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SLIDE 1

CÉLULAS DA GLIA
O QUE SÃO

São células não-neuronais do Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso


Periférico, que não produzem impulsos elétricos.

FUNÇÕES

Apresentam diversas, entre elas:

• manter a homeostase (regulação, estabilidade) do sistema nervoso;

• formar a bainha de mielina, uma capa de tecido adiposo que envolve os axônios
funcionando como isolante térmico;

• fornecer suporte e proteção para os neurônios;

• contribuir para conexões sinápticas.

TIPOS DE CÉLULAS GLIAIS

• Oligodendrócitos: são responsáveis por produzirem a bainha de mielina em


neurônios do sistema nervoso central. São células que se amarram aos axônios,
isolando-os simultaneamente. Têm a mesma função que as células de Schwann
do Sistema Nervoso Periférico.

• Astrócitos: São as células mais abundantes da glia e possuem diversos


subtipos e estão sempre comunicando-se entre si e desempenhando as mais
diversas funções, como captura e liberação de substâncias durante a sinapse;
abastecimento dos neurônios para a formação de ATP (adenosina tritosfato,
fonte de energia para a célula) e participam da homeostasia do líquido
cefalorraquidiano capturando potássio e água. Algumas também fazem parte da
barreira hemateo-encefálica, regulando o transporte de materiais entre o sangue
e o líquido cefalorraquidiano.
(Líquido Cefalorraquidiano é o líquido que envolve o cérebro no crânio,
amortecendo seu impacto na caixa craniana. Se não existisse, a pressão feita
pelo peso do cérebro comprometeria a circulação sanguínea).

• Células ependimárias revestem cavidades do encéfalo e o canal central da


medula espinhal, garantindo a movimentação do líquido cefalorraquidiano.

• Microglia: atua, junto com os macrófagos, como células de defesa dentro do


Sistema Nervoso Central. Fagocita neurônios defeituosos e agentes infecciosos
que conseguem penetrá-lo durante lesões. Também remodelam circuitos
neurais com a eliminação de neurônios e sinapses não-funcionais. Com o
envelhecimento, as micróglias se tornam maiores e mais ativas, e acabam
tornando-se tóxicas para os neurônios. O acúmulo de placas mieloides durante
essa ação das micróglias está associado ao mal de Alzheimer.

NEURÔNIOS
O QUE SÃO, E DO QUE SÃO FORMADOS

São as células do Sistema Nervoso que apresentam como função principal


conduzir os chamados impulsos nervosos.

Um neurônio típico tem quatro regiões morfologicamente definidas: soma/corpo


celular, dendrito, axônio e terminais pré-sinápticos.

Cada região tem um papel distinto na geração de sinais e na comunicação com


outras células nervosas.

Representação de um neurônio
• DENDRITOS

Prolongamentos que ramificam do soma (corpo). Apresentam áreas de


membrana celular que recebem os impulsos de outros neurônios e os envia para
o soma.

O grau de ramificações varia de acordo com o tipo de neurônio, muitos


apresentam dendritos que se ramificam semelhantes aos galhos de uma árvore,
chamada arvore dendrítica, que recebe impulsos de vários outros neurônios.
Cada ramo da árvore é chamado de ramo dendrítico.

Na membrana da membrana e do soma, encontram-se os receptores da


membrana, nos quais os neurotransmissores nos quais se ligam. Esses
transmissores são chamados de canais iônicos ligante-dependentes, e quando
os neurotransmissores se ligam a eles, o neurônio reage, gerando uma resposta:
os potenciais pré-sinápticos, ou graduados. Geralmente, esta resposta é a
entrada de Sódio (Na+) no interior do neurônio, que leva a uma mudança na
voltagem da membrana.

○ Espinhos dendríticos.

Muitos neurônios – hipocampo, córtex e cerebelo possuem dendritos com


pequenas projeções chamadas espinhos dendríticos. Neles, ocorre um tipo de
sinapse chamado “Sinapse de tipo 1”. Os espinhos possuem diferentes formas,
e podem mudar de forma e tamanho ao longo do tempo.

O padrão dos espinhos dendríticos em crianças com Síndrome de Down é


semelhante ao observado em seres humanos típicos. A falha na formação das
conexões normais no cérebro é um dos fatores que levam à deficiência
intelectual.

Nos estágios iniciais do desenvolvimento do sistema nervoso, os ramos


dendríticos são povoados por filopódios que, durante o desenvolvimento normal,
irão diminuir com o aumento do número de espinhos, que irão se tornar a
estrutura dominante nos ramos, deixando apenas alguns poucos filopódios
presentes.
Tipos de espinhos dendríticos

• SOMA/CORPO CELULAR

Onde encontramos o núcleo, e o sistema que faz parte da síntese dos


neurotransmissores. É do soma que se originam vários prolongamentos finos,
como os dendritos e axônios.

Geralmente o corpo celular de um neurônio integra (somação) os potenciais


sinápticos, que são os impulsos que chegam através das sinapses com
neurônios diferentes. A partir deste contato, o soma irá produzir um impulso
nervoso (também chamado de potencial de ação) ou não.

• AXÔNIO

Prolongamentos especializados que conduzem sinais a partir do corpo celular.


Seu comprimento é variável, mas a depender da célula, podem ter mais de um
metro. Todos os axônios têm um início (cone de implantação) e um final (terminal
axonal ou pré-sináptico).

O botão sináptico é o local onde o axônio entra em contato com outros


neurônios/tipos de células, passando informação para eles através de
neurotransmissores. Esse ponto de contato é chamado de sinapse.

Além dos terminais, os axônios também podem formar sinapses em outros


pontos dilatados do seu comprimento.
Axônios apresentam frequentemente longas ramificações chamadas colaterais
axoniais, e em suas regiões terminais, pode haver ramificações mais curtas,
chamadas coletivamente de arborização terminal. Cada ramo forma uma
sinapse com dendritos ou corpos celulares na mesma região.

Ao longo do axônio há movimento de materiais, em especial as vesículas


sinápticas (pequenas bolsas membranosas e esféricas nos extremos dos
axônios), chamado de transporte axoplasmático. Além deste transporte, também
apresentam canais iônicos dependentes de voltagem, que permitem conduzir
informações a grandes distâncias com alta fidelidade, e sem perda. Entre os
canais dependentes de voltagem, temos: canais para Na+ (íons de sódio), canais
de K+ (íons de potássio) e canais de Ca++ (íons de cálcio). Eles levam os
neurônios a liberarem neurotransmissores dos seus terminais axônicos na fenda
sináptica, transportando-os, assim, para outras células.

Muitos neurônios possuem axônios envolvidos por uma bainha de mielina, que
os isola eletricamente e aumenta a velocidade de propagação dos impulsos
elétricos, ou potenciais de ação.

SANTIAGO RAMON Y CAJAL


QUEM FOI?

Um médico e histologista espanhol que trouxe grandes contribuições para a


neuroanatomia. Ele descobriu o cone de crescimento axonal, uma região
especializada nas pontas dos axônios, e hoje, também se sabe que estão nas
pontas dos dendritos, que permitem que se alonguem e desenvolvam-se ou
regenerem-se, formando sinapses.
POTENCIAL DE AÇÃO/IMPULSO NERVOSO
O axônio que conduz o impulso nervoso, do seu ponto de origem no soma até o
terminal axônico, que faz sinapse com outro neurônio ou outro tipo de célula alvo
(células musculares, células de glândulas).

Quando um neurônio não está recebendo impulso, ele está em potencial de


repouso (-70 minivolts). A bomba de NaK mantém o nível de sódio maior do lado
de fora, e de potássio maior dentro do soma.

Quando fica com mais sódio dentro da barreira, o neurônio sai do estado de
repouso, o que é conhecido como Impulso nervoso. Enquanto o neurônio não
estiver em repouso, não pode ser excitado novamente, e o potencial de ação
chegará até +30mV. Normalmente, são necessários vários pequenos impulsos
para tirar o neurônio de repouso.

O pico de +30mV ocorre sempre no axônio, enquanto é necessário chegar aos -


30mV nos espinhos dendríticos.

Potenciais graduais compreendem alterações no potencial de uma membrana


confinadas em uma região pequena da membrana, ocorrendo principalmente
nos dendritos e no corpo celular. Sua intensidade depende da força que o gerou.

Potenciais pós-sinápticos podem ser inibitórios ou excitatórios.

• Potenciais Pós Sinápticos Excitatórios (PPSEs) são entradas sinápticas que


despolarizam a célula pós sináptica, trazendo seu potencial de membrana para
um valor mais próximo ao seu limiar, e com maior probabilidade de um possível
potencial de ação. São gerados na sinapse química pelos neurotransmissores
excitatórios, como por exemplo o glutamato e a acetilcolina. Os canais de Na+
estão envolvidos nos PPSEs.

• Potenciais Pós Sinápticos Inibitórios (PPSIs) são entradas sinápticas que


hiperpolarizam a célula pós sináptica, afastando o potencial da membrana do
valor do seu limiar, e diminuindo a probabilidade do potencial de ação. São
gerados na sinapse química pelos neurotransmissores inibitórios, como o GABA
e a glicina, e os canais envolvidos são Canais de Cloro(Cl) ou de Potássio(K).

SINAPSES
SINAPSE QUÍMICA

O impulso vem do dendrito pré-sinaptico, libera substâncias químicas e


neurotransmissores na fenda sináptica latente entre os neurônios pré e pós
sinápticos.

SINAPSE ELÉTRICA
Fazem propagação elétrica entre as células através de canais que interligam as
mesmas com um retardo na transmissão (é excitatório e mais simples, porém
menos comum que a sinapse química). Não há liberação de neurotransmissores,
as correntes iônicas se ligam por meio das junções comunicantes entre os
neurônios.

PLASTICIDADE SINÁPTICA
Refere-se às respostas do sistema nervoso frente aos estímulos recebidos. A
maioria dos sistemas no nosso cérebro são modificados com a experiência, ou
seja, as sinapses envolvidas são alteradas por estímulos ambientais captados
por alguma mobilidade de percepção sensorial. A teoria, por exemplo, gera
modificações nas sinapses.

Essa mudança ocorre sempre que há um novo aprendizado. Ela compõe a base
biológica da individualidade.

SINAPTOGÊNESE
Processo de formação de novas sinapses ao longo do desenvolvimento entre os
neurônios. Uma explosão de formação de sinapses ocorre logo no início da vida,
por mais que também ocorra ao decorrer da vida de uma pessoa saudável.

Entre o nascimento e a adolescência, há uma poda sináptica desse boom de


sinaptogênese. Adultos neurotípicos têm aproximadamente 41% menos
neurônios que um recém-nascido. No entanto, em autistas (16%), a poda
sináptica é menor, o que significa que muitas conexões redundantes são
mantidas. A falta da poda afetará a extensão dos comportamentos e habilidades
dos autistas.

NÚCLEOS E TRATOS (SLIDE 2, PORÉM SOBRE SNC)


As células nervosas do SNC estão organizadas em Núcleos e Tratos:

NÚCLEOS

São áreas equivalentes aos gânglios do SNP. São formados por somas dos
neurônios e células suporte (astrócitos e oligodendrócitos). Os núcleos em forma
de dilatação ao longo dos tratos.

TRATOS

Áreas de substância branca que compreende feixes de axônios que se conectam


com diferentes regiões do SNC. Podem ser ascendentes (impulsos sensoriais)
ou descendentes (impulsos motores).

Ex.: o trato corticoespinhal compreende feixes de neurônios motores, que


começa nas áreas motoras do córtex cerebral e termina nos interneurônios e
neurônios motores inferiores da medula espinal. Os impulsos que correm por ele
controlam os movimentos dos membros e do tronco.

A ELA, Esclerose Lateral Amiotrófica, afeta diferentes partes do cérebro,


inclusive alguns neurônios e tratam que deixam de enviar impulsos elétricos que
saiam do cérebro em direção ao corpo. Conforme a doença avança, o indivíduo
passa a ter dificuldade em executar tarefas simples, como falar, engolir e até
mesmo respirar. E mesmo com estas dificuldades físicas, a ELA não afeta a
capacidade cognitiva do paciente, que permanece com as atividades mentais
intactas. Foi a doença que assolou Stephen Hawking.

TRONCO ENCEFÁLICO (SLIDE 3, AINDA SOBRE SNC)


É uma região ventral do encéfalo associada a medula espinal. É dividido em
substância branca e substância cinzenta, e apresenta uma anatomia similar à
medula espinal.

11/12 nervos cranianos (Do nervo 2-12) originam-se ao longo do tronco


encefálico.

Os núcleos do tronco estão envolvidos em muitos processos básicos, como sono


e vigília, tônus muscular (resistência do músculo ao estiramento), coordenação
da respiração, regulação da pressão arterial e modulação da dor.

DIVISÃO

O tronco celular é dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo.


○ Mesencéfalo

O mesencéfalo apresenta dois nervos cranianos, o oculomotor (nervo III) e o


troc,lear (nervo IV), ambos responsáveis pelo movimento dos olhos. O
mesencéfalo também retransmite sinais para os reflexos auditivos e visuais.

○ Ponte

Atua principalmente como retransmissora de informações entre o cerebelo e o


cérebro, além de coordenar a respiração junto aos centros do bulbo. Recebe os
nervos craniais V-VII (os dois últimos posicionados entre a ponte e o bulbo).

○ Bulbo

Possui duas substâncias. A cinzenta inclui os núcleos que controlam muitas


funções involuntárias, como pressão arterial, respiração, deglutição e vômito.
Enquanto a branca cuida de tratos somatossensoriais ascendentes, que levam
informação sensorial ao encéfalo e o trato corticoespinal descendente, que
conduz informação ao cérebro para a medula espinal.

No bulbo, estão presentes os nervos craniais de VI-XII.


SLIDE 2
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
DIVISÃO ANATÔMICA

O sistema nervoso central é dividido anatomicamente por nervos espinais, que


se originam a partir da medula espinhal, e nervos cranianos, que se originam na
base do encéfalo.

Os axônios e dendritos que percorrem os tecidos são chamados de nervos no


Sistema Nervoso Central, e de feixes no Sistema Nervoso Periférico.

Cada axônio pode se dividir em numerosas ramos, permitindo com isso que seus
sinais sejam enviados simultaneamente para outros neurônios, e no Sistema
Nervoso Periférico, para glândulas ou fibras musculares. No SNP, são chamados
também de fibras nervosas.

DIVISÃO FUNCIONAL

O sistema nervoso periférico é dividido funcionalmente em duas partes:

• Somática: tem como função a transmissão de estímulos aos órgãos sensoriais


e contração dos músculos esqueléticos.

• Autônoma: Regulação dos órgãos viscerais, como coração, fígado, estômago,


intestino, órgãos reprodutores, e etc.). Esta parte é conhecida como Sistema
Nervoso Autônomo, e engloba o Sistema Nervoso Simpático e o Sistema
Nervoso Parassimpático.

GÂNGLIOS

São grupos de corpos celulares (somas) localizados fora do sistema nervoso


central, podendo ser sensitivos e autônomos.

MEDULA ESPINAL
Principal via para o fluxo de impulsos nervosos, em ambos os sentidos – entre o
encéfalo e a pele, articulações e músculos, e órgãos. Além disso, contém redes
neurais responsáveis pela locomoção.

Quando lesionada, há perda de sensibilidade na pele e músculos, bem como


paralisia, perda de capacidade de controlar os músculos voluntariamente. A
parte do corpo afetada depende de qual altura da medula foi lesionada.
A medula espinhal apresenta internamente uma substância cinzenta, e
externamente, uma substância branca.

• Substância Cinzenta: corpos celulares, dendritos, axônios de interneurônios


que não são mielinizados.

• Substância Branca: axônios mielinizados e poucos corpos celulares,


principalmente.

LESÕES NA MEDULA ESPINHAL

Caracteriza-se pela interrupção parcial ou total no fluxo de impulsos nervosos


através da medula, ocasionando paralisia ou perda da sensibilidade a partir do
ponto da medula para baixo, bem como outras alterações nos sistemas urinário,
intestinal e autônomo.

Dois fatores podem influenciar o nível de perda ao lesionar a medula:

• Nível da lesão: a altura da lesão; quanto mais alta estiver, resultará em uma
área maior de comprometimento.

• Expansão da lesão: se é completa ou incompleta. Se for completa, não há


atividade motora nem sensibilidade no nível da lesão para baixo. Se for
incompleta, há atividade motora e sensorial parcial da lesão para baixo.

DOR DO MEMBRO FANTASMA


É a dor sentida em um membro já amputado. As terminações nervosas
continuam a mandar impulsos para o local do membro mesmo que o mesmo não
esteja mais ali, podendo ser uma dor leve ou lancinante. Mulheres que tiveram
a mama removida por câncer também podem sofrer desta síndrome.

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO


A parte do Sistema Nervoso Periférico que abrange o controle dos órgãos
viscerais e os Sistemas Nervoso Simpático e Parassimpático é também
conhecido como SNA, Sistema Nervoso Autônomo.

Enquanto o Sistema Nervoso Simpático funciona como “alerta”, e gastando mais


energia (é responsável por sintomas como inibição de salivação e digestão,
dilatação de pupila, acelera os batimentos cardíacos, relaxamento de bexiga), o
Parassimpático funciona normalizando o funcionamento dos órgãos internos,
quando cessa a situação de perigo (estimula a salivação e digestão, diminui os
batimentos cardíacos, estimula a contração da bexiga).
EXEMPLO DE ATIVAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO

Um exemplo clássico do funcionamento deste sistema é a resposta generalizada


de fuga ou luta. O hipotálamo dispara uma descarga simpática maciça e
simultânea em todo o corpo.

Quando o corpo se prepara para fugir, o coração acelera, os vasos sanguíneos


dos músculos das pernas, braços e coração se dilatam e o fígado começa a
liberar glicose para fornecer energia para a contração muscular. Além disso, a
digestão torna-se um processo de menor importância e o sangue é desviado do
trato gastrointestinal para os músculos esqueléticos.

SLIDE 3
SINDROME DO ENCARCERAMENTO (PSEUDOCOMA)
Eletroencefalograma normal, porém há paralisia de todos os músculos
voluntários com exceção dos olhos, e geralmente das pálpebras. Na maior parte
dos casos, há perda de sensibilidade no corpo, porém o paciente ainda
apresenta espasmos musculares. Surdez também é uma característica
recorrente.

A doença está relacionada com um derrame na artéria basilar, na região da


ponte.
Jean-Dominique Bauby sofreu um acidente de carro em dezembro de 1995, e foi
diagnosticado com a síndrome. O único movimento que lhe restou foi o da
pálpebra esquerda (perdeu, inclusive, a visão do olho esquerdo) e sua
consciência estava intacta. Com a ajuda de uma fonoaudióloga e de sua
namorada, Bauby, utilizando apenas uma linguagem baseada em codificação de
seus movimentos com a pálpebra, escreveu o livro “O escafandro e a borboleta”.

TÁLAMO
O tálamo compreende diversos núcleos que recebem impulsos de várias
regiões, como órgãos sensoriais (incluindo a pele), córtex, corpos mamilares e
impulsos motores do cerebelo. Também recebe fibras sensoriais do trato óptico,
ouvido, boca e medula espinhal.

É formado por duas massas, direita e esquerda, de substância cinzenta


organizadas em núcleos (conjuntos de somas). Reorganiza todos os estímulos
sensoriais e traduz e envia para áreas específicas do córtex, a fim de serem
interpretados. Sem o tálamo, seria muito difícil interpretar as áreas sensoriais do
córtex cerebral.

SÍNDROMES TALÂMICAS

Ocorrem em decorrência de lesões no tálamo. Pessoas com esta síndrome nos


propiciaram um melhor entendimento a respeito da função deste componente, já
que a lesão tem como sintoma uma dor generalizada e que se irradia pela
metade do corpo, contrária ao lado comprometido do tálamo.

Em alguns pacientes, uma pequena estimulação pode levar a uma ardência por
todo o corpo. Em outro, ouvir sons muito altos desencadeiam sensações
desagradáveis por metade do corpo.

○ Síndrome Cheiro-oral Talâmica

Derrame entre os dois núcleos do tálamo: ventral posterolateral e ventral


posteromedial. Produz déficits contralaterais sensitivos nos dedos e na metade
da boca.

○ Síndrome de Dejerine-Roussy

Derrame no tálamo, ou em outro local que gere danos a ele. Tem como sintoma
inicial uma dormência no lado do corpo afetado que pode se desencadeada por
estímulos aparentemente não relacionados, como sons ou sabores. Após algum
tempo a dormência é substituída por queimação ou formigamento, avançando
para uma ampla variação no grau de dor. Na maioria dos casos, os sintomas são
debilitantes. Por exemplo, temos a alodinia (dor provocada por estímulos como
toque e pressão na pele, que em condições normais não a geraria), ou disestesia
(queimação, ardência ou formigamento experimentados espontaneamente por
estímulos táteis. Até o contato do tecido com o corpo pode gerar uma dor
lancinante).

O motivo desses sintomas aparecerem é que o derrame causa uma falha entre
a comunicação do tálamo e o córtex somatossensorial, mudando o que ou como
a pessoa se sente. Na maioria dos casos, torna-as hipersensíveis ao tato. Mas
esta mudança pode ser uma sensação experimentada de forma incorreta, uma
amplificação inadequada de dor ou o embotamento de uma sensação.

A sensação, para a neurofisiologia, é a detecção dos estímulos externos por um


órgão sensorial e a transmissão destes estímulos via impulsos nervosos para o
cérebro.

Já a percepção é o processamento, organização e interpretação dos impulsos


sensoriais no córtex cerebral.

TÁLAMO E CÓRTEX SOMATOSSENSORIAL

O núcleo ventral posterior (NVP) do tálamo envia axônios para o córtex


somatossensorial primário e na área cortical primária motora. No nível do Córtex
Somatossensorial, ocorre integração de informações sobre movimentos
corporais, olhos e do campo visual. Provavelmente, estas regiões do córtex
mantenham uma representação e orientação do corpo no espaço, o que é
essencial para a nossa percepção de equilíbrio e planejamento e execução de
movimentos complexos e coordenados.

TÁLAMO E CÓRTEX GUSTATÓRIO

O principal fluxo de informação gustatório vem dos axônios que saem dos botões
gustatórios que saem do tronco encefálico e depois para o Núcleo Ventral
Posteromedial (VPM) do tálamo, que enviam axônios para o córtex gustatório.
Lesões neste núcleo ou no córtex gustatório levam a ageusia, ou seja, perda de
percepção gustatória.

TÁLAMO E NÚCLEO GENICULADO MEDIAL

Núcleo geniculado medial (NGM) do tálamo envia axônios para o córtex auditivo.
Este núcleo também recebe axônios do nervo óptico, filtra estes impulsos e
redistribui para o córtex visual.

TÁLAMO E CÓRTEX PRÉ FRONTAL

A transmissão destes impulsos dos núcleos médio-dorsais para os conjuntos


específicos de neurônios do córtex pré-frontal são fundamentais para a memória.
Experimentalmente, foi verificado que a supressão de atividade destes neurônios
do tálamo bloqueia a capacidade de ratos lembrarem como se executa uma
determinada tarefa.

SLIDE 4
HIPOCAMPO
O hipocampo é uma formação no cérebro que desempenha importante função
no sistema límbico. É neste campo que são formadas as novas memórias, além
de armazenamento de aprendizagem e novas emoções.

TIPOS DE AMNÉSIA

○ Amnésia Retrógrada

Perda de memórias e eventos anteriores ao que ocasionou o dano cerebral, ou


seja, esquece-se coisas que já se sabiam. Em casos graves, pode haver
completa amnésia para toda informação declarativa aprendida antes do trauma.
Frequentemente, eventos ocorridos muito próximos ao trauma são esquecidos,
enquanto a memória é mais forte a medida que as lembranças são mais antigas.

○ Amnésia Anterógrada

Incapacidade de formar novas memórias após o trauma. Caso seja grave, a


pessoa pode ser incapaz de lembrar-se ou aprender qualquer coisa nova. Já em
casos mais brandos, é preciso um reforço maior do que para pessoas sem a
amnésia, já que o processo de aprendizagem se torna lento.

Em casos clínicos, frequentemente há um misto de amnésias de diferentes graus


de gravidade.

HENRY MOLAISON

Sofreu um traumatismo craniano aos 9 anos após um acidente de bicicleta que


o levou, um ano depois, a crises epilépticas inúmeras e incapacitantes,
impossíveis de serem tratadas com medicação. Aos 27 anos, submeteu-se a
uma cirurgia experimental no cérebro, que lhe removeu parte dos lobos
cerebrais, incluindo o hipocampo (que, além dos aspectos relacionados a
memórias e armazenamento de aprendizagens, é também responsável pela
geração das crises epilépticas).

Após a cirurgia, as convulsões foram controladas mas Henry perdeu a


capacidade de recordar de experiências ou acontecimentos (amnésia
anterógrada irreversível). Alguns aspectos de sua memória foram preservados,
porém sua memória declarativa, relacionada à episódios e informações, era
inacessível.

Ainda assim, ele foi capaz de aprender alguns poucos fatos após a cirurgia, como
listas de 6 números (esquecíveis com quaisquer pequenas interrupções),
aprendeu uma planta baixa e reconhecia algumas personalidades que se
tornaram famosas após a cirurgia, como J.K. É possível que só tenha absorvido
estes poucos fatos graças à repetição diária deles.

Sua amnésia é chamada de amnésia retrógrada moderada, pois não conseguia


se lembrar da maioria dos eventos no período de 1-2 anos antes da cirurgia, e
de alguns até 11 anos antes. Ele reteve algumas memórias mais antigas, porém
as mais próximas à data da cirurgia ficavam mais nebulosas e inacessíveis.
Apesar disso, sua memória de procedimento permanecia intacta: atividades
como usar um garfo ou andar de bicicleta não lhe eram estranhas. Henry não se
reconhecia no espelho nem em fotografias recentes, lembrava-se da própria
imagem apenas como era antes da cirurgia.

CLIVE WEARING

Em 1985, sofreu danos no hipocampo após uma encefalite e não consegue


formar novas memórias, nem se lembrar de experiências pós o acidente,
convivendo com um quadro muito similar ao de Molaison. Ele só consegue reter
memórias por cerca de 30 segundos.

As anotações em seu diário são frequentemente riscadas, uma vez que ele não
consegue manter o raciocínio por tempo o bastante para conclui-lo. Então ele
rejeita os próprios escritos: não sabe como as anotações foram feitas, nem por
quem, embora reconheça a própria caligrafia.

Apesar dessa condição, ainda é capaz de tocar peças complexas no piano, ler
partituras à primeira vista e reger um coro.

TIPOS DE MEMÓRIA
○ Memória de Trabalho/Operacional

Apresenta uma curta duração, de segundos. Por exemplo, quando alguém nos
diz um número de telefone. Podemos retê-lo por tempo limitado, repetindo-o para
nós mesmos para não o esquecer, mas podemos ter problemas para lembrar.
Contudo, caso seja importante, pode eventualmente ser consolidado em nossa
memória, tornando-se uma memória de longo prazo.

As memórias de trabalho dependem do córtex pré-frontal, área onde captamos


a atenção, organizamos informações complexas e as colocamos em prática.
MEMÓRIAS DE LONGO PRAZO

Podem perdurar por semanas, dias ou anos após terem sido originalmente
armazenadas. Este tipo de memória representa apenas uma fração de tudo que
experimentamos originalmente, pois muito se perde a longo prazo. São
armazenadas, geralmente, no córtex pré-frontal.

Toda memória inicialmente é de curto prazo, porém é um subconjunto delas é


convertido em memória de longo prazo em um processo chamado de
consolidação da memória.

As memórias de longo prazo são divididas em:

○ Memória Explícita/Declarativa (fatos e eventos)

Armazena ou evoca informação de fatos e dados levados ao nosso


conhecimento através dos sentidos e processos internos do cérebro, como
associação de dados, dedução e criação de ideias.

É levada ao nível consciente através de proposições verbais, imagens, sons e


etc., e inclui a memória episódica (vinculados a fatos vivenciados pelo próprio
indivíduo) e memória semântica (informações adquiridas por transmissão do
saber, de forma escrita, visual e sonora).

As principais áreas relacionadas à memória declarativa são o hipocampo, o


córtex pré-fontral e a amígdala.

Exs.: memórias de eventos como “a prova de inglês foi muito complicada!”, ou


“quando tinha 6 anos, fui nadar com meu cão de estimação”; fatos aprendidos,
como a capital de países ou nomes de personagens de animações e filmes.

São memórias fáceis de criar e, consequentemente, de esquecer. Lesões no


hipocampo podem causar a perda destas memórias, porém é possível recuperar
memórias explícitas mais antigas, que tenham ocorrido antes da lesão.

O caso de Henry Molaison mostrou a importância do lobo temporal para a


memória declarativa. Vários experimentos baseados em estimulação elétrica,
registros neurais e lesões indicam que as estruturas presentes no lobo temporal
são de suma importância para armazenamento e consolidação de memórias
declarativas.

MEMÓRIA DE TRABALHO (CURTA DURAÇÃO)

Não necessitam de evocação ao consciente, e são divididas em várias


categorias. São memórias automáticas, não exigem muito (às vezes, nenhum)
processamento consciente e é inflexível, estritamente relacionada a condições
originais em que o aprendizado ocorreu.
Envolvem tarefas motoras, bem como reflexos e associações emocionais
estabelecidas. As principais áreas envolvidas são: gânglios basais, cerebelo e
áreas corticais.

Memória de procedimento trata-se de hábitos, habilidades e regras que


memorizamos de forma inconsciente, sendo geralmente atividades sensório-
motoras, como por exemplo tocar um instrumento musical, andar de bicicleta,
memorizar as regras gramaticais e fórmulas matemáticas. Esta memória
depende de treino e repetição, e após a sua consolidação, é bastante sólida.

Pesquisas realizadas em animais e humanos sugerem que a memória de


trabalho não seria um sistema único, mas uma capacidade do neocórtex
distribuída em diversos locais do encéfalo.

Vários estudos indicam que o córtex pré-frontal pode normalmente estar


envolvido com a retenção de informações na memória de trabalho.

Ex.: Mostra-se a um macaco um alimento, que é colocado em um recipiente, de


dois que estão sobre a mesa. Após um intervalo em que o animal não pode ver
a mesa, os recipientes estão cobertos. O animal recebe o alimento como
recompensa se escolher a posição correta.

Além do lobo frontal, a memória de trabalho já foi registrada em áreas dos


córtices parietal e occipital (a partir de lesões relacionadas a déficits auditivos e
visuais da memória de trabalho) e cerebelo.

○ Teste de Cartas de Wisconsin

Pede-se para uma pessoa organizar as cartas de um baralho com um número


variável de formas geométricas coloridas. As cartas podem ser organizadas por
cor, forma ou número de símbolos, mas o participante não é informado de qual
será o critério de organização que deverá utilizar.

O participante começa a organizar as cartas e é informado pelo mediador do


teste caso haja um erro, e assim, ele aprende qual critério utilizar na separação
das cartas. Após dez separações corretas, muda-se o critério utilizado, e o
sujeito começa novamente.

Pessoas com lesões pré-frontais apresentam grandes dificuldades quando o


critério muda, revelando que há um problema na memória de trabalho.

• APRENDIZADO ASSOCIATIVO

O comportamento no aprendizado associativo é alterado pela formação de


associações entre eventos. Por exemplo, o condicionamento clássico:
associação entre um estímulo que provoca uma resposta mensurada, e um
segundo estímulo, que normalmente, não provoque essa resposta. A resposta
aprendida ao estímulo condicionado é chamada de resposta condicionada.

No exemplo clássico de Pavlov, inicialmente um sino é tocado para um cão, o


que não provoca nenhuma reação. Em seguida, ao tocar o sino, é entregue ao
cão um bife, o que o faz salivar. Após algumas repetições, o mero som do sino,
sem a oferta do bife, já é suficiente para o cachorro salivar.

Outro exemplo é o condicionamento operante/instrumental, onde o indivíduo


aprende ao acaso a associar uma resposta (motora) a um estímulo significativo
(geralmente, uma recompensa). Neste condicionamento, o indivíduo aprende
que a sua ação gerará uma consequência.

• APRENDIZADO NÃO-ASSOCIATIVO

É reflexo de uma mudança na resposta comportamental que ocorre ao longo do


tempo, como resposta a um único estímulo. Por exemplo, conseguir ignorar toda
a poluição sonora presente no ambiente enquanto se assiste a um filme. Esse
tipo de aprendizado é chamado de habituação, e consiste em ignorar um
estímulo que não tenha significado.

Também é um processo de aprendizado não-associativo quando ocorre o


contrário: quando um estímulo intensifica a sua resposta a todos os outros
estímulos do ambiente, mesmo que estes, em outro contexto, não teriam valor
nenhum. Este é chamado de sensitização, e um exemplo é: ao andar de
bicicleta por uma rua bem iluminada, subitamente ocorre um blecaute (o estímulo
que desencadeia os demais). Os passos às costas do ciclista, os faróis de carros
e quaisquer outros barulhos, gerarão ansiedade e apavoro no mesmo, o que não
ocorreria se a rua ainda estivesse bem iluminada.

• PRIMING: efeito gerado que refere-se à influência prévia a determinado


estímulo, que pode acarretar em uma resposta a um estímulo subsequente, sem
que haja consciência do indivíduo desta influência.

ARMAZENAMENTO DE MEMÓRIAS

A porção do lobo medial possui um grupo de estruturas interconectadas que são


críticas para a formação de memórias declaradas. Entre eles, estão: o
hipocampo, áreas corticais próximas (principalmente córtex rinal e para-
hipocampal e as vias que conectam essas estruturas com outras partes do
encéfalo.

Impulsos que chegam ao córtex temporal medial vêm de áreas diversas do


córtex cerebral e contém informação altamente processada de todas as
modalidades sensoriais.
As áreas associativas do córtex cerebral são trabalhadas as informações
somatossensoriais, resultantes de estímulos vindos da pele, músculos e
tendões, e aqueles referentes à postura e movimentos. A integração destas
informações com outras provenientes de centros auditivos e visuais, permitem
formular um pensamento sobre a exata posição de nosso corpo, quer estejamos
parados ou em movimento.

Estímulos elétricos em áreas do córtex temporal, feitas por Wilder Penfield


durante cirurgias para tratamento de epilepsia grave, geraram sensações mais
complexas que a estimulação em áreas encefálicas, relacionadas à memórias
declarativas, antigas de pacientes, como endereços completos ou lembrar-se do
banheiro da escola. Estes exemplos compreendem informações altamente
processadas (representações complexas). Embora não seja possível comprovar
que as sensações complexas evocadas pela estimulação do lobo temporal são
memórias evocadas, as consequências da estimulação no lobo temporal são
qualitativamente diferentes da estimulação de outras áreas do córtex cerebral.

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