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CAPÍTULO 04
Contração Muscular
Potencial de Ação
Vamos terminar primeiro o assunto "potencial de ação" para depois iniciarmos
"contração muscular".
No caso dessa célula citada acima, estão sendo gerados potencias de ação em
pedaços, e isso ocorre toda vez que o sódio cria um potencial de ação ao lado, de
forma que toda a célula ficará polarizada (mas em pedaços). Essa é a chamada
condução contínua do potencial de ação. Lembrando que a célula não pode se
auto-estimular, será necessário que alguma coisa provoque a estimulação. Diante de
tudo o que já foi dito, podemos afirmar que é necessário que apenas um potencial de
ação seja gerado em uma determinada região da célula para desencadear a
despolarização generalizada por toda a célula.
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Ferraz Filho. Contração Muscular
resposta corrreta seria 0,8 mm, pois assim a propagação ocorreria em "pedaços"
maiores.
Na verdade, o que decide se a propagação pelo axônio será mais rápida ou mais
lenta? O que determina isso é a intensidade da corrente de sódio.
Agora, vamos avaliar cada fase do potencial de ação de acordo com o tempo gasto.
Qual seria a fase mais lenta? A abertura dos canais ou a condução da corrente
dentro do citoplasma? O tempo seria maior para abrir os canais, então, se o tempo é
gasto principalmente para abrir esses canais, quanto mais tempo gasto na abertura,
mais lento o processo. Se pudéssemos criar uma maneira para gerar um potencial de
ação em um ponto e a corrente pudesse chegar ainda com intensidade suficiente
para abrir os canais de sódio voltagem dependente, em um local bem distante, isso
seria maravilhoso, pois estaríamos excluindo aqueles momentos de despolarização
(abertura de canais), que lentificam a propagação do impulso.
A grande maioria dos primatas possui axônio com mielina, e essa mielina é
construída por: a) oligodendrócitos (no SNC); e b) células de Schwann (no SNP). A
composição química da mielina é diferente dependendo de quem a constrói, sendo
essa diferença válida também para as doenças que atacam a mielina.
A bainha de mielina não é contínua, mas formada por blocos em cima do axônio, e a
separação de cada bloco forma o chamado Nó de Ranvier. A forma de condução
que ocorre nas fibras mielinizadas é a condução saltatória, sendo que o sódio que
entra na célula sai exatamente pelo Nó de Ranvier, gerando um potencial de ação
onde não existe mielina. Peguemos duas fibras de mesmo calibre, sendo uma
mielinizada (A) e outra não (B), em qual das duas fibras a condução do potencial
ocorrerá de forma mais rápida? A resposta seria na fibra A, pois nesta fibra não há
perda de tempo em abertura de canais de sódio. É por isso que existe uma
quantidade muito maior de fibras mielinizadas do que não-mielinizadas nos seres
humanos, e é exatamente por isso também que a condução de tato é mais rápida do
que a condução de dor. Nós possuímos fibras com mielina que chegam a conduzir o
potencial a 100 m/s, o que é uma velocidade muito alta.
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Porfírio GJM, editor. Fisiologia, Compilação das Aulas. Maceió: GJMP; 2004.
Agora vamos falar das duas doenças mais importantes que atacam a bainha de
mielina, a esclerose múltipla e a síndrome de Guillan-Barré.
Contração Muscular
O sistema nervoso trabalha obedecendo a uma série de etapas. Seja o movimento
voluntário ou involuntário, ele vai ter que começar no receptor, onde o mesmo traduz
uma informação do meio ambiente para o sistema nervoso. O sistema nervoso
transforma uma energia qualquer em energia do sistema nervoso (potencial de ação).
Toda essa energia externa ou interna é levada para o sistema integrador que é
levado pelas vias aferentes, onde é feito o processamento, e é levado por vias
eferentes até o órgão efetor (glândulas ou músculos).
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A fibra muscular possui uma série de tubos, onde um deles é o túbulo transverso.
Esse túbulo é perpendicular à fibra muscular. É como se ele cortasse a fibra,
atravessando-a totalmente e não tendo contato algum com o citoplasma. O conteúdo
deste túbulo é extracelular. Para que a célula se contraia é necessário que o
potencial de ação vá até o interior da célula, sendo assim, a função do túbulo
transverso é exatamente a de levar o potencial de ação externo para o interior da
célula.
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Porfírio GJM, editor. Fisiologia, Compilação das Aulas. Maceió: GJMP; 2004.
Obs: Não existe nenhuma doença por causa de deficiência de actina e/ou de miosina.
A distrofia muscular de Duchenne é provocada porque o indivíduo nasce sem o
gene que produz uma proteína, mas essa proteína não é uma proteína contrátil, mas
sim uma proteína da membrana. A proteína é a distrofina e ocasiona a fragilidade da
membrana, assim, quando o músculo vai se contrair ele acaba “quebrando” a
membrana, e ocasionando a morte da célula. Esse problema afeta o homem, pois
está no cromossomo sexual X, sendo as mulheres portadoras do gene.
Composição da Miosina
A miosina é um "bastão" dentro do sarcômero, e é formada pela polimerização de
(mais ou menos) 200 moléculas da proteína miosina. Quando a proteína miosina vai
ser construída, são formadas seis cadeias de aminoácidos, sendo duas cadeias
pesadas e quatro cadeias leves. Cada cadeia pesada é uma proteína bem longa,
com uma seqüência de aminoácidos lineares. Cada cadeia leve é formada por uma
seqüência de aminoácidos cuja estrutura secundária formam cadeias globulares,
sendo essa a estrutura primária das cadeias. Inicialmente essas duas cadeias
pesadas se atraem (juntam-se) e formam uma dupla hélice, mas há uma parte
dessas cadeias que não se entrelaça, e é justamente nesta parte (uma extremidade)
que as cadeias leves vão se combinar. O pedaço onde só há cadeias pesadas será
chamado de cauda (miosina pesada). A parte onde muda a ondulação será chamada
de braço (miosina pesada), e a extremidade onde se encontram as duas proteínas
globulares será chamada de cabeça (miosina pesada e leve).
Então, a proteína miosina possui: a) uma calda; b) dois braços; e c) duas cabeças. As
cabeças da miosina representam enzimas, que possuem atividade de quebrar ATP
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Composição da Actina
O filamento actina é formado por ligação de três tipos de proteínas: a) actina; b)
tropomiosina; e c) troponina. A proteína actina é formada de uma cadeia
polipeptídica que se alonga de forma globular. Essa cadeia é chamada de actina G.
Depois que essas actinas G são formadas, uma vai se combinando com a outra,
formando um "colar", chamado de actina F e, posteriormente, dois filamentos de
actina F se juntam para finalmente formar a actina. Em cada molécula de actina G há
uma molécula de ADP (que não tem nada a ver com energia!). Será exatamente no
ADP que a cabeça da miosina irá se combinar, e este será um passo importante para
que ocorra a contração muscular.
A tropomiosina é a proteína mais simples e possui uma cadeia bem grande, mas
existem duas cadeias de tropomiosina. Normalmente, a tropomiosina fica em cima do
ADP impedindo (encobrindo) a ligação do ADP com a cabeça da miosina, o que
impede, assim, que haja contração. Só vai ocorrer contração do músculo se essa
tropomiosina “sair de cima” (literalmente) do ADP.
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A chamada rigidez cadavérica ocorre por causa da perda de ATP, que se sucede
após 3 horas (aproximadamente) porque o corpo possui ATP armazenado. A rigidez
cadavérica só acaba quando ocorre a desnaturação das proteínas.
Teoria da Cremalheira
A contração muscular é fundamentalmente o resultado do deslizamento dos
filamentos de actina e de miosina, então quando é dado o sinal dentro da célula esse
sinal faz com que os filamentos de actina fiquem deslizando sobre os filamentos de
miosina, é a chamada teoria da Cremalheira.
Por que é que a cabeça da miosina deixa de se ligar com a actina quando acaba o
fornecimento de cálcio? A verdade é que quem fazia com que a troponina puxasse a
tropomiosina era o cálcio, se não houver cálcio ela volta para a posição inicial,
deixando a tropomiosina encobrir a molécula de ATP da actina. A explicação parte do
princípio de que a contração começava com a liberação do cálcio (com a perda do
cálcio), mas na verdade não é bem isso que ocorre, há alguma coisa anterior que
provoca a liberação do cálcio.
Tudo começa na medula, onde existem neurônios que possuem fibras de axônio
saindo por um nervo e que vão fazer estimulação nas fibras musculares. Na medula
existe um motoneurônio alfa que é o real responsável pela contração do músculo,
pois é ele quem começa a contração. Então é preciso que ele gere potencial de ação
e que o potencial de ação passe da fibra nervosa para a fibra muscular. Entre a fibra
nervosa e a fibra muscular existe uma área especializada que permite essa
passagem, é a chamada sinapse.
O motoneurônio alfa gera o potencial de ação que é conduzido pela fibra nervosa,
passa na sinapse do neurônio para a fibra muscular, caminha pela membrana da fibra
muscular, entra no túbulo T e, quando passa pelo túbulo T, faz com que os canais de
cálcio localizados na membrana do retículo sarcoplasmático se abram provocando a
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Digamos que, com a célula começando a relaxar, nós apliquemos um novo estímulo
antes do relaxamento completo, ou seja, antes de relaxar a célula começamos uma
nova contração. Assim ela começa a se contrair mais ainda (aumentando a
velocidade de contração). Quando a célula começar a relaxar novamente,
estimulamos mais uma vez, continuando este processo de não deixar a célula
relaxar, e forçando a actina e a miosina a deslizarem cada vez mais. Se não
deixarmos a célula relaxar (aumentando a intensidade da contração até que a
freqüência se torne tão grande a ponto de não conseguirmos mais aumentar a
intensidade da contração), alcançamos a intensidade máxima da contração, ou
seja, fazemos com que os filamentos de miosina batam na linha Z, chegando a um
ponto onde não há mais como aumentar a contração. Neste ponto nós chegamos a
uma freqüência tão grande que a fibra muscular entra em um estado de contração
máxima, estado este chamado de Tétano.
Normalmente podemos fazer tipagem das células musculares. Existem três tipos de
células musculares e normalmente existe uma certa proporcionalidade com relação a
esses tipos: a) fibras rápidas; b) fibras lentas; e c) fibras intermediárias. Essa
classificação está baseada na velocidade do abalo.
Lenta: a duração do abalo é muito longa, mas a intensidade da força que ela
gera é pequena. Pouca intensidade e muita duração, isso indica que ela
consegue ficar contraída por muito tempo.
A maioria das pessoas possui uma distribuição de, mais ou menos, 40% de fibras
rápidas, 40% de fibras lentas e 20% de fibras intermediárias. Se, em um indivíduo,
predominarem fibras rápidas, há nele uma grande quantidade de enzimas para fazer
glicólise anaeróbica, ou seja, ele pode conseguir muita energia fazendo glicólise
anaeróbia, sem o uso de oxigênio, um processo rápido, mas não eficiente. Indivíduos
nesses casos podem fazer esportes de resistência e intensidade, como salto em
altura, corrida de 100m, arremesso de peso ou levantar pesos, por exemplo,
exercícios de no máximo 1 minuto.
Se o indivíduo possuir uma maior quantidade de fibras lentas, pode ser treinado para
fazer exercícios de longa duração como natação de 400m, corrida 400-800m ou
maratona, exercícios que você faz por muito tempo e que não exigem uma grande
força. O importante nesta fibra é que ela sustenta uma contração muscular de pouca
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intensidade por muito tempo. Elas têm mais enzimas e mais mitocôndrias que podem
fazer glicólise aeróbica. Estas fibras recebem um estoque de oxigênio muito grande.
Leitura Complementar
Guyton AC, Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. Editora Guanabara Koogan, 10 a
edição. 2002.
Sobre o Transcritor
Nailton Alves Ferraz Filho
Aluno do terceiro ano do curso de graduação em Fisioterapia da Fundação Universitária de
Ciências da Saúde de Alagoas Governados Lamenha Filho/
Escola de Ciências Médicas de Alagoas, em 2004,
Maceió, AL.
Conflito de Interesse:
Nenhum declarado
Fonte de Fomento:
Nenhuma
Endereço:
Faculdade de Fisioterapia da UNCISAL / ECMAL.
Rua Doutor Jorge de Lima 113
57010-382, Maceió - AL
Fone: +82 326 2922
Correio eletrônico: nailtonferrazfilho@hotmail.com
Dados do Manuscrito:
Publicação Prévia: nenhuma
Data da última modificação: 21/09/2004 08:59:00 AM
Nome do arquivo: 606116392.doc
Tamanho do arquivo: 69 Kb
(0 palavras, 88 parágrafos)
/conversion/tmp/activity_task_scratch/606116392.doc
Última Impressão: 21/09/2004 05:56:00 AM
Digitação: Nailton Ferraz Filho e Gustavo Porfírio
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