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TECIDO NERVOSO

INTRODUÇÃO

O tecido nervoso encontra-se distribuído pelo organismo, mas está interligado, resultando no
sistema nervoso. Forma órgãos como o encéfalo e a medula espinal, que compõem o sistema
nervoso central (SNC). O tecido nervoso localizado além do sistema nervoso central é
denominado sistema nervoso periférico (SNP) e é constituído por aglomerados de neurônios,
os gânglios nervosos, e por feixes de prolongamentos dos neurônios, os nervos. O tecido
nervoso recebe informações do meio ambiente através dos sentidos (visão, audição, olfato,
gosto e tato) e do meio interno, como temperatura, estiramento e níveis de substâncias.
Processa essas informações e elabora uma resposta que pode resultar em ações, como a
contração muscular e a secreção de glândulas, em sensações, como dor e prazer, ou em
informações cognitivas, como o pensamento, o aprendizado e a criatividade. Ele é ainda capaz
de armazenar essas informações para uso posterior: a memória.

O tecido nervoso apresenta abundância e variedade de células, mas é pobre em matriz


extracelular. Os neurônios são responsáveis pela transmissão da informação através da
diferença de potencial elétrico na sua membrana, enquanto as demais células, as células da
neuróglia (ou glia), sustentam-nos e podem participar da atividade neuronal ou da defesa. No
SNC, essas células são os astrócitos, os oligodendrócitos, as células da micróglia e as células
ependimárias. No SNP, são as células-satélites e as células de Schwann. A matriz extracelular
deve constituir 10 a 20% do volume do encéfalo. Não há fibras, mas há glicosaminoglicanos,
que conferem uma estrutura de gel ao líquido tissular, permitindo a difusão entre capilares e
células.

OS NEURONIOS

Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do meio
(interno e externo), possibilitando ao organismo a execução de respostas adequadas para a
manutenção da homeostase. Para exercerem tais funções, contam com duas propriedades
fundamentais: a excitabilidade e a condutibilidade. Excitabilidade é a capacidade que permite
a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou externos. Portanto, excitabilidade
não é uma resposta, mas a propriedade que torna a célula apta a responder. Essa propriedade
é inerente aos vários tipos celulares do organismo. No entanto, as respostas emitidas pelos
tipos celulares distintos também diferem umas das outras. A resposta emitida pelos neurônios
assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez
excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de excitação – chamada de
impulso nervoso – por toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de
tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade.

Os neurônios apresentam morfologia complexa, porém quase todos apresentam três


componentes:

 Pericário ou corpo celular: é nesta estrutura que se dá a sintese proteica, sendo também
nesta aqui que ocorre a convergencia das correntes eléctricas geradas na árvore
dendrítica. Cada corpo celular neuronal contém apenas um núcleo que se encontra no
centro da célula. É também nesta estrutura que estão alojadas todas as funções celulares
em geral.
 Dendritos: São prolongamentos especializados em receber e transportar os estimulos das
células sensoriais, dos axônios, e de outros neurônios. Possuem múltiplas ramificações e
extremidades arborizadas, o que lhes dá a capacidade de receber multiplos estimulos de
vários neurônios de maneira simultânea.
 Axônios: são prolongamentos únicos especializado na condução de impulsos, que
transmitem informações do neurônio para outras células (nervosas, musculares,
glandulares). Normalmente existe apenas um único axônio em cada neurônio.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEURONIOS


De acordo com sua morfologia, os neurônios podem ser classificados nos seguintes tipos:

 Multipolares: possuem vários dendritos e um axônio


 Bipolares: possuem um dendrito e um axônio.
 Pseudo-unipolares: apresentam próximo ao corpo celular, prolongamente único, mas
este se divide em dois, dirigindo-se um ramo para a periferia e outro para o sistema
nervoso central.
Os neurônios podem ainda ser classificados segundo sua função. Os neurônios motores
controlam órgãos efetores, tais como glândulas exócrinas e endócrinas e fibras musculares. Os
neurônios sensoriais recebem estímulos sensoriais do meio ambiente e do próprio organismo.
Os interneurônios estabelecem conexões entre outros neurônios, formando circuitos
complexos.

AS CELULAS DA GLIA

As células da glia possuem a função de envolver e nutrir os neurônios, mantendo-os


unidos, sendo elas:

Astrócitos: têm a forma de estrela, com inúmeros prolongamentos; em grande quantidade,


apresentam-se sob duas formas: astrócitos protoplasmáticos, localizados na substância cinzenta; e
astrócitos fibrosos localizados na substância branca. Têm como funções sustentação, participam da
composição iônica e molecular do ambiente extracelular dos neurônios. Alguns astrócitos
apresentam prolongamentos chamados pés vasculares, que se expandem sobre os capilares
sanguíneos. Admite-se que esses prolongamentos transferem moléculas e íons do sangue para os
neurônios.
Oligodendrócitos: produzem as bainhas de mielina que servem de isolantes elétricos para os
neurônios do SNC. Os oligodendrócitos têm prolongamentos que se enrolam em volta dos axônios,
produzindo a bainha de mielina.
Micróglia: células pequenas com poucos prolongamentos, presentes tanto na substância branca,
como na substância cinzenta. São células fagocitárias e derivam de precursores trazidos da medula
óssea pelo sangue, representando o sistema mononuclear fagocitário no sistema nervoso central.
Células de Schwann: Se localizam em volta do sistema nervoso periférico e cada célula de Schwann
forma uma bainha de mielina em torno de um segmento de um único axônio. Essa bainha de
mielina atua como isolante elétrico e contribui para o aumento da velocidade de propagação do
impulso nervoso ao longo do axônio, porém, não é contínua, entre uma célula de Schwann e outra
existe uma região de descontinuidade da bainha, o que acarreta a existência de uma constrição
(estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL

O sistema nervoso central é constituído pelo cérebro, cerebelo e medula espinhal. Como
não contém um estroma de tecido conjuntivo, o sistema nervoso central tem a consistência
de uma massa mole.
Quando corados, o cérebro, o cerebelo e a medula espinhal mostram regiões brancas
(substância branca) e regiões acizentadas (substância cinzenta). A distribuição da mielina
é responsável por essa diferença de cor, que é visível a fresco. Os principais constituintes
da substância branca são axônio mielinizados, oligodendrócitos produtores de mielina. Ela
possui também outras células da glia. A substância branca não contém corpos de
neurônios.

A substância cinzenta é formada de corpos de neurônios, dendritos, a porção inicial não


mielinizada dos axônios e células da glia. Na substância cinzenta têm lugar as sinapses do
sistema nervoso central. A substância cinzenta predomina na superfície do cerebro e do
cerebelo, constituindo o córtex cerebral e o córtex cerebelar, enquanto que a substância
branca predomina nas partes mais centrais.

Em cortes transversais da medula espinhal, a substância branca se localiza externamente


e a cinzenta internamente, com forma de letra H.

O sistema nervoso central está contido e protegido na caixa craniana e no canal vertebral,
sendo envolvido por membranas de tecido conjuntivo chamadas meninges. As meninges são
formadas por três camadas, que, de fora para dentro, são as seguintes: dura-máter, aracnoide
e pia-máter.

 Piamáter: localizada mais intimamente ao sistema nervoso, é impossível de ser totalmente


removida sem remover consigo o próprio tecido nervoso, essa camada é altamente
vascularizada.
 Aracnóide: situada entre a Piamáter e Duramáter, é provida de trabéculas que permite a
circulação do líquido cefalorraquidiano.
 Duramáter: trata-se do envoltório mais externo e mais forte, constituída de tecido conjuntivo
denso, continuo com o periósteo dos ossos da caixa craniana. A duramáter que envolve a
medula espinhal é separada do periósteo das vértebras, formando-se entre os dois, o espaço
peridural.

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

Os componentes do SNP são os nervos, gânglios e terminações nervosas. Os nervos são


feixes de fibras nervosas envolvidas por tecido conjuntivo.

As fibras nervosas são constituídas por um axônio e suas bainhas envoltórias.O tecido
conjuntivo que reveste um axônio e suas bainhas envoltórias é chamado de endoneuro.
Um grupo de fibras nervosas formam os feixes ou tratos do SNC e os nervos do SNP.
Cada feixe, por sua vez, é envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro.
Vários feixes agrupados paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido
por uma bainha de tecido conjuntivo, chamada epineuro.

Os nervos não contêm os corpos celulares dos neurônios; esses corpos celulares
localizam-se no sistema nervoso central ou nos gânglios nervosos, que podem ser
observados próximos à medula espinhal. Quando partem do encéfalo, são chamados de
cranianos; quando partem da medula espinhal, denominam raquidianos.
Os nervos permitem a comunicação dos centros nervosos com os órgãos receptores
(sensoriais) ou, ainda, com os órgãos efetores (músculos e glândulas). De acordo com o
sentido da transmissão do impulso nervoso, os nervos podem ser:

 Sensitivos ou aferentes: quando transmitem os impulsos nervosos dos órgãos receptores até o
sistema nervoso central;
 Motores ou eferentes: quando transmitem os impulsos nervosos do sistema nervoso central
para os órgãos efetores;
 Misto: quando possuem tanto fibras sensitivas quanto fibras motoras. São os mais comuns no
organismo.

Os gânglios São acúmulos de neurônios localizados fora do SNC. Em sua maior parte são
órgãos esféricos, protegidos por cápsulas de tecido conjuntivo e associados a nervos.
Conforme a direção do impulso nervoso, os gânglios podem ser sensoriais (aferentes) ou
gânglios do sistema nervoso autônomo (eferentes).

SISTEMA NERVOSO AUTONOMO

É a parte do sistema nervoso que está relacionada ao controle da vida vegetativa, ou seja,
controla funções como a respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e
digestão. No entanto, ele não se restringe a isso. É também o principal responsável pelo
controle automático do corpo frente às modificações do ambiente. Por exemplo, quando o
indivíduo entra em uma sala com um ar-condicionado que lhe dá frio, o sistema nervoso
autônomo começa a agir, tentando impedir uma queda de temperatura corporal. Dessa
maneira, seus pêlos se arrepiam (devido à contração do músculo pilo-eretor) e ele começa
a tremer para gerar calor. Ao mesmo tempo ocorre vasoconstrição nas extremidades para
impedir a dissipação do calor para o meio. Essas medidas, aliadas à sensação
desagradável de frio, foram as principais responsáveis pela sobrevivência de espécies em
condições que deveriam impedir o funcionamento de um organismo. Dessa maneira, pode-
se perceber que o organismo possui um mecanismo que permite ajustes corporais,
mantendo assim o equilíbrio do corpo: a homeostasia.

O SNA é dividido em duas partes:

Sistema nervoso simpático (toracolombar)

Sistema nervoso parassimpático (craniossacral)

Trata-se de uma divisão baseada nas características anatômicas de cada divisão e nas
funções que cada uma delas desempenha.

Normalmente as fibras nervosas dos sistemas simpáticos e parassimpáticos secretam dois


neurotransmissores principais: noradrenalina e acetilcolina. As fibras que secretam
noradrenalina ativam receptores adrenérgicos, e as que secretam acetilcolina ativam
receptores colinérgicos.
BIBLIOGRAFIA

https://www.unifal-mg.edu.br/histologiainterativa/wp-content/uploads/sites/38/2019/09/
SNA.jpg

https://www.ufrgs.br/livrodehisto/pdfs/4Nervoso.pdf

Livro Histologia Geral Junqueira&Carneiro

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