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REGULÇÃO E INTEGRAÇÃO: O PAPEL DOS S.

NERVOSO E ENDÓCRINO

São os principais sistemas reguladores, apresentando as propriedades:

• Regulação: Ajuste da quantidade/concentração a um nível desejado


• Integração: Pressupõe que nenhum processo esteja isolado, mas sim
interligado com outros para controlar algo.
Ex: Maior trabalho do músculo → maior ventilação pulmonar → maior
velocidade das trocas gasosas → aumento da circulação das hemácias
• Retroalimentação: Mecanismo para manter o equilíbrio através de um
feedback. Fica ocorrendo até alcançar a homeostase (estabilidade)
Mecanismo do feedback: Dar algo → transforma → recebe de volta a
molécula do início que doou. Pode ser de dois tipos:
1. Positivo: Recebe o tanto que doa. Ex: mais glicose = mais insulina
2. Negativo: Doa muito e recebe pouco. Ex: mais glicose = menos
glucagon
• Liga-desliga: Para provocar uma ação, é preciso mais do que somente uma
mudança leve, mas várias mudanças consecutivas.
Ex: ventilação pulmonar

SISTEMA NERVOSO

Possui as células especializadas (Neurônios) que tem maior irritabilidade que as


demais. Possuem estrutura e funcionalidade muito parecidas entre todos os grupos
de animais (mas os neurônios das lulas – molusco – são os mais estudados).
Possuem a membrana eletricamente excitáveis; Os sinais são gerados e
transmitidos sem perda; Transmissão rápida mesmo a longas distâncias; somente as
células efetoras e receptoras são estimuladas, as demais não.

Neurônios + células da glia = S. Nervoso

Estrutura do neurônio: Corpo (manutenção metabólica da célula); Dendritos


(múltiplos; recebem os sinais) e axônios (único; conduzem os sinais a pouca ou a
longa distancias sem perdas)

• Funcionamento do S. Nervoso através da atividade dos neurônios:


1. Necessita de uma atividade elétrica que é gerada pela diferença na
concentração dos íons de Na+ e K+, gerando um Potencial Elétrico,
mudando a eletricidade da MP.
 Nos diferentes grupos de animais, a relação de proporções dos íons
Na+ e K+ não mudam, o que muda é a quantidade deles.
 Porque ocorre essa diferença de concentração? Porque a
permeabilidade da membrana é diferenciada, com um polo negativo
interno e um polo positivo externo
2. Ocorre as trocas de íons pelas proteínas que funcionam como bombas
(de sódio e potássio)
3. Gera o impulso nervoso: há momentos de Potencial de Repouso (PR),
quando a membrana está polarizada (inativa) e de Potencial de Ação
(PA), quando a membrana está despolarizada (impulso elétrico)
4. Acontece a sinapse, que pode ser de dois tipos:
 Sinapse Elétrica: Raras. A corrente elétrica passa entre o espaço
entre dois neurônios (que é mínimo), onde tem as junções GAP
formado por um canal de resistência elétrica mínima, portanto é
bidirecional (ao contrário da S. Química que é somente
unidirecional, pois os receptores e neurotransmissores estão em
somente um dos neurônios)
Porque a eletricidade não passa pelas laterais da sinapse? Porque
a membrana possui muito pouca condutividade elétrica
Neurônio pré-sináptico é acoplado eletricamente ao pós-sináptico.
 Sinapse Química: A maioria. Possui vesículas com
neurotransmissores armazenados que irão ser ativados e liberados
para serem ligados a receptores que estão no outro neurônio. Por
isso a resposta aqui é mais lenta do que na S. Elétrica (que é
contínua).
Ativação dos neurotransmissores: o PA no pré-sináptico causa a
liberação dos neurotransmissores que se fundem na fenda sináptica
(entre os neurônios pré e pós sinápticos) e então, eles
hiperpolarizam ou despolarizam o neurônio pós-sináptico.
Exemplo de neurotransmissores: Acetilcolina.
➢ PEPS (Potencial excitatório pós-sináptico): sinapse que
aumenta a probabilidade de ocorrer um PA; PIPS (P. inibitório):
sinapse que reduz a probabilidade de ocorrer um PA.

EVOLUÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO

• Condução não-nervosa: Não envolve o S. Nervoso em si. É uma forma mais


primitiva de transferência de informação.
Ex: Protozoários são os que mais se assemelham a esse tipo de condução;
também ocorre em alguns epitélios de metazoa; amebas.
Mecanismo: Irritabilidade celular: pequenas diferenças no potencial elétrico
entre o interior e o exterior da membrana, geradas por um estímulo externo do
ambiente.
1. Projeção (estímulo = alimento)
2. Retração (estímulo = não alimento)

Irritabilidade localizada: Ocorre em ciliados (ex: paramécio), por dois


tipos:

1. Reação de esquiva: Ocorre uma colisão anterior → despolarização


dessa região anterior → abertura dos canais de Ca+ = resulta na
reversão dos batimentos ciliares (os cílios só voltam a bater normal
quando esses canais se fecham)
2. Reação de escape: Ocorre um estímulo posterior → Aumenta a
permeabilidade de K+ (fazendo com que esse íon saia da célula) →
hiperpolarização da membrana = resulta no aumento do batimento
ciliar
• Condução em metazoa: Os epitélios são excitáveis, conectados por pontes
citoplasmáticas
• Condução em Porífera: As células subepiteliais são alongadas e arranjadas
em forma de rede, conectadas entre si.
Porque não é considerado um sistema nervoso? Porque não há sistema
histológico permanente (as células se desconectam e se deslocam por
movimentos ameboides)
Mecanismo: contração (ondas lentas) e pulsação rítmica e espalhamento
direcional de substâncias

SISTEMA NERVOSO NOS DIFERENTES FILOS

• Sistema Nervoso Radial Simples:


1. Cnidária: Em rede; sistema difuso (neurônios em rede na epiderme);
sistema não polarizado (ao contrário dos vertebrados): há vesículas de
neurotransmissores nos dois lados da fenda sináptica (sinapse
simétrica\assimétrica) = adaptação para um sistema radial; S. sensorial
reduzido (apenas algumas células sensitivas na epiderme)
Porque a transmissão aqui é lenta? Já que as fibras são curtas,
ocorrerão várias sinapses, atrasando o impulso em comparação a um
axônio longo
2. Ctenophora: Rede ao redor da boca; órgão sensorial aboral
(estatocistos); Anel circum-oral e 5 cordões nervosos radiais
3. Sistema em redes também ocorre em: Equinodermata; hemicordata;
algumas regiões de moluscos e anelídeos e no intestino de
vertebrados.
• Cefalização: Sistema Nervoso Bilateral:
1. Platelmintos: Um par de gânglios nervosos e cordões nervosos
longitudinais + um par de gânglios cerebrais anteriores. Possui ocelos
e quimiorreceptores.
2. Nemertea:
3. Annelida:
4. Mollusca – Cephalopoda:
5. Arthropoda:

SISTEMA NERVOSO NOS VERTEBRATA

• Autapomorfia: Apenas 1 cordão dorsal oco (medula espinhal) com expansão


(encéfalo) na região anterior
• O sistema nervoso em Vertebrata é dividido em duas partes: S.N. Central
(medula espinal alongada) e S.N. Periférico (nervos e gânglios)
• Os nervos partem da medula. Os nervos sensoriais são dorsais
(aferentes), enquanto os nervos motores são ventrais (eferentes)

S. N. CENTRAL

É dividido em três parte (encéfalo tripartido):

1. Prosencéfalo: subdividido em Telencéfalo e Diencéfalo


2. Mesencéfalo
3. Rombencéfalo: subdividido em Metencéfalo e Mielencéfalo

Evolução do Encéfalo: Evolui em tamanho, dos peixes até os mamíferos. O


cérebro tão grande em Aves e Mamíferos está ligada a maior exploração do
ambiente. O encéfalo tem tamanho proporcional ao tamanho do corpo em todos os
grupos. Quanto maior o corpo, maior o encéfalo.

S. N. PERIFÉRICO

A recepção sensorial começa em órgãos com células receptoras (especializadas em


responder estímulos). É um conjunto de nervos e gânglios que podem ser:

1. Sensorial (Aferente): Percepção sensorial leva informações dorsalmente.


Conduz a informação da periferia para o SN Central.
2. Motores (Eferentes): Conduz a informação a partir do SN Central. Pode ser:
• Voluntário (Somático)
• Involuntário (Autônomo): dividido em:
1. Simpático: Nervos ligados as vertebras lombares e inicio das
torácicas; ligada a um aumento da atividade do animal;
Acetilcolina e noradrenalina.
2. Parassimpático: Nervos ligados as vertebras craniais e sacrais
(exceto os peixes, que não possuem a cintura pélvica); ligada a
uma diminuição da atividade do animal; acetilcolina.

Obs.: Os nervos podem não estar ligados as mesmas vertebras


quando se muda o grupo taxonômico, já que o número de vertebras
variam.
Córtex (área anterior do Encéfalo): Possui a área sensorial (que se desenvolve
mais tardiamente), a área motora e a área associativa. A mesma sequência linear do
córtex coordena a sequência do corpo, porém não tem a mesma proporção.

FISIOLOGIA DOS RECEPTORES

O Sistema Receptor Sensorial é responsável pela percepção das mudanças


internas e externas. Os estímulos podem ser:

1. Internos: vindos do organismo (Interoceptor) ex: proprioceptor, forncencem ao


cérebro informações sobre o estado do corpo. Não estamos conscientes
destes sinais.
2. Externos: vindos do ambiente (Exteroceptor) ex: com base na energia que
utilizam, são classificados em:
• Quimiorreceptores: energia química.
• Mecanorrecptores: mecânica
• Eletrorreceptores: elétrica
• Termorreceptores: térmica
• Fotorreceptores: luminosa

Mecanismo: Traduz diferentes formas de energia para a linguagem dos PA em um


grupo de células específicas (para que p S.N. Central faça a tradução e assim, gerar
a ação). Ocorre através de um potencial elétrico.

A sensação começa nas membranas das células receptoras. Elas são seletivas para
um tipo de energia e os receptores são sensíveis a esses estímulos. Classificação
de acordo local de atuação dos estímulos:

1. Célula Receptora Primária: Neurônios aferentes. Porção do dendrito é a


membrana receptora. Ex: olfação
2. Célula Receptora Secundária: Célula epitelial especializada. Há uma conexão
sináptica com neurônio aferente. É secundária porque o estímulo não atinge
diretamente o neurônio, mas sim, as células epiteliais.
Obs.: Cada tecido é especializado em receber tipos diferentes de estímulos.
Transdução: Estímulo → mudança de permeabilidade da célula nervosa → altera
polaridade → Potencial Gerador

• Exemplo: Mecanorreceptor lê uma pressão do corpo pelo Corpúsculo de


Pacini (camada de tecido conjuntivo com líquido que circunda a parte final de
um axônio) → deformação ocorre → impulso chega ao neurônio → aumenta a
permeabilidade de Na+ na membrana → célula despolariza → gera o
Potencial Gerador
Somente se a despolarização for suficiente, um PA será gerado! E o
influxo tem de ser de grande intensidade!
Esse Potencial Gerador é graduado, ou seja, quanto mais estimula, maior é a
amplitude. Se o estímulo for contínuo, a frequência do PA não será, pois ela
se adapta. Há 2 tipos de receptores de adaptação:
1. Receptor de adaptação lenta (tônica): PA é prolongado e sua
frequência vai diminuindo (melhor monitoramento pelo SNCentral.
2. Receptor de adaptação rápida (física): PA único, dando uma
informação rápida sobre uma mudança no ambiente.

GLÂNDULAS E SECREÇÕES

Todas as células secretam material em seu meio circundante para barreira protetora
ou para comunicação com outras células. O sistema endócrino é regulado pelo
nervoso (e vice versa). Função básica das secreções: Comunicação, que pode ser:

1. Entre etapas de processos


2. Entre órgãos de um organismo
3. Entre indivíduos (interações sociais)

Outras funções das secreções:

1. Produção de toxinas (ex: serpentes)


2. Deslocamento (ex: gastrópodes)
3. Lubrificação (ex: saliva)

Obs.: A secreção é produzida e há um receptor específico em alguma célula.


➢ Células especializadas unidas podem formar glândulas. O nº e tipo de
glândulas variam nos grupos de animais e varia de acordo o estágio de
desenvolvimento. Produto da secreção e sua ação quanto a distância de
atuação:
1. Autócrina: a substância secretada afeta a própria célula que produziu.
2. Parácrina: a substância tem efeito nas células vizinhas
3. Exócrina: Substância é liberada na superfície do animal ou de um
órgão dele. As glândulas exócrinas formam um líquido primário
formado por H2O e NaCl (água e sais). Secretam através de um ducto.
Exemplos:
I. Glândula mamária: há a adição de outras substâncias no líquido
primário
II. Glândulas de seda (aracnídeos): formada por alfa e beta
queratina e por sua forma desordenada da matriz, a seda fica
elástica.
4. Endócrina: Substância liberada na corrente sanguínea para atuar em
um tecido distante. Modulam processos do corpo. Tecidos endócrinos
estão presentes em órgãos não endócrinos. Ex: glândula tireoide
produz o hormônio tireóideo que modula o crescimento.

➢ Comunicação entre organismos: Feromônios (sexuais), escapes (fuga),


reconhecimento, suor (termorregulatório e também de comunicação)
➢ Produção e armazenamento: Há uma polarização da célula: É produzida de
um lado e liberada do outro. O armazenamento é feito com base no tamanho:
I. Se for moléculas grandes: em vesículas
II. Se for moléculas pequenas: ligadas a proteínas.
➢ Liberação (secreção):
I. Apócrina: Porção apical da célula se rompe e é perdida. A célula
reconstitui seu ápice. Ex: glândulas sudoríparas
II. Merócrina: Porção apical se comprime e libera o produto no lúmen da
glândula. Ex: glândulas digestivas e exócrinas de artrópodes.
III. Holócrina: A célula inteira é perdida e se rompe para liberar o
conteúdo. Ex: glândulas sebáceas, e exócrinas de insetos e moluscos.
➢ Estímulo para secreção: Através de neurotransmissores, hormônios ou
condições do meio extracelular.
➢ Custo energético da atividade glandular: É uma energia extra gasta.
Exemplo da lactação, onde 75% dos nutrientes consumidos são desviados
para a lactação

MUCO

É secretado por células caliciformes na superfície externa do epitélio para


reconhecimento entre células e barreira protetora (controla o microambiente entre as
células)

Exemplo de um tipo de muco: Nas células do intestino há a formação de uma cadeia


de ligações de sulfeto que forma um emaranhado que fica dentro da célula. As
porções finais desse emaranhado são negativas + pH baixo interno na célula com
íons de Ca+ e H+ = Muco emaranhado “espremido” dentro da célula. A liberação
ocorre por exocitose pela MP da célula, “explodindo” e o muco se expande fora da
célula (pois fora da célula o ambiente é mais negativo e o pH é maior). Como essa
substância se torna um gel? Ela se liga com moléculas de água.

Outros exemplos: superfície corporal de peixes-bruxa para proteção contra


predadores; muco secretado pelas vias aéreas protege os pulmões de mamíferos,
onde prende partículas de sujeira e bactérias.

HORMÔNIOS

Principal substância do sistema endócrino. Produzido por tecido glandular e


FREQUENTEMENTE liberado na corrente sanguínea para atuar em tecidos de
órgãos alvos. Porque é um alvo? Porque reconhece através de um receptor.

Mecanismo:

I. Produção em pequena quantidade (mas que terá grande resposta). Essa


produção é mediada por neuro-hormonios (sintetizados por neurônios
especializados) →
II. Molécula hormonal desencadeia uma reação em cascata para produzir o
produto que se deseja →
III. O alvo são os receptores na MP das células →
IV. Ocorrendo a ligação hormônio receptor
V. Feedback positivo e negativo regulam a atividade de secreção. Enquanto o
feedback positivo resulta num aumento da secreção de tal hormônio, o
feedback negativo faz com que essa secreção diminua quando há grande
concentração dele no organismo.

➢ Classificação dos hormônios quanto a afinidade (é como o hormônio se


comporta, com caminhos distintos):
1. Lipossolúveis: Atravessa facilmente a MP (pois essa é lipossolúvel) e
se liga ao receptor que está no citoplasma. A atuação é no núcleo da
célula, no DNA, portanto, sendo um processo mais lento.
Transporte: através de proteínas carreadoras pela corrente sanguínea.
Porque isso? Para impedir que se conecte com células não alvo (maior
eficiência)
2. Lipoinsolúveis (hidrossolúveis): Os receptores estão na MP externa
da célula. O efeito é rápido com uma resposta rápida. Porém, o produto
não é gerado imediatamente, pois o hormônio ativa outras moléculas
que atuam como segundos mensageiros. São esses que iram ativar
o produto final e não o hormônio. Eles são formados por ATP. A
ligação hormônio receptor na MP é curta, mas a formação desses
segundos mensageiros é longa (amplificando o sinal)

➢ Hormônios em Metazoa:
I. Aminas: derivados de aminoácidos
II. Prostaglandinas: derivados de ácidos graxos
III. Esteróides: a partir do colesterol
IV. Peptídeos e proteínas

➢ Mecanismo de secreção: Por ação neuro-hormonal, ou seja, neurônios


neuro secretores liberam hormônios.
Os neurossecretores diferem dos outros neurônios por: possuir vesículas
maiores; transporte rápido; a sinapse não é com outras células, mas sim
com o leito capilar (órgão neuro hemal).

HIPÓFISE

É uma glândula de ampla ação nos vertebrados. Tem função de armazenamento e


liberação de neurohormônios e regula junto com o hipotálamo. Sua estrutura é
formada por dois diferentes tecidos embrionários:

1. Adenohipófise (tecido não neural): Produção de muitos hormônios.


Mas essa produção é controlada por neurohôrmonios vindos do
hipotálamo.
2. Neurohipófise (tecido neural): Armazena neurohomônios vindos do
hipotálamo. Os hormônios são produzidos no hipotálamo por
neurônios, levados para a neurohiposife e somente depois são jogados
na corrente sanguínea (ex: antidiurético e ocitocina)
Ocitocina: contração do útero em mamíferos e motilidade de oviduto
em Aves.

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