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PROPÓSITO
Compreender as diferenças entre sistema nervoso autônomo e sistema nervoso motor
somático, bem como as características farmacológicas que afetam o funcionamento e as
respostas mediadas por cada sistema.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
APRESENTAÇÃO
Fonte: Shutterstock
Sabe-se que a natureza humana busca desbravar o mundo através da percepção de gostos,
cheiros, sons, luzes e toques, que correspondem a estímulos que despertam no ser humano
respostas de fuga ou luta para sentimentos aversivos ou de busca e apreço quando falamos
de
sentidos mais tenros.
Nossas decisões dependem de estímulos interpretados pelo nosso encéfalo através de sinais
recebidos de partes mais extremas de nosso corpo, que acarretam nas mais variadas
respostas no organismo, como salivar ao visualizar um alimento saboroso ou se deparar
com
uma experiência que cause grande medo, desencadeando a resposta de sair correndo em
fuga. Todos esses sentidos são dependentes de uma conversa entre diferentes regiões do
sistema nervoso, que promovem importantes respostas de nosso corpo ao longo da vida.
Foi também nesse período que os cientistas demonstraram que os músculos poderiam ser
movimentados após a estimulação dos nervos através de correntes elétricas e que o
próprio
encéfalo também produzia sinais elétricos enviados para a periferia. Essas
descobertas
esclareceram que os nervos eram como fios que conduzem sinais elétricos para
o encéfalo, e
vice-versa.
Eles perceberam que essa interação entre o sistema nervoso central e esses reflexos
apresentados no sistema nervoso periférico ocorria de forma autônoma, ou seja, sem o
controle direto das vontades apresentadas pelo indivíduo, sendo chamado de
sistema
nervoso autônomo.
Também foi reconhecido que os estímulos elétricos incidentes nas células musculares
esqueléticas promoviam ações contráteis e mediavam respostas motoras, sendo os estímulos
independentes das vias autonômicas e de controle através da consciência do indivíduo.
Assim,
denominaram-no sistema nervoso motor somático, ou somente
sistema nervoso
somático.
Fonte:Shutterstock
Atualmente, há uma série de fármacos com funções moduladoras das repostas associadas ao
sistema nervoso autônomo e motor somático. A regulação farmacológica desses sistemas vem
apresentando efeitos terapêuticos importantes na promoção da saúde, no controle de
doenças
e na realização de procedimentos médicos. Desta forma, dedicamos nossa viagem
neste tema
para conhecer as particularidades do sistema nervoso autônomo e motor
somático, a ação dos
fármacos na modulação das respostas adrenérgicas e no controle
colinérgico autonômico e
motor somático promovido por agentes farmacológicos.
MÓDULO 1
INTRODUÇÃO
O sistema nervoso de todos os mamíferos apresenta duas divisões: o sistema nervoso
central
(SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). Neste módulo, identificaremos
fatores importantes
da excitabilidade de membrana e transmissão do impulso elétrico,
vias de síntese e liberação
de neurotransmissores. Conheceremos importantes componentes
do sistema nervoso
periférico, discutiremos as diferenças entre o sistema nervoso
autônomo (SNA) e sistema
nervoso motor somático (SNMS).
EXCITABILIDADE DE MEMBRANA E
TRANSMISSÃO
DO IMPULSO ELÉTRICO
Neurônios e células musculares esqueléticas têm características excitáveis, ou seja,
respondem a estímulos elétricos recebidos através de comunicações celulares chamadas de
sinapses. Por gerarem diferença na concentração iônica através da bicamada lipídica, as
membranas celulares podem armazenar energia na forma de gradiente eletroquímico, os
quais
são importantes para gerar impulsos elétricos voltados para a comunicação celular.
Anatomia de um neurônio
As bicamadas lipídicas são altamente impermeáveis para a maioria das moléculas polares.
Para transportar pequenas moléculas hidrossolúveis para o interior ou o exterior celular
ou para
compartimentos intracelulares envoltos por membrana, as membranas contam com
várias
proteínas de transporte, cada qual responsável pela transferência de um soluto ou
uma classe
de solutos em particular através da membrana.
CARREADORAS
CANAIS
As proteínas carreadoras ligam solutos (íons) específicos e os transferem através da
bicamada
lipídica, alterando sua conformação e promovendo a permeabilidade aos íons
através da
membrana. Algumas proteínas carreadoras transportam um único soluto a
favor do seu
gradiente eletroquímico, enquanto outras atuam como bombas, carreando
os íons contra o
gradiente eletroquímico e utilizando energia pela hidrólise de ATP
na promoção do transporte,
O potencial de membrana tem origem quando existe uma diferença na carga elétrica nos dois
lados de uma membrana devido a uma divergência na distribuição de íons positivos e
negativos em suas duas faces. Essas diferenças podem ocorrer por um bombeamento
eletrogênico ativo e por um transporte passivo de íons, sendo os últimos de movimentos
de
maior contribuição para a manutenção do potencial elétrico de membrana.
A condição de equilíbrio, na qual não existe fluxo de líquido de íons através da membrana
plasmática, define o potencial de repouso de membrana.
ATENÇÃO
Desenvolvimento de um potencial de
ação em uma célula nervosa através da ação de um
canal de sódio
dependente de voltagem no corpo celular
O potencial de ação é uma consequência direta das propriedades dos canais iônicos
controlados por voltagem. Ele é desencadeado por uma despolarização da membrana
plasmática em células neuronais e musculoesqueléticas. Um estímulo que gere suficiente
segundo estímulo. Esses canais se abrem, de modo que o influxo de Na+ seja
rapidamente
São responsáveis pela geração dos potenciais de ação nas células eletricamente
excitáveis,
como os neurônios e as células musculoesqueléticas.
ETAPA 1
Uma mudança de potencial elétrico na célula pré-sináptica desencadeia a
liberação de
pequenas moléculas sinalizadoras, conhecidas como
neurotransmissores, que estão
armazenadas em vesículas sinápticas, envoltas
por membrana e liberadas por exocitose.
ETAPA 2
O neurotransmissor difunde-se rapidamente através da fenda sináptica e
provoca uma
mudança elétrica na célula pós-sináptica por ligação nos canais
iônicos controlados por
transmissor. Após a liberação do neurotransmissor,
ele é rapidamente removido, degradado por
enzimas específicas na fenda
sináptica, ou é captado novamente pelas terminações nervosas
que o liberaram
ou pelas células gliais presentes na sinapse.
ETAPA 3
A recaptação é mediada por uma variedade de proteínas carreadoras de
neurotransmissores
Sinapse Química
A farmacologia de cada sistema será tratada mais adiante, destacando o impacto dos
fármacos
sobre o sistema nervoso periférico e suas divisões.
SISTEMA COLINÉRGICO
No sistema colinérgico, a molécula neurotransmissora é a acetilcolina (Ach), que foi
a
primeira
substância identificada como neurotransmissor através de suas funções de
diminuição da
frequência de batimento cardíaco nas sinapses neuromusculares entre o
nervo vago e as
células musculares cardíacas. Posteriormente, a Ach foi associada às
funções
musculoesqueléticos nas sinapses entre o neurônio motor somático e fibra
muscular
esquelética e, finalmente, nas sinapses dos gânglios viscerais, atuando na
regulação das vias
autonômicas.
Estrutura
química da acetilcolina
A íntima associação entre a ligação da Ach nos sítios específicos promove a abertura de
poros
e a permeabilidade de cátions através desses canais, permitindo a rápida resposta
excitatória
característica desses receptores. Tais receptores são encontrados no SNC,
associados a
ações estimulantes relacionadas ao consumo de nicotina e mimetizados na
presença de Ach,
mas também são os receptores da junção neuromuscular responsáveis pelo
potencial
excitatório na fibra muscular esquelética na indução do movimento.
RECEPTORES MUSCARÍNICOS
Estrutura
química das catecolaminas
SISTEMA ADRENÉRGICO –
CATECOLAMINAS
Membro da família das aminas biogênicas, os neurotransmissores adrenérgicos desempenham
muitas funções no SNC, mas também realizam importantes ações no SNP. As aminas
biogênicas que compõem o sistema adrenérgico são as catecolaminas (dopamina,
noradrenalina e adrenalina). Todas as catecolaminas são sintetizadas a partir de um
aminoácido precursor: tirosina. O primeiro passo na síntese das catecolaminas é
catalisado
pela enzima tirosina hidroxilase, que sintetizará, a partir da tirosina, a
dihidroxifenilalanina
(DOPA), molécula precursora da dopamina.
Dopamina
O SNA é composto por uma grande rede de conexão neuronal distribuída ao longo de nosso
organismo. Também é conhecido como sistema nervoso involuntário, visceral ou vegetativo,
uma vez que as funções viscerais são normalmente executadas de forma automática, sem
controle voluntário.
ATENÇÃO
Alguns corpos celulares dos neurônios autônomos localizam-se fora do SNC, em grupamentos
celulares chamados de gânglios. Nesses gânglios, encontramos corpos
celulares de
neurônios chamados pós-ganglionares. Neurônios pós-ganglionares são controlados por
neurônios pré-ganglionares, cujos corpos celulares situam-se no SNC, mais precisamente
na
medula espinhal ou no tronco encefálico, dependendo da divisão em simpático ou
parassimpático.
Os neurônios pré-ganglionares simpáticos enviam seus axônios através das raízes ventrais
para realizarem sinapses com neurônios ganglionares da cadeia simpática, localizada
próxima
à coluna vertebral ou em gânglios dentro da cavidade abdominal. Os neurônios
pré-
ganglionares da divisão parassimpática encontram-se em núcleos do tronco encefálico,
e seus
axônios passam por nervos cranianos. Na porção sacral da medula espinhal,
encontramos
outros núcleos de neurônios parassimpáticos. Os axônios pré-ganglionares
parassimpáticos
possuem axônios longos, em comparação aos simpáticos, uma vez que os
gânglios
encontram-se próximos aos órgãos-alvo, como demonstrado na imagem.
ATENÇÃO
Em uma situação como a apresentada no exemplo do aluno que vimos anteriormente, as duas
divisões respondem de formas distintas:
DIVISÃO SIMPÁTICA
Mobiliza frequentemente o organismo em situações de
emergência a curto prazo, mesmo que
essas alterações possam
acarretar problemas a longo prazo.
DIVISÃO PARASSIMPÁTICA
Age de forma oposta ao mediado pela simpática. O
SNA parassimpático aumenta respostas
digestórias, crescimento,
resposta imunitária e estocagem de energia (reestabelecendo as
alterações mediadas pelo estresse causado pelo convite do
professor). Essa divisão trabalha
calmamente, promovendo o bem-estar
fisiológico a longo prazo.
DIVISÃO SIMPÁTICA
Aumenta a frequência e força de batimento cardíaco.
DIVISÃO PARASSIMPÁTICA
Reduz a frequência cardíaca.
DIVISÃO SIMPÁTICA
Causaria o relaxamento da musculatura e redução da
motilidade intestinal.
DIVISÃO PARASSIMPÁTICA
Estimularia a musculatura e motilidade intestinal.
DIVISÃO SIMPÁTICA
Responsável pelas respostas ejaculatórias.
DIVISÃO PARASSIMPÁTICA
Responsável pela ereção peniana.
Podemos perceber que as ações do SNA ocorrem tipicamente em múltiplos órgãos e são bem
distribuídas pelo organismo e relativamente lentas. De modo distinto, o sistema nervoso
motor
somático, cujos neurônios motores alfa podem rapidamente ativar músculos
esqueléticos com
alta precisão espacial, promove contração muscular e efeitos motores.
LISOS
Revestem o tubo digestivo e as artérias, onde vimos anteriormente que podem
regular o
peristaltismo e a pressão arterial. É inervado e influenciado pela
ação do SNA.
ESTRIADO CARDÍACO
É o músculo do coração com contração rítmica, mesmo sem inervações, pela
presença do
sistema de marca-passo. É inervado e influenciado pela ação do
SNA.
O controle das atividades musculares deve-se a disparos oriundos do SNC destinados ao SNP
para controle de eventos de contração muscular. Os neurônios motores comunicam-se com as
fibras musculares através da liberação do neurotransmissor acetilcolina na junção
neuromuscular, sinapse entre o neurônio motor e a fibra muscular, causando como
respostas a
contração muscular esquelética.
SISTEMA COLINÉRGICO X
SISTEMA
ADRENÉRGICO
Neste vídeo, veremos as especificidades e diferenças entre
os dois sistemas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Reconhecer os fármacos
anticolinesterásicos, antagonistas muscarínicos naturais
e sintéticos e bloqueadores
neuromusculares, seus efeitos farmacológicos
INTRODUÇÃO
As drogas ativadoras e inibidoras dos receptores colinérgicos são aquelas que atuam no
SNA
parassimpático. Existem dois tipos de receptores colinérgicos (receptores de
acetilcolina), os
muscarínicos e os nicotínicos. Dentro desses dois tipos, há os
subtipos, sendo que, nas ações
no SNA, os muscarínicos se subdividem em M1, M2 e M3, e
os nicotínicos dividem-se em
receptores nicotínicos de placa motora e nicotínicos
ganglionares.
Receptores colinérgicos
Muscarínicos Nicotínicos
Receptoresnicotínicos de
M1 M2 M3 Nicotínicosganglionares
placamotora
Atenção! Para
visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
MUSCARÍNICOS
NICOTÍNICOS
São acoplados a canais iônicos, principalmente os canais de sódio, e a transmissão do
sinal se
dá por meio da modulação da entrada de íons dentro da célula, causando
despolarização.
M1
É mais expresso no SNC e atua alterando, por exemplo, fome, memória, reações emocionais
etc.
M2
Também chamado de receptor muscarínico cardíaco, é mais expresso no coração e tem efeito
oposto ao dos receptores β nesse órgão (receptores adrenérgicos que serão discutidos
mais
adiante), gerando redução da frequência cardíaca e da força de contração, ou seja,
tem efeitos
cronotrópico e inotrópico negativos, opondo-se aos efeitos adrenérgicos.
M3
METACOLINA
BETANECOL
CARBACHOL
CLORIDRATO DE PILOCARPINA
É administrada por inalação para o diagnóstico de hiperatividade das vias aéreas
brônquicas
em pacientes que não têm asma clinicamente aparente. Enquanto agonistas
muscarínicos
podem causar broncoconstrição e aumento de secreções traqueobrônquicas
em todos os
indivíduos, pacientes asmáticos respondem com intensa restrição
brônquica e redução da
capacidade vital.
FÁRMACOS ANTAGONISTAS DO
RECEPTOR
MUSCARÍNICO
Os antagonistas do receptor muscarínico incluem:
Derivados sintéticos, alguns dos quais mostram seleção para subtipos de receptores
muscarínicos.
ATENÇÃO
ATENÇÃO
ATROPINA
ESCOPOLAMINA
A atropina tem efeitos mínimos no SNC em doses terapêuticas, embora possa ocorrer
leve
estimulação dos centros medulares parassimpáticos. Com doses tóxicas de
atropina, a
excitação central se torna mais proeminente, levando à inquietação,
irritabilidade,
desorientação, às alucinações ou ao delírio. Com doses ainda
maiores, a estimulação é
seguida pela depressão, levando ao colapso circulatório e à
insuficiência respiratória após um
período de paralisia e coma.
IPRATRÓPIO E TIOTRÓPIO
Acredita-se que o grau de broncodilatação alcançado por esses agentes reflita o nível de
tônus
parassimpático basal, complementado pela ativação reflexa das vias colinérgicas
provocadas
por diversos estímulos. Uma propriedade terapeuticamente importante de
ipratrópio e tiotrópio
é seu efeito inibitório mínimo na liberação mucociliária em
relação à atropina. Assim, a escolha
desses agentes para uso em pacientes com doença das
vias aéreas minimiza o aumento da
acumulação de secreções mais baixas das vias aéreas
encontradas com atropina.
USOS TERAPÊUTICOS DE ANTAGONISTAS DE
RECEPTORES MUSCARÍNICOS
Embora estes últimos não sejam graves, podem ser suficientemente perturbadores
para
diminuir a adesão dos pacientes, particularmente durante a administração de
longo prazo.
Esses agentes são frequentemente usados com agonistas de receptores
adrenérgicos
inalados, embora haja pouca evidência de verdadeiro sinergismo.
ANTICOLINÉRGICOS
A função da acetilcolinesterase (AChE) no terminal sináptico colinérgico (Ach) nas
junções das
várias terminações nervosas colinérgicas com seus órgãos-alvo ou sítios
pós-sinápticos foi
descrita quando abordamos o sistema nervoso periférico.
Drogas que inibem AChE são chamadas de agentes anticolinesterásicos. Eles fazem
com que
a Ach se acumule nas proximidades dos terminais do nervo colinérgico
e, portanto, são
potencialmente capazes de produzir efeitos equivalentes à estimulação
excessiva de
receptores colinérgicos em todo o sistema nervoso central e periférico.
Em geral, os compostos que contêm um grupo quaternário de amônio não penetram facilmente
nas membranas celulares; portanto, os agentes anti-ChE desta categoria são mal
absorvidos
pelo TGI ou através da pele e são excluídos do SNC pela barreira
hematoencefálica. Por outro
lado, tais fármacos atuam preferencialmente nas junções
neuromusculares do músculo
esquelético, exercendo sua ação tanto como agentes anti-ChE
como agonistas diretos.
Olhos
Intestino
A maioria dos efeitos de potentes drogas anti-ChE no músculo esquelético pode ser
explicada
adequadamente com base em sua inibição de AChE em junções neuromusculares. No
entanto,
há boa evidência para uma ação direta da neostigmina e outros agentes
quaternários no
musculoesquelético.
TOXICOLOGIA
Os efeitos da intoxicação aguda por agentes anti-ChE manifestam-se por sinais e sintomas
muscarínicos e nicotínicos, e, com exceção de compostos de solubilidade lipídica
extremamente baixa, por sinais referenciados ao CNS. Os efeitos sistêmicos aparecem em
poucos minutos após a inalação de vapores ou aerossóis. O início dos sintomas é adiado
após
a absorção percutânea.
ATENÇÃO
A atropina efetivamente antagoniza as ações dos
receptores muscarínicos, incluindo aumento
da secreção traqueobrônquica e
salivar, bradicardia nas ações centrais. O efeito da atropina no
comprometimento
neuromuscular periférico pode ser revertido por pralidoxima, um reativador
de
colinterase, sendo essas duas drogas as mais utilizadas no combate das
intoxicações por
organofosforados.
Trata-se dos locais clássicos da ação dos curares e da nicotina e definiram o conceito de
receptor nicotínico de Ach há mais de um século e fizeram deste o receptor farmacológico
prototípico dos efeitos da Ach nesses locais. Aproveitando-se de estruturas
especializadas que
evoluíram para mediar a neurotransmissão colinérgica e de toxinas
naturais que bloqueiam a
atividade motora, receptores nicotínicos periféricos e, em
seguida, centrais foram isolados,
caracterizados, e representam marcos no
desenvolvimento da farmacologia molecular.
O bloqueador neuromuscular clássico, o curare, foi a ferramenta que Claude Bernard usou
em meados do século
XIX para demonstrar um local de ação medicamentosa na junção
neuromuscular. Os agentes
de bloqueio neuromuscular modernos geralmente caem em duas
classes, despolarizantes e
competitivos/não despolarizantes. Atualmente, apenas um único
agente despolarizante,
succinilcolina, está em uso clínico geral, enquanto múltiplos agentes
competitivos ou
não despolarizadores estão disponíveis, mas sem grande utilização clínica.
CLAUDE BERNARD
AGENTE DESPOLARIZANTE
Os agentes despolarizadores, como a succinilcolina, agem por
um mecanismo
diferente. Sua
ação inicial é despolarizar a membrana, abrindo canais
iônicos da mesma forma que a Ach. No
entanto, eles persistem por efeitos
mais duradouros na junção neuromuscular, principalmente
por causa de sua
resistência ao AChE. Essa despolarização inicial é seguida pelo bloqueio da
transmissão neuromuscular e da paralisia flácida; isto posto, essa sequência
é influenciada por
alguns fatores, como os agentes anestésicos usados
simultaneamente aos bloqueadores
musculares.
A succinilcolina em
doses que produzem relaxamento neuromuscular raramente causam
efeitos
atribuíveis ao bloqueio ganglionar. No entanto, os efeitos cardiovasculares,
às vezes,
são observados, provavelmente devido à estimulação sucessiva de
gânglios vagais e gânglios
simpáticos.
AGENTES COMPETITIVOS
A tubocurarina e outros agentes de bloqueio neuromuscular
são desprovidos de
efeitos
centrais após doses clínicas comuns devido à sua incapacidade de
penetrar a barreira
hematoencefálica.
Agentes de bloqueio
neuromuscular mostram potências variáveis na produção de bloqueio
ganglionar. Assim como na placa motora, o bloqueio ganglionar por
tubocurarina e outras
drogas estabilizadoras é invertido ou antagonizado por
agentes anti-ChE.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
Identificar os fármacos que
atuam na transmissão adrenérgica como agonistas
INTRODUÇÃO
Veremos, em nosso último módulo, que catecolaminas e drogas simpatomiméticas são
classificadas como simpatomiméticos de ação direta, indireta ou de ação mista. As drogas
simpaticomiméticas de ação direta agem em um ou mais dos receptores adrenérgicos. Drogas
de ação indireta aumentam a disponibilidade de noradrenalina ou adrenalina para
estimular os
receptores adrenérgicos.
Ampola de
adrenalina
SIMPATOMIMÉTICOS ENDÓGENOS
ADRENALINA
A ação vascular principal da adrenalina é exercida sobre as artérias menores e
esfíncteres
capilares, embora veias e grandes artérias também respondam à droga. A
adrenalina injetada
diminui significativamente o fluxo sanguíneo cutâneo, a constrição
de vasos pré-capilares e as
vênulas pequenas. Adrenalina é um poderoso estimulante
cardíaco; atua diretamente nos
receptores β1 predominantes do miocárdio e das células do
marca-passo e dos tecidos
condutores.
Os efeitos sobre o músculo liso vascular são de grande importância fisiológica, enquanto
aqueles no músculo liso do trato gastrointestinal são relativamente menores. O músculo
liso do
TGI é, em geral, relaxado pela adrenalina. Este efeito é devido à ativação de
receptores α e β.
No tônus intestinal, a frequência e amplitude das contrações
espontâneas são reduzidos. O
estômago geralmente é relaxado, e os esfíncteres pilóricos
e ileocecal são contraídos.
A adrenalina tem uma poderosa ação broncodilatadora, mais evidente quando o músculo
brônquico está contraído em decorrência da asma brônquica, por exemplo. Em tais
situações,
a adrenalina tem um efeito terapêutico marcante, como um antagonista
fisiológico a
substâncias que causam broncoconstrição.
ATENÇÃO
Angina pode ser induzida por adrenalina em pacientes com doença arterial coronariana. O
uso
de adrenalina geralmente é contraindicado em pacientes que estão recebendo
antagonistas
não seletivos do receptor β, uma vez que suas ações não colocadas em
receptor vascular α1
podem levar à hipertensão grave e hemorragia cerebral.
USOS TERAPÊUTICOS
NORADRENALINA
USOS TERAPÊUTICOS
DOPAMINA
USOS TERAPÊUTICOS
A dopamina é usada no tratamento de insuficiência cardíaca
congestiva grave, particularmente
em pacientes com oligúria de baixa ou normal
resistência vascular periférica. A droga também
pode melhorar parâmetros
fisiológicos no tratamento de choque cardiogênico e séptico.
Embora a dopamina
possa melhorar agudamente a função cardíaca e renal em pacientes
gravemente
doentes com doença cardíaca crônica ou insuficiência renal, há relativamente
pouca evidência de apoio a longo prazo no resultado clínico.
Os β agonistas podem ser usados para estimular a taxa e a força da contração cardíaca. O
efeito cronotrópico é útil no tratamento emergencial de arritmias, bradicardias ou
bloqueio
cardíaco, enquanto o efeito ionotrópico é usado quando é desejável aumentar a
contratilidade
do miocárdio.
ISOPROTERENOL
Isoproterenol é um potente agonista não seletivo de receptores β com baixa afinidade para
α
receptores.
Estrutura química do isoproterenol
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
Isoproterenol relaxa quase todas as variedades de músculo liso quando o tônus está alto,
mas
esta ação é mais pronunciada em músculo brônquico e gastrointestinal. Previne ou
alivia a
broncoconstrição.
DOBUTAMINA
USOS TERAPÊUTICOS
AGONISTAS β2 - SELETIVO DE
RECEPTORES
ADRENÉRGICOS
Alguns dos principais efeitos adversos dos agonistas β no tratamento de asma ou DPOC são
causados pela estimulação de receptores β1 no coração. Assim, foram desenvolvidas drogas
com afinidade preferencial para receptores β2 em comparação com os receptores β1. No
entanto, essa seletividade é relativa, não absoluta, e se perde em altas concentrações
dessas
drogas. Além disso, até 40% dos receptores β no coração humano são receptores β2,
que
podem causar estimulação cardíaca.
SAIBA MAIS
Clonidina também é útil no tratamento e na preparação de
sujeitos viciados para retirada de
narcóticos, álcool e tabaco. Essa droga pode
ajudar a amenizar parte da atividade nervosa
simpática adversa associada à
retirada desses agentes, bem como diminuir o desejo pela
droga. Os benefícios a
longo prazo da clonidina nesses ambientes e em distúrbios
neuropsiquiátricos
continuam a ser determinados.
ANFETAMINAS
As anfetaminas têm poderosas ações estimulantes do SNC, além das ações periféricas α e β
comuns a drogas simpatomiméticas de ação indireta. Ao contrário da adrenalina, é eficaz
após
a administração oral, e seus efeitos duram várias horas.
ANTAGONISTAS DE RECEPTORES
ADRENÉRGICOS
Muitos tipos de drogas interferem na função do sistema nervoso simpático e, portanto, têm
efeitos profundos na fisiologia de órgãos simpaticamente inervados. Várias dessas drogas
são
importantes na medicina clínica, particularmente para o tratamento de doenças
cardiovasculares.
USOS TERAPÊUTICOS
O bloqueio dos receptores α2 com antagonistas seletivos, como a ioimbina, podem aumentar
o
fluxo simpático e potencializar a liberação de noradrenalina a partir de terminações
nervosas,
levando à ativação de receptores α1 e β1 no coração e na vasculatura
periférica, com
consequente aumento da pressão arterial.
USOS TERAPÊUTICOS
Parâmetros farmacocinéticos.
ESTUDO DE CASO
Neste vídeo, veremos um estudo de caso sobre o uso de
agonista β-adrenérgicos no
tratamento das doenças respiratórias.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante toda a discussão deste tema, conhecemos os componentes do sistema nervoso, bem
como sua divisão em sistema nervoso autônomo e motor somático. Compreendemos que o
sistema nervoso autônomo age através de suas divisões simpática e parassimpática, com a
ação das catecolaminas e da acetilcolina, respectivamente.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; WALTER, P. Biologia molecular da célula. 5.
ed. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
EXPLORE+
CURRÍCULO LATTES