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WBA0916_v1.

APRENDIZAGEM EM FOCO

BASES MORFOLÓGICAS E
FUNCIONAIS DO SISTEMA
NERVOSO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa

A disciplina Bases morfológicas e funcionais do sistema nervoso, como


o próprio nome diz, tem como objetivo e proposta apresentar
as principais descobertas e mudanças recentes envolvidas na
morfologia e fisiologia do sistema nervoso.

Este material é organizado de modo didático com a finalidade de


possibilitar a compreensão e oferecer vários exemplos práticos,
aproximando a teoria com a prática e, assim, despertando o
interesse do aluno.

A jornada de conhecimento a respeito da forma como ocorre a


interação do indivíduo com o ambiente, se inicia no entendimento
da unidade básica da parte central do sistema nervoso, o neurônio,
e caminha para uma ampliação de sua visão funcional como um
circuito complexo e interligado.

Dessa forma, você poderá obter um entendimento global do


funcionamento dos lobos cerebrais e sua interligação para a geração
de comportamento, a partir do conhecimento anatômico (visão
macroscópica) e histológico (visão microscópica) das estruturas mais
relevantes constituintes da parte central e periférica do sistema
nervoso, ou seja, a partir da introdução das principais funções
cognitivas e suas estruturas relacionadas.

Nesse contexto, diferentes estratégias e recursos de ensino são


utilizados com a finalidade de auxiliar na aprendizagem e fixação do
conteúdo proposto, tais como banco de questões, situações práticas
relacionadas ao tema, material de apoio extenso e resumido,
podcast e gravação de aula virtual.
2
Bons estudos!

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática
profissional. Vem conosco!

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TEMA 1

Aspectos microscópicos do Sistema


Nervoso: o neurônio
______________________________________________________________
Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa
DIRETO AO PONTO

Os neurônios são as células presentes no tecido nervoso


responsáveis pela condução de impulsos nervosos e sinapses, ou
seja, elas têm a função de manter ou alterar as funções orgânicas
a partir dos estímulos externos e internos ao processar as
informações e fazer a comunicação entre o sistema nervoso e o
restante do corpo. Não são as células predominantes nesse tecido,
mas são as mais importante, porque, graças a eles, podemos nos
movimentar, falar, pensar e tantas outras funções.

Quadro 1 - Elementos constituintes do neurônio.


Estrutura Descrição
Dendritos São os prolongamentos do neurônio responsáveis
em receber os estímulos e levar o impulso nervoso
ao corpo celular. Grande parte dos neurônios tem
uma grande quantidade de dendritos, que podem ser
classificados em apical ou basilar. O dendrito apical, ao
contrário do basilar, tem um talo e pode ser dividido
em distal e proximal conforme seu funcionamento
no sistema nervoso. No grupo distal, eles são mais
longos e se projetam do corpo celular na extremidade
oposta do axônio para que consigam formar sinapses
longe da célula nervosa, já um dendrito apical
proximal é mais curto e recebe impulsos de outros
neurônios mais próximos, incluindo interneurônios.
Os dendritos basilares são encontrados em maior
número que os apicais, principalmente no córtex
cerebral. Outro método de classificação consiste
em espinhosos ou lisos, baseadas na presença ou
ausência de espinhas dendriticas e carregam diferentes
tipos de mensagens nervosas para as células.

Axônios É o prolongamento mais longo que os dendritos e que


apresenta a função de conduzir o impulso que se dá
através do potencial de ação. Cada neurônio possui
apenas um axônio, que pode estar envolvido por um
isolamento elétrico chamado de bainha de mielina.

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Bainha de O papel da bainha de mielina é auxiliar a transmitir o
Mielina impulso nervoso mais rapidamente. A bainha de mielina
é produzida por dois tipos celulares: oligodendrócitos,
na parte central do sistema nervoso e células de
Schwann, na parte periférica do sistema nervoso.

Nodo de São os espaços entre as bainhas de mielina.


Ranvier
Corpo celular É a parte mais trófica do neurônio, local
onde está localizado o núcleo, dentre outras
organelas. Sendo ele, responsável por receber,
interpretar e gerar novos estímulos.

Fonte: elaborado pela autora.

O tecido nervoso é formado por células nervosas, neurônios e


células da glia. Os circuitos neuronais são as conexões formadas
pelas sinapses. A maior parte dos neurônios segue o mesmo plano
de estrutura geral, porém, se diferenciam estruturalmente quando
analisados individualmente, uma vez que necessitam se adaptar
à determinada função dada a ele. Por isso, o sistema nervoso é
compreendido como um grande sistema complexo constituído por
diferentes tipos e formas de neurônios responsáveis pelas mais
diversas tarefas.

Sinapse é o nome dado à região localizada entre os neurônios, onde


agem os neurotransmissores (mediadores químicos), transmitindo
o impulso nervoso de um neurônio para uma célula muscular ou
glandular. Assim, fazem a comunicação entre os órgãos do corpo e
o meio externo por meio de sinais elétricos que afetam os íons da
membrana dos neurônios, gerando potencial de ação.

Portanto, os neurônios se comunicam através de sinapses e o


espaço entre seus elementos recebeu o nome de fenda sináptica.
Os neurotransmissores são as moléculas liberadas pelos neurônios
pré-sinápticos lançados durante as sinapses com a função de
transportar as informações entre um neurônio e outra célula.
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Célula pré-sináptica é o nome dado aos neurônios que passam a
informação e célula pós-sináptica é a célula que recebe o sinal.

A sinapse química consiste no contato entre o neurônio e a célula


glial, outro neurônio ou outra estrutura responsiva, ou seja, entre os
neurônios pré e pós-sinápticos.

As células gliais são responsáveis pela manutenção do


funcionamento sináptico adequado ao ser responsável pela
manutenção, proteção e auxílio na sustentação do tecido nervoso.
Elas são classificadas em microglias e macroglias em razão do
seu tamanho. As micróglias possui função atrelada à defesa
imunológica da parte central do sistema nervoso e as macroglias
se subdividem em astrócitos (regulam funções neuronais e criam
barreira contra agentes tóxicos no sangue), células de Schwann
(formam a bainha de mielina e promovem o isolamento elétrico das
células), oligodendrócitos (mesma função das células de Schwann,
mas se diferenciam pelo número de células envolvidas pela
bainha de mielina criada e tipo de células que interagem) e células
ependimárias (função de promover o revestimento do sistema
nervoso e presentes nas cavidades cerebrais).

A membrana plasmática do neurônio é a estrutura responsável pela


produção e propagação de impulsos elétricos, com diferentes tipos
de canais iônicos que filtram seletivamente a passagem de íons para
dentro e fora da célula, gerando uma diferença de cargas elétricas
entre os dois lados da membrana. Ao meio intracelular negativo
se comparado com ao extracelular chamamos de potencial de
repouso. No entanto, os neurônios podem passar a apresentar
alteração nesse potencial de membrana pela abertura seletiva
e consecutiva de canais de Na+ e K+, provocadas por estímulos
específicos, causando uma inversão de polaridade elétrica da célula
(despolarização), fazendo com que o meio intracelular se torne
provisoriamente positivo em relação ao extracelular e recebe o
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nome de potencial de ação. Em seguida, há a repolarização com a
redistribuição dos íons entre os dois lados da membrana e o retorno
ao estado de repouso. Há receptores que produzem abertura
de canais de cloreto Cl¬- e tornam a célula ainda mais negativa,
exercendo uma ação inibitória sobre a célula pós-sináptica.

Nesse contexto, é importante salientar o quão é importante que


entre essas estruturas haja um verdadeiro concerto, em perfeita
harmonia de funcionamento, para que as informações consigam ser
processadas e integradas, cada qual com suas responsabilidades.

Essas alterações fisiológicas celulares pós-sinápticas provocadas


pelo neurônio pré-sináptico permite a ocorrência da plasticidade, ou
seja, a partir das modificações funcionais dos neurônios interligados
por meio das sinapses mudanças nos circuitos neuronais. E a
plasticidade neuronal é responsável pela capacidade adaptativa
do sistema nervoso humano, que se estrutura e se modifica
consequentemente às interações com o meio em que vive.

De acordo com a sua função, os neurônios podem ser classificados


como: sensoriais (transmitem as informações captadas pelos órgãos
sensoriais); motores (transmitem os impulsos nervosos aos diversos
órgãos) e interneurônios (estabelecem conexões entre os diversos
sensoriais e motores).

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Figura 1 - Tipos de neurônios

Fonte: TimoninaIryna/iStock.com.

Referências bibliográficas
FUENTES, D. et al. Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed,
2008.
MIOTTO, E. C.; LUCIA, M. C. S.; SCAFF, M. Neuropsicologia clínica. São Paulo:
Roca, 2012.

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PARA SABER MAIS

Em seu trabalho de pós-doutorado, James Olds (1922-1976)


começou a estudar as áreas de controle do sono em ratos, em que
eletrodos eram introduzidos na região do sistema reticular médio
do cérebro desses animais. Ao contrário do que se esperaria, o
rato passou a buscar o lugar da caixa onde o cientista aplicava os
choques elétricos. Com a hipótese de que os estímulos estariam
provocando curiosidade no animal, James mudou o canto da caixa
onde era aplicado. Em pouco tempo, o animal passou a preferir
aquele canto. Posteriormente, foi oferecida ao animal a chance
de se estimular sozinho dentro de uma caixa de Skinner. O rato
aprendeu rapidamente e passou a buscar com muita frequência
o estímulo elétrico. O rato se estimulava muitas vezes e, mesmo
após a eletricidade ter sido desligada, tentava receber o estímulo.
De modo acidental, o sistema de recompensa da parte central
do sistema nervoso foi descoberto e recebeu o nome de sistema
dopaminérgico. A partir da descoberta do sistema de recompensa as
bases neurobiológicas ligadas ao comportamento e os mecanismos
de dependência química foram sendo mais bem compreendidas.

Existe uma cadeia de reações envolvendo diversos


neurotransmissores nos mecanismos de ação das diferentes
drogas de abuso e que tem como objetivo final a liberação de
dopamina na porção ventral do núcleo estriado chamada de Núcleo
Accumbens (NAc). Devido às suas conexões aferentes e eferentes, o
NAc desempenha importante papel na regulação das emoções, da
motivação e da cognição.

Ao se consumir uma substância de abuso alterações no sistema


de recompensa são efetivadas em consequência às mudanças no
sistema dopaminérgico, onde há diminuição dos receptores D2 de
dopamina.

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As pessoas com deficiência no sistema de recompensa passam a
buscar externamente (por exemplo, por intermédio de substâncias
de abuso) uma maneira de ativar o sistema. Assim, por meio da
memória neuronal, esse sistema é marcado pelo prazer obtido pela
droga e pelo comportamento de procura incessante pela substância
em função desta sensação. As alterações na quantidade de
neurotransmissor ou na sensibilidade dos receptores D2 provocam
a falta de controle dos impulsos e impulsividade, conhecida como
dependência química.

TEORIA EM PRÁTICA

Rafael foi encaminhado pela psicopedagoga para auxilio diagnóstico


em avaliação neuropsicológica devido a queixa de aprendizagem.
O paciente tem 11 anos de idade e, apesar de cursar a sexta série
do ensino fundamental, devido à aprovação automática, ainda não
consegue ler e escrever. Há um ano, ele frequenta irregularmente
os atendimentos psicopedagógicos, com faltas constantes.
Em casa, quase nunca recebe auxilio nas lições por parte dos
genitores que, devido ao trabalho, deixa o filho o dia todo sob os
cuidados da avó materna, mais idosa. Não apresenta histórico de
atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), exceto na
aprendizagem, mas tem demonstrado aversão à escola. Justifique
a importância do apoio e estímulo consistente por parte dos pais e
profissionais de modo mais precoce.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

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LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

No artigo indicado são abordados aspectos de anatomia e fisiologia


dos elementos constituintes da parte central e periférica do sistema
nervoso. A anatomia é compreendida como a ciência que estuda
o nome, formato e localização dos órgãos do corpo humano. Já
a fisiologia explica o funcionamento e reação em cadeia entre os
diversos órgãos. A obra segue a terminologia anatômica adotada
pela Sociedade Brasileira de Anatomia.

CARVALHO, L. C. L.; RUSSO, P. P. Morfofisiologia animal II. Sistema


Nervoso, [s.l.], v. 2, p. 63-82, 2015.

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Indicação 2

Este artigo corresponde a uma pesquisa bibliográfica dos estudos


mais recentes que descrevem os impactos neurológicos associados
à covid-19, uma vez que as células do sistema nervoso central
podem ser infectadas juntamente com o sistema respiratório.

NUNES, M. J. M. et al. Alterações neurológicas na Covid-19: uma


Revisão Sistemática. Revista Neurociências, [s.l.], v. 28, p. 1-22,
2020.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Um paciente chega com uma ferida que requer sutura no pronto


socorro. O médico aplica um anestésico local, que bloqueia
a propagação de potenciais de ação. Os potenciais de ação
excitatório são gerados por qual dos seguintes mecanismos?

a. Abertura de canais de K (potássio).


b. Abertura de canais de Na (sódio).
c. Fechamento de canais de Na (sódio).

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d. Fechamento de canais de Ca2 (cálcio).
e. Abertura de canais de Ca2 (cálcio).

2. Os neurônios transmitem os impulsos nervosos para


outras células. Entre a porção final do axônio e a
superfície da célula seguinte existem espaços onde os
neurotransmissores são lançados e ocorre a passagem do
impulso. Entre as alternativas a seguir, marque aquela que
indica o nome correto desses pequenos espaços entre as
células.

a. Dendrito.
b. Axônio.
c. Célula de Schwann.
d. Mielina.
e. Fenda Sináptica.

GABARITO

Questão 1 - Resposta B
Resolução: Um potencial de ação é gerado pela abertura
de canais de Na+ e mais nenhum dos outros elementos. Um
anestésico local, como a lidocaína, bloqueia os canais de Na+
e os potenciais de ação não podem ser gerados, impedindo a
propagação da sensação de dor.
Questão 2 - Resposta E
Resolução: A partir das terminações do axônio, os neurônios
se comunicam uns com os outros, sendo chamada de fenda
Sináptica. Nessas pequenas regiões, os neurotransmissores
que atuam no transporte das informações são lançados.
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TEMA 2

Sistema nervoso: Aspectos


macroscópicos
______________________________________________________________
Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa
DIRETO AO PONTO

O sistema nervoso é formado por tecido nervoso dividido em duas


partes diferentes conforme sua localização, mas que se relacionam
entre si: o sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso
periférico (SNP).

A parte central do sistema nervoso é dividida em encéfalo e medula


espinal, já a parte central se comunica com as demais partes do
corpo por meio da parte periférica do sistema nervoso. A parte
periférica é formada por nervos cranianos (12 pares) espinais (31
pares), além dos gânglios.

Figura 1 - Componentes do sistema nervoso

Fonte: elaborada pela autora.

Os nervos cranianos são responsáveis por levar impulso elétrico a


parte central do sistema nervoso. Eles saem do encéfalo e o conecta
aos órgãos dos sentidos e músculos, principalmente àqueles

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localizados na região da cabeça. No entanto, alguns dos nervos
cranianos também encaminham o impulso em direção aos órgãos
alvos. Eles são classificados em motores (eferentes), sensitivos
(aferentes) ou mistos, de acordo com cada par de nervos visto que
os nervos espinais são todos mistos.

O encéfalo é constituído pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico.


Ele se localiza dentro da calota craniana e a medula espinal no
interior da coluna vertebral. O encéfalo e a medula são formados
por células da glia e pelos neurônios.

O tronco encefálico é formado pelo bulbo, ponte e mesencéfalo.


O bulbo se localiza na parte superior da medula espinal e forma
a parte inferior do tronco encefálico; a ponte se situa acima do
bulbo e anterior ao cerebelo e liga partes do cérebro entre si; e o
mesencéfalo se estende da ponte ao diencéfalo. Por sua vez, grande
parte do tronco encefálico é constituída por pequenos aglomerados
de neurônios (substância cinzenta) espalhados entre pequenos
feixes de axônios mielinizados (substância branca). Essa região
recebe o nome de formação reticular.

O cerebelo é a segunda maior estrutura encefálica depois do


telencéfalo (cérebro) e localiza-se nas regiões inferior e posterior da
cavidade craniana. Ele se situa posteriormente ao bulbo e à ponte, e
inferiormente à parte posterior do telencéfalo

A camada externa do cérebro (córtex cerebral) tem cor cinzenta e


é formada pelos neurônios. A parte interna com coloração branca
constituída pelos dendritos e axônios é chamada de substância
encefálica. As fibras são revestidas pela bainha de mielina e, por
isso, tem a cor branca. Na medula espinal ocorre o contrário, a
substância branca é externa e a substância interna em forma de “H”
é cinzenta.

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Quanto à propagação do impulso, o sistema nervoso é dividido em
sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo. O sistema
nervoso somático inclui as fibras nervosas sensitivas (aferente) e
motoras (eferentes) que controlam os músculos esqueléticos de
forma voluntária. É o sistema nervoso da vida de relação, sendo
ele que relaciona o organismo com o meio ambiente. Já o sistema
nervoso autônomo funciona independentemente da vontade
do indivíduo, como os batimentos cardíacos e os movimentos
respiratórios.

A eferência do sistema nervoso autônomo apresenta duas


partes, a parte simpática e a parte parassimpática. A maioria dos
órgãos também tem dupla inervação, ou seja, recebem impulsos
tanto de neurônios simpáticos quanto parassimpáticos. A parte
parassimpática é conhecida como a parte de repouso e suas
eferências são direcionadas para os músculos lisos, tecido glandular
do sistema digestório e respiratório ao passo que a parte simpática
é excitatória.

No entanto, o chamado ato reflexo medular consiste em uma


emissão de resposta a um dado estímulo recebido por um nervo,
por meio de um processo excitatório e que ocorre somente na
medula, sem a participação das estruturas do encéfalo. Ela se dá de
forma inconsciente.

Referências bibliográficas
OLIVEIRA, A. A.; NETO, F. H. C. Anatomia e fisiologia: a incrível máquina do
corpo humano. Fortaleza: Editora Educacional, 2015.

MIOTTO, E. C.; LUCIA, M. C. S.; SCAFF, M. Neuropsicologia clínica. São Paulo:


Roca, 2012.

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PARA SABER MAIS

Reserva cognitiva (RC) é a capacidade do cérebro guardar por


longos períodos as habilidades que foram adquiridas a partir das
experiências com o ambiente externo e de resistir aos prejuízos de
um quadro demencial, evitando o surgimento de sintomas clínicos
significativos no início da patologia.

Trata-se de um conceito que procura explicar a discrepância


encontrada entre o grau de lesão cerebral ou patologia e sua
manifestação clínica. Ela pressupõe processos cognitivos diferentes
para cada indivíduo subjacente ao desempenho das tarefas que
permitem com que algumas pessoas compensem melhor do que
outras a degeneração causada pela idade ou doença neurológica.

A essa tentativa de compensação de suprir a desabilidade causada


por uma área prejudicada, por meio de outra área preservada, dá-se
o nome de neuroplasticidade cerebral.

As diferenças na capacidade de o cérebro enfrentar um dano


neurológico podem ser compreendidas pelo modelo passivo e ativo.

No modelo passivo, a reserva se dá pelas características anatômicas


como o tamanho do cérebro, a quantidade de neurônios ou as
sinapses. Ela está relacionada à quantidade de dano que o cérebro
é capaz de suportar antes de começar a apresentar sintomas e
permitir o diagnóstico. No entanto, mesmo quando indivíduos
tinham volumes cerebrais parecidos e danos cerebrais semelhantes,
apresentavam efeitos diferentes sobre eles.

No modelo ativo, essa diferença ocorre por meio do esforço ativo


e eficiente do cérebro para compensar a lesão, fazendo uso de
processos cognitivos subjacentes ou por meio de treinamento
cognitivo especializado, a chamada reabilitação cognitiva. Assim,

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mesmo que duas pessoas apresentem a mesma capacidade de
reserva cerebral, aquela com mais reserva cognitiva é capaz de
tolerar melhor uma lesão, demorando mais a aparecer o quadro
clinico da deficiência.

O conceito de reserva cognitiva pode é importante no contexto do


envelhecimento e das demências, mas estudos recentes também
apontam para o seu efeito neuroprotetivo ao conseguir atenuar
os sintomas cognitivos em diferentes doenças. Entre eles estão a
esclerose múltipla, a dependência química, o transtorno de humor
bipolar, o traumatismo cranioencefálico, o HIV, a hepatite C, a
obesidade etc.

A reserva cognitiva é desenvolvida ao longo da vida em seus


diferentes estágios, com melhor eficiência quando mais jovem se
comparado com a terceira idade. Ela engloba o estilo de vida, como
a educação, a profissão e as atividades cognitivas estimulantes
(artesanato, exercício físico, leitura, culinária, socialização, entre
outras).

Referências bibliográficas
SERAFIM, A. P.; ROCCA, C. C. A.; GONÇALVES, P. D. Intervenções
neuropsicológicas em saúde mental. Baueri: Manole, 2020.

TEORIA EM PRÁTICA
O primeiro sinal de que havia algo errado com Lúcio* foi quando
ele completou 7 meses de idade e seus dentes de leite começaram
a nascer. Um belo dia, de tarde, os pais se depararam com uma
cena horripilante: o bebê tinha dilacerado a própria língua de
tanto mordê-la, e por pouco não morreu engasgado com o sangue.
Como a medicina viria a descobrir mais tarde, Lúcio, que mora em
Brasília, sofre de uma síndrome rara: a insensibilidade total à dor,
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uma condição que afeta menos de 300 pessoas em todo o mundo.
Elas podem dar uma topada com o dedão, cair de bicicleta ou fazer
tratamentos dentários sem anestesia – e nunca sentir nada. Mas
a ausência de dor, em vez de tornar tudo mais fácil e agradável,
transforma a vida delas num inferno. (MORESCHI, 2015, [s.p.])

A analgesia congênita consiste em uma doença rara que faz com


que o indivíduo não sinta nenhuma dor. A sua causa ainda não é
clara, mas sabe-se que os neurônios motor e sensitivo não chegam
a se desenvolver normalmente nesses indivíduos e que sua causa
é genética. Nesse contexto, reflita sobre a afirmação “a ausência
de dor, em vez de tornar tudo mais fácil e agradável, transforma
a vida delas num inferno” (MORESCHI, 2015, [s.p.]). Explique o
funcionamento eficiente dos mecanismos do sistema nervoso
periférico autônomo simpático e parassimpático e justifique sobre a
importância da sensação de dor para a sobrevivência do indivíduo.

Referências bibliográficas
MORESCHI, Bruno. As pessoas que não sentem dor. Revista Super
Interessante, 15 jan. 2011. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/as-
pessoas-que-nao-sentem-dor/. Acesso em: 26 jul. 2021.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
21
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

O livro indicado tem como objetivo ensinar fisiologia humana de


modo didático para os estudantes. Ele procura entender como
as leis naturais operam no corpo humano e como os sistemas
orgânicos funcionam na intimidade, e como eles interagem entre
si, objetivando a harmonia no funcionamento do todo. O texto, o
volume e encadeamento dos assuntos foram empregados na prática
e se mostrou acessível e autoexplicativo para que os estudantes
consigam obter um bom aproveitamento ao lerem sozinhos. Assim,
os alunos exercitam o autodidatismo e se preparam melhor para as
aulas.

MOURÃO JR., C. A.; ABRAMOV, D. M. Fisiologia humana. [S.l.]:


Guanabara Koogan, 2009.

Indicação 2

A obra indicada desvenda o sistema nervoso humano ao examinar a


sua organização e o funcionamento. As fronteiras das neurociências
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são apresentadas de modo acessível a estudantes. O livro é dividido
em quatro partes: Fundamentos, Sistema Sensorial e Motor, O
Encéfalo e o Comportamento, O Encéfalo em mudança.

BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências-


Desvendando o sistema nervoso. 4. ed. [S.l.]: Artmed, 2015.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. O sistema nervoso periférico é formado por:

a. Encéfalo e nervos raquidianos.


b. Nervos cranianos e espinais.
c. Gânglios e medula espinhal.
d. Nervos cranianos e encéfalo.
e. Medula espinhal e nervos cranianos.

2. O sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático se


caracteriza por enviar:

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a. Impulsos elétricos de ação sensitiva.
b. Mediadores químicos de ação somatória.
c. Mediadores químicos de ação sensitiva.
d. Mediadores químicos de ação antagônica.
e. Impulsos elétricos de ação antagônica.

GABARITO

Questão 1 - Resposta B
Resolução: A parte central do sistema nervoso é dividida
em encéfalo e medula espinhal, e a parte central do sistema
nervoso se comunica com as demais partes do corpo através da
parte periférica do sistema nervoso. Ela é formada por nervos
cranianos (12 pares) e espinais (31 pares), além dos gânglios
nervosos e terminações nervosas livres.
Questão 2 - Resposta D
Resolução: Tanto no sistema nervoso autônomo simpático
quanto parassimpático ocorrem sinapses químicas entre
os neurônios pré e pós-ganglionares. No entanto, o
neurotransmissor não é o mesmo e apresentam ações
antagônicas. No sistema nervoso autônomo simpático o
neurotransmissor é a noradrenalina com função excitatória e o
sistema nervoso autônomo parassimpático é a acetilcolina com
função de retorno ao estado de repouso.

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TEMA 3

Lobos do cérebro: Frontal, Temporal,


Parietal, Occiptal, Insular e Límbico
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Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa
DIRETO AO PONTO

Muitas pessoas consideram a denominação encéfalo sinônimo do


nome cérebro. No entanto, o cérebro se constitui em uma área
do encéfalo que compreende o cérebro, o tronco encefálico e o
cerebelo.

Figura 1 – Estruturas do encéfalo

Fonte: elaborada pela autora.

O telencéfalo é representado pelo hemisfério direito e esquerdo.


Esses dois hemisférios não estão completamente separados, mas
estão conectados por um feixe de fibras, chamado corpo caloso.
Ele é uma estrutura formada pela união de fibras mielínicas que se
cruzam e penetram em seu centro branco medular, unindo os dois
hemisférios.

Os hemisférios direito e esquerdo são parecidos externamente, mas


possuem funções diferenciadas:

Hemisfério esquerdo: responsável na maior porcentagem das


pessoas pelas funções cognitivas de análise, organização, seriação,
atenção auditiva, fluência verbal, regulação dos comportamentos
pela fala, praxias, raciocínio verbal, vocabulário, cálculo, escrita e
leitura. É o hemisfério dominante da linguagem oral. No entanto,

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uma pequena parte possui essas funções relacionadas ao hemisfério
direito.

Hemisfério direito: responsável pelas funções cognitivas de síntese,


organização, processo emocional, atenção visual, memória visual de
objetos e figuras. É onde as funções não verbais são processadas,
como as atividades de vida diária (AVD), a imagem das orientações
espaço-temporais e as experiências. Se manifesta por meio da
emoção, ou seja, da linguagem visual.

O telencéfalo é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais,


cada uma com funções diferenciadas e especializadas.

Lobo Frontal: é formado por várias áreas funcionalmente distintas,


sendo responsável pelo planejamento de ações e pensamento
abstrato. Além disso, é onde se encontra a área motora primária e
os giros, responsável pela área motora da palavra falada.

Lobo Occipital: é responsável pelo processamento dos estímulos


visuais que decodificam e os classificam em cores, tamanhos e
formas, nele está localizado o Córtex Visual. Ele contém o Córtex
visual primário e áreas de associação visual.

Lobo Temporal: é responsável pelo processamento auditivo para


que haja o reconhecimento de diferentes sons e sua origem e com
a memória para fatos antigos. Assim como nos lobos occipitais, as
informações são processadas por associação.

Lobo Parietal: responsável pela integração dos estímulos sensoriais


no corpo para reconhecimento e recordação da sua textura, forma
e peso; pela análise, interpretação e integração das informações
recebidas; relações visuoespaciais e integração das percepções
com outras sensações para a consciência das trajetórias de objetos

27
em movimento; habilidades de cálculo, escrita, lateralidade e
reconhecimento dos dedos.

Lobo Ìnsular: integra as informações sensoriais e autonômicas das


vísceras e desempenha um papel na área da linguagem.

Lobo Límbico: o sistema límbico tem sua função primária


relacionada a uma série de emoções. Além disso, se relaciona com
o olfato e com a memória. Os principais componentes do sistema
límbico são o lobo límbico, o giro denteado e o corpo amigdaloide.

Figura 2 - Diagrama das áreas cerebrais

Fonte: Jobalou/iStock.com.

28
PARA SABER MAIS

O cérebro é o centro de controle do comportamento, emoção e


pensamento. Didaticamente, Luria compreendeu o cérebro em três
principais unidades funcionais.

Primeira unidade funcional ou de vigília: ocorre nas estruturas


do tronco encefálico e suas conexões pré-frontais. A sua função
envolve os processos metabólicos do organismo, sistemas
respiratórios e digestivos e sistemas de condutas instintivas (sexual
e alimentação). Ele se dá através do fluxo de informações recebidos
do meio externo, com produção de reflexo de orientação e alerta do
indivíduo diante de mudanças que o meio oferece.

Segunda unidade funcional: tem a função de recebimento, análise


e armazenamento da informação. Ela envolve as estruturas dos
lobos parietais, occiptais e temporais.

Terceira unidade funcional: envolve os lobos frontais e tem a


função de programação, regulação e verificação continuada da
atividade. Ela é responsável pela memória de trabalho, atenção
sustentada, capacidade de concentração e atenção seletiva.

O comportamento depende da ação combinada de todas as três


unidades funcionais do cérebro.

A primeira unidade fornece o tono cortical necessário e corresponde


ao “cérebro desperto”; a segunda analisa e sintetiza as informações
que chegam e recebe o nome de “cérebro informado”; e a terceira
provê os requeridos movimentos de busca controlados que
conferem à atividade perceptiva o seu caráter ativo e é conhecida
como “cérebro programador”.

29
Quarta unidade funcional: responsável pela seleção dos estímulos
segundo características e tonalidade afetiva e a porção orbitária
do lobo frontal tem a função de conduzir a conduta segundo seu
aspecto afetivo.

O Cerebelo: conhecido como “pequeno cérebro” e tem participação


nos eventos neurobiológicos do aprendizado motor, como: recepção
das informações e modulação das respostas; equilíbrio, tônus
muscular, marcha e coordenação motora.

Figura 3 – Componentes da parte central do sistema nervoso

Fonte: sayukichi/iStock.com.

TEORIA EM PRÁTICA

Todos se recordam do dia em que Ayrton Senna faleceu, mas


poucos se recordam do rosto do vendedor que vendeu ingresso na

30
última sessão de cinema. Reflita e explique porque isso ocorre e o
conceito de Sistema Límbico.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

A obra indicada oferece um conteúdo adequado, baseada no


conceito integrador de homeostasia, além de trazer discussões
relevantes sobre suas alterações. A organização do conteúdo foi
preparada de modo didático, com encadeamento lógico, para
31
fornecer aos estudantes uma apresentação precisa e ilustrada da
estrutura e do funcionamento do corpo humano.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e


fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

Indicação 2

O artigo em espanhol traz obras de ficção com referência particular


à neurologia e explora os escritores de ficção para a neurologia.

INIESTA, I. Neurologia y Literatura. Neurology and literature, [s.l.],


v. 8, p. 507-14, 2010.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Muitas pessoas confundem o termo encéfalo com o nome


cérebro. No entanto, o cérebro é apenas uma parte do
encéfalo. Sobre o cérebro marque a alternativa correta:

32
a. Uma das estruturas que conecta o hemisfério direito ao
esquerdo é denominada de corpo caloso.
b. O encéfalo é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais,
cada uma com funções diferenciadas e especializadas.
c. Os hemisférios cerebrais são anatomicamente idênticos,
mas possuem funções específicas que funcionam de modo
independente.
d. O diencéfalo é dividido em hemisfério esquerdo e direito.
e. Em uma grande porcentagem de pessoas, o hemisfério direito
se manifesta por meio da fala oral, linguagem.

2. O Lobo Límbico, hoje conhecido como Sistema Límbico, foi


descoberto em 1878 pelo neurologista francês Paul Broca.
Sobre o Sistema Límbico, assinale a alternativa correta:

a. O Lobo Límbico é formado pelo Giro do Cíngulo, Amígdalas,


Núcleos anteriores do Tálamo, Hipotálamo, Cerebelo, Área
septal e Córtex cerebral.
b. A porção orbitária do lobo frontal tem a função de planificar a
conduta segundo seu aspecto motor.
c. Apesar da semelhança na nomenclatura, o conceito
de Sistema Límbico se diferencia de Lobo Límbico. O
Sistema Límbico é a unidade responsável pelas emoções e
comportamentos sociais, formada por diversas estruturas
que funcionam em conjunto em prol deste objetivo. Já o Lobo
Límbico se constitui em uma região cortical que compõem o
Sistema Límbico.
d. É responsável pela seleção dos estímulos segundo
características e tonalidade visuoespacial.
e. Participa de comportamentos inter-relacionados como, por
exemplo, a memória, a aprendizagem e a motricidade.

33
GABARITO

Questão 1 - Resposta A
Resolução: A alternativa correta é a “Uma das estruturas que
conecta o hemisfério direito ao esquerdo é denominada de
corpo caloso”, pois, o corpo caloso consiste em uma estrutura
formada pela união de fibras mielínicas que se cruzam no
plano mediano do cérebro e penetram em seu centro branco
medular, unindo os dois hemisférios.
Questão 2 - Resposta C
Resolução: O Sistema Límbico consiste em várias estruturas
localizadas em diferentes regiões cerebrais que funcionam
de modo interligado com o objetivo de processamento
das emoções e comportamentos sociais. O Lobo Límbico
se constitui em uma estrutura anatômica em forma de
anel, localizado na parte interna de cada lobo e é um dos
componentes corticais que constituem o Sistema Límbico.

34
TEMA 4

Estruturas cerebrais e funções


cognitivas
______________________________________________________________
Autoria: Marisa Martin Crivelaro Romão
Leitura crítica: Cristiano da Rosa
DIRETO AO PONTO

• Visão localizacionista: o funcionamento cerebral passa a


ser compreendido de modo fragmentado e cada região é
responsável por uma função cognitiva específica.

• Visão holista: todas as áreas cerebrais colaboram em um


determinado momento para a execução de determinada
tarefa.

Quadro 1 - Diagrama de estudos sobre estrutura cerebral e


funções cognitivas
PRINCIPAIS MARCOS HISTÓRICOS

Acidente do norte-americano Franz Gall: mudança drástica de


personalidade (regra social) após acidente com barra de ferro que
atravessou o cérebro após explosão na estrada de ferro. É o surgimento
da Frenologia (entendimento da função cognitiva através da análise
do cérebro). Visão localizacionista, porém, equivocada em como é
conseguido pelo cérebro.

Trabalhos de Paul Broca e Karl Wernicke: hipótese da afasia de


comunicação da fala e afasia de compreensão da fala, respectivamente.
Visão localizacionista da atribuição das faculdades mentais a
determinadas áreas específicas.

Trabalhos do fisiologista Gustav Fritsch e o psiquiatra Eduard


Hitzig: através de experiência com estimulação em determinadas áreas
cerebrais de cães foi descoberta a lateralidade do cérebro.

Trabalho de Jackson: propõem uma divisão hierárquica no


funcionamento das estruturas cerebrais.

Visão holística. Trabalho de Luria/Norman e Shallice: sistemas


funcionais, cujas funções elementares estariam localizadas em áreas
específicas do cérebro, mas os processos mentais englobam sistemas
que funcionam em conjunto.

Fonte: elaborado pela autora.

36
1. Atenção

• Formada por várias estruturas corticais e subcorticais, além de


sistemas de redes neurais.

• Estado de alerta: captação das informações dos órgãos


sensoriais. Tronco encefálico (formação reticular) – tonicidade.

• Formação Reticular: regula ativação inicial do córtex parietal


na recepção de informações sensoriais, os núcleos da base e
do colículo superior com as informações motoras, além das
informações límbicas advindas do giro do cíngulo e do corpo
amigdalóide.

2. Memória

• As suas funções estão distribuídas por várias estruturas


conforme a sua especificidade.

• O Hipocampo produz memória declarativa, o corpo


amigdaloide associado à memória afetiva, dando uma
tonalidade emocional à informação apreendida.

• Na memória de procedimento - Núcleos da base. O Cerebelo


aprendizado envolvido com a parte motora; corpo amigdaloide
- respostas afetivas. Aprendizados não associativos - as vias
reflexas sensoriais.

3. Linguagem

• O processamento da linguagem é complexo, ocorrendo em


estruturas específicas e localizações determinadas.

• Hemisfério esquerdo - articulação e compreensão da


linguagem e no reconhecimento da palavra; hemisfério direito
- aspectos oratórios e afetivos da linguagem.

37
• Área de Broca: responsável pelo planejamento motor da
linguagem, na articulação e conteúdo da fala.

• Área de Wernicke: situada na porção medial e superior do


lobo temporal. Predomina no esquerdo, com o papel da
compreensão da linguagem, porém, para uma pequena
parcela de indivíduos, a área da linguagem é do lado direito.

4. Função executiva

• É constituída por estruturas subcorticais e vias do Tálamo. O


córtex pré-frontal é a região mais associada ao funcionamento
executivo e tem a função de coordenar e integrar os diferentes
processos emocionais e cognitivos.

• Incerteza das localizações cerebrais – múltiplas tarefas e


multifacetado.

• “Comitê executivo”: o apreendedor, o verbalizador, o


motivador, o atentivo e o coordenador. Cada componente está
associado a um sistema pré-frontal e a habilidades cognitivas
específicas.

• Modelo Lezak: um processo comportamental por etapas


sucessivas e interdependentes: a volição, o planejamento, a
ação proposital e o desempenho afetivo.

PARA SABER MAIS

A ressonância magnética é, atualmente, a modalidade de


neuroimagem mais utilizada para a avaliação in vivo de quadros
demenciais, pois fornece informações detalhadas sobre estrutura
cerebral e permite uma distinção clara entre substância cinzenta,
substância branca e líquido cerebrospinal. Com ela, é possível

38
caracterizar a atrofia cerebral regional subjacente aos sintomas
demenciais e descartar a presença de outras lesões que podem
estar na base do declínio cognitivo.

Além das alterações neuroanatômicas, avanços recentes na


neuroimagem proporcionaram o reconhecimento do papel da
presença de disfunções cerebrais de redes de conexão cerebral
nas alterações de comportamento de idosos com doenças
neurodegenerativas. Por meio das tomografias por emissão de
pósitrons (PET) e computadorizada por emissão de fóton único
(SPECT), usando traçadores para o metabolismo de glicose (com
PET) ou para mapeamentos de fluxo sanguíneo cerebral, são
caracterizados os achados de hipoatividade funcionais nas regiões
temporoparietais e a parte posterior do giro do cíngulo, em casos de
doença de Alzheimer inicial.

Esses achados de hipoatividade cerebral regional são diretamente


proporcionais à gravidade dos déficits cognitivos característicos
da doença. Tais déficits neurofuncionais podem proceder ao
surgimento dos achados de atrofia cerebral identificáveis por meio
de ressonância magnética em caso de suspeita de demência de
Alzheimer.

Além das técnicas de PET e SPECT, conta-se, atualmente, com


exames de ressonância magnética funcional, em que são avaliadas
flutuações espontâneas da atividade funcional em diferentes regiões
cerebrais na presença de um estímulo explicito.

Na doença de Alzheimer, exames de ressonância funcional detectam


disfunções em sistemas complexos de interconexões de regiões
cerebrais, diretamente relacionados aos problemas cognitivos
(memória, atenção, linguagem, visioespaciais e funções executivas)
e sintomas neuropsiquiátricos (apatia, depressão, agitação,
desinibição e outros) presentes na doença.

39
Assim, a neuroimagem funcional permite a associação entre
anormalidades do funcionamento cerebral em regiões circunscritas
e alterações específicas do comportamento e da cognição em
transtornos neurodegenerativos.

Referências

CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. Neuropsicologia geriátrica. Porto Alegre: Artmed,


2014.

TEORIA EM PRÁTICA

Uma jovem de 30 anos sofreu um acidente automobilístico na


estrada quando retornava para casa. Durante o acidente, ela sofreu
uma batida forte na cabeça, com necessidade de realização de
exame de imagem às pressas no pronto socorro mais próximo. Após
dois dias na UTI, a jovem sai bem no hospital, porém, com o tempo
as pessoas mais próximas perceberam que embora ela compreenda
o que as pessoas lhe dizem, ela é incapaz de falar frases completas.
Reflita sobre os conceitos apresentados e explique qual o exame
de imagem seria mais adequado a ser utilizado no pronto socorro e
diga qual a área que sofreu provavelmente uma lesão no acidente.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
40
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

O livro indicado aborda de modo didático a fisiologia básica para os


estudantes. Ele é útil tanto para a auxiliar o professor na preparação
das aulas quanto aos alunos por ser autoexplicativo, conseguindo
compreender e se aprofundar no assunto sem dificuldade. A obra é
dividida em três capítulos: fundamentos, fisiologia celular e fisiologia
de sistemas. Já os capítulos estão organizados de modo que o
alicerce teórico é realizado antes do próximo capítulo.

MOURÃO-JÚNIOR, C. A.; ABRAMOV, D. M. Fisiologia essencial. Rio


de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

Indicação 2

A obra indicada traz correlações clínicas relevantes e atualizadas


aos importantes aspectos anatômicos, com o objetivo de auxiliar
desde o exame físico no atendimento primário e na interpretação de

41
exames de imagem até a base anatômica para situações médicas de
emergência e cirurgia geral.

PASSOS, M. A. F. Neuroanatomia aplicada para a clínica. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Considerando a visão da frenologia, com início a partir do


incidente do jovem americano Franz Gall com uma barra de
ferro atravessada em seu cérebro após uma explosão, assinale
a alternativa correta:

a. As funções mentais funcionam conforme sua especificidade


hemisférica.
b. O cérebro se constitui em uma rede de conexões integradas
umas às outras.
c. Os neurônios emitem sinais em determinada área conectando
a outras áreas e, assim, promovendo um circuito cerebral.
d. Todas as áreas cerebrais apresentam uma funcionalidade em
conjunto em prol do mesmo objetivo.

42
e. Áreas diferentes do córtex cerebral são responsáveis por
funções cognitivas específicas.

2. O Hipocampo é uma das estruturas do cérebro. Sobre essa


estrutura, assinale a alternativa correta:

a. Está envolvida nos aspectos motores.


b. Está associada à memória.
c. Participa das atividades viscerais.
d. Está envolvida nos quadros de afasia da comunicação oral.
e. Participa da regulação hormonal.

GABARITO

Questão 1 - Resposta E
Resolução: A frenologia se baseia em uma visão localizacionista
do cérebro, ou seja, pressupões que o funcionamento cerebral
se dá de modo fragmentado e cada região é responsável por
uma função cognitiva específica.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: O Hipocampo é uma das estruturas mais
importantes para a produção de memória recente, integração
e consolidação de estímulos sensoriais isolados e transferência
da memória de curto prazo para longo prazo.

43
BONS ESTUDOS!

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