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Curso de Medicina – Disciplina de Fisiologia – profas.

Lilian Schade e Sandra M. S. Campos


Caso clínico 3 – parte 1– Potencial de ação

Compilado e adaptado de: SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia Humana: uma abordagem
integrada. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

Esta manhã, Paulo, um garotinho de 6 anos de idade, deu o maior susto na sua mãe. Ele estava feliz,
brincando no quintal com seu novo cãozinho. De repente, logo após ter sentado um pouco para descansar,
Paulo não conseguia mais mover as suas pernas. A sua mãe correu devido aos gritos dele e encontrou seu
filho sem conseguir caminhar. Em pânico, ela o pegou no colo, levou-o para casa e chamou uma
ambulância. Porém, logo que ela desligou o telefone, preparando-se para receber os paramédicos, Paulo se
levantou e saiu caminhando e dizendo: “Eu já estou bem mamãe. Vou ir lá para fora”.
Paulo já havia sofrido crises moderadas de fraqueza muscular em suas pernas, normalmente pela
manhã. Em duas ocasiões, a fraqueza ocorreu após a exposição ao frio. Cada crise desapareceu em minutos,
e Paulo não apresentou nenhuma sequela. Seguindo o conselho do médico da família, a Sra. Leong levou
Paulo para consultar um especialista em disfunções musculares, que suspeitou de uma condição chamada de
+ +2
paralisia periódica. As paralisias periódicas são doenças causadas por mutações nos canais de Na ou de Ca
presentes nas membranas das fibras musculares esqueléticas. O médico especialista acredita que Paulo tenha
+
uma condição na qual os canais de Na dependentes de voltagem tenham dificuldade para serem inativados
após a abertura dos mesmos.

1) +
Quando os canais de Na da membrana da célula muscular se abrem, qual é a direção do
+
movimento do Na ?
Do meio extracelular para o meio intracelular
2) +
De que forma um movimento contínuo do íon Na afetaria o potencial de membrana das fibras
musculares? Ele promove a despolarização da membrana, o potencial na parte
intracelular fica mais negativo.
Existem duas formas de paralisia periódica. Uma forma, chamada de paralisia periódica
+
hipocalêmica, é caracterizada pela redução dos níveis sanguíneos de K durante os episódios de paralisia. A
outra forma, chamada de paralisia periódica hipercalêmica (hiperKPP), é caracterizada por níveis
+
circulantes de K normais ou elevados durante os episódios. Os resultados dos exames de sangue indicaram
que Paulo tem a forma hipercalêmica.

3) Em pessoas com hiperKPP, as crises podem ocorrer após um período de exercício (i.e., após um
período de contrações musculares repetidas). Qual é o íon responsável pela fase de repolarização do
potencial de ação muscular e em que direção esse íon se move através da membrana da fibra
muscular?
É o potássio, que se move do meio intracelular para o meio extracelular
4) Se a concentração de K +
aumentar no líquido extracelular que circunda uma célula, mas não mudar
sofrer despolarização
significativamente no citoplasma da célula, a membrana da célula irá_________________________
Tem muito potássio no meio extracelular e tem continua saindo potássio, e como tenho problema com Bomba sódio-potássio, impede
que o potássio entre na célula e impede a retomada do impulso nervoso, portanto, a membrana fica despolarizada. A quantidade de
potássio dentro da célula não dimui, o seu problema é ter muito potássio no meio extracelular.
menos
(despolarizar/hiperpolarizar) e se tornará_________________________ (mais/menos) negativa.

O médico de Paulo explica para a Sra. Leong que os episódios associados à paralisia periódica
hipercalêmica duram desde apenas poucos minutos até algumas horas e geralmente envolvem apenas a
musculatura das extremidades, que se tornam fracas e incapazes de contrair (paralisia flácida). “Há algum
tratamento?”, perguntou a Sra. Leong. O médico respondeu que, embora a condição herdada não possa ser
curada, as crises podem ser prevenidas com o uso de medicamentos. Os diuréticos, por exemplo, aumentam
+ +
a taxa de excreção de água e íons (incluindo Na e K ), e esses medicamentos ajudam a evitar os episódios
de paralisia em indivíduos com hiperKPP.
Três semanas depois, Paulo teve outro episódio de paralisia, desta vez no jardim de infância,
enquanto brincava de “pega-pega”. Ele foi levado às pressas para o hospital e recebeu glicose via oral. Em
poucos minutos, já conseguia mover as pernas e os braços, e perguntou por sua mãe.

5) Explique por que a administração oral de glicose tirou Paulo do quadro de paralisia. (Dica: A
+ +
glicose estimula a liberação de insulina, e a insulina aumenta a atividade da bomba Na -K -ATPase.
+ + +
O que acontece com o nível extracelular de K quando a bomba Na -K -ATPase está mais ativa?)
A glicose estimula a liberação de insulina, que tem receptores na bomba sódio-potássio, que estimula a bomba e permite a repolarização.

6) De acordo com o gráfico abaixo, preencha os parênteses das afirmativas com os respectivos termos
listados:

1- BOMBA DE Na+/K+
2- PERÍODO REFRATÁRIO ABSOLUTO
3- PERÍODO REFRATÁRIO RELATIVO
4- REPOLARIZAÇÃO
5- HIPERPOLARIZAÇÃO
a. No tempo de 0,5 ms a membrana inicia o processo de (____),
4 pois atingiu o período de
ultrapassagem,
b. O período entre 0 ms e 1 ms é chamado de (____),
2 pois neste período a membrana não pode ser
estimulada novamente.

c. No tempo de 2 ms, nota-se que a membrana está (____),


5 pois o potencial de membrana está mais
negativo do que quando em repouso.

d. Para sair do estado em que se encontra aos 2 ms, é ativado o mecanismo da (____),
1 que faz com que a
membrana retorne ao estado de repouso, tornando-se polarizada novamente.

e. No tempo de 1,2 ms a membrana pode ser estimulada novamente, gerando outro potencial de ação,
caracterizando o período chamado de (____).
3

7) Relacione o melhor termo (hiperpolariza, despolariza, repolariza) aos seguintes eventos. A célula
em questão possui um potencial de membrana de repouso de – 70 mV.

a) O potencial de membrana muda de – 70 mV para – 50 mV.


_______________________________
Despolariza

b) O potencial de membrana muda de – 70 mV para – 90 mV.


_______________________________
hiperpolariza

c) O potencial de membrana muda de + 20 mV para – 60 mV.


_______________________________
repolariza

d) O potencial de membrana muda de – 80 mV para – 70 mV.


_______________________________
despolariza

8) Um neurônio possui um potencial de membrana em repouso de – 70 mV. Esse neurônio


hiperpolarizará ou despolarizará quando cada um dos eventos a seguir ocorrer.

a) Na +
entra na célula. _______________________
Despolarização
b) K +
sai da célula. _______________________
repolarização

c) Cl entra na célula. _______________________


-
Hiperpolarização

d) Ca +2
entra na célula. _______________________
despolarização

9) Um eletrodo estimulador posicionado na metade do axônio despolariza artificialmente a célula


acima do limiar. Em qual direção o potencial de ação percorrerá: para o terminal axonal, para o
corpo celular ou em ambas as direções? Justifique a sua resposta.
Posso seguir para os dois lados.

10) O potencial de membrana em repouso do neurônio pós-sináptico é de – 70 mV, e o limiar é de –


55 mV. Se o neurônio pré-sináptico inibidor gera um PIPS de – 5mV e os dois neurônios pré-
sinápticos excitatórios geram PEPS de 10 e 12 mV, o neurônio pós-sináptico vai ou não disparar um
potencial de ação?

10 + 12= 22
22 + (-5)= 17

-70 + 17= - 53

Portanto, por - 53 ser maior que - 50, o disparo ocorre (lei to tudo ou nada).

PIPS= potencial INIBITÓRIO pré-SINÁPTICO


PEPS = potencial excitatório pré-sináptico
Curso de Medicina – Disciplina de Fisiologia – profas.
Lilan Schade e Sandra M. S. Campos
Caso Clínico 3 – parte 2 – Sinapses
Traduzido e adaptado de: Case Files Physiology, Second Edition (LANGE Case Files)

Uma mulher de 32 anos se apresenta no consultório de seu médico de atenção primária com
dificuldade para mastigar alimentos. Ela afirma que quando come certos alimentos que requerem uma
quantidade significativa de mastigação (carne), seus músculos da mandíbula ficam fracos e “cansados”.
Após um período de descanso, seus músculos da mandíbula recuperam sua força até voltar a comer. A
paciente é diagnosticada com miastenia gravis e é iniciado o tratamento com neostigmina, um inibidor da
acetilcolinesterase (AChE).

CORRELAÇÃO CLÍNICA: A miastenia gravis é uma doença neuromuscular com sintomas clássicos de
fraqueza e fadiga dos músculos esqueléticos. A miastenia grave é mais comum em mulheres, com pico de
incidência entre 20 e 30 anos de idade. Os homens têm um pico de incidência em torno de 50 a 60 anos de
idade. A fisiopatologia subjacente é o desenvolvimento de anticorpos para os receptores de ACh periféricos.
A liberação de ACh permanece normal, mas devido à redução no número de receptores, o PEPS é reduzido e
pode não atingir o limiar para os potenciais de ação muscular. É mais provável que isso ocorra durante o
disparo repetitivo e o somatório de contração, pois a liberação de ACh diminui durante a atividade
repetitiva, e se o PEPS for reduzido para começar, ele ficará abaixo do limite do potencial de ação mais
rapidamente. Isso reduz a soma das contrações, causando fraqueza e fadiga, e explica os sintomas clássicos
da miastenia gravis: fraqueza muscular que aumenta com o uso repetitivo de músculos (por exemplo,
mastigação) e se recupera parcialmente com o repouso. O tratamento com inibidores da AChE diminui a
degradação da ACh, aumentando e prolongando cada PEPS, aumentando a soma das contrações e reduzindo
a fraqueza.

Desenvolve anticorpos (ACETILCOLINESTERASE) contra os receptores de acetilcolina (que é um neurotransmissor)

Questões:
1) Que efeito teria um inibidor da acetilcolinesterase na junção neuromuscular?
Diminui a degradação da acetilcolina, aumentando e prolongando cada PEPS, aumentando a soma das contrações e reduzindo
a fraqueza.

2) Quais são as três formas de interromper a ação de um neurotransmissor liberado na fenda sináptica?
Enzimas, sangue, retornar pro terminal que liberou o neurotransmissor para ter reutilização. A ação neurotransmissora se
encerra quando os compostos químicos são clivados e receptados para dentro da célula se difundem para longe de sinapses.

3) 2+
Como uma grande redução no [Ca ] extracelular afeta a transmissão sináptica na junção
neuromuscular?
O cálcio, ao entrar na célula, estimula a abertura das vesículas, para que ocorra a liberação dos neurotransmissores
(reduz a exocitose dependente de Ca+2).

4) Qual é o mecanismo iônico subjacente ao potencial da placa motora terminal produzido pela
liberação de acetilcolina (ACh)?
A ACh abre canais controlados por ligantes que sao igualmente permeáveis a Na+ e K+. O efeito líquido e1 a despolarizacão
que atinge o limiar do potecial de ação na célula
5) Qual das seguintes alternativas é a ação mais comum do ácido γ-aminobutírico (GABA)?

a) Abertura de canais permeáveis a Cl O GABA e a glicina sao neurotransmissores
inibitórios mais importantes e produzem seus
2+
b) Abertura de canais permeáveis ao Ca efeitos inibitórios mais comuns abrindo canais Cl- e
produzindo uma corrente que frequentemente
+ + causa uma ligeira hiperpolarização e sempre tende
c) Abertura de canais permeáveis a Na e K a prender o neurônio próximo ao seu potencial de
repouso
+
d) Fechamento de canais permeáveis a Na
− +
e) Fechamento de canais permeáveis a Cl e K

6) Por que os receptores ionotrópicos apresentam uma resposta mais rápida que os metabotrópicos?
Pois os receptores ianotrópicos não precisam de um segundo mensageiro (é uma resposta mais rápida). A maioria dos canais
são canais iônicos. O sneurotransmissores ligam-se aos receptores ianotrópicos e eles sofrem uma mudança de conformação,
abrindo canais que permitem a passagem de íons.
7) Explique a diferença entre um agonista e um antagonista de um determinado receptor.
Agonista: substancia capaz de se ligar a um receptor celular e ativá-lo para provocar uma resposta biológica geralemnte
similar á produzida pelo neurotransmissor.
Antagonista: liga-se ao receptor, não desencadeia nenhuma ação a nível celular, impedindo a ligação e consequentemente, a
ação do neurotransmissor.

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