B) Hurst's - The Heart. 12• ed, McGraw Hill, New York, 2008.
(C) Braunwald E. Heart Disease: A Textbook of Cardiovascular Medicine. 8• ed, Saunders-Eisevier, Philadelphia,
2008.
(D) Barbara Aehlert: ACLS - Advanced Cardiac Life Support. 3• ed. Elsevier Editora Ltda. Rio de Janeiro, 2007.
(E) Topol EJ . Tratado de Card iologia. 2• ed, Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2005.
468 flet rocard1ograma Omntado para oCl1n1co

7 . Resposta C 13. Resposta C


O mecanismo de transporte ativo, bomba de O automatismo normal é apresentado por cé-
Na+JK+, restaura o equilíbrio iônico da célu- lulas de PA tipo lento; as células de PA t ipo
la mediante expulsão do Na+ e absorção do rápido, como as fibras de Purkinje, podem
K+ contra os seus gradientes eletroquímicos. tornar-se automát icas quando isquemiadas
Ref.: (A) p. 35. - fenômeno do automatismo anormal. O au-
tomatismo é dependente dos íons Na+ e (a++.
8 . Resposta B Ref.: (B) p. 83
Período refratário relativo define o moment o
em que a célula passa a responder a estímulos 14. Resposta C
muito intensos, quando o potencial situa-se O vetor 3 é o resultante da despolarização dos
próximo de - 50 mV. Ref.: (A) p. 42 . dois ventrículos; dirige-se para a esquerda em
razão do predomín io vetorial do VE sobre o
VD. Ref.: (E) p. 1.142.
9. Resposta B
A estabilização do potencial de repouso em
15. Resposta A
- 90mV, fase 4, deve-se ao íon K+; a velocida-
A morfologia isod ifásica indica que o vetor mé-
de da condução do impulso, fase O, ao íon
dio está perpendicular à derivação em questão;
Na+; o período refratário absoluto deve-se à
onda predominantemente positiva ou negati-
inativação dos canais rápidos de Na+. Ref. : (A)
va refere-se ao vetor que aponta ou se afasta
p. 41 .
do polo positivo da derivação. Ref.: (B) p. 295.

1 O. Resposta C
16. Resposta A
O dipolo é representado por duas cargas elé-
Na alternativa A o SâQRS situa-se entre O e
tricas diferentes cujo sentido é representado
+90° (normal); na B, entre O e - 90° (desvio
por um vetor que se orienta do negativo para
para a esquerda entre -30° e -90°); na C, entre
o positivo; a intensidade depende da distância - 90° e 180° (indeterminado); na D entre +90°
entre o dipolo e o ponto de observação e do e 180° (desvio para a direita). Ref.: (B) p. 295.
cosseno do ângulo entre o eixo do dipolo e a
linha de derivação. Ref.: (A) p. 54 . 17. Resposta B
A morfologia em V3-V4 (derivações septais ou
11 . Resposta D transacionais) é R (grande)-S (grande); em V5-
O ponto que marca o início da inscrição da V6 pode ou não ocorrer o s (pequeno) termi-
onda T nem sempre é bem definido, razão nal. Ref .: (C) p. 158.
pela qual habitualmente não se mede a dura-
ção da onda T. Alguns autores definem a du- 18. Resposta C
ração máxima da onda P em 120ms, todavia Os indivíduos com aumento do volume do
em geral é aceit o como limite máximo a de abdome (obesos e gestantes) tendem a mos-
1OOms Ref.: (C) p. 159. t rar a posição elétrica horizontal com rotação
anti-horária (0 1-53) e não a rotação horária ;
12. Resposta B padrão juvenil mostra a inversão da onda T
Cosseno de 0° é + 1, portanto a deflexão pro- nas derivações precordiais direitas; Q1 -Q2-Q3
duzida é amplamente posit iva. Ref. : (A) p. marca a rotação ponta para a frente. Ref .: (E)
55. p. 1.143.
Respostds Comentddds

19. Resposta D 27. Resposta A


A ativação atrial direita inicia-se antes que a Um quadrado pequeno na horizontal marca
esquerda; SâP normal situa-se entre ooe +90°; 40ms.
onda P negativa em aVR é considerada nor-
mal. Ressalvamos que alguns autores delimi- 28. Resposta A
tam a duração da onda P em até 120ms e o V1 localiza-se no quarto EtC à direita, na linha
SâP entre - 50° e +60°. Ref.: (C) p. 157. paraesternal. Ref.: (C) p. 152.

20. Resposta B 29. Resposta D


A presença de um gradiente de pressão trans- Onda U cuja gênese ainda não está tota lmen-
mural deve ser o fator determinante de que a te definida (repolarização tardia das fibras de
repolarização ventricular se inicie no epicár- Purkinje ou dos músculos papilares) é habi-
dio, perpendicularmente, em direção ao en- tualmente registrada em várias derivações,
docárdio. Ref.: (B) p. 296.
sendo mais facil mente visua lizada em D1-D2-
V4 a V6; hiperpotassemia modifica a onda T.
21 . Resposta A
Ref.: (E) p. 1.1 47 .
O intervalo PR varia entre 120 e 200ms; o in-
tervalo QT varia em função da f requência ca r-
30. Resposta B
díaca, observando-se os limites para QTc de
A onda Ta não é visualizada, por ser de peque-
390ms para os homens e de 440ms para as
na amplitude e coincidir com o segmento PR
mulheres. Ref.: (C) p. 156.
e/ou o com plexo QRS d o mesmo ciclo elétrico.
Ref.: (E) p. 1.143.
22. Resposta B
A onda T normal. a partir dos 16 anos, torna-
31 . Resposta D
se positiva e assimétrica, com forma arredon-
Alteração secundária da repolarização ventri-
dada, em quase todas as d erivações, exceto
aVR e ocasionalmente V1 . Ref.: (E) p. 1.144. cular é consequente a uma anormalidade da
despolarização ventricular, como a encontra-

23. Resposta D da nos bloqueios de ramos, nos crescimentos


A diástole elétrica ventricular é traduzida no e nas arritmias ventriculares. Em geral, as on-
ECG pela pausa entre os dois ciclos elétricos das T são invertidas em oposição à polaridade
completos; a sístole é representada pela soma do QRS. Ref. : (B) p. 297 .
das durações do complexo QRS com a onda T.
Ref.: (C) p. 159. 32. Resposta A
O IPR corresponde à soma dos tempos de
24. Resposta A condução intra-atrial, nodal AV e do sistema
Em (b) a posição elétrica é vertica l. Ref. : (E) His-Purkinje; variações entre 120 e 200ms são
p. 1.143. normais, não significando distúrbio de condu-
ção AV. Ref.: (C) p. 157.
25. Resposta C
Ref.: (B) p. 302 33. Resposta D
Discretas elevações do segmento ST. côncavo
26. Resposta B para cima, podem ser observadas em indiví-
Ref.: (C) p. 152. duos sem ca rd iopatia subjacente atribuídas
470 Hetrocardiograma Orientado para o Clln1co

ao fenômeno da repolarização precoce. Ref.: ou R puro; as respostas A e D são encontradas


(C) p. 160. nos CVD de intensidade moderada e discre-
ta; R-S-R', padrão de BRD, pode correspond er
34. Resposta C ao CVD diastólico (alternativa B). Ref.: (C) p.
O CAD modifica a onda P tornando-a apicula- 165.
da e de amplitude aumentada, especialmente
nas derivações D2-D3-aVF-V1-V2; alternativa 40. Resposta B
A corresponde ao CAE; alternativa D é ele- O bloqueio do fasdculo ântero-superior des-
mento normal. Ref.: (C) p. 162. via o SâQRS para além de - 45°, situando-se
entre - 45° e -90°. Ref.: (C) p. 167.
35. Resposta B
BRE caracteriza-se pela ausência de onda Q 41. Resposta B
nas derivações esquerdas. Observam-se: onda Ref.: (C) p. 164 .
T invertida em V5-V6, QRS estreitos no BRE do
1Q grau, e pequena onda R em V1 também 42. Resposta D
pode ser encontrada. Ref.: (C) p. 169. A sensibilidade desse índice para o CVE é bai-
xa, próxima de 45%, ressaltando a necessida-
36. Resposta A de de novos critérios, como os de pontuação
Onda S em V6 e o padrão ponta para trás de Romhilt e Estes. Ref.: (C) p. 301.
podem ser observados em pacientes com ou
sem BRD; o supradesnível de ST caracteriza a 43. Resposta A
onda de lesão ou injúria . Ref.: (C) p. 170. Miocardiopatia hipertrófica ou estenose su-
baórtica hipertrófica refere-se à hipertrofia
37. Resposta B muscular localizada preferencialmente na re-
O CVE é mais bem definido pelo critério de gião septal, portanto o vetor 1 ou septal mé-
pontuação de Romhilt e Estes. Entretanto, a dio encontra-se com intensidade aumentada.
hipertrofia ven tricular esquerda pode ser tra- Ref. : (C) p. 1.764.
duzida no ECG pelo padrão de BRE do 3a grau
ou por HBAE isolado. Ref.: (E) p. 1.147. 44. Resposta C
A hipertrofia do septo manifesta-se no ECG
38. Resposta A pelo aumento de magnitude do vetor 1: R
Amplitude aumentada e formato em tenda ampla em V1 e Q profunda em V6, podendo
da onda Pé critério de CAD; o alargamento da o último simular infarto do miocárdio; obser-
onda P faz-se a expensas do encurtamento do vam-se também os sinais de CVE. Ref.: (C) p.
segmento PR, aumentando a relação entre a 1.768.
duração da onda P e o segmento PR. Ref.: (C)
p. 161 . 45. Resposta D
O HBPE desvia o SâQRS para a direita, entre
39. Resposta C + 90° e + 120°. O padrão q-R nas derivações
A gravidade do CVD correlaciona -se com o inferiores ref lete a orientação para a esquerda
nível de pressão no VD com relação à pres- e para cima dos vet ores ventriculares inicia is.
são noVE. Na hipertrofia do VD- importante O HBPE pode ser registrado em pacientes com
crescimento do VD -, observa-se em V1 : Q-R enfisema pulmonar, com crescimento ventri-
nespostas Comentadas 4(1

cutar direito ou com infarto da parede lateral. 52. Resposta C


Ref.: (C) p. 168. Alternativa A é de BRE; a B, de WPW; a D, de
crescimento sistólico de VD. Ref.: (C) p. 170.
46. Resposta A
O bloqueio trifascicular traduz-se no ECG por 53. Resposta B
BRD (R-5-R') + HBAE (desvio do SâQRS para Índice de Morris corresponde à área da fase
a esquerda) + HBPE (IPR longo). Ref.: (C) p. negativa e terminal da onda P em V1 e corre-
170. laciona-se com CAE. Ref.: (E) p.1.146.

47. Resposta C 54. Resposta A


A fase negativa aumentada da onda P em V1 Hipertensão arterial é a principal ca usa de hi-

caracteriza o CAE. Ref.: (C) p. 162. pertrofia ventricular esquerda. traduzida no


ECG pelo padrão de BRE : ausência da onda

48. Resposta B Q com T negativa em VS-V6-padrão strain; o


crescimento atrial esquerdo geralmente pre-
O diagnóstico de BRE na ausência de infarto
cede o crescimento ventricular. Ref.: (B) p.
associado faz-se pela ausência da onda Q nas
310.
derivações esquerdas; a duração do QRS va ria
entre 120 e 180ms. Ref.: (C) p. 168.
55. Resposta C
Onda R ampla com T negativa em V1-V2,
49. Resposta A
R-5-R' com T negativa e R-5 profunda com T
A dilatação do AD pode ser sugerida pela va-
positiva em VS-V6 são critérios de CVD. O CVE
riação súbita da amplitude do QRS, de peque-
traduz-se por R ampla com T negativa em VS-
na amplitude com padrão q- R em V1, com
V6. Ref.: (C) p. 166.
relação a V2, refletindo o potencial intraca-
vi tário do AD registrado em V1. Ref. : (C) p.
56. Resposta A
162.
A EP produz sobrecarga d e pressão em VD,
traduzindo-se por CVD tipo sistólico: relação
50. Resposta C
RIS > 1, com onda R ~7 mm em V1 e com
Os critérios de pontuação de Romhilt e Estes
onda T negativa; onda P congenitale, o SâP
permitem maior objetividade no diagnóstico
não desvia para a direita, portanto onda P de
de CVE; va lem três pontos as alterações na D1 maior que onda P de 03 . Ref.: (C) p. 165.
amplitude do QRS, o padrão strain no seg-
mento ST (na ausência do uso de digital) e 57. Resposta D
o CAE; o aumento do tem po da deflexão in- Estenose mitral produz crescimento atriat es-
trinsecoide vale um ponto; a sensibilidade e a querdo e ventricular direito, em cujos critérios
especi ficidade do método são de 54% e 97%, encontram-se o SâP para a esquerda e SâQRS
respectivamente. Ref. : (C) p. 164. para a direita, respectivamente. Ref. : (B) p.
1.761 .
51. Resposta D
Hemifascículos correspondem a divisões do 58. Resposta C
ramo esquerdo do feixe de His. Ref.: (B) p. A estenose aórtica pode cursar com poucas
303. al terações eletrocardiográficas. Entretanto, a
472 Hetrowd1ograma Omntado para oElJOJCo

presença de onda S profunda em V1 associa- 63. Resposta A


da à ausência de onda Q (ou onda R pura) A alteração eletrocardiográfica mais frequen-
com T invertida em V6 são critérios de BRE temente observada na cardiopatia chagásica é
ou crescimento sistólico do VE e são encon - de bloqueio de ramo bifascicular: BRD (R-S-R')
trados na EA moderado a grave em 80% dos associado ao HBAE (desvio do SâQRS para a
pacientes; outros aspectos encontrados: BRD esquerda). Ref.: (B) p. 816.
+ HBAE e raramente BRD isolado. Onda P
alargada corresponde ao crescimento atrial 64. Resposta B
esquerdo; as respostas restantes correspon - Na isquemia e na necrose, os vetores afastam-
dem ao CVD. Ref.: (B) p. 1.702 . se da área comprometida . Ref. : (E) p. 1.150.

59. Resposta A 65. Resposta D


A comunicação interatrial produz sobrecarga lsquemia subepicárdica altera a direção da
de volume do VD, cujo padrão eletrocardio- repolarização ventricular. invertendo ou ne-
gráfico mais característico é de BRD incomple- gativando a onda T; a parede inferior produz
to, padrão de R-S-R' com onda T negativa em imagem recíproca na parede lateral. Ref. : (C)
V1. Ref.: (C) p. 165. p. 176.

60. Resposta A 66. Resposta D


S1-Q3 -T3 é considerada a alteração mais
As ondas T simétricas, pontiagudas, amplas.
ca racterística na EP com relação às demais
positivas ou negativas são comuns na fase hi-
alterações, ocorrendo em 1 0% dos casos;
peraguda do IAM, seguidas de modificações
fibrilação atria l aguda é consequente à dila-
no segmen to. Ref.: (B) p. 301 .
tação do átrio direito; alterações inespecifi-
cas da repolarização ventricular e discretos
67. Resposta A
desníveis do segmento ST são comuns; não é
As demais correlações são: alt ernativa B, com
referida a posição ponta para a frente. Ref.:
parede ínfero-dorsal; C, com ântero-lateral; D,
(C) p. 166.
com ínfero-VD. Ref.: (B) p. 299.

61. Resposta D
É bastante sugestivo de DPOC o desvio do SâP 68. Resposta C
A injúria subendocárdica produ z a depressão
para a direita, no adulto; ondas R (pequeno)-S
até V4 indicam rotação horária no plano ho- do segmento ST nas derivações voltadas para

rizontal; supradesnível de ST corresponde ao a parede comprometida, com imagem recí-

infarto agudo do miocá rdio e não à DPOC. proca em aVR. Ref. : (C) p. 173.
Ref.: (C) p. 166.
69. Resposta D
62. Resposta B As alterações que evidenciam o 1nfarto atrial
Estenose mitral grave produz crescimento do são: desníveis no segmento PR, modificações
átrio esquerdo (onda P bífida e alargada) e, na morfologia da onda P e aparecimento de
em razão da hipertensão pulmonar, o cresci - arritmias atriais; onda delta no WPW; o supra-
mento sistólico do VD (onda R maior que S ou desnível de ST no 1nfarto ventricular; desapa-
mesmo R pura em V1). Ref.: (B) p. 1.761. recimento da onda P ocorre na fibrilação atria l
Respostas Comenta das 473

ou no ritmo sinoventricular, o último sem rela - 75. Resposta C


ção com infarto atrial. Ref.: (E) p. 1.146. Depressão do segmento ST pode correspon-
der ao verdadeiro infarto subendocárdico da
70. Resposta A parede anterior,à imagem recíproca do infar-
Os critérios de lesão miocárdica aguda com to da parede posterior e à alteração secun-
supra de ST são: elevação de ST de 1 mm em dária à hipopotassemia; no BRD do 311 grau,
duas ou mais derivações ou elevação de 2mm observa-se a morfologia R-S-R' com discreto
em duas derivações precordiais. Ref.: (E) p. supradesnível do segmento ST e inversão da
115 1. onda T, em V1 -V2 . Ref. : (B) p. 299.

71 . Resposta C 76. Resposta B


Infartos estritamente su bendocárdicos e pe- O padrão clássico do infarto subendocá rdico
quenos infartos subepicárdicos podem cursar caracteriza-se pelo infradesnível do segmento

sem onda O; onda O patológica pode ser en- ST em várias derivações, exceto em aVR, onde
este segmento encontra-se supradesnivelado,
contrada em doença cardíaca não coronaria-
correspondendo à imagem recíproca; essas
na, como miocardiopatia hipertrófica e fibro-
alterações persistem por vários dias, diferen-
se cardíaca. Ref.: (B) p. 300.
ciando-se, assim, da insuficiência coronariana
sem o infarto, quando são mais transitórias.
72. Resposta D
Ref .: (C) p. 173.
Imagens recíprocas são alterações produzidas
em paredes "espacialmente" opostas nomes-
77. Resposta D
mo plano; as derivações V1 -V2 estão situa-
Angina de Prinzmetal deve-se a vasoespasmo
das perpendicularmente à parede inferior e
coronariano e o diagnóstico eletrocardiográ -
opostas à parede posterior; injúria epicárdica
fico baseia-se na elevação do segmento ST
ântero-septal promove supradesnível de ST de
durante a dor. Ref.: (B) p. 1.370.
V1 a V4; VD é explorada pelas derivações V3R-
V4R. Ref.: (B) p. 299.
78. Resposta A
Em condições normais, a repolarização atrial
73. Resposta B
não é evidenciada no traçado, pois além de
Infarto de VD reflete-se nas derivações direi- ter pequena amplitude, ela se inscreve sobre
tas: V3 R-V4R, com altas sensibilidade (82% o complexo ORS. Ref.: (C) p. 157 .
a 100%) e especificidade (68% a 77%); as
alternativas A e C refletem o infarto da parede 79. Resposta B
post erior; a D infarto da parede inferior. Ref.: A isquemia subendocárdica não modifica a dire-
(C) p. 1.271 . ção da onda de repolarização ventricular; desse
modo, a polaridade da onda T não se inverte,
74. Resposta A permanecendo positiva; o aumento do interva-
A inversão da onda U de polaridade oposta lo OT ocorre tanto na isquemia subendocárdica
à onda T tem sido considerada um marcador quanto na subepicárdica. Ref.: (E) p. 1.151.
da doença isquêmica miocárdica. É encontra-
da em 10% a 60% dos infartos do miocárdio, 80. Resposta C
podendo preceder os sinais clássicos do infar- O diagnóstico de infarto antigo baseia -se pela
to. Ref. : (C) p. 176. persistência da onda O patológica. Entretan-
47 4 fletrocard1ograma Orientadopara oClínico

to, numa referida porcentagem, após o pri- de-se encontrar um ECG inicialmente normal.
meiro ano de evolução, a onda Q pode ter Ref.: (B) p. 1.355.
sua amplitude reduzida ou até mesmo desa-
parecer, dificultando o diagnóstico do infarto 85. Resposta B
prévio. Ref.: (E) p. 1.154. Elevações do segmento ST + /-1 mm em V3R-
V4R-V5R (derivações extras) têm altas sensib i-
81 . Resposta A lidade e especificidade para o diagnóstico de
O infradesnível transitório do segmento ST de infarto do ventrículo direito. Ref. : (B) p. 301.
0,5mm ou mais pode ser registrado durante
o episódio de dor em alguns pacientes, com 86. Resposta C
mais f requência a angina estável; a alternativa Aneurisma ventricular é diagnosticado pela
B correlaciona-se com a angina vasoespástica persistência do supradesnível do segmento ST
de Prinzmetal; a C, com isquemia subepicár- por longo prazo. O momento em que se deve
dica; a D, com necrose miocárdica. Ref.: (B) considerar a irreversibilidade desse supradesní-
p. 1.355. vel ainda não está estabelecido, se dois ou seis
meses; novas ondas T isquêmicas indicam ex-
82. Resposta B tensão da área isq uemiada; onda Q patológica
Ondas R amplas, com duração superior a caracteriza infarto antigo. Ref.: (C) p. 175.
40ms e depressão do segmento ST. em V1-V2
correspondem à imagem recíproca de uma 87. Resposta C
verdadeira injúria da parede posterior do VE.
O infarto de VD manifesta-se em V3R-V4R; da 88. Resposta D
parede ântero-septal do VE, como suprades-
nível de ST; e dos átrios, como desníveis do 89. Resposta B
segmento PR. Ref.: (C) p. 176.
90. Resposta C
83. Resposta D
Apesar de o infarto subendocárdico poder 91. Resposta B
ocasionalmente cursar com onda Q patoló-
gica, seu padrão clássico se caracteriza pelo 92. Resposta A
infradesnível do segmento ST e sem a onda
Q patológica. Existem evidências de que no 93. Resposta C
IAM não Q pode ocorrer reperfusão espontâ-
nea precoce, o que limitaria a área de necrose 94. Resposta A
miocárdica. Ref.: (E) p. 1 .1 55. Arritmia sinusal é o ritmo sinusal que cursa
com flutuações > 120ms na duração do ciclo
84. Resposta D cardíaco; no tipo não fásico, essas flutuações
Um ECG inicialmente normal não deve excluir independem do ciclo respiratório. Ref.: (D) p.
a presença de IAM, uma vez que as alterações 146.
mais características podem demorar horas ou
mesmo dias para tornar-se evidentes. Em até 95. Resposta C
21% dos casos de infarto agudo confirmado Um quadrado pequeno tem duração de 40ms
para marcadores de necrose miocárdica, po- e a taquicardia corresponde a menos de 15
Respostas Comentadas 475

desses quadrados (menos que 600ms), à ve- 101 . Resposta A


locidade padrão. Na arritmia sinusat, os inter- No flutter ventricular, os complexos QRS são
valos PP são variáveis e a frequência cardíaca monomórficos, largos e fundidos às ondas T,
aumenta à inspiração no tipo fásico. Ref.: (D) assumindo o aspecto sinusoidal. A alternativa
p. 146 B corresponde à fibrilação ventricular e a C à
taquicardia ventricular em torsade de pointes.
96. Resposta D Ref.: (C) p. 908.
Extrassístole atrial caracteriza-se por ondas P'
prematuras, usualmente intervalos P'R nor- 102. Resposta B
mais, complexos QRS estreitos e pausa com- A presença de onda U é um elemento que
pensadora incompleta. O QRS alargado indica pode ser observado no ECG normal, não sen-
aberrância de condução do impulso elétrico do, pois, exclusiva de hipopotassemia; onda U
no sistema His-Purkinje, o que pode ocorrer de polaridade oposta à onda T correlaciona-se
na EA. Ref.: (D) p. 189.
com isquemia miocárdica. Ref. : (B) p. 311 .

97. Resposta A
103. Resposta A
Ondas P em menor número e independentes
Não é habitualmente descrito flutter atrial
dos complexos QRS caracterizam uma das
como arritmia produzida pela hipopotasse-
formas de dissociação AV; os demais sinais
mia . Ref.: (D) p. 166.
correspondem ao BAV do 311 grau. Na depen-
dência do sítio do bloqueio, se proximal ou
104. Resposta D
distai ao feixe de His, os complexos QRS po-
Reentrada é o mecanismo eletrofisiológico
dem estar estreitos ou alargados, respectiva-
em que o estímulo reentra no seu ponto de
mente. Ref.: (C) p. 917.
origem . Para que isso ocorra, é necessário
que apresente vias anatômicas de condução
98. Resposta C
propícias, uma com bloqueio unidirecional e
BAV do 111 grau caracteriza-se por intervalos
PR > 200ms num ritmo atrial de condução AV outra com a velocidade de condução lenta.
1:1. Habitualmente, o IPR varia entre 21 O e Ref.: (B) p. 921 .
350ms, no entanto é descrito IPR de duração
tão longa quanto 1.000ms. Ref.: (B) p. 1.029. 1 05. Resposta B
Tanto na EV quanto na PV. os complexos QRS
99. Resposta B encontram-se aberrantes, podendo inclusive
No Flutter e na fibrilação atrial não se obser- assumir o aspecto em "orelha de coelho"; os
vam ondas P; extrassístole a frequencia car- complexos de fusão também são comuns a
díaca está normal e onda P antecipada. Ref.: ambas as arritmias. A diferenciação faz-se pe-
(E) p. 1.233. los intervalos de acoplamentos. constantes na
EV e muito variados na PV. Ref.: (C) p. 895 .
1 00. Resposta A
Batimento de escape é aquele de aparecimento 106. Resposta D
tardio, portanto sucede uma pausa diastólica No BSA do 111 grau, ocorre o alentecimento
prolongada; a alternativa B, corresponde à ex- da condução do impulso sinusal até o múscu-
trassístole ventricular e a C ao BAV do 111 grau lo atrial, fenômeno que não é passível de ser
com condução AV alterada. Ref.: (E) p. 1.170. identificado no ECG convencional. A alterna-
476 Hetrocard 10grama Orientado para o[lw1co

tiva A corresponde ao BAV do 1° grau, a B, ao bitz I, observa-se uma ou mais ondas P não
BSA do 2° grau e a C é observada nos ritmos seguidas de QRS e na dissociação AV não
sinoventricular, juncional e na fibrilação atrial. ocorrem intervalos PR; em cada uma dessas
Ref.: (B) p. 1.022. três arritmias, as ondas P mantêm a mesma
morfologia .
1 07. Resposta C
No BSA do 3° grau, o impulso elétrico que 1 13. Resposta A
não emerge do nódulo sinusat não despola- A característica eletrocardiográfica básica de
riza os átrios nem os ventrículos, sobrevindo hipocalcemia é o prolongamento e a retifica-
um ritmo de escape, geralmente o juncional
ção do segmento ST e, por conseguinte, o au-
AV. Ondas P em maior número e não seguidas
mento do intervalo QT. Ref.: (B) p. 316.
de QRS caracterizam o BAV do 3° grau. Ref.:
(B) p. 1.022.
1 14. Resposta O
A taquicardia supraventricular paroxfstica é
1 08. Resposta C
encontrada em até 36%; o flutter e a fibrila-
Na fibrilação atrial, os impulsos atriais apre-
sentam-se com frequência extremamente ele- ção atrial, apesar de serem menos frequen-
vada, entre 350 e 600 impulsos por minuto; tes, apresentam um risco potencial de evoluir
não ocorrendo contrações atriais coordena- para taquiarritmias com degeneração hemo-
das, não se observam ondas P, substituídas dinâmica. As taquicardias com QRS largo são,
por ondas f. O ritmo ventricular apresenta-se na maioria das vezes, devidas a formas anti-
de modo mu ito irregular, traduzindo-se por drômicas das taquicard1as supraventriculares.
intervalos RR variados. Ref.: (C) p. 869. Ref.: (C) p. 884.

109. Resposta B 115. Resposta C


No BAV do 2° grau Mobitz I, ocorre o aumen- BAV do 2° grau corresponde à ocorrência
to progressivo do t empo de condução AV, re- ocasional ou repetitiva de impulsos atriais
sultando no aumento gradual dos intervalos bloqueados. O t ipo Mobitz 11 caracteriza -se
PR, até a ocorrência do impulso atrial bloque- pela constância dos intervalos PR nos impu l-
ado. Ref.: (C) p. 914. sos conduzidos. Ref.: (C) p. 914.

1 1 O. Resposta C
1 1 6 . Resposta A
Flutter atrial 2:1 mostra a relação entre duas
Onda P precedente e conectada ao QRS com
ondas F com um QRS, portanto neste caso a
IPR normal revela que a origem do impulso
frequência atrial é o dobro da frequência ven-
card íaco é supraventricular. A onda P observa-
tricular. Ref.: (C) p. 873 .
da na extrassíst ole ventricular ocorre graças à
condução retrógrada , sendo portanto inscrita
1 1 1. Resposta A
A onda delta positiva e concordante com QRS sobre o segmento ST do complexo extrassistó-
em V1-V2 localiza a via acessória no ventrícu- lico. Ref.: (O) p. 190.
lo esquerdo. Ref.: (C) p. 886.
1 1 7. Resposta C
1 1 2. Resposta O Alternância elétrica refere-se à mudança na
No BAV do 1° grau, os intervalos PR prolon- amplitude dos complexos elétricos, mais facil-
gados têm duração constante; no BAV Mo- mente observado no QRS, e em conjunto com
Respo stas Comentadas 47l

baixa voltagem e taqu icardia, é altamente toxicose; nos indivíduos sem uma aparente
sensível para o derrame pericárdico com tam- card iopatia, deve-se investigar uma provável
ponamento cardíaco. Ref.: (C) p . 186. "t ireotoxicose oculta". Ref.: (E) p. 1.203 .

118. Resposta B 125. Resposta 8


Na taquicardia ventricular em torsade de poin- O prolongamento progressivo do IPR associa-
tes, a polaridade dos complexos QRS parece do ao bloqueio total e ocasional na condu-
girar sobre um único eixo. Ref.: (C) p. 908. ção AV caracteriza o 8AV do 22 grau Mobitz I.
Ref.: (8) p. 1.022.
119. Resposta C
A administração de magnésio encurta o inter- 126. Resposta A
va lo QT (um dos sinais de hipermagnesemia), Os padrões mais frequentemente observa-
propriedade esta que tem sido utilizada no dos no flutter atrial são a relação 2:1 e 4 :1,
tratamento emergencial da taqu icardia ventri- em geral com a frequ ência atrial próxima de
cular em torsade de pointes. Ref.: (B) p. 312 .
300bpm . Raramente é 1:1, em que a frequên-
cia cardíaca estará muito acelerada . Ref.: (E)
120. Resposta 8
p. 1.227 .
Ondas P ocasionalmente não seguidas de
QRS definem o 8AV do 22 grau. Os demais
127. Resposta C
achados referem-se ao ritmo de base sinusal
A modificação eletrocardiográfica básica da
encontrado também no 8AV de 12 grau, cuja
hipercalcemia é o encurtamento significativo
característica é a presença do IPR prolongado.
do segmento ST, portanto, do intervalo QT.
Ref. : (8) p. 1.029.
Ref.: (B) p. 312 .

121 . Resposta A
128. Resposta D
Hiperpotassemia grave provoca alargamento
A hiperpotassemia prolonga a duração do
do complexo QRS e desaparecimento das on-
IPR. Ref.: (8) p. 311 .
das P. Estas se tornam irreconhecíveis no t ra-
çado, caracterizando o ritmo sinoventricular.
Ref.: (8) p. 311. 129. Resposta D
As extrassístoles ventriculares, em particular
122. Resposta A as bigeminadas, já indicam a ocorrência de
Morfologia sinusoidal dos complexos QRS ca- intoxicação e não somente a impregnação por
racteriza o flutter ventricular. Ref.: (C) p . 873. digital. Ref.: (C) p. 183.

123. Resposta B 130. Resposta 8


Estudos mostram que o flutter atrial por si WPW caracteriza-se por: intervalo PR < 120ms,
pode estar associado à formação de trombos QRS alargado e onda delta . Pode simular pa-
intra-atriais e à consequente embolia periféri- drões de bloqueios de ramos, independente-
ca. Ref.: (B) p. 967 mente de haver distúrbios da condução do im-
pulso pelos ramos principais. Ref.: (C) p . 884.
124. Resposta D
A fibrilação atrial associa-se a quatro gran- 131. Resposta C
des causas: doença reumática, hipertensão Na extrassístole da junção AV, o intervalo P'R
arterial, doença isquêmica miocárdica e t ireo- encontra-se encurtado. Ref.: (D) p. 190.
478 Hetrocard10grama Or1entado para oCl1mo

132. Resposta A cular; sendo assim, a relação AV é aleatória,


Ritmo idioventricular manifesta-se, usualmen- não pode ser 1:1 nem 2:1. As ondas P "cami-
te, em decorrência do BAVT, portanto a fre- nham" sobre os complexos QRS, produzindo
quência ventricular é muito baixa, próxima de imagens de IPR variáveis. Ref.: (C} p. 920.
30bpm. Quando a frequência ventricular si-
138. Resposta C
tua-se entre 50 e 1OObpm, é apropriadamen-
A origem supraventricular do impulso com
te denominada de ritmo idioventricular acele-
aberrância de condução mostra em V1 o pa-
rado, sendo considerada uma das arritmias de
drão de BRD trifásico - R-5-R'; a origem ven-
reperfusão miocárdica. Ref.: (D) p. 175.
tricular mostra o padrão monofásico, R puro
133. Resposta B ou bifásico, R-R', padrão em "orelha de coe-
BAV do 211 grau tipo I caracteriza-se basica- lho". Ref.: (C) p. 868.
mente pelo aumento progressivo da duração
139. Resposta A
dos IPR até a ocorrência do impulso atrial blo-
Tanto na extrassístole quanto na parassístole
queado. Pode ocorrer a simultaneidade com
ventricular podemos observar complexo de
BAV do 111 grau, caso em que os IPR dos im-
fusão; no BSA do 211 grau tipo 11, observa-se
pulsos conduzidos são prolongados, porém
a au sência de ciclo(s) elétricos(s) completo(s)
mantêm a característ ica da variabilidade. Ref.:
com constância entre P-P; ondas f em dentes
(C) p. 914.
de serra caracterizam o flutter atrial. Ref.: (C)
p. 914.
134. Resposta A
Na maioria das vezes, na taquicardia supra -
140. Resposta C
ventricular do WPW, a estimulação ventricular Extrassístole ventricular é a arritmia ca rd íaca
faz-se por ativação anterógrada pelas vias de mais comum na intoxicação digitálica, porém,
condução normais (ativação ventricular nor- com baixa especificidade, exceto se for ritma-
mal), não produzindo as ondas delta, que se- da, em especial na forma de bigeminismo,
rão evidenciadas quando da reversão ao ritmo quando a especificidade é alta . BAV constituem
sinusal. Ref. : (C) p. 882 . arritmias observadas, não sendo observado ha-
bitualmente o flutter atrial. Ref.: (C) p. 800.
135. Resposta C
A pericardite aguda não produ z ondas Q pa - 141 . Resposta D
tológicas nem as alterações reciprocas do seg- Via acessória no VD caracteriza-se pela pre-
mento ST. elementos esses que a diferenciam sença de onda delta e complexos QRS predo-
do IAM. Ref.: (B) p. 301 . minantemente negativos em V 1-V2; intervalo
PR curto e aberrância do QRS são critérios de
136. Resposta B WPW. Ref.: (C) p. 886.
A ação da digital no nódulo AV (ação vagai)
resulta no retardo da condução do impulso 142. Resposta C
cardíaco, aumentando assim o intervalo PR. A resposta define a parassístole. Ref.: (C) p.
Ref.: (C) p. 183. 895.

137. Resposta D 143. Resposta C


Dissociação AV indica que o ritmo atrial est á FA tipo 11 apresenta-se com frequência atrial
independente (dissociado) do ritmo ventri- mais elevada, entre 350 e 450bpm, e habi-
Respostas Comentadas

tualmente não reverte com facilidade com o 151. Resposta C


procedimento de estimulação elétrica com A adenosina atua na reentrada nodal AV e em
frequência superior à atrial (overdrive supres- certos casos de taquicardia atrial. O flutter atrial
sion). Ref.: (D) p. 165. não é afetado pela adenosina. Ref.: (D) p. 273.

144. Resposta D 152. Resposta B


A ausência de complexos R-S em todas as de- Quinidina e procainamida aumentam o IQT.
rivações precordiais é o primeiro dos critérios devendo ser interrompidas. O episódio de TV
defi nidos por Brugada para taquicard ia ven- é transitório, não necessita ndo de CVE . Ref.:
tricular. Ref. : Brugada (citado no texto) e (E) (D) p.170.
p. 1182 .
153. Resposta B
145. Resposta A Via ou feixe acessório de Kent determi na a
A digital induz modificações no traçado pro- onda delta na síndrome de Wolf-Parkinson-
duzindo o infradesnível do segmento ST e White. Ref. : (C) p. 884.
encurtamento do intervalo QT, assumindo a
154. Resposta C
característica em "pá de pedreiro". Ref.: (E) p.
Ondas U estão relacionadas com hipopotasse-
1.157.
mia. Ref.: (D) p. 376.

146. Resposta B 155. Resposta D


BAV do 2ll grau Mobitz I é originado no nó- Complexos QRS concordantes, uniformes e
dulo AV, com baixa probabilidade de evoluir negativos nas derivações precordiais sugerem
para BAVT. Ref.: (E) p. 1.193. fortemente o diagnóstico de TV. Onda P sobre
cada segmento ST precedente evidencia a re-
147. Resposta D lação V I A mantida. Ref.: (E) p. 1.182.
Trombólise farmacológica no infarto do mio-
cárdio sem supra de ST não demonstrou ser 156. Resposta A
benéfica quanto ao aumento da sobrevida. A amiodarona é o agente antiarrímico de
Ref.: (D) p. 339 efeito ventricular ut ilizado para suprimir as ar-
ritmias ventriculares. Os outros fá rmacos cita-
148. Resposta A dos controlam as arritmias supraventriculares.
AVE hemorrágico segundo as diretrizes de Ref.: (D) p. 163.
trombólise. Ref. : (D) p. 268.
157. Respost a A
149. Resposta D BAV do 2ll grau Mobitz I associado a IAM inf e-
No WPW de baixo risco e assintomático, a con- rior habitualmente é transitório, revertendo ao
duta é observação clínica. Ref.: (C) p. 890. normal em 48 a 72 horas, espontaneamente.
Ref.: (D) p. 179.
150. Resposta C
O sotatol prolonga o IQT; o propranolol e a 158. Resposta B
mexilet ina encurtam o IQT; simpatectomia É alta a probabilidad e de BAV do 2ll grau Mo-
cervicotorácica tem benefício nos pacientes bitz 11 associado a IAM anterior evolu ir para
que não respondem adequadamente à medi- BAVT, indicando-se o implante de marca-pas-
cação via oral. Ref.: (D) p. 283 . so t ransitório. Ref .: (D) p. 180.
480 Hetrocard1ograma Omntado para o Clinico

159. Resposta A 165. Resposta A


Fibrilação ventricular corresponde a parada car- Morfina, IECA e nitroglicerina podem causar
díaca elétrica; o procedimento deve ser imedia- vasodilatação e então desenvolver-se hipoten-
to em desfibrilação cardíaca. Ref.: (D) p. 186. são arterial no infarto de VD. Em paciente cl i-
nicamente estável, não se indica dobutamina.
160. Resposta C Ref. (D) p. 345.
Os procedimentos de desfibrilação exigem
equipe coordenada e rapidez. Entretanto, to-
166. Resposta D
das as etapas devem ser seguidas, incluindo
Manobras vagais podem desacelerar a fre-
a colocação do gel condutor nas pás. Não há
quência cardíaca no f/utter atrial e na f ibrila-
necessidade de sincronizar o aparelho, aplica-
ção atrial, porém não revertem ao ritmo nor-
se a carga máxima de 360 joules e o apoio
mal. Ref. (D) p. 169.
sobre as pás pode deslizá-las no momento do
choque. Ref.: (D) p. 219.
167. Resposta B
161. Resposta B A miocardiopatia de Takotsubo está relacio-
Adenosina, digoxina e verapamil bloqueiam a nada com vasoespasmo coronariano e alte-
condução nodal AV, podendo acelerar a con- rações neurogênicas, não sendo observada le-
dução pelo feixe acessório. Ref. : (D) p. 158. são coronariana fixa. Ref. (C) p. 181 .

162. Resposta A 168. Resposta A


RIVA corresponde no caso a ritmo protetor, Acidente vascular hemorrágico, especialmen-
geralmente transitório, de resolução espontâ - te o subaracnoide, modifica o ECG: ondas T
nea, significando nesse paciente a reperfusão negativas e amplas em várias derivações, e
coronariana bem-sucedida. Ref.: (D) p. 162.
prolonga o IQT. Ref. (C). p. 183.

163. Resposta C
169. Resposta C
Na taquicardia supraventricular paroxística as
A ablação está indicada no tratamento de via
manobras vagais têm reais possibilidades de
acessória, em que a lesão dessa via por meio
conversão ao ritmo sinusal. Não ocorrendo a
de radiofrequência normaliza a condução
normalização do ritmo cardíaco, adenosina é
a primeira medicação. Ref. : (D) p. 155. atrioventricula r; nas outras condições citadas,
não se indica o tratamento por ablação. Ref.
164. Resposta B (C) p. 805.
No paciente clinicamente instável, devem-se
iniciar os procedimentos para cardioversão 170. Resposta A
elétrica sincronizada. Ref. : (D) p. 155. Ref (C) p. 884.
RneHo

Este anexo destina-se a orientar os procedi- • Classe 111: evidências d e que o procedi-
mentos iniciais terapêuticoS/farmacológicos mento o u o tratamento não é benéfi-
citados nos capítu los. Com base nas diretri- co, útil ou eficaz, podendo em algu ns
zes da Sociedade de Ca rdiologia e em livros- casos ser prejudicial; não deve ser re-
textos citados, em absoluto não substitu i as comendado.
complet as orientações de tratamento d e cada • Evidências
situação clín ica nem se propõe a esgotar to- • Nível A: presença de múltiplos estudos
ta lmente o assunto. Como já referido em cada clínicos randomizados.
capít ulo, as condutas sugeridas a serem apli- • Nível B: presença de um único estudo
cadas devem levar em conta as restrições e as clínico randomizado ou de estudos
cont raind icações próprias e individual izadas não randomizados (observacionais).
de cada procedimento e medicamento. • Nível C: consenso de especialistas sem
Definições das recomendações e evidên- referência a estudos anteriores.
cias para realização de métodos diagnósticos
Fonte: Arq Bras Cardiol. 2007; 89(4):e89-13 1
e p rocediment os terapêuticos:
• Recomendações • Siglas
• Classe 1: evidências conclusivas de q ue • VO = via ora l
o procedimento ou o t ratamento é be- • EV = via endovenosa
néfico, útil e eficaz; deve ser recomen- • se = via subcutânea
dado. • DMx = dose máxima
• INR = razão normalizada internacional
• Classe liA: evidências fortes a favor de
que o procedimento ou o trata mento
é útil e eficaz; a maioria aprova a reco-
Capítulos 13, 14 e 15 - Parte IV Síndromes
mendação. lsquêmicas
• Classe IIB: evidências menos est abele-
MONA
cidas de que procedimento ou o trata-
mento é útil e eficaz; não há predomí- • Morfina (sulfato) (1 ampola de 1Omg em
nio de recomendações a favor. 1 Oml de solução, 1m l = 1mg). Dose de
482 fletrocard1ograma Orientado para o Clln1co

2 a 4 mg/EV, em alíquotas, a cada 5 a 1O dia. Substância de primeira escolha


minutos em DMx de1 Omg (Recomenda- (Recomendação classe 1).
ção classe I) • Clopidogrel: (1 comprimido = 75mg).
Alternativa: meperidina, 20 a SOmg/EV, Dose inicial de 300mg VO e manuten-
em alíquotas, em DMx de 1OOmg. ção de 75mg/diaNO. Em substi tu ição
Cuidado com: depressão respiratória e do ou associação ao AAS (Recomendação
sistema nervoso central, bradicard ia intensa, classe 1).
hipotensão arterial. • Ticlopidina : (1 comprimido = 250mg).
• Oxigênio: sob cateter nasal em fluxo de 2 a Dose de 250mg VO 12/ 12 horas. Efei-
4llmin ou máscara acoplada à face em flu- t o pleno em 7 a 12 dias.
xo de 8 a 1O llmin. Nas primeiras seis horas, • lnibidores da glicoproteína IIB/ IIIA:
mantendo Sat02 > 90%. Melhora a oxige- - Tirofiban em infusão EV. Dose:
nação tecidual (Recomendação classe lia). 0,4)lg/kg/ min em 30 minutos, se-
• Nitratos: guido de O, 1)lg/kg/min por 24 ho-
• Dinitrato de isossorbitol (1 compimido ras. Principal indicação: síndrome
= Smg). Dose: 1 compimido SL, ini- coronariana instável de alto risco
cialmente a cada cinco minutos, em (angina instável de alto risco e IA-
DMx de 15mg. MSSSD .
• Nitroglicerina (NGC) (1 comprimido = - Abciximab em infusão EV. Dose:
0,4mg). Dose: 1 comprimido SL, ini- 0,25mg/kg/EV/bo/us, seguido de
cialmente a cada cinco minutos, em O, 125)lg/kg/min/em 24 horas. Prin-
cipal indicação: síndrome corona -
DMx de 1,2mg.
riana instável de alto risco no pa -
Pelo seu rápido início de ação entre um e três
ciente em programa de intervenção
minutos, estes dois fármacos devem ser admi-
coronariana percutânea .
nistrado logo após a confirmação clínica ou
Cuidado com : pacientes plaquetopênicos, hi-
eletrocardiográfica da SCA (Recomendação
persensibilidade à substância e doença ulce-
classe I)
rosa ativa.
• Nitroglicerina (NGC) em infusão EV: (1
frasco de SOmg em 240ml de soro,
3 microgotas = 5)lg) . Dose de 1O a Outros fármacos utilizados:
200)lg/min (Recomendação classe 1) . • Betabloqueadores (Recomendação classe 1):
• Mononitrato de isossorbitol: (1 amp • Metoprolol (1 ampola = Smg). Dose:
= 1 ml = 1Omg). Dose: 0,8mg/kg/EV. Smg/EV a cada 1O minutos, em DMx
seguido de infusão de 0,8mg/kg (diluí- de 15mg. Manutenção: 100 a 200
do em 1OOmL de soro) em três horas. mg/VO/dia .
Cuidado com: hipotensão arterial e com uso • Atenolol (1 ampola = Smg). Dose:
prévio, nas últimas 24 horas, de sildenafil ou Smg/EV a cada 1O minutos, em DMx
similares, pela hipotensão significativa que de 15mg. Manutenção: 50 a 1OOmg/
pode advir. Não está indicado no infarto de diaNO.
VD. • Propranolol (1 ampola = 1mg). Dose:
• Antiagregantes plaquetários: 1 a 3mg/EV, em DMx de O, 1mg/kg.
• AAS (ácido acetilsalicílico). Dose de 160 Manutenção: 40 a 240mg/diaND. De-
a 325mg/diaNO. Em geral: 200mg/ mais betabloqueadores (esmolai, car-
Rnm 483

vedilol, bisoprolol e outros) em doses - Dissecção aguda da aorta definida


padronizadas. ou suspeita.
Cuidado com: crise de asma/DPOe, bloqueios - Sangramento ativo, exceto mens-
AV de 22 e 32 graus. truação ou discrasia sanguínea.
• Anticoagulantes • lnibidores da enzima de conversão da an-
• Heparina não fracionada em infusão giotensina (IECA) (Recomendação classe I)
EV - dose de ataque de 60 a 80U/ • eaptopril: dose 6,25mg VO de 6/ 6 ho-
kg EV em DMx de 4.000U, seguida ras, em DM x de 150mg/dia. Demais
de 12U/kg/h, em DMx de 1.000U/h, IECA (enalapril, ramipril, lisinopril,
ajustando-se pelo tempo de trombo- trandolapril e perindropil e outros) em
plastina parcial ativada (TIPA) em 1,5 doses padronizadas, ou
a 2 vezes a inicial. É a heparina de uso • Bloqueadores do receptor da angioten-
comum (Recomendação classe 1). sina 11, BRA: losartana, candesartana,
• Heparina de baixo peso molecular
ibesartana, olmesartana, telmisartana,
(enoxaparina), dose de anticoagula-
valsartana, em doses padronizadas.
ção: 1mg se 12/1 2 horas. Em profila-
Indicações em IAM com supra deSTe disfun-
xia de eventos trombóticos: 0,5mg/kg/
ção ventricular. Iniciar após as primeiras 24
se em média 20 a 40mg dose única.
horas. (Recomendação classe 1).
Cuidado com: trombocitopenia e sangramen-
Cuidado com : hipotensão arterial, hipersensi-
to ativo e hipersensibilidade à substância.
bilidade à substância, insuficiência renal gra-
• Trombolíticos ou fibrinolíticos
ve, gravidez.
• Estreptoquinase (STK) em infusão EV:
• Estatinas (Recomendação classe I)
dose de 1.500.000U em 1OOmL de
• Sinvastatina: dose 40mg/dia/VO. De-
soro, em infusão em 60 minutos (Re-
comendação classe 1). mais estat inas (atorvastatina, pravasta-
Cuidado com: hipotensão arterial, reação alér- tina, rosuvastatina e outros) em doses
gica e uso prévio nos últimos dois anos. padronizadas.
• Ativador do plasminogênio tecidual Indicações no IAM com supra de ST. Iniciar
recombinante (TPA) em infusão EV: após as primeiras 24/ 48 horas.
dose de 15mg em bolus EV seguido de Cuidado com: miopatia e rabdomiólise.
0,75mglk (DMx de 50mg) EV em 30 mi-
nutos, seguido de 0,50mglkg (DMx de Capítulos 17 a 26- Parte V Arritmia
35mg) EV em 60 minutos, em DMx total Cardíaca
de 1OOmg. (Recomendação classe I)
• Tenecteplase (TNK-tpa): dose de 0,50 Classificação dos fármacos antiarrítmicos*
mg/kg/EV em administração única/30
Classe 1: bloqueadores dos canais de sódio
minutos, na dose de 30 a 50mg, de
(deprimem a fase Odo PA)
acordo com peso corporal. Útil no
atendimento pré-hospitalar. • la: quinidina, procainamida, disopiramida.
eontraindicações absolutas: • lb: lidocaína, mexiletina, fenitoína.
- Hemorragia cerebral prévia, isquê- • lc: propafenona, f lecainida .
mica cerebral < 6 meses, neoplasia
intracraniana e trauma cerebral <3 *Classificação de Vaug han Willians e adaptado de:
meses. Bashore TM, Granger CB, Hranitzky P.
484 fletrocard1ograma Or1entado para oCl1n1co

Classe 11: bloqueadores beta-adrenérgicos • Diltiazem: dose de 0,25mg/kg EV em três


• Propranolol, atenolol, metoprolol (esmolol a cinco minutos (dose de 15 a 20mg).
carvedilol, bisoprolol e outros) Pode repetir após 15 minutos. Manuten-
ção: infusão de 5 a 15mg/h.

Classe 111: interferência nos canais de potássio Cuidado com: hipotensão arterial, diminuição
(prolongam a repolarização) da contratilidade do VE.
• Esmolol: dose de ataque de 0,5mg/kg EV,
• Amiodarona, sotalol (bretílio, dofetilida, seguida de infusão de 0,05mg/kg/ min,
ibutilida) em DMx de 0,3mg/kg/min.
Cuidado com: broncoespasmo, diminu ição da
Classe IV: bloqueadores (antagonistas) dos canais contratilidade do VE.
de cálcio • Lidocafna a 2%: (1 ampola = 5ml =
1OOmg). Dose: 1 a 1,5mg/kg EV. Pode re-
• Verapamil, diltiazem.
petir em cinco minutos em DMx de 3mg/
Principais indicações: taquicardia supraven-
kg. Dose de manutenção: infusão EV de 1 a
tricular, taquicardia ventricula r, extrassístoles
4mg/min.
ventriculares sintomáticas, prevenção da fibri-
Cuidado com: depressão do sistema nervoso
lação atrial e ventricular.
central.
Dosagens • Procainamida: (1 ampola = 5ml =
500mg). Dose: 1 a 1,5mg/kg EV em 30 mi-
• Adenosina: (1 ampola = 6mg). Dose: nutos, em DMx de 17mg/kg. Dose de ma-
6mg EV bolus rápido. Pode repetir 12mg
nutenção: infusão EV de 1 a 4mg/min.
EV bolus por mais duas vezes. Após cada
Cuidado com: hipotensão arterial, diminuição
dose, injetar 20m L de soro fisiológico.
da contratilidade do VE.
Cuidado com: asma/DPOC, assistolias prolon-
• Propafenona: dose de 1 a 2mg/kg/EV em
gadas autolimitadas.
20 minutos. Manutenção: 150 a 300mg
• Amiodarona : (1 amp= 150mg). Dose de
VO de 8/ 8h .
ataque: 5 a 7mg/Kg/EV, (dose de 150 a
Cuidado com: depressão do sistema nervoso
300mg), infusão por 15 a 30 minutos.
central, diminuição da contratilidade do VE .
Manutenção: 900mg/EV/24h . DMx de
• Quinidina : (1 comprimido = 200mg).
2,2g/EV/24h.
Dose de ataque: 400mg VO, seguida de
Cuidado com: efeitos na tireoide, córnea e pul-
mão, aumento do nível da digoxina plasmática. 200mg VO de 6/6 horas em DMX de 1,2g.
• Atropina: (1 ampola = 0,5mg). Dose de Cuidado com: aumento do nível da digoxina
0,5 a 1,0mg/bo/us/ EV. Pode repetir a cada plasmática, efeito pró-a rrítmico.
três a cinco minutos. DMx de 0,04mg/kg • Sotalol: (1 comprimido = 120 ou 160mg).
ou até 3mg. Dose de 80 a 160mg VO de 12/ 12 horas.
• Digital: lanatosídeo C (1 ampola = 0.4mg). Cuidado com: broncoespasmo, diminuição da
Dose: 0.4mg 12/ 12 horas EV. diluído, em contratilidade do VE.
30 minutos. DMx de 1,2g. Digoxina (1 • Verapamil: (1 ampola = 5mg). Dose de 2,5
comprimido = 0,25mg). Dose de 0,1 25 a a 5mg EV em 5 a 20 minutos. Pode repetir
0,25mg/dia/VO. em 15 minutos. DMx de 20mg.
Cuidado com: estreita faixa entre a dose tera- Cuidado com: hipotensão arterial, diminuição
pêutica e a tóxica. da contratilidade do VE.
Rnexo 485

Outros fármacos utilizados pensão da digital 48 horas antes do procedi-


mento).
• Adrenalina 1:1000: (1 ml = 1mg). Dose de
As principais complicações da CVE são:
1 mg EV bolus. Pode repetir em três a cin-
co minutos, em DMx de Smg. Via endo- queimadura da pele do paciente, acidente

traqueal: 2mg diluídos em 1Oml de soro elétrico com os profissionais envolvidos, evo-
fisiológico . lução para assistolia cardíaca e/ou f ibrilação
• Bicarbonato de sódio a 8.4%. Dose de ventricu lar.
1mEq/kg EV em três minutos. Pode repetir
metade da dose orientado pela gasome- Desfibrilação
tria arterial.
Os procedimentos são os mesmos anterior-
• Varfarina ou coumadina (1 comprimido =
mente descritos, apenas não é necessário sin-
5mg). Dose adequada pelo controle da INR.
cronizar o aparelho.

Cardioversão elétrica sincronizada (CVE) -


procedimentos adequados Manobras de estimulação vagal
Têm por finalidade estimular os barorrecep-
• Posicionar e monitorar o paciente. Sedação
de preferência com médico anestesista. tores carotídeos e a liberação de acetilcolina .
• Ligar o aparelho cardioversor. Este mediador retarda a condução através do
• Aplicar generosamente o gel condutor às nódulo AV, diminuindo a frequência cardíaca,
pás do aparelho. e aumenta o espaçamento entre P-P no ECG .
• Selecionar o nível de energia a ser aplica- As manobras mais usadas são:
da, em Joules ou Watts. • Pressão no seio carotídeo. Não pressionar
• Acionar o comando "sincronizar", o que o globo ocular.
permite que a descarga elétrica incida so- • Aplicar um estímulo frio na face e nos
bre o QRS, reduzindo a possibilidade de olhos, como por exemplo toalha umede-
complicação por fibrilação ventricu lar. cida e gelada.
• Posicionar as pás, já com o gel condutor,
• Tossir ou prender a respiração.
no tórax: a primeira sobre a região infracla-
• Provocação de vômitos.
vicular direita (segundo EICD) e a segunda
• Manobra de Valsalva.
sobre o ápice do coração (quinto EICE).
• Observar atentamente se todos os profis-
sionais e os equipamentos estão afastados Capítulos 27 a 29 ECG - Parte VI ECG nas
do paciente e da maca. Diversas Entidades Clínicas
• Acionar o comando de disparo do choque
e observar sua produção. Intoxicação digitálica
• Observar o ritmo cardíaco no monitor.
• Reposição de cloreto de potássio, por in-
• Se persistir a arritmia, pode-se repetir o
procedimento, seguindo os protocolos es- fusão venosa, mantendo normal o nível
tabelecidos quanto ao nível da carga e ao do K+ plasmático. Evitar nas arritmias com
número de disparos. BAV.
Cuidados: • Reposição de su lfato de magnésio por in-
A CVE deve ser evitada em pacientes com fusão venosa, mantendo normal o nível de
intoxicação digitálica (recomenda-se a sus- magnésio plasmático.
486 ftetrocard1ograma Omnfado para oCl JO Jco

• Fenitoína ou lidocaína nas arritmias ventri- 50% em infusão EV por 60 minutos.


culares: Distribui o K+ para o compartimento
• Fenitoína : 1O a 15mg/kg EV em DMx intracelular. Efeito em 15 minutos.
de 250mg, diluída em 30min. • Gluconato de cálcio a 10%: (1 ampola
• Lidocaína: 1 a 1,5mg/kg EV em bolus, de 1Oml = 1g). Dose de 5 a 1Oml
seguida por infusão de 1 a 4mg/min. EV em 5 a 1O minutos. Antagonista
dos distúrbios de condu ção da hiper-
Pericardite aguda potassemia. Efeito em cinco minutos
e/ou
• Ácido acetilsalicílico: 0,5 a 1g VO 6/ 6 ho- • Hemodiálise, nos casos mais graves.
ras (2 a 4g/dia), ou • Hipocalcemia:
• lbuprofeno: 300 a 800mg VO 8/ 8 horas, • Reposição de gluconato de cálcio a
ou
10% (1 ampola de 1Oml = 1g). Dose
• Corticosteroide: 1 a 2mg/kg/24 horas em
de 5 a 1Oml EV em 1O a 15 minutos.
prednisona; em indicações determinadas e
Manutenção: 1O a 15mg/kg por infu-
evitar no infarto agudo do miocárdio.
são em quatro a seis horas, ou cloreto
de cálcio a 10% (1 ampola de 1Oml =
Distúrbios eletrolíticos 1g), dose de 2,5 a 5ml EV.
• Hipercalcemia:
• Hipopotassemia (leve a moderada) :
• Hidratação venosa com soro f isiológi-
• reposição de K+ por VO
co a 0,9%, 250 a 500mUhora .
• Hipopotassemia (grave):
• Furosemida, 20 a 40mg EV.
• veia periférica
• Hidrocortisona, 100 a 300mg/dia EV.
• cloreto de potássio a 10%: (1 ampola
• Hipomagnesemia (leve a moderada):
de 1Oml = 1g de potássio). Taxa de
reposição, 1O a 20 mEq/hora, diluídos • Reposição de magnésio VO: 250 a
em soro fisiológico ou glicosado. Nos 300mg
casos mais graves, infusão de 40mEq/ • Hipomagnesemia (grave):
hora, com controle do potássio plasmá- • Reposição de sulfato de magnésio a
tico e sob monitoração cardíaca. Não 50%: (2 ml = 1g). Dose de 1 a 2g EV
administrar KCL EV puro, sem diluição. diluídos em 1OOmL de soro glicosado
Cloreto de potássio: 1g = 13,5mEq/L. em 30 a 60 minutos. Manutenção: 5 a
• Hiperpotassemia (leve a moderada): 6g em 1L de soro em 12 a 24 horas.
• Resina de troca: poliestirenossulfonato • Hipermagnesemia:
de cálcio, envelope de 30g. Dose de • Reposição volêmica com soro fisioló-
1 5 a 30g VO, 4/4 horas. gico
• Hiperpotassemia (grave): • Gluconato de cálcio a 10%: (1 ampola
• Glicose + insulina : diluir 1OU de in- de 1Oml = 1 g). Dose de 1O a 1 5mg/kg
sulina regular em 1OOmL de glicose a EV por infusão em quatro a seis horas.
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;

lndice Remissiuo

A - alteração do, 185


Alça(s) - pós-potenciais, 185
- vetorial da ativação ventricular, 18
Acometimento miopericárdico agudo, 329 B
Alterações eletrocardiográficas, Bayley, 135
- na pericardite aguda, 303 - Sistema de eixos, 25
- no derrame pericárdico, 303
Bazett
-produzidas pela digital, 311-315
- fórmula de, 37
-produzidas por distúrbios eletrolíticos. 317-323
Bloqueio(s)
Angina
- atrioventriculares. 269-284
-variante de Prinzmetal, 307, 351
Arritmia(s) - - taquicardia atrial pa roxística com.
- classificação das, 185-187 --de 1o grau, 270
- por distúrbio na, 187 - -de 2° grau, 271
-- formação do impulso, 187 ---tipo Mobitz I, 272
-- condução do impulso. 187 - - - tipo Mobitz 11, 273
- mecanismos arritmogênicos, 187 ---tipo 2:1, 276
-- introdução, 185-187 - - - avançado ou de alto grau, 277
-- automatismo. 185 - - de 3° grau ou tota l, 279
-- reentrada, 186 - do ramo direito - BRD, 45-60
- sinusais, 189 - - do 3° grau. 45
-- fásica, 191 - - do 2° grau. 50
-- não fásica, 191 --do 10 grau, 50
- ortodrômica. 297
- - instável, 52
- antidrômica, 297
- - significado clínico do, 54
Ashman
- - vetores cardíacos no, 45
- fenômeno de, 246
-do ramo esquerdo - BRE, 61-73
Ativação(ões)
- atrial, 23 --do 3° grau, 61
- ventricular. 22 - - do 2° grau, 64
Atleta, 133 - - do 1o grau, 66
-coração do, 37 1 - - instável, 67
- eletrocardiograma no, 133 - - com acentuado desvio do eixo elétrico, 69
Automatismo, 185 - - significado clínico do, 67
- normal, 185 --vetores cardíacos no, 61
HetrOCdrdJograma Omntado para oClm1co

- fasciculares ou divisionais, 75-89, 388 Condução aberrante


- - hemibloqueio, 75 - extrassístole supraventricular com, 208
- -- ântero-superior esquerdo, 75 Cor pu/mona/e, 115
- - - póstero-inferior esquerdo, 80 - agudo, 116
- -- do sub-ramo mediano septal, 81 - crônico, 115
- - bifasciculares, 82 Coração do atleta, 371
- - trifascicular, 86 Cornell, criténos de, 103
- intra-atrial, 268 Crescimentos
- sinoatrial, 265-268 - atriais, 93-100
- - de to grau. 265 - - esquerdo, 93
- - de 2° grau, 265 - - direito, 96
- - - tipo I, 265 - - biatrial, 99
- - - tipo 11, 266 - ventriculares, 1O1- 120
- - de 3g grau ou total, 267 - - esquerdo - CVE, 1O1
- da conduçào intraventncular, 387 - - - cntérios diagnósticos no, 93
Bradiarritmia, 308 - - - sistólico, 105
Bradicardia sinusal, 190 - - - diastólico, 105
Brugada - - - miocardiopatia hipertrófica, 1 03
- algoritmo, 236 - - direito - CVD, 112
- slndrome de, 58 -- - critérios diagnósticos no, 112
- - - sistólico, 114
c -- - diastólico, 114
CálciO - - - grave, 113
- alteração do, 31 7 - - - moderado, 113
Cardiomiopatia - - - discreto, 114
- arritmogênica de ventrkulo direito, 228 - - - no enfisema pulmonar, 115
- hipertrófica, 103 - - - na embolia pulmonar. 116
Cardioversor-desfibrilador implantável, 338 -- biventricular, 117
Célula(s) Criança
- cardíaca, 3-8 - eletrocardiograma na, 357
- - eletrofisiologia da, 3-7 Crista supraventncular, 54
- - potencial de ação, 7
- - potencial de repouso, 5 D
- - potencial limiar, 7 Deflexão, 12
- - perlodos refratários, 7 - intrinsecoide, 12
- - perfodo supernormal, 7 Derivações,
- - despolarização diastóhca, 8 - eletrocardiográficas. 21 -26
Complexo(s) - no plano frontal, periféricas, 24
- QRS, 34 - no plano honzontal, precordiais, 21
- de escape, 257 - vetor médio ou eixo elétrico, 25
- - e ritmo atrial, 261 Derrame pericárdiCO, 307
- - - atrial esquerdo - RAE, 26 1 Desfibrilador, 338
- - - atrial direito - RAD, 261 Despolarização(ões)
- - - biatrial, - atrial, 31
-- e ritmo de escape juncional, 257 - diastólica, 8
-- e ritmo de feixe de His, 261 - espontânea, 8
- - e ritmo de marca-passo atnal migratório - ventricular, 17
ou marca-passo mutável, 263 Digital, alterações eletrocardiog ráficas
- - ventncular e ritmo 1d1oventncular, 258 - produzidas pela, 31 1-31 5
- - o clíniCo diante do, e ntmo de escape, 264 - efeito ou impregnação digitálica, 312
- de captura, 204 - intoxicação digitálica, 31 2
- de fusão, 204 Dipolo(s), 9
- de soma, 204 - de despolarização, 9
Condução oculta - de repolarização. 1O
- fenômeno de, 206 D1ssecção aórtica aguda, 330
Índice Remissiuo

Dissociação atrioventricular, 286 Espaço


- por falha, 286 - PR, 34
- por bloqueio, 286 - QT, 36, 37
- por usurpação, 286 Exercícios de eletrocardiograma, 399-445
- por interferência, 286 - respostas aos, 439
- completa, 286 Extrassístoles. 197-2 15
- incompleta, 286 - atrial, 197
- isorrft mica, 286 - - bloq ueada, 199
Distúrbio(s) - ju ncional, 200
-do ritmo e da condução, 174 - sinusal, 200
- eletrolíticos, 317-323 - supravent ricular, 21 1
- na formação do impulso ca rdíaco, arritmias por, 187 -ventricular, 202
- pré-hissiano, 269
- p6s-hissiano, 270 F
Doença do nódulo sinusal, 39 1 Feixe
Dressler -de His, 261
- síndrome de, 307 - de Kent, 290
Feto, eletrocardiograma no, 365
E Fibrilação
Eixo elétrico, 25 - atrial, 246, 388
- bloqueio do ramo esquerdo com - -aguda, 247
acentuado desvio do, 69 - - paroxística, 24 7
-- permanente, 247
- dos QRS, 385
- - persistente, 24 7
Eletrocardiograma
- vent ricular, 252
-importância do, na sala de emergência, 325-332
Flutter, 249
- na criança, 357
- atria l, 242
- no atleta, 133, 373
- ventricular, 249
- no feto, 365
Frequência cardíaca
- no idoso. 381-395
-cálculo da, 450
- no implante d e marca-passo, 333-343
- va riabilidade da, 383
- no teste ergométrico, 167-181
- normal, 33-41
G
- normal, análise do traçado, 34
Galvanômetro, 5, 21
-- onda P, 34
Gradiente(s)
- - segmento PR, 34
- de concentração iônica,
- - intervalo PR, 34
- elétrico, 4, 5
- - complexo QRS, 34
- QRS/T, 38
-- ponto J, 35
- - segmento ST. 35
-- onda T, 36 H
-- onda U, 38 Hemibloqueio ãntero-superior-esquerdo
- - intervalo QT, 36 - HBAE, 75
- - - dispersão do, 37 - E BRD, 82
- - gradiente QRS/T, 38 - E BRD + HBPE, 82
Eletrofisiologia Hemibloqueio p6stero-inferior-esquerdo
- da célula cardíaca, 3-8 - HBPE, 80
Eletrograma -E BRD, 82
- do feixe de His, 269 - E BRD + HBAE, 82
Embolia pulmonar aguda, 116 Hipercalcemia, 320, 322
Emergência Hipermagnesemia, 321 , 323
- importância do eletrocardiograma Hiperpotassemia, 318, 322
na sala de, 325-332 Hipertrofia ventricular, 104, 373
Enfisema, 11 5 Hipocalcemia, 320, 322
Escape, complexo de (v. Complexo de escape) Hipomagnesemia, 320, 323
500 Hetrowd1ograma Orientado para oClrAICo

Hipopotassemia, 317, 322 Junção atrioventricular, 8


His. feixe de. 261 Juncional
Holter (v. Sistema Holter) - escape, 257
Hutchins, critérios de, 103 - extrassístole, 200, 201
- ritmo, 257
- taquicardia não paroxística, 222
Idosos
- eletrocardiograma nos, 381 -395 K
- arritmias. 388
- -doença do nódulo sinusal , 391 Keith-Fiack. nódulo de. 31
- - fibrilação atrial. 388 Kent, feixe de, 290
- frequência cardíaca, 383
- - variabilidade da, 383 L
Imagem Lenegre. doença de. 279
- recíproca, 141 Lesão ou injúria
- em espelho, 141 - informações acessórias que relacionam a
Implante de marca-passo região do infarto e a artéria culpada. 142
- eletroca rdiograma no, 333-343 - subendocá rdica, 137
Impregnação digitálica, 31 2 - - ou infarto sem supradesnível do segmento ST. 137
Impulso cardíaco. arritmias por distúrbios - - significado clínico da, 1 53
- na formação do, 187 - subepicárdica, 136
- na condução do, 187 - - ou infarto com supradesnível do segmento ST. 136
fndice - - significado clfnico da, 148
- de Lewis, 103 - transmural, 138
- de Macruz, 94, 97 Lev. doença de. 280
- de Morris, 94
Lewis. índice de, 103
- de Sokolow-Lyon, 102 Lown-Ganong-Levine, síndrome de, 297
Infarto
- aspectos diagnósticos e
M
considerações práticas no, 162
Macruz, índice de. 94, 97
- com supradesnível de segmento ST. 154
Magnésio, alteração do, 320, 321
- correlação anatomoclínica e
Marca-passo
eletrocardiograma no. 329
- eletrocardiograma no implante de, 333-343
- de ventrículo direito, 1 55
- ritmo de, mig ratório ou marca-passo
- sem supradesnível de segmento ST. 154
mutável, complexos de escape e, 263
Injúria, lesão ou (v. Lesão ou injúria)
- sfndrome do, 338
Insuficiência coronariana. 103
Miocárdio, infarto do (v. Infarto)
Intervalo
Miocardiopatia hipertrófica, 103
- AH, 269
Mobitz. bloqueios atrioventriculares tipo, 272
- AV. 338
- HV, 269 Morris, índice de, 94
- PA. 269
- PR, 34, 317, 357.385 N
- QT. 36. 365, 375. 385 Necrose
- - dispersão do. 37 - diagnóstico topog ráfico da, 160
Intoxicação digitálica, 312 - subendocárdica. 159
lsquemia - su bepicárdica, 158
- avaliação de. 3 51 - transmural, 158
- diagnóstico topográfico da, 129 Nódulo
- subendocárdica, 127 - sinusal, 31
- subepicárdica. 126 - - doença do, 391
- transmural, 127 - atrioventricular, 220

J o
Ponto. 35, 168 Onda(s)
Janela elétrica de Wilson, 158 - delta, 289
lnd1ce Rem1sswo 501

- delta e QRS, ,292 - - instável, 52


- - negatiVOS, 292 - - significado clínico do, 54
- - POSitiVOS, 292 - - síndrome de Brugada, 58
- épsilon, 228 - - vetores cardíacos no, 45
- F (Fiutter) -esquerdo, 61 -73
- - atnal, 241 - - com acentuado desvio do eixo elétriCO, 69
-- ventricular, 249 -- do 1° grau, 66
- f (f1bnlação) - - do 2o grau, 64
- - atrial, 246 -- do 3o grau, 61
- - ventricular, 252 - - instável, 67
- Osborn, de, 394 - - significado clínico do, 67
- P. 34, 318, 357, 384 - - vetores cardíacos no, 61
- - análise da, 189 Reentrada (s)
- - congenitale, 97 - mecanismo de, 186
- - pu/mona/e, 97 - nodal AV, 222
-Q - pela via acessória, 222
- - normal, 35 ReexCitação, fenômeno de, 186
-- patológica, 35 Repolarização(ões)
- T. 36, 123, 317, 360, 387 - atrial, 32
- - cerebral, 129 - dipolo de, 1O
- - mversão da, 308 - precoce, 307
- U, 38, 362 , 387 - ventricular, 18, 37 5
-- desenvolvimento da, 3 17 - - alteração secu ndária da, 129
- - alterações inespecíficas da, 132
p - - precoce, síndrome da, 329
Parada sinusal ou pausa sinusal, 191 Ritmo(s)
Parassístole ventricular, 286 - de escape, 263
Pausa(s) - - atrial, 261
- sinusal, 191, 194 --de feixe de His, 261
- compensadora, 201 - - de marca-passo atrial migratório
- pós-extrass1stólica, 198 ou marca-passo mutável, 263
Pencardite aguda - - june~ona l, 257
- alterações eletrocardiográficas na, 303 - distúrbios do, e da condução, 174
- o clínico diante da, 309 - idioventricular, 258
Planos elétncos - - acelerado - RIVA, 233
- frontal, 21 --complexos de escape ventricular e, 258
- horizontal, 21 - sinusal normal ou ritmo cardíaco normal, 189
Ponto Romh1lt-Estes, critérios de, 103
- J, 35, 168 Rotações e posições elétricas, 27-30
- Y. 168 - pelo eixo ântero-posterior, 29
Posições elétricas, rotações e, 27-30 - pelo eixo longitudinal, 28
- pelo eixo ântero-posterior, 29 - pelo eixo transversal. 27
- pelo e1xo longitudinal. 28 R sobre T. fenômeno de, 207
- pelo eixo tra nsversal, 27
Potássio s
- alterações no eletrocardiograma, 317 Sala de emergência (v. Emergência, sala de)
Prinzmetal, angina variante de, 307, 351 Segmento(s)
Purkinje, f1bras de, 160 - PR, 34
- ST, 35, 123,317,360, 387
R - - mfarto com supradesnível de, 154
Ramo(s), bloque1os de - - infarto sem supradesnível de, 154
- direito, 45-60 - - pequenos desnivelamentos do, 308
- - do 1° grau, 50 Síndrome(s)
- - do 2° grau, 50 - coronarianas agudas. 328
- - do 3° grau, 45 - da repolarização ventricu lar precoce, 329
502 Helrocard1ograma Or1enlado para o [limo

- de Brugada, 58 -- dos distúrbios do ritmo e da condução, 174


- de Lown-Ganong-Levine, 297 - - na ca rdiopatia, 176
- de Wolff-Parkinson-White, 289-297 - - na cardiopatia isquêmica, 169
- do marca-passo, 338 - - - confiabilidade do exame, 171
Sistema Holter
- - - prognóstica, 171
- equipamentos e análise, 345
- - - variações patológicas, 169
-indicações, 347
Sokolow-Lyon, índice de, 102 - indicações para o exame. 169
- sistema de registro, 168
T -variações fisiológicas, 168
Takotsubo Torsades de pointes. taquicardia ventricular em, 229
- miocardiopatia, 152 Tromboembolismo pulmonar, 330
Tamponamento cardíaco, 309
Taquicardia
v
- atrial, 220
Válvula tricúspide, 335
- - multifocal, 220
Veia cava, 335
- - paroxística, 218
- - - com bloqueio atrioventricular, 220 Ventrículo(s)
- com QRS largo, 234 - direito, 155
- juncional não paroxistica, 222 -- cardiomiopatia arritmogênica de, 228
- reentrante atrioventricular, 221 - - crescimento do, 112
- sinusal. 190 - - infarto do. 155
- - inapropriada, 195 - esquerdo, 105
- supraventricular(es), 217
- - cardiomiopatia hipertrófica de, 228
--com condução aberrante, 237
- - crescimento do. 105
- -. com instabilidade clínica, 237
Vetores cardíacos, 17-19
- - diferenciação entre, com condução
aberrante e taquicardia ventricular, 234 - alça vetorial, 18
- - por reentrada nodal, com estabilidade clínica, 236 - despolarização ventricular, 17
- - por via acessória, 237 - no bloqueio do ramo, 45
- ventricular(es), 227
- - bidirecional, 229
- - diferenciação entre taquicardia supraventricular
com condução aberrante e, 234
- - direito, 112
- - em torsades de pointes, 229
- - esquerdo, 1O1
-- id iopática, 233
- - lenta, 233
- - monomórfica, 240 w
- - - com estabilidade clínica, 237 Wenkebach, BAV tipo, 272
- - - com instabilidade clínica, 240 Wilson. janela elétrica de, 158
- - - repetitiva, 228 Wolff-Parkinson-White, síndrome de. 289-297
- - não sustentada ou não persistente, 228 - classificação, 290
- - paroxística, 228 - critérios diagnósticos, 289
- - polimórfica . 240
- localização da via acessória, 291
- - sustentada ou persistente, 229
- onda delta e QRS
-- variedades de, 228
Terapia antiarrítmica, avaliação da eficácia da, 350 - - negativos, 292
Teste ergométrico, eletrocardiograma no, 167- 181 - - positivos. 292
- avaliação do, 169

ORIGEM DO UVRO
compra: Ramalivros Dist.
Nota fiscal n.25.690
31/08/2011 - R$ 95,08
Sumário

Parte I - Fundamentos Básicos do Eletrocardiograma, 1


1 Eletrofisiologia da célula cardíaca, 3
2 Dipolos de despolarização e repolarização, 9
3 Vetores cardíacos, 17
4 Derivações eletrocardiográficas e eixo elétrico, 21
5 Rotações e posições elétricas, 27
6 Despolarização e repolarização atrial, 31
7 Eletrocardiograma normal. 33

Parte 11 - Bloqueio de Ramo e Bloqueio Fascicular, 43


8 Bloqueio do ramo direito - BRD, 45
9 Bloqueio do ramo esquerdo- BRE, 61
1 O Bloqueios fasciculares ou divisionais, 75

Parte 111 - Crescimento das Câmaras Cardíacas, 91


11 Crescimentos atriais, 93
12 Crescimentos ventriculares, 101

Parte IV- Síndromes lsquêmicas, 121


13 lsquemia, 123
14 Lesão ou injúria, 13 5
15 Necrose, 157
16 Eletrocardiograma no teste ergométrico, 167

Parte V- Arritmias Cardíacas, 183


17 Mecanismos arritmogênicos e classificação das arritmias, 185
18 Arritmias sinusais, 189
19 Extrassístoles, 197
20 Taquicardias supraventriculares e ventriculares, 217
21 Flutter e fibrilação, 241
22 Complexos e ritmos de escape, 257
23 Bloqueios sinoatriais e bloqueio intra-atrial, 265
24 Bloqueios atrioventriculares - BAV, 269
25 Parassístole ventricular e dissociação atrioventricular, 285
26 Síndrome de Wolff-Parkinson-White e Lown-Ganong-Levine, 289

Parte VI - ECG nas Diversas Entidades Clínicas, na Criança e no Feto, 301


27 Alterações eletrocardiográficas na pericardite aguda e no derrame pericárdico, 303
28 Alterações eletrocardiográficas produzidas pela digital, 311
29 Alterações eletrocardiográficas produzidas por distúrbios eletrolíticos, 317
30 Importância do eletrocardiograma na sala de emergência, 325
31 Eletrocardiograma no implante de marca-passo cardíaco, 333
32 Sistema Holter, 345
33 Eletrocardiograma na criança e no feto, 357
34 Coração do atleta - repercussões eletrocardiográficas e alterações cardíacas, 37 1
35 Eletrocardiograma nos pacientes idosos, 381

- ,, ;'],!

Parte VIl - Testes para Auto-av"'~'~o, 397


36 Exercícios de ECG, 399
37 Pergunta s, 447
-~\ .. .
~I

38 Respostas comentadas,
,. 467

Anexo,481
Bibliografia, 487
Índice Remissivo, 497
e r s o n P. Go l d w a s s e r

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