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NEUROFIOSIOLOGIA
Thalia Michele Vier Schmitz
Medicina UFRGS
ATM 2024/01
Sumário
SINAPSES ............................................................................................................................... 4
SOMESTESIA ......................................................................................................................... 8
NOCICEPÇÃO....................................................................................................................... 12
AUDIÇÃO ............................................................................................................................. 15
OLFAÇÃO ............................................................................................................................. 18
GUSTAÇÃO .......................................................................................................................... 19
VISÃO ................................................................................................................................... 23
VIAS DA VISÃO ............................................................................................................... 26
PROPRIOCEPÇÃO E CONTROLE DE MOVIMENTOS ...................................................... 29
CONTROLE DE MOVIMENTOS ...................................................................................... 29
Reflexo miotático ou de estiramento ................................................................................ 29
Efeitos das toxinas botulínica e tetânica ........................................................................... 34
Reflexo do órgão tendinoso de golgi – reflexo miotático reverso...................................... 35
Reflexo flexor ou de retirada ........................................................................................... 35
Reflexo extensor cruzado ................................................................................................ 36
Secção completa da medula espinhal ............................................................................... 37
LOCOMOÇÃO ...................................................................................................................... 37
APARELHO VESTIBULAR E TÔNUS MUSCULAR ........................................................... 40
TÔNUS MUSCULAR ........................................................................................................ 43
CÓRTEX MOTOR E CÓRTEX MOTOR ASSOCIATIVO .................................................... 46
NÚCLEOS DA BASE ............................................................................................................ 49
CEREBELO ........................................................................................................................... 54
ELETROENCEFALOGRAMA E CICLO DE SONO-VIGÍLIA ............................................. 62
SONO ................................................................................................................................. 64
SISTEMA NEUROVEGETATIVO = SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO.......................... 70
MICÇÃO ............................................................................................................................ 75
EREÇÃO ............................................................................................................................ 76
DIVISÃO ENTÉRICA DO SISTEMA NEUROVEGETATIVO ......................................... 76
MEMÓRIA............................................................................................................................. 78
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Resumo de Neurofisiologia Thalia Michele Vier Schmitz – ATM 2024/1
SINAPSE E
SOMESTESIA
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SINAPSES
→ Sistema nervoso:
Grande rede de comunicação;
Meio de condução de informações do centro para a periferia e vice-versa;
Interpreta e organiza as mensagens recebidas, respondendo-as;
Linguagem utilizada pelo sistema: transmissão sináptica = potenciais de ação.
A sinapse ocorre entre células nervosas.
→ Sinapse
Pequeno espaço, preenchido por líquido extracelular, redes do sistema vascular e
neurotransmissores. A rede vascular, por exemplo, traz as medicações, que
geralmente atuam sobre as sinapses.
o O líquido extracelular, se estiver mais ou menos denso, altera a sinapse.
É um ponto de conexão entre um neurônio e outro.
→ Célula pré-sináptica
Libera neurotransmissores das vesículas, com o auxílio do íon cálcio. A
concentração de cálcio livre no citoplasma é baixa. As concentrações de cálcio
no meio extracelular e no retículo endoplasmático liso são altas. Assim, a célula
consegue responder rapidamente às alterações nos níveis de cálcio intracelular.
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→ Potencial limiar
Valor do potencial de membrana que deve ser ultrapassado para que ocorra o
potencial de ação (abertura de canais de sódio suficientes para se passar do
limiar).
→ Elementos da sinapse
Célula pré-sináptica, célula pós-sináptica e astrócitos (células da glia no geral).
→ Íon Cálcio
Promove o extravasamento do conteúdo das vesículas do terminal axônico →
exocitose. Ele promove a ligação das vesículas e suas proteínas a proteínas
específicas da membrana pré-sináptica, formando o complexo SNARE.
Observação: pode haver complexo SNARE sem a presença do íon cálcio, porque esse
íons, na verdade, atua alterando a forma das proteínas que compõem o complexo
SNARE, resultando em exocitose.
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→ Receptores
São proteínas de membrana;
Neurotransmissor → receptor → alteração do formato da proteína →
permeabilidade a determinados íons alterada (exemplo: entrada de sódio e saída
de potássio) → mudança na atividade da célula.
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→ Integração sináptica
Cerca de 10 mil sinapses são recebidas por cada neurônio;
A atividade do neurônio depende do balanço entre sinapses excitatórias e
inibitórias;
O receptor define se a sinapse será excitatória ou inibitória;
O núcleo controla a quantidade e o tipo de receptores disponíveis na membrana;
O mesmo neurotransmissor pode “causar” a excitação e a inibição e um
neurônio – já que isso depende do receptor;
Em geral, o término da síntese de neurotransmissor se dá no fim do terminal
sináptico.
A síntese de neuropeptídeos se dá no corpo celular porque necessita da síntese
protéica coordenada pelo núcleo. Exemplo: substância P.
→ Transporte axonal
Citoesqueleto → microtúbulos (os quais ficam comprometidos na doença de
Parkinson);
Anterógrado (do corpo celular para o axônio) e retrógrado.
→ Sinapses elétricas
Exemplo: olho
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Estrutura chave – GAP JUNCTIONS: canais que formam poros entre células
nervosas. O potencial de ação passa direto da célula pré para a célula pós-
sináptica, sem neurotransmissores. É uma sinapse mais rápida e bidirecional (ao
contrário da sinapse química).
→ Junção neuromuscular
Acetilcolina (ACh);
Placa motora: região da célula muscular em contato com a célula nervosa pela
sinapse;
Canais sensíveis à acetilcolina, permitindo a entrada de sódio. São receptores
colinérgicos. A despolarização abre canais de sódio voltagem-dependentes nas
reentrâncias da placa motora, gerando o potencial de ação → ativação do
sarcômero.
Miastenia gravis: alteração da placa motora (ataque por anticorpos). Ocorre a
perda das invaginações e diminuição do número de receptores na membrana da
célula muscular. Resultado: menos despolarização, que leva a menos ativação ou
ao comprometimento da contração muscular. Profilaxia: pode-se aumentar a
quantidade de neurotransmissor acetilcolina com drogas que mimetizam o seu
efeito.
SOMESTESIA
→ Receptor sensorial
São estruturas mais ou menos especializadas, cuja função é a de
tradução/transdução do sinal numa linguagem própria do sistema nervoso → os
potencias de ação. A interpretação é feita pelo Sistema Nervoso Central, como o
córtex cerebral ou outras partes/estruturas;
O estímulo não entra no organismo → ele é traduzido para executar a sua
função;
Os receptores costumam ser específicos para traduzir um determinado
estímulo/categoria de estímulos;
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→ Receptor sensorial
Terminação/extremidade de uma fibra nervosa → neurônio sensorial.
→ Campo receptivo
Área do nosso corpo inervada por uma fibra nervosa determinada. Quanto menor
for o campo receptivo, maior é a sensibilidade (há maior densidade de
receptores) e a capacidade de distinguir estímulos (discriminação).
→ Estesiômero
Instrumento utilizado para medir a discriminação sensorial. Dois pontos serão sentidos
como um único porque estão estimulando apenas um campo receptivo que é inervado
por apenas uma fibra nervosa.
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NOCICEPÇÃO E
AUDIÇÃO
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NOCICEPÇÃO
O processo
Sinal/estímulo nocivo → nociceptor → medula espinhal → Sistema Nervoso Central. A
partir do nociceptor, também ocorre o reflexo axônico, que é o retorno do estímulo para
a região lesada. Além de estimular células na medula e enviar essa informação para
áreas mais centrais, o nociceptor, com a substância P, no reflexo axônico, atua sobre os
vasos sanguíneos, estimulando a dilatação muscular, e causando edema (extravasamento
do líquido vascular), com o objetivo de trazer mais suprimento sanguíneo para o tecido,
bem como facilitar a diapedese de células do sistema imunitário para o tecido que está
sendo lesado. Por meio da substância P, esse nociceptor também estimula os mastócitos
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beta) porque a amplitude desses potenciais de ação desse tipo de fibra é maior, e acabam
prevalecendo. São conduzidos mais rapidamente ao SNC.
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→ Classes de dor
Dor nociceptiva: lesão tecidual e inflamação;
Dor neuropática: injuria direta de nervos centrais e periféricos, levando à
sensação de queimação e choques elétricos (exemplo: herpes).
AUDIÇÃO
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O processo
Vibração do tímpano e dos ossículos → vibração do líquido perilinfático →
movimentação da membrana basilar → movimentação das células e de seus cílios, que
estão em contato com a membrana tectórica.
→ Há adaptação do receptor (nesse caso, da célula ciliada). Proteína miosina se
encontra nos cílios → ela é capaz de tracionar o sistema, diminuindo ou inviabilizando a
abertura de canais de potássio e assim afeta todo o processo.
→ As células ciliadas internas são bem mais inervadas por via aferente do que as
externas, apesar de estarem em menor número. A maior parte da nossa capacidade
auditiva se deve a elas.
→ O íon cálcio pode acionar vias metabólicas que conduzem a morte da célula. Por
isso, estímulos sonoros muito intensos vão gerar muita despolarização das células → há
entrada de muito cálcio. Às vezes, os mecanismos de expulsão do cálcio não dão conta e
ele permanece muito tempo livre dentro da célula, situação na qual ele pode ativar esse
tipo de via metabólica que levará a célula à morte.
→ Células ciliadas recebem inervação eferente do núcleo olivar superior,
especialmente as células ciliadas externas.
→ A via eferente aumenta endogenamente a sensibilidade das células ciliadas. A
estimulação dessas células causa a contração de proteínas contráteis dos cílios →
movimento → abertura de canais de potássio → despolarização. Assim, nosso sistema
nervoso pode produzir sons!!! Em algumas patologias, o SNC pode produzir
estímulos que a pessoa confundirá com sons inexistentes. A via eferente estimula as
células ciliadas por meio de acetilcolina e peptídeo do gene relacionado à calcitonina,
ambos excitatórios.
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OLFAÇÃO
&
GUSTAÇÃO
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OLFAÇÃO E GUSTAÇÃO
OLFAÇÃO
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GUSTAÇÃO
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Observações gerais:
Quanto maior a densidade de receptores somáticos (número de neurônios por
unidade de área), tanto mais neurônios haverá no córtex cerebral para processar essa
informação. Quanto menor for o campo perceptivo na periferia, mais fina será a
percepção, justamente porque há mais neurônios no córtex responsáveis pelo
processamento desses estímulos. O homúnculo de Penfieldfaz essa representação
cortical.
Há áreas no córtex responsáveis por processar informações de vias de adaptação
lenta, e outras para vias de adaptação rápida.
Há, também, no córtex, uma redundância – uma mesma parte pode processar
informações vindas de diferentes partes do corpo. Assim, se uma determinada área
sofrer uma injúria, então outras partes poderão seguir realizando a sua função de
interpretar essas informações, já que uma mesma área periférica, às vezes, envia
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informações para mais de uma área cortical. Essa capacidade é relacionada com a
plasticidade cerebral.
Dor do membro fantasma -o membro se foi, mas os neurônios que
interpretavam as informações que vinham dele continuam no córtex. Com o tempo,
outras vias passam a utilizar essa área do córtex. Assim, no início, quando essas novas
vias são estimuladas, a pessoa pode ter a impressão de que aquele membro – que já não
existe – fora estimulado.
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VISÃO
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VISÃO
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estimulação máxima, porque eu estarei incidindo a luz sobre células que ficam
OFF sob ação dela.
→ As células ON possuem receptores inibitórios para o glutamato associados à
proteína G.
→ As células OFF possuem receptores excitatórios para o glutamato do tipo
AMPA – ionotrópico.
O que isso significa? Entender os tipos de receptores é crucial para
compreender a “reação” de cada célula sob o estímulo da luz. Quando um cone
ou bastonete é estimulado pela luz, ele acaba por reduzir a liberação de
glutamato. No caso da célula ON, na qual o glutamato possui uma ação
inibitória, liberar menos glutamato sobre ela significa diminuir a inibição e, por
isso, diz-se que ela fica ligada para a luz. Utilizar esse raciocínio permite
entender porque as células OFF se “desligam” sob estímulo da luz.
Já no caso das células ganglionares, elas simplesmente reduzem a sua atividade
porque a célula bipolar com a qual elas fazem sinapse reduziram a sua atividade,
liberando menos glutamato. Então, sob estímulo da luz, as células ganglionares estão
menos ativas.
VIAS DA VISÃO
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SISTEMA MOTOR
PROPRIOCEPÇÃO
REFLEXOS
MEDULARES
LOCOMOÇÃO
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CONTROLE DE MOVIMENTOS
Um movimento pode ser gerado por estimulação oriunda do córtex cerebral, por
meio da estimulação de certos músculos para gerar o movimento desejado.
Um movimento pode ser gerado por um estímulo, desde que esse tenha um
receptor e o estímulo seja capaz de gerar um potencial de ação. É como um sistema de
feedback/retroalimentação: o estímulo é traduzido e tem-se um reflexo a partir disso –
uma resposta ao estímulo recebido e conduzido pelas vias aferentes.
→ Tipos de movimentos: voluntário, autônomo, reflexo.
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Há uma via aferente do tipo 1A, que faz sinapse com um interneurônio inibitório
que faz sinapse com o motoneurônio do músculo antagonista na medula – inibição
recíproca: contração do músculo agonista e consequente relaxamento do seu
antagonista – e também faz sinapse com o neurônio motor (motoneurônio Alfa), que
faz sinapse com o músculo agonista (nesse exemplo, o quadríceps).
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contração do músculo flexor. Ao mesmo tempo, essa fibra aferente faz sinapse com um
interneurônio inibitório que faz sinapse com o motoneurônio que inerva o músculo
extensor. Com o outro membro, ocorre exatamente o contrário – porque, por exemplo,
se eu for tirar um pé do chão em decorrência de um estímulo nocivo, o outro precisa se
firmar para segurar-me de pé. Nesse caso, há um reflexo flexor e um reflexo extensor
cruzado. Isso não ocorre sempre – depende do local (ex.: no caso dos membros
superiores isso não é necessário. É um reflexo que só existe enquanto somos bebês e
depois se perde, já que não tem função - não é uma via que se “firma”).
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LOCOMOÇÃO
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APARELHO
VESTIBULAR E
TÔNUS MUSCULAR
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Canais semicirculares
→ São três. Estão dispostos perpendicularmente (90º) um em relação ao outro.
→ São estimulados por aceleração angular.
→ Dentro das ampolas dos canais semicirculares encontras os cílios das células ciliadas
que estão dentro de uma camada gelatinosa denominada de cúpula.
→ Aqui não há otólitos.
→ Quando a pessoa se movimenta, por uma questão de inércia, ela (camada gelatinosa)
se movimenta para o lado contrário, movimento os cílios das células, despolarizando-as.
Por que perdemos o equilíbrio e tendemos a cair depois de ficar girando o corpo
numa mesma direção por um certo tempo?
→ Inicialmente, a endolinfa se movimenta para o lado contrário do movimento. Depois
que o movimento adquire constância (velocidade constante) a endolinfa passa a se
movimentar para o mesmo lado do movimento efetuado pelo corpo. Quando a pessoa
para o movimento, essa endolinfa continua a fluir (por inércia), o que desloca o cílio.
Quando giramos e paramos, há uma estimulação da célula ciliada, que a interpreta como
um movimento. Como a função do núcleo vestibular é manter a postura e coordenar a
contração de músculos adequados para essa situação, quando isso ocorre, há uma
interpretação de que o corpo continua em movimento, e há contração de um conjunto de
músculos que é inadequada à situação apresentada (que é, na verdade, estar parado). O
aparelho vestibular passa a informação de como se o corpo estaria ainda em movimento,
girando.
→ O que bailarinos fazem – fixam a visão em algum ponto – assim, a visão contraria a
informação passada pelo aparelho vestibular de que o corpo continua em movimento. É
um treino que visa desprezar as informações do aparelho vestibular e dar mais ênfase ao
que é recebido por estímulo visual.
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TÔNUS MUSCULAR
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CÓRTEX MOTOR E
CÓRTEX MOTOR
ASSOCIATIVO
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→SASASAS
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CEREBELO E
NÚCLEOS DA BASE
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NÚCLEOS DA BASE
→ A lesão dos núcleos da base leva a várias patologias, como a Doença de Parkinson.
→ Não são executores de movimentos. Eles têm uma ação preponderante sobre o córtex
cerebral.
Núcleos da base: caudado, putámen, globo pálido (segmentos interno e externo),
núcleo subtalâmico, substância nigra.
→ Os núcleos recebem projeções do córtex cerebral de várias outras áreas, como área
motora primária, área pré-motora, áreas motoras suplementares, etc.
→A entrada nos núcleos da base é o estriado (caudado+putamen) – feixe cortico-
estriatal. Essa via cortico-estriatalé excitatória.
→ A saída é o globo pálido, no seu segmento interno.
→ Do globo pálido, essas eferências dos núcleos da base se dirigem ao tálamo e, por
meio dele, ao córtex.
→ A ação dos núcleos da base é por meio da modulação do feixe piramidal (cortico-
espinhal).
→ O córtex cerebral estimula os núcleos da base. Do córtex para o estriado, há uma via
excitatória com o neurotransmissor glutamato.
→ O estriado envia eferências para o globo pálido. Uma via direta – vai do estriado
para o segmento interno do globo pálido, e há uma via indireta – vai do estriado
para o segmento externo do globo pálido, então para o seu segmento interno. Essa
via indireta também atua sobre o núcleo subtalâmico, o qual atua sobre o segmento
interno do globo pálido. Depois de sair do segmento interno do globo pálido, essas
eferências se dirigem para o tálamo e, depois, para o córtex cerebral.
→ O segmento interno do globo pálido tem uma ação inibitória sobre o tálamo. Assim,
o tálamo exerce uma ação excitatória de menor intensidade sobre o córtex cerebral (o
tálamo sempretem uma ação excitatória sobre o córtex – é uma ação endógena).
→ Quando se deseja realizar um movimento e aumentar a atividade cortical, tem-se
como consequência um aumento da atividade talâmica sobre o próprio córtex (na via
direta).
→ Na via indireta, alguns neurônios do estriado enviam projeções para o segmento
externo do globo pálido, o qual atua sobre o núcleo subtalâmico, inibindo-o. Então, uma
atividade cortical irá estimular o estriado, o qual irá inibir o segmento externo do globo
pálido, que normalmente inibe o núcleo subtalâmico. Com a sua atividade reduzida, o
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núcleo subtalâmico estará menos inibido, e executará mais a sua função que é a de
estimular o segmento interno do globo pálido, o qual inibirá mais o tálamo, diminuindo,
assim, a ação do tálamo sobre o córtex.
→ Assim, vê-se que a via direta e a via indireta possuem ações antagônicas em
relação aos seus efeitos sobre o córtex cerebral.
→ A substância nigratem neurônios dopaminérgicos predominantemente. A ação do
córtex estimula o estriado, o qual inibe mais a substância nigra por meio de GABA e a
substância P. Assim, essa libera menos dopamina.
→ A dopamina sobre o estriado tem uma relação dual – tanto excitatória (se ligada aos
receptores do tipo D1) quanto inibitória (se ligada aos receptores do tipo D2). Os
receptores do tipo D1 fazem parte, predominantemente, da via direta. Assim, ela acaba
por ativar a via direta e inibir a via indireta. Assim, a dopamina da substância nigra é,
via de regra, positiva – ela inibe a inibição, por inibir a via indireta.
→ Na Doença de Parkinson, há a morte dos neurônios que sintetizam a dopamina na
substância nigra. Para começarem a aparecer os sintomas motores da doença, mais de
80% dos neurônios dessa região já morreram.
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Doença de Huntington
→É uma doença hereditária dominante (mutação no cromossomo 4 que codifica a
proteína Huntingtina) que inicia na terceira década de vida. Afeta homens e mulheres.
Não hpa modelo experimental para estudo mais aprofundado.
→A lesão primária parece ser uma degeneração do estriado, afetando especialmente
neurônios da via indireta. Como consequência, há uma redução da atividade inibitória
por parte do estriado sobre o segmento externo do globo pálido. Assim, o segmento
externo do globo pálido encontra-se menos inibido e, por isso, consegue liberar mais
GABA, o qual atua sobre o núcleo subtalâmico, inibindo-o. Estando inibido, o núcleo
subtalâmico libera menos glutamato sobre o segmento interno do globo pálido. Assim, o
segmento interno do globo pálido está menos estimulado e, por consequência, reduz a
sua liberação de GABA, o qual inibiria o tálamo. Assim, nesse cenário, o tálamo
encontra-se menos inibido, e por isso sua atividade em relação ao córtex cerebral está
aumentada. As lesões hipercinéticas poderiam assim ser explicadas.
OBSERVAÇÃO: os “x” não indicam que 100% daquela via acabou, mas sim que houve
redução.
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CEREBELO
→ É dividido estruturalmente/anatomicamente em três partes.
→ É uma estrutura essencialmente envolvida com músculos esqueléticos – movimentos
voluntários.
→ Tem as estruturas relacionadas com a preparação/planejamento do movimento que
está por ocorrer – especialmente o hemisfério lateral (cérebro-cerebelo/neocerebelo).
→ Está relacionado com as contrações musculares preparatórias/antecipatórias dos
movimentos que desejamos fazer.
→ Ele recebe informações de receptores proprioceptivos que estão espalhados por todo
o corpo e dirigem as suas informações para a medula espinhal.
→ Por um mecanismo de retroalimentação, ele recebe informações do córtex, de várias
partes, mas também exerce influencia sobre ele (especialmente na área 6 de Broadmann,
a área pré-motora).
→ Não há uma via direta do córtex cerebral para o cerebelo – esses neurônios fazem
primeiro sinapse nos núcleos pontinhos. Os neurônios que se dirigem para o córtex
cerebral a partir do cerebelo fazem primeiro sinapse no tálamo. Não há vias diretas em
ambas as direções.
→ O cerebelo compara o planejamento motor do córtex com a situação corporal do
organismo (em relação à postura, por exemplo, para que o cerebelo consiga ajudar a
arquitetar o movimento desejado da forma mais perfeita possível).
→ As funções do cerebelo são descritas principalmente por meio dos achados clínicos
em pacientes que tiveram algum tipo de dano cerebelar.
→ Os movimentos, para que sejam precisos (por exemplo: acertar algum ponto no
espaço) exigem uma função cerebelar em boas condições, especialmente se o paciente
for testado de olhos fechados (porque com os olhos abertos, a via da visão também
acaba por guiar o movimento).
→ Quando um paciente tem lesão cerebelar, ele tende a errar várias vezes até conseguir
atingir determinado ponto (como a ponta do nariz), isso porque assim o paciente
somente tem como guia os receptores proprioceptivos periféricos.
→ Disdiadococinesia: capacidade de mover duas partes do corpo com movimentos
alternados e opostos, uma em relação a outra, e aproximá-las precisamente (exemplo:
bater palmas).
→ Alterações na velocidade do movimento também são decorrentes do funcionamento
do cerebelo.
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→ Uma lesão cerebelar no hemisfério direito irá causar prejuízos no lado direito do
corpo – é ipsilateral.
→ As eferências do cerebelo – especialmente aquelas que saem do cérebro-cerebelo e
fazem sinapse com o núcleo profundo denteado – atuam sobre o feixe córtico-espinhal
(feixe piramidal).
→O corte executa o movimento “bruto” e o cerebelo lapida esses movimentos.
→O núcleo vestibular é tanto aferente como eferente em relação ao cerebelo. As
fibras eferentes do núcleo vestibular em relação ao cerebelo são somente fibras em
trepadeira. Em definição, as fibras em trepadeira são “residentes” do núcleo vestibular.
Dos demais núcleos, saem fibras musgosas.
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Estrutura do cerebelo
Estrutura histológica: 3 camadas – camada molecular, camada das células de
Purkinje e camada granular.
A célula eferente do córtex cerebelar é a célula de Purkinje.
Células que entram no cerebelo: fibras ou células em trepadeira (seu corpo
celular está na oliva inferior e fazem sinapse diretamente com as células de
Purkinje) e fibras musgosas (seu corpo celular está nos núcleos pontinos, e elas
não fazem sinapse diretamente com as células de Purkinje – elas fazem sinapse
com as células granulares, as quais fazem sinapses com as células de Purkinje).
→As células de Purkinje são células que inibem os neurônios localizados nos núcleos
profundos.
→ As entradas ao cerebelo, por meio das fibras em trepadeira que atuam diretamente
sobre as células de Purkinje, e as fibras musgosas que atuam primeiramente sobre as
células granulares, são vias excitatórias.
→ Os núcleos profundos têm uma ação excitatória sobre o tálamo.
→ As aferências acionam uma inibição, ativando a célula de Purkinje, que inibe os
núcleos profundos, os quais diminuem a sua ação sobre o tálamo e, consequentemente,
sobre o córtex cerebral.
→ A eferência cerebelar é inibitória e inibe a ação tônica dos núcleos profundos. As
fibras em trepadeira, assim como as fibras musgosas, fazem uma sinapse excitatória
diretamente com os núcleos profundos do cerebelo.
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→ A célula de Purkinje recebe duas aferências: fibra paralela (axônio das células
granulares) e fibra em trepadeira e ambas fazem sinapse excitatória com as células de
Purkinje, mas a despolarização provocada é diferente.
→ A frequência de disparos da célula de Purkinje em relação às sinapses com a célula
granular é mais pontual – produção de vários potenciais de ação pontuais.
→ Quando a fibra em trepadeira atua sobre a célula de Purkinje, ela gera um potencial
de ação de longa duração – assim, ela se torna refratária para receber novos potenciais
de ação durante algum tempo (ela silencia, não gerando mais os potenciais de ação
“incentivados” pelas células musgosas, por meio das células granulares). Esse período
de refratariedade da célula de Purkinje é chamado de LTD – LongTermDepression. Se
acredita que essa LTD esteja relacionada com o aprendizado de movimentos –
memórias de movimentos. As memórias relacionadas aos movimentos estão localizadas
no cerebelo.
OBS.: Memória: armazenamento de informação – marcas deixadas no sistema nervoso
por alguma informação. Ela pode ser positiva, com aumento no número de potenciais de
ação e sinapses, ou negativa, com diminuição de potenciais de ação (como a LTD).
→ Os motoneurônios da medula espinhal recebem aferêcias de várias áreas do córtex
cerebral.
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ELETROENCEFALOGRAFIA
CICLO SONO-VIGÍLIA
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.
→ O eletroencefalograma é o registro dessas correntes que ocorrem em algumas
populações de neurônios.
→ Em um ambiente com pouco estímulo, seja ele visual, auditivo ou outro, temos uma
amplitude maior nas ondas registradas pelo eletroencefalograma, e a frequência das
ondas é baixa.
Isso ocorre porque a amplitude da onda do eletroencefalograma, tanto a negativa
quanto a positiva, depende do número de neurônios piramidais que se
despolarizam ao mesmo tempo. Quando eles despolarizam ao mesmo tempo,
estão sincronizados, e geram uma onda de amplitude maior. A corrente gerada
por cada um desses neurônios acaba somada, aumentando a amplitude das
ondas. A sincronização do eletroencefalograma nada mais é do que a
despolarização de um grande conjunto de neurônios ao mesmo tempo.
→A dessincronização é o oposto – neurônios corticais despolarizam em tempos
diferentes; assim, não se consegue somar tanta corrente para gerar uma onda de grande
amplitude.
→ Quando estamos sobre estimulação intensa, o eletroencefalograma se mostra
dessincronizado. Temos vários estímulos chegando nos neurônios piramidais do córtex
e os despolarizando em tempos diferentes. Essas ondas de baixa amplitude e alta
frequência são chamadas de ondas Beta. Elas tem uma frequência de 20 a 50 Hz, e
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SONO
→ É um estado de consciência, assim como o estado de se estar acordado. É um estado
facilmente reversível para o estado de vigília.
→ O coma é um estado de consciência patológico.
→ No sono há uma redução do estado de consciência – da interação com o meio e os
seus estímulos.
→ O sono é dividido em sono REM (período de movimento rápido dos olhos) e o sono
não REM ou sono de ondas lentas (na análise do eletroencefalograma). A quantidade
de sono REM que temos vai diminuindo ao longo do tempo, assim como a quantidade
total de sono.
→ Na nossa espécie, a média de horas de sono são de seis a oito horas por dia.
→ Quando a pessoa começa a relaxar e depois a dormir, as ondas registradas no
eletroencefalograma vão aumentando de amplitude e diminuindo de frequência. A
redução do tempo de sono altera a evolução dos estágios de sono vistos no EEG. Alguns
estágios são encurtados ou anulados do caso de privação de sono.
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luz). Esse núcleo inibe uma projeção inibitória para o núcleo paraventricular, o
qual envia uma projeção excitatória para neurônios na medula espinhal. Esses
neurônios na medula espinhal enviam projeções, por meio de um gânglio cervical
(sistema simpático) para a glândula pineal, estimulando-a a liberar melatonina. Assim,
a luz inibe a glândula pineal.
→A produção e excreção de melatonina diminui com a idade – por isso pessoas mais
velhas dormem menos.
→ A melatonina, assim como a serotonina, é um derivado do triptofano.
→ A melatonina tem outras funções. Ela também reduz oxidações, para eliminar
radicais livres. Aqui está um dos pontos importantes sobre dormir: quanto mais
dormimos, mais produção de melatonina existe, e maior é a eliminação de radicais
livres.
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SISTEMA NERVOSO
VISCERAL
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ganglionar tem um axônio longo, visto que se dirige até os órgãos inervados por ele. No
parassimpático, ocorre o inverso.
→ A ação do simpático é mais difusa – abrange um leito de ação maior que o
parassimpático, que possui uma ação mais focalizada/pontual. Uma das explicações
para isso é justamente o comprimento do neurônio pós sináptico, que no parassimpático
é curtinho e assim inviabiliza que ele inerve grandes regiões dos órgãos.
→ Muitas vezes existe um antagonismo funcional entre esses sistemas. No caso do
sistema nervoso somático, não há dois sistemas com reações antagônicas – há
interneurônios inibitórios que conseguem dar um “balanço” entre as ações.
Ações do Parassimpático
Fechamento/contração pupilar – miose;
Contração dos músculos ciliares para aumentar o poder de refração do cristalino
– mecanismo para ver objetos mais próximos de nós;
Estimula a secreção de glândulas exócrinas, como as glândulas lacrimais e as
glândulas salivares, tanto no que se refere à secreção basal quanto ao seu
estímulo, para aumentar a secreção;
Faz vasodilatação, o que também contribui para o aumento da secreção das
glândulas exócrinas – mais sangue até elas, mais fluido chega até elas para que
sejam formadas as secreções;
Sobre os brônquios, promove broncoconstrição;
Diminui a frequência cardíaca – bradicardia. O vago é o ramo parassimpático
que inerva o coração. É o ramo pré-ganglionar;
o Escape vaga: ocorre quando o coração “foge” dos estímulos do vago,
quando esse estimularia uma bradicardia muito acentuada. O coração
possui essa capacidade autônoma.
Sobre as glândulas do tubo digestivo, ele também estimula mais secreção. Nesse
caso, também é um ramo do vago;
Estimula a peristalsedo tubo digestivo;
Aumenta a secreção pancreática exócrina.
Ações do Simpático
Dilatamento pupilar – midríase;
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Reduz a quantidade de água que existe na saliva, assim ela acaba se tornando
menos fluida;
o A origem dos líquidos das glândulas é o sangue. Já que o simpático
promove uma vasoconstrição daqueles vasos que suprem as glândulas,
acaba reduzindo o aporte sanguíneo, e consequentemente, o aporte de
água.
Promove broncodilatação;
Aumenta a frequência cardíaca e a força com que ocorrem as contrações
(estimula o metabolismo das células cardíacas, aumentando sua contração) –
aumento do débito cardíaco (quantidade de sangue que é bombeado para o
organismo);
Vasoconstrição dos vasos que irrigam o tubo digestivo. Assim, ele reduz
também o volume de secreções digestivas;
Sobre a suprarrenal: o córtex da suprarrenal produz corticoides
(glicocorticoides) e mineralocorticoides. A medula produz adrenalina e
noradrenalina. O simpático tem um neurônio pré-ganglionar que inerva a medula
e a estimula, ativando a secreção de adrenalina e noradrenalina. Esses hormônios
atuarão em todos os locais que apresentarem receptores para eles →
broncodilatação, taquicardia (ação abrangente/difusa do simpático). A medula da
suprarrenal funciona como um gânglio do simpático. O parassimpático não atua
sobre a suprarrenal. O córtex da suprarrenal é ativado por via hormonal.
→ O parassimpático é, em essência, um sistema anabólico – armazena/economiza
energia. A estimulação parassimpática do fígado faz com que haja armazenamento de
substratos. Já o simpático é, em essência, um sistema catabólico, estimulando a
quebra de substratos para obtenção de energia.
→ O estresse prolongado estimula muito o simpático, o qual estimula o catabolismo.
Nessas condições, há uma diminuição das nossas defesas imunológicas, justamente
porque vários dos sinalizadores envolvidos nas respostas imunes são proteínas, e em
uma situação de catabolismo, a síntese proteica encontra-se prejudicada.
→ A ação dos dois sistemas se dá, principalmente, nas arteríolas.
→ O simpático pode ter uma ação vasoconstritora ou vasodilatadora, dependendo do
leito vascular que estamos considerando. Ele aumenta o calibre dos vasos que irrigam
músculos esqueléticos, diminui daqueles que irrigam o intestino, o sistema digestório
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Neurotransmissores envolvidos
→ A acetilcolina é o principal neurotransmissor envolvido na sinapse entre os
neurônios pré-ganglionares e pós-ganglionares, tanto do simpático quanto do
parassimpático.
→ A acetilcolina tem uma ação mais pontual. Já os peptídeos, que também funcionam
como neurotransmissores, produzem potenciais de ação com maior duração (isso ocorre
porque eles têm menos sistemas eficientes de degradação).
→ A acetilcolina atua sobre receptores nicotínicos e muscarínicos.
→ O neurônio pós-ganglionar do parassimpático usa a acetilcolina como
neurotransmissor principal. Receptores especialmente muscarínicos. Nesse caso,
alguns peptídeos também são importantes como neurotransmissores, como o peptídeo
intestinal vasoativo – tem importância na junção secretomotora.
→ O neurônio pós-ganglionar do simpático usa a noradrenalina como
neurotransmissor principal. Receptores adrenérgicos do tipo alfa1, especialmente.
→ a noradrenalina vai ter efeitos diferentes dependendo sobre qual tipo de receptor ela
está atuando. O receptor de noradrenalina alfa 2está na membrana do neurônio pré-
sináptico. Ele atua inibindo a liberação de mais noradrenalina – assim, a noradrenalina
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autorregula a sua liberação. É importante saber quais os receptores e quais as ações que
são causadas pela estimulação de cada receptor para que se possa escolher as drogas
corretas durante um tratamento/intervenção.
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MICÇÃO
→ Primeiro evento: sensação consciente da necessidade de urinar.
Existem receptores sensoriais de pressão na parede da bexiga que tornam
possível essa percepção, pois eles são sensíveis às alterações de volume da
estrutura. Ramos sensoriais do nervo pélvico enviam essa informação ao
Sistema Nervoso Central, na medula sacral. O neurônio aferente que traz essa
informação sensorial faz sinapse com um neurônio do sistema nervoso
parassimpático da porção sacral (pré-ganglionar), o qual faz sinapse com um
neurônio pós-ganglionar em um gânglio. Esse inerva o músculo da bexiga,
promovendo a contração da parede da bexiga. Ao mesmo tempo, esse neurônio
pós-ganglionar do parassimpático relaxa o esfíncter uretral interno.
→Se a pessoa, ao sentir essa necessidade, não for urinar, essa necessidade imediata
sentida diminui, porque a bexiga aumenta a sua complacência (capacidade de dilatação);
contudo, isso é possível até certo volume.
→Na uretra, há dois esfíncteres: esfíncter uretral externo e esfíncter uretral interno.
→Para que a urina consiga sair, o esfíncter uretral externo também deve ser inibido.
Essa inibição ocorre por ação do sistema nervoso somático. O sistema nervoso somático
também promove a contração dos músculos da parede abdominal para comprimir ainda
mais a bexiga e esvaziá-la o máximo possível.
→ Quem promove a micção é o sistema nervoso autônomo parassimpático – é ele
quem contrai a bexiga e relaxa o esfíncter uretral interno.
→ O núcleo do trato solitário contém os corpos celulares do vago (ramo pré-
ganglionar do parassimpático).
→ O sistema nervoso autônomo simpático faz o oposto: ele permite o relaxamento
extra da parede da bexiga (receptores beta 3), contração do esfíncter uretral interno
(receptores do tipo alfa 1).
→O relaxamento promovido pelo parassimpático se dá pela ativação das células
endoteliais que passam a produzir óxido nítrico e promovem o relaxamento da
musculatura.
→ Quando há secção da medula espinhal, ocorre um reflexo para o esvaziamento da
bexiga, o qual não é suficiente para esvaziá-la. A pessoa perde, também, o controle
somático do esfíncter uretral externo.
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EREÇÃO
→A ereção é causada por ação do parassimpático, por meio da ativação das células
endoteliais que produzem óxido nítrico e dilatam os vasos, o que permite que haja o
enchimento das cavidades com sangue (corpos cavernosos).
→O simpático promove a contração das glândulas sexuais, como a próstata e as
vesículas seminais (que possuem receptores alfa 1), promovendo a ejaculação.
→No nosso tubo digestório, possuímos uma população de neurônios que reside na
parede do tubo digestório e que produzem diversos neurotransmissores. É o sistema
mioentérico. É o responsável pelo peristaltismo e a secreção, além de interagir com
outras partes do Sistema Nervoso Autônomo. É por isso que esse sistema consegue
manter certo ritmo de contração mesmo que as fibras simpáticas e parassimpáticas
sejam cortadas.
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MEMÓRIA
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MEMÓRIA
O processo
Informação sensorial → memória de curta duração → consolidação → formação de
memória de longa duração.
Consolidação:estabilização do sinal no sistema nervoso. Ele se mantém no SNC.
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→ Não existe uma área/núcleo da memória – existem algumas estruturas que estão
mais envolvidas do que outras.
→ Via de regra, as memórias passam primeiramente pelo hipocampo e depois se
dirigem para o córtex cerebral.
→ Os hormônios, especialmente aqueles do eixo hipotálamo hipófise e adrenal, os
hormônios do estresse, estão relacionados com a formação de memórias. Necessita-se
de certo grau de ativação desse eixo para que haja o estabelecimento de memórias.
Exemplo: para registrar alguma coisa, o cérebro precisa “perceber” que há alguma
emoção relacionada.
→ Os hormônios obedecem ascurvas de U invertido, onde, no eixo vertical, temos a
função deles. Os hormônios precisam estar em certa quantidade – quantidade ótima –
para que eles executem a sua função adequadamente – nem demais, nem de menos.
Nesse caso, se a atividade estressora (ativação do eixo hipotálamo hipófise adrenal) for
demais, há prejuízo na formação de memórias. O contrário também é válido: em certas
depressões emocionais, esses hormônios estão em níveis muito baixos, o que também
prejudica a formação de memórias.
→ O hipocampo é uma estrutura fundamental para a formação de memórias de
espaço (memórias declarativas).
Amnésias
Amnésia anterógrada: perda da capacidade de formar memórias a partir do
momento em que houve a lesão. Exemplo: caso do HM em que foram
removidos o lobo temporal medial e parte do hipocampo.
Amnésia retrógrada: ocorre quando uma pessoa perde memórias referentes a
momentos/coisas antes do trauma.
Os dois tipos de memórias podem estar correlacionados.
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