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IMUNOLOGIA PARA
DESESPERADOS:
Livrai-nos da DP, amém.
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IMUNOLOGIA PARA
DESESPERADOS:
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SUMÁRIO Papel das Proteínas Complementares e Outros Sinais
Imunes Inatos na Ativação da Célula B......................... 49
Visão geral do Sistema Imune ................................................ 7
Consequências Funcionais da Ativação das Células B
Histórico científico .............................................................. 7 Mediada por Antígenos ................................................ 49
Imunidade inata e adaptativa ............................................ 7 Referências ........................................................................... 50
Imunidade inata ............................................................. 7 Imunidade Mediada pelas Células T ..................................... 51
Imunidade adaptativa .................................................. 10 Etapas das respostas das células T ................................... 51
Células e Tecidos do Sistema Imune ................................ 17 Reconhecimento e coestimulação de um antígeno ..... 52
Células do sistema imune ............................................. 17 Papel das Moléculas de Adesão na Ativação das Células T
Anatomia e funções do tecido linfoide ........................ 22 .......................................................................................... 53
Receptores da resposta inata ........................................... 28 Respostas funcionais dos linfócitos T aos antígenos e à
coestimulação .................................................................. 56
Receptores tipo Toll ..................................................... 28
Secreção de Citocinas e Expressão dos Receptores para
Receptores Citosólicos para PAMPs e DAMPs ............. 30
Citocina ......................................................................... 56
Receptores da resposta adaptativa – Linfócitos T ............ 33
Expansão Clonal ........................................................... 57
Apresentação de antígeno ........................................... 35
Diferenciação de Células T Virgens em Células Efetoras
Propriedades dos genes ............................................... 36 ...................................................................................... 57
Ligação de peptídeos ao MHC ...................................... 36 Subgrupos de Células T Auxiliares CD4+ Distinguidos por
Processamento e apresentação do antígeno ............... 37 Perfis de Citocinas ............................................................ 58
Receptores antigênicos dos linfócitos .............................. 40 Mecanismos Efetores da Imunidade Mediada por Células T
.............................................................................................. 61
Anticorpos .................................................................... 41
Tipos de reações imunes mediadas por células T ............ 61
Receptores de Células T para Antígenos ...................... 42
Migração de linfócitos T em reações imunes mediadas por
Desenvolvimento dos repertórios imunológicos ............. 44
células ............................................................................... 61
Desenvolvimento precoce dos linfócitos ..................... 44
Funções Efetoras dos Linfócitos T auxiliares CD4+ ........... 62
Produção de receptores antigênicos diversos.............. 44
Perfil TH1 ....................................................................... 62
Maturação e Seleção dos Linfócitos B .......................... 45
Perfil TH17 ..................................................................... 63
Maturação e Seleção dos Linfócitos T .......................... 45
Perfil TH2 ....................................................................... 63
Fases e tipos de respostas imunes humorais ....................... 46
Funções Efetoras dos Macrófagos T Citotóxicos CD8+ .... 63
Estimulação dos linfócitos B pelos antígenos ................... 47
Mecanismos de Evasão à resposta por célula .................. 63
Sinalização nas Células B Induzida por Antígenos ........ 48
Referências ........................................................................... 63
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Resposta Inflamatória .......................................................... 64 Mecanismos de desinfecção ................................................ 93
Inflamação Aguda ............................................................. 65 Referências ........................................................................... 93
Eventos Vasculares ....................................................... 65 Estrutura Geral dos Vírus ..................................................... 94
Eventos Celulares ......................................................... 66 Estruturas Comuns dos Vírus ........................................... 94
Resultados da inflamação aguda .................................. 70 Príons................................................................................ 95
Morfologia da inflamação aguda.................................. 70 Morfologia Geral .............................................................. 95
Mediadores químicos e reguladores da inflamação ........ 71 Replicação ........................................................................ 95
Mediadores Derivados de Células ................................ 72 Vírus de DNA ................................................................ 96
Inflamação crônica ........................................................... 74 Vírus de RNA................................................................. 97
Reparo Tecidual ................................................................ 74 Retrovirus ..................................................................... 98
Ação do Cortisol Como Anti-Inflamatório ........................ 75 Outros termos .............................................................. 99
Referências ........................................................................... 75 Mecanismos patogênicos e danos ................................... 99
Bactérias e Antibióticos ........................................................ 76 A célula infectada ......................................................... 99
Domínio Bacteria .............................................................. 76 O paciente infectado ..................................................100
Proteobactérias importantes ....................................... 76 Patogênese e Imunopatogênese ................................102
Bacteriodetes importantes ........................................... 78 Evasão às defesas do indivíduo ..................................102
Sppirochaetes importantes .......................................... 78 Imunidade contra vírus ..................................................103
Gram-positivas importantes ......................................... 79 Imunidade Inata .........................................................104
A célula procariótica ......................................................... 80 Imunidade Adaptativa ................................................105
Componentes de membrana ........................................ 81 Infecções virais persistentes ......................................105
Parede celular............................................................... 82 Coronavírus (SARS-COV-2) .................................................105
Coloração de Gram ........................................................... 82 Referências .........................................................................107
Paredes celulares Gram-positivas ................................ 82 Vírus HIV e Ação no Sistema Imune ...................................108
Paredes Celulares Gram-negativas ............................... 83 HIV ..................................................................................108
Microbiota normal ........................................................... 83 Estrutura e Genes do HIV ...........................................108
Postulados de Koch .......................................................... 83 Ciclo de vida viral........................................................109
Fármacos antimicrobianos ............................................... 84 Patogênese da Infecção por HIV ................................110
Agentes antibacterianos que interferem na síntese ou Mecanismos de Imunodeficiência causada pela infecção
na ação do ácido fólico ................................................. 84 do HIV .........................................................................111
Antibióticos inibidores da síntese de parecde celular .. 84 Características Clínicas da AIDS ..................................111
Antibióticos antimicobacterianos................................. 85 Resposta Imune ao HIV ..................................................112
Inibidores da síntese proteica ...................................... 85 Mecanismos de evasão à imunidade .........................112
Danos à membrana plasmática .................................... 85 Não-progessores do HIV .................................................112
Inibidores da síntese de ácidos nucleicos .................... 86 Medicação ......................................................................112
Mecanismos microbianos de patogenicidade .................. 88 Referências .........................................................................112
Mecanismos de dano ao hospedeiro ............................... 89 Tolerância Imunológica e Autoimunidade .........................113
Choque séptico ............................................................. 90 Tolerância Imunológica ..................................................113
Imunidade Inata contra bactérias extracelulares ............. 91 Tolerância Central dos linfócitos T .................................113
Imunidade contra bactérias intracelulares ...................... 92 Tolerância periférica dos linfócitos T .........................114
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Tolerância dos linfócitos B..............................................116 Morfologia ..................................................................130
Tolerância Central dos Linfócitos B ............................116 Ciclo ............................................................................130
Tolerância Periférica das Células B .............................117 Patogenicidade ...........................................................130
Autoimunidade ...............................................................117 Imunidade ..................................................................131
Patogênese .................................................................117 Diagnóstico .................................................................131
Fatores Genéticos .......................................................117 Epidemiologia e transmissão ......................................131
Papel das Infecções e de Outras Influências Ambientais Referências .........................................................................131
....................................................................................118
Reações de Hipersensibilidade ...........................................132
Doenças Autoimunes .....................................................119
Hipersensibilidade do Tipo I ...........................................132
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES).............................119 Imunoglobulina E........................................................132
Tireoidite de Hashimoto (TH) .....................................120
Células envolvidas ......................................................133
Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)..................................120
Testes Cutâneos para o Diagnóstico e Investigação...133
Doença de Graves (DG) ..............................................121 Sintomas da doença alérgica ......................................133
Miastenia Grave (MG) ................................................121
Dessensibilização e Imunoterapia ..............................134
Anemia Hemolítica (AIHA) ..........................................121
Hipersensibilidade do Tipo II ..........................................134
Artrite Reumatoide (AR) .............................................121 Mecanismos de dano .................................................134
Referências .........................................................................122
Reações contra eritrócitos e plaquetas ......................134
Resposta Imune a Parasitas................................................124
Reações Contra Antígenos Teciduais..........................135
Resposta Inata a Parasitas ..............................................124 Hipersensibilidade do Tipo III .........................................135
Protozoários ...............................................................124
Tipos de Doença por Complexo Imune ......................135
Helmintos ...................................................................124
Mecanismos de Reação ..............................................135
Resposta Adaptativa a Parasitas ....................................124 Doenças por Complexos Imunes: Modelos
Protozoários ...............................................................124 Experimentais .............................................................135
Helmintos ...................................................................125 Deposição nos Tecidos ...............................................136
Mecanismos de Evasão à Resposta Imune .................125 Destruição de Complexos ...........................................136
Giardia Lamblia ...............................................................125 Detecção dos Complexos ...........................................136
Ciclo ............................................................................126 Hipersensibilidade do Tipo IV .........................................136
Imunidade ..................................................................126 Hipersensibilidade de Contato ...................................136
Patogenicidade ...........................................................126 Hipersensibilidade do Tipo Tuberculínica ..................137
Diagnóstico .................................................................127 Hipersensibilidade Granulomatosa ............................137
Epidemiologia e transmissão ......................................127 Referência ..........................................................................137
Entamoeba histolytica ....................................................127 RESUMÃO DE CITOCINAS ...................................................138
Morfologia ..................................................................127
Ciclo ............................................................................127
Patogenicidade ...........................................................128
Imunidade ..................................................................129
Diagnóstico .................................................................129
Epidemiologia e transmissão ......................................129
Família Ancylostomidae .................................................129
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• Células fagocíticas (neutrófilos, macrófagos), células
PROBLEMA 1 dendríticas e células assassinas naturais (NK – do
inglês natural killer) e outras células linfoides;
• Proteínas sanguíneas, incluindo membros do
VISÃO GERAL DO SISTEMA IMUNE sistema complemento (o sistema complemento é
O termo imunidade é derivado da palavra latina imunitas, constituído por uma “cascata” enzimática que
que se refere à proteção contra processos legais ajuda na defesa contra infecções – Msd manuals,
oferecida aos senadores romanos durante seus 2017) e outros mediadores da inflamação.
mandatos. Historicamente, a imunidade significa
proteção contra doenças e, mais especificamente,
doenças infecciosas. As células e moléculas
responsáveis pela imunidade constituem o sistema
imune, e sua resposta coletiva e coordenada à entrada
de substâncias estranhas é denominada resposta
imune.
IMUNIDADE INATA
A imunidade inata (natural ou nativa) age como uma
primeira linha de defesa contra microrganismos.
Respondem de forma equivalente em possíveis
exposições subsequentes. Corresponde a mecanismos
que se encontram preparados mesmo antes da
infecção, reagindo a produtos dos microrganismos e
células lesionadas. Seus principais componentes são:
• Barreiras físicas e químicas, como epitélio e
substâncias antibacterianas produzidas na superfície
epitelial;
Imunobiologia, Janeway, 8ªEd. p.37
7
Os patógenos podem lesar os tecidos de várias
maneiras diferentes. As exotoxinas são liberadas por
microrganismos e atuam na superfície das células
hospedeiras, por exemplo, pela ligação aos receptores
(geralmente só uma resposta adaptativa específica
consegue agir nas toxinas). As endotoxinas, as quais
são componentes intrínsecos da estrutura microbiana,
ativam fagócitos para liberação de citocinas, que
produzem sintomas locais ou sistêmicos. Muitos
patógenos são citopáticos, danificando diretamente as
células que infectam. (Janeway, 2014)
Para que ocorra uma infecção, os microrganismos Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015.
devem superar as barreiras inatas. Por exemplo, um
patógeno que parasita o intestino, além da barreira do O sistema imune inato também reconhece
epitélio, ainda tem que superar a microbiota moléculas endógenas que são produzidas ou
comensal, que compete não só por nutrientes e sítios liberadas de células danificadas ou mortas. Essas
de ligação na membrana, mas também auxiliam na substâncias são chamadas de padrões moleculares
intensificação da função de barreira do epitélio. associados ao dano (DAMPs). Os DAMPs podem ser
produzidos como resultado de dano celular causado por
RECONHECIMENTO DE MICRORGANISMOS E OS infecções, mas eles também podem indicar lesão estéril
PRÓPRIOS DANIFICADOS PELO SISTEMA IMUNE INATO às células causada por qualquer das inúmeras razões,
tais como toxinas químicas, queimaduras, trauma ou
O sistema imune inato reconhece estruturas redução no suprimento sanguíneo. Os DAMPs
moleculares que são produzidas pelos patógenos geralmente não são liberados de células que estão em
microbianos. As substâncias microbianas que processo de apoptose. Em alguns casos, células
estimulam a imunidade inata frequentemente são saudáveis do sistema imune são estimuladas a produzir
compartilhadas por classes de microrganismos e são e liberar certos DAMPs, algumas vezes chamados de
chamadas de padrões moleculares associados ao alarminas, que aumentam a resposta imune inata às
patógeno (PAMPs). Diferentes tipos de microrganismos infecções.
(p. ex., vírus, bactérias Gram-negativas, bactérias
Gram-positivas, fungos) expressam diferentes PAMPs. O sistema imune inato usa vários tipos de
(Abba, 2015) receptores celulares, presentes em diferentes
localizações nas células, e moléculas solúveis no
Essas estruturas incluem ácidos nucleicos que são sangue e secreções mucosas para reconhecer
exclusivos dos microrganismos, tais como RNA de fita PAMPs e DAMPs.
dupla encontrado em vírus em replicação e sequências
de DNA CpG não metiladas encontradas em bactérias; Os receptores do sistema imune inato são
características de proteínas que são encontradas em codificados por genes herdados, enquanto os genes
microrganismos, tais como iniciação por N-
que codificam receptores da imunidade adaptativa
formilmetionina, que é típica de proteínas bacterianas; e
lipídios complexos e carboidratos que são sintetizados são gerados por recombinação somática de
pelos microrganismos, mas não por células de segmentos de genes em precursores de linfócitos
mamíferos, tais como lipopolissacarídios (LPS) em maduros.
bactérias Gram-negativas, ácido lipoteicoico em
bactérias Gram-positivas e oligossacarídios com Os receptores de reconhecimento do padrão podem ser
resíduos de manose terminal encontrados em classificados em quatro grupos principais com base em
glicoproteínas de microrganismos, mas não em sua localização celular e sua função: receptores livres
glicoproteínas de mamíferos. (Abba, 2015) no soro (como MBL– lectina ligadora de manose);
receptores fagocíticos ligados à membrana; receptores
O sistema imune inato reconhece produtos de sinalização ligados à membrana; e receptores de
microbianos que frequentemente são essenciais sinalização citoplasmáticos.
para a sobrevivência dos microrganismos. Isso
garante que o patógeno não abandone os alvos da Os receptores fagocíticos primeiramente estimulam a
imunidade para evadir ao reconhecimento. Um exemplo ingestão dos patógenos que eles reconhecem. Os
de alvo da imunidade inata é o RNA viral de fita dupla. receptores de sinalização constituem um grupo
Também, LPS (lipopolissacarídeo) e ácido lipoteitoico diversificado que inclui receptores quimiotáticos, os
são componentes essenciais das paredes celulares das quais guiam as células aos locais de infecção, e
bactérias são alvos da resposta imune e são receptores que induzem a produção de moléculas
imprescindíveis para a vida desses microrganismos. efetoras que contribuem para as respostas da
imunidade inata induzidas tardiamente.
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RECEPTORES TIPO TOLL são expressas pelos microrganismos, mas não por
Os receptores do tipo Toll (TLRs) são uma família células saudáveis de mamíferos.
conservada evolucionariamente de receptores de Os TLRs também estão envolvidos na resposta a
reconhecimento de padrão em muitos tipos moléculas endógenas cuja expressão ou localização
celulares que reconhecem produtos de uma grande indicam dano celular. As bases estruturais das
variedade de microrganismos, assim como especificidades dos TLRs residem nos múltiplos
moléculas expressas ou liberadas por células módulos extracelulares ricos em leucina destes
estressadas ou em processo de morte. receptores, que se ligam diretamente aos PAMPs ou
a moléculas adaptadoras que se ligam aos PAMPs.
Além disso, o domínio citoplasmático do Toll foi
mostrado ser similar à região citoplasmática do receptor O reconhecimento dos ligantes microbianos pelo
para a citocina imune inata interleucina-1 (IL-1). Essas TLR resulta na ativação de várias vias de sinalização
descobertas levaram à identificação dos homólogos e, por fim, nos fatores de transcrição, que induzem a
mamíferos do Toll, que foram nomeados como expressão de genes cujos produtos são importantes
receptores do tipo Toll. Existem nove diferentes TLRs para respostas inflamatórias e antivirais.
funcionais em humanos, denominados TLR1 até TLR9
IMUNIDADE ADAPTATIVA
Contrapondo-se ao mecanismo inato, existem
mecanismos de resposta imune que são estimuladas
pelo contato do organismo com agentes infecciosos e
aumentam em magnitude e capacidade com a
ocorrência de exposições repetitivas.
11
Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015.
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CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DAS RESPOSTAS IMUNES hospedeiro e são denominadas moléculas do complexo
maior de histocompatibilidade (MHC), expressas nas
ADAPTATIVAS
superfícies de outras células. Como resultado, essas
Especificidade: respostas imunes são específicas para células T reconhecem e respondem aos antígenos
antígenos distintos e para diferentes porções de uma associados à superfície celular, mas não aos antígenos
proteína, polissacarídeo ou outras macromoléculas. As solúveis.
partes reconhecidas são chamadas de determinantes ou
epítopos.
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em células que secretam diferentes classes de
anticorpos com funções distintas. A resposta das células
B aos antígenos proteicos necessita de sinais de
ativação (auxílio) das células T CD4+ (que é a razão
histórica para se chamar essas células de células T
auxiliares). As células B podem responder a vários
antígenos não proteicos sem a participação de células T
auxiliares.
Fonte: Aqui
FAGÓCITOS
Os fagócitos, incluindo neutrófilos e macrófagos,
são as células cuja função primária é ingerir e
destruir microrganismos e se livrar dos tecidos
danificados. As respostas funcionais dos fagócitos na
defesa do hospedeiro consistem em passos
sequenciais: recrutamento das células para locais de
infecção, reconhecimento e ativação pelos
microrganismos, ingestão dos microrganismos por
processo de fagocitose e destruição dos
microrganismos ingeridos. Além disso, pelo contato
direto e pela secreção de citocinas, os fagócitos se
comunicam com outras células de modo a promover ou
regular as respostas imunes.
NEUTRÓFILOS
Os neutrófilos, também chamados de leucócitos
polimorfonucleares, constituem a população mais
abundante de células brancas sanguíneas
circulantes e medeiam as fases iniciais das reações
inflamatórias. Os neutrófilos são produzidos na medula
óssea e surgem de precursores que também dão origem
a fagócitos mononucleares. Defesa primária contra
bactérias e fungos.
FAGÓCITOS MONONUCLEARES
O sistema fagócito mononuclear inclui as células
circulantes denominadas monócitos e células
residentes teciduais denominadas macrófagos. Os
macrófagos, que são amplamente distribuídos nos
órgãos e tecido conectivo, têm papel central na
imunidade inata e adaptativa. Muitos tecidos são
Imunobiologia, Janeway, 8ªEd povoados com macrófagos residentes com vida longa e
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derivados do saco vitelino ou precursores hepáticos como moléculas do hospedeiro produzidas em
fetais durante o desenvolvimento fetal que assumem resposta a infecções e lesão.
fenótipos especializados dependendo do órgão.
Essas moléculas se ligam a receptores de sinalização
específicos na superfície ou dentro do macrófago como,
por exemplo, os receptores de tipo Toll, que são de
extrema importância para a imunidade inata. Os
macrófagos também podem ser ativados quando
receptores em suas membranas se ligam a opsoninas
(substâncias que recobrem partículas para a
fagocitose).
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são responsáveis pelos sintomas das doenças células de mamíferos, e elas respondem aos
alérgicas. microrganismos com a secreção de citocinas.
BASÓFILOS
Assim como os granulócitos, os basófilos são derivados
de progenitores da medula óssea (uma linhagem
diferente da dos mastócitos), amadurecem na medula
óssea e circulam no sangue. Os basófilos constituem
menos de 1% dos leucócitos sanguíneos. Embora
normalmente não estejam presentes nos tecidos, os
basófilos podem ser recrutados para alguns locais
inflamatórios.
EOSINÓFILOS
Os eosinófilos são granulócitos sanguíneos que
expressam grânulos citoplasmáticos contendo
enzimas que são danosas às paredes celulares de Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015
parasitas, mas também podem danificar os tecidos
do hospedeiro. A maioria das células dendríticas na pele, mucosa e
parênquima de órgãos, que são chamadas de células
Assim como os neutrófilos e basófilos, os eosinófilos são dendríticas clássicas (ou convencionais), responde
derivados da medula óssea. As citocinas GM-CSF, IL-3 aos microrganismos migrando para os linfonodos, onde
e IL-5 promovem a maturação do eosinófilo a partir de elas apresentam antígenos proteicos microbianos aos
precursores mieloides. Alguns eosinófilos normalmente linfócitos T. Uma subpopulação de células dendríticas,
estão presentes nos tecidos periféricos, especialmente denominadas células dendríticas plasmocitoides,
nas coberturas mucosas dos tratos respiratório, consiste em respondedores celulares precoces à
gastrintestinal e geniturinário, e seus números podem infecção viral.
aumentar com o recrutamento a partir do sangue em
uma situação de inflamação. Elas reconhecem ácidos nucleicos de vírus intracelular
e produzem proteínas solúveis chamadas de interferons
CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENO (APC) tipo I, que têm potentes atividades antivirais.
As células apresentadoras de antígenos (APCs)
capturam microrganismos e outros antígenos, OUTRAS CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENO
apresentam-nos aos linfócitos e fornecem sinais Em adição às células dendríticas, macrófagos e
que estimulam a proliferação e diferenciação dos linfócitos B são importantes células apresentadoras de
linfócitos. Por convenção, APC normalmente se refere antígenos para as células T auxiliares CD4+.
à célula que apresenta antígenos aos linfócitos T. O Macrófagos apresentam antígenos para os linfócitos T
principal tipo de APC que está envolvido na iniciação das auxiliares nos locais de infecção, o que leva à ativação
respostas da célula T é a célula dendrítica. A célula da célula T auxiliar e produção de moléculas que
dendrítica folicular não apresenta ao linfócito B, mas ativarão os macrófagos.
sim facilita o reconhecimento do patógeno pelo
linfócito B. As células B apresentam antígenos às células T
auxiliares, o que é um passo importante na cooperação
CÉLULA DENDRÍTICA das células T auxiliares com as células B para as
As células dendríticas são as APCs mais respostas de anticorpos aos antígenos proteicos.
importantes para a ativação das células T imaturas e
têm papel principal nas respostas inatas às Os linfócitos T citotóxicos (CTLs) são células T
infecções e na ligação das respostas imunes inata e CD8+ efetoras que podem reconhecer antígenos de
adaptativa. Elas têm longas projeções membranosas e qualquer tipo de célula nucleada e se tornar ativados
capacidades fagocítica e são amplamente distribuídas para matar a célula. Dessa maneira, todas as células
nos tecidos linfoides, epitélio mucoso e parênquima de nucleadas são potencialmente APCs para CTLs.
órgãos.
CÉLULAS DENDRÍTICAS FOLICULARES
Similarmente aos macrófagos, as células dendríticas As células dendríticas foliculares (FDCs) são células
expressam receptores que reconhecem moléculas com projeções membranosas encontradas entremeadas
tipicamente produzidas pelos microrganismos e não em coleções de células B ativadas nos folículos linfoides
de linfonodos, baço e tecidos linfoides mucosos. As
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FDCs não são derivadas de precursores na medula onde ocorrem os principais passos no desenvolvimento
óssea e não estão relacionadas com as células do linfócito são chamados de órgãos linfoides
dendríticas que apresentam antígenos aos linfócitos T. geradores. Estes incluem a medula óssea, onde
precursores de todos os linfócitos surgem e as células B
LINFÓCITOS amadurecem, e o timo, onde as células T amadurecem.
Os linfócitos, as únicas células da imunidade
adaptativa, são as células exclusivas no corpo que
expressam receptores de antígenos clonalmente
expressos, cada um específico para um
determinante antigênico diferente. Cada clone de
linfócitos T e B expressa receptores de antígenos com
uma única especificidade, que é diferente das
especificidades dos receptores em outros clones. Assim,
os receptores de antígenos nestes linfócitos são
clonalmente distribuídos.
Todos os linfócitos passam por complexos estágios de Os linfócitos imaturos são células T ou B maduras
maturação, durante os quais eles expressam receptores situadas nos órgãos linfoides periféricos e circulação e
de antígenos e adquirem as características funcionais e que nunca encontraram antígeno estranho. (O termo
fenotípicas de células maduras. Os locais anatômicos imaturo se refere à ideia de que estas células são
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imunologicamente inexperientes porque elas nunca As primeiras e mais bem caracterizadas células linfoides
encontraram um antígeno.) inatas são as células assassinas naturais (NK, do
inglês natural killer), que secretam a citocina IFN-γ e
matam células infectadas e danificadas e secretam IFN-
γ, uma citocina também produzida pelo subgrupo TH1
das células T efetoras CD4.
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Os linfócitos B parcialmente maduros na medula óssea
entram na circulação, ocupam os órgãos linfoides
secundários, incluindo baço e linfonodos, e completam
sua maturação principalmente no baço. Os linfócitos T
amadurecem no timo e, então, entram na circulação e
povoam os órgãos linfoides periféricos e tecidos.
ÓRGÃOS PRIMÁRIOS
Compostos pelo timo e medula óssea, locais em que os
as células imunes começam sua maturação.
MEDULA ÓSSEA
A medula óssea é o local de geração da maioria das
células sanguíneas maduras circulantes, incluindo
hemácias, granulócitos e monócitos, e o local dos
eventos iniciais na maturação da célula B.
Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015 Nesta síndrome, os linfócitos T do sangue periférico
estão em número muito reduzidos ou ausentes, e as
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células não respondem aos ativadores de células T
policlonais ou em reações de leucócitos mistos. Os
níveis de anticorpos geralmente estão normais, mas
podem estar reduzidos nos pacientes gravemente
afetados. Como em outras deficiências graves de
células T, os pacientes são susceptíveis a infecções
micobacterianas, virais e fúngicas.
ÓRGÃOS SECUNDÁRIOS
Locais em que as células imunes completam sua Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015
maturação e a resposta a antígenos estranhos é
“testada”. O sistema linfático coleta antígenos microbianos de seus
portais de entrada e liberação para os linfonodos, onde
O SISTEMA LINFÁTICO eles podem estimular as respostas imunes adaptativas.
Os microrganismos entram no corpo mais
O sistema linfático consiste em vasos especializados frequentemente através da pele e dos tratos
que drenam fluido dos tecidos para dentro e para fora gastrintestinal e respiratório. Todos esses tecidos são
dos linfonodos e, então, para o sangue. Ele é essencial recobertos por epitélio que contém células dendríticas e
para a homeostasia do fluido tecidual e para as são drenados pelos vasos linfáticos. As células
respostas imunes. dendríticas capturam antígenos microbianos e entram
nos vasos linfáticos. Outros microrganismos e antígenos
solúveis podem entrar nos linfáticos independentemente
das células dendríticas. Além disso, mediadores
inflamatórios solúveis, tais como quimiocinas, que são
produzidas nos locais de infecção, entram nos linfáticos.
LINFONODOS
Os linfonodos são órgãos linfoides secundários,
encapsulados, vascularizados e com características
anatômicas que favorecem a iniciação das
respostas imunes adaptativas aos antígenos
carreados dos tecidos pelos vasos linfáticos.
25
que moléculas solúveis na linfa passem livremente para muitas populações de linfócitos densamente
o córtex. Microrganismos e antígenos de alto peso empacotados, que se parecem com nódulos brancos
molecular são presos pelos macrófagos do sino e contra um fundo de polpa vermelha. A arquitetura da
apresentados aos linfócitos B corticais logo abaixo do polpa branca é análoga à organização dos linfonodos,
sino. Este é o primeiro passo nas respostas de com zonas de célula T e B segregadas.
anticorpos a estes antígenos. Antígenos solúveis de
baixo peso molecular são transportados para fora do No baço de camundongo, as artérias centrais são
sino através dos conduítes FRC e passam a células rodeadas por bainhas de linfócitos, a maioria dos quais
dendríticas corticais residentes localizadas ao lado dos são células T. Em virtude da sua localização anatômica,
conduítes. As células dendríticas residentes estendem os morfologistas chamam estas zonas de célula T de
processos entre as células que recobrem os conduítes e bainhas linfoides periarteriolares. Os folículos ricos
para dentro do lúmen e capturam e fazem pinocitose dos em célula B ocupam o espaço entre o sino marginal e a
antígenos solúveis dentro dos conduítes. A contribuição bainha periarteriolar.
desta via de distribuição de antígeno pode ser
importante para o início das respostas imunes da célula As células B da zona marginal são funcionalmente
T a alguns antígenos microbianos, mas respostas distintas das células B foliculares e apresentam um
maiores e sustentadas necessitam de distribuição de repertório limitado de especificidades de antígenos.
antígenos para o nódulo pelas células dendríticas
O arranjo anatômico das APCs, células B e células T na
BAÇO polpa branca esplênica promove as interações
O baço é um órgão altamente vascularizado, cujas necessárias para um desenvolvimento eficiente das
principais funções são remover células sanguíneas respostas imunes humorais. A segregação dos linfócitos
velhas e danificadas e partículas (tais como T nas bainhas linfoides periarteriolares e células B nos
imunocomplexos e microrganismos opsonizados) folículos e zonas marginais é um processo altamente
da circulação e iniciar as respostas imunes regulado, dependente da produção de diferentes
adaptativas aos antígenos originados no sangue. citocinas e quimiocinas pelas células estromais nestas
diferentes áreas, análogos ao caso para os linfonodos.
O parênquima esplênico é funcional e anatomicamente
dividido em polpa vermelha, que é composta SISTEMAS IMUNES REGIONAIS
principalmente de sinusoides vasculares cheios de Todas as principais barreiras epiteliais do corpo,
sangue, e polpa branca rica em linfócitos. O sangue incluindo pele, mucosa gastrintestinal e mucosa
entra no baço através de uma única artéria esplênica brônquica, têm seus próprios sistemas de
que perfura a cápsula no hilo e se divide em ramos linfonodos, estruturas linfoides não encapsuladas e
progressivamente menores que permanecem rodeados células imunes difusamente distribuídas, que
pela trabécula fibrosa protetora e de suporte. trabalham de maneira coordenada para fornecer
respostas imunes especializadas contra os
patógenos que entram por aquelas barreiras.
EXAME FISH
O exame de FISH ( Fluorescence in situ Hibridization
=Hibridização in situ por Fluorscência) ainda é o padrão
ouro de diagnóstico LABORATORIAL para a síndrome
de Williams, ou seja para detectar ou não a
microdeleção (perda) do fragmento no cromossomo 7,
braço longo, região 11.23 (7q11.23), pois é encontrado
em vários laboratórios públicos e privados.
26
estimada em 1:5000 nascidos vivos sendo que a
deleção 22q11.2 representa um dos mais comuns
defeitos genéticos muitas vezes não detectado por
citogenética covencional.
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H.
I. V. Imunologia celular e molecular. 9. ed. 2019
2. KOSHIYAMA, Dayane Bohn et al . Síndrome de
deleção 22q11.2: importância da avaliação
clínica e técnica de FISH. Rev. Assoc. Med.
Bras., São Paulo , v. 55, n. 4, p. 442-
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42302009000400020&lng=en&nrm=iso>.
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January 2011 - Volume 90 - Issue 1 - p 1-18 doi:
10.1097/MD.0b013e3182060469
3. MARTINS, S.R.P. Aspetos clínicos e
imunológicos numa população pediátrica com
deleção 22q11. Disponível em:
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aberto.up.pt/bitstream/10216/76638/2/32720.pd
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DiGeorge: Aspectos clínico-imunológicos e
manejo DiGeorge Syndrome: Clinical -
immunologic aspects and management. Rev.
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Janeway. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
7. PARHAM, Peter. O Sistema Imune. 3. ed. Porto
A Legre: Artmed, 2011.
27
• O TLR-2 reconhece vários lipoglicanos
PROBLEMA 2 •
bacterianos;
Os TLR-3, 7 e 8 são específicos para ácidos
nucleicos virais;
RECEPTORES CELULARES • O TLR-4 é específico para o LPS (endotoxina);
Os receptores são mecanismos utilizados pelo nosso • O TLR-5 é específico para uma proteína flagelar
corpo para identificar e reconhecer substâncias, bacteriana chamada flagelina;
moléculas e microrganismos, assim como suas próprias • O TLR-9, para oligonucleotídeos CpG não
células. metilados, muito abundantes no DNA
microbiano.
RECEPTORES DA RESPOSTA INATA
Os receptores utilizados pelo sistema imune inato para Muitos TLR estão presentes nasuperfície celular, onde
reconhecer microrganismos e células danificadas se reconhecem os produtos dos microrganismos
encontram nos fagócitos, nas células dendríticas e em extracelulares, e outros TLR estão nos endossomas,
muitas outras células, como as epiteliais e endoteliais. para dentro dos quais os microrganismos são ingeridos.
São expressos de forma em que estejam presentes em
locais onde os microrganismos podem estar localizados.
28
interferon regulatory factors), que estimulam a produção guanosina e uridina; e dinucleotídios CpG não
das citocinas antivirais, interferons tipo 1. metilados, que são comuns nos procariotos, mas raros
nos genomas de vertebrados.
29
O RNA de dupla fita se liga ao TLR3, motivos de CpG ambas as vias. Os TLRs 7 e 9 no endossoma utilizam
não metilados se ligam ao TLR9, TLR7 e TLR8 MyD88 e ativam ambos NF-κB e IRF7.
reconhecem RNA de fita simples, e TLR9 reconhece
DNA de fita simples ou fita dupla.
RECEPTORES CITOSÓLICOS PARA PAMPS E DAMPS
Esses ligantes ácidos nucleicos não são restritos aos Em adição aos TLRs que estão presentes tanto na
microrganismos, mas, sua localização na célula dá para superfície celular como nos fagossomas, o sistema inato
os receptores uma forma de diferenciação do DNA da possui sensores de reconhecimento de padrões que
própria célula. Isso ocorre porque geralmente não há reconhecem tanto infecção como também células
material genético da própria célula em fagossomos de danificadas. Os principais tipos são o NOD, o RIG e os
neutrófilos, macrófagos ou células dendríticas. sensores citosólicos de DNA.
Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015 A subfamília de NLRP dos receptores do tipo NOD
Os TLRs 1, 2, 5 e 6 utilizam a proteína adaptadora respondem aos PAMPs e DAMPS citosólicos com
MyD88 e ativam os fatores de transcrição NF-κB e AP- formação de complexos de sinalização chamados de
1. O TLR3 utiliza a proteína adaptadora TRIF e ativa os inflamassomas, que geram formas ativas das
fatores de transcrição IRF3 e IRF7. O TLR4 pode ativar citocinas inflamatórias IL-1 e IL-18.
30
Por exemplo, após a ligação de um ligante, múltiplas chamada de piroptose, caracterizada por inchaço das
proteínas NLRP3 idênticas interagem para formar um células, perda da integridade da membrana plasmática
oligômero e cada proteína NLRP3 no oligômero se liga e liberação de mediadores inflamatórios. A piroptose
a uma proteína adaptadora chamada de ASC. resulta em morte de certos microrganismos que têm
acesso ao citosol e aumenta a liberação de IL-1β gerada
Os adaptadores se ligam, então, a uma forma pelo inflamassoma, que perde a sequência líder
precursora inativa da enzima caspase-1 por meio de hidrofóbica necessária para a secreção convencional de
interações dos domínios de recrutamento da caspase proteínas pelas células.
em ambas as proteínas. As caspases são proteases
com resíduos de cisteína em seus locais ativos que As síndromes autoinflamatórias são caracterizadas
clivam substratos proteicos nos resíduos de aspartato. A por inflamação espontânea sem um agente disparador.
caspase-1 se torna ativa somente após o recrutamento Tais doenças são distintas das dos distúrbios, que são
para o complexo inflamassoma e a principal função da distúrbios da imunidade adaptativa causados por
caspase-1 é a clivagem para formar precursoras anticorpos e/ou células T reativas aos próprios
citoplasmáticas inativas de duas citocinas homólogas antígenos. Os pacientes com CAPS podem ser tratados
chamadas de IL-1β e IL-18. A clivagem da caspase-1 de maneira bem-sucedida com antagonistas para IL-1.
gera formas ativas dessas citocinas, que, então, deixam
a célula e realizam várias funções pró-inflamatórias. A ativação desregulada do inflamassoma decorrente de
mutações autossômicas de ganho de função em um ou
outro componente proteico leva a disparo inapropriado e
excesso de produção de IL-1. O resultado são ataques
recorrentes de febre e inflamação localizada, mais
comumente nas articulações e nos intestinos. Esses
distúrbios são chamados de síndromes periódicas
associadas à criopirina (CAPS, do inglês cryopirin
associated periodic syndromes), que é outro nome para
as síndromes autoinflamatórias.
35
PROPRIEDADES DOS GENES
36
Cada molécula do MHC pode apresentar apenas um As proteínas extracelulares que são internalizadas
peptídeo de cada vez, porque possui apenas uma das pelas APC profissionais (células dendríticas,
fenda de ligação, mas cada molécula do MHC é macrófagos e células B) são processadas em
capaz de apresentar diversos tipos de antígenos. vesículas endocíticas e apresentadas por moléculas
do MHC classe II, enquanto as proteínas no citosol
Por causa da interação entre as cargas entre o peptídeo de células nucleadas são processadas por
e a bolsa, somente moléculas peptídicas fazem ligação organelas citoplasmáticas e apresentadas por
com o MHC. moléculas do MHC classe I.
37
As moléculas do MHC classe II entram nessas endoplasmático (ER), onde os peptídeos podem ser
vesículas, onde o peptídeo da cadeia invariante classe aparados posteriormente. As moléculas do MHC classe
II (CLIP) que ocupa a fenda da molécula recém formada I recém-sintetizadas estão ligadas ao TAP por uma
é removido. Essas moléculas classe II então são aptas proteína ligadora chamada tapasina, logo as moléculas
a ligar-se aos peptídeos derivados da proteína do MHC são estrategicamente localizadas para receber
endocitada. os peptídeos que são transportados para o ER pelo TAP.
Os complexos peptídeo- MHC classe I são
A molécula DM facilita a remoção do CLIP e a ligação transportados para a superfície celular, sendo
subsequente do peptídeo antigênico. Os complexos reconhecidos pelas células T CD8+. β2m, β2-
peptídeo-MHC classe I são transportados para a microglobulina.
superfície celular, sendo reconhecidos pelas células T
CD4+.
Imunologia Básica, Abbas, 2014 Nas células que foram expostas às citocinas
ER, Retículo endoplasmático; Ii, cadeia constante. inflamatórias (como em uma infecção), os proteassomas
tornam-se muito eficientes em clivar as proteínas
As APC que expressam o MHC classe II sintetizam nucleares em peptídeos com propriedades de tamanho
constantemente essas moléculas do MHC classe II no e sequência que permitem que os peptídeos se liguem
retículo endoplasmático (ER). bem às moléculas do MHC classe I.
Cada nova molécula classe II transporta com ela uma O TAP (transportador associado ao processamento
proteína chamada de cadeia constante (Ii), que contém antigênico) se liga aos peptídeos gerados pelo
uma sequência (chamada de peptídeo de cadeia proteassoma de forma a bombear ativamente os
constante classe II (CLIP, do inglês, class II invariant peptídeos para o interior do retículo endoplasmático
chain peptide) que se liga fortemente à sua fenda. Dessa (ER) e assim se liga ao MHC classe I. Isso não ocorre
forma, a fenda da molécula classe II recém-sintetizada é com o MHC classe II porque, no ER, essas moléculas
ocupada e livre de aceitar peptídeos no ER que são estão ligadas à cadeia constante.
destinados a se ligar às moléculas do MHC classe I.
Se um MHC classe I encontra um peptídeo com ajuste
Essa molécula classe II com sua Ii associada é direto, o complexo é estabilizado e liberando do TAP e
direcionada para as últimas vesículas transportado em direção à superfície celular.
endossomais/lisossomais que contêm peptídeos
derivados das proteínas extracelulares ingeridas. Os A luta evolutiva entre os microrganismos e seus
endossomas/lisossomas também contêm uma proteína hospedeiros é bem ilustrada pelas numerosas
como o MHC classe II chamada DM, cuja função é trocar estratégias que os vírus desenvolveram para bloquear a
o CLIP na molécula do MHC classe II com peptídeos de via do MHC classe I de apresentação antigênica. Essas
afinidade mais alta que podem estar disponíveis neste estratégias incluem a remoção de moléculas do MHC
compartimento. recém-sintetizadas do RE, a inibição da transcrição dos
genes do MHC, e o bloqueio do transporte de peptídeos
PARA O MHC CLASSE I pelo transportador TAP. Ao inibir a via do MHC classe I,
As proteínas que entram no citoplasma das células são os vírus diminuem a apresentação de seus antígenos às
provenientes de microrganismos fagocitados ou células T CD8+, podendo, assim, escapar do sistema
produzidas de síntese endógena por microrganismos, imunológico adquirido. Essas estratégias de evasão viral
como os vírus, que residem no citoplasma de células são contrabalançadas, em parte, pela capacidade das
infectadas. As proteínas citoplasmáticas são células natural killer do sistema imunológico inato de
desdobradas, ubiquitinadas e degradadas nos reconhecer e destruir células infectadas por vírus que
proteassomas (Ub, ubiquitina). Os peptídeos produzidos perderam a expressão do MHC classe I.
são conduzidos pelo transportador associado ao
processamento antigênico (TAP) para o retículo
38
APRESENTAÇÃO CRUZADA DOS ANTÍGENOS associados à classe II são reconhecidos pelos linfócitos
T CD4+, que funcionam como células auxiliares.
INTERNALIZADOS ÀS CÉLULAS CD8+
As células dendríticas são capazes de ingerir as Essas células T auxiliares ajudam os linfócitos B a
células infectadas pelo vírus e exibir os antígenos produzir anticorpos, e ajudam os fagócitos a destruir os
virais ligados às moléculas do MHC classe I aos microrganismos ingeridos, ativando assim os dois
linfócitos T CD8+. mecanismos efetores mais aptos a eliminar os
microrganismos que são internalizados do ambiente
Algumas células dendríticas têm a capacidade de ingerir extracelular.
as células infectadas, processar os antígenos destas
células infectadas, transportar os antígenos para o
citosol, de onde elas entram no ER e ligam-se às
moléculas classe I, e exibir os antígenos das células
infectadas para reconhecimento pelos linfócitos T CD8+.
42
alça do domínio. Como nos anticorpos, a região CDR3 é apresentados por moléculas clássicas do MHC. Células
a mais variável entre os diferentes TCR. T que expressam TCRs γδ são abundantes no epitélio.
43
DESENVOLVIMENTO DOS REPERTÓRIOS timo. A IL-7 mantém e expande o número de
progenitores dos linfócitos.
IMUNOLÓGICOS
Como previsto na teoria da seleção clonal, existem Os receptores de antígenos são codificados por
muitos clones de linfócitos com especificidades distintas, vários segmentos gênicos que são separados uns
talvez mais que 109, e esses clones surgem antes do dos outros na linhagem germinativa e se
encontro com o antígeno. Não há genes suficientes no recombinam durante a maturação dos linfócitos. A
genoma humano para que cada possível receptor seja diversidade é gerada durante o processo de
codificado por um gene diferente. De fato, o sistema recombinação, principalmente pela variação na
imune desenvolveu mecanismos para gerar receptores sequência de nucleotídeos nos locais da recombinação.
antigênicos de um número limitado de genes herdados,
e a geração da diversidade dos receptores está Os linfócitos são selecionados em vários estágios
intimamente ligada ao processo de maturação dos durante o processo de maturação, de modo a
linfócitos B e T. preservar sua capacidade funcional. A seleção é
baseada na expressão dos componentes intactos dos
receptores de antígenos e como eles são reconhecidos.
DESENVOLVIMENTO PRECOCE DOS LINFÓCITOS
Pontos de verificação são necessários para que
O desenvolvimento dos linfócitos a partir de células- somente as células com receptores antigênicos intactos
tronco da medula óssea envolve compromisso de e funcionais sejam selecionadas para sobreviver e
progenitores hematopoiéticos para a linhagem proliferar.
celular B ou T, a proliferação destas células
progenitoras, o rearranjo e a expressão de genes de Células T imaturas são selecionadas para reconhecer as
receptores antigênicos, e eventos de seleção para moléculas de MHC próprias no timo. Este processo,
identificar e expandir as células que expressam os chamado de seleção positiva, assegura que as células
receptores antigênicos potencialmente úteis. completem a maturação e sejam capazes de reconhecer
antígenos indicados pelas mesmas moléculas MHC nas
Tais eventos são comuns aos linfócitos B e T, a despeito APC (que são as únicas moléculas de MHC que estas
de a maturação dos linfócitos B ocorrer na medula óssea células podem encontrar normalmente). Células B ou T
e a maturação dos linfócitos T ocorrer no timo. fortemente autorreativas são eliminadas para evitar o
desenvolvimento de respostas autoimunes; este
processo é chamado de seleção negativa.
O pré-BCR também desencadeia a recombinação do Se a recombinação VDJ for bem- sucedida em um dos
locus da cadeia leve de Ig κ e a cadeia leve λ é produzida dois genes herdados e uma proteína da cadeia TCR β
somente se o locus da cadeia κ recombinado falhar em for sintetizada, está é expressa na superfície associada
expressar uma proteína funcional ou se a cadeia κ gerar
45
a uma proteína invariante chamada pré-Tα, para formar FASES E TIPOS DE RESPOSTAS IMUNES
o complexo pré-TCR de células pré-T.
HUMORAIS
Se a recombinação em um dos dois loci herdados não Os linfócitos B virgens expressam duas classes de
for bem-sucedida, a recombinação irá ocorrer em outro anticorpos ligados a membranas, imunoglobulinas M e
local. Se a cadeia TCR β completa não é produzida em D (IgM e IgD), que funcionam como receptores para os
uma célula pró-T, esta célula morre. antígenos.
O complexo pré-TCR estimula os sinais para que a A ativação dos linfócitos B resulta na proliferação de
célula continue viva, assim como o pré-BRC. Esses células antígeno-específicas, também chamada de
sinais promovem a sobrevivência, a proliferação e a expansão clonal, e em sua diferenciação em
recombinação do gene da cadeia α do TCR e inibe a plasmócitos, que secretam ativamente anticorpos e
recombinação VDJ no segundo locus da cadeia β do são, deste modo, as células efetoras da imunidade
TCR (exclusão alélica). humoral.
As células sobreviventes expressam os αβ e TCR Durante a sua diferenciação, algumas células B podem
completos e ambos os correceptores CD4 e CD8, e começar a produzir anticorpos de diferentes isótipos de
essas células são chamadas de células T duplo- cadeias pesadas (ou classes), que medeiam diferentes
positivas (ou timócitos duplo-positivos). funções efetoras e são especializadas no combate de
diferentes tipos de microrganismos. Esse processo é
chamado de troca de isótipo (ou classe) de cadeia
pesada. A exposição repetida a um antígeno proteico
resulta na produção de anticorpos com aumento de
afinidade para o antígeno. Esse processo é chamado de
maturação da afinidade e leva à produção de
anticorpos com maior capacidade de se ligar e de
neutralizar microrganismos e suas toxinas.
46
da descoberta de que algumas células T estimulam, ou cada vez maiores de anticorpos, frequentemente com
auxiliam, os linfócitos B na produção de anticorpos.) Na troca de classe de cadeia pesada e maturação da
ausência do auxílio da célula T, os antígenos proteicos afinidade. Essas características das respostas
induzem respostas fracas ou sem anticorpos. secundárias são encontradas principalmente em
resposta aos antígenos proteicos, porque essas
Consequentemente, os antígenos proteicos e as mudanças nas células B são estimuladas por células T
respostas dos anticorpos a estes antígenos são auxiliares, e só as proteínas ativam as células T. A
chamados de dependentes de T. Os polissacarídeos, cinética das respostas pode variar segundo diferentes
lipídios e outros antígenos não proteicos estimulam a antígenos e tipos de imunização.
produção de anticorpos sem o comprometimento de
células T auxiliares. Logo, estes antígenos não proteicos
e as respostas de anticorpos a eles são chamados de
independentes de T.
47
A ligação cruzada dos receptores de imunoglobulina (Ig)
Os linfócitos B específicos para um antígeno usam seus das células B pelos antígenos desencadeia sinais
receptores de imunoglobulina (Ig) ligados à membrana bioquímicos que são transduzidos pelas proteínas Igα e
para reconhecer um antígeno diretamente, sem Igβ associadas à Ig. Esses sinais induzem os eventos
necessidade de processamento. As células B são de fosforilação de tirosina iniciais, a ativação de diversos
capazes de reconhecer o antígeno nativo (não intermediários bioquímicos e enzimas, e a ativação de
processado), de modo que os anticorpos que são fatores de transcrição. Eventos de sinalização similares
subsequentemente secretados (que têm a mesma são vistos nas células T depois da identificação do
especificidade que os receptores de antígenos da célula antígeno. Observe que a sinalização máxima requer
B) conseguem se ligar ao microrganismo nativo ou ao uma ligação cruzada, pelo menos, de dois receptores de
produto microbiano. Ig, mas só é mostrado um único receptor para
simplificar.
A identificação do antígeno dá origem às vias de
sinalização que desencadeiam a ativação da célula B. No linfócito T ocorre assim:
Assim como ocorre com os linfócitos T, a ativação da
célula B também precisa de sinais subsequentes ao
reconhecimento do antígeno, muitos dos quais são
produzidos durante as reações imunes inatas dos
microrganismos
PAPEL DAS PROTE ÍNAS COMPLEMENTARES E OUTROS CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAIS DA ATIVA ÇÃO DAS
SINAIS IMUNES INATOS NA ATIVA ÇÃO DA CÉLULA B CÉLULAS B MEDIADA POR ANTÍGENOS
Os linfócitos B expressam um receptor para uma A ativação das células B por antígenos (e outros
proteína do sistema complemento que fornece sinais) inicia a proliferação e a diferenciação das
sinais para a ativação das células. células e as prepara para interagir com os linfócitos
T auxiliares, se o antígeno for uma proteína. Os
Quando o sistema complemento é ativado por um linfócitos B ativados entram no ciclo celular e começam
microrganismo, este é revestido com fragmentos a se proliferar. As células também podem começar a
proteolíticos da proteína mais abundante, C3. Um sintetizar mais IgM e a produzir uma parte dessa IgM em
desses fragmentos é chamado de C3d. Os linfócitos B uma forma secretada. Assim, o estímulo do antígeno
expressam um receptor do complemento tipo 2 (CR2 ou induz a fase inicial da resposta imune humoral.
CD21), que se liga a C3d.
Os produtos microbianos também influenciam As células B ativadas endocitam o antígeno proteico que
diretamente a ativação da célula B. Os linfócitos B, se liga especificamente ao receptor da célula B, o que
assim como as células dendríticas e outros leucócitos, resulta na degradação do antígeno e da exibição dos
expressam inúmeros receptores tipo Toll (TLR). O peptídeos em uma forma que pode ser reconhecida
envolvimento do TLR nas células B por produtos pelas células T auxiliares. As células B ativadas
microbianos desencadeia os sinais de ativação que reduzem sua expressão de receptores de quimiocinas,
funcionam em conjunto com os sinais do receptor de que são produzidas nos folículos linfoides, cuja função é
antígenos. manter as células B nesses folículos.
49
Em consequência, as células B ativadas migram para
fora dos folículos e em direção ao compartimento
anatômico em que se concentram as células T
auxiliares. Em função dessas mudanças, as células B
são equilibradas para interagir e responder às células T
auxiliares que foram ativadas pelo mesmo antígeno
apresentado às células T virgens pelas células
dendríticas.
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H.
I. V. Imunologia celular e molecular. 8. ed. 2015
2. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H.
I. V. Imunologia Básica. 4. ed. 2014
50
ETAPAS DAS RESPOSTAS DAS C ÉLULAS T
54
PKC, proteína quinase; PLCγ1, isoforma γ1 da
fosfolipase C específica para o fosfatidilinositol; PI-3,
fosfatidilinositol-3; ZAP-70, proteína de 70 kD associada
à zeta.
57
SUBGRUPOS DE CÉLULAS T AUXILIARES CD4 + que inibia infecções virais (ou interferia nelas). O IFN-γ
é um potente ativador de macrófagos, especialmente na
DISTINGUIDOS POR PERFIS DE CITOCINAS
capacidade dos macrófagos para matar microrganismos
As células T auxiliares podem ser subdivididas de ingeridos (ativação clássica dos macrófagos). (Os IFN
acordo com as citocinas produzidas. Essas diferenças tipo I são citocinas antivirais muito mais potentes que o
permitem que o sistema imune reagirá diferente para IFN-γ.)
cada situação específica.
Essa classe de interferon também é responsável pela
A resposta imune adquirida a tais microrganismos estimulação da produção de isótopos de anticorpos
resulta na ativação dos fagócitos que destroem os (IgG), que se ligam aos receptores Fc da membrana dos
microrganismos englobados. Em contraste, os parasitas fagócitos e ativam o complemento.
helmínticos são grandes demais para serem
fagocitados, e a resposta imune aos helmintos é Também, o IFN-γ estimula a expressão de moléculas de
dominada pela produção de anticorpos de MHC classe II e de coestimuladores B7 na superfície de
imunoglobulina E (IgE) e ativação de eosinófilos. células dendríticas e macrófagos, de forma a amplificar
as respostas das células T.
O anticorpo IgE liga-se aos helmintos, e os eosinófilos
causam danos aos helmintos mediante a liberação de
seu conteúdo enzimático nesses organismos.
O SUBGRUPO T H 2
O SUBGRUPO T H 1 As células TH2 estimulam a imunidade independente
As células TH1 estimulam o englobamento mediado de fagócitos mediada por eosinófilos, a qual é eficaz,
por fagócitos e o extermínio de microrganismos, o sobretudo, contra parasitas helmínticos. As Th2 são
componente-chave da imunidade mediada por importantes estimuladoras da interleucina-4,
células. Estímulo por IL-12 (vírus e bactérias responsável por estimular a produção de anticorpos IgE
intracelulares e fungos intracelulares). O “h” é de helper. e também interleucina-5, ativadora de eosinófilos.
Estímulo por IL-4, liberada sob a presença de helmintos.
A citocina mais importante produzida pelas células T H1
é o interferon-γ (IFN-γ), assim chamado porque, A IgE ativa mastócitos e se liga a eosinófilos. A reação
quando descoberto, foi identificado como uma citocina de combate a helminto se inicia com o revestimento da
58
sua camada externa com anticorpos IgE e a ligação dos
eosinófilos aos anticorpos. Isso gera um sinal que
estimula os eosinófilos a liberarem seu conteúdo
granular e as enzimas granulares causam danos à
membrana do parasita.
O SUBGRUPO T H 17
As células TH17 induzem a inflamação, que funciona
para destruir as bactérias extracelulares e fungos, e
pode contribuir para várias doenças inflamatórias.
Estímulo por IL-23, com auxílio das interleucinas 5 e 6
(fungos extracelulares).
PERFIL T H 1
O fosfolípide esfingosina 1-fosfato (S1P) facilita a O principal papel desse perfil é reconhecer os antígenos
saída dos linfócitos T. Os níveis de S1P no sangue e associados aos macrófagos e ativá-los mediante à
na linfa são mais altos que no interior dos linfonodos. ligação de CD40 ao CD40L e liberação de IFN-γ. Isso
Isso faz com que as células que apresentarem mais ocorre quando o macrófago ingere os microrganismos,
receptores fluam com mais facilidade para fora dos formando os complexos do fagolisossomo, de forma a
linfonodos. Na doença inflamatória esclerose múltipla, degradar as proteínas do patógeno e expressar
o fármaco fingolimod (derivado do fungo Isaria sinclairii fragmentos em moléculas de MHC classe II. Quando se
que ataca ninfas de cigarras) inibe a saída dos linfócitos. ligam, com a ligação auxiliar do CD40 e liberação de
IFN, o macrófago inicia a ativação de vias de transcrição
Assim que uma infecção se inicia, as citocinas, como o de citocinas (que estimulam a diferenciação das CT) e
TNF, estimulam as células epiteliais a expressar mais E- toxinas para os patógenos.
selectinas e P-selectinas, assim como ligantes para
ICAM-1 e VCAM-1 (ligante de VLA-4). Dessa forma,
linfócitos T ativados, que expressam grandes
quantidades de glicoproteínas ligantes para E-
selectinas, P-selectinas LFA-1 e VLA-4.
62
A reação de produção persistente de resposta imune e Se os macrófagos possuírem patógenos dentro de
ativação de linfócitos e macrófagos pode ser gerada, membranas ao invés de no citoplasma, as células T
também, ao se injetar proteína de microbiana na pele de CD4+ estimulam a produção de substâncias
um indivíduo sensibilizado, o que é descrito como microbicidas.
reação de hipersensibilidade do tipo tardio (DTH).
PERFIL T H 17
Essas células induzem outras células a secretar
citocinas e ajudam no recrutamento de neutrófilos e
eosinófilos. Além disso, estimulam a produção de
defensinas (antimicrobianos), manutenção da
integridade das membranas e estimulam resposta com
reação vascular, gerando inflamação. As T H17 são
importantes para a resposta a fungos e baactérias.
PERFIL T H 2
Esse perfil estimula a inflamação rica em eosinófilos, Imunologia Básica, Abbas, 2014
que é importante para a defesa de helmintos e
MECANISMOS DE EVASÃO À RESPOSTA POR CÉLULA
nematódeos. Esse subgrupo libera IL-5 (que ativa
eosinófilos), IL-4 (que estimula a produção de IgE) e IL-
10 (que inibe a ativação clássica dos macrófagos).
REFERÊNCIAS
Imunologia Básica, Abbas, 2014 1. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H.
I. V. Imunologia Básica. 4. ed. 2014
A granzima ativa a via das caspases. Isso leva à via
apoptótica, que culmina com a destruição da célula-alvo.
63
PROBLEMA 4
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Patologia Básica, Robbins, 2013
64
INFLAMAÇÃO AGUDA
A inflamação é uma resposta protetora do hospedeiro a
invasores estranhos e tecidos necróticos, porém ela
mesma pode causar lesão tecidual.
EVENTOS VASCULARES
A vasodilatação é induzida por mediadores químicos
como a histamina (descrita mais adiante) e é a causa de
eritema e estase do fluxo sanguíneo.
65
(1) marginação e rolagem ao longo da parede do vaso;
(2) aderência firme ao endotélio; (3) transmigração entre
as células endoteliais e (4) migração para os tecidos
intersticiais, em direção a um estímulo quimiotático.
66
Patologia Básica, Robbins,2013
Após a expressão de IL-1 e TNF, ativam o aumento da infiltrado inflamatório, durante as primeiras 6-24 horas,
expressão de ligantes para integrinas – ICAM-1 sendo substituídos por monócitos em 24-48 horas.
(molécula 1 de adesão intercelular), a qual se liga às
integrinas LFA-1 (CD11a/ CD18) e antígeno macrófago Os leucócitos são recrutados do sangue para o tecido
1 (isto é, Mac-1 CD11b/CD18) e VCAM-1 (molécula 1 de extravascular, onde estão localizados os patógenos
adesão vascular ), que se liga à integrina VLA-4. infecciosos ou tecidos lesados, e são ativados para
executar suas funções.
Depois de se prender à parede epitelial, algumas
moléculas se desprendem e os leucócitos se espremem O recrutamento dos leucócitos é um processo de
em direção às junções epiteliais, em um movimento múltiplas etapas, consistindo em aderência transitória e
chamado diapedese. Isso permite que as células saiam rolagem no endotélio (mediadas por selectinas),
dos vasos. aderência firme ao endotélio (mediada por integrinas) e
migração por entre os espaços interendoteliais.
Após o extravasamento, os leucócitos migram em
direção ao local da lesão ou infecção, ao longo de um Várias citocinas promovem expressão de selectinas e
gradiente químico, processo chamado de quimiotaxia. ligantes de integrina no endotélio (TNF, IL-1), aumentam
Substâncias exógenas e endógenas podem atuar como a afinidade das integrinas por seus ligantes
fatores quimiotáticos para os leucócitos e incluem: (quimiocinas) e promovem a migração direcional dos
• Produtos bacterianos, particularmente os leucócitos (também quimiocinas); muitas dessas
peptídeos com terminal N-formil-metionil. citocinas são produzidas pelos macrófagos do tecido e
• Citocinas, especialmente as pertencentes à outras células que respondem aos patógenos ou tecidos
família das quimiocinas. lesados. Os neutrófilos predominam no infiltrado
inflamatório inicial e são depois substituídos pelos
• Componentes do sistema complemento, em
macrófagos.
particular o C5.
• Produtos da via da lipoxigenase do metabolismo Após esse processo de migração, os macrófagos
do ácido araquidônico (AA), particularmente o precisam ser ativados para exercerem suas funções.
leucotrieno B4 (LTB4). Algumas delas são:
• Fagocitose de partículas.
Os leucócitos se movem projetando pseudópodes que
• Destruição intracelular de micróbios e células
se ancoram na MEC e puxam a célula na direção da
mortas fagocitados, por substâncias produzidas
projeção. A direção desse movimento é especificada
nos fagossomos, incluindo espécies reativas do
pela alta densidade de receptores de quimiocina na
oxigênio e do nitrogênio e enzimas lisos-
margem dianteira da célula. Assim, os leucócitos se
sômicas.
movem para os sítios onde são necessários e lá são
retidos. • Liberação de substâncias que destroem
micróbios extracelulares e células mortas, em
Na maioria das formas de inflamações agudas, os grande parte as mesmas substâncias pro-
neutrófilos predominam no infiltrado inflamatório, duzidas dentro das vesículas fagocíticas. Um
durante as primeiras 6-24 horas, sendo substituídos por mecanismo recentemente descoberto pelo qual
monócitos em 24-48 horas. Provavelmente, essa os neutrófilos destroem microrganismos
diferença se dá porque os neutrófilos são os mais extracelulares é a formação de “armadilhas”
abundantes no sangue e se ligam mais facilmente às extracelulares.
integrinas. A explicação para o protagonismo, em • Produção de mediadores, incluindo as citocinas
segundo momento, dos monócitos se dá no fato de que, e os metabólitos do ácido araquidônico, que
após ativados, no tecido, os monócitos tem vida superior amplificam a reação inflamatória, por
a dos neutrófilos. Os neutrófilos predominam no recrutamento e ativação de mais leucócitos.
67
Patologia Básica, Robbins,2013
O reconhecimento da partícula, molécula, célula ou As quantidades produzidas de H2O2 são geralmente
microrganismo a ser fagocitado se dá graças à ação de insuficientes para destruir a maioria das bactérias
opsoninas, que são marcadores para a fagocitose. (embora a formação de superóxido e do radical hidroxila
Alguns exemplos são os anticorpos IgG, resíduos da o seja). No entanto, os lisossomas dos neutrófilos
degradação da proteína C3 do sistema complemento e (chamados de grânulos azurófilos) contêm a enzima
lectinas de ligação a carboidratos chamadas colectinas, mieloperoxidase (MPO), que, na presença de um
que se ligam a carboidratos da parede celular dos haloide como o Cl−, converte H2O2 em HOCl• (radical
microrganismos. hipocloroso). O HOCl• é um potente oxidante e agente
antimicrobiano (o NaOCl é o ingrediente ativo nos
Os leucócitos expressam receptores para opsoninas alvejantes) que destrói bactérias por halogenação ou por
que facilitam a rápida fagocitose dos micróbios oxidação de proteínas e lipídios.
revestidos. Esses receptores incluem o receptor Fc para
IgG (chamado FcγRI), receptores para os fragmentos 1 Os microrganismos mortos são, então, degradados por
e 3 do complemento (CR1 e CR3) e receptores de C1q enzimas lisossomais, chamadas hidrolases ácidas. É
para as colectinas. provável que a mais importante para o combate a
bactérias é a elastase.
Após englobadas pelos pseudópodes, uma série de
reações ocorre: Na incapacidade do leucócito em liberar seu conteúdo
• O englobamento e o reconhecimento dão na vesícula fagocíticas, como no caso do não
origem ao surto oxidativo, também chamado fechamento dos pseudópodes em redor ao patógeno, no
de burst respiratório. Esse surto é de materiais que não podem ser facilmente digeridos
caracterizado pelo consumo de oxigênio (como membranas basais glomerulares), causa a
elevado, quebra de glicose e aumento da liberação de enzimas lisossômicas no espaço
produção de ERO (espécies reativas de extracelular.
oxigênio).
• A formação de metabólitos do oxigênio aumenta Entretanto, vale a pena lembrar que existem outras
a ação de um NADPH-oxigenase chamada substâncias importantes presentes nos grânulos dos
oxidase de fagócito, que oxida NADPH e no leucócitos, como a proteína bactericida que aumenta
processo libera superóxido. Esse oxigênio a permeabilidade (causando ativação da fosfolipase e
reativo é convertido em peróxido e ambas as degradação dos fosfolipídios da membrana), a lisozima
espécies reativas destroem os micróbios por (que causa degradação do revestimento de oligos-
sua ação como radical livre. sacarídeos das bactérias), a proteína básica principal
(importante constituinte do grânulo do eosinófilo,
citotóxica para os parasitas) e as defensinas (peptídeos
68
que destroem micróbios criando poros em suas microrganismos em fibrilas formadas pela cromatina
membranas). nuclear. Isso serve como um recurso importante para
proteção contra patógenos infecciosos e mediadores
ARMADILHAS EXTRACELULARES DOS NEUTRÓFILOS inflamatórios como quimiocininas, citocinas, proteínas
(NETS) do complemento e ERO. Existem indícios que
proteínas nucleares das NETs estejam relacionadas
Neutrófilos podem liberar o conteúdo de seus núcleos,
com as fontes de antígenos em doenças autoimunes
associados a proteínas antimicrobicidas dos seus
como o lúpus.
grânulos, formando uma rede que prende os
70
MEDIADORES QUÍMICOS E REGULADORES DA As ações da maioria dos mediadores são estreitamente
reguladas e de curta duração. Uma vez ativados e
INFLAMAÇÃO
liberados das células, os mediadores se decompõem
Os mediadores podem ser produzidos localmente pelas rapidamente (p. ex., os metabólitos do ácido
células no local da inflamação ou circular no plasma araquidônico) ou são inativados por enzimas (p. ex., a
(sintetizados pelo fígado), como precursores inativos cininase inativa a bradicinina) ou são removidos (p. ex.,
que são ativados no local da inflamação. antioxidantes removem metabólitos tóxicos do oxigênio)
ou são completamente inibidos (proteínas inibidoras do
complemento).
71
MEDIADORES DERIVADOS DE CÉLULAS
No local da inflamação, os macrófagos teciduais, os
mastócitos e as células endoteliais, bem como os
leucócitos recrutados do sangue para o local, são
capazes de produzir diferentes mediadores da
inflamação.
AMINAS VASOATIVAS
As duas aminas vasoativas são armazenadas em
mastócitos e em outras células, sendo uma das
primeiras a serem liberadas.
73
RESUMO DO SISTEMA COMPLEMENTO
• Febre: citocinas (TNF, IL-1) estimulam a Os tecidos que se dividem continuamente (lábeis)
produção de prostaglandinas no hipotálamo. contêm células maduras capazes de se dividir e células-
tronco que se diferenciam para substituir as células
• Produção de proteínas de fase aguda: proteína perdidas.
C reativa, outras; síntese estimulada por
citocinas (IL-6, outras) atuando nas células As células-tronco de embriões (células ES) são
hepáticas. pluripotentes; os tecidos adultos, particularmente a
• Leucocitose: citocinas (CSFs) estimulam a medula óssea, contêm células-tronco adultas capazes
produção de leucócitos a partir de precursores de regenerar múltiplas linhagens celulares.
na medula óssea. As células-tronco pluripotentes induzidas (células iPS)
• Em algumas infecções graves, choque séptico; são obtidas através da introdução de genes
queda da pressão sanguínea, coagulação característicos de células ES em células maduras. As
intravascular disseminada, anormalidades células iPS adquirem muitas características de células-
metabólicas; induzidas por altos níveis de TNF. tronco.
74
AÇÃO DO CORTISOL COMO ANTI -INFLAMATÓRIO fármaco e ativa, por sua vez o fator inibidor Kb. Este, por
sua vez, inativa o NF-Kb, que seria responsável por
Inicialmente, observa-se a utilização de um
ativar a produção de citocinas antimicrobianas. Em
medicamento corticoide, que à priori, é um anti-
tentativa de contrabalancear a falta de respostas imunes
inflamatório, mas age como um imunossupressor.
adaptativas eficientes, a medula óssea passa a
Quando há uma infecção, o corpo normalmente
disponibilizar neutrófilos em fases precoces de
reconhece o patógeno, e, por meio do TLR, ativa o NF-
maturação (não segmentados), e isso leva à presença
kb (fator de transcrição NF kappa beta) e estimula a
do efeito de desvio à esquerda.
produção de citocinas pró-inflamatórias.
OBS.: Caiu na prova de imunologia da turma 75. O
No caso do uso de corticoides por períodos superiores a
Cortisol é muito importante tanto para a fisiologia
7 dias, como no caso da paciente, e em concentrações
quanto para a imunologia.
suficientes, induz o reconhecimento intracelular do
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H.
I. V. Imunologia celular e molecular. 9. ed. 2019
2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.;
MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia básica. 9.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013;
75
PROBLEMA 5
BACTÉRIAS E ANTIBIÓTICOS
Os procariotos são agrupados em dois domínios
diferentes, Archea e Bacteria.
DOMÍNIO BACTERIA
Apesar de conhecermos as bactérias por serem
causadoras de doenças e causarem transtornos
grandes em humanos, poucas delas realmente são
causadoras de problemas. MACETE: nome feminino:
gram-negativa, o resto, positivo. Excessão: Listeria-
feminino e gram-positiva.
PROTEOBACTÉRIAS IMPORTANTES
As proteobactérias, que incluem a maioria das
bactérias gram-negativas quimio-heterotróficas,
presumidamente surgiram de um ancestral fotossintético
comum. Elas são agora o maior grupo taxonômico
bacteriano. O nome Proteobacteria vem do deus
mitológico grego Proteus, que podia assumir diversas
formas.As proteobacterias sao separadas em cinco
classes designadas por letras gregas:
alfaproteobacterias, betaproteobacterias,
gamaproteobacterias, deltaproteo-bacterias e
Microbiologia – Tortora –12ªEd.
epsilonproteobacterias.
76
Sob determinadas condições, particularmente em
Algumas que causam doenças em humanos: hospedeiros debilitados, a Pseudomonas aeruginosa
pode infectar o trato urinário, queimaduras e feridas,
Rickettsia: as riquétsias são alfaproteobactérias além de causar infecções sanguíneas, abscessos e
parasitas intracelulares obrigatórias. São Gram- meningite.
negativas em forma de bastonete ou cocobacilos e
podem ser transmitidos pela picada de insetos ou As Pseudomonas são muito resistentes e podem
carrapatos. Causam uma série de doenças ao entrar no sobreviver utilizando, como fonte de carbono, sabões e
citoplasma por induzir a fagocitose. Essas doenças adesivos de tampas de reagentes. Podem inclusive
formam o grupo da febre maculosa (tifo epidêmico, tifo sobreviver e crescer em antissépticos, como amônio
murinho endêmico e febre maculosa das Montanhas quaternário. Provavelmente isso se dá graças à
Rochosas). capacidade das porinas em suas membranas. As
bombas de efluxo são tão eficientes que podem eliminar
Ehrlichia: As Ehrlichiae são alfaproteobactérias gram- antibióticos de seu interior antes mesmo de começaram
negativas parecidas com riquétsias e que vivem a fazer efeito.
obrigatoriamente dentro dos leucócitos. As espécies de
Ehrlichia são transmissíveis aos seres humanos por Moraxella: Os membros do gênero Moraxella são
carrapatos e causam a erliquiose, doença muitas vezes cocobacilos aeróbios estritos – isto e, tem formato
fatal. intermediário entre cocos e bacilos. Moraxella lacunata
está relacionada à conjuntivite (inflamação da
Bartonella: O gênero Bartonella contém vários conjuntiva, a membrana que cobre o olho e reveste as
membros que são patógenos humanos. O membro mais pálpebras). Gamaproteobactérias.
conhecido e Bartonella henselae, bacilo gram-negativo
que causa a doença da arranhadura do gato. É uma Acinetobacter: Gamaproteobactérias aeróbias.
alfaproteobactéria. Geralmente presentes na água e no solo. A
Acinetobacter baumanii causa preocupação na
Brucella: As alfaproteobactérias Brucella são pequenos comunidade acadêmica por ficar resistente a antibióticos
cocobacilos sem motilidade. Todas as espécies de muito rapidamente. É um micróbio oportunista que pode
Brucella são parasitos obrigatórios de mamíferos e estar presente em unidades de saúde.
causam a doença brucelose. A capacidade de Brucella
de sobreviver a fagocitose, elemento importante das Coxiella: a Coxiella burnetii é uma gamaproteobactéria
defesas do corpo contra bactérias, é de interesse presente em carrapatos de boi e pode ser transmitida
médico. para humanos por meio de leite infectado. Causa a febre
Q. Pode produzir estruturas semelhantes a endósporos
Bordetella: O bastonete gram-negativo, aerobio e sem –mecanismo de sobrevivência da célula por meio da
motilidade, Bordetella pertussis, é de especial criação de “célula dormente” com o material genético
importância. Esse patógeno perigoso e a causa da muito bem embalado em várias camadas (endósporos
coqueluche, ou tosse convulsa. É uma são mais comuns em gram-positivas, como membros
betaproteobactéria. dos Clostridium e Bacillus) de forma a se proteger de
situações extremas de temperatura, radiação, poucos
Neisseria: As bactérias do gênero Neisseria são cocos nutrientes e até mesmo agentes químicos.
gram-negativos aeróbicos que, em geral, habitam as
membranas mucosas de mamíferos. As espécies Vibrionalles: gamaproteobactérias do tipo bacilo
patogênicas incluem o gonococo Neisseria (curvado) gram-negativo anaeróbios facultativos. Um
gonorrhoeae, o agente causador da gonorreia e N. patógeno importante e Vibrio cholerae, o agente
meningitidis, o agente da meningite meningocócica. causador da cólera. A doença e caracterizada por uma
diarreia profusa e aquosa. V. parahaemolyticus causa
Meningite: Algumas espécies podem causar uma forma menos grave de gastrenterite.
meningite bacteriana, como Neisseria meningitidis,
Streptococcus pneumoniae, Enterobacter sakazakii, Enterobacterias: Os membros da ordem
Haemophilus influenzae (em crianças). Enterobacteriales são bastonetes gram-negativos,
anaeróbios facultativos, que se locomovem por um
Francisella: Francisella é um gênero composto por flagelo peritríquio. Esse nome reflete o fato de que eles
pequenas gamaproteobactérias pleomórficas que habitam o trato intestinal de seres humanos e outros
crescem apenas em meios complexos enriquecidos com animais. A maioria das bactérias entéricas são
sangue ou extratos teciduais. Francisella tularensis fermentadores ativos de glicose e outros carboidratos.
causa a doença tularemia. Gamaproteobactérias.
A febre tifoide, causada por Salmonella typhi, e a As deltaproteobactérias estão mais relacionadas ao
doença mais grave causada por qualquer membro do ciclo do enxofre e bactérias predadoras de bactérias. As
gênero Salmonella. Uma doença gastrintestinal menos betaproteobactérias se relacionam mais a doenças de
grave causada por outras salmonelas é chamada de plantas.
Salmonelose. A Salmonelose é uma das doenças
transmissíveis por alimentos mais comuns. Campylobacter: As bactérias Campylobacter são
vibriões microaerofílicos; cada célula tem um flagelo
Shigella: As espécies de Shigella são responsáveis por polar. Uma espécie, C. fetus, causa aborto espontâneo
uma doença chamada de disenteria bacilar, ou em animais domésticos. Outra espécie, C. jejuni, é a
shigelose. Encontradas apenas em seres humanos. principal causa de surtos de doença intestinal de origem
Gamaproteobactérias. alimentar. Epsilonproteobactérias.
Klebsiella: Os membros do gênero Klebsiella são Helicobacter: As bactérias Helicobacter são bastonetes
comumente encontrados no solo ou na água. A espécie curvos microaerofilicos com flagelos múltiplos. A
Klebsiella pneumoniae ocasionalmente causa uma espécie Helicobacter pylori foi identificada como a causa
forma grave de pneumonia em seres humanos. mais comum de ulceras pépticas em seres humanos e
Gamaproteobactérias. uma das causas do câncer de estômago.
Epsilonproteobactérias.
Serratia: Serratia marcescens e uma espécie
bacteriana diferenciada devido a sua produção de um
BACTERIODETES IMPORTANTES
pigmento vermelho. Costuma causar infecções urinárias
e respiratórias em hospitais. Gamaproteobactérias. O filo Bacteroidetes inclui diversos gêneros de bactérias
anaeróbias. Entre eles, estão o gênero Bacteroides, um
Proteus: Esse gênero de bactéria está envolvido em habitante comum do trato intestinal humano, e o gênero
uma série de infecções do trato urinário e feridas. Prevotella, encontrado na boca humana.
Gamaproteobactérias.
Bacteroides As bactérias do gênero Bacteroides vivem
Yersinia: Yersinia pestis causa a peste, a Peste Negra no trato intestinal humano em números que se
da Europa Medieval. Gamaproteobactérias. aproximam a 1 bilhão por grama de fezes. As infecções
causadas por Bacteroides geralmente resultam de
Enterobacter: Duas espécies de Enterobacter, E. ferimentos ou cirurgias. Bacteroides são uma causa
cloacae e E. aerogenes, podem causar infecções do frequente de peritonite, uma inflamação resultante de
trato urinário e infecções hospitalares. uma perfuração intestinal.
Gamaproteobactérias.
SPPIROCHAETES IMPORTANTES
Cronobacter: Cronobacter é um gênero de bactérias
Treponema As espiroquetas incluem várias bactérias
gram-negativas, em forma de bastonete, da família
patogênicas importantes. As espiroquetas mais
Enterobacteriaceae. O representante da espécie é
conhecidas pertencem ao gênero Treponema, que inclui
Cronobacter sakazakii, previamente conhecido como
Treponema pallidum, a causa da sífilis.
Enterobacter sakazakii. Esse organismo pode causar
meningite e enterocolite necrosante em lactentes.
Borrelia Os membros do gênero Borrelia causam a
Gamaproteobactérias.
febre recorrente e a doença de Lyme (irritação na pele
em forma de alvo), doenças graves que, em geral, são
Haemophilus Haemophilus é um genero
transmissíveis por carrapatos ou piolhos.
importantíssimo de bacterias patogenicas. Esses
organismos são encontrados nas membranas mucosas
Leptospira A leptospirose é uma doença geralmente
do trato respiratório superior, na boca, na vagina e no
disseminada entre os seres humanos através da água
trato intestinal. A espécie mais conhecida que afeta os
contaminada por espécies de Leptospira.
seres humanos é Haemophilus influenzae, assim
denominada devido a uma crença errônea, muito antiga,
de que ela fosse a responsável pela influenza.
Gamaproteobactérias.
78
GRAM-POSITIVAS IMPORTANTES como o trato gastrintestinal, a vagina e a cavidade oral.
Duas espécies, Enterococcus faecalis e Enterococcus
As bactérias gram-positivas de baixo índice de G + C
faecium, são responsáveis por grande parte das
são classificadas no filo Firmicutes. Esse grupo inclui
infecções de feridas cirúrgicas e do trato urinário.
bactérias formadoras de endósporos importantes, como
os gêneros Clostridium e Bacillus. Também de extrema
Mycoplasma: Os micoplasmas são altamente
importância em microbiologia medica são os gêneros
alomórficos, uma vez que não possuem parede celular.
Staphylococcus, Enterococcus e Streptococcus.
O patogeno humano mais importante entre os
micoplasmas é M. pneumoniae, a causa de uma forma
Clostridium Os membros do gênero Clostridium são
comum de pneumonia branda.
anaeróbios obrigatórios. As doenças associadas aos
clostrídeos incluem o tétano, causado por C. tetani; o
As bactérias gram-positivas com alto índice de G + C
botulismo, causado por C. botulinum; e a gangrena
estão incluídas no filo Actinobactéria.
gasosa, causada por C. perfringens e outros clostrídeos.
C. perfringens também e a causa de uma forma comum
Mycobacterium: As microbactérias são bastonetes
de diarreia de origem alimentar. C. difficile é um
aeróbios, não formadores de endósporos. O nome
habitante do trato intestinal que pode causar diarreia
myco, que significa semelhante a fungo, originou-se de
grave.
sua exibição ocasional de um crescimento filamentoso.
As microbactérias incluem os patógenos importantes
Bacillus Em geral, as bactérias do gênero Bacillus são
Mycobacterium tuberculosis, que causa a tuberculose, e
bastonetes que produzem endósporos. Bacillus
M. leprae, que causa a hanseníase.
anthracis causa o antraz, uma doença que ataca o gado,
ovelhas e cavalos, e que pode ser transmissível para os
Corynebacterium: As corinebactérias (coryne= forma
seres humanos. Bacillus cereus é uma bactéria comum
de clava) tendem a ser pleomórficas e sua morfologia
no meio ambiente e ocasionalmente e identificada como
muitas vezes varia com a idade das células. A especie
a causa de intoxicação alimentar, sobretudo em
mais conhecida é Corynebacterium diphtheriae, o
alimentos contendo amido, como o arroz.
agente causador da difteria.
Staphylococcus Os estafilococos costumam ocorrer
Propionibacterium: são capazes de produzir ácido
em agregados na forma de cacho de uva. S. aureus
propiônico. Propionibacterium acnes é uma bactéria
produz muitas toxinas que contribuem para a
comumente encontrada na pele humana, sendo
patogenicidade da bactéria, aumentando sua
considerada a principal causa bacteriana de acne.
capacidade de invadir o corpo e danificar os tecidos. A
infecção com esse tipo de bactéria é comum em
Gardnerella: Gardnerella vaginalis é uma bactéria que
hospitais, já que ela pode adquirir resistência a
causa uma das formas mais comuns de vaginite (é uma
antibióticos muito rapidamente. A S. aureus produz a
gram-variável).
toxina responsável pela síndrome do choque toxico,
uma infecção grave caracterizada por febre alta, vômitos
Actinomyces: O gênero Actinomyces consiste em
e, às vezes, morte. S. aureus também produz uma
anaerobios facultativos que são encontrados na boca e
enterotoxina que causa vomito e náuseas quando
na garganta de seres humanos e animais. Uma espécie,
ingerida; ela e uma das causas mais comuns de
Actinomyces israelii, causa a actinomicose, doença que
intoxicação alimentar.
causa a destruição de tecidos, geralmente afetando a
Streptococcus: Os membros do gênero Streptococcus cabeça, o pescoço e os pulmões.
são bactérias gram-positivas esféricas que comumente
aparecem em cadeias. São causadoras de transtornos Nocardia: O gênero Nocardia assemelha-se
diversos. morfologicamente aos Actinomyces; entretanto, essas
bactérias são aeróbias. Algumas espécies, como a
Streptococcus pyogenes, também conhecido como Nocardia asteroides, ocasionalmente causam uma
estreptococos beta-hemoliticos do grupo A. Entre as infecção pulmonar crônica, de difícil tratamento. N.
doenças causadas por S. pyogenes estão a febre asteroides também e um dos agentes causadores do
escarlatina, a faringite (dor de garganta), erisipela, micetoma, uma infecção localizada destrutiva nos pês e
impetigo e a febre reumática. O fator de virulência mais nas mãos.
importante é a proteína M da superfície bacteriana, por
meio da qual desviam de fagócitos. Streptococcus OBS.: As espécies de Streptomyces sao importantes
agalactiae, se encontra no grupo beta-hemolítico B. porque produzem a maioria dos antibióticos. Isso
Essa é a única espécie que apresenta o antígeno do levou a um estudo intensivo do gênero – existem
grupo B e é a causa de uma importante doença de cerca de 500 espécies descritas.
recém-nascidos, a septicemia neonatal. Streptococcus
mutans, é um não beta-hemolítico que é a principal Esses organismos são estritamente aeróbicos. Eles,
causa das caries dentarias com frequência, produzem enzimas extracelulares que
permitem a utilização de proteínas, polissacarídeos
Enterococcus: Os enterococos são adaptados a áreas (como o amido e a celulose) e muitos outros materiais
do corpo ricas em nutrientes, mas pobres em oxigênio, orgânicos encontrados no solo.
79
1944 – Selman Abraham Waksman e colaboradores Os cocos são arredondados e podem se ajuntar
isolaram a estreptomicina de uma cepa Streptomyces, a formando diplococos, estreptococos (em cadeia),
primeira droga efetiva contra o bacilo da tuberculose. tétrades, cocobacilos ou sarcinas.
Estreptomicina é um antibiótico aminoglicosídeo
produzido pelo Streptomyces griseus ctinomicetos solo. Os bacilos são bactérias em forma de bastão e essa
Atua através da ligação à subunidade ribossómica 30S palavra também pode representar um gênero, Bacillus,
de organismos susceptíveis e perturbar os passos de desde que escrito em itálico.
iniciação e alongamento da síntese de proteínas.
As espirais podem ser vibriões (bastões curvos),
espirilos (helicoidais), ou espiroquetas (helicoidais e
flexíveis).
A CÉLULA PROCARIÓTICA
A maioria das bactérias varia de 0,2 a 2 µm de diâmetro
e de 2 a 8 µm de comprimento. Elas podem ter formato
de esfera (cocos, que significa frutificação), de bastão
(bacilos, que significa bastonete ou bengala) e de
espiral.
80
Geralmente, a forma que adquirem é determinada pela
genética (monomórfica), mas podem apresentar outras,
como no caso das Rhizobium e Corynebacterium, que
são geneticamente pleomórficas.
COMPONENTES DE MEMBRANA
Glicocálice: O glicocálice bacteriano é um polímero
viscoso e gelatinoso que está situado externamente à
parede celular e é composto por polissacarídeo,
polipeptídio ou ambos. Sua composição química varia
amplamente entre as espécies. É produzido
internamente e depois exteriorizado. Se for presente e
aderida firmemente à toda parede celular, é denominada
cápsula. Ela permite fixação, também.
As fímbrias podem ocorrer nos polos ou estarem Para esse processo, um esfregaço (pequena quantidade
distribuídas uniformemente na superfície. Auxiliam a de matéria orgânica sobre uma lâmina) fixado em calor
adesão da célula ao corpo de hospedeiros, o que facilita é coberto com corante básico púrpura, que geralmente
a promoção de colônias. é cristal violeta. Assim que todas as células estiverem
coradas, a coloração é chamada primária.
Os pili (singular pilus) são geralmente mais longos do
que as fímbrias e há apenas um ou dois por célula, e se Após isso, o corante é lavado e o esfregaço é coberto
relacionam à motilidade pulsante e à troca de material com um mordente (auxilia a manutenção da cor), que é
genético. o iodo. Após essa etapa, tanto as gram-positivas quanto
as gram-negativas aparecem em violeta-escura ou
púrpura.
PAREDE CELULAR
A parede celular é composta de peptideoglicano A seguir, a lâmina é lavada com o álcool, que atua como
(também chamada da mureína) e tem função de impedir um agente descorante, quer remove a cor de algumas
a ruptura de células bacterianas quando a pressão de espécies, mas não de outras. O álcool é lavado e a
água for maior no interior do que no exterior. O lâmina é corada com Safranina, um corante básico
peptideoglicano consiste em um dissacarídeo ligado por vermelho. O esfregaço é então lavado, seco com papel
polipeptídeos de forma a criar uma rede que protege e levado ao microscópio.
toda a célula.
As bactérias que apresentarem coloração são
A porção dissacarídea é formada por monossacarídeos denominadas gram-positivas e as que não
denominados N-acetilglicosamina (NAG) e ácido N- apresentarem cor, gram-negativas.
acetilmurâmico (NAM).
A diferença de cor se dá por causa das características
de membrana de cada uma das células. Na positiva,
existe uma parede celular mais espessa, e os cristais e
o iodo conseguem passar facilmente pela membrana.
Entretanto, dentro das células (nos dois tipos), ambos se
ligam e se tornam uma molécula maior, o que impede a
sua saída. Quando lavadas com álcool, as gram-
positivas não perdem seu corante, enquanto as gram-
negativas, que tem uma fina camada contendo
lipopolissacarídeos, perdem os lipídeos da superfície
com a lavagem. Isso cria aberturas na membrana que
facilitam a perda do corante, tornando a célula incolor.
Somente com a aplicação da safranina elas adquirem
coloração levemente rosada.
MONOBACTAMOS
Outro método de evitar os efeitos da penicilinase é
mostrado pelo aztreonam, que é o primeiro membro de
uma nova classe de antibióticos. O espectro de atividade
do aztreonam é surpreendente para um composto
relacionado à penicilina – antibiótico que apresenta
Farmacologia – Rang Dale – 8ª Ed
toxicidade excepcionalmente baixa e afeta apenas
Aplicações clínicas:
84
determinadas bactérias gram-negativas, incluindo as interferem na atividade dos ribossomos de mamíferos
pseudomonadas e E. coli. por não penetrarem de forma eficiente nas células
eucarióticas intactas. Entretanto, pelo menos pequenas
GLICOPEPTÍDEOS quantidades do fármaco podem entrar nas células do
A vancomicina é um antibiótico glicopeptídeo, e a hospedeiro, o que justifica o fato de patógenos
teicoplanina é semelhante, embora com maior duração intracelulares, como clamídias e riquétsias, serem
de ação. A vancomicina inibe a síntese da parede sensíveis às tetraciclinas.
celular. É principalmente efetiva contra as bactérias
Gram-positivas. A vancomicina não é absorvida no As células eucarióticas têm ribossomos 80S, ao passo
intestino e é administrada apenas por via oral no que as células procarióticas têm ribossomos 70S. A
tratamento de infecções gastrointestinais por C. difficile. diferença na estrutura ribossomal é a razão da
toxicidade seletiva dos antibióticos que afetam a síntese
A vancomicina vem sendo considerada a última linha de de proteínas.
defesa antibiótica no tratamento de infecções por
Staphylococcus aureus que são resistentes a outros Os macrolídeos formam um grupo de antibióticos que
antibióticos. recebeu este nome devido à presença de um anel
lactônico macrocíclico. A eritromicina é o fármaco de
Bacitracina A bacitracina (nome derivado de sua escolha no tratamento da legionelose, pneumonias por
origem, bactéria do gênero Bacillus isolada de um micoplasma e diversas outras infecções. Outros
ferimento de uma meninachamada Tracy) é um macrolídeos recentemente disponíveis incluem a
antibiótico polipeptídico efetivo principalmente contra azitromicina e a claritromicina. Comparadas à
bactérias gram-positivas, como estafilococos e eritromicina, elas apresentam um maior espectro
estreptococos. A bacitracina inibe a síntese da parede antimicrobiano e são capazes de penetrar melhor nos
celular bacteriana em uma fase anterior àquela em que tecidos.
a penicilina e a cefalosporina agem. Ela interfere na
síntese das fitas lineares dos Peptideoglicano. Seu uso Estreptograminas o surgimento de patógenos
é restrito à aplicação tópica para infecções superficiais. resistentes à vancomicina constitui um sério problema
médico. Uma das respostas para esse problema pode
estar associada a um grupo singular de antibióticos, as
ANTIBIÓTICOS ANTIMICOBACTERIANOS estreptograminas. O primeiro desses fármacos a ser
A parede celular dos Mycobacterium é diferente por liberado, Synercid, é uma combinação de dois peptídeos
incorporar ácidos micólicos. Incluem causadores da cíclicos, a quinupristina e a dalfopristina, que têm uma
tuberculose e hanseníase. relação distante com os macrolídeos.
LIPOPEPTÍDEOS
INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA
Um antibiótico lipopeptídico eficaz apenas para
O cloranfenicol inibe a formação de ligações peptídicas bactérias gram-positivas é a daptomicina (Cubicin). O
nas cadeias nascentes de polipeptídeos pela reação seu uso é aprovado para determinadas infecções
com a porção 50S do ribossomo procarioto 70S. O cutâneas. O mecanismo de ação aparente consiste em
antibiótico é relativamente barato e tem amplo espectro atacar a membrana da célula bacteriana, e a resistência
de ação, sendo frequentemente utilizado em locais onde é incomum.
custos baixos são essenciais. O seu pequeno tamanho
molecular permite a difusão para áreas do organismo A polimixina B é um antibiótico bactericida eficiente
que são inacessíveis a muitos outros fármacos. O contra bactérias gram-negativas. Durante muitos anos,
problema é que esse fármaco suprime a medula óssea. ela foi um dos poucos fármacos disponíveis para uso no
tratamento de infecções causadas por bactérias do
Outros antibióticos que inibem a síntese proteica pela gênero Pseudomonas.
ligação ao mesmo sítio ribossomal atingido pelo
cloranfenicol são a clindamicina e o metronidazol. A Tanto a bacitracina quanto a polimixina B estão
clindamicina está associada ao tratamento de diarreias disponíveis em pomadas antissépticas, nas quais elas
vinculadas ao Clostridium difficile. geralmente são associadas à neomicina,
aminoglicosídeo de amplo espectro. Em uma rara
As tetraciclinas formam um grupo de antibióticos de exceção à regra, esses antibióticos não necessitam
amplo espectro intimamente relacionados que são de uma prescrição.
produzidos por espécies de Streptomyces. Eles não
85
INIBIDORES DA SÍNTESE DE ÁC IDOS NUCLEICOS exercer um efeito bactericida único, pela inibição
seletiva de uma enzima (DNA-girase) necessária para a
Rifamicinas O derivado mais conhecido da família de
replicação do DNA.
antibióticos das rifamicinas é a rifampicina. Esses
fármacos são estruturalmente relacionados aos
As fluoroquinolonas são divididas em dois grupos,
macrolídeos e inibem a síntese de mRNAs. Sem dúvida,
cada um apresentando um espectro de atividade
a utilização mais importante das rifampicinas é contra
progressivamente mais amplo. As primeiras gerações
micobactérias, no tratamento da tuberculose e da
incluem os fármacos norfloxacina e ciprofloxacina,
hanseníase. Uma característica valiosa desse fármaco
ambos amplamente utilizados. Este último é mais
é sua capacidade de penetrar tecidos e alcançar
conhecido por seu nome comercial, Cipro, e pelo seu
concentrações terapêuticas no líquido cerebrospinal e
uso em infecções por antraz.
em abscessos.
Um grupo mais recente de fluoroquinolonas inclui a
Quinolonas: No início da década de 1960, foi
gemifloxacina e a moxifloxacina. Esses antibióticos, com
desenvolvido o fármaco sintético, chamado de ácido
exceção da moxifloxacina, frequentemente são os
nalidíxico –, o primeiro do grupo de antimicrobianos,
fármacos de escolha para o tratamento de infecções
denominado quinolonas. Ele ficou conhecido por
urinárias e também para certos tipos de pneumonia
88
alguns Staphylococcus conseguem produzir
coagulases, que são enzimas que coagulam o
fibrinogênio no sangue, que serve para as proteger da
ação de defesas do hospedeiro. Outro exemplo são as
cinases produzidas por estreptococos, que servem para
digerir os coágulos de fibrina que tentam isolar esse
patógeno. Hialuronidase é uma enzima capaz de
hidrolisar o ácido hiarulônico, que une células do corpo,
especialmente em tecidos conectivos, logo, pode estar
relacionada a necrose de feridas. Outra enzima, a
colagenase, produzida por diversas espécies de
Clostridium, facilita a disseminação da gangrena
gasosa. A colagenase quebra a proteína colágeno, que
forma os tecidos conectivos de músculos e de outros
órgãos e tecidos.
89
Microbiologia – Tortora –12ªEd.
Superantigenos: Os superantígenos são antígenos que produção de TNF e outras citocinas, incluindo IL-12,
provocam uma resposta imune muito intensa. Eles são IFN-γ e IL-1. A concentração de TNF sérico pode ser
proteínas bacterianas. Por uma série de interações com várias preditiva do resultado das infecções bacterianas graves.
células do sistema imune, os superantígenos estimulam, de O choque séptico pode ser reproduzido em animais
forma não específica, a proliferação de células imunes
denominadas células T. Em resposta a essa estimulação, as
experimentais pela administração de LPS, ácido
células T começam a liberar grandes quantidades de citocinas lipoteitoico ou TNF.
que causam sintomas diversos, como febre, vômito, náuseas,
diarreia, e, às vezes, choque e morte. Estafilococos costumam Um dos efeitos do TNF é o dano aos capilares
apresentar essa característica. sanguíneos; sua permeabilidade é aumentada, e eles
acabam perdendo grandes quantidades de fluidos. O
resultado é uma queda na pressão sanguínea que leva
CHOQUE SÉPTICO ao choque. A pressão arterial baixa causa sérios efeitos
Choque é uma palavra geralmente utilizada para queda nos rins, nos pulmões e no trato gastrintestinal. Além
de pressão com risco à vida. Choque séptico ocorre disso, a presença de bactérias gram-negativas, como o
quando antígenos estimulam os fagócitos a liberar TNF Haemophilus influenzae do tipo b, no líquido
(caquetina). Essa citocina se liga a células de vários cerebrospinal causa a liberação de IL-1 e TNF. Essas
tecidos e altera seus metabolismos de formas diversas. citocinas, por sua vez, provocam o enfraquecimento da
barreira hematencefálica que normalmente protege o
O choque séptico é caracterizado por colapso vascular, sistema nervoso central de infecções.
coagulação intravascular disseminada e distúrbios
metabólicos. Esta síndrome se deve à sinalização do Quando causados por endotoxinas, são chamados de
TLR induzida pelo LPS ou ácido lipoteitoico, levando à choques endotóxicos. Outra consequência da presença
90
de endotoxinas é a ativação das proteínas envolvidas na As endotoxinas não promovem a formação de
coagulação sanguínea, causando a formação de antitoxinas efetivas contra seu componente carboidrato.
pequenos coágulos. Esses coágulos obstruem os vasos Anticorpos são produzidos, porém eles tendem a não
capilares, e o decréscimo no suprimento de sangue controlar os efeitos da toxina; na verdade, em algumas
resultante induz a morte tecidual. Essa condição é circunstâncias, esses anticorpos podem até mesmo
conhecida como coagulação intravascular disseminada intensificar seu efeito.
(CID).
Uma síndrome similar ao choque séptico pode ocorrer
Os microrganismos representativos que produzem como uma complicação de distúrbios não infecciosos,
endotoxinas incluem Salmonella typhi (o agente tais como queimaduras graves, traumas, pancreatite e
causador da febre tifoide), Proteus spp. (frequentemente outras condições sérias. Elas têm sido chamadas de
envolvido em infecções urinárias) e Neisseria síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS).
meningitidis (o agente causador da meningite
meningocócica).
MECANISMOS DE DESINFECÇÃO
Assepsia: é o conjunto de medidas que utilizamos para
impedir a penetração de microrganismos num ambiente
que logicamente não os tem, logo um ambiente
asséptico é aquele que está livre de infecção.
93
Os vírus carregam a informação genética para a
PROBLEMA 6 formação de novos vírus, mas estes não possuem
organelas, e por isso necessitam da maquinaria da
célula hospedeira para se multiplicarem. As Rickettsia
ESTRUTURA GERAL DOS VÍRUS possuem organelas, entretanto, precisam de
suplementação do meio intracelular para se multiplicar.
São parasitos intracelulares obrigatórios e são entidades
As Rickettsia possuem uma membrana semipermeável,
que contem um único tipo de ácido nucleico (RNA ou
o que permite trocas com o meio, ao contrário do que
DNA) e esse ácido está envolto em uma capa proteica.
ocorre com os vírus. (Wikipedia, 2020)
Ademais, se multiplicam utilizando a maquinaria da
célula hospedeira e criam estruturas que permitem a O tratamento da infecção viral é extremamente
transferência do ácido nucleico para outras células. complicado porque esses patógenos são intracelulares
obrigatórios e comprometem a maquinaria da célula,
Os ácidos nucleicos das células vivas estão em logo, a maioria dos fármacos antivirais podem ser
atividade o tempo todo. Sob o aspecto de que são tóxicos para o uso clínico.
inertes fora das células vivas de seu hospedeiro, os vírus
não são considerados organismos vivos. No entanto, O espectro de hospedeiros de um vírus consiste na
quando um vírus penetra uma célula hospedeira, o ácido variedade de células hospedeiras que o vírus pode
nucleico viral torna-se ativo, ocorrendo a multiplicação infectar e é determinada pelas demandas celulares que
viral. Sob esse prisma, os vírus estão vivos quando se ele precisa para se multiplicar.
multiplicam dentro da célula hospedeira. Existe a ideia de fagoterapia, graças à capacidade de
alguns vírus de parasitarem bactérias, que consiste na
Segundo do Tortora, 12ºEd., p.359, alguns poxvírus infecção do paciente portador de uma bacteriose com
(como o da varíola) e herpesvirus (como os causadores vírus bacteriófagos. Também, utilizar alguns outros
de herpes labial e genital, assim como catapora e herpes vírus, chamados oncolíticos, para eliminar células
zoster) são capazes de transcrever seus genomas cancerígenas. Alguns vírus infectam de forma natural as
gerando RNAs mensageiros antes de entrarem na células tumorais e outros podem ser modificados
célula. O citomegalovírus tem tanto RNA e DNA (Murray, geneticamente para infecta-las. Hoje, vários estudos
2006) estão em andamento para determinar o mecanismo de
ação dos vírus oncolíticos e a segurança do uso da
Além disso, existe a premissa de que os vírus não terapia viral.
possuem enzimas próprias. Apesar de ser mais didática,
essa afirmativa não está correta, já que todos os vírus ESTRUTURAS COMUNS DOS VÍRUS
conseguem codificar no mínimo uma enzima, Ácido nucleico: enquanto os procariotos e os
relacionada ao metabolismo de seu ácido nucleico. eucariotos possuem somente DNA como material
genético principal, os vírus podem apresentar tanto RNA
como DNA. Por exemplo:
• DNA fita dulpa (dsDNA): herpesvirus;
• DNA fita simples (ssDNA): parvovirus;
• RNA fita dupla (dsRNA): rotavírus;
• RNA fita simples (ssRNA): subdividido de
acordo com o sentido do mRNA, se for igual são
de senso positivo. Se for complementar, são de
senso negativo.
A depender do tipo do vírus, o material genético pode
ser linear, circular ou segmentado (como no do vírus da
gripe).
Desnudamento: ocorre com a separação do ácido O genoma de todos os vírus de RNA consiste em
nucleico de seu envoltório proteico. Alguns vírus animais RNA de fita simples, exceto para os membros da
completam essa etapa por meio da utilização de família dos reovírus, que possuem um genoma de
enzimas lisossomais do hospedeiro. RNA de fita dupla. O rotavírus é um patógeno humano
importante pertencente à família dos reovírus.
Transcrição: varia de cada tipo de vírus.
OBS.: Transcrição precoce sintetiza proteínas
essenciais (como enzimas de transcrição), enquanto
a tardia se refere às proteínas estruturais.
VÍRUS DE DNA
Em geral, os vírus de DNA replicam seu genoma no
núcleo da célula hospedeira, usando enzimas virais, e
sintetizam as proteínas do capsídeo e outras proteínas
no citoplasma, usando enzimas do hospedeiro. As
proteínas migram, então, para o núcleo e são reunidas
ao DNA recém-sintetizado para formar os novos vírions.
Os virions são transportados pelo reticulo
endoplasmático para a membrana da célula hospedeira
e são liberados. Os herpes-vírus, os papovavirus, os
adenovirus e os hepadnavirus seguem esse padrão de
biossíntese.
97
RETROVIRUS
Diferentemente do prófago, o provirus nunca é removido
Os retrovírus são um tipo de vírus que utilizam RNA para
do cromossomo. Na forma de provirus, o HIV é protegido
produzir DNA.
do sistema imune do hospedeiro e dos fármacos
antivirais.
Estes vírus carreiam uma transcriptase reversa, que
utiliza o RNA viral como molde para a síntese de um
Algumas vezes o provirus simplesmente permanece em
DNA de dupla-fita complementar. Essa enzima também
estado latente e se replica somente quando o DNA da
degrada o RNA viral original. O nome retrovírus deriva
célula hospedeira e replicado. Em outros casos, o
das letras iniciais de transcriptase reversa (reverse
provírus e expresso e produz novos vírus, que podem
transcriptase). O DNA viral integra-se, então, ao
infectar células vizinhas.
cromossomo da célula hospedeira na forma de um
provírus.
98
Microbiologia médica e imunológica – Levinson–2014
RE, retículo endoplasmático; HCV, vírus da hepatite C; HIV, vírus da imunodeficiência adquirida; TAP,
transportador associado ao processamento de antígeno.
Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015.
Outro mecanismo é a não expressão de moléculas de Um último exemplo é a capacidade de alguns vírus de
MHC classe I. A inibição da apresentação antigênica ativar vias que suprimem uma resposta imune
bloqueia a montagem e expressão de moléculas de adequada, como, por exemplo, a via PD-1, que funciona
classe I do MHC estáveis e a exposição de peptídios para manter a tolerância a antígenos próprios. Esse
virais. Como resultado, as células infectadas por estes fenômeno tem sido chamado de exaustão, que implica
vírus não podem ser reconhecidas ou mortas pelas em uma resposta existente, porém interrompida.
CD8+ CTL. Conforme discutido anteriormente, as
células NK são ativadas pelas células infectadas, IMUNIDADE CONTRA VÍRUS
especialmente na ausência de moléculas de MHC de A infecção é prevenida por interferons do tipo I como
classe I. parte da imunidade inata e os anticorpos neutralizantes
contribuem para a imunidade adaptativa. Uma vez que
Além disso, alguns vírus podem expressar “iscas” a infecção é estabelecida, as células infectadas são
após identificarem IL-1 ou TNF. O vírus vaccínia produz eliminadas pelas células NK na resposta inata e pelos
uma proteína que se liga à IL-1 e o vírus fibroma codifica CTL na resposta adaptativa.
uma proteína que se liga ao TNF. Quando células
infectadas com esses vírus liberam essas proteínas, se
ligam aos mediadores imunes e impedem que eles ajam
nos alvos corretos.
IMUNIDADE INATA
Os principais mecanismos de imunidade inata
contra os vírus são a inibição da infecção por
interferons do tipo I e a destruição das células
infectadas mediada pelas células NK.
106
Paciente diabético descompensado tem mais ECA2.
REFERÊNCIAS
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coronavirus disease 2019 [published online
ahead of print, 2020 Mar 28]. Clin Infect Dis.
2020;ciaa344. doi:10.1093/cid/ciaa344
107
tipos básicos: primárias (inatas) e secundárias.
PROBLEMA 7 Entretanto, o foco desse estudo são
imunodeficiências secundárias. A imagem abaixo
as
108
codifica as enzimas transcriptase reversa, integrase e é ativada e, por mudança de sua conformação, exibe o
protease, necessárias para a replicação viral. peptídeo de fusão que se insere na célula T. Isso permite
a fusão das membranas.
110
A infecção aguda (inicial) caracteriza-se pela forma de morte celular chamada piroptose (tudo que
infecção das células T de memória CD4+ em tecidos está dentro do macrófago é expelido), o que induz a
linfoides das mucosas e morte de muitas células chegada de mais macrófagos que serão infectados. Em
infectadas. estudos in vitro, e raramente em pacientes, as células
infectadas se unem às células saudáveis por meio de
A transição da infecção da fase aguda para a fase interações gp12-CD4, formando sincícios.
crônica é acompanhada pela disseminação do vírus,
viremia e o desenvolvimento de respostas imunes Mecanismos adicionais de morte de células T CD4+
pelo hospedeiro. Na fase seguinte da doença, a fase infectadas pelos vírus foram propostos para a
crônica, o baço e os linfonodos constituem locais de depleção e perda da função destas células em
replicação contínua do HIV e de destruição celular. indivíduos infectados pelo HIV. Um dos mecanismos
está relacionado a ativação crônica de células não
infectadas pelas infecções que são comuns em
pacientes infectados pelo HIV e também pelas citocinas
produzidas em resposta a estas infecções. A ativação
crônica das células T pode predispô-las à apoptose; a
via molecular envolvida neste tipo de morte celular
induzida pela ativação ainda não está definida. A morte
de linfócitos ativados por apoptose pode ser responsável
pela observação de que a perda das células T excede
em muito o número de células infectadas pelo HIV.
112
A tolerância central ocorre durante um estágio de
PROBLEMA 8 maturação dos linfócitos, no qual o encontro com um
antígeno pode levar à morte celular ou à substituição de
um receptor de antígeno autorreativo por outro que não
TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA E AUTOIMUNIDADE apresente esta condição.
A tolerância imunlógica pode ser descrita pela não-
A tolerância periférica desencadeia-se quando
responsividade a um antígeno conseguida por meio de
linfócitos maduros reconhecem autoantígenos e morrem
uma exposição prévia ao mesmo. Quando linfócitos
por apoptose ou quando se tornam incapazes de serem
específicos encontram antígenos, estes podem ser
ativados pela reexposição àquele antígeno. Essa
ativados, induzindo respostas imunológicas; esses
tolerância pode ser mantida também por células T
linfócitos também podem ser inativados ou eliminados,
regulatórias, que suprimem linfócitos T autoantígeno-
levando à tolerância. Quando um antígeno causa
reagentes.
tolerância, ele é chamado de tolerógenos, ou antígenos
tolerogênicos, quando causa resposta imune, é
A indução da tolerância imunológica foi explorada
chamado de imunógeno.
como abordagem terapêutica para a prevenção de
respostas imunológicas prejudiciais. A indução da
A tolerância aos autoantígenos, também chamada de
tolerância também pode ser útil para prevenir reações
autotolerância, é uma propriedade fundamental do
imunológicas contra os produtos de novos genes
sistema imunológico normal; a falha na autotolerância
expressos em protocolos de terapia gênica, para
resulta em reações imunológicas contra antígenos
prevenir reações a proteínas injetadas em pacientes
próprios (autoantígenos ou antígenos autólogos). Essas
com deficiências proteicas (p. ex., hemofílicos tratados
reações são conhecidas pelo nome de
com fator VIII) e para promover a aceitação em
“autoimunidade”, e as doenças causadas pelas
transplantes de células-tronco.
mesmas são denominadas doenças autoimunes.
TOLERÂNCIA CENTRAL DOS LINFÓCITOS T
TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA
A tolerância central dos linfócitos T CD4+ é um
Geralmente, os indivíduos são tolerantes aos seus
importante mecanismo para a manutenção do controle
próprios antígenos porque os linfócitos com
das reações aos autoantígenos tanto da resposta
especificidade para os autoantígenos encontram-se
mediada por célula e também a humoral. Isso porque as
inativos ou com seus receptores alterados.
células T auxiliadoras são indutoras de respostas de
ambos os mecanismos.
A autotolerância pode ser induzida em linfócitos
autorreativos imaturos nos órgãos linfoides centrais
Durante sua maturação no timo, muitas células T
(tolerância central) ou em linfócitos maduros em locais
imatura passam por um processo de seleção negativa,
periféricos (tolerância periférica).
no qual células são deletadas ou se tornam T
regulatórias, quando reconhecem autoantígenos. Essa
etapa é dependente a especificidade dos MHC de classe
I e II aos autoantígenos do timo. Se os timócitos tiverem
contato com antígenos do timo e tiverem afinidade,
serão selecionados negativamente.
114
Os pacientes com câncer tratados com anticorpos
que bloqueiam o CTLA-4 ou PD-1, com o intuito de
remover a inibição e impulsionar suas respostas
imunes antitumorais, também desenvolvem reações
autoimunes contra muitos tecidos.
FATORES GENÉTICOS
O risco hereditário para a maior parte das doenças
autoimunes é atribuído a inúmeros loci genéticos, dos
Imunologia Básica, Abbas, 2014 quais a maior contribuição é a dos genes que expressam
MHC.
AUTOIMUNIDADE
A autoimunidade é definida pela resposta imune a A incidência de uma doença autoimune em particular
antígenos próprios (autólogos) e está associada a frequentemente é maior em indivíduos que herdaram um
fatores genéticos e ambientais. Prevalência de 2 a 5% alelo do HLA em particular do que na população em
em países desenvolvidos. Em casos de doenças geral. Apesar da associação clara dos alelos do MHC a
associadas a resposta imune descontrolada, também diversas doenças autoimunes, o papel desses alelos no
são chamadas de autoimunes, embora não tenham desenvolvimento das doenças permanece
ligação direta com o reconhecimento de antígenos desconhecido.
próprios.
Uma possível explicação é que as moléculas de MHC
são importantes para a apresentação de antígenos
PATOGÊNESE
próprios no timo, que pode atrapalhar a seleção negativa
Os principais fatores no desenvolvimento da das células defeituosas. Também, os peptídeos
autoimunidade são a herança de genes suscetíveis e os antigênicos apresentados por esses alelos do MHC
estímulos ambientais como infecções. A lesão tecidual podem falhar em estimular as células T reguladoras.
pode ocorrer em virtude de anticorpos para os próprios Logo, mutações nos alelos HLA podem causar inúmeras
tecidos ou de linfócitos T reativos aos antígenos condições.
próprios. Os fatores externos, como lesões podem ativar
linfócitos autorreativos e dar início ao dano tecidual. Os polimorfismos nos genes não HLA são
associados a diversas doenças autoimunes e
Embora existam várias doenças do tipo caracterizadas, podem contribuir com a falha de autotolerância ou
os antígenos em si, que são responsáveis pela indução ativação anormal dos linfócitos.
de resposta, são muito difíceis de serem identificados
117
Fonte:
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Google imagens
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acessos
Imunologia Ilustrada
123
PROBLEMA 9
RESPOSTA IMUNE A PARASITAS
As doenças infecciosas causadas por agentes parasitas
animais, especialmente, por protozoários, helmintos e
ectoparasitas. Geralmente, as respostas imunes inatas
são insuficientes para esses patógenos e eles possuem
inúmeros mecanismos de evasão à resposta adaptativa Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015
PROTOZOÁRIOS
A principal resposta imune a protozoários é a
fagocitose. Entretanto, muitos representantes desse
reino podem ser resistentes aos macrófagos e inclusive
se replicar no interior deles. Eles podem ser identificados
graças a expressão de moléculas de superfície que
podem ser identificadas pelos TLRs.
Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015
As espécies de Plasmodium (o protozoário responsável
pela malária), o Toxoplasma gondii (o agente que causa O perfil TH1 é responsável pela liberação de IFN-γ e
a toxoplasmose), e espécies de Cryptosporidium (o TNF-α. Isso faz com que macrófagos M1 (cuja função
principal parasita que causa a diarreia em pacientes principal é a citotoxicidade), ativados pela via clássica, e
infectados pelo HIV), todos expressam lipídios glicosil estimuladores de IL-1, IL-12, IL-23, TNF-α, NO e
fosfatidilinositol que podem ativar TLR2 e TLR4. CXCCL10, expressem atividade específica contra os
patógenos. (Neves, 2015)
HELMINTOS
Para helmintos a resposta inata consiste na ação de O perfil TH2 é responsável pela inibição de uma resposta
fagócitos que podem atacar esses parasitas ao secretar imune e agravamento dos danos ao corpo pelo avanço
substâncias digestivas que degradam suas membranas da ação do patógeno. A ativação alternativa dá-se
e causam dano nos seres que são grandes demais para quando os macrófagos estão expostos a um
serem fagocitados. Alguns, também podem ativar a via microambiente constituído por interleucinas do tipo IL-4,
do complemento, que pode causar a lise. IL-13, IL-10 ou corticosteroides, podendo ter a influência
de TGF-β ("transforming growth factor-beta") e de PGE2
RESPOSTA ADAPTATIVA A PARASITAS (prostaglandina E2). (Neves, 2015) IL-10 inibe M1.
A resposta adaptativa para parasitos, assim como a
A ação supressora das citocinas liberadas pelo perfil T H2
resposta inata, varia de acordo com características
promove o agravamento dos danos causados pelo
químicas e morfológicas, assim como o ciclo de vida, de
aumento da sobrevivência do parasita graças à inibição
cada tipo específico de patógeno.
da via clássica. Esse perfil está relacionado à fibrose e
cicatrização, assim como restauração do estado original.
A citocina IFN-γ tem sido apresentada como protetora
124
em muitas infecções por protozoários, incluindo malária, MECANISMOS DE EVASÃO À RESPOSTA IMUNE
toxoplasmose e criptosporidiose, enquanto a liberação
de IL-4 em resposta a protozoários pode aumentar a
suscetibilidade maior de dano. O macrófago M2 age
removendo detritos, resolução da inflamação e
aumentando a contratilidade do músculo liso. Imunologia Celular e Molecular, Abbas, 2015
PATOGENICIDADE
Os trofozoítos da Giardia podem causar a deformação e
o rompimento das vilosidades intestinais graças à sua
aderência. Sabe-se que esses protozoários podem
secretar várias substâncias citopáticas, incluindo
proteases, inclusive capazes de agir sobre
glicoproteínas das vilosidades. Entretanto, o mecanismo
mais conhecido é a relação com o sistema imune.
MORFOLOGIA
Apresenta as fases: trofozoíto, cisto, pré-cisto e
metacisto.
Google Imagens
PATOGENICIDADE
Sabe-se, hoje, que a patogenicidade atrelada à
amebíase está relacionada ao ciclo dos trofozoítos
invasivos. Acredita-se que a E. histolytica consiga
invadir a mucosa intestinal mediante a lesão da célula
subjacente.
128
IMUNIDADE Alimentos também podem ser contaminados por cistos
veiculados nas patas de baratas e moscas (essas
A E. histolytica induz respostas celular e humoral em
também são capazes de regurgitar cistos anteriormente
humanos e animais, mas isto não é indicativo de
ingeridos).
imunidade efetiva após a infecção. A exacerbação da
doença pela imunossupressão sugere, por outro lado, a
Estima-se que existam cerca de 480 milhões de pessoas
função protetora dos desconhecidos mecanismos de
no mundo infectadas com a E. histolytica, das quais
defesa. Anticorpos específicos locais e circulantes são
lO% apresentam formas invasoras, isto é, alterações
produzidos regulamente durante a amebíase invasiva.
intestinais ou extra- intestinais. Essa incidência,
entretanto, é muito variável dentro de cada país,
A existência de reação de tipo imediato na pele (intra-
independentemente das condições climáticas.
dermorreação), a elevação de títulos de IgE e as IgE
específicas antiamebianas sugerem a ocorrência de
No Brasil, a amebíase apresenta grande diversidade no
anafilaxia. Também é observada hipersensibilidade
número de indivíduos infectados ou com sintomatologia
retardada, paralelamente com a amebíase hepática. A
da doença, variando de região para região. No Sul e
elucidação da reação antiamebiana é complicada pelo
Sudeste do país, a prevalência varia de 2,5% a 11%, na
grande número de componentes antigênicos existentes
Região Amazônica atinge até 19%, e nas demais
na E. histolytica que podem induzir respostas diversas.
regiões fica em tomo de 10%.
O exame direto das fezes sem conservador é muito Google Imagens. A. duodenale
importante na distinção entre a disenteria amebiana e a • Bunostominae: espécies que possuem
bacilar. Nesta última, o número de evacuações é sempre lâminas cortantes circundando a margem da
maior, com tenesmo intenso e grande número de boca (ex.: N. americanus).
piócitos e hemácias intactas. Isto normalmente não
ocorre na disenteria amebiana.
EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO
O mecanismo de transmissão ocorre através de
ingestão de cistos maduros, com alimentos (sólidos ou
líquidos). O uso de água sem tratamento, contaminada
por dejetos humanos, é um modo frequente de
contaminação; ingestão de alimentos contaminados
(verduras cruas - alface, agrião; frutas - morango) é
importante veículo de cistos.
Google Imagens. N. americanus
129
MORFOLOGIA Após entrar na pele, ele escapa da cutícula externa e se
movimentando, entram nos tecidos liberando enzimas
Necator americanus: forma cilíndrica, com extremidade
parecidas com colagenases, facilitando o acesso aos
cefálica bem curvada dorsalmente, cápsula bucal
tecidos. Da pele, vai para a circulação sanguínea ou
profunda, com duas lâminas cortantes, semilunares, em
linfática, e chegam ao coração, indo, pelas artérias
regiões mais externas e internas.
pulmonares, para os pulmões. Fica de dois a sete dias
em fase L3 e perdem a cutícula, se transformando em
Macho menor do que a fêmea, medindo 5 a 9mm de
larva de quarto estádio (L4).
comprimento por 300µm de largura; bolsa copuladora
bem desenvolvida, com lobo dorsal simétrico aos dois
Atingindo os bronquíolos, “pegam carona” na secreção
laterais; gubernáculo ausente.
e nos movimentos ciliados da árvore brônquica em
direção à traqueia, faringe e laringe, onde são engolidos
Fêmeas medem 9 a 11 µm de comprimento por 350p de
e chegam ao intestino.
largura, com abertura genital próxima ao terço anterior
do corpo; extremidade posterior afilada, sem processo
No intestino delgado, após oito dias, inicia-se o
espiniforme terminal; ânus antes do final da cauda.
parasitismo hematófago, prendendo-se à mucosa do
intestino pela capsula bucal. O parasito então entra na
CICLO fase final L5, iniciando a reprodução e isso e ocorre
depois de 15 dias depois do início da infecção. No
estágio final, iniciam a postura.
PATOGENICIDADE
As causas primárias da doença podem ser: migração de
larvas e implantação do parasito ao intestino. A etiologia
secundária se refere à permanência dos parasitos no
intestino delgado e estão também associados a
questões bioquímicas e fisiológicas da infecção.
130
IMUNIDADE
Na fase aguda, a eosinofilia é o marco mais importante,
com uma elevação discreta nos níveis de IgE e IgG. Na
fase crônica, observa-se, além da eosinofilia, el0evação
de IgE, IgA, IgG e IgM. Os anticorpos só aparecem
nessa fase e conseguem garantir imunidade às
infecções posteriores.
DIAGNÓSTICO
Os exames de fezes, por método qualitativo que
indica ou não presença de ovos de ancilostomídeos,
são feitos pelos métodos de sedimentação
espontânea (Hoffman, Pons e Janner), de
sedimentação por centrifugação (Blagg e cols.,
método de MIFC), e de flutuação (Willis).
EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO
Nos seres humanos, a ancilostomose ocorre
preferencialmente em crianças com mais de seis anos,
adolescentes e idosos. Nos idosos, podem sobreviver
mais e, no caso do A. duodenale, são postos cerca de
22 mil ovos, enquanto no N. americanos, 9 mil ovos.
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2014.
131
Entretanto, diferentemente de outras imunoglobulinas,
PROBLEMA 9 as concentrações, mesmo após infecções são muito
difíceis de medir. Isso ocorre devido:
• À menor meia-vida (quando ligado a mastócitos,
REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE pode chegar a 10 dias);
Se referem a respostas imunes exageradas ou • À produção ocorre em menores quantidades
inapropriadas a antígenos inofensivos, por exemplo. (geralmente em resposta a alérgenos e a
parasitos);
Existem quatro tipos: • À disponibilidade reduzida graças ao sequestro
• Tipo I: alérgeno reage com Ig; de IgE garantido pelos mastócitos e basófilos.
• TipoII: antígeno da superfície celular induz
inflamação (IgG ou IgM);
• Tipo III: deposição de complexos imunes (com
ativação do complemento ou não);
• Tipo IV: antígeno ativa células T, que ativam
macrófagos que liberam mediadores.
IMUNOGLOBULINA E
Em 1921, Küstner, alérgico a peixe, inoculou seu soro
em Prausnitz, alérgico a pólen e não a peixe e viu que
havia transferência de hipersensibilidade. O teste P-K
recebe esse nome por causa deles.
CÉLULAS ENVOLVIDAS
Mastócitos: apresentam histamina (característica Fonte: Imunologia – Roitt, 6ª Ed.
exclusiva deles e dos mastócitos, nos humanos).
Expressam FcεRI de alta afinidade mesmo em estado de
repouso (assim como os basófilos e essa é outra TESTES CUTÂNEOS PARA O DIAGNÓSTICO E
característica exclusiva). Não podem ser identificados INVESTIGAÇÃO
na circulação, estão somente em tecidos As respostas podem ser induzidas por puntura cutânea
conjuntivos e nas membranas das mucosas. Nas com agulha calibre 25 para introduzir 0,1 µL de extrato
mucosas, apresenta grânulos com triptase (age como na pele. A resposta cutânea característica da
um fator de crescimento para fibroblastos) e sem hipersensibilidade tipo I é a pápula com eritema. A
quimase (age degradando mediadores inflamatórios) e pápula é causada pelo extravasamento de soro dos
nos tecidos conjuntivos, apresenta tanto quimase como capilares sanguíneos da pele, o que é resultado da ação
triptase. histamínica. O eritema é causado por um reflexo axonal
e o prurido também é causado pela ação da histamina.
Basófilos: apresentam histamina e FcεRI de alta
afinidade no repouso. São circulantes e geralmente não A resposta positiva é confirmada pela presença de
estão presentes nos tecidos normais, mas podem ser eritema de 3x3 mm em crianças e 4x4 mm em adultos.
recrutados na presença de citocinas. Apresentam Em 80% dos casos, o paciente apresenta IgE nos
pequenas quantidades triptase e quimase. mastócitos da pele. O resultado positivo indica
probabilidade maior de apresentar a hipersensibilidade.
A degranulação dessas duas células ocorre com a fusão
de bolsas de histamina à membrana com subsequente Resposta lenta e tardia: podem ocorrer após a resposta
secreção, geralmente associada com a reação cruzada imediata na pele ou pulmões. Só é comum após
de IgE. Esse reconhecimento leva ao influxo de cálcio, resposta intensa com eritema 10x10 mm, de 2 a 3 horas
que leva à produção de citocinas, que ativam a após a pápula, podendo perdurar por até 24 horas.
fosfolipase A2, que hidrolisa fosfolipídeos da membrana Geralmente, estão associadas a inflamações
em ácido araquidônico, que é convertido em persistentes.
prostaglandinas e leucotrienos. O cromoglicato
dissódico bloqueia o influxo de cálcio e pode ser usado
para o tratamento de alergias. O cromoglicato sódico e SINTOMAS DA DOENÇA ALÉRGICA
a teofilina inibem a liberação de histamina dos À priori, acontece, depois de 15 minutos da reação com
mastócitos, mas não dos que estão presentes nas o antígeno, a liberação de mediadores como a
mucosas. Isso é importante para a reação da asma. histamina. Geralmente, as respostas alérgicas
apresentam TH2, IgE, IgG4, IgA e IgG. Nos asmáticos,
Existem fatores genéticos associados à doença alérgica, as paredes brônquicas caracterizam-se por alto nível de
já que se um dos pais possuir a sensibilidade, a chance linfócitos TH2, eosinófilos e produtos de eosinófilos.
de o filho também ter é de 30%. Se ambos possuírem, Também, há alta de NO.Alguns fatores desencadeiam
50%. os sintomas, como:
133
• IL-5 e TNF-α atraem mastócitos –que liberam ação da fosfolipase A, que aumenta a síntese de
histamina e LTD4, que causam broncoespasmo prostaglandinas e leucotrienos.
imediato, ao induzi edema, aumento da
secreção de muco e contração da musculatura
REAÇÕES CONTRA ERITRÓCITOS E PLAQUETAS
lisa– e basófilos, que liberam seus conteúdos;
• Mastócitos e basófilos liberam quimiocinas Uma reação transfusional pode ocorrer quando o
(que atraem eosinófilos, neutrófilos, linfócitos e receptor possui anticorpos reagentes aos eritrócitos do
macrófagos) LTB4 (leucotrieno B4, quimiotáxico doador. Por exemplo.
para neutrófilos e mediador da inflamação), IL-5 • No ABO: antígeno é um carboidrato das
e TNF- α; glicoproteínas (IgM);
• Células T liberam citocinas inflamatórias. • No Rh: antígeno é uma proteína da membrana,
de 30kDa (IgG);
Hiper-reatividade brônquica não específica (BHR): • No MN: antígeno é um segmento N-terminal
está presente nos pacientes com asma e é uma glicosilado daglicoforina A, presente na
característica importante da doença. A obstrução pode membrana (IgG);
ser induzida por ar frio ou atividade física e tem • No Ss: antígeno na glicoforina B(IgG);
participação dos neutrófilos (enzimas lisossomais), • No Kell: antígeno Kell, uma zinco-
basófilos (histamina e citocinas), eosinófilos (MBP- endopeptidase (IgG).
proteína basal principal e ECP- enzima catiônica dos
eosinófilos) e monócitos (prostaglandinas). PROVA CRUZADA:
Forma de garantir que o soro do receptor não contenha
↑[MBC] e ↑[ECP] = ↑Infiltração eosinofílica anticorpos contra os eritrócitos do doador.
134
próprios eritrócitos. O complexo droga-anticorpo complexos, que saturam os mecanismos de
adsorvido com a ativação do complemento causa lise. remoção. Nesse ponto, eles se acumulam nos
tecidos. Ex.: Glomerulonefrite.
REAÇÕES CONTRA CÉLULAS SANGUÍNEAS: LÚPUS • Inalação de material antigênico: os
ERITEMATOSO SISTÊMICO E TROMBOCITOPENIA complexos podem ser formados nas superfícies
corporais após o contato com antígenos
Antígenos citoplasmáticos de neutrófilos (ANCAs): a
extrínsecos. Pode ocorrer com o contato com
proteinase-3 (C-ANCA), por exemplo, quando
fungos, plantas ou animais. Nesse caso, a
reconhecida por um anticorpo, pode dar origem à
resposta primária é com IgG. Ex.: Pulmão de
Granulomatosa de Wegener.
fazendeiro e de criador de pombos, em que o
antígeno são fungos actinomicetos presentes no
No caso do LES, anticorpos contra a mieloperoxidade,
feno e nas fezes.
presente nos grânulos perinucleares (P-ANCA), podem
ser causadores de reação hipersensível.
MECANISMOS DE REAÇÃO
Anticorpos contra plaquetas, como encontrados em 80% Os complexos induzem a liberação de aminas
dos casos de púrpura trombocitopênica. Ocorre vasoativas pelos basófilos e plaquetas. Os macrófagos,
depuração acelerada das plaquetas circulantes, por sua vez, são estimulados a liberar interleucinas e
mediada por macrófagos esplênicos. No LES, pode outras citocinas (IL-1 e TNF-α) importantes para a
haver reação contra a cardiolipina e outros fosfolipídeos, resposta inflamatória.
o que pode interromper a coagulação
Essas citocinas ativam o complemento, originando
REAÇÕES CONTRA ANTÍGENOS TECIDUAIS anafilatoxinas C3a eC5a, que estimulam a liberação de
histamina e 5-hidroxiptidamina. O C5a é um
Na síndrome de Goodpasture, há anticorpos,
quimiotáxico para neutrófilos, basófilos e eosinófilos, e
geralmente IgG, contra o colágeno tipo IV, um
sua ação pode causar microtrombos.
componente da membrana basal glomerular, de forma
com que haja reação e consequente nefrite.
136
CD4+, sendo que as T CD8 são menos expressivas e as REFERÊNCIA
CD4+ de memória representam menos de 1%.
ROITT, Ivan; BROSTOFF, Jonathan; MALE,
Um fato interessante é que as células de Langerhans, David. Imunologia. 6. ed. Barueri: Manole, 2003. 481 p.
ao se locomoverem, liberam quimiocinas que atraem o
perfil TH1. Isso se chama efeito chamariz.
HIPERSENSIBILIDADE GRANULOMATOSA
Também causada por M. tuberculosis e M. leprae, e
pode ocorrer em reação ao zircônio, berílio e
hipersensibilidade na sarcoidose. O granuloma de
corpo estranho pode ocorrer com o talco, sílica e outros
agentes particulados que os macrófagos são incapazes
de digerir. Nesse caso, os macrófagos secretam
citocinas cronicamente, e, inclusive, TNF, de forma com
que surgem lesões e aparecem células epitelioides
pela junção dos monóciotos. Essas células, por sua
vez, podem se unir formando células gigantes
multinucleadas. Na lesão fibromatosa, há células
epitelioides, macrófagos e, ao redor, uma bainha de
células T, podendo apresentar fibrose graças à
proliferação de fibroblastos.
137
RESUMÃO DE CITOCINAS
139
Fonte: Roitt, 6ª Ed.
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140