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Sumário
OS NEURÔNIOS ................................................................................... 15
O CEREBELO ....................................................................................... 19
A MEMÓRIA .......................................................................................... 22
A HIPÓFISE........................................................................................... 26
A NEUROCIENCIAS.............................................................................. 28
REFERÊNCIAS: .................................................................................... 71
1
NOSSA HISTÓRIA
2
FUNDAMENTOS DE NEUROLOGIA: UMA INTRODUÇÃO AO
SISTEMA NERVOSO E A NEUROANATOMIA
O Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso é o órgão onde se enraízam a sensibilidade
consciente, a mobilidade espontânea e a inteligência. Por este motivo é
analisado como o centro nervoso mais respeitável de todo o sistema. Nada
escapa a ele e ao desenvolvimento integral do ser humano.
3
e entregar as informações que chegam ao encéfalo. Controla
ainda a atividade de diversas partes do corpo.
O mesencéfalo recebe e coordena informações referentes ao
estado de contrações dos músculos e a postura, responsável
pelos reflexos.
O cerebelo ajuda a manter o equilíbrio e a postura.
O bulbo raquiano está implicado na manutenção das funções
involuntárias, tais como a respiração. A ponte é constituída
principalmente por fibras nervosas mielinizadas que ligam o
córtex cerebral ao cerebelo.
O tálamo, localizado dentro do pros encéfalos (conhecido como
encéfalo anterior), age como centro de retransmissão dos
impulsos elétricos, que viajam para o córtex cerebral.
4
Quadro 1: Abordagem do sistema nervoso.
5
provenientes de outros neurônios e o axônio, um prolongamento
longo que transporta a mensagem, contida no seu interior, o
neurotransmissor, para locais, inclusive de grande distância, do
corpo. (2004, p. 113).
O CÉREBRO
6
cerebral. O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas
funcionalmente distintas (cada qual responsável por uma função, como visão,
audição, linguagem, coordenação motora, etc..). Nele estão agrupados os
neurônios.
7
fendas. O cérebro humano (complexo e extenso) se divide em duas metades,
esquerdo e o direito. Ele dispõe de funções e aptidões polivalentes. Entre eles
os neurônios, a calota cerebral (córtex e neocórtex), o encéfalo e suas infinitas
funções.
8
si mesmo e sobrevivem à diferenciação da equipotencialidades. Um domina,
com frequência, o outro. Essa dominância varia conforme os sexos, mas
também os indivíduos e, num mesmo indivíduo, dependendo das
circunstâncias.
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amor, o ódio, o medo, a ira, a alegria e a tristeza, também são controlados pelo
cérebro. Ele está encarregado ainda de receber e interpretar os inúmeros e os
sinais enviados pelo organismo e pelo exterior, já que, hoje conseguimos
localizar diversas regiões responsáveis pelo controle da visão, da audição, do
olfato, do paladar, dos movimentos automáticos e das emoções, entre outras.
O CÓRTEX OU NEOCÓRTEX
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cranianos nas suas proximidades e que os recobrem. O lobo frontal fica
localizado na região da testa; o lobo occipital, na região da nuca; o lobo
parietal, na parte superior central da cabeça; e os lobos temporais, nas regiões
laterais da cabeça, por cima das orelhas.
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total ou parcial. Além desses dados, ao longo da linha do tempo, a história do
estudo do encéfalo, ou seja, do cérebro nos mostrou a importância das áres de
Wernicke e de Broca.
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Pessoas com afasia de Broca têm dificuldade em dizer qualquer
coisa, fazendo seguidas pausas para procurar a palavra certa. A
incapacidade de encontrar palavras é chamada de anomia
(significando literalmente sem nome). De maneira curiosa, há termos
supera prendidos que afásicos de Broca conseguem dizer sem
hesitação, os dias da semana. Também os verbos frequentemente
não são conjugados. Em contraste com as dificuldades da fala, a
compreensão é bastante boa. (2002, p. 643-645).
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Baseado nisso, o hemisfério esquerdo controla a fala em mais de
95% dos seres humanos, mas isso não quer dizer que o direito não trabalhe,
ao contrário, é a acentuação do hemisfério direito que confere à fala nuances
afetivos essenciais para a comunicação interpessoal. O hemisfério esquerdo é
também responsável pela realização mental de cálculos matemáticos, pelo
comando da escrita e pela compreensão dela através da leitura. Já o
hemisfério direito é melhor na percepção de sons musicais e no
reconhecimento de faces, especialmente quando se trata de aspectos gerais. O
hemisfério esquerdo participa também do reconhecimento de faces, mas sua
especialidade é descobrir precisamente quem é o dono de cada face.
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OS NEURÔNIOS
Segundo Barbosa,
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possuem ao longo de suas funções, o poder da plasticidade, de regeneração.
(LENT, 2005, P.134).
Para presa,
16
Então, com o intuito de simplificar, os cientistas estabeleceram alguns
tipos fundamentais de neurônios, que são classificados de acordo com o corpo
celular. Uma das formas de classificação utilizadas em neurônios é baseada
no número de extensões que saem do corpo celular:
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O problema da natureza da transmissão de um neurônio para outro
também foi um ponto importante de consideração e pesquisa entre os
neurofisiologias do começo do século XX. Muitos defendiam a ideia de que a
transmissão era elétrica, da mesma forma como a propagação ao longo da
célula. Em 1846, o grande fisiologista Emil Du Bois-Reymond, o descobridor do
potencial de ação, tinha proposto que somente duas hipóteses poderiam ser
consideradas para a transmissão entre neurônios: elétrica ou química. Ele não
tinha nenhum apoio experimental para esta reflexão, de modo que ela acabou
sendo esquecida. Muitos anos depois, entretanto, ao renascer o interesse no
mecanismo sináptico, a hipótese de transmissão elétrica parecia fazer mais
sentido, (alguns cientistas chegaram a imaginar faíscas elétricas microscópicas
atravessando a fenda sináptica!), pois configurava uma imagem mais simples
do sistema nervoso. Infelizmente para esta hipótese, havia três pontos de
evidência que a contradiziam:
18
(1852-1952), que investigou no final de 1890 a fisiologia dos reflexos motores
simples e complexos; a conexão entre os neurônios, via final da regulação da
transmissão no sistema nervoso e, desta forma complementar a linha de
raciocínio do "pai" da fisiologia, Claude Bernard (1813-1878), que tinha
descoberto o papel integrativo do sistema nervoso no organismo. Esta
evidência já era considerável.
O CEREBELO
Para Bear,
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esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, com os movimentos do
lado direito do corpo. (2004, p. 167).
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A PLASTICIDADE DO CÉREBRO
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Logo, entende-se que o cérebro muda durante a vida, se remodela, melhora
a memória e a capacidade de raciocínio. Quanto maior o ato de exercitar as
células nervosas do cérebro, maiores serão as potencialidades do ser humano.
Essa questão torna-se essencial no contexto escolar, uma vez que, cabe aos
professores buscar conhecer e estimular o cérebro de seus estudantes, pois
cada um tem as suas próprias características.
A MEMÓRIA
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Têm-se notícias de que existem vários tipos de memória e que variam em
complexidade, pois, são processadas de formas diferentes e em partes
diferentes do cérebro. Conforme Capovilla e do Valle “a memória humana está
localizada em sistemas cerebrais conjugados”. (2004, p.429),
São elas:
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Representamos no quadro abaixo um esquema que contempla a memória
de curta e longa duração. Entretanto, a capacidade de informação dessas
memórias está relacionada às condições psico-físico-afetivas do ser humano,
pois, cada pessoa apresenta diferentes reações conforme a utilização de suas
mentes e da capacidade biológica de suas células.
São elas:
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Criar em sala de aula um clima favorável para a aprendizagem,
eliminando-se a insegurança do estudante em suas respostas ou
perguntas.
Dividir a aula em espaços curtos, onde se propõem atividades
diversificadas. Uma breve exposição, seguida de arguições, sínteses ou
algum jogo pedagógico operatório é sempre mais eficiente do que uma
exposição prolongada. Neste procedimento, o kit neuropedagógico se
encaixa como uma opção que, além de dialogar com o conteúdo,
estimula os sentidos e resgata a memória.
Habituar o estudante a fazer da caneta ou lápis sua melhor memória,
mostrando-lhe os usos consistentes de uma agenda, reforçando
lembretes, cognitivos ou não.
Desenvolver hábitos estimuladores da memória de maneira lenta e
progressiva.
Respeitar as particularidades de cada estudante e a maneira como sua
memória melhor trabalha.
Reservar alguns minutos da aula para conversar sobre o conteúdo
estudado possibilita que o novo conhecimento percorra mais uma vez o
caminho no cérebro dos estudantes. Assim, eles fazem uma releitura do
que aprenderam.
Estabelecer relações entre novos conteúdos e aprendizados anteriores
faz com que o caminho daquela informação seja percorrido novamente,
tornando mais fácil seu reconhecimento.
Portanto, cabe ao professor oferecer outras conexões, usando
abordagens diferentes, investigando conhecimentos prévios e
estabelecer relações entre novos conteúdos para tornar mais fácil o
aprender. Quanto mais conexões, mais memória.
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A HIPÓFISE
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2. Hipófise posterior ou neuro-hipófise. O lobo posterior é constituído por
fibras nervosas desprovidas de mielina e por células da neurologia. Os
hormônios neuro-hipofisários são a vasopressina ou hormônio antidiurético
(ADH) e a oxitocina, de estrutura parecida. A oxitocina atua ao nível dos
músculos lisos dos vasos sanguíneos do útero.
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A NEUROCIENCIAS
28
ensino e aprendizagem em ambientes educacionais, é a proposta de Fischer
(2009). Entender os aspectos biológicos relacionados com a aprendizagem, as
habilidades e deficiências de cada indivíduo ajuda educadores e pais na tarefa
de educar. Elaborar ações educativas com base no conhecimento da
neurociência é dispor de ferramentas capazes de analisar o percurso da
aprendizagem para que se alcance potencial individual de desenvolvimento e
aprendizagem. Goswami (2006, p. 6) relata sua experiência ao divulgar a
neurociência no ambiente educacional:
29
descobertas de Ramón y Cajal segundo as quais “no SNC dos adultos, as vias
neuronais são fixas e imutáveis. Todas as células deverão morrer e não
ocorrerá regeneração. Talvez no futuro a ciência mude esta lei”.
30
ciências, como na educação, abrindo novas possibilidades de intervenções
mais adequadas sobre o cérebro humano.
O desenvolvimento do cérebro
31
O conhecimento, por parte do educador, do neurodesenvolvimento
permite a utilização de teorias e práticas pedagógicas que levem em conta a
base biológica e os mecanismos neurofuncionais, otimizando as capacidades
do seu aluno.
32
Della Chiesa (OECD, 2007, p. 111) aponta dois tipos de sinaptogênese,
o primeiro que ocorre naturalmente e outro que ocorre como resultado da
exposição aos estímulos ambientais. Ao primeiro tipo se refere como
experiência-expectante de aprendizagem e ao segundo como experiência-
dependente de aprendizagem. Em seres humanos não foram encontrados,
segundo o relatório de Della Chiesa (OECD, 2007), períodos críticos de
aprendizagem, sendo, portanto, mais apropriado falar de períodos sensíveis
para situações em que a aprendizagem de um tipo particular é mais fácil em
um período. Este autor comenta que na aprendizagem de línguas existem
períodos sensíveis, sendo que alguns deles ocorrem em idade adulta. A
percepção auditiva é rapidamente moldada pelo som ambiente ao longo dos 12
primeiros meses de vida da criança, a partir do ponto em que ela passa a ter
dificuldade para diferenciar sons que não entrou em contato. Sabe-se que a
capacidade de diferenciar sons de uma língua estrangeira diminui entre sexto e
o décimo segundo mês de vida, quando o cérebro da criança a prepara para a
fala na língua nativa. A questão é saber se os programas dos sistemas
educacionais têm relação com os períodos sensíveis e se os exames de
imagem funcional do cérebro vão acrescentar novas explicações em relação
aos processos biológicos referentes a esses períodos.
33
período ótimo para uma aprendizagem rápida”. Foi o primeiro autor que se
referiu à possível existência de períodos críticos na aprendizagem e no
desenvolvimento motor. O autor acima citado analisa os resultados desta
pesquisa amplamente divulgada e não encontra uma fundamentação sólida
nem consistência numa amostra limitada a um par de gêmeos.
34
da vida adulta. Está permanente plasticidade do cérebro sugere que ele foi
concebido para a aprendizagem e adaptações, que podem provocar
modificações em sua estrutura diante de novos desafios.
35
cérebro humano base biológica para nos tornar seres humanos, com
capacidades exclusivas como a linguagem, a consciência de si próprio e da
existência do outro.
36
existe uma exclusividade humana. Qual seria o ponto da evolução em que
ocorreu a conversão para seres humanos é ainda uma especulação. Em
alguma época do Pleistoceno, entre 600 e 100 mil anos, pressões evolutivo-
ambientais, que não se conhecem, teriam levado ao aparecimento da mente e
da consciência humanas. Rose (2006) cita o período iniciado há 250 mil anos
em que as variações climáticas severas ocorridas na África impuseram
condições adversas que exigiram habilidades mentais necessárias para a
sobrevivência. Buscar traços universais humanos que poderiam distinguir os
seres humanos é uma aventura que deve se prolongar para as ciências.
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Quando o aprendizado se orienta por metas, como tomada de decisão,
planejamento e execução de planos, escolhas de comportamentos mais
adequados para uma dada situação, serão incluídas funções mentais com
comportamentos complexos. São funções chamadas executivas. Função
executiva é, segundo Eslingar (2000, p. 1), um conceito neuropsicológico de
formulação recente. Relaciona-se com a organização, pelo executor, da
informação formulando planos, definindo objetivos, controlando as variantes.
“Em estudos neuropsicológicos, as funções executivas têm sido demonstradas
como sendo muito diferentes da inteligência geral e memória”. As áreas
cerebrais responsáveis pelas funções executivas amadurecem tardiamente, na
idade adulta jovem. Como no desenvolvimento de outras funções cerebrais, as
funções executivas tornam-se progressivamente conectadas aos domínios do
conhecimento para fatos, imagens e palavras. Tudo isso para que o
conhecimento tenha propósito, justificativa e aplicabilidade em comportamentos
direcionados para uma meta.
38
informações e sua recuperação quando necessário”. Memória de curto e longo
prazo, imediata, recente e remota com funções de recordar e esquecer. Como
falar de aprendizagem sem a função da memória? Se não houvesse, na mente,
um modo de armazenamento das representações vividas e um complexo
mecanismo de recuperação de experiências, não haveria aprendizagem.
Cardoso (1997, p. 1) escreve sobre a memória dizendo:
39
formação de professores, com o objetivo de oferecer aos educadores
um aprofundamento a esse respeito, para que se obtenham melhores
resultados no processo de ensino-aprendizagem, especialmente, na
educação básica.
40
recuperado. Seria como se pela manhã, ao acordar, selecionássemos as
informações necessárias para as atividades daquele dia.
41
estrutura neural que se seguem após o indivíduo passar por um processo
educacional são pontuais e não envolvem a avaliação de questões da mente
humana.
42
APROXIMAÇÕES TEÓRICAS COM A NEUROCIÊNCIA
Rudolf Steiner (1999) sempre focou uma educação que possa construir
com o novo4através de buscas expressivas que ampliem o conhecimento na
área de Ciências. Sabe-se, também, que a produção e a transmissão desse
conhecimento ocorrem com diferentes tipos de linguagem e de visão5, pois,
nem todo mundo está preparado para receber “conhecimentos”. Pensando
nisso, buscou-se em algumas obras pedagógicas de Rudolf Steiner uma
análise biopsicossocial do homem, assim como, um aprofundamento e uma
conscientização da atividade docente.
43
se na Antroposofia e com ela a pedagogia Waldorf o olhar mais profundo do
ser, em que educar e ensinar significa promover o pleno desenvolvimento das
capacidades manifestas em cada ser humano. Os vastos campos na evolução
da pessoa humana estão ligados a todas as variedades do seu desempenho,
não só no desenvolvimento das suas potencialidades, mas também, nos
processos cognitivos de sua maturação.
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Portanto, duas questões justificam a relevância das contribuições de
Steiner para o Ensino de Ciências: primeiro porque ele procura ressignificar um
ensino que sempre foi, e ainda o é, nas escolas de modo geral, fortemente
dominada pelo método científico, onde o saber sobrepuja o sentir, o querer e
pensar. E num segundo momento, porque busca a necessidade de refletirmos
o ser humano, como um ser biológico, inserido na natureza. Assim sendo, a
prática do Ensino de Ciências, se legitima como uma possibilidade de
sistematizar a educação, onde a inter-relação entre o eu e o outro, aspectos
propostos por Steiner dentro da escola Waldorf6, sejam considerados
indissociáveis na ação pedagógica do educador.
45
ideias, estruturas e geram outro complexo com linguagem, organização,
informação e conhecimentos.
46
Para Morin (2005), a linguagem é um instrumento do pensamento e
utiliza a computação como forma de associar as operações de separar e
associar, enquanto, a cogitação desenvolve operações lógicas para o
pensamento. A consciência é inseparável do pensamento e,
consequentemente, da linguagem. Ela é a emergência do pensamento. O
nosso cérebro só reconhece o mundo externo através das variações e
diferenças, e os receptores sensoriais são, cada um à sua maneira, sensíveis a
variações de estímulos químicos (olfato, paladar), mecânicos (tato, audição) e
luminosos (visão).
47
A compreensão é a um só tempo meio e fim da comunicação humana.
Entretanto, a educação para a compreensão está ausente do ensino. O planeta
necessita, em todos os sentidos, de compreensão mútua. Considerando-se a
importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e
em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das
mentalidades. Está deve ser a obra para a educação do futuro. [...] A
compreensão mútua entre os seres humanos, quer próximos, quer estranhos, é
daqui para frente vital para que as relações humanas saiam de seu estado
bárbaro de incompreensão. Daí decorre a necessidade de estudar a
incompreensão a partir de suas raízes, suas modalidades e seus efeitos. Este
estudo é tanto mais necessário porque enfocaria não os sintomas, mas as
causas do racismo, da xenofobia, do desprezo. “Constituiria, ao mesmo tempo,
uma das bases mais seguras da educação para a paz, à qual estamos ligados
por essência e vocação.” (2000 p.16-17)
48
O PENSAMENTO DE VYGOTSKY E SUA RELAÇÃO
COM O CÉREBRO
49
pensamento ao funcionar como instrumento de mediação entre os indivíduos e
a realidade onde se inserem. Os sistemas de signos são formados por
conceitos e estruturas organizadas de conceitos.
50
fracasso escolar e para as atitudes de recusa dos alunos. Esta análise busca a
reorientação das estratégias educativas, gerando um novo modelo de
aprendizagem das ciências.
NEUROCIÊNCIA ATUALMENTE
51
de grande preocupação, pois suas consequências na sociedade são
inevitáveis, gravíssimas e ubíquas.
52
E de onde vêm nossos comportamentos? Hoje sabemos que eles são
produtos da atividade do nosso cérebro, ou melhor, de nosso sistema nervoso.
Nossas sensações e percepções, ações motoras, emoções, pensamentos,
ideias e decisões, ou seja, nossas funções mentais estão associadas ao
cérebro em funcionamento.
53
Essas descobertas, ao longo dos últimos anos, ultrapassaram os nichos
acadêmicos especializados nas neurociências e se estenderam aos
profissionais de outras áreas do conhecimento, como as artes, as ciências
exatas, humanas e sociais. Naturalmente, a educação é uma dessas áreas.
Além disso, a divulgação científica, mediada por veículos de comunicação de
massa, fez com que essas descobertas das neurociências fossem rapidamente
compartilhadas com o público em geral.
54
As neurociências são ciências naturais que estudam princípios que
descrevem a estrutura e o funcionamento neurais, buscando a compreensão
dos fenômenos observados. A educação tem outra natureza e finalidades,
como a criação de condições para o desenvolvimento de competências pelo
aprendiz em um contexto particular. Ela não é regulada apenas por leis fisicas
ou biológicas, mas também por aspectos humanos que incluem, entre outras, a
sala de aula, a dinâmica do processo ensino-aprendizagem, a família, a
comunidade e as políticas públicas. Descobertas em neurociências não
autorizam sua aplicação direta e imediata no contexto escolar, pois é preciso
lembrar que o conhecimento neurocientífico contribui com apenas parte do
contexto em que ocorre a aprendizagem. Embora ele seja muito importante, é
mais um fator em uma conjuntura cultural bem mais ampla.
55
Essas são algumas das questões presentes no dia a dia do professor e
de outros profissionais da educação. Muitas continuam sem resposta, mas
outras já têm sido abordadas em uma perspectiva neurocientifica, por meio de
teorias e estudos que continuam em expansão. Na verdade, a comunicação
entre a comunidade de educadores e a de neurocientistas necessita ser uma
via de mão dupla, pois estes precisam ser envolvidos nos problemas reais do
cotidiano escolar. Essa interação possibilitará o aparecimento de estudos que
venham avaliar o sucesso ou não de determinadas práticas pedagógicas em
termos dos achados no funciona mento neural.
56
como as crianças aprendem e se desenvolvem, como o corpo pode ser
influenciado pelo que sentimos a partir do mundo e porque os estímulos que
recebemos são tão relevantes para os desenvolvimentos cognitivo, emocional
e social do indivíduo.
57
perspectiva, as diversas áreas do conhecimento utilizarão seus pressupostos
para avançar em direção a um conhecimento novo. Nesse enfoque,
acreditamos que a educação poderia se beneficiar dos conhecimentos
neurocientificos para a abordagem das dificuldades escolares e suas
intervenções corretivas. Isso permitiria explorar as potencialidades do sistema
nervoso de forma criativa e autônoma e ainda sugerir intervenções
significativas para a melhoria do aprendizado escolar e da qualidade de vida.
58
ambiente. A atenção é influenciada por vários processos, como os mostrados
no lado direito da figura.
Por outro lado, um estado de alerta extremo, causado por uma condição
de ansiedade, por exemplo, também pode prejudicar a atenção e o
processamento cognitivo. É necessário, então, um nível adequado de vigília
para que o cérebro possa manipular a atenção, focando a consciência em
diferentes modalidades sensoriais, em eventos ou objetos notáveis ou, mais
ainda, em alguma caracterís- tica especial que for julgada importante.
59
Figura 2: Visão esquemática do circuito que tem origem no locus
ceruleus. As fibras nervosas que se distribuem ao longo do córtex cerebral são
importantes para manter e regular o estado de alerta ou de vigilância das
pessoas.
60
sendo falado naquele grupo. Vários aspectos do fenômeno atencional ocorrem
nesse exemplo. Inicialmente, um estímulo periférico captura e desloca o foco
da atenção; segue-se então o ajuste desse foco na nova direção, visando obter
maior discriminação do estímulo, até que se consiga captar de forma precisa a
informação desejada. Os estudos dos mecanismos cerebrais envolvidos na
atenção indicam a existência de dois sistemas ou circuitos diferentes que
regulam exatamente os processos acima mencionados.
61
como giro do cíngulo (Figura 4), situado na parte interna do hemisfério cerebral,
que fica adjacente ao outro hemisfério.
62
As crianças, em seus primeiros meses de vida, ainda não possuem
esses sistemas amadurecidos e sua atenção é basicamente regulada pelos
estímulos periféricos. Aos poucos, vão adquirindo a capacidade de dirigir sua
atenção até atingir os níveis encontrados nos adultos. Os idosos, por outro
lado, têm mais uma vez dificuldade com a atenção, principalmente na inibição
dos estímulos distraidores. Adolescentes e adultos jovens frequentemente
abusam de sua capacidade atencional, e pode-se observá-los estudando em
um livro aberto em frente ao computador, que está ligado, enquanto escutam
música em volume elevado em outro equipamento. Contudo, é bom lembrar
que duas informações que viajem por um mesmo canal não serão processadas
ao mesmo tempo, pois o cérebro será obrigado a alternar a atenção entre as
informações concorrentes.
63
Por esse mesmo mecanismo, nossa linguagem corporal influencia
automaticamente os outros e é possível nos bene ficiarmos se tivermos mais
consciência disso. Uma vez que essa ação é registrada em nosso cérebro, ele,
provavelmente, vai também estimular áreas afins da emoção (Pillay, 2011;
Callegaro, 2011).
64
A interpretação das expressões faciais tem enormes implicações na
sala de aula e na vida em geral. Quando um aluno sente que a expressão
facial de um professor transmite algum tipo de mensagem ameaçadora,
então o cérebro desse aluno entra em nodo de pânico e o novo
aprendizado é impedido (isso é independente se o professor pretende fazer
uma expressão ameaçadora ou não ou se estudante interpretou mal a
expressão do professor). [] Relacionado a rostos, presume-se que os
neurônios-espelho desempenham um papel na compreensão das
expressões faciais dos outros à medida que a pessoa "usa" a face do outro,
por assim dizer, quando interpreta os sentimentos e intenções por trás da
expressão no rosto. [..] Além disso, o cérebro humano julga os tons de voz
dos outros para níveis de ameaça de maneira rápida e muitas vezes
inconsciente, influenciando o modo como a informação dessas fontes é
percebida (por exemplo, válida, inválida, confiável, indigna de confiança). [.]
Grandes professores sabem como usar suas vozes para atrair os alunos
para discussões em sala de aula. Isso significa que eles administram seus
niveis de entonação conscientemente para não repelir ou entediar os
alunos, mas sim transmitir uma sensação de excitação e intriga sobre o
assunto. (Tokuhama-Espinosa, 2011, p. 126-127)
65
alunos, mas sim transmitir uma sensação de excitação e intriga sobre o
assunto. (Tokuhama-Espinosa, 2011, p. 126-127)
66
foram comunicados. Nessa descrição, relatamos ações especificas que
observamos para verificar se percebemos corretamente o que aconteceu.
Porém, e esta é a parte mais dificil, evitamos julgar os fatos. Para podermos
fazer isso, precisamos observar a nós mesmos(as), visto que, usualmente,
julgamos tudo o que percebemos. É um meca nismo natural de adaptação ao
contexto.
67
O estímulo emocional que chama nossa atenção pode estimular nossa
memória!
68
Na perspectiva de recompensa temos também o fator temporal se
conseguimos um prazer imediato ou se precisamos esperar uma recompensa
posterior. Se temos uma meta pessoal significativa, que irá nos recompensar
em médio ou em longo prazo, podemos até aceitar situações adversas no
presente, tento em vista os resultados positivos que esperamos no futuro.
69
otimização das capacidades intelectuais; (7) Desenvolver estratégias de
conscientização pública sobre a interface educação e neurociências em
espaços formais, não formais e informais de ensino [ ] (Aranha: Sholl-
Franco, 2012, p. 12-13)
70
sugerem que o treinamento artistico infantil influencia, sobremaneira, o
desenvolvimento e a organização cerebral dessas crianças. A arte é muito
importante para potencializar o desempenho cognitivo educacional (Aranha,
Sholl-Franco, 2012)
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72